análise da expansão da área de mineração na área de - Unifal-MG

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ANÁLISE DA EXPANSÃO DA ÁREA DE MINERAÇÃO NA ÁREA DE
PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) SERRA DE SÃO JOSÉ – MG
Bruna Cardoso de Faria¹, Julio Cezar Costa¹,
Laura Rafaele Soares da Silva¹,
Viviane Valéria da Silva¹, Gabriel Pereira²
([email protected], [email protected],
[email protected],[email protected],
[email protected])
¹ Graduando em Geografia Bacharelado
² Professor adjunto do Departamento de Geociências
¹ ² Universidade Federal de São João del-Rei
Av. Visconde do Rio Preto, s/n, 36301-360
São João del-Rei – MG
1. Introdução
A extração de recurso mineral é uma atividade antiga e essencial, por ser um
dos insumos mais importantes para pirâmide produtiva. Além de ser matéria prima de
outras indústrias, sua comercialização é lucrativa. Nesse contexto, é possível observar
uma ligação entre a expansão da atividade mineradora com a demanda do mercado.
Ao longo dos anos, nota-se que há um aumento da oferta de bens e
consequentemente a ampliação da atividade mineradora, o que contribui para o
surgimento de empresas especializadas na área, como por exemplo, a mineração
Omega, indústria extrativista de areia quartzítica. A mineradora conseguiu licença
ambiental para o exercício de extração e beneficiamento de areia para indústria de
vidros e construção civil, em meados dos anos 40 (LEITE et al, 2007).
Assim, norteado pela certeza de que a oferta de bens acompanha a demanda
global e que há uma busca crescente por matéria prima, formulou se no presente
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estudo a hipótese de que para atender a atual demanda de bens minerais, a
mineradora que possui sua lavra de extração localizada na Área de Proteção
Ambiental da Serra de São José expandiu sua área de extração, e que através do
sensoriamento remoto é possível analisar essa expansão de forma mais eficaz e
segura.
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2. Objetivo
O estudo teve como objetivo apresentar com base em imagens de
sensoriamento remoto, uma comparação temporal do total da área ocupada pela
mineração de quartzo, de responsabilidade da empresa Ômega, situada na Área de
Proteção Ambiental (APA) da Serra de São José – MG, nos anos de 1985 e 2015.
3. Fundamentação teórica
A atividade mineradora está presente no Brasil desde a ocupação territorial,
juntamente com a necessidade do homem de extrair os recursos minerais para as
mais variadas finalidades (CLEMENTE et al, 2010). Segundo o Sindicato da Indústria
Mineral do Estado de Minas Gerais (SINDIEXTRA), o estado brasileiro que destaca-se
por apresentar em abundância o recurso natural é Minas Gerais, seguido pelo estado
da região norte (Pará).
A unidade federativa do Sudeste tem sua história fortemente ligada à
mineração, pela quantidade de lavras e pela variedade de minerais encontrados no
seu território, municípios como São João del Rei, Tiradentes, Ouro Preto, Diamantina,
Congonhas, entre outros núcleos urbanos mineiros formaram-se próximos a regiões
de grande riqueza mineral. As diversas lavras da região intensificaram a migração
para região sudeste, fazendo com que estradas fossem abertas para o deslocamento
de pessoas e mercadorias, que atualmente é conhecida como Estrada Real e é
considerado patrimônio cultural (FARIAS, 2002).
Concomitantemente à expansão, destacam-se os danos ambientais, que
ocorrem proporcionalmente ao crescimento da área minerada, como, por exemplo,
mudanças na paisagem, interrupção dos ciclos naturais, fragmentação de vegetação
nativa, distúrbios ecossistêmicos e geossistêmicos, indo de encontro ao que preconiza
o desenvolvimento sustentável. Nota-se que há a valorização da economia nacional
frente às questões ambientais, e por ressaltar o valor econômico, o controle da área
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que está sendo degradada e os estudos dos impactos acabam em segundo plano,
justificando assim a relevância do estudo.
4. Área de estudo
A área de estudo está localizada na APA da Serra de São José (Figura 1),
considerada uma das maiores formações rochosas natural de estrutura quartzítica da
região, sua área abrange os limites de 5 municípios, Coronel Xavier Chaves, Prados,
Santa Cruz de Minas, São João del-Rei e Tiradentes, localizados na região centro-sul
do estado de Minas Gerais (RIBEIRO et al, 2002).
Figura 1: Área de estudo - Área ocupada pela mineradora de areia quartzítica na APA da Serra
de São José – MG
5. Metodologia
A figura 2 ilustra as etapas que foram realizadas no decorrer da pesquisa.
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Figura 2: Fluxograma da metodologia da pesquisa.
6. Resultados
O resultado encontrado no estudo referente à hipótese levantada sobre o
aumento da área de mineração na Serra de São José, ao longo dos anos de 1985 e
2015, foi contrário ao esperado para esse trabalho. Cálculos realizados para os dois
anos, na área de estudo, revelaram que houve um decréscimo (em aproximadamente
57,14%) no total da área utilizada pela mineradora para exploração do quartzo. No ano
de 1985, a área minerada era de 0,14 km² e no ano de 2015 a área totalizou em 0,08
km², como pode ser observado na figura 3.
A)
B)
Figura 3: A) Imagem Landsat 5 -1985- Extensão da mineradora: 0,14 km². B) Imagem Landsat
8 - 2015 - Extensão da mineradora: 0,08 km².
Ao analisar a imagem satélite referente ao ano de 1985 (Figura 3-A), nota-se
que há um padrão de cobertura e uso da terra de solo exposto, devido à atividade
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mineradora no local de estudo. Já no ano de 2015 (Figura 3-B), apresentou uma
alteração no padrão de uso do solo, que baseado na assinatura espectral de
vegetação e na homogeneidade, sugere-se que ocorreu uma regeneração, com
provável fixação de Eucalipto, a fim de recuperar ou estabilizar a área, o que contribuiu
para a diminuição da área degradada pela mineradora Ômega (FREITAS et al, 2005).
Assim, para realizar a análise espacial de forma segura e ter uma melhor
interpretação/compreensão dos resultados esperados no presente estudo, a utilização
da técnica de sensoriamento remoto revelou-se eficaz quanto ao caráter quantitativo,
pois disponibiliza informações de maneira rápida, precisas e de baixo custo,
proporcionando uma praticidade e também uma dinâmica na divulgação dos
resultados, além de revelar as reais condições encontradas no local estudado
(CLEMENTE et al, 2010).
7. Conclusão
No presente trabalho, é possível observar um decréscimo da área degrada pela
atividade mineradora, em 1985 a extensão encontrada foi de 0,14 km² e em 2015 o
total foi de 0,08 km², devido uma alteração do uso e cobertura do solo sugerindo que
uma parte da área foi alterada por regeneração da vegetação. A partir dessa análise,
nota-se a importância da Área de Proteção Ambiental e do seu no papel de
preservação no contexto ecológico, cultural e econômico. E também a relevância da
atividade da mineradora passar por frequentes fiscalizações dos órgãos competentes,
a fim de obedecer ao que preconiza as premissas de desenvolvimento sustentável de
recuperação, mitigação e prevenção de danos.
8. Referências Bibliográficas
CLEMENTE, C. M. S. 2010. Sensoriamento remoto e SIG aplicados na análise da
expansão da área mineração: o caso de Itabira (MG). Anais XVI Encontro Nacional
dos Geógrafos, Porto Alegre - RS.
FARIAS, Carlos Eugênio Gomes. 2002. Mineração e meio ambiente no brasil.
Relatório Preparado para o CGEE – PNUD.
FREITAS, S. R.; CRUZ, C. B. M. 2005. Análise de Componentes Principais e
Modelo Linear de Mistura na discriminação de classes de vegetação na Mata
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Atlântica. Anais XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento remoto, Goias, Brasil, 1621 abril, INPE, p. 1529-1536.
LEITE, D.S; CARNEIRO, E. J. 2007. Casos de conflitos ambientais envolvendo
atividades de mineração e reconstituição histórica de processos de ocupação de
Análise da Expansão da Área de Mineração da APA Serra de São José – MG
territórios. Anais do Seminário Nacional de História da Historiografia: historiografia
brasileira e modernidade, Ouro Preto: EDUFOP. MINAS GERAIS. Poder executivo.
Decreto n.º 30.934, de 16 de fevereiro de 1990- Belo Horizonte, 17 fev 1990.
RIBEIRO, A.; ÁVILA, C. A.; VALENÇA, J, G.; PACIULLO, S. V. P. Carta Geológica –
Folha SF.23-X-C-II – São João Del-Rei – Escala 1:100.000 com texto explicativo.
Projeto Sul de Minas – Etapa I. Belo Horizonte: COMIG. 2002.
SINDIEXTRA - Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais.
Disponível em: www.sindiextra.org.br.
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