a diferenciação socioespacial na cidade de boa esperança

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A DIFERENCIAÇÃO SOCIOESPACIAL NA CIDADE DE BOA
ESPERANÇA: UMA ANÁLISE DO CENTRO E DA PERIFERIA A
PARTIR DA OFERTA DE BENS E SERVIÇOS
Derielsen Brandão Santana
Geografia – UNIFAL-MG
[email protected]
INTRODUÇÃO
O acesso da população a bens e serviços irá se caracterizar de forma heterogênea no
espaço urbano. A localização geográfica dos elementos essenciais aos habitantes de um
município (supermercados, farmácias, postos de gasolina – para exemplificar) seguirá um
prognóstico locacional diversificado, regido sob a égide do capitalismo, usualmente com maior
tendência numérica localizada nos bairros centrais das cidades. Em grandes metrópoles essa
diferença se torna mais evidente; entretanto em cidades menores esse fenômeno também ocorre,
evidenciando claramente a distinção entre centro e periferia comumente presente em todos os
espaços urbanos. Mas afinal, o que seria distinção entre centro e periferia urbanos?!
De fato, a Área Central constitui-se no foco principal não apenas da cidade
mas também de sua hinterlândia. Nela concentram-se as principais atividades
comerciais, de serviços, de gestão pública e privada, e os terminais de
transportes inter-regionais e intra-urbanos (CORRÊA, 1989, p. 38).
A definição acima traduz perfeitamente o conceito do que vem a ser o centro urbano.
Infere-se de forma sumária que trata-se daquele espaço com maior oferta de serviços, bens,
instrumentos de gestão governamental e consequentemente de fluxos. Vejamos abaixo, em
contrapartida, a acepção da periferia proveniente do mesmo autor:
A periferia urbana tem sido usualmente considerada como aquela área da
cidade que em termos de localização situa-se nos arredores do espaço urbano.
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Trata-se de uma faixa periférica que, a cada momento que se considera inclui:
a) áreas que se acham urbanizadas e nos limites do espaço urbano contínuo;
b) áreas onde a urbanização ainda é incipiente, coexistindo com áreas de
agricultura, ora intensiva, ora extensiva, ou então marcada por uma forte
esterilização (CORRÊA, 1986. p. 70).
Ao ler os dois trechos acima pode-se compreender a irrefutável diferenciação perante os
dois conceitos. E nesse trabalho eles serão evidenciados através dos estudos da cidade de Boa
Esperança - um pequeno município no sul de Minas Gerais (área de 858,728 km²) - e com
aproximadamente 40.018 habitantes (IBGE, 2013) aliados às ferramentas de Geoprocessamento.
Ao considerarmos a inserção do geoprocessamento nas análises multiespaciais, pode-se
afirmar que trata-se de uma área relativamente nova no conhecimento humano. O uso dos
computadores e de máquinas eficientes que contribuem cada vez mais paulatinamente para
pesquisas e/ou suporte para tomada de decisões remete à década de 1990, algo razoavelmente
novo em nossa história. Mas afinal, o que seria o geoprocessamento?
Geoprocessamento representa um conjunto de tecnologias capazes de coletar
e tratar informações georreferenciadas, que permitam o desenvolvimento
constante de novas aplicações. Neste sentido, as tecnologias que são
englobadas nesta concepção, e que a cada momento fazem cada vez mais
parte do nosso dia-a-dia, são o Sensoriamento Remoto (SR), o Sistema de
Informação Geográfica (SIG) e o Sistema de Posicionamento Global (GPS),
este último mais conhecido pela sua sigla em inglês. [Geógrafo Marcos
Aurélio de Araújo Gomes – portal UOL].
O geoprocessamento, atualmente, constitui-se em ferramenta essencial para pesquisas
governamentais ou privadas, análises multiespaciais, englobando diferentes técnicas a partir de
dados de satélite (principalmente), fotografias aéreas e pesquisas domiciliares. Contribuir com
tais pesquisas sob uma ótica digital torna mais fácil a compreensão de dados referentes a teorias
de localização e padrões espaciais, contribuindo para a compreensão mais simples possível entre
os atores dos espaços periférico e central, adjacentes às ferramentas de Geoprocessamento. Essa
junção, particularmente nova, será de inestimável importância no decorrer desse trabalho para a
assimilação do mesmo.
OBJETIVOS
- Geral: descrever a diferenciação entre o acesso a bens e serviços do centro e da periferia de
uma cidade de pequeno porte, analisando-os de forma correlacionada no espaço.
- Específicos: analisar o número de bens e serviços – caracterizados na estrutura de
supermercados - no centro e na periferia de alguns bairros aleatórios;
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- Relacionar em uma análise multiespacial/temporal os conceitos de segregação espacial, centroperiferia e geoprocessamento;
- Projetar um mapa com a localização dos elementos analisados.
METODOLOGIA
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Toda pesquisa é fruto do questionamento e levantamento de dúvidas acerca de um tema.
E essa busca por respostas irá se traduzir na metodologia a ser trabalhada, correspondendo às
etapas que deverão ser concebidas, consistindo em unir materiais e métodos com a finalidade de
responder o problema pesquisado.
Metodologia, do Latim “methodus”, significa “caminho ou via para que algo seja
realizado”; ou seja, a metodologia equivale a execução dos métodos mais eficientes para a
realização do algo, que tem objetivo primordial a produção intelectual. É importante ressaltar
que esses métodos podem ser distintos e aplicáveis em diversas áreas em questão.
Nesse trabalho serão utilizados imagens aéreas da cidade de Boa Esperança – MG
derivadas do Google Maps com o intuito de compreensão do território e localização dos
supermercados, além da diferenciação dos bairros centrais e periféricos. Não obstante, será feito
uma pesquisa em todos esses supermercados com algumas questões pertinentes, tais como o
consumo médio diário, o número de funcionários e clientes atendidos diariamente. A
localização dos mesmos será incluída em um mapa através de um programa de Sensoriamento
Remoto – o QGIS, assim como a posterior inclusão e divisão dos bairros onde se localizam as
lojas. Diante dessa localização e da caracterização dos aspectos inerentes aos estabelecimentos,
poderá ser feita uma conclusão sobre os serviços ofertados no centro e na periferia e a
concomitante disparidade entre os mesmos, além de uma pequena parcela sobre a fundamental
importância dos serviços de geoprocessamento para as investigações de cunho geográfico.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A palavra “favela” possui sua origem em uma planta existente na região de Canudos,
estado da Bahia. O faveleiro, um arbusto peculiar do sertão, lembrava habitações existentes em
Canudos, que depois se estenderam para os morros cariocas principalmente. O nome se alastrou
para as comunidades pobres do Rio de Janeiro e desde então os “morros” passaram a ser
conhecidos como “favelas”.
Os conceitos de centro e periferia estão intrinsecamente relacionados. A sua
historicidade remete à urbanização do território brasileiro do último século, resultando em um
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processo de segregação espacial, que ocasionou um aumento expressivo do número de
subúrbios. O território, pautado pelas ações capitalistas, reflete as desigualdades espaciais
decorrentes; o Estado se mantém inerte e as políticas públicas são totalmente ineficientes.
Desprovida de estrutura e abandonada pelo poder público, a vida nas denominadas “favelas”
tem se tornado cada vez mais penosa.
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As atuais problemáticas são facilmente identificáveis, sobretudo nas
metrópoles, onde novos contingentes populacionais pressionam por melhores
condições sócio-espaciais econômicas [...] as periferias são a materialização
de mecanismos de exclusão/segregação, tais como: habitações insuficientes e
de má qualidade, inexistência de infra-estruturas básicas, baixa possibilidade
de acesso rápido e confortável aos lugares de trabalho, malha viária e
equipamento de transporte coletivo deficientes etc [PAVIANI, A. 1994. P.
182).
A partir do fenômeno da urbanização, a segregação se torna mais acentuada, tanto a
espacial quanto a social. As duas preencherão lacunas no âmbito da problemática urbana, e na
cidade de Boa Esperança isso ficará claro a partir de representações como pode ser visto abaixo:
Fig 1: vista aérea da cidade de Boa Esperança – MG – ano 2015
No mapa acima podemos perceber que, nos bairros centrais da cidade ou próximos deles, ao
centro da imagem, há 4 supermercados que agregam diversas regiões, ou seja, a oferta de
supermercados é superior, sendo que a população de baixa renda possuirá menos acesso aos
mesmos em questão de localização e distância. Já na parte sul podemos perceber a presença
singular de apenas 1 estabelecimento comercial de porte grande. Atende a uma grande parcela
populacional também, e localiza-se em uma das saídas da cidade. Na seção noroeste vemos a
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presença de 2 supermercados na mancha urbana, preenchendo a lacuna naqueles espaços que
são bem distantes da zona central da cidade. Esse é apenas o exemplo tomado nessa imagem,
mas ao fim da pesquisa poderemos notar uma diferenciação muito mais expressiva, e até cruel,
nesse aspecto. Os resultados finais poderão ser obtidos ao final da pesquisa, com todos os dados
estatísticos e amostragens coletadas, o estabelecimento total dos serviços ofertados e uma
pesquisa singular em cada um dos estabelecimentos acima pesquisados.
BIBLIOGRAFIA
CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço Urbano. São Paulo: Editora Ática. 1989.
CORRÊA, Roberto Lobato. GEOSUL, Revista. Expediente. Geosul, Florianópolis, v. 1, n. 2,
jan.
1986.
ISSN
2177-5230.
Disponível
em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/12559/11856>. Acesso em: 02 maio
2016. doi:http://dx.doi.org/10.5007/12559.
GOMES, Marcos Aurélio de Araújo. O que é e para que serve o Geoprocessamento? Disponível
em:
<
http://www3.unifai.edu.br/pesquisa/publica%C3%A7%C3%B5es/artigoscient%C3%ADficos/professores/sequenciais/o-que-%C3%A9-e-para-que-serve-o>. Acesso em:
03 maio 2016.
PAVIANI, A. A lógica da periferização em áreas metropolitanas. In: Santos M. & Souza, M.A.
A. (orgs). Território, Globalização e Fragmentação. São Paulo: Editora Hucitec, 1994. P. 18
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