SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA ROAMA PALO ULISSES VAZ DA COSTA PROPOSTA DE PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DE PENUMONIA ASSOCIADA A VENTILAÇÃO MECÂNICA TERESINA, SETEMBRO / 2014 ROAMA PAULO ULISSES VAZ DA COSTA PROPOSTA DE PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DE PNEUMONIA ASSOCIADA A VENTILAÇÃO MECÂNICA Artigo apresentado à SOBRATI como requisito final para a conclusão do mestrado profissionalizante em Terapia Intensiva. Orientador: Kamila Cristiane de Oliveira Silva TERESINA, SETEMBRO / 2014 PROPOSTA DE PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DE PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA PROPOSAL OF PROTOCOL FOR PREVENTION OF PNEUMONIA ASSOCIATION VENTILATOR Roama Paulo Ulisses Vaz da Costa1 Prof Kamila Cristiane de Oliveira Silva2 RESUMO Objetivos: identificar na literatura a importância de protocolos de prevenção de pneumonia associada a ventilação mecânica. Metodologia: Levantamento bibliográfico nas bases Lilacs, Pubmed, Scielo, entre outras, guiado pela questão norteadora: “Como prevenir a pneumonia associada a ventilação mecânica”. Síntese dos dados: A internação em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) implica em ansiedade, estresse, risco de contaminação cruzada, necessidade em muitos casos de sedação contínua, ventilação mecânica, alimentação por sonda nasogástrica ou enteral, e longos períodos de restrição ao leito da UTI o que pode culminar dentre inúmeras consequências em pneumonia associada a ventilação mecânica. Considerações finais: A pneumonia associada a entilação mecânica é uma das infecções mais recorrentes em UTI de todo o mundo, sendo mais frequente em UTI’s Americanas e incrementando a taxa de mortalidade, bem como altos custos relacionados a maior permanência em UTI e o uso de antimicrobianos. Palavras chaves: pneumonia associada a ventilação mecânica, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, ventilação mecânica. 1 Fisioterapeuta graduada pela Faculdade Integral Diferencial - FACID. Especialista em Fisioterapia Hospitalar . 2 Enfermeira orientadora, mestre em Ciência e Saúde - UFPI ABSTRACT Objectives: To identify literature on the importance of prevention of pneumonia associated with mechanical ventilation protocols . Methodology : Survey in bibliographic databases Lilacs , PubMed , SciELO , among others , guided by the research question : " How to prevent ventilator-associated pneumonia ." Data synthesis : The admission in a Pediatric Intensive Care Unit ( PICU ) constitutes anxiety, stress , risk of cross contamination , need in many cases of continuous sedation , mechanical ventilation , enteral feeding or nasogastric tube , and long periods of restriction the bed of the ICU , which may culminate among many consequences associated pneumonia in mechanically ventilated . Final Thoughts : The associated mechanical entilação pneumonia is one of the most recurrent infections in ICUs worldwide , being more frequent in ICUs American and increasing the mortality rate as well as higher costs associated with increased ICU stay, and the use of antimicrobials . Keywords : ventilator associated pneumonia , Intensive Care Unit Pediatric mechanical ventilation INTRODUÇÃO A pneumonia pode ser definida como uma infecção associada a uma inflamação do trato respiratório inferior, traduzida por uma consolidação do alvéolos pulmonares ou inflamação do tecido intersticial por células infamatórias que geram alterações importantes na relação entre a ventilação e a perfusão e, consequentemente na mecânica respiratórioa. (JUNQUEIRA, 1999) A pneumonia nosocomial ou hospitalar é usualmente causada por bactérias e permanece como a segunda causa mais comum de infecção hospitalar, aumentado a permanência em até 7 a 9 dias no hospital. Sendo que, a necessidade de ventilação mecânica (VM) aumenta o risco de pneumonia de 3 a 10 vezes. Esse risco aumenta de 3% nos cinco primeiros dias, 2% entre o 5ª e o 10ª dia e 1% após o 10ª dia. (Haringer DMC. Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica). A instituição e manutenção de ventilação artificial implicam em sedação, analgesia e, em alguns casos, bloqueio neuromuscular (BNM). Objetiva-se, com estes procedimentos, aliviar o desconforto associado à ventilação mecânica (VM), prevenir assincronia paciente-ventilador, permitir ventilação efetiva, prevenir extubação traqueal inadvertida e deslocamento de vias venosas, além de satisfazer as necessidades ansiolíticas, hipnóticas e amnésicas destes pacientes, busca-se, também, reduzir a ansiedade e a agitação que ocorrem com a entrada em um ambiente hostil e com a realização de intervenções dolorosas (BARTOLOME, 2007; BRESOLIN et al, 2011). Nos últimos anos, houve um o avanço considerável do suporte ventilatório e nas técnicas empregadas, contudo, isto não permitiu que o adiamento da retirada da ventilação pulmonar mecânica continuasse a gerar desconforto no paciente e aumento do risco de complicações relacionadas à intubação traqueal. Segundo o III Consenso Brasileiro de VM (2007) retirar o paciente da VM pode ser mais difícil que mantê-lo e considerando que o processo de retirada do suporte ventilatório ocupa cerca de 40% do tempo total de VM, foi necessário o desenvolvimento de protocolos de retirada da ventilação. Ainda assim, métodos para desmame do suporte respiratório em crianças nunca foram rigorosamente estudados e quando estudados, estes métodos são retirados de estudos em pacientes adultos e recém-nascidos prematuros, o que pode ser inapropriado. (FONSECA et al, 2011) É evidente a importância da implementação de protocolos e estratégias em uma unidade de terapia intensiva, principalmente, em pediatria. O emprego da interrupção diária de sedação contínua conduzida de forma multiprofissional vem sendo relacionado com a redução do tempo de VM, consequentemente, com redução da pneumonia associada à VM, e da mortalidade, levando a redução no tempo de internação na UTI e uso de sedativos, contribuindo com contenção de gastos relacionados à internação em unidades de terapia intensiva. Além disso, na UTIP, emprego de protocolos como a interrupção da infusão continua de sedativos poderia facilitar uma correta seleção de medicamentos, uma administração adequada e uma monitorização cuidadosa que podem melhorar a qualidade da sedação e analgesia e evitar seus efeitos adversos (BARTOLOME, 2007; COUTINHO, 2011). Sendo que protocolos de prevenção a PAV podem reduzir significativamente a ocorrência das mesmas. Já o acometimento anatômico na pneumonia pode variar em lobar, intertiscial ou broncopulmonar. Na pneumonia lobar ocorre uma reação inflamatória que preenche os espaços alveolares afetando uma parte do pulmão de maneira uniforme apresentando limites precisos e imagem homogênea. Já na pneumonia intersticial nessa imagem observa-se uma imagem radiológica de infiltrado e vai até a periferia. A broncopneumonia afeta pulmão de maneira mais heterogênea que as anteriores devido ao fato de que pelos canais de Lambert e poros de Kohvarios bronquíolos são afetados dando assim uma imagem salpicada a esse tipo de pneumonia, podendo a mesma ser uni ou bilateral. As infecções que surgem 48 a 72 horas após a intubação são classificadas como relacionadas a ventilação mecânica. Nesta definição não se incluem os pacientes que necessitaram da intubação após desenvolverem pneumonia hospitalar grave, cujo manejo será similar a pacientes com PAV. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOOGIA E TISIOLOGIA. 2007. P. 1 – 30) De acordo com o tempo de internação as pneumonias podem ser classificadas em precoces ou tardias. Sendo esse fator importante para se presumir diagnóstico etiológico e iniciar antibioticoterapia adequada. As pneumonias de início tardo geralmente são ocasionadas por patógenos multiresistentes, o que aumenta a taxa de morbidade e mortalidade. Sendo que, pacientes com início precoce que tiveram contato prévio com antibiótico ou já foram hospitalizados nos últimos 90 dias devem ser tratados similarmente a pacientes de início tardio devido a facilidade que apresentam de serem colonizados por patógenos multiressistentes. (Amercan Thoracic Society. Guidelines for management of adults with hospital-acquired, ventilatoor-associated, and healtcare-associted pneumonia, 2005; 171: 388-416). A mortalidade da PAV é elevada, variando entre 40% a 80% o que torna o seu reconhecimento e a execução de medidas preventivas relevantes. A variabilidade desse percentual se dá devido a falta de padronização de um conceito de PAV e dos estudos para avaliação de sua incidência e mortalidade associada. Desde de 1992 o Ministério da Saúde recomenda “busca ativa” na detecção das infecções hospitalares. (SILVESSTRINI, T. L.; CRUZ, C.E.R.N. 2004, vol.16, n.4, pp:228-33) Em casos de PAV a aspiração de conteúdo gástrico e de bactérias existentes na orofaringe compõe o mecanismo mais significativo da infecão. Outras possibilidades de infecção podem ocorrer em virtude de realização de broncoespasmo; inalação de aerossóis contaminados; acesso pela corrente sanguínea; translocação bacteriana através do trato gastrointestinal; manipulação do circuito do ventilador. Outros fatores de risco para o desenvolvimento têm sido identificados como: bloqueadores neuromusculares; uso prévio de antibiótico; necessidade de reintubação; posição supino; uso de sonda nasogástrica; presença de traqueostomia; transporte intra-hospitalar e a intubação orotraqueal que é o fator de risco mais determinante para a ocorrência de PAV, pois isolado aumenta de 6 a 10 vezes a probabilidade de ocorrência da mesma. (PROFISIO, 2010. ciclo 2, vol 4, pp. 95 – 138) A intubação e o tempo de ventilação mecânica são fatores que aumentam consideravelmente o risco de infecção. O paciente intubado tem a desabilitarão da defesa pela permanência do tubo orotraqueal. Neste caso, os microrganismos conseguem migrar facilmente para os pulmões pelas laterais do balonete da cânula. A aspiração subglotica com o uso de tubos específicos pode reduzir esse risco. Outro fator que deve ser levado em conta são as reintubações que devem ser evitadas, pois as mesmas também são vias de migração dos microorganismos para o trato respiratório inferior. (HARINGER DMC. Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica). Nos Estados Unidos (EUA) desde 1970 foi estabelecido um banco de dados de infecções hospitalares que recebe informações a respeito de infecções coletadas de forma padrão em vários hospitais, o National Nosocomila Infection Surveillan. Baseado nesses dados Starling e coll. Em 1997 publicaram estudo no qual aplicaram o método acima citado em 5 hopitais n área metropolitana de Belo Horizonte durante 4 anos com o objetivo de determinarem a taxa de PAV de maneira prospectiva. Tiveram como resultado a taxa de PAV em 27,51%, valor acima do percentil da UTI americanas, taxa de utilização de VM em 33, 06% que ficou entre o percentil das CTI americanas que é de 25 a 50, média de internação 3 vezes maior em relação a pacientes com PAV e pacientes sem PAV e a presença de febre e leucocitose foi respectivamente 4,60 e 2,51 vezes maior na presença da PAV do que na ausência do seu diagnóstico. (SILVESSTRINI, T. L.; CRUZ, C.E.R.N. 2004, vol.16, n.4, pp:228-33) Quadro 1 – Critérios do NNIS para o Diagnóstico de Pneumonia a) Presença de estertores ou maciços à percussão no exame físico do tórax e qualquer um dos itens seguintes: a1) início de produção de escarro purulento ou mudança na característica do escarro; a2) organismo isolado em hemocultura; a3) isolamento de patógeno obtido de amostra de aspirado transtarqueal, escovado brônquico ou biopsia. b) Radiografia de tórax mostrando um infiltrado novo ou progressivo, consolidação, cavitação, derrame pleural ou qualquer um dos itens seguintes: b1) início de produção de escarro purulento ou mudança na característica do escarro; b2) organismo isolado em hemocultura; b3) isolamento de patógeno obtido de amostra de aspirado transtarqueal, escovado brônquico ou biopsia; b4) isolamento de vírus ou detecção de antígeno viral em secreções respiratórias; b5) título diagnóstico IgM em única amostra ou um número de 4 vezes em amostras seriadas de igG para determinado patógeno; b6) evidências histopatológicas de pneumonia. FONTE: NNIS 6 OBJETIVOS • Levantar na literatura trabalho que abordem ações ou condutas para promover redução da incidência de PAV a partir da implementação de um protocolos de prevenção da pneumonia associada a ventilação mecânica; • Oferecer uma proposta de protocolo de prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica, descrevendo os benefícios da mesma como forma de redução do tempo de VM em pacientes pediátricos, além da redução de complicações iatrogênicas e custos financeiros relacionados à internação em UTI. METODOLOGIA Trata-se de pesquisa bibliográfica com as seguintes etapas: definição da questão norteadora, seleção de descritores, definição dos critérios de seleção, levantamento do material bibliográfico, organização das categorias e análise dos dados obtidos. O estudo foi guiado pela seguinte questão norteadora: “Como prevenir a pneumonia associada à ventilação mecânica”. A identificação do material foi alcançada nas bases da literatura Lilacs (Latino-Americana de Ciências da Saúde), Medline/PubMed (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e Scielo (Scientific Electronic Library online), entre outros. Tendo como critérios de seleção: artigos em português e inglês com textos disponíveis na íntegra no período estabelecido indexados pelos termos mesch/desc: pneumonia associada à ventilação mecânica, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, ventilação mecânica. A busca considerou artigos publicados no período de Janeiro de 2000 a Julho de 2014. REVISÃO DE LITERATURA Os bundles de prevenção de PAV envolvem a implementação, em conjunto, de várias medidas baseadas em evidências como tentativa de reduzir a incidência de PAV entre pacientes com risco. Sendo que esses bundles são um pacote de ações que envolvem programas educacionais, medidas técnicas e de vigilância, além da análise rítmica e sistemática dos resultados. Tais bundles podem ser operacionalizados em forma de protocolo o que torna sua aplicação e vigilância mais eficaz. O Institute for Healthcare Improvement (IHI) intuiu o bundles que posteriormente teve adicionado por colaboradores outras boas práticas. (PROFISIO, 2010. ciclo 2, vol 4, pp. 95 – 138) Em um estudo multicêntrico, a adesão do bundles superior ou igual a 95% obtiveram a redução de 59% da incidência de PAV. Os Outros estudos menores reportaram a diminuição no tempo de VM e de estadia na UTI, em virtude da adesão do pacote de boas práticas. Porém mesmo com resultados promissores analisou-se que a inclusão da prática de descontaminação do trato digestivo, interrupção diária de sedação e avaliação da possibilidade de extubação; TOTs revestidos de prata; aspiração contínua subglótica e uma adesão maior da prática de lavagem de mãos e a elevação da cabeceira poderiam ter resultados em percentuais de redução da PAV bem mais significativos. (PROFISIO, 2010. ciclo 2, vol 4, pp. 95 – 138) 1) 2) Bundle sugerido pela IHI 1.1) Elevação da cabeceira entre 30º e 45º; 1.2) Interrupção diária da sedação; 1.3) Avaliação diária da possibilidade de extubação; 1.4) Profilaxia de úlcera de estresse. Bundle sugerido por Relo e colaboradores: 2.1) mudança meos frequente de circuito e ventiladores; 2.2) higiene das mãos com álcool 70%; 2.3) instrução e educação continuada dos profissionais e, principalmente, dos lieres envolvidos com a assistência; 3) 2.4) instituição do protocolo de SDS e desmame da VM; 2.5) higiene oral com clorexidina. Bundle sugerido pela IHI 3.1) higienizar as mãos; 3.2) usar luvas e capotes; 3.3) elevar a cabeceira do leito; 3.4) realizar higiene oral com clorexidina; 3.5) manter a pressão do cuff > 20 cmH20 3.6) usar sonda orogastrica; 3.7) evitar a hpperdistenção gástrica; 3.8) eliminar aspirações traqueais não essenciais. FONTE: PROFISIO A fisioterapia respiratória tem recomendação grau C na prevenção de pneumonia associada a ventilação mecânica. Ntoumenopolus e associados compararam em um pequeno estudo controlado, mas não randomizado fisioterapia respiratória com um grupo controle. Observaram apenas 8% dos pacientes do grupo intervenção desenvolveram PAV, comparado com 39% do grupo controle. (III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, 2007, vol.33, n.2, pp:142-50) O risco de PAV associada à entubação orotraqueal e ventilação mecânica é de 6 a 21 vezes devendo ser evitado quando possível, dando-se preferencia a ventilação não invasiva e outras estratégias de redução do risco de PAV como a redução do período de VM, uso de protocolos de desame da sedação de do uso de VM, preferencia por entubação orotraqueal frente a nasotraqueal e insuflação adequada do balonete do tubo orotraqueal entre outras. (SOCIEDADE PAULISTA DE INFECTOLOGIA, 2006) O ajuste de pressões abaixo de 20cmH2O esta associado a m maior risco de aspiração de conteúdo subglótico, o contrário as pressões acima de 30 cmH20 associam-se a isquemia da mucosa traqueal que pode levar ao insucesso da extubação e a necessidade de nova intubação orotraqueal e consequentemente maior período de VM e consequentemente uma maior exposição a possíveis infecções. Assim, recomenda-se que a aferição da ppressõ do cuff seja realizada três vezes durante o dia e opt-se por cuff de prede ultrafina que promovem maior vedação da traqueia, associado à tecnologia de drenagem de secreção subglótica. Outra opção é o uso de vias áreas com cuff de baixa pressão e alto volume, porem é comum à formação de pregas que permitem aspiração quando o cuff é insuflado. (PROFISIO, 2010. ciclo 2, vol 4, pp. 95 – 138) A monitorização diária da pressão do cuff do tubo orotraqueal e a manutenção de insuflação entre 15 a 25 mmHg possuem recomendação grau D. A função do cuff do tubo orotraqueal é selar a via aérea. Sendo que, durante a ventilação mecânica a pressão do cuff deve ficar ser baixa o suficiente para permitir a perfusão da mucosa e alta o suficiente para prevenir o vazamento de ar e impedir a aspiração das secreções. (III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, 2007. vol.33, n.2, pp:142-50) A colonização do circuito bem como o posicionamento correto do mesmo são fatores que quando monitorados podem minimizar o risco da ocorrência de PAV por prevenir o contato do trato respiratório inferiores com secreções do paciente e condensações do circuito. Sendo que a elevação adequada da cabeceira do leito e a higiene realizada antes das mudanças de decúbito casam com os cuidados acima citados e podem reduzir a possibilidade de aspiração de secreções. (SOCIEDADE PAULISTA DE INFECTOLOGIA, 2006) A American Association for Respiratory Care (AARC) recomenda que a troca dos circuitos só seja realizada quando visualizada sujicidade no mesmo, pois a troca com finalidade de prevenção de PAV não é recomendada como forma de prevenção da mesma. Ouro fator é que s componentes do circuito do ventilador são frequentemente contaminados, porem estudos corroboram as evidências de que tal contaminação parecem ter pouco impacto sobre a PAV. (PROFISIO, 2010. ciclo 2, vol 4, pp. 95 – 138) Na ausência de contraindicações de manter o decúbito elevado entre 30º e 45º em pacientes em ventilação mecânica para a prevenção de PAV possui grau de recomendação B. Drakulovic e colaboradores mostraram que a ocorrência de PAV foi menor no grupo do decúbito elevado quando comparado ao grupo em supino. (III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, 2007. vol.33, n.2, pp:14250) O posicionamento adequado do leito também previne o risco de aspiração em razão do mesmo está associado ao uso da dieta enteral. Já a dieta parenteral representa um alto risco de infecção devido à mesma acarretar na perda de vilosidades intestinais o que facilita em critérios clínicos e radiológicos. Ressaltando que como critérios clínicos norteadores da PAV pode-se observar leucocitose, aumento e mudança de aspecto da secreção traqueal, pior da relação PAO²/FIO², febre, hipertonia ou ausculta pulmonar compatível com consolidação. Já o fator radiológico se baseia no aparecimento de novos infiltrados em raio – X beira leito. Sendo que após aparecimento de sinais radiológicos deve-se optar pela realização da cultura de secreção traqueal para melhor nortear o tratamento. (SOCIEDADE PAULISTA DE INFECTOLOGIA, 2006) A cabeceira elevada de 30º a 45º além de ser umas das práticas de menor custo efetividade na prevenção da PAV, também apresenta melhor condição biomecânica para a musculatura respiratória, o que favorece melhor adaptação ao ventilador, mehor troca gasosa, menor risco de atelectasia, maior facilidade no processo de desmame da VM e consequentemente menor tempo de exposição a mesma. (PROFISIO, 2010. ciclo 2, vol 4, pp. 95 – 138) A suspenção diária de sedação é uma estratégia que deve ser avaliada de acordo com o quadro clínico de cada paciente em virtude do risco de dor, ansiedade, agitação psicomotora, assincronia paciente ventilador e do risco de perda de cateteres e extubações não programadas. Porém é durante a suspenção da sedação que se é verificado a possibilidade de respiração espontânea, avaliação neuromusculoesqueletica, progressão de mobilização precoce. Além disso, quanto maior o período de exposição a VM maior o risco da aquisição de PAV e maior a taxa de mortalidade. (PROFISIO, 2010. ciclo 2, vol 4, pp. 95 – 138) A avaliação da realização da higiene oral do paciente baseada em uma metanalise de 11 estudos, envolvendo 3.242 pacientes sob VM que foram tratados com a aplicação de antisséptico oral e/u antibiótico ou soluções placebo, mostrou que a incidência de PAV foi significativamente reduzida com o uso de antissepticosbucais como a clorexidina , mas não com a aplicação de antibióticos tópicos. (PROFISIO, 2010. ciclo 2, vol 4, pp. 95 – 138) PROPOSTA DE PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DA PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA HORÁRO PROCEDIMENTO SIM 1 – Equipe com quantitativo adequado 2 – Lavagem adequada das mãos 3 – Descontaminação da orofaringe com clorexidina oral 4 – Realização de higiene bucal 5 – Aspiração da secreção nates, durante e após higiene oral 6 – Aspirações das vias aéreas antes da mudança de decúbito 7 – Assepsia antes da promoção da via aérea avançada 8 – COT com aspiração subglótica 9 – Mensurações da insuflação do cuff Valor: ___________ 10 – Cabeceira elevada a 45º 11 – Posicionamento da COT Nº: ______ Posição: ________ 12 – Realizada troca de circuito 13 - Presença de condensações no circuito 14 – Presença de sujicidade no circuito 15 – Realizada aspiração de COT 16 – Verificado posicionamento da sonda de nutrição 17 – Realização de aspiração com método asséptico 18 – Características da secreção orotraqueal: 19 – Realizada retirada de sedação para observar desperar do paciente 20 – Realizada reintubação NÃO PROFISSIONAL CONCLUSÃO Este levantamento bibliográfico permitiu constatar que protocolos ainda são pouco utilizados em UTI e que ainda existem poucos estudos publicados na língua portuguesa, o que remete a necessidade de maior interesse por fisioterapeutas ou profissionais de saúde contribuindo para normatizar uma rotina de atendimento ao cliente com a finalidade de reduzir a probabilidade do mesmo de adquirir PAV, bem como a possibilidade reduzir o tempo de VM, diminuir complicações associadas, além de reduzir o tempo de internação hospitalar e, consequentemente, os custos, além da morbidade e da mortalidade como relatado nos estudos norteadores desse trabalho. 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