ASMA BRÔNQUICA E RINITE Prof. Dr. Élcio dos Santos Oliveira Viana Caso 1 - Homem, 19 anos, estudante, solteiro. Queixa-se de asma que se iniciou no primeiro ano de vida. Usava medicações durante os episódios de agudização. Não fazia uso crônico de medicamentos (entre as crises). Piora no inverno e por causa de tensão emocional. As crises se caracterizam por cansaço, falta de ar e aperto torácico. Nega outros sintomas respiratórios. Nunca necessitou internação. Apresentou pneumonia uma vez há 10 anos após uma crise de asma. Nunca fumou. Pais são fumantes, nega patologias respiratórias ou alérgicas nos familiares próximos. É míope. Exame físico normal. Espirometria durante crise aguda: VEF1 = 1.37 L (31% do valor previsto), CVF = 1.96 L (36%), VEF1/CVF = 0.70 (86%), Pico de Fluxo = 5.79 L/s (60%). Após uso de salbutamol 200 mcg, os valores mudaram para VEF1 = 1.76 L (melhora de 28%), CVF = 2.78 L (melhora de 42%), Pico de Fluxo = 7.41 L/s (melhora de 28%). Após tratamento da crise, o paciente sentia-se bem e não fazia uso de medicamentos quando nova espirometria foi realizada: VEF1 = 3.0 L (68%), CVF = 5.2 (95%), VEF1/CVF = 0.58 (71%), Pico de Fluxo = 7.55 L/s (78%), houve aumento de 15% do VEF1 após broncodilatador. Caso 2 - Mulher, 46 anos, faxineira, procedente de Pontal-SP. Apresenta, nos últimos 6 anos, episódios de dispneia, chiado no peito e tosse seca, que pioram quando exposta a odores fortes, nervosismo e alterações climáticas. Nesses períodos, tem sintomatologia durante todo o dia e à noite. Já necessitou de internação por diversas vezes, porém nunca foi intubada e nem internada em CTI. Iniciou uso de medicações há 4 anos, irregularmente, obtendo melhora parcial dos sintomas com as seguintes drogas: aminofilina, fenoterol (inalatório) e prednisona. Relata piora com o uso de beclometasona inalatória. Atualmente, usa prednisona 20 mg/dia e os episódios de dispneia, tosse e chiado no peito estão menos intensos, menos frequentes e facilmente melhoram com medicação. Apresenta espirros quando em contato com perfumes e poeira. Na maior parte do tempo, permanece sem espirros, coriza ou obstrução nasal. É tabagista 1 maço/dia, por 25 anos. Piora o quadro respiratório quando toma AAS. Tem um gato em casa, filho e marido são fumantes, reside em casa de alvenaria com forro, piso frio, sem tapetes, sem brinquedos de pelúcia, não usa cobertor (só acolchoado) e tem uma cortina. Tem 3 filhos, um tem rinite alérgica. Ao exame físico, apresentava pele seca, ausculta pulmonar revelava murmúrio vesicular diminuído com sibilos bilateralmente. FR = 22. Espirometria: CVF = 75.7% do previsto, VEF1 = 39.2%, VEF1/CVF = 44.0, FEF25-75 = 13.3%, CPT = 76.4%, VR = 77.7%. Gasometria arterial normal, RX de tórax com espessamento de paredes brônquicas e RX de seios da face com espessamento de mucosa de seio maxilar D e velamento de seio maxilar E. Caso 3 – Mulher, 25 anos, faxineira, procedente de Serra Azul. Aos 9 anos de idade, sentiu chiado e dispneia durante esforço físico. Aos 11 anos, usava Celestamine (1 vez por mês) e inalações quando tinha sintomas. Há 2 anos, não vinha apresentando sintomas até 5 dias atrás quando teve chiados no peito, dispneia, obstrução nasal, coriza amarelada e cefaleia. Procurou UBS onde foi medicada (inalação) e teve melhora. Há um dia da internação, os sintomas pioraram e chegou à UBS de Serra Azul apresentando confusão mental, intensa dificuldade respiratória e foi trazida à UE. Ao exame físico, depois de medicada com terbutalina via subcutânea na UBS e na ambulância, apresentava FR = 60, fala entrecortada, murmúrio vesicular presente com sibilos bilateralmente e dor à palpação de seios da face. RX de tórax normal, RX de seios da face revelava velamento de seio maxilar, Gasometria arterial (AA): pH = 7.44, pO2 = 69.3, pCO2 = 31.2, Bic = 21. Hemograma com Hb = 12.4 e leucócitos = 10500 (4% bast, 71% seg, 8% eos). Medida do pico de fluxo (depois de medicada por 24 horas) = 300 L/min (66.6% do previsto). Caso 4 – Mulher, 42 anos, do lar, procedente de Santo Antonio da Alegria. Paciente encaminhada para avaliação pré-operatória com história de asma brônquica. Queixa-se, há 2 anos, de dispneia, chiado no peito e tosse seca desencadeados por médios esforços, por contato com poeira, fumaça e mudança de tempo. Relata ainda obstrução nasal e cefaleia frontal frequentes. Frequência das crises: 1 a cada 2 meses. Fumou (5 cigarros/dia) durante 11 anos, parou há 20 anos. Trabalhou na colheita de café por 20 anos. É hipertensa. Teve pneumonia há 2 anos. Pai apresentou pneumonias de repetição. Medicações em uso: aminofilina 100 mg, 2 vezes ao dia; digoxina ¼ cp ao dia; hidroclorotiazida 50 mg/dia. Ao exame físico: obesidade, PA = 160/120, murmúrio vesicular diminuído difusamente sem ruídos adventícios. Gasometria arterial normal. RX tórax: cardiomegalia. Hemograma: Hb = 14.4, leucócitos = 10.000, eosinófilos = 3%. Espirometria: CVF = 102.1% do previsto, VEF1 = 94.4%, FEF25-75 = 75.9%, VR = 85.4%, CPT = 98.9% o valor de VEF1 aumentou de 2.54 L para 2.64 L (4%) após uso de broncodilatador e o valor de CVF aumentou de 3.27 L para 3.46 L (5.8%). A medida de reatividade brônquica será discutida. 1 Questões 1. Quais são os critérios que nos permitem confirmar o diagnóstico de asma? 2. Quais são as características que classificam a asma crônica em termos de gravidade? 3. Como interpretar a função pulmonar antes e depois do tratamento crônico da asma? 4. Qual é a importância da medida de função pulmonar na crise, exacerbação aguda, de asma? 5. Cite sinais ao exame físico que indiquem a gravidade da asma durante exacerbação aguda? 6. Quando devemos intubar o paciente asmático? 7. Como avaliar e tratar o paciente com rinite? Bibliografia 1. The British guidelines on asthma management 1995- Review and position statement. Thorax 52 (Suppl. 1), 1997. 2. Vianna EO. Asma brônquica. Medicina, Ribeirão Preto, 31: 229-40, 1998. 3. II Consenso brasileiro sobre o manejo da asma. Jornal de Pneumologia 24 (4), 1998. 4. Corren J. Allergic rhinitis and asthma: how important is the link? J Allergy Clin Immunol 99:S781-6, 1997. 5. Hadley JA. Evaluation and management of allergic rhinitis. Medical Clinics of North America 83(1):13-25, 1999. 6. Emond SD, Camargo, Jr, CA, Nowak RM. 1997 National Asthma Education and Prevention Program Guidelines: A Practical Summary for Emergency Physicians. Ann Emerg Med 31:579-89, 1998. 2