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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO VALE DO JURUENA – AJES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO
FUNDAMENTAL E GESTÃO ESCOLAR
ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DO 2°ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA
E.M.E.B PASTOR JOSÉ GENÉSIO DA SILVA.
Eva Sebastiana Santana
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
BRASNORTE /2011
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO VALE DO JURUENA – AJES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO
FUNDAMENTAL E GESTÃO ESCOLAR
ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DO 2°ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA
E.M.E.B PASTOR JOSÉ GENÉSIO DA SILVA.
Eva Sebastiana Santana
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência
parcial para a obtenção do título de
Especialização em Metodologia do
Ensino
Fundamental
e
Gestão
Escolar.”
BRASNORTE /2011
“ Tem-se grande trabalho em procurar os
melhores métodos para ensinar a ler e escrever.
O mais seguro de todos eles, de que sempre se
esquece, é o desejo de aprender. De a ele esse
desejo e abandone dados e tudo mais, e qualquer
método será bom”.
Rousseau 1712-1778
“ A escola não alfabetiza, dá continuidade a um
processo
de
desenvolvimento”
Paulo Freire.
alfabetização
já
em
pleno
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho de conclusão de curso, a minha Maria da Costa e ao
meu pai Vital Santana ( em memória) e ao meu esposo Simão R. Maria, que me
incentivou e colaborou comigo me dando força e estímulo para chegar ao final .
Dedico também a minha a filha Elizângela Santana e meu filho Ricardo
Amorim (em memória) e a todos os meus filhos e netas que contribuíram na minha
caminhada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por sempre está presente em minha vida e
no meu coração.
Agradeço aos meus filhos e netas que compartilharam comigo nos
momentos mais difícil de minha caminhada, me dando força, coragem e ânimo para
enfrentar as dificuldades.
E a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram comigo nesta
caminhada para o sucesso.
RESUMO
O estudo proposto objetiva analisar o processo de alfabetização e as
dificuldades encontradas pela professora do 2º ano do Ensino Fundamental, da
Escola Municipal de Educação Básica Pastor José Genésio da Silva, em Brasnorte MT, situada no bairro Nosso Lar.
Para realizar este trabalho, adotei o método de pesquisa de campo com
questionário aberto com 10 (dez) para serem respondidas pela docente que falou
das práticas aplicadas e das dificuldades que encontra para alfabetizar seus alunos.
Verificou-se que o processo de alfabetização é orientado de acordo com
teorias de aprendizado centrado na criança. A professora questionada revelou o
quanto é importante o planejamento de acordo com a realidade da criança e como é
fundamental para a melhoria qualitativa no ensino da alfabetização. Conclui-se que o
processo ensino-aprendizagem na alfabetização ainda precisa de melhores
oportunidades de pesquisa visando à adoção de novas técnicas que favoreçam o
aprendizado em melhores níveis de qualificação à criança.
Escolhi esse tema devido a grande dificuldade que encontrei no ano anterior,
para trabalhar com os alunos das séries iniciais, que não apresentavam muito
interesses em aprender a ler e escrever. Baseando nessas dificuldades, que resolvi
fazer a minha monografia relacionada a Alfabetização Nas Séries Iniciais , para
saber outras estratégias que ajudaria a desenvolver o aprendizado dessas crianças
com mais empenho e dedicação.
Em geral, os educadores sabem que alfabetizar é uma tarefa difícil e sujeita
as influências de inúmeras variáveis, tais como fatores pedagógicos, psicológicos,
sociais, lingüísticos e outros que na se relevam, explicitamente, porém somatizam
na totalidade do processo tornando-se favorável seu estudo numa perspectiva
científica, visando oferecer aos educadores, condições de intervir positivamente na
elaboração de propostas conciliatórias que atendam a necessidade das crianças no
estágio de alfabetização.
Palavras-Chaves: Processo de Alfabetização, dificuldades de aprendizagem,
desenvolvimento e metodologia.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................07
1. ALFABETIZAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS ............................................................10
2. DIFICULDADES DE APRENDIZADOS..................................................................24
3. O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO...................................................................28
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................40
ANEXOS. ...................................................................................................................43
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema ALFABETIZAÇÃO NAS SÉRIES
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.
Vendo as dificuldades que vários professores encontram para alfabetizarem
os alunos, resolvi fazer uma pesquisa em uma determinada escola, para saber
quais os métodos que a docente utiliza para alfabetizar com sucesso seus alunos e
quais as dificuldades que ela encontra para aplicar o conteúdo planejado.
O objetivo geral da monografia é conhecer alguns métodos utilizados pela
professora para alfabetizar seus alunos nos anos iniciais. Os objetivos específicos
são:
-Identificar os métodos utilizados pela docente para ensinar seus alunos a ler
e escrever.
-Verificar se a metodologia aplicada pela docente está dando certo.
-Elaborar perguntas relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem.
-Fazer pesquisa de campo e bibliográfico que contribuirão para o processo
de ensino e aprendizagem dos alunos com dificuldades na leitura e na escrita.
Historicamente, o conceito de alfabetização se identificou ao ensinoaprendizagem da tecnologia da escrita, quer dizer, do sistema alfabético de escrita,
o que, em linhas gerais, significa, na leitura, a capacidade de decodificar os sinais
gráficos, transformando-o em sons, e na escrita a capacidade de codificar os sons
da fala, transformando em sinais gráfico.
Tendo em vista a grande dificuldade que o docente encontra para alfabetizar
os alunos dos anos iniciais, resolvi desenvolver esta pesquisa para saber qual é a
metodologia que a professora do 2º ano utiliza para alfabetizar.
Com o desenvolvimento das capacidades lingüística de ler e escrever, falar
e ouvir com compreensão, em situações diferentes das familiares, não acontece
espontânea. Elas precisam ser ensinadas sistematicamente e isso ocorre,
principalmente, nos anos iniciais da Educação Fundamental . Por esta razão, o
principal objetivo desta monografia é pesquisar as metodologias aplicadas por
diversos autores, que serão citados no desenrolar deste trabalhoespecialmente as
08
teorias de Emilia Ferrero, Magda Soares e outros que contribuirão nestas pesquisas.
Enfocarei também a docente de uma determinada escola para saber seu método de
alfabetizar.
Este trabalho cientifico será dividido em 03 (três) capítulos para facilitar a
leitura e a interpretação dos textos.
No primeiro capítulo apresentarei as pesquisas bibliográficas referentes
alfabetização ou ler e escrever relatadas por vários autores mestres em
alfabetizarem crianças, especialmente nos anos iniciais.
No segundo capítulo apresentarei a pesquisa de campo, com questionário
aberto com dez perguntas para a docente que irá responder.
No terceiro capítulo, falarei dos resultados da pesquisa, onde colocarei o
meu ponto de vista e farei a conclusão final do trabalho cientifico, colocando os
pontos positivos e negativos sobre as pesquisas realizadas.
Por que, alfabetizar para alguns docentes é um trabalho gostoso de fazer,
porque ele tem uma facilidade específica em realizar a tarefa. Já para outros, é mais
complicado,
Porque ele não tem aquela afetividade que a criança exige.
Segundo BRASIL (1997), de linguagem, ensinar a escrever torna-se uma
tarefa muito difícil fora do convívio com textos verdadeiros, com leitores e escritores
verdadeiros e com situações de comunicação que os tornem necessários. Fora da
escola escrevem-se textos dirigidos a interlocutores de fato. Todo texto pertence a
um determinado gênero, com uma forma própria, que se pode aprender. Quando
entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um papel
modalizador, servindo como fonte de referência, repertório textual, suporte de
atividade intertextual.
É preciso ter claro também que as propostas didáticas difundidas a partir de
1.985, ao enfatizar o papel da ação e reflexão do aluno no processo de
alfabetização, não sugerem uma abordagem espontaneísta da alfabetização escolar;
ao contrário, o conhecimento dos caminhos percorridos pelo aluno favorece a
intervenção pedagógica e não a omissão, pois permite ao professor ajustar a
informação oferecida as condições de interpretação em cada momento do processo.
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Permite também considerar os erros cometidos pelo aluno como pistas para guiar
sua prática, para torná-la menos genética e mais feliz.
A alfabetização, considerada em seu sentido restrito de aquisição da escrita
alfabética, ocorre dentro de um processo mais amplo de aprendizagem. Esse
enfoque coloca necessari0amente um novo papel para o professor dos anos iniciais.
O conhecimento atualmente disponível recomenda uma revisão dessa
metodologia a aponta para a necessidade de repensar sobre teorias e práticas tão
difundidas e estabelecidas, que para a maioria dos professores, tendem a parecer
as únicas possíveis.
Com base nessas teorias, irei pesquisar profundamente sobre essas
dificuldades que os docentes estão encontrando para alfabetizar os alunos de 1º ao
4º ano do ensino fundamental. Por isso, questionarei a professora do 2º ano, sobre
as metodologias trabalhadas por ela na sala de aula para ensinar seus aluno.
CAPÍTULO I
ALFABETIZAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS:
A alfabetização de uma maneira geral tem sido uma questão bastante
discutida, principalmente pelos profissionais de educação, por se observar ainda
uma grande dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita do aluno.
Atualmente, esta questão vem recebendo atenção especial, principalmente se
considerarmos a alfabetização não apenas como o aprendizado da leitura e da
escrita, mas a importância de todo o seu contexto sócio-cultural, histórico e
econômico, o qual está inserido o sujeito.
A alfabetização das crianças de 0 a 6 anos de idade deve levar em
consideração as idéias que a criança já tem conhecimento da leitura e da escrita
antes mesmo de ser inserida no ambiente escolar. Na sala de aula, atividades
estimularão o processo de ensino-aprendizagem oportunizando avanço na
concepção do sistema escrito e oral.
Nesse nível de escolarização, o aluno precisa entender a escrita como um
objeto social e não como um objeto escolar. Isso será possível a partir de uma
prática pedagógica em que a leitura e escrita sejam trabalhadas de maneira
significativa.
Ler, segundo BURANELLO (2008), é mais complexo do saber decodificar
(isto é, transformar sinais gráficos em sons) e escrever vai além de saber codificar(
ou seja, transformar sons em sinais gráficos). Saber ler implica em compreender as
intencionalidades do texto, as características próprias do gênero, os efeitos
provocados pelas escolhas lingüísticas do autor. Saber escrever consiste em
produzir um texto coerente e coeso conforme uma intenção comunicativa.
LEAL, ALBUQUERQUE e MORAIS (2006ª), relatam a respeito do assunto:
Diante disso, ensinar o nome das letras e o valor sonoro delas é uma tarefa
importante e necessária para o professor-alfabetizador, mas não deve ser a
única. Pode-se dizer que, nos primeiros anos de escolarização, o professor
precisa garantir ao aluno a alfabetização, ou seja, as habilidades de ler
(decodificar) e escrever (codificar), mas também o letramento. (p. 71).
Alfabetização e letramento, conforme explica SOARES (2003), não são
práticas excludentes, pelo contrário. Ao mesmo tempo em que ensina a natureza do
sistema de escrita, o professor pode e deve propor atividades de leitura e escrita de
11
textos. Desse modo, alfabetização letrando ou, alterando a ordem dos termos, mas
não o princípio, letrará alfabetizando.
Conforme já dissemos, muitas crianças chegam à escola com os
conhecimentos absorvidos informalmente em seu cotidiano. Por isso, os
pesquisadores, dentre eles BATISTA e outros (2007, p.11), dizem que há diferentes
níveis de letramento.
Um dos maiores desafios da escola é ensinar os alunos a ler e compreender
o que lêem, ou seja, formar leitores suficientemente competentes. Para vencer esse
desafio, o professor precisa valer-se de práticas pedagógicas eficazes. Segundo os
BRASIL (1997, p.54):
Quanto ao trabalho com leitura nos anos iniciais de escolarização, não é
necessário, primeiramente, que o aluno aprenda o nome das letras e o valor
sonoro delas para somente depois disso propor-lhes a leitura de textos.
Pesquisas no estudo da leitura têm demonstrado que se aprende a ler
lendo. Ou seja, a aprendizagem da leitura se dará nas situações que
propiciam o contato com textos autênticos. Muitos dos elementos extra
verbais (como a diagramação, a fonte, as imagens que acompanham o
texto) servem de elementos para a apropriação/construção do sentido do
texto.
Saber escrever com clareza e competência é de fundamental importância
para a plena participação na sociedade atual, uma vez que vivemos numa sociedade
que se organiza
e mantém-se em torno da escrita. Conforme orienta BERENBLUM
(2006, p.24).
Tal como a leitura, segundo BERENBLUM (2006), a escrita sofre do mal da
escolarização, quase sempre restrita à cópia e à reprodução de formas previamente
modelares, estimulando os processos de autoria que fazem dos sujeitos “escritores”,
no justo sentido de ser autor autônimo e competente para escrever o seu texto, para
dizer suas palavras e registrar sua história, transformando sua passagem pelo
mundo, nas sociedades grafocêntricas.
Portanto, leitura e escrita são atos inseparáveis e interdependentes. A
prática constante e eficiente de leitura favorece a escrita. Em sala de aula, é
importante que os alunos sejam conscientizados dessa questão e incentivados a
refletir sobre suas atividades de escrita. O professor deve esclarecer para a turma
que os textos produzidos em situações reais possuem destinatários e objetivos
diversificados e são organizados nos mais variados gêneros. Por muito tempo, as
práticas de ensino de Língua Portuguesa não consideravam a língua oral como algo
12
passível de ensino e aprendizagem. Dessa postura, resultou a formação de um
contingente de indivíduos que não eram capazes de elaborar textos orais
devidamente estruturados e de adequar a linguagem a situação de comunicação (
ou, se eram, não graça a aprendizagem escolar).
Com o desenvolvimento das ciências da linguagem, dentre elas, a
Linguística Textual, a Análise da Conversação, a Sociolingüística e a Análise do
discurso, as metodologias de ensino de língua materna foram repensadas. Surgiram,
assim, novos paradigmas para as aulas de Língua Portuguesa. Por conseguinte, os
BRASIL (1997), recomendam que a língua oral seja objeto de estudo e reflexão em
sala de aula. De acordo com esse documento:
Eleger a língua oral como conteúdo escolar exige o planejamento da ação
pedagógica de forma a garantir, na sala de aula, atividades sistemáticas de
fala, escuta e reflexão sobre a língua. São essas situações que podem se
converter em boas situações e interpretação de aprendizagem sobre os
usos e as formas da língua oral: atividades de produção e interpretação de
uma ampla variedade de textos orais, de observação de diferentes usos, de
reflexão sobre os recursos que a língua oferece para alcançar diferentes
finalidades comunicativas. (p. 49).
Para que o trabalho com a língua oral em sala de aula seja profícuo é
necessário compreender que não se trata de transformar a fala num tipo de
conteúdo autônomo no ensino de língua: ela tem de ser vista integralmente e na
relação com a escrita (MARCUSHI, 2001, p.23).
É importante ressaltar que, em sala de aula, o trabalho com a modalidade
oral de língua não deve ser confundido com “corrigir” a fala do aluno. Trata-se de
organizar atividades em que gêneros orais sejam produzidos e que se reflita sobre a
função da língua oral nas interações verbais, bem como os níveis de formalidade e a
variedade adequada que cada gênero?Situação requer.
BRASIL (1997), completa essas considerações:
A questão não é falar certo ou errado, mas saber forma da fala utiliza e,
considerando as características do contexto da comunicação, ou seja, saber
adequar o registro às diferentes situações comunicativas. É saber
coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a
quem e por que se diz determinada coisa. É saber, portanto, quais
variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da intenção
comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige.
(p.31-32).
Para estar condizente com esses pressupostos, é importante que o trabalho
em sala de aula se organize em torno do uso que privilegie a reflexão dos alunos
13
sobre as diferentes possibilidades de emprego da língua. (BATISTA e outros, 2007,
p.9).
Com base nesses princípios, o trabalho pedagógico com as crianças de
séries iniciais deve garantir o estudo articulado das Ciências Naturais, das Noções
Lógico-Matemáticas e das Linguagens. Especificamente no que se refere aos
objetivos do trabalho com linguagens nos anos/séries iniciais.
Segundo CORSINO (ANO 2006), textos significativos para as crianças,
produzidos nas mais variadas situações de uso da linguagem oral e escrita, em que
elas participem como locutores e como ouvintes. É importante que o cotidiano das
crianças das séries/anos iniciais seja pleno de atividades de produção e de recepção
de textos orais e escritos, tais como: escuta diária da leitura de textos diversos,
especialmente de histórias e textos literários; produção de textos escritos medida
pela participação e registro de parceiros mais experientes; leitura e escrita
espontânea de textos diversos, mesmo sem domínio das convenções da escrita;
participação em jogos e brincadeiras com linguagem; entre outras possíveis. Ao lado
disso, as crianças devem ser encorajadas a pensar, a discutir, a conversar e,
especialmente, a raciocinar sobre a escrita alfabética, pois um dos principais
objetivos do trabalho com língua nos primeiros anos/séries do ensino fundamental é
lhes assegurar o conhecimento sobre a natureza e o funcionamento do sistema de
escrita nas suas mais diversas funções.
Segundo BRASIL (1998, p.151), diz que “um ambiente é alfabetizador
quando promove um conjunto de situações de usos reais de leitura e escrita nas
quais as crianças têm a oportunidade de participar.”
Isso não significa que se deva fazer da sala de aula um local cheio de
matérias escritas, sem nenhum critério ou qualidade, mas sim transformá-la em um
espaço no qual a leitura e a escrita estejam sempre presentes. Isso permite à
criança perceber a importância dos textos e o prazer que a elaboração e a leitura
deles podem proporcionar.
Criar um ambiente alfabetizador também implica em respeitar as crianças
enquanto pessoas. Elas precisam se sentir acolhidas, valorizadas e devem ter
oportunidade de realizar aquilo que melhor sabem fazer nessa fase da vida: brincar
e imaginar.
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Além disso, um ambiente ideal para a alfabetização (ou, como preferem
alguns, para o letramento) implica em instaurar um clima em que ocorra a interação
entre professor-aluno, aluno-aluno, aluno-família, professor-família.
Enfim, o ambiente alfabetizador tem de possibilitar o desenvolvimento
cognitivo do aluno para que ele possa avançar na aprendizagem, que consiste em
um processo e contínuo.
O
professor
possui
um
papel
fundamental
no
processo
de
alfabetização/letramento: o de mediador de relação entre o aluno e a aprendizagem.
Ele deve estar ciente de que, além de propor as atividades que planejou, deve
ajudar a criança a avançar cognitivamente.
Isso que dizer que, em vez de deixar o aluno descobrir sozinho para a
escrita e de que modo ela representa graficamente o pensamento e a linguagem. O
professor auxilia a criança a refletir sobre suas pré-concepções de modo que ela
supere conceitos equivocados ou incompletos e substitua por novos conceitos.
Segundo MASSINI-CAGLIARI:
Ser “mediador” não pode ser entendido apenas como sendo um aplicador
de pacotes educacionais ou um mero constatador do que o aluno faz ou
deixa de fazer. Ser mediador deve significar, antes de mais nada, estar
entre o conhecimento e o aprendiz e estabelecer um canal de comunicação
entre esses dois pontos. (1999, p.225).
Segundo BURANELLO (2008), além de desempenhar o papel de mediador,
o professor também tem o papel de educador. Ser educador significa orientar os
alunos em todos os momentos, nas situações que possam surgir dentro e fora da
escola. A orientação dada pelo professor tende a influenciar o desenvolvimento da
criança; por isso, é fundamental que o professor aja com discernimento, boa vontade
e respeito pelo que faz, pela escola e principalmente pelos alunos, que são
indivíduos que estão conhecendo o mundo e assimilando novos conceitos. Quando
interagem, os alunos aprendem uns com os outros de maneira ativa, passando a
perceber que o conhecimento que possuem pode ter grande importância para os
colegas.
Por isso, organizar situações didáticas em que os alunos possam trabalhar
em grupo é uma estratégia que pode trazer grandes benefícios para o processo de
ensino-aprendizagem.
15
Desenvolver trabalhos em grupos nem sempre é simples, pois ele exige
bastante empenho do professor. Contudo, é exatamente viável, necessário e
produtivo. Além disso, se os alunos forem estimulados constantemente ao trabalho
cooperativo e colaborativo, com o tempo eles criarão uma dinâmica ideal, o que
tornará essa proposta ainda mais enriquecedora.
É importante que o professor conheça as condições socioculturais, as
expectativas e as competências cognitivas dos alunos, pois dessa forma, ele terá
condições de selecionar
situações-problema relacionadas ao cotidiano deles. É
relevante também o trabalho de um conteúdo em diversos contextos, a fim de induzir
a capacidade de generalização nos alunos.
De maneira diferente daquilo que muitos professores vivenciaram enquanto
estudantes ou durante seu processo de formação docente, atualmente eles
precisam, em suas práticas de ensino, elaborar diferentes estratégias e
oportunidades de aprendizagem e avaliar se estas estão sendo adequadas. Porque,
só através da auto-avaliação do professor, é que ele irá diagnosticar seu aluno em
relação ao desempenho na leitura e na escrita.
Segundo BURANELLO:
É interessante promover a socialização das produções dos alunos, isto é,
possibilitar que outras pessoas as leiam. Há varias maneiras de socializar
os textos, como: leitura para os colegas da turma e para os familiares,
exposições de textos em mural ou em varal dentro da sala de aula e nas
dependências da escola, organização de livros. A estas, o professor pode
acrescentar outras socializações que considera interessante. (2008, p 15).
Concordo com a fala de BURANELLO (2008), em expor os trabalhos dos
alunos em sala de aula ou no mural, para valorizar a produção e incentivá-los a
produzirem cada vez mais.
Segundo CHARLOT (2009), como acionar nos alunos mecanismos de
interesse pelo saber? Como notar que relação os estudantes estabelecem com o
saber escolar? Segundo contou o próprio CHARLOT em entrevista a Nova Escola
de Aracaju, cidade onde mora atualmente, suas pesquisas ainda devem uma
resposta mais completa para essas perguntas, principalmente quando o olhar se
volta par os alunos de periferias- na França, na Tunísia, na República Tcheca ou no
Brasil, países em que ele coordenou estudos. O que se sabe é que, quanto mais
significativo for o que está sendo ensinado, mais o aluno se põe em movimento, se
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mobiliza para se relacionar com aquele conteúdo. Mas essa situação, que seria a
ideal, não é a predominante.
Os estudos de CHARLOT (2009), apontam que a maioria dos estudantesquase 80% deles só vê sentido em ir à escola para conseguir um diploma, ter um
bom emprego e ganhar dinheiro e levar uma vida tranqüila. Nesse discurso, não há
a menção ao fato de aprender. Esses jovens que ligam escola e profissão sem
referência ao saber estabelecem uma relação mágica com ambos. Além disso, sua
relação cotidiana com o estudo é particularmente frágil na medida em que aquilo que
se tenta ensinar a eles não faz sentido em si mesmo, mas somente em um futuro
distante, define o pesquisador.
Segundo o francês, pensar de maneira determinista lança uma leitura
negativa sobre a realidade. Em vez disso, ele sugere uma leitura positiva do
indivíduo, levando em conta sua história de vida, seus desejos e suas atividades
cotidianas.
Baseando na fala de CHARLOT (2009), fiquei pensando: - Muitas vezes, nós
educadores, estimulamos nossos alunos a estudarem somente para conseguir um
bom emprego e um bom salário, não ensinamos aos alunos a importância do
conhecimento intelectual na vida cotidiana dos mesmos. Deixando uma lacuna muito
grande no ensino-aprendizagem do aluno. Chegando algumas vezes eles mesmos
perguntarem. “Pra que estudar?” Meus pais não estudaram e ganharam muito
dinheiro? Por isso, alguns alunos apresentam dificuldades no aprendizado, devido a
falta de incentivo do educador que não fala da importância da leitura e da escrita no
dia a dia da criança.
Segundo SCHLEICHER (2008), em entrevista a revista Nova Escola,
educação significa definir objetivos altos para a rede e padrões individuais elevados,
amparando pela certeza de que todo aluno é capaz de ter um bom desempenho
respeitando, é claro, sua trajetória particular de vida. Em geral, os sistemas baixam
as expectativas em relação aos estudantes com dificuldades de aprendizagem,
fazendo com que eles fiquem presos a essa situação, provavelmente com outros
colegas de resultados ruins. Por isso, é comum que os alunos ditos “problemáticos”
se concentrem em escolas leva ao fracasso, não o contrário. Para ele, até pouco
tempo atrás, a estratégia mais comum era separar os estudantes em grupos. Quem
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não se saía bem continuava mal no ano seguinte ou era mandado para uma escola
com menores exigências. A diversidade era enfrentada.
Desclassificando os estudantes e, assim, os professores se isentavam da
responsabilidade de ensinar. Mas é impossível dar a mesma aula para 30 crianças
diferentes. Escola e educadores devem perceber que alunos comuns têm
capacidades e talentos fantásticos.
Onde estão os pontos fortes de cada um deles? Como determinada criança
pode desenvolver o tipo de talento que tem? Trata-se de personalizar o aprendizado
para fazer com que todos cresçam. E para isso, os sistemas educacionais precisam
oferecer soluções, e os professores, usá-las. No Japão, um professor não tem como
se livrar de um aluo que não aprende, mas ele também não é abandonado com o
problema. A escola assume junto a responsabilidade pelo desenvolvimento do
estudante. De que forma esse trabalho coletivo pode contribuir para a melhoria da
qualidade da educação? Primeiro, porque isso gera um envolvimento muito maior
dos educadores na tomada de decisões sobre como ensinar. Segundo, porque o
contato com pessoas que exercem várias outras profissões cria uma atmosfera
muito positiva de soma, recombinação e síntese de saberes de diferentes campos. É
um processo mais afinado com a atual sociedade do conhecimento, pois ultrapassa
a mera transmissão de saberes.
Segundo WEISZ (2002), o que move as crianças é o esforço para acreditar
que atrás das coisas que elas têm de aprender existe uma lógica. De certa meneira,
aprender é, para elas, ter de reconstruir suas idéias lógicas a partir do confronto com
a realidade. E é exatamente porque nem tudo o que elas têm de aprender é lógicoou tem uma lógica que esteja ao seu alcance imediato- que constroem idéias
aparentemente absurdas, mas que são importantes no processo de aprendizagem.
CAGLIARI (1997), explora a alfabetização através da fonética, Magda
Soares defensora da alfabetização letrada. Todos estes autores como também
outros pesquisadores possuem significativas contribuições para um melhor
rendimento da alfabetização. Porém, para que realmente se entenda a alfabetização
é preciso contextualizá-la inicialmente, parafraseando Magda Soares (2004), quando
relata a importância de uma alfabetização contextualizada que determina que a
alfabetização que deve ser focada sob dois aspectos: aquisição e desenvolvimento
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da linguagem oral e escrita, porém dar-lhe um significado negaria seu real sentido,
afinal alfabetização ultrapassa apenas o ler e escrever.
Várias são as perspectivas que norteiam o processo da alfabetização
segundo CAGLIARI (1997), a exemplo da abordagem psicológica que se direciona
as condições prévias para a aprendizagem da leitura e da escrita; da psicolingüística
que caracteriza a maturidade linguística da criança; a sociolingüística que focaliza a
alfabetização como processo vinculador aos usos sociais da língua destacando as
diferenças dialetais, e, por outro lado a lingüística que concebe a alfabetização como
um processo de transferência da forma sonora para a forma gráfica da escrita.
Assim, a criança terá não somente que compreender, mas entender os elementos
da linguagem oral e escrita apropriando-se desta nova aprendizagem.
Neste processo é de fundamental importância e interação da criança com o
meio. O processo de alfabetização perpassa por vários fatores, desde o seu
desenvolvimento emocional, social da natureza lingüística que está inserido, da
relação escola e sociedade, pois o trabalho de alfabetização não se restringe
apenas a sala de aula. Assim, faz-se importante também o conhecimento dos
estágios de desenvolvimento da percepção da linguagem escrita que são
desmistificadas no livro Psicogênese da Língua Escrita de Ana Teberosky e Emilia
Ferreiro, que se dividem em períodos denominados pré-silábico, onde a criança
registra garatujas e desenho, símbolos ou letras que se misturam a números, nesta
fase também começam a diferenciá-los. Na fase seguinte, a silábica, a criança tem a
noção de que cada sílaba corresponde a uma letra. No nível silábico-alfabético, a
criança precisa negar o nível anterior, o valor sonoro impõe-se forçosamente. No
nível alfabético a criança reconstrói o sistema lingüístico e compreende a sua
organização. Ao ir desenvolvendo suas percepções, as crianças mesmo ainda não
estando inseridas no cotidiano escolar, vão imitando letras, diferenciando letras,
números e desenhos, fingem que lê estórias que já conhecem ou criam a sua
própria estória, porém já conhecem o que se lê e o que não se lê, deste modo, vão
aos poucos desenvolvendo o verdadeiro sentido da leitura e da escrita.
De acordo com as falas dos autores, notei que o processo de ensino
aprendizagem não começa e termina na escola, esse processo começa na família e
a escola só completa aquilo que ela aprendeu em sua casa, fazendo uma ponte
entre o ensinamento da família e da escola. Ou seja, se a criança tem um bom
19
desempenho em sua casa, com certeza ela terá um bom desempenho em sala de
aula, facilitando assim, o desenvolvimento escolar do aluno, contribuindo com o bom
desempenho do aluno e do professor. Já o aluno que não tem um acompanhamento
diário em casa, não apresenta também um bom desempenho em sala de aula,
apresenta dificuldades na leitura e na escrita, além de apresentar mau
relacionamento com o professor e com os colegas.
No final do século XIX a educação adquire maior importância sendo
considerada como motor de transformação social, gerando assim novas discussões
acerca dos direitos e deveres da criança. Jonh Dewey, apud SANTOMÉ (1998)
descreve que “a escola deve representar a vida presente, uma vida tão real e vital
para as crianças como a que vive em sua casa, no bairro ou no campo de futebol”
(p.28) que repercutiram decisivamente nas teorias e práticas pedagógicas.
Deste modo, o meio social fortalece certos impulsos mentais e emocionais,
concretizando que a educação nunca é diretamente, mas indiretamente através do
meio, principalmente se entendermos a maneira de pensar da criança como uma
construção histórica e pela prática pedagógica desenvolvida em cada tempo e lugar.
Toda esta revolução na educação, segundo SANTOMÈ (1998) parte do princípio de
considerar crianças como crianças, com personalidades próprias e diferentes, nesta
perspectiva há um golpe a metodologia tradicional onde as aprendizagens são
sustentadas no pensamento reprodutivo.
Segundo Anderson Moço (2009), todo dia, você acorda de manhã e pega o
jornal para saber das últimas novidades enquanto toma café. Em seguida, vai até a
caixa de correio e descobre que recebeu folhetos de propaganda e (surpresa!) uma
carta de um amigo que está morando em outro país. Depois, vai até a escola e
separa livros para planejar uma atividade com seus alunos. No fim do dia, de volta a
casa, pega uma coletânea de poemas na estante e lê alguns antes de dormir. Não é
de hoje que nossa relação com os textos escritos é assim: eles têm formato próprio,
suporte específico, possíveis propósitos de leitura em outras palavras, têm o que os
especialistas chamam de “características sociocomunicativas”, definidas pelo
conteúdo, a função, o estilo e a composição do material a ser lido. E é essa soma de
características que define os diferentes gêneros. Ou seja, se é um texto com função
comunicativa, tem um gênero.
20
Na última década, segundo MOÇO (2009), a grande mudança nas aulas de
Língua Portuguesa foi a “chegada” dos gêneros à escola. Essa mudança é uma
novidade a ser comemorada. Porém muitos especialistas e formadores de
professores destacam que há uma pequena confusão na forma de trabalhar.
Explorar apenas as características de cada gênero ( carta tem cabeçalho, data,
saudação inicial, despedida etc.) não faz com que ninguém aprenda a, efetivamente,
escrever uma carta. Falta discutir por que e para quem escrever a mensagem,
certo? Afinal, quem vai se dar ao trabalho de escrever para guardá-la? Essa é a
diferença entre tratar os gêneros como conteúdos em si e ensiná-los no interior das
práticas de leitura e escrita.
Essa postura equivocada tem raízes claras: é uma infeliz reedição do jeito
de ensinar língua Portuguesa que predominou durante a maior parte do século
passado. A regra era falar sobre o idioma e memorizar definições: Como adjetivo:
palavra que modifica o substantivo, indicando qualidade, caráter, modo de ser ou
estado. Sujeito: termo da oração a respeito do qual se enuncia algo. E assim por
diante, numa lista quilométrica. Pode até parecer mais fácil e econômico trabalhar
apenas com os aspectos estruturais da língua, mas é garantido: a turma não vai
aprender.
É por isso que não faz sentido pedir para os alunos escreverem só para
você ler e avaliar. Quando alguém escreve uma carta, é porque outra pessoa vai
recebê-la. Quando alguém redige uma notícia, é porque muitos vão lê-la. Quando
alguém produz um conto, uma crônica ou um romance é porque espera emocionar,
provocar ou simplesmente entreter diversos leitores. E isso é perfeitamente possível
de fazer na escola: a carta pode ser enviada para amigos, parentes ou colegas de
outras turmas; a notícia pode ser divulgada num jornal distribuído internamente ou
transformado em mural; o texto literário pode dar origem a um livro, produzido de
forma coletiva pela moçada.
Nessa integração de atividades com diferentes propósitos, os alunos vão
muito além das características de cada gênero e aprendem de fato a ler e escrever,
inclusive fazendo uso da ortografia e da gramática em situações reais. Tudo isso
permite dar o pontapé inicial ao que os especialistas chamam de “caminho da
autoria”. Uma possibilidade é propor a reescrita (individual) de um conto. Mas o
21
percurso pelas três posições enunciativas só estará completo quando a garotada
produzir o próprio conto.
Por fim, vale destacar, segundo MOÇO (2009), que quando os gêneros são
ensinados como instrumento para a compreensão da língua, não importa quanto ou
quais você trabalha, desde que o objetivo seja usá-los como um jeito de formar
alunos que aprendam a ler e escrever de verdade.
Trabalhei no ano passado com alunos do 3º ano e encontrei muitas
dificuldades para realizar o trabalho de leitura e escrita com os alunos, pois os
mesmos não paravam para prestar atenção nos conteúdos explicados, queriam só
brincar e brigar dentro da sala. Os alunos que queriam aprender algumas coisas,
não conseguiam, porque os outros não deixam. E isso me deixa muito preocupada,
porque tinha uma meta para alcançar e não conseguia devido à indisciplina na sala
de aula.
Para a francesa, CHARTIER (2009), alfabetizar é um ofício que, mais do que
uma boa base teórica, requer muito trabalho prático e interação com outros
profissionais. Para a pesquisadora do instituto Nacional de Pesquisa Pedagógica,
sediado em Paris, considerar que o conhecimento teórico basta pra ensinar as
crianças a ler e escrever é uma idéia infundada. “Seria o mesmo que imaginar que
se pode aprender a tocar piano lendo tratados de musicologia” (p.17).
Nesta entrevista, concedida com exclusividade à Pátio Educação Infantil,
Anne-Marie Chartier fala sobre Alfabetização e Letramento com clareza e o
conhecimento da realidade nacional que já são familiares a muitos educadores
brasileiros, tanto por sua presença em diversos eventos quanto por seus livros
publicados. Tradicionalmente, segundo CHARTIER (2009), a alfabetização era
definida como a capacidade de decifrar de modo correto um texto, oralizando-o. Não
significava necessariamente compreendê-lo: as crianças que sabiam decifrar o
Credo ou o Pai-Nosso não precisavam explicar o significado dessas orações.Já os
“letrados”, que na época eram os clérigos, sabiam ao mesmo tempo ler e explicar
esses textos.Quando os ingleses inventaram a palavra literacy, que durante muito
tempo não teve equivalente nas línguas latinas dos países católicos, eles designam
a “cultura primaria”, os saberes acerca da escrita( a ortografia, a gramática, o cálculo
escrito) e, mais tarde, “os saberes de base” ( os primeiros elementos de histórias, de
22
geografia ou de ciências ensinados na escola). Com as avaliações internacionais,
como o PISA, foi necessário inventar palavras para designar esses saberes de base:
literacy ou letramento.
Toda alfabetização, segundo CHARTIER (2009), é realizada sobre textos
que vão constituir uma primeira cultura escolar. Não é a mesma coisa que ela seja
construída sobre textos religiosos ou morais, ou sobre textos instrutivos e
informativos, ou ainda sobre pequenas narrativas ou textos divertidos tirados da
literatura para crianças. Os saberes ligados à alfabetização sempre ultrapassam a
simples decodificação. A grande mudança decorre de que o teste que mostrava que
o indivíduo sabia ler, ou seja, que era alfabetizado, era a leitura em voz alta. Com as
avaliações modernas, mede-se o aluno, criança ou adulto, sabe ler no sentido de
compreender o que significa o texto, lendo as respostas escrita que ele deu a
questões escritas no texto. O que se chama de “saber ler” no segundo caso está
ligado ao letramento, não à alfabetização.
Para a autora, segundo CHARTIER (2009), quando uma criança aprende a
ler e a escrever, e essa é a situação mais freqüente na escola, pode-se dizer que
todos os elementos constitutivos da aprendizagem “funcionaram bem”. Quais estão
ligados ao desenvolvimento da criança? Quais depende de fatores externos? É difícil
dizer! Há fatores sensoriais (a Criança ouve e enxerga bem?), fatores de maturidade
psicológica, análise do funcionamento da escrita, capacidades de memória,
habilidades gráficas, etc. O que impressiona é que muitas crianças que têm “tudo
para fracassar” aprendem, enquanto outras têm “tudo para vencer” fracassam: é
preciso considerar, portanto, que as coisas não são mecânicas e que o papel dos
professores também é fundamental.
Segundo CHARTIER (2009), na França, todo mundo pensava que a escola
ensinava de forma suficiente até os anos 1950-1960. Porém, após essa data,
considera-se importante prolongar os estudos de todos até os 16 anos e garantir a
continuidade do estudo dos filhos. O resultado é que, depois de alguns anos, todo
mundo pensa que a escola primária não ensina bem as crianças a ler e escrever. O
que poderia parecer um êxito em certo período é considerado como um fracasso
quando a escola precisa adaptar-se às novas exigências sociais. Está claro que hoje
a alfabetização das novas gerações requer que elas sejam capazes de ler e
escrever em computador, de consultar as bases de dados da internet. A definição
23
está mudando mais uma vez. É possível que em 20 anos, não seja mais com
literatura infanto-juvenil que se ajudará melhor as crianças a entrar na cultura escrita
escolar e social.
Segundo CHARTIER (2009), a meu ver, é o modo como um professor
alterna quatro tipos de situações pedagógicas: aquelas em que ele procura fazer
com que toda a turma leia para conhecer o sentido de um texto; aquelas que são
“situações-problemas” para refletir sobre a maneira como “ o escrito codifica o oral”
ou como “ o oral é transcrito”; aquelas que permitem consolidar certas
aprendizagens, automatizar aquisições ( os exercícios em que cada criança deve
desempenhar –se individuamente); aquelas em que as crianças tentam ler ou reler
sozinhas os textos ao seu alcance, sabendo que podem pedir ajuda. Todos os
professores visam, no fim das contas, a que as crianças consigam ler “ sem
esforço”, isto é de forma automática.
Para CHARTIER (2009), para isso, sempre é necessário fazer muitos
exercícios de treinamento e um trabalho bastante regular, quase rotineiro. Mas o que
ficou muito claro neste último 30 anos foi o seguinte: quando se propõem esses
exercícios a crianças que não tem uma “cultura escrita” e não compreendem sua
função, isso exige delas um esforço terrível e geralmente em vão.
Concordo plenamente com a autora, antigamente as crianças não tinham
tantas tecnologias para elas e com isso, as crianças davam mais credibilidades as
atividades escolares, ou seja, tudo que o professor ministrava ou explicava em sala
de aula era novidade para o aluno. Hoje em dia, as crianças sabem mais do que
alguns professores que vivem desligados das atualidades, e, por isso os alunos não
acham graça no conteúdo trabalhado pelo professor (a). Principalmente as crianças
que estão nas séries iniciais. Elas são inquietas,não param. Se o professor não
preparar uma aula atrativa que chama a atenção das crianças para o conteúdo
trabalhado, elas não conseguirão aprender, nem o professor conseguirá ensiná-los.
E com isso vai aparecendo as dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais,
dificultando assim, a alfabetização dos alunos que vão passando para o ano
seguinte com um nível baixo de leitura e de escrita.
CAPÍTULO II
2- DIFICULDADES DE APRENDIZADO
Segundo GARCIA (2004), vivemos numa sociedade letrada, ou seja,
impregnada de materiais escritos: jornais, outdoors, normas, leis, avisos, instruções,
escritos literários, etc. não basta ao cidadão saber escrever seu nome, ler e
compreender textos simples. É preciso que ele seja capaz de exercitar habilidades,
atitudes e conhecimentos de leitura e escrita envolvidos em diversas práticas
sociais, como saber localizar e obter uma informação, comparar informações de
diferentes textos, estabelecerão relações entre fatos e opinião, acessar benefícios
sociais, mobilizar dados necessários à relação de um texto, etc. Trata-se do
letramento ou, como define Magda Soares, citada por GARCIA (2004) o uso efetivo
e competente da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua
escrita. À escola cabe formar o sujeito capaz de, em diferentes situações de uso da
língua, interagir com as pessoas e resolver problemas da vida cotidiana, assumindo
um comportamento real de leitor e de produtor de textos orais e escritos.
Para GARCIA (2004), a língua é o componente cultural que primeiro
identifica um grupo social humano. E, sem dúvida, ela constitui um elemento cultural
integrador. Portanto, o ensino de língua materna (no nosso caso, a língua
portuguesa) deve merecer uma atenção especial no currículo escolar, especialmente
nos primeiros anos de ensino fundamental, quando a criança está em pleno
processo de aquisição e ampliação do uso da língua. E é exatamente por meio das
atividades diárias de comunicação realizadas nas interações sociais que o
conhecimento sobre textos falados e escritos, os aprendizados vão identificados
formulações básicas que caracterizam os textos como pertencentes a determinado
gênero.
De acordo com GARCIA (2004), ela está chamando a atenção do professor
para os diversos tipos de atividades trabalhadas em sala de aula que ajudam os
alunos realizarem as atividades de leitura e escrita dentro do período esperado. É
ainda importante ressaltar que a aprendizagem da língua é um processo que se
caracteriza por ser singular para cada aluno. Ou seja, cada aluno tem seu tempo de
desenvolver sua leitura e sua escrita dentro do período de alfabetização. E para que
isso aconteça, é preciso que o professor ou professora desenvolva este trabalho
25
constantemente, independente se o aluno tem ou não dificuldade de aprendizado,
favorecendo assim, uma presença constante dos conteúdos trabalhados para que o
aluno se sinta mesclado com ele no seu dia a dia. Como por exemplo; leitura de
palavras soltas, leitura de nomes próprios, leitura de placas etc. Esse processo
ajuda bastante no desempenho da leitura e da escrita dos alunos que aos poucos
vão assimilando as letras e formando palavras.
Segundo BIDON:
Para fazer um levantamento dos dados concernentes à alfabetização na
Idade Média, é necessário recorrer a fontes escritas e arqueológicas, bem
como a fonte iconográfica (imagens medievais), a mais rica em
informações. Entretanto, essas imagens devem ser analisadas na
perspectivas das mensagens, porque o seu valor está nas micrografias (
textos miniaturas) nelas inseridas. São elas que nos fornecem os indícios
das primeiras leituras destinadas as crianças. (BIDON, 1989).
Havia também, conforme relata BIDON (1989), abecedários com letras de
couro e os escritos em material flexível, como couro e tecido, todos destinados a
aprendizagem das letras.
As tabuletas com alfabetos formam provavelmente, os principais objetos
usados para a aprendizagem na Idade Média. Muito numerosas são as menções e
as representações dessas tabuletas abecedárias de madeira nas fontes históricas.
Nenhuma subsiste até hoje, embora haja imitações muito perfeitas. Essas tabuletas
eram frequentemente carregadas pelas crianças, como um jogo, penduradas por
uma corda ou couro pelo braço, á cintura ou ao pescoço. Assim, o porte constante
deste objeto contribuía para uma impregnação lenta, sem violência, das letras do
alfabeto na mente das crianças muito pequenas. Pode-se inferior ainda, pelos
diversos inícios encontrados, a hipótese que a mão da criança tenha sido o mais
simples objeto abecedário da Idade media. Como a mão era usada para aprender a
cantar as notas musicais e para contar os dias da semana, supões-se ter sido usada
também para ensinar as sete primeiras letras do alfabeto. Finalmente, BIDON
(1989), afirma que no final do século XII ou início do século XII, as figuras tem uma
função explicativa nas obras pedagógicas e, no século XV, há o nascimento dos
abecedários figurados tal como o alfabeto figurado de Marguerite de Bourgone, que
conjugava as semelhanças visuais, as aliterações, as iniciais comuns e a homófona.
Desta forma, a autora considera a história da alfabetização da Idade Média
fazendo considerações sobre a lentidão com que se efetuava a aprendizagem do
26
alfabeto, a complexidade do grafismo da escrita gótica e a obrigação de aprender a
ler em latim como os principais obstáculos que os leitores iniciantes encontravam.
Finalmente, pode-se considerar que na antiguidade e na Idade Média,
segundo BIDON (1989), houve muita dificuldade na aprendizagem da leitura,
particularmente
na
do
alfabeto.
Em
razão
da
aridez
do
método
e,
conseqüentemente, do desinteresse dos alunos, os pedagogos tentaram criar
procedimentos e materiais para resolver esses problemas. Essas tentativas,
contudo, não conseguira modificar a natureza do método de soletração, o único
usado na antiguidade e na Idade Média.
No século passado e até hoje, segundo BIDON (1989), ainda é usado o
método silábico para alfabetizar os alunos, principalmente, aquele que tem
dificuldade de aprendizado, especialmente aquela criança que tem pouco contato
com jogos educativos, livros de histórias e outras brincadeiras lúdicas oferecidas
pelas escolas. Daí, vem as dificuldades de aprendizados, fazendo com que os
educadores procurem novas metodologias para desenvolverem as atividades em
sala de aula.
Mais uma vez, BIDON reforça o assunto:
O sistema da escrita mais eficaz é provavelmente aquele que representa
explicitamente o máximo de estruturas fonológicas da linguagem falada que,
por seu tratamento durante o reconhecimento das palavras escritas,
contribui mais para esta.É legítimo então supor que um sistema de escrita
que representa os fonemas e, ao mesmo tempo, introduz marcas de
segmentação as línguas que diferem entre si pelos princípios de sua escrita
distinguem-se também por muitas outras características. Por outro lado, é
interessante constatar que um sistema alfabético no qual, as sílabas não
explicitamente marcadas foram criadas de maneiras claramente intencional.
(1989).
Deste modo, ao mesmo tempo em que se torna explícito certo aspecto da
fala, um sistema de escrita deixa outros na sombra. A ficção literária é um dos meios
quais a sub determinação da significação e da intensidade, inerente ao sistema
alfabético, evita a monotonia da unicidade. Tomar consciência dos fonemas é
apenas a descoberta inicial que fazemos a o aprender alfabético.
Segundo BIDON (1989), a criação do método fônico, com base no som das
letras, não mais no nome, foi um grande avanço na pedagogia da leitura, por ter
suprimido a soletração, economizando esforços da criança e do professor.
27
Entretanto, segundo BIDON (1989) o exagero na pronunciação dos sons das
consoantes isoladamente, resultou na geração de outros sons às consoantes. Isso
possibilitou a inclusão desses sons na leitura das palavras, conseqüentemente, sua
compreensão. Esse exagero levou o método ao ridículo. Outra dificuldade desse
método é a não – correspondência da língua escrita com os sons da língua oral que
representam.
Procurando solucionar esses problemas surgiu o método silábico, derivado
do fônico com base nas sílabas que se combina para formar palavras.
Todavia, é muito comum confundir o método silábico com o fônico. A fim de
eliminar essa confusão, segundo BIDON (1989), é necessário atentarmos a principal
característica do silábico - iniciação pelas sílabas prontas, sem forçar a articulação
das consoantes com vogais, como acontece no método fônico.
3.0 - O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO.
Considerando o processo de alfabetização inicial do desenvolvimento da
aprendizagem de criança ou do adulto é relevante no momento em que os métodos
utilizados são discutidos os quais permitem as relações que se processam entre
sujeito e objeto. A partir das representações que a escrita assume no conhecimento
da realidade é possível no indivíduo conhecer o mundo expresso através dos
objetos:
Veja o que diz CEREJA sobre o uso do dicionário em sala de aula:
O dicionário constitui uma ferramenta importante para todos os profissionais
que trabalham direta ou indiretamente com a língua ( professores,
jornalistas, escritores, advogados, etc.) e para todos os estudantes de
língua portuguesas, pois é um poderoso auxiliar na descoberta dos
significados de palavras utilizadas no cotidiano e em textos, da ortografia
correta das palavras, dos diferentes significados de uma mesma palavra e
na escolha do significado mais adequado de uma palavra num determinado
contexto. (2008, p. 27).
Concordo plenamente com CEREJA (2008), o uso do dicionário em sala de
aula ajuda as crianças identificarem o alfabeto maiúsculo ou minúsculo. O professor
pode perguntar/falar sobre ele, para que serve, como as palavras são distribuídas no
dicionário, que ordem segue, por que, e também simular algumas situações em que
a consulta ao dicionário seja significativa para o aluno, como, por exemplo, tirar
dúvida sobre a grafia de uma palavra, procurar o significado de uma palavra
desconhecida, descobrir outros significados para uma mesma palavra. É importante
também que o professor permita que os alunos manuseiem o dicionário e tenta, por
si mesmos, procurar o que desejam.
Segundo CEREJA (2008), nos anos iniciais do ensino fundamental, a
interdisciplinaridade pode ser contemplada nos projetos pedagógicos, pois eles
possibilitam o diálogo entre as diversas áreas do conhecimento e, além disso,
permitem vincular o aprendizado escolar aos interesses das crianças, à realidade
fora da escola, à sociedade em que vivem e à cultura.
Uma escola abriga diferentes tipos de projetos: o político-pedagógico de
toda a escola, que define sua proposta educacional; um projeto a partir de um tema
ou questão da comunidade escolar, como, por exemplo, cidadania, direitos
humanos, educação para o trânsito, segurança, etc; Ou seja, um projeto pontual,
como ampliação do acervo da biblioteca, uma feira de livros ou de ciências, eleições,
29
etc.; um projeto por ano ou por classe, como um jornal mural, uma visita orientada
ao correio, uma mostra de poesia, uma encenação teatral, um varal de poemas, etc.
Alguns podem ser permanentes, como contação de histórias, outros de menor
duração, como elaboração de um livro de histórias.
Para a efetivação de um projeto é necessário que as crianças estejam
motivadas para que se envolvam em todo o processo. Os temas devem ser de
interesse delas, possibilitar um contato com práticas sociais reais e elaborar um
assunto de forma contextualizada, permitindo a interdisciplinaridade. Além disso, os
conhecimentos construídos devem ser coletivados, estendendo-se à comunidade
escolar e, assim, promovendo a convivência social.
Segundo BRAGANÇA; CARPANEDA (1998), havia um tempo em que casa,
oficina e escola eram muito próximas e nelas tudo se fazia e compreendia. As
transmissões ou lições de vida dos mais velhos eram tão freqüentas quanto a
participação direta das crianças nos trabalhos que aqueles realizavam. Ajudar a mãe
a cuidar das galinhas, da horta ou da comida; ajudar o pai na ordenha das vacas, no
cultivo da roça, no traçado da madeira era tão necessário para os pais quanto eram
as brincadeiras e travessuras para as crianças. Nesse contexto, muitas histórias da
própria família, de sua tradição, das coisas boas e más acontecidas eram contadas
e recontadas nas muitas versões dos pais, avós, tias, irmãos mais velhos e outros
As primeiras letras eram obtidas, não raro também, graças ao interesse de um pai
rico, contratando um professor particular, ou se servindo das habilidades de uma tia
“solteirona” e sabida. A família era grande e próxima ( no amor e no ódio, bem como
no espaço e no tempo de seus desenlaces). O mesmo se dava com o espaço
cultural representado pela igreja ( com sua festas e procissões), vizinhança (com as
brincadeiras, jogos, calçada etc....). Nesse tempo, as transmissões quase sempre
orais e fornecidas por alguém querido e responsável e as ações produtivas ocorriam
simultaneamente. Tinha-se uma casa “construtiva” e “não-construtivista” ao mesmo
tempo. Essas duas perspectivas complementavam-se, fundia-se quase que em uma
só.
Para os autores, hoje tudo mudou. A família é pequena, restrita aos pais
(muitas vezes, só à mãe) e aos filhos. Trabalha-se fora. O tempo dentro de casa é
curto e “precioso”(precisa-se cuidar da casa e dos filhos). O cansaço e a televisão
concorrem enre si para ver que tira mais tempo das relações informais e
30
desconhecidos e, por isso, perigosos. Os parentes moram longe e encontrá-los”
custa caro”. Muitas vezes, há mais desavenças do que avenças entre parentes e
amigos, agora apenas colegas. Não é raro ter dois ou três empregos.Ao lado disso,
tudo se especializou. O pão e outros alimentos são comprados prontos ou
semiprontos. O tempo de preparo da comida, de lavagem da roupa e outros
afazeres domésticos é, e tem que ser curto. O médico, o psicólogo e o dentista
cuidam da saúde. A escola dá a instrução. As instruções precisam ser breves,
seriadas e eficientes. As relações são de preferência formais e objetivas. Nada de
“nhenhenheém”.
De acordo com o BRASIL (1997, p.55), é preciso superar algumas
concepções sobre a aprendizado inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é
simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão
conseqüência natural dessa ação. Por conta desta concepção equivocada a escola
vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer
texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler.
O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura
indica que não se deve ensinar a ler por meio de práticas centradas na
decodificação. Ao contrário, é preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades
de aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores utilizam. É
preciso que antecipem, que façam inferências a partir do contexto ou do
conhecimento prévio que possuem, que verifiquem suas posições - tanto em relação
à escrita, propriamente, quanto ao significado. É disso que se está falando quando
se diz que é preciso”aprender a ler, lendo”: de adquirir o conhecimento da
correspondência fonográfica, de compreender a natureza e o funcionamento do
sistema alfabético, dentro de uma prática ampla de leitura. Para aprender a ler, é
preciso que o aluno se defronte com os escritos que utilizaria se soubesse mesmo
ler – com os textos de verdade, portanto. Os materiais feitos exclusivamente para
ensinar a decodificar,contribuindo para que o aluno construa uma visão empobrecida
da leitura.
Segundo BRASIL:
É preciso agir como se o aluno já soubesse aquilo que deve aprender. Entre
a condição de destinatário de textos escritos e a falta de habilidade
temporária para ler autonomamente é que reside a possibilidade de, com a
ajuda dos já leitores, aprender a ler pela prática da leitura. Trata-se de uma
31
situação na qual é necessário que o aluno ponha em jogo tudo que sabe
para descobrir o que não sabe, portanto, uma situação de aprendizagem.
Essa circunstância requer do aluno uma atividade reflexiva que, por sua
vez, favorece a evolução de suas estratégias de resolução das questões
apresentadas pelos textos. (1997, p.56).
Durante
muito
tempo
a
alfabetização
foi
entendida
como
mera
sistematização do “B+A=BA”, isto é, como a aquisição de um código fundado na
relação entre fonemas e grafemas. Em uma sociedade constituída em grande parte
por analfabetos e marcada por reduzidas práticas de leitura e escrita, a simples
consciência fonológica que permitia aos sujeitos associar sons e letras para
produzir/interpretar palavras (ou frases curtas) parecia ser suficiente para diferenciar
o alfabetizado do analfabeto.
Para SOARES (2003), com o tempo a superação do analfabetismo em
massa e a crescente complexidade de mossas sociedade fazem surgir maiores e
mais variadas práticas de uso da língua escrita. Tão fortes são os apelos que o
mundo letrado exerce sobre as pessoas que já não lhes basta a capacidade de
desenhar letras ou decifrar o código da leitura. Seguindo a mesma trajetória dos
países desenvolvidos, o final do século XX impôs a praticamente todos os povos a
exigência da língua escrita não mais como meta de conhecimento desejável, mas
com verdadeira condição para a sobrevivência e a conquista da cidadania. Foi no
contexto das grandes transformações culturais, sociais, políticas, econômicas e
tecnológicas que o termo “letramento” surgiu, ampliando o sentido do que
tradicionalmente se conhecia por alfabetização.
Veja o que diz a professora questionada sobre o método utilizado para
alfabetizar seus alunos:
01-Quais os métodos que a professora utiliza para alfabetizar seu aluno?
“Não há métodos definidos. Para melhor assimilação dos alunos, os
métodos se definem em cada aula, construtivista, tradicional, ou uma pitada de cada
um.”
Segundo o BRASIL (1997), estudos em diferentes línguas têm mostrado
que, de uma correspondência inicial pouco diferenciada, o alfabetizando progride em
direção a um procedimento de análise em que passa a fazer corresponder recortes
do falado do escrito. Essa correspondência passa por um momento silábico em que,
32
ainda que nem sempre com consistência, atribui uma letra a uma sílaba, antes de
chegar a compreender o que realmente cada letra representa.
Nas atividades de escrita aqui referidas, o aluno que ainda não sabe
escrever convencionalmente precisa esforçar-se para construir procedimentos de
análise e encontrar formas de representar graficamente aquilo que se propõe
escrever. É por isso que esta é uma boa atividade de alfabetização: havendo
informação disponível e espaço para reflexão sobre o sistema de escrita, os alunos
constroem os procedimentos de análise necessários para alfabetização se realize.
Concordo com a fala da professora, porque no inicio do ano letivo é feito um
planejamento semestral para trabalhar com os alunos, mas isso não significa que o
plano está pronto e acabado, depende muito dos alunos que iremos receber. Por
isso, a professora questionada diz que não há um método definidos.
De acordo como BRASIL (1997, p.84), as propostas de escrita mais
produtivas são as que permitem aos alunos monitorarem sua própria produção, ao
menos parcialmente. A escrita de listas ou quadrinhas que se sabe de cor permite,
por exemplo, que a atividade seja realizada em grupo e que os alunos precisam se
pôr de acordo sobre quantas e quais letras irão usar escrever. Cabe ao professor
que dirige a atividade escolher o texto a ser escrito e definir os parceiros em função
do que sabe acerca do conhecimento que cada aluno tem sobre a escrita, bem
como, orientar a busca de fontes de consulta, colocar questões que apóiem a
análise e oferecer informação específica sempre que necessário.
Procurei saber se a metodologia aplicada pela professora questionada
estava dando certo. Ela respondeu da seguinte maneira:
02-A metodologia aplicada pela professora está dando certo?
“Sim, nem tudo é 100%, pois as dificuldades são muitas.”
Alfabetização é um processo pela qual se adquire o domínio de um código e
das habilidades de utilizá-la para ler e escrever, ou seja, o domínio da tecnologia do
conjunto de técnicas para exercer a arte e da escrita. Ao exercício efetivo e
competente da tecnologia da escrita domina-se Letramento que implica habilidades
várias, tais como: capacidade de ler e escrever para atingir diferentes objetivos (in:
RIBEIRO, 2003, p. 91).
33
Por isso, aprender a ler e escrever implica não apenas o conhecimento das
letras e do modo de decodificá-las (ou associá-las), mas a possibilidade de usar
esse conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação, possíveis,
reconhecidas, necessárias e legítimas em um determinado contexto cultural. Nesta
perspectiva, assume-se que o ponto de partida e de chegada de alfabetização
escolar é o texto: trecho falado ou escrito, caracterizado pela unidade de sentido que
se estabelece numa determinada situação discursiva (LEITE, 2001 p. 25).
Em relação à fala da professora questionada e o ponto de vista dos autores,
existem vários caminhos para alfabetizar, um deles é prática de leitura
constantemente em sala de aula para que a criança possa ter contato diariamente
com a leitura e a escrita, favorecendo assim, um bom desempenho nas atividades
propostas e conquistando seu espaço no mundo dos leitores.
Deve se considerar também a prática pedagógica libertadora de Paulo
Freire, citado por ALMEIDA (1999) que abre reflexões profundas na alfabetização,
principalmente na alfabetização de alunos. Para Paulo Freire, o ato de ler e escrever
não se restringe apenas à compreensão do código, mas a uma tomada de
consciência da realidade e a libertação do estado de passividade, alienação, para
um estado de participação na transformação da sociedade.
É necessário acrescentar ainda fundamentos da Educação Lúdica que
segundo ALMEIDA (1999), ultrapassa a concepção do jogo pelo jogo ou sinônimo
de passatempo, diversão, mas a concepção do trabalho, jogo fundamento no pensar
(sentido epistemológico), no produzir, no criar, no elaborar, no buscar sem perder o
sentido de prazer e de desafio.
Por outro lado, os alfabetizadores trazem consigo para a sala de aula uma
bagagem riquíssima de conhecimento e experiências. Mas isso não basta. É preciso
buscar mais por meio de leituras, cursos, pesquisas, análise do cotidiano.
A verdade é que a maioria dos alfabetizadores, fruto do instrucionismo da
escola tradicional, não aprendeu a buscar e sim a receber tudo pronto. È preciso,
porém, libertar-se do seu egocentrismo cultural (imposto pela escola) e abrir-se para
os milhares de conhecimentos que existem. Na área de alfabetização, há teorias e
práticas que em muito poderão enriquecer a prática.
34
È do conhecimento de todos que os melhores resultados de um trabalho
pedagógico ocorrem com educadores que lêem, estudam, pesquisam, perguntam,
criam, pois estas ações, além de dar respostas aos porquês, enriquecem a prática e
dão coragem para enfrentar o novo.
Diante das dificuldades de alfabetização nas séries iniciais, a melhor forma
que a professora questionada encontrou para chamar a atenção de seus alunos foi
trabalhar com:
03-Diante das dificuldades de alfabetização nas séries iniciais, qual foi a
melhor forma que a professora encontrou para prender a atenção de seus alunos?
“a música, a cruzadinha e caça palavras.”
Segundo ALMEIDA (1999), observando uma criança, vemos que ela
aprende a engatinhar, a andar, a correr por si mesma, nunca por meio de lições
verbais dos adultos. A vida da criança é uma sucessão de experiências de
aprendizagem adquirida por ela mesma. Ao chegar à escola, ela traz consigo
infinitas experiências e conhecimentos acumulados, conquistados por meio de
exploração visual, auditiva, jogos, brincadeiras, conversas, passeios, contatos,
brinquedos, que influenciarão no processo de aprendizagem.
É verdade, quando o professor (a) que trabalha com método diferenciado, as
crianças desempenham com mais facilidades as atividades e não se sentem
cansadas e enfadonhas das tarefas. Ou seja, elas estão sempre prontas para
executarem novas atividades, desde que envolvam o lúdico.
No processo de aprendizagem da leitura e da escrita, a criança defronta-se
com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases, textos) e se engajará
neste mundo muito mais facilmente se puder participar integralmente dele e se o
processo for transformado num grande ato lúdico (participativo, inteligente,
prazeroso), em oposição ao ato técnico (estático, repetitivo, mecânico) muito usado
na sala de aula.
04- Quais as dificuldades
que a professora encontrou para aplicar os
conteúdos para aplicar os conteúdos trabalhados? “Indisciplina e as dificuldades de
aprendizagem de alguns alunos.”
35
Segundo ALMEIDA (1999), há muitas causas que levam ao fracasso da
aprendizagem, mas não podemos deixar de considerar que muitas delas são de
ordem metodológica. Quanto mais seguros estiverem os alfabetizadores para dirigir
a caminhada dos alunos, quanto mais consciência tiverem da função de animador,
dinamizador, guia, desafiador, criador de situações, melhores serão os resultados.
E isso é muito importante no sucesso escolar do aluno, porque através
desse processo de aprendizagem eles se tornarão mais seguros em relação as suas
atividades e terão iniciativas para resolver, criar e produzir. Afinal de conta só se
aprende fazer fazendo, participando e interagindo com o meio.
Em relação às dificuldades de aprendizados dos alunos do 2º ano , veja o
que ela diz:
05- Todos seus alunos tem dificuldades de aprendizados?
Não. Eu acredito! Numa sala de aula existem vários tipos de aluno. Tem
aquele que está sempre preocupado com suas atividades, procurando fazer todos
os deveres. Mas existem aqueles também que não estão nem aí. Ou seja, vivem no
mundo da lua. Esperando a professora fazer a correção na lousa para ele copiar e
nem procura saber qual é a finalidade daquele exercício. Por isso o professor(a) ,
precisa estar atento para esse tipo de aluno, porque corre o risco de terminar o ano
letivo, e ele não conseguir desenvolver o processo de leitura e escrita. Cabe aí, ao
professor dá uma atenção especial para ele, verificando onde está a dificuldade de
aprendizado e verificar as causas desse desinteresse do aluno em relação as
atividades propostas.
ALMEIDA (1999), afirma, sem medo de errar, que não existe um método
certo e 99 errados. O que existem são métodos (caminho) mais ou menos
adequados às capacidades individuais, aos contextos culturais, às opções
ideológicas e até religiosas. Para ele. Quanto mais o aluno participar do processo da
leitura e da escrita, melhor e mais eficiente será o aprendizado.
Referente à indisciplina, veja o que diz a professora:
06- A indisciplina pode afetar o aprendizado do aluno?
Sim.
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A indisciplina é um dos fatores que contribui bastante para o fracasso
escolar do aluno. Ela não para pra prestar atenção na explicação do professor, e
com isso ele vai ficando para trás nos conteúdos trabalhados. Quando vem a
avaliação, o seu índice de desempenho é grande, porque não parou para prestar
atenção nas explicações.
Todo processo de aprendizagem exige participação. A pessoa aprende a
nadar, encontrando água; aprender a dirigir um carro, entrando no carro. Da mesma
forma, aprende a ler e a escrever com mais facilidade se mantiver contato direto
com letras, palavras e textos.
Segundo ALMEIDA (1999), é necessário a superação da fase tradicional em
que se propunha um aprendizado apenas com giz, lápis, caderno, quadro-de-giz,
cartilha, do aluno apenas como espectador e ouvinte, e partir para uma ação
participativa, onde o aluno passe de espectador para ator, de ouvinte para construtor
de seu próprio rendimento.
Perguntei a educadora se ela teria sido preparada na escola para lidar com a
questão da indisciplina e ela respondeu da seguinte forma;
07- Você foi preparada na escola para lidar com a questão da indisciplina?
Não. Na minha formação não.
Segundo ALMEIDA (1999), para o professor qualificado e preparado,
qualquer método será bom e terá bons resultados. Thiago de Mello, um dos grandes
poetas brasileiros, traduz bem esse ponto de vista quando afirma: “Quem sabe o
que quer, escolhe o caminho certo, o jeito certo de caminhar”.
O que se pode acrescentar é que existem alguns princípios metodológicos
universalmente consagrados pelo seu embasamento científico que levam a
melhores resultados. Esses princípios não pode deixar de ser considerados no
processo de aprendizagem da leitura e da escrita.Quanto mais os meios (método)
mobilizarem a inteligência do aluno, melhor o resultado.
Em relação com a contribuição da escola no processo de alfabetização com
os alunos que tem dificuldades de aprendizados, ela respondeu o seguinte;
08- A escola contribuiu no processo de alfabetização com os alunos que têm
dificuldades de aprendizados?
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Sim. Sala de recurso. Tem também as aulas de reforço.
Conforma POSSARI; NERDER (2005), a principal tarefa da escola é ajudar
o aluno a desenvolver a capacidade de construir relações e conexões entre os
vários nós da imensa rede de conhecimento que nos enreda a todos.somente
quando elaboramos relações significativas entre objetos, fatos e conceitos, podemos
dizer que aprendemos. As relações se entretecem, articulando-se em teias, em
redes construídas social e individualmente, em permanente estado de atualização.
A idéia de conhecer se assemelha à de enredar-se, e a leitura constitui a
prática social por excelência para esse fim.
Concordo com a fala de POSSARI; NERDER (2005), a escola tem um papel
fundamental no processo de alfabetização do aluno especialmente quando esse
encontra dificuldade de aprendizado em sala de aula. A escola tem por obrigação
oferecer outros mecanismos que ajudam ao alunos com fracassos escolares a
desenvolverem atividades paralelas para fortalecer esses alunos no processo de
leitura e escrita.
Com a contribuição da escola no processo de alfabetização com os alunos
que tem dificuldades de aprendizagem, veja o que a professora respondeu em
relação a esse assunto:
09- Com esse processo, os alunos desenvolveram mais o aprendizado?
Sim. De forma lenta, mas alguns estão conseguindo superar suas
dificuldades.
Para POSSARI; NERDER (2005), em primeiro lugar, seria importante
reforçar o princípio de que a leitura é um processo de interlocução, isto é, não é
mais
algo
instantâneo,
mecânico,
mas
um
processo,
que
significa
um
encadeamento, um ir-e-vir, um retornar, um avançar. Ao ler, o leitor deve dialogar
com o autor, um sujeito que, através de um texto, apresenta sua visão de mundo, de
realidade, de fantasia, de sonho. Nesse dialogo, o leitor também se apresenta como
sujeito que tem sua visão de mundo e de realidade. É, portanto, instaurado um
processo de diálogo, de troca de conhecimento, sensações, sentimentos. Supõe-se,
que o leitor não é alguém passivo, que apenas deve aceitar o que o autor. O diálogo
pressupõe a troca. Se a leitura é um processo de interlocução, deve possibilitar,
então, que a troca se estabeleça.
38
Para POSSARI; NERDER (2005), na escola, é comum não se levar em
conta o fato de que o aluno é uma pessoa que vive em determinado contexto
sociocultural e histórico, portanto possui uma visão de mundo e participação da
construção de uma realidade. Ao chegar à escola, não é uma tábua rasa onde vão
se imprimir alguns conhecimentos sistematizados. O papel da escola deve ser o de
possibilitar a ampliação de seus conhecimentos para aumentar, por conseqüência,
suas possibilidades de leitura.
Conforme a fala das autoras, percebi que toda criança é capaz de
desenvolver sua habilidade de ler e escrever, basta a professora (o) continuar
insistindo e
incentivando o aluno a desenvolver essa capacidade. Porque cada
criança tem seu tempo certo de aprender a ler escrever dentro do prazo previsto.
10- A professora gostaria de fazer suas considerações finais em relação ao
seu trabalho em sala de aula.?
As salas de alfabetização requerem muita dedicação, e mesmo tendo duas
turmas é difícil conciliar metodologias, o que você trabalha em uma turma, as vezes
não há como trabalhar em outra, temos que estar sempre em busca de novos
métodos e recurso. Mas é gratificante quando vemos o resultado final de nosso
trabalho.
Segundo BRASIL (1997), para tornar os alunos bons leitores, para
desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com
a leitura, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler ( e também
ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo
interessante e desafiador, algo que conquistando plenamente, dará autonomia e
independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se dasafiar a
“aprender fazer fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo
de ler não é uma prática pedagógica eficiente. Formar leitores é algo que requer,
portanto, condições favoráveis para a prática de leitura - que não se restringem,
apenas aos recursos materiais disponíveis, pois, na verdade, o uso que se faz dos
livros e demais materiais impressos é o aspecto mais determinante para o
desenvolvimento da prática e do gosto pela leitura.
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Algumas situações didáticas favorecem especialmente a análise a e reflexão
sobre o sistema alfabético de escrita e a correspondência fonográfica. São
atividades que exigem uma atenção à análise, tanto quantitativa como qualitativa.
De acordo com a fala da professora questionada, é muito difícil alfabetizar
criança que não receber um apoio geral de família, especialmente, quando a criança
está desenvolvendo o processo de alfabetização. Nesse momento, ela requer do
professor uma atenção especial. É aí, que o professor busca ajuda junto a família
para ajudar no processo de ler e escrever para colaborar na hora de tomar uma
leitura, ajudar a resolver as atividades propostas e incentivá-lo nas demais
atividades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo expresso no processo de alfabetização demonstra algumas
necessidades de inovações no sentido de preparação em níveis qualitativos do
professor visando atender as necessidades da criança no contexto escolar. Sabe-se
que a criança nas suas relações cotidianas entra em contato com uma variedade de
informações que permitem ela criar uma leitura de mundo particularizada, e é nesse
sentido que a prática pedagógica voltada a educação nas séries iniciais deve se
efetivar, oportunizando o alcance de níveis qualitativos de aprendizagem.
Segundo CIPRIANO (2008), pela linguagem os seres humanos se
comunicam, expressam idéias, pensamentos e intenções, influenciam uns aos
outros, têm acesso à informação, partilham ou constroem visões de mundo,
produzem cultura.
Para a autora, as pessoas se interagem pela linguagem tanto em uma
conversa informal entre amigos, na redação de uma carta pessoal ou de um bilhete,
quanto na produção de um relatório profissional, de uma notícia ou de uma crônica.
De acordo com as respostas da professora questionada, não há métodos
definidos para alfabetizar. Para melhor assimilação dos alunos, os métodos se
definem em aulas construtivista ou tradicional. Ou seja, fazendo um intercâmbio
entre os dois sistemas.
Para a professora, uma das principais dificuldades para alfabetização dos
alunos é a indisciplina e as dificuldades de aprendizagem de alguns alunos.E para
chamar atenção do alunos para o ensino e aprendizagem dos alunos, a professora
questionada trabalha em sala de aula “palavras cruzadas, músicas, caça palavras e
outras atividades atrativas que despertam os interesses dos alunos.
Segundo a professora, a escola tem contribuído bastante no processo de
alfabetização dos alunos, oferecendo sala de recurso e aulas de reforço para as
crianças que apresentam dificuldades na leitura e na escrita. Com essas
contribuições, os alunos estão superando suas dificuldades, de forma lenta, mas,
estão lendo e escrevendo.
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Segundo MIRANDA (2004), no processo de construção e efetivação da
aprendizagem, é essencial a troca de experiências, de conhecimentos e de
informações entre os alunos.
Para TELMA, citado por MIRANDA (2004) o que move as crianças é o
esforço para acreditar que atrás das coisas que elas têm de aprender existe uma
lógica. De certa maneira, aprender é, para elas, ter de reconstruir suas idéias lógicas
a partir do confronto com a realidade. E é exatamente porque nem tudo o que elas
têm de aprender é lógico – ou tem uma lógica que esteja ao seu alcance imediato –
que constroem idéias aparentemente absurdas, mas que são importantes no
processo de aprendizagem.
De acordo com MIRANDA (2004), a aprendizagem é desencadeada por
situações nas quais os alunos, interagindo com outras pessoas, podem levantar
hipóteses, receber ajuda, refletir. Acreditar na capacidade das crianças é
fundamental para seu avanço, pois nos leva a respeitá-las e apoiá-las. Assim,
quando não entendemos o que um aluno quis dizer em seu texto, ajuda muito pedir
a ele que explique suas decisões, mesmo que, em primeiro momento, não
entendamos suas explicações. Não falamos aqui de uma proposta espontaneísta,
em que seria desnecessário ensinar, orientar, já que o próprio aluno constrói o
conhecimento: quando a prática do professor é centrada nesse pensamento, ele
passa a não informar, a não corrigir e a se contentar com aquilo que os alunos
fazem “ do seu jeito”. Acreditamos que , buscando compreender o caminho de
aprendizagem que o aluno está percorrendo no momento,enxergando em suas
produções o que já sabe, construindo estratégias que o levem a aprender o que
ainda não sabe, acolhendo e problematizando seus textos, o professor tem o papel
fundamental no processo de construção do conhecimento.
Para MIRANDA (2004), uma das funções da escola hoje é alfabetizar os
alunos em um contexto letrado, ou seja, um contexto que envolva as práticas sociais
de leitura e escrita. Com essa aprendizagem, os alunos tornam-se usuários da
escrita em suas diferentes funções sociais, mesmo não estando ainda alfabetizados.
Para BRASIL citado por MIRANDA (2004), para tornar os alunos bons
leitores - para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o
compromisso com leitura -, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender
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a ler (e também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a
leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará
autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem
se desafiar a “ aprender fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive
o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente.
De acordo com SARMENTO (2002), a escola não deve selecionar apenas
os mais capazes e deixar de lado os que têm dificuldade para aprender, mas precisa
incorporar todos os alunos, criando possibilidades de estudos não só através dos
livros, mas também através de Internet, com seus “links” e recursos para navegar.
Para SARMENTO (2002), nessa nova visão de ensino, abre-se espaço para
a excursão de alunos a museus, mercados, grutas, empresas, outras escolas e
instituições públicas e para a coleta de dados a serem discutidos em aula. Esse
trabalho exige uma maior integração de áreas, pois irá exigir mais conhecimentos
também do professor, que deverá relacionar os fatos com a realidade cotidiana dos
alunos, ou seja, “ contextualizar as informações” de forma criativa.
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