Em relação ao paciente: O que se compreende por humanização e

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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
Ailton Gomes da Silva – RA A0059A8
Erika Aparecida França – RA 988794-6
Jéssica Soares Gueiros – RA A224076
Manuella E. M Ferreira – RA A144GB8
Marisa Aparecida Bassi – RA A128026
Talita Cristina S Pereira – RA 4428900
Vanessa de C Paiva – RA A17ADD0
“HUMANIZAÇÃO EM
AMBIENTES MÉDICOS”
Disciplina: Psicologia da Saúde Pública
Orientação: Profª Lédice Lino
São Paulo
Maio/2012
HUMANIZAÇÃO EM AMBIENTES MÉDICOS
CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO
Segundo as definições de dicionários, humanização é ação ou efeito de
humanizar, tornar mais sociável, mais tratável.
O interesse e o olhar para o ser humano se iniciam no século XIV, na Europa,
com o movimento renascentista, quando houve o rompimento com o pensamento
religioso. Deus sai do centro do universo e dá lugar ao homem em busca do
conhecimento de si e do mundo a sua volta, sendo assim tudo o que dizia respeito
a este homem e à sua vida tinha uma ênfase maior passando, portanto a ser mais
valorizado (DIAS e BAPTISTA, 2009).
O pensar o ser humano nos conduziu ao que chamamos hoje de
humanização, ou a necessidade de nos voltarmos para o outro entendendo este
como um ser possuidor de necessidades tanto físicas quanto psicológicas que se
expressam de forma subjetiva em cada um e, portanto caracteriza cada individuo
como único. Assim humanização é o desejo de levar em consideração as
necessidades verdadeiras do paciente, não sendo unicamente materiais, mas
também psicológicas e da personalidade do doente Jeamment, Reynaude e
Consoli; Bedran (2000 apud DIAS e BAPTISTA, 2009).
Hoje em dia humanização é um termo mais utilizado na área da saúde, como
sendo focalizado para o bem-estar do indivíduo, seja físo ou moral. No entanto,
alguns fatores devem ser considerados para definir bem-estar, pois o termo é
subjetivo, é preciso compreender a realidade, o contexto do paciente para se
definir exatamente o que significa para cada sujeito. Dependendo da função, da
concepção e dos valores de cada profissional envolvido, o significado da palavra
pode ter parâmetros diferentes.
Dias e Baptista (2009) Nos dizem que para humanizar é necessário observar
as necessidades e o contexto abrangente do individuo, desde o contato com o
paciente até o atendimento de familiares no que diz respeito ao ambiente
hospitalar. Acrescentam ainda que a utilização da prática humanizadora é
importantíssima principalmente em unidades de terapia intensiva devido à
delicadeza dos pacientes que se encontram ali internados.
Contudo é necessário ver o paciente seja visto além de um conjunto de sinais
e sintomas (Zen e Brustcher apud Dias e Baptista 2009).
Dias e Baptista (2009) também fala sobre essa questão dizendo que um
fator muito importante é introduzir no ambiente hospitalar a lado humano, não
devendo ser focado apenas os sinais e sintomas do paciente, pois ele não é
apenas uma usina de órgãos danificados.
Segundo Pessini, Bertachini, (2004):
“Humanização,
significado
da
vida,
implica
a
na
capacidade
compreensão
de
perceber
do
e
compreender a si mesmo e ao outro, situado no mundo e
sujeito de sua própria história, pressupõe considerar a
essência do ser, o respeito à individualidade e a necessidade
da construção de um espaço concreto nas instituições de
saúde que legitime o humano das pessoas envolvidas.”
Objetivo do estudo
O artigo ao qual iremos desenvolver esta síntese teve por objetivo investigar o
entendimento, sugestões e as possibilidades de prática referente à Humanização
dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva-Adulto (UTI-A) localizada em um
Hospital-Escola. Foram entrevistados de forma informal um grupo de 46 sujeitos,
atuantes na unidade mencionada e citados no artigo de acordo com a seguinte
subdivisão: Equipe de enfermagem (composta por 30 sujeitos), equipe médica (12
sujeitos) e outros profissionais (4 sujeitos – uma docente supervisora de terapia,
uma docente supervisora de enfermagem, uma nutricionista e um fisioterapeuta).
Foram perguntadas a esses profissionais as seguintes questões: “O que
você compreende por humanização?” e “O que você faria para humanizar essa
unidade?”, no caso a UTI-A.
Discussão (principais resultados)
Referente ao conteúdo que foi colhido pelos pesquisadores emergiram
temas que condizem as palavras chave: Paciente, equipe, ambiente físico e
família do paciente. Sendo assim abordaremos esses quatro temas explicando o
que foi trazido pelos entrevistados em cada tópica referente as duas perguntas já
citadas.
Os profissionais ouvidos na pesquisa em sua maioria responderam a
questão 1 – Compreensão de humanização, na categoria paciente: tratar o
paciente com respeito e responsabilidade; orientá-lo quanto aos procedimentos
que eram manejados. Betran (1985 apud DIAS e BAPTISTA, 2009), sustenta que
explicar as rotinas ao paciente gera segurança e possibilita que este exponha
suas dúvidas e os medos em relação tratamento.
A equipe considerou relevante chamar o paciente pelo nome, tal como
trata-lo individualmente, com respeito e pela identidade que este possuí e não
como um diagnóstico.
Na categoria equipe, as respostas foram apresentadas por três grupos
que representaram a humanização compreende por um relacionamento mais
favorável entre os membros da equipe, entre as diversidades presentes na equipe,
tal como o trabalho realizado em conjunto com outras especialidades médicas. Os
autores Jeamment, Reynaude e Consoli (2000 apud DIAS e BAPTISTA, 2009)
afirmam a importância de no entendimento de humanização é necessário frisar
que inclusive a equipe provê a assistência ao hospitalizado.
Um funcionário da equipe médica considerou a relevância da terapia
ocupacional para os pacientes lúcidos. Bedran (1985 apud DIAS e BAPTISTA,
2009)) prevê que este tipo de paciente pode ter sintomas depressivos causados
pela falta de atividades na UTI e considera a importância da inserção de
atividades
como
palavras
cruzadas,
leituras,
serviços
manuais,
sempre
considerando a limitação de cada paciente. Essas atividades deveram viabilizar
benefícios para o reestabelecimento da saúde e bem estar do internado.
Tiveram respostas isoladas nas equipes médicas e de enfermagem sobre
a importância da padronização nas rotinas hospitalares das equipes, a teoria
utilizada na pesquisa não contempla essa conceituação dentro da humanização,
entretanto pareceu ser necessário na rotina de alguns profissionais está
padronização visa que a saúde do paciente não sofra com um possível erro ou
equivoco deste profissional.
Quanto à categoria ambiente físico, tiveram quatros respostas que se
destacaram uma resposta da equipe de enfermagem sugeriu a inclusão de janela
na UTI para que o paciente possa ter a noção de tempo e espaço, entretanto a
medida seria inviável devido às condições que devem ser mantidas neste tipo de
ambiente. Mas segundo Jeamment, Reynaude e Consoli; Bedran (2000; 1985
apud DIAS e BAPTISTA, 2009) existem outros recursos que podem ser utilizados
para a orientação temporal e espacial do paciente, como: inclusão de relógio
digital, e a equipe no momento de contato com o paciente orienta-lo quanto às
condições ambientais externas.
A equipe de “outros profissionais” relatou, a humanização como um
ambiente mais favorável ao paciente diminuindo assim as angústias geradas pela
a internação. Entretanto, a equipe não delimitou os critérios que compõe esse
ambiente mais favorável e isso é fator determinante para as modificações neste
contexto.
Na equipe médica apontou para as acomodações dos pacientes, com
mais espaçamento entre os leitos e a literatura alega que os aspectos ambientes
geram influência no indivíduo e no seu bem-estar. E os profissionais inseridos
neste contexto devem promover melhores condições no ambiente.
Na categoria familiares, todas as equipes concordam que para humanizar
e melhorar a qualidade de vida nesse aspecto, deve-se aumentar o tempo de
visita e a quantidade de visitas ao dia. E também eleger um membro da família
serviria como interlocutor na equipe médica
Paciente – Em relação ao paciente: O que se compreende por humanização e
o que faria para humanizar a unidade?
O que se pôde perceber é que o conceito de humanização pode ser visto de
formas diferentes, ou seja, por vários ângulos, dentro de cada especialidade da
área de saúde.
De forma geral, no que diz respeito ao paciente, os sujeitos entrevistados
mencionam questões referentes ao relacionamento do cuidador e pacientes
revelando que há necessidade de uma proximidade maior, como por exemplo
chamar pelo nome e explicar os procedimetos de seu caso em especifico. Tais
ações permitem demostrar que os pacientes são unicos no sentido subjetivo. Esse
tipo de relação ajuda a criar um vinculo de confiança e afasta a ansiedade
provocada pela ambientação da UTI-A contribuindo para o processo de
recuperação da doença (Jeammet; Reynaud; Console; Bedran; Souza; Possari e
Mugaiar, 2000 apud Dias e Baptista, 2009).
A necessidade e importância de um trabalho psicológico com esses pacientes
também são mencionadas, contudo Dias e Baptista (2009) afirmam que cada
sujeito envolvido no contexto hospitalar deve saber qual seu papel e função como
colaborador do processo humanizador.
É também proposto pelos participantes da entrevista a utilização de terapia
ocupacional junto aos pacientes, salientando a importância dessa pratica na
diminuição de pensamentos obsessivos negativos que podem estar presentes no
contexto hospitalar devido a ociosidade (Caballo e Buela, 1996 apud Dias e
Baptista, 2009).
Equipe – Em relação a equipe hospitalar: O que se compreende por
humanização e o que fariam para humanizar a unidade?
Em relação às equipes a questão do relacionamento no sentido multidisciplinar
e o relacionamento tanto com membros da equipe de saúde quanto com membros
de outras equipes são mencionados, acreditando que a comunicação possa ajudar
a trazer uma ação humanitária mais eficiente, já que a humanização não envolve
apenas os pacientes, mas toda a equipe envolvida (Jeammet; Reynaud; Console
apud Dias e Baptista, 2009).
Atenta-se também para uma possibilidade de aprendizagem que favoreça o
trabalho da equipe além de uma menção referente à rotina o que demonstra que
“parece ser uma necessidade de alguns profissionais tal padronização, talvez afim
de diminuir erros dos procedimentos da equipe de saúde” (Dias e Baptista, 2009,
p.165).
Ambiente físico – Em relação ao ambiente em contexto: O que se
compreende por humanização e o que fariam para humanizar a unidade?
A equipe considera que humanizar a unidade se refere ao espaço de todos,
funcionários e pacientes. Considera-se “ambiente” não só o físico, mas também as
ações feitas nesse espaço.
Para a equipe de enfermagem, humanizar o espaço seria colocar janelas nas
UTI’s. Isso daria aos pacientes orientação espaço-temporal. Mas essa alteração
depende de estrutura da unidade. A orientação espaço-temporal pode ser feita por
outras maneiras como colocar relógio digital e a equipe poderia relatar sobre as
condições climáticas (Jeammet; Reynaud; Console, 2000 apud Dias e Baptista,
2009).
Alguns membros da equipe consideram que humanizar o espaço do paciente é
criar um ambiente que favoreça a diminuição do estresse. Aos pacientes é
necessário para humanização do tratamento melhor acomodação e espaço entre
os leitos, com divisórias para dar privacidade e respeitar a individualidade de cada
paciente, pois isso influencia diretamente o bem estar do ser humano (Costa,
1995; Santos, Knibel & Flemming, 1994). Ter no espaço revistas, televisão, jogos
recreativos e uma mesa onde poderiam conversar médicos e familiares.
Um ambiente silencioso também seria favorável ao tratamento humanizado
para os pacientes. O excesso de fluxo de pessoas no local impossibilita que o
paciente descanse (Jeammet, Console, Reynaud, 2000; Bedran, 1985). Isso ajuda
o sono e a recuperação.
A musicoterapia também foi considerada como forma de humanização,
segundo a equipe.
Humanizar o ambiente da equipe médica seria ter uma acomodação melhor
para a equipe se alimentar e descansar, com isso o trabalho desenvolve e rende
melhor.
Para humanizar também é preciso aumentar o volume da equipe de
enfermagem, que é delicado e sobrecarregado (Bedran, 1985 apud Dias e
Baptista, 2009) e que as folgas devem ser frequentes pare boa recuperação da
rotina de trabalho. Com mais enfermeiros, não sobrecarrega outros membros da
equipe em caso de férias e licenças.
Familiares – Em relação ao acompanhamento familiar na UTI-A: O que se
compreende por humanização e o que fariam para humanizar a unidade?
Todas as equipes concordam que para humanizar e melhorar a qualidade de
vida nesse aspecto deve-se aumentar o tempo de visita e a quantidade de visitas
ao dia. Isso aumenta a segurança afetiva do paciente (Takakashi,1986 apud Dias
e Baptista, 2009) que melhora o seu funcionamento orgânico.
Eleger um membro da família que serviria como interlocutor na equipe médica,
pois a falta de comunicação da equipe médica pode ser entendida como falta de
preocupação ou importância. Isso também é humanizar.
Além do mencionado acima, os funcionários disseram que humanizar é
ampliar o envolvimento dos familiares permitindo também a permanência de um
membro da família na UTI, orientá-los, prepará-los para a visita, atender suas
necessidades e aumentar suas expectativas quanto ao tratamento da UTI. Todo
esse suporte serviria para que os familiares diminuam a ansiedade na hora da
visita e não contaminem o paciente com esse sentimento. Mas, sim, que os
familiares tenham expectativas e transmitam isso para o paciente, mesmo que
este esteja inconsciente.
Humanizar é também atender á família, pois a doença de um membro
repercute na dinâmica familiar (Senna, 1981 apud Dias e Baptista, 2009).
Considerações finais
Compreendemos que a humanização é praticar a empatia e o entendimento
no contato e no estar com o outro. Percebemos que humanizar é deixar que o
outro mostre quais são suas necessidades psicológicas e fisiológicas diante do
contexto que enfrenta (a doença) e auxilia-lo no processo de busca pela saúde.
O ser, portanto deve ser visto através de sua subjetividade, dentro de uma
percepção total enquanto biopsicossocial da mesma forma como a equipe deve
ser vista, pois a humanização parte de dentro para fora, da equipe para os
pacientes.
Partindo desse príncipio devemos pensar a possibilidade de lidar não apenas
com o paciente, a equipe, o ambiente e a familia, mas de forma ampla, ir muito
mais além do que este termo tão multifacetado pode nos demonstrar, investigando
quais outros aspectos e contribuições a humanização pode instigar.
Um dos pontos de humanizar pode surgir através da comunicação, como
vimos neste trabalho foi através de estudos e pesquisas que pode se ter uma
visão do que a própria equipe profissional espera para a melhora na área da
saúde, e inclusive manter um bom relacionamento com os pacientes, pois ficar
internado em uma UTI, já não é fácil pior é você não ter uma boa equipe
profissional que esteja a dispor quando necessário, humanizar é respeitar acima
de tudo.
Bibliografia
BAPTISTA, M. N.; DIAS, R. R. Humanização em ambientes médicos IN: Batista,
M.N.; Dias R.R.Psicologia Hospitalar: teoria, aplicações e casos clínicos. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. pp. 157-169.
PESSINI, L., BERTACHINI, L. Humanização e Cuidados Paliativos. São Paulo:
Loyola, 2004.
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