Universidade de Pernambuco Faculdade de Ciências médicas. AS ARTES E A MEDICINA: MUSICOTERAPIA Alunos: André Luiz Peixoto Antônio Moraes Fiho Paulo Roberto de Arruda e Silva Rebecca Rafaella Correia Sá Tércio Henrique Soares Professor: Artur Rangel Convidada: Dra. Carmen Lúcia Vasconcelos 1 ÍNDICE Introdução.........................................................................................................3 Arteterapia.........................................................................................................5 Antroposofia......................................................................................................7 Projeto em Pernambuco “A ARTE NA MEDICINA ÀS VEZES CURA, DE VEZ EM QUANDO ALIVIA, MAS SEMPRE CONSOLA”...........................................8 Terapia do Riso.................................................................................................10 Musicoterapia O que é musicoterapia...........................................................................11 Histórico................................................................................................12 O processo da audição, o meio ambiente e a música............................14 Efeitos Biológicos.................................................................................17 Figuras sonoras.....................................................................................20 Bases Teóricas......................................................................................21 Clientela................................................................................................22 Metodologia..........................................................................................22 Cursos, associações e Instituições........................................................23 Referências.......................................................................................................24 IONAL MEDICINA RACIONAL MEDICINA 2 INTRODUÇÃO Com muita freqüência, é cobrado dos profissionais de saúde mais sensibilidade na relação com seus pacientes. Busca-se, entre muitos caminhos possíveis, uma maior interação médico-paciente, mais que o atendimento mecânico, com a frieza e a eqüidistância profissional. Esse é apenas um dos aspectos de um conceito maior, o da humanização do atendimento, que gera empatia entre os personagens com o que, no caso, propicia-se uma maior probabilidade de bons resultado O processo de humanização da medicina na Universidade de Pernambuco – UPE vem, cada vez mais, se fortalecendo nos últimos anos, através de projetos voltados para uma maior integração médico-paciente. Há uma perspectiva de que, humanizando-se o médico, a resposta positiva estaria repercutindo no paciente e, como numa receita médica, a arte seria o remédio prescrito. Um grande exemplo disso é a utilização da música como recurso fortificante da terapêutica. Pesquisas da Universidade da Califórnia comprovam que a música de Mozart ajuda a melhorar o raciocínio humano. Há uma década, futuras mamães vêm aderindo aos saraus musicais de Mozart. Nenhuma pesquisa provou que a criança nasce mais inteligente, mas porque não começar logo cedo? E não precisa ser Mozart. Algo é certo. A música muda realmente o estado de ânimo do ser humano. Da barriga, para o momento que vem ao mundo. Os Bebê no Hospital Espanhol, em Salvador, nascem ao som de músicas sempre bem calmas. Médicos e enfermeiros confirmam. O chorinho do bebê aqui parece parte do fundo musical. O ambiente também ajuda a elevar o estado de espírito da equipe para o momento tão especial. O efeito é tão benéfico que em países da Europa músico de hospital é profissão com curso superior regulamentado. O atendimento é prestado, por exemplo, em casas de repouso para idosos. Por trás do trabalho feito pelos músicos em casas de repouso e hospitais de Portugal está o pesquisador brasileiro Victor Flusser. Há mais de 20 anos radicado na Europa, ele forma músicos para mudar a realidade dos hospitais. A música e os instrumentos são usados de 3 outra maneira na musicoterapia. Por exemplo, no tratamento de crianças autistas. que mal conseguem se relacionar com o mundo. O atendimento é prestado em um dos centros de portadores de necessidades especiais em Salvador. Cristiano é formado há 5 anos em musicoterapia. Tenta fazer o autista deixar o universo solitário em que vive. Para Cristiano Marcus, musicoterapeuta, é um trabalho lento mas que trouxe uma melhora notada pela mãe de um dos pacientes. Para Jaciara Silva, dona de casa, eles são profissionais de saúde com arte na veia, muita disposição para ajudar, e que fazem da música o remédio para todos os males. 4 ARTETERAPIA Arte, do latim ars; arts, de agere, agir, movimento. Arte é uma produção única, original. Criatividade, do francês couer, coração. Terapia , transformação, cura. Arteterapia = a ação de transformar, curar com o coração, através da Arte. A Arteterapia pode ser utilizada no suporte e solução de todos os tipos de dificuldades, como as de ordem psicomotora, cognitiva, de comunicação, relações sociais e conflitos emocionais Um médico, por muitos motivos, é sempre um artista. Artista da arte de driblar dificuldades, de lidar com a vida. À arte de tocar um instrumento, eles vão misturando a beleza de vários talentos e mostrando que medicina e arte tem fortes laços. Músicos, cartunistas e escritores. Médicos artistas contam como a arte ajuda a cuidar da própria saúde. Música na medicina. No século VIV, sessões musicais já eram realizadas para o estabelecimento de diagnóstico. Algumas peças musicais eram tidas como antídotos contra venenos e outras eram consideradas tranqüilizantes poderosos. Certas peças musicais eram tocadas como aceleradores do parto. A música medieval era considerada curativa pra muitas enfermidades. Foi por meio de obras de arte, pinturas, desenhos, que parte da história da medicina chegou até a gente, viajando através dos séculos. Quadros de pintores famosos mostram cenas e instrumentos cirúrgicos utilizados no passado. Vem de longe também o costume de usar a música como calmante. O potencial terapêutico das várias formas de arte não é uma invenção do nosso século. Não dá pra negar que arte e medicina estão cada vez mais ligadas. 5 A Arteterapia, já é tema de curso de especialização como no CESBLU - Centro de Educação Superior de Blumenau, direcionado a profissionais da área da Educação, Saúde e Comunicação Social, comprometidos com a transformação e a promoção do ser humano. Paulatinamente a medida em quer há o desenvolvimento da medicina, esta sendo descocerto que não bastam apenas recursos de diagnósticos e terapêuticos fundamentados em alta tecnologia laboratorial, mas é preciso recuperar um senso integral de humanismo e de cultura, que deve ser praticado e ensinado nas faculdades. Se o médico perde esse humanismo, vira um técnico, um mecânico de gente, frio, raso, inculto e insensível. O humanismo médico envolve sensibilidade, espiritualidade, ecologia, arte, cultura, informação, espírito salutogenético (saúde no lugar da doença), filosofia, coisas que não se aprendem na faculdade, mas que exigem uma certa vocação. Ou a medicina vai nessa direção, ou perde seu tradicional status de nobreza em lidar com a complexidade do ser humano - o que faz com que um médico ainda seja chamado de doutor. “O ator através de seu corpo, sua voz, suas expressões faciais e todo seu maquinário humano relê o mundo ou o próprio ser humano e o expõe a sua maneira. A busca pela Arteterapia parte do mesmo pressuposto: concretizar, reler, entender e expor ao próprio ser humano o que ele ainda não viu, não concretizou. O Arteterapeuta é um facilitador que através da arte busca ajudar no maior desafio do ser humano, " tornar-se humano". Tem me acrescentado muito unir o teatro à arteterapia.” Plínio Macedo - Ator – Taubaté 6 ANTROPOSOFIA Antroposofia combina saúde, cultura, informação, filosofia e sensibilidade, todas fundamentais à formação do ser humano No lugar de medicamentos, palheta de tintas para pintar telas. Em vez do bisturi, pincéis, massagens e banhos relaxantes e também algumas dicas de saúde insubstituíveis, como amar e ser amado, ter amigos, gostar do que faz, não viver somente por dinheiro, não fazer as coisas apenas por obrigação e, de vez em quando, subir ao alto de uma montanha para praticar a contemplação. Criada a partir das idéias do filósofo e educador Rudolf Steiner e da médica Ita Wegman, no início do século 20, a medicina antroposófica usa a arte como um de seus recursos terapêuticos, já que vê o ser humano em todas as suas dimensões: corpo, alma e espírito . Os antroposóficos não se contentaram apenas com a medicina convencional, que cuida da doença; eles a ampliaram para além do acadêmico. Apesar de incluir os ensinamentos médicos tradicionais e respeitar o conhecimento científico adquirido ao longo do tempo, a medicina antroposófica vai muito além, pois acrescentar terapias diversas, como música, artes plásticas, movimentos corporais (euritmia), biografia, psicoterapia e medicamentos naturais, que não são homeopáticos, mas têm suas particularidades. São produzidos a partir da natureza mineral, vegetal e animal. A medicina antroposófica propõe a mudança de valores e a humanização dos saberes. Além da arte, inclui a proposta pedagógica Waldorf e a agricultura biodinâmica, sem agrotóxicos nem fertilizantes. Em Belo Horizonte, a Escola Pólen, nas Seis Pistas, em Nova Lima, adota essa metodologia. "É uma escola que respeita o ritmo e a individualidade de cada aluno, mas principalmente um lugar de crianças felizes, que podem brincar, fazer trabalhos artísticos, tocar instrumentos musicais, ouvir histórias. Eles são abastecidos espiritual e emocionalmente" 7 “A ARTE NA MEDICINA ÀS VEZES CURA, DE VEZ EM QUANDO ALIVIA, MAS SEMPRE CONSOLA” O programa "Arte na Medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola" foi criado, em 1996, por iniciativa do médico, professor e músico, Dr. Paulo Barreto Campello, visando a Humanização da Medicina,, uma maior interação médicopaciente e,conseqüentemente, um melhor resultado terapêutico não só ajudando no processo de cura, alívio e consolo, mas, sobretudo, propiciando a oportunidade desses pacientes de terem a possibilidade de ingressar em uma futura profissão e elevar a sua autoestima. Foi, então, realizado o 1º Encontro Médico Cultural de Pernambuco em que profissionais e estudantes de medicina de todos os Estados do país puderam divulgar suas manifestações artísticas. Uma exortação de talento criativo nas áreas de literatura, música, artes plásticas, dança, teatro e fotografia, com a premiação dos melhores trabalhos. Um movimento tímido em seus primeiros passos terminou por gerar um processo que se avolumou e ganhou um perfil respeitável entre todos os trabalhos destinados a melhorar a qualidade do atendimento à saúde. Houve uma sintonia perfeita desde os primeiros momentos. Era como uma terapia coletiva, lúdica, em muitos casos de valor estético indiscutível, quase sempre um instrumento revelador de talentos. Nessa seqüência de sucessos, chegou-se ao 6º Encontro, com enorme aceitação na classe médica e extremamente valorizado no outro lado da relação - o lado do paciente. O Projeto Música é Vida iniciou o seu quarto ano de atividades em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado, levando concertos para todos os grandes hospitais da rede pública no Recife. UTIs, enfermarias, salas de hemodiálises, jardins, auditórios são os locais escolhidos. Também é ampliado o processo de humanização pela Escolinha de Iniciação Musical e Artes do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, já no seu terceiro ano de atividades, através do qual cerca de 400 crianças portadoras de câncer recebem aulas de 8 percussão, bateria, flauta, violino, violão, teclado, canto, desenho, pintura, escultura, fotografia, dança, teatro, participando, ainda, das Oficinas de Contos de Fada, teatralizadas pelos próprios pacientes através do Teatro de Mamulengo. Essas aulas têm como finalidade não só ajudar no processo de cura, alívio, consolo e expressão dos sentimentos em verdadeira terapia, mas, sobretudo, propiciar a oportunidade desses pacientes de ingressarem em uma futura profissão. Essas atividades modificam a visão da instituição hospitalar que já não é somente o “locus” do sofrimento e da angústia, mas também, de lazer e realização pessoal. A experiência nessas crianças demonstra que 80% ficam curadas após cinco anos de tratamento, que envolve quimioterapia, radioterapia, cirurgia e amor. As aulas são dadas por componentes da Orquestra de Médicos, profissionais liberais, artistas “A arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola” está sendo ampliado para atender um universo cada vez maior dessas crianças, através da construção de um espaço físico, em concepção arquitetônica de castelo de conto de fadas, com três pavimentos adequados para pleno funcionamento das suas atividades. Dr. Paulo Barreto Campello Prof. de Pneumologia-UPE Coordenador do Projeto 9 TERAPIA DO RISO A terapia do riso ou a risoterapia é um método terapêutico existente desde a década de 60. Foi propagado pelo médico americano Hunter Adams chamado de "Patch Adams", que desde a sua época de estudante já implantava este método em hospitais e escolas. Ele observou o baixo estado de alegria e de humor em seus doentes. Então, resolveu introduzir a terapia do riso, ou seja, um descondicionamento de atitudes e hábitos perniciosos arraigados na personalidade para viver com amor e felicidade; envolvendo auto-estima, amor próprio e o bom humor. O riso é um grande estimulador, suficiente para mandar uma ordem para o seu cérebro, a nível do hipotálamo, e sintetizar as endorfinas, mais precisamente as betas endorfinas, que são substâncias analgésicas similares as morfinas, mas com potência analgésica cem vezes maior. Estas substâncias são produzidas nas situações de riso, gargalhadas, alegria ou em toda a situação que te dá um certo bom humor. O movimento da musculatura facial emite uma ordem para o cérebro produzir as endorfinas. O que facilitao processo de cura, o qual está ligado às betas endorfinas porque elas melhoram a circulação, a pressão arterial, relaxam os vasos, melhoram as defesas orgânicas contra infeções e alergias. Rir ajuda a combater o infarto e doenças coronárias , ao rir você vai ter uma proteção cardiovascular, uma proteção vascular contra anginas, contra infartos, contra derrames e doenças vasculares. Não só a nível cardíaco como a nível cerebral. Porque o riso permite um relaxamento que ajuda a normalizar a respiração arterial. Se as pessoas tivessem o hábito de rir várias vezes ao dia, estariam amenizando a descarga de adrenalina no organismo e permitindo uma descarga de endorfinas. .Fígado, coração e o aparelho digestivo são os mais beneficiados com o riso. As emoções negativas afetam o organismo. A inveja afeta o fígado, o ciúme pode afetar os órgãos do peito e do coração, o autoritarismo pode afetar o fígado e os rins; e provocar a formação de tumores e câncer. Ao ativar o estado de alegria fazendo a pessoa sorrir, rir e gargalhar, aliadas também a outras terapias que ativam as endorfinas, observamos que as melhoras são muito mais rápidas. Antes, as doenças demoravam um pouco mais para atingir uma melhora. Os dados são apenas baseados na observação clínica. Hospitais nos Estados Unidos que empregam a terapia do riso, observam que a melhora é mais rápida e o tempo de internação é menor. 10 O QUE É A MUSICOTERAPIA É a utilização da música, ou de seus elementos (melodia, som, ritmo e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com o objetivo de promover mudanças positivas físicas, mentais, sociais e cognitivas em uma pessoa, ou grupo de pessoas, com problemas de saúde ou de comportamento. O musicoterapeuta avalia o estado emocional, físico, comportamental, comunicativo e habilidade cognitiva através de respostas dadas pela música. As seções, que podem ser individuais, ou em grupo, dependendo das necessidades do paciente, abrangem improvisação musical, audição, composição de músicas, discussão, imaginação, performance e aprendizado através da música. O paciente não precisa ter nenhuma habilidade musical para se beneficiar do tratamento e não existe um estilo particular de música que é mais terapêutico que os outros. O campo de atuação da musicoterapia é muito grande, podendo beneficiar desde crianças à idosos. Existem trabalhos clínicos sendo realizados em várias áreas, como: Deficiência Mental (retardo, síndromes genéticas), Deficiência Física (Paralisia, Cerebral, Amputações, Distrofia Muscular Progressiva), Deficiência Sensorial (surdez, cegueira); nas doenças mentais (área psiquiátrica, autismo infantil, problemas neurológicos); nas áreas social (com crianças e adolescentes carentes ou de rua); em geriatria; em distúrbios infantis de aprendizagem e comportamento e com gestantes, na estimulação precoce. A musicoterapia só pode ser aplicada por um musicoterapeuta, que desenvolve um processo musicoterápico específico para cada paciente ou grupo de pacientes. Se trata da interação paciente x terapeuta. Pessoas saudáveis podem se beneficiar da música para buscar o prazer, estímulo, redução do stress, relaxamento, ou também, para usar em ambientes profissionais e festas, mas isso não se trata de musicoterapia. 11 HISTÓRICO A utilização da música e som como agentes terapêuticos é tão antiga quanto o homem. Desde os primórdios da humanidade, as civilizações mais antigas já utilizavam a música para curar os males do corpo, da mente, da alma, seja em suas formas mais primitivas ou como arte e manifestação de expressões. Os primeiros registros dessa utilização encontrados são os papiros médicos gregos, que se referem às curas e tratamento de doenças do corpo e da alma dos povos primitivos, bem como de sua utilização como meio de comunicação espiritual. No entanto, são os registros bíblicos, considerados os primeiros registros oficiais da utilização da musica, dos sons e dos instrumentos musicais para diversos fins, inclusive os terapêuticos com David e sua harpa, livrando o rei Saul dos males do espírito e em inúmeras outras passagens que nos relatam experiências diversas do uso da música entre os povos. Também os povos primitivos utilizavam-se dos elementos da música para alcançar o êxtase, afastar os espíritos maus e se comunicarem com os espíritos. Hipócrates já recomendava a música para o restabelecimento da harmonia. No entanto, como conhecemos atualmente, a musicoterapia surge na mudança do paradigma da ciência que, admitindo a possibilidade de inclusão de outros conhecimentos, favorece todos os estudos sistemáticos da música em terapia. Na prática, a musicoterapia surgiu no século XX, através de uma interação interdisciplinar e casual. Nos Estados Unidos, músicos profissionais foram contratados para distrair os egressos da guerra, que sofriam problemas tanto de ordem física quanto de ordem emocional. Os resultados positivos foram percebidos imediatamente. A Experiência musical provocou uma mudança uma mudança no quadro clínico daquelas pessoas. A equipe de saúde logo percebeu que, para o sucesso desta atividade, não bastava que este profissional fosse músico; eram necessários outros conhecimentos que ultrapassavam o domínio musical, que advinha de uma atitude clínica, que se dava numa relação terapêutica 12 – precisava ser terapeuta – Surgem, assim os primeiros movimentos que davam início a musicoterapia. No Brasil, um dos marcos do surgimento da musicoterapia foi o trabalho de professores de música na edição especial, na reabilitação motora e na saúde mental. Educadores musicais e músicos trabalhando com música em instituições que atendiam a crianças portadoras de deficiência, pessoas em reabilitação de problemas motores, ou pacientes em sofrimento psíquico encontravam na música um caminho surpreendente de acesso a essas pessoas, provocando consideráveis transformações em suas relações. Atualmente, a musicoterapia é desenvolvida e investigada em vários países do mundo, em especial na Europa e América do Norte e do Sul. Na América do Sul, iniciou-se na Argentina, tendo influenciado e impulsionado os primeiros curso no Brasil, que faz parte da Federação Mundial de Musicoterapia. Através da Comissão de Prática Clínica da World Federation of Music Therapy, a musicoterapia é definida como “A utilização da música e/ou de seus elementos (sons, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamentop, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender às necessidades físicas, mentais, sociais e cognitivas. Busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele ou ela alcance uma melhor organização intra e/ou interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida através de prevenção, reabilitação ou tratamento” (Federation of Music Therapy, 1996). 13 O PROCESSO DA AUDIÇÃO, O MEIO AMBIENTE E A MÚSICA Em plena era do despertar da consciência ecológica, somos chamados a observar e cuidar de tudo que nos cerca. Percebemos que somos ao mesmo tempo os causadores dos desequilíbrios ambientais e também os que sofrem, juntamente com a natureza, suas conseqüências. Sabemos entretanto, que depende de nós mudar o rumo das coisas e que muitas vezes são com as pequenas ações, que estão ao alcance da nossa mão, que fazemos a diferença. Um dos aspectos mais sutis do meio ambiente é o elemento sonoro. Ele não é visível, não tem cheiro, não ocupa espaço, mas está a nossa volta 24 horas por dia. Vivemos imersos em som e simplesmente não temos como evitá-lo, uma vez que as vibrações acústicas que permeiam o espaço tocam todo o nosso corpo. De fato, todo o corpo é um grande órgão receptor sonoro e o ouvido, propriamente dito, é o ponto focal do processo de audição. Neste sentido a afirmação de que podemos facilmente fechar os olhos, mas não os ouvidos torna-se ainda mais contundente. Devemos também entender o elemento sonoro como uma manifestação de pura transmissão de energia que pode carregar um sentido. Sabemos que, por exemplo, uma explosão, libera luz, calor, movimento e som. Ou seja o processo vibratório que corre o ar a partir da detonação, é conseqüência da liberação de energia contida no explosivo. Esta vibração em quanto tal é puro movimento de moléculas. Ao encontrar um órgão sensório capaz de interpretá-la, ela produz na alma do observador uma sensação sonora e comunica uma mensagem, colocando o observador em contato íntimo com a essência motivadora do fenômeno. 14 O caminho do processamento da informação vibratória, do momento em que ela toca nosso ouvido externo, até a percepção consciente do som, pode ser compreendido em várias etapas: primeiramente temos o movimento aéreo atuando sobre o Tímpano. Este transmite a vibração aos três pequenos ossos do ouvido médio, que funcionam como um conjunto de alavancas amplificando a força do movimento. Este impulso é levado através da janela oval ao líquido que flui dentro da cóclea no ouvido interno. O movimento deste líquido age sobre as células ciliadas que transformam seu movimento em reações bioquímicas e em seguida em impulsos nervosos que serão transmitidos pelo nervo auditivo e processados no cérebro. Vale a pena ressaltar que até este ponto não é correto falar em som ou sensação sonora, pois todo este processo ocorreu de modo inconsciente e sob forma de movimento mecânico-químico-elétrico. Somente quando chegar ao cérebro é que a mensagem começará a surgir em nossa consciência; e mesmo aqui percorrendo diversos níveis de processamento. De forma resumida podemos dizer que em um primeiro momento simplesmente percebemos que se trata de uma mensagem no córtex auditivo primário. Aqui a mensagem é codificada para em seguida ser levada ao córtex auditivo secundário (região de Wernike). Neste ponto de fato ouvimos o som e estabelecemos suas relações com nosso "histórico sonoro-musical" através das áreas de associação corticais. Como final do processo este impulso nos leva a uma expressão individualizada e pessoal, a consumação do ato cognitivo. Tendo esta resumida descrição do processo auditivo como pano de fundo, pensemos agora na relação que nosso ser tece com o ambiente sonoro. Primeiramente vemos que apenas uma pequena parte das informações vibratórias que recebemos são totalmente processadas pelo organismo da audição (entendamos por organismo da audição, todo o trajeto acima exposto). Como dito, somos tocados por um imenso numero de impulsos vibratórios acústicos, mas estamos conscientes apenas de uns poucos. Neste mesmo momento você pode parar e ouvir com atenção todos os sons que "estavam lá" mas que simplesmente não estavam sendo percebidos. Uma pergunta fundamental que nos é colocada neste ponto da discussão é: o que acontece com todos estes "sons" que eu não estou conscientemente percebendo? Uma analogia com a nosso processo de alimentação pode nos indicar uma resposta razoável a esta questão: quando ingerimos algo, mas não completamos o processo de digestão, sofremos com isso. Podemos ter toda sorte de problemas gástricos e intestinais, 15 falamos também em intoxicação. A informação vibratória não digerida se torna em nós algo parecido. Ela fica em nosso subconsciente como um "lixo sonoro", algo que trouxemos para dentro de casa mas que não processamos plenamente. O processar aqui se refere a dar sentido e integrar a mensagem sonora com nosso ser. Naturalmente isso depende de nossa capacidade e "abertura" auditiva. Em se tratando da questão da apreciação musical este ponto de vista pode ser altamente elucidativo. Porque algumas expressões sonoras são MÚSICA para algumas pessoas e para outras não? Digo que tudo depende da capacidade da pessoa de integrar e dar sentido àquela expressão sonora, à capacidade dela perceber a ordem do fenômeno e separar o ruído da real mensagem. Por este ponto de vista, podemos definir três tipos de Ruído: 1- todo impulso vibratório que toca nosso órgão sensório mas que não aflora à consciência. 2 - todo impulso vibratório que chega a se manifestar em nós como percepção sonora mas que não integramos plenamente ao nosso ser por não reconhecer sua mensagem e ordem intrínseca. 3 - toda manifestação sonora que invade indesejada e impositivamente nosso espaço auditivo, caotiziando-o e cerceando sua liberdade de escolha. Olhando nosso meio ambiente desta forma percebemos que de fato estamos rodeados de "lixo" e, pior ainda, estamos cheios de "lixo". Mas temos também nossos hábitos de higiene. O sono é sem dúvida a grande oportunidade que temos de fazer uma "faxina" diária em nosso ser. Repousar em silêncio dá a oportunidade ao nosso corpo de processar sem estress as informações vibratórias que ficaram a deriva dentro de nós. Fazer e ouvir música de qualidade também é um modo de reordenar os impulsos vibratórios internos. No mais, podemos sempre, assim como cuidamos da nossa alimentação, cuidar da nossa "alimentação sonora". Ambientes com baixa intensidade e diversidade sonora são sem dúvida mais amigáveis e fáceis de digerir para nosso organismo auditivo, do que ambientes sonoramente saturados. O grau de ordem ou desordem dos sons à nossa volta também é um fator importante para a nossa saúde auditiva. Quanto mais complexa e caótica a informação vibratória mais ela exigirá de nós para ser integrada. A boa música é neste sentido aquela que desafia e instiga nossa audição a decifrá-la mas mantém-se dentro do limite de nossa capacidade para tanto. Ela força e exercita nossa escuta a se expandir, mas somente até o ponto em que esta ainda consegue percebe-la como música. Quando passamos este limite a comunicação se perde e tudo que nos resta é ruído. 16 EFEITOS BIOLÓGICOS Pode algum som produzir efeito biológico? Até pouco tempo, a resposta seria negativa, se quem a respondesse fosse um cientista. Se a resposta fosse dada por um yôgi, seria positiva. Afinal, quem estaria com a razão? A ciência caminha para referendar muitas técnicas usadas há milênios. A mesma ciência também tem destruído muitos mitos e crendices populares. E quanto ao som? Quem não teve a experiência de ir ao dentista para retirar o tártaro? Há poucos anos atrás, a técnica consistia em retirar o tártaro com espátula de aço. O dentista fazia uma força tremenda para soltar as placas de tártaro. Hoje, é bem diferente. O paciente senta-se na cadeira. O dentista coloca um pequeno aparelho na boca. Houve-se um pequeno barulho e... acabou-se o tártaro. Magia? Não. São os efeitos do som. O mesmo fenômeno acontece com a luz. Se temos feixes dispersos, a luzilumina. Se, entretanto, temos feixes luminosos na mesma direção, no mesmo sentido e na mesma freqüência, temos o laser. Se a luz comum somente ilumina, o lazer destrói concreto. Se o som comum somente produz ruídos, determinados sons quebram pedras. É interessante observar que os sons ou o laser atuam seletivamente. Ou seja, quando o dentista quebra o tártaro, ao mesmo tempo, preserva o dente. Quando o médico, através do laser, quebra o cálculo renal, preserva os rins. O som ou o laser podem atuar destruindo algo e, ao mesmo tempo, preservando outros elementos. Entretanto, o som tem outras aplicações. Um ruído intenso e desagradável provoca perturbações nas pessoas submetidas a ele. Por outro lado, os sons agradáveis produzem sensações extremamente aprazíveis. Qual o casal que não tem uma música em comum? Quem de nós não se emociona quando houve determinadas músicas? Quão difícil é permanecer imóvel, quando ouvimos uma música dançante. Você já percebeu a sua reação, quando você está trabalhando e ouve uma freada brusca lá na rua? A maioria das pessoas encolhe-se esperando o som a batida. Você já percebeu as reações causadas, quando você ouve o barulho da sirene da polícia ou dos bombeiros? 17 Baseado nessa série de efeitos biológicos, criou-se a musicoterapia. Veja você que não são efeitos meramente psicológicos. O som das sirenes da polícia, por exemplo, deixa o indivíduo alerta. Há uma descarga de adrenalina e o indivíduo fica alerta para proteger-se. Portanto, os efeitos são psicológicos e também orgânicos. Na musicoterapia trabalha-se esses sons para produzirem efeitos biológicos e eliminarem-se determinadas patologias. Os sons também são utilizados com animais. Há experiências mostrando que determinadas músicas aumentam a produção de leite. Música também é usada em criações de aves. Os animais ficam menos estressados. Tenho uma sobrinha de um ano e dois meses que adora dormir com música. Entretanto, se as músicas não forem apropriadas, ela não dorme. Na verdade, esse efeito já é conhecido há milênios e materializou-se nas famosas “canções de ninar”. Em resumo, os sons podem acalmar ou estressar. Podem quebrar pedras, ou simplesmente não causarem efeito algum. Podem induzir ao sono ou despertar paixões. Podem deixar-nos sossegados ou alertas. Podem, enfim, modificar completamente o estado geral do organismo. Por efeito mágico? Não, por efeito físico, biológico, hoje muito conhecido pela ciência. Os yôgis já utilizam os sons há milênios. No Yôga, a técnica chama-se mantra. Com os mantras vocalizam-se sons e ultra-sons. Com a vocalização, há a produção de determinados efeitos orgânicos, tanto de natureza psicológica quanto de natureza física. Da mesma maneira que o dentista não pode utilizar qualquer som e sim determinados sons para limpar o tártaro, os mantras não são quaisquer sons e sim determinados sons que produzem os efeitos. Por isso, necessita-se saber vocalizar os mantras corretamente para se obter os resultados desejados. No início, quando não se conhecia os efeitos à luz da ciência, dizia-se que esses sons eram mágicos. As pessoas observavam os efeitos produzidos, porém não tinham conhecimentos 18 suficientes para determinar as variáveis envolvidas. E, por falta de bagagem, atribuíam magicidade aos sons mântricos. Essa magia era atribuída pelo povo, entretanto, os yôgis já conheciam os efeitos e viam-no como efeitos biológicos normais. Hoje, tanto o cientista quando o yôgi concordam que os sons produzem efeitos biológicos. Tanto um quanto o outro, vê nesses sons efeitos puramente biológicos, físicos, regidos por leis absolutamente naturais. Embora, ainda hoje, haja quem atribua os efeitos por variável mágica... 19 FIGURAS SONORAS Em 1787, Ernst Florens Friedrich Chladni, um dos pioneiros da física acústica, publicou sua "Entdeckungen über die Teorie des Klanges" (Descobertas sobre a teoria dos sons), ilustrado com 166 "figuras sonoras". Este trabalho foi o resultado de sua pesquisa sobre o comportamento das ondas em superfícies vibratórias. Tomando uma placa de metal ou vidro, espalhando uma fina camada de areia sobre ela e passando um arco de violino em sua borda fazendo-a vibrar, Chladni observou que a areia formava surpreendentes padrões geométricos. Do estudo destas "figuras sonoras", como ele as batizou, foram deduzidas uma série de leis da acústica e desenvolvidos inúmeros conceitos aplicáveis à construção de instrumentos musicais. Passados quase dois séculos, o médico e pesquisador suíço Dr. Hans Jenny, (1904-1972), buscando compreender a atuação das vibrações nos diversos meios e seu poder estruturador de formas e processos, levou adiante os experimentos de Chladni. Agora usando um aparelho eletro-mecânico, que lhe permitia controlar com precisão a intensidade e a freqüência de uma membrana vibratória, submeteu à influência de vibrações, além de substâncias granulares (areia, farinhas, licopódio), substâncias viscosas (óleos e glicerina) e líquidos. Nestes experimentos toda uma nova gama de fenômenos se manifesta. Além dos padrões geométricos, surgem movimentos de circulação, erupções, pulsações, interferências e um sem número de formas cristalinas e orgânicas dependendo das condições e substâncias envolvidas. A natureza destes fenômenos nos leva a indagar sobre as forças vibratórias que agem na estruturação dos processos e formas da natureza. Somos levados, por analogias, a visualizar o mundo como um grande entretecer de vibrações e harmonias, consonantes e dissonantes, estruturando e dissolvendo a substância em ciclos de caos e ordem regidos por uma vontade e matemática invisíveis. Estudos atuais vêm se dedicando a esta pesquisa e após conseguir reproduzir grande parte das experiências do Dr. Jenny em seu próprio laboratório, esta apresentando publicamente 20 os experimentos, fundindo a abordagem científica com o fazer artístico e pensar filosófico. Utilizando a interação de diversos meios (computação, processos eletro-mecânicos, ótica, vídeo projeção, música), a intenção é levar ao público uma nova maneira de ver a realidade; como dissemos acima: como um grande campo vibracional no qual estamos imersos e com o qual interagimos. BASES TEÓRICAS A musicoterapia se fundamenta em princípios teóricos que norteiam esse universo sonoro que a envolve e tem como um dos principais objetivos terapêuticos possibilitar a abertura de canais de comunicação da pessoa. Como campo de conhecimento interdisciplinar, combina diferentes saberes teóricopráticos, tais como: Musicologia, Medicina de reabilitação, Psicologia, Psicanálise, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Sociologia, Antropologia, entre outras. Fazem parte de possibilidade de utilização da música em musicoterapia os elementos de música, sendo que os tradicionalmente os mais evocados são o som, o ritmo, a melodia e a harmonia. Um musicoterapeuta lançará mão de experiências musicais diversas, tais como: tocar, cantar, escutar os sons do ambiente e do próprio corpo, compor, ouvir música, para alcançar os objetivos terapêuticos a que se propõe. 21 CLIENTELA A musicoterapia é utilizada no tratamento de uma enorme variedade de problemas de saúde, com vários tipos de cliente e em diversas modalidades clínicas: atendimentos individuais ou em grupos, em consultórios particulares, hospitais, empresas, escolas, comunidades. Seus objetivos e métodos de atuação variam, dependendo desses objetivos e da abordagem teórica do musicoterapeuta. O campo mais tradicional para a aplicação dos métodos a das técnicas utilizados em musicoterapia é a possibilidade de uma outra forma de comunicação, particularmente a musicoterapia aplicada a pacientes com dificuldades na elaboração do discurso verbal; portadores de sofrimento psíquico; de deficiências mentais; físicas ou sensoriais. Atualmente, contudo, com o avanço das pesquisas, surgem muitos outros campos para a sua utilização nas áreas de reabilitação, na promoção de saúde, no tratamento de problemas emocionais, na humanização de hospitais, escolas e empresas, na educação, em comunidades diversas. METODOLOGIA As diferentes experiências musicais, que vão desde improvisar, recriar, compor e ouvir música, tornam-se métodos de trabalho em musicoterapia. O cliente não precisa saber música para ser submetido a um tratamento em musicoterapia. O musicoterapeuta é que terá habilidade de lançar mão dos métodos musicais – audição musical, recriação, improvisação e composição, para fazer a avaliação diagnóstica, desenvolver a avaliação diagnóstica, desenvolver o tratamento musicoterápico e avaliar o processo terapêutico. Cada um destes métodos possui uma forma particular da intervenção. 22 CURSOS, ASSOCIAÇÕES E INSTITUIÇÕES Cursos de Musicoterapia – Graduação: Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UNIFMU Conservatório Brasileiro de Musica – Centro Universitário – CBM Faculdade Paulista de Artes Fundação Faculdade de Artes do Paraná Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP Universidade Federal de Goiás – UFG – Instituto de Artes Pós-Graduação – Iato Sensu – Especialização Conservatório Brasileiro de Musica – CBM (Rio de Janeiro) Faculdade Paulista de Artes – São Paulo Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL (Unidade de Tubarão- SC) Universidade Federal de Pelotas – UFPEL – RS Conservatório de Música da UFPel Centro Universitário: FEEVALE Universidade Federal do Piauí –UFPI – curso de música com área de concentração em Musicoterapia Outra instituições Centro Gaúcho de Musicoterapia – Porto Alegre/RS Centro de Atividades de Musicoterapia – CAMT – Recife/PE Centro Benenzon de Musicoterapia – São Paulo/SP 23 REFERÊNCIAS 1. http://www.fisioterapia.com.br/ybrafa/admin/noticias/internas/ler.asp?id=2757 2. http://www.napesjcampos.com.br/pos-em-arteterapia.html 3. http://www.gac.org.br/Arquivos/ProjetoEscolinha.doc 4. http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/287/28740205.pdf 5. http://www.geocities.com/Paris/Metro/8395/portuges.html 6. Abordagem sobre Musicoterapia, Mt. Marly Chagas, Rio de Janeiro. 7. http://www.ouvirativo.com.br/textos/ambientesom.htm 8. http://www.planetanatural.com.br/artigos.asp?cod_secao=20 24