COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS XXV SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS SALVADOR, 12 A 15 DE OUTUBRO DE 2003 T93 - A01 MODELO CONCEITUAL DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS DE USINAS HIDRELÉTRICAS Sérgio Augusto de Souza ELETRONORTE APRESENTAÇÃO Desde os anos 70, quando os partidos verdes começaram a despontar na Europa e o Greenpeace surgiu para protestar contra testes nucleares, o movimento ambientalista cresceu com a missão de denunciar todas as ações que provocam destruição e danos ao meio ambiente. Graças à atuação dos ecologistas, vários problemas relacionados ao meio ambiente foram resolvidos ou minimizados. Entretanto, existe um outro lado da questão que não pode ser ignorado. Os dados e informações ambientais apresentados, às vezes, divulgam idéias distorcidas sobre o meio ambiente. Estas idéias, em alguns casos, negligenciam tendências de longo prazo nas estatísticas ambientais e também ignoram informações importantes nos seus diagnósticos sobre a situação do planeta Terra. Por isso, a grande maioria dos dados e informações apresentadas pelas instituições internacionais vinculadas ao meio ambiente, devem sempre passar por uma verificação minuciosa, pois as visões parciais dos números divulgados e dos argumentos apresentados podem distorcer e encobrir a realidade. Além disso, existe também o problema de interpretação dos dados divulgados, que pode ser aumentada, diminuída ou distorcida de acordo com os interesses de quem divulga. Como exemplo, pode-se citar o fato de que o WWF - World Wild Fund, organização não governamental ambiental fundada, em 1961, na Suíça, cuja missão é preservar a biodiversidade, promover o uso sustentável dos recursos naturais e combater a poluição e o desperdício, divulgou, recentemente, os seguintes números sobre a devastação das florestas na Amazônia: “Talvez uma informação mais importante seja que a perda total de floresta na Amazônia, desde a chegada do homem, foi de apenas 14%.” (ANGELO, 2000 – referência 56) Dito assim, a seco, o número de apenas 14% parece pequeno, especialmente para o leitor europeu, pouco familiarizado com terras e florestas de grandes dimensões, mas 14% de florestas na Amazônia correspondem a cerca de 700 1 mil Km2, o que equivale a 70% da área total de selva da Indonésia, o país com maior cobertura de floresta tropical do mundo, depois do Brasil. Fatos como esse mostram que os levantamentos científicos e tendências ambientais apresentados podem estar baseados em interpretações distorcidas e mal uso de dados de numerosas áreas e agências, o que pode levar a conclusões erradas, distorcidas ou descaracterizadas. Portanto, destaca-se a importância de uma empresa utilizar dados e informações confiáveis sobre o meio ambiente, para subsidiar a elaboração de estratégias visando a implantação de novos empreendimentos em sua área de atuação. É o caso da Eletronorte, que até os anos 90 construiu hidrelétricas, termelétricas, sistemas de transmissão e outros empreendimentos na Amazônia, sem uma preocupação específica com os impactos ambientais gerados pelos mesmos. As ações ambientais implementadas foram decorrentes de eventos emergenciais, pois os empreendimentos não tinham sequer as respectivas licenças ambientais, pois as mesmas não eram exigidas em função da legislação existente naquela época. Hoje, a situação é bem diferente, a legislação evoluiu e foi aprimorada, as comunidades estão mais conscientizadas e as exigências e preocupações com o meio ambiente aumentaram em todos os segmentos. Como exemplo, podese citar o caso do Complexo Hidrelétrico Belo Monte, que a Eletronorte está pretendendo construir no rio Xingu perto de Altamira no Estado do Pará e, até o momento, não conseguiu obter a Licença Prévia do empreendimento, em decorrência de questionamentos do Poder Judiciário e do IBAMA sobre o EIA/RIMA apresentado. Dessa forma, as características da atuação da Eletronorte, empresa responsável pela exploração dos recursos energéticos da Amazônia Brasileira passa, necessariamente, pela utilização racional desses recursos, especialmente em uma região com características ímpares, devido à sua enorme diversidade biológica e sócio-cultural. Sob essa orientação, a Empresa tem se empenhado na busca do equilíbrio adequado entre a maximização dos benefícios energéticos de seus empreendimentos, a minimização dos efeitos de natureza sócio-ambiental e na busca de mecanismos eficientes de comunicação da Empresa com a sociedade, assegurando processos decisórios transparentes e democráticos, que permitam a conciliação de todos os segmentos da comunidade. Todo este desafio evidenciado pelo caráter pioneiro na construção de empreendimentos de grande porte na Região Amazônica, resultou em um processo contínuo de acúmulo de experiências no trato das questões sócioambientais. A maioria destas experiências está registrada nos dados e informações existentes sobre os empreendimentos implantados, que se forem registrados, analisados e retroalimentados adequadamente, poderão ser utilizados como base para subsidiar a implantação dos futuros empreendimentos da Eletronorte. De um modo geral, a área de meio ambiente no Brasil é carente de dados confiáveis, em função das dificuldades relacionadas à obtenção, análise e 2 interpretação de dados sócio-ambientais relativos aos empreendimentos implantados no país. RESUMO Este trabalho aborda a definição e o desenvolvimento de um Modelo Conceitual para integração de dados sócio-ambientais referentes aos empreendimentos em construção/operação da Eletronorte, que possibilite embasar a construção de um Sistema de Informações Ambientais, a partir do banco de dados sócio-ambientais dos referidos empreendimentos. Com esta abordagem ampliada, este modelo poderá disponibilizar informações que possam contribuir com insumos para a construção de futuros empreendimentos na Amazônia, através do compartilhamento de recursos e um maior intercâmbio de informações entre os seus usuários potenciais. A concepção básica deste modelo, visa fornecer os subsídios necessários para promover a melhoria de qualidade da gestão ambiental dos empreendimentos da Eletronorte, de forma sistemática e em sintonia com a legislação ambiental em vigor. ABSTRACT This work tackles the definition and development of a Conceptual Model for integration of socio-environmental data related to the projects under construction/operation by Eletronorte, that enables the building of a system of Environmental Information, from the data bank of socio-environmental information of the project mentioned before. With this broad view, this model could make information available which can contribute to future projects in the Amazon Region, through the sharing of resources and exchange of information among its potential users. The basic conception of this model aims to supply the necessary subsidies to promote the improvement of the environmental management quality of Eletronorte’s projects, systematically and according to the current environmental legislation. 3 1 - INTRODUÇÃO Este trabalho foi desenvolvido com base numa Dissertação de Mestrado Profissional realizado na UFAM – Universidade Federal do Amazonas, na área de energia e Meio Ambiente. A dissertação foi balizada nas atividades desenvolvidas pela Eletronorte e foi defendida e aprovada em 20/02/2003. O objetivo principal foi definir um Modelo Conceitual para integração de dados sócio-ambientais referentes às usinas hidrelétricas em operação da Eletronorte, com base nas tecnologias de Sistemas de Informação e Modelagem de Sistemas aplicados a uma demanda de informações ambientais, para embasar a construção de um Sistema de Informações Ambientais de Usinas Hidrelétricas, a partir do banco de dados sócio-ambientais dos referidos empreendimentos. O tema foi desenvolvido considerando-se os dados técnicos, sócio-ambientais e as experiências relativas à construção e operação das hidrelétricas de Tucuruí, Balbina e Samuel, construídas pela Eletronorte. 2 - ABRANGÊNCIA TEMÁTICA O Modelo Conceitual de um Sistema de Informações Ambientais permitirá a obtenção e organização das informações sócio-ambientais das usinas hidrelétricas em construção/operação da Eletronorte, cuja abrangência temática inclui dados quantitativos, qualitativos e textuais, relativos à caracterização técnica do empreendimento, o processo de regularização de seu licenciamento ambiental, diagnóstico dos meios físico, biótico, atmosférico, sócio-econômico e cultural, os impactos ambientais ocorridos, e, finalmente, os programas ambientais implementados com os respectivos resultados obtidos. Ressalta-se que o processo de licenciamento ambiental evoluiu de tal forma que, atualmente, faz parte da própria estrutura do empreendimento, com níveis de controle específicos inseridos dentro do esquema de acompanhamento geral do empreendimento. Isto significa que qualquer problema ambiental é suficiente para interromper a obra, até que uma solução seja encontrada e o problema seja resolvido. Além do mais, existe uma fiscalização permanente do órgão ambiental responsável pelo empreendimento, que é reforçada nos momentos de concessão e emissão das licenças prévia (LP), implantação (LI) e operação (LO), onde também são emitidos os respectivos relatórios de acompanhamento. Com base na experiência de implantação e acompanhamento de vários empreendimentos da Eletronorte em sua região de atuação, observa-se uma evolução nos níveis de controles ambientais dos mesmos, gerada em parte pelos órgãos ambientais responsáveis, que estão aumentando gradativamente os seus níveis de exigências e de outra parte pelo aumento da conscientização ambiental das comunidades envolvidas, que amparadas pelo Estado também estão aumentando os seus próprios níveis de exigência. Considerando a evolução dos níveis de controle dos empreendimentos e a experiência acumulada pela implantação e acompanhamento da parte 4 ambiental de vários empreendimentos, conclui-se que os respectivos dados sócio-ambientais dos mesmos, são gerados de acordo com a abrangência temática mostrada na Figura 1 a seguir: DIRETRIZES DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO DIRETRIZES AMBIENTAIS CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL L I C E N C I A M E N T O A M B I E N T A L MEIO FÍSICO MEIO BIÓTICO MEIO ATMOSFÉRICO MEIO SÓCIOECONÔMICO E CULTURAL IMPACTOS AMBIENTAIS PROGRAMAS AMBIENTAIS EMPREENDIMENTO EM OPERAÇÃO BANCODE DEDADOS DADOS BANCO AMBIENTAIS SÓCIO-AMBIENTAIS FIGURA 1: Abrangência Temática 5 A seguir, serão apresentadas as descrições dos itens da abrangência temática: • Diretrizes do Setor Elétrico Brasileiro São as diretrizes institucionais e empresariais instituídas pelo Ministério de Minas e Energia, Eletrobrás, ANEEL, Eletronorte e outras Instituições do Setor Elétrico Brasileiro. • Diretrizes Ambientais São as diretrizes ambientais instituídas pelos órgãos ambientais, tais como: Ministério de Meio Ambiente, IBAMA, CONAMA, Órgãos Estaduais e Municipais de Meio ambiente e outros. • Caracterização do Empreendimento Inclui dados gerais do empreendimento, tais como: localização, objetivo / justificativa, planos e programas da área de influência e dados técnicos de engenharia. Licenciamento Ambiental Dados referentes ao órgão licenciador e ao processo de licenciamento do empreendimento, tais como: nome do órgão de meio ambiente, datas de solicitação e obtenção de licenças, documentos de suporte do licenciamento, condicionantes das licenças e estrutura organizacional. • Caracterização Ambiental Constitui-se no diagnóstico ambiental da área de influência do empreendimento considerando-se: Meio Físico: clima, geologia, geomorfologia, solos, recursos minerais, recursos hídricos, etc; Meio Biótico: vegetação, fauna, limnologia, etc; Meio Atmosférico: intensidade e direção dos ventos, temperatura, umidade relativa do ar, nebulosidade, regime de chuvas, etc; Meio Sócio-econômico e Cultural: área de influência do empreendimento; histórico, formação e desenvolvimento sócio-econômico; dinâmica populacional; evolução demográfica; dimensão e repartição espacial; estrutura econômica; questão fundiária; infra-estrutura econômica e social; patrimônio histórico e cultural; patrimônio arqueológico; uso e ocupação do solo; população indígena, etc. 6 • Impactos Ambientais Descreve os impactos ambientais gerados pelo empreendimento e explicitados no respectivo EIA/RIMA. • Programas Ambientais Apresenta as características (objetivos, justificativas, instituição responsável, resultados obtidos, etc) dos programas ambientais necessários para o empreendimento, tais como: Programa de Comunicação Social; Programa de Educação Ambiental; Programa de Saúde; Programa de Preservação do Patrimônio Arqueológico; Programa de controle de Processos Erosivos; Programa de Recuperação de Áreas Degradadas; Programa de Monitoramento da Vegetação a ser Suprimida; Programa de Desmatamento Seletivo; Programa de Fauna; Programa de Qualidade da Água; Programas de Monitoramento;P Programa de Comunidades Indígenas; Programa de Remoção e indenização da População Afetada; Outros. 3 - O MODELO CONCEITUAL Para realizar a modelagem do Sistema de Informações Ambientais de Usinas Hidrelétricas foi necessário estabelecer, inicialmente, uma base de dados do sistema. O software escolhido para realizar esta tarefa foi o software de banco de dados MICROSOFT ACCESS (Software de Gerenciamento de Banco de Dados, desenvolvido e comercializado pela empresa MICROSOFT). Para caracterizar o sistema foram gerados 8 (oito) arquivos, que no ACCESS são considerados como tabelas. As tabelas criadas foram as seguintes: • CONCPRIMÁRIO: Tabela de Conceito Primário com a descrição dos Conceitos Primários, tais como: Geologia; Geomorfologia; Ictiofauna; Licenciamento Ambiental; Limnologia / Qualidade da Água; Poluição do Ar; População Indígena; Sócio-economia; Solo; Vegetação. • CONCSECUNDÁRIO: Tabela de Conceito Secundário com a descrição dos Conceitos Secundários, compreendendo: Acidentes Ambientais; Área de Influência; Arqueologia; Clima; Cultura; Diversidade Faunística; Efluentes Oleosos; EIA/RIMA; Espécies da Vegetação; Hidrologia; Lençol Freático; Macrófitas Aquáticas; Pesca; Regime de Chuva; Sistema de Abastecimento de Água; Situação Fundiária; Tipologia da Vegetação; Unidade de conservação; Ventos. 7 • CONCEITO: Tabela de Conceitos com a descrição dos conceitos de dados considerados, tais como: Sistema Elétrico Caracterização; Clima Temperatura; Sócio-economia Saúde; Programas Ambientais Ruído; Fauna - Espécies; Qualidade do Ar - Caracterização; Solo - Classe de Solo; Análise de Risco - Caracterização; Impacto Ambiental - Grupo Indígena; Vegetação - Espécies de Vegetação; Empreendimento - Área de Influência; Licenciamento Ambiental - Audiência Pública. • QUALIFICADOR: Tabela de Qualificador contendo a descrição das qualificações básicas dos dados, conforme explicitado: Área do Reservatório; Potência Instalada; Tipo de Vertedouro; Dimensões da Comporta; Temperatura Média Anual; População a Ser Relocada; Coeficiente de Mortalidade Geral; Número de Escolas; Áreas/Populações Consideradas; Grupo Indígena; Período Seco; Número de Estações de Coleta a Jusante; Número de Sítios Arqueológicos Localizados; Tipos de Impactos; Bacia Hidrográfica; Espécies de Fauna Ameaçadas - Raras e Endêmicas; Classe do Solo; Objetivos e Justificativas do Empreendimento; Tipo de Clima; Resultados da Qualidade da Água; Aspectos da População Rural; Aspectos da Saúde; Histórico do Licenciamento; Audiência Pública. • DADOS: Tabela de Dados técnicos, sociais e ambientais dos empreendimentos, com os dados referentes aos itens qualificadores, por empreendimento. • EMPREENDIMENTO: Tabela de Empreendimento com a descrição dos códigos dos empreendimentos, tais como: ACR – UTE RIO ACRE; BAL – UHE BALBINA; CNU – UHE COARACY NUNES; NNE – SISTEMA NORTE/NORDESTE; SAM – UHE SAMUEL; TUC – UHE TUCURUÍ. • EXEMPLOS:Tabela de Exemplos de imagens, fotografias, gráficos e outros associados aos empreendimentos, conforme especificado: Mapa de Sítio Arqueológico da UHE Balbina; Imagem de Satélite da UHE Balbina; Mapa de Localização do reservatório da UHE Tucuruí; Mapa das Estações de coleta da UHE Samuel; Fotografia dos Impactos Ambientais Gerados pela UTE Rio Acre. • FONTES: Tabela Fontes com a relação das fontes de documentos e exemplos utilizados, compreendendo: Arqueologia nos empreendimentos hidrelétricos da Eletronorte; Memória do empreendimento - UHE Tucuruí; Plano Diretor para Proteção e Melhoria do Meio Ambiente (2010); Aproveitamento da madeira do reservatório da UHE Tucuruí; Exploração da madeira submersa na UHE Tucuruí; Estudos limnológicos no Sistema Tocantins/Araguaia; Ficha técnica - UHE Samuel; Plano de manejo - UHE Samuel; Plano de monitoramento ambiental - UHE Samuel; UHE Balbina: caracterização e medidas ambientais; EIA/RIMA - UTE Rio Acre. Após a definição dos campos de cada tabela, foram estabelecidas as chaves primárias e estrangeiras e formatados no próprio ACCESS em um formulário específico para entrada de dados, onde os dados técnicos, sociais e ambientais foram digitados e, em seguida, foram gravados nos respectivos 8 arquivos (tabelas). Os dados empreendimentos da Eletronorte: gravados são relativos aos seguintes • Usina Hidrelétrica Tucuruí – 1ª Etapa, localizada no Estado do Pará; • Usina Hidrelétrica Balbina, localizada no Estado do Amazonas; • Usina Hidrelétrica Samuel, localizada no Estado de Rondônia. Para realizar a modelagem destes dados foi selecionado o software de modelagem de dados denominado ERWIN. Este software utiliza o Modelo Entidade / Relacionamento para realizar a modelagem de dados, gerando o Modelo Físico de Entidade/Relacionamento (LIMA, 2002 – referência 5 ). O primeiro passo para a realização da modelagem de dados foi a importação do banco de dados em ACCESS para o software ERWIN. Existem, nesse software, várias opções de formato de dados para importação, contemplando várias opções de softwares. Como o ACCESS não faz parte desta lista, foi necessário utilizar o software SQL Server como intermediário, importando, inicialmente, o banco de dados em ACCESS para o SQL Server. Ressalta-se, que nesta importação foram estabelecidos vários procedimentos de integridade dos dados, tais como: definição de chaves, atributos, entidades e os relacionamentos entre elas. Em seguida, foi realizado o processo de importação do banco de dados em SQL Server para o software ERWIN. Os dados foram também validados no ERWIN, tendo sido definidas várias etapas de consistência dos mesmos, tais como: definição das chaves primárias e estrangeiras, definição dos atributos, estabelecimento do tamanho e tipo/formato de campos, etc. Após a validação dos dados, foram definidas as entidades e os relacionamentos entre elas, estabelecendo e concluindo o Processo de Integridade dos Dados. O produto final gerado pelo ERWIN foi o Modelo Físico de Entidade/Relacionamento, detalhado a seguir na Figura 2: 9 FIGURA 2: Modelo Físico de Entidade / Relacionamento Os conteúdos das Chaves Primárias e demais campos são os seguintes: • ARQUIVO CONCPRIMÁRIO CODCONCPRIMARIO: Chave Primária com os códigos dos conceitos primários. DESCCONCPRIMARIO: Campo com as descrições dos conceitos primários. • ARQUIVO CONCSECUNDARIO CODCONCSECUNDARIO: Chave Primária com os códigos dos conceitos secundários. 10 DESCCONCSECUNDARIO: Campo com as descrições dos conceitos secundários. • ARQUIVO CONCEITO ASSOCIAÇÃOCONCEITOS: Campo com as associações dos conceitos primários e secundários. DESCRIÇÃOASSOCIAÇÃO: Campo com as descrições das associações dos conceitos primários e secundários. • ARQUIVO QUALIFICADOR CODQUALIFICADOR: Chave Primária com os códigos dos qualificadores. UNIDADE: Campo com as unidades dos campos qualificadores. TIPO: Campo com os tipos dos campos qualificadores. DESCRIÇÃO: Campo com as descrições dos campos qualificadores. • ARQUIVO DADOS VERSÃO: Chave Primária com a versão dos dados. DATACOLETA: Campo com a datas (formato dd/mm/aaaa) das coletas dos dados. DADOQUALIFICADOR: Campo com os conteúdos dos dados. ARQUIVO EMPREENDIMENTO CODEMPREENDIMENTO: Chave Primária com os códigos empreendimentos. NOME: Campo com os nomes dos empreendimentos. TIPO: Campo com os tipos de empreendimentos. DESCRIÇÃO: Campo com as descrições dos empreendimentos. LOCALIZAÇÃO: Campo com as localizações dos empreendimentos. dos ARQUIVO EXEMPLOS SEQEXEMPLO: Chave Primária com as seqüências dos exemplos. TIPO: Campo com os tipos de exemplos. TITULO: Campo com os títulos dos exemplos. NOMEARQUIVO: Campo com os nomes dos arquivos relativos aos exemplos. COMENTARIOS: Campo com os comentários relacionados aos exemplos. • ARQUIVO FONTES CODFONTE: Chave Primária com os códigos das fontes. TITULO: Campo com os títulos das fontes. AUTORIA: Campo com os nomes dos autores das fontes. LOCALIZAÇÃO: Campo com as localizações das fontes. Ressalta-se, que o Modelo Conceitual estabelecido é bastante simples, considerando a complexidade das funções que ele representa. A adoção e uso do qualificador facilitaram a solução do problema, maximizou a estruturação e abordagem dos dados, agrupando-os de acordo com a Abrangência Temática 11 apresentada e reduziu significativamente a complexidade de se efetuar alterações nos mesmos, de forma que qualquer empreendimento pode ser enquadrado e tratado da mesma forma. Para testar as possibilidades do Modelo Conceitual resultante foi feito, à título de amostra, um levantamento exaustivo dos dados necessários para a caracterização das 3 (três) principais usinas hidrelétricas da Eletronorte: • • • UHE Tucuruí – 1ª Etapa; UHE Balbina; UHE Samuel. 4 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Conforme foi sendo desenvolvido este trabalho sobre um Modelo Conceitual de Sistema de Informações Ambientais de Usinas Hidrelétricas, foram apresentadas uma série de considerações específicas, que já se encontram indicadas e comentadas ao longo do próprio texto. Contudo, com o objetivo de apresentar algumas proposições de caráter geral serão descritas, a seguir, as conclusões e recomendações finais relativas ao trabalho em questão: • A obtenção e análise dos dados sócio-ambientais dos empreendimentos relacionados têm que ser planejada, analisada e organizada, pois os mesmos são volumosos, estão dispersos, necessitam de um tratamento especial e, em alguns casos, existem várias fontes diferentes para os mesmos dados, em locais distintos; • O Sistema de Informações Ambientais possui todas as características que permitem classificá-lo como um SIG (Sistema de Informações Gerenciais) e como tal deve ser definido, projetado, desenvolvido e implantado; • O Modelo Conceitual resultante do esforço de análise e modelagem de sistemas num ambiente bastante complexo, é relativamente simples, suficiente e bastante flexível, mesmo considerando uma grande quantidade de informações, pois foi possível reuni-las sob a forma de qualificadores, que facilitam e possibilitam o atendimento às novas necessidades de recuperação de informações; • Para testar as possibilidades do Modelo Conceitual, foi realizado um processo de amostragem com base num levantamento de dados relativos a 3 (três) dos principais empreendimentos da Eletronorte, tendo sido concluído que o Modelo possibilita o processamento de todos os tipos de dados de qualquer empreendimento da Eletronorte; • Conforme já foi demonstrado, o Sistema de Informações Ambientais de Usinas Hidrelétricas pertence a uma classe especial, à qual deve ser dispensado um tratamento diferenciado, para garantir o sucesso de seu desenvolvimento; 12 • Os Sistemas de Informação Gerencial (SIG) e a tecnologia de banco de dados formam uma dupla interessante para a solução de problemas decisórios enfrentados pelos gerentes na empresa, desde que suas características sejam compatíveis com uma análise bem estruturada, ou seja, tenham um grau elevado de estruturação; • A Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas a ser utilizada tem que passar por um processo de escolha, que leve em consideração os seguintes fatores: tipo do sistema, metodologia utilizada na Empresa, experiência da equipe de desenvolvimento e características do hardware e software a serem utilizados; • O sistema gira em torno do banco de dados que será gerado e, assim, é muito importante a escolha de um software de SGBD (Sistema Gerenciador de Banco de Dados) adequado e compatível com a natureza e características dos dados sócio-ambientais que serão obtidos e analisados. A tendência aponta para um SGBD relacional, aliado a uma linguagem moderna, que possua facilidades para geração de consultas e emissão de relatórios gerenciais; • A escolha do hardware que servirá como base para o sistema também é muito importante, pois tem que ser adequada com a própria organização da Eletronorte, que funciona com uma base central (Sede em Brasília) e várias unidades descentralizadas (Regionais de Engenharia e de Operação). Portanto, para garantir sucesso em sua implantação, o sistema tem que ser projetado para funcionar em rede, com disponibilidade de pontos de rede em todos os locais de atuação da Empresa. 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOLDRINI, M. Scientific True and Statistical Method. London: Charles Griffin & Company Limited,1992. CAPOBIANCO, J. P. R. et al., Biodiversidade na Amazônia Brasileira. São Paulo: Ed. Estação Liberdade, 2001. CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Edgard Blücher, 2000. LASZLO, E. 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