MODELO CONCEITUAL DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES

Propaganda
COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS
XXV SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS
SALVADOR, 12 A 15 DE OUTUBRO DE 2003
T93 - A01
MODELO CONCEITUAL DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS
DE USINAS HIDRELÉTRICAS
Sérgio Augusto de Souza
ELETRONORTE
APRESENTAÇÃO
Desde os anos 70, quando os partidos verdes começaram a despontar na
Europa e o Greenpeace surgiu para protestar contra testes nucleares, o
movimento ambientalista cresceu com a missão de denunciar todas as ações
que provocam destruição e danos ao meio ambiente. Graças à atuação dos
ecologistas, vários problemas relacionados ao meio ambiente foram resolvidos
ou minimizados.
Entretanto, existe um outro lado da questão que não pode ser ignorado. Os
dados e informações ambientais apresentados, às vezes, divulgam idéias
distorcidas sobre o meio ambiente. Estas idéias, em alguns casos,
negligenciam tendências de longo prazo nas estatísticas ambientais e também
ignoram informações importantes nos seus diagnósticos sobre a situação do
planeta Terra.
Por isso, a grande maioria dos dados e informações apresentadas pelas
instituições internacionais vinculadas ao meio ambiente, devem sempre passar
por uma verificação minuciosa, pois as visões parciais dos números divulgados
e dos argumentos apresentados podem distorcer e encobrir a realidade. Além
disso, existe também o problema de interpretação dos dados divulgados, que
pode ser aumentada, diminuída ou distorcida de acordo com os interesses de
quem divulga.
Como exemplo, pode-se citar o fato de que o WWF - World Wild Fund,
organização não governamental ambiental fundada, em 1961, na Suíça, cuja
missão é preservar a biodiversidade, promover o uso sustentável dos recursos
naturais e combater a poluição e o desperdício, divulgou, recentemente, os
seguintes números sobre a devastação das florestas na Amazônia: “Talvez
uma informação mais importante seja que a perda total de floresta na
Amazônia, desde a chegada do homem, foi de apenas 14%.” (ANGELO, 2000
– referência 56)
Dito assim, a seco, o número de apenas 14% parece pequeno, especialmente
para o leitor europeu, pouco familiarizado com terras e florestas de grandes
dimensões, mas 14% de florestas na Amazônia correspondem a cerca de 700
1
mil Km2, o que equivale a 70% da área total de selva da Indonésia, o país com
maior cobertura de floresta tropical do mundo, depois do Brasil.
Fatos como esse mostram que os levantamentos científicos e tendências
ambientais apresentados podem estar baseados em interpretações distorcidas
e mal uso de dados de numerosas áreas e agências, o que pode levar a
conclusões erradas, distorcidas ou descaracterizadas.
Portanto, destaca-se a importância de uma empresa utilizar dados e
informações confiáveis sobre o meio ambiente, para subsidiar a elaboração de
estratégias visando a implantação de novos empreendimentos em sua área de
atuação. É o caso da Eletronorte, que até os anos 90 construiu hidrelétricas,
termelétricas, sistemas de transmissão e outros empreendimentos na
Amazônia, sem uma preocupação específica com os impactos ambientais
gerados pelos mesmos. As ações ambientais implementadas foram
decorrentes de eventos emergenciais, pois os empreendimentos não tinham
sequer as respectivas licenças ambientais, pois as mesmas não eram exigidas
em função da legislação existente naquela época.
Hoje, a situação é bem diferente, a legislação evoluiu e foi aprimorada, as
comunidades estão mais conscientizadas e as exigências e preocupações com
o meio ambiente aumentaram em todos os segmentos. Como exemplo, podese citar o caso do Complexo Hidrelétrico Belo Monte, que a Eletronorte está
pretendendo construir no rio Xingu perto de Altamira no Estado do Pará e, até
o momento, não conseguiu obter a Licença Prévia do empreendimento, em
decorrência de questionamentos do Poder Judiciário e do IBAMA sobre o
EIA/RIMA apresentado.
Dessa forma, as características da atuação da Eletronorte, empresa
responsável pela exploração dos recursos energéticos da Amazônia Brasileira
passa, necessariamente, pela utilização racional desses recursos,
especialmente em uma região com características ímpares, devido à sua
enorme diversidade biológica e sócio-cultural.
Sob essa orientação, a Empresa tem se empenhado na busca do equilíbrio
adequado entre a maximização dos benefícios energéticos de seus
empreendimentos, a minimização dos efeitos de natureza sócio-ambiental e na
busca de mecanismos eficientes de comunicação da Empresa com a
sociedade, assegurando processos decisórios transparentes e democráticos,
que permitam a conciliação de todos os segmentos da comunidade.
Todo este desafio evidenciado pelo caráter pioneiro na construção de
empreendimentos de grande porte na Região Amazônica, resultou em um
processo contínuo de acúmulo de experiências no trato das questões sócioambientais. A maioria destas experiências está registrada nos dados e
informações existentes sobre os empreendimentos implantados, que se forem
registrados, analisados e retroalimentados adequadamente, poderão ser
utilizados como base para subsidiar a implantação dos futuros
empreendimentos da Eletronorte.
De um modo geral, a área de meio ambiente no Brasil é carente de dados
confiáveis, em função das dificuldades relacionadas à obtenção, análise e
2
interpretação de dados sócio-ambientais relativos aos empreendimentos
implantados no país.
RESUMO
Este trabalho aborda a definição e o desenvolvimento de um Modelo
Conceitual para integração de dados sócio-ambientais referentes aos
empreendimentos em construção/operação da Eletronorte, que possibilite
embasar a construção de um Sistema de Informações Ambientais, a partir do
banco de dados sócio-ambientais dos referidos empreendimentos.
Com esta abordagem ampliada, este modelo poderá disponibilizar informações
que possam contribuir com insumos para a construção de futuros
empreendimentos na Amazônia, através do compartilhamento de recursos e
um maior intercâmbio de informações entre os seus usuários potenciais.
A concepção básica deste modelo, visa fornecer os subsídios necessários para
promover a melhoria de qualidade da gestão ambiental dos empreendimentos
da Eletronorte, de forma sistemática e em sintonia com a legislação ambiental
em vigor.
ABSTRACT
This work tackles the definition and development of a Conceptual Model for
integration of socio-environmental data related to the projects under
construction/operation by Eletronorte, that enables the building of a system of
Environmental Information, from the data bank of socio-environmental
information of the project mentioned before.
With this broad view, this model could make information available which can
contribute to future projects in the Amazon Region, through the sharing of
resources and exchange of information among its potential users.
The basic conception of this model aims to supply the necessary subsidies to
promote the improvement of the environmental management quality of
Eletronorte’s projects, systematically and according to the current
environmental legislation.
3
1 - INTRODUÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido com base numa Dissertação de Mestrado
Profissional realizado na UFAM – Universidade Federal do Amazonas, na área
de energia e Meio Ambiente. A dissertação foi balizada nas atividades
desenvolvidas pela Eletronorte e foi defendida e aprovada em 20/02/2003.
O objetivo principal foi definir um Modelo Conceitual para integração de dados
sócio-ambientais referentes às usinas hidrelétricas em operação da Eletronorte,
com base nas tecnologias de Sistemas de Informação e Modelagem de
Sistemas aplicados a uma demanda de informações ambientais, para embasar
a construção de um Sistema de Informações Ambientais de Usinas
Hidrelétricas, a partir do banco de dados sócio-ambientais dos referidos
empreendimentos.
O tema foi desenvolvido considerando-se os dados técnicos, sócio-ambientais
e as experiências relativas à construção e operação das hidrelétricas de
Tucuruí, Balbina e Samuel, construídas pela Eletronorte.
2 - ABRANGÊNCIA TEMÁTICA
O Modelo Conceitual de um Sistema de Informações Ambientais permitirá a
obtenção e organização das informações sócio-ambientais das usinas
hidrelétricas em construção/operação da Eletronorte, cuja abrangência
temática inclui dados quantitativos, qualitativos e textuais, relativos
à
caracterização técnica do empreendimento, o processo de regularização de
seu licenciamento ambiental, diagnóstico dos meios físico, biótico, atmosférico,
sócio-econômico e cultural, os impactos ambientais ocorridos, e, finalmente, os
programas ambientais implementados com os respectivos resultados obtidos.
Ressalta-se que o processo de licenciamento ambiental evoluiu de tal forma
que, atualmente, faz parte da própria estrutura do empreendimento, com níveis
de controle específicos inseridos dentro do esquema de acompanhamento
geral do empreendimento. Isto significa que qualquer problema ambiental é
suficiente para interromper a obra, até que uma solução seja encontrada e o
problema seja resolvido. Além do mais, existe uma fiscalização permanente do
órgão ambiental responsável pelo empreendimento, que é reforçada nos
momentos de concessão e emissão das licenças prévia (LP), implantação (LI)
e operação (LO), onde também são emitidos os respectivos relatórios de
acompanhamento.
Com base na experiência de implantação e acompanhamento de vários
empreendimentos da Eletronorte em sua região de atuação, observa-se uma
evolução nos níveis de controles ambientais dos mesmos, gerada em parte
pelos órgãos ambientais responsáveis, que estão aumentando gradativamente
os seus níveis de exigências e de outra parte pelo aumento da conscientização
ambiental das comunidades envolvidas, que amparadas pelo Estado também
estão aumentando os seus próprios níveis de exigência.
Considerando a evolução dos níveis de controle dos empreendimentos e a
experiência acumulada pela implantação e acompanhamento da parte
4
ambiental de vários empreendimentos, conclui-se que os respectivos dados
sócio-ambientais dos mesmos, são gerados de acordo com a abrangência
temática mostrada na Figura 1 a seguir:
DIRETRIZES DO SETOR
ELÉTRICO BRASILEIRO
DIRETRIZES AMBIENTAIS
CARACTERIZAÇÃO DO
EMPREENDIMENTO
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL
L
I
C
E
N
C
I
A
M
E
N
T
O
A
M
B
I
E
N
T
A
L
MEIO
FÍSICO
MEIO
BIÓTICO
MEIO
ATMOSFÉRICO
MEIO
SÓCIOECONÔMICO E
CULTURAL
IMPACTOS AMBIENTAIS
PROGRAMAS AMBIENTAIS
EMPREENDIMENTO EM OPERAÇÃO
BANCODE
DEDADOS
DADOS
BANCO
AMBIENTAIS
SÓCIO-AMBIENTAIS
FIGURA 1: Abrangência Temática
5
A seguir, serão apresentadas as descrições dos itens da abrangência temática:
•
Diretrizes do Setor Elétrico Brasileiro
São as diretrizes institucionais e empresariais instituídas pelo Ministério de
Minas e Energia, Eletrobrás, ANEEL, Eletronorte e outras Instituições do Setor
Elétrico Brasileiro.
•
Diretrizes Ambientais
São as diretrizes ambientais instituídas pelos órgãos ambientais, tais como:
Ministério de Meio Ambiente, IBAMA, CONAMA, Órgãos Estaduais e
Municipais de Meio ambiente e outros.
•
Caracterização do Empreendimento
Inclui dados gerais do empreendimento, tais como: localização, objetivo /
justificativa, planos e programas da área de influência e dados técnicos de
engenharia.
Licenciamento Ambiental
Dados referentes ao órgão licenciador e ao processo de licenciamento do
empreendimento, tais como: nome do órgão de meio ambiente, datas de
solicitação e obtenção de licenças, documentos de suporte do licenciamento,
condicionantes das licenças e estrutura organizacional.
•
Caracterização Ambiental
Constitui-se no diagnóstico ambiental da área de influência do empreendimento
considerando-se:
Meio Físico: clima, geologia, geomorfologia, solos, recursos minerais, recursos
hídricos, etc;
Meio Biótico: vegetação, fauna, limnologia, etc;
Meio Atmosférico: intensidade e direção dos ventos, temperatura, umidade
relativa do ar, nebulosidade, regime de chuvas, etc;
Meio Sócio-econômico e Cultural: área de influência do empreendimento;
histórico, formação e desenvolvimento sócio-econômico; dinâmica
populacional; evolução demográfica; dimensão e repartição espacial; estrutura
econômica; questão fundiária; infra-estrutura econômica e social; patrimônio
histórico e cultural; patrimônio arqueológico; uso e ocupação do solo;
população indígena, etc.
6
•
Impactos Ambientais
Descreve os impactos ambientais gerados pelo empreendimento e explicitados
no respectivo EIA/RIMA.
•
Programas Ambientais
Apresenta as características (objetivos, justificativas, instituição responsável,
resultados obtidos, etc) dos programas ambientais necessários para o
empreendimento, tais como:
Programa de Comunicação Social;
Programa de Educação Ambiental;
Programa de Saúde;
Programa de Preservação do Patrimônio Arqueológico;
Programa de controle de Processos Erosivos;
Programa de Recuperação de Áreas Degradadas;
Programa de Monitoramento da Vegetação a ser Suprimida;
Programa de Desmatamento Seletivo;
Programa de Fauna;
Programa de Qualidade da Água;
Programas de Monitoramento;P
Programa de Comunidades Indígenas;
Programa de Remoção e indenização da População Afetada;
Outros.
3 - O MODELO CONCEITUAL
Para realizar a modelagem do Sistema de Informações Ambientais de Usinas
Hidrelétricas foi necessário estabelecer, inicialmente, uma base de dados do
sistema. O software escolhido para realizar esta tarefa foi o software de banco
de dados MICROSOFT ACCESS (Software de Gerenciamento de Banco de
Dados, desenvolvido e comercializado pela empresa MICROSOFT). Para
caracterizar o sistema foram gerados 8 (oito) arquivos, que no ACCESS são
considerados como tabelas. As tabelas criadas foram as seguintes:
•
CONCPRIMÁRIO: Tabela de Conceito Primário com a descrição dos
Conceitos Primários, tais como: Geologia; Geomorfologia; Ictiofauna;
Licenciamento Ambiental; Limnologia / Qualidade da Água; Poluição do
Ar; População Indígena; Sócio-economia; Solo; Vegetação.
•
CONCSECUNDÁRIO: Tabela de Conceito Secundário com a descrição
dos Conceitos Secundários, compreendendo: Acidentes Ambientais; Área
de Influência; Arqueologia; Clima; Cultura; Diversidade Faunística;
Efluentes Oleosos; EIA/RIMA; Espécies da Vegetação; Hidrologia; Lençol
Freático; Macrófitas Aquáticas; Pesca; Regime de Chuva; Sistema de
Abastecimento de Água; Situação Fundiária; Tipologia da Vegetação;
Unidade de conservação; Ventos.
7
•
CONCEITO: Tabela de Conceitos com a descrição dos conceitos de
dados considerados, tais como: Sistema Elétrico Caracterização; Clima
Temperatura; Sócio-economia Saúde; Programas Ambientais Ruído;
Fauna - Espécies; Qualidade do Ar - Caracterização; Solo - Classe de
Solo; Análise de Risco - Caracterização; Impacto Ambiental - Grupo
Indígena; Vegetação - Espécies de Vegetação; Empreendimento - Área
de Influência; Licenciamento Ambiental - Audiência Pública.
•
QUALIFICADOR: Tabela de Qualificador contendo a descrição das
qualificações básicas dos dados, conforme explicitado: Área do
Reservatório; Potência Instalada; Tipo de Vertedouro; Dimensões da
Comporta; Temperatura Média Anual; População a Ser Relocada;
Coeficiente de Mortalidade Geral; Número de Escolas; Áreas/Populações
Consideradas; Grupo Indígena; Período Seco; Número de Estações de
Coleta a Jusante; Número de Sítios Arqueológicos Localizados; Tipos de
Impactos; Bacia Hidrográfica; Espécies de Fauna Ameaçadas - Raras e
Endêmicas; Classe do Solo; Objetivos e Justificativas do
Empreendimento; Tipo de Clima; Resultados da Qualidade da Água;
Aspectos da População Rural; Aspectos da Saúde; Histórico do
Licenciamento; Audiência Pública.
•
DADOS: Tabela de Dados técnicos, sociais e ambientais dos
empreendimentos, com os dados referentes aos itens qualificadores, por
empreendimento.
•
EMPREENDIMENTO: Tabela de Empreendimento com a descrição dos
códigos dos empreendimentos, tais como: ACR – UTE RIO ACRE; BAL –
UHE BALBINA; CNU – UHE COARACY NUNES; NNE – SISTEMA
NORTE/NORDESTE; SAM – UHE SAMUEL; TUC – UHE TUCURUÍ.
•
EXEMPLOS:Tabela de Exemplos de imagens, fotografias, gráficos e
outros associados aos empreendimentos, conforme especificado: Mapa
de Sítio Arqueológico da UHE Balbina; Imagem de Satélite da UHE
Balbina; Mapa de Localização do reservatório da UHE Tucuruí; Mapa das
Estações de coleta da UHE Samuel; Fotografia dos Impactos Ambientais
Gerados pela UTE Rio Acre.
•
FONTES: Tabela Fontes com a relação das fontes de documentos e
exemplos utilizados, compreendendo: Arqueologia nos empreendimentos
hidrelétricos da Eletronorte; Memória do empreendimento - UHE Tucuruí;
Plano Diretor para Proteção e Melhoria do Meio Ambiente (2010);
Aproveitamento da madeira do reservatório da UHE Tucuruí; Exploração
da madeira submersa na UHE Tucuruí; Estudos limnológicos no Sistema
Tocantins/Araguaia; Ficha técnica - UHE Samuel; Plano de manejo - UHE
Samuel; Plano de monitoramento ambiental - UHE Samuel; UHE Balbina:
caracterização e medidas ambientais; EIA/RIMA - UTE Rio Acre.
Após a definição dos campos de cada tabela, foram estabelecidas as chaves
primárias e estrangeiras e formatados no próprio ACCESS em um formulário
específico para entrada de dados, onde os dados técnicos, sociais e
ambientais foram digitados e, em seguida, foram gravados nos respectivos
8
arquivos (tabelas). Os dados
empreendimentos da Eletronorte:
gravados
são
relativos
aos
seguintes
•
Usina Hidrelétrica Tucuruí – 1ª Etapa, localizada no Estado do Pará;
•
Usina Hidrelétrica Balbina, localizada no Estado do Amazonas;
•
Usina Hidrelétrica Samuel, localizada no Estado de Rondônia.
Para realizar a modelagem destes dados foi selecionado o software de
modelagem de dados denominado ERWIN. Este software utiliza o Modelo
Entidade / Relacionamento para realizar a modelagem de dados, gerando o
Modelo Físico de Entidade/Relacionamento (LIMA, 2002 – referência 5 ).
O primeiro passo para a realização da modelagem de dados foi a importação
do banco de dados em ACCESS para o software ERWIN. Existem, nesse
software, várias opções de formato de dados para importação, contemplando
várias opções de softwares.
Como o ACCESS não faz parte desta lista, foi necessário utilizar o software
SQL Server como intermediário, importando, inicialmente, o banco de dados
em ACCESS para o SQL Server. Ressalta-se, que nesta importação foram
estabelecidos vários procedimentos de integridade dos dados, tais como:
definição de chaves, atributos, entidades e os relacionamentos entre elas.
Em seguida, foi realizado o processo de importação do banco de dados em
SQL Server para o software ERWIN. Os dados foram também validados no
ERWIN, tendo sido definidas várias etapas de consistência dos mesmos, tais
como: definição das chaves primárias e estrangeiras, definição dos atributos,
estabelecimento do tamanho e tipo/formato de campos, etc.
Após a validação dos dados, foram definidas as entidades e os
relacionamentos entre elas, estabelecendo e concluindo o Processo de
Integridade dos Dados. O produto final gerado pelo ERWIN foi o Modelo Físico
de Entidade/Relacionamento, detalhado a seguir na Figura 2:
9
FIGURA 2: Modelo Físico de Entidade / Relacionamento
Os conteúdos das Chaves Primárias e demais campos são os seguintes:
•
ARQUIVO CONCPRIMÁRIO
CODCONCPRIMARIO: Chave Primária com os códigos dos conceitos
primários.
DESCCONCPRIMARIO: Campo com as descrições dos conceitos primários.
•
ARQUIVO CONCSECUNDARIO
CODCONCSECUNDARIO: Chave Primária com os códigos dos conceitos
secundários.
10
DESCCONCSECUNDARIO: Campo com as descrições dos conceitos
secundários.
•
ARQUIVO CONCEITO
ASSOCIAÇÃOCONCEITOS: Campo com as associações dos conceitos
primários e secundários.
DESCRIÇÃOASSOCIAÇÃO: Campo com as descrições das associações dos
conceitos primários e secundários.
•
ARQUIVO QUALIFICADOR
CODQUALIFICADOR: Chave Primária com os códigos dos qualificadores.
UNIDADE: Campo com as unidades dos campos qualificadores.
TIPO: Campo com os tipos dos campos qualificadores.
DESCRIÇÃO: Campo com as descrições dos campos qualificadores.
•
ARQUIVO DADOS
VERSÃO: Chave Primária com a versão dos dados.
DATACOLETA: Campo com a datas (formato dd/mm/aaaa) das coletas dos
dados.
DADOQUALIFICADOR: Campo com os conteúdos dos dados.
ARQUIVO EMPREENDIMENTO
CODEMPREENDIMENTO: Chave Primária com os códigos
empreendimentos.
NOME: Campo com os nomes dos empreendimentos.
TIPO: Campo com os tipos de empreendimentos.
DESCRIÇÃO: Campo com as descrições dos empreendimentos.
LOCALIZAÇÃO: Campo com as localizações dos empreendimentos.
dos
ARQUIVO EXEMPLOS
SEQEXEMPLO: Chave Primária com as seqüências dos exemplos.
TIPO: Campo com os tipos de exemplos.
TITULO: Campo com os títulos dos exemplos.
NOMEARQUIVO: Campo com os nomes dos arquivos relativos aos exemplos.
COMENTARIOS: Campo com os comentários relacionados aos exemplos.
•
ARQUIVO FONTES
CODFONTE: Chave Primária com os códigos das fontes.
TITULO: Campo com os títulos das fontes.
AUTORIA: Campo com os nomes dos autores das fontes.
LOCALIZAÇÃO: Campo com as localizações das fontes.
Ressalta-se, que o Modelo Conceitual estabelecido é bastante simples,
considerando a complexidade das funções que ele representa. A adoção e uso
do qualificador facilitaram a solução do problema, maximizou a estruturação e
abordagem dos dados, agrupando-os de acordo com a Abrangência Temática
11
apresentada e reduziu significativamente a complexidade de se efetuar
alterações nos mesmos, de forma que qualquer empreendimento pode ser
enquadrado e tratado da mesma forma.
Para testar as possibilidades do Modelo Conceitual resultante foi feito, à título
de amostra, um levantamento exaustivo dos dados necessários para a
caracterização das 3 (três) principais usinas hidrelétricas da Eletronorte:
•
•
•
UHE Tucuruí – 1ª Etapa;
UHE Balbina;
UHE Samuel.
4 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Conforme foi sendo desenvolvido este trabalho sobre um Modelo Conceitual de
Sistema de Informações Ambientais de Usinas Hidrelétricas, foram
apresentadas uma série de considerações específicas, que já se encontram
indicadas e comentadas ao longo do próprio texto. Contudo, com o objetivo de
apresentar algumas proposições de caráter geral serão descritas, a seguir, as
conclusões e recomendações finais relativas ao trabalho em questão:
•
A obtenção e análise dos dados sócio-ambientais dos empreendimentos
relacionados têm que ser planejada, analisada e organizada, pois os
mesmos são volumosos, estão dispersos, necessitam de um tratamento
especial e, em alguns casos, existem várias fontes diferentes para os
mesmos dados, em locais distintos;
•
O Sistema de Informações Ambientais possui todas as características que
permitem classificá-lo como um SIG (Sistema de Informações Gerenciais)
e como tal deve ser definido, projetado, desenvolvido e implantado;
•
O Modelo Conceitual resultante do esforço de análise e modelagem de
sistemas num ambiente bastante complexo, é relativamente simples,
suficiente e bastante flexível, mesmo considerando uma grande
quantidade de informações, pois foi possível reuni-las sob a forma de
qualificadores, que facilitam e possibilitam o atendimento às novas
necessidades de recuperação de informações;
•
Para testar as possibilidades do Modelo Conceitual, foi realizado um
processo de amostragem com base num levantamento de dados relativos
a 3 (três) dos principais empreendimentos da Eletronorte, tendo sido
concluído que o Modelo possibilita o processamento de todos os tipos de
dados de qualquer empreendimento da Eletronorte;
•
Conforme já foi demonstrado, o Sistema de Informações Ambientais de
Usinas Hidrelétricas pertence a uma classe especial, à qual deve ser
dispensado um tratamento diferenciado, para garantir o sucesso de seu
desenvolvimento;
12
•
Os Sistemas de Informação Gerencial (SIG) e a tecnologia de banco de
dados formam uma dupla interessante para a solução de problemas
decisórios enfrentados pelos gerentes na empresa, desde que suas
características sejam compatíveis com uma análise bem estruturada, ou
seja, tenham um grau elevado de estruturação;
•
A Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas a ser utilizada tem que
passar por um processo de escolha, que leve em consideração os
seguintes fatores: tipo do sistema, metodologia utilizada na Empresa,
experiência da equipe de desenvolvimento e características do hardware
e software a serem utilizados;
•
O sistema gira em torno do banco de dados que será gerado e, assim, é
muito importante a escolha de um software de SGBD (Sistema
Gerenciador de Banco de Dados) adequado e compatível com a natureza
e características dos dados sócio-ambientais que serão obtidos e
analisados. A tendência aponta para um SGBD relacional, aliado a uma
linguagem moderna, que possua facilidades para geração de consultas e
emissão de relatórios gerenciais;
•
A escolha do hardware que servirá como base para o sistema também é
muito importante, pois tem que ser adequada com a própria organização
da Eletronorte, que funciona com uma base central (Sede em Brasília) e
várias unidades descentralizadas (Regionais de Engenharia e de
Operação). Portanto, para garantir sucesso em sua implantação, o
sistema tem que ser projetado para funcionar em rede, com
disponibilidade de pontos de rede em todos os locais de atuação da
Empresa.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOLDRINI, M. Scientific True and Statistical Method. London: Charles
Griffin & Company Limited,1992.
CAPOBIANCO, J. P. R. et al., Biodiversidade na Amazônia Brasileira. São
Paulo: Ed. Estação Liberdade, 2001.
CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo:
Edgard Blücher, 2000.
LASZLO, E. The Systems View of the World (A Holistic vision for Our Time).
New York: Hampton Press, Inc., 1996.
LIMA, A. da S. Erwin 4.0: Modelagem de Dados. São Paulo: Ed. Érica,
2002.
LUHMANN, N. A Nova Teoria dos Sistemas. Porto Alegre: Ed. da UFRGS,
1997.
13
MARTIN, J. Engenharia da Informação. São Paulo: Macggraw Hill, 1993.
ODUM, E. P. Fundamentals of Ecology. 3. ed. Philadelphia: W.B. Saunders
Company, 1981.
STAIR, R. M. Sistemas de Informação – Uma Abordagem Gerencial. 2. ed.
Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1998.
UFRGS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Centro
de Ecologia. Carvão e Meio Ambiente. Porto Alegre: Editora da Universidade,
2000.
YOURDON, E. Sistemas de Informação e as Pessoas. Makron Books,
1995.
ALKMIN, J. T. D. Potencial de Cogeração no Estado do Amazonas.
Manaus: Ed. da Universidade do Amazonas, 2000.
BERTALANFFY, K. L. von. General System Theory. New York: George
Braziller, 1968.
BOULDING, K. General System Theory, the Skeleton of a Science in
Modern Systems Research for the Behavioral Scientist. Chicago:Alaine: Walter
Buckley, 1968.
- CAVALCANTI, C. Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e
Políticas Públicas. 2.ed. Recife: Cortez, 1999.
COLD, P; YOURDON, E. et al. Análise Baseada em Objetos. 4.ed. São
Paulo: Livros Técnicos e Científicos, 1992.
ELETROBRÁS. Memória da Eletricidade, 500 anos, Energia no Brasil. Rio
de Janeiro: 2000.
- FURASTÉ, P. A. Normas Técnicas para o Trabalho Científico. 9. ed. Porto
Alegre: [s. ed.], 2001.
GOLDEMBERG, J. Energia, Meio Ambiente & Desenvolvimento. 2. ed. São
Paulo: EDUSP – Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
GUERRA, H. N.; FREITAS, M. A. V. de. Perspectivas Energéticas para o
Desenvolvimento Sustentável do Amazonas. Manaus: EDUA/EFEI, 1997.
LEVI-STRAUSS, C. O Pensamento Selvagem. São Paulo: Ed. Papirus,
1997.
LUHMANN, N. Ecological Comunication. Chicago: The University of
Chicago Press, 1998.
MEIRA MATTOS, C. de. Uma Geopolítica Pan-Amazônica. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio, 1980.
14
MORRIS, P.; THERIVEL, R. et al. Methods of Environmental Impact
Assessment. London: UCL Press, 1998.
NAEA. Faces do Trópico Úmido. Conceitos e Questões sobre
Desenvolvimento e Meio Ambiente. Belém: UFPA/NAEA, CEJUP, 1997.
ODUM, E. P. Relationship Between Structure and Functions in the
Ecosystem. San Diego - USA: San Diego State University, 1974.
RUBAUGH, J. Modelagem e Projetos Baseados em Objetos. Rio de
Janeiro: Campus, 1994.
RUSSEL, P. O Despertar da Terra - O Cérebro Global. São Paulo: Ed.
Cultrix, 1982.
SANTILLI, M. Madeira-Mamoré Imagem & Memória. São Paulo: Mundo
Cultural Editora Ltda, 1988.
SALOMON, D. V. Como Fazer uma Monografia. 10. ed. São Paulo: Martins
Fontes Editora Ltda, 2001.
SHLAER, S.; MELLOR, S. J. et al. Análise de Sistemas Orientada para
Objetos. São Paulo: Macggraw Hill, 1990.
SOUZA, R. C. R. Planejamento do Suprimento de Energia Elétrica dos
Sistemas Descentralizados na Amazônia Incorporando Incertezas. Manaus: Ed.
da Universidade do Amazonas, 1996.
SPRAGUE JÚNIOR, R. H.; WATSON, H. J. et al. Sistema de Apoio à
Decisão. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
TOCANTINS, L. Formação Histórica do Acre. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed.
Conquista, 1961.
WALLERSTEIN, I. The Capitalist World-Economy. New York: Academic
Press, 1979.
WEINBERGER, G. Redefinindo Análise e Projetos de Sistemas. São Paulo:
Livros Técnicos e Científicos, 1992.
ALBRECHT, A. J. Measuring Application Development Productivity. New
York – White Plains: IBM Corporation, 1983.
Manual EP6379 - Dimensionando Projetos com FPA. São Paulo: UNISYS
BRASIL, 1993.
SOUZA, S. A. de. Metodologia de Pontos por Função. Brasília: CTIS –
Informática e Sistemas Ltda, 1997.
ALBRECHT, A. J. Guideline 313 - AD/M Productivity Measurement and
Estimate Validation. New York: IBM Corporate Information Systems and
Administration, 1984.
15
GOODLAND, R. Environmental Assessment of the Tucuruí Hydroelectric
Project, Rio Tocantins, Amazônia. Brasília: ELETRONORTE, 1978.
MACHADO, J. A. da C. A Medição da Produtividade no Desenvolvimento
de Software. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro. UFRJ – COPPE –
Engenharia de Sistemas e Computação, 1990.
MACHADO, J. A. da C. A Sustentabilidade do Desenvolvimento e a
Demanda Material do Sistema Econômico. Belém: Tese de Doutoramento.
UFPA-NAEA.
MACHADO, J. A. da C., FENZL, N. A Sustentabilidade do Desenvolvimento
e a Demanda Material da Economia: o caso do Brasil comparado ao de países
industrializados. Manaus: Projeto Amazônia 21.
Plano Indicativo de Atendimento de Energia Elétrica – Período 1999 –
2008, Brasília: ELETRONORTE, 2000.
Programa Decenal de Transmissão dos Sistemas Isolados da Região Norte
– Período 1999/2008, Rio de Janeiro: ELETROBRÁS, 2000.
Programa Decenal de Transmissão do Sistema Interligado da Região Norte
– Período 1999/2008, Rio de Janeiro: ELETROBRÁS, 2000.
Resultados da Metodogia FPA, Brasília: ELETRONORTE, 1999.
Cenários Sócio-energéticos para a Amazônia. Brasília: ELETRONORTE,
1998.
Plano Decenal de Expansão 2000/2009. Rio de Janeiro: ELETROBRÁS,
2000.
Plano Diretor do Meio Ambiente do Setor Elétrico 1990/1992. Rio de Janeiro:
ELETROBRÁS, 1990.
Plano Diretor do Setor Elétrico 1991/1993. Rio de Janeiro: ELETROBRÁS,
1990.
Plano Nacional de Energia Elétrica 2010. Rio de Janeiro: ELETROBRÁS,
1987.
Plano Nacional de Energia Elétrica 2015. Rio de Janeiro: ELETROBRÁS,
1994.
Revista do Programa Waimiri Atroari. Brasília: ELETRONORTE, 2002.
ANGELO C. Humanidade Precisa de mais Meia Terra. Folha de S. Paulo,
São Paulo: 21 out. 2000. Caderno Ciência.
LEITE, M. Amazônia – De volta ao Mapa do Brasil. Folha de S. Paulo, São
Paulo: 16 dez. 2001. Caderno Especial.
16
MORAES, M. S. de. Wallerstein Desfaz a Ilusão do Progresso. Folha de S.
Paulo, São Paulo: 10 fev. 2002. Caderno A.
O Mercado do Gás Natural está em Grande Expansão no País. Folha de S.
Paulo, São Paulo: 05 set. 2001. Caderno 2.
VIVEIROS, M. Justiça Deixa Maiores Poluidores Impunes. Folha de S.
Paulo, São Paulo: 14 out. 2001. Caderno Cotidiano.
17
Download