AGRADECIMENTOS Nenhuma obra é fruto exclusivo do conhecimento acadêmico e prático de seu autor. Esta obra só pode ser consumada mediante o trabalho conjunto, de inúmeras pessoas, que não mediram esforços para que o autor pudesse estudar, analisar e escrever sobre um assunto tão escasso, polêmico e inovador no Brasil. Portanto, o autor almeja agradecer: - A todos os professores, sem exceção, que fizeram parte de minha vida, motivando o autor a construir o conhecimento e acima de tudo formando um cidadão crítico. - Aos meus pais, irmãos, avó e parentes, que deram e continuam dando apoio ao autor desde os tempos de alfabetização. - Aos meus colegas e amigos de turma, desde os tempos de graduação, que através do intercâmbio sociocultural, permitiram o autor aperfeiçoar e aprofundar a aprendizagem acadêmica. - Aos cooperados, funcionários e gestores da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Pinhal, especialmente ao Ilmo Sr. Presidente da Coopinhal Sr. Manoel Carlos Lessa Vergueiro, que permitiu ao autor desenvolver sua dissertação de mestrado: “A satisfação dos cooperados em relação aos serviços de marketing prestados no agribusiness cafeeiro: o caso da COOPINHAL”. - À Professora Dra. Emilia Seo, orientadora do mestrado, que em nenhum momento mediu esforços para a qualidade da dissertação.Tive muitos professores em minha vida, mas poucos educadores, como a professora Dra. Emilia Seo. - Aos funcionários da FAEPE (Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão), professores e colegas de classe do programa de pós-graduação em administração rural, gestão agroindustrial e tecnologia de pós-colheita da Universidade Federal de Lavras (UFLA). SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO ...................................................................................04 2- O AGRIBUSINESS BRASILEIRO.......................................................12 3- COOPERATIVA RURAL.....................................................................18 3.1- Histórico e definição do cooperativismo.......................................18 3.2- Papel do cooperativismo rural no agribusiness............................20 3.3- O cooperativismo rural no Brasil..................................................28 3.4- Desafios e tendências das cooperativas rurais............................31 3.5- A profissionalização do setor cooperativista................................34 4- MARKETING NO AGRIBUSINESS ....................................................41 4.1- Introdução ao marketing no agribusiness.....................................41 4.2- Instrumentos do marketing ”MIX”.................................................44 4.2.1- Produto...............................................................................47 4.2.1.1- Elementos básicos de um produto.......................51 4.2.2- Preço..................................................................................54 4.2.3- Ponto de distribuição..........................................................57 4.2.4- Composto promocional.......................................................59 5- A GESTÃO DE MARKETING NAS COOPERATIVAS.........................63 6- CANAL DE DISTRIBUIÇÃO.................................................................70 7- MARKETING NA ERA DOS SERVIÇOS............................................ 82 8- ESTRATÉGIAS DE MARKETING.......................................................87 9- COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR..........................................99 10- SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MARKETING(SIM) ....................107 11-CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................111 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................113 ANEXO: MODELO DE QUESTIONÁRIO PROPOSTO..........................123 2 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- Esquema do CAI.......................................................................05 FIGURA 2- Distribuição geográfica das cooperativas brasileiras................25 FIGURA 3- Segmentação de mercado, seleção de mercado e posicionamento............................................................................................46 FIGURA 4- Níveis de um produto................................................................48 FIGURA 5- Curva da vida de um produto....................................................49 FIGURA 6- Comprimento dos canais de distribuição...................................73 FIGURA 7- Sistema logístico........................................................................77 FIGURA 8- Representação do processo estratégico....................................90 FIGURA 9- Modelo do processo de decisão de compra.............................101 FIGURA 10- Comportamento do consumidor de café.................................104 FIGURA 11- Modelo do SIM.......................................................................108 LISTA DE TABELAS TABELA 1- Projeção sobre volumes e participações de negócios da cadeia agroalimentar................................................................................................15 TABELA 2- Participação das cooperativas na produção agrícola.................29 TABELA 3- As cooperativas e seus respectivos setores de atuação no cenário brasileiro...........................................................................................30 TABELA 4- Cooperativas agropecuárias:panorama..................................... 30 TABELA 5- Hábito do consumidor de alimentos..........................................102 TABELA 6- Comportamento do consumidor de café...................................103 3 ESTADO MONTANTE AGRICULTURA JUSANTE SETOR FINANCEIRO Figura 1: Esquema do CAI. Fonte: Alencar,E.(2001, p.30) No caso do varejo de alimentos, nota-se constantes e grandes mudanças em todo o mundo, em especial com os aspectos de qualidade, o que induz ao aumento da importância do marketing, das marcas e dos selos de qualidade, além dos aspectos sanitários. Por venderem quantidades reduzidas, os varejistas são também chamados de retalhistas. Entende-se por retalhistas, vendedores que apresentam um baixo poder de compra. Já do outro lado do mercado de varejo nos deparamos com organizações modernas e com alto poder de negociação. 5 Os supermercados e hipermercados (é um supermercado convencional, porém com maior variedade de mercadorias não pertencentes à categoria de alimentos), possuem uma importância acentuada devido à sua responsabilidade por grande parte do abastecimento no varejo, com o processo de alianças estratégicas e fusões dos grandes varejistas, fica em evidente uma estrutura oligopolista com alto poder de barganha, prejudicando os pequenos estabelecimentos. Devido ao seu tamanho e poder de mercado, o supermercado consegue ganhos através de economia de escala. Como o volume comercializado é grande na venda, implica-se também em um elevado volume de compras de matéria prima e, com seu alto poder de barganha, consegue descontos de preço aos quais varejistas menores não teriam acesso. De acordo com CAMPINO & CYRILLO (1990), essas grandes empresas convivem com as pequenas em área de poder aquisitivo alto ou então dominam em regiões de baixa renda, carentes de um sistema de comercialização e distribuição. Para PINAZZA ; ALIMANDRO (1999), o agribusiness no Séc. XXI sofrerá ainda mais concentração, em relação a diversificação de serviços, marketing, tecnologia e conhecimento do mercado, tendo como alvo o consumidor final da cadeia. As fusões e alianças aumentaram o poder de barganha das organizações que fornecem insumos, máquinas e implementos agrícolas para os empresários rurais e também as grandes redes de atacado e varejo que compram, juntamente com as agroindústrias, produtos derivados das atividades rurais. Assim, o negócio agrícola, tem a mesma dinâmica dos demais setores da vida econômica do país e, para ser bem gerenciado, é 6 necessário um perfeito conhecimento do que ocorre dentro da fazenda e do ambiente na qual ela está inserida. Diante dessa nova realidade todas as organizações que integram o Complexo Agroindustrial terão que estarem atentas a qualquer indício de mudança no percurso do agronegócio, pois não existem mais fronteiras entre os setores da indústria e agricultura. Com o advento das tecnologias e pesquisas na agricultura, as unidades de produção agrícola passaram por inúmeras transformações (sociais, econômicas e políticas). Dentre as inúmeras mudanças, as mais significativas foram: a presença de elos de ligação cada vez mais freqüentes e intensos entre as empresas rurais e outras organizações que integram o agribusiness brasileiro e profissionalização nas técnicas de marketing e comercialização dos produtos rurais. Segundo Kageyama (1990), essa grande industrialização da agricultura trouxe sérios impactos sociais, ambientais e econômicos para o país. O mais considerável desses impactos foi sem duvida nenhuma que o processo de modernização na base técnica produtiva ocorreu de maneira desuniforme, onde os pequenos produtores rurais não obtiveram nenhuma vantagem nesse processo de transição, ou seja, continuam com baixos índices tecnológicos, desorganizados, sem prestação de serviços por parte do Estado, baixa capacidade de agregar valor ao seu produto e como conseqüência disso tudo acaba se tornando um simples grão de areia diante desse CAI globalizado. Num sistema de concorrência perfeita, os preços dos produtos agrícolas são estabelecidos em função da oferta e demanda ou por uma intervenção governamental. Os agricultores na verdade são 7 "tomadores" de preço (TAKER PRICE)2. Uma das saídas para se aumentar o poder de barganha dos produtores rurais e aumentar sua significância no complexo agroindustrial é uni-los por intermédio do cooperativismo ou sociativismo. No mercado, está claro que o volume de negócios elevado é importante fator de concentração de forças. Empresas que operam com elevados volumes de produto, obtêm vantagens sobre os menores, retendo maior participação de mercado e conseguem melhores negócios na compra de insumos. REIS & CARVALHO (2000:35). A união dos produtores rurais e suas respectivas produções, por intermédio de uma empresa cooperativa, permite com que os riscos econômicos sejam diluídos e as oportunidades maximizadas, além de coibir as formas imperfeitas de mercado, principalmente o oligopólio. A cooperativa rural é de indubitável importância para o agribusiness, encarregando-se de várias atividades, entre elas o marketing e a comercialização, apresentando-se como uma espécie de integração vertical que interioriza as etapas da cadeia, desde a orientação para o plantio até a divulgação do produto final. O marketing rural tem um caráter mais institucional no Brasil, visto que a maioria dos produtores, de forma isolada, não conseguem investir no Mix de Marketing3 e nas pesquisas de mercado. Partindo do pressuposto que grande parte de nossa produção de alimentos provém das pequenas e médias empresas rurais, torna-se cada vez mais necessário formas de organizações que possam unificar estes 2 Entende-se por taker price ou “tomador” de preço, como indivíduos inseridos em um determinado setor, onde sua produção, por mais alta que seja, não conseguirá alterar o preço final de um determinado produto agrícola, principalmente em mercados perfeitos, onde se tem muitas empresas rurais produzindo o mesmo produto. 3 Define-se " MIX" de marketing, de acordo com SETTE (1999:30), como: " Um conjunto de instrumentos de ações para direcionar a demanda de produtos e realização do marketing." 8 produtores, a fim de dar aos mesmos um maior poder de articulação, maior defesa de seus interesses sociais e econômicos e também propiciar direção e sentido compatível com o dinamismo requerido pelo agribusiness globalizado. Se os consumidores finais da cadeia são variados, as empresas rurais expostas à competição global podem ter dificuldades em atingir de maneira eficiente todo o mercado. Então, através das cooperativas poderão pesquisar e avaliar melhor os segmentos do mercado no agribusiness, adaptando produtos e serviços ao mercado consumidor. A missão dessa obra é mostrar a importância das cooperativas rurais brasileiras para o desenvolvimento da agricultura, partindo da idéia que esse tipo de organização deve passar por intensas e constantes mudanças, principalmente no que se refere a administração de marketing, passando a adquirir um comportamento administrativo mais “capitalista”, onde a satisfação do mercado consumidor final passe a ser prioridade. Só criando novos mercados e desenvolvendo seus produtos e serviços que esse tipo de organização poderá defender os interesses econômicos de seus cooperados, propiciando aos mesmos condições mais justas de voltarem a competir no mercado de alimentos interno e externo. Concordando com a opinião de RIBEIRO & LORENA (1997): o desenvolvimento capitalista acabou fortalecendo o sistema de produção familiar na agricultura, ao invés de exterminá-la, entretanto não se sabe esta tendência deixe de ser dominante no séc., XXI , pois é cedo para prever quais serão os impactos sociais da agricultura de precisão. As empresas rurais que quiserem sobreviver terão que alocar e direcionar seus recursos para satisfazer as necessidades e desejos de um público 9 cada vez mais heterogêneo. Para isso os serviços de marketing prestados pelas cooperativas tornam-se cada vez mais significativos, assumindo o papel de ponte do agricultor ao consumidor final. Em face da abertura da economia brasileira e do crescente processo de globalização, os mercados estão mudando e se fragmentando em um curto espaço de tempo. De acordo com Pinho, et. al. (1997), por um longo tempo as cooperativas se mantiveram fechadas aos mercados e hoje para sobreviverem diante de um agribusiness competitivo, devem apresentar e direcionar suas estratégias para os quatro componentes básicos do processo de marketing: produto, mercado, distribuição e promoção. Deve-se tratar os mercados como segmentos emergentes da economia. As cooperativas rurais durante anos prosperaram em épocas de mudanças brandas e pouco significativas para o conjunto do agribusiness, e a produção em si, era o suficiente para garantir a sobrevivência das pequenas propriedades rurais num cenário praticamente instável. No entanto a agricultura, com o advento da tecnologia, avanços da ciência e a abertura das fronteiras comerciais, concentração de capital e outras mudanças, fizeram com que as cooperativas passassem a terem que conviver com um sistema capitalista competitivo e concentrador, exigindo dessas organizações uma administração eficiente e uma maior desenvoltura comercial, direcionando seus esforços para a dinâmica do mercado. A obra tem como intuito global, mostrar de maneira simples e objetiva como as cooperativas rurais devem gerenciar seus compostos de marketing: produto, preço, distribuição e promoção, a fim de manterem-se vivas e prosperarem diante das intensas mudanças do agribusiness, cada vez mais competitivo e centralizador, além de 10 manter o principio doutrinário deste tipo de sistema de produção e comercialização coletiva. Com a modernidade do sistema de produção agrícola, e o forte domínio das organizações que cercam a agricultura familiar, a cooperativa, acaba sendo uma importante aliada para uma sobrevivência e modernização das pequenas e médias empresas rurais, os desafios da agricultura moderna colocam em risco a qualidade de vida no campo, êxodo rural, e a economia na zona rural, acarretando graves crises sociais. Este trabalho enfatiza e acredita no cooperativismo, como sendo uma doutrina indispensável para o desenvolvimento econômico rural do Brasil. É fundamental que as cooperativas tenham clareza de que o grande negócio, ao longo da cadeia agroalimentar, está agora centrado na agroindústria e na distribuição, neste sentido as cooperativas devem desempenhar uma eficiente aplicabilidade do marketing, para responder aos desafios e tendências estabelecidas no Complexo Agroindustrial brasileiro. 11 2- O AGRIBUSINESS BRASILEIRO. Em meados da década de 50, começa-se a perceber que as atividades rurais e aquelas ligadas a elas não poderiam ser mais vistas dentro de um sistema departamentalizado. Utilizando os fundamentos da teoria econômica sobre cadeias integradas, os professores Ray Goldberg e John Davis, da Universidade de Harvard, construíram uma metodologia para estudo de cadeia agroalimentar, chamada de "agribusiness". Essa metodologia de estudo teve como objetivo e funcionalidade abordar a agricultura de uma maneira associada, com todas as atividades que garantem a produção, transformação, distribuição e o consumo de alimentos. O conceito de cadeia de produção agroindustrial utiliza a noção de sucessão de etapas produtivas, desde a produção de insumos até o produto acabado, como forma de orientar a construção de suas análises. O agribusiness pode ser definido, segundo GOLDBERG (1967) como um sistema de produção que engloba todos os atores envolvidos com a produção, processamento e distribuição de um produto. Tal sistema inclui o mercado de insumos agrícolas, a produção agrícola, operação de estocagem, processamento, atacado e varejo, demarcando um fluxo que vai desde o cultivo até o consumidor final de alimentos. O conceito engloba todas as instituições que afetam a coordenação dos estágios sucessivos do fluxo de produtos, tais como as instituições governamentais, mercados futuro e associações de comércio. Pode-se dizer que até os anos 50 deste século, a história da agricultura latino-americana, à exceção da Argentina, era 12 fundamentada em dois modelos econômicos de produção:Plantation e de Subsistência. A agricultura de plantation caracteriza-se pelos ciclos econômicos de nossa história: borracha, café, gado, cana e outros. Já o sistema de subsistência era uma produção rural realizada nas propriedades familiares pequenas, onde se realizava todas as operações, desde a semeadura até a distribuição no ponto de venda. Entretanto, as mudanças provocadas pelo processo de intensa urbanização, resultado do avanço tecnológico nos sistemas de produção, combinada com mudanças políticas e econômicas, fez com que a agricultura brasileira a partir de 1970 diminuísse a distancia que a separava do resto do mundo, em termos de cereais e produto de origem animal. As unidades de produção rural começaram a adotar escala de produção e tecnologia, levando a agricultura a um comportamento confinado às operações de cultivo e criação. Por outro lado, as funções de armazenamento, processamento, distribuição e comercialização foram sendo transferidas para outras organizações que emergiam.Com isso criou-se um arranjo de funções fora da fazenda, denominadas de setor “a montante” (antes da porteira) e “a jusante” (depois da porteira). O setor “a montante” é onde se desenvolve a produção de Insumos (sementes, fertilizantes, defensivos, combustíveis, medicamentos, vacinas, e outros), máquinas (tratores, colhetadeiras, pulverizadores e outros) e equipamentos (arado, grades, cultivadores e outros), mais a prestação de serviços agronômicos, veterinários, financeiros, marketing e outros. Já o setor “a jusante” é onde estão inseridas as organizações complexas e organizadas, encarregadas dos serviços de armazenamento, transporte, processamento, industrialização, distribuição nos centros de atacado e varejo. 13 Enfim, em torno da agricultura mundial, passa a orbitar uma rede extensa e complexa de organizações públicas e privadas, formando o que chamamos de Complexo Agroindustrial (CAI), podendo ser definida como todas as instituições e atividades por elas desenvolvidas, no processo de produção, elaboração e distribuição dos produtos da agricultura e pecuária, envolve desde a produção e fornecimento de recursos, até a mesa do consumidor final. No Brasil o agribusiness é responsável por aproximadamente 35% do PIB. O número do agribusiness mundial vem mostrando um crescimento dos segmentos de insumos e bens de produção rural, que praticamente irá duplicar até o final da década de 2020. Esse crescimento se deve principalmente a competitividade e saltos qualitativos em tecnologia e integração. As mudanças tecnológicas e econômicas provocadas pelo processo de desenvolvimento limitam cada vez mais as funções da empresa rural. Conceitua-se empresa rural, como uma organização que realiza qualquer atividade agropecuária. Além da terra faz parte da unidade de produção as máquinas, benfeitorias e recursos humanos (ANDRADE,1998) No percurso entre o produtor agropecuário até o consumidor, o produto passa por "diversas" mãos, por algumas transformações, desde simples limpeza e classificação até um processo radical de mudança de forma, grande parte de todas as mudanças ocorridas no produto rural , são realizadas por organizações específicas e organizadas, isso nos mostra que as unidades de produção agrária estão cada vez mais específicas, desenvolvendo apenas a criação e cultivo. 14 Segundo XAVIER & MEGIDO (1997), em 1990 o agribusiness gerava US$ 6 trilhões/ano, quando contabilizado de forma integrada. A tabela (1) abaixo mostra as projeções do agribusiness mundial, com as respectivas participações das fases do agribusiness, referente ao montante financeiro que envolve os agronegócios3 .Deixando claro que cada vez mais o agribusiness vem se concentrando “antes” e “depois” da porteira, colocando o empresário rural em condições desafiadoras e de intensas mudanças nas técnicas, tanto no aspecto produtivo como comercial. Tabela 1- Projeções sobre volumes e participações de negócios da cadeia agroalimentar. ANO US$ bilhões 1980 1990 2028 DA 375(12%) 500(0,9%) 700(0,7%) DA 750(24%) 1,115(20%) 1,465(14%) DA 2,000(64%) 4,000(71%) 8,000(79%) 3,125(100%) 5,615(100%) 10,165(100%) SETORES ANTES PORTEIRA DENTRO PORTEIRA DEPOIS PORTEIRA TOTAL Fonte: MEGIDO & XAVIER (1996), p. 22. Enfim, em torno da agricultura passou a orbitar uma rede extensa e complexa de organizações públicas e privadas, formando o sistema de alimentos e fibras. Para SILVA (1996), a idéia do complexo é diferente da analise sistêmica, entende-se que, além da existência de fluxos intersetoriais significativos de compra e venda entre os diversos 3 MEGIDO, J.L ; XAVIER, C. Marketing & Agribusiness. São Paulo: Atlas, p.22, 1998. 15 ramos que os compõe, o conjunto assim formado tem uma dinâmica própria. Para LAUSCHNER (1993), as tendências do CAI mundial será: - participação cada vez maior do setor montante; - queda relativa na renda dos agricultores e - aumento continuado da importância da agroindústria a própria evolução exige novos serviços e benefícios aos bens de consumo, que são adicionados pelo agregado III; daí, muitas vezes, a importância da agricultura(agregado II) ser relativamente menor ás vistas do consumidor, mediante o valor final atribuído ao bem. A figura do agricultor moderno aparece e torna-se alma gêmea do profissional especialista dedicado integralmente As tarefas de cultivo e criação. O sucesso e a sobrevivência no CAI depende mais das funções realizadas antes e depois da porteira do que propriamente na produção agropecuária. Para SILVA (1992), o conceito original de agribusiness é uma descrição estática das relações existentes da fazenda à indústria, à medida que deixa o progresso técnico totalmente de fora. Todavia, GOODMAN (1990), parece não concordar com tal colocação, vindo o mesmo apresentar a seguinte idéia: "...a agricultura confronta o capitalismo com um processo de produção natural. (...)Incapazes de remover estas limitações diretamente através da criação de um processo de produção unificado, os capitalistas industriais reagiram adaptando-se às especificações da natureza na produção agrícola." (GOODMAN, 1990,p.1). 16 Na visão de GUIMARÃES (1982), o Complexo Agroindustrial é visto como uma "integração técnico-produtiva", uma vez que há um estreito e significativo relacionamento entre a agricultura e a indústria, porém de um modo, que impede a capitalização e o desenvolvimento das pequenas e médias empresas rurais. A atual tendência de estruturação do CAI oferece algumas limitações ao desenvolvimento como cita LAUSCHNER (op.cit.): - crescimento do poder monopsônio/oligopsônio dos fabricantes de insumos. Em suma o aumento do poder da indústria (fase I E III) sobre a agricultura (fase II); - desorganização e despreparo dos agricultores, para se enquadrarem nos moldes do CAI globalizado; - tendências da especialização da produção agrícola, favorecendo a produção de matérias primas industriais, em detrimento da produção de alimentos, dificultando o abastecimento alimentar; - e o aumento do processo de integração de agricultores com a indústria, favorecendo os “eficientes”, exigidos pelos processos agroindustrial e marginalizando a maioria, os não integrados e desorganizados, ou com pouca força de organização. 17 3-COOPERATIVA RURAL O Cooperativismo será abordado, neste capítulo, como uma forma de organização capaz de manter os pequenos e médios empresários rurais ativos no agronegócio brasileiro, onde a liberdade econômica e a concentração de forças entre os atores do Complexo Agroindustrial, colocam as cooperativas diante do desafio de se criar inovadoras estratégias de marketing , maior eficiência na administração de seus recursos físicos, humanos e financeiros, permitindo um maior desenvolvimento social e econômico dos cooperados. 3.1- HISTÓRICO E DEFINIÇÃO DO COOPERATIVISMO O cooperativismo nasce da necessidade do homem em alcançar um objetivo, que de forma isolada se torna impossível. Ao buscarem-se os fundamentos filosóficos que inspiram o “modelo cooperativista” em sua forma mais pura, observa-se seu nascimento, na corrente dos pensadores socialistas utópicos, atuantes na Europa no Séc. XVIII, que tinham como intuito a busca de um ideal comunitário e uma organização capaz de diluir a voracidade da propriedade privada. Neste sentido, essa obra buscará de forma breve e objetiva, relatar alguns traços marcantes e influenciadores do Movimento Cooperativista, já que este não é o foco central desse estudo, principalmente através de socialistas como Charles Fourier4, Conde de Saint-Simon, Pierre Proudhon, e Robert Owen5, entre outros. 4 Charles Fourier (1772-1837) nasceu na França, foi autodidata e sua principal obra é “Le Nouveau Monde Industriel et Sociétaire”. Esse pensador ajudou a fundamentar o “falanstério”, um tipo de comunidade socialista e justa. 5 Robert Owen (1772-1858), nasceu na país de Gala, foi um socialista associacionista , de grande expressão no movimento cooperativista. Sua principal obra foi “The Book of The New Moral World”, em 1820 (Hugon, 1970, p.170) 18 O ideal associativista até meados do Séc. XX tinha uma ideologia mais voltada a reforma moral do ser e ao espírito coletivo, porém com o avanço do capitalismo e as fortes e intensas mudanças nos modelos de produção, a cooperativa passa a ser vista e estudada como um instrumento gerador de condições sociais mais equilibradas, onde o trabalhador não fosse explorado e que tivesse condições para competir com as forças imperfeitas de mercado. Nasce em 1844, a primeira cooperativa formal, regida pelos “princípios básicos Rochdaleanos”, em termos de: 1) propriedade cooperativa, 2) gestão cooperativa, e 3)repartição cooperativa. A partir deste período este modelo de organização foi evoluindo como um modelo de produção, vindo a ganhar espaço e importância no sistema agrícola, a partir de 1970, onde os sistemas de produção agropecuários passaram a ter uma conduta mais capitalista, exigindo dos produtores rurais tecnologia de produção e competitividade na comercialização. CORADINI & FREDERIQ (1982), colocam o cooperativismo como agente de integração da produção agropecuária com esse novo padrão agrícola, criando condições do produtor rural se adaptar às facetas da modernização agrícola. A cooperativa será definida nesta obra perante a recomendação 127 da Organização Internacional do Trabalho que define cooperativa como : "A cooperativa é uma associação de pessoas que se uniram voluntariamente para realizar objetivo comum, através da formação de uma organização administrada e controlada democraticamente, realizando contribuições eqüitativas para o capital necessário e aceitando a assumir de forma igualitária os riscos e benefícios do empreendimento no qual os sócios participam ativamente" 19 A cooperativa é uma iniciativa autônoma de pessoas caracterizada por possuir dupla natureza, partindo do fato da mesma ser simultaneamente uma entidade social e uma unidade econômica, tendo como objetivo principal o de ser utilizada diretamente pelos associados como meio para prover bens e serviços que necessitam e que não conseguem obter individualmente em condições semelhantes. (RECH, 2000) Segundo AMODEO (1999), as cooperativas rurais são empresas de gestão coletiva, os seus gestores e cooperados são responsáveis pela gestão desse tipo de organização. Desse modo os sócios não são os capitalistas, como em outras empresas privadas mas, de acordo com o tipo de cooperativa, acabam sendo os próprios usuários (consumo, crédito, habilitação, agrárias) os que contribuem com a matéria-prima (agrárias, agroindustriais) ou com o seu trabalho (produção); denominados assim , de cooperados. Dentre os vários objetivos que uma cooperativa pode traçar, aquele, comum a todas elas seja rural ou não é a prestação de serviços ao cooperado e a luta pela defesa dos interesses sociais e econômicos da coletividade. 3.2- PAPEL DA COOPERATIVA RURAL NO AGRIBUSINESS A atividade agrícola passou, nos últimos anos por varias modificações. O que era uma atividade de subsistência, com o tempo foi se profissionalizando e se tornando dependente de outras organizações que operam no setor. Este conceito inicial é importante para se efetuar uma abordagem do cooperativismo, não se podem ignorar no parecer de BIALOSKORSKI (2000), múltiplas implicações, alem do que na analise do sistema agroindustrial é apropriada, como 20 uma decorrente dentro do agribusiness, para se proceder aos estudos das empresas cooperativistas. De acordo com FRANKE apud NETO (1997), várias unidades econômicas produzindo o mesmo produto procuram agrupar-se devido às dificuldades encontradas isoladamente no processo produtivo. Sua principal ideologia é intermediar o processo de produção e o mercado, procurando satisfazer da melhor forma as necessidades dos produtores. Para RODRIGUES (1999), as cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Na tradição de seus fundadores, os membros das cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação com o seu semelhante. Cooperativas são organizações voluntárias abertas a todas as pessoas aptas a usar seus serviços e dispostas a aceitar as responsabilidades de sócio, sem qualquer tipo de discriminação. São organizações democráticas controladas por seus sócios, os quais participam ativamente no planejamento e estabelecimento de suas políticas e na tomada de decisões. De acordo com NETO (1998), as cooperativas são empreendimentos que provêem os agricultores de poder de barganha em mercados imperfeitos, bem como possibilitam a agregação de valor as commodities6 agropecuárias, e, devido à forma coletiva de organização, distribuem mais igualitariamente os resultados de suas operações, sendo um instrumento de distribuição de renda no campo. 6 - Define-se como commodty, segundo PINAZZA & ALIMANDRO (1999), como um produto passível de padronização no que diz respeito a qualidade, quantidade, peso e outros caracteres. 21 NETO (1997) afirma que a produção em si agrega apenas 20% do valor total do produto, enquanto o processamento e a distribuição representam 70% do total da agregação. Portanto, tem-se aí a principal razão para a existência das cooperativas, possibilitando uma maior agregação de valor dos produtos primários. As cooperativas agrícolas vêm crescendo, em busca de segurança econômica e social, diante de um cenário instável e complexo. Estudos conduzidos por SCHNEIDER (1981), relatam que o cooperativismo assume um importante papel no agribusiness, pois atua como agente de integração da produção agropecuária com esse novo padrão agrícola, as cooperativas devem operar com produtos mais rentáveis, demandantes de modernas de modernas técnicas de produção ou produtos cujos níveis econômicos de produção só podem ser obtidas nas propriedades maiores e mais capitalizadas. A segunda saída para as cooperativas rurais, na ótica do autor, é operarem por consignação, repassando todos os riscos de comercialização aos seus cooperados. Dada as características da atividade agrícola e dos mercados agropecuários, a cooperativa é uma forma de organização da produção muito difundida no setor agrícola e também o meio de garantir sobrevivência e desenvolvimento das pequenas e médias empresas. As cooperativas são organizações privadas que tem em sua arquitetura empresarial uma fundamentação ideológica e doutrinária. São regidas por uma legislação específica e a cada associado é dado o direito de apenas um voto nas decisões da sociedade. A repartição dos resultados - considerados como sobras ocorrem proporcionalmente à atividade de cada um para com a sua cooperativa, e não proporcionalmente ao capital como em outras empresas. Portanto, 22 estas organizações não são tributadas quanto à renda, pois esta não é a sua principal razão de existência. Esta particular forma de organização faz com que estas empresas estejam maximizando os serviços aos seus associados e não os resultados da operação, se afastando, sob a ótica neoclássica, do ponto de maximização do lucro. Desta forma, esta organização opera fora do espectro de eficiência econômica, e tem os direitos de propriedade difusos dado que as quotas-partes não são negociáveis em mercado, a questão do poder de decisão ser igualitário, e a situação onde o direito sobre os resultados do empreendimento não é transparente, podendo induzir então a comportamentos oportunistas de cada um dos agentes econômicos associados. Para WEYDMANN (1997), apesar de necessitar de capital, como qualquer outra empresa, as cooperativas não se estruturam estrategicamente somente na base de sua acumulação. É uma sociedade que se projeta para o futuro, alicerçada nos desejos, nas aspirações e nas necessidades de seus associados. Assim, o que está em jogo na cooperativa não é a capacidade de acumulação, o crescimento da empresa e a conseqüente remuneração do capital investido, mas sim a capacidade de crescimento dos associados enquanto unidades produtivas, bem como a melhor remuneração do trabalho destes. No mercado altamente concentrado e dominado por uma minoria de organizações que integram o CAI, a produção agrícola é constituída por unidades de produção com tamanho os mais variados, e em que, na maioria dos casos, não possuem poder de mercado, ficando na dependência dos intermediários para comercializar sua safra, que em geral, estipulam os preços dos produtos agrícolas e se apropriam de 23 uma série de serviços de comercialização, como beneficiamento, industrialização, armazenamento, transportes e outros. Isoladamente os produtores rurais não participam da remuneração desses serviços e, alem disso, no mercado, são mal remunerados pelos bens que produzem. As cooperativas rurais assumem um importante papel, onde a comercialização passa a ser mais direta com os centros de atacado e varejo, o que permite uma maior remuneração ao cooperado e a eliminação dos intermediários, os quais na maioria das vezes não agregam nenhum tipo de serviço e ganham mais do que quem os produziu. (REIS e CARVALHO, op.cit.) Segundo os mesmos autores, as cooperativas são importantes agentes de viabilização da produção e da comercialização dos produtos agropecuários, fornecendo insumos, crédito e serviços diversos, destacando mecanização e comercialização. Para a comercialização é importante salientar o papel das cooperativas de consumo, que atuam de forma significante no varejo. Conforme a publicação da revista EXAME (1997), nota-se que as cooperativas assumem um papel fundamental na comercialização de produtos vegetais, animais e alimentos no Brasil, visto que as maiores cooperativas agropecuárias e de consumo se posicionavam entre as 500 maiores empresas privadas do Brasil, com um volume total de vendas correspondentes a US$ 8.138,5 milhões que representa cerca de 2.9% da venda total das 500 (US$ 280.300 milhões) e 40,8% das vendas das vinte maiores empresas comerciais de alimentos dentre as 500. Esses dados mostram a potencialidade das cooperativas na produção e comercialização de produtos da agricultura, atuando em 24 todas as fases do Complexo Agroindustrial (CAI); produzindo insumos, principalmente ração e fertilizantes; promovendo a produção agropecuária; e realizando a comercialização, que representa os maiores volumes de atividades, chegando mesmo a atuarem até a nível de varejo, através das cooperativas de consumo (supermercados). Grandes partes das cooperativas brasileiras, independente de seu setor de atuação econômica, se encontram nas regiões sul e sudeste do Brasil, conforme dados da Organização das Cooperativas Agrícolas de 2001. SUL 576 1284 530 3151 1485 CENTRO OESTE NORDESTE SULDESTE NORTE Figura 2 - Distribuição geográfica das cooperativas brasileiras Fonte: OCB, Dezembro de 2001. Com o crescimento da produção e do comércio, também as cooperativas expandirão e entraram em áreas e produtos de exportação, representando, também, uma das forças exportadoras e importadoras do País e em todo o mundo; este fato vem se evoluindo. Existem no Brasil cooperativas com administração especializada, com departamentos voltados a exportação e importação, que chegam a realizar, desde estudos de mercado até as atividades de todos os trâmites dos processos afins. Neste capítulo a cooperativa será analisada dentro de sua natureza comercial, mostrando a importância da cooperativa rural no 25 agribusiness, onde se visa aumentar a renda por unidade produzida e dar ao cooperado uma maior segurança no momento da venda, estudar com maior eficiência os mercados, se aproximar do consumidor final da cadeia, ampliar os canais de distribuição e até ganhar espaço na mesa estrangeira. Com as grandes mudanças atravessadas pela agricultura, as cooperativas rurais foram crescendo, se estruturando e acabaram atrelando novos desafios em sua missão, no agribusiness. A cooperativa sempre foi vista e dita como uma organização econômica em nome do bem estar social e coletivo dos cooperados, porém hoje ela vem adquirindo um perfil de diversificação de serviços prestados, horizontalidade, agregação de valores e outras características que permitam dizermos que sua função hoje é mais econômica que social. Segundo DORNELAS (1998), com o advento da globalização, a concorrência, forçou grande parte das cooperativas rurais a redefinirem suas funções primordiais, voltando seus esforços para áreas antes irrelevantes: financeira, comercialização, marketing e outras, buscando maior eficiência. " ...as transformações técnicas e operacionais implementadas pelas cooperativas agrícolas brasileiras passaram a representar uma busca de lucros, ou seja, a reprodução de uma tecnoestrutura, e consequentemente, do aumento da competitividade do sistema agroindustrial cooperativista dentro de um sistema capitalista." (DORNELAS 1998:29). Fortalecendo a idéia de XAVIER & MEGIDO (1998), as cooperativas diante de um agribusiness globalizado devem cumprir dois papéis com extrema eficiência,: administrar seus setores como qualquer empresa de fins lucrativos do setor privado e do outro lado agregar valores a vida de seus cooperados, mantendo seu espírito socialista. 26 " ... as cooperativas devem imediatamente assumirem esses papéis com eficiência e rapidez, pois estão inseridas em um segmento, marcado por fortes grupos industriais e poderosas cadeias de distribuição, que passam cada vez mais a exigir considerável investimento em tecnologia e serviços de marketing, para se disputar o mercado" ( XAVIER & MEGIDO, 1998:36) Para CORADINI (1982), o cooperativismo agrícola pode ser apreendido, de um lado pela racionalização econômica produtiva, de outro lado, pelo caráter de mediação sócio-politica que assume no processo social, tendo em vista a viabilização e a reprodução da expansão do capitalismo, em condições definidas. As cooperativas rurais só serão capazes de sobreviverem diante do dinamismo do agronegócio se desenvolverem em suas estruturas administrativas a flexibilidade sem perder os princípios da democracia que rege sua doutrina, a fim de se adaptarem às mudanças da cadeia e principalmente estabelecerem relações mais eficazes e próximas possíveis com os consumidores finais. De acordo com PINAZZA & ALIMANDRO (2001), a sociedade deve conhecer os princípios e as funções assumidas pelas cooperativas, suas vantagens em termos econômicos e sociais. Deve ser informada de seu potencial para contribuir com a harmonização mundial da economia, pela valorização do capital humano e social, ecologia, princípios éticos e outros relacionamentos que venham a estabelecer novos rumos das cooperativas rurais no agribusiness global. 27 3.3- O COOPERATIVISMO RURAL NO BRASIL As continuas e cíclicas transformações da economia fazem com que as empresas e o cooperativismo, tenham sempre desafios econômicos e estruturais a serem alcançados. Para BIALOSKORSKI (2000), não houve nesse período uma ação concreta que propiciasse um monitoramento efetivo das cooperativas, tanto em nível de sua constituição como empreendimento como na avaliação e acompanhamento de sua performance. As autogestões associadas à ausência de auto-regulação tornam estas organizações mais sujeitas ao risco da gestão oportunística. O cooperativismo viveu nos últimos anos uma profunda crise de identidade em todo o mundo. Com o enfraquecimento das doutrinas socialistas do mundo inteiro, e com a quebra das facções socialistas, o sistema de produção capitalista sofreu uma repressão em todo mundo. RODRIGUES (1998) coloca que, as cooperativas até então vistas como parceiras das empresas capitalistas, passaram a perder espaço, com seus associados questionando pontos essenciais com o controle democrático, a baixa remuneração do capital e outros princípios doutrinários. As cooperativas agropecuárias no Brasil ocupam uma posição de destaque no agribusiness brasileiro, com números expressivos em relação ao volume de produção comercializado, número de associados , exportação de produtos commodities ou industrializados e empregos gerados. Embora notamos que há inúmeras cooperativas inaptas a competir no cenário globalizado, as empresas cooperativas apresentam uma indubitável importância no contexto social e econômico. 28 Para se dar uma idéia da dimensão econômica, estima-se que o faturamento total das cooperativas agropecuárias no Brasil é da ordem de R$ 13.2 bilhões, segundo dados da OCB em 1997. Tão grande quanto esses números apresentados são os desafios crescentemente enfrentados por todo o sistema cooperativista, para sobreviver no novo ambiente competitivo e manter-se fiel ao cumprimento de seus princípios doutrinários. Diante de tantos desafios, passados principalmente pelas cooperativas rurais, os dados mostram que o número de cooperativas agropecuárias tem uma significativa presença no cenário cooperativista brasileiro e que o número desse tipo de organização vem crescendo de maneira significativa, principalmente aquelas que atuam na área de trabalho e agropecuária, dentre os vários fatores que contribuem para a expansão e profissionalização do cooperativismo agrícola, estão: a abertura de capital, modernização técnica e administrativa dos setores montante e jusante do agribusiness e principalmente pelo fato de que os agricultores estão inseridos no mercado de concorrência perfeita. Tabela 2 - Participação das cooperativas na produção agrícola brasileira. Trigo 62,19 Cevada 44,19 Aveia 39,21 Algodão 38,91 Suínos 31,52 Soja 29,40 Café 27,97 Alho 22,47 Uva 19,17 Milho 16,68 Arroz 11,36 feijão 11,18 Fonte: OCB Dezembro de 2001. 29 Tabela 3: As cooperativas e seus respectivos setores de atuação no cenário brasileiro. RAMO COOPERATIVA Agropecuário 1587 Consumo 189 Crédito 1038 Educacional 278 Especial 7 Habitação 297 Infraestrutura 187 Mineral 37 Produção 147 Saúde 863 Trabalho 2391 Turismo e lazer 5 TOTAL 7026 Fonte: OCB, Dezembro de 2001. COOPERADO EMPREGADO 822294 1467386 1059364 73258 2064 69668 576299 48841 9892 327791 322735 150 4779147 108273 7676 20680 2720 6 1375 5431 34 348 21426 7443 0 175412 Tabela 4: Cooperativas agropecuárias: Panorama Número de cooperados em atividades 1.576 Número total de agricultores associados 822.294 Número de empregos direto na 108.273 pessoas diretamente 930.567 cooperativa Número de vinculadas à cooperativa Número de pessoas indiretamente 4.652.835 Número total de cooperados, familiares 5.583.402 vinculadas à cooperativa e agregados Fonte: OCB, Dezembro de 2001. 30 3.4- DESAFIOS E TENDÊNCIAS DAS COOPERATIVAS RURAIS. Toda e qualquer análise perspectiva do movimento cooperativista deve levar consigo a ótica dos princípios doutrinários, onde o foco central foi e sempre será o cooperado e a função social do empreendimento. Desse modo, também podemos aferir e talvez prognosticar, o que é a nova geração de empreendimentos cooperativos. Segundo BIALOSKORSKI (op. cit.), são vários os problemas e desafios das cooperativas no séc. XXI: - Diferentemente das associações capitalistas, em que o voto é proporcional ao capital do investidor, a cooperativa é uma sociedade de pessoas, em que cada cooperado tem direito a um único voto, isso geralmente decorre em diversos conflitos para o processo de gestão em cooperativas, em especial na relação entre cooperado e cooperativa. - Ao mesmo tempo em que os cooperados são clientes e donos da cooperativa, os conflitos internos nascem do paradoxo de que os cooperados desejam o menor preço dos insumos e ao mesmo tempo exige que a empresa pague pelo seu produto o melhor preço do mercado. - A renda do cooperado, no entender de ZYLBERSZTAJN (1994), decorre muito mais da venda de seu produto do que as eventuais "sobras" distribuídas ao final do exercício . Tal fato leva ao pouco incentivo por parte dos cooperados em monitorar as ações dos agentes administrativos (gestores). 31 - Outro problema grave é a falta de profissionalização dos gestores, esse fato decorre principalmente da deficiência em que os gestores alocam e direcionam seus recursos a fim de alcançarem seus objetivos. Isso se deve principalmente a falta de conhecimento dos princípios filosóficos deste tipo de organização. - A estrutura gerencial das cooperativas ainda está voltada somente ao cooperado, e muitas vezes esquecem os desejos e necessidades do consumidor final da cadeia. A gestão da cooperativa deve ser mais sistêmica e acompanhar com rapidez as mudanças políticas, sociais e principalmente econômicas. - As cooperativas exploram muito pouco o instrumento de marketing na gestão. Para RODRIGUES (1998), centenas de cooperativas quebraram e outras tantas já se enquadraram à nova realidade. Mas ainda há milhares de outras se debatendo entre duas ondas: a gestão e o marketing. A cooperativa somente terá sucesso social e econômico, na ótica dos autores se tiver uma gestão capaz de gerar: agilidade, modernidade, flexibilidade, e eficiência econômica, pois não existe jeito das cooperativas funcionarem sem lucro. GEUS (1998), em sua obra a empresa viva, evidencia que a perpetuação das empresas, em ambientes cada vez mais complexos e mutáveis, implica em reengendrar novos métodos de gerencia, para aumentar a longevidade das organizações, durante o texto, o autor, compara dois tipos de empresa: “a empresa viva” e a "empresa econômica”, mostrando-nos que as empresas que tem como objetivo principal, somente o lucro, irão durar menos. Já as empresa que desenvolvem o espírito de equipe, aprendizagem coletiva e pensa 32 estrategicamente, isto certamente também poderá ser aplicado nas cooperativas rurais a fim de prolongar sua existência, mesmo em ambientes dinâmicos. Para XAVIER & MEGIDO (1998), os quesitos mais importantes e que irão determinar a capacidade de modernização e profissionalização das cooperativas rurais no agribusiness brasileiro, estão mais ligadas a decisões estratégicas e políticas de mercado, do que no mero fator tecnológico da produção agropecuária. Para as cooperativas são essenciais os seguintes aspectos, no atual cenário: - desenvolver competências que lhe garantem competitividade no mercado; - viabilizar o suporte financeiro para atender o crescimento potencial do mercado e sua adaptação organizacional/estrutural aos novos tempos - e radicalizar a cultura mercadológica da cooperativa. Para os autores no futuro, bem mais do que hoje, o chamado marketing rural será fortemente, um marketing de serviços e de comunicação. Os consumidores exigem mais e cada dia que passa, procuram produtos e serviços que não só satisfaçam suas necessidades, mas sim seus desejos e sonhos, isso significa que a comunicação rural e o marketing dos novos tempos será movida pela abertura de suas frentes de público-alvo, da linguagem e canais, abrindo novos horizontes. Diante de tanta competitividade e mudanças, a cooperativa ainda se mostra como uma grande promessa de sucesso para os agricultores, que sofrem com as influencias e forças de outras organizações que integram o complexo agroindustrial 33 SARAIVA, J.M & ANDRADE, J.G (1998), relatam que as cooperativas que pretendem se manter conectadas num mundo global, onde os mercados são emergentes e os consumidores exigentes e mutáveis, devem incorporar a qualidade como uma filosofia de vida. Isto é o que prega a obra desses autores, pois não basta o marketing eficiente, primeiro temos que atribuir qualidade perceptível aos olhos dos consumidores, em produtos e serviços. Determinar padrões de qualidade para os produtos rurais ainda é um desafio para o sistema de produção, devido a inúmeros fatores que começam no pré-plantio e vão até a pós-colheita. A pesquisa parte do pressuposto de que qualidade no café, hoje não é mais vantagem competitiva e sim requisito para entrar no mercado externo, no entanto a baixa qualidade, de grande parte dos produtos rurais, acabam impedindo eficácia na comercialização e marketing. As tendências das cooperativas rurais no agribusiness concentrado e altamente competitivo vão estar fundamentadas em uma administração profissional, separando a propriedade do controle, maior eficiência na captação de recursos, direitos claros quanto a propriedade, buscar alianças estratégicas com outras organizações ou cooperativas e manter o perfil social de sua doutrina. 3.5-A PROFISSIONALIZAÇÃO DO SETOR COOPERATIVISTA Passado o período de abertura comercial, o que se percebe é uma competição clara no sentido de redução de custos e de ineficiências, bem como a busca da melhoria de qualidade e diversificação de produtos derivados ofertados. A cadeia produtiva agrícola é das mais sensíveis à abertura econômica e principalmente 34 em relação ao Mercosul, pois, neste caso, abre um mercado para países com diferentes condições de produção e de produtividade. No caso das cooperativas, estas estão passando por um processo de reestruturação em todo o mundo. Trata-se de uma busca de profissionalismo para poderem assim competir de igual para igual com as grandes corporações privadas surgidas com a globalização. As cooperativas devem estimular a produtividade de seus cooperados, reduzir custos de toda forma, além de se unirem para aumentar seu poder de barganha frente ao governo e mercado. A não profissionalização da administração das cooperativas rurais é um fato que já vem sendo constatado a alguns anos, e mesmo assim, muitos estudiosos julgam que os problemas enfrentados pelas cooperativas no agronegócio, não decorrem da má administração e sim, exclusivamente das mudanças mercadológicas. GRANTON et. al. (1989), em seus estudos sobre procedimentos administrativos adotados nas cooperativas, chegou dentre inúmeras conclusões que a administração das cooperativas analisadas não utilizavam os recursos administrativos necessários a uma moderna gerencia, não conseguindo se desvencilhar do tradicionalismo que perdura até hoje. De acordo com ACCARINI (1987:21): “Nesse contexto, o governo pode contribuir decisivamente para fortalecer o cooperativismo, tornando-o mais atuante e dinâmico através do fornecimento de suporte técnico, institucional e financeiro, construção de infra-estrutura de transporte, criação de alternativas de produção mais eficientes, financiamento ou estímulo à instalação de armazéns, cursos de formação, treinamento de técnicos e administradores, abertura de linhas específicas de crédito para repasse aos associados e diversos outros programas.” 35 Os diretores das cooperativas juntamente com a cúpula administrativa devem procurar diminuir os custos de produção desde a propriedade do cooperado. Deverá instruir seus cooperados para investirem em suas propriedades, para com isso ganhar em qualidade e, ao mesmo tempo, diminuir os custos na distribuição. Este investimento que pode ser, de início, relativamente alto para os pequenos produtores, tem como alternativa a associação entre estes pequenos produtores, respeitando suas posições geográficas, para utilizarem junto um mesmo equipamento, exemplo uma câmara de resfriamento. De acordo com ACCARINI (1987), as cooperativas precisam ser empresas eficientes, buscando aquilo que até recentemente parecia heresia: maximização de lucro, minimização de custos. Todavia é fundamental caracterizar o lucro como instrumento, e não como fim em si mesmo. Para SILVA (1994), numa estrutura organizacional pouco complexa, que possibilita o contato direto e intenso entre os cooperados, há a necessidade de se repensar sobre os princípios da democracia, nas tomadas de decisão. Quanto mais complexa é a organização e maior for a competitividade nos mercados, a organização passa a necessitar novas técnicas e informações mais especializadas, nem sempre disponíveis ao associado, e de maior agilidade no processo de decisão. Conforme NETO (1997), é imprescindível a profissionalização da gestão das empresas, separando os interesses particulares e imediatos de cada associado individual da direção da empresa coletiva. As 36 cooperativas devem passar pro um processo de reciclagem, onde terão que se despir de alguns valores. No parecer de REIS & CARVALHO (op.cit.), uma cooperativa para obter sucesso em suas atividades, deverá atender às algumas condições: - aumentar os lucros; - reduzir os custos; - prestar novos e melhores serviços aos cooperados e consumidores; - volume de negócios que permita obter uma escala de produção; - administração de alto nível, e - participação e pensamento fundamentados na coletividade Ainda no contexto da modernização das cooperativas, encaixa-se indispensavelmente a nova era da comunicação mundial; com ela as facilidades de negociação, o volume de informações, enfim, tudo o que a Internet viabiliza para qualquer pessoa que tenha acesso a um computador. As cooperativas terão que investir em logística e comunicação para o mercado. Segundo RODRIGUES(1999), isso será um processo difícil e complicado, onde haverá a necessidade de se integrar diversos ramos do cooperativismo-produção, crédito, transporte, comercialização, e outros. As cooperativas rurais devem mudar seus estatutos em relação ao controle democrático. Hoje, cada associado tem direito a um único voto, ao contrário de sociedades capitalistas. O associado deve ter seu poder de decisão na hora do voto, proporcional à sua participação no capital da cooperativa. Neste caso, a neutralidade social ficaria de lado para que as cooperativas permaneçam inseridas no mercado competitivo. 37 Para SILVA (1994), numa estrutura organizacional pouco complexa, que possibilita o contato direto e intenso entre os cooperados, a participação efetiva destes na tomada de decisão é facilitada. Quando a organização fica mais complexa, passa a necessitar de técnica qualificada e informações mais especializadas, nem sempre disponíveis ao associado, e de maior agilidade no processo de decisão. Nesse sentido, o aumento no grau de complexidade da estrutura organizacional é acompanhado da necessidade de profissionalização do corpo administrativo, ocasionando uma separação formal entre propriedade e controle. Para NETO (op. cit.) é de fundamental importância a profissionalização da gestão da empresa, separando os interesse particulares e imediatos de cada associado individual da direção da empresa coletiva. Esta separação gerará dois conflitos inicialmente. Primeiro, pela necessidade de crescimento da firma, os gerentes profissionais procurarão determinar certo aumento nos preços dos serviços prestados aos associados, enquanto estes procurarão resistir aos aumentos. Segundo, os gerentes profissionais optarão por investimentos em relação às sobras, enquanto os associados ficarão com a expectativa de distribuição. Isso, entretanto, não deveria significar que o associado vá perder o controle de sua cooperativa. A propriedade é dos produtores, mas o controle administrativo deve ser exercido por equipe de profissionais que, além de entenderem o mercado, conhecem as especialidades da organização cooperativa. O princípio cooperativista “cada homem um voto” assegura o mesmo poder de decisão a cada associado, independente da sua participação no capital da empresa, ou do seu nível de eficiência ou de sua produção. Para ZYLBERSZTAJN (op. cit.) quanto maior as cotas em mãos do cooperado, maior seria a sua disposição em particular. A 38 igualdade do poder para decisão, sem considerar as diferenças relativas ao comprometimento de capital ou aos níveis de produtividade, levaria a um comprometimento do desempenho da empresa. Para corrigir estas distorções, seria preciso diferenciar a capacidade de influencia de cada produtor conforme o grau de comprometimento relativo ao objeto de decisão, premiando a eficiência. Para ZYLBERSZTAJN (op. cit.) as cooperativas tenderão a abrigar apenas os produtores menos eficientes, uma vez que aqueles mais capacitados são atraídos pelas empresas privadas que oferecem contratos especiais para os produtores que têm escala e qualidade. É preciso eliminar os maus cooperados, os maus funcionários, os maus dirigentes e as cooperativas de fachada. Fusões e incorporações são inadiáveis. É preciso aumentar a força das cooperativas, e, sem dúvida, isto se dará com o desaparecimento de muitas delas, incorporadas por outras, antes que morram. De acordo com ACCARINI (op.cit.): “É preciso não esquecer que esse cooperativismo – em face de ausência total de políticas públicas de bem-estar social para as populações agrárias – se constituiu no único suporte de uma ampla camada de pequenos produtores agrícolas.” Ainda no contexto de modernização das cooperativas, encaixase indispensavelmente a nova era da comunicação mundial; com ela as facilidades de negociação, o volume de informações, enfim, tudo o que a Internet viabiliza para qualquer pessoa que tenha acesso a um computador, além do grande estoque de programas de gestão 39 administrativa que agilizam e facilitam a tomada de decisão do administrador rural. As cooperativas terão de se ajustar na logística para fazer com que os produtores tenham garantias de compra e venda de seus produtos. Este será um papel novo para as cooperativas, e talvez o seu grande papel. É possível que, se não a assumirem, muitas desaparecerão. Segundo RODRIGUES (op.cit.), será um processo complexo e delicado. A integração entre diferentes ramos do cooperativismo – produção, crédito, consumo, trabalho – também será indispensável. E um gigantesco desafio se faz necessário, em nível nacional e mundial, que crie a base para a montagem da Central de Comércio do Cooperativismo. 40 4- MARKETING NO AGRIBUSINESS Neste capítulo será enfocado nos fundamentos e instrumentos de marketing, que possam ser aplicados, visando um maior desenvolvimento nas atividades agropecuárias, principalmente quando praticado por uma organização cooperativa, gerando dessa maneira uma maior competitividade interna e externa , além de se aproximar das exigências impostas aos consumidores finas da cadeia agrícola. 4.1- INTRODUÇÃO AO MARKETING NO AGRIBUSINESS A década de 90 trouxe para o marketing rural um conjunto de transformações como nunca antes visto na história recente do setor. Não na mesma intensidade e velocidade transformadora. Entramos na década ainda polemizando se de fato a segmentação de agricultores por nível tecnológico era um caminho seguro para desenvolver eficazes raciocínios de marketing. (XAVIER & MEGIDO, op.cit.) Para NEVES (2000), o marketing no agribusiness pode ser definido como as atividades administrativas que visam ajustar o processo de trocas nos sistemas produtivos agroalimentares oferecendo valores, principalmente através de configuração, da valorização, da simbolização e finalmente através da facilitação alterando a acessibilidade, a distribuição adequada dos produtos e serviços). Além da comunicação, o marketing mostra às empresas do sistema, seja a industria de insumos, o produtor rural, a agroindústria, a industria de alimentos e bebidas, o atacado, o varejo, setor de serviços de alimentação e o consumidor final da cadeia, através de pesquisas de marketing, que estes agentes todos são 41 variados em relação às preferências, motivos para a compra, para melhor satisfazer suas necessidades. Na ótica do Prof. Marcos Fava Neves, haverá uma forte virada na orientação do agribusiness brasileiro, ficando mais enfocado na satisfação plena dos consumidores, principalmente internacionais, é um importante passo para uma maior e necessária inserção do Brasil no mundo. Podemos agregar mais valor à produção, mais emprego e desenvolvimento. O quesito principal para se atuar no marketing em agribusiness não é, necessariamente ter um conhecimento das diversas estratégias e ferramentas de marketing, mas sim ter capacidade de observar e analisar a cadeia agrícola dentro de uma visão de “sistema orgânico”. O grande sucesso do marketing sempre será descobrir alguma necessidade ou desejo das pessoas e criar um produto ou serviço para suprir essa demanda, isso também pode ser estendido ao agribusiness. A economia global passa por uma fase em que a sobrevivência das empresas depende cada vez mais de sua capacidade de adaptação aos mercados consumidores. Esta crescente orientação para o mercado, vai exigir das empresas que integram o CAI, uma melhor gerenciamento nas ferramentas do marketing. VIEIRA (1994), por exemplo, resumiu os princípios de marketing rural da seguinte forma: “...ter o mercado como ponto de partida, a busca da satisfação dos consumidores como foco, o marketing integrado como meio e o lucro com a satisfação dos clientes como o fim”. ZYLBERSTAJN (1992) comentou que é necessário cada vez mais 42 ter um princípio de marketing moderno, capaz de identificar e satisfazer as necessidades e desejos do consumidor final da cadeia agrícola. KOTLER (1993), afirma que a essência do marketing é a transação, definida como a troca de valores entre duas partes por meio do seguinte conceito: “ Marketing é um processo social e gerencial pelo qual os indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação e troca de produtos e valores com outros”. MEGIDO & XAVIER (op.cit.), consideram que as tendências gerais do agribusiness, como a diversificação dos produtos, individualização das preferências dos consumidores e demanda por produtos de melhor qualidade e maior valor agregado, implicam que a informação do consumidor, juntamente com as características de segmentação e seleção de mercados, são fundamentais para a gestão de marketing no agribusiness. Na agricultura são inúmeras as dificuldades para se exportar produtos rurais, principalmente porque os brasileiros conhecem muito pouco os consumidores estrangeiros e muitos dos produtos agrícolas não alcançaram qualidade e preço, capaz de gerar competitividade com os grandes nações agrárias. Outro fator a ser revelado é a falta de uma política agrícola, que facilite a comercialização de produtos agrícolas e proteja os produtos mais sensíveis a competição. Na maioria dos setores o marketing vem passando por inúmeras transformações, principalmente no agribusiness, onde cada vez mais os consumidores e clientes estão escolhendo o que produzir e como querem os produtos e serviços. Regis Mackenna (1992), aborda em sua obra: Marketing de relacionamento, que o marketing do novo tempo será aquele, onde as empresas cultivaram uma intensa relação 43 com seus clientes e com o mercado, vendo a inovação, adaptação e mudança, as chaves para competir e criar mercados. Se comunicar e aproximar-se cada vez mais das necessidades e desejos dos consumidores farão com que as empresas, inclusive as cooperativas operem e solubilizem seus riscos, de forma significativa. O principal desafio do marketing no agribusiness, é que todas as organizações, atores do CAI atuem de forma sincronizada e conjunta a fim de se obter um maior número de informações possíveis sobre o comportamento tendências dos consumidores de produtos rurais. Ainda no Brasil a falta de conhecimento sobre o consumidor final acaba limitando a expansão e profissionalização mais dirigida do marketing na economia rural. Dentro desta ótica SETTE (2000), enfatiza que para se conseguir obter eficiência no marketing, é fundamental que exista um Sistema de Informação (SIM) capaz de fornecer dados mais reais sobre o comportamento da cadeia agrícola a todos seus integrantes. 4.2- INSTRUMENTOS DO MARKETING "MIX" O marketing vem se tornando um instrumento indispensável a sobrevivência desenvolvimento de todas as organizações do agribusiness, com a vital importância de ligar a organização com o meio ambiente e com os valores, normas , culturas e costumes da sociedade alvo. Para COBRA (1992), as pessoas na maioria das vezes praticam o marketing em suas atividades de forma intuitiva e nem percebem que estão gerenciando de uma certa maneira os instrumentos de marketing. Para KOTLER (1980), o marketing presume-se a uma atividade humana voltada para a satisfação das necessidades e desejos de outras pessoas, por intermédio do processo de troca. Dentro desta 44 ótica, CREPALDI (1986), salienta que em uma economia de mercado, o marketing se faz presente em todos os tipos de empreendimentos, levadas sempre ao efeito de melhorar e estimular o fluxo de bens e serviços, desde os produtores até os consumidores finais da cadeia. Relacionando o contexto ideológico dos autores citados acima, em confronto com os estudos do autor desse trabalho, pode-se dizer que o marketing será o diferencial de competitividade no agribusiness cooperativo, visto que esses atores sociais no Brasil, apresentam-se numa baixa eficiência no Gerenciamento do: produto, preço, promoção e venda. Isso se deve principalmente a falta de uma segmentação de mercado, falta de pesquisas de mercado, e a baixa capacidade das empresas rurais se adaptarem as mudanças ambientais, tanto setoriais quanto macroambientais. Conforme KOTLER (1980), a segmentação de mercado é o processo pelo qual somos capazes de reconhecer um determinado grupo com características similares, em relação ao consumo de determinado produto ou serviço. De acordo com NICKELS & WOOD (1997), o marketing de segmento, por estar voltado aos consumidores específicos, permitem a análise de seus desejos e necessidades e o posterior desenvolvimento de produtos e programas de marketing, permitem uma maior relacionamento com os consumidores a longo prazo, inclusive. Os mesmos autores salientam que a segmentação de mercado bem planejada e utilizada, pode oferecer inúmeros benefícios: - Oportunidades para construir e fortalecer relacionamentos de longo prazo com clientes chave. - Maior eficiência e eficácia do marketing 45 - Melhor compreensão do ambiente competitivo de marketing - Respostas mais rápidas às necessidades em mutação dos consumidores Antes de se iniciar qualquer segmentação de mercado, é preciso estabelecer etapas e definir em termos gerais o mercado como um todo, como mostra o esquema abaixo: Definir os mercados a serem segmentados Identificar e aplicar variáveis de segmentação Avaliar os segmentos Selecionar os segmentos a serem perseguidos Fazer a seleção do mercado-alvo Realizar o posicionamento Aplicar a estratégia de marketing Figura 3- Segmentação de mercado, seleção de mercado e posicionamento. Fonte: NICKELS & WOOD (1997) Dentre os instrumentos, tem-se chamado composto de marketing, que segundo KOTLER (1980), pode ser chamado de "os quatro pês" (produto, ponto de venda, promoção e preço), sendo que cada um desses elementos é constituído de estratégias, conceitos e instrumentos para seu uso e aplicação nas atividades da empresa. 46 Direcionando-se os princípios de marketing para o agronegócio, SILVA & BATALHA (1997) o chamam de mix de marketing e definem como: produto, preço, ponto de distribuição e composto promocional. Optouse, diante das características desse estudo, por considerar a nomenclatura desses autores Marcos cobra enfatiza que a boa gerencia dos 4 Ps necessita por sua vez de irmos além das necessidades é preciso surpreender, superar as expectativas do consumidor, para isto é necessário mudar a ênfase do produto para o cliente, as empresas devem direcionar seus esforços ao cumprimento dos 5 Cs : Consumidor, ser Competente, Criativa, Concorrente e Crente, pois precisa crer na competência do ser humano em se adaptar e prosperar em mercados cada vez mais dinâmicos, como é o de alimentos. 4.2.1-PRODUTO Segundo KOTLER (1993), pode-se conceitua produto como sendo qualquer coisa, objeto tangível que possa ser lançado no mercado, incluindo objetos físicos, pessoas, locais, organizações e idéias. Para MCCARTHY (1982), o composto de marketing, pode ser definido como: "as variáveis controláveis que uma empresa trabalha, de forma a satisfazer um grupo visado" e diz que um produto deve ser algo de promoção, que informe ao consumidor sua disponibilidade em um dado ponto de venda, a um preço determinado. Para KOTLER & ARMSTRONG, o produto se diferencia do serviço pelo fato de que esse é intangível e não pode se tornar propriedade de ninguém. Os criadores de produtos devem pensar e direcionar suas estratégias de marketing para três diferentes níveis: produto básico, real 47 e ampliado. O produto básico é na verdade, a representação dos benefícios daquele produto ou serviço , aos consumidores. O produto real apresenta cinco particularidades: qualidade, características, desing, marca e embalagem, enquanto o nível ampliado confere-se aos benefícios adicionais ao consumidor. O produto nada mais é que tudo aquilo capaz de gerar benefícios aos consumidores, pois o que na verdade as pessoas buscam são os benefícios e vantagens de tal produto. NA NR NB Figura 4: Níveis de um produto. Fonte: KOTLER (1993). Os produtos devem ser compreendidos como um “ser vivo”, que apresenta fases e a cada etapa de desenvolvimento exige uma determinada estratégia. Mais importante do que gerar um novo produto é prolongar sua vida no mercado, esse é o principal desafio de um produto. Diante de tantas informações e diferenciação de produtos, os consumidores passam a terem maior capacidade de escolherem e exigirem novos produtos. Para Kotler(1993), o processo de desenvolvimento de novos produtos acontece por etapas, estágios: 48 1- geração de idéia; 2- análise de idéia; 3- desenvolvimento e teste do conceito; 4- desenvolvimento da estratégia de marketing; 5- análise do negócio; 6- desenvolvimento do produto; 7- teste de marketing e 8- comercialização. VENDAS TEMPO Introdução Crescimento Maturação Declínio Figura 5: Curva da vida de um produto. O estágio de introdução de um produto no mercado é marcado por inúmeras dificuldades, crescimento lento e vendas baixas, nessa fase o produto está em constante adaptação ao mercado, exigindo cuidados 49 especiais para que o mesmo não vire um fracasso, comprometendo todo o investimento da empresa. A fase de crescimento é decorrente da capacidade do produto em conquistar novos adeptos, nessa fase os lucros começam a aumentar, penetração em novos nichos de mercado e canais de distribuição.Essa fase nada mais que o retorno de um produto, capaz de gerar caixasuficiente. Dependendo do tipo de produto que se trabalha este crescimento pode ser explosivo ou mais vagaroso, em algumas situações onde a demanda cresce mais que a capacidade de produção acaba gerando até prejudicando a imagem da empresa. Um exemplo desta situação é o mercado de produtos orgânicos que cresce numa proporção jamais esperada. A fase de maturidade ou “clímax”, se da no momento em que as vendas do produto se encontram no limite máximo, ou seja, todo potencial de mercado atendido. A competitividade passa a ser acirrada, exigindo posturas estratégicas de diferenciação de produtos, além de sempre estarem inovando a fim de estender essa fase. Finalmente a fase de declínio, é o resultado do envelhecimento do produto ou simplesmente da baixa capacidade competitiva da empresa, resultando em baixa lucratividade, essa fase também é chamada de “abacaxi”, onde dificilmente poderá reverter esse quadro. MCKENNA (1989), recomenda quatro idéias básicas em relação ao posicionamento do produto, a fim de que o mesmo se renove: a primeira é compreender a dinâmica e as tendências do mercado; a segunda é enfocar valores intangíveis, como qualidade, por exemplo; a terceira é fixar como alvo para o seu produto um público específico e a 50 quarta e última é estar disposto a experimentar novos produtos e prestar atenção à relação do mercado. 4.2.1.1-ELEMENTOS BÁSICOS DE UM PRODUTO Segundo SILVA & BATALHA (1997), produto é definido como um complexo de atributos tangíveis (cor, embalagem) e intangíveis (marca, serviços agregados e etc.). Todos os produtos agrícolas devem ter uma boa apresentação física, embalagem, rótulo, sabor, aroma, marca, imagem, tradição e outros. A) Apresentação física: Desing ou desenho industrial. B) Embalagem: invólucro ou recipiente que contém o produto. È importante salientar que a embalagem vem ampliando suas funções, não deve ser mais vistas apenas o que tange transporte e armazenagem, deve ser entendida, na ótica do autor, como um importante meio de comunicação. Segundo Kotler e Armstrong (1993), a embalagem é um importante fator na expansão das vendas, onde os consumidores estão dispostos a pagar um pouco mais pela conveniência, aparência, confiabilidade e prestígio de melhores embalagens, além de claro criar no consumidor um reconhecimento da empresa ou marca. Em seus estudos sobre o mercado de frutas, Carraro e Cunha (1994), salientam que nos Estados Unidos a embalagem ajuda a vender frutas, especialmente quando os recipientes proporcionam proteção adequada ao produto e Tem etiquetas atrativas, que apresentam informações importantes sobre o produto e sua origem. 51 C) Rótulo: Identifica o produto e o fabricante, apresenta as funções de informar, promover e classificar os produtos, principalmente no eu se refere a sua origem e métodos pelos quais foi produzido. Dessa forma, Oliveira (1994), comenta que o rótulo é um importante meio para que os consumidores possam saber o país, estado, cidade em que foi produzido o produto e também qual o sistema de cultivo empregado. Ex: agricultura orgânica (Selo da AAO), formando dessa maneira uma identidade na mente do consumidor. D) Cor: fator de aceitação ou rejeição do produto. No mercado de frutas e hortaliças, por exemplo, pode-se dizer que juntamente com a consistência e tamanho a cor é o que mais influencia os consumidores na hora da compra, embora a cor não contribua para um aumento efetivo no valor nutritivo ou qualidade comestível do produto. E) Sabor e aroma: adapta o produto ao olfato e paladar do consumidor; são de critérios de escolha de um produto agroalimentar em relação a outros de maior valor para o consumidor. O sabor corresponde às sensações captadas pela língua em suas diferentes áreas, levando à percepção da doçura, acidez, adstringência ou amargor. Já o aroma é o conjunto de sensações percebidas pelo olfato, estimuladas pelas componentes voláteis que conferem as características específicas de cada produto. F) Marca: marca é o nome, termo símbolo ou desenho, ou uma combinação destes, que visa identificar os bens ou serviços de uma empresa e diferenciá-los dos concorrentes (SILVA & BATALHA, 1997) De acordo com ROCHA & CHRISTEN (1987), a marca tem função importante no processo de compra, ligada aos aspectos psicológicos ao comportamento do consumidor, sendo que o objetivo 52 final é estabelecer uma preferência e, se possível, uma lealdade ao que ela representa. É importante que se saiba conhecer as características da marca. Conforme KOTLER (2000), o nome da sua marca é a parte que pode ser verbalizada; signo ou logomarca é a parte reconhecida, mas não verbalizável de uma marca registrada é a marca sob proteção legal. Este é um elemento fundamental para produtos agroalimentares, pois os aspectos de procedência e segurança alimentar, vem sendo cada vez mais vistas como símbolos de garantia pelos consumidores finais da cadeia. Segundo ZYLBERSTAJN, et.al. (1993), o produtor pode vender seu produto para intermediários que dão a ele uma marca privada. As marcas privadas proporcionam produtos exclusivos para os intermediários, que não podem ser comprados dos concorrentes, resultando em maior tráfego nas lojas e maior lealdade por parte dos consumidores. SETTE (1999), em seus estudos sobre o consumidor de café jovens, reconheceu que uma marca de café forte e reconhecível é de muita importância para todo o agronegócio cafeeiro e que a implementação de instrumentos de marketing certamente ajudará a viabilizar o objetivo de construção de marcas regionais, que possam caracterizar uma região produtora de café com certa tradição na atividade, em relação as demais regiões. Dentro dessa visão, é de suma importância que as cooperativas rurais criem sua própria marca, criando no consumidor a sensação de que o mesmo está adquirindo um produto fruto da coletividade de 53 pequenos e médios agricultores, que estabelecem relações justas e éticas. g) imagem: percepções e sensações sobre a marca e o produto. A imagem de um produto, uma vez pronta na mente do consumidor, dificilmente pode ser alterada. h) prestação de serviços: são meios de dar mais satisfação ao consumidor. KOTLER & ARMSTRONG (1993) acrescentam que tão importante quanto a marca é o desenvolvimento de serviços de apoio ao produto que sejam desejados pelos consumidores e eficientes contra os concorrentes. O marketing, voltado aos serviços é tão importante que hoje a quem diz que não há mais fronteiras que separam produtos de serviços, por esse motivo que a pesquisa buscará retratar melhor os serviços, em um capítulo a parte, visto que as cooperativas também devem prestar serviços aos cooperados e não somente se limitam a vender o produto do cooperado. I) garantias: são promessas de que o produto atingirá os propósitos e benefícios esperados pelos consumidores 4.2.2-PREÇO Definido de maneira simples, preço é o volume de dinheiro cobrado por um produto ou serviço. De maneira mais holística, pode-se dizer que preço refere-se a soma dos valores que os consumidores trocam pelo benefício de possuir ou fazer uso de um produto ou serviço oferecido ao mercado (KOTLER & ARMSTRONG, 1993). 54 Atualmente a maiorias dos vendedores define um único preço para todos os compradores. Esta idéia surgiu com o desenvolvimento do varejo em grande escala, no final do Séc. XIX. Historicamente, os preços foram um dos principais fatores que influenciavam a escolha do consumidor em relação a um determinado produto ou serviço. O preço é o único componente de marketing que produz receita, portanto é mais uma ferramenta que o marketing utiliza para obter seus resultados. O preço deve estar de acordo com o custo de produção dos mesmos, mas principalmente com o valor que o consumidor está disposto a pagar por ele. A partir do momento em que os consumidores passam a adquirir maior poder de consumo 3e informações sobre os meios com que esse foi produzido, eles passaram a estarem mais preocupados com o valor em si e não com preço. De acordo com Engel, Blachwell e Miniard (1995), o preço certamente ainda é o componente de marketing que mais influencia o consumidor na compra da maioria dos produtos. Todavia, as cooperativas agrícolas devem se esforçar para que seus cooperados consigam atingir níveis de produtividade capaz de minimizar seus custos de produção, pois só assim será possível competir com preços mais baixos. Eis exemplos de alguns itens que podem ser avaliados: - nível de preço praticado - relação dos clientes em função dos preços; - política de desconto e promoção; - política de preço em relação a concorrência e - redução dos custos de produção. 55 Sabe-se que para se determinar um preço de um produto tem que se levar em consideração diversos fatores: custo de produção, planos políticos, tipo de economia de mercado, valor atribuído ao produto pelo consumidor, concorrência, grau de diferenciação, serviços incorporados no produto e etc. Alguns autores salientam, que por meio de certificação, qualidade, padronização, marca e outros atributos, os produtos rurais podem alcançar melhores preços, isso vai depender se os consumidores estarão dispostos a pagar por esses atributos. Para se medir uma qualidade agroalimentar, CHADDAD & SPERS (1997) apresentaram duas representações de qualidade: a primeira, de um produto de nível superior, que utiliza sinais de qualidade que o distinguem dos demais e a Segunda, associadas a qualidades intrínsecas, baseadas em critérios tecnológicos, (exemplo: café descafeinado, com sabor menta). Em decorrência dessas observações, pode-se dizer que agregar características é uma importante estratégia de diferenciação de produtos, é o que chamamos de "descomoditização", aumentando dessa maneira a renda do setor agrícola. De acordo com SETTE (2000), os preços podem ser diferenciados com base nos seguintes aspectos: - fator espaço: Onde o produto está disponível para o consumidor. - fator forma: Ligado a limpeza, padronização, classificação, embalagem e outros. - fator tempo: Em função de período de armazenamento dos produtos ou em casos de prazos para a retirada. 56 - fator cliente: Em função das exigências dos consumidores em relação ao produto. - fator concorrência: Em função dos preços estabelecidos pelos concorrentes. - fator quantidade: o preço normalmente é diferenciado, tendendo a ser mais baixo à medida que sobe a oferta do mesmo. - fator imagem: o valor da imagem pode ser conferido aos preços dos produtos. - fator formação de lotes: Em função da tipificação e classificação por lotes de produtos, o preço poderá ser diferenciado. 4.2.3-PONTO DE DISTRIBUIÇÃO Dentro do processo de marketing, quando o produto está pronto para o mercado, a próxima etapa é determinar quais os caminhos e meios a serem usados, a fim de levar o produto até o consumidor final da cadeia agrícola. Entre os fatores estratégicos importantes no sistema distributivo, segundo Cobra (1986) apresenta as seguintes questões: - se o número, o tamanho e a localização das unidades fabris atendem as necessidades do mercado-alvo; - se a localização geográfica dos mercados e os seus respectivos custos de abastecimentos são compatíveis; 57 - se a freqüência de compra dos clientes, o número e o tamanho dos pedidos justificam o esforço distributivo; - se os métodos de armazenagem e os seus custos são justificáveis com os resultados operacionais gerados; - e se os métodos de transportes adotados são os mais adequados. Com relação à decisão de localização, o responsável em marketing tem especial interesse, pois os pontos de vendas no varejo devem ser cuidadosamente localizados próximos ao maior número de clientes em potencial, devido a conveniência da compra. De acordo com ROCHA & CHRISTENSEN (1987), o tipo de distribuição física a ser adotado depende da forma como a empresa pretende ou necessita colocar seu produto ou serviço no mercado. Dentre inúmeras estratégias de distribuição, os autores citam as alternativas estratégicas para os canais de distribuição: - Distribuição direta: quando a empresa vende seu produto ao consumidor final da cadeia. - Distribuição exclusiva: Neste caso, as empresas limitam o número de distribuidores para seus produtos e serviços. - Distribuição seletiva: está política permite a empresa atingir um número razoável de canais, no entanto sem "popularizar" o seu produto. - Distribuição intensiva: é a estratégia adequada a produtos de consumo, de compra freqüente, alta rotatividade e preços médios ou baixos. 58 A localização de um ponto de venda é a chave de sua habilidade em atrair os clientes e os custos de construir ou alugar instalações tem um grande impacto nos lucros. Assim decisões de localização estão entre as mais importantes funções do marketing, principalmente, quando se trata de produtos agrícolas, onde sua qualidade depende diretamente de uma logística rápida e dentro de normas ambientais capazes de manterem os atributos físicos, químicos e biológicos o mais equilibrado possível, até o atacado e varejo. No caso de produtos agroindustriais, utiliza-se no varejo a distribuição intensiva para produtos de massa, em supermercados, hipermercados, lojas de sortimento e conveniências e exclusiva para produtos especiais em franquias, como redes " fast foods". Para AZEVEDO (1997), o setor supermercadista nacional possui uma ampla rede de lojas e um setor de distribuição em condições condizentes com as necessidades dos consumidores, onde os produtos devem se apresentar de forma diversificada, setorizados, bem acondicionados, com reposição contínua e amplo para compras. 4.2.4-COMPOSTO PROMOCIONAL Composto promocional é o processo de comunicação entre a empresa e o seu mercado consumidor, segundo a ótica de SILVA & BATALHA (1997). Sendo a propaganda e a publicidade um dos elementos mais salientes e penetrantes na sociedade moderna, cabe a empresa definir e decidir quais serão os meios de comunicação mais propícios a serem utilizados naquele cenário para um determinado tipo de produto ou serviço, que se pretende torná-lo conhecidos pelo mercado. 59 De acordo com LAS CASAS (1987), para o desenvolvimento de uma estratégia promocional, os objetivos de marketing devem ser considerados. Assim, é possível determinar o papel da promoção no plano mercadológico, pois a promoção será enfatizada em certos casos e em outros não. Os varejistas utilizam ferramentas promocionais, com a propaganda, a venda pessoal, e promoção de vendas e relações públicas, buscando favorecer e melhor influenciar o processo de compra. Para a propaganda atingir os clientes, anúncios em revistas, rádios, jornais e outros meios possibilitam alguns resultados satisfatórios, dependendo é claro do tipo de mercado que se deseja atingir. Já a venda pessoal depende inteiramente de um treinamento cuidadoso dos vendedores, permitindo aos mesmos, conhecimento de como lidar com inúmeros tipos de consumidores. As promoções de vendas podem incluir demonstrações em lojas, displayers, concursos e visitas de celebridades. As atividades de relações públicas, tais como conferencias e discursos para a imprensa, abertura de lojas, eventos especiais, boletins informativos, revistas e atividades de serviço público, estão sempre a disposição dos varejistas. (KOTLER, 2000) Dentre as principais formas de promoção estão: - Propaganda: para KOTLER & ARMSTRONG (1995), propaganda é qualquer forma paga de comunicação impessoal, iniciada por uma empresa identificada, e eu visa a estabelecer ou continuar relacionamentos de troca com os consumidores, a propaganda pode ser direcionada ao produto ou a instituição. 60 GUARNIERI (2000), em sua obra: propaganda no agribusiness, salienta a necessidade de todas as organizações dirigirem seus esforços para a propaganda desde o plantio até a mesa do consumidor final da cadeia. O agribusiness precisa do marketing para desenvolver novas técnicas de comercialização, obtendo uma maior competitividade no mercado globalizado, onde a propaganda “antes” Dentro da propriedade” e “depois” é a alma do sucesso. - Publicidade: pode ser caracterizada como estímulos pessoais para criar demanda de um produto ou unidade de negócio através de meios de comunicação como o rádio, televisão e outros meios, teoricamente com materiais não pagos pelo patrocinador.(ROCHA & CHRISTENSEN, 1987) - Promoção de vendas: é uma prática que visa resultados, vendas a curto espaço de tempo, ao contrário da propaganda. A promoção de vendas é considerada um dos principais instrumentos de promoção, decorrente de acordo com os autores, da necessidade de escoar estoques excedentes nos diversos pontos de vendas. - Merchandising: Para COBRA (1992), essa prática engloba um conjunto de operações táticas efetuadas no ponto de venda para se colocar no mercado determinado produto ou serviço certo, na quantidade demandada, no tempo correto, com o impacto visual adequado e na exposição exata, ou seja, é o cenário do produto no ponto de venda. - Relações públicas: são processos de informação, conhecimento e de educação, com fim social, iniciando-se com o caráter e o comportamento da empresa com relação aos seus públicos, e estendese ao produto, que deve ser bom, de forma a proporcionar uma base 61 duradoura de amizade com esses públicos. De acordo com COBRA (1986), esse é um segmento de promoção que deve ser explorado, pois o marketing estará cada vez mais focado no relacionamento daqueles que estabelecem as trocas, e não apenas enfocado no processo físico em si. 62 5- A GESTÃO DO MARKETING NAS COOPERATIVAS. O marketing nos últimos anos vem mudando suas características e função. Pode-se dizer que em um agribusiness competitivo e cada vez mais influenciado por forças exógenas, o marketing passa a ser a religião dos agronegócios, instigando as empresas a aprenderem mais sobre essa técnica administrativa e ainda passar a incorporar o marketing como filosofia. Para KOTLER (1993): “marketing é um processo social e gerencial pelo qual os indivíduos e grupos obtêm o que necessitam de desejam através da criação e troca de produtos e valores com outros”. RIES & TROUT (1993), afirma que marketing não é uma batalha de produtos e sim, uma batalha de percepções. É vencedora a empresa cujos produtos ou serviços são percebidos ou notados pelas pessoas. Ainda hoje há uma intensa confusão entre o termo marketing e seus instrumentos. Muitos atribuem como sinônimo de marketing, as vendas ou propagandas. Mas na verdade há uma significativa diferença entre eles. Nas vendas, preocupa-se simplesmente em troca um produto ou serviço por outro, na maioria das vezes dinheiro. Já o marketing se preocupa, em primeiro lugar, com a satisfação das necessidades das pessoas através do processo de troca, sendo o lucro conseqüência de sua aplicabilidade. Pela sua própria características, as cooperativas sempre buscaram satisfazer as necessidades e desejos dos seus cooperados, sendo fortemente orientadas para a produção e pouco direcionada para acompanhar a dinâmica do mercado. 63 O marketing é entendido e praticado no Brasil há quatro décadas, porém ainda não totalmente adotado, indo apenas um pouco além da prática do composto promocional. A sociedade brasileira, assim como qualquer outra do globo terrestre, respira e alimenta-se de marketing, conscientemente ou não. E por isso é necessário compreender o significado e a importância do marketing como desencadeador do processo de desenvolvimento econômico e social.(COBRA, 1997) Conforme WAACK & MACHADO (1999), a gestão de marketing das cooperativas está relegada a um plano inferior, e a atividade de marketing é na prática apenas a atividade de comercialização da produção. Dependendo da natureza do mercado em que a empresa atua tal fato pode Ter maiores implicações. Na medida em que a empresa cooperativa busca a verticalização de suas atividades, através de industrialização e distribuição de produtos ao varejo a complexidade da atividade de marketing aumenta. Para PINAZZA e ARAÚJO (1993), a aplicação das tecnologias do marketing nas cooperativas agropecuárias tem importância decisiva para o desenvolvimento e para a adição de valor no sistema agroindustrial, especialmente na criação das utilidades de tempo, lugar, forma, troca e posse. De acordo com MEGIDO e XAVIER (1993) o marketing é um instrumento valioso para responder, com eficiência e eficácia, às tendências percebidas de mudanças nos negócios agropecuários, a exemplo da ênfase maior nos produtos com elevado valor agregado, na correta e rápida avaliação dos nichos de mercado, na demanda dos consumidores por produtos mais nutritivos, mais saudáveis e com mais serviços. 64 Segundo PINHO et al. (1997) a presença efetiva das cooperativas agropecuárias na cadeia do agribusiness brasileiro exige um foco estratégico sobre produto, mercado, distribuição e promoção. Os produtos agrícolas, mesmos os considerados como commodities, devem ser vistos além do seu aspecto físico ou puramente material. No seu desenvolvimento e comercialização, as cooperativas agropecuárias devem, agora, considerar as possibilidades de agregar valor por meio de componentes básicos, tais como qualidade, marca e embalagem. O produto agropecuário deve apresentar um nível de qualidade que corresponda às exigências do consumidor em termos de desempenho, características, confiabilidade, praticidade e durabilidade, esta última de grande importância no segmento de alimentos. A percepção de qualidade, associada a um produto, influencia, decisivamente, as decisões de compra e a fidelidade do consumidor, além de possibilitar que a cooperativa pratique preços distintos e promova a extensão da marca. A marca é a identidade do produto; é ela quem determina a imagem que as pessoas têm dele, podendo exercer influência no comportamento, nas preferências e nos hábitos de compra do consumidor. Assim, a criação de uma marca pode constituirse em uma referência para o consumidor e transformá-la em sinônimo de qualidade para o produto. MEGIDO & XAVIER (1997) Os produtos podem receber o nome da própria cooperativa como marca nominal, que exprime, assim, uma noção clara do que se pode esperar em termos de preço, qualidade e outros benefícios. Conforme KOTLER (1997) as funções da marca são: identificar o produto ou serviço, facilitar o processo de contabilidade, fornecer uma proteção legal, garantir lealdade e lucratividade e fortalecer a imagem da empresa. 65 Ainda pode ser vantajoso explorar nas marcas a procedência do produto, especialmente no caso de a cidade, região ou estado permitirem associações muito fortes, a exemplo de Minas Gerais com o conhecido “queijo-de-minas”. Assim como nesta região, muitas outras podem trazer conotações fortes com determinados produtos, materiais ou capacidades. Nos Estados Unidos, as cooperativas e associações de produtores rurais investem em marketing cerca de US$ 100 milhões anuais, tendo como propósitos, posicionar produtos, desenvolver marcas regionais, educar o consumidor em novos usos, canais de distribuição, pesquisa de mercado, e outras atividades importantes para o bom gerenciamento de marketing7. Outro exemplo típico são as associações e cooperativas de café da Colômbia que exploram de maneira eficiente os compostos de marketing, possibilitando a sobrevivência e expansão da agricultura familliar, visto que mais de 90% do café colombiano é oriundo das pequenas empresas rurais. A embalagem reveste-se de uma importância especial, pois torna visíveis as características do produto e produz impactos significativos no preço, na funcionalidade e no destino final do produto. No parecer de NEVES (2000) tem que ter em mente a função que se deseja da embalagem para o produto, os materiais que serão usados, o formato, a cor, testes com consumidores, para ver a aprovação, com distribuidores, para também avaliar aprovação e possibilidades de manuseio e resistência. Pode-se dizer que hoje as embalagens não só são meios para armazenar e conservar as propriedades dos produtos agrícolas, mas principalmente um forte veículo de comunicação, indispensável ao posicionamento dos produtos no mercado. 7 Dados extraídos da obra Marketing & agribusiness, de José Luis TejonMegido e Coriolano Xavier (Atlas, 3,ed:1998) 66 Em face de um mercado altamente competitivo, as cooperativas agropecuárias precisam conhecer melhor os gostos e as necessidades do consumidor, pois não adianta fazer um bom produto, se não houver comprador para este. Estar em sintonia com o consumidor permite, eventualmente, detectar novos nichos de mercado ainda não explorados, trazendo vantagem competitiva para a cooperativa. JANK & NASSAR (2000) salientam que a competitividade no agribusiness reflete na adequação de todos os recursos, dando a empresa uma capacidade de sobreviver e prosperar nos mercados correntes ou em novos mercados. Referente às ideologias apresentadas anteriormente, fica claro que a conquista de mercado tem a competitividade como requisito básico. Na busca desta, a pesquisa de mercado, o apoio econômico ao cooperado na produção, as integrações e as alianças estratégicas são mecanismos que, certamente, irão proporcionar vantagens na abertura de novos mercados ou garantia de manutenção daqueles já existentes. A intensidade, o número e a natureza dos canais intermediários dão origem a diferentes formas de distribuição, sendo mais empregadas a distribuição intensiva, para os produtos de massa com presença em super e hipermercados, e a distribuição exclusiva, nas redes de fast food que operam por franquia. A definição dos canais de distribuição é fator primordial para a venda, pois eles são facilitadores da comercialização dos produtos. Atualmente, com a proliferação de segmentos e de alternativas de canais, as cooperativas agropecuárias precisam estar atentas à definição correta dos meios a serem utilizados, considerando-os de acordo com critérios econômicos, de controle e adaptação, bem como 67 identificar e avaliar formas alternativas de atingir o seu mercado. Para ROSEMBLOON (1999) a variável distribuição engloba o componente de estratégias de canais e de gestão logística. A estratégia de canais é um componente bem mais amplo, uma vez que é todo o processo de estabelecer e operar uma organização contratual que é responsável por atingir os objetivos da empresa de fazer com que seus produtos cheguem até o consumidor. A promoção é desenvolvida por meio de todas as suas ferramentas – propaganda, publicidade, promoção de vendas, relações públicas, merchandising, venda pessoal, ou por determinado mix, que atua, de forme integrada, na viabilização adequada da comunicação da cooperativa com seus diferentes públicos. Segundo SETTE (2000), as forças de vendas de uma empresa tem um custo elevado e exigem um efetivo gerenciamento. Para isto, o empresário deve ter objetivos claros, e um planejamento bem feito nas etapas, tamanho e estrutura da força de vendas. O processo da comunicação mercadológica envolve pleno planejamento das atividades promocionais, que exige preparação anterior para a conscientização dos cooperados, e vai até a definição da melhor forma de se comunicar com o mercado. Entre outros objetivos, as cooperativas agropecuárias devem considerar o ferramental de comunicação para promover, de maneira ampla, o conhecimento de seus produtos e estimular a preferência do consumidor por estes e pelas marcas. Conforme KOTLER (1993), a comunicação é fundamental no marketing. A comunicação deve ser bem planejada, contendo o conteúdo e estrutura e uma forma forte de comunicação da mensagem. 68 Mesmo no caso da escassez de recursos econômicos e materiais, é possível realizar, de maneira criativa, o mix de comunicação e adotar atitudes inovadoras de promoção dos produtos e marcas. Segundo WAACK & MACHADO (1999) as cooperativas devem visar essencialmente a implementação de um sistema de informação, a interligação das oportunidades de mercado com a atividade de produção, finalmente a definição de estratégias e crescimento, que darão suporte à implementação de um plano de marketing. Para PINAZZA & ARAÚJO (1993), a aplicação da tecnologia do marketing nas cooperativas agropecuárias tem importância decisiva para o desenvolvimento e para a adição de valor no sistema agroindustrial, especialmente na criação das utilidades de tempo, lugar, forma, troca e posse. De acordo com MEGIDO & XAVIER (1998) o marketing é um instrumento valioso para responder, com eficiência e eficácia às tendências percebidas de mudança nos negócios agropecuários, a exemplo da ênfase maior nos produtos com elevado valor agregado, na correta e rápida avaliação dos núcleos do mercado, na demanda dos consumidores por produtos mais nutritivos, saudáveis e com mais serviços. 69 6- CANAL DE DISTRIBUIÇÃO NA CADEIA AGRÍCOLA A partir de 1970, o Brasil passa a introduzir na agricultura os “pacotes tecnológicos”, impactando na alteração do mix de produtos e processos produtivos. Tal mecanismo possibilitou a elevação das escalas de operação das principais atividades agropecuárias, notadamente as voltadas à exportação.Essa fase ficou caracterizada pela forte relação entre o setor rural e industrial, onde as etapas de produção como: produção de semente, armazenamento, processamento, distribuição, comercialização, divulgação e outras atividades antes praticadas dentro das unidades de produção, após a Revolução Rural, passaram a ser realizadas por outras empresas, estabelecendo assim o que chamamos de Complexo agroindustrial. A grande fase de crescimento e modernização da base técnica-científica da agricultura brasileira se estendeu até a década de 80, até então, impulsionada pelo governo via subsídios, crédito rural e outros mecanismos de fomento. No entanto, a crise econômica enfrentada pelo país na primeira metade dos anos 80 mudou o cenário do setor agrícola, o crédito fácil e os abundantes recursos são reduzidos, é o início da crise do setor e o nascimento da agricultura mais profissionalizada. Nesse contexto de crise grandes partes dos agricultores abandonaram suas atividades e a outra parte buscaram a profissionalização, principalmente no que diz a maneira de administrar a agricultura sob a ótica de cadeia, entendendo que as empresas rurais deveriam ter a mesma dinâmica e comportamento gerencial dos demais setores da economia. Neste cenário de plena expansão e profissionalização das empresas rurais capitalistas, a distribuição física dos produtos e os fluxos de informações propagados entre os setores que compõe o CAI, estão sendo vistas como as decisões estratégicas mais importantes no marketing. Neste capítulo procurar-se-á discorrer sobre essa quarta vertente do composto de marketing, a final de contas a 70 tarefa dos canais de distribuição é em projetar sistemas de distribuição física que miniminizem o preço final do produto e atendam as necessidades dos consumidores na forma e hora certa. Planejar as operações dos canais de distribuição e fluxos de informações é de fundamental passa a ser um dos quesitos de extrema importância para todos os agentes da cadeia de produção, pois é com a sincronização entre os setores montante, unidades de produção e jusante que se poderá atender, de maneira eficiente as necessidades dos consumidores finais, diminuindo os custos gerados pela distribuição e mantendo os atributos qualitativo do produto além é claro de reduzir o tempo gasto desde a colheita até a disposição do produto final na mesa do consumidor final. O próprio ajustamento do setor agroindustrial brasileiro, frente ao processo de integração de mercado tem impactado na mudança estratégica de produção e distribuição, visando a melhoria da capacidade competitiva. Tais preocupações são reflexos da crescente preocupação com a qualidade, composição e agregação de valor do mix de produtos, mudanças dos hábitos alimentares dos consumidores e também da própria dinâmica do mercado concorrencial. Sendo assim, os canais e a logística de distribuição assumem papéis relevantes frente ao planejamento da produção. Para ALVES (2001), todas essas mudanças ocorridas no agronegócio têm forçado todos os atores da cadeia agrícola a prestarem mais atenção à redução do custo unitário de produção e de distribuição. A competitividade no segmento agroindustrial dependerá cada vez mais de investimentos, não apenas em suas operações produtivas, como também em iniciativas para sua inserção na cadeia de suprimentos (Supply Chain) ao mercado.O sistema de distribuição de produto deve ser realizado por três setores ; 71 - a montante, o fornecimento de insumos (defensivos, adubos, assistência técnica, máquinas, implementos e outros), na verdade é a chamada logística de entrada, responsável pelo fornecimento de produtivos e serviços à cadeia; - logística interna, de apoio a produção; - a jusante, a distribuição dos produtos para fora do sistema ou logística de saída, referente às operações e comunicações com os agentes dos canais de distribuição. O princípio básico da cadeia de suprimento é de assegurar maior visibilidade dos eventos relacionados à satisfação da demanda. A sincronização da cadeia de suprimento acaba sendo o grande desafio para o setor do agronegócio, pois as características dos produtos agrícolas, a baixa eficiência nas operações logísticas e a escassez de informações sobre as reais necessidades do mercado, acabam gerando uma baixa capacidade de nossos produtos agrícolas em competir, principalmente no comércio externo, como no caso das commodities: soja, milho, algodão e outras. O conceito de gestão de cadeia de suprimento prevê a integração das áreas de suprimento, apoio a produção e distribuição física de uma empresa com seus parceiros de negócios a montante e jusante. Por meio de transporte, processamento de pedidos e gestão de estoque, busca maximizar o desempenho logístico ao menor custo total. Cabe também ressaltar que o setor agroindustrial não depende apenas de investimentos na produção, é necessário que haja planejamento frente à cadeia de abastecimento ao mercado. As pesquisas agrícolas vem solucionando grande parte da problemática referente à produtividade, dessa forma, o desafio reside numa maior ênfase em tecnologias de pós-colheita e de processamento, em fatores que afetam os tempos e os custos de transporte e armazenamento e em serviços de apoio que agilizem a movimentação física dos produtos e o acesso a informações referentes aos negócios 72 De acordo com BATALHA (1997), o sistema logístico possibilita uma melhor integração entre fluxo físico e de informações, responsáveis pela movimentação de materiais e produtos, desde a previsão das necessidades para suprimento de matéria-prima e componentes, passando pelo planejamento da produção e conseqüente programação de fornecimento aos canais de distribuição para o mercado consumidor. Basicamente, a meta estratégica da logística é a melhoria na movimentação e armazenagem de materiais e produtos, através da integração das operações necessárias entre as áreas de suprimento, produção e distribuição física. FIGURA 6. COMPRIMENTO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO. CANAL DIRETO PRODUTOR CONSUMIDOR CANAL INDIRETO CURTO PRODUTOR VAREJISTA CONSUMIDOR CANAL INDIRETO LONGO PRODUTOR ATACADISTA VAREJISTA CONSUMIDOR Fonte: BATALHA (1997) 73 Sendo assim, é relevante que haja conhecimento frente à cadeia em que se está atuando. Uma cadeia é representada por agentes ligados por elos. Desde de os produtores de matérias-primas e produtos processados industrialmente, intermediários comerciais do atacado e varejo até o consumidor final. Conforme IMAM (1996), as rotas que o produto toma até chegar às mãos dos consumidores finais são denominadas canais. Dessa forma, cabe ao gestor o planejamento e a operação logística mais adequada à sua estrutura produtiva. As atividades desenvolvidas em um canal são inseridas em três categorias: 1. Atividades referentes às mudanças de propriedades (negociação, compra e fornecimento) ; 2. Atividades referentes ao fornecimento do produto (transporte e armazenagem); 3. Atividades que facilitam a movimentação (coleta e disseminação de informações). Para Stern et al. (1996) canais são “um conjunto de organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço da empresa disponível para consumo ou uso”. São as organizações envolvidas no fluxo das commodities brasileiras até o destino final, ou consumidor final (tradings, atacados, centrais de compras, varejos, setor de serviços de alimentação, entre outros). Ou seja, é a parte do sistema agroalimentar (Sag) entre a empresa analisada (fazenda, agroindústria ou outra) e o consumidor final De acordo com a citação de NEVES (2002), o planejamento e controle dos canais de distribuição propiciam uma série de vantagens às empresas que integram o CAI, entre essas estão: - Intermediários surgem nas de trocas de commodities pois podem aumentar a eficiência do processo, trazendo um menor número de transações internacionais. 74 - Intermediários aparecem para ajustar as discrepâncias, principalmente através de padronização da oferta, acumulação de diversas ofertas de diversas fontes de um mesmo produto em um lote, alocação de grandes lotes em lotes menores e até individuais e, finalmente, juntando produtos diferentes para venda. ·- Tornam os produtos mais disponíveis. ·- Contato com consumidores, que acontece antes, durante e após as vendas; - Especialização em atividades. Cada agente tenta desempenhar a sua atividade central. Os canais, mormente são compostos por cadeias de organizações intermediárias (com exceção do fornecedor inicial e do cliente final). O papel do intermediário, dessa forma, é empreender uma série de atividades que possibilitem a movimentação do produto até o cliente final ou facilitem tal processo. Nas intermediações comerciais, como atacadistas, varejistas e corretores a remuneração é com freqüência realizada via margens frente ao montante do produto vendido. Nas intermediações não comerciais, como empresas de distribuição, o pagamento é referente aos serviços prestados. Sendo assim, para que haja um adequado planejamento da produção, o gestor deve traçar questões básicas em três esferas: 1. Produto – tipo e características, variedade, volume tamanho e granel; 2.Clientes – tipos de clientes, localização, demandas do produto, necessidades de serviços e freqüência de pedido; 3. Fontes - localização, restrição por capacidade por local e produto, custos associados ao produto, restrições no investimento de inventário, necessidades de serviços ao cliente, restrições operacionais, legais e técnicas e fluxos de transporte. 75 Conforme BATALHA, (1997) a presença de intermediários pode ter efeitos positivos na cadeia agrolimentar quando possibilita a redução dos custos comerciais, regulação do fluxo de demanda dos produtos propiciando ganhos de produtividade ao sistema. Do mesmo modo, os intermediários também podem influir negativamente na cadeia produtiva, quando não agregam valor ao produto e/ou praticam margens muitos elevadas em função do serviço prestado. Seguindo esse raciocínio, as cooperativas rurais acabam assumindo um papel importante, pois ela pode criar um canal de distribuição mais direta eliminando assim o grande número de intermediários que repassam os produtos agrícolas para as redes de atacado e varejo sem agregarem nenhum valor ao produto. Dessa forma, é necessário que haja identificação dos aspectos referentes ao comportamento do setor fornecedor de insumos, e também, frente a distribuição, propriamente dita, a comercialização. Na realidade, o gerenciamento das cooperativas rurais, exige uma postura mais estratégica com relações aos processos logísticos, criando a necessidade de se ter maior conhecimento dos mercados, os canais de distribuição, as tendências futuras e as perspectivas do plano Mestre de Produção (PMP), entendendo este último como um processo onde a empresas alteram seus processos de produção com o propósito de conseguirem de maneira mais sincronizada possível, gerenciar seus estoques, cuidando da armazenagem, manusear seus produtos, transporte e entregas, no tempo devido e também receber insumos, máquinas, serviços e outros suprimentos de acordo com a demanda de seus processos produtivos. A gestão logística cuida da movimentação geral do produto em toda sua cadeia: suprimento, apoio à produção e distribuição física. Com a complexidade de relacionamento e a falta de maior integração de cadeia, cada vez maior entre os setores do agribusiness, a distancia entre as unidades de produção agrícola e a mesa do consumidor final acaba aumentando de forma significativa. Assim a logística passa a ter um importante papel quanto a: tempo, custo e espaço, a fim de evitar as rupturas de suprimento de diferentes produtos nos pontos-de-venda, 76 assim como o de evitar o excesso de produto nos agentes de toda a cadeia de suprimento. Segundo ALVES (2001), para se ter sucesso nas operações logísticas na cadeia de produção agrícola, são necessários dois quesitos: tecnologias nos processos operacionais, produtivos, logísticos informação e comunicação e criar uma maior associação entre os agentes que participam dos canais de distribuição. As cooperativas em sua grande maioria, até apresentam tecnologia o suficiente para planejar e controlar seus canais de distribuição, todavia pecam na ineficiência gerencial e na baixa integração com os demais setores do agribusiness. FLUXO FÍSICO FORNECEDORES Suprimento Aquisição de materiais Apoio à produção Distribuição Física Canal de distribuição Clientes Transações comerciais FLUXO DE INFORMAÇÕES Figura 7: Sistema Logístico. Fonte: Alves, M.R (2001: 172) O fluxo logístico, conforme a figura acima, nos mostra que apresenta duas dimensões: - Fluxo de Informações: responsáveis pela captação, análise e dissipação de toda e qualquer informação proveniente do ambiente endógeno e exógeno da cadeia agrícola para o controle sobre os materiais e processos de fabricação, além de interagir com os fluxos físico e financeiro e dados comerciais sobre os produtos e seus respectivos mercados.Enquanto o marketing tem como premissa criar e 77 desenvolver mercados, por meio de seus canais de distribuição, os fluxos de informações nos canais logísticos, propiciam uma maior aproximação com os consumidores, através de centrais de atendimento, comércio eletrônico (Ecommerce) e outras técnicas, visando sempre satisfazer os clientes. - Fluxo Físico: como o próprio nome menciona consiste na translocação e armazenagem dos produtos ou serviços levados aos clientes ou aos intermediários. O fluxo físico vai normalmente em direção aos clientes e, ocasionalmente, tem sua direção invertida, quando, então, trata-se da logística reversa. Entende-se por logística reversa às ações necessárias para atender a insatisfação dos clientes por produtos recebidos fora dos padrões requeridos CAIXETA (2000), salienta em sua obra: “Sistemas de transporte e logística”, que um dos grandes entraves pra a competitividade no setor agrícola nacional está justamente no suporte logístico, que muitas vezes não consegue acompanhar o dinamismo do novo arranjo espacial da cadeia agrícola. Pode-se destacar que a grande dependência do transporte rodoviário pra o escoamento dos produtos agrícolas brasileiros, associado a ma conservação de estradas e o elevado preço do petróleo, contribuem de forma significativa para o elevado preço de muitos de nossos produtos. A modalidade de transporte rodoviário, durante as décadas de 80 e 90, vem sendo responsável por algo em torno de 60% do transporte de carga no Brasil, contra 20% do sistema ferroviário e outros 15% do sistema hidroviário, conforme os dados publicados em 1998 pela Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (Geipot). Essa predominância, dependência do sistema rodoviário pode ser explicada pela falta de estrutura de outros meios de transporte enfrentam para atenderem os aumentos de demanda em áreas mais afastadas, as quais não apresentam ferrovias e hidrovias. 78 Como se não bastasse a falta de alternativas para escoar a produção agrícola, grande parte dos atores sociais do CAI, apresentam-se deficientes no que diz respeito às condições ideais de armazenamento e transporte, acarretando na maioria das vezes na perda das propriedades qualitativas dos alimentos, que acabam chegando nos pontos-de-vendas e são descartados. Há estudos que mostram a grande perda de alimentos no transporte, por falta de condicionamento adequado do produto (embalagem) e a manutenção das condições ambientais exigidas por alguns produtos (Ex: leite e seus derivados, necessidade de refrigeração). De acordo com LIMA (2000), em sua citação sobre os transportes de frutas e hortaliças, salienta que a qualidade dos produtos em trânsito não pode ser melhorada após a colheita, e portanto, o transporte de produtos de má qualidade ou maturidade inadequada, será prejudicado por uma comercialização deficiente. A etapa mais difícil no sistema de transporte é a medida do produto no tempo da colheita e uma determinação objetiva de como o mesmo irá responder às condições de trânsito. Os métodos usuais para determinar a qualidade são subjetivos e fornecem apenas uma estimativa. São feitas medições de textura, acidez total, sólidos solúveis, volume de suco, além das características perceptíveis como injúrias físicas, coloração, aparência, odor e etc. Para podermos selecionar o meio de transporte mais adequado, devemos considerar os seguintes fatores: - tempo e distância dos mercados; - tipo, variedade e condição do produto; - tratamentos antes do transporte; - escolha correta da embalagem facilitando o transporte e conservando as propriedades dos alimentos; - métodos de transporte; 79 - condições ambientais de transito, procurar transportar os produtos de maior perecividade nas horas mais frias do dia; - distribuição; - viabilidade econômica, custo do transporte e - preço do produto. Para que a distribuição se possa racionalizar em grau correspondente, mantendo a qualidade dos alimentos durante o transporte e armazenagem, exigem-se sistemas racionais de empacotamento, bem como, embalagens que evitem a deterioração dos produtos. Mesmo com os cuidados exigidos, durante a distribuição e estocagem as alterações químicas e bacteriológicas continuam a ocorrer nos alimentos frescos, o que faz diminuir ainda mais o valor nutritivo e a qualidade dos mesmos. Nos países em vias de desenvolvimento onde as redes de distribuição são deficientes, a falta de higiene e refrigeração originam grandes prejuízos. A transferência em grande escala de produtos agropecuários para as cidades dá-se através dos meios de transporte dos próprios produtores, comprometendo a qualidade final do produto nas gôndolas das redes de atacado e varejo. Torna-se evidente que também nesta fase se necessita de uma tecnologia que torne possível a transformação de produtos frescos em produtos frescos de longa duração. Quanto mais sensível for o produto mais próximo da cidade deverá ser produzido ou transportado de forma correta. As bebidas frescas como o leite, sumo e outros alimentos líquidos, podem ser transportados a longas distâncias graças ao tratamento UHT e ao enchimento asséptico. A maior parte da produção de legumes frescos tem lugar perto das cidades, excluindo a distribuição considerada de luxo, como por exemplo, de avião, das regiões do Sul-Sudeste para o Norte-Nordeste. Os preços dos legumes aumentam com frete durante o percurso entre o produtor e o consumidor, apesar de não serem produtos beneficiados. 80 De qualquer modo, o percurso torna-se sempre demasiado longo para produtos como os vegetais fáceis de deteriorar. A distribuição de alimentos sofisticados no mundo ocidental é muitas vezes evidenciada pelo fato de absorver uma parte exagerada do preço global do produto.O fornecimento normal dos produtos quotidiano também exige custos igualmente elevados para a produção, armazenagem e distribuição. As embalagens dos produtos quotidianos constituem na maioria das vezes uma parcela positiva nos cálculos, uma vez que evitam perdas devido à degeneração da qualidade dos alimentos, e diminuem as despesas de manipulação durante a distribuição. Os cuidados constituem muitas vezes uma condição para que em especial certos alimentos sensíveis cheguem na hora certa e com condições mais adequadas, em bom estado a mesa do consumidor. 81 7- MARKETING NA ERA DOS SERVIÇOS Os serviços vêm dominando e alterando a economia global, pode-se dizer que o setor terciário da economia cresce o dobro, comparado com o setor industrial. Cada vez mais o serviço se torna preponderante nas atividades de marketing. A fronteira entre produto e serviço está desaparecendo. A cooperativa é um tipo de empresa que tem uma dupla missão, por um lado ela tem que prestar serviços de qualidade a todos os seus cooperados, como se não bastasse , tem que acompanhar as mudanças dos mercados e posicionar de maneira eficiente seus produtos para atender as necessidades e exigências do consumidor final da cadeia agroindustrial. Serviço para KOTLER (2000), é toda atividade ou benefício, essencialmente intangível, que em parte pode oferecer a outra e que não resulte na posse de algum bem. A prestação de um serviço pode ou não estar ligada a um produto físico. Uma empresa deve examinar quatro características antes de elaborar estratégia de serviço: intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade. Segundo SEMENIK & BAMOSSY (1995), marketing de serviços é um instrumento administrativo que tem como princípio a troca de atividades, benefícios ou satisfações colocados a venda , onde não existe nenhuma troca de bens tangíveis que envolva uma transferência de propriedade. Como os serviços diferem dos produtos, não se pode generalizar a aplicabilidade dos instrumentos de marketing, pois produtos e serviços exigem abordagens de marketing específicas. 82 Segundo KOTLER (op.cit.), o marketing de serviços exige mais do que apenas o marketing tradicional externo dos 4 "pês" (price, promotion, place e product). O marketing voltado a serviços requer: qualidade interna de serviços, empregados satisfeitos e produtivos, maior valor de serviço, consumidores satisfeitos e leais. O desenvolvimento e gerenciamento de serviços são tão importantes para o prestador de serviços quanto o desenvolvimento gerenciamento de produto são para o fabricante de produtos. Desenvolvimento de serviço significa mudar a oferta atual de serviço pela eliminação, modificação ou inovação. Gerenciamento de serviço refere-se às atividades cotidianas necessárias para assegurar que o serviço atinja os objetivos estabelecidos pela gerência, relativos à penetração de mercado-alvo, à geração de receita e à rentabilidade. SEMENIK & BAMOSSY (op.cit.) Os serviços oferecidos pela cooperativa, geralmente deixam a desejar em termos de qualidade e muitas vezes apresentam custos elevados. Para GRACIOSO(1999), muitas empresas prestadoras de serviços ainda não aprenderam a fazer um bom marketing de serviços, que em sua essência é um marketing de relacionamento. O marketing de serviços vende confiança, pois o cooperado e consumidor não vêm o que estão adquirindo. Segundo PEÇANHA & MENEZES (1999), a prática de marketing de relacionamento exigirá uma permanente preocupação com a reputação da empresa, a flexibilidade nas negociações, o cuidado com os aspectos financeiros envolvidos nas negociações, o mix de serviços oferecidos e a prática sistemática do marketing direto apoiado em um eficiente database. 83 Atualmente, com o diferencial competitivo das empresas sendo reduzidos, o marketing de relacionamento, em especial naquilo que se refere a produtos, passou a representar um novo campo para formulação das estratégias. A evolução do varejo brasileiro tem se destacando nas ultimas décadas, segundo SILVEIRA (1997), as estratégias para um cadeia varejista deve levar em conta: economia de escala, mix de produto, localização, fixação de preço, mix de serviços, franquias e extensão para outros setores. Para DUNCAN (1971: 65), mix de serviços no varejo: " é um conjunto de atividades e programas adotados pelos varejistas para tornar a experiência de compra mais conveniente e recompensadora para seus clientes. Estas atividades aumentam o valor percebido pelos clientes quando eles escolhem e compram mercadorias". Sob o aspecto de excelência em qualidade e eficiência de posicionamento, segundo ALBRECHT (1992), um serviço competitivo é aquele que apresenta um nível de qualidade elevado, comparado a seus concorrentes, permitindo cobrar um preço mais alto pelo serviço oferecido, conquistar uma participação do mercado acima do que seria natural, e/ou obter uma margem de lucro maior do que a de seus concorrentes. Segundo ZEITHAMEL, et.al. (1990), há diferenças entre qualidade percebida e qualidade oferecida de serviços. As características que permitem mensurar a qualidade de um serviço são: acesso, comunicação, competência, cortesia, credibilidade, confiabilidade, rapidez de resposta, segurança, indicadores visíveis e compreensão do cliente. 84 MCGOLDRICK (1990) ressalta que diversos estudos demonstram que há muitas razões para acreditar que o incremento dos serviços vem se tornando uma importante área de diferenciação e competitividade entre as empresas. A quantidade e variedade de tipos de serviços que uma empresa pode adotar vão variar muito em função da interatividade entre os membros da organização e da criatividade de todos. As cooperativas rurais se mostram pouco criativas, onde há uma significativa distancia entre os cooperados, os gestores e os consumidores. Sob o ponto de vista de JEFFERY (1997), para se desenvolver uma estratégia voltada a serviços com sucesso é indispensável três fatores: contratar pessoas adequadas, treinar os funcionários e motivar todos os agentes envolvidos na prestação de serviços. WHITELEY (1996), propõe cinco estratégias para criar vantagem competitiva através da administração de serviços: - Passar de uma crise de identidade para um foco de alta precisão - Não se limite a apenas a ouvir a voz do cliente - Converter a equipemania em colaboração universal - Transformar a satisfação do cliente em entusiasmo duradouro - Transformar liderança facilitadora para a liderança por contato Fica claro com as citações que a era do serviço chegou para ficar e que as organizações, sejam elas rurais ou não, devem implementar uma gestão que não só enfoque a atenção e recursos no produto, mas também agregue valores e desenvolva o mix de serviços de maneira estratégica. As cooperativas devem procurar um método de 85 gestão que integre cooperados, gestores, atacado e varejo, e finalmente o consumidor final da cadeia agroindustrial, com o intuito de satisfazer da melhor maneira possível às necessidades e desejos de uma sociedade pós-industrial, na qual os serviços assumirão o papel de locomotiva da economia. Em vista disso, consta no anexo dessa obra, um questionário dirigido aos cooperados que tem como intuito averiguar o grau de satisfação dos cooperados em relação aos serviços de marketing e comercialização prestados pela cooperativa. 86 8- ESTRATÉGIAS DE MARKETING Em ambientes cada vez mais mutáveis, se adaptar não é suficiente. È necessário se prepara para o futuro, influenciar com ações no setor de amanha. A capacidade de previsão do futuro do setor ajuda os gerentes a definirem os benefícios que os consumidores irão querer. Com o propósito de acompanhar a evolução dos mercados globais e dinâmicos, surge o termo estratégia. O termo estratégia surgiu e foi utilizado inicialmente em combates, nas guerras e batalhas, mais recentemente, tem sido utilizado no meio empresarial e na administração das organizações e marketing. Na visão de CAMPOMAR & IKEDA (1994), a estratégia de marketing pode ser definida como um conjunto de regras e políticas que orientam, no decorrer do tempo, o esforço de marketing da organização, emergindo da utilização combinada das variáveis de decisão. O marketing estratégico, segundo TOLEDO (1994) figura como uma função orientadora da empresa, para o aproveitamento de oportunidades em consonância com os seus recursos, conhecimento e rentabilidade em longo prazo. Este capítulo buscará salientar a importância da administração estratégica para o aumento da competição das cooperativas rurais diante do Complexo Agroindustrial globalizado, cercado de profundas e perenes mudanças políticas, econômicas, ecológicas e culturais, exigindo das empresas um maior grau de flexibilidade e adaptação. A administração estratégica nas cooperativas propicia a adoção de procedimentos capazes de anteciparem-se às mudanças, ou ao menos serem capazes de maximizar as oportunidades e diluir os riscos oferecidos pelo ambiente, em outras palavras o conceito de estratégia nasce da necessidade de realizar objetivos em situações de 87 concorrência, com base na idéia de que o alcance de um objetivo frustra o da firma rival e vice-versa. Propor estratégias mercadológicas que realmente aumentem o consumo de um determinado produto não é tarefa fácil. Hoje, em função da rapidez com que ocorrem as mudanças, todos os marcados devem ser tratados como emergentes. Para MCKENNA (1993), marketing é uma questão de criar mercados, não de participar de mercados, o que exige das organizações um pensamento holístico, estar sempre inovando e percebendo as mudanças mercadológicas. Segundo HAMEL & PRAHALAD (1995), as empresas do mesmo setor devem desenvolver uma estratégia coletiva que exige que os gestores adotem uma postura mais cooperativa e menos competitiva em relação aos seus pares. A competição deve acontecer mais entre os setores do que entre as organizações. As organizações do agribusiness devem definir suas estratégias competitivas e funcionais dentro de uma análise de cadeia, estabelecendo uma importante relação com os fornecedores e consumidores finais, a esse processo demos o nome de Suply Chain Management (SCM). Para PORTER (1980), esse tipo de gerenciamento holístico e integrado assume uma importante mudança no paradigma competitivo, na medida em que considera que a competição no mercado ocorre, de fato, no nível das cadeias produtivas e não apenas no nível das unidades de negócio. Fazendo um paralelo da obra: Administração estratégica, de WRIGHT,P; KROLL,M.J & PARNELL (2000), com os conhecimentos do autor sobre agribusiness, pode-se dizer que a obra tem como propósito enfatizar a importância da administração estratégica nos 88 vários campos de atuação: marketing, finanças, contabilidade, gestão de pessoas e outras área, permitindo com que as organizações se adaptem a um ambiente cada vez mais instável e influente em qualquer processo de decisão administrativa. Diante desse contexto as cooperativas passam a ter que deixarem suas visões administrativas de curto prazo (tática) para aderirem a um gerenciamento capaz de diminuir as ameaças e maximizar as oportunidades que surgem em busca de futuros objetivos dos cooperados. O processo formal de se estabelecer um planejamento estratégico, parece a primeira vista um processo simples, todavia esse processo se mostra cada vez mais complexo exigindo dos administradores um conhecimento maior das etapas desse processo. Essas etapas são: 1- Formulação de objetivos 2- Identificação das metas e estratégias atuais. 3- Análise ambiental 4- Análise dos recursos da empresa 5- Identificação de oportunidades estratégicas e ameaças 6-Determinação do grau de mudança estratégica necessária 7- Tomada de decisão estratégica 8- Implementação da estratégia selecionada 9- Controle da estratégia. A gestão estratégica no marketing dentro do enfoque de agronegócio vem gerando a empresa rural e aos demais setores da cadeia, uma maior capacidade para avaliar o ambiente em que operam as organizações de seu ramo, acompanhar os consumidores e estar mudando continuamente, posturas, produtos e serviços se tornam cada vez mais a chave de um sucesso estratégico. 89 MODELO DE ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS OPORTUNIDADES AMEAÇAS MACROAMBIENTE AMBIENTE SETORIAL AMBIENTE INTERNO Disponibilidade de recursos, missão e objetivos. F E E D B A C K Formulação de estratégia Implementação de estratégias Controle estratégico Figura 8: representação do processo estratégico. Fonte: WRIGHT, P; KROLL, M & PARNELL,J. (2000), p. 22 SETTE, R.S (1998), salienta que com tantas mudanças no cenário, as empresas buscam nas estratégias, uma forma de se criar novos padrões, buscar posições mais duradouras no mercado, onde o produto final de todos os esforços de uma empresa , possa constituir-se 90 em uma combinação de novos produtos, mercados e tecnologias desenvolvidas, capazes de maximizar as oportunidades e diluir os riscos ambientais. Segundo VOLLMANN & CORDON (1996), um dos objetivos básicos do gerenciamento estratégico é maximizar e tornar realidade os potenciais sinergicos entre as partes da cadeia produtiva, de forma a atender o consumidor final de forma eficiente, agregar valor e diluir os custos.Já para CLANCY & SHULMAN (1993) afirmam que para colocar alguma coisa no mercado, seja produto ou serviço, tem-se que: - Avaliar o ambiente em que a empresa opera - Acompanhar as mudanças dos valores do consumidor e - Entender como tais alterações afetam os produtos e serviços da empresa. Em qualquer área do agribusiness, MEGIDO & XAVIER (op.cit.) salientam que a visão e o planejamento sistêmico atuarão de maneira decisiva para tornar a empresa mais segura estrategicamente. Nesta abordagem sistêmica, segundo SILVA & BATALHA (1997), deve ser dotado o conceito de sistemas agroindustriais, visualizando e analisando todas as fases da cadeia, até o consumidor final, suas características, padrões de preferência, formas de organização social e capacidade de interferir sobre a cadeia. O consumidor é considerado o dinamizador das cadeias agroindustriais. É importante salientar que as características peculiares da cadeia de produção agrícola devem ser consideradas desde a elaboração até o controle das estratégias, entre essas características estão: 91 ● sazonalidade da produção: esta característica está presente em grande parte dos produtos agrícolas, pois cada produto tem seu ponto de máxima e mínima oferta durante uma fase do ano. Em períodos onde há um excesso de produto no mercado, as cooperativas devem recorres a algumas ações específicas: estocar o produto, agregar valor a fim de diferenciá-lo, buscar aumentar suas exportações e etc. ● produção bianual: algumas culturas como o café e uva, apresentam anos de produção maiores e outros menores, ou seja, um ano produzem muitos e no seguinte pouco, isso se deve a característica biológica e clima. ● Distribuição geográfica da produção: o fato da produção agrícola encontrar-se distribuída por diversas regiões torna importante o serviço de transporte na atividades de comercialização. Um dos grandes problemas da agricultura brasileira é a grande distancia entre as unidades de produção rural, agroindústria, atacado e varejo. Para se dar um exemplo disso, podemos citar a cadeia de produção de carne, que a alguns anos vinha sofrendo com a distancia entre as fazendas e os frigoríficos, porém hoje a reforma do sistema logístico possibilitou a mudança dos abatedouros e das empresas fornecedoras de insumos a atividade , para mais próxima dos grandes produtores do Centro-oeste. Dentro desse raciocínio a posição geográfica das cooperativas em relação aos cooperados e o mercado consumidor, presume-se em uma estratégia importantíssima para diminuir o custo dos produtos. ● Atomização da produção: Além da produção ser pulverizada, grande parte de alguns produtos, principalmente as hortaliças, provém de pequenas empresas rurais, geralmente classificados como agricultura familiar, onde apenas o excedente vai para o mercado. 92 ● Variação da qualidade do produto: como se não bastasse as grandes oscilações durante o ano da oferta de produtos , os mesmos ainda se apresentam desuniformes no mercado, com relação aos atributos: tamanho, peso, aparência, coloração, grau de maturidade e etc., essas variações são relevantes á medida que influenciam no preço dos produtos, principalmente em lugares onde o consumidor é mais exigente. As cooperativas rurais devem alocar e direcionar melhor seus recursos a fim de minimizarem o máximo possível às diferenças dos produtos de seus cooperados, é muito comum encontrarmos nas cooperativas produtos com qualidade de exportação e outros que acabam nem sendo aceitos pelo mercado interno. ● Dificuldade de ajustamento: a agricultura não é uma atividade que permite ajustamentos na relação oferta/demanda, pois o planejamento de produção é realizado meses de antecedência, tornando sempre uma atividade de risco, tanto aos quesitos ambientais (atmosféricos), como econômicos. ● Estruturas de mercado enfrentadas: no mercado agrícola há um alto grau de concorrência nos setores montante e jusante da cadeia agrícola, pois temos poucas empresas que dominam grande parte do “market share” desse setor. Já no que diz respeito a produção agrícola propriamente dita, por maior que seja o produtor , ele não consegue influenciar o preço do produto no mercado, a esse fenômeno chamamos de concorrência imperfeita Na ótica dos autores, o planejamento estratégico de marketing é dito como um processo gerencial que possibilita o estabelecimento do rumo a ser seguido pela empresa, com vista a obter um nível de otimização na sua relação com o ambiente. 93 Segundo KOTLER (op.cit.), através das análises das oportunidades de mercado é que se opera um sistema de informações de marketing utilizando-se a pesquisa como ferramenta indispensável, mas para isso é preciso recolher informações sobre os ambientes micro e macro e conhecer seu mercado consumidor prestando atenção aos concorrentes. SETTE (2000), relata que o Sistema de Informação de Marketing (SIM), é o principal instrumento para a tomada de decisão de uma empresa moderna. È um conjunto de pessoas, equipamentos e procedimentos para reunir, selecionar, avaliar e distribuir informações necessárias, atuais e precisas para que os profissionais de marketing possam tomar suas decisões. O desenvolvimento das informações se dá através do estudo dos registros internos, da inteligência de marketing, das pesquisas de mercado e da análise de todas estas informações. Há uma árdua e perene busca das empresas em mensurar e prever a atratividade do mercado através de pesquisas, seleção de mercados alvo e posicionamento da oferta. Essa ações são imputs da atuação da empresa. Atualmente recomenda-se a divisão do mercado em segmentos: a avaliação, a seleção e a escolha do alvo. Desenvolver estratégias de mercado é firmar estratégias de diferenciação e posicionamento para determinado mercado. Para isso, o mapa de posicionamento de produto descreve a sua posição em relação aos concorrentes, e, a partir de então, a empresa deve lançar o produto e após o lançamento a estratégia deve ser modificada de acordo com a fase de vida do produto: introdução, crescimento, maturidade e declínio. As grandes transformações no ambiente, principalmente no que se refere a abertura comercial, também vem afetando as grandes 94 cooperativas rurais dos países desenvolvidos, essa por sua vez buscam no estabelecimento de estratégias manter e incrementar suas participações no mercado. Os objetivos finais das estratégias das cooperativas estão destinados a obter um melhor retorno aos cooperados, através de melhores preços e serviços ou fazendo com que esses retornos sejam mais seguros. Segundo um estudo realizado em vários países da União Européia, no início da década de 90, por Declerk & Mauget (1993), as estratégias empregadas pelas cooperativas são aquelas comuns, também, às empresas não cooperativas. Dessa forma são muito utilizadas, com desigual sorte, tanto o crescimento horizontal (mediante a concentração sob as formas de: união de cooperativas em uma organização de segundo grau, fusão parcial ou total de cooperativas, incorporação de empresas, ou parcerias ou joint ventures). Essas são as estratégias geralmente escolhidas para aumentar as economias de escala e beneficiar-se das sinergias. As fusões entre cooperativas, a diversificação de produtos ou de serviços e a criação de marcas, vêm ocorrendo com grande freqüência no Brasil. Um exemplo claro que podemos dar é o caso da Cemil (Cooperativa Central Mineira de Laticínios Ltda), originária da fusão de nove cooperativas do Estado de Minas Gerais, que atualmente exporta cerca de 30% de sua produção de leite, achocolatados, vitaminas de frutas tropicais e suco de milho para a China. Com isso se elimina um dos maiores entraves da cadeia leiteira, a sazonalidade do produto, pois o preço pago aos cooperados será único e maior. Cada produto ou serviço de sucesso tem que ter um posicionamento poderoso, que atraia os compradores atuais e 95 potenciais e ao mesmo tempo os afaste das marcas adversárias ou produtos substitutos. Segundo RIES & TROUST, "o posicionamento começa com o produto. Uma peça chave de "merchandising", um serviço, uma empresa, uma instituição, ou mesmo uma pessoa. Talvez você mesmo.... Mas posicionamento não é o que se faz com produtos, mas sim o que se faz na mente do consumidor em perspectiva. Ou seja, você posiciona o produto na mente do comprador em potencial". Para WAACK & MACHADO (1999), o planejamento estratégico das unidades cooperativistas rurais devem ter como base quatro eixos, considerados essenciais para o desenvolvimento das cooperativas. Três deles, podem ser considerados comuns à maioria das organizações: marketing, finanças e produção/tecnologia. O quarto, a governança, é particularmente sensível neste tipo de organização. Na ótica do mesmo autor, a focalização nos negócios, necessariamente passa por desinvestimentos que desagradarão uma parte dos cooperados. Em geral, os produtores não têm uma visão ampla dos negócios da cooperativa. Para o cooperado, ela é um instrumento de canalização de seus produtos ao mercado. Ele produz e a cooperativa vende, essa visão faz com que cada vez mais as cooperativas acabem investindo em vários negócios, com escalas reduzidas e gestão deficiente. Dentre os elementos de gestão da cooperativa, a governança assume papel primordial. A eleição de dirigentes, com freqüência é realizada com base em propostas com finalidades, às vezes, divergentes da eficácia produtiva e comercial. E a cada eleição, o rumo estratégico pode mudar, o que agrava o problema. O sistema em muitos casos encontrou na preservação de longa vida a lideres com propostas fortes e pulso firme. Nestes casos, outro problema surge. O 96 dinamismo dos negócios e arejamento estratégico ficam restritos aos interesses e capacidade deste grande líder. A falta de transparência e foco nas mudanças e exigências de mercado faz com que as gestões das cooperativas tenham sua vida ameaçada. Em geral, a gestão estratégica de marketing das cooperativas está relegada a um plano inferior, e a atividade de marketing é na prática apenas a atividade de comercialização da produção. As etapas básicas a serem seguidas em um processo de estruturação da área de marketing em cooperativas deve visar essencialmente a implementação de um sistema de informações, a interligação das oportunidades de mercado com a atividade de produção (agrícola/industrial), definição de estratégia de segmentação, posicionamento, diferenciação do produto rural, diversificação e crescimento, que darão suporte à implantação de um plano de marketing ( gerenciamento do mix ). O aspecto financeiro das cooperativas é um dos principais fatores que preocupam a gestão estratégica das cooperativas. Para LAZZARINI (1997), muitas decisões estratégicas em cooperativas, no sentido de agregação de valor, partindo de um produto commodity para produtos industrializados toma como base apenas a questão da margem, pois via de regra os produtos industrializados conseguem a obtenção de maiores margens de comercialização. Ocorre que a agregação de valor muitas vezes não compensa a agregação de custos envolvida, em termos de inovações tecnológicas, desenvolvimento de produtos, ações de marketing e outras atividades que exigem investimentos. Nas empresas capitalistas o objetivo maior das atividades desenvolvidas é maximizar o valor da empresa, enriquecendo os acionistas. Já as cooperativas apresentam características sociais e 97 capitalistas conjuntamente, o que dificulta a gestão estratégica da cooperativa, pois os cooperados são donos e clientes ao mesmo tempo. Determinar um princípio de gestão que concilie essas forças, de forma sinérgica, será o maior desfio das cooperativas mundiais. 98 9- COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR. Apesar dos consumidores estarem localizados no final do CAI, ele constitui-se em uma importante chave, foco de todas a ações de marketing praticada pelas organizações do agribusiness. Conhecer os fatores que levam os consumidores a escolher um produto é ainda uma tarefa difícil e complexa na área de marketing, mas por outro lado é a chave competitiva para expandir mercado e fidelizar consumidores. Manter o cliente como o "REI", dentro de um agribusiness cada vez mais competitivo é um desafio atentador a todos os agentes da cadeia (SAG). Para SETTE & SOUZA (2000), os instrumentos de marketing podem afetar a motivação e o comportamento, se o produto ou serviço oferecidos são designados para atender as expectativas e necessidades do consumidor. Para Engel, et al. (1995) o insucesso no lançamento de novos produtos no mercado é muito alto, pois o consumidor se comporta dentro de regras, com propósitos e orientado para objetivos. Produtos e serviços são aceitos ou rejeitados de acordo com a relevância de suas percepções para atender as suas necessidades e estilo de vida. KOTLER (1994) sugere um modelo de comportamento do consumidor onde as decisões de compra, relacionadas a escolha do produto, da marca, e quantidade, estão diretamente relacionadas com as características culturais, sociais, pessoais e psicológicas e do seu processo de decisão, relacionado ao reconhecimento do problema, busca de informação, avaliação, decisão e comportamento pós-compra. 99 CLANCY & SHULMAN (1993), propõem um modelo de comportamento do consumidor, onde o mesmo é influenciado pelos seguintes fatores: Fatores Demográficos- Relacionam-se com a maneira como a população está mudando em termos de idade, composição, taxa de natalidade, nível de educação e outros. As tendências demográficas influenciam em maior ou menor grau no consumo. O consumo de café, por exemplo, tem declinado, em parte, em função do modismo de uso de produtos naturais e da informação de que o café é maléfico à saúde. Ambiente Social e Econômico- O comportamento do indivíduo perante as compras depende de como está a economia do país. As taxas de juros, desemprego, inflação, quantidade de café produzida no ano, índices de exportação e importação agrícola e outras variáveis afetam de forma significativa o consumidor. Fatores Sociológicos- Estão relacionados às influencias que o consumidor recebe do grupo social onde vive. Os hábitos e costumes em relação à alimentação, locomoção, esportes, lazer, educação e outros. Estudos realizados por OLIVEIRA (1999), os japoneses, por exemplo, apresentam de forma generalizada uma grande preferência pela variedade do café arábica, em relação ao conilon. Todavia os norte-americanos preferem os gourmets a conilon. Valor do Consumidor- Os valores de uma pessoa são formados ao longo de uma intensa e complexa interação social, desde seu nascimento. Conhecimento esse que direciona o comportamento do indivíduo, no sentido do que é certo e errado dentro do grupo social a que pertence. 100 Percepção de necessidade- Todo ser vivo é dotado de necessidades e providos de desejos, onde estes muitas vezes são tratados pelos antropólogos e psicólogos como ilimitados. Esses desejos e necessidades são atendidas quando os produtos e serviços estão compatíveis com os valores presentes em cada pessoa. Influências Ambientais Cultural Classe social Valores familiares Diferenças Individuais PROCESSO DE DECISÃO Recursos econômicos Conhecimento sobre o bem Personalidade Estilo de vida Motivação Procura da informação Avaliação de alternativas Processo Psicológico Informação Processo de aprendizado Atitude e Comportamento Mudança Figura 9: Modelo do processo de decisão de compra do consumidor Fonte: Adaptado de ENGEL et. al. (1990). De acordo com ZAIRI & LEONARD (1995), o marketing relacionase, ele mesmo, com o consumidor, preocupando-se com a tradução das necessidades dele e do que ele deseja em atividades inovadoras que geram lucros. O marketing deve indicar o caminho que o cliente quer seguir, desenvolvendo novos produtos para necessidades de consumidores que ainda não foram atendidas; deve construir a lealdade do consumidor que pode ser verificada por meio das compras repetidas e também pelo estabelecimento de nomes de marca. 101 Os hábitos de toda e qualquer população mudam. A nova alimentação dos brasileiros vem se alterando de uma forma radica tendendo cada vez mais a uma alimentação saudável e natural. Tabela 5-hábitos do consumidor de alimentos Atributo do alimento Disponibilidade Utilidade Conveniência Preço Uniformidade e confiabilidade Estabilidade, conservação Segurança e valor nutricional Propriedades sensoriais: aparência, aroma, sabor, textura, consistência. Fonte: SPERS(1998): Atributo do consumidor Preferência regional Nacionalidade, grupo ético Idade e sexo Religião Situação socioeconômica Educação Motivação fisiológica: sede, fome e etc. Motivação psicológica: simbolismos e publicidade No que e refere ao comportamento do consumidor brasileiro de café, observa-se mediante dados estatístico da FGV (2001), que desde 1990 a taxa média anual de crescimento de consumo é de cerca de 5% ao ano. Isso se deve aos programas de melhoria na qualidade, estabilidade da economia, marketing e aumento populacional, entre outros. Segundo levantamentos sobre o mercado de bebidas, realizado pela Beverage Marketing Institute, a média de consumo de café do brasileiro em litros/capta/ano é de 86,40. Para facilitar o entendimento dos fatores que limitam o consumo de café dos brasileiros, por exemplo, precisamos conhecer os critérios e preferencias dos consumidores, para isso, o referido estudo se baseará nas pesquisas de marketing realizadas pela Abic, juntamente com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), no ano de 1998. 102 Tabela 6- comportamento dos consumidores de café. Eu bebo café 92% O motivo para eu não tomar café é 45% porque não gosto Meu método de preparo é o coador 59% de café Não consumo café solúvel 69% O selo Abic significa qualidade 35% Acho bom o café vendido no Brasil 75% Não tenho visto anúncios de café nos 69% últimos dias É pequena a quantidade de 61% propaganda de café em revistas, jornais e tv Sou indiferente às embalagens de 64% café Meu consumo de café aumenta no 55% inverno Nunca consumo biscoitos, sorvetes, milk-shakes ou balas, 55% outros produtos a base de café Embalagem de 500g 74% As crianças da minha casa tomam 53% café Período de maior consumo dos 85% adolescentes e crianças (manhã) Fonte: Abic/FGV (1998) . 103 VOCÊ TOMA CAFÉ FORA DE CASA? 21% 9% CAFÉ FAZ MAL? 38% 46% 43% 16% NÃO DESDE QUE NÃO TOME MUITO 27% BAR LANCHONETE CAFETERIA PADARIA RESTAURANTE NÃO SIM O QUE MAIS INTERFERE NA COMPRA DO CAFÉ? 21% 45% 4% 30% TRADICIONALISMO DA MARCA PREÇO EMBALAGEM FABRICANTE Figura 10- Comportamento do consumidor de café. Fonte: Abic/FGV (SP/RJ) 1998. Para TROCCOLI (1998), a presença do café na mídia é baixa, onde apenas 2.5% de todo rendimento advindo da economia cafeeira é revertido ao marketing e à pesquisa, isso acarreta uma falta de opções para os consumidores, permitindo um comportamento rígido por parte dos consumidores de café. Dentre os vários desafios referentes a sensibilidade do consumidor estão: qualidade , preço, 104 embalagem (meio de comunicação mais eficaz), procedência, selo de garantia e outros caracteres importantes na decisão de compra. Segundo WILKINSON (1999), o sistema agroalimentar brasileiro se caracterizou como um setor sempre voltado a buscar tecnologias de produção, visando diluir custos e aumentar a produtividade. Com o advento da economia global, todos os setores do agribusiness se viram obrigados a alocar e direcionar seus recursos para atender as necessidades e desejos dos agentes do Complexo Agroindustrial. A partir de então a competição era alcançada em virtude do poder de informação de mercado e das técnicas envolvidas não só na produção, mas principalmente na comercialização agrícola. Os gostos e preferências mudam a todo o momento, por isso as cooperativas rurais jamais devem deixar de investir em marketing, principalmente no que se refere a obter informações sobre os consumidores de alimentos e bebidas que estão situados no final da cadeia, na verdade são os consumidores que fazem o agribusiness mudar e suas características e métodos gerenciais. No parecer de FERREIRA (2001), o grande desafio do marketing nos próximos anos será em atender e entender os desejos e anseios que governam os consumidores de alimentos e bebidas. Quanto maior for a competitividade no agribusiness brasileiro, diversificar produtos e inovar sempre, vão ser as ações que garantiram maiores resultados. Na sua ótica, as pessoas compram, na sua maioria, sem pensar, por hábito, o que representa um baixo envolvimento emocional com o produto. ZYLBERSZTAJN, et. al.(1993), em seus estudo sobre o comportamento do consumidor de café, classificou o mercado em dois 105 segmentos: o segmento constituído por consumidores finais e aquele composto por instituições e empresas, denominado como consumo institucional. Segundo os autores pode se observar as seguintes características: a) Os consumidores de café revelam possuir um grande grau de envolvimento e familiaridade com o café; b) O café possui claramente a função social de aproximar as pessoas, sendo associado a um gesto de simpatia e gentileza e considerado um hábito tipicamente adulto. A iniciação do consumo parece estar associada com a fase em eu a pessoa se torna adulta; c) O café faz parte de um intervalo. Parece que ele é um pretexto para interromper algo que está sendo feito. Significa pausa ou descanso para as atividades de rotina; d) O café possui uma personalidade forte. È único, insubstituível e tradicional; não se deixa contaminar pelas formas e situações menos nobres de consumo; recupera facilmente aspectos de requinte e sofisticação e e) O consumidor de café revela resistência em abrir mão da qualidade em função do preço. Em suma, o estudo revelou que o consumidor possui vínculos psicológicos com o café. "... grande parte do fracasso de novos produtos lançados no mercado tem como base a falta de diferenciação em relação aos produtos existentes; o posicionamento incoerente; a má qualidade do produto e, principalmente o desconhecimento do consumidor e a ineficácia dos planejamentos de marketing." (FERREIRA, 2001:12). 106 10- SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MARKETING (SIM). O Sistema de informação de marketing é um dos principais instrumentos para a tomada de decisão de qualquer empresa, seja ela ligada ou não ao agronegócio. Há quem diga que a vantagem competitiva está estritamente ligada à capacidade de uma organização em transformar uma informação em um produto. Conceitua-se como Sistema de Informação como um conjunto de pessoas, equipamentos e procedimentos para reunir, selecionar, avaliar e distribuir informações necessárias para as tomadas de decisão de marketing. De acordo com Mattar (1986), a definição mais complexa e consagrada do SIM é a de Cox e Good (1967): “ é um complexo estruturado baseado na integração de pessoas, máquinas e procedimentos destinados a gerar um fluxo ordenado e contínuo de dados, coletados de fontes internas e externas à empresa, para uso de tomada de decisão na área de marketing”. Os sistemas de informações, tais como a informática e a automação, nascem da necessidade de se aumentar a flexibilidade, integração, maior controle sobre as atividades e também minimizar custos e esforços desnecessários. O SIM consiste na identificação das necessidades de informações, no desenvolvimento e na distribuição das informações, portanto as cooperativas rurais devem gerenciar e explorar melhor as informações provindas dos setores montante, dos cooperados, do setor jusante e principalmente dos consumidores finais de seu produto. Segundo Cobra (1993), em todos os processos de marketing, principalmente no que se refere ao seu planejamento e controle, a 107 informação funciona como elemento facilitador da tomada de decisão. As decisões de marketing acabam dependendo de maneira significativa de uma grande quantidade de informações, porém estas na maioria das vezes, deixam a desejar em termos de qualidade, comprometendo os resultados esperados dos planos de marketing. De acordo com Freitas, Bronger e Caldieraro (1994), durante o desempenho de suas atividades os administradores de marketing necessitam de informações da empresa, dos fornecedores, dos intermediários de mercado, dos clientes, da concorrência, da economia, da tecnologia, etc. Assim surge a necessidade das cooperativas investirem mais em sistemas de informações capazes de integrar não só os cooperados sobre os passos da cooperativa mais também os setores que envolvem o Complexo Agroindustrial. Kotler e Armstrong (1993) apresentaram o modelo SIM esquematizado na figura abaixo: Gerente de Marketing Análise Planejamento Organização Controle Identificação das necessidades de informações Distribuição da informação Registro internos Análise da informação Inteligência de marketing Pesquisa de marketing Ambiente de Marketing Mercado-alvo Canais de Marketing Concorrentes Público Forças do macrombiente Decisões e comunicações de marketing Figura 11: modelo do SIM. Fonte: Kotler e Armstrong (1993) 108 Como se pode observar o desenvolvimento das informações se da através do estudo dos registros internos, da inteligência de marketing, das pesquisas de mercado e da análise de todas estas informações. Registros internos: responsável pelo levantamento de todos os dados importantes provenientes das operações empresariais, geralmente se utiliza esse recurso quando se tem um banco de dados de qualidade, provindos dos departamentos de finanças, pesquisa e desenvolvimento, produção e outros relevantes. Os dados referentes aos anos anteriores passam a servir como parâmetro no estabelecimento das metas da organização. Inteligência de marketing: responsável pelas informações provenientes de dados ocasionais e não estruturados referentes ao ambiente externo e que ajudam a empresa a preparar e ajustar seus planos de marketing. Pesquisa de marketing: está associado a estudos formais que visam obter informações para a solução de problemas específicos da administração mercadológica. A pesquisa de marketing, ainda é poço desenvolvida quando nos referimos a alimentos consumidos in natura, como por exemplo: hortaliças e frutas, enquanto que para os produtos de alta industrialização, como: carros, bebidas e outros, geram uma grande disponibilidade de dados. Diante do que foi mencionado neste capítulo pode-se dizer que ainda os Sistemas de Informações são pouco desenvolvidos e usados de maneira pouco eficiente pelas cooperativas, na tomada de decisões de marketing. Isso se deve a vários fatores como: falta de dados, baixa tecnologia de informática, geralmente somente alguns setores informatizam os dados (contabilidade e finanças), falta de profissionais que transformem os dados em estratégias de marketing, ausência de integração, centralização das informações e etc. As cooperativas podem adotar algumas ações como: comércio eletrônico, central de atendimento aos cooperados 109 , disponibilizarem um site que permita livre acesso sobre diversas informações referentes aos procedimentos de cultivo e os produtos oferecidos aos consumidores, formação de uma Base de Dados Centrais que permitam o trabalho conjunto dos setores montante e jusante da cadeia na busca de padrões comuns e processos eficientes que permitam minimizar os custos e otimizar a produtividade em suas relações. 110 11- CONSIDERAÇÕES FINAIS Mediante a tudo que foi investigado e relatado nessa obra, acerca da gestão de marketing no agribusiness cooperativo, pode-se extrair algumas conclusões, destacando sempre que muitas dessas não podem ser generalizadas, pois cada cooperativa tem sua característica particular. • O mercado agrícola tem como característica: grande competitividade, flutuações de preço, profunda interação com outros setores da economia e é responsável por uma significativa parte do PIB brasileiro. Isso nos mostra que a administração de marketing por parte das cooperativas rurais se mostra como um importante meio de recolocação do pequeno e médio produtores na cadeia do agronegócio, dando-lhes garantia de sobrevivência e crescimento. • Embora as cooperativas vêm atravessando um processo de transição em busca da profissionalização, a prestação de serviços de marketing aos seus cooperados ainda é muito limitada, uma vez que as ações de marketing adotadas na cooperativa vem sendo desenvolvidas a nível tático e não estratégico, comprometendo o futuro da cooperativa. • As cooperativas e suas respectivas ações de marketing e comercialização nem sempre são transmitidas aos cooperados de forma clara e objetiva, a falta de um programa de comunicação interna (endomarketing) capaz de divulgar e explicar para os produtores rurais a importância do marketing, compromete a integração entre os cooperados e administradores nas decisões administrativas. •A ausência, na maioria das cooperativas rurais, de um departamento de marketing em sua estrutura administrativa acaba comprometendo a 111 administração dos compostos de marketing, sem falar que na maioria das vezes quem se encarrega das funções de comercialização é o próprio cooperado que além de gerenciar sua propriedade também é funcionário da cooperativa. Isso mostra o empirismo e amadorismo com que esse cargo vem sendo tratado, enfatizando a carência de profissionais (acadêmicos) participando de forma ativa nas decisões de marketing da cooperativa. • Nos próximos anos o fator governança vai ser decisivo para o processo competitivo, as cooperativas devem ser administradas com a mesma precisão e profissionalismo de uma empresa capitalista, buscando criar e desenvolver mercados para seus produtos e serviços. 112 BIBLIOGRAFIA ACCARINI, J. H. Economia Rural e Desenvolvimento : reflexões sobre o caso brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1987. ALBRECHT, K. Revolução nos serviços. São Paulo, Pioneira, 1992. ALBRECHT, K. Programando o futuro. O trem da linha norte. São Paulo: Makron Books, 1994. ALENCAR,E. Introdução à metodologia de pesquisa social. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. ALENCAR, Edgar. Complexos Agroindustriais. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001. ALIMANDRO, Regis & PINAZZA, L.A. Reestruturação no agribusiness brasileiro. Rio de Janeiro, 1999. 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Porto Alegre: Ortriz, 1993. 122 ANEXO Questionário direcionado aos cooperados Esta é uma pesquisa sobre prestação de serviços de marketing rural, oferecidos aos cooperados desta organização. Esperamos contar com a colaboração de todos os cooperados, com o propósito de avaliar e melhorar cada vez mais algumas ações em relação às transações mercadológicas, onde todos serão beneficiados com essa pesquisa. É importante salientar que os nomes dos empresários rurais, cooperados serão mantidos no mais absoluto sigilo. 1- Quais são as maiores vantagens em se unir a uma cooperativa, em relação a comercialização agrícola? ( ( ( ( ( ( ) Compra garantida ) Melhor preço de venda ) Credibilidade ) Armazenamento e Distribuição ) Todas as vantagens acima ) outras 2- Qual é o nível de dificuldade que um produtor rural encontra, quando se dispõem a produzir e negociar sua produção de forma isolada? ( ( ( ( ) Muito difícil ) Moderado ) Um pouco ) Indiferente 3- O que se deve mudar na gestão das cooperativas, para melhorar a qualidade na prestação de serviços de marketing aos cooperados? 123 4- Qual é a diferença em termos de rentabilidade / Sc vendida, antes e depois da cooperação? ( ( ( ( ) 0 até 20% ) 20% até 40% ) 40% até 60% ) mais de 60% 5- Você tem liberdade para influenciar em uma determinada decisão , envolvendo a venda da produção? ( ) sim ( ) não ( ) às vezes 6- Qual é o maior falha na administração da cooperativa? 7- A cooperativa acompanha a produção rural em todos os seus estágios, visando obter um produto com características compatíveis com a qualidade requerida pelo mercado? ( ) sim ( ) não ( ) às vezes 8- A cooperativa exige um determinado padrão para os produtos rurais? ( ) sim ( ) não ( ) não sei 9- Qual á a importância que você da para o marketing, praticado pela cooperativa? ( ) muita ( ) moderada 124 ( ) pouca ( ) nenhuma 10- Quais são suas expectativas para o futuro, como cooperado? ( ( ( ( ) otimistas ) realistas ) pessimistas ) não sei 11- Qual é seu grau de satisfação com relação a administração da cooperativa? ( ) satisfeito ( ) moderadamente satisfeito ( ) insatisfeito 12- Qual é sua avaliação no que se refere a qualidade dos serviços prestados aos cooperados? ( ( ( ( ) ótimo ) bom ) regular ) ruim 13- Você acha que falta propaganda e mais divulgação dos produtos comercializados pela cooperativa? ( ) sim ( ) não 14- Qual é o seu volume médio de produção anual ? ( ( ( ( ) até 50 scs ) 50 a 100 scs ) 100 a 200 scs ) mais de 200 scs 15- Você pretende deixar de ser um cooperado ? ( ) sim Porquê: ( ) não ( ) não sei 125 16-Quais são suas sugestões para a melhoria da cooperativa? Lembramos, mais uma vez, que essas informações estarão restritas à pesquisa e que a identidade será secreta. Agradeço a colaboração de todos os cooperados, pois é com mudanças que se consegue o progresso. 126