Regras escolares

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Reunião com pais
Reunião com pais
Regras escolares: desfazendo o jogo de empurra
A
escola é o legítimo espaço social para o ensino e a aprendizagem. Nela, as crianças e os
jovens da sociedade ingressam para se apropriarem dos saberes, historicamente construídos pelos seus semelhantes, por meio de um processo pedagógico individual e coletivo.
A coletividade intrínseca ao contexto escolar conduz à necessidade do estabelecimento de
determinadas condutas individuais e grupais, caso contrário, o grupo fica impossibilitado de viver, conviver e aprender em harmonia. Há que se estabelecer alguns “combinados” para que se
torne possível e realizável a busca dos objetivos que são comuns a todos, uma vez que a vida em
sociedade pressupõe organização e disciplina sob todas as formas.
As regras podem ser discutidas e construídas e, para defini-las, podemos usar o recurso da democracia, sob a condição de que todos aceitem o que a maioria decidir. Além disso, depois de
definidas, ninguém pode se recusar a cumpri-las, pois a não observação das regras implicará punições ou perdas. Ainda é importante ressaltar que cabe à escola a definição de normas próprias
do ambiente escolar, o estabelecimento e o cumprimento de regras coletivas, pautas de comportamento e normas básicas de convivência, preferencialmente com participação dos alunos.
As regras surgem, ou deveriam surgir, da necessidade e do consenso do grupo, com o objetivo
de indicarem os direitos e os deveres de todos, cuja meta principal visa à implementação de uma
formação democrática, cidadã e pacífica.
A busca dessa formação é um grande desafio da escola, uma vez que o não cumprimento de
regras sociais é um problema vivido pela sociedade brasileira.
Apesar de possuirmos um discurso “politicamente correto”, nossas atitudes cotidianas apontam para um agir individual descomprometido com o coletivo. Costumeiramente, desrespeitamos
o bem público, estacionamos em local proibido, “furamos” a fila, usamos mal o banheiro público,
fumamos em local proibido, não reivindicamos legalmente nossos direitos, mas os alcançamos
por meio do “olho por olho e dente por dente”, não sabemos perder em embates esportivos,
nossos políticos gastam irresponsavelmente o dinheiro público etc. Tais comportamentos revelam
uma cultura egoísta, que não hesita um segundo em burlar as regras sociais em proveito próprio
quando a ocasião se apresenta oportuna.
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, criado por Mário de Andrade, reflete um pouco da
alma da sociedade brasileira, quando o assunto diz respeito a comportamentos que visam ao bem
da coletividade, em detrimento do bem individual.
Por esta razão, tratar da importância da parceria família e escola para a formação da criança e
do jovem cidadão torna-se imprescindível quando se debate a questão das regras escolares, uma
vez que é na instituição escolar que as regras sociais, presentes na esfera pública de nossas vidas,
começam a ser aprendidas e praticadas por meio do diálogo promovido pela escola entre o mundo privado (família) e o mundo público (sociedade).
Nesta direção, família e escola devem ser parceiras; se há regras para os alunos, que elas sejam
respeitadas em primeiro lugar pela família, a fim de que o princípio formativo das mesmas seja
cumprido. O diálogo sincero e aberto apresenta-se como o melhor instrumento para a resolução
de possíveis discordâncias. Escola e família devem estar sempre disponíveis para outras reflexões
e construção de novas regras. Entretanto, é importante lembrar que burlar as normas e ludibriar a
escola são comportamentos inaceitáveis, pois somente a inserção do indivíduo no meio social e
a subordinação de seus interesses pessoais em favor da coletividade formarão um sujeito solidário.
No contexto atual, é preciso desmontar o “jogo de empurra”, a competição entre a família e
a escola, fazendo com que as duas instituições assumam suas reais funções de educadores, cujo
alvo primordial é proporcionar às crianças e aos adolescentes o desenvolvimento de habilidades
que propiciem, harmoniosamente, a convivência grupal.
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