asma induzida por exercício

Propaganda
1
Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
ASMA E EXERCÍCIO
In Asma Um Grande Desafio. Cruz AA Ed. Editora Atheneu, São Paulo, 2004.
José Ângelo Rizzo
Pneumologista, Alergologista, Professor de Pneumologia – UFPE, Mestre em Clínica
Médica
Emanuel Sávio C. Sarinho
Pediatra, Alergologista, Professor de Pediatria – UFPE, Doutor em Pediatria.
Almerinda Rego
Pediatra, Alergologista, Professora de Pediatria – UFPE, Mestre em Pediatria.
Embora seja atribuída a Arataeus da Capadócia o reconhecimento de que a asma
pudesse ser desencadeada pelo exercício físico vigoroso, na realidade esse extraordinário
médico grego do século II D.C.
fez mais que isso: descreveu pacientes com dispnéia
associada ao esforço físico relacionando-o com a asma, a qual classificou como uma doença
e não um sintoma, como até então.
No século XVI, Sir John Floyer, um médico inglês, ele mesmo um asmático, fez
observações detalhadas da sua doença em seu “Tratado sobre asma” e verificou, não só que
o exercício físico era capaz de desencadear crises de asma, mas também como os vários
tipos de exercício tinham diferentes potenciais de provocá-la. Assim, afirmava que o exercício
que menos induzia à asma era andar a cavalo e entre os que mais a desencadeavam
estavam serrar madeira, dançar e jogar boliche, nesta ordem 1.
O assunto passou despercebido até 1946 quando Herxheimer fez, provavelmente, o
primeiro estudo objetivo sobre o assunto e verificou que a hiperventilação conseqüente ao
exercício físico provocava, após sua interrupção, crises de asma com dispnéia e sibilância 2.
Apesar destas observações, o assunto despertou pouco interesse na literatura, até que, na
década de 60, em uma série de trabalhos, Jones 3,4 e seus colegas de Liverpool
2
demonstraram não apenas que o exercício físico era desencadeante comum da asma na
criança e no adolescente, como também que a intensidade do broncoespasmo induzido pelo
exercício relacionava-se com a gravidade da doença. Desde então o problema tem recebido
crescente atenção dos pesquisadores.
Asma induzida por exercício (AIE) ou Broncoespasmo induzido por exercício (BIE) são
as denominações utilizadas para descrever o aumento transitório da resistência das vias
aéreas ao fluxo de ar, conseqüente a broncoespasmo que ocorre após exercício vigoroso em
uma parcela considerável de asmáticos e em um número pequeno de indivíduos sem história
prévia de asma (neste grupo a denominação de broncoespasmo induzido por exercício é
preferida). Cada vez mais vem sendo reconhecido que em alguns asmáticos, especialmente
crianças, a AIE pode ser particularmente intensa, privando-as de esportes e brincadeiras tão
importantes ao desenvolvimento físico e psíquico.
Epidemiologia
Na literatura, a prevalência de AIE (em asmáticos) varia dependendo dos protocolos,
dos critérios utilizados e do local do estudo. Na literatura anglo-saxã a média situa-se entre
60 e 90% dos casos (Godfrey5 relata a mais elevada - 97%). Em trabalho realizado na
Escola Paulista de Medicina, Nascimento6 observou AIE em 47% de 40 indivíduos jovens
(18,7+ 5,7 anos) . Ainda em São Paulo, Sano 7 observou uma prevalência em crianças entre
7 e 14 anos de 33%. Em nosso serviço (em Recife), de 58 crianças
e adolescentes
asmáticos com idade compreendida entre 6 e 18 anos, observamos queda igual ou maior que
10% no VEF1 em 52% deles , embora apenas metade relatasse chiado e dispnéia após
exercícios físicos.
A menor incidência de AIE verificada em nosso país que nos países europeus e da
América do Norte pode estar relacionada às condições de temperatura e umidade do ar,
como veremos mais adiante.
3
Alguns indivíduos sem história prévia de asma podem apresentar resposta brônquica
após exercício físico variando a prevalência entre 4,5 a 10%.
8,9
Na população jovem em geral
e, nos atletas de alto nível sem história prévia de asma, esta prevalência situa-se entre 10 e
35%10 , a depender das condições do ar respirado.
Resposta brônquica ao exercício
A resposta brônquica é bastante característica e uniforme quando o paciente com AIE é
submetido a esforço físico intenso por 6 a 8 minutos (Figura 19.1). Durante o período de
exercício pode haver uma discreta broncodilatação e o VEF1 mantém-se inalterado ou pode
apresentar discreto aumento; após o término da atividade física começa a haver
broncoespasmo, com redução do VEF1 , cujo nadir geralmente é observado em torno dos 5 a
10 minutos após a interrupção, e retorno aos níveis basais depois de 30 a 40 minutos. Em
alguns pacientes a queda pode ser marcada, com surgimento de dispnéia intensa. Alguns
pesquisadores relatam uma resposta tardia (4 a 6 horas), semelhante àquela observada após
broncoprovocação com alérgenos11,12, e, embora contestada por outros13,14, as evidências
mais recentes sugerem que em alguns indivíduos com asma de maior gravidade com
hiperreatividade
brônquica acentuada, ocorra esta dupla resposta 15. No Brasil, Sano16
observou este broncoespasmo tardio em 28% dos asmáticos que apresentavam AIE.
INSERE FIGURA 19.1
Fatores condicionantes da resposta brônquica ao exercício
O tipo, a duração e a intensidade da atividade física são fatores capazes de influir na
resposta brônquica ao exercício.
Sir John Floyer já havia verificado que diferentes tipos de atividades físicas tinham
diferentes potenciais de resultar em asma. Isto pode ser também observado no trabalho de
Fitch e Morton17, que compararam a capacidade de desencadeamento de broncoespasmo
4
entre corrida livre, pedalar em bicicleta e nadar em 40 pacientes com asma e 10 controles.
Os autores observaram, nos asmáticos, resposta brônquica em 90% dos testes de corrida
contra 92% daqueles com bicicleta e 57% após natação. Não só a natação provocou menos
AIE, como a intensidade da queda no VEF1 também foi significativamente menor .
Silverman e Anderson18 demonstraram que a intensidade da AIE aumenta com o
incremento da carga e com a duração do exercício a que o paciente é submetido. Mantendose a intensidade constante, a resposta máxima após o esforço era observada quando os
indivíduos se exercitavam durante 6 a 8 minutos; com o prolongamento do exercício a
redução do PFE atingia um platô e alguns referiam mesmo alívio dos sintomas de dispnéia
com o passar do tempo. A intensidade do esforço também é fator determinante . Com o
incremento da carga (inclinação e/ou velocidade da esteira) a resposta brônquica torna-se
mais intensa
Outros fatores importantes na determinação da AIE são a temperatura e a umidade do
ar inspirado bem como o nível de hiperreatividade brônquica do indivíduo.
Em vários trabalhos na literatura foi verificado que a resposta brônquica era acentuada
quando o indivíduo exercitava-se respirando ar frio e seco e que era quase abolida quando o
mesmo indivíduo respirava ar quente e úmido 19,20. Este fato levou a suposições de que a
natação resultava em menos asma devido à umidade do ar na superfície da água. Isto é
parcialmente contestado pelas observações de Bar-Yshay
21,
que verificou , em crianças
asmáticas submetidas a teste de exercício com natação respirando ar seco, mais AIE que
naquelas respirando ar ambiente , embora significativamente menor que a verificada quando
corriam respirando ar seco, atribuindo um efeito parcialmente independente do tipo de
exercício na resposta brônquica. Em países de clima frio, o exercício físico fora de ambientes
climatizados resulta em maior intensidade e freqüência de AIE 22.
O nível de hiperreatividade brônquica inespecífica aumenta com a gravidade da asma e,
à medida que os sintomas diminuem, esta hiperreatividade também torna-se menor . A
resposta brônquica ao exercício segue padrão semelhante. Balfour-Lynn23 acompanhou 33
5
asmáticos por uma média de 8,5 anos realizando testes de exercício regularmente e verificou
que , com o desaparecimento completo dos sintomas da asma, desaparecia também a AIE
mas, naqueles pacientes que necessitavam, mesmo ocasionalmente, do uso de
broncodilatadores de alívio, esta mantinha-se inalterada. A gravidade da asma também
influencia significativamente a resposta brônquica ao exercício, pacientes com asma mais
grave têm maior freqüência e intensidade de AIE
8,24.
Mussaffi25 , realizou testes de exercício antes e nos dias subsequentes a testes de
broncoprovocação com antígeno em crianças asmáticas tendo verificado que, para o mesmo
nível de esforço, a redução do VEF1 quase dobrava nos dias que se seguiam à exposição
antigênica. Em regiões com polinização anemófila, atletas sensíveis podem inalar estes
alérgenos durante certos períodos críticos, o que contribui para o desencadeamento da AIE 26.
A atopia também está associada com uma maior probabilidade de resposta brônquica ao
exercício, tanto em indivíduos asmáticos27 quanto em não asmáticos 8.
A exposição a irritantes (dióxido de enxofre, formaldeido, partículas provenientes de
combustíveis fósseis, cloro, etc.) também aumenta a resposta brônquica ao exercício.
Interessante artigo de Helenius10 relata maior incidência de asma em nadadores de alto nível,
que se exercitam mais de 30 horas por semana em piscinas tratadas com cloro e respiram
um ar com concentrações de gás cloro que ultrapassam as permitidas por normas
internacionais.
Patogênese
A patogênese da AIE ainda não está totalmente esclarecida, entretanto, os resultados
de pesquisas de vários centros que se dedicam ao assunto levaram à formulação de algumas
hipóteses.
As observações originais realizadas por Deal28 de que a hiperventilação com ar frio, sem
exercício, provocavam asma, e de Strauss29 de que a temperatura e a umidade do ar
6
inspirado durante o exercício influenciava a resposta brônquica, gerou a idéia inicial de que a
perda de calor das vias aéreas era o estímulo responsável pela AIE .
As investigações do grupo da Dra. Sandra Anderson, na mesma época, não só
refutaram esta hipótese, mas também ofereceram uma explicação mais consistente de como
a temperatura e a umidade do ar podem afetar a resposta brônquica ao exercício. Iniciaram
pela verificação de Chen e Horton30 de que a respiração de ar quente e úmido era capaz de
reduzir a magnitude da AIE e com as próprias observações do grupo de McFaden 28 de que a
inspiração de ar aquecido e seco, mesmo a 80oc, não resultava em nenhuma redução na AIE.
Em pesquisas posteriores31, constataram que, para um mesmo indivíduo, havia relação
significativa entre a perda de água das vias aéreas durante o exercício e o grau de redução
no VEF1. Por fim, a noção de que a nebulização ultra-sônica de água destilada era capaz de
provocar broncoespasmo em asmáticos32 levou à formulação da hipótese de que alterações
no ambiente osmótico da superfície do epitélio respiratório poderiam estar relacionadas ao
broncoespasmo induzido pelo exercício físico. Em trabalho publicado em 1984, a Dra.
Anderson33 reúne uma série de evidências que corroboram esta hipótese.
Em resumo, a evaporação da água da mucosa das vias aéreas, resultante da
hiperventilação provocada pelo exercício físico, induziria a uma alteração transitória da
osmolaridade na camada de líquido epitelial, o que , por sua vez, resultaria em estímulos
capazes de levar ao broncospasmo broncoespasmo (Figura19. 2). Atualmente está definido
que os asmáticos são extraordinariamente sensíveis aos estímulos osmóticos e que também
a nebulização ultra-sônica de soluções hipertônicas de cloreto de sódio, uréia ou dextrose
resultam em broncoespasmo 34,35,36.
INSERIR FIGURA 19.2
Uma série de observações propõem a ligação entre a alteração da osmolaridade das
vias aéreas e o broncoespasmo. Sabe-se que nas vias aéreas superiores a provocação com
7
ar seco resulta na liberação de mediadores por parte dos mastócitos, como demonstrado por
Álvaro Cruz37. Crimi e cols.15 em biópsias brônquicas de asmáticos realizadas 3 horas após o
exercício , observaram a presença de grande número de mastócitos degranulados,
associados também a dano epitelial e eosinofilia. O papel da histamina ainda é controvertido,
como mostram os estudos de Broide38 e Pliss39 , que não verificaram sua elevação no líquido
recuperado
do
lavado
broncoalveolar
realizado
imediatamente
após
exercício
e
hiperventilação isocápnica (equivalente ao exercício), respectivamente. Este último autor
observou, entretanto, aumento dos leucotrienos B4, C4, D4 e E4. Estas observações de
laboratório refletem na clínica a ausência de proteção com uso de anti-histamínicos e a
eficácia dos anti-leucotrienos como inibidores da AIE. Um outro fator capaz de levar ao
broncoespasmo seria a liberação de neuropeptídeos com atuação direta na musculatura
brônquica40. A liberação de mediadores estaria associada a uma redução do volume celular
com a perda respiratória de água resultante da hiperpnéia 41. A respeito de modelos animais
na tentativa de elucidar os mecanismos da AIE, há uma excelente revisão feita por Freed 42.
O modelo proposto por McFaden43, de que a obstrução seria decorrente da hiperemia
reativa da mucosa após resfriamento brônquico conseqüente à hiperventilação provocada
pelo exercício tem recebido inúmeras contestações44 e parece menos provável atualmente.
Diagnóstico
A história de dispnéia e sibilância que piora após o término do exercício físico, em vez
de durante, e que responde bem à inalação de beta-2 agonistas é sugestiva de AIE.
Entretanto, muitas crianças e pais podem não perceber esta relação e considerar que haja
incapacidade física para os exercícios ou que fatores inerentes ao local sejam os
responsáveis pela asma. Por outro lado,
expectativas de reações prejudiciais, como a
dispnéia relacionada ao esforço físico, são capazes de intensificar e alterar a percepção do
broncoespasmo, e até mesmo ter alguma influência em medidas funcionais objetivas 45.
É
freqüente observarmos pais impedirem os filhos de jogar futebol em campinhos de areia ou
8
mesmo de brincarem em parques por acharem que a poeira da areia seja o desencadeante
da asma. Um outro fato, também muito comum na clínica diária, é a criança retrair-se e não
participar dos jogos ou procurar conciliar sua “limitação” com o desejo de brincar, colocandose em posições que exigem menos esforço físico, como a de goleiro, ou “gandula”.
Em nossos casos iniciais, apenas metade das crianças com AIE percebiam a obstrução
brônquica . Das que não apresentaram queda > 10% no VEF1 após exercício, 40% referiam
dispnéia durante jogos ou brincadeiras. Uma história clara de percepção de AIE significa que
a redução no VEF1 após o exercício é de, pelo menos, 20% do basal, e alguns indivíduos
podem ter quedas maiores sem que se dêem conta. Em outro trabalho que realizamos mais
recentemente46 com o objetivo de verificar a
relação entre a percepção dos pais da
ocorrência de asma por exercício e a resposta brônquica da criança após exercício em
esteira, verificamos que das 62 crianças avaliadas, em 32 (52%) os pais referiam a
ocorrência de asma após exercícios. Destas, 15 apresentavam broncoespasmo ao exercício
em esteira (queda > 10% no VEF1 ) e 17 não. Das crianças cujos pais não referiam AIE (30),
19 tinham broncoespasmo após exercício em esteira e 11 não. Portanto, neste grupo, não foi
observada associação entre a percepção dos pais e a ocorrência de broncoespasmo após o
exercício (p = 0,197 , sensibilidade 61%, especificidade 44%, valor preditivo positivo = 53% e
valor preditivo negativo = 68%. Figura 19.3)
Como vemos, a história clínica obtida com o próprio paciente ou com os pais pode ser
sugestiva, mas apresenta baixas sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de asma
induzida por exercício.
INSERE FIGURA 19.3
Sempre que houver dúvidas a respeito do diagnóstico, intensidade ou quantidade de
medicação para controlar a AIE, o paciente deve ser encaminhado ao laboratório de função
pulmonar. Atletas competitivos podem melhorar bastante sua performance com o
reconhecimento e medidas que previnam o BIE.
9
Os testes de exercício são bastante simples de serem executados em indivíduos jovens,
necessitando apenas que o esforço tenha intensidade e duração adequados e a
disponibilidade de um medidor de pico de fluxo ou um espirômetro, sem necessidade de
monitorização cardíaca. A corrida livre é uma ótima opção mas podem ser utilizados
cicloergômetros, escadas ou esteira ergométrica.
A intensidade do exercício deve ser determinada por um critério objetivo, como o
consumo de O2 ou, mais simplesmente, pela freqüência cardíaca, que se relacionam bem
com o nível de ventilação. Uma freqüência cardíaca de 80 a 90% da máxima deve ser
atingida e mantida por 6 a 8 minutos (pode ser facilmente calculada pela fórmula Fcmax =
209 - 0,74 x idade em anos47 ). Não há necessidade de protocolo de incremento progressivo
do exercício em períodos de 2 minutos, como no caso dos testes cardiológicos e, após
aquecimento e adaptação de 1 a 2 minutos de duração, a velocidade pode ser aumentada
rapidamente para atingir o nível de esforço programado 48,49,50.
Após mensuração dos valores basais do VEF1 ou do PEF, que não devem estar abaixo
de 70% do previsto para evitar quedas que comprometam de forma significativa a função
pulmonar, o paciente é submetido ao exercício adequado e, 5, 10, 15 e 30 minutos depois,
novas medidas são realizadas e a cada 15 minutos até que haja um retorno aos níveis basais
ou se interrompa o broncoespasmo com um broncodilatador beta-adrenérgico em spray. Na
literatura, há consenso de que uma queda igual ou maior que 10% é bastante sugestiva de
AIE ou BIE e maior que 15% é diagnóstica51,52. Uma redução de 10 a 20% no VEF1 pode ser
considerada como leve, de 20 a 30% moderada e, acima de 30% representa broncoespasmo
intenso53. Em atletas é recomendado também a medida do FEF 25-75% uma vez que a redução
dos fluxos na porção média da Capacidade Vital reflete obstrução a nível de pequenas vias
aéreas e pode resultar em redução na performance do indivíduo 54.
Nestes indivíduos
treinados é importante que o protocolo seja de intensidade suficiente para provocar BIE. Em
alguns centros o exercício é realizado com o paciente respirando ar seco para potencializar
os efeitos da hiperventilação, entretanto, isto pode não simular as condições usuais em que
10
os pacientes se exercitam em países tropicais, sendo questionável seu valor prático. O uso
de clip nasal com o intuito de evitar a umidificação nasal, pode ser dispensado uma vez que
ao ser superado um nível de ventilação de 30 litros/min. automaticamente há mudança para a
respiração bucal55.
O teste de exercício não está indicado quando há broncoespasmo significativo (VEF1 <
70% do previsto).
Em adultos deve ser realizado em locais onde haja desfibrilador, monitorização cardíaca
e equipamentos de ressuscitamento, após avaliação cardiológica prévia. Em crianças e
adolescentes estes cuidados podem ser dispensados. Dificilmente há desencadeamento de
broncoespasmo intenso que, quando ocorre, rapidamente é combatido com a administração
de broncodilatador por inalação.
Como vimos, a história clínica de chiado no peito e dispnéia após o exercício físico em
indivíduos sabidamente asmáticos pode ser sugestiva de AIE, entretanto, por este critério
isolado, em muitos indivíduos a presença e, principalmente, a intensidade da AIE não será
diagnosticada corretamente. Onde não é possível a realização de testes em laboratório
(lembrando que um simples medidor de pico de fluxo e a corrida livre podem ser utilizados), o
alívio dos sintomas após uso de 2-adrenérgico reforça a suspeita diagnóstica. Os testes de
provocação com exercício em laboratório especializado devem ser realizados em pacientes
asmáticos com queixas de sibilância, dispnéia ou apenas tosse após exercício
(principalmente quando estes sintomas persistem apesar do tratamento adequado da asma)
e em todos os atletas com asma; naqueles de alto nível todos devem ser submetidos a
espirometria e avaliação de BIE, pois diagnostico e a prevenção desta condição, que pode
ocorrer em alguns destes indivíduos mesmo quando não há história de asma, pode melhorar
substancialmente sua performance atlética. Muitas vezes é importante repetir a avaliação
para verificar o grau de proteção ao BIE conferido pelas medidas terapêuticas/preventivas
adotadas.
11
Alguns medicamentos necessitam ser suspensos antes do teste e estão demonstrados
na tabela 1.
Droga
Tempo de suspensão
(horas)
Beta-2 agonistas
orais
orais de longa duração
inalados
inalados de longa duração
Aminofilina
simples
liberação lenta
Anticolinérgicos
Cromoglicato e Nedocromil
Antihistamínicos
Corticoesteróides de uso crônico
12
24
12
48
8
24
6
48
72
se possível
Tabela 1. Drogas que necessitam ser interrompidas antes do exercício. Adaptado das
referências 48, 49, 50 e 53.
Controle da asma induzida por exercício
FARMACOLÓGICO
A abordagem usual para a AIE é a prevenção, entretanto, é importante reconhecê-la
quando ocorre e tratá-la. Para isso é fundamental que tanto o paciente como pais,
professores e treinadores sejam alertados da sua existência , suas conseqüências e quais as
medidas de prevenção e tratamento. Treinadores não avisados podem presumir que o atleta
não esteja se empenhando adequadamente e impor atividades
mais intensas em um
momento em que o asmático não conseguirá corresponder. Isto pode gerar atritos e
frustrações.
Quando a AIE ocorre é necessário que o indivíduo pare o exercício imediatamente,
podendo-se prever uma piora 5 a 10 minutos após. Para crises leves a moderadas 3 a 4
inalações do spray de beta-2 adrenérgico são suficientes. Nas crises mais intensas podem
12
ser necessárias até 10 inalações56. O paciente deve ser mantido em observação até seu
completo restabelecimento.
Em muitos asmáticos que apresentam resposta broncoespástica ao exercício físico, esta
não tem magnitude suficiente para ser percebida e prejudicar suas atividades e, naqueles
com asma persistente, em quem se faz necessário o uso de medicação antiinflamatória
preventiva, o tratamento da própria asma muitas vezes é suficiente para inibir esta resposta.
Nunca é demais ressaltar que o tratamento da asma induzida por exercício está contido
dentro do tratamento da asma do paciente, com os objetivos globais de restabelecer a função
pulmonar ao normal e inibir os sintomas o mais completamente possível57.
Alguns pacientes necessitam de tratamento preventivo da asma induzida por exercício e
podem ser divididos em três grupos :
a) Aqueles com asma intermitente em quem o exercício físico é desencadeante de
broncoespasmo;
b) Pacientes com asma persistente que fazem uso de medicação contínua (esteróides,
antileucotrienos ou cromoglicato) para a asma mas que, mesmo assim, apresentam
chiado e dispnéia após exercício ou queda significativa do VEF 1 após o teste no
laboratório;
c) Atletas competitivos com asma necessitam ser avaliados para a presença de BIE (os
de alto nível mesmo não sendo asmáticos) que, mesmo não tendo intensidade
suficiente para despertar sintomas, pode interferir na performance do indivíduo.
Na grande maioria dos pacientes o uso de beta 2-agonistas por inalação 5 a 30 minutos
antes do exercício é suficiente para prevenir a AIE 58. Um dos problemas com o uso destes
medicamentos é a curta duração da proteção à AIE, cerca de 2 horas, necessitando ser
usados várias vezes ao dia, o que tem causado crescente preocupação devido ao aumento
da hiperreatividade brônquica e à perda do efeito protetor 59 com uso regular, além do que
não inibem a fase tardia da AIE que ocorre em alguns asmáticos. Para pacientes que
13
necessitam usar várias vezes ao dia deste tipo de medicação para prevenir a AIE uma outra
estratégia deve ser considerada.
Os beta-2 adrenérgicos de longa ação - salmeterol e formoterol - têm sido sugeridos
como alternativa eficiente e mais duradoura 60,61, o salmeterol apresentando um pico de ação
mais tardio (cerca de 30 minutos) comparado ao formoterol, mas ambos com duração da
proteção de 8 a 12 horas. Entretanto, uma desvantagem importante do uso regular destes
medicamentos é a perda progressiva da proteção à AIE quando usados regularmente de
forma semelhante ao que ocorre com os beta2 de curta ação
62,63,64.
O uso de formulações orais de beta-2 adrenérgicos tem se mostrado ineficientes em
prevenir a AIE65 .
É importante que se faça uso destes medicamentos de forma mais cautelosa que no
passado e que outras formas de tratamento, como o cromoglicato ou os antileucotrienos,
sejam consideradas como alternativas para o tratamento da AIE. Por outro lado, é importante
que um potente e rápido broncodilatador esteja disponível para uso imediato do asmático
caso ocorra a AIE.
O cromoglicato é eficiente em inibir completamente o broncoespasmo após exercício em
apenas 40% dos indivíduos58 e geralmente é utilizado quando há alguma preocupação com
os efeitos cardíacos ou com o desenvolvimento de tolerância aos simpaticomiméticos ou
associado a estes, quando não conseguem prevenir totalmente a AIE 66,67. Tem ação imediata
e duração de ação de 2 a 3 horas e não desenvolvem tolerância. É importante que fique claro
para o paciente que não é um broncodilatador !
A aminofilina apresenta efeitos variáveis e, além da imprevisibilidade da resposta e uma
janela terapêutica limitada pela toxicidade, o tempo para atingir a proteção também varia
bastante68,69. Da mesma forma, os efeitos protetores do brometo de ipratrópio são
controvertidos
70,71,
estando sua indicação limitada àqueles poucos casos em que os
simpaticomiméticos, o cromoglicato ou os antileucotrienos tenham falhado em oferecer
proteção adequada.
14
Na maioria dos pacientes com AIE que não fazem uso de corticóides inalados e tem
função pulmonar normal, o uso ocasional de simpaticomiméticos ou o cromoglicato para a
prevenção é suficiente, entretanto, naqueles que apresentam limitação ao fluxo aéreo, com
VEF1 ou PEF abaixo de 75% do previsto mesmo após a medicação broncodilatadora e têm
asma classificada como leve persistente , o uso de corticóides inalados está indicado para
controle da doença72.
O reconhecimento que a asma é uma doença inflamatória das vias aéreas tem levado
ao uso precoce de corticoesteróides por inalação
73.
Embora a administração aguda destes
medicamentos não tenha nenhum efeito na AIE, sua administração crônica geralmente reduz
sua intensidade74. Acredita-se que atuem reduzindo o edema, o número de mastócitos e
promovendo a inativação de neuropeptídeos75. Entretanto, é necessário reconhecer que a
AIE pode ocorrer mesmo quando o uso diário de corticóides é suficiente para reverter a
função pulmonar ao normal. Em um estudo envolvendo 55 crianças asmáticas, 800mcg de
budesonida reduziram a intensidade da AIE pela metade, mas esta continuou ocorrendo em
55% dos casos76. Em trabalho bastante interessante, Pedersen 77 demonstrou que para inibir
a AIE, doses mais altas de corticóides inalados eram necessárias que aquelas para controlar
os sintomas da asma. Naqueles pacientes que continuam apresentando AIE apesar do uso
dos corticóides inalados, pode ser necessário aumentar a dose do mesmo ou o uso adicional
de beta-2 adrenérgicos ou cromoglicato.
Os inibidores de leucotrienos disponíveis no Brasil – Montelucaste e Zafirlucaste –
usados regularmente no tratamento da asma persistente têm se mostrado eficientes em inibir
a AIE, inclusive na sua fase tardia
78,79,80,81.
Em estudos comparativos entre salmeterol e
montelucaste usados diariamente, com duração de 8 semanas, ambos foram eficientes em
inibir a AIE no terceiro dia mas o montelucaste demonstrou maior proteção na 8 ª semana 82,83.
Quando comparado com a budesonida, esta ofereceu melhor proteção
84.
15
Algumas outras substâncias como bloqueadores dos canais de cálcio, anti-histamínicos,
heparina, diuréticos de alça, ainda não têm importância na prevenção e tratamento da AIE,
estando, atualmente limitados às pesquisas.
Portanto, naqueles pacientes com asma persistente, o tratamento da doença pode
prevenir satisfatoriamente a ocorrência de broncoespasmo após exercícios físicos, sem
necessidade de medicação adicional. Naqueles pacientes em quem persiste a AIE após
tratamento adequado, ou naqueles com asma intermitente, em quem o exercício físico é um
desencadeante importante de sintomas, se faz necessário o uso de medicação preventiva,
antes do exercício. Pela facilidade e rapidez de ação, os 2-adrenérgicos inalados podem ser
utilizados. Quando há necessidade de uma proteção mais duradoura podem ser usados os
de longa ação – especialmente o formoterol. É importante enfatizar que o uso muito freqüente
(diário) ou regular destes medicamentos pode induzir a taquifilaxia e perda da proteção –
nestes casos é preferível o uso do cromoglicato ou nedocromil, lembrando que alguns
pacientes podem ter excelente proteção para a AIE com o uso de antileucotrienos 1 hora
antes do exercício. Asmáticos em uso de baixas doses de corticóides inalados que persistem
com AIE podem necessitar de doses maiores para preveni-la.
NÃO FARMACOLÓGICO
Aquecimento
Cerca de 50% das pessoas com AIE tornam-se refratárias ao exercício se este for
repetido dentro de 60 a 90 minutos85. Para identificar esta refratariedade o paciente deve
reverter a AIE espontaneamente, com retorno da função pulmonar aos níveis basais e ser retestado. Se houver uma queda igual ou menor que 50% que aquela observada no 1 o teste,
diz-se que o paciente apresenta refratariedade 86. Algumas pessoas apresentam esta redução
na resposta em alguns períodos mas não em outros 87, sem uma razão aparente, e sabe-se
que a indometacina pode impedir que ocorra 88. Pequenas corridas rápidas e curtas (6 a 7
“tiros”) podem ser utilizadas para provocar a refratariedade a um exercício mais duradouro,
16
como forma de prevenção ou redução da AIE 89. Convém lembrar que atletas freqüentemente
usam indometacina para contusões, o que pode interferir com o sucesso em atingir a
refratariedade.
Treinamento
Existem muitos benefícios clínicos e sociais na prática de exercícios regulares, por parte
dos asmáticos em especial. Vários programas foram desenhados para avaliar a eficácia do
condicionamento físico na prevenção da AIE, alguns verificaram aumento na tolerância ao
exercício mas sem redução da AIE90,91, outros observaram melhora também na intensidade
do broncoespasmo induzido pelo exercício92,93.
O treinamento tem o potencial de elevar a magnitude de exercício necessária para gerar
a AIE, entretanto, o uso de medicação preventiva é recomendado naqueles pacientes que
continuam apresentando redução na função pulmonar após esforço, e, principalmente, é
necessário que a asma do paciente esteja controlada adequadamente, inclusive com o uso
de corticoesteróides , se necessário.
A respeito da natação, muitos pais, treinadores e professores acreditam firmemente que
a natação possa representar a pedra fundamental sobre a qual repousa o tratamento da
asma. Sem dúvida alguma é um excelente esporte e, como vimos, o que tem menor potencial
de desencadear asma. A prática de esportes regularmente deve ser encorajada para o
asmático mas, de forma alguma, deve ser a única ou mais importante abordagem . Algumas
crianças podem desenvolver asma após a natação, seja pelo exercício em si, seja pela
evaporação do cloro usado nas piscinas, algumas vezes de forma excessiva. É importante
lembrar que a sinusite é freqüente em nadadores 94 podendo ser expressivo fator agravante
da asma95.
Devido à preocupação de que alguns medicamentos para asma possam ter efeitos de
potencializar a performance atlética96 e ao aumento das comunicações da presença de asma
entre atletas olímpicos97 o Comitê Olímpico Internacional resolveu requerer, a partir dos Jogos
17
Olímpicos de Inverno de Salt Lake City em 2002, que os atletas asmáticos comprovem sua
condição apresentando resultados de espirometria, histórico clínico e outros documentos pelo
menos 1 semana antes da competição, sendo cada caso analisado individualmente
98.
A seguir uma lista de medicamentos permitidos pelo Comitê Olímpico Internacional
(COI) a partir de 1 de janeiro de 2003, para uso em atletas asmáticos99 :
1. Salbutamol, terbutalina,
formoterol,
salmeterol por inalação
comunicação ao COI .
2. Brometo de Ipratrópio;
3. Teofilina;
4. Cromoglicato e Nedocromil;
5. Antileucotrienos;
6. Corticoesteróides inalados, com prévia comunicação ao COI.
e com prévia
18
REFERENCIAS
1. Floyer, Sir John. A treatise of the asthma. Londres: R. Wilkin & W.Innis, 1698.
2. Herxheimer H. Hyperventilation asthma. Lancet 1946;i:83-7.
3. Jones RS. Assessment of respiratory function in the asthmatic child. BMJ
1966;2:972-5.
4. Jones RS, Buston MH, Wharton MJ. The effect of exercise on ventilatory function in
the child with asthma. Br. J. Dis. Chest 1962;56:78-86.
5. Godfrey S. Controversies in the pathogenesis of exercise-induced asthma. Eur. J.
Respir. Dis. 1986;68: 81-88.
6. Nascimento AC, Nery LE, Fernandes ALG, Santos ML, Jardim JRBB.
Asma e
exercício : aspectos relacionados à prevalência, sexo, idade e grau de
comprometimento da função pulmonar. Rev. Hosp. Fac. Med. S. Paulo 1982,37:10813.
7. Sano F. Asma induzida por exercício em crianças. Tese de Mestrado apresentada ao
Curso de Pós-graduação da Escola paulista de Medicina. São Paulo, 1989.
8. Haby MM, Peat JK, Mellis CM, Anderson SD, Woolcock AJ. An exercise challenge for
epidemiological studies of children asthma : validity and repeatability. Eur. Respir. J.
1995;8:729-36.
9. Kukafka DS, Lang DM, Rogers J, Ciccolella D, Polansky M, D’Alonzo GE. Exerciseinduced bronchospasm in High School Athletes via a Free Running Test. Chest
1998;114:1613-22.
10. Helenius I, Haahtela T. Allergy and asthma in elite summer sport athletes. J. Allergy
Clin. Immunol. 2000;106:444-52.
11. Boulet L-P, Legris C, Turcotte H, Herbert J. Prevalence and characteristics of late
asthmatic response to exercise. J. Allergy Clin. Immunol. 1987;80:655-62
19
12. Speelberg B, van den Berg NJ, Oosthoek CHA, Verhoeff NPLG, van den Brink WTJ.
Immediate and late asthmatic responses induced by exercise in patients with
reversible airflow limitations. Eur. Resp. J. 1989;2:402-8.
13. Rubinstein,
I,
Levinson
H,
Slutsky
AS,
et
al.
Immediate
and
delayed
bronchoconstriction after exercise in patients with asthma. N. Engl. J. Med.
1987;317:482-5.
14. McFadden ER. Exercise induced asthma. N. Engl. J. Med. 1987;317:502-4.
15. Crimi E, Balbo A, Milanese M, Miadonna A, Rossi GA, Brusasco V. Airway
inflammation and occurrence of delayed bronchoconstriction in exercise-induced
asthma. Am. Rev. Resp. Dis. 1992;146:507-12.
16. Sano F. Prevalência e características da asma induzida por exercício em crianças
asmáticas. Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo, para obtenção
do grau de doutor. São Paulo, 1996.
17. Fitch KD, Morton AR. Specificity of exercise-induced asthma. Br. Med. J. 1971;4:57781.
18. Silverman M, Anderson SD. Standardization of exercise test in asthmatic children.
Arch. Dis. Child. 1972; 47:882-9.
19. Bar-Or O, Neuman I, Dotan R. Effects of dry and humid climates on exercise-induced
asthma in children and adolescents. J. Allergy Clin. Immunol. 1977;60:163-8.
20. Weinstein RE, Andersom JA, Kvale P, Sweet LC. Effects of humidification on
exercise-induced asthma (EIA). J. Allergy Clin. Immunol. 1976;57:250-1.
21. Bar-Yshay E. Gur I, Inbar O, Newman I, Dlin RA, Godfrey S. Differences between
running and swimming as stimuly for exercise induced asthma. Eur. J. Appl. Physiol.
1982;48:387-97.
22. Strauss RH, McFadden ER, Ingram RH, Chandler E. Influence of heat and humidity
on the airway obstruction induced by exercise in asthma. J. Clin. Invest. 1978;61:43340.
20
23. Balfour-lynn L, Tooley M, Godfrey S. Relationship of exercise-induced asthma to
clinical asthma in childhood. Arch. Dis. Child. 1981;56:450-4.
24. Cabral NA, Conceição GM, Fonseca-Guedes CHF, Martins MA. Exercise-induced
bronchospasm in children. Effects of asthma severity. Am. J. Respir. Crit. Care Med.
1999;159:1819-23.
25. Mussaffi H, Springer C, Godfrey S. Increased bronchial responsiveness to exercise
and histamine after allergen challenge in asthmatic children. J. Allergy Clin. Immunol.
1986;77:48-52.
26. Helenius I, Tikkanen HO, Sarna S, Haahtela T. Asthma and increased bronchial
rsponsiveness in elite athletes : Atopy and sport events as risk factors. J. Allergy Clin.
Immunol. 1998;101:646-52.
27. Henrikssen JM. Exercise-induced bronchoconstriction. Seasonal variations in children
with asthma and in those with allergic rhinitis. Allergy 1985;58:499-506.
28. Deal EC, McFaden ER, Ingram RH, Jaeger JJ. Hyperpnoea and heat flux: initial
reaction sequence in exercise-induced asthma. J. Appl. Physiol. 1979;46:476-83.
29. Strauss RH, McFaden ER, Ingram RH, Chandler E. Influence of heat and humidity
on the airway obstruction induced by exercise in asthma. J. Clin. Invest. 1978;61:43340.
30. Chen WY, Horton DJ. Heat and water loss from airways and exercise-induced
asthma. Respiration 1977;34:305-8.
31. Anderson SD, Schoeffel RE, Follet R, Perry CP, Daviskas E, Kendall M. Sensitivity to
heat and water loss during exercise in asthmatic patients. Eur.J. Resp. Dis.
1982;63:459-13.
32. Allegra L, Bianco S. Non-specific broncho-reactivity obtained with an ultrasonic
aerosol of distilled water. Eur.J. Resp. Dis. 1980;61:41-5.
33. Anderson SD. Is there a unifying hipothesis for exercise induced asthma ? J. Allergy
Clin. Immunol. 1984;73:660-5.
21
34. Anderson SD, Schoeffel RE, Finney M. Evaluation of ultrasonic nebulized solutions
as a provocation in patients with asthma. Thorax 1983;38:284-8.
35. Cade JF, Pain MCF. Lung function in provoked asthma : responses to inhaled urea,
methacholine and isoprenaline. Clin Sci 1972;43:759-82.
36. Elwood RK, hogg JC, Pare PD. Airway response to osmolar challenge in asthma.
Am.Rev. Resp. Dis. 1982s;125:62s.
37. Cruz AA, Naclerio RM, Lichtenstein LM, Togias AG. Further support for the role of
hypertonicity on mast cell activation during nasal dry air reactions. Clin. Res.
1990;38:484A.
38. Broide DH, Eisman S, Ramsdell JW, Ferguson P, Schwartz LB, Wasserman SI.
Airway level of mast cell-derived mediators in exercise-induced asthma. Am. Rev.
resp. Dis. 1990; 141:563-8.
39. Pliss LB, Ingenito EP, Ingram Jr RH, Pichurko B. Assessment of bronchoalveolar cell
and mediator response to isocapnic hyperpnea and asthma. Am. Rev. Resp. Dis.
1990; 142:73-8.
40. Umeno E, McDonald DM, Nadel JA. Hypertonic saline increases vascular
permeability in the rat trachea by producing neurogenic inflammation. J. Clin. Invest.
1990;85:1905-8.
41. Anderson S, Daviskas E. The mechanism of exercise-induced asthma is...J. Allergy
Clin. Immunol. 2000;106:453-9.
42. Freed AN. Models and mechanisms of exercise-induced asthma. Eur. Respir. J.
1995:8:1770-85.
43. McFaden ER. Hypothesis : exercise-induced asthma as a vascular phenomenon.
Lancet 1990;335:880-3.
44. Bar-Yshay E, Godfrey S. Clinical manifestations in exercise-induced asthma. In
Busse WW, Holgate ST eds. Asthma and Rhinitis. 1995, Blackwell Scientific
Publications, Inc. Boston.
22
45. Meyer R, Kröner-Herwig B, Spörkel H. The effect of exercise and induced
expectations on visceral perception in asthmatic patients. J. Psychosom. Research.
1990;34:455-460.
46. Rizzo JA; Sarinho E; Rego A . Percepção do Broncoespasmo Induzido por Exercício.
Ver. Bras. Alergia e imunopatol. 2002;25s:149
47. Johnson WR, Buskirk ER, eds. Science and medicine of exercise and sports. 2nd ed.
1980, Harper & Row, Publishers inc, New York. p 125.
48. Eggleston PE. Methods of exercise challenge. J. Allergy Clin. Immunol. 1984;73:6669.
49. American Thoracic Society. Guidelines for methacoline and exercise challenge
testing-1999. Official statement. Am. J. Respir. Crit. Care Med. 2000;161:309-329.
50. Sociedade Brasileira de Pneumologia. Diretrizes para testes de função pulmonar
2002. Jornal de Pneumologia 2002;28s:s117.
51. Burr ML, Eldridge BA, Borysiewicz LK. Peak expiratory flow rates before and after
exercise in school children. Arch. Dis. Child 1974;49:923-6.
52. Backer V, Dirksen A, Bach-Mortensen N, Hansen KK, Laursen EM, Wendelboe D.
The distribution of bronchial responsiveness to histamine and exercise in 527 chidren
and adolescents. J. Allergy Clin. Immunol. 1991;88:68-76.
53. Anderson S, Brannan J. Specific problems : exercise-induced asthma. In O’Byrne P &
Thomson NC eds. Manual of asthma management. Londres, W.B. Saunders Co.,
2001: 471.
54. Anderson SA. Specific problems : exercise-induced asthma. In O’Byrne P & Thomson
NC eds. Manual of asthma management. Londres, W.B. Saunders Co., 1995:624.
55. Anderson SD & Togias AG. Dry air and hiperosmolar challenge in asthma and
rhinitis.In Busse WW, Holgate ST eds. Asthma and Rhinitis. 1995, Blackwell
Scientific Publications, Inc. Boston
23
56. Freelander M, van asperen PP. Nebuhaler versus nebuliser in children with acute
asthma. BMJ 1984;288:873-4.
57. III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma 2002. Jornal de Pneumologia
2002;28(s1).
58. Godfrey S,
König P. Inhibition of
exercise induced asthma by different
pharmacological pathways. Thorax 1976;31:137-43.
59. Sears M. Asthma treatment : inhaled beta-agonists. Can. Respir. J. 1998;5(suppl
A):51-59.
60. Schaanning J,
salmeterol
Vilsvik J, Henriksen AH, Bratten G. Efficacy and duration of
powder
inhalation
in
protecting
against
exercise-induced
bronchoconstriction. Ann Allergy Asthma Immunol 1996;76:57-6.
61. Boner AL, Spezia A, Piovesan P, Chioca E, Maiocchi G. Inhaled formoterol in the
prevention of exercise-induced bronchoconstriction in asthmatic children. Am. J.
Respir. Crit. Care. Med. 1994;149:935-9.
62. Ramage L, Lipworth BJ, Ingram CG, Cree IA, Dhillon DP. Reduced protection against
exercise induced bronchoconstriction after chronic dosing with salmeterol. Respir.
Med. 1994;1:297-300.
63. Simons FE, Gerstner TV, Cheang MS. Tolerance to the bronchoprotective efffect of
salmeterol in adolescents with exercise-induced asthma using concurrent inhaled
glucocorticoid treatment. Pediatrics 1997;99:655-9.
64. Nelson JA, Strauss I, Skowronshi M, Ciufo R, Novak R McFadden ER. Effect of longterm salmeterol treatment on exercise-induced asthma. N. Engl. J. Med.
1998;339(3):141-6
65. Fuglsang G, Hertz B, Holm E-B. No protection by oral terbutaline agains exerciseinduced asthma in children : a dose-response study. Eur Respir J 1993;6:527-30.
24
66. Woolley M, Anderson SD, Quigley BM. Duration of protective effect of terbutaline
sulfate and cromolyn sodium alone and in combination on exercise-induced asthma.
Chest 1990; 97:39-45.
67. Latimer KM, O’Byrne PM, Morris MM, Robert R, Hargreave FE. Bronchoconstriction
stimulated by airway cooling. Better protection with combined inhalation of terbutaline
sulphate and cromolyn sodium than with either alone. Am. Rev. Resp. Dis. 1983;
128:440-3.
68. Ellis EF. Inhibition of exercise-induced asthma by theophyline. J. Allergy Clin.
Immunol. 1984;73:690-3.
69. Laursen LC, Johanesson N, Weeke B. Effects of enprofylline and theophyline on
exercise-induced asthma. Allergy 1985;40:506-9.
70. Wilson N, Dixon C, Silverman M. Bronchial responsiveness to hiperventilation in
children with asthma : inhibition by ipratropium bromide. Thorax 1984;39:588-93.
71. Poppius H, Sovijarvi ARA, Tammilehto L. Lack of protective effect of high-dose
ipratropium on bronchoconstriction following exercise with cold air breathing in
patients with mild asthma. Eur. J. Respir. Dis. 1986;68:319-25.
72. Global initiative for asthma. Global strategy for asthma management and prevention.
NHLBI/WHO workshop report. NIH Publication number 95-3659. Janeiro , 1995
73. Tarpy R, Center D. When should inhaled corticosteroids be started for asthma ?
(editorial). Chest 1995;108:1188-9.
74. Laitinen LA, Laitinen AA, Haahtela TA. Comparative study of the effects of an inhaled
corticosteroid, budesonide, and a B2-agonist, terbutaline, on airway inflammation in
newly diagnosed asthma : A randomized, double-blind, parallel-group controlled trial.
J. Allergy Clin. Immunol. 1992;90:32-42.
75. Borson D, Gruenart DC. Glucocorticoids induce neutral endopeptidase in transformed
human tracheal epithelial cells. A. J. Physiol. 1991;260:83-89.
25
76. Vathenen AS, Knox AJ, Wisniewski A, Tattersfield AE. Effect of inhaled budesonide
on bronchial reactivity to histamine, exercise and eucapnic dry air hyperventilation in
patients with asthma. Thorax 1991;46:811-6.
77. Pedersen S, Hansen OR. Budesonide treatment of moderate and severe asthma in
children : a dose response study. J. Allergy Clin. Immunol. 1995;95 (1 pt. 1):29-33.
78. Reiss TF, Hill JB, Harman E, et al. Increased urinary excretion of LTE 4 after exercise
and attenuation of exercise-induced bronchospasm by montelukast, a cysteinyl
leukotriene receptor antagonist. Thorax 1997;52:1030-35.
79. Bronsky EA, Kemp JP, Zhang J et al. Dose-related protection of exercise
bronchoconstriction by montelukast, a cysteinyl leukotriene-receptor antagonist, at
the end of a once-daily dosing interval. Clin. Pharmacol. Ther. 1997;62:556-561.
80. Kemp JP, Dockhorn RJ, Shapiro GG et al. Montelukast once dayli inhibits exerciseinduced bronchoconstriction in 6 – 14 year old children with asthma. J. Pediatr.
1999;134:273-279.
81. Melo R, Solé D, Naspitz CK. Montelukast prevents immediate and late asthmatic
responses to exercise. J. Allergy Clin. Immunol. 2002;109:S243.
82. Villaran C, O’Neill SJ, Helbling A, van Noord JÁ. Montelukast versus salmeterol in
patients
with
asthma
Montelukast/Salmeterol
and
Exercise
exercise
Study
Group.
induced
J.
bronchoconstriction.
Allergy
Clin.
Immunol.
1999;104:547-553.
83. Edelman JM, Turpin JÁ, Bronsky E, et al. Oral montelukast compared with inhaled
salmeterol to prevent exercise-induced bronchoconstriction. A randomized, doubleblind trial. Exercise Study Group. Ann. Intern. Med. 2000; 132:97-104.
84. Vidal C, Fernandez-Ovide E, Pineiro J, et al. Comparison of montelukast versus
budesonide in the tretament of exercise-induced bronchoconstriction. Ann. Allergy
Asthma Immunol. 2001;86:655-58.
26
85. Edmunds A, Tooley M, Godfrey S. The refractory period after exercise-induced
asthma : its duration and relation to severity of exercise. Am. Rev. Resp. Dis.
1978;117:247-54.
86. Anderson SD. Exercise-induced asthma. The state of the art. Chest 1985;87(s):191s195s.
87. Gilliam I, Landau LI, Phelan PD, Chennells HD. The variability of bronchoconstriction
after repeated and prolonged exercise tests in asthmatics. in Oseid S, Edwardds A.
eds. The asthmatic child in play and sports. 1983, Pitman Medical, London.
88. O’Byrne PM, Jones GL. The effect of indomeethacin on exercise-induced
bronchoconstriction and refractoriness after exercise. Am. Rev. resp. Dis.
1986;134:69-72.
89. Schnall RP, Landau LI. Protective effect of repeated short sprints in exercise-induced
asthma. Thorax 1980;35:828-32.
90. Fitch KD, Blitvich JD, Morton AR. The effect of running on exercise-induced asthma.
Ann. Allergy 1986;57:90-4.
91. Fitch KD, Morton AR, Blanksby BA. Effects of swimming training on children with
asthma. arch Dis Child 1976;51:190-4.
92. Henriksen JM, Nielsen TT. effect of physical training on exercise-induced
bronchoconsstriction. Acta Paediatr Scand 1983;72:31-6.
93. Haas F, Pasierski S, Levine N. Effect of aerobic training on forced expiratory airflow
in exercising asthmatic humans. J. Appl. Physiol. 1987;63:1230-5.
94. Slavin GR. Sinusitis. J. Allergy Clin. Immunol. 1984;73:712-6.
95. Slavin GR, Cannon RE, Friedman WH, et al. Sinusitis and bronchial asthma. J.
Allergy Clin. Immunol. 1980;66:250-6.
96. Carlsen KH, Hem E, Stensrud T, et al. Can asthma treatment in sport be doping ?
The effect of rapid onset, long-acting inhaled 2-agonist formoterol upon endurance
performance in healthy well trained athletes. Respir. Med. 2001;95:571-76.
27
97. Weiler JM, Ryan EJ. Asthma in United States Olympic athletes who participate in the
1998 Olympic Winter Games. J. Allergy Clin. Immunol. 2000;106:267-271.
98. 72)
International
Olympic
Committee
–
News.
http://www.olympic.org/uk/news/publications/press_uk.asp?release=9,
At
em
02.12.2002.
99. 73)
International
Olympic
Committee,
http://multimedia.olympic.org/pdf/en_report_541.pdf , em 02.12.2002.
at
28
100
VEF1
75
% basal
50
ESFORÇO
15
25
35
Tempo (minutos)
Figura 1 : Resposta brônquica ao exercício
EXERCÍCIO
HIPERVENTILAÇÃO
PERDA RESPIRATÓRIA DE ÁGUA
AUMENTO DA OSMOLARIDADE
EPITELIAL
AIE
LIBERAÇÃO DE MEDIADORES
Figura 2 : Patogênese da asma induzida por exercício
com queixas de dispnéia (32)
sem queixas de dispnéia (30)
n = 62
45
29
Atenção : esta figura foi modificada.
Download