Padrões de controle Já dissemos que a coerção social é uma característica fundamental da vida em sociedade. Isso porque os comportamentos humanos têm uma tendência contínua à padronização. Dependendo da situação, lidar com essas coerções pode ser mais ou menos difícil, mas é inegável que elas sempre influenciam as condutas individuais. Muitas vezes, o responsável por essa padronização, por essa uniformização são as instituições sociais. Uma instituição social corresponde corresponde a qualquer forma de organização que reúna pessoas com objetivos comuns, como uma escola, um hospital ou uma empresa. Dentro do universo sociológico e de acordo com a proposta de Berger, a instituição social pode ser definida: “ como um padrão de controle, ou seja, uma programação de conduta individual imposta pela sociedade”. Nesse sentido, as instituições possuem uma realidade exterior independente de nossas vontades, até porque têm história própria: normalmente as instituições já existiam antes de os indivíduos nascerem e, frequentemente, permaneceram existindo após sua morte. Desse modo, acumulam contribuições e características de várias gerações e vão tornando-se forças cada vez mais poderosas, que moldam o jeito de ser das pessoas. Autoridade, legitimidade e sanção A exterioridade e a coercitividade das instituições sociais mostram, de um lado, que elas existem ainda que à revelia das crenças e dos desejos das pessoas e, de outro, que elas inevitavelmente influem nos comportamentos individuais. Isso ocorre porque as instituições, com o passar do tempo, adquirem uma espécie de “autoridade” O reconhecimento de sua existência e, posteriormente de sua força lhes confere legitimidade, a ponto de o sujeito que desrespeita as regras estabelecidas por elas poder ser punido. Assim, o Estado manda para a cadeia o homicida, a igreja excomunga o infiel, e a escola suspende o aluno. As punições podem variar do simples olhar de aprovação até a prisão, passando ainda pela ridicularização pública e segregação social. Em todas essas situações, só pode haver sanções, só pode haver punições, ou melhor, elas só podem ser aceitas pela coletividade, se se reconhece a autoridade da instituição que as aplica. Assim, além da família, que garante a proteção das crianças, incapazes de sobreviver sozinhas, há inúmeras outras instituições, que – com sua autoridade – são fundamentais para a manutenção e estabilização das relações sociais. Propriedade privada como instituição social. Há uma instituição social fundamental para a sociedade capitalista contemporânea: a propriedade privada dos meios de produção. Ela é a base da estrutura de classes da sociedade atual, e sua autoridade é tão grande que todas as leis costumam garanti-la. Se não houvesse propriedade privada, se tudo fosse de todos, será que a vida em sociedade seria possível? Se cada homem seguisse apenas seus desejos e suas crenças pessoais, se não houvesse fronteiras claras entre países, estados, cidades, se cada canto do planeta pertencesse à coletividade, será que o mundo seria mais justo? São perguntas difíceis de responder, nem cabe a Sociologia respondê-las.Seu principal interesse não é apontar como a sociedade poderia ser, mas sim como ela é. Sendo assim, a propriedade privada – ainda que seja responsável pelo aumento das desigualdades e das injustiças entre os homens – é a instituição social que merece a atenção dos sociólogos. Instituições e mudanças. Ainda é preciso lembrar que as instituições sociais são fenômenos históricos e, como tais, podem sofrer mudanças e até mesmo deixar de existir. A igreja ou o exército já tiveram mais importância do que hoje. Já a propriedade privada continua sendo um dos pilares da sociedade capitalista. Num mundo de globalização, em que se formam comunidades na internet, que pessoas de países diferentes podem conversar on line, em que a velocidade de informação contribui para mudanças de comportamentos, as instituições sociais também se modificam, muitas vezes se reestruturando e se redefinindo. O que precisa ficar claro é que essas mudanças ocorrem não por vontades individuais, mas sim por processos coletivos.