78 EAD E O PROCESSO AVALIATIVO: BREVE ENSAIO SOBRE

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Revista Filosofia Capital
ISSN 1982 6613
Vol. 2, Edição 4, Ano 2007.
EAD E O PROCESSO AVALIATIVO:
BREVE ENSAIO SOBRE UMA PEDAGOGIA EM CONSTRUÇÃO
Júlia de Holanda
[email protected]
Brasília-DF
2007
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Revista Filosofia Capital
ISSN 1982 6613
Vol. 2, Edição 4, Ano 2007.
EAD E O PROCESSO AVALIATIVO:
BREVE ENSAIO SOBRE UMA PEDAGOGIA EM CONSTRUÇÃO
Júlia de Holanda1
[email protected]
Resumo
O presente artigo tem por objetivo abrir uma breve discussão a respeito das Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TIC) no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Trata da
ação da avaliação como um processo mediador que promove o diálogo e a relação no trabalho
pedagógico dando espaço para uma nova cultura pedagógica em construção. A avaliação em
Educação a Distância (EAD) deve ser, além disso, um processo interativo, dialógico e que
existe enquanto relação, e também enquanto confluência das idéias e das vivências dentro do
contexto social de cada indivíduo.
Palavras-Chave: TIC – AVA – EAD – Indivíduo.
EAD e o processo avaliativo:
Breve ensaio sobre uma pedagogia em construção
A prática educativa é socialmente determinada, pois segue as demandas exigidas e
expectativas criadas pelos grupos ou pelas próprias classes sociais a qual cada indivíduo
pertence. Neste sentido, somente mediante os processos de avaliação têm-se condições de
verificar se os objetivos estão sendo alcançados. No caso da avaliação, esta permite ao
professor identificar o progresso e as dificuldades do processo ensino-aprendizagem.
Como se pode verificar, a avaliação tem sido transformada no decorrer dos tempos, e
vem sofrendo influência das tendências de valorização que se acentuam em cada época e,
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Profª de Filosofia e dos cursos de pós-graduação do SIEL – Sistema Integrado de Educação e Editora Executiva
da Revista Eletrônica Filosofia Capital.
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principalmente, do desenvolvimento da ciência e da Tecnologia da Informação e da
Comunicação (TIC).
Freqüentemente o termo avaliação é associado a outros como: exames, nota, sucesso
e fracasso, promoção e repetência. Olhando para o ensino a distancia o que se observa é que,
em decorrência de uma nova concepção pedagógica, a avaliação assume dimensões mais
amplas. A atividade educativa não tem por meta atribuir notas, mas realizar uma série de
objetivos que se traduzem em termos de mudanças de comportamento dos alunos. Cabe
justamente à avaliação verificar em que medida esses objetivos estão realmente sendo
alcançados, para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem.
Cabe também acrescentar algumas considerações com relação ao pensamento de
Jussara Hoffmann (1998), que olha a ação da avaliação como um processo mediador que não
promove somente o diálogo ou a relação no trabalho pedagógico. E sim, que, ela é um
processo interativo, dialógico e que existe enquanto relação, e também enquanto confluência
das idéias e das vivências dentro do contexto social de cada indivíduo.
A mediação é espaço de encontro, espaço a ser ocupado pelo diálogo, pela
reciprocidade de pensamento e sentimentos entre educador e educando, entre
educadores, entre educandos, pessoas em processo de humanização um
espaço a ser construído. (...) A mediação é plástica, flexível, em sua
capacidade de constante renovação da relação professor/aluno, aluno/aluno,
professor/professor diante do objeto do conhecimento. É processo, é
abertura, em constante revisão. (HOFFMANN, 1998, p. 9).
Portanto, é mister esclarecer que o professor ao avaliar, interpreta os dados
observados a partir de suas concepções e posturas adquiridas ao longo da vida. No entanto,
difícil é para que ele perceba tais implicações. Ao analisar uma atitude, ou avaliar um aluno, o
professor, revela também os seus valores morais e éticos, seus significados de compromisso,
de obediência, de preconceito etc. Deste modo, seja pela estreiteza ou pela amplitude de seu
olhar, o professor está deliberadamente comprometido com o ato avaliativo. Ora pelas
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interpretações do que vê, ora por não buscar ver. (Hoffmann, 1998, p. 15).
Para Hoffmann (1998) querer dizer que o processo avaliativo não é padronizado ou
objetivo, a consciência da subjetividade que lhe é inerente suscita a necessidade de
transformá-lo numa ação investigativa sistemática e contínua da aprendizagem. (p. 17). Em
contrapartida, o autoritarismo e a arbitrariedade do processo de avaliação têm a sua origem,
na maioria das vezes, de uma incansável busca por padrões uniformes, por meio de definições
de critérios comparativos. Então, Hoffmann (1998) questiona: “Como provocar no professor a
descoberta e o respeito às diferenças dos sujeitos?” (p. 19). Ou como questiona Lina Morgado
(2001), "se o verdadeiro potencial do ensino online se fundamenta na interação que possibilita
e na aprendizagem colaborativa, então, que tipos de mudanças se perspectivam ao professor
em contexto virtual?" (p.10).
O fato é que o processo de avaliação na EAD acontece por meio de uma reflexão
transformada em ação, e que, sobretudo, impulsiona tanto o professor quanto o aluno a novas
reflexões. Além do mais, segundo Morgado (id. p.12) "a função do professor vai se alterando
a medida que o curso prossegue, distinguindo cinco estágios ou níveis: Acesso e Motivação;
Socialização; Partilha de Informação; Construção do Conhecimento; Desenvolvimento."
Entrementes, cabe ao professor uma reflexão contínua sobre a realidade que o cerca nos
ambientes virtuais, e um acompanhamento ininterrupto para com a turma que está em
processo de ensino-aprendizagem, e conseqüentemente, de avaliação, para que sua trajetória
na construção do conhecimento seja eficaz, efetiva e permanente.
Arrematando Morgado afirma que:
É neste sentido que se assiste atualmente a uma grande vitalidade do
pensamento pedagógico no contexto do ensino online, na procura de,
por um lado, aproveitar o enorme capital de saber construído relativamente a
outros contextos de ensino-aprendizagem. E, por outro, de integrar, de forma
adequada e produtiva, as ferramentas e possibilidades que as novas
tecnologias proporcionam para o desenvolvimento e consecução da
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aprendizagem. Trata-se, pois, de reconduzir a tecnologia ao lugar que deve
ocupar, enquanto meio e não enquanto princípio definidor da aprendizagem.
(2001, p. 15).
Desse modo, vale lembrar que as tecnologias de informação e comunicação
disponíveis no meio educacional online não criam uma nova educação, mas possibilitam o
processo de aprendizagem, agregando ao ensino novas ferramentas, e um aspecto diferenciado
capaz de “transferir o púlpito para trás do teclado”. Ou seja, guiando professores e alunos para
um novo modelo de aquisição da informação. Porém, “é preciso ter claro os papéis dos alunos
e dos profissionais que atuam no ensino online.” É necessário analisar quais ações são
possíveis no decorrer do processo, de que maneira tais ações estão relacionadas, quais “as
hierarquias e estruturas de poder” que permeiam o Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA), e como executar o planejamento, a grade curricular e a avaliação de maneira acessível
às intervenções necessárias do Tutor. “Não se trata, portanto, de uma nova educação, mas de
uma nova cultura pedagógica em construção”. (KENSKI, et alii, 2006, p. 2).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOFFMANN, Jussara. Pontos & contra pontos: do pensar ao agir em avaliação. Porto
Alegre: Mediação, 1998.
KENSKI, Vani M.; OLIVEIRA, Gerson P.; CLEMENTINO, Adriana. Avaliação em
movimento: estratégias formativas em cursos online. Brasília: SENAC, 2006.
MORGADO, Lina. O papel do professor em contextos de ensino online: problemas e
virtualidades. In Discursos, III Série, nº especial, PP. 125-138, 2001.
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