INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO VALE DO JURUENA – AJES CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO FUNDAMENTAL E GESTÃO ESCOLAR ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DO 2°ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA E.M.E.B PASTOR JOSÉ GENÉSIO DA SILVA. Eva Sebastiana Santana Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo BRASNORTE /2011 INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO VALE DO JURUENA – AJES CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO FUNDAMENTAL E GESTÃO ESCOLAR ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DO 2°ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA E.M.E.B PASTOR JOSÉ GENÉSIO DA SILVA. Eva Sebastiana Santana Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo “Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Metodologia do Ensino Fundamental e Gestão Escolar.” BRASNORTE /2011 “ Tem-se grande trabalho em procurar os melhores métodos para ensinar a ler e escrever. O mais seguro de todos eles, de que sempre se esquece, é o desejo de aprender. De a ele esse desejo e abandone dados e tudo mais, e qualquer método será bom”. Rousseau 1712-1778 “ A escola não alfabetiza, dá continuidade a um processo de desenvolvimento” Paulo Freire. alfabetização já em pleno DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de conclusão de curso, a minha Maria da Costa e ao meu pai Vital Santana ( em memória) e ao meu esposo Simão R. Maria, que me incentivou e colaborou comigo me dando força e estímulo para chegar ao final . Dedico também a minha a filha Elizângela Santana e meu filho Ricardo Amorim (em memória) e a todos os meus filhos e netas que contribuíram na minha caminhada. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por sempre está presente em minha vida e no meu coração. Agradeço aos meus filhos e netas que compartilharam comigo nos momentos mais difícil de minha caminhada, me dando força, coragem e ânimo para enfrentar as dificuldades. E a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram comigo nesta caminhada para o sucesso. RESUMO O estudo proposto objetiva analisar o processo de alfabetização e as dificuldades encontradas pela professora do 2º ano do Ensino Fundamental, da Escola Municipal de Educação Básica Pastor José Genésio da Silva, em Brasnorte MT, situada no bairro Nosso Lar. Para realizar este trabalho, adotei o método de pesquisa de campo com questionário aberto com 10 (dez) para serem respondidas pela docente que falou das práticas aplicadas e das dificuldades que encontra para alfabetizar seus alunos. Verificou-se que o processo de alfabetização é orientado de acordo com teorias de aprendizado centrado na criança. A professora questionada revelou o quanto é importante o planejamento de acordo com a realidade da criança e como é fundamental para a melhoria qualitativa no ensino da alfabetização. Conclui-se que o processo ensino-aprendizagem na alfabetização ainda precisa de melhores oportunidades de pesquisa visando à adoção de novas técnicas que favoreçam o aprendizado em melhores níveis de qualificação à criança. Escolhi esse tema devido a grande dificuldade que encontrei no ano anterior, para trabalhar com os alunos das séries iniciais, que não apresentavam muito interesses em aprender a ler e escrever. Baseando nessas dificuldades, que resolvi fazer a minha monografia relacionada a Alfabetização Nas Séries Iniciais , para saber outras estratégias que ajudaria a desenvolver o aprendizado dessas crianças com mais empenho e dedicação. Em geral, os educadores sabem que alfabetizar é uma tarefa difícil e sujeita as influências de inúmeras variáveis, tais como fatores pedagógicos, psicológicos, sociais, lingüísticos e outros que na se relevam, explicitamente, porém somatizam na totalidade do processo tornando-se favorável seu estudo numa perspectiva científica, visando oferecer aos educadores, condições de intervir positivamente na elaboração de propostas conciliatórias que atendam a necessidade das crianças no estágio de alfabetização. Palavras-Chaves: Processo de Alfabetização, dificuldades de aprendizagem, desenvolvimento e metodologia. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................07 1. ALFABETIZAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS ............................................................10 2. DIFICULDADES DE APRENDIZADOS..................................................................24 3. O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO...................................................................28 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................40 ANEXOS. ...................................................................................................................43 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como tema ALFABETIZAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Vendo as dificuldades que vários professores encontram para alfabetizarem os alunos, resolvi fazer uma pesquisa em uma determinada escola, para saber quais os métodos que a docente utiliza para alfabetizar com sucesso seus alunos e quais as dificuldades que ela encontra para aplicar o conteúdo planejado. O objetivo geral da monografia é conhecer alguns métodos utilizados pela professora para alfabetizar seus alunos nos anos iniciais. Os objetivos específicos são: -Identificar os métodos utilizados pela docente para ensinar seus alunos a ler e escrever. -Verificar se a metodologia aplicada pela docente está dando certo. -Elaborar perguntas relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem. -Fazer pesquisa de campo e bibliográfico que contribuirão para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com dificuldades na leitura e na escrita. Historicamente, o conceito de alfabetização se identificou ao ensinoaprendizagem da tecnologia da escrita, quer dizer, do sistema alfabético de escrita, o que, em linhas gerais, significa, na leitura, a capacidade de decodificar os sinais gráficos, transformando-o em sons, e na escrita a capacidade de codificar os sons da fala, transformando em sinais gráfico. Tendo em vista a grande dificuldade que o docente encontra para alfabetizar os alunos dos anos iniciais, resolvi desenvolver esta pesquisa para saber qual é a metodologia que a professora do 2º ano utiliza para alfabetizar. Com o desenvolvimento das capacidades lingüística de ler e escrever, falar e ouvir com compreensão, em situações diferentes das familiares, não acontece espontânea. Elas precisam ser ensinadas sistematicamente e isso ocorre, principalmente, nos anos iniciais da Educação Fundamental . Por esta razão, o principal objetivo desta monografia é pesquisar as metodologias aplicadas por diversos autores, que serão citados no desenrolar deste trabalhoespecialmente as 08 teorias de Emilia Ferrero, Magda Soares e outros que contribuirão nestas pesquisas. Enfocarei também a docente de uma determinada escola para saber seu método de alfabetizar. Este trabalho cientifico será dividido em 03 (três) capítulos para facilitar a leitura e a interpretação dos textos. No primeiro capítulo apresentarei as pesquisas bibliográficas referentes alfabetização ou ler e escrever relatadas por vários autores mestres em alfabetizarem crianças, especialmente nos anos iniciais. No segundo capítulo apresentarei a pesquisa de campo, com questionário aberto com dez perguntas para a docente que irá responder. No terceiro capítulo, falarei dos resultados da pesquisa, onde colocarei o meu ponto de vista e farei a conclusão final do trabalho cientifico, colocando os pontos positivos e negativos sobre as pesquisas realizadas. Por que, alfabetizar para alguns docentes é um trabalho gostoso de fazer, porque ele tem uma facilidade específica em realizar a tarefa. Já para outros, é mais complicado, Porque ele não tem aquela afetividade que a criança exige. Segundo BRASIL (1997), de linguagem, ensinar a escrever torna-se uma tarefa muito difícil fora do convívio com textos verdadeiros, com leitores e escritores verdadeiros e com situações de comunicação que os tornem necessários. Fora da escola escrevem-se textos dirigidos a interlocutores de fato. Todo texto pertence a um determinado gênero, com uma forma própria, que se pode aprender. Quando entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um papel modalizador, servindo como fonte de referência, repertório textual, suporte de atividade intertextual. É preciso ter claro também que as propostas didáticas difundidas a partir de 1.985, ao enfatizar o papel da ação e reflexão do aluno no processo de alfabetização, não sugerem uma abordagem espontaneísta da alfabetização escolar; ao contrário, o conhecimento dos caminhos percorridos pelo aluno favorece a intervenção pedagógica e não a omissão, pois permite ao professor ajustar a informação oferecida as condições de interpretação em cada momento do processo. 09 Permite também considerar os erros cometidos pelo aluno como pistas para guiar sua prática, para torná-la menos genética e mais feliz. A alfabetização, considerada em seu sentido restrito de aquisição da escrita alfabética, ocorre dentro de um processo mais amplo de aprendizagem. Esse enfoque coloca necessari0amente um novo papel para o professor dos anos iniciais. O conhecimento atualmente disponível recomenda uma revisão dessa metodologia a aponta para a necessidade de repensar sobre teorias e práticas tão difundidas e estabelecidas, que para a maioria dos professores, tendem a parecer as únicas possíveis. Com base nessas teorias, irei pesquisar profundamente sobre essas dificuldades que os docentes estão encontrando para alfabetizar os alunos de 1º ao 4º ano do ensino fundamental. Por isso, questionarei a professora do 2º ano, sobre as metodologias trabalhadas por ela na sala de aula para ensinar seus aluno. CAPÍTULO I ALFABETIZAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS: A alfabetização de uma maneira geral tem sido uma questão bastante discutida, principalmente pelos profissionais de educação, por se observar ainda uma grande dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita do aluno. Atualmente, esta questão vem recebendo atenção especial, principalmente se considerarmos a alfabetização não apenas como o aprendizado da leitura e da escrita, mas a importância de todo o seu contexto sócio-cultural, histórico e econômico, o qual está inserido o sujeito. A alfabetização das crianças de 0 a 6 anos de idade deve levar em consideração as idéias que a criança já tem conhecimento da leitura e da escrita antes mesmo de ser inserida no ambiente escolar. Na sala de aula, atividades estimularão o processo de ensino-aprendizagem oportunizando avanço na concepção do sistema escrito e oral. Nesse nível de escolarização, o aluno precisa entender a escrita como um objeto social e não como um objeto escolar. Isso será possível a partir de uma prática pedagógica em que a leitura e escrita sejam trabalhadas de maneira significativa. Ler, segundo BURANELLO (2008), é mais complexo do saber decodificar (isto é, transformar sinais gráficos em sons) e escrever vai além de saber codificar( ou seja, transformar sons em sinais gráficos). Saber ler implica em compreender as intencionalidades do texto, as características próprias do gênero, os efeitos provocados pelas escolhas lingüísticas do autor. Saber escrever consiste em produzir um texto coerente e coeso conforme uma intenção comunicativa. LEAL, ALBUQUERQUE e MORAIS (2006ª), relatam a respeito do assunto: Diante disso, ensinar o nome das letras e o valor sonoro delas é uma tarefa importante e necessária para o professor-alfabetizador, mas não deve ser a única. Pode-se dizer que, nos primeiros anos de escolarização, o professor precisa garantir ao aluno a alfabetização, ou seja, as habilidades de ler (decodificar) e escrever (codificar), mas também o letramento. (p. 71). Alfabetização e letramento, conforme explica SOARES (2003), não são práticas excludentes, pelo contrário. Ao mesmo tempo em que ensina a natureza do sistema de escrita, o professor pode e deve propor atividades de leitura e escrita de 11 textos. Desse modo, alfabetização letrando ou, alterando a ordem dos termos, mas não o princípio, letrará alfabetizando. Conforme já dissemos, muitas crianças chegam à escola com os conhecimentos absorvidos informalmente em seu cotidiano. Por isso, os pesquisadores, dentre eles BATISTA e outros (2007, p.11), dizem que há diferentes níveis de letramento. Um dos maiores desafios da escola é ensinar os alunos a ler e compreender o que lêem, ou seja, formar leitores suficientemente competentes. Para vencer esse desafio, o professor precisa valer-se de práticas pedagógicas eficazes. Segundo os BRASIL (1997, p.54): Quanto ao trabalho com leitura nos anos iniciais de escolarização, não é necessário, primeiramente, que o aluno aprenda o nome das letras e o valor sonoro delas para somente depois disso propor-lhes a leitura de textos. Pesquisas no estudo da leitura têm demonstrado que se aprende a ler lendo. Ou seja, a aprendizagem da leitura se dará nas situações que propiciam o contato com textos autênticos. Muitos dos elementos extra verbais (como a diagramação, a fonte, as imagens que acompanham o texto) servem de elementos para a apropriação/construção do sentido do texto. Saber escrever com clareza e competência é de fundamental importância para a plena participação na sociedade atual, uma vez que vivemos numa sociedade que se organiza e mantém-se em torno da escrita. Conforme orienta BERENBLUM (2006, p.24). Tal como a leitura, segundo BERENBLUM (2006), a escrita sofre do mal da escolarização, quase sempre restrita à cópia e à reprodução de formas previamente modelares, estimulando os processos de autoria que fazem dos sujeitos “escritores”, no justo sentido de ser autor autônimo e competente para escrever o seu texto, para dizer suas palavras e registrar sua história, transformando sua passagem pelo mundo, nas sociedades grafocêntricas. Portanto, leitura e escrita são atos inseparáveis e interdependentes. A prática constante e eficiente de leitura favorece a escrita. Em sala de aula, é importante que os alunos sejam conscientizados dessa questão e incentivados a refletir sobre suas atividades de escrita. O professor deve esclarecer para a turma que os textos produzidos em situações reais possuem destinatários e objetivos diversificados e são organizados nos mais variados gêneros. Por muito tempo, as práticas de ensino de Língua Portuguesa não consideravam a língua oral como algo 12 passível de ensino e aprendizagem. Dessa postura, resultou a formação de um contingente de indivíduos que não eram capazes de elaborar textos orais devidamente estruturados e de adequar a linguagem a situação de comunicação ( ou, se eram, não graça a aprendizagem escolar). Com o desenvolvimento das ciências da linguagem, dentre elas, a Linguística Textual, a Análise da Conversação, a Sociolingüística e a Análise do discurso, as metodologias de ensino de língua materna foram repensadas. Surgiram, assim, novos paradigmas para as aulas de Língua Portuguesa. Por conseguinte, os BRASIL (1997), recomendam que a língua oral seja objeto de estudo e reflexão em sala de aula. De acordo com esse documento: Eleger a língua oral como conteúdo escolar exige o planejamento da ação pedagógica de forma a garantir, na sala de aula, atividades sistemáticas de fala, escuta e reflexão sobre a língua. São essas situações que podem se converter em boas situações e interpretação de aprendizagem sobre os usos e as formas da língua oral: atividades de produção e interpretação de uma ampla variedade de textos orais, de observação de diferentes usos, de reflexão sobre os recursos que a língua oferece para alcançar diferentes finalidades comunicativas. (p. 49). Para que o trabalho com a língua oral em sala de aula seja profícuo é necessário compreender que não se trata de transformar a fala num tipo de conteúdo autônomo no ensino de língua: ela tem de ser vista integralmente e na relação com a escrita (MARCUSHI, 2001, p.23). É importante ressaltar que, em sala de aula, o trabalho com a modalidade oral de língua não deve ser confundido com “corrigir” a fala do aluno. Trata-se de organizar atividades em que gêneros orais sejam produzidos e que se reflita sobre a função da língua oral nas interações verbais, bem como os níveis de formalidade e a variedade adequada que cada gênero?Situação requer. BRASIL (1997), completa essas considerações: A questão não é falar certo ou errado, mas saber forma da fala utiliza e, considerando as características do contexto da comunicação, ou seja, saber adequar o registro às diferentes situações comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a quem e por que se diz determinada coisa. É saber, portanto, quais variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige. (p.31-32). Para estar condizente com esses pressupostos, é importante que o trabalho em sala de aula se organize em torno do uso que privilegie a reflexão dos alunos 13 sobre as diferentes possibilidades de emprego da língua. (BATISTA e outros, 2007, p.9). Com base nesses princípios, o trabalho pedagógico com as crianças de séries iniciais deve garantir o estudo articulado das Ciências Naturais, das Noções Lógico-Matemáticas e das Linguagens. Especificamente no que se refere aos objetivos do trabalho com linguagens nos anos/séries iniciais. Segundo CORSINO (ANO 2006), textos significativos para as crianças, produzidos nas mais variadas situações de uso da linguagem oral e escrita, em que elas participem como locutores e como ouvintes. É importante que o cotidiano das crianças das séries/anos iniciais seja pleno de atividades de produção e de recepção de textos orais e escritos, tais como: escuta diária da leitura de textos diversos, especialmente de histórias e textos literários; produção de textos escritos medida pela participação e registro de parceiros mais experientes; leitura e escrita espontânea de textos diversos, mesmo sem domínio das convenções da escrita; participação em jogos e brincadeiras com linguagem; entre outras possíveis. Ao lado disso, as crianças devem ser encorajadas a pensar, a discutir, a conversar e, especialmente, a raciocinar sobre a escrita alfabética, pois um dos principais objetivos do trabalho com língua nos primeiros anos/séries do ensino fundamental é lhes assegurar o conhecimento sobre a natureza e o funcionamento do sistema de escrita nas suas mais diversas funções. Segundo BRASIL (1998, p.151), diz que “um ambiente é alfabetizador quando promove um conjunto de situações de usos reais de leitura e escrita nas quais as crianças têm a oportunidade de participar.” Isso não significa que se deva fazer da sala de aula um local cheio de matérias escritas, sem nenhum critério ou qualidade, mas sim transformá-la em um espaço no qual a leitura e a escrita estejam sempre presentes. Isso permite à criança perceber a importância dos textos e o prazer que a elaboração e a leitura deles podem proporcionar. Criar um ambiente alfabetizador também implica em respeitar as crianças enquanto pessoas. Elas precisam se sentir acolhidas, valorizadas e devem ter oportunidade de realizar aquilo que melhor sabem fazer nessa fase da vida: brincar e imaginar. 14 Além disso, um ambiente ideal para a alfabetização (ou, como preferem alguns, para o letramento) implica em instaurar um clima em que ocorra a interação entre professor-aluno, aluno-aluno, aluno-família, professor-família. Enfim, o ambiente alfabetizador tem de possibilitar o desenvolvimento cognitivo do aluno para que ele possa avançar na aprendizagem, que consiste em um processo e contínuo. O professor possui um papel fundamental no processo de alfabetização/letramento: o de mediador de relação entre o aluno e a aprendizagem. Ele deve estar ciente de que, além de propor as atividades que planejou, deve ajudar a criança a avançar cognitivamente. Isso que dizer que, em vez de deixar o aluno descobrir sozinho para a escrita e de que modo ela representa graficamente o pensamento e a linguagem. O professor auxilia a criança a refletir sobre suas pré-concepções de modo que ela supere conceitos equivocados ou incompletos e substitua por novos conceitos. Segundo MASSINI-CAGLIARI: Ser “mediador” não pode ser entendido apenas como sendo um aplicador de pacotes educacionais ou um mero constatador do que o aluno faz ou deixa de fazer. Ser mediador deve significar, antes de mais nada, estar entre o conhecimento e o aprendiz e estabelecer um canal de comunicação entre esses dois pontos. (1999, p.225). Segundo BURANELLO (2008), além de desempenhar o papel de mediador, o professor também tem o papel de educador. Ser educador significa orientar os alunos em todos os momentos, nas situações que possam surgir dentro e fora da escola. A orientação dada pelo professor tende a influenciar o desenvolvimento da criança; por isso, é fundamental que o professor aja com discernimento, boa vontade e respeito pelo que faz, pela escola e principalmente pelos alunos, que são indivíduos que estão conhecendo o mundo e assimilando novos conceitos. Quando interagem, os alunos aprendem uns com os outros de maneira ativa, passando a perceber que o conhecimento que possuem pode ter grande importância para os colegas. Por isso, organizar situações didáticas em que os alunos possam trabalhar em grupo é uma estratégia que pode trazer grandes benefícios para o processo de ensino-aprendizagem. 15 Desenvolver trabalhos em grupos nem sempre é simples, pois ele exige bastante empenho do professor. Contudo, é exatamente viável, necessário e produtivo. Além disso, se os alunos forem estimulados constantemente ao trabalho cooperativo e colaborativo, com o tempo eles criarão uma dinâmica ideal, o que tornará essa proposta ainda mais enriquecedora. É importante que o professor conheça as condições socioculturais, as expectativas e as competências cognitivas dos alunos, pois dessa forma, ele terá condições de selecionar situações-problema relacionadas ao cotidiano deles. É relevante também o trabalho de um conteúdo em diversos contextos, a fim de induzir a capacidade de generalização nos alunos. De maneira diferente daquilo que muitos professores vivenciaram enquanto estudantes ou durante seu processo de formação docente, atualmente eles precisam, em suas práticas de ensino, elaborar diferentes estratégias e oportunidades de aprendizagem e avaliar se estas estão sendo adequadas. Porque, só através da auto-avaliação do professor, é que ele irá diagnosticar seu aluno em relação ao desempenho na leitura e na escrita. Segundo BURANELLO: É interessante promover a socialização das produções dos alunos, isto é, possibilitar que outras pessoas as leiam. Há varias maneiras de socializar os textos, como: leitura para os colegas da turma e para os familiares, exposições de textos em mural ou em varal dentro da sala de aula e nas dependências da escola, organização de livros. A estas, o professor pode acrescentar outras socializações que considera interessante. (2008, p 15). Concordo com a fala de BURANELLO (2008), em expor os trabalhos dos alunos em sala de aula ou no mural, para valorizar a produção e incentivá-los a produzirem cada vez mais. Segundo CHARLOT (2009), como acionar nos alunos mecanismos de interesse pelo saber? Como notar que relação os estudantes estabelecem com o saber escolar? Segundo contou o próprio CHARLOT em entrevista a Nova Escola de Aracaju, cidade onde mora atualmente, suas pesquisas ainda devem uma resposta mais completa para essas perguntas, principalmente quando o olhar se volta par os alunos de periferias- na França, na Tunísia, na República Tcheca ou no Brasil, países em que ele coordenou estudos. O que se sabe é que, quanto mais significativo for o que está sendo ensinado, mais o aluno se põe em movimento, se 16 mobiliza para se relacionar com aquele conteúdo. Mas essa situação, que seria a ideal, não é a predominante. Os estudos de CHARLOT (2009), apontam que a maioria dos estudantesquase 80% deles só vê sentido em ir à escola para conseguir um diploma, ter um bom emprego e ganhar dinheiro e levar uma vida tranqüila. Nesse discurso, não há a menção ao fato de aprender. Esses jovens que ligam escola e profissão sem referência ao saber estabelecem uma relação mágica com ambos. Além disso, sua relação cotidiana com o estudo é particularmente frágil na medida em que aquilo que se tenta ensinar a eles não faz sentido em si mesmo, mas somente em um futuro distante, define o pesquisador. Segundo o francês, pensar de maneira determinista lança uma leitura negativa sobre a realidade. Em vez disso, ele sugere uma leitura positiva do indivíduo, levando em conta sua história de vida, seus desejos e suas atividades cotidianas. Baseando na fala de CHARLOT (2009), fiquei pensando: - Muitas vezes, nós educadores, estimulamos nossos alunos a estudarem somente para conseguir um bom emprego e um bom salário, não ensinamos aos alunos a importância do conhecimento intelectual na vida cotidiana dos mesmos. Deixando uma lacuna muito grande no ensino-aprendizagem do aluno. Chegando algumas vezes eles mesmos perguntarem. “Pra que estudar?” Meus pais não estudaram e ganharam muito dinheiro? Por isso, alguns alunos apresentam dificuldades no aprendizado, devido a falta de incentivo do educador que não fala da importância da leitura e da escrita no dia a dia da criança. Segundo SCHLEICHER (2008), em entrevista a revista Nova Escola, educação significa definir objetivos altos para a rede e padrões individuais elevados, amparando pela certeza de que todo aluno é capaz de ter um bom desempenho respeitando, é claro, sua trajetória particular de vida. Em geral, os sistemas baixam as expectativas em relação aos estudantes com dificuldades de aprendizagem, fazendo com que eles fiquem presos a essa situação, provavelmente com outros colegas de resultados ruins. Por isso, é comum que os alunos ditos “problemáticos” se concentrem em escolas leva ao fracasso, não o contrário. Para ele, até pouco tempo atrás, a estratégia mais comum era separar os estudantes em grupos. Quem 17 não se saía bem continuava mal no ano seguinte ou era mandado para uma escola com menores exigências. A diversidade era enfrentada. Desclassificando os estudantes e, assim, os professores se isentavam da responsabilidade de ensinar. Mas é impossível dar a mesma aula para 30 crianças diferentes. Escola e educadores devem perceber que alunos comuns têm capacidades e talentos fantásticos. Onde estão os pontos fortes de cada um deles? Como determinada criança pode desenvolver o tipo de talento que tem? Trata-se de personalizar o aprendizado para fazer com que todos cresçam. E para isso, os sistemas educacionais precisam oferecer soluções, e os professores, usá-las. No Japão, um professor não tem como se livrar de um aluo que não aprende, mas ele também não é abandonado com o problema. A escola assume junto a responsabilidade pelo desenvolvimento do estudante. De que forma esse trabalho coletivo pode contribuir para a melhoria da qualidade da educação? Primeiro, porque isso gera um envolvimento muito maior dos educadores na tomada de decisões sobre como ensinar. Segundo, porque o contato com pessoas que exercem várias outras profissões cria uma atmosfera muito positiva de soma, recombinação e síntese de saberes de diferentes campos. É um processo mais afinado com a atual sociedade do conhecimento, pois ultrapassa a mera transmissão de saberes. Segundo WEISZ (2002), o que move as crianças é o esforço para acreditar que atrás das coisas que elas têm de aprender existe uma lógica. De certa meneira, aprender é, para elas, ter de reconstruir suas idéias lógicas a partir do confronto com a realidade. E é exatamente porque nem tudo o que elas têm de aprender é lógicoou tem uma lógica que esteja ao seu alcance imediato- que constroem idéias aparentemente absurdas, mas que são importantes no processo de aprendizagem. CAGLIARI (1997), explora a alfabetização através da fonética, Magda Soares defensora da alfabetização letrada. Todos estes autores como também outros pesquisadores possuem significativas contribuições para um melhor rendimento da alfabetização. Porém, para que realmente se entenda a alfabetização é preciso contextualizá-la inicialmente, parafraseando Magda Soares (2004), quando relata a importância de uma alfabetização contextualizada que determina que a alfabetização que deve ser focada sob dois aspectos: aquisição e desenvolvimento 18 da linguagem oral e escrita, porém dar-lhe um significado negaria seu real sentido, afinal alfabetização ultrapassa apenas o ler e escrever. Várias são as perspectivas que norteiam o processo da alfabetização segundo CAGLIARI (1997), a exemplo da abordagem psicológica que se direciona as condições prévias para a aprendizagem da leitura e da escrita; da psicolingüística que caracteriza a maturidade linguística da criança; a sociolingüística que focaliza a alfabetização como processo vinculador aos usos sociais da língua destacando as diferenças dialetais, e, por outro lado a lingüística que concebe a alfabetização como um processo de transferência da forma sonora para a forma gráfica da escrita. Assim, a criança terá não somente que compreender, mas entender os elementos da linguagem oral e escrita apropriando-se desta nova aprendizagem. Neste processo é de fundamental importância e interação da criança com o meio. O processo de alfabetização perpassa por vários fatores, desde o seu desenvolvimento emocional, social da natureza lingüística que está inserido, da relação escola e sociedade, pois o trabalho de alfabetização não se restringe apenas a sala de aula. Assim, faz-se importante também o conhecimento dos estágios de desenvolvimento da percepção da linguagem escrita que são desmistificadas no livro Psicogênese da Língua Escrita de Ana Teberosky e Emilia Ferreiro, que se dividem em períodos denominados pré-silábico, onde a criança registra garatujas e desenho, símbolos ou letras que se misturam a números, nesta fase também começam a diferenciá-los. Na fase seguinte, a silábica, a criança tem a noção de que cada sílaba corresponde a uma letra. No nível silábico-alfabético, a criança precisa negar o nível anterior, o valor sonoro impõe-se forçosamente. No nível alfabético a criança reconstrói o sistema lingüístico e compreende a sua organização. Ao ir desenvolvendo suas percepções, as crianças mesmo ainda não estando inseridas no cotidiano escolar, vão imitando letras, diferenciando letras, números e desenhos, fingem que lê estórias que já conhecem ou criam a sua própria estória, porém já conhecem o que se lê e o que não se lê, deste modo, vão aos poucos desenvolvendo o verdadeiro sentido da leitura e da escrita. De acordo com as falas dos autores, notei que o processo de ensino aprendizagem não começa e termina na escola, esse processo começa na família e a escola só completa aquilo que ela aprendeu em sua casa, fazendo uma ponte entre o ensinamento da família e da escola. Ou seja, se a criança tem um bom 19 desempenho em sua casa, com certeza ela terá um bom desempenho em sala de aula, facilitando assim, o desenvolvimento escolar do aluno, contribuindo com o bom desempenho do aluno e do professor. Já o aluno que não tem um acompanhamento diário em casa, não apresenta também um bom desempenho em sala de aula, apresenta dificuldades na leitura e na escrita, além de apresentar mau relacionamento com o professor e com os colegas. No final do século XIX a educação adquire maior importância sendo considerada como motor de transformação social, gerando assim novas discussões acerca dos direitos e deveres da criança. Jonh Dewey, apud SANTOMÉ (1998) descreve que “a escola deve representar a vida presente, uma vida tão real e vital para as crianças como a que vive em sua casa, no bairro ou no campo de futebol” (p.28) que repercutiram decisivamente nas teorias e práticas pedagógicas. Deste modo, o meio social fortalece certos impulsos mentais e emocionais, concretizando que a educação nunca é diretamente, mas indiretamente através do meio, principalmente se entendermos a maneira de pensar da criança como uma construção histórica e pela prática pedagógica desenvolvida em cada tempo e lugar. Toda esta revolução na educação, segundo SANTOMÈ (1998) parte do princípio de considerar crianças como crianças, com personalidades próprias e diferentes, nesta perspectiva há um golpe a metodologia tradicional onde as aprendizagens são sustentadas no pensamento reprodutivo. Segundo Anderson Moço (2009), todo dia, você acorda de manhã e pega o jornal para saber das últimas novidades enquanto toma café. Em seguida, vai até a caixa de correio e descobre que recebeu folhetos de propaganda e (surpresa!) uma carta de um amigo que está morando em outro país. Depois, vai até a escola e separa livros para planejar uma atividade com seus alunos. No fim do dia, de volta a casa, pega uma coletânea de poemas na estante e lê alguns antes de dormir. Não é de hoje que nossa relação com os textos escritos é assim: eles têm formato próprio, suporte específico, possíveis propósitos de leitura em outras palavras, têm o que os especialistas chamam de “características sociocomunicativas”, definidas pelo conteúdo, a função, o estilo e a composição do material a ser lido. E é essa soma de características que define os diferentes gêneros. Ou seja, se é um texto com função comunicativa, tem um gênero. 20 Na última década, segundo MOÇO (2009), a grande mudança nas aulas de Língua Portuguesa foi a “chegada” dos gêneros à escola. Essa mudança é uma novidade a ser comemorada. Porém muitos especialistas e formadores de professores destacam que há uma pequena confusão na forma de trabalhar. Explorar apenas as características de cada gênero ( carta tem cabeçalho, data, saudação inicial, despedida etc.) não faz com que ninguém aprenda a, efetivamente, escrever uma carta. Falta discutir por que e para quem escrever a mensagem, certo? Afinal, quem vai se dar ao trabalho de escrever para guardá-la? Essa é a diferença entre tratar os gêneros como conteúdos em si e ensiná-los no interior das práticas de leitura e escrita. Essa postura equivocada tem raízes claras: é uma infeliz reedição do jeito de ensinar língua Portuguesa que predominou durante a maior parte do século passado. A regra era falar sobre o idioma e memorizar definições: Como adjetivo: palavra que modifica o substantivo, indicando qualidade, caráter, modo de ser ou estado. Sujeito: termo da oração a respeito do qual se enuncia algo. E assim por diante, numa lista quilométrica. Pode até parecer mais fácil e econômico trabalhar apenas com os aspectos estruturais da língua, mas é garantido: a turma não vai aprender. É por isso que não faz sentido pedir para os alunos escreverem só para você ler e avaliar. Quando alguém escreve uma carta, é porque outra pessoa vai recebê-la. Quando alguém redige uma notícia, é porque muitos vão lê-la. Quando alguém produz um conto, uma crônica ou um romance é porque espera emocionar, provocar ou simplesmente entreter diversos leitores. E isso é perfeitamente possível de fazer na escola: a carta pode ser enviada para amigos, parentes ou colegas de outras turmas; a notícia pode ser divulgada num jornal distribuído internamente ou transformado em mural; o texto literário pode dar origem a um livro, produzido de forma coletiva pela moçada. Nessa integração de atividades com diferentes propósitos, os alunos vão muito além das características de cada gênero e aprendem de fato a ler e escrever, inclusive fazendo uso da ortografia e da gramática em situações reais. Tudo isso permite dar o pontapé inicial ao que os especialistas chamam de “caminho da autoria”. Uma possibilidade é propor a reescrita (individual) de um conto. Mas o 21 percurso pelas três posições enunciativas só estará completo quando a garotada produzir o próprio conto. Por fim, vale destacar, segundo MOÇO (2009), que quando os gêneros são ensinados como instrumento para a compreensão da língua, não importa quanto ou quais você trabalha, desde que o objetivo seja usá-los como um jeito de formar alunos que aprendam a ler e escrever de verdade. Trabalhei no ano passado com alunos do 3º ano e encontrei muitas dificuldades para realizar o trabalho de leitura e escrita com os alunos, pois os mesmos não paravam para prestar atenção nos conteúdos explicados, queriam só brincar e brigar dentro da sala. Os alunos que queriam aprender algumas coisas, não conseguiam, porque os outros não deixam. E isso me deixa muito preocupada, porque tinha uma meta para alcançar e não conseguia devido à indisciplina na sala de aula. Para a francesa, CHARTIER (2009), alfabetizar é um ofício que, mais do que uma boa base teórica, requer muito trabalho prático e interação com outros profissionais. Para a pesquisadora do instituto Nacional de Pesquisa Pedagógica, sediado em Paris, considerar que o conhecimento teórico basta pra ensinar as crianças a ler e escrever é uma idéia infundada. “Seria o mesmo que imaginar que se pode aprender a tocar piano lendo tratados de musicologia” (p.17). Nesta entrevista, concedida com exclusividade à Pátio Educação Infantil, Anne-Marie Chartier fala sobre Alfabetização e Letramento com clareza e o conhecimento da realidade nacional que já são familiares a muitos educadores brasileiros, tanto por sua presença em diversos eventos quanto por seus livros publicados. Tradicionalmente, segundo CHARTIER (2009), a alfabetização era definida como a capacidade de decifrar de modo correto um texto, oralizando-o. Não significava necessariamente compreendê-lo: as crianças que sabiam decifrar o Credo ou o Pai-Nosso não precisavam explicar o significado dessas orações.Já os “letrados”, que na época eram os clérigos, sabiam ao mesmo tempo ler e explicar esses textos.Quando os ingleses inventaram a palavra literacy, que durante muito tempo não teve equivalente nas línguas latinas dos países católicos, eles designam a “cultura primaria”, os saberes acerca da escrita( a ortografia, a gramática, o cálculo escrito) e, mais tarde, “os saberes de base” ( os primeiros elementos de histórias, de 22 geografia ou de ciências ensinados na escola). Com as avaliações internacionais, como o PISA, foi necessário inventar palavras para designar esses saberes de base: literacy ou letramento. Toda alfabetização, segundo CHARTIER (2009), é realizada sobre textos que vão constituir uma primeira cultura escolar. Não é a mesma coisa que ela seja construída sobre textos religiosos ou morais, ou sobre textos instrutivos e informativos, ou ainda sobre pequenas narrativas ou textos divertidos tirados da literatura para crianças. Os saberes ligados à alfabetização sempre ultrapassam a simples decodificação. A grande mudança decorre de que o teste que mostrava que o indivíduo sabia ler, ou seja, que era alfabetizado, era a leitura em voz alta. Com as avaliações modernas, mede-se o aluno, criança ou adulto, sabe ler no sentido de compreender o que significa o texto, lendo as respostas escrita que ele deu a questões escritas no texto. O que se chama de “saber ler” no segundo caso está ligado ao letramento, não à alfabetização. Para a autora, segundo CHARTIER (2009), quando uma criança aprende a ler e a escrever, e essa é a situação mais freqüente na escola, pode-se dizer que todos os elementos constitutivos da aprendizagem “funcionaram bem”. Quais estão ligados ao desenvolvimento da criança? Quais depende de fatores externos? É difícil dizer! Há fatores sensoriais (a Criança ouve e enxerga bem?), fatores de maturidade psicológica, análise do funcionamento da escrita, capacidades de memória, habilidades gráficas, etc. O que impressiona é que muitas crianças que têm “tudo para fracassar” aprendem, enquanto outras têm “tudo para vencer” fracassam: é preciso considerar, portanto, que as coisas não são mecânicas e que o papel dos professores também é fundamental. Segundo CHARTIER (2009), na França, todo mundo pensava que a escola ensinava de forma suficiente até os anos 1950-1960. Porém, após essa data, considera-se importante prolongar os estudos de todos até os 16 anos e garantir a continuidade do estudo dos filhos. O resultado é que, depois de alguns anos, todo mundo pensa que a escola primária não ensina bem as crianças a ler e escrever. O que poderia parecer um êxito em certo período é considerado como um fracasso quando a escola precisa adaptar-se às novas exigências sociais. Está claro que hoje a alfabetização das novas gerações requer que elas sejam capazes de ler e escrever em computador, de consultar as bases de dados da internet. A definição 23 está mudando mais uma vez. É possível que em 20 anos, não seja mais com literatura infanto-juvenil que se ajudará melhor as crianças a entrar na cultura escrita escolar e social. Segundo CHARTIER (2009), a meu ver, é o modo como um professor alterna quatro tipos de situações pedagógicas: aquelas em que ele procura fazer com que toda a turma leia para conhecer o sentido de um texto; aquelas que são “situações-problemas” para refletir sobre a maneira como “ o escrito codifica o oral” ou como “ o oral é transcrito”; aquelas que permitem consolidar certas aprendizagens, automatizar aquisições ( os exercícios em que cada criança deve desempenhar –se individuamente); aquelas em que as crianças tentam ler ou reler sozinhas os textos ao seu alcance, sabendo que podem pedir ajuda. Todos os professores visam, no fim das contas, a que as crianças consigam ler “ sem esforço”, isto é de forma automática. Para CHARTIER (2009), para isso, sempre é necessário fazer muitos exercícios de treinamento e um trabalho bastante regular, quase rotineiro. Mas o que ficou muito claro neste último 30 anos foi o seguinte: quando se propõem esses exercícios a crianças que não tem uma “cultura escrita” e não compreendem sua função, isso exige delas um esforço terrível e geralmente em vão. Concordo plenamente com a autora, antigamente as crianças não tinham tantas tecnologias para elas e com isso, as crianças davam mais credibilidades as atividades escolares, ou seja, tudo que o professor ministrava ou explicava em sala de aula era novidade para o aluno. Hoje em dia, as crianças sabem mais do que alguns professores que vivem desligados das atualidades, e, por isso os alunos não acham graça no conteúdo trabalhado pelo professor (a). Principalmente as crianças que estão nas séries iniciais. Elas são inquietas,não param. Se o professor não preparar uma aula atrativa que chama a atenção das crianças para o conteúdo trabalhado, elas não conseguirão aprender, nem o professor conseguirá ensiná-los. E com isso vai aparecendo as dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais, dificultando assim, a alfabetização dos alunos que vão passando para o ano seguinte com um nível baixo de leitura e de escrita. CAPÍTULO II 2- DIFICULDADES DE APRENDIZADO Segundo GARCIA (2004), vivemos numa sociedade letrada, ou seja, impregnada de materiais escritos: jornais, outdoors, normas, leis, avisos, instruções, escritos literários, etc. não basta ao cidadão saber escrever seu nome, ler e compreender textos simples. É preciso que ele seja capaz de exercitar habilidades, atitudes e conhecimentos de leitura e escrita envolvidos em diversas práticas sociais, como saber localizar e obter uma informação, comparar informações de diferentes textos, estabelecerão relações entre fatos e opinião, acessar benefícios sociais, mobilizar dados necessários à relação de um texto, etc. Trata-se do letramento ou, como define Magda Soares, citada por GARCIA (2004) o uso efetivo e competente da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita. À escola cabe formar o sujeito capaz de, em diferentes situações de uso da língua, interagir com as pessoas e resolver problemas da vida cotidiana, assumindo um comportamento real de leitor e de produtor de textos orais e escritos. Para GARCIA (2004), a língua é o componente cultural que primeiro identifica um grupo social humano. E, sem dúvida, ela constitui um elemento cultural integrador. Portanto, o ensino de língua materna (no nosso caso, a língua portuguesa) deve merecer uma atenção especial no currículo escolar, especialmente nos primeiros anos de ensino fundamental, quando a criança está em pleno processo de aquisição e ampliação do uso da língua. E é exatamente por meio das atividades diárias de comunicação realizadas nas interações sociais que o conhecimento sobre textos falados e escritos, os aprendizados vão identificados formulações básicas que caracterizam os textos como pertencentes a determinado gênero. De acordo com GARCIA (2004), ela está chamando a atenção do professor para os diversos tipos de atividades trabalhadas em sala de aula que ajudam os alunos realizarem as atividades de leitura e escrita dentro do período esperado. É ainda importante ressaltar que a aprendizagem da língua é um processo que se caracteriza por ser singular para cada aluno. Ou seja, cada aluno tem seu tempo de desenvolver sua leitura e sua escrita dentro do período de alfabetização. E para que isso aconteça, é preciso que o professor ou professora desenvolva este trabalho 25 constantemente, independente se o aluno tem ou não dificuldade de aprendizado, favorecendo assim, uma presença constante dos conteúdos trabalhados para que o aluno se sinta mesclado com ele no seu dia a dia. Como por exemplo; leitura de palavras soltas, leitura de nomes próprios, leitura de placas etc. Esse processo ajuda bastante no desempenho da leitura e da escrita dos alunos que aos poucos vão assimilando as letras e formando palavras. Segundo BIDON: Para fazer um levantamento dos dados concernentes à alfabetização na Idade Média, é necessário recorrer a fontes escritas e arqueológicas, bem como a fonte iconográfica (imagens medievais), a mais rica em informações. Entretanto, essas imagens devem ser analisadas na perspectivas das mensagens, porque o seu valor está nas micrografias ( textos miniaturas) nelas inseridas. São elas que nos fornecem os indícios das primeiras leituras destinadas as crianças. (BIDON, 1989). Havia também, conforme relata BIDON (1989), abecedários com letras de couro e os escritos em material flexível, como couro e tecido, todos destinados a aprendizagem das letras. As tabuletas com alfabetos formam provavelmente, os principais objetos usados para a aprendizagem na Idade Média. Muito numerosas são as menções e as representações dessas tabuletas abecedárias de madeira nas fontes históricas. Nenhuma subsiste até hoje, embora haja imitações muito perfeitas. Essas tabuletas eram frequentemente carregadas pelas crianças, como um jogo, penduradas por uma corda ou couro pelo braço, á cintura ou ao pescoço. Assim, o porte constante deste objeto contribuía para uma impregnação lenta, sem violência, das letras do alfabeto na mente das crianças muito pequenas. Pode-se inferior ainda, pelos diversos inícios encontrados, a hipótese que a mão da criança tenha sido o mais simples objeto abecedário da Idade media. Como a mão era usada para aprender a cantar as notas musicais e para contar os dias da semana, supões-se ter sido usada também para ensinar as sete primeiras letras do alfabeto. Finalmente, BIDON (1989), afirma que no final do século XII ou início do século XII, as figuras tem uma função explicativa nas obras pedagógicas e, no século XV, há o nascimento dos abecedários figurados tal como o alfabeto figurado de Marguerite de Bourgone, que conjugava as semelhanças visuais, as aliterações, as iniciais comuns e a homófona. Desta forma, a autora considera a história da alfabetização da Idade Média fazendo considerações sobre a lentidão com que se efetuava a aprendizagem do 26 alfabeto, a complexidade do grafismo da escrita gótica e a obrigação de aprender a ler em latim como os principais obstáculos que os leitores iniciantes encontravam. Finalmente, pode-se considerar que na antiguidade e na Idade Média, segundo BIDON (1989), houve muita dificuldade na aprendizagem da leitura, particularmente na do alfabeto. Em razão da aridez do método e, conseqüentemente, do desinteresse dos alunos, os pedagogos tentaram criar procedimentos e materiais para resolver esses problemas. Essas tentativas, contudo, não conseguira modificar a natureza do método de soletração, o único usado na antiguidade e na Idade Média. No século passado e até hoje, segundo BIDON (1989), ainda é usado o método silábico para alfabetizar os alunos, principalmente, aquele que tem dificuldade de aprendizado, especialmente aquela criança que tem pouco contato com jogos educativos, livros de histórias e outras brincadeiras lúdicas oferecidas pelas escolas. Daí, vem as dificuldades de aprendizados, fazendo com que os educadores procurem novas metodologias para desenvolverem as atividades em sala de aula. Mais uma vez, BIDON reforça o assunto: O sistema da escrita mais eficaz é provavelmente aquele que representa explicitamente o máximo de estruturas fonológicas da linguagem falada que, por seu tratamento durante o reconhecimento das palavras escritas, contribui mais para esta.É legítimo então supor que um sistema de escrita que representa os fonemas e, ao mesmo tempo, introduz marcas de segmentação as línguas que diferem entre si pelos princípios de sua escrita distinguem-se também por muitas outras características. Por outro lado, é interessante constatar que um sistema alfabético no qual, as sílabas não explicitamente marcadas foram criadas de maneiras claramente intencional. (1989). Deste modo, ao mesmo tempo em que se torna explícito certo aspecto da fala, um sistema de escrita deixa outros na sombra. A ficção literária é um dos meios quais a sub determinação da significação e da intensidade, inerente ao sistema alfabético, evita a monotonia da unicidade. Tomar consciência dos fonemas é apenas a descoberta inicial que fazemos a o aprender alfabético. Segundo BIDON (1989), a criação do método fônico, com base no som das letras, não mais no nome, foi um grande avanço na pedagogia da leitura, por ter suprimido a soletração, economizando esforços da criança e do professor. 27 Entretanto, segundo BIDON (1989) o exagero na pronunciação dos sons das consoantes isoladamente, resultou na geração de outros sons às consoantes. Isso possibilitou a inclusão desses sons na leitura das palavras, conseqüentemente, sua compreensão. Esse exagero levou o método ao ridículo. Outra dificuldade desse método é a não – correspondência da língua escrita com os sons da língua oral que representam. Procurando solucionar esses problemas surgiu o método silábico, derivado do fônico com base nas sílabas que se combina para formar palavras. Todavia, é muito comum confundir o método silábico com o fônico. A fim de eliminar essa confusão, segundo BIDON (1989), é necessário atentarmos a principal característica do silábico - iniciação pelas sílabas prontas, sem forçar a articulação das consoantes com vogais, como acontece no método fônico. 3.0 - O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO. Considerando o processo de alfabetização inicial do desenvolvimento da aprendizagem de criança ou do adulto é relevante no momento em que os métodos utilizados são discutidos os quais permitem as relações que se processam entre sujeito e objeto. A partir das representações que a escrita assume no conhecimento da realidade é possível no indivíduo conhecer o mundo expresso através dos objetos: Veja o que diz CEREJA sobre o uso do dicionário em sala de aula: O dicionário constitui uma ferramenta importante para todos os profissionais que trabalham direta ou indiretamente com a língua ( professores, jornalistas, escritores, advogados, etc.) e para todos os estudantes de língua portuguesas, pois é um poderoso auxiliar na descoberta dos significados de palavras utilizadas no cotidiano e em textos, da ortografia correta das palavras, dos diferentes significados de uma mesma palavra e na escolha do significado mais adequado de uma palavra num determinado contexto. (2008, p. 27). Concordo plenamente com CEREJA (2008), o uso do dicionário em sala de aula ajuda as crianças identificarem o alfabeto maiúsculo ou minúsculo. O professor pode perguntar/falar sobre ele, para que serve, como as palavras são distribuídas no dicionário, que ordem segue, por que, e também simular algumas situações em que a consulta ao dicionário seja significativa para o aluno, como, por exemplo, tirar dúvida sobre a grafia de uma palavra, procurar o significado de uma palavra desconhecida, descobrir outros significados para uma mesma palavra. É importante também que o professor permita que os alunos manuseiem o dicionário e tenta, por si mesmos, procurar o que desejam. Segundo CEREJA (2008), nos anos iniciais do ensino fundamental, a interdisciplinaridade pode ser contemplada nos projetos pedagógicos, pois eles possibilitam o diálogo entre as diversas áreas do conhecimento e, além disso, permitem vincular o aprendizado escolar aos interesses das crianças, à realidade fora da escola, à sociedade em que vivem e à cultura. Uma escola abriga diferentes tipos de projetos: o político-pedagógico de toda a escola, que define sua proposta educacional; um projeto a partir de um tema ou questão da comunidade escolar, como, por exemplo, cidadania, direitos humanos, educação para o trânsito, segurança, etc; Ou seja, um projeto pontual, como ampliação do acervo da biblioteca, uma feira de livros ou de ciências, eleições, 29 etc.; um projeto por ano ou por classe, como um jornal mural, uma visita orientada ao correio, uma mostra de poesia, uma encenação teatral, um varal de poemas, etc. Alguns podem ser permanentes, como contação de histórias, outros de menor duração, como elaboração de um livro de histórias. Para a efetivação de um projeto é necessário que as crianças estejam motivadas para que se envolvam em todo o processo. Os temas devem ser de interesse delas, possibilitar um contato com práticas sociais reais e elaborar um assunto de forma contextualizada, permitindo a interdisciplinaridade. Além disso, os conhecimentos construídos devem ser coletivados, estendendo-se à comunidade escolar e, assim, promovendo a convivência social. Segundo BRAGANÇA; CARPANEDA (1998), havia um tempo em que casa, oficina e escola eram muito próximas e nelas tudo se fazia e compreendia. As transmissões ou lições de vida dos mais velhos eram tão freqüentas quanto a participação direta das crianças nos trabalhos que aqueles realizavam. Ajudar a mãe a cuidar das galinhas, da horta ou da comida; ajudar o pai na ordenha das vacas, no cultivo da roça, no traçado da madeira era tão necessário para os pais quanto eram as brincadeiras e travessuras para as crianças. Nesse contexto, muitas histórias da própria família, de sua tradição, das coisas boas e más acontecidas eram contadas e recontadas nas muitas versões dos pais, avós, tias, irmãos mais velhos e outros As primeiras letras eram obtidas, não raro também, graças ao interesse de um pai rico, contratando um professor particular, ou se servindo das habilidades de uma tia “solteirona” e sabida. A família era grande e próxima ( no amor e no ódio, bem como no espaço e no tempo de seus desenlaces). O mesmo se dava com o espaço cultural representado pela igreja ( com sua festas e procissões), vizinhança (com as brincadeiras, jogos, calçada etc....). Nesse tempo, as transmissões quase sempre orais e fornecidas por alguém querido e responsável e as ações produtivas ocorriam simultaneamente. Tinha-se uma casa “construtiva” e “não-construtivista” ao mesmo tempo. Essas duas perspectivas complementavam-se, fundia-se quase que em uma só. Para os autores, hoje tudo mudou. A família é pequena, restrita aos pais (muitas vezes, só à mãe) e aos filhos. Trabalha-se fora. O tempo dentro de casa é curto e “precioso”(precisa-se cuidar da casa e dos filhos). O cansaço e a televisão concorrem enre si para ver que tira mais tempo das relações informais e 30 desconhecidos e, por isso, perigosos. Os parentes moram longe e encontrá-los” custa caro”. Muitas vezes, há mais desavenças do que avenças entre parentes e amigos, agora apenas colegas. Não é raro ter dois ou três empregos.Ao lado disso, tudo se especializou. O pão e outros alimentos são comprados prontos ou semiprontos. O tempo de preparo da comida, de lavagem da roupa e outros afazeres domésticos é, e tem que ser curto. O médico, o psicólogo e o dentista cuidam da saúde. A escola dá a instrução. As instruções precisam ser breves, seriadas e eficientes. As relações são de preferência formais e objetivas. Nada de “nhenhenheém”. De acordo com o BRASIL (1997, p.55), é preciso superar algumas concepções sobre a aprendizado inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação. Por conta desta concepção equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler. O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura indica que não se deve ensinar a ler por meio de práticas centradas na decodificação. Ao contrário, é preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores utilizam. É preciso que antecipem, que façam inferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem, que verifiquem suas posições - tanto em relação à escrita, propriamente, quanto ao significado. É disso que se está falando quando se diz que é preciso”aprender a ler, lendo”: de adquirir o conhecimento da correspondência fonográfica, de compreender a natureza e o funcionamento do sistema alfabético, dentro de uma prática ampla de leitura. Para aprender a ler, é preciso que o aluno se defronte com os escritos que utilizaria se soubesse mesmo ler – com os textos de verdade, portanto. Os materiais feitos exclusivamente para ensinar a decodificar,contribuindo para que o aluno construa uma visão empobrecida da leitura. Segundo BRASIL: É preciso agir como se o aluno já soubesse aquilo que deve aprender. Entre a condição de destinatário de textos escritos e a falta de habilidade temporária para ler autonomamente é que reside a possibilidade de, com a ajuda dos já leitores, aprender a ler pela prática da leitura. Trata-se de uma 31 situação na qual é necessário que o aluno ponha em jogo tudo que sabe para descobrir o que não sabe, portanto, uma situação de aprendizagem. Essa circunstância requer do aluno uma atividade reflexiva que, por sua vez, favorece a evolução de suas estratégias de resolução das questões apresentadas pelos textos. (1997, p.56). Durante muito tempo a alfabetização foi entendida como mera sistematização do “B+A=BA”, isto é, como a aquisição de um código fundado na relação entre fonemas e grafemas. Em uma sociedade constituída em grande parte por analfabetos e marcada por reduzidas práticas de leitura e escrita, a simples consciência fonológica que permitia aos sujeitos associar sons e letras para produzir/interpretar palavras (ou frases curtas) parecia ser suficiente para diferenciar o alfabetizado do analfabeto. Para SOARES (2003), com o tempo a superação do analfabetismo em massa e a crescente complexidade de mossas sociedade fazem surgir maiores e mais variadas práticas de uso da língua escrita. Tão fortes são os apelos que o mundo letrado exerce sobre as pessoas que já não lhes basta a capacidade de desenhar letras ou decifrar o código da leitura. Seguindo a mesma trajetória dos países desenvolvidos, o final do século XX impôs a praticamente todos os povos a exigência da língua escrita não mais como meta de conhecimento desejável, mas com verdadeira condição para a sobrevivência e a conquista da cidadania. Foi no contexto das grandes transformações culturais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas que o termo “letramento” surgiu, ampliando o sentido do que tradicionalmente se conhecia por alfabetização. Veja o que diz a professora questionada sobre o método utilizado para alfabetizar seus alunos: 01-Quais os métodos que a professora utiliza para alfabetizar seu aluno? “Não há métodos definidos. Para melhor assimilação dos alunos, os métodos se definem em cada aula, construtivista, tradicional, ou uma pitada de cada um.” Segundo o BRASIL (1997), estudos em diferentes línguas têm mostrado que, de uma correspondência inicial pouco diferenciada, o alfabetizando progride em direção a um procedimento de análise em que passa a fazer corresponder recortes do falado do escrito. Essa correspondência passa por um momento silábico em que, 32 ainda que nem sempre com consistência, atribui uma letra a uma sílaba, antes de chegar a compreender o que realmente cada letra representa. Nas atividades de escrita aqui referidas, o aluno que ainda não sabe escrever convencionalmente precisa esforçar-se para construir procedimentos de análise e encontrar formas de representar graficamente aquilo que se propõe escrever. É por isso que esta é uma boa atividade de alfabetização: havendo informação disponível e espaço para reflexão sobre o sistema de escrita, os alunos constroem os procedimentos de análise necessários para alfabetização se realize. Concordo com a fala da professora, porque no inicio do ano letivo é feito um planejamento semestral para trabalhar com os alunos, mas isso não significa que o plano está pronto e acabado, depende muito dos alunos que iremos receber. Por isso, a professora questionada diz que não há um método definidos. De acordo como BRASIL (1997, p.84), as propostas de escrita mais produtivas são as que permitem aos alunos monitorarem sua própria produção, ao menos parcialmente. A escrita de listas ou quadrinhas que se sabe de cor permite, por exemplo, que a atividade seja realizada em grupo e que os alunos precisam se pôr de acordo sobre quantas e quais letras irão usar escrever. Cabe ao professor que dirige a atividade escolher o texto a ser escrito e definir os parceiros em função do que sabe acerca do conhecimento que cada aluno tem sobre a escrita, bem como, orientar a busca de fontes de consulta, colocar questões que apóiem a análise e oferecer informação específica sempre que necessário. Procurei saber se a metodologia aplicada pela professora questionada estava dando certo. Ela respondeu da seguinte maneira: 02-A metodologia aplicada pela professora está dando certo? “Sim, nem tudo é 100%, pois as dificuldades são muitas.” Alfabetização é um processo pela qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-la para ler e escrever, ou seja, o domínio da tecnologia do conjunto de técnicas para exercer a arte e da escrita. Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita domina-se Letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler e escrever para atingir diferentes objetivos (in: RIBEIRO, 2003, p. 91). 33 Por isso, aprender a ler e escrever implica não apenas o conhecimento das letras e do modo de decodificá-las (ou associá-las), mas a possibilidade de usar esse conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação, possíveis, reconhecidas, necessárias e legítimas em um determinado contexto cultural. Nesta perspectiva, assume-se que o ponto de partida e de chegada de alfabetização escolar é o texto: trecho falado ou escrito, caracterizado pela unidade de sentido que se estabelece numa determinada situação discursiva (LEITE, 2001 p. 25). Em relação à fala da professora questionada e o ponto de vista dos autores, existem vários caminhos para alfabetizar, um deles é prática de leitura constantemente em sala de aula para que a criança possa ter contato diariamente com a leitura e a escrita, favorecendo assim, um bom desempenho nas atividades propostas e conquistando seu espaço no mundo dos leitores. Deve se considerar também a prática pedagógica libertadora de Paulo Freire, citado por ALMEIDA (1999) que abre reflexões profundas na alfabetização, principalmente na alfabetização de alunos. Para Paulo Freire, o ato de ler e escrever não se restringe apenas à compreensão do código, mas a uma tomada de consciência da realidade e a libertação do estado de passividade, alienação, para um estado de participação na transformação da sociedade. É necessário acrescentar ainda fundamentos da Educação Lúdica que segundo ALMEIDA (1999), ultrapassa a concepção do jogo pelo jogo ou sinônimo de passatempo, diversão, mas a concepção do trabalho, jogo fundamento no pensar (sentido epistemológico), no produzir, no criar, no elaborar, no buscar sem perder o sentido de prazer e de desafio. Por outro lado, os alfabetizadores trazem consigo para a sala de aula uma bagagem riquíssima de conhecimento e experiências. Mas isso não basta. É preciso buscar mais por meio de leituras, cursos, pesquisas, análise do cotidiano. A verdade é que a maioria dos alfabetizadores, fruto do instrucionismo da escola tradicional, não aprendeu a buscar e sim a receber tudo pronto. È preciso, porém, libertar-se do seu egocentrismo cultural (imposto pela escola) e abrir-se para os milhares de conhecimentos que existem. Na área de alfabetização, há teorias e práticas que em muito poderão enriquecer a prática. 34 È do conhecimento de todos que os melhores resultados de um trabalho pedagógico ocorrem com educadores que lêem, estudam, pesquisam, perguntam, criam, pois estas ações, além de dar respostas aos porquês, enriquecem a prática e dão coragem para enfrentar o novo. Diante das dificuldades de alfabetização nas séries iniciais, a melhor forma que a professora questionada encontrou para chamar a atenção de seus alunos foi trabalhar com: 03-Diante das dificuldades de alfabetização nas séries iniciais, qual foi a melhor forma que a professora encontrou para prender a atenção de seus alunos? “a música, a cruzadinha e caça palavras.” Segundo ALMEIDA (1999), observando uma criança, vemos que ela aprende a engatinhar, a andar, a correr por si mesma, nunca por meio de lições verbais dos adultos. A vida da criança é uma sucessão de experiências de aprendizagem adquirida por ela mesma. Ao chegar à escola, ela traz consigo infinitas experiências e conhecimentos acumulados, conquistados por meio de exploração visual, auditiva, jogos, brincadeiras, conversas, passeios, contatos, brinquedos, que influenciarão no processo de aprendizagem. É verdade, quando o professor (a) que trabalha com método diferenciado, as crianças desempenham com mais facilidades as atividades e não se sentem cansadas e enfadonhas das tarefas. Ou seja, elas estão sempre prontas para executarem novas atividades, desde que envolvam o lúdico. No processo de aprendizagem da leitura e da escrita, a criança defronta-se com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases, textos) e se engajará neste mundo muito mais facilmente se puder participar integralmente dele e se o processo for transformado num grande ato lúdico (participativo, inteligente, prazeroso), em oposição ao ato técnico (estático, repetitivo, mecânico) muito usado na sala de aula. 04- Quais as dificuldades que a professora encontrou para aplicar os conteúdos para aplicar os conteúdos trabalhados? “Indisciplina e as dificuldades de aprendizagem de alguns alunos.” 35 Segundo ALMEIDA (1999), há muitas causas que levam ao fracasso da aprendizagem, mas não podemos deixar de considerar que muitas delas são de ordem metodológica. Quanto mais seguros estiverem os alfabetizadores para dirigir a caminhada dos alunos, quanto mais consciência tiverem da função de animador, dinamizador, guia, desafiador, criador de situações, melhores serão os resultados. E isso é muito importante no sucesso escolar do aluno, porque através desse processo de aprendizagem eles se tornarão mais seguros em relação as suas atividades e terão iniciativas para resolver, criar e produzir. Afinal de conta só se aprende fazer fazendo, participando e interagindo com o meio. Em relação às dificuldades de aprendizados dos alunos do 2º ano , veja o que ela diz: 05- Todos seus alunos tem dificuldades de aprendizados? Não. Eu acredito! Numa sala de aula existem vários tipos de aluno. Tem aquele que está sempre preocupado com suas atividades, procurando fazer todos os deveres. Mas existem aqueles também que não estão nem aí. Ou seja, vivem no mundo da lua. Esperando a professora fazer a correção na lousa para ele copiar e nem procura saber qual é a finalidade daquele exercício. Por isso o professor(a) , precisa estar atento para esse tipo de aluno, porque corre o risco de terminar o ano letivo, e ele não conseguir desenvolver o processo de leitura e escrita. Cabe aí, ao professor dá uma atenção especial para ele, verificando onde está a dificuldade de aprendizado e verificar as causas desse desinteresse do aluno em relação as atividades propostas. ALMEIDA (1999), afirma, sem medo de errar, que não existe um método certo e 99 errados. O que existem são métodos (caminho) mais ou menos adequados às capacidades individuais, aos contextos culturais, às opções ideológicas e até religiosas. Para ele. Quanto mais o aluno participar do processo da leitura e da escrita, melhor e mais eficiente será o aprendizado. Referente à indisciplina, veja o que diz a professora: 06- A indisciplina pode afetar o aprendizado do aluno? Sim. 36 A indisciplina é um dos fatores que contribui bastante para o fracasso escolar do aluno. Ela não para pra prestar atenção na explicação do professor, e com isso ele vai ficando para trás nos conteúdos trabalhados. Quando vem a avaliação, o seu índice de desempenho é grande, porque não parou para prestar atenção nas explicações. Todo processo de aprendizagem exige participação. A pessoa aprende a nadar, encontrando água; aprender a dirigir um carro, entrando no carro. Da mesma forma, aprende a ler e a escrever com mais facilidade se mantiver contato direto com letras, palavras e textos. Segundo ALMEIDA (1999), é necessário a superação da fase tradicional em que se propunha um aprendizado apenas com giz, lápis, caderno, quadro-de-giz, cartilha, do aluno apenas como espectador e ouvinte, e partir para uma ação participativa, onde o aluno passe de espectador para ator, de ouvinte para construtor de seu próprio rendimento. Perguntei a educadora se ela teria sido preparada na escola para lidar com a questão da indisciplina e ela respondeu da seguinte forma; 07- Você foi preparada na escola para lidar com a questão da indisciplina? Não. Na minha formação não. Segundo ALMEIDA (1999), para o professor qualificado e preparado, qualquer método será bom e terá bons resultados. Thiago de Mello, um dos grandes poetas brasileiros, traduz bem esse ponto de vista quando afirma: “Quem sabe o que quer, escolhe o caminho certo, o jeito certo de caminhar”. O que se pode acrescentar é que existem alguns princípios metodológicos universalmente consagrados pelo seu embasamento científico que levam a melhores resultados. Esses princípios não pode deixar de ser considerados no processo de aprendizagem da leitura e da escrita.Quanto mais os meios (método) mobilizarem a inteligência do aluno, melhor o resultado. Em relação com a contribuição da escola no processo de alfabetização com os alunos que tem dificuldades de aprendizados, ela respondeu o seguinte; 08- A escola contribuiu no processo de alfabetização com os alunos que têm dificuldades de aprendizados? 37 Sim. Sala de recurso. Tem também as aulas de reforço. Conforma POSSARI; NERDER (2005), a principal tarefa da escola é ajudar o aluno a desenvolver a capacidade de construir relações e conexões entre os vários nós da imensa rede de conhecimento que nos enreda a todos.somente quando elaboramos relações significativas entre objetos, fatos e conceitos, podemos dizer que aprendemos. As relações se entretecem, articulando-se em teias, em redes construídas social e individualmente, em permanente estado de atualização. A idéia de conhecer se assemelha à de enredar-se, e a leitura constitui a prática social por excelência para esse fim. Concordo com a fala de POSSARI; NERDER (2005), a escola tem um papel fundamental no processo de alfabetização do aluno especialmente quando esse encontra dificuldade de aprendizado em sala de aula. A escola tem por obrigação oferecer outros mecanismos que ajudam ao alunos com fracassos escolares a desenvolverem atividades paralelas para fortalecer esses alunos no processo de leitura e escrita. Com a contribuição da escola no processo de alfabetização com os alunos que tem dificuldades de aprendizagem, veja o que a professora respondeu em relação a esse assunto: 09- Com esse processo, os alunos desenvolveram mais o aprendizado? Sim. De forma lenta, mas alguns estão conseguindo superar suas dificuldades. Para POSSARI; NERDER (2005), em primeiro lugar, seria importante reforçar o princípio de que a leitura é um processo de interlocução, isto é, não é mais algo instantâneo, mecânico, mas um processo, que significa um encadeamento, um ir-e-vir, um retornar, um avançar. Ao ler, o leitor deve dialogar com o autor, um sujeito que, através de um texto, apresenta sua visão de mundo, de realidade, de fantasia, de sonho. Nesse dialogo, o leitor também se apresenta como sujeito que tem sua visão de mundo e de realidade. É, portanto, instaurado um processo de diálogo, de troca de conhecimento, sensações, sentimentos. Supõe-se, que o leitor não é alguém passivo, que apenas deve aceitar o que o autor. O diálogo pressupõe a troca. Se a leitura é um processo de interlocução, deve possibilitar, então, que a troca se estabeleça. 38 Para POSSARI; NERDER (2005), na escola, é comum não se levar em conta o fato de que o aluno é uma pessoa que vive em determinado contexto sociocultural e histórico, portanto possui uma visão de mundo e participação da construção de uma realidade. Ao chegar à escola, não é uma tábua rasa onde vão se imprimir alguns conhecimentos sistematizados. O papel da escola deve ser o de possibilitar a ampliação de seus conhecimentos para aumentar, por conseqüência, suas possibilidades de leitura. Conforme a fala das autoras, percebi que toda criança é capaz de desenvolver sua habilidade de ler e escrever, basta a professora (o) continuar insistindo e incentivando o aluno a desenvolver essa capacidade. Porque cada criança tem seu tempo certo de aprender a ler escrever dentro do prazo previsto. 10- A professora gostaria de fazer suas considerações finais em relação ao seu trabalho em sala de aula.? As salas de alfabetização requerem muita dedicação, e mesmo tendo duas turmas é difícil conciliar metodologias, o que você trabalha em uma turma, as vezes não há como trabalhar em outra, temos que estar sempre em busca de novos métodos e recurso. Mas é gratificante quando vemos o resultado final de nosso trabalho. Segundo BRASIL (1997), para tornar os alunos bons leitores, para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler ( e também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que conquistando plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se dasafiar a “aprender fazer fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente. Formar leitores é algo que requer, portanto, condições favoráveis para a prática de leitura - que não se restringem, apenas aos recursos materiais disponíveis, pois, na verdade, o uso que se faz dos livros e demais materiais impressos é o aspecto mais determinante para o desenvolvimento da prática e do gosto pela leitura. 39 Algumas situações didáticas favorecem especialmente a análise a e reflexão sobre o sistema alfabético de escrita e a correspondência fonográfica. São atividades que exigem uma atenção à análise, tanto quantitativa como qualitativa. De acordo com a fala da professora questionada, é muito difícil alfabetizar criança que não receber um apoio geral de família, especialmente, quando a criança está desenvolvendo o processo de alfabetização. Nesse momento, ela requer do professor uma atenção especial. É aí, que o professor busca ajuda junto a família para ajudar no processo de ler e escrever para colaborar na hora de tomar uma leitura, ajudar a resolver as atividades propostas e incentivá-lo nas demais atividades. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo expresso no processo de alfabetização demonstra algumas necessidades de inovações no sentido de preparação em níveis qualitativos do professor visando atender as necessidades da criança no contexto escolar. Sabe-se que a criança nas suas relações cotidianas entra em contato com uma variedade de informações que permitem ela criar uma leitura de mundo particularizada, e é nesse sentido que a prática pedagógica voltada a educação nas séries iniciais deve se efetivar, oportunizando o alcance de níveis qualitativos de aprendizagem. Segundo CIPRIANO (2008), pela linguagem os seres humanos se comunicam, expressam idéias, pensamentos e intenções, influenciam uns aos outros, têm acesso à informação, partilham ou constroem visões de mundo, produzem cultura. Para a autora, as pessoas se interagem pela linguagem tanto em uma conversa informal entre amigos, na redação de uma carta pessoal ou de um bilhete, quanto na produção de um relatório profissional, de uma notícia ou de uma crônica. De acordo com as respostas da professora questionada, não há métodos definidos para alfabetizar. Para melhor assimilação dos alunos, os métodos se definem em aulas construtivista ou tradicional. Ou seja, fazendo um intercâmbio entre os dois sistemas. Para a professora, uma das principais dificuldades para alfabetização dos alunos é a indisciplina e as dificuldades de aprendizagem de alguns alunos.E para chamar atenção do alunos para o ensino e aprendizagem dos alunos, a professora questionada trabalha em sala de aula “palavras cruzadas, músicas, caça palavras e outras atividades atrativas que despertam os interesses dos alunos. Segundo a professora, a escola tem contribuído bastante no processo de alfabetização dos alunos, oferecendo sala de recurso e aulas de reforço para as crianças que apresentam dificuldades na leitura e na escrita. Com essas contribuições, os alunos estão superando suas dificuldades, de forma lenta, mas, estão lendo e escrevendo. 41 Segundo MIRANDA (2004), no processo de construção e efetivação da aprendizagem, é essencial a troca de experiências, de conhecimentos e de informações entre os alunos. Para TELMA, citado por MIRANDA (2004) o que move as crianças é o esforço para acreditar que atrás das coisas que elas têm de aprender existe uma lógica. De certa maneira, aprender é, para elas, ter de reconstruir suas idéias lógicas a partir do confronto com a realidade. E é exatamente porque nem tudo o que elas têm de aprender é lógico – ou tem uma lógica que esteja ao seu alcance imediato – que constroem idéias aparentemente absurdas, mas que são importantes no processo de aprendizagem. De acordo com MIRANDA (2004), a aprendizagem é desencadeada por situações nas quais os alunos, interagindo com outras pessoas, podem levantar hipóteses, receber ajuda, refletir. Acreditar na capacidade das crianças é fundamental para seu avanço, pois nos leva a respeitá-las e apoiá-las. Assim, quando não entendemos o que um aluno quis dizer em seu texto, ajuda muito pedir a ele que explique suas decisões, mesmo que, em primeiro momento, não entendamos suas explicações. Não falamos aqui de uma proposta espontaneísta, em que seria desnecessário ensinar, orientar, já que o próprio aluno constrói o conhecimento: quando a prática do professor é centrada nesse pensamento, ele passa a não informar, a não corrigir e a se contentar com aquilo que os alunos fazem “ do seu jeito”. Acreditamos que , buscando compreender o caminho de aprendizagem que o aluno está percorrendo no momento,enxergando em suas produções o que já sabe, construindo estratégias que o levem a aprender o que ainda não sabe, acolhendo e problematizando seus textos, o professor tem o papel fundamental no processo de construção do conhecimento. Para MIRANDA (2004), uma das funções da escola hoje é alfabetizar os alunos em um contexto letrado, ou seja, um contexto que envolva as práticas sociais de leitura e escrita. Com essa aprendizagem, os alunos tornam-se usuários da escrita em suas diferentes funções sociais, mesmo não estando ainda alfabetizados. Para BRASIL citado por MIRANDA (2004), para tornar os alunos bons leitores - para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com leitura -, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender 42 a ler (e também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a “ aprender fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente. De acordo com SARMENTO (2002), a escola não deve selecionar apenas os mais capazes e deixar de lado os que têm dificuldade para aprender, mas precisa incorporar todos os alunos, criando possibilidades de estudos não só através dos livros, mas também através de Internet, com seus “links” e recursos para navegar. Para SARMENTO (2002), nessa nova visão de ensino, abre-se espaço para a excursão de alunos a museus, mercados, grutas, empresas, outras escolas e instituições públicas e para a coleta de dados a serem discutidos em aula. Esse trabalho exige uma maior integração de áreas, pois irá exigir mais conhecimentos também do professor, que deverá relacionar os fatos com a realidade cotidiana dos alunos, ou seja, “ contextualizar as informações” de forma criativa. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA,Paulo Nunes. Método lúdico de alfabetização. 45. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. BATISTA, Antonio Augusto Gomes e Outros. Capacidades lingüísticas: alfabetização e letramento In: Secretaria de Educação Básica. Pró Letramento: Programa de formação continuada de professores dos anos/iniciais do ensino fundamental. Brasília, MEC/SEB, 2007. BERENBLUM, Andrea. Por uma política de formação de leitores. Brasília: MEC/SEB, 2006. (Coleção formação de leitores,V.1). BIDON, Alexandre. 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