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A EXPANSÃO URBANA NA REGIÃO LESTE DA CIDADE DE SÃO
JOÃO DA BOA VISTA (SP) E A FORMAÇÃO DE NOVAS
CENTRALIDADES
Nathália Oliveira Silva Costa1; Alexandre Carvalho de Andrade2.
[email protected]; [email protected]
1Graduanda
em Geografia (IFSULDEMINAS/Campus Poços de Caldas) - Bolsista
PIBIC – FAPEMIG;
2Professor do curso de Geografia do IFSULDEMINAS/Campus Poços de Caldas;
Pesquisador do Grupo de Estudos Regionais e Socioespaciais.
Introdução
As cidades médias, sob a perspectiva de grande parte da população
interiorana, rural ou semirural, são valorizadas pela oferta de emprego, pela existência
de infraestrutura básica, pelas oportunidades de acesso à informação, e pelos
melhores recursos educacionais. Enfim, pela existência de bens e serviços essenciais
à ascensão material e intelectual de seus moradores. Já as populações de grandes
centros veem as cidades médias como lugares livres do excesso de poluição, com
menores índices de criminalidade e menor custo de vida (AMORIM & SERRA, 2001).
E essas interpretações devem-se ao fato de que historicamente as cidades médias
foram
alvos
de
politicas
governamentais a fim
de
reduzir
os
problemas
socioambientais e o fluxo migratório que havia em direção às metrópoles (AMORIM &
SERRA, 2001). Alvo tanto de migrantes vindos do meio rural, como provenientes de
centros maiores, essas localidades, segundo Correa (2007), ganharam uma das mais
importantes características das cidades médias: a posição de centros intermediários
dentro das redes urbanas.
Com o crescimento populacional e as novas dinâmicas socioeconômicas, o
espaço urbano das cidades médias fragmentou-se de acordo com as classes sociais,
a idade dos bairros e os recursos financeiros envolvidos, e se articula por meio da
mobilidade de seus moradores, causada, em especial, pela difusão de veículos
automotores após a década de setenta. Essa fragmentação confere às cidades
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médias mais uma característica específica, o centro funcional bem individualizado e as
periferias dinâmicas por conta dos novos usos dos espaços para fins econômicos e
residenciais, sendo estes representados tanto pelos conjuntos habitacionais quanto
pelos condomínios de luxo.
São João da Boa Vista, com uma população urbana de 80.302 mil habitantes
(IBGE, 2010), é uma cidade que ocupa a posição de “centro sub-regional”, e, por conta
disso, exerce influência em outros municípios de sua rede urbana (IBGE: Regiões de
Influência das Cidades, 2007). Como ocorre com outras cidades médias, possui certa
fragmentação de seu espaço urbano, com centro bem individualizado e áreas
periféricas dinâmicas. Um exemplo dessa situação ocorre na região leste da cidade,
onde se desenvolveram atividades do setor terciário.
Tendo em vista o cenário supracitado, este trabalho tem por objetivo principal
apresentar uma análise sobre um dos eixos da expansão urbana do município de São
João da Boa Vista, o setor leste, evidenciando suas causas, as transformações
ocorridas na paisagem e as consequências desse processo na vida da população
local. Para atingir os objetivos propostos foram realizados trabalhos de campo,
análises do plano diretor e do zoneamento urbano municipal, e a coleta e interpretação
de fontes históricas e de indicadores demográficos.
A fragmentação do espaço urbano e as mudanças socioespaciais
De acordo com Sposito (2008), o crescimento de uma cidade ocorre de três
maneiras, que são complementares e se inter-relacionam: populacional, horizontal e
vertical. Ou seja, populacional na medida em que há o aumento do contingente
demográfico da cidade; horizontal quando ocorre a expansão do espaço urbanizado; e
vertical, quando a cidade passa a apresentar maior número de edificações com mais
de dois pavimentos, para funções residenciais, comerciais ou de prestação de
serviços. Estas distintas e complementares formas de crescimento promovem
significativas mudanças socioespaciais em uma cidade, e mesmo em suas relações
com os municípios de sua rede urbana. Em decorrência disso, há consideráveis
transformações na paisagem urbana e no cotidiano da população, e mesmo de sua
área de influência, como houve na região leste da cidade de São João da Boa Vista,
que, durante as últimas décadas, se tornou área de expansão urbana horizontal,
constituindo, suas principais avenidas, novas centralidades.
Na cidade sanjoanense a fragmentação do espaço urbano é notável: há um
centro funcional e bem individualizado e áreas periféricas dinâmicas, em especial a
região leste da cidade. Essa relação centro-periferia se dá em consequência da alta
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especulação imobiliária, do rotineiro congestionamento e da falta de espaço para
expansão nas áreas centrais, aspectos estes mais intensos nas metrópoles, mas que
já começaram a incidir nas cidades médias. Devido também à facilidade de transporte
e a busca por terras não ocupadas, a baixos preços e impostos, as áreas periféricas
tornaram-se cada vez mais atrativas (CORREA, 1985).
Em decorrência dessa busca por novos espaços de moradia, lazer, comércio e
prestação de serviços, as avenidas do setor leste da cidade tornaram-se importantes
centralidades (figura 1).
Uma das principais avenidas é a Avenida Oscar Pirajá Martins, que, de acordo
com o plano diretor do município de São João da Boa Vista, possui solo de uso misto
(ZM), e é ocupada por imóveis destinados ao comércio. A oeste desta avenida, em
direção ao centro, já começa a haver certas atividades comerciais e de prestação de
serviços, enquanto a leste há o predomínio da função residencial. Os bairros a leste
unem-se aos bairros exclusivamente voltados às moradias, localizados a norte da
Avenida Durval Nicolau, fazendo com que o uso do espaço seja exclusivamente para a
função residencial.
A segunda avenida analisada é a Avenida Durval Nicolau, popularmente
conhecida como Avenida Mantiqueira, que tem seu espaço reservado exclusivamente
para uso comercial. As áreas do entorno dos corredores da avenida são loteamentos
exclusivamente residenciais (R3), como mostra o mapa do zoneamento urbano do
município.
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Figura 1: Zoneamento Urbano em São João da Boa Vista
A presença de locais destinados aos comércios, prestação de serviços e lazer,
foi responsável pelo surgimento de novas centralidades na cidade, o que valorizou os
lotes dos bairros nos quais as referidas estão presentes. Com a especulação
imobiliária em alta, os lotes foram comprados por pessoas com maior poder aquisitivo.
Essa dinâmica mudou o contexto da área, propiciando o surgimento de condomínios
fechados e clubes particulares, além de uma transformação no comércio, que se
voltou para a elite local, e mesmo regional. Esses espaços relativamente recentes, e
sua forma de utilização restrita, conferem certa segregação socioespacial a este setor
da cidade.
A incorporação de novos símbolos de status e de modernidade vai fazendo
com que a cidade se reorganize em torno deles (SCHIMIDT, 2012), o que torna as
novas centralidades de São João da Boa Vista áreas de crescente expansão urbana e
especulação imobiliária.
Considerações Finais
As avenidas Durval Nicolau e Oscar Pirajá Martins são consideradas, de
acordo com o plano diretor municipal, “vias principais” da região leste da cidade, sendo
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assim, é válido ressaltar que alguns comércios migraram para estas vias enquanto
outros foram diretamente pensados para nelas estarem, como é o caso do Mc
Donald’s e da concessionária da Citroën. No entorno destas avenidas, está havendo
um adensamento de residências voltadas a uma população de alto poder aquisitivo,
fator que contribui para o desenvolvimento destas infraestruturas comerciais e de
prestação de serviços; ao mesmo tempo, a implantação destes empreendimentos
também valoriza este setor do espaço urbano de São João da Boa Vista, na medida
em que permite aos moradores da área, mas também de outras partes da cidade e da
região, adquirirem produtos e serviços diversos, sem necessariamente ter de recorrer
a outros locais da cidade.
Os lugares supracitados, mesmo sendo recentes, já estão incorporados ao
modo de vida dos são-joanenses, que agem de forma a consolidar as relações
socioespaciais que surgiram nessa área através da apropriação e uso dos espaços.
Esta situação, que vem ocorrendo em diversas cidades médias, contribui para
aumentar a fragmentação do espaço urbano, a exemplo do que ocorre em São João
da Boa Vista.
Referências
AMORIM FILHO, Osvaldo Bueno; SERRA, Rodrigo Valente. Evolução e perspectivas
do papel das cidades médias no planejamento urbano e regional. In: ANDRADE,
Thompson Almeida; SERRA, Rodrigo Valente (orgs.). Cidades médias brasileiras.
Rio de Janeiro: IPEA, 2001. p 1-34.
CORREA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1985.
CORREA, Roberto Lobato. Construindo o conceito de cidade média. In: SPOSITO,
Maria Encarnação Beltrão (org.). Cidades médias: espaços de transição. São Paulo:
Expressão Popular, 2007. pp. 23-33.
SCHIMIDT, Naiara Conservani. Cidades médias: segregação e as novas formas de
sociabilidades. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS, 3. Anais...
Pelotas: UFPEL, 2012. pp. 1-19.
SPOSITO, Eliseu Savério. Redes e cidades. São Paulo: Edunesp, 2008.
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