SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA-SOBRATI MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA MARIA APARECIDA LIMA DA SILVA ACIOLI FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À MORTALIDADE EM PACIENTES COM SEPSE EM UTI Trabalho de Conclusão de Curso - Artigo apresentado à Coordenação do Curso de mestrado em terapia intensiva, em cumprimento às exigências para a obtenção do título de mestre. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Jorge da Silva Pereira MACEIÓ-AL 2012 MARIA APARECIDA LIMA DA SILVA ACIOLI FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À MORTALIDADE EM PACIENTES COM SEPSE EM UTI Trabalho aprovado em _______________/_________________/_______________ Nota: ________________________________________________________ Professor (a): ________________________________________________________ MACEIÓ-Al 2012 RESUMO A sepse e os choques sépticos ainda hoje são os maiores responsáveis por óbitos em ambientes hospitalares. No Brasil, os dados são preocupantes. A mortalidade ainda é muito elevada, em torno de 50 a 60%. Estima-se que cerca de 400 mil casos sejam diagnosticados por ano, conseqüentemente, o numero de mortes por essa doença pode chegar a 240 mil por ano. Esses dados causam grande impacto social e demandam continuada investigação por parte dos profissionais responsáveis pelo cuidado do paciente séptico, normalmente nas unidades de terapia intensiva. Este estudo tem como objetivo oferecer conceitos básicos sobre sepse e informações mais detalhadas quanto às condutas de acordo com o foco infeccioso, procurando mecanismos, estratégias e condutas para diminuir a ocorrência de morte por sepse. PALAVRAS-CHAVE: Sepse, Choque Séptico, Fatores de Risco, Mortalidade, Uti. Sepsis and septic shock are still today the most responsible for deaths in hospital environments. In Brazil, the data are disturbing. The mortality rate is still very high, about 50% to 60%. It is estimated that about 400,000 cases are diagnosed each year, consequently, the number of deaths from this disease can reach 240 thousand per year. These data cause a great social impact and require continued investigation by the professionals responsible for the care of the septic patient, usually in intensive care units. This study is intended to provide basics of sepsis and more detailed information about the behavior to the infectious focus, seeking mechanisms, strategies and behaviors to reduce the occurrence of death from sepsis. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................... 2 2 MÉTODO……….................................................................. 5 3 REVISÃO DE LITERATURA .............................................. 6 .............................. .....................7 3.1 Sepse............................................. 3.2 .. Fatores de Risco Para Mortalidade............................................ 10 .... 4 CONCLUSÃO ....................................................................... 12 REFERÊNCIAS ....................................................................... 13 1. INTRODUÇÃO Durante os últimos anos, sepse vem se tornando o principal tema discutido em distintos fóruns e revistas médicas. No entanto, o real impacto dessa enfermidade na sociedade é parcamente discutido (Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2010). Ainda segundo a Rev Bras Clin Med em 2010 apesar dos avanços tecnológicos e científicos dos últimos anos, a mortalidade pela sepse permanece elevada. A sua incidência sofre variações, sendo maior naqueles que lidam com pacientes mais graves. Diagnóstico e tratamento precoce constituem as principais armas para redução da mortalidade. A presente rotina tem como objetivo oferecer conceitos básicos sobre sepse. Informações mais detalhadas quanto às condutas de acordo com o foco infeccioso. Os principais fatores de risco são: SIDA; Desnutrição energético-protéica; Alcoolismo; Neoplasias; Diabete melitos; Procedimentos invasivos; Uso de imunossupressores (KARL, 2003). Atualmente a sepse é a principal causa de morte nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer. Tem alta mortalidade no país, chegando a 65% dos casos, enquanto a média mundial está em torno de 30-40% (Sales Jr, 2006). Praticamente inexistem dados nacionais sobre o assunto. A sepse é a principal causa de morte em UTI. Nos Estados Unidos ocorrem cerca de 750.000 casos/ano, com 225.000 óbitos/ano atribuídos à sepse (KARL,2003). A sepse resulta de uma complexa interação entre o microorganismo infectante e a resposta imune, pró-inflamatória e pró-coagulante do hospedeiro. Por muito tempo pensou-se que a sepse era decorrente de uma super estimulação do sistema imune. Entretanto, alguns estudos mostraram que a freqüência de uma resposta inflamatória sistêmica exagerada é menor do que se pensava. ( VILLAS BOAS, 2004). De acordo com Cohen 2002, a resposta imune inata é responsável pelo processo inflamatório inicial na sepse. Ela é mediada pelos receptores de reconhecimento padrão, como os receptores que reconhecem os patógenos ou seus produtos, identificados como PAMPs (padrões moleculares associados a patógenos). Na sepse ocorrem alterações do metabolismo celular que afetam o metabolismo lipídico, dos carboidratos e proteínas. A oferta inadequada de oxigênio aos tecidos em decorrência da queda do fluxo sanguíneo nos capilares e da redução do débito cardíaco contribui para o aumento do metabolismo anaeróbico e a hiperlactatemia. Entretanto, mesmo na presença de uma oferta adequada de oxigênio, podem ocorrer extração e utilização ineficaz de oxigênio a nível mitocondrial, levando alguns pesquisadores a especular que haveria uma hibernação celular, tal qual a que ocorre na isquemia miocárdica. (O’Brien JM, 2007). 2. MÉTODO O trabalho foi realizado através de um levantamento bibliográfico prévio, utilizando como fonte pesquisas, já elaborada tais como: artigos científicos, livros, periódicos e outras fontes de informação. 3. REVISÃO DE LITERATURA As doenças infecciosas são continuamente estudadas, por serem as causas mais freqüentes de hospitalização e morte. A faixa etária de 60 anos, juntamente com o processo infeccioso, aumenta a morbidade e mortalidade desses pacientes, quando comparado com indivíduos mais jovens (VILLAS BÔAS; RUIZ, 2004). É inadmissível que uma doença com elevada mortalidade como a sepse continue a ser tratada em enfermarias comuns de hospitais. Sepse continua subdiagnosticada, até porque possui critérios diagnósticos pouco específicos e em constante discussão (LEVY, 2003). De acordo com Levy (2003), a integração multidisciplinar (emergencistas, intensivistas, anestesiologistas, cirurgiões e infectologistas) e o constante aprimoramento técnico (treinamento para reconhecimento da doença e aplicação das melhores estratégias terapêuticas publicadas - padronização) devem contribuir para reverter a situação desfavorável já citada no início do artigo. As evidências atuais indicam que intervenções terapêuticas contra sepse praticadas por experts em qualquer local de atendimento inicial têm impacto na morbimortalidade da doença. Segundo Zanom (2008), a sepse ou sepsis é uma síndrome que acomete os pacientes com infecções severas. É caracterizada por um estado de inflamação que ocorre em todo o organismo, secundária a invasão da corrente sanguínea por agentes infecciosos, geralmente bactérias. A resposta inflamatória do organismo a uma invasão microbiana maciça pode ser tão intensa que causa diversos distúrbios, como choque circulatório, alterações na coagulação e falência múltipla de órgãos. O choque séptico é a forma mais grave de sepse (Zanom, 2008). O processo inflamatório difuso causa uma dilatação dos vasos, levando a uma queda abrupta da pressão arterial, que caracteriza o estado de choque circulatório (neste caso específico chamado de choque séptico). Ainda nos vasos ocorre um aumento da permeabilidade dos mesmos, facilitando o extravasamento de líquidos para órgãos, causando a formação de edemas e inundação dos pulmões, causando insuficiência respiratória e necessidade de ventilação mecânica (respiração por aparelhos) (Teles,2008). A susceptibilidade do trato respiratório foi evidenciada por todos os autores como principal foco inicial da sepse, seguido pelo trato urinário em pacientes submetidos ao cateterismo vesical de demora. Estes dados vêm mostrar a ocorrência das IH como fator agravante do estado desses pacientes ao desencadear a sepse. Esta é considerada uma das maiores responsáveis pelo aumento do tempo de permanência, e pelo maior risco de mortalidade dos pacientes internados em UTI. (MACHADO et al., 2009) 3.1 SEPSE “Quando a febre é contínua, a superfície externa do corpo está fria, e existe internamente uma grande sensação de calor e sede, a afecção é mortal” (Hipócrates, 400 A.C.) De acordo com o American College of ChestPhysicians e da Society of Critical Care Medicine, os Pulmões, lesão pulmonar aguda ou síndrome de angústia respiratória aguda ,Cérebro , encefalopatia, sintomas como: agitação, confusão , coma, isquemia, hemorragia, microtrombos , microabscessos, leucoencefalopatia multifocal necrotizante são definições de consenso, no entanto, continuam a evoluir, com a mais recente expansão da lista de sinais e sintomas de sepse reflectir a experiência clínica de cabeceira. A interrupção da função da proteína sintética: se manifesta de forma aguda como coagulopatia progressiva devido incapacidade de sintetizar fatores de coagulação e ainda perturbação das funções metabólicas: manifesta-se como a cessação do metabolismo da bilirrubina, resultando em elevados níveis séricos de bilirrubina não conjugada (bilirrubina indireta) ,oligúria e anúria , anormalidades eletrolíticas ,sobrecarga de volume, também podem aparecer junto a esses conceitos. (American College ,2009). Sepse é uma condição grave que se caracteriza por um estado de corpo inteiro inflamatórias (chamada de síndrome da resposta inflamatória sistêmica ou SIRS) ea presença de uma infecção conhecida ou suspeita. O corpo pode desenvolver esta resposta inflamatória a micróbios no sangue, urina, pulmões, pele ou outros tecidos. Um termo leigo incorreta para sepse é o envenenamento do sangue, mais apropriadamente aplicado a Septicemia (Tales, 2008). Septicemia (também Septicemia ou erroneamente Septasemia e Septisema) é um termo referindo-se à presença de organismos patogênicos na corrente sanguínea, levando a sepse. Tem sido inconsistente usado no passado por profissionais médicos, por exemplo, como sinônimo de bacteremia, causando alguma confusão. O consenso médico atual é, portanto, que o termo "septicemia" é problemático e deve ser evitado. ( Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2011). No tocante a contribuição das equipes de saúde observa-se que em vários estudos destacam como sendo de grande relevância a lavagem das mãos antes e após o contato com cada paciente, a vigilância permanente das cepas bacterianas hospitalares, além de instalar uma política racional para o uso de antimicrobianos garantindo a indicação correta de procedimentos invasivos e sua manipulação evitando exposição desnecessária do paciente a infecções como forma de minimizar a resistência dessas cepas no ambiente hospitalar. (MACHADO et al., 2009) MACHADO et al 2009, na sua avaliação laboratorial, além da pesquisa do agente infectante, vários marcadores da resposta inflamatória tais como as citoquinas inflamatórias e a pro calcitonina, têm sido identificados, mas ainda sem sensibilidade e especificidade suficientes para diagnóstico seguro. Quanto ao tratamento, às intervenções precoces sobre os distúrbios hemodinâmicos continuam sendo primordiais para o desfecho, assim como o uso racional de antimicrobianos. Terapias de remoção de toxinas e de aumento da resposta imune inata ainda não provaram definitivamente seu valor. O uso de bloqueadores da resposta inflamatória isolados, em qualquer fase do seu estágio, falhou em reduzir a mortalidade (MACHADO et al., 2009). O corticóide ressurge com resultados animadores, mesmo em pacientes sem insuficiência adrenal relacionada à sepse. A proteína C ativada (drotrecogina-a), em um grande estudo, mostrou redução de 6% de mortalidade em uma amostragem selecionada, oferecendo uma possibilidade de melhor prognóstico na sepse (MACHADO et al., 2009). 3.2 FATORES DE RISCO PARA MORTALIDADE SILVA et al 2009, diz que a alta mortalidade de sepse já supera doenças clássicas que ocasionam alta mortalidade intra-hospitalar, incluindo acidente vascular isquêmico (12-19% de morte nos primeiros 30 dias) e infarto agudo do miocárdio (8% de risco de morte). Estudo recente dos EUA relata incidência aproximada de 750.000 casos/ano de sepse grave, com 215.000 mortes e o estudo epidemiológico brasileiro – BASES 2008 mostrou que aproximadamente 25% dos pacientes nas unidades de terapia intensiva apresentam critérios diagnósticos de sepse grave e choque séptico, com aumento progressivo das taxas de mortalidade de sepse, sepse grave e choque séptico (34,7%, 47,3% e 52,2%, respectivamente). Qualquer intervenção terapêutica que diminua a taxa de mortalidade deve ser considerada, independente dos custos envolvidos. MARTIN et al 2008, refere ainda que as taxas de mortalidade globais de sepse diminuíram, inaceitavelmente porém altas. A mesmo maior as de 20% incidência de a 80% sepse continuam deve-se ao envelhecimento da população, a procedimentos mais invasivos, ao uso de fármacos imunossupressores e à maior prevalência de infecção por síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), ademais, espera-se que esta tendência se acelere no futuro. A sepse permanece como um desafio, uma vez que a taxa de mortalidade em geral é alta e depende de vários fatores, tais como idade, doenças subjacentes, presença de traumas físicos associados e, especialmente, da estrutura da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde o paciente está sendo tratado (Engel, 2007). . Comparativamente aos avanços dos últimos anos, pouco se obteve com relação à diminuição de mortalidade por sepse, pela complexidade das relações patógeno-hospedeiro. A regulação individual de cada reação do hospedeiro não mostrou o efeito esperado. Algumas estratégias, já conhecidas, foram reafirmadas como benéficas, e outras, como o uso de corticóide e a proteína C ativada, estão surgindo como terapias promissoras. As pesquisas apontam para a combinação de terapias imunomoduladoras como a principal alternativa para melhorar o desfecho na sepse (Engel, 2007). A DMOS (Disfunção múltipla de órgãos e sistemas) é a principal causa de morte nas UTI, afetando principalmente os pacientes sépticos. Os seus fatores de risco são idade, doença crônica previa reanimação inadequada, foco inflamatório e infeccioso persistente. A falência de órgãos tem efeito aditivo na mortalidade, aonde 70% dos pacientes com três ou mais falências vão a óbito (Bilevicius, 2001). 4.0 CONCLUSÃO Sendo estabelecido que sepse seja a resposta inflamatória sistêmica secundária a um processo infeccioso. A presença de disfunção orgânica secundária à sepse define sepse grave e, por fim, instabilidade cardiovascular, requerendo vasopressores, define choque séptico. No entanto, termos como síndrome séptica e septicemia continuam sendo utilizados em algumas publicações. O clínico e, sobretudo o clínico emergencista, exerce papel central no tratamento da sepse na medida em que novas evidencias demonstram que a precocidade do tratamento é peça-chave no sucesso do tratamento. A análise dos textos pesquisados na literatura mostra o reflexo do aumento da expectativa de vida da população, uma vez que se observou prevalência da terceira idade, e que implica sobre o profissional a responsabilidade de adotar medidas de prevenção e controle de agravos como a sepse, que por sua vez tem estado relacionada aos patógenos hospitalares e a medidas invasivas de cuidado e suporte de vida, bem como a necessidade de ações educativas como prevenção desse agravo, seja no tocante a resistência bacteriana, ao cuidado prestado ou a indicação correta de antimicrobianos e técnicas invasivas. REFERÊNCIAS: 1. American College of ChestPhysicians e da Society of Critical Care Medicine, 2009 http://www.news-medical.net/health/What-is-Sepsis(Portuguese).aspx. . 2. Bilevicius E, Dragosavac D, Dragosavac S et al - Multiple organ failure in septic patients. Braz J Infect Dis, 2001;5:103-110. 3.Cohen J. The immunopathogenesis of sepsis. Nature. 21. 2002;420:885-891. 4.EICHACKER, P. 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