Este guia aplica-se a: PACIENTES ADMITIDOS NO HOSPITAL POR PNEUMONIA E COM PNEUMONIA DE AQUISIÇÃO INTRAHOSPITALAR INTRODUÇÃO Pneumonia é uma infecção que acomete os espaços aéreos e são causadas por bactérias, vírus, fungos ou parasitos. O reconhecimento e manejo das complicações pulmonares, particularmente infecções que resultem da imunossupressão, são desafios para os clínicos. Mesmo com a introdução de antimicrobianos de amplo espectro, medidas de suporte avançado e uso de medidas preventivas, as infecções pulmonares continuam sendo uma das mais importantes causa de mortalidade em transplantado renal. ETIOLOGIA Primeiros 30 dias após transplante: Etiologia bacteriana, geralmente relacionado aos cuidados de saúde. 30 dias a 6 meses: Agentes geralmente relacionados a imunossupressão Legionela pneumophila Listeria monocytogenes Nocardia spp Pneumocistys jirovecii Aspergillus spp Reativação Histoplasma capsulatum Citomegalovírus Micobacterium tuberculosis : Reativação Após 6 meses do transplante: -Se boa evolução clínica após transplante considerar perfil epidemiológico semelhante ao da comunidade. -Se rejeição e/ou excesso de imunossupressão: P.jirovecii, Criptococcus neoformans, CMV, L. monocytogenes, Legionella pneumophila, Nocardia spp Etiologia viral Citomegalovírus é a 2ª causa mais frequente de pneumonia depois da bacteriana. Responsável por 30% das pneumonias em transplante de fígado. Vírus sincicial respiratório relacionado a pneumonia principalmente em crianças. Vírus parainfluenza e influenza: Maior incidência de pneumonia em TMO. QUAIS SÃO, E QUANDO SOLICITAR, COMPLEMENTARES NÃO INVASIVOS? OS MÉTODOS 1. Hemocultura: SEMPRE Duas amostras de sangue periférico, coletadas de sítios diferentes. 2. Antígeno urinário para Legionella pneumophila: SEMPRE 3. ESCARRO: Pesquisa de BAAR com Cultura para Micobactéria (3 amostras) o Quando história epidemiológica compatível o Pneumonia de repetição o Lesões focais pulmonares com quadro subagudo/crônico o Presença de infiltrado pulmonar reticulomacronodular Pesquisa de helminto Na suspeita de pneumonia por Strongyloides stercoralis o Infiltrado pulmonar macronodular migratório o Presença de broncoespasmo o Eosinofilia no sangue periférico Pesquisa direta para fungo com cultura o Imagem pulmonar: nodular/cavitação ou condensação o Quadro subagudo/crônico o História epidemiológica compatível 4) Antigenemia para CMV o Infiltrado pulmonar instersticial difuso 5) Imunofluorescência para vírus respiratório o História de IVAS+IRpa 6) PCR para Influenza A/H1N1: (DURANTE PANDEMIA) o Febre, tosse e dispnéia. QUAIS MÉTODOS DE IMAGEM UTILIZAR? Radiografia de tórax PA e Perfil: SEMPRE Tomografia de tórax, solicitar nos casos onde: o Radiografia de tórax não foi acurada o suficiente o Para definir lesões pulmonares parenquimatosas ou extraparenquimatosas para realização de broncoscopia (com lavadobroncoalveolar e biópsia transbrônquica) ou biósia a céu aberto QUANDO DEVO INVASIVOS? UTILIZAR MÉTODOS DIAGNÓSTICOS Na suspeita de pneumonia causada por agentes oportunistas Onde os métodos diagnósticos não invasivos foram inconclusivos Deterioração clínica Falta de resposta clínica ao tratamento empírico QUAIS SÃO OS MÉTODOS COMPLEMENTARES INVASIVOS? 1. Broncoscopia Sempre solicitar com transbrônquica lavado broncoalveolar (LBA) e biópsia 2. Biópsia a céu aberto QUANDO DEVO UTILIZAR A BIÓPSIA TRANSBRÔNQUICA (BTB+LBA) OU A CÉU ABERTO (BCA)? 1. BTB+LBA Presença de lesões centrais ou difusas Paciente estável Ausência de distúrbio de coagulação 2. BCA Lesões não acessíveis pela broncoscopia Paciente instável Ausência de diagnóstico pela BTB Estudo restrospectivo demonstrou maior sensibilidade e menor numero de complicações com a biópsia a céu aberto TRATAMENTO SUSPEITA DE PNEUMONIA POR AGENTES OPORTUNISTAS TRATAMENTO DIRECIONADO POR ETIOLOGIA Depois de estabelecido agente etiológico causador da pneumonia Etiologia Bacteriana: o Legionella pneumophila: Levofloxacino 750mg/dia por 14 a 21 dias Independente do resultado do antígeno urinário para Legionella o Nocardia spp: Sulfametaxazol/Trimetoprim (15mg/kg/dia TMP) por no mínimo 3 meses. Considerar nos casos pulmonares graves a associação com Imipenen o Micobacterium tuberculoses : Esquema RIPE por no mínimo 6 meses Etiologia Viral o CMV: vide GUIA o Influenza sazonal: Oseltamivir 75 mg a cada 12 horas, por no mínimo 5 dias o Parainfluenza e Vírus sincicial respiratório: Individualizar tratamento, em alguns casos pode ser necessário o uso de Ribavirina o Etiologia Fúngica o Aspergillus spp: 1ª opção: Voriconazol (12mg/kg/dia no 1º dia, seguido de 6mg/kg/dia) durante 6-12 semanas. Pode ser utilizado por via oral nas formas leves a moderadas 2ª opção: Anfotericina B Lipossomal (3mg/kg/dia) ou Anfotericina B complexo lipídico (5mg/kg/dia) como terapia inicial * . Terapia seqüencial com Itraconazol (400mg/dia), por 6 a 12 semanas ou conforme evolução clínica. 3ª opção: Anfotericina B desoxicolato (1mg/kg/dia) como terapia inicial * (mínimo de 2 semanas) seguido de Itraconazol (400mg/dia) por 6 a 12 semanas ou conforme evolução clínica. * Terapia inicial: manter até melhora clínica, radiológica e laboratorial. o Cryptococcus spp: Quadros pulmonares graves: 1ª opção: Anfotericina B lipossomal (3mg/kg/dia) ou Anfotericina B complexo lipídico (5mg/kg/dia) até estabilização clínica, seguido de Fluconazol (400800mg/ dia), por 6 a 12 meses. 2ª opção: Anfotericina B desoxicolato (1mg/kg/dia) até estabilização clínica Terapia inicial: Considerar associação com fluconazol 800mg/dia Seguido de Fluconazol (400-800mg/dia) por 6-12 meses. Quadros pulmonares não graves Fluconazol (400mg/dia) por 6 a 12 meses. Pneumocisitis jirovecii: Sulfametaxazol/Trimetoprim (15mg/kg/dia TMP) durante 21 dias Helminto: Strongyloides stercoralis: Ivermectina (200mcg/kg) durante 7 a 14 dias Prolongar tratamento caso não ocorra a negativação do escarro PNEUMONIA NOSOCOMIAL Classifica-se como pneumonia nosocomial (hospitalar) aquela adquirida após 48horas da admissão hospitalar. E pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV) como a que ocorre 48 a 72 horas após EOT+ VM ( Entubação orotraqueal e ventilação mecânica). Agentes etiológicos Distrinuição dos agentes de Pneumonia na UTI no período de maio/2005 a dezembro/2008 P. aeruginosa 3% A. baumannii 5% K. pneumoniae 6% Enterobacter sp 45% S. maltophilia Acinetobacter sp 10% Providencia sp Enterococcus sp K. oxytoca 13% Providencia roettgeri 14% S. viridans Dados: UTI Hospital Rim e Hipertensão Diagnóstico clínico de PAV • Aparecimento de infiltrado pulmonar novo ou progressivo sem outra causa • Febre (> 38⁰ C) • Leucocitose (>12.000) ou leucopenia (<4.000) o o o o E pelo menos DOIS dos seguintes: Início de escarro purulento, ou aumento ou mudança nas características da secreção respiratória > 2 observações com diferença 24h; Novo início ou sua piora de tosse, dispnéia, ou taquipnéia (> 25 ipm); Estertores creptantes ou roncos; Piora das trocas gasosas (ex. dessaturações, PaO2/FiO2≤240), maior demanda de O2 ou aumento da demanda por ventilação. Diagnóstico Laboratorial na PAV 1. Hemocultura: SEMPRE Como orientado anteriormente 2. Pesquisa de Antígenos urinário para Legionella: SEMPRE 3. Cultura de secreção traqueal Realizar aspirado traqueal para obtenção do material para cultura Terapia empírica na PAH/PAV PAV precoce (< 5 dias de VM e/ou internação) Levofloxacino 750mg/dia PAV tardia (> 5 dias de VM e/ou internação) 1. Paciente estável: Cefepime ou Piperacilina+Tazobactan 2. Paciente instável e com alto risco de patógeno resistente: Individualizar o tratamento conforme o uso prévio de antimicrobiano Sem uso prévio de antimicrobiano considerar uso de Carbapenen + Vancomicina Alto risco para patógenos resistentes: o ≥5 dias de internação o Uso prévio de antimicrobianos nos últimos 90 dias o Hospitalização, por mais de 2 dias, nos últimos 90 dias o Institucionalizado o Diálise nos últimos 30 dias Tempo de duração do tratamento: máximo de 14 dias Reavaliar após 48-72horas com culturas e evolução clínica. Observação: Todas as doses apresentadas nesse protocolo correspondem a pacientes com função renal normal. Favor ajustar as doses conforme função renal.