2.4. INTERPRETAÇÃO VETORIAL DO TEOREMA DE GREEN 2.4 55 Interpretação vetorial do Teorema de Green Para vermos a interpretação vetorial do Teorema de Green e algumas aplicações, precisamos definir os operadores gradiente, divergente e rotacional e estabelecer algumas de suas propriedades. 2.4.1 Gradiente de um campo escalar Definição 2.31 Se o campo escalar f : D ⊂ Rn → R admite todas as derivadas parciais de primeira ordem em a ∈ D0 , o vetor gradiente de f em a é definido como sendo ¶ µ ∂f ∂f ∂f (a) , (a) , ..., (a) . grad f (a) = ∇f (a) = ∂x1 ∂x2 ∂xn Exemplo 2.32 Se f (x, y, z) = x2 + arctan zy, temos ¶ µ z y . ∇f (x, y, z) = 2x, , 1 + z2y2 1 + z 2y2 Nota 2.33 Foi visto em MAT − 21, que se f : D ⊂ Rn → R é diferenciável em a ∈ D0 , então df (a) (v) = h∇f (a) , vi . 2.4.2 Divergente de um campo vetorial Definição 2.34 Se o campo vetorial F : D ⊂ Rn → Rn , F = (F1 , F2 , ..., Fn ) , admite derivadas parciais de primeira ordem em a ∈ D0 , definimos o divergente de F em a como sendo o escalar ∂F1 ∂F2 ∂Fn div F (a) = ∇.F (a) = (a) + (a) + ... + (a) . ∂x1 ∂x2 ∂xn A notação ∇.F (a) µ é usada para indicar ¶ que o divergente de F é o “produto escalar ” ∂ ∂ ∂ e o vetor (F1 (a) , F2 (a) , ..., Fn (a)) . , , ..., entre o “ vetor ” ∇ = ∂x1 ∂x2 ∂xn Exemplo 2.35 Seja Temos Como ³ ´ p √ F (x, y, z) = x2 + arctan yz, y x2 + z 2 , z + ln x2 + y 2 . 2 + arctan yz, P (x, y, z) = x√ 2 Q (x, y, z) = y x2 + pz , R (x, y, z) = z + ln x2 + y 2 . ∂Q ∂R ∂P (x, y, z) + (x, y, z) + (x, y, z) , ∂x ∂y ∂z √ ∇.F (x, y, z) = 2x + x2 + z 2 + 1. ∇.F (x, y, z) = segue 56 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA Exemplo 2.36 Seja f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 , temos ∇f (x, y, z) = (2x, 2y, 2z) , e ∇.∇f (x, y, z) = 6. Exemplo 2.37 Interpretação física para o divergente: Seja Ω ⊂ R3 e I ⊂ R, conjuntos abertos. Consideremos um fluido em escoamento em Ω com campo de velocidade v (x, y, z, t) = (v1 (x, y, z, t) , v2 (x, y, z, t) , v3 (x, y, z, t)) , e densidade ρ (x, y, z, t) . Suponhamos que v, ρ ∈ C 1 (Ω × I) . Em Ω imaginemos um paralelepípedo ABCDEF GH, com faces paralelas aos planos coordenados e centrado em (x, y, z) com arestas 4x, 4y e 4z suficientemente pequenas. Estamos interessados em determinar o fluxo através desse paralelepípedo, ou seja, a diferença entre a massa que sai e a massa que entra, por unidade de tempo. Vejamos o que acontece na face AHGD suponhamos que v2 e ρ são constantes, isto é, que ∀ (x, y, z) ∈ AHGD temos ¶ µ ¶ µ 4y 4y , z, t e ρ (x, y, z, t) = ρ x, y − , z, t . v2 (x, y, z, t) = v2 x, y − 2 2 Pela primeira fórmula de Taylor segue que µ ¶ ¶ µ 4y ∂ 4y , z, t = e v2 (x, y, z, t) + v2 (x, y, z, t) − , v2 x, y − 2 ∂y 2 e também ¶ µ ¶ µ ∂ 4y 4y , z, t = e ρ (x, y, z, t) + ρ (x, y, z, t) − . ρ x, y − 2 ∂y 2 Assim, o volume de fluido que passa através de AHGD, no intervalo de tempo 4t, por unidade de tempo, é · ¸ 1 ∂ 4V (AHGD) = e v2 (x, y, z, t) − v2 (x, y, z, t) 4y 4x4z, 2 ∂y 2.4. INTERPRETAÇÃO VETORIAL DO TEOREMA DE GREEN 57 e a massa, por unidade de tempo, através de AHGD, é ¸ · 1 ∂ (ρv2 ) (x, y, z, t) 4y 4x4z. 4m (AHGD) = e (ρv2 ) (x, y, z, t) − 2 ∂y De modo análogo obtemos que a massa, por unidade de tempo, através de BCEF é ¸ · 1 ∂ (ρv2 ) (x, y, z, t) 4y 4x4z. 4m (BCEF ) = e (ρv2 ) (x, y, z, t) + 2 ∂y Concluimos que o fluxo na direção y (a massa que sai menos a que entra) é ∂ (ρv2 ) (x, y, z, t) 4y4x4z. ∂y O fluxo nas outras direções é obtido do mesmo modo. A conclusão é que o fluxo através do paralelepípedo é fl = e ∇. (ρv) (x, y, z, t) 4x4y4z. e fly = Exemplo 2.38 A equação da continuidade: Consideremos as hipóteses do Exemplo 2.37, e suponhamos que em Ω não haja fontes nem sorvedouros de massa. Sabemos que no ponto (x, y, z) e no instante t, a taxa de variação da densidade é dada por ∂ ρ (x, y, z, t) , ∂t e que ∂ ρ (x, y, z, t) > 0 ⇒ aumento de massa, ∂t ∂ ρ (x, y, z, t) < 0 ⇒ diminuição de massa. ∂t Pelo Princípio de conservação de massa, devemos ter ∂ ρ (x, y, z, t) 4x4y4z. (2.12) ∂t O sinal em (2.12) aparece porque se ∇. (ρv) (x, y, z, t) > 0, então a massa que sai é maior do que a que entra, ou seja, a massa dentro do volume está diminuindo. Neste caso ∂ devemos ter ρ (x, y, z, t) < 0. De (2.12) obtemos ∂t ∂ (2.13) ∇. (ρv) (x, y, z, t) + ρ (x, y, z, t) = 0. ∂t A equação em (2.13) é a equação da continuidade. Quando ρ independe do tempo t, isto é, ρ = ρ (x, y, z) , temos ∇. (ρv) (x, y, z, t) 4x4y4z = − ∇. (ρv) (x, y, z, t) = 0, neste caso a massa que sai é igual à massa que entra. Quando ρ é constante temos ∇.v (x, y, z, t) = 0, neste caso dizemos que o fluido é incompressível. 58 2.4.3 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA Rotacional de um campo vetorial Definição 2.39 Seja F : D ⊂ R3 → R3 um campo vetorial admitindo derivadas parciais de primeira ordem. Se F (x, y, z) = (P (x, y, z) , Q (x, y, z) , R (x, y, z)) , definimos o rotacional de F em (x, y, z) como sendo o vetor rot F (x, y, z) = µ ∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P − , − , − ∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y ¶ (x, y, z) , ou usando a notação de “ determinante ” i j k rot F (x, y, z) = ∇ × F (x, y, z) = det ∂/∂x ∂/∂y ∂/∂z (x, y, z) . P Q R Exemplo 2.40 Se F (x, y, z) = (xyz, x2 + y 2 , z 2 ) temos i j k ∂/∂z = (0, xy, 2x − xz) . ∇ × F (x, y, z) = det ∂/∂x ∂/∂y 2 2 xyz x + y z 2 Exemplo 2.41 Interpretação física para o rotacional: O nome “rotacional” foi adotado porque num certo sentido, ∇ × F (x, y, z) descreve a rotação do campo F no ponto (x, y, z) . Pode ser interpretado como uma medida do movimento angular de um fluido. Quando ∇ × F = 0, dizemos que F é irrotacional. O rotacional é importante na mecânica dos fluidos e na análise de campos de forças eletromagnéticas. Vejamos o caso particular de um fluido em escoamento bidimensional com campo de velocidade v (x, y) = (P (x, y) , Q (x, y)) , onde P, Q são de classe C 1 num aberto D ⊂ R2 . Sejam A (t0 ) e B (t0 ) duas partículas do fluido que no instante t0 ocupam as posições A (t0 ) = (x0 , y0 ) e B (t0 ) = (x0 + h, y0 ) . Sejam A (t) e B (t) as posições ocupadas no instante t, dadas por A (t) = (x1 (t) , y1 (t)) e B (t) = (x2 (t) , y2 (t)) . 2.4. INTERPRETAÇÃO VETORIAL DO TEOREMA DE GREEN 59 Temos δ (t) = d (A (t) , B (t)) e θh (t) =≺ (A (t) B (t) , A (t0 ) B (t0 )) , logo y2 (t) − y1 (t) = δ (t) sin θh (t) . Derivando esta equação segue y20 (t) − y10 (t) = δ 0 (t) sin θh (t) + δ (t) θ0h (t) cos θh (t) . Mas δ (t0 ) = h e θh (t0 ) = 0, então y20 (t0 ) − y10 (t0 ) = θ0h (t0 ) , h ou seja θ0h (t0 ) = Q (x0 + h, y0 ) − Q (x0 , y0 ) . h Assim para h suficientemente pequeno, a velocidade angular do segmento A (t) B (t) em t0 , satisfaz ∂Q (x0 , y0 ) . θ0h (t0 ) = e (2.14) ∂x Consideremos uma outra partícula tal que C (t0 ) = (x0 , y0 + k) e C (t) = (x3 (t) , y3 (t)) . 60 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA Temos δ 1 (t) sin ϕk (t) = x1 (t) − x3 (t) , e com isso provamos que, para k suficientemente pequeno, a velocidade angular do segmento A (t) C (t) em t0 , satisfaz e − ϕ0k (t0 ) = ∂P (x0 , y0 ) ∂y (2.15) De (2.14) e (2.15), concluimos que a soma das velocidades angulares, no instante t0 , dos segmentos A (t) B (t) e A (t) C (t) é aproximadamente igual à ∂Q ∂P (x0 , y0 ) − (x0 , y0 ) = rotz v (x0 , y0 ) . ∂x ∂y Se o movimento for rígido, a distância entre as partículas se mantém e a velocidade angular é denotada por ω, temos ∂Q ∂P 2ω = (x0 , y0 ) − (x0 , y0 ) . ∂x ∂y 2.4. INTERPRETAÇÃO VETORIAL DO TEOREMA DE GREEN 61 Exemplo 2.42 Suponhamos que a representação geométrica do campo F (x, y) tenha o seguinte aspecto Observe que as trajetórias descritas pelas partículas são retas. O segmento AC se desloca com velocidade angular nula, enquanto que a velocidade angular do segmento AB é não nula. Devemos esperar que ∇ × F 6= 0. Exemplo 2.43 Dado o campo de velocidade v (x, y) = (−y, x) de um fluido em escoamento bidimensional, temos i j k ∇ × v (x, y) = det ∂/∂xz ∂/∂y ∂/∂z = (0, 0, 2) . −y x 0 Trata-se de um movimento rígido com velocidade angular ω = 1. Observamos que as partículas descrevem circunferências centradas na origem. 2.4.4 Propriedades dos operadores gradiente, divergente e rotacional Consideremos os campos F, G : D ⊂ R3 → R3 e o campo ϕ : D ⊂ R3 → R, todos admitindo derivadas parciais de primeira ordem, sendo F (x, y, z) = (F1 (x, y, z) , F2 (x, y, z) , F3 (x, y, z)) , G (x, y, z) = (G1 (x, y, z) , G2 (x, y, z) , G3 (x, y, z)) . P1- Gradiente de um produto escalar: Se denotarmos ¸ · ∂F ∂F ∂F + G2 + G3 (x, y, z) , (G.∇) F (x, y, z) = G1 ∂x ∂y ∂z temos ∇ (F.G) (x, y, z) = [(G.∇) F + (F.∇) G + G × ∇ × F + F × ∇ × G] (x, y, z) . 62 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA P2- Divergente de um produto vetorial: ∇. (F × G) (x, y, z) = [G.∇ × F − F.∇ × G] (x, y, z) P3- Rotacional de um produto vetorial: Se denotarmos ∇.∇F (x, y, z) = (∇.∇F1 (x, y, z) , ∇.∇F2 (x, y, z) , ∇.∇F3 (x, y, z)) , temos ∇ × (∇ × F ) (x, y, z) = [∇ (∇.F ) − ∇.∇F ] (x, y, z) . P4- Divergente de um gradiente: ¸ · 2 ∂ ϕ ∂2ϕ ∂2ϕ + 2 + 2 (x, y, z) , ∇.∇ϕ (x, y, z) = ∂x2 ∂y ∂z que também é denotado por ∇2 ϕ ou 4ϕ e é denominado o laplaciano de ϕ. A equação 4ϕ = 0 é chamada equação de Laplace e as funções que a satisfazem são chamadas funções harmônicas. P5- Rotacional de um gradiente: i j k ∇ × ∇ϕ (x, y, z) = det ∂/∂x ∂/∂y ∂/∂z (x, y, z) ∂ϕ/∂z ¶ µ 2 ∂ϕ/∂x2 ∂ϕ/∂y ∂ ϕ ∂ 2ϕ ∂2ϕ ∂2ϕ ∂2ϕ ∂ ϕ − , − , − (x, y, z) , = ∂y∂z ∂z∂y ∂z∂x ∂x∂z ∂x∂y ∂y∂x logo, se ϕ ∈ C 2 (D) temos ∇ × ∇ϕ (x, y, z) = (0, 0, 0) . P6- Divergente de um rotacional: µ ¶ ∂F3 ∂F2 ∂F1 ∂F3 ∂F2 ∂F1 ∇.∇ × F (x, y, z) = ∇. − , − , − (x, y, z) ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y · 2 ∂y ¸ ∂ F3 ∂ 2 F2 ∂ 2 F1 ∂ 2 F3 ∂ 2 F2 ∂ 2 F1 = − + − + − (x, y, z) ∂x∂y ∂x∂z ∂y∂z ∂y∂x ∂z∂x ∂z∂y logo, se F ∈ C 2 (D) temos ∇.∇F (x, y, z) = 0. 2.4.5 O Teorema de Stokes no plano Consideremos o campo vetorial contínuo F : D ⊂ R2 → R2 , com F (x, y) = (P (x, y) , Q (x, y)) . Seja γ : [a, b] → D uma curva regular com γ (s) = (x (s) , y (s)) , 2.4. INTERPRETAÇÃO VETORIAL DO TEOREMA DE GREEN 63 onde s é o parâmetro comprimento de arco. O vetor tangente unitário a γ em s é o vetor T (s) = (x0 (s) , y 0 (s)) . Se por FT denotamos a componente tangencial de F, então Z Z FT ds = P dx + Qdy, γ pois: Z FT ds = γ = Z (2.16) γ b Zs=a b hF (γ (s)) , T (s)i ds [P (γ (s)) x0 (s) + Q (γ (s)) y 0 (s)] ds Zs=a = P dx + Qdy. γ Teorema 2.44 Teorema de Stokes no plano: Consideremos um domínio D ⊂ R2 e γ uma curva fechada, simples e regular (ou regular por partes) tal que a região R limitada por γ está inteiramente contida em D. Seja F : D ⊂ R2 → R2 um campo vetorial de classe C 1 em D, com F (x, y) = (P (x, y) , Q (x, y)) . Seja T o vetor tangente unitário a γdeterminando o sentido anti-horário. Temos ZZ Z FT ds = (rotz F ) (x, y) dxdy. (2.17) γ R Prova. R O resultado (2.17) é obtido aplicando (2.16) e o Teorema de Green . A integral de linha γ FT ds é conhecida como a circulação do campo vetorial F sobre γ, ela mede a extensão em que o movimento do fluido é angular em γ. ¤ Exemplo 2.45 Consideremos as condições do Teorema 2.44. Se por a (R) denotamos a área da região R, o Teorema do Valor Médio para integrais duplas afirma a existência de um ponto (ξ, η) ∈ R satisfazendo ZZ (rotz F ) (x, y) dxdy = (rotz F ) (ξ, η) a (R) , R assim de (2.17) obtemos 1 ∃ (ξ, η) ∈ R : (rotz F ) (ξ, η) = a (R) I γ FT ds. (2.18) 64 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA Seja (x0 , y0 ) um ponto fixado em R e deformemos, continuamente, a curva γ até ela se reduzir ao ponto (x0 , y0 ) . Obtemos de (2.18) e da continuidade do rotacional que I 1 (rotz F ) (x0 , y0 ) = lim FT ds, diamR→0 a (R) γ e concluimos que (rotz F ) (x0 , y0 ) é o limite da circulação do campo F por unidade de área. Exemplo 2.46 Seja F (x, y) = Ã y x −p ,p x2 + y 2 x2 + y 2 ! . Vemos que F (x, y) é paralelo à (−y, x) e portanto é tangente à circunferência centrada na origem e que passa por esse ponto. A intensidade do campo é constante igual a 1, pois kF (x, y)k = 1, ∀ (x, y) 6= (0, 0) . O trabalho realizado por F sobre os segmentos BC e DA são nulos, uma vez que F é normal a eles. Assim o trabalho total realizado por F é estritamente positivo. Isto nos leva a concluir por (2.17) que F não é irrotacional. 2.4.6 O Teorema da divergência no plano Consideremos o campo vetorial contínuo F : D ⊂ R2 → R2 , com F (x, y) = (P (x, y) , Q (x, y)) . Seja γ : [a, b] → D uma curva regular com γ (s) = (x (s) , y (s)) , onde s é o parâmetro comprimento de arco. Sabemos que o vetor tangente unitário a γ em s é o vetor T (s) = (x0 (s) , y 0 (s)) , 2.4. INTERPRETAÇÃO VETORIAL DO TEOREMA DE GREEN 65 logo os vetores N1 (s) = (y 0 (s) , −x0 (s)) e N2 (s) = (−y 0 (s) , x0 (s)) , são vetores unitários normais a γ em s. Identificando os vetores N1 (s) e T (s) com os vetores (y 0 (s) , −x0 (s) , 0) e (x0 (s) , y 0 (s) , 0) e observando que i j k det y 0 (s) −x0 (s) 0 = (0, 0, 1) , x0 (s) y 0 (s) 0 podemos concluir que N1 (s) está sempre 90◦ ”atrás” de T (s) . Seja N (s) um dos vetores N1 (s) ou N2 (s) , por FN denotamos a componente de F na direção de N (s). Definimos o fluxo de F através de γ na direção de N como sendo a integral Z FN ds. γ Teorema 2.47 Teorema da divergência no plano: Consideremos um domínio D no R2 e γ uma curva fechada, simples e regular (ou regular por partes) tal que a região R limitada por γ está inteiramente contida em D. Seja F : D ⊂ R2 → R2 um campo vetorial de casse C 1 em D, com F (x, y) = (P (x, y) , Q (x, y)) . Seja N (s) = N1 (s) o vetor normal unitário a γ (o vetor normal unitário exterior a R). 66 CAPÍTULO 2. INTEGRAIS DE LINHA Temos Z FN ds = γ ZZ R ∇.F (x, y) dxdy. (2.19) Prova. Temos R F ds = γ N = = Z b Za b Ia γ hF (γ (s)) , N (s)i ds [P (γ (s)) y 0 (s) − Q (γ (s)) x0 (s)] ds − Q dx + P dy, logo, pelo Teorema de Green segue ¸ ZZ ZZ · Z ∂P ∂Q + (x, y) dxdy = FN ds = ∇.F (x, y) dxdy. ∂y γ R ∂x R ¤ Exemplo 2.48 Consideremos as condições do Teorema 2.47. Pelo Teorema do Valor Médio para integrais duplas, existe (ξ, η) ∈ R tal que ZZ ∇.F (x, y) dxdy = ∇.F (ξ, η) a (R) . R De (2.19) segue 1 ∇.F (ξ, η) = a (R) Z FN ds. γ Da continuidade de ∇.F (x, y) , obtemos para (x0 , y0 ) ∈ R fixado Z 1 ∇.F (x0 , y0 ) = lim FN ds. diamR→0 a (R) γ Exemplo 2.49 Seja µ F (x, y) = − y x , 2 (x2 + y 2 ) (x2 + y 2 )2 ¶ , temos F (x, y) tangente à circunferência centrada na origem que passa por (x, y) . Também temos p kF (x, y)k = ρ−3 , onde ρ = x2 + y 2 2.4. INTERPRETAÇÃO VETORIAL DO TEOREMA DE GREEN 67 Seja K, como na figura, ∂K sua fronteira. Vemos que o fluxo de F através de ∂K na direção da normal unitária exterior N é nulo, pois F (x, y) é ortogonal ao vetor N. Por (2.19) natural esperar que ∇.F = 0 em K.