Boa tarde senhoras e senhores

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ATA 7ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA SETORIAL DE ALIMENTOS DA
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA.
Aos 21 (vinte e um) dias do mês de março de dois mil e doze, os membros da Câmara
Setorial de Alimentos (CSA), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
estiveram reunidos para participar da 7ª Sétima Reunião Ordinária da CSA, ocorrida na
Legião da Boa Vontade (LBV), localizada na SGAS 915, lotes 75 e 76, Asa Sul, em
Brasília/DF. A Gerente - Geral de Alimentos, Denise de Oliveira Resende, fez a
abertura da reunião dando boas vindas aos participantes. Em seguida, fez-se uma rodada
de apresentações dos participantes. A reunião começou com a apresentação da
professora Marina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) sobre os dados
de consumo alimentar da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/2009. A
pesquisa ocorreu entre maio de 2008 a maio de 2009. O entrevistador acompanhou o
indivíduo durante nove dias. Pela primeira vez foi incluído o módulo de consumo
alimentar individual denominado de inquérito nacional da alimentação. A POF geral
investigou 68.373 (sessenta e oito mil trezentos e setenta e três) domicílios. Essas
residências foram investigadas em 4.694 (quatro mil seiscentos e noventa e quatro)
setores censitários. Para o inquérito nacional de alimentação com amostra representativa
da população brasileira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
selecionou um em cada quatro domicílios, constantes da POF geral, ou seja,
aproximadamente 25% de todos os domicílios investigados na POF, isso constituiu a
subamostra para o inquérito nacional de alimentação que foi o módulo de consumo
alimentar individual. Na casa do indivíduo foi aplicado o módulo para avaliar o
consumo. Foi aplicado o registro alimentar. Foram dois dias de registro alimentar não
consecutivos, o indivíduo dizia se o alimento foi consumido dentro ou fora de casa, o
horário, o tipo do alimento consumido associado a uma medida caseira. Os alimentos
mais citados na POF foram: o arroz e o feijão. Oitenta e quatro por cento (84%) dos
indivíduos citaram o consumo de arroz. Aproximadamente 73% dos indivíduos citaram
o feijão. Os homens apresentaram maiores prevalências de consumo do que as mulheres
para a maior parte dos itens com exceção de verduras e grande parte de legumes e
frutas. A mulher ultrapassa o percentual de consumo em relação aos homens de
verduras, legumes e frutas e para alguns dados a mulher ultrapassou também o consumo
de doces. A prevalência de consumo do pão de sal foi citado por 63% dos indivíduos. A
carne bovina foi citada, aproximadamente, por 49% dos indivíduos. Foram destacados
os maiores percentuais de consumo. O café foi mencionado por 79% dos indivíduos.
Para os alimentos tradicionalmente brasileiros como o arroz, o feijão, o café, o pão de
sal, esses resultados já eram esperados. Apresentou-se o consumo alimentar médio per
capita, ou seja, quantidade em gramatura ou em ml consumida por dia pelos indivíduos.
Sobre o percentual do consumo fora do domicílio verifica-se que esse está relacionado
ao consumo de alimentos considerados não saudáveis. Os alimentos que se destacaram
com maior gramatura de consumo médio per capita por dia foram os mesmos alimentos
com maiores percentuais de consumo. Destaca-se que o consumo de arroz foi cerca de
160 (cento e sessenta) gramas, que constitui três colheres e meia, de servir, de arroz. O
consumo de feijão foi, de aproximadamente, 183 (cento e oitenta e três) gramas por dia,
para o Brasil total, isso representa aproximadamente uma concha e mais 30% de uma
concha média. Os homens apresentaram a maior parte do consumo médio per capita
com exceção das verduras, saladas, grande parte das frutas e doces. O consumo de pão
de sal foi em torno de 53 (cinquenta e três) gramas, isso representa mais ou menos uma
unidade de pão de sal, ou seja, em média na população, os indivíduos consomem uma
unidade de pão francês por dia. Já a carne bovina foi em torno de 63 (sessenta e três)
gramas, o que representa uma colher, de servir, cheia. O consumo de determinadas
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bebidas, principalmente pelo fato de algumas bebidas serem muito adoçadas, estão
associados com alimentação não saudável. Em relação aos sucos, refrescos e sucos em
pó reconstituídos houve consumo médio per capita de 145 (cento e quarenta e cinco) ml
por dia, isto é, mais ou menos um copo americano. O consumo de refrigerantes ocorreu,
aproximadamente, 95 (noventa e cinco) ml de refrigerante por dia, o que representa
cerca de dois copos de cafezinho por dia. O consumo de café foi o que apresentou maior
consumo per capita de todos os alimentos, ficando em torno de 215 (duzentos e quinze)
ml por dia ou uma xícara de chá de café por dia na população. A principal diferença
observada entre os sexos em relação ao consumo alimentar médio per capita foram as
bebidas alcoólicas. O sexo masculino consome até seis vezes mais bebidas alcoólicas
destiladas e cerveja em comparação ao sexo feminino. Os maiores percentuais de
consumo fora do domicílio foram observados para o consumo de cerveja, ou seja,
aproximadamente, 64% dos indivíduos quando consomem essa bebida a consomem fora
do domicílio. Em segundo lugar ficaram os salgados fritos e assados e salgadinhos
industrializados que apresentaram percentuais acima de 50% fora do domicílio. O
consumo médio per capita na área rural foi maior para alimentos tradicionalmente
brasileiros, como arroz, feijão, batata doce, farinha de mandioca, peixes frescos e
salgados e carnes salgadas. Na área urbana destacou-se o consumo de alimentos prontos
para o consumo e processados, como pão de sal, biscoitos recheados, sanduíches,
salgados fritos e assados, pizzas, refrigerantes, sucos e cervejas. A região Centro-Oeste
apresentou maiores prevalências de consumo, para os dois alimentos mais citados na
POF, que foram o arroz e o feijão. Também foi a região Centro Oeste que obteve os
maiores percentuais, ou seja, os maiores consumos médios per capita de carne bovina.
Já a região Norte foi responsável por quase toda totalidade do consumo de açaí, farinha
de mandioca (que é um marcador de consumo de fibra), peixes frescos e preparações. A
região Sul se destacou pelo consumo do chá, pois o chimarrão está embutido no
consumo de chá. Verificou-se o consumo de alguns itens, marcadores de alimentação
saudável e não saudável, segundo faixas de idade. Conforme aumenta a idade, reduz o
consumo de refrigerantes, sucos e refrescos e bebidas lácteas e iogurte, ou seja, os
adolescentes são os principais consumidores. Os idosos ultrapassam o consumo de leite
integral em relação aos adolescentes. Observa-se que o consumo de biscoitos reduziu,
de acordo com o aumento da idade, assim como, o de sanduíches. O grupo de idosos foi
o que apresentou maior citação do consumo de queijos e salada crua, os adultos
apresentaram maior consumo de salada crua seguido dos idosos. Na estratificação de
alguns itens por quartos de renda verifica-se que o consumo de arroz, praticamente, fica
bem similar entre os três primeiros quartos de renda, sendo reduzido no último quarto
de renda, ou seja, as pessoas mais favorecidas de maior renda consomem um pouco
menos de arroz. Isso também foi observado para o consumo de feijão, alimento
tradicionalmente brasileiro. E o segundo quarto de renda se destacou pelo consumo de
feijão. O consumo de salada crua, marcador de alimentação saudável, por estar
incluindo legumes e verduras e as duas frutas principais citadas na POF, que foram a
banana e a laranja, aumentou o consumo conforme aumento da renda, ou seja, as
pessoas mais favorecidas têm maior consumo de salada crua e banana e laranja em
relação às pessoas de menor renda. A farinha de mandioca foi o marcador de consumo
de fibra e a renda mais baixa apresentou o maior consumo. Foram utilizados três
marcadores de alimentação não saudável, associados a um consumo excessivo de
energia e gordura saturada, como os refrigerantes, pizzas e salgados fritos e assados.
Verificou-se que o consumo aumenta, conforme aumenta a renda, ou seja, as pessoas
mais favorecidas apresentam maior consumo desses itens. Foi feito levantamento de
dados da prevalência de consumo de determinados itens considerados em uma
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alimentação saudável e não saudável, segundo o sexo. Os dados para o sexo feminino
foram semelhantes ao masculino. A recomendação de consumo de frutas, verduras e
legumes, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é 400 gramas por dia, o que
representa quatro porções. Quando somamos a gramatura no percentil 90 (noventa), o
consumo da população não chega a atingir a recomendação da OMS. Isso significa que
menos de 10% da população atinge a recomendação de verduras e legumes e frutas. Isso
foi observado tanto para o sexo masculino quanto para o sexo feminino. São duas faixas
de idade analisadas entre os adolescentes, de 10 a 13 e 14 a 18 anos, a faixa dos adultos
e a dos idosos. Em média, observamos que o consumo energético variou de
aproximadamente 1.500 Kcal entre mulheres idosas e o maior consumo energético
observado foi entre os adolescentes, de 14 a 18 anos do sexo masculino, 2.290 Kcal. Em
relação aos resultados de percentual do consumo calórico total, observou-se, do total de
energia consumida quanto que vêm de proteínas, carboidratos e lipídios.A
recomendação do guia alimentar brasileiro é de que 10 a 15% da energia consumida seja
proveniente de proteína. Verificou-se que a população ultrapassou um pouco essa
recomendação para quase todas as faixas de idade, pois o percentual ficou em torno de
17% do consumo de energia vinda da proteína. O guia alimentar recomenda que 55 a
75% do percentual calórico sejam provenientes do consumo de carboidratos, os
resultados estavam dentro desse percentual. Nenhuma das faixas de idades e ambos os
sexos ultrapassaram esse percentual da recomendação. O percentual do consumo
calórico do total proveniente dos lipídios deveria estar entre 15 a 30%, os percentuais
encontrados, também, não ultrapassaram essa recomendação. O guia recomenda até 300
(trezentos) miligramas, por dia de consumo de colesterol. O consumo do colesterol
dietético em nenhuma das faixas de idade e sexo ultrapassou o recomendado pelo guia.
Os resultados da área urbana apresentou maior consumo energético, com exceção dos
homens adultos e idosos, e se destacou com maior consumo de açúcar total em relação à
área rural. A área urbana apresentou maiores médias do consumo de açúcar total e a
área rural apresentou maiores médias do consumo de fibras, apesar do consumo de
fibras ter ficado bem aquém da recomendação. A região Norte foi aquela que apresentou
maior consumo de energia e maior consumo calórico total proveniente de proteínas em
relação às demais regiões. Em torno de 44% dos homens consomem alimentos fora do
domicílio, pelo menos um alimento fora do domicílio e também foram eles que
apresentaram os maiores percentuais de energia consumida fora do domicílio. Do total
de energia consumido pelos homens cerca de 18% é proveniente do consumo de
alimentos fora do domicílio. Os adolescentes apresentaram maior percentual de
consumo fora do domicílio e os adultos apresentaram maior percentual de energia
consumida fora do domicílio, ou seja, de toda energia consumida dos adultos,
aproximadamente 18.5% é proveniente de alimentos consumidos fora do domicílio. Os
resultados de micronutrientes foram avaliados na POF em comparação à recomendação
nutricional, segundo o Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM), por faixa de
idade e sexo. Os percentis de consumo usual desses micronutrientes, percentil 10 (dez),
50 (cinquenta) e 90 (noventa) e a prevalência de inadequação, quer dizer, o percentual
de indivíduos que não atingiram a recomendação desses micronutrientes. Os resultados
foram estratificados por faixas de idade, dos adolescentes do sexo masculino.
Aproximadamente 96% dos indivíduos não atingem a recomendação de cálcio. Os
adolescentes do sexo masculino, aproximadamente 78%, de 14 a 18 anos, não atingem a
recomendação para magnésio. O consumo do fósforo ficou acima de 50%, isto é, a
inadequação do consumo. Aproximadamente 66% dos adolescentes do sexo masculino,
de 10 a 13, não atingiram a recomendação de fósforo. Foram destacados os nutrientes
que tiveram prevalência de inadequação acima de 50%. Para todos os micronutrientes, a
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prevalência de inadequação representa o percentual da população que não atinge a
recomendação daquele nutriente, que consome abaixo da recomendação. Mas, o sódio
tem apresentado consumo excessivo, não somente no Brasil, como em quase todos os
países, por isso, o sódio foi o único nutriente analisado de maneira diferente. A
prevalência de inadequação representa o percentual de indivíduos que consumiram
sódio acima do valor considerado o máximo que o indivíduo poderia consumir para que
não tivesse nenhum prejuízo para a sua saúde. Verificou que mais de 80% dos
adolescentes do sexo masculino consumiram sódio, excessivamente. Aproximadamente
66% dos adolescentes do sexo masculino, de 10 a 13, não atingiam a recomendação de
vitamina A. Para a vitamina D e E verificou que quase 100% dos indivíduos não
atingem a recomendação dessas vitaminas. Aproximadamente 53% dos adolescentes do
sexo masculino, de 14 a 18 anos, não atinge a recomendação de vitamina C. Esses
resultados foram bem similares para as meninas sendo que a principal diferença
observada entre os sexos foi para a inadequação de ferro, mas esta inadequação não
ultrapassou 50%, porém as meninas apresentam mais do que o dobro de prevalência de
inadequação de ferro em comparação aos meninos de 14 aos 18 anos. Os mesmos
nutrientes com maiores prevalências de inadequação se destacam entre os adultos e
idosos do sexo masculino, a inadequação de cálcio acima de 80%, a prevalência de
inadequação de magnésio acima de 70%. O consumo excessivo de sódio acima de 80%,
tanto nos adultos quanto nos idosos. Prevalências altas de inadequação de vitamina A,
aproximadamente 80% dos indivíduos não atingiram a recomendação de vitamina A.
Também entre adultos e idosos verificamos que quase a totalidade dos indivíduos não
atinge a recomendação de vitamina D e E e, aproximadamente, 50% não atinge a
recomendação de vitamina C. As mulheres tiveram prevalências de inadequação de
ferro, para adultos e idosos, bem superiores aos homens, mais do que o dobro. Para o
fósforo, cobre e selênio as mulheres também tiveram prevalência de inadequações
maiores em comparação aos homens sendo que não foram prevalências que
ultrapassaram 30%. A área rural apresenta maiores prevalências de inadequação para
quase todos os nutrientes, com exceção do sódio, para o qual a área urbana apresentou
maior inadequação de consumo excessivo de sódio. A área urbana também ultrapassou
as prevalências de inadequação para o magnésio em comparação com a área rural,
estando a área rural com maiores prevalências para os demais minerais. A área rural
apresentou maiores inadequações para as vitaminas em comparação com a área urbana
para os adultos do sexo masculino e sexo feminino. com exceção da vitamina D, que
apresenta maiores inadequações na área urbana do que na área rural. A região Sul
apresenta as maiores inadequações de magnésio e a região Nordeste as maiores
inadequações de ferro e zinco. O nutriente que mais se destacou por diferença entre as
regiões foi a Cobalamina. A região Norte apresentou menores prevalências de
inadequação para Cobalamina, isso pode ser atribuído ao maior consumo na região
Norte de peixes frescos e derivados. Com referência à inadequação do consumo de
açúcar livre, gordura saturada e fibras, os resultados estão distribuídos segundo o sexo e
as mesmas faixas de idade. O açúcar livre, conforme a recomendação da OMS, deve ser
de até 10% do total de energia. Os adolescentes de, 10 a 13, foram os que apresentaram
os maiores percentuais de inadequação. Cerca de 80% dos adolescentes do sexo
masculino de, 10 a 13, não ultrapassaram a recomendação de 10% de consumo de
açúcar livre. A recomendação da gordura saturada é de 7%, cerca de 83% desses
adolescentes também consomem excessivamente gordura saturada. Para o consumo de
fibras verificamos que 78% desses adolescentes não atingiram a recomendação de 25
gramas para cada 2.000 Kcal. A média do consumo de energia na população ficou em
torno de 2.044 Kcal. Os alimentos responsáveis por maiores consumos de energia
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foram: biscoito recheado, salgadinhos industrializados, pizzas, doces, refrigerantes,
salgados e bolos. Já os alimentos responsáveis por menores consumos de energia em
relação à média nacional foram: arroz integral, feijão, legumes e verduras, aves e
biscoito salgado. A média populacional do consumo de fibras ficou em torno de 22
gramas, bem abaixo da recomendação que é 25. Os alimentos associados ao maior
consumo de fibra, acima da média populacional, foram as frutas, a farinha de mandioca,
o arroz integral, o feijão, os legumes e verduras. Alguns alimentos que se destacaram
com menores médias de consumo de fibra, abaixo da média nacional, foram os
salgados, os refrigerantes, o biscoito salgado, as pizzas e águas. Verificou-se que a
média populacional do consumo de sódio ficou acima de 3.000 miligramas por dia e a
recomendação é de 2.700 miligramas, a média populacional está bem acima da
recomendação. Mas, mesmo assim, os indivíduos que relataram consumo de pizza,
carnes processadas, salgadinhos industrializados, biscoito recheado e refrigerante
apresentaram média de consumo de sódio bem acima da média populacional, que já
estava acima da recomendação. Para os indivíduos que relataram o consumo de arroz
integral, biscoito doce, bolos, frutas e biscoito salgado verificou-se menores médias
para o consumo de sódio, abaixo da média populacional. A seguir, a professora Raquel
da Universidade de Brasília (UnB) apresentou os resultados da pesquisa em restaurantes
populares. Foi feita uma pesquisa para verificar o que é servido e consumido no almoço
dos restaurantes. Esse trabalho abrangeu o Brasil inteiro e envolveu os restaurantes
populares federais. Não foram incluídos os restaurantes comunitários que são de
administração exclusiva do município. O maior número de restaurantes da pesquisa foi
na região Sudeste, principalmente, no Estado de São Paulo. O objetivo da pesquisa era
acompanhar a produção das refeições durante três dias, isso incluiu ir para a produção,
entrar na cozinha, pesar todos os alimentos para fazer cada uma das preparações e
depois acompanhar os clientes no balcão se servindo, pesando o prato do consumidor.
No final tínhamos o peso do prato e também a distribuição dos pratos de cada um dos
itens que a pessoa se servia. Eram cardápios triviais, simples, de baixo custo, que tinha
o objetivo principal de atingir uma população de baixa renda. Mas, foi encontrado de
tudo, desde pessoas com insegurança alimentar grave até pessoas com segurança
alimentar que usam o restaurante porque é próximo e confiam na alimentação que é
servida. Todos os restaurantes possuem nutricionistas que comandam a produção. Há
um controle maior do que está sendo servido para essa população em todos os aspectos.
Não foi olhada a tabela de composição de alimentos de um arroz pronto, de um feijão
pronto, mas o que realmente estava sendo servido no restaurante, caso fosse
acrescentado caldo de carne, shoyo, essa informação era registrada. Foram pesados
todos os ingredientes, verificados os rendimentos das preparações, o peso que refletia
no prato das pessoas e a quantidade de sódio representada. Porque há uma diferença
muito grande entre olhar dados da tabela de composição química de alimentos para
preparações prontas e analisar os alimentos elaborados. Foram colhidas amostras para
análises de todos os 37 restaurantes que foram sorteados para a visita, na época, quando
a pesquisa começou. No final de 2009 eram 76, mas, atualmente, o número total já
aumentou. Foram coletadas todas as preparações servidas durante três dias para análise
futura. Foram usadas as tabelas para verificar os valores dos ingredientes como arroz,
sal, alho, que foram utilizados na composição do cardápio para comparar se esses
valores estavam próximos daqueles encontrados. Mas, não podíamos aguardar essas
análises, porque no momento de compilar os dados tínhamos algumas dúvidas, tais
como: botei vegetais para cozinhar na panela com sal, só que nem todo sal que foi
adicionado entra no vegetal e quando vamos servir não podemos considerar todo o sal
que colocamos na panela. Muitas pesquisas avaliam a aquisição e o consumo per capita
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do produto, por exemplo, se a casa comprou dois quilos de sal e tem um número de
pessoas dentro de casa, divide pelos consumidores, esse é o consumo de sal da casa.
Muito sal é colocado para cozinhar macarrão, vegetais, mas uma parte fica no alimento.
Por isso, alguns vegetais, que tínhamos coletado, foram levados para o laboratório de
análises clínicas da universidade para saber o quanto retinha e o quanto se conseguia
aumentar a absorção desse sal, conforme colocasse mais sal na água. No Brasil
consumimos muito carne seca, carne de sol, que são salgadas para serem consumidas ou
às vezes não. Daí se coloca menos sal porque já considera que aquela carne está
salgada. Não há trabalhos no Brasil de quanto uma salga retira de sal ou o quanto de sal
tem uma carne salgada. Os dados de sódio das pesquisas de consumo para alimentação
do brasileiro podem estar superestimando ou subestimando. A questão da carne é muito
importante, pois estamos avaliando qual o melhor tipo de salga, quanto se consegue
retirar de sal, se é a quente ou a frio e quanto tempo é necessário. Ainda há a
responsabilidade social, quer dizer, o restaurante está situado dentro do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e faz parte de um programa que não
foi criado só para fornecer refeição. Existe o compromisso com a qualidade em todos os
aspectos. O aspecto nutricional é um deles, que estamos focando aqui, mas também há o
papel cultural. Temos que ter cautela ao apresentar os dados, dar opções, o quê o
nutricionista ou quem trabalha naquele restaurante pode estar fazendo para também não
minimizar a oferta de preparações tão importantes, culturalmente, para a população. É
um restaurante que está aberto para qualquer tipo de público. Mas, o programa do MDS
tem essa preocupação, eles resolveram trabalhar com avaliação, não é só instalar um
restaurante, passar para o município a responsabilidade. Eles querem ter uma noção
como isso está sendo gerido e como a alimentação está sendo servida. Essa pesquisa já
teve alguns desdobramentos, já fizemos oficinas de capacitação com os nutricionistas
dos restaurantes populares do Brasil, visando maior controle do que está sendo servido,
como o controle do sódio. Muitas vezes, os nutricionistas que vieram das prefeituras,
onde o serviço é terceirizado, não tinham noção do que estava sendo servido, porque
existe um profissional de nutrição que cuida pela alimentação na empresa terceirizada.
Entrevistamos em torno de 2.500 pessoas, no final da pesquisa estamos mostrando
dados de 1.890 pessoas. Avaliamos o que as pessoas consumiam em casa, além do que
comem no restaurante. Elas diziam: eu venho aqui e tenho uma refeição muito melhor
porque tem nutricionista e é algo que o Governo está providenciando para nós, e
também, eu estou comendo aqui porque parece a comida da minha casa e eu confio
porque tem um profissional a frente do restaurante. Isso dá uma responsabilidade muito
grande para o profissional de nutrição. Algumas regiões têm muitos idosos que
frequentam os restaurantes. Eles relataram: eu como aqui porque o meu médico me
mandou comer aqui porque é melhor do que eu comer na minha casa. A população
muitas vezes escolhe comer fora de casa num ambiente que serve arroz, feijão, carne,
vegetais refogados porque acredita que aquilo é mais saudável do que a casa deles. É
uma refeição, não é um lanche rápido. As pessoas acreditam também que tem um poder
de escolha, principalmente, quando o self service tem dez opções de carnes. Além disso,
há rapidez no atendimento, o custo é mais acessível, principalmente, para quem mora
sozinho. Existem vários aspectos positivos que levam o consumidor a esses restaurantes
Uma unidade de alimentação e nutrição que dispõe de profissional de nutrição deve
garantir vários aspectos ao servir uma refeição, culturalmente, nutricionalmente e
microbiologicamente. Mas, o que se observa é que quem comanda esses restaurantes
está muito preocupado com o aspecto microbiológico, se eles conseguirem servir a
refeição que tem condições higiênicas sanitárias e ninguém passar mal está tudo bem.
Os órgãos de vigilância sanitária (Visa) inspecionam os restaurantes para verificar se
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tem manual de Boas Práticas, se tem Procedimentos Operacionais Padronizados. E
muitas vezes, a parte nutricional é deixada de lado. Alguns aspectos negativos desse
tipo de restaurante é a insegurança. O quê que está sendo servido? O quê que está sendo
ofertado? Como é que estamos ditando paladares, porque se passamos a servir uma
alimentação, rica em sódio, rica em gordura, provavelmente, vai alterar o paladar da
clientela. E as pessoas vão levar para casa esses costumes. As comidas feitas em casa
tendem a ser parecidas, com aquelas fora do domicílio, independente de serem lanches
rápidos ou refeições complexas. Os trabalhos mais recentes de sódio mostram que a
nossa papila gustativa se adapta muito rápido a reduções de sódio. Essa redução não
pode ser tão drástica, alguns trabalhos internacionais mostraram em torno de até 30% de
redução. A nossa língua se adapta muito bem a essa mudança e depois de um tempo
exposto a essa redução se consegue reduzir mais. Essa informação é importante para
que as mudanças sejam feitas, de forma gradativa, nos restaurantes. Porém, essas
mudanças, às vezes, são muito bruscas porque você quer mudar em todas as preparações
ao mesmo tempo. Há de se ter um pouco de cautela na mudança, porque temos
liberdade de escolha. Se, por exemplo, as carnes X, Y e Z não estão adequadas para o
paladar, da próxima vez, escolha outra preparação, pensando que aquela se adequaria
melhor. Essa liberdade de escolha também dificulta o trabalho, porque posso deixar de
comer o arroz branco que foi modificado para comer outro arroz, outra opção, que está
com uma quantidade de sódio que não foi alterada. A possibilidade de escolha não é
garantia de elaboração de um prato saudável. Quando os clientes que frequentam os
restaurantes comunitários do DF foram perguntados sobre as doenças diagnosticadas, a
de maior frequência foi a hipertensão arterial. Teve um restaurante no sudeste que 90%
dos clientes sorteados na amostra tinham hipertensão. A metodologia utilizada no
consumo considerou o que a pessoa deixou no prato, que é o resto dos alimentos e
debitamos do que o cliente colocou no prato. A média de consumo no Brasil, de sódio,
na hora do almoço, está em torno de 2.271 miligramas de sódio, que corresponde à
98,8% da recomendação de 2.300, só no almoço. O máximo de consumo na hora do
almoço foi de 6.877,6 miligramas de sódio. O consumo da população em termos de
carboidratos, proteínas e lipídios está equilibrado. Em termos de valor energético total
consumido, a recomendação hoje é que o almoço cubra em torno de 40% das nossas
necessidades. No Brasil inteiro o que verificamos foi em torno de 41% das necessidades
dos clientes. Em termos de macronutrientes o restaurante está cobrindo as necessidades.
O nosso maior problema é o sódio, o que chamou muito a atenção. O quê que está
contribuindo para esse excesso de sódio? Muitos cardápios das empresas terceirizadas
levam muito em conta o custo, o valor da refeição visando o lucro. Portanto, são usados
muitos ingredientes como carnes, salsichas, linguiças, stakes de frango com muita
frequência e isso eleva, consideravelmente, o teor de sódio. A distribuição dos
ingredientes no prato é de 55% para arroz e feijão, 21% para prato principal, 15%
guarnição e 9% são as saladas. Mais da metade do prato sendo de arroz e feijão. E o
arroz e feijão contribuíram com 52% para o sódio. O arroz e feijão são alimentos
considerados saudáveis, mas no arroz não tem como mascarar o sal. Há excesso de sal
na preparação, 33% do consumo de sal dos indivíduos devem estar no arroz. Como o
arroz não tem um sabor marcante, quando produzido em grandes volumes e é muito
difícil refogar um alhinho, uma cebola, num caldeirão, então o cozinheiro acaba
colocando sal. No feijão tem outros temperos que agregam, não é só o sal, mas
principalmente no Norte e Nordeste usam carne seca, um charque. Em alguns lugares
utilizam caldos prontos, industrializados, que também aumentam a quantidade de sódio
nas preparações. O Nordeste foi o que teve maior consumo máximo de sódio, não foi a
maior média, a maior média foi no Sudeste. Os pratos principais representaram 32% de
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sódio da refeição principal. As preparações foram feitas com frango, carnes normais,
excesso de shoyo, caldos e sal, muito sal. Não adianta só trabalharmos com a redução do
sódio nos produtos prontos porque os cozinheiros ao sentirem que eles estão salgando
menos vão colocar mais sal. A estratégia tem que vir alinhada com mudança de
comportamento desses cozinheiros ou pelo menos do profissional que está comandando
aquela cozinha, que muitas vezes, já adaptou a sua língua a altos teores de sódio, porque
ele come ali todos os dias e não percebe mais. Nas oficinas com os nutricionistas onde
fizemos arroz com zero de sal, 0,5%, 1%, 1,5%, 2% de sal tivemos 90% desses
profissionais preferindo o arroz com 2% de sal, o que é muito. O paladar dos
nutricionistas também já está alterado e ele só escolhe o que é mais salgado porque ele
come ali também. Sempre devemos incentivar o consumo de arroz e feijão, mas
devemos atuar nesses produtos, em primeiro lugar, porque eles representam metade do
prato em muitos restaurantes. Então, se conseguirmos reduzir o acréscimo de sal no
arroz e feijão conseguiremos reduzir boa parte desse sódio. O almoço em si, em termos
de sódio, está muito além do que esperamos para criar estratégias e trabalhar com a
população dentro dos restaurantes, auxiliares de cozinha e cozinheiros. A população de
mais baixa renda e que traz de casa esse gosto pelo açúcar, pelo sal, porque são produtos
que agregam sabor com baixo custo. Ele é trazido para dentro do restaurante sem
treinamento nenhum e reproduz o que ele faz na casa dele. E aí a intervenção não está
sendo feita para que isso seja mudado. Um bom planejamento de cardápio é sempre
muito importante, saber o que está sendo feito na cozinha. Porque tem diferenças entre
um arroz da minha casa, um arroz da sua casa, eles todos parecem iguais, mas em
termos de sódio eles podem ter o dobro ou triplo de sódio. Em seguida, a Gerente-Geral
de Alimentos, Denise Resende, apresentou um balanço das discussões e deliberações
sobre as Boas Práticas Nutricionais (BPN). Esse trabalho teve por base três vertentes,
uma delas foi a redução do sódio nos alimentos industrializados que estamos atuando
junto com o Ministério da Saúde (MS) e as associações das indústrias. A outra era a
comunicação de risco para a população que nós estamos trabalhando junto com a
Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Fizemos uma proposta de
campanha junto com os supermercados, de conscientização da população com relação
ao consumo excessivo de sal. Essa campanha teve um piloto em Brasília, em alguns
supermercados, e na próxima semana será lançada nos supermercados em Florianópolis,
Santa Catarina. A campanha de Florianópolis foi remodelada, a nova proposta foi
trabalhada junto com os técnicos da comunicação do MS, da Coordenação Geral de
Alimentação de Nutrição (CGAN)/MS, da Anvisa e da ABRAS. E a outra vertente é o
Guia de Boas Práticas Nutricionais. Nós havíamos definido que trabalharíamos por
alimento e foi decidido que começaríamos com o pão francês porque é um alimento de
grande consumo pela população. Agora, precisamos definir como é que vamos
continuar esse trabalho, se vamos trabalhar, especificamente, com alimentos e qual seria
o próximo alimento ou vamos trabalhar com segmentos, isto é, um guia de BPN, por
exemplo, para restaurantes. Foi uma proposta que surgiu e eu queria trazer hoje para
discutirmos e definir qual seria a melhor alternativa. O senhor Eduardo Nilson,
representante do MS, disse que achava pertinente a continuidade da discussão sobre as
BPN e que já havia posicionado, favoravelmente, a essa abordagem dos segmentos dos
restaurantes. Alguns trabalhos, comparados com a última POF, não com essa atual, já
mostravam que os três grandes contribuidores para a ingestão de sódio eram: o sal de
adição, o sal dos alimentos processados e o sal presente na alimentação fora de casa.
Assim como, a alimentação por alimentos processados aumenta com a renda, a
alimentação fora de casa também aumenta muito com a renda. O senhor Antônio
Leopoldo, do MDS, disse que a ideia era implementar as BPN nos próximos anos, pois
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está se trabalhando na qualificação dos serviços quanto à aplicação efetiva de práticas
sanitárias. Porque ainda se tem algumas dúvidas em relação à operacionalidade dos
manuais de Boas Práticas de Fabricação (BPF). Tem-se observado que esses
instrumentos são de gaveta e que a prática do cotidiano não remete a uma sistemática
realmente de controle, até porque não se tem esse rastreamento, essa investigação. Acho
que se conseguíssemos estabelecer uma parceria entre MS, MDS e Anvisa para
elaboração de materiais para promover ações educativas, não só com o objetivo de
atender à redução do consumo de sódio, mas também reduzir o número de outros
alimentos inadequados. Depois, o senhor Luiz Madi, representante do Instituto de
Tecnologia de Alimentos (ITAL) disse que os alimentos são salgados, principalmente,
os industrializados ou alguns deles porque eles atendem à demanda, à exigência do
consumidor. Relatou que havia ido à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(FIESP), dois meses atrás, almoçar lá e observou que tinham tirado o saleiro da mesa,
Como consequência, houve uma reclamação generalizada dos consumidores, então,
tiveram que voltar com o saleiro para a mesa, porque cada um pedia ou trazia um
pacotinho de sal. Segundo ele, esse ponto é um processo educacional que não é só da
universidade, não é só do chefe, não é só da escola, da criança. O conceito vai mudar se
for trabalhado esse assunto na escola. Luiz Eduardo de Carvalho, representante da
Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia (SBCTA), disse que existe uma teoria
clássica da nutrição em saúde pública que precisamos fazer a adição de nutrientes em
alimentos para combater carências nutricionais específicas e, agora, estamos tratando do
quadro inverso, ou seja, fazendo políticas e programas para excluir ou reduzir elementos
químicos que estão presentes nos alimentos. Deve-se ter cuidado ao reduzir o sal para
não inviabilizar o produto. Por exemplo, se tirar o sal do amendoim salgado não haverá
mais amendoim salgado. Deve-se escolher um alimento que tenha o sódio em alto teor,
que a redução seja possível, tecnologicamente e que o alimento seja de consumo
universal. No sistema de produção, mais ou menos oligopolizado, é mais fácil de
reduzir o nutriente, se for pulverizado, fica difícil de operacionalizar. Parece-me
interessante o enfoque em produtos como o pão, o arroz e o feijão, que são produtos que
tem alto teor de sódio. Rute Lemos, representante do Conselho Federal de Nutrição
(CFN) acrescentou que realmente a educação é que vai fazer com que consigamos
mudar o hábito alimentar da população. Não adianta trabalharmos tanto no produto, na
refeição, se não conscientizarmos a população da necessidade da não adição do sal.
Outra coisa importante é que não podemos esquecer o Programa de Alimentação ao
Trabalhador (PAT) nessas parcerias, talvez até limitando o teor de sódio ou sugerindo
parâmetro de sódio para o PAT, já que neste programa atuamos na alimentação da
coletividade em geral. Carlos Tadeu, representante do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (IDEC) mencionou que essa pauta da melhoria da alimentação, da
qualidade nutricional, não pode escapar da questão da regulamentação, por vários
aspectos, mas, especificamente, em relação à rotulagem nutricional. Essa tem que ser
melhor compreendida pelo consumidor, tendo em vista os dados apresentados
referentes ao grande consumo de alimentos fora de casa. Também, evidentemente, em
relação à publicidade, aos apelos, hoje, muito presentes nos alimentos que podem
simplesmente reverter o trabalho enorme de redes distintas de profissionais, de diversas
áreas, ministérios, órgãos, entidades privadas, etc. Mas, que podem ser revertidos ou
mitigados esses apelos publicitários em embalagens de alimentos que simplesmente
desviam e iludem o consumidor. Há coisas que podem ser imediatamente aprimoradas
na rotulagem. Marina da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) disse que o
arroz é responsável pelo consumo de sódio porque o seu consumo é alto, mas quando
analisamos a densidade, a gramatura de sódio, por 100 gramas, ele não é um dos
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alimentos ricos em sódio. Temos que focar no arroz e feijão pelo fato de serem
alimentos tradicionalmente brasileiros e muito consumidos. Uma listagem dos
principais alimentos prontos para consumo industrializados como, por exemplo,
alimentos que sensorialmente não são salgados como os biscoitos recheados, mas são
ricos em sódio ou bebidas adoçadas que, sensorialmente, não são salgadas, mas que são
ricos em sódio. Temos feito pesquisas associadas ao consumo de sódio e verificamos
consumo excessivo de bebidas adoçadas. As pessoas consomem uma refeição muito
salgada e, consequentemente, bebem uma bebida bem doce para compensar. Denise
Resende, da GGALI, ressaltou que, levando em consideração as manifestações feitas
pelos membros da CSA, podemos trabalhar no segmento dos restaurantes. As
professoras, Rita e Raquel, da UnB, disponibilizaram a trabalhar conosco nesse tema
para elaborar esse guia. Em seguida, deu-se início à apresentação do senhor Eduardo
Nilson, da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN). A Política Nacional
de Alimentação e Nutrição (PNAN) tem como diretriz a Promoção da Alimentação
Adequada e Saudável, que tem interface com outra diretriz que é o Controle e a
Regulação de Alimentos. Nesse sentido vêm todas as questões relacionadas ao
monitoramento e a garantia da oferta de alimentos seguros e adequados
nutricionalmente. Quer dizer, além da própria segurança sanitária e da adequação
nutricional há uma questão importante que é o respeito do direito individual de escolha.
Mas, para haver esse direito individual precisa haver informação para uma decisão.
Temos uma alteração do perfil de consumo da população brasileira, um aumento da
incidência e da prevalência de doenças crônicas, obesidade, excesso de peso. A
rotulagem nutricional é um dos primeiros e principais instrumentos de informação à
população. Deve-se evoluir na discussão sobre rotulagem e o monitoramento da
publicidade de propagandas de alimentos porque isso tem relação direta com a proteção
da saúde da população. E, para isso, é muito importante que haja um reforço tanto da
capacidade técnica, quanto analítica, de toda a rede de Visa para dar conta desse recado,
que não é pequeno, mas que a Anvisa pode e deve reforçar isso. E o apoio do MS é
integral nesse sentido. A insegurança alimentar no Brasil se reflete por meio dessas
diferenças de problemas que vão desde à obesidade, às doenças crônicas, à continuidade
da desnutrição ainda clara, em grupos vulneráveis, como populações indígenas,
populações de baixa renda ou bolsões de pobreza e as carências nutricionais que
também continuam na população, como a anemia, a hipovitaminose A, a Beribéri em
populações específicas. É um conjunto de estratégias que se dá tanto no nível do
indivíduo quanto da coletividade para que essas práticas alimentares adequadas e
saudáveis ocorram. É muito importante a questão da regulamentação da qualidade dos
alimentos processados e também o apoio à produção de alimentos advindos da
agricultura orgânica, que é uma política intersetorial muito importante, do governo,
sobre aquisição de alimentos da agricultura familiar. Denise Resende, da GGALI, fez
uma apresentação sobre os eventos de massa, como os grandes eventos que vão
acontecer no Brasil: Copa do Mundo, Rio Mais 20, Copa das Confederações e as
Olimpíadas. Destacou que a Visa precisa se preparar para a realização desses eventos.
Em razão disso, a Anvisa criou um grupo técnico com representação da área de
laboratório, de serviços de saúde, de alimentos, de Portos, Aeroportos e Fronteiras, de
medicamentos e da área de descentralização. A coordenação desse grupo ficou a cargo
da própria Denise Resende, por conta da experiência que a área de alimentos têm em
alguns eventos que acontecem no país. Algumas Visa estaduais, como a Vigilância
Sanitária do Rio de Janeiro (RJ), já desenvolveu expertise em eventos, como o Rock in
Rio e carnaval. Principalmente, a vigilância sanitária de alimentos que é a área que mais
atua nesses momentos. Mencionou que tem trabalhado com as Visa das doze cidades
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sede e dos doze estados para elaboração do plano de ação das Visa para Copa do
Mundo. Até o final de julho de 2012 há de se ter o plano de ação da Visa do Brasil, não
só da Anvisa, mas a incorporação dos planos dos estados e municípios, além de
serviços de saúde, laboratório, alimentos, portos, aeroportos e fronteiras. A senhora
Ângela Karinne, da Gerência de Inspeção e Controle de Risco de Alimentos (GICRA)
iniciou sua apresentação sobre as redes da área de alimentos. Relatou que a GGALI
dispõe de duas redes: Rede de Comunicação de Vigilância em Surtos de Alimentos (RCVisa)
e a Rede de Alerta e Comunicação de Riscos de Alimentos (REALI). A RCVisa trata da
comunicação relacionada às Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) e reações
adversas associadas ao consumo de alimentos. Essa rede é formada, principalmente,
pela Visa, pelos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), pela Gerência Geral
de Laboratórios de Saúde Pública (GGLAS), pela Gerência Geral de Portos e
Aeroportos e Fronteiras (GGPAF) pela unidade do MS que acompanha as DTA que são
notificadas e pela Organização Pan - Americana da Saúde (OPAS). A outra rede é a
REALI que trabalha situações de risco associadas a alimentos. Não trabalhamos com o
efeito sobre a pessoa, mas com o risco que o alimento pode expor uma pessoa. Essa
rede trabalha, principalmente, com as autoridades de controle de alimentos, com a Visa,
com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a área
internacional da Anvisa, com uma área de portos e aeroportos que faz o controle de
produtos na entrada do país. A RCVisa foi criada em 2007, é uma rede de comunicação,
uma ferramenta que permite o intercâmbio de informações, o mais rápido possível, com
o intuito da investigação de surtos de DTA, não só doenças, como em alguns casos, de
reações adversas. Essa rede funciona, basicamente, por meio de correios eletrônicos.
Em 2011, recebemos 97 notificações de surto. Em 2009, tivemos uma quantidade muito
maior de surtos, 12 unidades federadas comunicaram à Anvisa, 145 surtos. O ano de
2010 é um ano atípico porque teve a participação de uma Visa muito ativa que é a Visa
do Rio Grande do Sul. Dos 474 surtos informados nesse ano, 358 vieram do Rio Grande
do Sul. Em 2011 foram emitidas 27 comunicações de risco, 24 delas estavam
relacionadas a resoluções da Anvisa, de abrangência nacional. Foram emitidos 20
alertas, 32 notícias e 95 notificações. Em seguida, a Diretora Maria Cecília apresentou
o relatório dos seis anos de trabalho na Anvisa à frente da área de alimentos. Disse que a
Câmara Setorial é para ser ouvida pela Anvisa. A Agência tem responsabilidade por
processos de trabalhos e não por objetos. Ao mesmo tempo em que as Gerências-Gerais
foram robustecidas de poder, elas também são submetidas a todos os diretores. Citou
algumas ações relevantes que foram realizadas na sua gestão referentes a alimentos, tais
como: desburocratização do processo de registro de alimentos, disponibilização da
tabela de fenilalanina, mudanças na classificação de alimentos para atletas, limites
máximos para micotoxinas, mobilização nacional em comemoração ao Dia Mundial da
Alimentação e planos e políticas nacionais. Também um caso emblemático é o caso do
Beribéri no Maranhão que é um exemplo de sistema de gestão de risco que nós
podemos explorar, aperfeiçoar e avançar. Destacou que há necessidade de uma política
que dê a importância que essa área tem dentro do país. Márcio Milan, da Associação
Brasileira de Supermercados (ABRAS), mencionou que conseguimos um grande
avanço na área de alimentos não só nas questões regulatórias. E, não só na esfera
federal, mas também na esfera estadual e municipal. Antes, o setor de supermercados
tinha receio de conversar com a Anvisa até com medo da fiscalização e hoje esses
assuntos são tratados de forma muito transparente, de forma muito tranquila. Edmundo
Klotz, da Associação Brasileira das indústrias de Alimentação (ABIA), também
comentou que houve uma abertura muito grande, um crescimento na relação com a
Anvisa, de uma forma extremamente transparente, produtiva, aberta, e que sem sombra
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de dúvida vai ficar como um dos maiores legados. Em seguida, Angela Karine, da
GICRA fez a apresentação da proposta de regulamento sobre comércio de alimentos em
eventos. Salientou que a grande inovação dessa proposta é exatamente dar
responsabilidade aos organizadores de eventos. Em termos de objetivo e abrangência,
esse regulamento define algumas regras específicas para avaliação prévia,
funcionamento dos serviços e instalações relacionadas ao comércio de alimentos. Traz
alguns requisitos em relação à estrutura, instalação, controle de vetores e pragas,
manipuladores, abastecimento de água, coleta de resíduos, lavagem das mãos, origem
dos ingredientes, temperatura de conservação, higiene e utensílios. Há muitos desafios,
considerando o contexto das instalações precárias, transitórias, onde nem sempre tem
estrutura física adequada, o abastecimento de água nem sempre é de abastecimento
público e a coleta de resíduos é difícil. Além disso, a questão da temperatura de
conservação é muito importante. Manoel Silva Neto, do Conselho Nacional dos
Secretários de Saúde (CONASS) comentou que um exemplo dessa situação é a Marcha
das Margaridas. Setenta mil pessoas, que estiveram aqui no ano passado, instalaram no
Parque da Cidade e contrataram uma empresa para fornecer os alimentos. A Visa
precisa de um instrumento legal para agir e o produtor de eventos precisa saber o que
fazer para evitar um problema, para realizar um evento seguro. Logo depois, Suzany
Moraes, da GGALI, apresentou a proposta de Resolução – RDC sobre recolhimento
(recall) de alimentos. Informou que, em 2007, foi elaborada a primeira proposição para
regulamentar esse assunto, com as disposições iniciais, do recolhimento, da
comunicação. A abrangência da proposta inclui as etapas de produção, industrialização,
fracionamento, distribuição, importação e comercialização. Está previsto o recolhimento
voluntário e aquele determinado pela autoridade sanitária. A responsabilidade para
efetuar a comunicação é do estabelecimento fabricante ou importadora. Carlos Tadeu,
do IDEC, disse ter ficado um pouco temeroso quanto ao prazo de quatro horas para o
fornecedor efetuar a comunicação do recall. Entende que deveria ser mais célere.
Sugeriu harmonização com a norma que o DPDC acabou de lançar. Frisou que uma das
pontas desse sistema de recolhimento é o fornecedor e não só o fabricante. Ana
Cândida, do DPDC, esclareceu que a Portaria nº 789, de 24 de agosto de 2001, citada
pelo senhor Carlos Tadeu do IDEC, foi revogada pela Portaria nº 487, de 15 de março
de 2012. Informou que foi lançado o sistema de alertas rápidos de recall. Por meio
desse sistema, os fornecedores vão realizar as campanhas, fazer os avisos de recall para
o DPDC e para os consumidores. Esse sistema tem dois acessos diferenciados um para
os fornecedores que vão se cadastrar e fazer os avisos e para o consumidor fazer
consultas. André Oliveira, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) solicitou incluir na pauta da próxima reunião um item específico
referente ao transporte de produtos alimentícios, principalmente, sobre os óleos
vegetais. Disse que essa questão é muito polêmica e que há demanda específica de uma
colega da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, que entrou em contato por
telefone, para tratar desse assunto por força de uma Câmara Setorial que há em São
Paulo e que reúne vários órgãos: Polícia Civil, Polícia Estadual, Polícia Rodoviária,
Ministério Público Estadual, Secretaria da Agricultura e Secretaria de Saúde, entre
outros. Também relatou que a representante da Secretaria de Agricultura do Estado de
São Paulo comentou que está aumentando bastante esse transporte de óleo em caminhão
tanque e que falta regulamentação, sendo esse o motivo da solicitação para se discutir
esse tema aqui nesse fórum. Antonia de Aquino, Gerente de Produtos Especiais
(GPESP) agradeceu a presença de todos e disse que já dispunha da aprovação dos
palestrantes para disponibilizar as apresentações no site da Anvisa, em alimentos, no
ícone da Câmara Setorial de Alimentos. Participaram da reunião os representantes da
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sociedade civil organizada: Carlos Thadeu C. de Oliveira (IDEC), Itaitara Alves
Magalhães (MDCCB), Luiz Eduardo Rodrigues de Carvalho (SBCTA), Maria Luiza de
Melo Coelho da Costa (CFMV), Maria Ruth Vieira Lemos Vasconcelos (CFN); os
representantes do governo: Aline Figueiredo (Anvisa), Ana Cláudia Araújo (Anvisa)
Ana Muniz (DPDC), André Bispo (MAPA), Angela Karinne Fagundes de Castro
(Anvisa), Antônia Maria de Aquino (Anvisa), Antônio Leopoldo N. Neto (MDS), Celso
Soares (DPDC), Christiane Araújo Costa (CONSEA), Eduardo Augusto Fernandes
Nilson (MS), Ekaterine Souza Karagoergiadis (CONSEA), Elisabete Goncalves Dutra
(Anvisa), Luis Madi (ITAL), Manoel Silva Neto (CONASS), Maria Aparecida
Martinelli (INMETRO), Maria Cecília Martins Brito (Anvisa), Mariana Pinheiro
(CGAN/MS), Michelle Lessa de Oliveira (CONSEA), Pedro Bavaresco (MDA),
Roberta Kehem Azevedo (CGAN/MS), Rodrigo Vargas (Anvisa), Rosane Maria
Franklin Pinto (Anvisa), Silvana do Couto Jacob (INCQS), Suzany Portal da Silva
Moraes (Anvisa); os representantes do setor regulado: Alexandre Seabra (ABRAS),
Carlos Eduardo Gouvea (ABIAD), Edmundo klotz (ABIA), Jose Augusto Rodrigues da
Silva (ABRABE), Lúcia Rodrigues (ABIA), Márcio Milan (ABRAS) e Zeide Lucia
Gusmão Cunha Gomes ( SENAI) e convidados: Marina Araújo (UERJ), Raquel
Botelho (UNB) e Rita de Cássia Akutsu (UnB). Ao final, eu, Elisabete Gonçalves
Dutra, da GGALI, lavrei essa Ata que foi aprovada pelos membros da Câmara Setorial
de Alimentos.
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