ISSN 1516-8840 Junho, 2004 Documentos 123 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do I Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Editores Luis Eduardo Corrêa Antunes Maria do Carmo Bassols Raseira Emerson Dias Gonçalves Renato Trevisan Pelotas, RS 2004 Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na: Embrapa Clima Temperado Endereço: BR 392 Km 78 Caixa Postal 403 - Pelotas, RS Fone: (53) 275 8199 Fax: (53) 275 8219 - 275 8221 Home page: www.cpact.embrapa.br E-mail: [email protected] Comitê de Publicações da Unidade Presidente: Mário Franklin da Cunha Gastal Secretária-Executiva: Joseane M. Lopes Garcia Membros: Ariano Martins Magalhães Junior, Flávio Luiz Carpena Carvalho, Darcy Bitencourt, Cláudio José da Silva Freire, Vera Allgayer Osório Suplentes: Carlos Alberto Barbosa Medeiros e Eva Choer Revisor de texto: Sadi Macedo Sapper Normalização bibliográfica: Regina das Graças Vasconcelos dos Santos Arte da capa: Oscar Castro Editoração eletrônica: Oscar Castro 1ª edição 1ª impressão 2004: 400 exemplares Todos os direitos reservados A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610). A responsabilidade das informações deste documento é de extrema responsabilidade dos autores. Simpósio Nacional do Morango (2. :2004: Pelotas, RS). Resumos do II Simpósio Nacional do Morango; I Encontro de Pequenos Frutos e Frutas Nativas do Mercosul, Pelotas, 2004 / Editado por Luis Eduardo Corrêa Antunes... [et al.]. -- Pelotas : Embrapa Clima Temperado, 2004. 434p. (Embrapa Clima Temperado. Documento, 123). ISSN 1516-8840 1. Morango - Sistema de produção. 2. Pequenos frutas. 3. Frutas nativas. I. Antunes, Luis Eduardo Corrêa. II. Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul (1. : 2004 : Pelotas, RS). III. Título IV. Série. CDD 634.75 Autores Ailton Raseira (in memorium) Eng. Agrôn., M.Sc.Pesquisador, Dr. Embrapa Clima Temperado Cx. Postal 403, CEP 96001-970 - Pelotas, RS Douglas V. Shaw Eng. Agrôn. Doutorando Fruticultura de Clima Temperado FAEM/UFPel Alberto Cotro Eng. Agrôn. Dr. Junta Nacional de la Granja (JUNAGRA-MGAP) Alicia Castillo Ing. Agr. M.Sc. INIA Las Brujas, UY Alverides Machado dos Santos Eng. Agrôn., MSc. Consultor em fruticultura André Balestrini Graduação em Agronomia CEFET/PR Pato Branco, PR Andreia C. Turchetto End. Agrôn. URI, Frederido Westphalen, RS Antônio Roberto Marchese de Medeiros Eng. Agrôn., Dr. Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS Américo Wagner Jr. Eng. Agrôn., MSc. Doutorando em Fitotecnia UFV - Viçosa, MG Anúncio José Marin Eng. Agrôn., Dr. INCAPER, Nova do Imigrante, ES Anderson da Costa Chaves Eng. Agrôn. Doutorando Fruticultura de Clima Temperado, FAEM/UFPel Aparecida Gomes De Araújo Eng. Agrôn., Doutoranda em Fitotecnia/ UFLA Aureliano Nogueira da Costa Eng. Agrôn., Dr. INCAPER Nova do Imigrante, ES Auri Brackmann Eng. Agrôn. Universidade Federal de Santa Maria Borquez, A.M. Estación Experimental Agropecuaria Famaillá INTA Famaillá, Tucumán - Argentina Carla Leborgne Eng. Agrôn., URI, Frederico Westphalen, RS Carlos Reisser Júnior Eng. Agríc., Dr. Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS Casiane Salete Tibola Eng. Agrôn., MSc. Doutoranda, FAEM/UFPel Pelotas, RS Casiane Salete Tibola Eng. Agrôn., MSc. Doutoranda, FAEM/UFPel Pelotas, RS Carlos Eduardo Carnieletto Graduação do Curso de Agronomia, CEFET-PR Pato Branco, PR César Pereira Teixeira Eng. Agrôn., MSc. INCAPER Venda Nova do Imigrante, ES Chrystiane Borges Fráguas Eng. Agrôn., Doutoranda em Produção Vegetal FCAV-UNESP Cíntia Guimarães dos Santos Doutoranda Departamento de Biologia UFLA Lavras, MG Claudio Horst Bruckner Eng. Agrôn., Dr., UFV, Viçosa, MG Clevison Luiz Giacobbo Eng. Agrôn., MSc. Doutorando, FAEM/UFPel Pelotas, RS Cláudio José da Silva Freire Eng. Agrôn., MSc. Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS Cláudia Teixeira Guimarães Pesquisadora, Embrapa Milho e Sorgo Sete Lagos, MG Cláudia Kaehler Sautter Farmacêutica, MSc, Pós-graduanda, UFSM Santa Maria, RS Cristiano André Steffens Eng. Agrôn., Pós-graduando, UFSM Santa Maria, RS Cristiane de Lima Wesp Graduação em Agronomia, FAEM/UFPel Pelotas, RS Cosme Damião Cruz Eng. Agrôn., Dr. UFV, Viçosa, MG Daiane Del Sent Graduação em Agronomia CEFET/PR David dos Santos Martins Eng. Agrôn., INCAPER Venda Nova do Imigrante, ES Daniel Martinez Eng. Agrôn., Dr. Junta Nacional de la Granja (JUNAGRA-MGAP) Daniel Alexandre Neuwald Eng. Agrôn., Pós-graduando, UFSM Santa Maria, RS Daniela Gomes Peters Eng. Agrôn., Estagiária CNPq, Embrapa Clima Temperado - Pelotas, RS Dileta Cechetti Eng. Agrôn., MSc, UPF/FAMV Passo Fundo, RS Diógenes Mattei Graduação em Agronomia, CEFET-PR Pato Branco, PR Diogo Pedrosa Corrêa da Silva Bolsista de iniciação Científica da FAPEMIG Edilvan José Possamai Graduação em Agronomia CEFET/PR Pato Branco, PR Edilson Paiva Pesquisador, Embrapa Milho e Sorgo Sete Lagos, MG Eduardo R. Franchini Eng. Agrôn., Pós-graduando, FAEM/UFPel Elisângela Bellandi Loss Graduação em Agronomia CEFET/PR Pato Branco, PR Elisia Rodrigues Corrêa Eng. Agrôn., Estagiária CNPq Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS Emerson Gonçalves Eng. Agrôn., Dr., RD-CNPq Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS Enilton F. Coutinho Eng. Agrôn., Dr. Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS Eunice Oliveira Calvete Eng. Agrôn., Dr. UPF-FAMV, Passo Fundo - RS Ezequiel Riva Graduação em Agronomia da UPF-FAMV Passo Fundo, RS Fabiola Villa Eng. Agrôn., MSc. em Fitotecnia/ UFLA Lavras, MG Fernando Martinez Eng. Agrôn., Dr. Junta Nacional de la Granja (JUNAGRA-MGAP) Franciele Mariane Graduação em Agronomia, FAEM/UFPel Pelotas, RS Geraldo Chavarria Eng. Agrôn., Pós-graduando, FAEM/UFPel Pelotas, RS Giuliano Elias Pereira Eng. Agrôn., Bolsista do CNPq, INRA-ECAV Bordeaux - FR Grazielle Sales Teodoro Aluna de graduação em Ciências Biológicas UFLA - Lavras, MG Gustavo Crizel Gomes Graduaçlão em Agronomia, FAEM/UFPel Pelotas, RS Gustavo L. Valter Ing. Agr. CADIC-CONICET, Ushuaia Tierra del Fogo, Argentina Gustavo Heiden Graduação em Ciências Biológicas, UFPel Pelotas, RS Günter Timm Beskow Graduação em Agronomia, FAEM/UFPel Pelotas, RS Hélio Carlos Rocha Eng. Agrôn., MSc, UPF/FAMV Passo Fundo, RS Hélcio Costa Eng. Agrôn., Dr. INCAPER Nova do Imigrante, ES Idinilso Jorge Vican Graduação em Agronomia CEFET/PR Pato Branco, PR Idemir Citadin Eng. Agrôn., Dr CEFET/PR Pato Branco, PR Ingrid Bergmann Inchausti de Barros Graduação em Agronomia UFRGS Porto Alegre, RS Gustavo L. Valter Ing. Agr. CADIC-CONICET, Ushuaia Tierra del Fogo, Argentina Gustavo Heiden Graduação em Ciências Biológicas, UFPel Pelotas, RS Günter Timm Beskow Graduação em Agronomia, FAEM/UFPel Pelotas, RS Hélio Carlos Rocha Eng. Agrôn., MSc, UPF/FAMV Passo Fundo, RS Hélcio Costa Eng. Agrôn., Dr. INCAPER Nova do Imigrante, ES Idinilso Jorge Vican Graduação em Agronomia CEFET/PR Pato Branco, PR Idemir Citadin Eng. Agrôn., Dr. CEFET/PR Pato Branco, PR Ingrid Bergmann Inchausti de Barros Graduação em Agronomia - UFRGS Porto Alegre, RS Ivan Sestari Eng. Agrôn., Pós-graduando, UFSM Santa Maria, RS James N. Moor Arkansas University Jaime Duarte Filho Eng. Agrôn., Dr. EPAMIG/CTSM/FECD Caldas, MG Jacson Rondinelli da Silva Negreiros Eng. Agrôn., Pós-graduando, UFV Viçosa, MG John Clark Arkansas University Jose Mauro de Sousa Balbino Eng. Agrôn., Dr. INCAPER Venda Nova do Imigrante, ES José Aires Ventura Eng. Agrôn., INCAPER Venda Nova do Imigrante, ES Josiane Chim Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, UFPel, Pelotas, RS José Carlos Fachinello Eng. Agrôn., Dr. FAEM/UFPel Josuel Alfredo Vilela Pinto Graduação, UFSM, Santa Maria, RS José Francisco Martins Pereira Eng. Agrôn., MSc. Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS Jorge Soria Eng. Agrôn., MSc. INIA Las Brujas, UY Leila Aparecida Salles Pio Eng. Agrôn., MSc. UFLA - Lavras, MG Leonardo Ferreira Dutra Eng. Agrôn., Pós-Doutorando/CNPq/ UFLA Lavras, MG Lilian Oliveira Garcia Estagiária Geprocessamento Embrapa Clima Temperado - Pelotas, RS Lilian Padilha Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Lodovino Gemeli Júnior Eng. Agrôn., Dr. UFV - Viçosa, MG Luciane Couto da Silva Eng. Agrôn., Pós-graduanda, FAEM/UFPel Pelotas, RS Luciano Vilela Paiva Prof. Adjunto, Depart. de Química da UFLA Lavras, MG Luis Eduardo Corrêa Antunes Eng. Agrôn., Dr. Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS Luiz Carlos Prezotti Eng. Agrôn., INCAPER Venda Nova do Imigrante, ES Lúcio Lívio Fróes de Castro Eng. Agrôn., INCAPER Venda Nova do Imigrante, ES Lúcia Somavilla Eng. Agrôn., Dr. URI Frederico Westphalen, RS Maria do Carmo Bassols Raseira Eng. Agrôn., Ph.D Embrapa Clima Temperado - Pelotas, RS Mateus Augusto Girardi Graduação em Agronomia FAEM/UFPel Pelotas, RS Márcia Wulff Schuch Eng. Agrôn., Dr. FAEM/UFPel. Pelotas, RS Marcello Antonio De Col Graduação do Curso de Agronomia, CEFET-PR Pato Branco, PR Mauricio Jose Fornazier Eng. Agrôn., INCAPER Venda Nova do Imigrante, ES Márcio Henrique Pereira Barbosa Eng. Agrôn., Dr. UFV, Viçosa, MG Marcio Zanuzo Eng. Agrôn., MSc. Doutorando, FAEM/UFPel Pelotas, RS Marcelo Barbosa Malgarin Eng. Agrôn., MSc. Doutorando, FAEM/UFPel Pelotas, RS Marcos Paiva Eng. Agrôn., Multiplanta Tecnologia Vegetal Márcio de Assis Eng. Agrôn., Multiplanta Tecnologia Vegetal Marilice Cordeiro Garrastazú Eng. Florestal, MSc. Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS Mariela Bernini Centro Austral de Investigaciones Científicas (CADIC-CONICET) Ushuaia, Tierra del Fuego - Argentina Marcelo Couto Eng. Agrôn., MSc., Pós-graduando, FAEM/UFPel Pelotas, RS Melissa Batista Maia Eng. Agrôn., Pós-graduanda, FAEM/UFPel Pelotas, RS Miguel Scalone Eng. Agrôn., Dr. Junta Nacional de la Granja (JUNAGRA-MGAP) Miriam Arena Ing. Agr. Dr., CADIC-CONICET Ushuaia, Tierra del Fuego, Argentina Miserendino E.E. AER INTA Ushuaia, Tierra del Fuego, Argentina Moacir Pasqual Eng. Agrôn., Dr. UFLA, Lavras, MG Mollinedo V.A. Estación Experim. de Cultivos Tropicales Yuto INTA. El Bananal. Yuto. Jujuy - Argentina Nara C. Ristow Eng. Agrôn., Pós-graduanda, FAEM/UFPel Pelotas, RS Nicácia P. Machado Eng. Agríc., MSc., Pós-graduanda, FAEM/UFPel Pelotas, RS Odirce Teixeira Antunes Eng. Agrôn. Pós-graduanda, UPF - FAMV Paulo Roberto da Silva Graduação em Agronomia FAEM/UFPel Pelotas, RS Portela J.A. EEA INTA La Consulta, Mendoza, Argentina Renato Paiva Biólogo, Prof. Adj. Depart. de Biologia da UFLA Lavras, MG Renato Trevisan Eng. Agrôn., Dr. RD-CNPq Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS Renata Vieira da Mota Eng. Agrôn., Dr. EPAMIG, Caldas, MG Ricardo Eoclides Maran Graduação em Agronomia UPF - Passo Fundo, RS Ricardo Fabiano Hettwer Giehl Graduação, UFSM - Santa Maria, RS Ricardo Lima de Castro Eng. Agrôn., Dr. FEPAGRO Rodrigo Cezar Frazon Eng. Agrôn., M.Sc. Embrapa Cclima Temperado Pelotas, RS Rosa Lia Barbieri Bióloga, Dr. Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS Rufino Fernando Flores Cantillano Eng. Agrôn., Dr. Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS Rosana Maria Altoé Borel Eng. Agrôn., INCAPER Venda Nova do Imigrante, ES Rodrigo Sobreira Alexandre Eng. Agrôn, M.Sc., Doutorando, UFV Viçosa, MG Teresinha Ieda Barros Eng. Agrôn., URI, Frederico Westphalen, RS Ubiraci Gomes de Paula Lana Assist. de Pesquisa da Embrapa Milho e Sorgo Sete Lagoas, MG Silvana Catarina S. Bueno Eng. Argôn., Dr. NPMSB/CATI São Bento, SP Wilson Itamar Godoy Graduação em Agronomia CEFET/PR Pato Branco, PR Wagner Corrêa Graduação em Agronomia, CEFET-PR Pato Branco, Pr Wagner de Carli Graduação em Agronomia - UPF Passo Fundo, RS Waldênia de Melo Moura Eng. Agrôn., Dr. EPAMIG - Viçosa, MG Walter Fagundes Rodrigues Graduação em Ecologia, UCPel - Pelotas, RS Valdecir Carlos Ferri Eng. Agrôn., Dr. FAEM/UFPel Pelotas, RS Valmor João Bianchi Eng. Agrôn., Dr. FAEM/UFPel Pelotas, RS Vicente Wagner Dias Casali Eng. Agrôn., Dr. UFV Viçosa, MG Apresentação Buscando reunir informações mais atuais sobre a cultura do morango, pequenas frutas e frutas nativas, este livro traz os textos das palestras apresentadas no 2o Simpósio Nacional do Morango e 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas, de 6 a 9 de julho de 2004, em Pelotas, Rio Grande do Sul. João Carlos Costa Gomes Chefe Geral Embrapa Clima Temperado Sumário Doenças do Morangueiro no Estado do Espírito Santo e Táticas para o seu Manejo. Hélcio Costa; José Aires Ventura ............................................................................................. Produção Extemporânea de Morangueiro em Ensaios Conduzidos em Caldas-MG e São Bento do SapucaíSP, Durante o Ciclo 2003/2004. Jaime Duarte Filho; Silvana Catarina S. Bueno; Luis Eduardo Corrêa Antunes. ............ Efeito dos Tratamentos com Ácido Giberélico e Paclobutrazol na Qualidade dos Frutos de Duas Cultivares de Morangueiro. Jaime Duarte Filho; Luís Eduardo Corrêa Antunes; Renata Vieira da Mota; Giuliano Elias Pereira. ............... 41 47 55 Produção Integrada do Morangueiro no Estado do Espírito Santo. Helcio Costa; José Mauro de Sousa Balbino; César Pereira Teixeira; Mauricio José Fornazier; Luiz Carlos Prezotti; Lúcio Lívio Fróes de Castro; Rosana Maria Altoé Borel; José Aires Ventura; David dos Santos Martins. .......................................... El Cultivo de Frutilla Dentro del Programa de Producción Integrada Horticola del Uruguay. Daniel Martínez. .............................................................................. 61 67 Desempenho Agronômico de Quatro Cultivares Francesas de Morangueiro, em Dois Tipos de Ambiente. Jaime Duarte Filho; Luís Eduardo Corrêa Antunes. ..................... Analisis Comparativo de Dos Formas de Produccion de Frutillas para la Region Sur del Dpto. de San Jose Uruguay. Alberto Cotro; Fernando Martínez; Daniel Martínez; Miguel Scalone. .................................................................... Atmosfera Modificada Ativa com CO2 para a Conservação de Morangos ´Oso Grande´. Auri Brackmann; Cristiano André Steffens; Daniel Neuwald. ............................... Evaluavión de Alternativas al Bromuro de Metilo en la Producción de Plantines de Frutilla en Tafi del Valle. Borquez, A.M.; V.A. Mollinedo. .............................................. Evapotranspiração de Referência para a Cultura do Morango na Região de Pelotas. Carlos Reisser Júnior; Alverides Machado dos Santos. .............................................. Implantação do Pólo de Morango no Estado do Espírito Santo. César Pereira Teixeira; José Mauro de Sousa Balbino; 73 79 83 89 99 Hélcio Costa; Aureliano Nogueira da Costa. .............................. 103 Diferenciação e Divergência Genética entre Cultivares de Morangueiro Avaliada por Marcadores Rapd. Cíntia Guimarães dos Santos; Renato Paiva; Luciano Vilela Paiva; Cláudia Teixeira Guimarães; Lilian Padilha; Ubiraci Gomes de Paula Lana; Diogo Pedrosa Corrêa da Silva; Marcos Paiva; Márcio de Assis; Edilson Paiva. ........................................................................ 107 Armazenamento de Morango ´Oso Grande´em Alto CO2. Cláudia Kaehler; Daniel Alexandre Neuwald; Ricardo Fabiano Hettwer Giehl; Ivan Sestari; Auri Brackmann. ............................. 113 Levantamento da Presença de Insetos com Potencial Polinizador na Cultura de Morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.). Wilson Itamar Godoy; Ingrid Bergmann Inchausti de Barros. ................................................................ 119 Importância da Polinização na Cultura do Morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.).Wilson Itamar Godoy; Ingrid Bergmann Inchausti de Barros. ................................................ 125 Polinização Entomófila de Morangueiro Cultivado em Ambiente Protegido. Eunice Oliveira Calvete; Hélio Carlos Rocha; Dileta Cecchetti; Ricardo E. Maran; Wagner de Carli. ........ 131 Agronegócio do Morango no Estado do Espírito Santo. José Mauro de Sousa Balbino; César Pereira Teixeira; Hélcio Costa; Anúncio José Marin ............................................................ 137 Utilização de Resveratrol na Conservação Pós-colheita de Morango. Marcelo B. Malgarim; Rufino F. Cantillano; Eduardo R. Franchini; Enilton F. Coutinho; Nicácia P. Machado; Nara C. Ristow. ................................................................................. 143 Resveratrol e Filme de Polietileno na Pós-colheita de Morangos cv. Camarosa e no Controle no Mofo Cinzento. Marcelo Barbosa Malgarim; Casiane Salete Tibola; Valdecir Carlos Ferri; Valmor João Bianchi; Paulo Roberto da Silva. ............ 149 Evaluación de Variedades Reflorecientes de Frutilla en Ushuaia, Argentina. E.E. Miserendino; J.A. Portela; G. Vater. .. 155 Aplicação Pós-colheita de Luz Ultravioleta (UV-C) e Luz Germicida em Morangos Cultivares Camarosae Oso Grande Produzidos de Forma Orgânica. Nara Cristina Ristow; Eduardo Reinhart Franchini; Enilton Coutinho; Fernando Rufino Flores Cantillano; Nicácia Portela Machado; Marcelo Barbosa Malgarim. .......................................................................... 161 Conservação e Controle de Podridões Pós-colheita de Morango ´Camarosa´ com o Uso de Filmes Plásticos. Nicácia P. Machado; Nara C. Ristow; Eduardo R. Franchini; Enilton F. Coutinho; Fernando Rufino F. Cantillano; Marcelo B. Malgarim. . 167 Tratamento Físico para o Controle de Podridões Póscolheita de Morangos ´Camarosa´. Nicácia P. Machado Nara C. Ristow; Eduardo R. Franchini; Enilton F. Coutinho; Fernando Rufino F. Cantillano; Marcelo B. Malgarim. .................... 171 Desempenho Agronômico de Cultivares de Morangueiro Polinizadas pela Abelha Jataí em Ambiente Protegido. Odirce Teixeira Antunes; Eunice Oliveira Calvete; Hélio Carlos Rocha; Dileta Cechetti; Ricardo Eoclides Maran; Ezequiel Riva; Mateus Augusto Girardi; Cristiane de Lima Wesp; Franciele Mariane. ................................................................................ 177 Comportamento de Dez Cultivares de Morangueiro em Cultivo Orgânico. Ricardo Lima de Castro; Vicente Wagner Dias Casali; Cosme Damião Cruz; Márcio Henrique Pereira Barbosa; 183 Lodovino Gemeli Júnior. .......................................................... Divergência Genética em Cultivares de Morangueiro em Relação ao Uso de Composto Orgânico. Ricardo Lima de Castro; Vicente Wagner Dias Casali; Cosme Damião Cruz; Márcio Henrique Pereira Barbosa; Waldência de Melo Moura; Lodovino Gemeli Júnior. ....................................................................... 189 Resposta de Cultivares de Morangueiro ao Composto Orgânico. Ricardo Lima de Castro; Vicente Wagner Dias Casali; Cosme Damião Cruz; Márcio Henrique Pereira Barbosa; Waldência de Melo Moura; Lodovino Gemeli Júnior. ................................... 195 Influência do Processamento e da Cultivar na Qualidade de Morango (Fragaria x ananassa Duch) Minimamente Processado. Cenci, S.A.; Moraes, I.V.M.; Mamede, A.M.G.N.; Soares, A.G. .......................................................... 201 Produção Orgânica de Mudas e de Frutos de Morango cvs. Oso Grande e Camarosa, na Região do Médio Alto Uruguai-RS. Barros, Ieda Teresinha; Zecca, Adriana, G.D.; Somavilla Lúcia; Turchetto, Andreia, C.; Coutinho, Enilton F. ........ 207 Pequenas Frutas e Frutas Nativas .................................. 211 Cultivar de Amora-preta Xavante. James N. Moore; Alverides M. dos Santos; John Clark; Maria do Carmo B. Raseira; 213 Antunes, Luis Eduardo Corrêa Antunes . .................................. Influência da Densidade de Plantio na Produtividade de Duas Cultivares de Amora-preta (Rubus spp). Ailton Raseira; Maria do Carmo Bassols Raseira; Luis Eduardo Corrêa Antunes; José Francisco Martins Pereira. ................................. 217 Conservação Pós-colheita de Amora-preta (Rubus sp). Emerson Dias Gonçalves; Marcelo Barbosa Malgarim; Renato Trevisan; Luis Eduardo Corrêa Antunes; Rufino Fernando Flores Cantillano. ........................................................................... Aclimatização de Plântulas de Amoreira-preta Cherokee Obtidas in vitro: Efeito de Substratos. 225 Fabiola Villa; Aparecida Gomes de Araujo; Leonardo Ferreira 231 Dutra; Crystiane Borges Fráguas; Moacir Pasqual. ..................... Micropropagação de Amoreira-preta ´Cherokee´ - I. Efeito de Cinetina e GA3. Leila Aparecida Salles Pio; Fabiola Villa; Leonardo Ferreira Dutra; Grazielle Sales Teodoro; Moacir Pasqual. .............................................................................. 237 Micropropagação de Amoreira-preta ´Cherokee´ II. Efeito de KCl e NaH2PO4.H2O. Fabiola Villa; Leila Aparecida Salles Pio; Leonardo Ferreira Dutra; Grazielle Sales Teodoro; Moacir Pasqual. ....................................................... 241 Micropropagação de Amoreira-preta ´Cherokee´ - III. Efeito de Cinetina e Meios de Cultura. Leila Aparecida Salles Pio; Fabiola Villa; Leonardo Ferreira Dutra; Grazielle Sales 247 Teodoro; Moacir Pasqual. ....................................................... Efeito do Filme de Polietileno e do Resveratrol na Conservação Pós-colheita de Amora-preta. Marcelo Barbosa Malgarim; Emerson Dias Gonçalves; Renato Trevisan; Nara Cristina Ristow; Fernando Rufino Flores Cantillano; Luis Eduardo Corrêa Antunes. ................................................................... Filmes de Polietileno na Conservação Pós-colheita de Amora-preta CV. Cherokee em Ambiente Refrigerado. 253 Marcelo B. Malgarim; Eduardo R. Franchini; Nara C. Ristow; Enilton F. Coutinho; Fernando Rufino F. Cantillano; Nicácia P. Machado. ................................................................................. 259 Efeito da Lesão Basal e do Ácido Indolbutírico no Enraizamento de Estacas Herbáceas de Quatro Cultivares de Mirtilo. Américo Wagner Júnior; Rodrigo Cezar Franzon; Marcelo Couto; Maria do Carmo Bassols Raseira. ........................ 265 Germinação in vitro, do Pólen de Diferentes Cultivares de Mirtilo. Elisia Rodrigues Corrêa; Rodrigo Cezar Franzon; Rena- to Trevisan; Emerson Gonçalves; Maria do Carmo Bassols Raseira. ............................................................................................. 271 Avaliação da Viabilidade de Pólen de Mirtilo em Diferentes Meios. Elisia Rodrigues Corrêa; Rodrigo Cezar Franzon; Renato Trevisan; Emerson Dias Gonçalves; Maria do Carmo 277 Bassols Raseira. ..................................................................... Efeito da Aplicação de Solução Nutritiva e Ácido Fosfórico no Desenvolvimento de Mudas de Mirtilo. Luis Eduardo Corrêa Antunes; Cláudio José da Silva Freire; Geraldo 281 Chavarria; Daniela Gomes Peter. ............................................... Associação de Refrigeração com Oxigênio Ionizado na Conservação Pós-colheita de Mirtilo CV. Florida. Nara Cristina Ristow; Eduardo Reinhart Franchini; Enilton Fick Coutinho; Fernando Rufino Flores Cantillano; Nicácia Portela Machado; 287 Marcelo Barbosa Malgarim. .................................................. Comportamento Pós-colheita de Mirtilo ´Brite Blue´ Durante Armazenamento Refrigerado. Nara Cristina Ristow; Nicácia Portela Machado; Enilton Fick Coutinho; Fernando Rufino Flores Cantillano; Marcelo Barbosa Malgarim. .... 293 Conservação Pós-colheita de Mirtilos ´Florida´, ´Woodard´ e ´Bluegem´ em Atmosfera com Oxigênio Ionizado. Nicácia P. Machado; Eduardo R. Franchini; Nara C. Ristow; Enilton F. Coutinho; Fernando Rufino F. Cantillano; Marcelo B. Malgarim. ............................................................ 299 Desarrollo de Plantas de Arandano Southern Highbush O´Neal al Final de su Aclimatacion, en Respuesta a la Aplicación Post-vitro, de Diferentes Sustratos Y Dosis de Frio. Leborgne, Carla; Castillo, Alicia; Soria, Jorge. ............. 305 Aclimatação de Plântulas de Physalis peruviana L. Anderson da Costa Chaves; Alan Cristiano Erig; Luciane Couto da Silva; Márcia Wulff Schuch. ................................................... 307 Avances en los Conocimientos Sobre el Comportamiento de Distintas Especies de Frutales Menores en Tierra del Fuego. Gustavo L. Vater; Miriam Arena. ............... 315 Potencialidades de Produção de Mistáceas Frutíferas Nativas do Sul do Brasil. Rodrigo Cezar Franzon; Elisia Rodrigues Corrêa; Maria do Carmo Bassols Raseira. .................... 321 Frutas Finas Nativas de la Patagonia Austral: Producción in situ Y Conservación ex situ. Miriam E. Arena; Gustavo Vater; Mariela Bernini. ...................................... 327 Frutíferas Nativas em Trecho de Mata Ciliar na Microbacia do Arroio Pestana: Fenologia e Mapeamento com Geotecnologias. Gustavo Crizel Gomes; Walter Fagundes Rodrigues; Güinter Timm Beskow; Marilice Garrastazu; Antônio Roberto Marchese de Medeiros. ................... 333 Observações Ecológicas e Distribuição Geográfica de Framboesa-silvestre no Rio Grande do Sul. Gustavo Heiden; Rosa Lía Barbieri; Marilice Cordeiro Garrastazu; Lilian Oliveira Garcia; Melissa Batista Maia. ........................................ 341 Ocorrência de Espécie Nativas de Amora no Rio Grande do Sul. Gustavo Heiden; Rosa Lía Barbieri; Marilice Cordeiro Garrastazu; Lilian Oliveira Garcia; Melissa Batista Maia. ............... 345 Viabilidade do Pólen de Rubus Brasiliensis. Melissa Batista Maia; Rosa Lía Barbieri; Maria do Carmo Bassols Raseira; Gustavo Heiden. ................................................................... 353 Caracterização Citogenética de Rubus Imperialis (Amora Branca). Melissa Batista Maia; Rosa Lía Barbieri; Maria do Carmo Bassols Raseira; Gustavo Heiden. .................... 357 Quantificação de Vitamina C em Frutos de AraçaComum. Clevison Luiz Giacobbo; Marcio Zanuzo; Josiane Chim; José Carlos Fachinello. .......................................................... 363 Avaliação Pós-colheita de duas Seleções de AraçáAmarelo (Psiduium cattleyanum Sabine). Emerson Dias Gonçalves; Elisia Rodrigues; Renato Trevisan; Luis Eduardo Corrêa Antunes. ................................................................... Uso de Diferentes Tipos de Embalagens na Conservação Pós-colheita de Araçá-vermelho (Psiduium cattleyanum Sabine). Emerson Dias Gonçalves; Elisia 369 Rodrigues; Renato Trevisan; Luis Eduardo Corrêa Antunes........... 375 Caracterização das Curvas de Respiração e Síntese de Etileno de Frutos de Psidium cattleianum Sabine. e de Butia capitata (Mart.) Becc. Daniel Alexandre Neuwald; Ricardo Fabiano Hettwer Giehl; Josuel Alfredo Vilela Pinto; Ivan 379 Sestari; Auri Brackmann. ......................................................... Fenologia da Floração da Feijoa (Acca sellowiana (Berg) Burret), em Pelotas, RS. Rodrigo Cezar Franzon; Elisia Rodrigues Corrêa; Maria do Carmo Bassols Raseira. .................... 385 Fenologia da Floração e Maturação dos Frutos da Pitangueira (Eugenia uniflora L.), em Pelotas, RS. Rodrigo Cezar Franzon; Elisia Rodrigues Corrêa; Maria do Carmo Bassols Raseira. ..................................................................... 391 Fenologia da Floração e Maturação dos Frutos da Uvalheira (Eugenia pyriformis Camb.), em Pelotas, RS. Rodrigo Cezar Franzon; Maria do Carmo Bassols Raseira; Américo Wagner Júnior. ...................................................................... 397 Fenologia da Floração e Maturação dos Frutos da Cerejeira-do-Rio-Grande (Eugenia involucrata DC), em Pelotas, RS. Rodrigo Cezar Franzon; Elisia Rodrigues Corrêa; Maria do Carmo Bassols Raseira; Rosa Lia Barbieri. ..................... 403 Propagação de Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora) por Alporquia. Diógenes Mattei; Carlos Eduardo Carnieletto; Marcello Antonio de Col; Wagner Corrêa; Idemir Citadin. ........... 409 Qualidade de Frutos de Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora) Desenvolvida em Condições Naturais de Sombreamento e em Pleno Sol. Idinilson Jorge Vicari; André Balestrini; Daiane Del Sent; Edivan José Possamai; Elisângela Bellandi Loss; Idemir Citadin. ................................... 415 Efeito do Estádio de Maturação dos Frutos e de Substratos na Germinação de Sementes e Desenvolvimento Inicial de Plântulas de Jabuticabeira. Rodrigo Sobreira Alexandre; Américo Wagner Júnior; Jacson Rondinelli da Silva Negreiros; Claudio Horst Bruckner; Rodrigo Cezar Franzon. . 421 Avaliação Fenológica de Phisalis peruviana L. em Pelotas, RS. Anderson da Costa Chaves; Alan Cristiano Erig; Luciane Couto da Silva; Márcia Wulff Schuch. .......................... 429 Doenças do Morangueiro no Estado do Espírito Santo e Táticas para o seu Manejo Hélcio Costa José Aires Ventura Resumo A cultura do morangueiro é uma atividade de grande importância sócioeconômica para região serrana do estado do Espírito Santo, empregando grande numero de pessoas durante sua condução e uma das principais opções de cultivo entre os meses de março a novembro. Um dos fatores que comprometem a produção é a presença de doenças o que exige a adoção de varias táticas de manejo para proporcionar a sustentabilidade da cultura na região. Com o inicio da produção integrada desta cultura no Estado faz-se necessário o diagnóstico correto das doenças visando o estabelecimento de medidas que levem ao manejo adequado das mesmas com o mínimo impacto ao meio ambiente. São relatadas as doenças que ocorrem nos diferentes órgãos da planta de morango com uma descrição dos patógenos envolvidos. As medidas gerais de manejo a serem adotadas para estas doenças são enfocadas com destaque para as medidas culturais e legislativas,uma vez que as mudas são as principais responsáveis pela introdução de patógenos nas lavouras e notadamente em áreas novas de cultivo. As doenças que ocorrem no estado estão relatadas abaixo bem como as medidas de manejo adotadas. 42 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Doenças que ocorrem em folhas, pecíolos, estolhões e flores A principal doença foliar é a mancha de micosferela causada pelo fungo Mycosphaerella fragariae que ocasiona manchas de formato arrendondadas e diâmetro variável, de coloração inicialmente castanho avermelhado que posteriormente apresenta o centro necrosado e um halo castanho avermelhado. A doença ocorre com maior severidade em lavouras na fase inicial de transplantio no campo (março-abril) e final de cultivo (setembro-outubro), quando as temperaturas são mais elevadas. A doença é importante também na fase de produção das mudas (viveiros). Outras doenças que ocorrem são as manchas de Diplocarpon e Dendrophoma causadas, respectivamente pelos fungos Diplocarpon earlianum e Dendrophoma obscurans. Estes patógenos geralmente são observadas em viveiros, na fase inicial de transplantio no campo (10 a 30 dias) e no final do ciclo da cultura, infectando as folhas mais velhas. A doença denominada "Flor Preta", causada pelo fungo Colletorichum acutatum, encontra-se atualmente disseminada em grande parte das lavouras no estado, com incidência e severidade variáveis, causando grandes perdas, principalmente onde a irrigação é realizada por aspersão e nos espaçamentos menores ou quando ocorrem períodos de chuva intensa e continuada. Os sintomas característicos da doença ocorrem nas inflorescências, onde as flores, estames e pistilos apresentam lesões de coloração marrom-escura a escura. Com o avanço da doença as inflorescências secam e ficam mumificadas. Em condições de alta severidade da doença associado à alta umidade relativa do ar, observase a formação de uma massa gelatinosa de coloração rosada nos órgãos doentes. O fungo sob condições de alta densidade de inóculo ocasiona manchas irregulares de cor marrom-escura nos bordos dos folíolos. Todas as cultivares atualmente plantadas; ´Camarosa´, ´Oso Grande´, ´Dover´, ´Tudla´, ´Sweet Charlie´, são muito suscetíveis a doença. O fungo Colletotrichum fragariae tem sido associado aos estolhos que apresentam lesões alongadas e deprimidas de cor escura. Em maio de 2003 foi introduzido no estado a bactéria Xanthomonas fragariae que causa lesões angulares nas folhas e que em algumas lavouras ocasionou perdas muito grande. Em fevereiro de 2004 em mudas da cultivar Camarosa produzidas em condições de estufa plástica constatou-se a presença de Oidium com alta severidade. Resumos do Morango Doenças que ocorrem em frutos O principal fungo associado aos frutos em condições de campo e póscolheita é Botrytis cinerea, que ocorre de maneira generalizada nas lavouras com maiores perdas onde se utilizam espaçamentos reduzidos, excesso de adubação nitrogenada, irrigação por aspersão e onde o controle cultural para a redução do inoculo é deficiente, ou seja, não se efetua a retirada das folhas velhas, secas e doentes, assim como de frutos doentes. Em pós-colheita observa-se com bastante freqüência a presença do fungo Rhizopus sp. Os frutos doentes tornam-se sem consistência. A doença ocorre principalmente nas embalagens em que os frutos estão muito maduros. O fungo Phytophthora cactorum é observado em algumas lavouras principalmente em condições de solos compactados e com drenagem deficiente. Em condições de pós-colheita os danos têm sido também observados, quando ocorre excesso de chuva no período que antecede a colheita. Outro patógeno associado à podridão dos frutos é o fungo Sclerotinia sclerotiorum, que ocorre em condições de campo e em pós-colheita, onde se observa inicialmente um micélio de cor branca que com o desenvolvimento da doença forma estruturas denominada de escleródios, de cor negra e de tamanho variável. Os fungos Colletotrichum fragariae e Colletotrichum acutatum infectam os frutos em qualquer fase de seu desenvolvimento. Nos frutos recém formados verifica-se a formação de lesões deprimidas de consistência firme, inicialmente marrom-escuras a escuras. Doenças que ocorrem em rizomas e ou raízes Dentre os fungos habitantes do solo, o que tem causado maiores danos é Verticillium dahliae que causa a murcha das plantas. Os sintomas iniciais caracterizam-se pela queima das bordas das folhas infectadas, que com o avanço da doença leva a uma murcha e conseqüente morte da planta. A doença é favorecida por solos alcalinos que muitas vezes é comum em algumas áreas do estado e também pelo curto intervalo de tempo na rotação de culturas que é efetuado nas áreas de produção onde, muitas vezes o cultivo do é realizado 4-8 meses após o cultivo anterior, além de que em muitas áreas se faz a rotação com plantas da família Solanaceae (tomate, pimentão e berinjela).Todas as cultivares atualmente plantadas no Estado são muito suscetíveis a doença. Algu- 43 44 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul mas lavouras apresentavam plantas com murcha onde o fungo associado é Sclerotinia sclerotiorum. Perdas maiores ocorrem em áreas onde o cultivo e feito após plantio de feijão e/ou repolho. Nas plantas atacadas e comum observar a formação de grande número de escleródios de cor escura. A murcha causada por Phytophthora cactorum ocorre de maneira esporádica em algumas lavouras e na maioria das vezes os sintomas são causados por outros fungos. Daí a importância de se fazer o diagnostico correto em laboratório para confirmação do patógeno. O fungo Colletotrichum acutatum tem ocasionado a murcha e morte de plantas seja em campo como em mudas no viveiro. A podridão das raízes, ocorre em muitas áreas de maneira generalizada, mas são vários os fatores responsáveis por estes sintomas, sejam aqueles de origem biótica, ou seja, causado por fungos onde vários deles estão envolvidos. Dentre estes podemos citar os do gênero Rhizoctonia, Verticillium, Phythopthora, Colletotrichum, Fusarium e Pythium. Os sintomas são variáveis em função do fungo associado, ou seja, podemos ter desde um subdesenvolvimento das plantas, a uma clorose e ou bronzeamento das folhas até a murcha total das plantas. Os fatores de origem abiótica, como, mudas velhas, fora do padrão ideal de plantio, solos com excesso de umidade, compactados e mal drenados são também responsáveis por sintomas de podridões de raízes. A ocorrência de temperatura alta após a colocação do plástico de cobertura nos canteiros, muitas vezes ocasionam a podridão das raízes e morte das plantas. A murcha que geralmente ocorre na fase inicial de transplantio das mudas, ou seja, entre os meses de março a maio, na maioria das vezes, é causada pelo fungo Colletotrichum fragariae. O sintoma característico da doença é observado através de um corte longitudinal efetuado no rizoma das plantas doentes as quais apresentam uma coloração marrom- avermelhada de consistência firme (de onde vem o nome comum da doença que é chocolate ou coração vermelho). A podridão do colo causada por Sclerotium rolfsii e observada esporadicamente em algumas lavouras onde os solos são muito compactados. Manejo integrado das doenças Para o controle integrado das doenças do morangueiro no estado, são adotadas diversas táticas de manejo que visam minimizar a incidência e severidade, destacando-se: Resumos do Morango Obtenção de mudas ou matrizes somente com Certificado Fitossanitário de Origem (CFO), uma vez que as mudas foram responsáveis pela introdução de diversos patógenos no Estado, tais como: Phytophthora cactorum, Colletotrichum. acutatum e Xanthomonas fragariae. Fazer uma seleção criteriosa das mudas no viveiro, e cuidado especial com a sua localização, conhecer muito bem o local aonde vai se instalar o viveiro (histórico da área). Efetuar a adubação de plantio e as demais com base na análise química do solo, para evitar o uso em excesso de alguns elementos, principalmente de nitrogênio, que normalmente favorece a maior intensidade das doenças. A adição de matéria orgânica ao solo é benéfica, pois promove uma melhoria nas características físico-químicas e biológicas do solo e contribui para redução na incidência de alguns fungos de solo. Evitar canteiros baixos, solos compactados e muito argilosos que predispõem as plantas a fungos de solo, especialmente a Phytophthora cactorum. Quando possível utilizar irrigação por gotejamento, em caso de irrigação por aspersão irrigar com menor freqüência entre os dias. Utilizar menor número de plantas por lona (2 - 3 fileiras) e plantar no sentido diagonal ao longo do canteiro, ou seja, desencontradas uma das outras entre as fileiras. Estes procedimentos proporcionam maior arejamento e menor incidência de Botrytis cinerea e Sclerotinia sclerotiorum, nos frutos. Efetuar constantemente a retirada das folhas secas, velhas e doentes, bem como dos frutos doentes nos canteiros bem como dos carreadores. Procurar sempre utilizar uma cobertura morta nos carreadores. Esta cobertura é importante, pois além de manter a umidade do solo entre os canteiros por mais tempo minimiza os respingos de solo contaminado com fungos, notadamente Phytophthora cactorum. Fazer rotação de cultura por pelo menos 2 anos, evitando utilizar plantas principalmente da família das Solanáceas. É importante a rotação de culturas com plantas da família das gramíneas (milho, sorgo e ou capim). Evitar quaisquer ferimentos nos frutos no momento da colheita, bem como evitar colher frutos para consumo in natura muito maduros. Efetuar a colheita nos períodos da manha ou à tarde. Retirar imediatamente das lavouras as plantas mortas, murchas, especialmente àquelas 45 46 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul infectadas por Sclerotinia sclerotiorum e Phytophthora cactorum. Com relação ao controle químico, utilizar somente os fungicidas cadastrados no estado e verificando sempre o seu período de carência. Trabalhos de pesquisa realizados no INCAPER mostraram que a calda Viçosa pode ser utilizada para o controle das manchas foliares com eficiência. Produção Extemporânea de Morangueiro em Ensaios Conduzidos em Caldas-MG e São Bento do Sapucaí-SP, Durante o Ciclo 2003/ 2004 Jaime Duarte Filho Silvana Catarina S. Bueno Luis Eduardo Corrêa Antunes Introdução No Brasil, a cultura do morangueiro, sob o ponto de vista econômico e social, tem grande significado para muitas regiões do país, por ser uma atividade rentável e que absorve um elevado contingente de mão-deobra, ao longo de todo o seu ciclo (março-outubro). Entretanto, apesar desta rentabilidade, o morango é um produto de oferta irregular, cuja comercialização na Ceasa-MG (Unidade Grande Belo Horizonte) concentra-se no período de junho a outubro, com o pico máximo de oferta durante o mês de agosto, no caso do sistema de cultivo tradicional (Resende et al., 1999). Em função desta oferta irregular, observa-se que a cotação mais elevada ocorre durante o mês de abril, onde acontecem as primeiras colheitas, declinando a partir daí até setembro, quando se tornam novamente ascendentes. A oferta de morango durante o verão é pequena e, por conseqüência, os preços são elevados. A busca por tecnologia, que proporcione produção durante o verãooutono, tem-se constituído numa das principais metas de pesquisa com o morangueiro. Entre as tecnologias já disponíveis e utilizadas no Brasil, tem-se o emprego de cultivares de dia neutro (´Seascape´, ´Selva´, entre outras) associado com a plasticultura (túnel baixo ou estufa) em 48 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul regiões altas (acima de 1100 metros de altitude), onde as temperaturas noturnas são abaixo de 20oC - ótimas para a diferenciação floral. Este sistema já vem sendo utilizado em algumas regiões do país. Entretanto, estudos são necessários para aperfeiçoar esta tecnologia, objetivando principalmente identificar qual o melhor ambiente, o tipo de material (dia neutro ou curto) que se adapta melhor a esse tipo de sistema de cultivo e quais as cultivares mais recomendadas. Material e Métodos Os experimentos foram realizados em Caldas (21o 55´ S; 46o 23´ W; Alt. 1.150 m), na Fazenda Experimental de Caldas - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e em uma propriedade localizada no bairro Paiol Grande do município de São Bento do Sapucaí-SP (22o 41´ 20" S; 45o 43´ 51" W; Alt. 1.250 m). O delineamento experimental foi de blocos casualizados, em parcelas subdivididas, com cinco repetições. Os ambientes de cultivo (estufa, céu aberto e túnel baixo), nas parcelas e nas subparcelas as cultivares (Campinas, Toyonoka, Seascape, Camarosa, Sweet Charlie e Oso Grande). Estas foram constituídas de 21 plantas, dispostas em três linhas, num espaçamento de 40x30cm, perfazendo uma área de 2,52m2. O plantio foi realizado em 09/09 e 11/09/2003, respectivamente em Caldas-MG e São Bento do Sapucaí-SP. Foram feitos em canteiros de 1,20 m de largura e 0,30 m de altura, separados entre si por cerca de 0,50 m. O espaçamento utilizado foi de 40 X 30 cm. A cobertura dos canteiros (mulching) com filme de polietileno preto foi feita por ocasião do pegamento das mudas, ou seja, quinze dias após o plantio. Parâmetros avaliados: Número de estolhos/planta: realizado a intervalos regulares com a extração e contagem do número/parcela. A partir destes dados foram calculados o número de estolhos/planta/mês; Produção: a cada colheita, em número de três por semana, selecionaram-se os frutos em: comerciais (peso> 6g), não comerciais (peso< 6g) e danificado/parcela, os quais foram contados e pesados. A partir destes dados foram calculados os seguintes parâmetros: número de frutos to- Resumos do Morango tais (comerciais + não comerciais + danificados) por planta (NFT) e a produção comercial por planta, em gramas (PFC). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey (5%). Resultados e Discussão Comparando a produção de estolho, com exceção da cultivar Campinas, verificou-se interação significativa entre os ambientes e os locais de cultivo (Caldas e São Bento), sendo que em Caldas o ambiente não afetou a produção de estolhos, já em São Bento, os ambientes protegidos (estufa e túnel baixo) favoreceram uma maior produção dos mesmos (Tabela 1). Não foi constatada diferenças significativas entre os ambientes de cultivo na produção de estolhos nas cultivares Oso Grande, Toyonoka, Camarosa, Sweet Charlie e Seascape. Já entre os locais de cultivo, a produção foi superior em Caldas (Tabela 2). Tabela 1. Interação entre locais e os diferentes ambiente na produção de estolhos pela cultivar Campinas, durante os anos de 2003/2004. N ú m ero d e esto lh o s/p la n ta L o ca l A m b ie n te C a ld as S ão B e n to M éd ia E stu fa 4 ,4 2 A a 4 ,0 7 A ab 4 ,2 4 a S em P ro teç ã o 4 ,8 0 A a 3 ,1 1 B b 3 ,9 5 a T ú n el B a ixo 3 ,6 6 A a 4 ,4 8 A a 4 ,0 7 a M éd ia 4 ,2 9 A 3 ,8 7 A C .V . Lo c al (% ) 1 2 ,4 4 C .V . A m b ie n te (% ) 1 8 ,3 8 Médias seguidas pelas letras maiúsculas nas linhas e pelas letras minúsculas nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey no nível de 5%. 49 50 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O município de Caldas-MG, apesar de apresentar o mesmo tipo de clima de São Bento do Sapucaí, segundo a classificação de Köppen, possui temperatura média máxima superior às verificadas no município de São Bento, pois se situa numa altitude inferior ao local do município de São Bento, onde foi instalado o experimento (bairro Paiol Grande). A emissão de estolhos pelas cultivares de morangueiro é incrementada pelas altas temperaturas e pelo fotoperíodo longo, logo, a emissão de estolhos é maior em regiões onde as temperaturas são mais elevadas, daí o maior número em Caldas. Tabela 2. Produção de estolhos das cultivares Oso Grande, Toyonoka, Camarosa, Sweet Charlie e Seascape, durante os anos de 2003/2004, em Caldas-Mg e em São Bento do Sapucaí-SP. Oso Grande Estufa 3,76 a Sem Proteção 4,00 a Túnel Baixo 4,41 a C.V. (%) 19,49 Caldas São Bento C.V. (%) 4,81 a 3,30 b 13,23 Número de estolhos/planta Toyonoka Camarosa Ambiente 4,26 a 3,51 a 3,69 a 3,99 a 4,14 a 4,14 a 18,61 19,44 Local 4,49 a 4,80 a 3,57 b 2,97 b 16,43 19,84 Sweet Charlie Seascape 3,26 a 3,88 a 3,97 a 18,97 3,67 a 3,77 a 4,05 a 18,18 3,97 a 3,44 b 10,15 4,79 a 2,87 b 6,48 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey no nível de 5%. Tanto o NFC como a PFC foram afetados, em ambos os locais, pela interação cultivar X ambiente de cultivo (Tabela 3). Através dos resultados, pode-se perceber que a produção total de frutos (NFT) foi superior em São Bento do Sapucaí (tabela 3). Em Caldas, o NFT foi superior nas parcelas das cultivares Sweet Charlie, Seascape, Camarosa e Oso Grande e nos ambientes sem proteção e estufa. Porém, os maiores valores foram observados nas parcelas de ´Seascape´ sob túnel baixo, com uma produção de 15,99 frutos/ planta. Resumos do Morango Já em São Bento, de um modo geral, o NFT foi maior nas parcelas de Seascape (30,6 frutos/planta), sem diferenças significativas em relação aos valores verificados nas parcelas de ´Camarosa´, ´Campinas´, ´Toyonoka´ e ´Oso Grande´. A menor produção de frutos totais foi observada nas parcelas de ´Sweet Charlie´, diferindo daquela observada em Caldas, que pode ter sido devido ao manejo de adubação adotado, haja visto que esse material, durante as avaliações no ciclo normal, tem apresentado desempenho próximo ao da cultivar Dover, referência da região. Em Caldas não foi detectado efeito significativo do ambiente sobre a produção comercial de frutos comerciais, em gramas por planta (Tabela 3). Já entre as cultivares foram observadas diferenças estatísticas, com os melhores resultados sendo observados nas parcelas das cultivares Sweet Charlie e Camarosa, sem diferenças entre ambas. Esses resultados confirmam o ótimo desempenho e adaptação da cultivar Camarosa a esse tipo de sistema. Em São Bento (Tabela 3) a produção foi superior a de Caldas. Tanto o ambiente como as cultivares, e a interação entre ambos os fatores, afetaram a produção comercial de frutos comerciais neste local. Entre os ambientes, os melhores desempenhos foram observados sob o túnel baixo (175,26 g/planta) e, entre as cultivares, de um modo geral, ´Seascape´ (192,46 g/planta) e ´Camarosa´ (192,15 g/planta) foram superiores às demais. O destaque ficou por conta das parcelas de ´Camarosa´ sob túnel baixo, com uma produção média de 393,3g/ planta que, se extrapolarmos para uma produção por hectare, equivaleria a uma produção comercial de 20,4 toneladas, que por sinal é excelente para um período de quatro meses de colheita. 51 35,59 20,51 37,54 18,05 11,76 27,24 25,11 16,76 19,44 Aab Acd Aa Ccd Ad Abc A Estufa 9,87 Abc 11,91 ABab 6,93 Bc 13,29 Aab 13,96 Aa 10,80 Bab 11,13 AB 13,85 14,38 Estufa Sem Proteção 14,94 Bb 5,41 Bc 10,34 Bbc 26,1 Ba 5,92 Abc 34,49 Aa 16,19 B 9,58 Ac 13,65 Aab 12,36 Abc 10,35 Abc 16,83 Aa 10,60 Bbc 12,23 A Sem proteção 8,37 c 11,57 ab 9,95 bc 11,46 ab 13,15 a 12,46 a Média 35,03 5,20 33,93 44,49 12,42 28,44 26,59 Ab Bc Ab Aa Ac Ab A Túnel Baixo 28,52 10,37 27,27 29,52 10,03 30,06 a a a a b a Média Sem proteção Sem Proteção 133,07 ABa 84,87 Bc 85,54 Abc 25,85 Bd 121,68 Babc 58,65 Ccd 94,34 Bbc 142,79 Bb 64,95 ABc 42,79 Bcd 163,07 Aa 204,12 Aa 110,48 B 93,18 B 18,10 23,57 Estufa Média 170,96 Ab 34,53 Bd 198,01 Ab 339,30 Aa 98,57 Ac 210,19 Ab 175,26 A Túnel Baixo 129,70 b 48,64 c 126,11 b 192,15 a 68,77 c 192,46 a Média 27,19 Bd 65,33 b 48,29 Bcd 77,94 b 58,08 Bbcd 67,08 b 99,35 Bab 110,33 a 85,73 Babc 120,58 a 118,03 Aa 85,40 b 72,78 A Túnel baixo Produção Comercial (G) 67,40 Ac 101,39 Ab 86,28 ABbc 99,25 Ab 46,49 Bc 96,66 Abc 140,06 Aa 91,59 Bbc 118,46 Bab 157,54 Aa 82,64 ABbc 55,53 Bc 90,22 A 100,33 A 19,47 29,48 Estufa Caldas - MG São Bento do Sapucaí SP 5,67 Bc 9,16 Bbc 10,57 Ab 10,72 Ab 8,67 Bbc 15,99 Aa 10,13 B Túnel baixo Número de Frutos Totais Médias seguidas pelas letras maiúsculas nas linhas e pelas letras minúsculas nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey no nível de 5%. Campinas Oso Grande Tudla Camarosa Sweet Charlie Seascape Média C.V. Cultivar (%) C.V. Ambiente (%) Cultivar Campinas Oso Grande Tudla Camarosa Sweet Charlie Seascape Média C.V. Cultivar(%) C.V. Ambiente (%) Cultivar Tabela 3. Interação entre cultivares e o ambiente no número de frutos totais (NFT) e na produção comercial (PFC), em gramas/planta, em Caldas-MG e em São Bento do Sapucaí-SP, durante o ano de 2003/ 2004. 52 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Resumos do Morango Conclusões - A produção de estolhos foi favorecida no ambiente protegido; - As cultivares Camarosa e Sweet Charlie e Camarosa e Seascape sob túnel baixo, nas condições de Caldas e São Bento do Sapucaí, respectivamente, apresentaram as melhores produções comerciais. Agradecimentos O presente trabalho foi realizado graças ao apoio do CNPq, processo 465509/2001-3 e do produtor rural Luiz de Oliveira Pinto de São Bento do Sapucaí-SP. Referências Bibliográficas RESENDE, L.M. de A.; MASCARENHAS, M.H.T.; PAIVA, B.M. de. Panorama da produção e comercialização do morango. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.198, p.5-19, maio/junho. 1999. 53 54 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Efeito dos Tratamentos com Ácido Giberélico e Paclobutrazol na Qualidade dos Frutos de Duas Cultivares de Morangueiro Jaime Duarte Filho Luís Eduardo Corrêa Antunes Renata Vieira da Mota Giuliano Elias Pereira Introdução A cultura do morangueiro é uma cultura sazonal, com produção concentrada entre os meses de junho a outubro, e pico no mês de agosto (Resende et al., 1999). Em função desta oferta irregular, a cotação mais elevada ocorre nos meses de abril e maio, quando acontecem as primeiras colheitas. Desta forma, diversos trabalhos vêm sendo desenvolvidos na busca por novas tecnologias que proporcionem boa produção no período de fevereiro a junho. Dentre as técnicas empregadas, o uso de reguladores e inibidores de crescimento surge como alternativa para induzir a precocidade, além de melhorar qualitativa e quantitativamente a frutificação do morangueiro (Duarte Filho et al., 1999). López-Galarza et al. (1989) verificaram notável aumento na produção precoce de morangueiros cv. Douglas com aplicação de ácido giberélico a 40mg.L-1 durante o inverno. Porém, não houve diferença estatística na produção total e tamanho dos frutos entre as plantas tratadas e as testemunhas. Entretanto, Castro et al. (1995) obtiveram aumento no número e peso dos frutos da cultivar Campinas tratado com ácido giberélico a 50mg.L-1 aos 58 e 65 dias após o transplante nas condições de Piracicaba (SP). Inibidores de crescimento como os pertencentes ao grupo dos inibidores da biossíntese da giberelina, [CCC (cloreto de 2-cloroetiltrimetil amônio), paclobutrazol e uniconazole], em geral têm proporcio- 56 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul nado aumento na produtividade do morangueiro (Nishizawa, 1993). O efeito dos fitorreguladores ácido giberélico e paclobutrazol no florescimento e produtividade do morangueiro foi avaliado nas condições do Planalto de Poços de Caldas (MG) em dois cultivares de morangueiro, Oso Grande (dia curto) e Seascape (dia neutro) (Duarte Filho et al., 2004). Segundo os autores, o efeito dos fitorreguladores foi dependente da cultivar. A intensidade do florescimento do cultivar Oso Grande não foi influenciada pelos tratamentos, enquanto a cultivar Seascape apresentou florescimento mais precoce e em percentuais mais elevados. A produção comercial por planta, peso médio dos frutos comerciais e o número de frutos totais apresentaram aumento na cultivar Seascape. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do ácido giberélico e paclobutrazol nas características físico-químicas das frutas das cultivares Oso Grande e Seascape produzidos em Caldas, MG. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental da EPAMIG em Caldas (MG), durante o ano de 1999. O experimento foi instalado no mês de março conforme Duarte Filho et al.(2004). O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições, no esquema fatorial 2x4, onde as variáveis dependentes foram cultivar Oso Grande (dia curto) e cultivar Seascape (dia neutro) e os tratamentos controle (água); GA3 a 40mg.L-1 em duas aplicações via foliar (aos 45 e 65 dias após o transplante); paclobutrazol (produto comercial Cultar 10%) a 100mg.L-1 aos 75 dias após o transplante; GA3 + paclobutrazol (45, 65 e 75 dias após o transplante). Os frutos foram colhidos no mês de julho e encaminhados ao Laboratório de Fisiologia Pós-Colheita de Frutos e Hortaliças da Universidade Federal de Lavras (MG), onde foram avaliados quanto ao teor de sólidos solúveis totais (refratômetro), pH (potenciômetro), solubilidade de pectina, pectinas solúvel e total (McCready e McComb, 1952) com determinação colorimétrica pela reação com Carbazol (Bitter e Muir, Resumos do Morango 1962), vitamina C (extração conforme Strohecker e Henning, 1967 e doseamento segundo Brune, 1966), acidez total titulável (Instituto Adolfo Lutz, 1985) e açúcares totais (Cerning-Beroard, 1975). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Apesar da redução aparente no teor de sólidos solúveis e açúcares totais no cultivar Oso Grande, não houve diferença significativa entre os tratamentos controle e uso de fitorreguladores. Entretanto, o paclobutrazol parece exercer um efeito deletério maior nas características físico químicas dos frutos deste cultivar. No cultivar Seascape, os tratamentos com GA3 e paclobutrazol elevaram o teor de sólidos solúveis e açúcares totais influenciando positivamente na qualidade dos frutos para consumo in natura, mas reduziram a concentração de vitamina C em aproximadamente 15%. O tratamento com o uso combinado dos fitorreguladores anulou o efeito dos mesmos, equiparando-se ao controle (Tabela 1). A textura ou consistência do fruto é função do teor de água e pressão de turgescência das células e da composição da sua parede celular. As pectinas são os principais componentes da lamela média e um dos principais polímeros da parede celular vegetal. A redução no teor de pectina total ou aumento no teor de pectina solúvel reduz a força coesiva que mantém as células da parede celular unidas facilitando o amaciamento dos tecidos, o que reduz a vida de prateleira dos frutos (Awad, 1993). 57 58 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 1. Valores médios de pH, sólidos solúveis totais (SST), acidez titulável total (ATT), teores de açúcares totais (TAT) e vitamina C de frutos do morangueiro, cv. Oso Grande e Seascape, em função da aplicação de fitorreguladores GA3 e Paclobutrazol. Caldas, EPAMIG, 1999. Tratamento T1 - Controle T2 - GA3 T3 - Paclobutrazol T4 - GA3 + Paclobutrazol F (tratamento) C.V. (%) T1 - Controle T2 - GA3 T3 - Paclobutrazol T4 - GA3 + Paclobutrazol F (Tratamento) C.V. (%) pH SST (0Brix) ATT (% de ácido cítrico) TAT (%) ´Oso Grande´ 3,53 8,01 1,04 6,06 3,63 7,69 1,01 5,37 3,50 7,15 1,05 4,55 3,53 6,93 0,99 4,78 0,95 ns 0,57 ns 0,23 ns 2,55 ns 3,36 17,65 10,62 16,33 ´Seascape´ 3,34 6,07 1,12 5,24 b 3,35 7,15 1,15 6,57 a 3,37 7,04 1,09 6,10 ab 3,36 6,93 1,12 5,64 ab 0,17 ns 1,51 ns 0,17 ns 4,39* 2,07 ns 11,83 ns 9,81 ns 9,31 Vit. C (mg Vit. C/100g de polpa) 103,52 106,29 87,22 93,62 3,21 ns 10,09 84,25 a 73,57 ab 70,56 b 81,80 ab 5,13* 7,43 As médias seguidas de mesma letra na coluna, para cada cultivar, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. EPAMIG, Caldas-MG, 1999. Os resultados obtidos não indicaram efeito significativo dos tratamentos com fitorreguladores nos teores de pectina total, solúvel ou solubilidade da pectina nos cultivares avaliadas. Na cultivar Oso Grande o tratamento com GA3 reduziu o teor de pectina total em relação às plantas tratadas com paclobutrazol, porém este efeito não foi significativo em relação ao tratamento controle. Conclusões Os resultados evidenciam a influência do cultivar na resposta à aplicação dos fitorreguladores GA3 e paclobutrazol. Os fitorreguladores não influenciaram de forma significativa o teor de pectinas ou a sua solubilidade, o pH, teor de sólidos solúveis ou acidez total titulável nos cultivares analisadas. Resumos do Morango Referências Bibliográficas AWAD, M. Fisiologia pós-colheita de frutos. São Paulo: Nobel, 1993, cap.7, p.93-101. BITTER, V.; MUIR, H.M. A modific uronic acid carbozole reaction. Analisy Biochemistry. New York, v.4, p.330-334, 1962. BRUNE, W. Sobre o teor de vitamina C em mirtáceas. Ceres. Viçosa, v.13, n.14, p.123-133, 1966. CASTRO, P.R.C.; COLLETTI JUNIOR, R.; MINAMI, K.; DEMÉTRIO, C.G.B.; PIEDADE, S.M.S. Frutificação do morangueiro cultivar Campinas sob efeito de reguladores vegetais. Revista de Agricultura, Piracicaba, v.70, p.277-289, 1995. CERNING-BEROARD, J. A note on determination by the anthrone method. Cereal Chem., v.52, p.857-860, 1975. DUARTE FILHO, J.; CUNHA, R.J.P.; ALVARENGA, D.A.; PEREIRA, G.E.; ANTUNES, L.E.C. Aspectos do florescimento e técnicas empregadas objetivando a produção precoce em morangueiro. Informe Agropecuário, v.20, n.198, p.30-35, 1999. DUARTE FILHO, J.; ANTUNES, L.E.C.; PÁDUA, J.G. GA3 e Paclobutrazol no florescimento e na produção de frutos em duas cultivares de morangueiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.201-204, 2004. INSTITUTO ADOLFO LUTZ (São Paulo). Normas analíticas, métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3a ed. São Paulo, v.1, 1985. 533p. LÓPEZ-GALARZA, S.; PASCUAL, B.; ALAGARDA, J.; MAROTO, J.V. The influence of winter gibberellic acid applications on earliness, productivity and other parameters of quality in strawberry cultivation (Fragaria x ananassa Duch.) on the spanish mediterranean coast. Acta Horticulturae, n.265, p.217-222, 1989. 59 60 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul McCREADY, P.M.; McCOMBY, E.A. Extraction and determination of total pectic materials. Analytical Chemistry, Washington, v.24, n.12, p.1586-1588. 1952. NISHIZAWA, T. The effect of paclobutrazol on growth and yield during first year greenhouse strawberry production. Acta Horticulturae, n.329, p. 51-53, 1993. ÖZGÜVEN, A.I.; YILMAZ, C. The effect of gibberellic acid treatments on the yield and fruit quality of strawberry (Fragaria x ananassa) cv. Camarosa. Acta Horticulturae, v.1, n.567, p.277-280, 2002. RESENDE, L.M. de A.; MASCARENHAS, M.H.T.; PAIVA, B.M. de. Panorama da produção e comercialização do morango. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.198, p.5-19, 1999. STROHECKER, R.L.; HENNING, H.M. Analisis de vitaminas: metodos comprobados. Madri: Paz Montalvo, 1967, 428p. Produção Integrada do Morangueiro no Estado do Espírito Santo Hélcio Costa José Mauro de Sousa Balbino César Pereira Teixeira Mauricio José Fornazier Luiz Carlos Prezotti Lúcio Lívio Fróes de Castro Rosana Maria Altoé Borel José Aires Ventura David dos Santos Martins Resumo No estado do Espírito Santo, o crescimento da área plantada com a cultura do morangueiro vem se expandindo, atingindo atualmente 180ha. Este crescimento, juntamente com os plantios sucessivos na mesma área utilizando cultivares não resistentes, têm influenciado no aumento da incidência de pragas e doenças. A doença de maior expressão para a cultura é a antracnose/flor preta (Colletotrichum acutatum), sendo o ácaro rajado (Tetranychus urticae) a principal praga. Aliada aos fatores anteriores, as perdas no período pós-colheita, também são significativas, devido à característica de alta perecibilidade do fruto aliado às condições de manejo pós-colheita. Neste contexto, modificações no sistema de produção, como a introdução de genótipos de morangueiro que apresentem resistência a pragas e doenças, elasticidade de período produtivo e maior conservação pós-colheita, juntamente com técnicas de manejo de irrigação e nutrição e de controle de pragas e doenças, poderão viabilizar a melhor exploração do potencial socioeconômico da cultura. Considerando que a tendência dos mercados internacional e nacional de frutos é pela demanda de produtos com padrão de qualidade e que o atendimento desse pré-requisito será prioritário para a valorização e manutenção do produto no mercado, torna-se necessária a 62 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul evolução tecnológica em todas as fases da cadeia produtiva. Neste contexto, a definição de um sistema de Produção Integrada em Morango (PI-Mor.) no Estado do Espírito Santo, viável técnica e economicamente, significa no plano tecnológico equiparar o produto do Estado ao dos países com agricultura mais desenvolvida; no plano mercadológico, permitir que esses frutos possam competir, tanto no mercado interno quanto no externo; e no plano estratégico poder oferecer produtos diferenciado, capaz de conceder aos agricultores melhor remuneração e garantia da sustentabilidade da cultura na região. Assim, o projeto da PI-Mor tem por objetivo a caracterização e validação de um conjunto tecnológico alternativo e a formulação das normas técnicas que constituirão um sistema de PI-Mor a ser desenvolvido em áreas de produção comerciais da região serrana do Estado do Espírito Santo. Situação da cultura do morangueiro no estado do Espírito Santo Desde a introdução comercial da cultura do morangueiro no Espírito Santo, na região de Pedra Azul, município de Domingos Martins, no início da década de sessenta, até a metade da década de noventa a sua expansão foi bastante limitada chegando nesse período a pouco mais de 30 ha de área plantada. No entanto, com a necessidade de substituição da cultura do alho, que se tornou inviável economicamente dado à abertura de mercado e importação de alho principalmente da China aliado a instalação de agroindústrias e de uma distribuidora de frutos de morangueiro nessa região, houve um significativo aumento da área de plantio que chegou na última safra a aproximadamente 180 hectares. Todavia, este crescimento da área, juntamente com os plantios sucessivos sem a adequada rotação com outras culturas, utilizando cultivares suscetíveis, têm ocasionado o aumento da incidência de pragas e doenças e conseqüentemente intensificando o uso de agrotóxicos, principal preocupação dos diferentes agentes envolvidos com esse agronegócio. A instalação das indústrias viabilizou mais um mercado para o morango, garantindo um destino inclusive para o excedente da produção, bem como de parte da produção de final de safra, de difícil conservação pós-colheita para o consumo in natura, em função das altas temperaturas nesta fase do ciclo. Por outro lado, a instalação destas indústri- Resumos do Morango as aumentou o nível de exigência pelo padrão de qualidade da matéria prima demandando dos agricultores maior profissionalismo e mudanças de postura. O padrão de qualidade dos produtos destas indústrias vêm permitindo ofertar polpa de morango para importantes empresas nacionais e multinacionais, grandes demandadoras deste produto para inclusão em produtos lácteos. A importância do morango na pauta de produtos para as agroindústrias do Estado vem levando esse setor a constantes esforços junto ao segmento produtivo, visando ampliar os atuais mercados e possibilitar novos mercados, o que se espera, seja possível com a inclusão da produção integrada do morango. Além das indústrias o mercado consumidor de frutos in natura também tem pressionado para a produção de frutos de qualidade com garantia de segurança alimentar. Especificamente para o mercado do Espírito Santo, o setor do agroturismo, com o projeto Turismo Rural Sustentável, também vem demandando dentro da proposta de diversificação a cultura do morango, exigindo padrão de qualidade que atenda a esta fatia de consumidor e agregue valor aos produtos processados e in natura oriunda da propriedade familiar. Estas transformações, no entanto, vêm exigindo difusão de ações tecnológicas e não-tecnológicas, visando atender a solicitação da agroindústria e dos diferentes segmentos para consumo in natura. O plantio definitivo do morangueiro é realizado a partir da segunda quinzena de março até a primeira quinzena de abril em canteiros de 0,7 a 1,2 m de largura, previamente adubados com base na análise de solo. Atualmente, o espaçamento varia de 0,30 x 0,30 m a 0,40 x 0,30 m entre plantas com quatro, três ou duas linhas por canteiro, em função das cultivares e da disponibilidade de investimento (gotejamento e micro túneis). A maioria dos agricultores fazem o cultivo a céu aberto e uma pequena parte o cultivo protegido (micro túneis). No Espírito Santo, a cultura do morango apresenta como principais problemas fitossanitários, as doenças, destacando-se a antracnose/flor preta (Colletotrichum acutatum), a mancha de micosferela (Mycosphaerella fragariae), a murcha de verticillium (Verticillium dahliae), e a podridões de frutos causadas por Botrytis cinerea, Colletotrichum sp., Rhizopus sp, Phytophthora cactorum e Sclerotinia 63 64 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul sclerotiorum, e como praga principal destaca-se o ácaro rajado (Tetranychus urticae). O Projeto da Produção Integrada do morango (PI-Mor) lançado oficialmente em outubro de 2003 pela Secretaria da Agricultura Abastecimento, Aquicultura e Pesca (SEAG), tem a finalidade de contribuir para a sustentabilidade da cultura no Estado. Essa proposta tem vários parceiros envolvidos - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - INCAPER, Instituto de Defesa Agropecuaria e Florestal- IDAF, Associação de Produtores Rurais de Venda Nova do Imigrante - PRONOVA, Associação de Produtores de Pedra Azul - APPA e Associação de Moradores do Forno Grande. Para a realização do projeto as áreas de PI-Mor serão monitoradas em relação as principais práticas de manejo da planta e solo, fitossanidade, economicidade, monitoramento ambiental, qualidade dos frutos e póscolheita. O Projeto da PI-Mor tem com objetivos gerais: caracterizar o conjunto tecnológico e criar as normas técnicas que constituirão o Sistema de Produção Integrada do Morangueiro em consenso com os produtores de morango e técnicos especializados nessa cultura;e, de avaliar a viabilidade técnica e econômica de um sistema de Produção Integrada de Morangueiro comparativamente ao Sistema Tradicional de cultivo. Para atender a esses objetivos foram propostas as metas que se seguem sendo que algumas já foram implementadas e outras encontram com as ações em desenvolvimento, conforme explicitado: > Criar, nos dois primeiros meses, o Comitê Gestor Voluntário de Manejo da Produção Integrada de Morango - um grupo técnico interdisciplinar e multiinstitucional, com a participação do segmento produtivo. Instalado. > Definir e estabelecer, nos primeiros seis meses, um conjunto de normas e padrões para a Produção Integrada de Morango respeitando as peculiaridades da região produtora.- Em fase de execução nesta safra. Resumos do Morango Elaborar, nos primeiros seis meses, a caderneta de campo para a cultura do morango. Em fase de execução nesta safra. > Consolidar, no primeiro ano, um diagnóstico para caracterização ambiental e sócio-econômica da região produtora de morango do Estado. Em fase de execução nesta safra na região. > Implementar, no primeiro ano, a Produção Integrada de Morango, em áreas comerciais, com acompanhamento de manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, manejo e fertilização do solo, da planta e pós-colheita dos frutos (qualidade). Em fase de execução nesta safra em algumas propriedades. > Capacitar, nos seis primeiros meses, 40 técnicos do setor pública e privada para atuar como multiplicadores da Produção Integrada de Morango. Este treinamento foi efetuado em março de 2004, onde se distribuiu para os participantes um manual sobre a Cultura do Morangueiro, contendo as tecnologias para produção, colheita e pós-colheita. Este manual foi também entregue a todos os agricultores que cultivam morango no Estado, pois contem informações sobre os produtos registrados para a cultura, com sua respectiva carência e limite máximo de resíduos permitidos para cada produto. > Treinar no mínimo 150 produtores/trabalhadores, durante os três anos de implantação do projeto PI-Mor. > Diminuir em 100% ao término da implantação do projeto, o uso de pesticidas de maior risco ambiental (classe toxicológica I) nas lavouras de morango no sistema de Produção Integrada. Em fase de execução nesta safra em algumas lavouras. > Obter, no sistema de Produção Integrada, produtividade constante de frutos com qualidade igual ou superior ao obtido no sistema tradicional, e que mantenham essa qualidade por um período igual ou superior ao do sistema tradicional. Em fase de execução nesta safra. > Obter no sistema de Produção Integrada, após o terceiro ano de implantação do projeto, rentabilidade igual ou superior ao do sistema tradicional. 65 66 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul > Instalar, no primeiro ano, duas estações climatológicas automatizadas na região produtora de morango do Estado. > Organizar, no segundo ano, um Simpósio sobre "Produção Integrada de morango". > Definir ao término do terceiro ano, os limites aceitáveis para resíduos de pesticidas que podem ser encontrados nos morango do sistema de Produção Integrada. Nesta safra a coleta de frutos para analise de resíduos estão sendo efetuadas em algumas lavouras pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal- IDAF. El Cultivo de Frutilla Dentro del Programa de Producción Integrada Horticola del Uruguay Daniel Martínez La Organización Internacional para la Lucha Biológica e Integrada (OILB) define a la Producción Integrada como: "la producción de frutas u hortalizas de alta calidad, dando prioridad a métodos ecológicamente más seguros, minimizando el uso de agroquímicos y sus efectos colaterales no deseados, poniendo el énfasis en la protección del medio ambiente y la salud humana". 1) Programa de Producción Integrada en el Uruguay En 1997 se inició en Uruguay el Programa Piloto, hoy consolidado como Programa de Producción Integrada de Frutas y Hortalizas bajo la coordinación de JUNAGRA (Junta Nacional de la Granja), INIA (Instituto Nacional de Investigación de Investigación Agropecuaria) y Facultad de Agronomía, participando además delegados de los productores. 2) Componentes del Programa de Producción Integrada (PPI) en el Uruguay El programa esta dirigido por el Comité Ejecutivo, integrado por las autoridades de las tres instituciones participantes y delegados de los productores hortícolas y frutícolas. Luego el funcionamiento general del programa se organiza a través de Comités Técnicos (Hortícola y Frutícola), con representantes de las instituciones y delegados de los productores. Algunas de sus funciones son: ⇒ Elaboración y aprobación de Directivas y Normas de Producción ⇒ Elaboración de los cuadernos de campo y de empaque para cada rubro. 68 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul ⇒ Revisión y actualización constante de las Directivas y Normas, así como de los cuadernos. ⇒ Organización y ejecución de actividades de capacitación dirigidas a productores del Programa y eventualmente técnicos. ⇒ Selección de los productores interesados en ingresar al programa. 3) Asociación de productores En el año 2000 se formó la Asociación de Horticultores de Producción Integrada (AHPI) y desde el 2003, la Asociación cuenta con un Secretario Técnico de JUNAGRA. Esta asociación va asumiendo paulatinamente tareas administrativas y técnicas. 4) Monitoreo La evolución de las plagas y enfermedades en los predios del Programa, es seguida, por monitoreadores reconocidos por el mismo. Así se asegura que los tratamientos químicos aplicados sean los realmente necesarios. Es ésta una de las principales herramientas del programa en lo que se refiere al proceso productivo. 5) Certificación En el 2000-2001, se realizó la primera certificación del PPI Hortícola (piloto) a través de la certificadora argentina IRAM-ArgenINTA. Desde el 2001-2002, la certificación se encuentra a cargo de la empresa uruguaya LATU Sistemas. En el año 2003 se incorpora la figura de la "Secretaría Técnica" responsable de controlar el cumplimiento de la normativa por parte de los productores. 6) Directivas generales para la producción hortícola Las Directivas Generales fijan entre otros; criterios de protección de la mano de obra, manejo fitosanitario y de los agroquímicos, dosificación, calibración de la maquinaria, control de malezas y la calidad y tipo de agua, lugares específicos bien identificados para el almacenamiento de agroquímicos, cerramiento, etiquetado de los envases y su disposición. La maquinaria de aplicación debe conservarse en óptimas condiciones de higiene y calibrarse al menos una vez al año, por personas idóneas. Resumos do Morango En nuestro País no existe todavía un sistema definido para la eliminación de envases vacíos de agroquímicos y el PPI busca disminuir el impacto negativo que puedan significar; prohibiendo su reutilización. El manejo sanitario es muy importante en el PPI. Se priorizan los métodos biológicos, genéticos (variedades resistentes), manejos culturales y los momentos críticos de monitoreo, definidos para cada plaga y enfermedad en los cultivos. Se autorizan sólo determinados principios activos para las intervenciones químicas. Su aplicación debe estar basada en los resultados del monitoreo y debidamente justificada por el técnico asesor. Recomendándose su uso en función de umbrales de intervención definidos, las condiciones ambientales y las estrategias de control planteadas. Las aplicaciones calendario están completamente prohibidas en la PI. Se recomienda el uso de métodos mecánicos de control de malezas previos al cultivo, pero en caso de ser necesarios los métodos químicos, solo se permite el uso de herbicidas autorizados. La calidad del agua para riego debe respetar los parámetros de calidad química y microbiológica, definidos en la Directiva. En caso de no alcanzarse, se deberá mejorar su calidad 7) Proceso de inserción del cultivo de frutilla en el PPI hortícola En 1998 la Ag. San José Sur de JUNAGRA, realiza una experiencia piloto de manejo integrado en el cultivo de frutilla reduciendo sensiblemente el uso de los agroquímicos utilizados en ese momento. Al año 1999-2000 se realiza una prueba de Validación Tecnológica con cuaderno de campo y umbrales de intervención química, convirtiéndose en las herramientas fundamentales para el cumplimiento de las normas predeterminadas. En el año 2001 se conforma un grupo de trabajo encargado de elaborar las Normas para el cultivo de Frutilla basados en la experiencia anterior. En el mismo año se realiza una Experiencia Piloto en el marco del Programa de PI. En al año 2002 se alcanza la primera certificación del rubro con más del 50% de los productores participantes alcanzando la misma, y en el 2003 se llega al 100% de los productores registrados. En la actualidad se realizan los mayores esfuerzos para posicionar mejor comercialmente el producto certificado. 69 70 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 8) Normas de PI de frutilla A los efectos de la certificación, contienen aspectos obligatorios, clasificados en No Conformidades Mayores y No Conformidades Menores, cuyo cumplimiento es exigido en un 100 y 70 % respectivamente. Los demás aspectos incluidos se consideran recomendables, pudiendo transformarse luego en obligatorios. Si bien su cumplimiento no es exigido, su aplicación mejora sustancialmente el manejo general del predio, como por ejemplo la no permanencia de los cultivos más de dos años desde la plantación. Dentro de las cultivares recomendados, se encuentran: "Camarosa", "INIA Arazá", "Selva", "Seascape" y "Aromas". Si el plantín es producido en el propio establecimiento deberá contar con análisis sanitario para hongos de corona y nematodos (Meloidogyne y Ditylenchus). Sí no es así, deberá contar con el comprobante del proveedor, conteniendo la correspondiente identificación del vivero, del cultivar y el análisis sanitario. No se podrá plantar aquel lote cuyo análisis revele la presencia de nematodos y cortarse las hojas atacadas por bacteriosis y oidio. El sistema de plantación permitido es de tresbolillo, con una distancia de plantación dependiente de la variedad y del tipo de cultivo (si es protegido o a campo). 9) Manejo del suelo, riego y fertilización Para la instalación del cultivo, el suelo deberá tener un horizonte A mayor a 20 cm, debiéndose realizar análisis de suelo estándar y corrigiendo el pH cuando éste sea mayor a 7. Definiéndose varias características recomendables para la elección del suelo, como por ejemplo pendiente menor al 1%, profundidad útil mayor a 40 cm y un pH entre 6 y 6,5. Para la preparación del suelo se recomienda ellaboreo vertical y canteros de más de 30 cm de altura. Deben efectuarse análisis de suelo estándar previo a la fertilización de base. Se establecen valores máximos en Unidades/Ha permitidos de 130 de N, 100 de P y 160 de K., y también para las enmiendas orgánicas, según el tipo de las mismas. No se permite plantar dos cultivos consecutivos de frutilla sobre el mismo cuadro, excepto en Resumos do Morango cuadros nuevos. También se detallan rotaciones y abonos verdes a incluir en la planificación del predio. Se deberá contar con algún tipo de cobertura de suelo ya sea de polietileno u orgánico. El sistema de riego será por goteo, debiendo analizarse cada dos años el agua a utilizar. En caso de aplicar fertirriego, se deberá contar con mecanismos de seguridad que eviten la contaminación de las fuentes de agua. 10) Manejo sanitario Para el manejo de plagas y enfermedades se aplican medidas culturales y químicas. Para la intervención química, se definen principios activos autorizados para el control de cada plaga y enfermedad. Las Directivas Generales Hortícolas, establecen que la decisión de utilizar un producto químico debe encontrarse justificada por los resultados del monitoreo y en los umbrales de intervención definidos, considerando la estrategia de control planteada. Referências Bibliográficas Comité Técnico Hortícola. "Directivas Generales Hortícolas (2003)". Martínez, Daniel.; Mauri, P. "El Manejo Integrado del Cultivo de Frutilla como primer paso hacia la Producción Integrada" (Cultivares de día corto). 2000. Martínez, Daniel, Giménez, G, Casanello, María E., Paullier J. "Normas de Producción Integrada de Frutilla". Redacción 2001. Martínez, Daniel., Giménez G., González, P., Leoni C., Paullier J. "Normas de Producción Integrada". Actualización 2003. Carrega E.; Telis, V. "El Programa de Producción Integrada en el Uruguay". 71 72 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Desempenho Agronômico de Quatro Cultivares Francesas de Morangueiro, em Dois Tipos de Ambiente Jaime Duarte Filho Luís Eduardo Corrêa Antunes Introdução A década de 60 é considerada como um marco para a cultura do morangueiro devido à introdução de novas tecnologias, como o lançamento da cultivar IAC Campinas, obtida pelo Instituto Agronômico de Campinas a partir de hibridações realizadas em 1955 entre ´Donner I-2183´ e ´Tahoe i-2185´, introduzidas dos EUA no ano anterior, que impulsionaram o cultivo desta fruta no Brasil. ´Campinas´ é rústica, com produtividade muito boa e maturação precoce e produtora de frutos de boa qualidade. Entretanto, apresenta uma alta sensibilidade às principais doenças que atacam o morangueiro e uma baixa conservação pós-colheita, o que motivou a sua substituição pela cultivar Dover. Essa apresenta uma maior resistência ao transporte e uma maior tolerância a algumas doenças, como a "florpreta", o que contribuiu para expansão da cultura, nas diversas regiões produtoras de morango. Porém, em função das características organolépticas dos frutos, esta cultivar vinha prejudicando o mercado, o que levou os produtores, viveiristas e pesquisadores a introduzirem novos materiais com vista a substituição desta cultivar. Atualmente, além da ´Dover´ e da ´IAC Campinas´ cultiva-se ´Oso Grande´, ´Camarosa´ e ´Aromas´ (atualmente em maior escala), ´Toyonoka´, ´Tudla Nilsei´, ´Chandler´, ´Sweet Charlie´, ´Seascape´, foram introduzidas sem passarem por uma avaliação prévia da sua adaptação às diferentes regiões produtoras. 74 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul A escolha das cultivares a serem utilizadas na exploração da cultura do morangueiro é um dos pontos chaves para se obter o sucesso esperado, pois as suas características quando submetidas às condições ecológicas da área e região, somadas ao manejo adotado, é que determinarão a produtividade e a qualidade do produto final e até mesmo influenciarão na comercialização, devido à preferência de alguns mercados por frutas com determinadas características. Objetivou-se com esse trabalho avaliar o desempenho produtivo de quatro novas cultivares, de origem francesa, em dois sistemas de cultivo, nas condições do planalto de Poços de Caldas-MG. Material e Métodos O experimento foi realizado em Caldas (21o 55´ S; 46o 23´ W; Alt. 1.150 m), na Fazenda Experimental de Caldas - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG). O delineamento experimental foi de blocos casualizados, em parcelas subdivididas, com cinco repetições. Os ambientes de cultivo (céu aberto e túnel baixo), nas parcelas, enquanto que as cultivares (Campinas, Cigaline, Cireine, Cilady e Cigoulette) nas subparcelas. Estas foram constituídas de 21 plantas, dispostas em três linhas, num espaçamento de 40X30cm, perfazendo uma área de 2,52m2. As mudas foram produzidas a céu aberto, a partir da multiplicação de matrizes oriundas de cultura de tecidos vegetais. O plantio foi realizado em 29/03/2000 em canteiros de 1,20 m de largura e 0,30 m de altura, separados entre si por cerca de 0,50 m, num espaçamento de 40 X 30 cm. A cobertura dos canteiros (mulching) com filme de polietileno preto e a instalação dos túneis, foram feitas por ocasião do pegamento das mudas, ou seja, quinze dias após o plantio. Resumos do Morango Parâmetros avaliados: Florescimento: realizado a intervalos regulares com a contagem do número plantas em florescimento/parcela. A partir destes dados foi calculada a percentagem de florescimento/parcela, ao longo do período; Produção: a cada colheita, em número de três por semana, classificaram-se, em cada parcela, os frutos comerciais (peso> 6g), não comerciais (peso< 6g) e danificados, os quais foram contados e pesados. A partir destes dados foram calculados os seguintes parâmetros: número de frutos totais (comerciais + não comerciais + danificados) por planta (NFT), produção comercial por planta, em gramas (PFC) e a percentagem de frutos comerciais (%FC), não comerciais (%FNC) e danificados (%FD). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey (5%). Resultados e Discussão O cultivo protegido (túnel baixo) favoreceu a precocidade das diferentes cultivares. As cultivares Campinas e Cigaline mostraram-se as mais precoces, o que está de acordo com as descrições de Markocic & Roudeillac (2002). Da mesma forma, Cigoulette, em ambos os ambientes, foi a mais tardia, o que também está de acordo com as descrições dos mesmos autores (Figura 1). A maior produção de frutos foi observada nas parcelas de ´Campinas´, independente do ambiente de cultivo, com uma média de 83,42 frutos/parcela. Entretanto, apesar dessa maior produção de frutos totais, a produção comercial nesta cultivar ficou abaixo da verificada nas parcelas de Cilady (com uma média de 364,97g/planta), devido, principalmente, ao número de frutos danificados (Tabela 2) e ao peso médio dos seus frutos (dados não apresentados), uma vez que na %FNC, não foram observadas diferenças estatísticas entre ambas as cultivares (Tabelas 1 e 2). Essa menor percentagem de frutos danificados verificados nas parcelas de ´Cilady´, deve-se a sua maior resistência a Antracnose (Colletotrichum acutatum) e Botrytis, segundo descrição de Markocic & Roudeillac (2002), que são as principais doenças que ocorrem nos frutos do morangueiro. O túnel baixo proporcionou maior proteção aos frutos das diferentes cultivares diminuindo com isso, a ocorrência de frutos danificados 75 76 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul (Tabela 2), devido ao efeito guarda-chuva que reduz a umidade do ar próximo à parte aérea. Por conseqüência, a frutificação foi aumentada, assim como a produção comercial. Apesar de não terem tido um desempenho superior à testemunha (´Campinas´), no que diz respeito à frutificação (NFT), com exceção da ´Cilady´ que apresentou maior produção comercial, as cultivares francesas se destacaram pela qualidade dos seus frutos (aroma, sabor e firmeza) e pela maior resistência às doenças, quando comparada a Campinas. O desempenho verificado entre as cultivares francesas, com respeito à frutificação, apesar da grande exigência de horas de frio (varia de 800 a 1000 horas), abre inúmeras possibilidades com relação à utilização das diversas cultivares produzidas pelas diferentes instituições de pesquisas e viveiristas dos principais países produtores, como a Espanha, França e Itália. Conclusões As cultivares francesas, principalmente ´Cilady´, apresentaram um ótimo desempenho, podendo ser utilizadas no futuro, nas diferentes regiões produtoras de morango, após melhores estudos, principalmente, quanto à adaptação destas a outras condições ecológicas. O túnel baixo proporciona melhores condições ao bom desenvolvimento do morangueiro. Referências Bibliográficas MARKOCIC, M.; ROUDEILLAC, P. Progress in strawberry breeding at CIREF - France - for fruit flavour na d disease resistance. Acta Hoticulturae, Netherlands, n.567, v.1, p.161-164, 2002. PASSOS, F.A. Melhoramento do morangueiro no Instituto Agronômico de campinas In: DUARTE FILHO, J.; CANÇADO, G.M.A.; REGINA, M.A.; ANTUNES, L.E.C.; FADINI, M.A.M. Morango: Tecnologia de produção e processamento, Caldas: EPAMIG, 1999. p.259-264. Resumos do Morango Tabela 1. Produção comercial de frutos, em g/planta, número de frutos totais (NFT) e percentagem de frutos comerciais (%FC) e danificados (%FD) das diferentes cultivares em dois ambientes: sem proteção (SP) e túnel baixo (TB). Cultivares Campinas Cigaline Cireine Cilady Cigoulette Média2 C.V. (%) Cultivar C.V. (%) Ambiente Cultivares Campinas Cigaline Cireine Cilady Cigoulette Média2 C.V. (%) Cultivar C.V. (%) Ambiente Cultivares Campinas Cigaline Cireine Cilady Cigoulette Média2 C.V. (%) Cultivar C.V. (%) Ambiente Cultivares Campinas Cigaline Cireine Cilady Cigoulette Média2 C.V. (%) Cultivar C.V. (%) Ambiente Produção comercial de frutos (g) Sem Proteção Túnel Baixo 235,48 Bb 433,26 Aa 82,24 Bc 270,56 Ab 169,82 Bb 279,23 Ab 315,40 Ba 414,54 Aa 226,30 Bb 329,88 Ab 205,85 B 345,49 A 11,12 12,13 Número de Frutos Totais (Nft) Sem Proteção Túnel Baixo 65,33 Ba 101,51 Aa 24,33 Bc 55,47 Abc 30,00 Bc 46,16 Ac 43,33 Bb 65,19 A b 34,00 Bbc 50,72 Ac 39,40 B 63,81 A 10,00 9,19 Porcentagem de frutos comerciais (%fc) Sem Proteção Túnel Baixo 34,90 Ab 40,69 Ab 33,47 Bb 47,45 Aab 46,97 Aa 50,87 Aa 53,17 Aa 49,46 Aa 50,23 Aa 51,69 Aa 43,75 A 48,03 A 7,30 13,38 Porcentagem de frutos danificados (%Fd) Sem Proteção Túnel Baixo 23,45 Aa 18,26 Aa 26,03 Aa 7,01 Ba 22,27 Aa 15,09 Aa 14,47 Aa 11,17 Aa 12,73 Aa 18,39 Aa 19,79 A 13,98 B 32,08 32,26 Média1 334,37 176,40 224,52 364,97 278,09 b c b a b Média1 83,42 a 39,90 c 38,08 c 54,26 b 42,36 c Média1 37,80 b 40,46 b 48,92 a 51,31 a 50,96 a Média1 20,86 a 16,52 a 18,68 a 12,82 a 15,56 a Médias seguidas pelas letras maiúsculas nas linhas e pelas letras minúsculas nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey no nível de 5%. 1 Médias de cada cultivar nos dois ambientes. 2 Médias dos ambientes. 77 78 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 2. Porcentagem de frutos não comerciais (%FNC) das diferentes cultivares em dois ambientes (sem proteção e túnel baixo). Porcentagem de frutos não comerciais (%FNC) Cultivares Campinas 41,33 ab Cigaline 43,05 a Cireine 32,40 b Cilady 35,87 ab Cigoulette 33,98 ab Ambiente Sem Proteção 36,66 a Túnel Baixo 37,99 a C.V. (%) Cultivares 13,85 C.V. (%) Ambiente 8,74 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5%. 100 75 % Flores50 cimento 25 Cultivo Protegido 0 55 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 Dias após plantio 100 % Florescimen -to 75 50 25 Sem Proteção 0 55 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 Dias após plantio Campinas Cigaline Cilady Cigoulette Cireine Figura 1. Florescimento das diferentes cultivares no ambiente externo (sem proteção) e sob túnel baixo (Cultivo protegido). Analisis Comparativo de Dos Formas de Produccion de Frutillas para la Region Sur del Dpto. de San Jose - Uruguay Alberto Cotro Fernando Martínez Daniel Martinez Miguel Scalone 1) Introducción El presente trabajo pretende, para predios de unas 10 Has ubicados en la Zona Sur del Dpto. de San José, Uruguay, analizar dos modelos de producción de frutilla, a campo, en rotación con otros cultivos hortícolas. Los cultivares de frutillas que se emplearon en ambos modelos son diferentes: en un caso (A) tuvo en cuenta el cv. Camarosa (de día corto) y en el otro (B), el cv. Aromas (de día neutro). En ambos casos, se trata de productores familiares que son propietarios, viven en el predio y la elección de una u otra alternativa responde a distintos enfoques empresariales, ya que ambos modelos presentan una duración del ciclo productivo diferente, con variaciones en la cantidad y distribución temporal de la mano de obra y en consecuencia, también en los costos e ingresos resultantes. La frutilla es para estos predios, el principal cultivo de la rotación desde el punto de vista económico, ocupando más del 60 % del total de la mano de obra utilizada en el predio. 80 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Los productores de la zona han adquirido una adecuada destreza en el manejo del cultivo que les ha permitido obtener fruta de muy buena calidad que es destinada en su mayoría al consumo interno en fresco. La información aplicada a la elaboración de ambos modelos fue en su gran mayoría obtenida directamente en la zona y pretende reflejar de la mejor manera posible la realidad de sus predios. Los modelos desarrollados hacen hincapié fundamentalmente en las diferencias que se presentan en las dos formas de encarar la producción de frutillas, permaneciendo incambiados los otros aspectos referentes a los demás cultivos de la rotación. 2) Los Modelos El Modelo A, que utiliza el cv. Camarosa se caracteriza por iniciar los laboreos en el mes de diciembre, la plantación de las mudas en el mes de marzo y cosechar, desde setiembre-octubre hasta fines de diciembre, sin perjuicio de que algunos años, se continúe hasta los primeros días de enero. La plantación se lleva a cabo en canteros de 0,80 m de ancho en la parte superior, con las plantas distribuidas al tresbolillo y con una densidad de 16.500 plantas madres por hectárea. Por otro lado en el Modelo B, que utiliza el cv. Aromas, comienzan la preparación de la tierra desfasada un mes con el anterior, planta en el mes de mayo, continuando su ciclo hasta el mismo mes del siguiente año. La densidad alcanza en este caso, a 13.200 plantas madres por hectárea. La preparación del suelo, la fertilización de base, el encanteramiento, el mulching de polietileno negro, el sistema de riego y fertirriego, la fertilización foliar y el combate de plagas y enfermedades en lo atinente a los productos y dosis a aplicar y la mayor parte de las labores culturales, son iguales en ambos modelos. En cuanto a este último aspecto debemos destacar que en el Modelo A se deja para plantar un solo estolón por cada planta madre, mientras que en el Modelo B, se dejan dos estolones por cada una. Resumos do Morango La diferencia también se da en el número de aplicaciones contra los problemas sanitarios y en el número de algunas labores culturales, en función de la diferente duración de los ciclos. También se presentan diferencias en los rendimientos y la calidad de la fruta obtenida, la duración de las cosechas y la forma de remuneración del personal zafral que interviene en las mismas. Como ya se indicó, en ambos modelos la frutilla es acompañada por un conjunto de otros cultivos hortícolas a campo, que integran la rotación y que se manejan a los efectos de este estudio, como un paquete idéntico en ambos casos. Estos cultivos son: Tomate para industria, Boniato y Zapallo tipo Tetsukabuto (1 Ha de cada uno) y Zapallito de Tronco, Coliflor y Repollitos de Bruselas (2 parcelas de ½ Ha cada una de los cultivos nombrados). Se asume para ambos modelos el mismo equipo de maquinaria, de riego y fertirriego y demás bienes de capital necesarios para la explotación. La duración de la cosecha y el período de la misma, es diferente en ambos modelos y también los rendimientos y las proporciones entre las calidades obtenidas. En el Modelo A, el rendimiento total es de 25.080 Kg y en el B, de 34.900 Kg por hectárea. La modalidad de pago de la cosecha también es diferente en ambos. Este estudio concluye con las dos categorías de frutilla vendidas a nivel de predio acondicionadas en cajas de 4 Kg sin despalillar. Conclusiones Por tratarse de predios familiares, el aporte de mano de obra de este origen puede ser determinante para el tipo de producción a encarar. En el caso del Modelo B la mayor oferta de mano de obra familiar, permite desarrollar en él la frutilla de ciclo más largo en forma más conveniente. En efecto, el Modelo A, tiene un requerimiento total de 9.916 horas-hombre entre enero y diciembre del mismo año, mientras 81 82 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul que el B, para el período enero a mayo del año siguiente, el requerimiento de mano de obra es de 15.644 horas-hombre. En lo atinente a los ingresos brutos, el Modelo B, obtiene montos notoriamente superiores al A, del orden de un 80 %, debido a la incidencia de varios factores: una mayor producción total con % de fruta de mejor calidad y con períodos de venta con precios más favorables. Pero del análisis de los costos surge que el modelo con frutilla de día corto (A), tiene un costo total por hectárea más bajo que el que planta frutilla de día neutro (B), del orden de un 44 % menor. El costo total por kg es de 0,56 US$ para la frutilla de día neutro y de 0,54 US$ para la de día corto. Aparentemente el Modelo A, compensa en buena medida las diferencias en los ingresos originados en menores rendimientos y precios, por su menor costo de producción. El principal item de los costos en ambos modelos, es la mano de obra zafral con el 22,2 % en este modelo y alcanzando al 23,8 % en el B. Atmosfera Modificada Ativa com CO2 para a Conservação de Morangos Oso Grande´ Auri Brackmann Cristiano André Steffens Daniel Neuwald Introdução As regiões sudeste, norte e nordeste constituem-se um mercado aberto para a comercialização do morango gaúcho, pagando-se altos preços pelo produto. Entretanto, a grande distância destes mercados, associado ao rápido amadurecimento e à alta sensibilidade do morango a podridões, tem sido os principais entraves para que o morango gaúcho possa chegar ao consumidor com boa qualidade. Uma das alternativas para o armazenamento e transporte de morangos à longa distância é o uso da atmosfera modificada ativa com CO2, que consiste na adição de CO2 na embalagem de polietileno, onde as frutas estão acondicionadas. Vários trabalhos demonstram o efeito do CO2 sobre a retenção da firmeza de polpa e redução de podridões em morangos (Kader, 1997; Watkins et al., 1999; Brackmann et al., 1999; Holcroft & Kader, 1999; Brackmann et al., 2001). Entretanto, o uso da atmosfera modificada com alto CO2 pode causar efeitos indesejáveis, tais como o desenvolvimento de "off-flavor" (sabor estranho) (Watkins et al, 1999). De acordo com Kader (1997), o CO2 deve permanecer entre 15 a 20kPa. Em trabalhos anteriores realizados no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita da Universidade Federal de Santa Maria, observou-se que a cultivar Oso Grande, armazenada em pressão parcial de CO2 de até 20kPa não apresentou ocorrência de "off-flavor", além de manter a firmeza de polpa mais elevada e reduzir a ocorrência de podridões (Brackmann et al., 2001). 84 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Desta forma, o objetivo deste trabalho foi de avaliar o efeito de altas pressões parciais iniciais de CO2 sobre a manutenção da qualidade do morango ´Oso Grande´ durante o armazenamento em atmosfera modificada ativa com CO2, bem como verificar qual a pressão parcial inicial necessária para manter o CO2 entre 15 e 20kPa, valores que são considerados ideais para a conservação de morangos. Materiais e Métodos Os morangos, provenientes de cultivos comerciais do município de Farroupilha, RS, foram acondicionados em bandejas plásticas, envoltas por filme de PVC (polivinil cloreto) esticável de 15mm de espessura. Os tratamentos constituíram-se de atmosferas modificadas ativas com 0, 30, 40 e 50kPa de CO2. Para aplicação dos tratamentos, foram envolvidas quatro bandejas de morangos com filmes de polietileno de baixa densidade (PEBD) de 60mm de espessura. Antes do fechamento das embalagens, retirou-se o máximo possível do ar interno, através de sucção com bomba de ar. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com três repetições e a unidade experimental composta por quatro bandejas com 30 frutas cada. As avaliações foram realizadas após 18 dias de armazenamento a 0oC seguido de 2 dias a 20oC. As variáveis avaliadas foram: a) firmeza de polpa: determinada com um penetrômetro manual de alta precisão, com leitura de 0 a 14N, munido de uma ponteira de 7,9mm; b) acidez total titulável: determinada através da titulação de 10ml de suco diluído em 100ml de água destilada, com uma solução de NaOH 0,1N até pH 8,1; c) sólidos solúveis totais (SST): determinados por refratometria manual; d) escurecimento das sépalas: avaliado utilizando-se uma escala de 1 a 3, sendo que os índices 1, 2 e 3 representavam <10%, 10 a 40% e >40% da área total das sépalas escurecidas e necrosadas, respectivamente; e) podridões: baseada na avaliação visual e expressa em percentual de frutas afetadas. As frutas de cada tratamento foram também submetidas a um painel sensorial composto por seis pessoas não treinadas com o objetivo de verificar alterações no sabor. Resumos do Morango Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância e análise de regressão para os efeitos do tratamento. A escolha das regressões foi em nível de 5% de probabilidade de erro. Valores expressos em percentual foram transformados pela fórmula arc.sen x / 100 antes da análise da variância. Resultados e Discussões Após 18 dias de armazenamento a 0oC, seguido de dois dias a 20oC, não foi verificado efeito da atmosfera enriquecida com CO2 sobre a firmeza de polpa e sólidos solúveis totais (SST) (dados não apresentados). O aumento da pressão parcial inicial de CO2 na embalagem reduziu linearmente a ocorrência de podridões (Figura 1). Outros trabalhos também obtiveram redução na ocorrência de podridões em morangos com o uso de CO2 (Holcroft & Kader, 1999; Brackmann et al., 2001). De acordo com a figura 1, observa-se que as pressões parciais iniciais de 40 e 50kPa de CO2 apresentaram menor ocorrência de podridões e que, nestes tratamentos, a pressão parcial de CO2, durante todo o período de armazenamento, não ficou abaixo de 15,4 e 18,6kPa, respectivamente. Estes resultados estão de acordo com Kader (1997), que afirma que o armazenamento de morangos em atmosfera contendo 15 a 20kPa de CO2 reduz a ocorrência de podridões. Brackmann et al. (1999), atribuem o efeito do CO2 sobre o controle de podridões ao amadurecimento menos avançado das frutas e ao estabelecimento de um ambiente desfavorável para o desenvolvimento de fungos. A acidez total titulável diminuiu linearmente com o aumento da pressão parcial inicial de CO2 nas embalagens (Figura 1). Holcroft & Kader (1999) também verificaram um decréscimo na acidez titulável de morangos armazenados em atmosfera modificada ativa com CO2. De acordo com estes autores, o alto CO2 pode afetar o metabolismo dos ácidos orgânicos, uma vez que o ácido cítrico e o ácido málico, os ácidos mais abundantes em morangos, reduziram abruptamente em alto CO2, enquanto que o ácido succínico, presente em baixas concentrações, apresentou um leve aumento. 85 86 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O escurecimento das sépalas foi mais intenso nos morangos armazenados sem adição de CO2 nas embalagens (Figura 1). A injeção de CO2 até 30kPa reduziu o escurecimento das sépalas, entretanto a partir de 30kPa voltou a aumentar (Figura 3). Brackmann et al. (2001) observaram um aumento no escurecimento das sépalas com o aumento da pressão parcial de CO2, em morango ´Oso Grande´ armazenado a 0oC. O alto índice de escurecimento das sépalas sem a injeção de CO2 pode estar relacionado à alta ocorrência de podridões neste tratamento, o que pode ter mascarado o resultado. A pressão parcial inicial de CO2 de 40kPa manteve a pressão parcial de CO2 dentro do intervalo recomendado por Kader (1997) para o armazenamento de morangos (15 a 20kPa), durante a maior parte do período de armazenamento (Figura 1). Na embalagem com a adição de 30kPa de CO2 a pressão parcial deste gás baixou para 10,5kPa, após 18 dias de armazenamento. Para a cultivar ´Oso Grande´, Brackmann et al. (2001) obtiveram os melhores resultados usando pressões parciais constantes de 15 e 20kPa de CO2. Morangos armazenados com 50kPa de CO2 inicial apresentaram sabor estranho. É bem provável que esta modificação no sabor esteja relacionada à alta pressão parcial de CO2 que ficou acima de 20kPa durante os primeiros 14 dias. De acordo com Kader (1997), a pressão parcial de CO2, durante o armazenamento de morangos, não deve exceder 20kPa, pois pode causar sabor estranho às frutas. Pérez et al. (1997) relatam que o "off-flavor" em morangos é induzido pela respiração anaeróbica (Watkins et al., 1999). Brackmann et al. (2001) não verificaram alteração no sabor de morangos ´Oso Grande´ armazenados em até 20kPa de CO2. Conclusão Conclui-se que a pressão parcial inicial de 40kPa de CO2, em embalagens de polietileno de baixa densidade com espessura de 60m, mantém o CO2 dentro da faixa recomendada para o armazenamento e transporte de morango. Este tratamento proporciona também a manutenção de satisfatória qualidade das frutas, podendo ser utilizado para o transporte e/ou armazenamento de morangos embalados em quatro bandejas com 300g de frutas cada, envolvidas inicialmente com PVC esticável de15µ. Resumos do Morango Referências Bibliográficas BRACKMANN, A.; HUNSCHE, M.; WACLAVOWSKY, A.J.; DONAZZOLO, J. Armazenamento de morangos cv. Oso Grande (Fragaria ananassa L.) sob elevadas pressões parciais de CO2. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.7, n.1, p.10-14, 2001. BRACKMANN, A.; HUNSCHE, M.; MAZARO, S.M. Efeito do alto CO2 e do armazenamento em atmosfera modificada sobre a qualidade póscolheita de morangos (Fragaria ananassa L.) cv. Tangi. Revista Científica Rural, Bagé, v.4, n.1, p.58-63, 1999. HOLCROFT, D.M.; KADER, A.A. Controlled atmosphere-induced changes in pH and organic acid metabolism may affect color of stored strawberry fruit. Postharvest Biology and Technology, Amsterdam, v.17, p.19-32, 1999. KADER, A.A. A summary of CA requirements and recommendations for fruits other than apples and pears. In:INTERNATIONAL CONTROLLED ATMOSPHERE RESEARCH CONFERENCE, 7., Davis, Proceedings... Davis:University of California, 1997, v.3, p.1-34, 1997. WATKINS, C.B.; MANZANO, M.J.E.; NOCK, J.F.; ZHANG, J.J.; MALONEY, K.E.; ZHANG, J.Z. Cultivar variation in response os strawberry fruit to high carbon dioxide treatments. Journal of the Science of Food and Agriculture, New York, v.79, n.6, p.886-890, 1999. KADER, A.A. A summary of CA requirements and recommendations for fruits other than apples and pears. In:INTERNATIONAL CONTROLLED ATMOSPHERE RESEARCH CONFERENCE, 7., Davis, Proceedings... Davis:University of California, 1997, v.3, p.1-34, 1997. WATKINS, C.B.; MANZANO, M.J.E.; NOCK, J.F.; ZHANG, J.J.; MALONEY, K.E.; ZHANG, J.Z. Cultivar variation in response os strawberry fruit to high carbon dioxide treatments. Journal of the Science of Food and Agriculture, New York, v.79, n.6, p.886-890, 1999. 87 80 60 Valores estimados 40 Valores observados 20 0 0 -1 Acidez titulável (cmol.L Podridões (%) r2=0,94 Y = -1,1939X + 90,9444 100 ) Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 10 Valores estimados 8 6 Valores observados 4 2 0 30 40 50 0 30 40 50 CO2 (kPa) Y = 0,0007X 2-0,0448X + 2,8258 r2=0,93 50 50 2,5 40 40 30 30 Valores estimados 1,5 Valores observados 1 0,5 30 23,2 21,4 20,5 17,1 16,3 16,5 18,6 15,4 12,5 11,1 10,1 10,5 20 10 0 40 50 0 40 0 CO2 (kPa) 3 2 r2=0,88 Y = -0,0545X + 10,6974 12 CO2 (kPa) Índice de escurecimento de sépalas (1-3) 88 CO2 (kPa) 0 6 10 14 18 Dias após a injeção de CO2 Figura 1. Ocorrência de podridões, acidez titulável, índice de escurecimento de sépalas em morangos ´Oso Grande´, após 18 dias de armazenamento em atmosfera modificada, mais dois dias a 20oC, e pressão parcial de CO2 no interior das embalagens durante o armazenamento a 0oC. Santa Maria, 2000. Evaluavión de Alternativas al Bromuro de Metilo en la Producción de Plantines de Frutilla en Tafi del Valle Borquez, A.M. V.A. Mollinedo Introduccion ý Objetivo El uso del bromuro de metilo está ampliamente difundido como desinfectante de suelos en la producción de plantines de frutilla. Si bien es un producto de alta eficacia en la desinfección de suelo, afecta la capa de ozono y permanece dos años en el medio ambiente después de haber sido utilizado. Existe el compromiso de Argentina de reducir el consumo de Bromuro de Metilo en forma gradual, hasta su eliminación total. El objetivo de este trabajo fue evaluar diferentes alternativas al bromuro de metilo en la desinfección de suelos para la producción de plantines de frutilla en viveros de Tafí del Valle. Materiales y Metodos Se realizaron tres ensayos en viveros de frutilla de Tafí del Valle. Ensayo A Se realizó durante el ciclo productivo 2002-2003 en la Asociación de Productores de Papa Semilla (APASE), subestación de la Estación Experimental Agropecuaria Obispo Colombres (EEAOC), ubicado en Las Carreras, dto. TAFÍ DEL VALLE (Tucumán). Se utilizaron plantas madres (etiqueta blanca) de la variedad CAMAROSA (Univ. De California). Los tratamientos que se evaluaron fueron: 1. Testigo: sin desinfección de suelo (T) Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 90 2. Bromuro de Metilo (98:2): aplicado en caliente, con cobertura plástica de 50 µm, a razón de 50 g PC/m² (BM) 3. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) inyectado y sellado con rolo compactador, a razón de 125 cm3 PC/m² (MS-R) 4. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) inyectado y sellado con plástico cristal (MS-P) a razón de 125 cm3 PC/m² 5. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) inyectado y sellado con agua mediante riego por aspersión, a razón de 125 cm3 PC/m² (MS-A). Se midió: Ø Ø Ø Ø Ø Ø Número de plantas clasificadas en tres categorías (A, B y C) Número total de plantas (suma de todas las categorías analizadas) Diámetro de corona de cada categoría Longitud de raíces de cada categoría Peso fresco de raíces, corona y hojas de cada categoría Peso seco de raíces, corona y hojas de cada categoría Se consideraron plantas de categoría A a las que presentaban un diámetro de corona mayor a 13 mm; categoría B entre 7 y 12,99 mm; y categoría C inferior a 7 mm. La plantación se realizó entre los días 24 y 25 de octubre de 2002 y la cosecha se hizo el día 4 de abril de 2003. Se evaluaron 4 parcelas de 2 m2 en cada tratamiento, considerándose a cada una como una repetición. Las comparaciones entre medias se realizaron con el test de Duncan (α = 0,05). Ensayo B Se realizó durante el ciclo productivo 2002-2003 en el El Pinar de Los Ciervos, dto. TAFÍ DEL VALLE (Tucumán). Se utilizaron plantas madres (etiqueta blanca) de la variedad CAMAROSA (Univ. De California). Los tratamientos que se evaluaron fueron: 1. Bromuro de Metilo (98:2): 50 g PC/m2 con garrafas de 1 lb bajo polietileno cristal de 40 mm (BM) 2. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) sellado con agua (MS-A): 125 cm3 PC/m2. Resumos do Morango Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) sellado con rolo compactador (MS-R): 125 cm3 PC/m2. Vapor A (V-A): Aplicación de Vapor con caldera móvil durante 7 minutos de exposición por posición. Vapor B (V-B): Aplicación de Vapor con caldera móvil durante 10 minutos de exposición por posición. TESTIGO (T): Sin aplicación de ningún tratamiento de desinfección de suelo. Se evaluó la cantidad de plantas comerciales clasificadas en forma visual en PRIMERA, SEGUNDA y TERCERA (Categorías A, B y C respectivamente), y el NÚMERO TOTAL DE PLANTAS POR PARCELA. La plantación se realizó el día 20 de diciembre de 2002 y la cosecha de plantas se realizó el día 30 de mayo de 2003. Las parcelas fueron de 10 m2 cada una. Es importante destacar que la fecha de implantación del ensayo fue excesivamente tarde comparada con la fecha normal de realización de viveros de frutilla en la zona. El diseño experimental utilizado fue en bloques completos al azar con 6 repeticiones del T, 4 de BM y MS, y 3 de V. Las comparaciones entre medias se realizaron mediante el test de Duncan (α = 0,05). Ensayo C Se realizó durante el ciclo productivo 2003-2004 en la Asociación de Productores de Papa Semilla (APASE), subestación de la Estación Experimental Agropecuaria Obispo Colombres (EEAOC), ubicado en Las Carreras, dto. TAFÍ DEL VALLE (Tucumán). Los tratamientos que se evaluaron fueron: 1. Testigo: sin desinfectar (T) 2. Bromuro de Metilo (98:2): aplicado en caliente, con cobertura plástica de 50 mm, a razón de 50 g PC/m² (BM) 3. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA): inyectado y sellado con rolo compactador, a razón de 125 cm3 PC/m2 (MS) 4. Dimetil Disulfuro EC 94%: inyectado y sellado con rolo compactador a razón de 80 g IA/m² (DMDS). 91 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 92 5. Vapor: Aplicado con caldera móvil durante 7 minutos de exposición por posición (VAPOR). Las variables medidas fueron: Ø Ø Ø Ø Número de plantas madres por parcela a los 60 días de plantación. Número de plantas clasificadas en cuatro categorías (A, B, C y D). Número total de plantas (suma de todas las categorías analizadas). Promedio de plantas producidas por cada planta madre. Con los datos obtenidos se calculó la distribución porcentual de plantas de cada categoría, para cada uno de los tratamientos evaluados. Se consideraron plantas de categoría A a las que presentaban un diámetro de corona mayor a 13 mm; categoría B entre 8 y 12,99 mm; categoría C entre 5 y 7,99 mm; y categoría D (descarte) inferior a 5 mm o no reunían los requisitos morfológicos para ser consideradas plantas aptas para cultivo. El único análisis estadístico que se realizó fue el de supervivencia de plantas a los 60 días de la plantación (comparación mediante el test de Dunca - a = 0,05). Resultados Ensayo A En el rendimiento de plantas por m2 (Fig. 1A); de la categoría A el BM superó al resto de los tratamientos, mientras que en la categoría C el MS-R fue el de mejores rendimientos. En la categoría B todos los tratamientos superaron al testigo, excepto el MS-A. En el rendimiento total de plantines por m2 (Fig. 2A) todos los tratamientos superaron estadísticamente al testigo sin desinfección, siendo los mayores valores los de los tratamientos con MS-R y BM. En el peso Fresco de raíces, corona y hojas (Fig. 3A a 5A) las mayores diferencias se producen en el peso fresco de las hojas, donde se destaca el tratamiento MS-R, seguido del tratamiento BM. Los mayores valores de diámetro de corona (Fig. 6A) se obtuvieron con el tratamiento BM (Cat A) y MS-R (Cat B). En los resultados de Longitud de raíces (Fig. 7A) los mayores valores se obtuvieron en las plantas del tratamiento Testigo, y los menores con BM. Resumos do Morango Ensayo B En el número de plantas cada 10 m2 agrupados por categorías (Fig. 1B) y en el número total de plantas (Fig. 2B.) no se encontraron diferencias significativas en la cantidad de plantas de Categoría C, mientras que en el número de plantas Categoría A, Categoría B, y TOTAL DE PLANTAS POR PARCELA, los tratamientos con VAPOR y con BM dieron los mejores resultados. Ensayo C En el número de plantas madres que sobrevivieron a los 60 días de realizada la plantación del ensayo (Fig. 1C) no se encontraron diferencias estadísticamente significativas, pero se observa una marcada diferencia entre los valor obtenido con los tratamientos de Vapor y BM, comparados con el resto de los tratamientos. Estas diferencias se elevan al observar el número de plantas en cada categoría y el número total de plantas obtenidas por parcela (Fig. 2C y 3C), observándose un aumento de los valores en los otros dos tratamientos (MS y DMDS) respecto al TESTIGO. Esto podría responder a la alta competencia con malezas que se observó en la etapa de estolonización en el TESTIGO. En el rendimiento promedio de plantas obtenidos por cada planta madre (Fig. 4C), los mayores valores los dieron los tratamientos con BM y Vapor, seguidos del MS. Discusion Si comparamos las dos formas de aplicar el MS sellado con Rolo se observa que la aplicación con regadera no sería la recomendada, ya que en términos generales no se diferencia del tratamiento TESTIGO; mientras que cuando se inyecta en el suelo, los resultados son mejores, igualando en algunos casos a los tratamientos realizados con BM. Estos resultados sugieren que el VAPOR es una técnica que nos permite sustituir al BM de metilo en la desinfección de suelos para la producción de viveros de frutilla en Taif del Valle, manteniendo o aumentando los rendimientos comerciales de los mismos. 93 T E S T IG O 60 52 MSR MSA 47 47 b b 45 50 c MSP 39 BM b 35 36 N º d e Pl/m 2 40 29 29 b b 24 30 b 18 18 b a 18 15 20 12 a a 10 a a a a 0 C at A C at B C at C Figura 1A. Número de plantas por m2 clasificadas en categoría A, B y C, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. T E S T IGO MSA 100 MSP 100 N º T o ta l d e p l/m 2 112 112 MSR 120 b b 87 BM b b 80 53 60 a 40 20 0 Figura 2A. Número Total de plantas por m2, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. BM 14 16 13 14 P e s o F re s c o d e R a iz (g /p l) 94 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 12 11 12 MSR ab T e stig o ab ab 10 MSA 13 MSP b a 7 8 7 6 6 6 4 6 2 4 3 3 3 b 2 a a a a 0 C at A C at B C at C Figura 3A. Peso Fresco de Raíces, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. Resumos do Morango BM 9, 6 9, 3 10 P e s o F re s c o d e C o ro n a (g /p l) 9 MS A 8, 1 b MS P ab 7, 6 MS R 7, 4 8 T e s tig o ab 7 a a 6 4, 5 5 3, 9 4, 2 3, 3 4 ab 3 ab 3, 8 b ab a 1, 9 1, 9 2, 1 2, 2 1, 7 2 1 0 C at A C at B C at C Figura 4A. Peso Fresco de Corona, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. 39 40 BM 37 MSA MSP P e s o F re s c o d e H o ja (g /p l) 35 c bc 29 MSR T e stig o 27 30 25 ab 25 a a 18 20 15 11 11 a a 12 b 8 7 10 a 5 5 5 4 a 5 b ab ab ab a 0 C at A C at B C at C Figura 5A. Peso Fresco de Hoja, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. 18 17 BM 15 15 16 b MS A 15 14 14 MS P a a a a MS R 11 12 11 11 T E S T IGO 10 b mm 12 b 10 ab 9 ab 8 8 8 ab ab ab 7 a 8 b 6 a 4 2 0 C at A C at B C at C Figura 6A. Diámetro de Corona, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. 95 BM 25 MS A 20 19 MS P 18 20 MS R 17 16 c bc 16 T E S T IGO 13 a a 12 c cm 15 15 14 b c b 12 12 a ab b 12 11 10 ab 10 b b a 5 0 C at A C at B C at C Figura 7A. Longitud de Raíces, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. 350 31 2 31 4 300 c c BM MS A MS R VA 24 1 22 3 N º p l/1 0 m 2 250 VB 19 3 b T E S T IGO b 200 14 8 ab 150 a 72 100 60 abc 50 88 95 bc c 59 87 56 ab 62 76 71 54 52 a ab 0 C at A C at B C at C Figura 1B. Número de plantas cada 10 m2 clasificadas en categoría A, B y C, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. 50 0 48 9 44 6 41 2 45 0 d 35 3 40 0 N º T o ta l d e p l/1 0 m 2 96 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul d 35 0 cd 30 1 26 1 bc 30 0 ab 25 0 a 20 0 15 0 10 0 50 0 BM MSA MSR VA VB T Figura 2B. Número Total de plantas cada 10 m2, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. Resumos do Morango MS 30 D MD S 30 V AP OR 25 N ° d e p l. M a d re s BM 22 T E S T IGO 20 15 14 13 15 10 5 0 N P LM Figura 1C. Número Total de plantas Madres a los 60 días de plantación, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. 250 MS 22 8 D MD S 21 1 V AP O R 18 3 200 BM 17 1 N ° d e p l/p a rc e la T E S T IG O 150 88 87 100 59 63 59 35 50 42 33 24 21 15 2 4 9 14 9 0 C at A C at B C at C C at D Figura 2C. Número de plantas por parcela al momento de la cosecha agrupadas en Categorías A, B, C y D, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. MS N º T o ta l d e p la n ta s / p a rc e la D MD S 526 600 V AP O R BM 456 T E S T IG O 500 400 300 177 200 114 84 100 0 Figura 3C. Número Total de plantas por parcela al momento de la cosecha, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. 97 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul MS DMDS 25 V APOR 21 BM T E S T IG O 18 20 N º d e p la n ta s / P l. M a d re 98 14 15 8 10 6 5 0 Figura 4C. Promedio de plantas producida por cada planta madre, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla. Referencias MSP: Metam Sodio (125 cc/m2) sellado con plástico MSR: Metam Sodio (125 cc/m2) sellado con BM: Bromuro de Metilo (50 g/m2) rolo compactador MSA: Metam Sodio (125 cc/m2) Sellado con Agua Referencias: TESTIGO: Testigo sin desinfección de suelo VA: Vapor aplicado durante 7 minutos por posición MSR: Metam Sodio (125 cc/m2) sellado con VB: Vapor aplicado durante 10 minutos rolo compactador por posición MSA: Metam Sodio (125 cc/m2) Sellado con BM: Bromuro de Metilo (50 g/m2) Agua Referencia C: TESTIGO: Testigo sin desinfección de suelo VAPOR: Vapor aplicado durante 7 minutos por posición MS: Metam Sodio inyectado (125 cc/m2) BM: Bromuro de Metilo (50 g/m2) sellado con rolo DMDS: Dimetil Disulfuro inyectado (80 g IA /m2) TESTIGO: Testigo sin desinfección de suelo Letras diferentes indican diferencias estadísticamente significativas (Test de Duncan - a = 0,05). Evapotranspiração de Referência para a Cultura do Morango na Região de Pelotas Carlos Reisser Júnior Alverides Machado dos Santos Introdução A irrigação, apesar de praticada principalmente em regiões áridas e semi-áridas, também pode ser necessária em regiões úmidas, desde que hajam estiagens prolongadas durante o ciclo da cultura. Nestas regiões a irrigação, por completar a necessidade da cultura, chama-se complementar. Na região sul do Rio Grande do Sul, bem como em quase todo o Estado, ocorrem períodos prolongados sem precipitação pluvial, e devido a isto, durante os meses mais quentes, principalmente, podem determinar redução da disponibilidade hídrica às culturas, reduzindo suas produções. Mota et al. (1974) mostram em seu trabalho que solos desta região que, armazenam 125 mm, podem apresentar deficiência hídrica de 65mm em Pelotas e 154 mm em Rio Grande. Por esta razão agricultores interessados em altas produtividades e baixo risco de redução de produtividade, sempre complementam a necessidade hídrica da cultura do morangueiro, usando atualmente irrigação por gotejamento. Uma das formas de cálculo da necessidade de água da cultura é através da Evapotranspiração de Referência (ETo), que normalmente é medida indiretamente em tanques de evaporação, fórmulas ou medidas da energia disponível à cultura. 100 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O objetivo deste trabalho é determinar o método indireto de determinação da ETo que apresenta a melhor relação com o morangueiro visando indicar aos produtores os sensores a serem instalados ou os dados meteorológicas mais necessários ao manejo da irrigação desta cultura. Materiais e Métodos O experimento foi realizado durante o período de 14/06 a 30/11 nos ano de 1995 e 1996, na sede da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas-RS. Nos lisímetros construídos de folha de flandres com 0,25x0,25x0,30, foram transplantadas mudas de morangueiro das variedades Vila Nova, em solo podzólico vermelho-amarelo adubado conforme indicação técnica. Os lisímetros foram pesados diariamente em balança mecânica e após a pesagem era reposta a água perdida por transpiração até o solo permanecer novamente em capacidade de campo. Sob os lisímetros foram colocadas bandejas, nas quais se media diariamente a água drenada. O valor do consumo de água (EV) pela planta foi calculado pela equação: EV = Água reposta - Água Drenada. Os lisímetros em número de dezesseis, foram colocados em trincheiras junto aos canteiros de morangueiro de modo que as plantas ficassem no mesmo nível do solo. O solo dos lisímetros foi coberto com filme plástico com o objetivo de medir somente a transpiração da planta. Coberturas móveis foram construídas visando proteção dos lisímetros em dias de chuva. Para determinação indireta da ETo serão coletados no posto meteorológico, a 250 m do experimento, dados de insolação, temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento, e evaporação do atmômetro de Piche, e do tanque classe A. Resultado e Discussões O uso de lisímetros para determinar a transpiração do morangueiro, mostrou ser viável pois em analise de variância entre os vasos, não apresentou diferenças significativas entre as varias medições. A Resumos do Morango medida semanal foi considerada como a media dos 16 lisímetros, com desenvolvimento normal das plantas nos lisímetros. Usou-se como determinações da Evapotranspiracão de referencia (Eto), o atmômetro de Piche, o número de horas de insolação, o tanque classe A, a radiação solar global incidente e o método de Penmann simplificado. Apesar de serem significativas todas as correlações simples entre a Evapotranspiracão máxima da cultura (ETm), medida no lisímetro e as varias ETo, houveram diferenças entre os coeficientes de correlação apresentados na Tabela 1. Os valores do coeficiente de determinação das correlações confirmaram que os parâmetros de melhor estimativa para a Evapotranspiração de morangueiro, são os calculados pelo método de Penmann, o do tanque classe A e pela medida de radiação solar global incidente. Tabela 1. Coeficientes de correlação e nível de significância das correlações simples, ocorridas em 1995. Nível de significância Coeficiente de correlação 1995 1995 1996 1996 ETm X ETo (Piche) 0,005322 0,551568 0,460157 ETm X ETo (Insolação) 0,001617 0,740754 0,306440 ETm X ETo (Tanque) 0,009816 0,785255 0,737878 ETm X ETo (Radiação 0,00001 0,830390 0,719702 ETm X ETo (Penmann) 0,000003 0,869953 0,758533 Em 1996 a produção média nos lisímetros foi de 181,09 g/ planta, o que dá uma produtividade de 15,52 t/ha em uma população de 60.000 plantas/hectare. Estas analises nos levam a concluir que a estimativa da evaporação da cultura do morangueiro tem maior precisão com a equação de Penmann que leva em consideração um maior número de variáveis meteorológicas como, velocidade do vento, radiação e demanda evaporativa da atmosfera. A elevada relação da radiação solar com o consumo de água da cultura mostra a importância deste fator o que é comumente constatado por outros autores na bibliografia. (Reisser Júnior, 1991, Pereira et al., 1995). 101 102 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas MOTA, F. da S., et al. Zoneamento agroclimático do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Pelotas, EMBRAPA, 1974, 121p. (Circular Técnica). PEREIRA, A.B.; NOVA N.A.V.; TUON, R.L.; BARBIERI, V. Estimativa da evapotranspiração máxima da batata nas condições edafoclimáticas de Botucatu, SP, Brasil. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v.3, p. 59-62, 1995. REISSER JÚNIOR, C. Evapotranspiração de alface em estufa plástica e ambiente natural. 1991. 78f. Dissertação (Mestrado em Irrigação e Drenagem) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 1991. Implantação do Pólo de Morango no Estado do Espírito Santo César Pereira Teixeira José Mauro de Sousa Balbino Hélcio Costa Aureliano Nogueira da Costa Resumo A organização da fruticultura do Estado do Espírito Santo em Pólos foi uma forma eficiente de potencializar a produção, em uma estrutura que permita a formação de um setor fortalecido pela maior representatividade, com concentração de produção, que em uma análise geral possibilita uma comercialização mais eficiente com maior garantia pelo fornecimento contínuo de produto. A concepção de Pólos além de viabilizar a produção de frutas em escala, potencializa e organiza as ações de assistência técnica, o direcionamento do fomento, através de crédito agroindustrial e de insumos. Promove ainda a diversificação agrícola e de renda para os agricultores de base familiar. Em razão da importância sócio-econômica e de da demanda crescente do morango para fins agroindustriais foi criado o Pólo do morango no Estado do Espírito Santo, abrangendo as regiões com aptidão agroclimática para a cultura, com base na no Mapa das Unidades Naturais do Estado. Introdução As excelentes condições para o cultivo comercial de diversas espécies frutícolas no Estado têm colocado o setor em posição de destaque, já ocupando uma área de 85.000 hectares e gerando 50 mil empregos diretos. Além disso, em sua maioria, a fruticultura está associada à 104 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul produção de base familiar, o que demonstra o caráter social da atividade, com crescimento da produção, expandindo-se e transformando-se em um dos importantes fatores de incentivo para a implantação de lavouras comerciais de frutas. Nesse contexto o agronegócio do morango é uma das atividades de destaque, haja vista que gera em torno de 16 empregos por hectare, totalizando atualmente no Estado do Espírito Santo, cerca de 2300 empregos diretos na fase de produção. Em razão disso, a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca visando implementar o agronegócio frutícola no Espírito Santo de forma organizada, propôs o "Pólo de produção de Morango", que abrange os municípios da região Serrana do Estado do Espírito Santo. A expansão das áreas do pólo, tem como base o aumento da demanda por parte das fábricas de processamento de polpa, e deverá obedecer ao zoneamento agroclimático da cultura. O pólo de morango foi elaborado com base no Mapa das Unidades Naturais do Estado e engloba os municípios que apresentam a classificação geral, quanto à temperatura, em "Terras Frias", com altitude entre 850 e 1200 metros, e "Temperaturas Amenas", com altitude entre 450 a 850 metros. Nesse pólo encontram-se além dos municípios produtores tradicionais, outros que possuem condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da cultura(Figura 1). O organograma do Pólo de Morango segue uma estrutura que agiliza as ações interinstitucionais juntamente com as associações de agricultores, cooperativas e o setor agroindustrial para potencializar a cadeia produtiva do morango (Figura 2). Os objetivos do pólo do morango são distribuídos em proposições estratégicas e técnicas, envolvendo o setor público e privado. Tem como concepção viabilizar a produção de frutas em escala, potencializar e organizar as ações de pesquisa e assistência técnica, direcionar o fomento através de crédito agroindustrial e promover a diversificação agrícola e de renda para agricultores de base familiar, além de fortalecer e organizar os produtores em associações e cooperativas A principal meta global do programa para os próximos seis anos é a ampliação, em cerca de 100%, da área cultivada com a cultura, com acréscimo médio de 27 ha/ano. Resumos do Morango Figura 1. Regiões que compõem o Pólo de morango no Estado do Espírito Santo. Fonte: Unidades Naturais (FEITOZA, L. R. et al. 2001). Divisões administrativas do GEO BASE/IBGE. Informações processadas em GIS (FEITOZA, H. N. 2001) pelo Incaper e pela Secretaria da Casa Civil, em 16/11/2003. 105 106 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul GESTÃO DO PÓLO DE MORANGO SECRETARIAS MUNICIPAIS DE AGRICULTURA ASSOCIAÇÕES DE PRODUTORES AGROINDÚSTRIAS Figura 2. Organograma do Pólo do Morango no Estado do Espírito Santo. Para atender aos objetivos foram realizados a partir da safra de 2004: instalação de oito unidades de demonstração nas regiões produtoras, incentivo da expansão da cultura, através de uma parceria serviço publico/iniciativa privada; curso para treinamento de técnicos em dois módulos e a publicação -´Tecnologias para a Produção, Colheita e Pós-colheita de morangueiro´ pelo INCAPER em março de 2004. Estão sendo realizadas também reuniões mensais entre técnicos da extensão pública e privada e técnicos da defesa fitossanitária estadual para uma articulação no processo de monitoramento da qualidade do morango, do meio ambiente e para proteção do agricultor. Foi implantado nesta safra pelo Estado o selo de origem com a marca "Morango das Montanhas do Espírito Santo" (Figura 3), para aqueles agricultores que possuem um acompanhamento técnico da sua lavoura. Figura 3. Selo de origem: "Morango das Montanhas do Espírito Santo". Diferenciação e Divergência Genética entre Cultivares de Morangueiro Avaliada por Marcadores Rapd Cíntia Guimarães dos Santos Renato Paiva Luciano Vilela Paiva Cláudia Teixeira Guimarães Lilian Padilha Ubiraci Gomes de Paula Lana Diogo Pedrosa Corrêa da Silva Marcos Paiva Márcio de Assis Edilson Paiva Introdução O morangueiro é uma planta rasteira, propagada vegetativamente por estolhos, pertencente à da família Rosaceae, gênero Fragaria (QueirozVoltan et al., 1996), com grande expressão econômica no Brasil. Em Minas Gerais, as cultivares mais utilizadas para comercialização são a Camarosa, Campinas, Dover, Oso Grande, Seascape, Sweet Charlie, Toyonoka e Tudla. As cultivares Camarosa, Oso Grande e Seascape são originárias da Universidade da Califórnia, Estados Unidos. A cultivar Campinas (IAC 2712) foi desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). As cultivares Dover e Sweet Charlie foram desenvolvidas na Universidade da Flórida, Estados Unidos. A cultivar Toyonoka foi desenvolvida no Japão e Tudla (Milsei), na Tudela, Espanha. Além da maioria das cultivares serem originárias de poucos ancestrais, as práticas adotadas nos programas de melhoramento têm favorecido o estreitamento da base genética do morangueiro (Sjulin e Dale, 1987). O sucesso de novas combinações alélicas é limitado pelo reduzido nível de conhecimento da diversidade genética para esta espécie e as 108 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul informações existentes sobre o nível de relacionamento genético entre as cultivares são pouco elucidativas (Graham et al., 1996). Além disso, a caracterização de cultivares de morangueiro é realizada apenas com as características morfológicas das plantas, sendo que algumas destas característica podem ser influenciadas pelo ambiente (Conti et al., 2002). A técnica de RAPD pode ser utilizada para determinar a divergência genética e tem sido demonstrado ser eficiente na diferenciação de cultivares do morangueiro (Parent e Pagé, 1995; Gidoni et al., 1994 e Graham et al.,1996). Este trabalho teve por objetivo diferenciar e avaliar a divergência genética, por meio de marcadores RAPD, entre oito cultivares comerciais de morangueiro. As cultivares Camarosa, Campinas, Dover, Osso Grande, Seascape, Sweet Charlie, Toyonoka, Tudla foram selecionadas e são comercializadas em Minas Gerais, cujas mudas são produzidas in vitro e comercializadas pela Multiplanta Tecnologia Vegetal Ltda. Materiais e Métodos Para a extração do DNA, 1 g de tecido foliar fresco foi triturado em N2 líquido com 10 mL de tampão de extração Tris-HCl pH 8,0 e incubado a 65 OC por 1 hora. Após este período, foram adicionados 10 mL de clorofórmio:octanol (24:1), homogeneizados por 15´ e centrifugados a 12.000 g por 20´. O DNA, precipitado com isopropanol 99 % (-20 OC), foi removido com anzol de vidro e solubilizado em 300 mL de TE pH 8,0. A quantificação do DNA foi realizada em gel de agarose 0,8 % por comparação com padrões de DNA de concentração conhecida. A reação de amplificação foi realizada em volume final de 25 mL contendo 50 ng de DNA; 2,5 mL tampão PCR 10 X; 2,5 mM dNTPs; 2 mM Mg2+; 1 U de Taq DNA polimerase e 6,25 mM primer. As temperaturas utilizadas constaram de 92 OC por 2 min, seguida de 45 ciclos de 95 OC por 45 segundos, 42 OC por 1 minuto, 72 OC por 2´ e 72 OC por 2´. Os produtos amplificados foram separados a 150 V em gel de agarose 1,2 % e corados em brometo de etídio (1 mg.mL-1) durante 30´. Os primers RAPD (Operon Technologies, Alameda, CA) foram selecionados, considerando aqueles que apresentaram melhor qualidade de amplificação e maior nível de polimorfismo. Resumos do Morango Na avaliação dos géis, cada banda foi tratada como um loco único, sendo que a sua presença em um indivíduo foi designada por 1 e sua ausência por 0. Estes dados foram utilizados na construção de uma matriz binária. A estimativa da dissimilaridade genética (DGx,y) entre as cultivares foi efetuada pelo coeficiente de porcentagem de discordância, calculada pela expressão: DGx,y = (no xi ¹ yi) / i, onde i = número total de bandas utilizadas. A representação gráfica das distâncias foi feita por meio de um dendrograma obtido pelo método hierárquico aglomerativo da média aritmética entre pares não ponderados (UPGMA), com auxílio do programa Statistica versão 4.5. Para verificar o número mínimo de marcadores polimórficos necessário para gerar uma matriz de dissimilaridade genética confiável, foi utilizada a metodologia descrita por Efron e Tibshirani (1993) e implementado pelo programa GQMol (www.ufv.br/programas). Cada agrupamento do dendrograma foi avaliado pela análise de bootstrap utilizando 10.000 amostragens pelo programa BOOD 3.2 (Coelho, 2000) e para cada agrupamento foi calculada a porcentagem de freqüência pela similaridade de Jaccard. A informatividade do loco e do primer foi determinada através da equação: PIC = 1 - Si . Sj pij2, onde a informatividade do loco pi é a frequência do alelo p no loco pi, calculado pela equação: PIC = 1 - Si pi2, e a informatividade do primer pij é a freqüência do alelo p do loco i, no primer j. Resultados e Discussões De um total de 160 primers testados, 66 foram selecionados e avaliados entre as cultivares, gerando 301 bandas das quais 253 foram polimórficas (84 %). O número de bandas polimórficas variou de uma para os primers OPB20, OPF08, OPF12, OPF16, OPG02 e OPJ17 até dez para o primer OPG05. A informatividade desses primers variou de 0,93 (OPB07, OPG11 e OPW06) a 0,22 (OPB20, OPF16 e OPJ17). As 253 bandas polimórficas foram consideradas suficientes para uma adequada avaliação da divergência, uma vez que nas análises de número ótimo de marcadores mostraram que a correlação entre as matrizes de distância aproximou-se de 1 e a soma dos quadrados dos desvios foi reduzida para 0,09, a partir da utilização de 88 bandas polimórficas. Assim, o aumento do número de bandas não alterou significativamente a estimativa da distância genética entre os indivíduos estudados. 109 110 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul A distância genética média entre as cultivares foi de 0,54, com uma amplitude de 0,80 a 0,36. A maior distância foi obtida entre as cultivares Dover e Toyonoka, de origens bem distintas, uma vez que a cultivar Dover foi desenvolvida na Universidade da Flórida, Estados Unidos, resultado do cruzamento realizado em 1973 entre a cultivar ´Florida Belle´ e o clone ´Fla 71-189´, e que a cultivar Toyonoka foi desenvolvida no Japão, resultado do cruzamento entre as cultivares ´Himiko´ e ´Harunoka´. A menor distância foi observada entre as cultivares Camarosa e Oso Grande, corroborando com o fato de que ambas foram desenvolvidas na Universidade da Califórnia, Estados Unidos frutos grandes, firmes, doces e sensíveis aos fungos de solo. Utilizando somente dois primers RAPD (OPB07 e OPG11) foi possível diferenciar todas as cultivares de morangueiro avaliadas neste estudo. A reação com o primer OPB07 gerou seis padrões de amplificação diferentes, permitindo a separação das oito cultivares em um grupo distinto, além de identificar padrões únicos para as cultivares Camarosa, Campinas, Dover, Sweet Charlie e Tudla. No grupo formado, foram incluídas as cultivares Oso Grande, Seascape e Toyonoka, que em seguida foram separadas pelo primer OPG11. Os primers OPB07 e OPG11 diferenciaram as oito cultivares, apresentando maior nível de polimorfismo (6 e 7 bandas polimórficas, respectivamente), e também o maior conteúdo de informatividade (PIC = 0,93). Conclusões A avaliação da diversidade genética, por meio de marcadores RAPD, foi capaz de diferenciar as cultivares, sendo coerente com as origens das mesmas. O número de marcadores utilizados foram suficientes tanto para a validação do dendrograma quanto para análise de boostrap. Os marcadores RAPD podem ser utilizados em programas de certificação genética de matrizes e mudas micropropagadas de morangueiro. Resumos do Morango Referências Bibliográficas COELHO, A.S.G. BOOD: avaliação de dendrogramas baseados em estimativas de distâncias/similaridades genéticas através do procedimento de bootstrap. Goiânia: UFG, 2000. (Software). CONTI, J.H.; MINAMI, K.; TAVARES, F.C.A. Comparação de caracteres morfológicos e agronômicos com moleculares em morangueiro cultivados no Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v.20; n.3; p.419-423, 2002. EFRON, B.; TIBSHIRANI, R. An Introduction to the Bootstrap, Chapman and Hall, 1993. GIDONI, D.; ROM, M.; KUNIK, T.; ZUR, M.; IZSAK, E.; IZHAR, S.; FIRON, N. Strawberry-cultivar identification using Randomly Amplified Polymorphic DNA (RAPD) Markers. Plant Breeding, v.113, n.4, p.339342, 1994. GRAHAM, J.; McNICOL, R.J.; McNICOL, J.W. A comparision of methods for the estimation of genetic diversity in strawberry cultivars. Theoretical and Applied Genetics, v.93, n.3, p.402-406, 1996. PARENT, J.G.; PAGÉ, D. Authentification des 13 cultivars de fraisier du programme de certification du Québec par Ianalyse dADN polymorphe amplifié au hasard (RAP(D)). Canadian Journal of Plant Science, v.75, n.1, p.221-224, 1995. QUEIROZ-VOLTAN, R.B.; JUNG-MENDAÇOLLI, S.L.; PASSOS, F.A.; SANTOS, R. R. Caracterização botânica de cultivares de morangueiro. Bragantia, v.55, n.1, p.29-44, jan. 1996. SJULIN, T.; DALE, E.A. Genetic diversity of North American strawberry cultivar. Journal of the American Society for Horticultural Science, v.112, n.2, p.375-385, 1987. 111 112 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Armazenamento de Morango ´Oso Grande´em alto CO2 Cláudia Kaehler Daniel Alexandre Neuwald Ricardo Fabiano Hettwer Giehl Ivan Sestari Auri Brackmann Introdução A cultura do morango, por se tratar de uma exploração que agrega mão de obra familiar, possui grande importância econômica e social, caracterizando-se como excelente fonte de renda para pequenas propriedades (Rebelo & Balardin, 1989). No entanto, a cultura do morango está se desenvolvendo muito nos últimos anos, tendo aumentado consideravelmente sua oferta. Os produtores passaram a adotar modernas tecnologias e, com isso, melhoraram a produtividade e a qualidade do produto conquistando novos mercados, muitas vezes localizados a grandes distâncias. Desta forma é de fundamental importância, desenvolver técnicas que permitam o transporte e o armazenamento dos morangos por períodos maiores, uma vez que este fruto possui alta perecibilidade, decorrente de sua elevada taxa respiratória e susceptibilidade ao desenvolvimento de agentes patogênicos (Rosen & Kader, 1989. Para diminuir e retardar estas perdas, podem ser utilizadas baixas temperaturas e altas pressões parciais de CO2, pois ambos atuam diretamente na redução do metabolismo dos frutos e também na germinação dos esporos e no desenvolvimento de agentes patogênicos (Brackmann et al., 1999 e 2001). Existem estudos que comprovam a eficiência do alto CO2 na redução do metabolismo e ocorrência de podridões (Smith & Skog, 1992; Brackmann et al., 1999 e 2001). No entanto, as excessivas pressões parciais de CO2 podem proporcionar acúmulo de produ- 114 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul tos oriundos da fermentação, que provocam danos aos tecidos dos frutos, ou ainda ocorrência de ´off flavour´ e alteração na coloração dos frutos (Kader, 1997; Donazzolo et al., 2003). Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito das altas pressões parciais de CO2 sobre a conservação da qualidade pós-colheita de morangos ´Oso Grande´, durante o armazenamento refrigerado. Material e Métodos O estudo foi realizado no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita (NPP) do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria, com frutos provenientes de um cultivo comercial do município de Farroupilha, RS. Após o transporte ao NPP, realizou-se a seleção dos frutos, eliminando aqueles fora do padrão de maturação ou com ferimentos. Os morangos foram acondicionados em mini-câmaras de volume de 5L. Os tratamentos foram pressões parciais de CO2: [1] 0kPa; [2] 10kPa; [3] 15kPa; [4] 20kPa e [5] 25kPa. As mini-câmaras foram acondicionadas dentro de uma câmara frigorífica na temperatura de 0 OC. O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso (tamanho e maturação), com quatro repetições de 30 frutos. A pressão parcial foi instalada através da injeção do CO2 de cilindros de alta pressão. O monitoramento das pressões parciais de CO2 foi realizado diariamente com o auxílio de um analisador eletrônico de fluxo contínuo, marca Agridatalog. Com a respiração dos frutos houve acúmulo de CO2, que foi diluído com a injeção de ar atmosférico, quando o nível estava acima do pré-estabelecido. As avaliações foram realizadas após 19 dias a 0 OC mais 2 dias de climatização a 20 OC. As variáveis avaliadas foram: firmeza de polpa, determinada com o uso de penetrômetro manual de alta precisão, com leitura de 0 a 14N, munidos de uma ponteira de 7,9mm perfurando-se cada fruta em dois lados opostos; acidez total titulável determinada através de titulação de 10mL de suco em 100mL de água destilada, com solução de NaOH a 0,1N até pH 8,1; índice de escurecimento das Resumos do Morango sépalas foi avaliado utilizando-se uma escala subjetiva com os níveis de 0 a 3, que considerava a relação da área escurecida e necrosada com a área total da superfície das sépalas, sendo que, os nível 0 representam frutos sem escurecimento das sépalas; 1 <10%; 2 entre 10 a 40% e 3>40% da área total da sépala escurecida, sendo que o índice de escurecimento foi calculado multiplicando-se o número de frutas de cada nível pelo seu respectivo nível e dividindo-se o somatório deste valor pelo número total de frutas da amostra; podridões: baseadas na avaliação visual e expressas em percentagem de frutas podres, sendo considerada fruta podre aquela que apresentava sintoma típico de ataque de patógeno. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de regressão para os efeitos do tratamento. A escolha das regressões foi em nível de 5% de probabilidade de erro. Os valores da podridão foram transformados pela formula arc.sen x 100 antes da análise de regressão. Resultados e Discussões A maior firmeza de polpa (Figura 1) foi observada na pressão parcial próxima de 20kPa de CO2, sendo que a resposta da firmeza de polpa em função do CO2 foi cúbica. No entanto, pressões parciais de CO2 acima de 20kPa, apresentam redução da firmeza de polpa de morangos. Este resultado está de acordo com Kader (1997) que recomenda pressões parciais de CO2 entre 15 a 20kPa. Outros autores também afirmam que há redução da perda de firmeza de polpa em CO2 em torno de 10 a 20kPa (Brackmann et al., 1999 e 2001; Donazzolo et al., 2003). Inclusive, Smith & Skog (1992) verificaram um aumento da firmeza de polpa com a elevação do CO2. A acidez titulável (Figura 1) apresentou uma equação linear negativa com o aumento das pressões parciais de CO2. Comportamento este que se diferencia das demais frutas, em que o alto CO2 reduz o metabolismo dos frutos e, conseqüentemente, reduz a degradação dos ácidos, além de poder gerar ácido carbônico que manteriam ou aumentariam a acidez (Watkins & Zhang, 1998). 115 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 116 O índice de escurecimento das sépalas (Figura 2) apresentou uma resposta cúbica em relação às pressões parciais de CO2, sendo que o menor escurecimento foi observado em pressões parciais próximas a 10kPa de CO2. Provavelmente as sépalas são mais sensíveis ao CO2 que os demais tecidos do fruto. No entanto, Donazzolo et al. (2003) não observaram diferença no escurecimento das sépalas em frutos armazenados sob diferentes filmes em AM, que acumularam CO2 entre 10 e 30kPa. 5 0 0 0 10 15 20 80 1 70 0 25 ac idez 90 2 60 0 Pr e ssã o p a rcia l d e CO 2 f irmez a 100 10 15 20 Po d rid ão (% ) 5 3 (0 - 3) 10 Es c. d a s S épa las 10 A ci d ez 15 (c m o l L -1 ) 15 (N ) F i rm e z a Já para a ocorrência de podridões (Figura 2), houve uma resposta quadrática às pressões parciais de CO2, sendo a menor ocorrência de podridões entre 10 e 20kPa de CO2. A podridão foi o fator limitante no armazenamento de morango a 0 OC por 19 dias, mais 2 dias a 20 OC. A exposição dos frutos à temperatura ambiente por 2 dias após o armazenamento refrigerado contribuiu para a ocorrência. Desta forma, torna-se indispensável a utilização de baixas temperaturas até o momento de consumo do morango, como já citado anteriormente por Donazzolo et al. (2003). O efeito fungistático do elevado CO2 (em torno de 20kPa) no armazenamento de morangos também foi verificado por (Brackmann et al., 1999 e 2001). 25 Pre ssã o p a rcia l d e CO 2 indice de esc urec imento das sépalas pod ridão Figura 1. Firmeza de polpa e acidez titulável de Figura 2. Índice de escurecimento das sépalas e morango Oso Grande armazenado por podridão de morango Oso Grande 19 dias a 0ºC e mais dois dias a 20ºC. armazenado por 19 dias a 0ºC e mais dois Santa Maria, RS, 2000. dias a 20ºC. Santa Maria, RS, 2000. Firmeza de polpa Y = −0,0023X 3 + 0,087 X 2 − 0,57 X + 6,605 e R2 = 0,96 Acidez titulável Y = − 0,12 X + 10 , 40 e R2 = 0,96 Índice de escurecimento das sépalas Y = −0,0039X 3 + 0,022X 2 − 0,36 X + 2,84 e R2=0,999 e Podridão Y = 0,149 X 2 − 4,14 X + 93,45 e R2 = 0,78 Resumos do Morango Conclusão A pressão parcial de CO2 ideal para conservação de morangos cv. Oso Grande durante o armazenamento refrigerado situa-se entre 15 e 20kPa de CO2, pois conserva a firmeza de polpa mais elevada, além de manter em baixos níveis o escurecimento de sépalas, ocorrência de podridões. Não é possível o armazenamento de morangos por 19 dias a 0 OC, mesmo em alto CO2, se após este período, os frutos forem colocados em temperatura ambiente (20 OC) devido à elevada ocorrência de podridões. Referências Bibliográficas Brackmann, A.; Hunsche, M.; Mazaro, S.M. Efeito do alto CO2 e do armazenamento em atmosfera modificada sobre a qualidade pós-colheita de morangos (Fragaria ananassa L.) cv. Tangi. Científica Rural, v.4, n.1, p. 58-63, 1999. Brackmann, A.; Hunsche, M.; Waclawovsky, A. J. et al. Armazenamento de morangos cv. Oso Grande (Fragaria ananassa L.) sob elevadas pressões parciais de CO2. Revista Brasileira de Agrociência, v.7, n.1, 2001. Donazzolo, J.; Hunsche, M.; Brackmann, A. et al. Utilização de filmes de polietileno de baixa densidade (PEBD) para prolongar a vida póscolheita de morangos, cv. Oso Grande. Revista Ciência e Agrotecnologia, v.27, n.1, p.165 172, 2003. Kader, A.A. Summary of CA requirements and recommendations for fruits other than apples and pears. In.: INTERNATIONAL CONTROLLED ATMOSPHERE RESEARCH CONFERENCE, Davis, 1997. Proceedings., Davis: University of California, 1997, v.3, p.1-34. 263p. Rebelo, J.A.; Balardin, R.S. A cultura do morangueiro. Florianópolis: EMPASC, 1989. Boletim Técnico 46, 33p. Rosen, J.C.; Kader, A.A. Postharvest physiology and quality maintenance of sliced pear and strawberry fruits. Journal of Food 117 118 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Levantamento da Presença de Insetos com Potencial Polinizador na Cultura de Morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) Wilson Itamar Godoy Ingrid Bergmann Inchausti de Barros Resumo Tendo em vista a grande importância da polinização para a cultura do morangueiro, torna-se relevante o auxilio dos insetos nesta tarefa. Diversos trabalhos têm demonstrado que uma polinização adequada é sinônimo de produto de melhor qualidade e maior produtividade. Diante destes fatos e levando-se em consideração a necessidade da realização de pesquisas que proporcionem o aumento da produção de alimentos puros e biologicamente equilibrados, mantendo-se o equilíbrio com o meio ambiente, realizou-se esta pesquisa com a finalidade de identificar os insetos com potencial de polinização em duas cultivares de morangueiro, Campinas e Oso Grande, nas condições da região Sul do Brasil. O experimento foi realizado no CAD/PMPA, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre/RS, situado sob as coordenadas de 30O de latitude Sul, 51O de longitude Oeste e altitude aproximada de 50 metros. Os resultados obtidos com este estudo demonstram que um grande numero de espécies de insetos visitam as flores do morangueiro, especialmente os representantes da família Hymnópetera, muito úteis nos trabalhos de polinização em diversas culturas. Os resultados encontrados comprovam também que os insetos nativos, principalmente aqueles pertencentes aos Gêneros Apis e Trigona, são responsáveis por uma parte da polinização do morangueiro no sul do Brasil. Na maior parte das áreas de produção de morango, a população nativa de insetos ainda é adequada, mas, no entanto, isto não descarta a necessidade de preservação dos nichos de reprodução dos insetos, pois a agricultura moderna os tem reduzido drasticamente com os atuais insumos e técnicas de produção agressiva ao meio ambiente. Palavras-chave: Morangueiro, polinização, manejo adequado. 120 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Introdução O atual sistema de cultivo do morangueiro privilegia o uso em larga escala dos chamados insumos químicos modernos, tais como fertilizantes e agrotóxicos, que na sua maioria são extremamente agressivos à fauna nativa. Considerando-se a importância que assume na atualidade o desenvolvimento de pesquisas que tenham o compromisso com a sustentabilidade econômica e ambiental da agricultura, especialmente da agricultura familiar, responsável pela maior parte da produção dos alimentos de consumo interno, torna-se necessário à adoção de práticas e técnicas que proporcionem a produção de alimentos livres de resíduos prejudiciais à saúde e biologicamente equilibrados, preservando-se o equilíbrio do meio ambiente. Seguindo-se esta orientação realizou-se a presente pesquisa com a finalidade de identificar os insetos com potencial de polinização em duas cultivares de morangueiro, Campinas e Oso Grande, nas condições da região Sul do Brasil. Material e Métodos O experimento foi realizado no CAD/PMPA, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre/RS, situado sob as coordenadas de 30o de latitude Sul, 51o de longitude Oeste e altitude aproximada de 50 metros. As coletas de insetos foram realizadas com rede entomológica, em dias ensolarados a partir das 10 horas, sobre as flores das plantas, durante 5 minutos em cada tratamento, no período de 15 de novembro a 21 de dezembro de 1997. Os insetos capturados eram mortos por asfixia, sendo etiquetados para posterior identificação em laboratório. Utilizaram-se duas cultivares tradicionais no cultivo do morango no Rio Grande do Sul, Campinas e Oso Grande. Resultados e Discussão No presente experimento observou-se a presença de seis ordens nas amostragens realizadas, conforme mostrado na Tabela 1, sendo que, segundo Gallo et al.(1978), quatro delas são de insetos fitófagos sem importância para a polinização (Coleoptera, Hemiptera, Homoptera e Resumos do Morango Orthoptera) e duas de ordens muito importantes (Díptera e Himenóptera) para a polinização do morangueiro, segundo Chagnon et al. (1993) e Nye & Anderson (1974). Das ordens amostradas a mais numerosa foi à ordem Díptera com 358 insetos distribuídos em oito famílias, vindo a seguir a ordem Homoptera com 82 insetos e a ordem Himenóptera com 60 insetos todas as duas com apenas uma única família. Classe Ordem Homoptera Orthoptera ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ 6 15 Coleoptera Díptera Insecta ⇒ Hemiptera Himenoptera Totais Família Chrysomelidae Calliphoridae Dolichopodidae Drosophilidae Sarcophagidae Stratiomyidae Syrphidae Tachinidae Tipulidae Miridae Reduviidae Apidae Apidae Cicadellidae Tetrigidae Gênero Num. insetos 8 ⇒ Apis ⇒ Trigona 2 21 55 18 38 6 106 111 3 5 1 37 23 82 9 523 Figura 1. Identificação dos insetos amostrados de 15/nov-21/dez/97, em duas cultivares de morangueiro, Campinas e Oso Grande. CAD/ PMPA, Viamão, RS, 1997. Fonte: Dados coletados em campo pelo autor Distribuição das famílias em relação às cultivares De forma geral observou-se uma maior preferência dos insetos pela cultivar Campinas. Esta preferência poderá estar associada ao teor de açúcar e volume do néctar, pois conforme Brazanti(1989) e Free(1973), o teor de açúcar e o volume do néctar influenciam a freqüência de visitas dos insetos às plantas. Por outro lado às famílias Cicadellidae e Syrphidae mostraram maior presença de indivíduos na cultivar Oso Grande (Figura 2). A superioridade no número de sirfídeos deve-se ao fato desta família ser predadora de ácaros e pulgões (Borror & Delong, 1969; Gallo et al., 1978), sendo que no período do experimen- 121 to, a cultivar Oso Grande apresentou maior ataque destas pragas que a cultivar Campinas. O maior número de indivíduos da família Cicadellidae, um inseto fitófago segundo Gallo et al.(1978), na cultivar Oso Grande, deve-se talvez por esta cultivar apresentar algum fator facilitador ou de atratividade a insetos fitófagos sugadores. O fato da maioria das famílias, preferir a cultivar Campinas, reforça as observações realizadas por Skrebtsova (1957) citado McGregor (1976) de que a visitação de abelhas na flor do morangueiro é diferenciada para algumas cultivares em função das estruturas florais e composição química do néctar. Outros pesquisadores também relatam a preferência de determinados insetos por uma cultivar em detrimento de outras (McGregor, 1976; Free, 1968). 80 cv. Campinas cv. Oso Grande 66 61 60 Numero de insetos 51 50 40 40 31 30 27 25 21 20 16 12 10 11 5 13 11 10 6 6 3 3 3 1 2 3 2 1 3 0 Tetrigidae Cicadellidae Apidae (Trigona) Apidae (Apis) Reduvidae Miridae Tipulidae Tachinidae Syrphidae Stratiomyidae Sarcophagidae Drosophilidae Dolichopodidae Calliphoridae 0 Chrysomelidae 122 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Familias Figura 2. Distribuição das famílias dos insetos em relação às cultivares, amostragens de 15/nov-21/dez/97. CAD/PMPA, Viamão, RS, 1997. Fonte: Dados coletados em campo pelo autor. Conclusões Diante dos resultados observados fica evidente a necessidade da seleção de cultivares que tenham maior volume e concentração de açúcar no néctar, sendo necessário também que o melhoramento seja direcionado no sentido de que as cultivares tenham os nectários e Resumos do Morango anteras mais abundantes e acessíveis aos insetos polinizadores. Fica evidente também a importância dos insetos nativos, principalmente os pertencentes aos Gêneros Apis e Trigona, responsáveis por grande parte da polinização na cultura do morangueiro. Sua população nativa ainda é abundante, mas, no entanto, isto não descarta a necessidade de cuidados visando a sua preservação, uma vez que os insumos químicos e as técnicas de produção, como os túneis plásticos, podem prejudicar ou inibir completamente o trabalho de polinização dos insetos. Referências Bibliográficas BORROR, D.J.; DELONG, D.M. Introdução ao estudo dos insetos. Rio de Janeiro: E. Blücker, 1969. 653 p. BRAZANTI, E.C. La fresa. Madrid: Mundi-Prensa, 1989. 386p. CHAGNON, M.; GINGRAS, J.; OLIVEIRA, D. Complementary aspects of strawberry pollination by honey and indiginous bee (Hymenoptera). Journal of economic entomology, College Park, v. 86, n.2, p.416-420, 1993. FREE, J,B. The pollination of strawberries by honey bees. Journal of horticultural science, Ashford Kent, v.43, p. 107-111, 1968. FREE, J.B. Las abejas y otros insectos polinizadores de los cultivos. Apiacta, Bucarest, v.2, p. 19-18, 1973. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S. et al. Manual de entomologia agrícola. São Paulo: Ceres, 1978. 531 p. McGREGOR, S.E. Insect pollination of cultivated crop plants. Washington: USDA, 1976. 496 p. NYE, P. W.; ANDERSON, J.L. Insect pollination frequenting strawberry blossoms and the effect of honey bees on yield and fruit quality. Journal of the american society for horticultural science, Alexandria, v. 99, n.10, p. 40-44, 1974. Agradecimentos A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa de estudo ao primeiro autor. 123 124 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Importância da Polinização na Cultura do Morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) Wilson Itamar Godoy Ingrid Bergmann Inchausti de Barros Resumo Geralmente as cultivares comerciais do morangueiro, com raras exceções, possuem flores hermafroditas. A fecundação devido a protoginia é cruzada, comumente entomófila. Diversos trabalhos demonstram que uma boa produção de frutos está correlacionada com a polinização adequada. Diante estes fatos e considerando-se a importância do desenvolvimento de pesquisas que viabilizem o aumento da produção de alimentos, livres de resíduos prejudiciais à saúde, biologicamente equilibrados, com produtividade e lucratividade, mantendo-se o equilíbrio com o meio ambiente, realizou-se esta pesquisa com a finalidade de verificar qual a influência da restrição ao trabalho de polinização realizada pelos insetos na cultura, seja pela aplicação de produtos químicos ou pelo uso de técnicas de produção que impeçam a atividade polinizadora, tal como o uso de cobertura plásticas nos canteiros. Utilizou-se duas cultivares de morangueiro, três diferentes cores de mulching e cobertura de tule para restringir a presença de insetos nas flores. O experimento foi realizado no CAD/ PMPA, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre/RS. Os resultados obtidos com este estudo demonstram que a redução da ação polinizadora na cultura do morangueiro provoca um aumento no número de frutos não polinizados e a conseqüente redução da produção, ressaltando-se desta forma a importância da adoção de manejos que preservem os insetos que contribuem para a polinização. Palavras-chave: Morangueiro, polinização, manejo. Introdução A produção de pseudos-frutos em morangueiro tem uma alta correlação com a polinização e a formação dos aquênios, os frutos verdadeiros, 126 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul que uma vez fertilizados produzem auxinas responsáveis pela expansão da base do pecíolo, resultando no produto comercial. O atual sistema de cultivo utiliza em larga escala os chamados insumos químicos modernos, os fertilizantes e agrotóxicos, na sua maioria extremamante agressivos à fauna. Considerando-se a importância que assume na atualidade o desenvolvimento de pesquisas que tenham o compromisso com a sustentabilidade econômica e ambiental da agricultura, especialmente da agricultura familiar, responsável pela maior parte da produção dos alimentos de consumo interno, torna-se necessário à adoção de práticas e técnicas que proporcionem a produção de alimentos livres de resíduos prejudiciais à saúde e biologicamente equilibrados, preservando-se o equilíbrio do meio ambiente. Seguindo-se esta orientação realizou-se a presente pesquisa com a finalidade de verificar qual a influência da restrição da presença de insetos para a polinização, seja pelo uso de determinadas técnicas de manejo ou a aplicação de produtos agressivos ao meio ambiente. Material e Métodos O experimento desenvolveu-se no Centro Agrícola Demonstrativo (CAD/PMPA) da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, situado a altitude de 50 metros, longitude 51o W e latitude 30o S. Os tratamentos foram às combinações dos fatores cultivares, mulching e tipos de frutos, dispostos em esquema fatorial 2 x 4 x 2, com delineamento experimental em blocos casualizados, parcelas subdivididas e quatro repetições. Utilizou-se as cultivares, Campinas e Oso Grande, no fator cobertura de solo utilizou-se plásticos das cores vermelha, amarela e preta, simulando a ausência de insetos (prejuízos a polinização) cobriuse o túnel baixo com tule branco. Na subparcela foi avaliado o fator tipo de fruto: polinizados e não polinizados satisfatoriamente, denominados no trabalho simplesmente de não polinizados. Para os casos em que a análise variância revelou haver efeito significativo, realizou-se a complementação através do teste DMS, ao nível de 5% de probabilidade, a fim de identificar as diferenças entre médias. Resumos do Morango Resultados e Discussão De acordo com a análise de variância para a variável numero de frutos constatou-se não haver interação entre mulching e cultivar, como também para cultivar e frutos, significando que o número de frutos é uma característica de cada cultivar não sendo alterada pela cobertura do solo, como também a relação de frutos polinizados e não polinizados não ser determinado pela cultivar, por outro lado constatou-se a ocorrência de significância para o efeito principal do fator frutos e para a interação frutos x mulching, sendo que a comparação de médias dos frutos e da interação (Tabela 1) mostrou que nas parcelas onde foi dificultada a presença de insetos, ocorreu um menor número de frutos polinizados em relação aos outros três tratamentos abertos, os quais não diferiram entre si. O fato da interação mulching x frutos ser significativo concorda com afirmação de Brazanti (1989), que a formação dos frutos está correlacionado com as condições ambientais (temperatura, umidade e polinizadores) reinantes durante a floração. Apesar de não ter ocorrido diferença estatística entre as três cores de mulching, percebe-se a tendência do numero de frutos polinizados ser maior no mulching amarelo, 33,7% superior ao tratamento sem a presença de insetos. Sob mulching preto ocorreu o menor numero de frutos polinizados, sendo, no entanto, 24% superior ao numero de frutos produzidos sob cobertura de tule. Com relação aos frutos não polinizados, as parcelas sem a presença dos insetos diferenciaram-se estatisticamente dos tratamentos com mulching vermelho e preto, sendo o número de frutos não polinizados 174 % superior ao número de frutos não polinizados do mulching preto e 149 % superior ao número de frutos não polinizados do mulching vermelho. Estatisticamente não houve diferença entre o mulching amarelo e o tratamento sob cobertura de tule, quanto ao numero de frutos não polinizados, embora o numero de frutos não polinizados do tratamento com tule tenha sido 114 % superior ao obtido pelo mulching amarelo. Para todas as coberturas o número de frutos polinizados foi superior ao número de frutos não polinizados. No tratamento sob tule, os frutos não polinizados representaram 24,9 % da produção deste tratamento, sendo que para os tratamentos em que a polinização foi 127 128 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul livre (mulching vermelho, preto e amarelo) o índice de frutos não polinizados foi inferior, variando de 8,5 % no mulching preto, 9 % no mulching vermelho a 10 % no mulching amarelo, considerado normal. Tabela 1. Número de frutos de morango (Fragaria x ananassa Duch.) obtidos por parcela (3,36 m2), sob quatro coberturas de solo, durante o período de 19/ago-22dez/97. CAD/PMPA, RS, 1997. Tratamento Tule Vermelho Amarelo Preto Mulching Frutos polinizados 437 b 559 a 584 a 541 a 530 A Frutos não polinizados 137 a 55 b 64 ab 50 b 77 B Médias seguidas de mesma letra minúscula na vertical ou maiúscula na horizontal não diferem significativamente entre si pelo teste t (Student) a 5% de probabilidade. Coeficiente de variação = 23,52 % Pelos dados acima se percebe que a polinização entomófila desempenha um papel muito importante na cultura do morangueiro, aumentando o índice de frutos comercializáveis, diminuindo conseqüentemente o índice de frutos defeituosos na ordem de 14,9-16,4 % respectivamente. O mulching preto apresentou a maior contribuição para a redução de frutos não polinizados. Moore(1969) lembra que se for impedido o acesso dos insetos à flor do morangueiro, a polinização será prejudicada, ocorrendo retardamento na maturação e diminuição na produção de frutos. De acordo com a Tabela 2, percebe-se que na interação frutos x (cultivar x mulching) os pesos médios dos frutos polinizados são superiores aos pesos médios dos frutos não polinizados, para as duas cultivares em todos os tipos de mulching. Nota-se que na cultivar Campinas ocorreu a menor amplitude de peso médio entre frutos polinizados e não polinizados, sendo o peso médio dos frutos polinizados 63,5 % superior ao peso médio dos frutos não polinizados. Sobre o mulching vermelho ocorreu a menor diferença, sendo o peso médio dos frutos polinizados 26,8 % superior ao peso médio dos frutos não polinizados. Resumos do Morango A maior diferença, no entanto, ocorreu sobre mulching preto, onde o peso médio dos frutos polinizados foi 63,5% superior ao peso médio dos frutos não polinizados. Sob a cobertura de tule o peso médio dos frutos polinizados foi 35,8 % superior ao peso médio dos frutos não polinizados. A amplitude de peso médio entre frutos polinizados e não polinizados foi maior na cultivar Oso Grande do que na cultivar Campinas. A menor diferença ocorreu sobre mulching amarelo onde o peso médio dos frutos polinizados foi 45 % superior ao peso médio dos frutos não polinizados. A maior diferença ao contrário da cultivar Campinas, ocorreu sobre mulching vermelho, em que os frutos polinizados apresentaram peso médio 70,3 % superior ao peso médio dos frutos não polinizados. Sob cobertura de tule o peso médio dos frutos polinizados foi 53,7 % superior ao peso médio dos frutos não polinizados. Os dados acima demonstram a importância que tem a polinização entomófila para a cultivar Oso Grande, devido ao potencial que possuem de produzir frutos com pesos médios superiores a cultivar Campinas, podendo ser expresso plenamente com uma polinização adequada. Tabela 2. Peso médio de frutos de morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) obtidos por parcela (3,36 m2), sob a interação tríplice fruto x (mulching x cultivar), em quatro coberturas de solo e duas cultivares de morangueiro, durante o período de 19/ago-22/dez/97. CAD/PMPA, Viamão, RS, 1997. Mulching Tule Vermelho Amarelo Preto Peso médio de frutos (g/fruto) cv. Campinas cv. Oso Grande Polinizados Não polinizados Polinizados Não polinizados 8,20 A 6,04 B 11,91 (A) 7,75 (B) 8,57 A 6,76 B 13,30 (A) 7,81 (B) 8,35 A 5,45 B 12,25 (A) 8,66 (B) 9,81 A 6,00 B 13,29 (A) 8,95 (B) Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem significativamente entre sí pelo teste t (Student) a 5% de probabilidade. Letra maiúscula para a interação frutos x (Campinas x mulching) Letra maiúscula entre parênteses para a interação frutos x (Oso Grande x mulching). Coeficiente de variação = 7,9 % 129 130 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Conclusões Verificou-se pelos dados acima que a polinização entomófila desempenha um papel muito importante, aumentando o índice de frutos comerciais, diminuindo conseqüentemente o índice de frutos não polinizados na ordem de 14,9 e 16,4% respectivamente, sendo que o mulching preto apresentou a maior contribuição para a redução de frutos não polinizados. Verificou-se que o número de frutos é dependente da cultivar, enquanto a relação frutos polinizados e não polinizados é dependente das condições do ambiente. Referências Bibliográficas ABBOTT, A.J.; WEBB, R.A. Achene spacing of strawberries as an aid to calculating potential yield. Nature, London, v. 225, n. 14, p. 663664, 1970. ALBREGTS, E.E.; CHANDLER, C.K. Slow release fertilizer rates for strawberry fruit production. Proceedings of the Florida state horticultural society, Winter haven, n.106, p. 187-189, 1993. BRAZANTI, E.C. La fresa. Madrid: Mundi-Prensa, 1989. 386p. MOORE, J.N.; BROWN, G.R.; BROWN, F.D. Comparison of factors influencing fruit size in large-fruited and small-fruited clones of strawberry. Journal of the american society for horticultural science, Alexandria, v.95, p. 827-831, 1970. Agradecimentos A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa de estudo ao primeiro autor. Polinização Entomófila de Morangueiro Cultivado em Ambiente Protegido Eunice Oliveira Calvete Hélio Carlos Rocha Dileta Cecchetti Ricardo Eoclides Maran Wagner de Carli Introdução Os Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo destacamse no cultivo de morangueiro em nível nacional. A produção brasileira é estimada em 40.000 t, quando exploradas numa área inferior a 1000ha, que visa atender ao mercado in natura e a industrialização (RESENDE et al., 1999). No Brasil o uso da tecnologia em ambientes protegidos ainda é incipiente, conforme destaca RESENDE et al. (1999). A utilização dessa técnica tem o objetivo de proteger a cultura das baixas temperaturas na ocasião da floração e frutificação, e das chuvas, durante o período da colheita, diminuindo com isso a incidência de doenças foliares e de podridões das frutas. Nas cultivares comerciais de morangueiro, com raras exceções, as flores são sempre hermafroditas. Na flor ocorre protogenia e, portanto, fecundação cruzada, sendo esta quase sempre entomófila. Vários trabalhos têm mostrado que a produção do morangueiro tem alta correlação com a polinização, pois para que ocorra a formação do "fruto comercial" (sem deformação) é necessário a fertilização dos aquênios, que liberam auxinas para o desenvolvimento do receptáculo. Alguns autores (MALAGONI-BRAGA & KLEINERT, 2000; GODOY, 1998 e NOGUERIA-COUTO, 2000) têm demonstrado ser possível à utilização de abelhas na produção de várias espécies vegetais, inclusive em polinização em ambientes protegidos, onde muitas vezes a 132 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul polinização é prejudicada. Os meliponíneos apresentam características biológicas relevantes para a polinização, porém, poucos estudos têm avaliado o manejo destas abelhas para a polinização dirigida em plantas cultivadas. Portanto, este trabalho objetivou aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos comerciáveis no morangueiro, através da polinização entomófila, em ambientes protegidos. Materiais e Métodos O presente trabalho foi conduzido no interior de estufas plásticas com teto semicircular, instaladas no sentido norte-sul, com uma área coberta de 480 m2. A estrutura é galvanizada e coberta com filme de polietileno de baixa densidade, com aditivo anti-ultravioleta e antigotejamento com espessuras de 150 micras. Os tratamentos foram constituídos de um Fatorial 2 X 3, compostos pelas cultivares (Oso Grande e Tudla) e pela espécie Tetragonisca angustula (Jataí) em duas densidades (duas caixas, quatro caixas e uma testemunha (ausência do Jataí), dispostos em DCC e com parcelas subdivididas no tempo, com sete repetições. Cada parcela constituiu-se de 36 plantas. As densidades de jataí foram isoladas por telas de clarite, dentro do ambiente protegido. O transplante foi efetuado em 6 de maio de 2002, em um espaçamento de 0,30 x 0,30 m, em área contendo mulching preto. A irrigação foi realizada por um sistema de gotejamento localizado, composto por mangueiras fixas e por gotejadores de acordo com os espaçamentos entre plantas. O momento da irrigação foi determinado por meio da utilização de sensores eletrônicos que foram instalados junto às plantas No morangueiro foram analisadas as seguintes características: Frutos comerciáveis (%), Anomalia (%), Peso médio dos frutos (g), Número total de frutos, Produtividade (t.ha-1). Os resultados referentes ao rendimento foram submetidos, inicialmente, a análise de variância, com a finalidade de verificar a existência ou não da significância. Posteriormente, foi aplicado o teste de Tukey e de Regressão a 1 e 5% de probabilidade, para observar a diferença entre os tratamentos. Resumos do Morango Resultado e Discussões Os resultados demonstraram efeito positivo da presença das colméias de Jataí (duas e quatro caixas) na produção de frutos de morangueiro, em todas as variáveis estudadas. Entretanto, para essas variáveis o comportamento das duas cultivares (Oso Grande e Tudla) foi semelhante, não apresentando diferença entre elas. Em média houve acréscimo de 14% na qualidade dos frutos (normais), quando estes estavam sob efeito de polinizadores (Figura 1). Braga (2001), quando cultivou morangueiro em ambiente protegido, polinizados por colônias de jataí, observou redução na porcentagem de frutos deformados de 85 para 5%. Frutos anormais (%) 30 25 20 (b) 15 10 (a) (a) 5 0 Testemunha 2 caixas 4 caixas Densidades de abelhas Figura 1. Efeito dos polinizadores na porcentagem de frutos defeituosos. Passo Fundo. 2002. Com relação aos frutos comerciais verificou-se que houve influência das colméias de Jataí, principalmente nos três primeiros meses de colheita (setembro, outubro e novembro), embora não havendo diferença entre as colméias. FREE (1968), MOORE (1969), CHANGNON et al. (1996) e COUTO (1996) demonstraram que a produção de frutos de morangueiro tem alta correlação com a polinização, quanto ao peso, formato e tamanho. 133 134 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Constatou-se que no início da colheita a cultivar Oso Grande obteve maior peso médio de frutos do que a cultivar Tudla, apresentando-se ao contrário no final da colheita (dezembro). Entretanto, durante o pico de colheita as duas cultivares não diferiram de comportamento. Desta forma, observou-se que a presença da abelha Jataí apresentou efeito positivo nos frutos de morangueiro, independente da cultivar utilizada. Referências Bibliográficas BRAGA, 2001. Disponível em < htpp://www.uol.com.br/cienciahoje/ chdia/n444.htm-7k>Acesso em 20 jan.2003. CHAGNON, M.; GINGRAS, J.; OLIVEIRA, D. Complementary aspects of strawberry pollination by honey and indiginous bee (Hymenoptera). Journal of Economic Entomology, v.86, n.2, p.416-420, 1993. COUTO, R.H.N. de. Uso de atrativos e repelentes como reguladores da polinização. In: SIMPÓSIO ESTADUAL DE APICULTURA DO PARANÁ, 11, 1996, Pato Branco. Anais... Curitiba: Champagnat, 1996. p.61-65. FREE, J.B. The pollination os strawberries by honey bees. Journal of Horticultural Science, v.3, p.107-111, 1968. GODOY, W.I. Porto Alegre, 1998. Polinização entomófila em duas cultivares de morangueiro (Fragaria X ananassa Duch.), 162p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia), Programa de Pós-Graduação em Agronomia; Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998. MALAGODI-BRAGA, K.S.; KLEINERT, A.M.P. Os meliponígeos e a polinização do morangueiro em estufas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 14, Florianópolis, 2000. Anais... (CD-Rom). Florianópolis: 2000. Confederação Brasileira de Apicultura, 2000. MOORE, J.N. Insect pollination of strawberries. Journal of the American Society for Horticultural Science, v.94, p.362-364, 1969. Resumos do Morango NOGUEIRA-COUTO, R.H. Comportamento forrageiro de abelhas e sua importância na polinização de plantas domesticadas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 14, Florianópolis, 2000. Anais... (CDRom).Florianópolis: 2000. Confederação Brasileira de Apicultura, 2000. RESENDE, L.M. de A.; MASCARENHAS, M.H.T.; PAIVA, B.M. Programa de produção e comercialização de morango. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.198, p.5-19, 1999. 135 136 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Agronegócio do Morango no Estado do Espírito Santo José Mauro de Sousa Balbino César Pereira Teixeira Hélcio Costa Anúncio José Marin Resumo O cultivo comercial do morangueiro teve a sua implantação no Estado do Espírito Santo, no início da década de sessenta, mas a sua expansão significativa ocorreu apenas a partir da metade da década de noventa, estando hoje consolidada como uma das culturas de destaque dentro do agronegócio capixaba. Para sustentar esse destaque, os setores produtivos, de distribuição e da agroindústria vêm demandando ações tecnológicas e não-tecnológicas, visando dar sustentabilidade à cultura no Estado. Para atender a essas solicitações foi criado pelo Governo do Estado do Espírito Santo, através da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca (SEAG), como um dos instrumentos do Plano Estratégico da Agricultura Capixaba (PEDEAG) os Pólos de Fruticultura. Dentre esses foi criado o Pólo do Morango com ações estratégicas e técnicas. Dentre as ações desse pólo uma das mais importantes é o projeto da Produção Integrada do Morango, coordenado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), que permitirá implantar um sistema de cultivo sustentável, atendendo aos requisitos esperados: - um produto de qualidade oriundo de um sistema de produção que busque a preservação do meio ambiente e a segurança do trabalhador rural. A cultura do morango encontra-se desde o início da década de 60, implantada comercialmente no Estado do Espírito Santo, como alternativa de cultivo no período entre os meses de março a novembro. 138 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Desse período de implantação inicial da cultura no Estado até à metade da década de noventa a sua expansão foi lenta, não tendo atingido mais do que 30 ha de área plantada. Todavia com a restrição da área de plantio com a cultura do alho, principalmente devido á importação desse produto da China, aliado a pouca competitividade com outras regiões produtoras do país, novas alternativas de cultivo foram implementadas, tendo se destacado a partir desse período o cultivo do morangueiro. Aliado a isso a implantação de agroindústrias com a demanda de polpa de frutos, com destaque para o morango e a instalação de uma distribuidora que tem comercializado mais de 70% do morango produzido na região, em vários Estados do país, fez com que o agronegócio em torno dessa cultura crescesse atingindo até a safra de 2002, cerca de 160 ha de área cultivada. Nessas áreas a produtividade média do morango tem sido em torno de 34 t/ha, estando o cultivo distribuído principalmente em seis municípios, da região Centro-serrana do Estado, em localidades numa faixa de 800 a 1150 metros altitude. Além do aspecto econômico desse agronegócio merece destaque a sua importância social. Nesse contexto, estima-se que a cultura do morango envolva atualmente, apenas na atividade de cultivo mais de 2300 pessoas, estando distribuída em cerca de 400 propriedades, sendo que em 89% dessas propriedades a área de plantio é inferior a 0,4ha. Atualmente a área de cultivo com o morangueiro encontra-se estável, mas tende a expandir, em razão de um projeto de gestão do governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca (SEAG) denominado de Pólo do Morango, com ações conjuntas entre Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER) e Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF), Prefeituras municipais inseridas na região-pólo, o segmento produtivo, de distribuição e da agroindústria. A região-pólo do morango apresenta de acordo com o Mapa das Unidades Naturais do Estado do Espírito Santo, aptidão agroclimática para a cultura e os agricultores que vêm buscando alternativas de cultivo para a cultura do café, têm encontrado no morango uma opção para esse Resumos do Morango objetivo. Esse fato decorre da demanda das agroindústrias próximas a essas regiões e a facilidade de escoamento da produção para mercado de frutos in natura também próximos e que apresentam demanda compatível com as expectativas de oferta estimada para esses novos plantios do morangueiro. A organização da fruticultura do Estado em Pólos é uma forma eficiente de potencializar a produção. Essa estrutura permite a formação de um setor fortalecido pela maior representatividade, com concentração de produção, que em uma análise geral possibilita uma comercialização mais eficiente com maior garantia por facilitar o fornecimento contínuo de produto. A formação dos pólos tem sido muito utilizada em outras regiões do país consideradas significativas na produção e comercialização de frutas. O pólo de morango elaborado com base no Mapa das Unidades Naturais do Estado engloba os municípios que apresentam a classificação geral, quanto à temperatura, em "Terras Frias", com altitude entre 850 e 1200 metros, e "Temperaturas Amenas", com altitude entre 450 a 850 metros. Nesse pólo encontram-se além dos municípios produtores tradicionais, outros que possuem condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da cultura. Os objetivos do pólo do morango são distribuídos em proposições estratégicas e técnicas, envolvendo o setor público e privado. Nas proposições estratégicas encontram-se distribuídos os objetivos de: organização da base produtiva, fomento dentro dos diversos elos da cadeia produtiva, programas de capacitação técnica dos agentes de extensão rural pública e da iniciativa privada e agricultores, articulação do agronegócio entre os agricultores e a indústria de processamento de polpa e para fornecimento de mudas matrizes ou de viveiro com padrão cultural e fitossanitário. Outra ação que tem sido realizada é a fiscalização constante no uso de agrotóxicos nas propriedades e revendas além do monitoramento e determinação do nível de resíduos nos frutos. Quanto ás proposições técnicas os principais objetivos do pólo do morango englobam ações de testes visando a obtenção de cultivares mais tolerantes a pragas e/ou doenças, que atendam às exigências do 139 140 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul mercado e mais adaptados às condições do Espírito Santo. Essas ações permitirão também desenvolver e implantar o programa de Produção Integrada de Morango (PI-Mor) coordenado pelo INCAPER, em parceria com os diferentes segmentos desse agronegócio no Espírito Santo, o Estado e a União. Esse projeto da PI-Mor, esta sendo um instrumento fundamental para sustentar o funcionamento do Pólo do morango. Para atender aos objetivos nessas propostas estão sendo realizados a partir da safra de 2004: instalação de unidades de demonstração nas regiões produtoras e em início de expansão da cultura; cursos para treinamento de técnicos e de agricultores, publicações para informações tecnológicas sobre a cultura, reuniões mensais entre técnicos da extensão pública e privada juntamente com técnicos da defesa fitossanitária (IDAF). Essas ações visam uma melhor articulação no processo de monitoramento da qualidade do morango, do meio ambiente e para proteção do agricultor e implantação de um selo com a marca "morango das montanhas do Espírito Santo". Conjuntamente com essas estratégias e ações estão sendo implementadas normas, adaptadas às condições do Estado, visando uma produção sustentável do morango no Espírito Santo. Além disso, as informações existentes no Estado sobre a cultura do morango estão sendo aferidas por um diagnóstico, que foi implantado e será conduzido até o final da safra. Os sistemas de cultivo do morangueiro no Estado são basicamente com tecnologias convencionais com o plantio sendo feito a "céu aberto". Todavia existem agricultores que têm adotado o cultivo protegido havendo a adoção tanto do túnel baixo, quanto do túnel alto. O cultivo orgânico do morango também tem sido implementado por alguns agricultores de modo isolado e nesses casos tem atendido às suas expectativas. Para todos os sistemas de plantio as cultivares utilizadas são as mesmas. Até o final da década de noventa praticamente todos os plantios eram realizados com a cultivar Dover, todavia nos últimos anos ela vem sendo substituída principalmente por Camarosa, Oso Grande e Tudla, e em menor proporção ´Sweet Charlie´. Na safra de 2004, esta sendo testada em áreas de agricultores a cultivar Aleluia. Resumos do Morango Tem se observado uma oscilação na preferência pelas cultivares relacionadas e o que se percebe é que a definição por parte do agricultor, tem sido feita em função da demanda do mercado, havendo uma participação decisiva da agroindústria e da distribuidora implantada na principal região de cultivo do morangueiro. Os problemas da cultura estão associados: a qualidade de mudas oriundas de viveiro sejam dos próprios agricultores ou de viveiristas de outros Estados; a presença de doenças e pragas tanto no viveiro quanto no cultivo comercial; a impactos ambientais associados ao manejo de solo, da irrigação e do uso de agrotóxicos; a qualidade de água; o pequeno uso de tecnologias de manejo na colheita e em póscolheita e a ausência de infra-estrutura adequada de casas de embalagem. Todas essas questões exigindo constantes ações tecnológicas e não-tecnológicas, visando a sua adequação para a sustentabilidade da cultura no Estado 141 142 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Utilização de Resveratrol na Conservação Pós-colheita de Morango Marcelo B. Malgarim Rufino F. Cantillano Eduardo R. Franchini Enilton F. Coutinho Nicácia P. Machado Nara C. Ristow Introdução O morango é um fruto muito perecível, com alta taxa respiratória e curta vida pós-colheita. Os danos mecânicos, feridas e batidas durante a colheita, transporte e comercialização deixam a fruta suscetível ao ataque de microorganismos, causando perdas nutritivas e econômicas (Nunes et al., 1995). Os métodos químicos atuam sobre os patógenos de ferimentos ou sobre aqueles que apresentam infecção quiescente, e possuem a grande vantagem de seu efeito residual garantir proteção durante o armazenamento prolongado dos frutos (Benato et al., 2001). Entretanto, a crescente restrição ao uso de fungicidas, por questões de segurança alimentar e impacto ambiental, tem estimulado o uso de métodos alternativos e biológicos para o controle de doenças (Binotti et al., 2002). A indução da resistência no controle de fitopatógenos em pós-colheita, por processos naturais, é um estudo crescente e que vem alcançando resultados promissores nos últimos anos (Benato, 2003). 144 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Alguns pesticidas naturais têm sido apontados com grande potencial para o uso na conservação pós-colheita de frutas, como é o caso do resveratrol, que está presente em mais de 70 espécies, como amendoim, amora e algumas espécies do gênero Pinus (Passos et al., 2001). O resveratrol é uma fitoalexina pertence à classe dos compostos polifenólicos, vêm sendo utilizado para aplicação em fitoterápicos, fármacos ou como alimento em função de propriedades nutraceúticas (Latruffe et al., 2001). A sua síntese é induzida em plantas sob condições de estresse por fatores bióticos, como fungos patogênicos e abióticos, como radiação ultravioleta. Segundo Souto (2003), a aplicação exógena de trans-resveratrol apresentou-se potencialmente benéfica na conservação de pêras, uvas e maçã (Ureña et al., 2003). Este trabalho objetivou avaliar a eficiência da aplicação exógena de resveratrol em diferentes concentrações sobre as características físicas e químicas de morangos da cv. Camarosa. Material e Métodos O experimento foi realizado no laboratório de Pós-colheita e câmaras frigoríficas da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, Brasil. Utilizou-se morangos da cv. Camarosa, provenientes de pomar localizado na Embrapa Clima Temperado. Após a colheita realizada no estádio de maturação maduro, foram selecionados e colocados em bandejas de isopor com capacidade para 250 g e submetidos imediatamente a pré-resfriamento por 1 hora, a uma temperatura de - 3 OC, até atingir uma temperatura de polpa de 4 OC. Os tratamentos foram T1- testemunha; T2- resveratrol 1000 ppm; T3resveratrol 2000 ppm; T4- resveratrol 3000 ppm; T5- resveratrol 4000 ppm. As frutas foram armazenadas durante 9 dias a temperatura de 0 O ± 0,5 OC e a umidade relativa de 90% a 95%, e posteriormente, submetidas à simulação de comercialização (armazenamento durante 5 Resumos do Morango dias a 8O ± 1OC e UR de 75% a 80%). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 4 repetições de 15 frutos por tratamento. As variáveis analisadas foram: a) perda de peso, expressa em porcentagem; b) pH; c) sólidos solúveis totais (SST) determinados através de refratometria, com correção de temperatura, expressando-se o resultado em OBrix; d) acidez total titulável (ATT), expressa em % de ácido málico; e) relação SST/ATT; f) podridão, expressa em porcentagem; g) coloração da epiderme (L, a*, b* e hº). Após a analise da variância, as médias foram comparadas pelo teste de DMS de Fischer (p < 0,05). Resultados e Discussões Em relação a SST, não foi encontrada diferença significativa entre os tratamentos. O pH foi maior nos frutos do T5, diferindo estatisticamente dos demais. A ATT foi maior no T2 diferindo somente dos tratamentos T4 e T5. A relação SST/ATT foi maior no T5, diferindo somente do T2. Shaw (1990) indica que o sabor do morango está condicionado, em parte, pelo balanço entre os sólidos solúveis e a acidez titulável, porém nas condições deste experimento, apesar das diferenças encontradas com relação às variáveis químicas, as mesmas não permitem qualquer inferência a respeito do efeito do resveratrol e suas concentrações. Com relação as variáveis referentes à coloração, os frutos da testemunha (T1) apresentaram maior luminosidade (L*), cor de fundo (b*) e tonalidade da cor (hº), não diferindo somente do T2. A testemunha obteve também maior coloração vermelha da epiderme, ou seja, maior valor de (a*), porém diferiu estatisticamente somente do T4. A perda de peso foi maior nos frutos do T4 (10,01 %), o qual não diferiu somente do T5 (9,05%). Entretanto os demais tratamentos apresentaram porcentagens de perda de peso acima de 8%, o que segundo Robinson et al. (1975), citado por García et al. (1998), já é muito elevado, visto que a máxima perda de peso comercialmente tolerada para morangos é de 6%. A firmeza de polpa foi maior nos frutos da testemunha (T1), o qual não diferiu somente do T2. Segundo Cantillano et al. (1999), a perda de firmeza, durante a maturação, é o principal fator que determina a qualidade do morango e a sua vida pós- 145 146 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul colheita. A incidência de podridão foi maior na Testemunha (T1), a qual diferiu dos demais tratamentos, sendo que entre os tratamentos com diferentes concentrações de resveratrol não foi observada diferença significativa. Conclusão A aplicação exógena de resveratrol nas concentrações de 1000 - 4000 ppm, em morangos da cv. Camarosa, diminui a incidência de podridões. Dentre os tratamentos, a utilização de resveratrol na concentração de 1000 ppm, em morangos da cv. Camarosa, proporciona os melhores resultados com relação às variáveis físicas e químicas. Tabela 1. Médias dos tratamentos nas variáveis SST, ATT, SST/ATT, pH, podridão, perda de peso e firmeza em morangos, cv. Camarosa. Embrapa Clima Temperado, Pelotas (RS), 2004. Firmeza Tratamentos SST (ºBrix) ATT (%ác.malico) SST/ATT pH Podridão (%) T1 9,77 a 0,66 ab 14,73 ab 3,64 c 23,32 a 8,65 b 6,08 a T2 9,15 a 0,67 a 13,72 b 3,59 c 11,65 b 8,56 b 5,55 a T3 T4 T5 9,70 a 9,80 a 9,85 a 0,63 abc 0,61 bc 0,60 c 15,39 ab 16,03 a 16,23 a 3,62 c 3,87 b 3,99 a 11,65 b 11,65 b 9,99 b Perda de peso (%) 8,92 b 10,01 a 9,05 a b (N) 4,36 b 4,01 b 4,11 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de DMS de Fisher (P<0.05). Referências Bibliográficas BENATO, E.A. Potencial de indução de resistência em frutas pós-colheita. In: ENFRUTE ENCONTRO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO, 5., Fraiburgo, SC. Anais... Caçador, SC: Epagri, 2003, p.215-220. BENATO, E.A.; CIA, P.; SOUZA, N.L. Manejo de doenças de frutos pós-colheita. Revista anual de patologia de plantas, v.9, p.403-440, 2001. Resumos do Morango BINOTTI, C.S.; BENATO, E.A.; SIGRIST, J.M.M. et al. Avaliação do uso de fungicidas e UV-C combinados com atmosfera modificada em maracujá-amarelo, pós-colheita. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, 2002, Belém, Anais... Pará, 2002. FLORES-CANTILLANO, F. Fisiologia pós-colheita e armazenamento de morangos. In: DUARTE FILHO, J.; CANÇADO, G. M. A.; REGINA, M. de A.; ANTUNES, L.D.; FADINI, M.A.M. Morango: tecnologia de produção e processamento. Caldas: Epamig, 1999. p.187-204. GARCÍA, J.M.; MEDINA, R.J.; OLÍAS, J.M. Quality of strawberries automatically packed in different plastic films. Journal of Food Science, Chicago, v. 63, n. 6, p. 1037-1041, 1998. LATRUFFE, N.; DELMAS, D.; JANNIN, B.; MALKI, M.C.; DEGRADECE, P.P.; BERLOT, J.P. Molecular analysis on the chemopreventive properties of resveratrol, a plant polyphenol microcomponet. International journal of molecular medicine. n. 10, p.755-760, 2002. NUNES, M.C.N.; MORAIS, A.M.M.B. Quality of strawberries after storage in controlled atmospheres at above optimum storages temperatures. Proceeding of the Florida State Society for Horticultural Science, Florida, v. 108. p. 273-277, 1995. PASSOS, R.; CARO, M.S.B.; MARSCHIN, M. A saúde vem embalada em garrafas de vinho. Ciência Hoje. São Paulo, v. 29, n. 173, p88-89, 2001. SOUTO, A.A. Benefícios do vinho a saúde. In: I Ciclo de palestras em Vitivinicultura em Uruguaiana. Palestra/compilados pessoal, 2003. UREÑA, A.G.; OREA, J.M.; MONTERO, C.; JIMÉNEZ, J.B. Improving postharvest resistance in fruits by external application of transresveratrol. Journal of agricultural and food chemistry. Madrid, v. 51, p.82-89, 2003. 147 148 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Resveratrol e Filme de Polietileno na Póscolheita de Morangos cv. Camarosa e no Controle no Mofo Cinzento Marcelo Barbosa Malgarim Casiane Salete Tibola Valdecir Carlos Ferri Valmor João Bianchi Paulo Roberto da Silva Introdução Nos últimos anos, tem aumentado a necessidade de conhecer a fisiologia pós-colheita de frutas em virtude do aumento da produção, da área plantada e da necessidade de um abastecimento permanente do mercado com frutas frescas. Isto tem motivado uma maior preocupação no que se refere à preservação da qualidade da fruta, visando prolongamento no seu período de comercialização e maior resistência ao manuseio e ao ataque de doenças. O morango apresenta elevada perecibilidade na conservação pós-colheita, principalmente, devido a sua intensa atividade metabólica e grande suscetibilidade ao ataque de agentes patogênicos causadores de podridões. Além do controle de temperatura outros métodos têm sido preconizados para aumentar a vida útil dos frutos na pós-colheita. Atualmente, existe a preocupação dos consumidores, com possíveis resíduos agroquímicos nas frutas, estimulando, desta forma, o estudo de métodos alternativos para a redução de pragas e doenças. O resveratrol é um composto fenólico natural com propriedades antioxidantes e fungicida, o qual poderá reduzir podridões pós-colheita causadas por fungos. São necessários, portanto, estudos de métodos de uso deste produto buscando a redução de ocorrências de podridões pós-colheita que possibilitem um período maior de conservação e que não prejudiquem a qualidade dos frutos. 150 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O trabalho objetivou avaliar diferentes concentrações de resveratrol no controle do mofo cinzento causado por (Botrytis cinerea) e na qualidade pós-colheita de morangos cv. Camarosa. Material e Métodos O experimento foi realizado nas câmaras frigoríficas e no Laboratório de Tecnologia de Alimentos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel - UFPel, com morangos da cultivar Camarosa colhidos no estádio de maturação meiomaduro (50 a 75% de coloração vermelha da epiderme) provenientes de pomar comercial do município de Pelotas/RS. As frutas foram submetidas aos tratamentos: T1) testemunha (imersa em água) + filme de polietileno com 3mm de espessura; T2) frutas imersas em 375ppm de resveratrol + filme de polietileno com 3mm de espessura; T3) frutas imersas em 750ppm de resveratrol + filme de polietileno com 3mm de espessura. Na colheita e aos dez dias de armazenamento a 0ºC e 90-95% de UR, mais cinco dias a 8º±1ºC e 75-80% de UR, avaliou-se as variáveis: sólidos solúveis totais (SST), expressos em ºBrix; acidez total titulável (ATT), expressa em % de ácido cítrico; relação SST/ATT; perda de peso (PP) expressa em percentagem; percentagem de podridões; cor de superfície (CS) e de fundo (CF) usando colorímetro Minolta CR-300 em sistema tridimensional L*, a* e b*, onde o L* mede a luminosidade variando entre 0 (para uma amostra preta; mínima reflectância) e 100 (para uma amostra branca; máxima reflectância e o a* é o eixo que vai do vermelho (valores positivos) ao verde (valores negativos). Já o b*, eixo que vai do amarelo (valores positivos) a azul (valores negativos) (Genard & Bruchou, 1992). Os valores L* podem ser apresentados sem manipulação, porém a* e b* não devem ser utilizados valores únicos, porque não são variáveis dependentes (McGuire, 1992). Portanto, com os dados obtidos de a* e b* foi calculado o ângulo Hue (°h* = tang-1 b*.a*-1). A unidade experimental foi composta de 15 morangos, com 3 repetições para cada um dos parâmetros avaliados, em cada tratamento. Após a análise de variância as médias foram comparadas entre si pelo teste DMS (P³ 0,05). Resumos do Morango Resultados e Discussões Ao final do período de armazenamento nas variáveis teor de SST e percentagem de PP não ocorreram diferenças estatísticas entre os tratamentos. A ATT foi menor no tratamento com 750ppm de resveratrol e no mesmo tratamento a relação SST/ATT foi maior (Tabela 1). Atualmente, existem poucos estudos sobre a utilização do resveratrol em pós-colheita, sabe-se apenas que esse extrato natural pode atuar como fungicida, porém devem ser realizados novos estudos para verificar se o mesmo, além de atuar como fungicida, proporciona modificações nas características físicas e químicas das frutas. A cor dos morangos diferiu estatisticamente apenas em b*, na qual as frutas do tratamento com 750ppm de resveratrol tiveram menores valores, já o L* o a* e o ângulo Hue não diferiram estatisticamente (Tabela 2). Nas frutas tratadas com 750ppm de resveratrol não ocorreram podridões, diferindo dos demais tratamentos os quais tiveram 3,33% de frutas com podridões (Figura 1). Entre os fatores que afetam a qualidade pós-colheita durante a frigoconservação, a temperatura é o mais importante, devido ao seu efeito sobre as taxas das reações biológicas, principalmente a respiração. Segundo Araújo (1998), a refrigeração retarda os processos metabólicos, conseqüentemente, reduz a taxa de amadurecimento da fruta e impede o desenvolvimento rápido de fungos patogênicos. O emprego de atmosfera modificada pelo uso de filme de polietileno permite, modificar a concentração de gases, especialmente CO2, O2 e etileno (Rombaldi et al.,1999). Com isso reduz-se o metabolismo respiratório, a produção, a ação do etileno (Kader, 1992), a ocorrência de distúrbios fisiológicos e podridões (Lana & Finger, 2000). Juntamente com estes fatores a utilização do resveratrol pode reduzir as perdas durante o período de conservação das frutas. Conclusão O resveratrol na concentração de 750ppm associado ao filme de polietileno reduz a percentagem de podridões em morangos cv. Camarosa mantendo a qualidade dos frutos durante dez dias de armazenamento a temperatura de 0 OC e mais cinco dias a 8 OC. 151 152 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas ARAÚJO, P.J. Manejo e conservação pós-colheita: Fisiologia e tecnologia pós-colheita do pêssego. In: A cultura do pessegueiro. Editado por Carlos Alberto Barbosa Medeiros e Maria do Carmo Bassols Raseira. Brasília: Embrapa-SPI; Pelotas: Embrapa-CPACT, p. 130-160, 1998. GENARD, M.; BRUCHOU, C. Multivariate analysis of within-tree factors accounting for the variation of peach fruit quality. Scientia Hort. vol. 52 p.37-51. 1992. KADER, A. Postharvest Biology and Technology: An overview. In: Postharvest Technology on Horticultural Crops, Kader, A (ed) Publication 3311. University of California, California, p. 15-20, 1992. LANA, M.M; FINGER, F.L. Atmosfera modificada e controlada: aplicação na conservação de produtos hortícolas. 1ª ed. Brasília Embrapa Hortaliças. 2000. 34p. McGUIRE, R. Reporting of objective color measurements. HortScience. v. 27(12) p. 1254-1255. 1992. ROMBALDI, C.V.; ZIMMER, P.D.; SILVA, J.A; FERRI, V.C.; CHAVES, A L. Inibição da síntese da ACC oxidase em maçãs armazenadas em atmosfera controlada. Revista Brasileira de Ciência e Tecnologia Agroindustrial. v.18, p. 27-33, 1999. Tabela 1. Sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), relação SST/ATT e perda de peso (PP) de morangos cv. Camarosa, na colheita e após dez dias de armazenamento refrigerado (0±05 OC e 9095% de UR), mais cinco dias a 8 OC. Tratamentos *Colheita Testemunha 375ppm de resveratrol 750ppm de resveratrol SST ATT Relação SST/ATT 8,06 7,76 a 8,00 a 7,40 a 0,92 1,05 a 1,23 a 0,76 b 8,76 7,42 b 6,56 b 9,64 a Perda de Peso (%) 0,00 0,77 a 0,76 a 0,82 a As médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de 5% de significância; * Dados referentes à caracterização logo após a colheita Resumos do Morango Tabela 2. Valores médios de L, a, b e ângulo Hue de morangos cv. Camarosa, na colheita e após 10 dias de armazenamento a (0±05 OC e 90-95% de UR), mais 5 dias a 8 OC. Tratamentos L a b Hue *Colheita 36,38 31,84 18,66 30,37 Testemunha 35,12 a 33,41 a 17,67 a 27,84 a 375ppm de resveratrol 35,24 a 33,10 a 16,86 a 27,00 a 750ppm de resveratrol 33,94 a 32,59 a 14,87 b 24,52 a As médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de 5% de significância; * Dados referentes à caracterização logo após a colheita 4,00 a a Podridões (%) 3,00 2,00 1,00 b 0,00 T1 T2 T3 Figura 1. Podridões (%) de morangos cv. Camarosa após 10 dias de armazenamento refrigerado (0±05 OC e 90-95% de UR), mais 5 dias a 8 OC, submetidos aos seguintes tratamentos: T1- testemunha; T2 375ppm de resveratrol; T3 - 750ppm de resveratrol. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan (p<0,05). 153 154 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 3. Médias dos tratamentos nos parâmetros de coloração de morangos, cv. Camarosa. Embrapa Clima Temperado, Pelotas (RS), 2004. Tratamentos T1 Luminosidade Cor de superfície Cor de fundo (L*) (a*) (b*) 32,01 a 34,47 a 18,75 a Tonalidade da cor (hº) 28,54 a T2 31,43 ab 34,68 a 18,36 a 27,88 ab T3 30,50 bc 33,89 ab 16,93 b 26,53 c T4 30,16 c 32,82 b 17,04 b 27,43 bc T5 30,70 bc 33,80 ab 17,07 b 26,78 c Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de DMS de Fisher (P<0.05). Evaluación de Variedades Reflorecientes de Frutilla en Ushuaia, Argentina E.E. Miserendino J.A. Portela G. Vater Introduccion En los últimos cinco años, el cultivo comercial de frutilla se ha venido desarrollando en zonas de aptitud hortícola de la Isla Grande de Tierra del Fuego, Argentina. Por iniciativa de la Estación Experimental INTA Santa Cruz, y en el marco del Programa Cambio Rural, en 1997 se iniciaron en Ushuaia (54O 48´S) los primeros ensayos de variedades de frutilla, en la búsqueda de alternativas productivas para el desarrollo del sector hortícola de la provincia. Aquellas primeras pruebas mostraron que este cultivo era promisorio para la región e inmediatamente los productores locales comenzaron a incursionar en esta actividad, constituyéndose hoy en el segundo cultivo hortícola en importancia, luego de la lechuga. Ya en esas primeras pruebas se estableció que la producción debía basarse en el uso de variedades de largo de día neutro (reflorecientes), por presentar potencial productivo mayor que las de día corto. En ese entonces, los ensayos y primeros cultivos se instalaron bajo cubierta, en invernáculos fríos, colocando los plantines en camellones cubiertos con lámina plástica (mulch) negro y regados por cintas de goteo. En esta zona, de inviernos muy rigurosos y veranos muy fríos, la estación de producción se extendió desde comienzos de diciembre hasta fines de marzo. Las condiciones agroecológicas (marcadas variaciones fotoperiódicas anuales, bajas temperaturas medias, ausencia de patógenos de suelo, fundamentalmente) hicieron posible que una 156 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul misma plantación se mantuviera en producción, con rendimientos crecientes, durante al menos 3 años. En tanto, los mejoradores y viveristas han ido introduciendo en el mercado mundial nuevas variedades reflorecientes de frutilla, que hoy deberían ser puestas a prueba en Tierra del Fuego, a fin de identificar materiales de mayor potencial productivo que los actualmente empleados. Con el objeto de evaluar un conjunto de variedades reflorecientes hoy disponibles en Argentina, bajo las condiciones de cultivo de Ushuaia, en el verano de 2004 se montó un ensayo comparativo de rendimientos en el predio del Centro Austral de Investigaciones Científicas (CADIC). Métodos El diseño experimental planeado fue en bloques completos al azar, con tres repeticiones. Las variedades probadas fueron Aromas, Cegnidarem, Colima, Diamante, Selva y Whitney. Todo el material provino de un mismo vivero, radicado en la provincia de Mendoza. Cada parcela se conformó con 20 plantines "frigo". El tamaño de las coronas (diámetro) de los mismos fue originalmente muy variable, entre y dentro de las variedades, oscilando entre los 0,8 cm y los 2,2 cm. La plantación se realizó el 10 de enero de 2004 en camellones de 50 cm de ancho, distanciados a 80 cm entre sí. Los plantines se colocaron a doble hilera en tresbolillo, separados a 30 cm entre sí. Los camellones fueron cubiertos con mulch de plástico negro. El riego se efectuó mediante una cinta de goteo ubicada en el centro del camellón, con goteros cada 10 cm. Una vez implantado el cultivo, cada camellón fue cubierto por un túnel bajo de lámina plástica LDT de 150 m. En la Figura 1 se presentan las marchas del fotoperíodo diario y de las temperaturas máximas y mínimas diarias registradas en el sitio del ensayo durante el período en consideración. Se destacan la escasa amplitud térmica, las noches frías (fundamentalmente entre 5 OC y 10 OC de temperatura mínima diaria), y la marcada variación en el largo del día (de 19 h a 11 h de luz entre el 1 de enero y el 24 de abril, considerando los crepúsculos civiles). Todo lo cual define al ambiente en cuestión como muy restrictivo para el crecimiento y poco propicio para variedades sensibles al largo de día. Resumos do Morango En este ensayo, 20 días después de la plantación la mayoría de las variedades ya manifestaba estar en floración. Las cosechas se iniciaron en los primeros días de marzo, repitiéndose cada 2 ó 3 días durante este mes y cada 10 días en abril. Las primeras heladas impidieron continuar las cosechas durante el mes de mayo. Se cosecharon sólo frutillas maduras, separándose en dos categorías, comerciales y no comerciales (las de tamaño pequeño o afectadas por malformaciones), en las que se consideró el número de frutos y el peso de los mismos. En la Figura 2 se observa la variación del rendimiento comercial medio por planta, el que se presentó en todos los casos variable y, en general, con dos picos máximos. Esta respuesta se interpreta como el resultado de la aclimatación de las plantas "frigo" a las condiciones agroecológicas del sitio en cuestión. Resultados En el Cuadro 1 se sintetizan los resultados de rendimiento comercial por parcela y por planta. La variedad Cegnidarem se destaca como la de mayor potencial productivo, tanto por el número de frutos comerciales obtenidos como por el peso de los mismos. En segundo lugar se ubica Colima, la que no se distinguió estadísticamente de Cegnidarem en frutos comerciales cosechados. La variedad Selva, que ya había sido probada en la zona y se tomaba como testigo, fue la que dio los resultados más pobres. Fue asimismo la que presentó menor sobrevivencia de plantas (alrededor del 50 %), lo que estaría indicando posibles problemas de calidad de los plantines empleados en la prueba. En general, los coeficientes de variación (CV) de las variables analizadas resultaron algo elevados, planteando la necesidad de mejorar las condiciones del experimento. Los resultados obtenidos en este ciclo serán comparados con los de los ciclos siguientes. No obstante, aun cuando se trate de resultados preliminares, resultan ya valiosos a la hora de hacer recomendaciones a los productores hortícolas de Tierra del Fuego. 157 Tm in 30 .0 20 Tm ax 25 .0 F otope ríodo 20 .0 15 .0 10 10 .0 F o to p e río d o (h ) T e m p e ra tu ra (ºC ) 15 5 5.0 0.0 0 1 16 31 46 61 76 91 10 6 D ía s d e l a ñ o Figura 1. Marcha del fotoperíodo diario y de las temperaturas máxima y mínima diarias registradas entre el 1 de enero y el 24 de abril de 2004, en la localidad de Ushuaia, Tierra del Fuego. Aro ma s 20 C e g nid a re m C o lima Pe s o m e d io p o r p la n ta (g ) 158 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 16 D ia ma n te Se lva W h itn e y 12 8 4 0 60 70 80 90 100 110 D ía s d e l a ñ o Figura 2. Variación del rendimiento comercial (peso de frutos) por planta en 11 cosechas efectuadas entre el 2 de marzo y el 24 de abril de 2004. Resumos do Morango Cuadro 1. Valores medios de rendimiento comercial por parcela y por planta en el ensayo comparativo de rendimiento de variedades reflorecientes de frutilla en Ushuaia, Tierra del Fuegoz. Variedad Cegnidarem Colima Aromas Whitney Diamante Selva CV Por parcela Frutos Peso (g) (número) 147,3 a 1730,8 a 133,3 a 1102,8 b 96,0 b 948,9 b 82,7 b 816,3 b 74,3 b 908,5 b 14,7 c 151,0 c 19,1 32,0 Por planta Frutos Peso (g) (número) 7,4 a 86,5 a 6,8 a 56,2 b 5,0 b 41,3 b 5,0 b 42,8 b 3,7 b 37,7 bc 1,4 c 13,5 c 19,1 30,5 Letras distintas indican diferencias estadísticamente significativas según prueba de DMS (a=0,05). z 159 160 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Aplicação Pós-colheita de Luz Ultravioleta (UV-C) e Luz Germicida em Morangos Cultivares Camarosae Oso Grande Produzidos de Forma Orgânica Nara Cristina Ristow Eduardo Reinhart Franchini Enilton Coutinho Fernando Rufino Flores Cantillano Nicácia Portela Machado Marcelo Barbosa Malgarim Introdução O controle de podridões é necessário para reduzir as perdas causadas por patógenos na pós-colheita de morangos. Pesquisas estão sendo desenvolvidas para minimizar e prevenir essas perdas pós-colheita, dentre elas estão a irradiação e as práticas culturais. A rápida deterioração pós-colheita de morangos, em temperatura ambiente, é atribuída à elevada taxa respiratória e ao aumento da produção de etileno (Kader, 1992). Outros fatores, como a suscetibilidade à lesão mecânica, a perda de água (Nunes et al., 1995) e a deterioração causada por fungos, especialmente Botrytis cinerea (El-Kazzaz et al., 1983), contribuem para diminuir o período de conservação. A luz UV-C tem sido utilizada com sucesso, como técnica alternativa para o controle de podridões na pós-colheita de maçãs no Brasil e em outros países e há citações do uso deste método em hortaliças e em outras frutas temperadas e subtropicais (Valbenito Sanhueza, 2001), porém seu uso em morangos é pouco citado na literatura. Sendo assim, neste trabalho procurou-se comparar as cultivares de morangos Camarosa e Oso Grande no sistema orgânico, associado a utilização da luz UV-C e luz germicida na conservação pós-colheita. 162 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Material e Métodos O trabalho foi realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS. Utilizaram-se morangos das cultivares Camarosa e Oso Grande, produzidos de forma orgânica e colhidos em 16/10/2003, quando apresentavam 75% de coloração vermelha na epiderme, apresentando as seguintes características físicas e químicas (Tabela 1). Tabela 1. Caracterização física e química de morangos ´Camarosa´ e ´Oso Grande´. Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. Cultivar Variáveis avaliadas SST (oBrix) ATT (% ác. cítrico) SST/ ATT pH L a* b* Âng. Hue 17,86 051 14,61 3,93 38,29 37,08 30,51 39,45 11,23 Camarosa 14,29 0,60 9,69 3,80 35,58 37,82 26,87 35,39 8,44 Oso Grande Firmeza (N) Os frutos após serem selecionados, foram submetidos a préresfriamento, durante 4 horas, com temperatura entre 0 e 2 OC e submetidos, posteriormente, a 6 minutos de exposição à radiação ultravioleta (UV-C) e luz germicida. A aplicação da luz ultravioleta, foi realizada com lâmpada G15T8 de 15W, comprimento de onda de 254nm e de luz germicida, com lâmpadas emitentes de radiação infravermelha, sem especificações técnicas. Após receberem à radiação, os frutos foram colocados em embalagens plásticas de 250g (8 frutos/ embalagem) e armazenados em ambiente com temperatura entre 19 e 20 OC e umidade relativa de 75% a 85%. Avaliou-se, após 48 e 96 horas de armazenamento, as seguintes variáveis: a) perda de peso, expressa em percentagem; b) teor de Sólidos Solúveis Totais (SST), expresso em OBrix; c) Acidez Titulável (AT), expressa em % de ácido málico; d) pH; e) Firmeza da polpa, em Newton; f) Incidência de podridões, em percentagem e) cor da epiderme. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com 5 repetições de 8 frutos por tratamento para cada cultivar. Os dados de cada variável foram submetidos à análise de variância, e as médias, comparadas estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS), com probabilidade de erro de 5% (p ? 0,05). Os dados Resumos do Morango percentuais originais foram transformados em arco seno da raiz quadrada de x/100. Resultados e Discussões A percentagem de perda de peso aumentou com o avanço do período de armazenamento, porém os valores foram baixos devidos à modificação da atmosfera. Segundo Soto-Valdez & Mendonça-Wilson (1998), a utilização de filmes plásticos, modificando a atmosfera ao redor das frutas, reduz a perda de água das frutas e hortaliças, diminuindo a perda de peso. Os sólidos solúveis totais, acidez titulável e a relação ATT/ SST dos morangos apresentaram diferenças significativas entre as cultivares, variando pouco em relação aos períodos de armazenamento. Zagory & Kader (1988), observaram que a redução de O2 e aumento de CO2, propiciados pela atmosfera modificada reduzem a acidez titulável durante o armazenamento. A variável pH diminuiu durante os períodos de armazenamento. A firmeza de polpa, aumentou na cultivar Oso Grande devido a desidratação (Tabela 2). 163 164 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 2. Características físicas, químicas e incidência de podridões em morangos Camarosa e Oso Grande produzidos em sistema orgânico, e armazenados por 48 e 96 horas em condição ambiente (20 OC e75%85% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, 2003. Variáveis avaliadas Perda de peso (%) SST (°Brix) ATT (% ác. Málico) SST/ATT pH Firmeza (N) Podridão (%) L (luminosidade) a* (cromaticidade) b* (tonalidade) Ângulo Hue Cultivares Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Oso Grande Camarosa Períodos de avaliação (horas) 48 96 0,20 aB 0,56 aA 0,26 aB 0,54 aA 6,12 bB 6,58 aA 6,74 aA 6,60 aA 0,48 bA 0,53 bA 0,63 aA 0,67 aA 12,70 aA 12,47 aA 10,57 bA 9,82 bA 3,89 aA 3,46 aB 3,69 bA 3,46 aA 6,52 bB 8,79 aA 8,93 aA 7,96 aA 5,00 aB 80,00 aA 15,00 aB 40,00 bA 29,90 aB 34,47 aA 29,85 aB 30,60 bB 32,11 aB 34,25 aA 29,29 bB 32,14 bA 19,53 aB 22,93 aA 17,45 aA 18,56 bA 31,22 aB 33,77 aA 30,74 aA 30,01 bA (1) Médias seguidas da mesma letra minúscula, na coluna e maiúscula, na linha, não diferem estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS) a nível de 5% de probabilidade de erro experimental. Na incidência de podridões ocorreu um aumento considerável quando os frutos foram armazenados por 96 horas, tornando os frutos impróprios para a comercialização. Em morangos, o fungo Botrytis cinerea é um dos principais causadores de podridões pré e pós-colheita (Borganhi, 1994; Raseira et al., 1996). Em relação a coloração obser- Resumos do Morango vou-se o aumento da coloração vermelha e a redução do brilho da epiderme, perdendo a cor vermelho-brilhante muito valorizado no morango. O morango é um fruto muito perecível, com alta taxa respiratória e curta vida pós-colheita. Os danos mecânicos, feridas durante a colheita, transporte e comercialização, deixam o fruto susceptível ao ataque de microorganismos, causando perdas nutritivas e econômicas (Kader, 1992; Lima, 1999). Os fatores de pré-colheita, que afetam o cultivo do morango no campo, condicionam sua qualidade na póscolheita. Dessa forma, os frutos nas condições do trabalho não suportam 48 horas de armazenamento. Conclusão Morangos das cvs. Oso Grande e Camarosa, cultivados em sistema orgânico, mesmo quando submetidos à radiação de luz UV-C mais luz germicida, podem ser armazenados em temperatura ambiente por, até, 48 horas. Referências Bibliográficas EL-KAZZAZ, M.K.; SOMMER, N.F.; FORTLAGE, R.J. Effect of different atmospheres on postharvest decay and quality of fresh strawberries. Phytopathology, Saint Paul, v.73, n.2, p. 282-285, 1983. KADER, A.A. Postharvest technology of horticultural crops. 2.ed. Oakland: University of California, 1992. 296 p. LIMA, L.C.de O. Qualidade, colheita e manuseio pós-colheita de frutos de morangueiro. Informe Agropecuário, v.20, n.198, p.80-83,1999. NUNES, M.C.; BRECHT, J.K.; MORAIS, A.M.M.B.; SARGENT, S.A. Physical and chemical quality characteristics of strawberries after storage are reduced by a shoort delay to cooling. Postharvest Biology and Technology, Amsterdam, v.6, p. 17-28, 1995. 165 166 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul RASEIRA, M.do C.B.; SANTOS, A.M. dos; MADAIL, J.C. M. Amorapreta. Brasília: Embrapa-SPI, 1996. 52p. Coleção Plantar, 33). SCALON, S.P.Q. Qualidade do morango: Efeito do CaCl2 sobre a parede celular e níveis residuais de Benomil, Lavras, 1996. 105p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Lavras. STEVENS, C. et al. Plant hormesis induced by altraviolet light C for controlling postharvest diseases of tree fruits. Crop Protection, Ames IA, v.15, n.2, p. 129-134, 1996. SOTO - VALDEZ, H.; MENDONÇA - WILSON, A.A. Permeabilidad al oxigeno y al vapor de agua de películas utilizadas en el envase de productos hortifrutícolas y cereales. Horticultura Mexicana, México, v.6, n.2, p. 81-90, 1998. ZAGORY, D.; KADER, A.A. Modified atmosphere packing of fresh produce. Food Technology, Chicago, v.42, n.9, p. 70-77, 1998. Conservação e Controle de Podridões Póscolheita de Morango ´Camarosa´ com o Uso de Filmes Plásticos Nicácia P. Machado Nara C. Ristow Eduardo R. Franchini Enilton F. Coutinho Fernando Rufino F. Cantillano Marcelo B. Malgarim Introdução Apesar das excelentes características organolépticas, o morango é um fruto perecível que apresenta alta taxa respiratória e limitado período de conservação pós-colheita. O armazenamento em atmosfera modificada (no caso, com o uso de filmes de polietileno), com espessuras controladas, tem sido considerado uma técnica pós-colheita promissora e de baixo custo, pois prolonga o período de conservação dos frutos, minimizando as perdas de qualidade (Lima, 1999). A maior vantagem do uso de AM é o atraso do início do amadurecimento e das alterações fisiológicas que ocorrem simultaneamente (Lana & Finger, 2000). Também, reduz a suscetibilidade dos tecidos à infecção por patógenos (Zagory & Kader 1988). A atmosfera modificada gerada pelo fruto no interior dos filmes, pode reduzir estes problemas em morangos (FloresCantillano, 1998). Este trabalho tem como objetivos a conservação e o controle de podridões pós-colheita de morangos ´Camarosa´ com o uso de filmes plásticos. 168 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Material e Métodos O experimento foi realizado nos Laboratórios de Pós-colheita e Tecnologia de Alimentos da Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. Após a seleção dos frutos, foram aplicados os seguintes tratamentos: T1- Testemunha; T2- Filme plástico com 12,5µ de espessura e T3- Filme plástico com 15,0µ de espessura. Após seis dias de armazenamento refrigerado (0,5 OC e 90% de UR) mais um dia em ambiente (22 OC e 75% de UR), foram avaliadas as seguintes variáveis: a) perda de peso, sendo os resultados expressos em percentagem (%); b) sólidos solúveis totais (SST), expresso em grau Brix; c) acidez titulável (AT), em percentagem de ácido cítrico; d) relação SST/AT e; f) frutos sadios, sendo os resultados expressos em percentagem (%). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com 6 repetições de 12 frutos cada tratamento. Para verificar o efeito dos tratamentos, nas variáveis avaliadas, nas diferentes épocas, utilizou-se análise da variância, sendo as médias comparadas estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS), com probabilidade de erro experimental de 5% (p £ 0,05). Os dados percentuais originais foram transformados em arco seno da raiz quadrada de x/100. Resultados e Discussões A percentagem de perda de peso variou significativamente entre os tratamentos. O tratamento T1 - Testemunha apresentou maior perda de peso (12,27%) (Tabela 1). A menor perda de peso dos morangos nos tratamentos T2 - filme plástico de 12,5µ (1,90%) e T3- filme plástico de 15,0µ (2,84), ocorreu devido à modificação da atmosfera com o uso de filmes plásticos. Soto-Valdez & Mendonça-Wilson (1998) relatam que a utilização de filmes plásticos modifica a atmosfera ao redor dos frutos, reduzindo a perda de água, portanto, diminuindo a perda de peso. O teor de sólidos solúveis totais e a relação SST/AT dos morangos não variaram significativamente em função dos diferentes tratamentos (Tabela 1). Resumos do Morango A acidez titulável (AT) variou significativamente entre os tratamentos, sendo que o T2 (filme plástico de 12,5µ) teve o menor valor (0,88% de ácido málico) diferindo dos demais tratamentos (Tabela 1). Nunes et al. (1998), observaram redução da AT em morangos, quando alteraram a atmosfera de armazenamento. Quanto à percentagem de frutos sadios, teve variação em função dos tratamentos. Os tratamentos T2 (filme plástico de 12,5µ) e T3- (filme plástico de 15,0µ) apresentaram maior percentagem de frutos sadios (81,49 e 82,04, respectivamente). Segundo Lima (1999), a atmosfera modificada limita a deterioração dos frutos por microrganismos. Zagory & Kader (1988), relatam que ao retardarem o amadurecimento e a senescência de frutos, o armazenamento sob AM reduz, indiretamente, a suscetibilidade dos tecidos a infecção por patógenos. Tabela 1. Sólidos solúveis totais, acidez titulável, relação SST/AT, perda de peso e frutos sadios de morangos ´Camarosa´, armazenados durante seis dias de armazenamento refrigerado (0,5 OC e 90% de UR) mais um dia em ambiente (22 OC e 75% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2004. Variáveis avaliadas Tratamentos SST AT (% Perda Frutos (ºBrix) de ac. SST/AT Peso (%) sadios málico) (%) T1- Testemunha 8,97 a 0,99 a 9,16 a 12,27 a 54,61 b T2- Filme 12,5µ 8,30 a 0,88 b 9,43 a 1,90 b 81,49 a T3- Filme 15,0µ 8,00 a 0,98 a 8,10 a 2,84 b 82,04 a CV (%) 13,77 7,05 16,56 13,72 13,64 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de DMS (p<0,05). OBS: Tratamentos diferentes de épocas de avaliações, ou seja, interação tratamento x época significativa na análise da variância. 169 170 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Conclusão O armazenamento com ouso de filmes plásticos é eficiente na conservação e controle de podridões pós-colheita de morangos ´Camarosa´ durante seis dias de armazenamento refrigerado (0,5 OC e 90% de UR) mais um dia em ambiente (22 OC e 75% de UR). Referências Bibliográficas FLORES-CANTILLANO, F. Estudio del efecto de las atmosferas modificadas durante el almacenamiento y comercialización de algunas frutas y hortalizas. Tesis Doctoral. Universidad Politécnica de Valencia, Valencia España, 276 p. 1998. LANA, M.M., FINGER, F.L. Atmosfera modificada e controlada. Aplicação na conservação de produtos hortícolas. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2000. 34p. LIMA, L.C. de O. Qualidade, Colheita e Manuseio Pós-colheita de Frutos de Morangueiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.198, p.80-83, 1999. NUNES, M.C.N.; BRECHT, J.K.; MORAIS, A.M.M.B.; SARGENT, S.A. Controlling temperature and water loss to maintain ascorbic acid levels in strawberries during postharvest handling. Journal of Food Science, Chicago, v.63, n.6, p.1033-1036, 1998. SOTO-VALDEZ, H.; MENDONÇA-WILSON, A.M. Permeabilidad al oxígeno y al vapor de agua de películas utilizadas en el envase de productos hortofrutíolas y cereales. Horticultura Mexicana, México, v.6, n.2, p.81-90, 1998. ZAGORY, D.; KADER, A.A. Modified atmosphere packaging of fresf produce. Food Technology, v.42, n.9, p.70-77, 1988. Tratamento Físico para o Controle de Podridões Pós-colheita de Morangos ´Camarosa´ Nicácia P. Machado Nara C. Ristow Eduardo R. Franchini Enilton F. Coutinho Fernando Rufino F. Cantillano Marcelo B. Malgarim Introdução O morango é um fruto altamente suscetível ao ataque de fungos como o Botrytis cinerea, os quais causam consideráveis perdas durante o transporte, armazenamento e comercialização do produto. Para minimizar essas perdas pós-colheita têm-se estudados tecnologias alternativas ao uso de agroquímicos, como irradiação, controle biológico, tratamento térmico, entre outras. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo verificar o efeito de tratamentos físicos, como o uso de Luz Ultravioleta-C (UV-C) e Luz Germicida no controle de podridões pós-colheita em morangos ´Camarosa´ armazenados sob ambiente refrigerado em diferentes períodos. Material e Métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Pós-colheita da Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. Utilizou-se morangos ´Camarosa´ colhidos no dia 01 de outubro de 2003. Após seleção, os frutos foram submetidos ao pré-resfriamento e, com exceção do tratamento Testemunha, à inoculação artificial com conídios de Botrytis cinerea na concentração de 200.000 con/mL, obtidos de frutos apodrecidos. Após a aplicação dos tratamentos, os frutos foram embalados em bandejas plásticas transparentes, contendo sete frutos cada. E em seguida, armazena- 172 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul dos em temperatura e umidade relativa de a 0oC e 90 a 95% de UR. Os tratamentos realizados foram: T1- Testemunha; T2- Inoculação com Botrytis cinerea; T3- Inoculação com Botrytis cinerea + Exposição à Luz Ultravioleta C (UV-C) durante 3 minutos e T4- Inoculação com Botrytis cinerea + Exposição à Luz Germicida (´sem especificações técnicas´) durante 3 minutos. Como radiação Ultravioleta-C (UV-C), utilizou-se lâmpadas tubulares com baixa pressão de vapor de mercúrio, as quais emitem radiação ultravioleta monocromática de aproximadamente 254 nm. Para aplicação da Luz Germicida, utilizou-se lâmpada "sem especificações técnicas do fabricante", emitente de radiação infravermelha utilizada por fotógrafos para desinfestação de fungos em lentes de câmeras fotográficas. Os frutos foram colocados dentro de uma bandeja plástica e posteriormente levada para a capela, com superfície de exposição a 10cm das lâmpadas, para receberem o tratamento com Luz UV-C e Luz Germicida durante 03 minutos de exposição. Após, foram movidos de forma que, num mesmo período de tempo, os quatros locais inoculados com conídios estivessem expostos à ação da luz. No dia da colheita, avaliaram-se os frutos de forma a caracterizarem o Peso, conteúdo de Sólidos Solúveis Totais (SST), pH, Acidez Titulável (AT) e Relação SST/AT, conforme a Tabela 1. Tabela 1. Caracterização física e química de morangos ´Camarosa´ na colheita (02/01/2003). Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2003. Características físicas e químicas Peso (g) Sólidos Solúveis Totais - SST pH Acidez Titulável - AT Relação SST/AT Valores observados 207,17 6,58 3,70 0,59 11,20 As seguintes variáveis foram avaliadas após 02, 04 e 06 dias de armazenamento refrigerado (0oC e 90-95% de UR) e mais dois dias em ambiente (20-22 OC e 65-70 % de UR): a) perda de peso, sendo os resultados expressos em percentagem (%); b) sólidos solúveis totais (SST), expresso em grau Brix; c) pH; d) acidez titulável (AT), em per- Resumos do Morango centagem de ácido cítrico; f) relação SST/AT e; g) frutos sadios, sendo os resultados expressos em percentagem (%). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, seguindose um esquema fatorial 3 (período de avaliação) x 4 (tratamentos) com 6 repetições de 07 frutos por tratamento, em cada período de avaliação. Os dados percentuais originais foram transformados em arco seno da raiz quadrada de x/100. Resultados e Discussões A percentagem de perda de peso de morangos ´Camarosa´ variou significativamente em função dos tratamentos e períodos de armazenamento dos frutos. De modo geral, os morangos inoculados artificialmente com Botrytis (T2) apresentaram maior percentual de desidratação (percentagem de perda de peso) nos três períodos de armazenamento (aos 4 dias (0,26%), 6 dias (0,91%) e aos 8 dias (1,5%)) (Tabela 2). Verificou-se que, nos três períodos de avaliações, o tratamento T3- T2 + Exposição à Luz Ultravioleta C (UV-C) proporcionou melhores resultados quanto à percentagem de perda de peso dos frutos. Dhallewin et al. (1994), ao utilizarem luz UV-C e tratamento térmico e thiabendazole para controlar podridões em tangerinas, verificaram que a perda de peso foi significativamente inferior nos frutos tratados com luz UV-C e tratamento térmico. A acidez titulável dos morangos nos diferentes tratamentos variou em função dos períodos de armazenamento. Aos 4, 6 e 8 dias de armazenamento, o tratamento T1- Testemunha (0,72, 0,70, 0,71% de ácido cítrico, respectivamente) proporcionou frutos com maior acidez, no entanto, aos 8 dias, este tratamento diferiu estatisticamente do tratamento T2- Testemunha inoculada (0,63%) (Tabela 2). Quanto à relação SST/AT, teve diferença estatística entre os tratamentos e os períodos de armazenamento. Aos 04 dias, os frutos tratados com Luz Germicida e os somente inoculados artificialmente (T2) tiveram maior relação SST/AT, diferindo apenas dos frutos não tratados. Aos 06 dias, os frutos tratados com Luz UV-C tiveram maior relação SST/ AT, diferindo dos demais tratamentos. E, aos 08 dias de armazenamento, não teve diferença entre os tratamentos, sendo que os 173 174 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul morangos do tratamento T2 (Testemunha inoculada) tiveram maior valor (Tabela 2). Tabela 2. Perda de peso, acidez titulável (AT) e relação SST/AT de morangos ´Camarosa´, armazenados durante 04, 06 e 08 dias de armazenamento, permanecendo os frutos durante 02, 04 e 06 dias sob refrigeração (0oC e 90-95% de UR) e mais dois dias em ambiente (20-22OC e 65-70 % de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2003. Período avaliação (dias) 04 06 08 c.v.(%) Tratamentos T1-Testemunha T2-Testemunha Inoculada T3-Luz UV-C T4-Luz Germicida T1-Testemunha T2-Testemunha Inoculada T3-Luz UV-C T4-Luz Germicida T1-Testemunha T2-Testemunha Inoculada T3-Luz UV-C T4-Luz Germicida Variáveis avaliadas Perda peso (%) AT (% ác. cítrico) 0,19 b 0,72 a 0,26 a 0,66 b 0,23 ab 0,64 b 0,25 a 0,62 b 0,91 a 0,70 a 0,91 a 0,70 a 0,69 b 0,59 b 0,77 b 0,65 a 1,40 a 0,71 a 1,50 a 0,63 b 1,53 a 0,70 a 1,41 a 0,65 ab 6,75 7,15 SST/AT 8,83 b 10,14 a 9,57 ab 10,44 a 10,99 b 11,43 b 12,84 a 11,29 b 8,62 a 9,36 a 8,57 a 8,39 a 10,49 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de DMS (p<0,05). OBS: Tratamentos diferentes de épocas de avaliações, ou seja, interação tratamento x época significativa na análise da variância. A firmeza da polpa dos morangos variou somente em função dos diferentes tratamentos. O tratamento T3- T2 + Exposição à Luz Ultravioleta C (UV-C) proporcionou maior perda de firmeza, porém não diferiu do T4- T2 + Exposição à Luz Germicida (Tabela 3). Ao contrário, Coutinho et al. (2003) utilizando luz UV-C durante 10 minutos e benomil em pêssegos ´Jade´ observaram, que a perda de firmeza da polpa foi menor em pêssegos tratados com luz UV-C aos quatro dias de armazenamento em condição ambiente (26 OC e 75-80% de UR). Os sólidos solúveis totais e o pH dos frutos não variaram significativamente na interação tratamentos x períodos de armazenamento e nos Resumos do Morango diferentes tratamentos, independentemente dos períodos de armazenamento (Tabela 3). Coutinho et al. (2003) observaram que o pH de pêssegos ´Jade´ não variou em função dos tratamentos com Luz UV-C e Benomil, após 4 e 8 dias de armazenamento ambiente (26 OC e 75-80 % de UR) e que os SST variaram entre os tratamentos, somente aos 4 dias de armazenamento. Também Coutinho et al. (2001), não observaram variação dos SST de pêssegos ´Cerrito´ tratados com diferentes tempos de radiação com Luz UV-C e armazenados sob refrigeração (1 OC e 90-95 % de UR) por 5, 10 e 15 dias mais três dias em ambiente (24-25 OC e 65-75 % UR). Para a variável frutos sadios não ocorreu interação entre os diferentes tratamentos e períodos de armazenamento (Tabela 3). Tabela 3. Firmeza da polpa, pH, sólidos solúveis totais (SST) e percentagem de frutos sadios de morangos ´Camarosa´, armazenados durante 04, 06 e 08 dias de armazenamento, permanecendo os frutos durante 02, 04 e 06 dias sob refrigeração (0 OC e 90-95% de UR) e mais dois dias em ambiente (20-22 OC e 65-70 % de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2003. Tratamentos Variáveis avaliadas Firmeza (N) pH SST % Frutos sadios 12,79 a 3,42 a 6,67 a 65,42 a T1-Testemunha T2-Testemunha Inoculada 12,25 a 3,39 a 6,64 a 49,47 a T3-Luz UV-C 10,94 b 3,38 a 6,54 a 55,62 a T4-Luz Germicida 11,93 ab 3,35 a 6,37 a 58,37 a c.v.(%) 15,88 3,01 6,60 21,63 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de DMS (p<0,05). OBS: Tratamentos indiferentes de épocas de avaliações, ou seja, interação tratamento x época não significativa na análise da variância. 175 176 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Conclusões Os tratamentos físicos (Luz UV-C e Luz Germicida) não foram eficientes para controlar podridões pós-colheita, causadas por Botrytis cinerea, em morangos ´Camarosa´. Morangos ´Camarosa´ são conservados, com qualidade para consumo in natura, durante quatro dias a 0 OC e 90-95% de UR mais dois dias a 20-22 OC e 65-70% de UR. Referências Bibliográficas COUTINHO, E.F., et al. Aplicação pós-colheita de Luz Ultravioleta (UVC) em pêssegos cultivar Jade, armazenados em condição ambiente. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.4, p.663-666, 2003. COUTINHO, E.F., et al. A luz ultravioleta-C no controle de podridões pós-colheita de pêssegos (Prunus persica L. Batsch.) cv. Cerrito, produzidos segundo o sistema integrado (pif). Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2001. (Comunicado Técnico, 55). DHALLEWIN, G., et al. Reducing decay of Avana mandarin fruit by the use of UV, heat and Thiabendazole treatments. Acta Horticulturae, Wellington, v.368, p.387-397, 1994. Desempenho Agronômico de Cultivares de Morangueiro Polinizadas pela Abelha Jataí em Ambiente Protegido Odirce Teixeira Antunes Eunice Oliveira Calvete Hélio Carlos Rocha Dileta Cechetti Ricardo Eoclides Maran Ezequiel Riva Mateus Augusto Girardi Cristiane de Lima Wesp Franciele Mariane Resumo A cultura do morangueiro (Fragaria X ananassa Duch) no Brasil concentra-se principalmente nos estados de Minas Gerais (41,4%), Rio Grande do Sul (25,6%), São Paulo (15,4%), Paraná (4,7%) e Distrito Federal (4%). A área cultivada no Brasil é estimada em 3.500 hectares, sendo que a maior parte das propriedades é de 0,5 a 1,0 ha, gerando empregos para três pessoas/ha/ano. Estes dados caracterizam essa cultura como própria da agricultura familiar, visando atender ao mercado in natura e a industrialização (Pagot e Hoffmann, 2003). O uso da tecnologia em ambientes protegidos no Brasil ainda é incipiente, conforme destaca Resende et al. (1999). A utilização dessa técnica tem o objetivo de proteger a cultura das baixas temperaturas na ocasião da floração e frutificação, e das chuvas, durante o período da colheita, diminuindo com isso a incidência de doenças foliares e de podridões nos "frutos". Nas cultivares comerciais de morangueiro, com raras exceções, as flores são sempre hermafroditas. Na flor ocorre protogenia e, por tanto, fecundação cruzada, sendo esta quase sempre entomófila. 178 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Vários trabalhos têm mostrado que a produção do morangueiro tem alta correlação com a polinização, pois para que ocorra a formação do "fruto comercial" (sem deformação) é necessário a fertilização dos aquênios, que liberam auxinas para o desenvolvimento do receptáculo. Alguns autores (Malagoni-Braga e Kleinert, 2000; Godoy, W. I., 1998 e Nogueira-Couto, 2000) têm demonstrado ser possível a utilização de abelhas na produção de várias espécies vegetais, inclusive em ambientes protegidos, onde muitas vezes a polinização é prejudicada. Os meliponíneos apresentam características biológicas relevantes para a polinização, porém, poucos estudos têm avaliado o manejo destas abelhas para a polinização dirigida em plantas cultivadas. Este trabalho objetivou aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos comerciáveis do morangueiro, através da adaptação da Tetragonisca angustula (Jataí) na eficiência da polinização entomófila do morangueiro, em ambiente protegido. Materiais e Métodos O trabalho foi executado no interior de estufas plásticas com teto semicircular, instadas no sentido norte-sul, com uma área coberta de 480 m2. A estrutura é galvanizada e coberta com filme de polietileno de baixa densidade, com aditivo anti-ultravioleta e anti-gotejamento com espessuras de 150 micras. Os tratamentos foram constituídos de um fatorial 4 x 3, compostos pelas cultivares Oso Grande, Tudla, Chandler e Dover e pela espécie Tetragonisca angustula (Jataí) em três densidades, sem abelha, com duas e com quatro caixas de abelhas, dispostos em DCC, com 7 repetições. Cada parcela constituiu-se de 20 plantas. As densidades de jataí foram isoladas por telas de clarite, dentro do ambiente protegido. O transplante foi efetuado em 05 de maio de 2003, com espaçamento de 0,30 m entre plantas e 0,30 m entre fileiras, em área contendo mulching preto. A irrigação foi realizada por um sistema de gotejamento localizado, composto por mangueiras fixas e por gotejadores de acordo com os espaçamentos entre plantas. O momento da irrigação foi determinado Resumos do Morango por meio da utilização de sensores eletrônicos que foram instalados junto às plantas. A adubação foi através da fertirrigação, semanal. No ambiente foram monitorados os parâmetros de temperatura e umidade relativa do ar através de aparelhos termohigrógrafos de registro semanal. No morangueiro foram analisadas as seguintes características: frutos comerciáveis e defeituosos (%), massa dos frutos x planta-1, número médio de frutos x planta-1 e produtividade (t ha-1). Com relação a fenologia foram avaliados: início da floração e da formação de frutos, início e término da colheita dos frutos. Em relação a abelha jataí avaliou-se o período de polinização, número de abelhas, tempo e tipo de alimento coletado (néctar e/ou pólen) nas flores de morangueiro, além dos aspectos de manejo geral das colméias. Os resultados referentes ao rendimento das cultivares de morangueiro foram submetidos, inicialmente, a análise de variância e após foi aplicado o teste Tukey e 5% de significância. Resultado e Discussão Foi observado maior precocidade na cultivar Dover do que nas cultivares Oso Grande, Tudla e Chandler, iniciando a floração, frutificação e colheita aos 44, 87 e 98 dias após o transplante (5 de maio), respectivamente. No presente trabalho, estudando diferentes características verifica-se, com exceção da variável número e massa de frutos defeituosos, efeito positivo da presença da abelha jataí sobre as quatro cultivares de morangueiro. Com relação a produção total por planta e/ou área foi evidenciado superioridade naquelas cultivares obtidas com quatro caixas de abelhas jataí. Entretanto a cultivar Dover apresentou comportamento semelhante na presença ou ausência do agente polinizador. Free (1968), Moore (1969), Changnon et al. (1996) e Couto (1996) demonstraram que a produção de frutos de morangueiro tem alta correlação com a polinização, quanto ao peso, formato e tamanho. 179 180 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Quanto ao número de frutos comerciáveis verificou-se um acréscimo de 37,89% em relação a testemunha, tomando como base a média das quatro cultivares (Figura 1). Comparando com cultivares polinizadas, com duas caixas de abelhas jataí, esse aumento foi de 20,54%. Entretanto, se não for utilizado abelha, para efetuar a polinização, o maior rendimento de frutos comerciáveis foi verificado nas cultivares Oso Grande e Dover. Na presença do agente polinizador, com uma densidade de quatro caixas, a maior massa média de frutos comerciáveis foi encontrado na cultivar Tudla. A presença de abelha melhora significativamente a polinização. Segundo Sudzuki (1988) na cultura do morangueiro a presença de abelhas resultou com um peso médio dos frutos de 8,3 gramas, enquanto na ausência foi 6,7 gramas. Com relação aos frutos defeituosos o autor relata um percentual de 20,7%, enquanto sem abelhas esse valor passa para 48,6%. Verificou-se maior visitas/flor na cultivar Tudla das 12:00 às 12:30 horas e na cultivar Chandler das 13:25 às 13:55 horas. Entretanto, constatou-se o período de visitação entre 10:00 e 16:30 horas, com uma temperatura que variou de 27 a 37 OC. Com relação a cultivar Oso Grande o maior número de vezes que as flores foram visitadas pela abelha jataí foi das 13:43 às 14:15 horas e na cultivar Dover das 12:15 às 14:50, em uma temperatura que variou de 30 a 34 OC. Estes resultados confirmam os relacionados por Sudzuki (1988), onde o maior efeito da polinização ocorre das 9:00 horas até às 17:00 horas, com temperatura mínima de 12 OC e uma umidade relativa do ar até 94%. Referências Bibliográficas CHAGNON, M.; GINGRAS, J.; OLIVEIRA, D. Complementary aspects of strawberry pollination by honey and indiginous bee (Hymenoptera). Journal of economic entomology, College Park, n.2, v.86, p. 416-420, 1993. COUTO, R.H.N. de. Uso de atrativos e repelentes como reguladores da polinização. In: SIMPÓSIO ESTADUAL DE APICULTURA DO PARANÁ, Resumos do Morango 11, 1996. Pato Branco, Anais... Curitiba: Champagnat, 1996. p.61-65. FREE, J.B. The pollination of strawberries by honey bees. Journal of horticultural science, Ashford Kent, v.43, p.107-111, 1968. GODOY, W.I. Polinização entomófila em duas cultivares de morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) sob diferentes cobertura do solo. 1998. 162 f. (Dissertação Mestrado) - UFRGS, Programa de Pósgraduação em Agronomia, Porto Alegre. MALAGODI-BRAGA, K.S.; KLEINERT, A.M.P. Os meliponíneos e a polinização do morangueiro em estufas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 14, Florianópolis, 2000. Anais... (CD-ROM)Confederação Brasileira de Apicultura, 2000. MOORE, J.N. Insect pollination of strawberries. Journal of the American Society for Horticultural Science, Alexandria, v.94, p.362364, 1969. NOGUEIRA-COUTO, R. H. Comportamento forrageiro de abelhas e sua importância na polinização de plantas domesticadas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 14, Florianóplis, 2000. Anais... (CDROM) -Confederação Brasileira de Apicultura, 2000. PAGOT, E.; HOFFMANN, A. Produção de pequenas frutas no Brasil. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS, 1, Vacaria, 2003. Anais... Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2003. p.9-18. (Documentos 37). RESENDE, L.M. de A.; MASCARENHAS, M.H.T.; PAIVA, B.M. Programa de produção e comercialização de morango. Informe Agropecuário. Belo Horizonte, n.198, v.20, p. 5-19, 1999. SUDZUKI, F. Cultivo de Frutales Menores. Chile: Ed. Universitaria. 4. ed. 1988. 123 p. 181 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% (a) 2 caixas (b) (b) 4 caixas (a) Nºfrutos defeituosos Densidades de abelhas jataí Nºfrutos comerciáveis testemunha (c) (c) Figura 1. Influência das colméias de jataí na porcentagem dos frutos comerciáveis e defeituosos em morangueiro.Passo Fundo, FAMV/UPF, 2003. Nº (%) de frutos comerciáveis e defeituosos 182 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Comportamento de Dez Cultivares de Morangueiro em Cultivo Orgânico Ricardo Lima de Castro Vicente Wagner Dias Casali Cosme Damião Cruz Márcio Henrique Pereira Barbosa Lodovino Gemeli Júnior Introdução Devido à suscetibilidade das principais cultivares de morangueiro a diversas doenças e pragas tem sido praticado o uso intensivo, muitas vezes indevido, de agrotóxicos. Segundo levantamento realizado, recentemente, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em sete estados brasileiros, 54% dos morangos comercializáveis têm índices de resíduos de agrotóxicos acima do permitido na lei. A conscientização sobre os riscos decorrentes do uso de agrotóxicos tem levado ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de sistemas de produção orgânicos. No entanto, os programas de melhoramento genético do morangueiro no Brasil, assim como nos demais países, caracterizam-se pela avaliação e seleção de clones em sistema de cultivo convencional. Dessa forma, as cultivares então recomendadas têm menor desempenho no cultivo orgânico. Novos patamares de eficiência na agricultura sem agrotóxicos serão alcançados, se programas de melhoramento objetivarem o desenvolvimento de clones adaptados ao cultivo orgânico. O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de dez cultivares de morangueiro em cultivo orgânico, em Viçosa-MG, na perspectiva de identificar potenciais genitores em programas de melhoramento. 184 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Materiais e Métodos Plantas matrizes isentas de vírus das cultivares Camarosa, Campinas, Dover, Oso Grande, Princesa Isabel, Selva, Sequóia, Sweet Charlie, Toyonoka e Tudla, doadas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), foram cultivadas em vasos previamente preenchidos com solo e composto orgânico misturados na proporção de 3: 1, respectivamente, e mantidas sobre estrado em casa de vegetação. De dezembro de 2000 a março de 2001, as mudas provenientes dos estolões das plantas matrizes foram enraizadas em sacos plásticos (350 mL) contendo o mesmo substrato dos vasos. Devido ao manejo empregado no processo de produção, as mudas foram consideradas orgânicas e utilizadas no ensaio de competição. O ensaio de competição foi realizado na horta orgânica do Departamento de Fitotecnia da UFV, no período de maio de 2000 a dezembro de 2001, em solo classificado como argissolo vermelho amarelo distrófico. O delineamento experimental foi blocos ao acaso (DBC) com quatro repetições. O plantio foi realizado em 21/05/2001, em canteiros com 0,8 m de largura e 0,2 m de altura. O espaçamento entre plantas foi de 0,4 x 0,4 m. Os canteiros foram previamente cobertos com filme de polietileno preto de 150 mm de espessura. As parcelas com área de 1,28 m2 (0,8 m x 1,6 m), continham oito plantas. A adubação de plantio consistiu na aplicação de 40 t.ha-1 de composto orgânico, com aproximadamente 50% de umidade (cama de frango e capim Napier, enriquecido com torta de mamona e farinha de ossos). Em 10/08/ 2001, foram aplicados 40 g.planta-1 do mesmo composto, em cobertura. Os tratamentos fitossanitários consistiram na retirada de folhas senescentes e/ou com sintomas de doença, periodicamente, e nas pulverizações de calda sulfocálcica, 1,5 L de calda em 100 L de água, após o primeiro mês do plantio e calda bordalesa a 0,5% e Supermagro a 4% a cada três semanas, aproximadamente, entre o segundo e o quinto mês de cultivo. Foram realizadas duas colheitas por semana no período entre 14/07 e 02/12/2001. O comportamento das cultivares foi avaliado segundo as seguintes características: número, massa (g) e massa média (g) de morangos comercializáveis (massa fresca superior a 3,5 g, desprovidos de injúrias e doenças), não comercializáveis e total produzidos por planta; número de folhas por planta no terceiro e sexto meses após o plantio; área foliar (cm2.folha-1) no sexto mês após o plantio; incidência de micosferela Resumos do Morango (Mycosphaerela fragariae); incidência de formiga-lava-pé (Solenopsis saevissima); qualidade dos morangos in natura (pH, sólidos solúveis totais, acidez total titulável e avaliação sensorial dos atributos acidez, doçura, sabor, aroma, cor, formato e textura); e conservação póscolheita (avaliação sensorial de morangos comercializáveis, colhidos nos meses de agosto e novembro, conservados em refrigerador doméstico a aproximadamente 10 OC por 1, 3 e 6 dias após a colheita). Os dados foram submetidos à análise de variância complementada por comparações múltiplas de médias, pelo teste de Duncan, utilizando-se o programa computacional GENES. Os dados de produtividade (massa de morangos comercializáveis), qualidade do morango, aceitação geral após conservação em refrigerador (por até 6 dias) e resistência a doenças foram utilizados no cálculo do índice de desempenho das cultivares. O nível de resistência foi estimado pela média ponderada entre a nota referente à severidade de micosferela (peso 4) e a porcentagem de morangos comercializáveis em relação ao total (peso 6), já que os morangos com sintomas de doença foram considerados não comercializáveis. Os dados foram padronizados, sendo divididos pelo desvio padrão respectivo de cada característica, e transformados em escala de 5 a 15, na qual o valor 10 correspondeu à média da característica. O índice de desempenho foi estimado atribuindo-se peso 4 à produtividade; 1 à resistência a doenças; 1,5 tanto ao flavor, quanto à aparência dos morangos; e 2 à qualidade pós-colheita. Resultado e Discussão As cultivares Princesa Isabel e Dover se destacaram quanto ao número de morangos comercializáveis produzidos por planta (médias de 70,1 e 62,5, respectivamente); maiores produções, em massa de morangos comercializáveis por planta, foram detectadas nas cultivares Camarosa (média de 761,4 g), Tudla (698,4 g), Princesa Isabel (660,5 g), Sweet Charlie (600,6 g) e Oso Grande (567,6 g); Oso Grande e Tudla produziram frutos com maior massa média (13,9 e 12,8 g, respectivamente); os frutos de Sweet Charlie foram os preferidos quanto ao flavor (sabor e aroma) e aceitação geral nos testes sensoriais; e melhor qualidade na conservação pós-colheita foi verificada nos morangos de Oso Grande, Sweet Charlie e Toyonoka. 185 186 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul A cultivar Princesa Isabel foi uma das mais afetadas por micosferela, manifestando grande número de lesões. Já na cultivar Selva, a ocorrência das lesões causadas por Mycosphaerella fragariae foi baixa. A incidência de formiga-lava-pé não diferiu significativamente entre as cultivares. As plantas de Dover tiveram o maior número de folhas no terceiro mês após o plantio (média de 15,2 folhas). No sexto mês, Tudla teve a maior média, com 45,6 folhas por planta, todavia, diferindo significativamente apenas das cultivares Sweet Charlie, Oso Grande e Dover. Maior área foliar média foi verificada nas cultivares Toyonoka e Sequóia (121,3 e 101,3 cm2 por folha, respectivamente). A cultivar Sweet Charlie teve a maior estimativa do índice de desempenho (13; em escala de 5 a 15); seguido por Camarosa (12,7) e Tudla (12,1) (Figura 1). 'Camarosa' 'Campinas' I = 12,7 (2) I = 6,8 (9) P r o dut i v i dade P ó s -co l hei t a P r o dut iv idade R es i s t ência A par ência F l av o r 'Dover' A par ênci a I = 11,2 (4) P r o dut iv i dade A par ênci a F lavo r 'Oso Grande' I = 9,1 (7) P ó s -co l hei t a R es i s t ênci a P ó s -co l hei t a P r o dut i v i dade R es i s t ênci a F l avo r P ó s -co lhei t a A par ênci a R es i s t ênci a F l avo r Resumos do Morango 'Princesa Isabel' 'Selva' I = 8,4 (8) I = 9,8 (6) P r o dut ivi dade P r o dut ivi dade R es i s t ênci a P ó s -co l hei t a A par ência F lavo r 'Sequóia' A par ência I = 13,0 (1) P r o dut ivi dade P ó s -co l hei t a P r o dut iv idade R es i s t ênci a A par ência F l avo r P ó s -co l hei t a R es is t ência A par ência 'Toyonoka' 'Tudla' I = 10,4 (5) I = 12,1 (3) P r o dut ivi dade A par ência F lavo r 'Sweet Charlie' I = 6,7 (10) P ó s -co l hei t a R es is t ênci a P ó s -co l heit a F l avo r P r o dut iv idade R es i s t ênci a F l avo r P ó s -co l hei t a A par ência R es is t ência F l avo r Figura 1. Índice de desempenho (I) em escala de 5 a 15 (Produtividade: peso 4; Resistência a doenças: peso 1; Flavor: peso 1,5; Aparência: peso 1,5; Pós-colheita: peso 2); pentágono corresponde aos valores médios de cada característica (=10). Valor entre parênteses refere-se à classificação relativa da cultivar em relação ao índice de desempenho. Viçosa-MG, 2001. O desempenho das cultivares evidencia a potencialidade do cultivo orgânico e reforça a perspectiva de ganhos por meio de melhoramento genético. As cultivares Camarosa, Oso Grande, Sweet Charlie, Toyonoka e Tudla são recomendáveis nos cruzamentos em programas de melhoramento visando o cultivo orgânico. (CNPq). 187 188 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Divergência Genética em Cultivares de Morangueiro em Relação ao Uso de Composto Orgânico Ricardo Lima de Castro Vicente Wagner Dias Casali Cosme Damião Cruz Márcio Henrique Pereira Barbosa Waldência de Melo Moura Lodovino Gemeli Júnior Introdução A variabilidade genética é fundamental em qualquer programa de melhoramento. Cruzamentos envolvendo genitores com maior diversidade genética são indicados quando se deseja alto efeito heterótico e maior heterozigose nas populações segregantes, como é o caso do morangueiro. O progresso genético por meio da seleção nestas populações é diretamente proporcional à superioridade agronômica e à diversidade genética observadas nos genitores. A diversidade genética pode ser determinada pela quantificação da heterose manifestada nos cruzamentos ou por processos preditivos, que tomam por base as diferenças agronômicas, morfológicas e fisiológicas entre os genótipos e não requerem a obtenção prévia das combinações híbridas. Quando diversas características são avaliadas simultaneamente nos genótipos, as distâncias genéticas relativas podem ser estimadas por procedimentos multivariados como a estatística D2 de Mahalanobis, distâncias euclidianas, agrupamento pelo método de Tocher, variáveis canônicas, componentes principais e dispersão em eixos cartesianos, entre outros, sendo a escolha do método função da precisão desejada pelo pesquisador, facilidade de análise e forma como os dados foram obtidos. 190 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Neste trabalho, objetivou-se avaliar a diversidade genética entre cultivares de morangueiro, com base em características agronômicas e por meio de procedimentos multivariados, em seis doses de composto orgânico, possibilitando a identificação da dose mais adequada aos estudos genéticos, bem como as combinações de genitores mais promissores em programas de melhoramento destinados à produção orgânica, que almejem a obtenção de cultivares mais efetivas no uso do composto orgânico. Materiais e Métodos O trabalho foi realizado em Viçosa-MG, em casa de vegetação do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no período de julho de 2001 a janeiro de 2002. Foram avaliadas dez cultivares: Camarosa, Campinas, Dover, Oso Grande, Princesa Isabel, Selva, Sequóia, Sweet Charlie, Toyonoka e Tudla; e seis doses de composto orgânico (0; 25; 50; 100; 200; e 400 g de matéria seca por 5 dm3 de solo). Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 10 x 6 (dez cultivares x seis doses de composto), em blocos casualizados com quatro repetições, totalizando 240 unidades experimentais; cada unidade (parcela) foi constituída por um vaso com uma planta. O composto orgânico foi misturado, conforme o tratamento, com solo de baixa fertilidade, classe textural argiloso, coletado em Viçosa-MG. A acidez do solo foi corrigida com a aplicação de calcário (PRNT = 100%) na dose equivalente a 2,51 t.ha-1, calculada pelo método da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+, segundo as recomendações da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999). Após a calagem e adubação orgânica, o solo foi acondicionado em vasos de polietileno rígido (5 dm3 da mistura de solo e composto orgânico por vaso), irrigado e mantido próximo a capacidade de campo por uma semana, em casa de vegetação, quando, então, realizou-se o plantio (25/07/ 01). O solo foi coberto com filme de polietileno preto de 150 mm de espessura, recortado nas dimensões da superfície do vaso e contendo orifício central destinado à passagem da planta. A irrigação foi feita com água desionizada. Folhas senescentes e/ou com sintomas de doenças foram periodicamente retiradas. Os frutos foram colhidos à medida que amadureciam. Resumos do Morango No final do sexto mês de cultivo, as plantas foram colhidas e separadas em frutos, folhas, caule (coroa, estolões e eixos das inflorescências) e raízes, estas últimas retiradas com auxílio de jato dágua dirigido sobre o substrato. Em seguida, os órgãos das plantas foram acondicionados em sacos de papel e secos em estufa com ventilação forçada a 70 OC, até adquirirem peso constante. Foram quantificadas as variáveis: número e massa de morangos comercializáveis, não comercializáveis e totais por planta e massa média dos frutos colhidos no período de 25/08/01 a 25/01/02; massa seca total dos morangos produzidos por planta; número de folhas sadias por planta no segundo e sexto meses após o plantio; área foliar (cm2.folha-1); área foliar total (cm2.planta-1); massa fresca e seca das folhas; massa fresca e seca do caule (coroa, estolões e eixos das inflorescências); massa seca da parte aérea vegetativa (folhas + caule); massa seca da parte aérea (frutos + folhas + caule); massa fresca e seca das raízes; massa seca total da planta (frutos + folhas + caule + raízes); relação raiz / parte aérea; relação folhas / parte aérea; relação frutos / folhas; relação frutos / parte aérea vegetativa; razão de área foliar; área foliar específica; incidência de micosferela (Mycosphaerela fragariae); e incidência de formiga-lava-pé (Solenopsis saevissima). A diversidade genética, estudada em cada dose de composto orgânico, foi avaliada utilizando-se análise de agrupamento pelo método de Tocher, baseada na distância generalizada de Mahalanobis (D2), cujo princípio básico é manter a homogeneidade dentro e heterogeneidade entre os grupos formados. No cálculo das distâncias de Mahalanobis, foram consideradas 29 características, excluindo-se a severidade de micosferela e a incidência de formiga-lava-pé, cujos dados não permitiram a análise de variância em cada dose de composto. A contribuição relativa de cada característica avaliada na diversidade entre as cultivares foi calculada pela metodologia proposta por Singh (1981). Em cada dose de composto, também foram realizadas análises de variância das variáveis, adotando-se o modelo fixo em razão dos resultados serem válidos apenas às cultivares em estudo. A fim de auxiliar na escolha da dose mais adequada aos estudos genéticos, 191 192 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul foram estimados, em cada dose: valor da estatística F; componente de variação fenotípico ( σ̂ f2 ), dado pela razão QMG / r; componente quadrático que expressa a variabilidade genotípica entre as médias das cultivares ( φ̂ g ), dado pela expressão (QMG - QMR) / r; coeficiente de variação experimental (CVe), dado pela expressão 100 QMR / m̂ ; coeficiente de variação genotípico (CVg), dado pela expressão 100 φˆ g / m̂ ; razão CVg / CVe; e coeficiente de determinação (H2), dado pela razão φˆ g / σˆ f2 , em que: QMG = quadrado médio de cultivares; QMR = quadrado médio do resíduo; r = número de repetições; e m̂ = média geral da variável. Todas as análises foram realizadas com o auxílio do programa computacional GENES. Resultados e Discussoões Constatou-se variabilidade genética entre as cultivares de morangueiro, levando em conta 29 características, principalmente nas doses 50 e 400 g de composto orgânico por 5 dm3 de solo. Nestas doses, a análise pelo método de otimização de Tocher, com base na distância generalizada de Mahalanobis (D2), resultou na formação de cinco grupos distintos, enquanto na ausência de composto orgânico e na dose 25g / 5dm3 de solo, verificou-se a formação de três e quatro grupos, respectivamente, e nas doses 100 e 200 g, apenas dois grupos (Quadro 1). De acordo com a metodologia de Singh (1981), a massa seca da parte aérea total e da parte aérea vegetativa foram as características que mais contribuíram na divergência, respectivamente, nas doses 50 e 400 g de composto. Dentre as doses que mais discriminaram as cultivares (50 e 400 g de composto), onde se verificou a formação de cinco grupos pelo método de otimização de Tocher, a dose 400 g possibilitou maior manifestação da variabilidade genética, avaliada pela significância dos quadrados médios de cultivares e pela magnitude da estatística F, do coeficiente de determinação genotípico (H2) e da razão CVg / CVe, além de maior precisão experimental (magnitudes dos CVe numericamente menores). Resumos do Morango Contudo, a dose 50 g pode ser preferida quando o interesse for avaliar a eficácia dos genótipos em baixo nível de adubação. Na dose 400 g de composto / 5 dm3 de solo, as cultivares Oso Grande e Princesa Isabel se destacaram quanto à produção, respectivamente, em massa e número de morangos por planta; maior massa média dos frutos foi verificada em Oso Grande; Princesa Isabel manifestou maiores relações frutos/folhas e frutos/parte aérea vegetativa (folhas + caule); maior número de folhas por planta e maiores áreas foliares total e específica foram observadas na cultivar Dover; Sequóia se destacou quanto à massa seca das raízes e das folhas; e Camarosa quanto à razão de área foliar. A severidade de micosferela (Mycosphaerela fragariae) e a incidência de formiga-lava-pé (Solenopsis saevissima), cujas notas médias foram 1,3 (escala de 1 a 6) e 1,4 (escala de 1 a 4), respectivamente, não variaram significativamente entre as cultivares. Quadro 1. Agrupamento das dez cultivares de morangueiro pelo método de Tocher, com base na distância generalizada de Mahalanobis (D2), considerando 29 características, nas seis doses de composto orgânico aplicadas ao solo. Viçosa-MG, 2001/2002. Grupos I II III IV V Grupos I II III IV V Doses de composto orgânico (g / 5 dm3 de solo) 0 25 50 2; 6; 4; 10; 1; 9; 8; 7 2; 4; 8; 6; 1; 5; 7 7; 9; 6; 4 5 9 3; 5; 1 3 10 10 3 2 8 Doses de composto orgânico (g / 5 dm3 de solo) 100 200 400 6; 8; 5; 10; 1; 2; 9; 4; 7 2; 7; 1; 6; 5; 9; 8; 10; 4 6; 8; 7; 10; 1 3 3 2; 5 3 9 4 Cultivares: 1 Camarosa; 2 Campinas; 3 Dover; 4 Oso Grande; 5 Princesa Isabel; 6 Selva; 7 Sequóia; 8 Sweet Charlie; 9 Toyonoka; e 10 Tudla. 193 194 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul As doses de 50 e 400 g de composto orgânico / 5 dm3 de solo são as mais indicadas aos estudos de divergência genética em morangueiro visando maior eficácia na utilização de composto, sendo a dose 50 g recomendada nos estudos genéticos relacionados ao baixo nível de adubação orgânica. Os cruzamentos Oso Grande x Princesa Isabel e Princesa Isabel x Selva são recomendáveis nos programas de melhoramento, considerando a divergência genética das cultivares. (CNPq). Referências Bibliográficas COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. 5. Aproximação. Viçosa: CFSEMG, 1999. 359p. SINGH, D. The relative importance of characters affecting genetic divergence. Ind. J. Genet. Plant Breed., v.41, n.2, p.237-245, 1981. Resposta de Cultivares de Morangueiro ao Composto Orgânico Ricardo Lima de Castro Vicente Wagner Dias Casali Cosme Damião Cruz Márcio Henrique Pereira Barbosa Waldência de Melo Moura Lodovino Gemeli Júnior Introdução A agricultura orgânica tem como base a aplicação, no solo, de resíduos orgânicos vegetais e animais, produzidos na propriedade agrícola, com o objetivo de manter o equilíbrio biológico e a ciclagem de nutrientes. Nesse sentido, os programas de melhoramento destinados à produção orgânica devem almejar a obtenção de cultivares mais efetivas no uso do composto orgânico. Assim, o objetivo deste trabalho foi estudar e classificar dez cultivares de morangueiro quanto à eficácia no uso de composto orgânico. Material e Métodos O trabalho foi realizado em casa de vegetação do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa-MG, no período de julho de 2001 a janeiro de 2002. O desempenho das cultivares de morangueiro Camarosa, Campinas, Dover, Oso Grande, Princesa Isabel, Selva, Sequóia, Sweet Charlie, Toyonoka e Tudla foi avaliado em seis doses de composto orgânico (0; 25; 50; 100; 200; e 400 g de matéria seca por 5 dm3 de solo). Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 10 x 6 (dez cultivares x seis doses de composto), em blocos casualizados com quatro repetições, totalizando 240 unidades experimentais; cada unidade (parcela) foi constituída por um vaso com uma planta. O composto orgânico foi misturado, conforme o tratamento, com solo de baixa fertilidade, classe textural 196 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul argiloso, coletado em Viçosa-MG. A acidez do solo foi corrigida com a aplicação de calcário (PRNT=100%) na dose equivalente a 2,51 t.ha-1, calculada pelo método da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+, segundo as recomendações da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999). Após a calagem e adubação orgânica, o solo foi acondicionado em vasos de polietileno rígido (5 dm3 da mistura de solo e composto orgânico por vaso), irrigado e mantido próximo a capacidade de campo por uma semana, em casa de vegetação, quando, então, realizou-se o plantio (25/07/ 01). O solo foi coberto com filme de polietileno preto de 150 mm de espessura, recortado nas dimensões da superfície do vaso e contendo orifício central destinado à passagem da planta. A irrigação foi feita com água desionizada. Folhas senescentes e/ou com sintomas de doenças foram periodicamente retiradas. Os frutos foram colhidos no período de 25/08/01 a 25/01/02, à medida que amadureciam. As cultivares foram classificadas quanto à eficácia no uso de composto orgânico, com base na produção em massa de morangos comercializáveis por planta, nas doses 50 e 400 g de composto por 5 dm3 de solo, utilizando-se o teste de Scott-Knott. Procederam-se, também, análises de regressão, individualmente por cultivar, da produção de morangos em função da dose de composto. Resultados e Discussões A produção, em massa de morangos comercializáveis por planta, foi considerada o critério mais relevante na avaliação da efetividade das cultivares quanto ao uso do composto orgânico, visto que reflete melhor a receita econômica. Com base na produção, as cultivares Selva, Princesa Isabel e Oso Grande foram mais efetivas no aproveitamento da adubação orgânica, na dose 50 g de composto / 5 dm3 de solo, pelo método de agrupamento de Scott & Knott (1974) (Tabela 1). Estas cultivares, em conjunto com Dover, Tudla e Sweet Charlie, também foram consideradas mais efetivas, na dose 400 g de composto (Tabela 1). Resumos do Morango Tabela 1. Classificação de dez cultivares de morangueiro quanto à eficácia no uso de composto orgânico (maior eficácia: > E; ou menor eficácia: < E) em relação à massa de morangos comercializáveis por planta (Massa MC), nas doses de 50 e 400 g de composto / 5 dm3 de solo, utilizando-se o teste de Scott & Knott, a 5% de probabilidade. Viçosa-MG, 2001/2002. 50 g composto / 5 dm3 solo 400 g composto / 5 dm3 solo Cultivar Massa MC Classe Cultivar Massa MC Classe Selva Princesa Isabel Oso grande 98,51 98,32 >E >E Oso Grande 179,61 Princesa Isabel 160,40 >E >E 83,89 >E Dover 137,85 >E Dover Toyonoka Camarosa 63,52 54,05 53,63 <E <E <E Tudla Sweet Charlie Selva 137,54 132,10 114,81 >E >E >E Sweet Charlie Tudla Sequóia Campinas 53,00 51,47 47,87 22,81 <E <E <E <E Campinas Sequóia Toyonoka Camarosa 89,01 81,16 69,53 40,38 <E <E <E <E 197 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 198 -1 Massa de morangos (g.planta ) As cultivares Campinas, Dover, Oso Grande, Sweet Charlie e Tudla 200 tiveram resposta linear à adubação, quanto à massa de morangos comercializáveis por planta. Nas demais cultivares, a resposta foi quadrática (Figura 1). CAA 150 CAP DOV OSO PRI SEL 100 SEQ SWE TOY 50 TUD 0 0 100 200 300 400 3 Dose de composto orgânico (g / 5 dm de solo) CAA (cv. Camarosa): CAP (cv. Campinas): DOV (cv. Dover): OSO (cv. Oso Grande): PRI (cv. Princesa Isabel): SEL (cv. Selva): SEQ (cv. Sequóia): SWE (cv. Sweet Charlie): TOY (cv. Toyonoka): TUD (cv. Tudla): ŷ = 51,021930 + 0,383358X - 0,001029X2 ŷ = 44,534143 + 0,119199X ŷ = 76,586500 + 0,142688X ŷ = 60,297143 + 0,320925X ŷ = 76,610445 - 0,083395X + 0,000721X2 ŷ = 74,645430 + 0,353645X - 0,000638X2 ŷ = 40,158227 - 0,125690X + 0,000566X2 ŷ = 73,692714 + 0,175008X ŷ = 43,404148 + 0,555854X - 0,001202X2 ŷ = 42,264571 + 0,245639X R2 = 0,768 R2 = 0,599 R2 = 0,775 R2 = 0,853 R2 = 0,851 R2 = 0,926 R2 = 0,877 R2 = 0,607 R2 = 0,600 R2 = 0,938 Figura 1. Massa (g) de morangos comercializáveis por planta em dez cultivares de morangueiro, em função da dose de composto orgânico aplicada ao solo. Viçosa-MG, 2001/2002. Resumos do Morango Conclusões Dentre as cultivares de morangueiro estudadas, Selva, Princesa Isabel e Oso Grande foram mais efetivas no uso de composto orgânico, (CNPq). Referências Bibliográficas COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. 5. Aproximação. Viçosa: CFSEMG, 1999. 359p. SCOTT, A.J.; KNOTT, M. A cluster analysis method for grouping means in the analyses of variance. Biometrics, v.30, p.505-12, 1974. 199 200 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Influência do Processamento e da Cultivar na Qualidade de Morango (Fragaria x ananassa Duch) Minimamente Processado Cenci, S.A. Moraes, I.V.M. Mamede, A.M.G.N. Soares, A.G. Resumo O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito de diferentes cultivares (cvs. Oso Grande e Sweet Charlie) e do processamento mínimo na qualidade do morango. As avaliações envolveram sólidos solúveis totais (SST), acidez titulável total (ATT), pH, firmeza, vitamina C e cor (L, a, b). A cv. Sweet Charlie apresentou maiores valores de SST e Vitamina C, tanto em frutos in natura como em minimamente processados. Observou-se também que o processamento mínimo causou perda de vitamina C e ATT em ambas as cultivares, sendo que as perdas foram maiores na cv. Oso Grande. A cultivar Sweet Charlie, além de mais doce, pela maior relação SST/ATT, e conter mais vitamina C, apresentou menores perdas de vitamina C e ATT em função da operação processamento mínimo. A cv. Sweet Charlie apresentou coloração vermelha e amarela mais intensa, porém com maior luminosidade, ou seja, mais clara, em relação a cv. Oso Grande. A cv. Sweet Charlie apresentou-se mais estável aos efeitos do processamento mínimo, bem como melhor qualidade no que se refere a vitamina C e doçura, em relação a cv. Oso Grande. Abstract The objective of this study was to evaluate the effect of different cultivars on minimally processed strawberries. Evaluations concerned 202 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul total soluble solids concentrations (SST), total acidity levels (ATT), pH, firmness, vitamin C and color (L, a, b). Sweet Charlie cv. showed the highest values of SST and vitamin C for both in natura and minimally processed fruits. Losses on vitamin C and ATT levels for both cultivars were observed as consequence of the processing. The highest losses on these parameters were observed on Oso Grande cv. The lowest losses on vitamin C and ATT levels were observed on Sweet Charlie cv. under minimally processing besides its higher sweetness levels, because SST/ATT ratio and higher vitamin C contents, than Oso Grande cv. Redish and yellowish colors on strawberries surfaces and luminosity were observed in higher intensity on Sweet Charlie cv. than the Oso Grande cv. Sweet Charlie cv. presented more stability to minimally processing effect and quality regarding sweetness and vitamin C levels than Oso Grande cv. Introdução O morango, Fragaria x ananassa Duch, é um pseudofruto de clima temperado, com textura suculenta e gosto e aroma agradáveis e apreciados, rico em vitaminas C e do complexo B, cálcio, fósforo e fibras, sendo por isso muito valorizado. Apesar das excelentes características sensoriais, o morango é muito perecível, possui limitada vida útil pós-colheita e apresenta alta taxa respiratória (15 mg CO2 kg-1h-1 a 0 OC), a qual aumenta entre 4 a 5 vezes quando a temperatura aumenta até 10 OC, e incrementa-se até 10 vezes quando a temperatura aumenta até 20 OC (TUDELA et al., 2003). Por ser um fruto altamente perecível, normalmente o morango é estocado por um período de no máximo 6 dias a uma temperatura entre 0 e 4 OC, após o qual há uma redução nas suas propriedades de aroma, sabor e de seu brilho característico, tendo uma vida útil de 2 a 4 dias a temperatura ambiente (SCALON et al., 1995). O desenvolvimento da tecnologia de processamento mínimo, além de agregar valor e conveniência ao produto, poderia contribuir na redução de perdas pós-colheita. Este trabalho teve como objetivo estudar a Resumos do Morango influência da cultivar e do processamento mínimo na qualidade do morango. Material e Métodos Morangos das cultivares Oso Grande e Sweet Charlie, colhidos totalmente maduros (4/4 de coloração avermelhada) em cultivo comercial localizado em Pouso Alegre/MG, foram embalados em bandeja de polietilenotereftalato (PET) e transportados em caminhão para o Laboratório de Pós-colheita da EMBRAPA Agroindústria de Alimentos, localizado no município do Rio de Janeiro. Em seguida os morangos foram selecionados, sendo que parte do lote foi separada para o processamento, visando a caracterização físicoquímica de ambas as cultivares antes e após o processamento. Na etapa do processamento, os frutos foram lavados e sanitizados, sob imersão em em água a 5 OC, contendo hipoclorito de sódio na concentração de 150 mL/L de cloro ativo, por 10 minutos. Logo após os morangos foram submetidos ao enxágüe com água clorada com 5mL/L de cloro ativo a 5 OC, por 5 minutos, sendo depois colocados em escorredores para a drenagem da água de lavagem. Realizou-se a operação de corte do cálice dos morangos que em seguida foram colocados sob uma bancada coberta com gazes de algodão para a completa retirada da água sobre a fruta. Finalmente, os morangos foram pesados e acondicionados em bandejas plásticas. Em seguida os frutos foram analisados quanto ao teor de sólidos solúveis totais em OBrix, por refratometria (SST); acidez titulável total (ATT) em mg ác. cítrico/100g, por titulometria com NaOH 0,1N; pH por potenciometria; Vitamina C em mg ác. ascórbico/100g, por cromatografia líquida de alta eficiência; firmeza de polpa em Newton e Cor (L, a, b) por transmitância no S & M Color Computer modelo SM4-CH da Suga, no sistema Hunter. Os dados foram interpretados por análise de variância e pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Resultados e Discussões A análise estatística dos dados indicou que os teores de sólidos solúveis totais, vitamina C e os parâmetros de cor (L, a ,b) tiveram 203 204 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul influência do fator cultivar. Da mesma forma, a acidez titulável total e a vitamina C foram afetadas pelo fator processamento mínimo (p£ 0,05). O teor de sólidos solúveis solúveis totais (SST) foi significativamente maior em morangos da cv. Sweet Charlie. Este apresentou teor de SST superior à cv. Oso Grande, tanto em morangos in natura quanto em minimamente processados (MP). Mesmo não havendo diferença significativa no teor de acidez entre as variedades, tanto nos morangos in natura quanto nos minimamente processados, frutos da cv. Sweet Charlie in natura apresentaram valores ligeiramente inferiores aos da cv. Oso Grande. Esta característica, associada ao fato da cv. Sweet Charlie apresentar teores de SST superiores (Tabela 1), faz com que a relação sólidos solúveis totais e acidez titulável total seja maior proporcionando um sabor doce mais acentuado em relação a cv. Oso Grande. Houve diferença significativa nos teores de acidez entre os morangos in natura e os MP. Morangos in natura mostraram teor de acidez superior aos morangos MP. Observam-se inconsistências nos dados de firmeza obtidos, podendo ser devido a problemas de amostragem (Tabela 1). A cv. Sweet Charlie apresentou teor de vitamina C 2,80% superiores ao da cv. Oso Grande em morangos in natura e 6,49% em morangos MP. Devido às operações do processamento mínimo, em ambas as variedades os morangos MP apresentaram queda nos teores de vitamina C quando comparados com os morangos in natura. Esse percentual de perda foi de 2,8% para a cv. Sweet Charlie e de 6,5% para a cv. Oso Grande. Segundo WRIGHT & KADER (2003), a lavagem com hipoclorito de sódio resulta em significativa oxidação do ácido ascórbico. Houve diferenças significativas nos parâmetro L, a ,b entre as cultivares, tanto em frutos in natura quanto em MP, sendo que frutos da cv. Sweet Charlie possuem maior luminosidade (mais claro), maior coloração vermelha e maior coloração amarela, em relação a cv. Oso Grande (Tabela 2). 8,20 a 0,8643 A 0,8547 B Sweet Charlie 7,92 a 3,64 ns 3,64 ns Firmeza (N)* In natura MP 3,60 ns 7,60 ns 100,55Ab 94,02Bb Vitamina C In natura MP 13,07 ns 103,37Aa 100,55Ba 3,66 ns 12,50 ns 9,56 ns pH In natura MP 28,06b Sweet Charlie L 40,36a 27,98b MP 38,78a 30,68b In natura a 34,65a 27,56b MP 17,28a 12,52b In natura 18,16a 12,80b b MP Médias seguidas por letras diferentes apresentam diferenças significativas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Letras maiúsculas referem-se à comparação entre tratamentos (colunas) e minúsculas entre cultivares (linhas). 29,80a In natura Oso Grande Tratamentos Tabela 2. Cor da superfície: Luminosidade (L), vermelha (a), amarela (b), em morangos ´Oso Grande´e ´Sweet Charlie´ in natura e minimamente processado (MP). *Dados inconsistentes. ns= não significativo Médias seguidas por letras diferentes apresentam diferenças significativas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Letras maiúsculas referem-se à comparação entre tratamentos (colunas) e minúsculas entre cultivares (linhas). 7,67 b 0,8878 A 0,8295 B 7,77 b Oso Grande ATT In natura MP TSS In natura MP Tratamentos Tabela 1. Teor de sólidos solúveis (TSS), acidez titulável total(ATT), pH, firmeza, Vitamina C em morangos ´Oso Grande´ ´Sweet Charlie´ in natura e minimamente processado (MP). Resumos do Morango 205 206 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Conclusões A cv. Sweet Charlie apresentou-se mais estável aos efeitos do processamento mínimo, bem como melhor qualidade no que se refere a vitamina C e doçura, em relação a cv. Oso Grande. Referências Bibliográficas SCALON, S.P.Q., CHITARRA, A.B., CHITARRA, M.I.F. Conservação de morangos (Fragaria ananassa Duch)cv. Seguóia em atmosfera modificada. In: CONGRESSO DA PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA, 8, 1995, Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 1995. p.24-25. TUDELA, J.A.; VILLAESCUSA, R.; ARTÉS-HDEZ, F.; ARTÉS, F. High Carbon Dioxide during Cold Storage for Keeping Strawberry Quality. Acta Horticulturae, n.600, p.201-204, mar. 2003. Edition of Proceedings of the 8th International Controlled Atmosphere Research Conference, Rotterdam, Netherland, mar. 2003. WRIGHT, K.P.; KADER, A.A. Effect of slicing and controlledatmosphere storage on the ascorbate content and quality of strawberries and persimmons. Postharvest Biology and Tecnology, n.10, p.39-48, 1997. Produção Orgânica de Mudas e de Frutos de Morango cvs. Oso Grande e Camarosa, na Região do Médio Alto Uruguai-RS Barros, Ieda Teresinha Zecca, Adriana G.D. Somavilla Lúcia Turchetto, Andreia C. Coutinho, Enilton F. Introdução A Região do Corede Médio Alto Uruguai do Rio grande do Sul, abrange 30 municípios e caracteriza-se por apresentar uma estrutura agrária baseada na agricultura familiar, que responde por 58% da economia regional, sendo que as propriedades rurais possuem área média de 16 ha. O modelo de exploração agrícola adotado é o cultivo de grãos ou de fumo, o que levou a população rural ao empobrecimento a limites inaceitáveis. Mas, no entanto, um esforço conjunto da comunidade está buscando novas alternativas agrícolas que contemplem a vocação regional para que haja reversão da matriz produtiva e com isso a agricultura seja exercida com sustentabilidade. Entre as alternativas eleitas para o cultivo regional estão as frutíferas de clima temperado, subtropical, tropical e as pequenas frutas; sendo que a região apresenta solo favorável e clima subtropical, com 150 a 300 horas de frio hibernal e 1867 mm de precipitação pluviométrica anual. O morango é uma fruta com mercado garantido e excelente fonte de renda para o produtor. Além da sua importância econômica, tem importância social, pois é uma atividade realizada em pequenas propriedades rurais, as quais utilizam mão-de-obra familiar. A cultura têm se adaptado perfeitamente às condições de clima e solo da região do médio Alto Uruguai. Foram desenvolvidos trabalhos no Pólo de Modernização Tecnológico do Médio Alto Uruguai / URI - Campus de 208 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Frederico Westphalen-RS, visando definir um sistema agroecológico para produção de mudas e de frutas de morango. Material e Métodos O trabalho de pesquisa constou de dois experimentos, realizados com as cultivares Oso Grande e Camarosa. No início do mês de novembro de 2002, foi instalado um experimento visando à comparação na obtenção de mudas através dos sistemas de cultivo orgânico e convencional. Para a realização do experimento utilizou-se matrizes certificadas livres de vírus. Cada tratamento (sistema convencional ou orgânico) teve quatro repetições plantadas em parcelas de 2 x 10 m, com espaçamento entre plantas matrizes de 2 x 2 m. Para a produção convencional de estolhos usaram-se adubos de alta solubilidade (superfosfato triplo, cloreto de potássio e uréia) e orgânico (esterco de aves); o controle de pragas e doenças foi feito com produtos químicos com restrição a antibióticos. No sistema orgânico de produção de estolhos, utilizaram-se como adubos, esterco de aves curtido e húmus de minhoca; para prevenção e controle de doenças utilizou-se o biofertilizante Super Magro (aplicado a cada 21 dias) e retirada manualmente das folhas doentes. Em maio de 2003, avaliou-se as seguintes variáveis em cada sistema de produção de mudas: a) número de estolhos viáveis; b)diâmetro médio da coroa das mudas; c) número médio de raízes primárias formadas; d) comprimento médio das raízes; e) número de folhas por estolho. Em maio de 2003, com as mudas das cultivares Oso Grande e Camarosa produzidas no sistema orgânico, instalou-se o segundo experimento, para avaliação da produção orgânica de morangos, utilizando-se dois tipos de cobertura de solo (com casca de arroz ou plástico preto). O plantio foi realizado em 12 canteiros, em quatro fileiras, de 1,40 m de largura e 6,20 m de comprimento, com 80 mudas por canteiro, em espaçamento de 0,30 x 0,30m; como fonte de nutrientes utilizou-se esterco de aves e húmus de minhoca; aplicou-se Super Magro, a cada 15 dias, como fertilizante foliar e para prevenção e controle de doenças; também retirou-se manualmente as folhas doentes de todas as plantas. O controle de pulgões e lagartas, quando necessário, foi realizado com a aplicação de macerado de água de cinamomo (150 g de folhas em 1 litro de água). A colheita dos frutos foi realizada desde agosto de 2003 a Resumos do Morango janeiro de 2004, três vezes por semana. Avaliou-se a produção e a qualidade dos frutos. Resultado e Discussão Observou-se que, em geral, para a produção de mudas, não houve diferenças entre os sistemas orgânico e convencional, quanto ao número de estolhos viáveis produzidos (médias entre 28 e 36 estolhos por matrizes); diâmetro da coroa das mudas (médias entre 9,26 e 13,41 mm); número de folhas das mudas (médias entre 5,12 e 5,48 folhas por mudas) e; número de raízes (médias entre 16,7 e 24 raízes por muda). As diferenças, embora não significativas quanto ao número e qualidade das mudas produzidas, foi mais evidente entre as cultivares, sendo a cultivar Oso Grande a que se destacou por produzir maior número de estolhos e com maior diâmetro da coroa. Pelos resultados obtidos neste trabalho, é possível recomendar a produção orgânica de mudas de morangueiro, uma vez que não tendo diferido a qualidade das mudas, assim obtidas, com aquelas produzidas por sistema convencional, foram viáveis a obtenção de mudas com alto padrão comercial, sem utilização de agrotóxicos. Quanto à produção de frutos, foi observado efeito das coberturas de solo sobre a época de floração, sendo que em ambas as cultivares, a floração ocorreu na última semana de julho nos canteiros cobertos com lona preta e um mês depois nos canteiros cobertos com casca de arroz. Evidenciou-se a tendência da cultivar Camarosa em produzir mais frutos (média de 2642,3 gr/m2) e com maior relação SS/ATT (média 13,5), do que a cultivar Oso Grande (média de 2187,5 gr/m2; e relação SS/ATT de 11,5). Observou-se a tendência da cobertura com plástico preto em favorecer, em ambas as culivares, a produção de frutos maiores (diâmetro médio de 40,55 mm e 38,3 mm com plástico e cobertura de arroz, respectivamente). Conclusão Concluiu-se que é possível produzir organicamente morangos das cvs. Oso Grande e Camarosa, com qualidade comercial, na Região do Médio Alto Uruguai, RS. 209 210 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Pequenas Frutas e Frutas Nativas 212 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Cultivar de Amora-preta Xavante James N. Moore Alverides Machado dos Santos John Clark Maria do Carmo Bassols Raseira Luis Eduardo Corrêa Antunes Introdução Apesar de existirem nos matos nativos plantas de diversas espécies de Rubus, o cultivo comercial dessa espécie no sul do Brasil, pode ser considerado recente, datando do final da década de setenta. A Embrapa Clima Temperado mantém, desde então, um modesto programa de melhoramento genético, que produziu algumas cultivares de alta produtividade e adequada adaptação às condições sulbrasileiras. Merece destaque a cv. Tupy, hoje a mais plantada tanto no Brasil como no México. Este ano a Embrapa Clima Temperado, em conjunto com a Universidade de Arkansas, Estados Unidos, está disponibilizando aos de produtores, a fim de ser validada na região, uma nova cultivar de amora-preta. Denominada Xavante, esta cultivar apresenta como principais vantagens a ausência de espinhos nas hastes, o porte ereto não necessitando de tutor, a maturação precoce e a baixa necessidade em frio. Origem A cultivar Xavante foi obtida por polinização aberta dos "seedlings" da progênie A 9303, obtida de um cruzamento realizado na Universidade de Arkansas, entre as seleções A 1629 e A 1507 (Figura 1). Sementes 214 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul da referida progênie foram introduzidas no Brasil em 1994, estratificadas e germinadas em condições controladas. Posteriormente, as plântulas foram levadas ao campo, e em 1996, foram submetidas às primeiras avaliações e seleção de indivíduos. A "Xavante" foi testada como Seleção 3-96. Lawton Brazos Ness barry A 593 Hillquist A 883 Thornfee A 582 Brazos A 650 Autopolinizadora A 1629 A 515 A 550 PL 631 Xavante Darrow Cherokee A 1154 Brazos PL Sivs 68-1-8 Thornfee A 555 A 1002 Brazos A 677 A 1507 7433 A 1098 PL Figura 1. Genealogia da cultivar Xavante. PL Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Descrição As plantas da cultivar Xavante têm hastes eretas, sem espinhos, de cor esverdeada. São vigorosas e de baixa necessidade em frio, estimando-se em menos de 250 horas, possivelmente inferior à cv. Tupy. O diâmetro da haste primária, na base, é em média 1,65 cm, no centro, 1,2 cm na extremidade 0,71 cm. O comprimento dos entrenós é em torno de 2 a 3 cm, conforme a porção do ramo. As flores são brancas e vistosas. Nas condições de Pelotas, a floração inicia-se ao final de setembro, sendo plena na segunda semana de outubro. Nas condições em que a seleção foi testada, ou seja solo pouco fértil a produtividade em plantas novas, foi entre 2,6 a 2,7 T/ha, mas a linha de plantas não estava completamente fechada. A colheita inicia-se em meados de novembro ou início de dezembro (Figura 2), em geral, poucos dias antes da cv. Tupy, podendo-se estender por até seis semanas. Figuras. Plantas da cv. Xavante no campo experimental da Embrapa Clima Temperado, safra 2003/2004. As frutas têm tamanho muito bom (1,8 a 2,2 cm de diâmetro) e peso médio de 5,7 a 6,1 g. A forma das mesmas é alongada e o sabor doce-ácido com moderada adstringência. O teor de sólidos solúveis varia de 6,5 a 8 OBrix. A firmeza é média e a aparência muito boa por ocasião da colheita. Entretanto, após um dia à temperatura de 5 OC, a amostra perde um pouco em uniformidade de cor. Não foram 215 216 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul realizados testes de conservação nas condições preconizadas para amora-preta. Adaptação Estima-se que esta cultivar tenha necessidade em frio em torno de 250 horas, devendo-se adaptar-se em áreas onde a cv. Tupy apresenta boa adaptação. Disponibilidade Um limitado número de plantas está à disposição de produtores, mediante contrato para fins de validação. Influência da Densidade de Plantio na Produtividade de Duas Cultivares de Amora-preta (Rubus spp) Ailton Raseira Maria do Carmo Bassols Raseira Luis Eduardo Corrêa Antunes José Francisco Martins Pereira Introdução Uma das questões que vem sendo estudadas sobre a amoreira-preta diz respeito à densidade de plantio a ser adotada por ocasião da implantação do pomar. Em geral, é recomendado espaçamento entre 0,5 a 0,7 metros entre plantas e de 2,5 a 3,0 metros entre linhas. Entretanto as mais variadas densidades são adotadas, sem embasamento técnico. A cultivar Ébano foi a primeira amoreira-preta sem espinhos lançada no Brasil. Foi selecionada em 1977, na antiga UEPAE de Cascata, testada com Black 44, originou-se de uma população F2, do cruzamento entre as variedades ´Comanche´ x (´Thronfree´ x ´Brazos´), realizado na Arkansas Agricultural Experiment Station, Universidade de Arkansas (EUA). Planta de hábito semi-ereto, livre de espinhos, possui hastes vigorosas. Apresenta frutas de tamanho grande (6 a 7 g) e razoavelmente firme, ácidos e de maturação desuniforme (Raseira et al., 1984). Cherokee foi selecionada em 1968. Testada como Ark. 531, foi originária do cruzamento de ´Darrow´ x ´Brazos´ realizado em 1965. Os frutas são de tamanho médio (4 a 5 g), firmes e de sabor levemente ácido. Planta vigorosa, de porte ereto e com presença moderada de espinhos. É mais exigente em frio que ´Brazos´ e ´Comanche´, com produção dez dias depois de Comanche (Moore et al., 1974). 218 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar a influência da densidade de plantio sobre a produção de duas variedades de amoreira-preta (Rubus spp). Material e Métodos O trabalho foi realizado no campo experimental da sede da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, RS. Os ensaios foram instalados em 1987. Com a cultivar Ébano foram testados espaçamentos entre linhas (2,5, 3,0, 3,5 e 4,0 metros) e entre plantas (0,5 e 0,8 metros), perfazendo-se 7 tratamentos (Tabela 1). Utilizou-se um total de 495 plantas, sendo 220 úteis. O delineamento foi inteiramente casualizado com 5 repetições, sendo as plantas conduzidas em espaldeira. O segundo ensaio foi instalado com a cultivar Cherokee, testando-se variações de espaçamento entre linhas (2,5, 3,0, 3,5 e 4,0 metros) e entre plantas (0,8 e 1,0 metros), perfazendo-se oito tratamentos (Tabela 2). Foi utilizado um total de 474 plantas, sendo 180 úteis. O delineamento foi inteiramente casualizado com cinco repetições, sendo que as plantas não foram conduzidas com tutor. Os fatores analisados foram densidade de plantio e safras colhidas. Os parâmetros avaliados foram produção por planta e produtividade por hectare. Tabela 1. Densidades de plantio testadas para a cv Ébano. Tratam ento Espaçam ento Espaçam ento D ensidade/ entre linhas entre plantas (plantas/ha) (m ) (m ) D1 2,5 0,5 8.000 D2 3,0 0,5 6.666 D3 3,5 0,5 5.714 D4 2,5 0,8 5.000 D5 3,0 0,8 4.167 D6 3,5 0,8 3.571 D7 4,0 0,8 3.125 Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Tabela 2. Densidade de plantio testados para a cv Cherokee. Tratamento D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 Espaçamento entre linhas (m) 2,5 3,0 3,5 2,5 3,0 3,5 4,0 4,0 Espaçamento entre plantas (m) 0,8 0,8 0,8 1,0 1,0 1,0 0,8 1,0 Densidade/ (plantas/ha) 5.000 4.166 3.571 4.000 3.333 2.857 3.125 2.500 Resultados e Discussões A análise dos dados obtidos permite afirmar que, para ´Ébano´ houve influência da densidade de plantio e das safras avaliadas (Tabela 3). Quanto às safras observou-se que a primeira foi em que se obteve maior produtividade, alcançando 27,53 t/ha, com 8.000 plantas/ha. A medida que as plantas foram se desenvolvendo observou-se em safras seguintes que em menor densidade de plantio ocorreu melhor produção, como observado na safra 1990/91 com 3.571 plantas/ha. Na safra 1991/92 o melhor resultado foi com 6.666 plantas/ha. Observou-se que a medida que se aumenta o número de plantas/ha há uma redução da produção de frutas por planta (Tabela 4), que é devido a concorrência entre as plantas por nutrientes e luz. Na média das três safras as maiores densidades de plantio, espaçamento de 0,5 m entre plantas na linha (D1, D2 e D3), resultaram em melhor produtividade, entretanto as melhores produções por planta foram obtidas em baixa densidade (menos de 5.000 pl/ha). Estes resultados são superiores aos encontrados por Martins & Pedro Júnior (1998) e Antunes et al. (2000a), em Jundiaí (SP)e Caldas (MG), respectivamente, sendo devido, provavelmente, a melhor adaptação desta cultivar a região de Pelotas em função de sua maior exigência de frio hibernal. 219 220 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 3. Efeito da densidade e das safras na produtividade de ´Ébano´ (T/ha). Densidade Safra 1989/90 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 Média 27,53 22,90 24,00 17,20 16,65 16,23 17,72 20,31 A A A A A A A a b ab c c c c 1990/91 7,66 9,42 10,13 8,98 8,96 11,72 9,82 9,52 1991/92 Bb C ab B ab B ab C ab Ba B ab 6,98 13,40 8,88 7,28 12,38 10,26 7,62 9,54 Média B B B B B B B c a bc c ab abc c 14,07 15,24 14,33 11,15 12,66 12,73 11,72 * Números na mesma linha seguidos pela mesma letra maiúscula não diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey. ** Números na mesma coluna seguidos pela mesma letra minúscula não diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey. Tabela 4. Efeito da densidade e das safras na produção por planta de ´Ébano´ (T/pl). Densidade Safra 1989/90 1990/91 1991/92 Média D1 3,44 A ab 0,85 B c 0,87 B d 1,72 D2 2,86 A b 1,67 B bc 1,17 B bc 1,9 D3 2,98 A ab 1,26 B bc 1,10 B cd 1,78 D4 3,44 A ab 1,79 B ab 1,45 B bcd 2,22 D5 3,33 A ab 1,79 C ab 2,48 B a 2,53 D6 3,24 A ab 2,34 B a 2,05 B ab 2,54 D7 3,54 A a 1,96 B a 1,52 B bc 2,34 Média 3,26 1,66 1,52 * Números na mesma linha seguidos pela mesma letra maiúscula não diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey. ** Números na mesma coluna seguidos pela mesma letra minúscula não diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey. Para Cherokee a melhor produtividade foi obtida na safra 1991/92 (Tabela 5), quando foram obtidos 18,26 t/ha. Observou-se ainda que as melhores produtividades ocorreram em baixa densidade de plantio, 2.500, 3.125 e 3.333 pl/ha. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Assim como ocorreu para ´Ébano´, a produção por planta para ´Cherokee´ foi maior em baixa densidade, alcançando 4,54 kg/pl na safra 1991/92, com 2.500 pl/ha. Estes resultados são superiores aos obtidos por Antunes et al. (2000 a), que nas safras 1997/98 e 1998/ 99 obteve 0,815 e 0,915 kg/pl, e 3.880 e 4.357 kg/ha, em Caldas (MG). Segundo Martins e Pedro Júnior (1998), a produtividade de ´Ébano´ na região de Jundiaí (SP) variou de 1.786 a 2.900 kg/ha em função do ano agrícola avaliado, não havendo diferença de produtividade nos espaçamentos utilizados (3 x 1 m e 3 x 0,5 m), valores inferiores aos 3.257 kg/ha encontrados neste trabalho. Já Antunes et al. (2000) obteve 5.561 e 3.257 kg/ha nas safras 1997/1998 e 1998/1999, respectivamente, para ´Ébano´ em plantio de 0,70 x 3,0 m (4.762 plantas/ha). Para uma densidade de 4.762 plantas/ha, Antunes et al. (2000 a) obteve para Cherokee, no Sul de Minas Gerais, 3.880 e 4.357 kg/ha nas safras 1997/1998 e 1998/1999, respectivamente. Tabela 5: Efeito da densidade e das safras na produtividade de ´Cherokee´ (T/ha). D D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 M Safra 1989/90 1990/91 1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 11,80 13,40 10,79 9,60 13,73 9,60 13,32 17,00 12,50 13,80 1416 13,40 15,50 15,98 14,80 14,80 12,96 A c 15,00 A abc 13,33 AB bc 12,70 A c 17,83 A ab 11,48 B c 18,26 A a 18,18 A a 12,16 11,1 12,12 12,00 14,53 13,07 16,7 17,18 11,24 13,13 9,46 10,20 16,23 11,14 17,30 16,42 9,98 14,43 10,80 11,00 15,10 13,18 13,32 14,58 14,96 13,60 12,40 Ab Ab Ab Ab A ab Bb B ab Aa 14,36 Aa Aa Aa Aa Aa Aa AB a Aa A bc Ac AB bc A bc A abc AB abc AB ab Aa 13,14 Ab A ab Bb Ab Aa Bb AB a Aa Ab A ab AB ab A ab Aa AB ab B ab A ab Média 11,773 13,477 11,77 11,48 15,48 12,403 15,61 16,36 12,795 D- Densidade; M- Médias.*Números na mesma linha seguidos pela mesma letra maiúscula não diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey. ** Números na mesma coluna seguidos pela mesma letra minúscula não diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey. 221 222 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 6. Efeito da densidade e das safras na produção por planta de ´Cherokee´ (kg/pl). Densidade D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 Média SAFRA 1989/90 2,36 2,68 2,16 2,40 3,43 2,39 2,66 4,24 2,79 Ca BC a Ca BC a ABbc BC c BC a Aa 1990/91 2,50 2,74 2,83 3,34 3,87 3,98 2,96 3,69 3,23 Da CD a BCD a ABCDa AB abc Aa ABCDa ABC a 1991/92 2,59 3,00 2,66 3,16 4,44 2,86 3,65 4,54 3,36 Ba Ba Ba Ba Aa B bc AB a Aa 1992/93 2,43 2,43 2,22 2,42 2,99 3,63 3,26 4,29 2,95 Ca Ca Ca Ca BC c AB ab ABC a Aa 1993/94 2,24 2,62 1,89 2,54 4,05 2,78 3,46 4,10 2,96 Ca BC a Ca BC a A ab BC bc AB a Aa 1994/95 1,99 2,88 2,16 2,74 3,77 3,29 2,66 3,64 2,89 Ca ABC a Ca ABC a A abc AB abc BC a AB a Média 2,35 2,72 2,32 2,76 3,75 3,15 3,10 4,08 * Números na mesma linha seguidos pela mesma letra maiúscula não diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey. ** Números na mesma coluna seguidos pela mesma letra minúscula não diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey. Conclusões De acordo com as condições em que foi realizado o presente trabalho, concluiu-se que: para ´Ébano´ as maiores densidades de plantio resultaram em melhor produtividade, entretanto as melhores produções por planta foram obtidas em baixa densidade, menos de 5.000 pl/ha. Para cultivar Cherokee a melhor produtividade foi obtida na safra 1991/92, onde foi alcançado 18,26 t/ha. As melhores produtividades de ´Cherokee´ ocorreram em baixa densidade de plantio, inferiores a 2.500, 3.125 e 3.333 pl/ha, e as maiores produções médias por planta na densidade de até 3.333 plantas/ha. Referências Bibliográficas ANTUNES, L.E.C., CHALFUN, N.N.J., REGINA, M. de A., HOFMANN, A. Blossom and ripening periods of blackberry varieties in Brazil. Journal American Pomological Society, Massachusetts, v.54, n.4, p.164-168, 2000. ANTUNES, L.E.C., CHALFUN, N.N.J.; REGINA, M. de A., DUARTE FILHO, J.D. Fenologia e produção de variedades de amora-preta nas condições do planalto de Poços de Caldas. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.22, n.1, p.89-95, 2000a. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas MARTINS, F.P.; PEDRO JUNIOR, M.J. Influência do espaçamento na produtividade da amora-preta cv. Ébano, em Jundiaí (SP). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 15, Poços de Caldas, 1998, Resumos... Poços de Caldas, Sociedade Brasileira de Fruticultura, 1998. p.94. MOORE, J.N.; BROWN, E.; SISTRUNK, W.A. ´Cherokee´ blackberry. HortScience. v.9, n.3, p. 246. 1974. RASEIRA, M.C.B.; SANTOS, A.M. dos; MADAIL, J.C.M. Amora-preta: cultivo e utilização. Pelotas, EMBRAPA-CNPFT, 1984, 20p. (EMBRAPA-CNPFT - Circular Técnica, 11). 223 224 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Conservação Pós-colheita de Amora-preta (Rubus sp) Emerson Dias Gonçalves Marcelo Barbosa Malgarim Renato Trevisan Luis Eduardo Corrêa Antunes Rufino Fernando Flores Cantillano Introdução A amora-preta pode ser destinada a produção de geleificados, de polpa, sucos naturais, além de ser comercializada in natura (Bassols & Moore, 1981). Por se tratar de uma fruta extremamente perecível o conhecimento da fisiologia pós-colheita é de suma importância. Para Morris et al. (1981), a razão pela qual as frutas de amoreira preta apresentam vida pós-colheita relativamente curta, se deve a dois fatores basicamente: sua estrutura frágil e a sua alta taxa respiratória. Um dos principais problemas que ocorrem com as frutas de pequeno porte é a perda de água, levando a perda de peso e a depreciação da qualidade do produto. As frutas de amora preta apresentam um período de armazenamento relativamente curto, entre 3 e 7 dias quando mantidas a -0,5 OC com UR de 90 a 95% (Perkins-Veazie et al., 1997). Porém, se acondicionadas em filme plástico, podem ser mantidas armazenadas por até doze dias (Kluge et al. 1997), pois, as embalagens plásticas favorecem a elevação da umidade relativa do ar que circunda a fruta (Hardenburg et al. 1986). Usando filme plástico Souza et al., (2002), conseguiram armazenar frutas da cultivar Cherokee por dez dias, sem perda da qualidade. Isto mostra que para armazenar este tipo de fruta é imprescindível o uso de filmes ou embalagens, mesmo assim, observa-se que há um comportamento diferenciado entre as cultivares de amora preta, quanto ao tempo de conservação e manutenção da qualidade pós-colheita. Nesse sentido, este trabalho objetivou verificar a manutenção da qualidade póscolheita de frutas de duas cultivares de amora-preta, armazenadas em embalagens plásticas, em dois períodos de conservação. 226 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Material e Métodos O experimento foi realizado nos laboratórios e câmaras frigoríficas do setor de Pós-colheita e Tecnologia de Alimentos da Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. As frutas de amora-preta, das cultivares Brazos e Tupy, foram colhidas pela parte da manhã e colocadas diretamente em embalagens plásticas, com capacidade para 300g. No laboratório, homogeneizaram-se as amostras, para 250g de fruta em cada embalagem. Os tratamentos constaram de dois períodos de armazenamento, 3 dias e 6 dias a 0 OC +1 OC com umidade relativa de 90 a 95% e duas variedades de amora preta. Após o armazenamento, as frutas foram colocadas à temperatura de 8 OC por dois dias, simulando período de comercialização. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 4 repetições de 250g de fruta por cultivar. As variáveis foram: sólidos solúveis totais (SST), determinados por refratometria, expresso em O Brix; acidez total titulável (ATT), determinada por titulometria, expressa em percentagem de acido málico; relação SST/ATT; pH; perda de peso expressa em percentagem. As medias foram comparadas pelo teste de Duncan a 5% . Resultados e Discussões Em relação às cultivares estudas, observa-se que no tempo zero (colheita) a cultivar Brazos apresentou valores maiores para SST e menores para as demais características químicas quando em comparada com a cultivar Tupy (Tabela 1). Quanto às épocas de armazenamento, aos 3 dias em relação aos 6 dias, observou-se diferença significativa apenas para a variável SST, diminuindo na medida que aumentou o período de armazenamento (Tabela 2). O mesmo, foi observado por Walsh et al., (1983) que embora trabalhando com outras cultivares, observaram um decréscimo do teor de SST após de sete dias de armazenamento. As demais variáveis avaliadas, ATT, relação SST/ATT e pH não diferiram estatisticamente entre si, embora tenha ocorrido um decréscimo dos valores dessas variáveis. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Antunes et al. (2003) trabalhando com as cultivares Brazos e Comanche observaram comportamento semelhante. Não houve diferença significativa entre as cultivares para o SST, embora a Brazos tenha apresentado valores maiores que a Tupy após 6 dias de armazenamento mais 2 de simulação de comercialização (Tabela 2). Em relação à percentagem de perda de peso, houve interação entre o período de armazenamento e as cultivares estudadas, onde observando-se que, à medida que aumenta o período de armazenamento, aumenta a perda de peso, sendo que a cultivar Brazos apresentou maior perda de peso em relação a Tupy, tanto para 3 dias como para 6 dias de armazenamento (Tabela 3). Para Souza et al. (2000), a perda de peso que ocorre nas frutas se dá em decorrência do processo de transpiração. Pêlos resultados obtidos se observa que a cultivar Brazos diferiu da Tupy na perda de peso. Para Perkins-Veazie & Collins et al., (1996), esta diferença ocorre devido a características particulares de cada cultivar. Tabela 1. Característica química de qualidade das frutas na colheita, entrada na câmara. Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS, 2004. Cultivar SST ATT SST/ATT pH Brazos 7,8 1,26 6,19 2,92 9,66 1,13 8,54 2,99 Tupy Tabela 2. Características de qualidade após período de armazenamento e simulação de comercialização em duas cultivares de amora-preta. Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS, 2004. Épocas SST ºBrix ATT (%ác. málico) 1,11 ns Relação SST/ATT 7,59 ns pH 3,07 ns 3 dias + 2 8,40 a 6 dias + 2 7,49 b 1,08 6,98 3,01 Cultivares Brazos Tupy Media CV(%) 8,17 ns 7,71 7,94 6,08 1,09 ns 1,09 5,99 3,29 7,52 ns 7,05 7,29 8,79 3,08 ns 2,99 3,04 1,71 Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. ns-não significativo. 227 228 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 3. Interação entre cultivares X período de armazenamento, para a variável (%) de perda de peso em frutas armazenadas a 0 OC+1 OC. Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas, RS, 2004. Período de armazenamento 3 dias (0ºC +1ºC) + 2 (8ºC) 6 dias (0ºC +1ºC) + 2 (8ºC) Brazos 0,34 b A 0,75 a A Tupy 0,15 b B 0,29 a B Média 3,42 CV (%) 6,41 Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na coluna, não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Cultivar Conclusão a) Quanto maior o período de armazenamento, menor a qualidade da fruta no que refere as características físico químicas para as cultivares, Brazos e Tupy; b) A cultivar Tupy apresentou menor perda de peso que a cultivar Brazos. Referências Bibliográficas ANTUNES, L.E.C.; FILHO, J.D.SOUZA, de M.C. Conservação poscolheita de frutos de amora preta. Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.38, n.3, p.413-419. 2003. BASSOLS, M. do C; MOORE, J.N. ´Ébano´ a primeira cultivar de amora preta sem espinhos lançada no Brasil. Pelotas: Embrapa-UEPAE da Cascata, 1981,16 p. (Documento 2). HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. The comercial storage of fruits,vegetables, florist and nursery stoctks USDA,130 p,1986. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas MORRIS, J.R.; SPAYD, S.E.; BROOKS, J.G.; CAWTHON, D.L. Influence of postharvest holding on raw and processed quality of machine harvested blackberries. Journal of the American society for Horticultural Science, Alexandria, v.106, n.6, p.769-775, 1981 PERKINS-VEAZIE, P.; COLLINS, J.K.; CLARCK,J.R. Cultivars and storage temperature effects on the shelflife of blackberry fruit. Fruits Varieties Journal, University Park v. 53, n.4 p.201-208, 1999 PERKINS-VAZIE, P.; COLLINS, J.K.; CLARCK, J.R.; RISSE, L. Air shipment of "Navaho" blackberry fruit to Europe is feasible. Hortscience. Alexandria, v.32, n.1, p.132. 1997. PERKINS-VAZIE, P.; COLLINS, J.R.; CLARCK, J. RCultivar and maturity affect postharvest quality fruit from erect blackberry. Hortscience. Alexandria, v.31, n.2, p. 258-261, 1996. KLUGE, R.; NACHTIGAL, J.C.; FACHINELLO, J.C.; BILHALVA, A.J. Fisiologia e maneja pos-colheita de frutas de clima temperado. Pelotas: Editora Universitária UFPel, 163 p., 1997. SOUZA, L. de E; MALGARIM, M.B; COUTINHO E.F; CANTILLANO, F.R.F; BORGES, J. Períodos de conservação pós-colheita de amora preta (Rubus sp) com diferentes filmes de polietileno. XV Congresso Argentino de Horticultura, I encontro virtual de las ciências Hortícolas. Buenos Aires, 2002. SOUZA, R.F. de; FILGUEIRAS, H. A. C; COSTA, J.T.A.; ALVES, R.E.; OLIVEIRA, A.C. de. Armazenamento de ciriguela (Spondia purpurea L.) sob atmosfera modificada e refrigeração. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.22, n.3, p.334-338, 2000. 229 230 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Aclimatização de Plântulas de Amoreira-preta Cherokee Obtidas in vitro: Efeito de Substratos Fabiola Villa Aparecida Gomes de Araujo Leonardo Ferreira Dutra Crystiane Borges Fráguas Moacir Pasqual Introdução Uma importante etapa da micropropagação de plantas é a aclimatização, devido à dificuldade de transferir com sucesso plântulas da condição in vitro para a casa de vegetação e posteriormente para o campo, em função da grande diferença entre essas condições ambientais (Fráguas, 2003). Na fase de aclimatização de mudas o substrato pode facilitar ou impedir o crescimento inicial das raízes, conforme suas propriedades (Calvete et al., 2000). Isto tem maior relevância quando se cultiva em recipientes cujo espaço disponível para o sistema radicular é limitado. O uso de substratos industriais tem crescido muito nos últimos anos, devido a produção hortícola estar cada vez mais baseada em substratos artificiais (Bellé & Kämpf, 1993). Atualmente são usados diferentes tipos, dependendo da espécie a ser cultivada, existindo aqueles já preparados, com diferentes composições. Entre eles podemos citar: a casca de arroz carbonizada (material que oferece boa aeração, drenagem rápida, rico em minerais, principalmente Ca, K e Si); o Plantmaxâ (substrato comercial com boa porosidade, drenagem rápida, baixa compactação e pH adequado ao desenvolvimento de mudas) e a vermiculita. 232 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O presente trabalho teve como objetivo determinar o melhor substrato na aclimatização de plantas de amoreira-preta oriundas do cultivo in vitro. Materila e Métodos O experimento foi instalado e conduzido na Universidade Federal de Lavras, Departamento de Agricultura, Lavras, MG, em casa de vegetação do Laboratório de cultura de tecidos vegetais, com aproximadamente 90% de umidade do ar e nebulização intermitente. Plântulas da cultivar Cherokee (Rubus spp.) foram cultivadas in vitro, contendo meio de cultura MS acrescido de 1,0 mg L-1 de BAP em sala de crescimento com 27±1 OC, irradiância de 32 mmol.m-2.s-1 e fotoperíodo de 16 horas durante 60 dias. Posteriormente, visando a aclimatização das plântulas, os tubos de ensaio, ainda na sala de crescimento, ficaram destampados durante três dias, as plântulas retiradas, lavadas em água corrente e secas em papel de filtro. A seguir, foram transferidas para bandejas plásticas com 24 células de 150 cm3 cada, contendo os substratos vermiculita, casca de arroz carbonizada, Plantmaxâ e uma mistura de vermiculita + casca de arroz carbonizada + Plantmaxâ. Foram utilizadas quatro repetições de quatro plantas cada uma em um delineamento experimental inteiramente casualizado. Após 100 dias de aclimatização foram avaliados número de folhas, comprimento das raízes e da parte aérea, peso fresco e seco das raízes e peso fresco e seco da parte aérea. Os dados foram analisados através do software SISVAR (Ferreira, 2000) e os resultados comparados pelo teste de Tukey. Resultados e Discussões Maior comprimento, peso fresco e seco da parte aérea, peso fresco e seco das raízes foram obtidos com o substrato Plantmaxâ, devido provavelmente, ao fato deste substrato possuir nutrientes na quantidade adequada para o período inicial de desenvolvimento das mudas, conferindo maior taxa de sobrevivência. Na variável número de folhas não houve diferença entre Plantmaxâ e a mistura dos três Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas substratos, enquanto que para comprimento das raízes não houve diferença entre Plantmaxâ, mistura e vermiculita (Tabela 1). De todos os substratos testados, a casca de arroz carbonizada seguida da vermiculita, obtiveram os piores resultados. Esses discordam de Calvete et al. (2000) que, identificaram como melhores substratos na aclimatização de mudas micropropagadas de morangueiro as misturas contendo casca de arroz carbonizada e turfa preta. Não houve diferença significativa entre os substratos Plantmaxâ e a mistura (Plantmaxâ + vermiculita + casca de arroz carbonizada) (Tabela 1) para o número de folhas. O número de folhas é característica importante, e possivelmente mudas com maior número de folhas têm maiores índices de sobrevivência no campo (Sousa, 1994). Para a variável comprimento da parte aérea, o substrato que mais se destacou foi o Plantmaxâ. O substrato Plantmaxâ, a mistura (Plantmaxâ + vermiculita + casca de arroz carbonizada) e a vermiculita não se diferenciaram entre si para comprimento das raízes. Tabela 1. Efeito de substratos na aclimatização de plântulas de amoreira-preta ´Cherokee´. UFLA Lavras, MG. 2003. Substrato Plantmax Mistura1 Vermiculita CAC2 1 2 NF 8,16 7,57 6,58 6,31 a ab bc c CPA (cm) 7,51 a 6,28 b 5,69 b 4,39 c CR PFPA (cm) (g) 46,80 a 0,65 a 44,20 a 0,39 b 40,63 a b 0,29 c 33,38 b 0,17 d PS PA (g) 0,21 a 0,10 b 0,08 b 0,05 c PFR (g) 2,01 a 1,10 b 0,73 c 0,46 c PSR (g) 0,48 a 0,27 b 0,17 c 0,10 d Plantmaxâ + Vermiculita + Casca de arroz carbonizada Casca de arroz carbonizada Plantmaxâ também se destacou nas variáveis peso fresco e seco da parte aérea e peso fresco, seco e comprimento das raízes, concordando com Fráguas (2003) que obteve melhores resultados com o mesmo substrato para mudas micropropagadas de ´Roxo de Valinhos´. 233 234 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Devido ás boas características químicas e físicas do Plantmaxâ, as plantas se desenvolveram adequadamente, resultando em maior matéria fresca e seca da parte aérea. Segundo Hoffmann (1999), o Plantmaxâ apresenta características que favorecem o crescimento das mudas após emissão das raízes adventícias: as propriedades físicas e químicas. Neste trabalho, durante a aclimatização, as mudas de amoreira-preta micropropagadas obtiveram uma sobrevivência de 92%, sendo que a maior sobrevivência foi em Plantmaxâ. Além do substrato, outro fator que pode ter contribuído para a elevada taxa de sobrevivência foi a pré-aclimatização, realizada através da abertura dos tubos de ensaio por três dias antes da aclimatização. Conclusões A aclimatização de Cherokee é realizada com sucesso, utilizando-se o substrato comercial Plantmaxâ. Piores resultados são observados com a casca de arroz carbonizada. Referências Bibliográficas BELLÈ, S.; KAMPF, A.N. Produção de mudas de maracujá amarelo em substratos à base de turfa. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.28, n.3, p.385-390, mar. 1993. CALVETE, E.O.; KAMPF, A.N.; DAUDT, R. Efeito do substrato na aclimatização ex vitro de morangueiro cv. Campinas, Fragaria x ananassa Duch. In: KAMPF, A.N.; FERMINO, M.H. (Ed.). Substrato para plantas - a base da produção vegetal em recipientes. Porto Alegre: Genesis, 2000. p.257-264. FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar. 2000. p.225-258. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas FRÁGUAS, C.B. Micropropagação e aspectos da anatomia foliar da figueira ´Roxo-de-Valinhos´ em diferentes ambientes. 2003. 110 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. HOFFMANN, A. Enraizamento e aclimatização de mudas micropropagadas dos porta-enxertos de macieira ´Marubakaido´ e ´M-26´. 1999. 240p. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. SOUSA, H.U. de. Efeito da composição e doses de superfosfato simples no crescimento e nutrição de mudas de bananeira (Musa sp) cv. Mysore obtidas por cultura de meristemas. Lavras: ESAL, 1994. 75p. (Dissertação - Mestrado em Fitotecnia). 235 236 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Micropropagação de Amoreira-preta ´Cherokee´ I. Efeito de Cinetina e GA3 Leila Aparecida Salles Pio Fabiola Villa Leonardo Ferreira Dutra Grazielle Sales Teodoro Moacir Pasqual Introdução A propagação da amoreira-preta, dá-se principalmente por meio de estacas de raiz, rebentos e hastes novas (Antunes, 1999). Atualmente, tem sido utilizada a cultura de tecidos, permitindo a obtenção de milhares de plantas isentas de vírus e geneticamente uniformes, em curto espaço de tempo (Pasqual et al., 1991). O crescimento e o desenvolvimento das plantas são controlados por substâncias orgânicas naturais denominadas fitôrmonios, os quais são sintetizados em pequenas concentrações e em determinadas regiões das plantas (Taiz e Zeiger, 1991). Esses também são produzidos artificialmente, sendo denominados reguladores de crescimento, dentre os quais podemos citar as citocininas e as giberelinas. O tipo de citocinina e sua concentração são os principais fatores que influenciam o sucesso da multiplicação in vitro. Apesar de seu uso ser essencial à multiplicação da parte aérea, o seu excesso é tóxico. As giberelinas têm como um dos principais efeitos em cultura de tecidos o alongamento das brotações durante a multiplicação ou antes do enraizamento. 238 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O presente trabalho teve como objetivo determinar a melhor concentração de GA3 e de cinetina para a multiplicação in vitro de plântulas de amoreira-preta. Material e Métodos Segmentos nodais de amoreira-preta, cultivar Cherokee, com cerca de 2 cm, foram excisados de plântulas preestabelecidas in vitro, em meio MS, sem reguladores de crescimento. Os explantes foram inoculados em tubo de ensaio contendo 15 ml de meio Knudson (1946), cinco concentrações de GA3 (0; 2; 4; 6 e 8 mg L-1) combinadas com cinco concentrações de cinetina (0; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1). O meio teve o pH ajustado em 5,8 antes da autoclavagem e foi solidificado com 6 g L-1 de ágar. Os explantes foram transferidos para sala de crescimento a 27±1 OC, irradiância de 35 mmol m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 horas, permanecendo nestas condições por 60 dias. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado com quatro repetições constituídas de três tubos contendo um explante cada. As variáveis analisadas foram número de folhas, número de brotos, comprimento e peso da parte aérea e presença de raízes. Os resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando o software SISVAR (Ferreira, 2000), empregando-se regressão polinomial para concentrações de GA3 e cinetina. Resultados e Discussões Não houve interação significativa para número de folhas e peso fresco da parte aérea. O comprimento da parte aérea das plântulas foi menor em função de maiores concentrações de cinetina (Figura 1). As citocininas possuem função de aumentar o número de brotações, entretanto, quando isso ocorre, essas são de menor tamanho. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Y0 mg L-1 GA3 = ns Y2 mg L-1 GA3 = ns Y8 mg L-1 GA3= -0,074x2 - 1,659x + 14,72 R2=0,94 Y6 mg L-1 GA3 = 0,230x2 - 2,993x + 13,38 R2 = 0,84 2 16 Comprimento da parte aérea (cm) 2 Y4 mg L-1 GA3 = -0,095x - 0,619x + 11,19 R = 0,70 12 8 4 0 0 1 2 3 Cinetina (mg L-1) 4 mg L-1 8 mg L-1 4 6 mg L-1 Figura 1. Comprimento da parte aérea (cm) de plântulas de amoreirapreta Cherokee cultivadas sob diferentes concentrações de cinetina e GA3. UFLA, Lavras, MG. 2004. Embora o número de folhas, número de brotos e peso da matéria fresca não foram significativos, a multiplicação de brotos ocorreu apenas nos tratamentos que continham cinetina na presença ou ausência de GA3. Houve formação do sistema radicular apenas nos tratamentos que não continham cinetina. Conclusões Houve crescimento da parte aérea na ausência de cinetina. Houve formação do sistema radicular apenas nos tratamentos que não continham cinetina. 239 240 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas ANTUNES, L.E.C. Aspectos fenológicos, propagação e conservação pós-colheita de frutas de amoreira-preta (Rubus spp) no sul de Minas Gerais. Tese (Doutorado em Agronomia, Fitotecnia), 129 p. 1999, UFLA, MG. FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar. 2000. p. 225-258. KNUDSON, L. A new nutrient solution for the germination of orchid seed. American Orchid Society Bulletim, v.14, p. 214- 217, 1946. PASQUAL, M.; PEIXOTO, P.H.P.; SANTOS, J.C. dos; PINTO, J.E.B.P. Propagação in vitro da amora-preta (Rubus sp.) cv. Ébano: uso de reguladores de crescimento. Ciência e Prática, Lavras, 15(3), p. 282286, 1991. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Auxins: Growth and Tropisms. In: _____. Plant Physiology. California: The Benjamin/ Cummings Publishing Company, 1991. cap.16, p.398-424. Micropropagação de Amoreira-preta ´Cherokee´ II. Efeito de KCl e NaH2PO4.H2O Fabiola Villa Leila Aparecida Salles Pio Leonardo Ferreira Dutra Grazielle Sales Teodoro Moacir Pasqual Introdução A propagação da amoreira-preta, dá-se principalmente por meio de estacas de raiz, rebentos e por estacas herbáceas. Outra alternativa viável é a micropropagação, com o intuito de se obterem plantas livres de vírus, em curto espaço de tempo (Antunes, 1999). O meio de cultura deve suprir tecidos e órgãos cultivados in vitro com nutrientes necessários ao crescimento. Os macronutrientes são fornecidos ao meio de cultura na forma de sais. Cálcio, magnésio e potássio são absorvidos pelas células vegetais como cátions (Ca+2, Mg+2 e K+); nitrogênio na forma de amônio (NH4+) ou nitrato (NO-3); fósforo como íons fosfato (HPO4)2 e (H2PO4)-. Os sais usados para fornecer macronutrientes também podem fornecer íons dos elementos sódio (Na) e cloro (Cl), sendo que as células vegetais toleram bem altas concentrações dos mesmos. O fosfato de sódio (NaH2PO4.H2O) é um componente do meio White (1963) e B5 (Gamborg, 1968). O cloreto de potássio (KCl) é encontrado somente no meio White (1963). O meio Knudson, por ser um meio mais fraco que os outros, possui baixas concentrações de sódio e potássio. Porém estudos com orquídeas demostram a necessidade de se adicionar ao meio concentrações maiores desses sais. 242 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Material e Métodos Segmentos nodais de amoreira-preta, cultivar Cherokee, com cerca de 2 cm, foram excisados de plântulas preestabelecidas in vitro, em meio MS, sem a presença de reguladores de crescimento. Os explantes foram inoculados em tubo de ensaio contendo 15 ml de meio Knudson (1946), 1 mg L-1 de BAP e cinco concentrações de KCl (0, 125, 250, 500 e 1000 mg L-1) combinadas com cinco concentrações de NaH2PO4.H2O (0, 125, 250, 500 e 1000 mg L-1). O meio teve seu pH ajustado em 5,8 antes da autoclavagem e foi solidificado com 6 g L-1 de ágar. Os explantes foram transferidos para sala de crescimento a 27±1 OC, irradiância de 35 mmol m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 horas, permanecendo nestas condições por 60 dias. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado com três repetições constituídas de quatro tubos contendo um explante cada. As variáveis analisadas foram número de folhas, comprimento e peso da parte aérea. Os resultados foram submetidos à análise de variância utilizando o software SISVAR (Ferreira, 2000), empregando-se regressão polinomial para concentrações de cloreto de potássio e fosfato de sódio. Resultados e Discussões Para a variável número de folhas pode-se observar interação entre o cloreto de potássio e fosfato de sódio. Maior número de folhas (7,1) foi obtido com 1000 mg L-1 de KCl e 125 mg L-1 de fosfato de sódio (Figura 1). O número de brotos e o comprimento da parte aérea das plântulas foi menor em função de maiores concentrações de cloreto de potássio (Figuras 2 e 3). Nota-se que os melhores resultados foram obtidos na ausência desse sal e na presença de fosfato de sódio, principalmente para comprimento e peso fresco da parte aérea e peso fresco de calos (Figuras 3, 4 e 5). Número de folhas Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas 8 -1 -7 2 2 Y 0 mg L = - 10 x - 0,0037x + 6,381 R = 0,81 -1 -6 2 2 Y 125 mg L = 3.10 x - 0,0015x + 5,207 R = 0,91 6 -1 -7 2 2 Y 250 mg L = - 4.10 x - 0,0027x + 6,338 R = 0,62 -1 -6 2 2 Y 500 mg L = 10 x - 0,0045x + 6,556 R = 0,87 4 2 0 0 250 500 750 1000 -1 KCl (mg L ) 0 mg L-1 de fosfato de sódio 125 mg L-1 de fosfato de sódio 250 mg L-1 de fosfato de sódio 500 mg L-1 de fosfato de sódio Figura 1. Número de folhas de plântulas de amoreira-preta ´Cherokee´ em diferentes concentrações de cloreto de potássio e fosfato de sódio. UFLA, Lavras, MG. 2004. -1 -7 2 2 Y 0 mg L =-8.10 x - 0,0007x +2,728 R =0,75 -1 Y 250 mg L =-4.10 x +0,0024x +2,92 R2 =0,77 Número de brotos 5 -6 2 Y 500 mg L-1 =10-6x2 - 0,0031x +3,399 R2 =0,98 4 3 2 1 0 0 250 500 KCl (mg L-1 ) 0 mg L-1 de fosfato de sódio 750 1000 250 mg L-1 de fosfato de sódio 500 mg L-1 de fosfato de sódio Figura 2. Número brotos de plântulas de amoreira-preta ´Cherokee´ em diferentes concentrações de cloreto de potássio e fosfato de sódio. UFLA, Lavras, MG. 2004. 243 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Y 0 mg L-1 = 2.10-6x2 - 0,0029x + 2,87 R2 = 0,96 Comprimento da parte aérea (cm) Y 250 mg L-1 = 7.10-7x2 - 0,0018x + 2,54 R2 = 0,79 3,5 3,0 -1 -7 2 2 Y 500 mg L = 4.10 x - 0,0015x + 2,62 R = 0,86 Y 1000 mg L-1 = 6.10-7x2 - 0,0013x + 2,55 R2 = 0,77 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0 250 500 750 1000 -1 KCl (mg L ) 0 mg L-1 de fosfato de sódio 250 mg L-1 de fosfato de sódio 500 mg L-1 de fosfato de sódio 1000 mg L-1 de fosfato de sódio Figura 3. Comprimento da parte aérea de plântulas de amoreira-preta ´Cherokee´ em diferentes concentrações de cloreto de potássio e fosfato de sódio. UFLA, Lavras, MG. 2004. Y0 mgL-1 =-8.10-7x2 - 0,0007x +2,728 R2 =0,75 Y250mgL-1 =-4.10-6x2+0,0024x+2,92R2 =0,77 Número de brotos 244 5 Y500mgL-1 =10-6x2 - 0,0031x +3,399 R2 =0,98 4 3 2 1 0 0 250 500 750 KCl (mg L-1) 0mg L-1de fosfato de sódio 1000 250mg L-1de fosfato de sódio 500mg L-1de fosfato de sódio Figura 4. Peso fresco de calos de plântulas de amoreira-preta ´Cherokee´ em diferentes concentrações de cloreto de potássio e fosfato de sódio. UFLA, Lavras, MG. 2004. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Y 0 mg L-1 = 6.10-7x2 - 0,0011x + 1,313 R2 = 0,96 2,5 Peso fresco da parte aérea (g) Y 125 mg L-1 = 2.10-6x2 - 0,0015x + 1,429 R2 = 0,93 Y 250 mg L-1 = 2.10-6x2 - 0,0028x + 1,858 R2 = 0,71 2,0 Y 500 mg L-1 = 7.10-7x2 - 0,0012x + 1,291 R2 = 0,93 1,5 1,0 0,5 0,0 0 250 500 750 1000 -1 KCl (mg L ) 0 mg L-1 de fosfato de sódio 125 mg L-1 de fosfato de sódio 250 mg L-1 de fosfato de sódio 500 mg L-1 de fosfato de sódio Figura 5. Peso fresco da parte aérea de plântulas de amoreira-preta ´Cherokee´ em diferentes concentrações de cloreto de potássio e fosfato de cálcio. UFLA, Lavras, 2004. Conclusões O número de brotos e o comprimento da parte aérea das plântulas foi menor em função de maiores concentrações de cloreto de potássio. Melhores resultados foram obtidos na ausência de KCl e na presença de fosfato de sódio, principalmente para comprimento e peso fresco da parte aérea e peso fresco de calos. 245 246 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas ANTUNES, L.E.C. Aspectos fenológicos, propagação e conservação pós-colheita de frutas de amoreira-preta (Rubus spp) no sul de Minas Gerais. Tese (Doutorado em Agronomia, Fitotecnia), 129 p., 1999, UFLA, MG. FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar. 2000. p.225-258. GAMBORG, O.L.; MILLER, R.A.; OJIMA, K. Nutrition requirements of suspension cultures of soybean root cells. Experimental Cellular Research, n.50, p.151-158, 1968. KNUDSON, L. A new nutrient solution for the germination of orchid seed. American Orchid Society Bulletim, v.14, p. 214-217, 1946. WHITE, P.R. A handbook of plant tissue culture. Lancaster, The Jacques Cattell Press. 1963. Micropropagação de Amoreira-preta ´Cherokee´ III. Efeito de Cinetina e Meios de Cultura Leila Aparecida Salles Pio Fabiola Villa Leonardo Ferreira Dutra Grazielle Sales Teodoro Moacir Pasqual Introdução A multiplicação in vitro permite a obtenção de milhares de plantas isentas de vírus, geneticamente uniformes e em curto espaço de tempo (Pasqual et al., 1991). Embora alguns métodos tradicionais sejam comumente usados, a técnica de cultura de tecidos juntamente com o uso de reguladores de crescimento e meios adequados podem eventualmente tornar-se um método preferido de propagação (Caldwell, 1984). Dentre os diversos reguladores de crescimento as citocininas desempenham papel importante, sendo o tipo e sua concentração os principais fatores que influenciam o sucesso da multiplicação in vitro. O BAP é a citocinina mais utilizada, entretanto, a cinetina tem apresentado resultados satisfatórios. Os meios nutritivos utilizados na micropropagação fornecem as substâncias essenciais para o crescimento dos tecidos e controlam, em grande parte, o padrão de desenvolvimento in vitro. Embora o meio MS (1962) tenha favorecido o crescimento e desenvolvimento de várias espécies, a utilização de composições mais diluídas têm fornecido melhores respostas (Grattapaglia e Machado, 1998). 248 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O presente trabalho teve como objetivo determinar a melhor concentração de cinetina e tipo de meio para a multiplicação in vitro de plântulas de amoreira-preta. Material e Métodos Segmentos nodais de amoreira-preta, cultivar Cherokee, com cerca de 2 cm, foram excisados de plântulas preestabelecidas in vitro, em meio MS, sem reguladores de crescimento. Os explantes foram inoculados em tubo de ensaio contendo 15 ml dos meios Knudson (1946), ½ Knudson, B5 (Gamborg et al., 1968) e White (1963) combinados com cinco concentrações de cinetina (0; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1). Os meios tiveram o pH ajustado em 5,8 antes da autoclavagem e foram solidificados com 6 g L-1 de ágar. Posteriormente os explantes foram transferidos para sala de crescimento a 27±1 OC, irradiância de 35 mmol m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 horas, permanecendo nestas condições por 60 dias. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado com quatro repetições constituídas de quatro tubos contendo um explante cada. As variáveis analisadas foram número de folhas, número de brotos, comprimento e peso da parte aérea, presença de raízes e peso fresco de calos. Os resultados foram submetidos à análise de variância com o software SISVAR (Ferreira, 2000), sendo utilizado regressão polinomial para concentrações de cinetina e teste de Tukey para tipos de meio. Resultados e Discussões Maior média de brotos foi verificada em meio B5, enquanto que, para comprimento dos brotos, os meios B5, ½ Knudson e Knudson não diferiram estatisticamente (Tabela 1). Com o aumento das concentrações de cinetina, o número de folhas aumentou, sendo o maior número de folhas (9,45) observado com 4,31 mg L-1 do regulador de crescimento (Figura 1). A multiplicação de brotos ocorreu apenas nos tratamentos que continham cinetina associada aos meios B5 e Knudson (Figura 2). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Houve pouca ou nenhuma formação do sistema radicular dos explantes inoculados no meio White. Maior número de brotos (1,75 e 1,44) foi observado com 4 mg L-1 de cinetina nos meios B5 e ½ Knudson, respectivamente. Tabela 1. Número de folhas, comprimento e peso fresco da parte aérea de plântulas de amoreira-preta Cherokee em diferentes tipos de meio. UFLA, Lavras, MG. 2004. Meio Número de Peso fresco da Comprimento da folhas parte áerea (g) parte aérea (cm) B5 8,71 a 0,76 a 2,02 a ½ Knudson 7,66 b 0,75 b 1,99 a Knudson 7,19 b 0,74 b 2,04 a White 4,42 c 0,73 c 1,61 b Maior peso fresco da parte aérea (0,752 g) foi obtido com 4 mg L-1 de cinetina. Porém, com o aumento das concentrações desse regulador houve decréscimo no peso fresco da parte aérea. É possível que essa redução no tamanho dos brotos seja devido ao efeito tóxico causado pelo excesso de citocinina. Número de folhas 10 8 6 Y = 0,0639x2 + 0,551x + 5,89 R2 = 0,98 4 2 0 0 1 2 3 4 Cinetina (mg L-1) Figura 1. Número de folhas em plântulas de amoreira-preta, cultivar Cherokee, com diferentes concentrações de cinetina. UFLA, Lavras, MG, 2004. 249 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 2,0 2 2 Y = 0,0481x - 0,0356x + 1,11 R = 0,83 1,8 Número de brotos 250 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 2 2 Y = 0,0297x - 0,0254x + 1,08 R = 0,91 0,6 0,4 0,2 0,0 0 1 2 3 4 -1 Cinetina (mg L ) Figura 2. Número de brotos em plântulas de amoreira-preta, cultivar Cherokee, com diferentes concentrações de cinetina e tipos de meio. UFLA, Lavras, MG, 2004. A formação de calos ocorreu apenas em meio B5 nas diferentes concentrações de cinetina. Possivelmente, a concentração de nutrientes presente nesse meio associada à cinetina é suficiente para que o calo se desenvolva. Conclusões Maior média de brotos foi verificada em meio de cultura B5. A multiplicação de brotos ocorreu apenas nos tratamentos que continham cinetina associada aos meios de cultura B5 e Knudson. Houve pouca ou nenhuma formação do sistema radicular nos tratamentos que continham o meio White. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Referências Bibliográficas CALDWELL, J.D. Blackberry propagation. HortScience, Alexandria, 19(2), p. 13-15, 1984. FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar. 2000. p. 225-258. GAMBORG, O.L.; MILLER, R.A.; OJIMA, K. Nutrition requirements of suspension cultures of soybean root cells. Experimental Cellular Research, n.50, p.151-158, 1968. GRATTAPAGLIA, D.; ASSIS, T.F.; CALDAS, L.S. Efeito residual de BAP (6-benzilaminopurina) e NAA (ácido naftaleno acético) na multiplicação e enraizamento in vitro de Eucalyptus. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE CULTURA DE TECIDOS VEGETAIS, 2., 1987, Brasília, DF. Resumos... Brasília, 1987, p.8. KNUDSON, L. A new nutrient solution for the germination of orchid seed. American Orchid Society Bulletim, v. 14, p. 214- 217, 1946. MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v.15, n.3, p.473-497, 1962. PASQUAL, M.; PEIXOTO, P.H.P.; SANTOS, J.C. dos; PINTO, J.E.B.P. Propagação in vitro da amora-preta (Rubus sp.) cv. Ébano: uso de reguladores de crescimento. Ciência e Prática, Lavras, 15(3), p. 282286, 1991. WHITE, P.R. A handbook of plant tissue culture. Lancaster, The Jacques Cattell Press. 1963. 251 252 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Efeito do Filme de Polietileno e do Resveratrol na Conservação Pós-colheita de Amora-preta Marcelo Barbosa Malgarim Emerson Dias Gonçalves Renato Trevisan Nara Cristina Ristow Fernando Rufino Flores Cantillano Luis Eduardo Corrêa Antunes Introdução A amora preta (Rubus spp.) apresenta um período de armazenamento curto (Perkins-Veazie et al., 1997). Segundo Kluge et al., (1997) a amora preta pode ser armazenada por 3 dias com temperatura de -0,5 a 0 OC, com UR de 90-95%, porém, quando acondicionadas em filme plástico, podem ser armazenadas por até 12 dias. A cultivar Tupi é uma das mais plantadas no Brasil e outros países como o México, devido a sua aptidão natural para o consumo in natura. A intensidade da perda de peso pelo processo transpiratório tem importância substancial durante a comercialização da fruta, pois em alguns casos, altas perdas de peso podem resultar no murchamento e perda de consistência, com redução na qualidade (Awad, 1993). Os métodos que devem ser utilizados para minimizar as perdas póscolheita de frutas incluem a elevação da umidade relativa do ar e redução da temperatura bem como o acondicionamento da fruta em materiais plásticos, que favorecem a elevação da umidade relativa do ar que circunda a fruta (Gorris & Peppelenbos, 1992). No Rio Grande de Sul, ocorrem problemas fitossanitários com podridão dos frutos, causada pelo fungo denominado Botrytis cinerea. O conhecimento da fisiologia pós-colheita do fruto é de grande importância para a ampliação do tempo de armazenamento, sem, 254 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul contudo alterar suas características físicas, organolépticas e nutricionais (Abreu et al., 1998). Um dos principais problemas que ocorrem com frutas de pequeno porte é a perda de água, o que acarreta a perda de peso e a depreciação da qualidade do produto proporcionando a ocorrência de podridões. O resveratrol é um composto fenólico natural que na aplicação exógena, apresenta características antifúngicas e propriedades antioxidantes que podem trazer efeitos benéficos na conservação dos frutos (Souto, 2003). Este experimento objetivou verificar a qualidade da amora preta cv. Tupi submetida à atmosfera modificada e resveratrol. Material e Métodos O experimento foi realizado no laboratório de Pós-colheita e Tecnologia de alimentos, e nas câmaras frigoríficas da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, Brasil. As frutas avaliados foram da cultivar Tupi, provenientes da Embrapa Clima Temperado. Após a colheita realizada no estádio de maturação maduro, foram selecionadas e colocadas em bandejas de plástico com 250g de fruta cada. Os tratamentos foram: T1- testemunha (sem filme e sem resveratrol); T2- filme (filme de polietileno com 3m de espessura da parede); T3- resveratrol; T4- filme + resveratrol. As frutas foram armazenadas durante 9 dias em câmara fria, a temperatura de 0 OC± 1 OC e a umidade relativa de 90 a 95%. Após o armazenamento, as frutas foram submetidas à temperatura ambiente de 8 OC, por 48 horas, simulando o período de comercialização. Na colheita e após o armazenamento seguido de comercialização simulada, foram avaliadas as 250g de frutas por repetição, num total de quatro repetições por tratamento. As variáveis analisadas foram: a) perda de peso expressa em porcentagem; b) pH; c) sólidos solúveis totais (SST) determinados através de refratometria, expressando-se o resultado em OBrix; d) acidez total titulável (ATT), expressa em % de Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas ácido málico; e) relação SST/ATT; f) incidência de podridões em porcentagem. Após a analise da variância as médias foram comparadas pelo teste Duncan (p < 0,05). Resultados e Discussões Ao analisar o efeito dos diferentes tratamentos em relação aos teores de sólidos solúveis totais (SST), verificou-se que ocorreu diferença estatística entre a testemunha e o tratamento com filme + resveratrol. Os valores de SST, decresceram da testemunha para o tratamento com filme + resveratrol (Tabela 1). Isto provavelmente ocorreu devido a maior perda de peso por desidratação, a qual proporcionou a concentração de açucares (Nunes et al., 1998). As propriedades antioxidantes presente no resveratrol, pode ter interferido neste resultado. As variáveis acidez titulável total (ATT) e relação SST/ATT não variaram significativamente entre os tratamentos. Quanto ao pH, as frutas submetidas ao tratamento com resveratrol apresentaram valores estatisticamente menores (Tabela 1). A ocorrência de podridões nos diferentes tratamentos foi nula, demonstrando ser adequado o período de armazenamento utilizado. As frutas do tratamento testemunha e o tratamento com resveratrol apresentaram os maiores valores de perda de peso e menores valores nos tratamentos com a utilização de filmes (Figura 1). As menores perdas de peso ocorreram devido à modificação da atmosfera, o que possibilitou manter a qualidade comercial das frutas. Segundo SotoValdez & Mendonza-Wilson (1998), a utilização de filmes plásticos, modifica a atmosfera ao redor das frutas, reduzindo a perda de água, diminuindo a perda de peso das mesmas. Segundo Girardi et al., (2000), o uso de atmosfera modificada reduz a concentração de O2 disponível e aumenta a concentração de CO2, diminuindo a taxa respiratória e o ritmo de sua senescência. Conclusão A amora preta cv. Tupi pode ser armazenada sob refrigeração com utilização de filme de polietileno durante 11 dias. 255 256 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Para as condições descritas, não há necessidade do uso do resveratrol, porém sugere-se novas pesquisas. Referências Bibliográficas ABREU, C.M.P.; CARVALHO, V.D. de; GONÇALVES, N.B. Cuidados pós-colheita e qualidade do abacaxi para exportação. Informe Agropecuário. Belo Horizonte, v.19, n.195, p.70-72, 1998. AWAD, M. Fisiologia pós-colheita de frutos. São Paulo: Nobel, 1993. 114p. GIRARDI, C.L.; ROMBALDI, C.V.; PARUSSOLO, A.; DANIELI, R. Manejo pós-colheita de pêssegos cultivar Chiripá. 2000. 36p. (Circular Técnica, 28). GORRIS, L.G.M.; PEPPELENBOS, H.W. Modified atmosphere and vacuum packaging to extend the shelf life of respiring food products. Hortechnology, Alexandria, n.2, v.3, p.303-309, 1992. KLUGE, R.A.; NACHTIGAL, J.C.; FACHINELLO, J.C.; BILHALVA, A.J. Fisiologia e manejo pós-colheita de frutas de clima temperado. Pelotas: Editora Universitária UFPEL, 1997. 163 p. NUNES, M.C.N.; BRECHT, J.K.; MORAIS, A.M.M.B.; SARGENT, S.A. Controlling temperature and water loss to maintain ascorbic acid levels in strawberries during postharvest handling. Journal of Food Science, Chicago, v.63, n.6, p.1033-1036, 1998. PERKINS-VEAZIE, P.; COLLINS, J.K.; CLARK, J. R.; RISSE, L. Air shipment of "Navajo" blackberry fruit to Europe is feasible. HortSience. Alexandria, v.32, n.1, p.132. 1997. SOUTO, A.A. Beneficios do vino a saúde. In: I Ciclo de palestras em Vitivinicultura em Uruguaiana. Palestra/compilados pessoal,2003. SOTO-VALDEZ, H.; MENDONÇA-WILSON, A.M. Permeabilidad al oxígeno y al vapor de agua de películas utilizadas en el envase de productos hortofrutíolas y cereales. Horticultura Mexicana, México, v.6, n.2, p.81-90, 1998. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Tabela 1. Valores médios de sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), pH e Relação SST/ATT das frutas de amora-preta cv. Tupi, na colheita e após 9 dias de armazenamento refrigerado (0± 05 OC e 90-95% de UR), mais 2 dias a 8 OC, utilizando filmes de polietileno e resveratrol. Embrapa Clima Temperado. Pelotas/RS, 2004. Tratamentos SST ATT pH Relação SST/ATT 1,13 2,99 8,54 9,15 a 0,93 a 3,09 a 8,08 a Filme 8,70 ab 0,96 a 3,04 a 8,97 a Resveratrol 8,59 ab 1,04 a 2,95 b 8,28 a Filme + Resveratrol 8,45 b 0,93 a 3,02 a 9,04 a *Colheita 9,66 Testemunha As médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de 5% de significância; * Dados referentes à caracterização logo após a colheita Perda de Peso (%) 5 4 a b 3 2 1 c c 0 T1 T2 T3 T4 Figura 1. Perda de peso (%) de amora preta cv. Tupi submetida aos seguintes tratamentos: T1- testemunha; T2- filme; T3- resveratrol; T4filme + resveratrol. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan (p<0,05). 257 258 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Filmes de Polietileno na Conservação Póscolheita de Amora-preta CV. Cherokee em Ambiente Refrigerado Marcelo B. Malgarim Eduardo R. Franchini Nara C. Ristow Enilton F. Coutinho Fernando Rufino F. Cantillano Nicácia P. Machado Introdução A amora preta (Rubus spp.) possui características que a tornam uma fruta extremamente perecível (Morris et al., 1981). Apresenta um período de armazenamento relativamente curto, de aproximadamente sete dias (Perkins-Veazie et al., 1997). Um dos principais problemas que ocorrem com frutas de pequeno porte é a perda de água, em decorrência de sua grande área de exposição, em relação ao seu volume, o que acarreta a perda de peso e a depreciação da qualidade do produto. De acordo com Smock & Neubert (1950), a perda de água em tecidos vivos é denominada transpiração. A intensidade da perda de peso pelo processo transpiratório tem importância substancial durante a comercialização da fruta, pois em alguns casos, altas perdas de peso podem resultar no murchamento e perda de consistência, com redução na qualidade (Porrit, 1974; Woods, 1990; Awad, 1993). Os métodos, que devem ser utilizados para minimizar as perdas de peso das frutas, incluem a elevação da umidade relativa do ar (UR) e redução da temperatura bem como o acondicionamento da fruta com 260 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul materiais plásticos, que favorecem a elevação da umidade relativa do ar, que circunda a fruta (Handerburg et al., 1986; Gorris & Peppelenbos, 1992). Segundo Kluge et al., (1997) a amora preta pode ser armazenada por três dias entre -0,5 e 0OC, com UR de 90-95%, porém, quando acondicionadas em filme plástico, podem ser armazenadas por até 12 dias. O trabalho objetivou avaliar a conservação pós-colheita de amora-preta cv. Cherokee, utilizando-se diferentes modificadores da atmosfera de armazenamento. Material e Métodos O experimento foi realizado nos laboratórios de Pós-colheita e Tecnologia de Alimentos, e nas câmaras frigoríficas da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, Brasil. Utilizaram-se amoras da cv. Cherokee, provenientes do pomar localizado na Embrapa Clima Temperado. Após a colheita realizada no estádio de maturação maduro, as frutas foram selecionadas e colocadas em bandejas de polipropileno com capacidade para 250g. Os tratamentos foram T1- testemunha; T2- filme de polietileno microperfurado com 3mm de espessura; T3- filme de polietileno não perfurado com 3mm de espessura. As frutas foram armazenadas durante 9 dias a temperatura de 0 O±0,5 OC e a umidade relativa de 90 a 95%, e posteriormente, submetidas à simulação de comercialização (armazenamento durante um dia a 20 O ± 1 OC e UR de 75 a 80%). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 3 repetições de 250 gramas de amora por tratamento. As variáveis analisadas foram: a) perda de peso, expressa em porcentagem; b) pH; c) sólidos solúveis totais (SST) determinados através de refratometria, com correção de temperatura, expressandose o resultado em OBrix; d) acidez total titulável (ATT), expressa em % de ácido málico; e) relação SST/ATT; f) porcentagem de podridões. Após a analise da variância as médias foram comparadas pelo teste de Scheffé (p < 0,05). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Resultados e Discussões Analisando-se o efeito dos diferentes tratamentos nos teores de sólidos solúveis totais (SST), verifica-se que os frutos do T1 (testemunha) apresentaram valor, significativamente maior que os do T3 (filme não perfurado) (Tabela 1). Isto provavelmente ocorreu devido a maior perda de peso por desidratação dos frutos da testemunha, a qual proporcionou a concentração de açucares (Nunes et al., 1998). Não foram observadas diferenças entre os tratamentos com relação a ATT. A porcentagem de podridões entre os tratamentos não diferiu significativamente, sendo os valores dos mesmos muito baixos, o que indica que as condições e o período de armazenamento são adequados. Os frutos oriundos do T3 (filme não perfurado) apresentaram valores de pH e SST/ATT significativamente mais baixos, que os do T2 (filme perfurado). A perda de peso foi significativamente maior no T1 (testemunha), seguido do T2 (filme perfurado) e menor no T3 (filme não perfurado), demonstrando que à modificação da atmosfera pela utilização de filmes plásticos ao redor de frutos diminui significativamente a perda de peso (Figura 1), o que também foi verificado por (Soto-Valdez & MendonzaWilson 1998). Conclusão A Amora-preta "Cherokee" é melhor conservada sob refrigeração durante 10 dias quando utiliza-se filme de polietileno não perfurado com 3mm de espessura. Referências Bibliográficas AWAD, M. Fisiologia pós-colheita de frutos. São Paulo: Nobel, 1993. 114p. GORRIS, L.G.M.; PEPPELENBOS, H.W. Modified atmosphere and vacuum packaging to extend the shelf life of respiring food products. Hortechnology, Alexandria, n.2, v.3, p.303-309, 1992. 261 262 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. The commercial storage of Fruits, vegetables, and florist, and mursery stoctks. USDA, 1986. 130p. KLUGE, R.A.; NACHTIGAL, J.C.; FACHINELLO, J.C.; BILHALVA, A. J. Fisiologia e manejo pós-colheita de frutas de clima temperado. Pelotas: Editora Universitária UFPEL, 1997. 163 p. NUNES, M.C.N.; BRECHT, J.K.; MORAIS, A.M.M.B.; SARGENT, S.A. Controlling temperature and water loss to maintain ascorbic acid levels in strawberries during postharvest handling. Journal of Food Science, Chicago, v.63, n.6, p.1033-1036, 1998. PERKINS-VEAZIE, P.; COLLINS, J.K.; CLARK, J. R.; RISSE, L. Air shipment of "Navaho" blackberry fruit to Europe is feasible. HortSience. Alexandria, v.32, n.1, p.132. 1997. PORRIT, S.W. Commercial storage of fruits and vegetables, Otawa, Agriculture Canada, 1974. 56p. SMOCK, R.M.; NEUBERT, M.A. Chemical changes and physiology of apple fruit after harvest. Apples and apple products. New York, Interscience, v.2, p.95-105. 1950. SOTO-VALDEZ, H.; MENDONÇA-WILSON, A.M. Permeabilidad al oxígeno y al vapor de agua de películas utilizadas en el envase de productos hortofrutíolas y cereales. Horticultura Mexicana, México, v.6, n.2, p.81-90, 1998. WOODS, J.L. Moisture loss from fruits and vegetables Postharvest News and Information, Wellingford, v.1, n.3, p.195-199, 1990 Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Tabela 1. Sólidos solúveis totais (SST), acidez titulável total (ATT), SST/ATT, pH e incidência de podridões em amoras, cv. Cherokee, após 9 dias de armazenamento refrigerado (0±05OC e 90-95% de UR), mais 1 dia a 20OC, utilizando diferentes filmes de polietileno. Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2003. SST (ºBrix) Tratamentos T 1- Testemunha ATT SST/ATT (%ác.malico) pH Podridão (%) 9,25 a 1,10 a 8,49 ab 3,24 ab 0,31 a T 2- Microperfurado 8,35 ab 0,92 a 9,33 a 3,43 a 0,93 a T 3- Não-perfurado 6,45 b 1,20 a 5,73 b 3,19 b 0,93 a As médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de 5% de significância pelo teste de Scheffé. Perda de Peso (%) 10 a 8 6 b 4 2 c 0 T1 T2 T3 Figura 1. Perda de peso (%) em amoras, cv. Cherokee, após 9 dias de armazenamento refrigerado (0±05 OC e 90-95% de UR), mais 1 dia a 20 OC, utilizando diferentes filmes de polietileno (T1- Testemunha; T2Microperfurado; T3- Não-perfurado). Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2003. 263 264 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Efeito da Lesão Basal e do Ácido Indolbutírico no Enraizamento de Estacas Herbáceas de Quatro Cultivares de Mirtilo Américo Wagner Júnior Rodrigo Cezar Franzon Marcelo Couto Maria do Carmo Bassols Raseira Introdução O mirtilo é uma espécie frutífera de clima temperado que apresenta grande importância comercial em países da Europa e nos Estados Unidos (França, 1991). No Brasil, as áreas de cultivo de mirtilo ainda são incipientes, sendo as dificuldades técnicas de propagação os principais fatores que restringem a viabilização e expansão desta espécie (Embrapa, 1991). A propagação é basicamente realizada através de estaquia, proporcionando resultados insatisfatórios e variáveis em algumas cultivares (Mainland, 1966). O uso de fitorreguladores em estacas de mirtilo pode proporcionar enraizamento mais rápido e com percentuais mais elevados. A resposta ao ácido indolbutírico (AIB) é variável de acordo com a cultivar (Mainland, 1966; Camargo et al., 1998). A realização de lesões na base das estacas pode, também, aumentar o índice de enraizamento, pois, faz com que haja maior absorção de água e de reguladores de crescimento, aumentando assim, sua eficiência. Por outro lado, as lesões permitem que haja o rompimento da barreira física exercida pelos anéis do esclerênquima, a qual pode até mesmo impedir a emergência das raízes, principalmente em estacas lenhosas (Fachinello et al., 1995). Segundo Crocker et al. 266 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul (1979) o enraizamento de mirtilo, tipo rabbiteye é aumentado quando é retirada uma porção da casca na base da estaca, seguida de tratamento com 1000 mg.L-1 de AIB, em imersão rápida. Este trabalho teve como objetivo verificar o efeito da lesão basal e do ácido indolbutírico no enraizamento de estacas herbáceas de quatro cultivares de mirtilo. Material e Métodos O trabalho foi conduzido na Embrapa Clima Temperado, Pelotas (RS), em casa de vegetação, em janeiro de 2002. Foram utilizadas estacas herbáceas das cultivares de mirtilo ´Delite´, ´Climax´, ´Woodard´ e ´Bluegem´. As estacas foram preparadas em tamanho padrão de 12 cm e diâmetro médio de 4 mm, mantendo-se as duas folhas superiores, cortadas ao meio. Os tratamentos, que consistiram de diferentes tipos de lesões na parte basal das estacas, com ou sem a utilização do ácido indol-3-butírico (AIB) (2000 mg.L-1), foram os seguintes: estacas herbáceas sem lesão na parte basal, com AIB (T1); estacas herbáceas com corte na parte basal em bisel, com AIB (T2); estacas herbáceas com duas lesões superficiais na parte basal, em lados opostos, retirando-se uma porção da casca de cerca de dois milímetros de largura por 2,5 cm de extensão, com AIB (T3); estacas herbáceas sem lesão na parte basal, sem AIB (T4); estacas herbáceas com corte na parte basal em bisel, sem AIB (T5); estacas herbáceas com duas lesões superficiais na parte basal, em lados opostos, retirando-se uma porção da casca de cerca de dois milímetros de largura por 2,5 cm de extensão, sem AIB (T6). As estacas (± 2cm da base) foram imersas, por 5 segundos, em solução de água: álcool etílico 96 O(1:1), com ou sem adição de AIB (2000 mg.L-1). Após, foram enterradas, verticalmente, quase na totalidade, exceto pelas duas folhas superiores, em bandejas plásticas com dimensões de 30 x 48 x 15 cm, contendo areia grossa autoclavada como substrato, e mantidas por 132 dias em casa-devegetação. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Foram avaliadas as seguintes variáveis: porcentagem de estacas enraizadas (%), número médio de raízes por estaca e comprimento médio de raízes por estaca (cm). Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados, com cinco repetições, sendo cada repetição constituída por cinco estacas, perfazendo-se um total de 600 estacas. Os resultados foram submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Duncan (µ = 0,05). Os dados referentes à variável porcentagem de estacas enraizadas foram transformados em arco seno x / 100 e, o n° médio de raízes por estaca para x + 1 , onde x representa os valores obtidos para cada variável na avaliação. Resultados e Discussões De acordo com o teste de F, para a variável porcentagem de estacas enraizadas, não houve diferenças estatísticas significativas para cultivares, tratamentos ou interação destes. As porcentagens médias de enraizamento nas diferentes cultivares foram: Bluegem (66%), seguida das cultivares ´Climax´ (56%), ´Woodard´ (54%) e ´Delite´ (45%). Segundo França (1991) na multiplicação por estacas de mirtilo tem-se obtido, de modo geral, percentuais próximos a 50% de enraizamento. Santos (2003) descreve que o ambiente ideal para o enraizamento de estacas de mirtilo deve ser próximo a 100% de umidade, evitando-se assim sua desidratação. Não obstante, supõe-se que a vazão dos aspersores junto com sua freqüência de funcionamento tenha sido demasiada, causando excesso de umidade, podendo assim, ter interferido negativamente nas porcentagens de estacas enraizadas. Com relação às variáveis número médio de raízes por estaca e comprimento médio de raízes por estaca, houve diferenças significativas entre as cultivares analisadas (Tabela 1). Já em relação aos tratamentos e a interação (Cultivares x Tratamentos), não houve diferenças significativas. 267 268 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 1. Número e comprimento médio de raízes por estaca herbácea, de quatro cultivares de mirtilo, submetidas a seis diferentes tratamentos. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2002. Comprimento Número médio de raízes Cultivares médio de raízes por estaca (cm) por estaca (cm) Delite 3,15 b* 1,43 b* Bluegem 4,54 a 2,13 a Climax 3,08 b 1,65 ab Woodard 4,43 a 1,21 b CV (%) 28,21 63,81 *Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. As cultivares ´Bluegem´ e ´Woodard´ proporcionaram os melhores resultados quanto ao número médio de raízes, não diferindo estatisticamente entre si. Segundo Nachtigall et al. (1994) a formação de raízes adventícias em estacas depende de muitos fatores. Dentre estes, o balanço hormonal é de grande importância e o uso de fitorreguladores, visando estabelecer um equilíbrio favorável ao enraizamento, é uma prática largamente adotada. No presente trabalho, o AIB não teve efeito sobre a formação de raízes adventícias. Resultados semelhantes foram obtidos por Couvillon & Pokorny (1968), trabalhando com estacas semilenhosas da parte terminal dos ramos do cv. ´Woodard´. Segundo Fachinello et al. (1995), em muitas espécies, as folhas e gemas apicais são fontes de auxinas, fornecendo-as em quantidade suficiente para iniciação radicular podendo, até mesmo, dispensar o uso de fitorreguladores. Assim, supõe-se que os níveis de auxinas endógenas presentes nas estacas herbáceas durante a época de coleta foram suficientes para formação das raízes. Quanto ao comprimento médio de raízes por estaca, obteve-se os melhores resultados com as cultivares ´Bluegem´ e ´Climax´. Entretanto, a cultivar ´Climax´ não diferiu estatisticamente das cultivares ´Delite´ e ´Woodard´ (Tabela 1). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas O fato de não ter havido diferenças entre os tratamentos quanto ao número médio de raízes, pode ser devido à utilização de areia grossa como substrato, por um período longo, acarretando a falta de nutrientes para o maior desenvolvimento das raízes formadas, já que não foi utilizado qualquer tipo de solução nutritiva para irrigação das estacas. Resultados semelhantes foram obtidos por Nachtigall et al. (1998), quando testaram o efeito do AIB no enraizamento de estacas de mirtilo, cultivar ´Delite´. Conclusão Os diferentes tipos de lesões, com a aplicação do ácido indolbutírico, não influenciaram no enraizamento e no desenvolvimento do sistema radicular das estacas herbáceas das quatro cultivares de mirtilo estudadas. A cultivar ´Bluegem´ apresentou os melhores resultados quanto ao número e comprimento médio de raízes por estaca, bem como percentagem de estacas enraizadas (66%). Referências Bibliográficas CAMARGO, J.T.; CAMELATTO, D.; NACHTIGALL, G.R. et al. Enraizamento de estacas semilenhosas de mirtilo (Vaccinium ashei, Read) cv. Powderblue. Revista Agropecuária Clima Temperado, Pelotas, RS. v.1, n.1, p.41-45. 1998. COUVILLON, G.A.; POKORNY, F.A. Photoperiod, indolebutyric acid and type of cutting wood as factors in rooting of rabbiteye blueberry (Vaccinium ashei Read) cv. Woodard. HortScience, Alexandria, v.3, n.2, p.74-75. 1968. CROCKER, T.E.; LYRENE, P.M.; ANDREWS, C.P. Fruit crops fact sheet: the blueberry. Gainesville, University Fainesville of Florida, 1979, 4p. 269 270 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Fruteiras de Clima Temperado (Pelotas - RS). Relatório Técnico - 1980 a 1990. Pelotas. Embrapa - CNPFT, 1991. 125p. FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGALL, J.C. et al. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. Pelotas: Ed. e Gráfica Universitária, UFPel, 1995. 179p. FRANÇA, S. Mirtilo: uma doce e rendosa novidade. Manchete Rural, Rio de Janeiro, n.46, p.32-34. 1991. MAINLAND, C.M. Propagation and planting. In: ECK, P.; CHILDERS, N.F. Blueberry culture. New Brunswick: Rutgers University Press, 1966. p.111-131. NACHTIGALL, J.C.; HOFFMANN, A.; KLUGE, R.A. et al Enraizamento de estacas semilenhosas de araçazeiro (Psidium cattleyanum Sabine) com o uso do ácido indolbutírico. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v.16, n.1, p.229-235. 1994. NACHTIGALL, G.R.; CAMELATTO, D.; CAMARGO, J.T. et al. Efeito do ácido indolbutírico no enraizamento de estacas de mirtilo (Vaccinium ashei, Read) cv. Delite. Revista Agropecuária Clima Temperado, Pelotas, RS. v.1, n.1. p.29-33. 1998. SANTOS, A.M. Pequenas frutas: Novas alternativas de diversificação com fruticultura em pequenas propriedades. In: VI Enfrute - Encontro Nacional sobre fruticultura de clima temperado. Fraiburgo, SC. Anais. p.1-14. 2003. Germinação in vitro, do Pólen de Diferentes Cultivares de Mirtilo Elisia Rodrigues Corrêa Rodrigo Cezar Franzon Renato Trevisan Emerson Gonçalves Maria do Carmo Bassols Raseira Introdução A região Sul do Brasil tem grande potencial para a produção de pequenas frutas, destacando-se o mirtilo. Esta espécie apresenta alta rentabilidade, devido à baixa utilização de insumos e, até o momento, facilidade de produção limpa, resguardando o ambiente e a segurança alimentar. Um outro aspecto importante desta fruta, refere-se às propriedades nutracêuticas, conferidas pela presença de substâncias com poder antioxidante, as quais atuam na prevenção de doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, melhoria de visão noturna e retardamento do envelhecimento de células (SANTOS & RASEIRA, 2002). A Embrapa Clima Temperado foi pioneira na introdução desta cultura no Brasil e tem efetuado pesquisas, tanto no que se refere ao melhoramento genético, como as práticas culturais. Cultivares de mirtilo do grupo "rabitteye" adaptaram-se bem às condições do Sul do Brasil entretanto, as pesquisas com esta espécie são incipientes e as primeiras hibridações apenas começam a ser feitas. Com o intuito de auxiliar o programa de melhoramento, alguns estudos sobre pólen e testes de viabilidade dos mesmos estão sendo realizados. Dados sobre viabilidade e o desenvolvimento fisiológico de grão de pólen são fundamentais para os trabalhos de biologia reprodutiva e 272 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul melhoramento genético, pois permitem obter maior sucesso em cruzamentos, realizados com a finalidade de gerar novas seleções e/ou aumentar a variabilidade genética. Dentre os fatores que afetam a germinação do pólen in vitro, citam-se período de coleta, método de coleta e estádio de desenvolvimento da flor (GALLETTA, 1983). O objetivo deste trabalho foi determinar o estádio floral ideal, o método de coleta e armazenamento adequado para obtenção e conservação de polens viáveis, das diferentes cultivares de mirtilo. Material e Métodos Os trabalhos foram conduzidos no Laboratório de Melhoramento Genético, na Embrapa Clima Temperado, Pelota(RS). Experimento 1: Durante a floração de 2002, pólen das cultivares Delite, Clímax e Seleção 2, foram coletados de flores em estádio de balão ou de flores abertas. Para completa deiscência das anteras, os materiais foram colocados em pequenas bandejas de papel e deixados a uma temperatura entre 20 e 25 OC, durante 72hs. Após este período, os polens e as anteras, foram colocados em frascos de vidro tamponados com algodão e armazenados em freezer a -18 OC, em dessecador, com solução higroscópica. O meio de cultura utilizado foi o meio padrão, preparado com 1g de agar, 100ml de água destilada e 10g de açúcar, o qual foi colocado, em lâminas modificadas (NAKASU & RASEIRA, 2002) Com auxílio de um pincel, o pólen de cada cultivar foi aspergido sobre a superfície das lâminas contendo meio de cultura. Posteriormente, as mesmas foram colocadas em câmara úmida, simulada, usando-se placas de Petri com papel filtro umedecido e levadas para estufa BOD, com temperatura de 25 OC, permanecendo por um período de 5 e 24hs. Avaliou-se a porcentagem de grãos de pólen germinados, sob microscópio óptico, utilizando-se contador manual. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três fatores (cultivares, estádio de coleta do pólen e tempo de leitura) e três repetições sendo os resultados submetidos à análise de variância. Os dados referentes à porcentagem de germinação do pólen foram transformados segundo arco sen da raiz quadrada de x/100. Teste de conservação (Experimento 2), no ano de 2003, observou-se que os polens da floração de 2002, os quais haviam sido armazenados juntamente com as anteras, ficavam aderidos às paredes do tubo, ficando difícil retirá-los, tornando-se impossível realizar teste de viabilidade deste. A partir desta observação, foram coletados pólens de flores recém abertas e de botões florais no estádio de balão de três cultivares e uma seleção (Bluebelle, Clímax e Seleção 8). Seguiu-se a mesma metodologia descrita anteriormente, porém após coletado os polens, somente estes (livres das anteras), foram colocados em frascos de vidro tamponados com algodão e armazenados em freezer a -18 OC, em dessecador, com solução higroscópia. Utilizando-se o pólen, sem anteras, as diferenças entre pólen proveniente de flor aberta ou balão foram pequenas. Assim as amostras foram coletadas em um mesmo frasco (flor aberta +balão) para testar a conservação. Foi avaliada a porcentagem de germinação antes do armazenamento em freezer e após oito meses. Resultados e Discussões Experimento 1: Analise estatisca não mostrou diferença significativa entre cultivares. Não houve interação significativa entre cultivares e tempo de leitura, cultivares estádio de coleta de pólen nem entre os três fatores estudados. A germinação do pólen de flor aberta (46,90%) foi superior ao pólen de botões florais em estádio de balão (7,15%). Houve diferença significativa quanto ao tempo de leitura 5hs(16,35%) e 24hs (32,9%). (Tabela 1). 273 274 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 1. Médias de percentagem de germinação de pólen de três cultivares de mirtilo em diferentes estádios de flor e diferentes horas de leitura. Estádio da Flor H ora de leitura A berta Balão 5hs 24hs C lím ax 42,3 6,46 11,73 33,41 D elite 52,4 6,67 19,52 33,16 Seleção2 46,0 8,33 17,82 32,13 46,90 7,15 16,35 32,90 M ÉD IA Experimento 2: Na tabela 2, são apresentadas as porcentagem de germinação do pólen de mirtilo antes e após oito meses de armazenamento. Como pode ser constatado, as amostras das duas cultivares e da seleção 8, mantiveram viabilidade em bom nível. Tabela 2. Médias de percentagem de germinação de pólen, de três cultivares de mirtilo, armazenados durante 8 meses. 09/2003 Média (A/B) 05/2004 Aberta Balão Bluebelle 70,5 61,5 66 76,5(*) Seleção 8 88 73 80,5 64 Clímax 85 91,5 88,25 68 (*) A porcentagem de germinação pode variar de um campo de contagem para outro. (A/B) Média entre pólen de flores abertas e balão. Conclusão O pólen de mirtilo pode ser coletado tanto de flor em estádio de balão, quanto de flor aberta, tendo cuidado neste estádio de ensacá-las. A coleta deve ser feita de maneira a coletar-se somente o pólen sem as anteras, sendo assim possível armazenamento do pólen no mínimo 8meses, conservando boa viabilidade. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Referências Bibliográficas GALLETTA, G.J. Pollen and seed management in Moore, J.N. e J. eds. Methods in Fruit Breeding; Purdue University Press, Indiana, 23-47, 1983. NAKASU, B.H.; RASEIRA, Maria do Carmo Bassols. AMEIXEIRA. In: BRUCKNER, Claudio Horst.(Org.). Melhoramento de Fruteiras de Clima Temperado. Viçosa-MG, 2002, v.1, p. 13-26. SANTOS, A.M. dos ; RASEIRA, M. do C.B.; O cultivo do mirtilo. Pelotas, RS-EMBRAPA/CPACT, 2002. p.17. 275 276 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Avaliação da Viabilidade de Pólen de Mirtilo em Diferentes Meios Elisia Rodrigues Corrêa Rodrigo Cezar Franzon Renato Trevisan Emerson Dias Gonçalves Maria do Carmo Bassols Raseira Introdução O mirtilo é uma frutífera de clima temperado que apresenta grande importância comercial em alguns países da Europa e Estados Unidos. No Brasil, as áreas de cultivo ainda são incipientes. É de grande importância nos programas de melhoramento genético conhecer-se a viabilidade de pólen a ser utilizado em hibridações. Uma das formas é através de testes realizados in vitro. Diferentes fatores influenciam na germinação de pólen, sendo um deles o pH do meio. Os principais componentes do meio de cultura, na germinação de pólen, são o açúcar e o boro. Segundo Stanley e Linskens (1974) o açúcar no meio de cultura tem a função de proporcionar o equilíbrio osmótico entre o pólen e o meio bem como, fornecer energia para auxiliar o processo de desenvolvimento do tubo polínico. Já a adição de boro, tem como finalidade interagir com o açúcar e formar um complexo ionizável açúcar-borato, o qual reage mais rapidamente com as membranas celulares (Phahler,1967).1 O objetivo deste trabalho foi verificar a porcentagem de germinação do pólen de quatro cultivares de mirtilo (Bluebelle, Bluegen, Clímax e Flórida) em diferentes pH do meio (4,05;5,7;8,0) e avaliar o efeito de 278 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul diferentes concentrações de boro na germinação in vitro de pólen das cultivares Aliceblue, Powderblue, Delite, Bluegen e Clímax. Material e Métodos Os trabalhos foram realizados na EMBRAPA Clima Temperado, no laboratório de melhoramento genético. As diferentes cultivares testadas nos dois experimentos foram: Aliceblue, Powderblue, Delite, Bluegen, Clímax, Bluebelle, e Flórida. Experimento 1: Teste de meio de germinação: Na floração de 2002, foram coletados botões florais no estádio de balão das cultivares Briteblue, Delite, Clímax, Aliceblue, Powderblue e Bluegen. No laboratório as anteras foram colocadas em bandejas de papel e logo após a deiscência aspergidas em três diferentes meios: 1. Meio padrão, constituído de 10% de açúcar + 1,5 de ágar em água destilada; 2. Meio padrão + 40ppm de ácido bórico; 3. Meio padrão + 80ppm de ácido bórico. Após a deiscência das anteras, o pólen das diferentes cultivares foi polvilhado em lâminas com os referidos meios de cultura e estas, colocadas em câmara úmida simulada, em placa de Petri e mantidas à temperatura de 25 OC ± 1 OC. A porcentagem de germinação de pólen foi avaliada em microscópio óptico em dois tempos, 3 e 24 horas, após a aspersão do pólen no meio. Experimento 2: Teste do pH do meio para germinação: Neste experimento utilizou-se pólen obtido de flores em estádio de balão de quatro cultivares de mirtilo, Bluebelle, Bluegen, Clímax e Flórida. O meio de cultura utilizado para o teste de germinação foi o padrão, sendo ajustado para os diferentes pH com HCl ou NaOH. Foram testadas pH com 4,05; 5,7; 8,0; após a deiscência das anteras, o pólen das diferentes cultivares foi polvilhado em lâminas com os referidos meios de cultura e colocadas em câmara úmida simulada, em placa de Petri à temperatura de 25 OC ± 1 OC. A porcentagem de germinação de pólen foi avaliada com auxílio de microscópio óptico, 5 horas, após aspersão do pólen no meio. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Resultados e Discussões Experimento 1: Houve diferença estatística entre as diferentes cultivares quanto a porcentagem de germinação de pólen (Tabela 1). A cultivar Briteblue teve a mais alta porcentagem de germinação (40,9%). O meio sem adição de boro mostrou-se igualmente eficiente ao meio padrão (Tabela 2). Tabela 1. Porcentagens médias de germinação de pólen de botões florais, por cultivar. (Footnotes). Cultivar Briteblue Clímax Delite Powderblue Aliceblue Bluegen % de germinação do pólen 40,88a 30,79 b 18,51 c 7,32 d 3,80 e 1,10 f Tabela 2. Porcentagem média de geminação nos diferentes meios de germinação in vitro. Meios Meio padrão + 40ppm de ac. bórico Meio padrão Meio padrão + 80ppm de ac. bórico % média de germinação do pólen 15,00 a 14,85 a 12,25 b Experimento 2: Todas as cultivares diferiram entre si quanto à percentagem de germinação, sendo a cultivar Clímax a que apresentou maior média, seguida de ´Bluebelle´, ´Flórida´ e ´Bluegen´, nesta ordem. Houve interação significativa entre os dois fatores estudados. Não houve diferença entre a porcentagem de germinação nos meios com pH 4,05 e 5,7 para as cultivares Clímax (91,8 e 91,4%, respectivamente) e Bluebelle (71,3 e 63,4%, respectivamente). Já para as cultivares Flórida e Bluegen a germinação foi maior em meio com pH 4,05 (Tabela 3). 279 280 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 3. Médias de percentagem de germinação de pólen de quatro cultivares de mirtilo em diferentes valores de pH do meio. Cultivar Clímax Bluebelle Flórida Bluegen 4,05 94,8 a A 71,3 b B 66,9 b A 34,5 c A pH do meio de cultura 5,7 8,0 91,4 a A 7,8 a B 63,4 b A 4,6 ab B 31,7 c B 2,5 bc C 12,11 d B 0,32 c C Conclusão O meio com 40ppm de H3BO3, ou mesmo sem adição de Boro, foi adequado para os testes de viabilidade do pólen de mirtilo. Meios concentrados com Boro (80ppm) foram prejudiciais. Em o meio com pH alcalino a germinação foi baixa. O pH adequado para a viabilidade do pólen foi de 4,05 e 5,2. Referências Bibliográficas STANLEY, R.G.; LINSKEN, H.S. Pollen Biochemistry management. Heidelberg, Berlin: 1974.307p. PFAHLRE, P.L. In vitro Germination and polen tube growth of maize (ZEA MAYS L.) pollen: calcium e boron effects. Canadiam Journal of Botany, Toronto, v.45, p.839-845. 1967. Efeito da Aplicação de Solução Nutritiva e Ácido Fosfórico no Desenvolvimento de Mudas de Mirtilo Luis Eduardo Corrêa Antunes Cláudio José da Silva Freire Geraldo Chavarria Daniela Gomes Peter Introdução A cultura do Mirtilo é recente conhecida no Brasil e se tem poucas observações deste cultivo no País. A Embrapa Clima Temperado introduziu em 1983 cultivares de mirtilo do grupo rabbiteye e mais recentemente tem intensificado as ações de pesquisa com a cultura (Santos & Raseira, 2002). Assim, espera-se que em pouco tempo, se tenha informações mais específicos para demais regiões de clima temperado do Brasil. A propagação desta espécie pode se dar através de sementes (propagação sexuada) ou através de enxertia ou estaquia (propagação assexuada). Dos meios disponíveis de se propagar mirtilo, a estaquia é a mais utilizada. As plantas de mirtilo necessitam de solos com características especiais para que apresentem um bom crescimento e produção. Devido a sua distinta exigência nutricional, muitas práticas de adubação que são comuns à maioria das espécies frutíferas não são indicadas para o mirtilo. Para que apresente boas produções, o mirtilo deve ser cultivado em solos muito ácidos, com pH entre 4 e 5,5, arenosos, franco-arenosos ou argilosos não muito profundos e de baixa fertilidade (Ballinger, 1966). 282 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul A faixa de pH mais indicada vai de 4,5 a 5,0. Quando o solo apresentar um valor mais elevado que 5,5, o mesmo poderá ser usado para o cultivo do mirtilo, desde que as demais práticas agrícolas estejam otimizadas. Neste caso é recomendada a aplicação de enxofre elementar ao solo, com a finalidade de abaixar o pH e, assim oferecer melhores condições de desenvolvimento das plantas. Observa-se que o mirtilo pode ser cultivado, sem problemas aparentes, em solo com pH próximo a 6;0, desde que seja rico em matéria orgânica (Hanson & Hancock, 2003; Hayden, 2003). O mirtilo apresenta um sistema radicular muito superficial, sendo as raízes muito finas, não dispondo de pêlos radiculares. É muito sensível à compactação e à má drenagem do solo (Santos & Raseira, 2002). Vários são os substratos que podem ser utilizados na propagação e no desenvolvimento de mudas de mirtilo, mas especial atenção deve ser dada ao pH das misturas, uma vez que o mirtilo é uma planta que se desenvolve melhor em solos ácidos e suas mudas não são diferentes. Uma das alternativas de substrato é uma mistura de 40% de solo, 40% de esterco bem curtido e 20% de vermiculita ou casca de arroz carbonizada, outra seria mistura 1:1:1 composta por solo (de preferência ácido), areia e esterco curtido. Deve-se atentar para o pH de alguns tipos de composto adquiridos no comercio, pois possuem este valor acima de 7,0. Se a mistura possuir pH acima de 6,5 pode-se adicionar enxofre elementar, incubando a mistura por 90 dias, até a redução deste. Outra opção é a aplicação de substâncias ácidas ao substrato. O ácido fosfórico é um produto químico muito utilizado na estabilização de pH, na faixa de 4,5 a 6,0, de soluções fúngicas utilizadas na agricultura. Também é aplicado na fertirrigação para manutenção da eficiência do sistema por eliminar possíveis entupimentos do gotejador. O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar o desenvolvimento de mudas de mirtilo sob aplicação de ácido fosfórico e solução nutritiva. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Sede da Embrapa Clima Temperado. Foram utilizadas mudas da Seleção 103 do programa de melhoramento genético da unidade. Mudas de 1,5 ano foram plantadas em sacolas com capacidade de 4 litros de substrato, em 16 março de 2003. Foi utilizado substrato composto por areia, solo e esterco bovino curtido na proporção de 1:1:1. Aos 120 dias, após o plantio das mudas nas sacolas, foi iniciado a aplicação dos tratamentos. Estes consistiram da aplicação de ácido fosfórico 0,1 N a pH 3,5 e 4,5; solução nutritiva de Hoogland completa, 100% e 50% da carga; água destilada com testemunha. A aplicação dos tratamentos foi iniciada em 16/9/2003, sendo aplicado a cada três dias 100 ml de solução por vaso. O experimento foi avaliado em 29/ 01/2004. O delineamento utilizado foi o blocos casualizados, com 4 repetições e 5 vasos por parcela experimental, assim totalizando 100 plantas. As características avaliadas formam, número de ramos emitidos, comprimento de maior ramo (cm), comprimento da maior raiz (cm), peso seco de raiz, análise mineral inicial e final do substrato e análise mineral de folhas. Apenas as três características iniciais estão disponibilizadas. Os resultados obtidos foram submetidos a analise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultado e Discussões Observou que houve efeito da aplicação das soluções no desenvolvimento das plantas da Seleção 103 de mirtilo. Para a característica número de ramos emitidos, a aplicação de solução nutritiva a 50% resultou em maior número de ramos (7,85), superior ao pior tratamento, que foi a da aplicação da solução nutritiva 100% (5,15). Esta diferença entre a resposta a aplicação de solução nutritiva pode ser devida ao efeito negativo de uma maior concentração da solução de Hoogland aplicada com 100% de sais. Observou-se neste 283 284 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul deferindo estatisticamente daquelas em que foi aplicado águas destilada (54,30 cm). Para característica comprimento da maior raiz a aplicação de água destilada proporcionou melhores resultados, 26,82 cm, seguido de ácido fosfórico pH 3,5, 4,5 e solução a 100%, com 25,75, 25,55 e 23,45 respectivamente. Por ser o mirtileiro exigente quanto ao pH do solo para o crescimento e desenvolvimento das plantas, esperavasse que houvesse uma maior resposta, quanto às soluções de pH menor, para as características avaliadas, o que não ocorreu. De posse das analises minerais de solo e folhas, poderemos ter um perfil mais aprofundado das mudanças ocorridas na interação planta substrato. Novos estudos devem ser realizado para melhor conhecimento da interação pH de substrato e desenvolvimento de plantas de mirtilo. Tabela 1. Efeito da aplicação de soluções nutritiva e ácida em características de crescimento de mudas de mirtilo Seleção 103. Tratamento Água destilada Solução nutritiva 50% Solução nutritiva 100% Ácido fosfórico pH 3,5 Ácido fosfórico pH 4,5 Número de Ramos 7,35 ab 7,85 a 5,15 c 6,00 bc 5,65 c Comprimento de maior ramos (cm) 54,30 a 41,53 bc 33,42 c 59,97 a 44,6 b Comprimento de maior raiz (cm) 26,82 a 22,22 b 23,45 ab 25,75 ab 25,55 ab Conclusão Houve efeito significativo da aplicação da solução nutritiva a 50% na emissão de ramos de mirtilo Seleção 103 (7,85); do ácido fosfórico pH no comprimento de ramos (59,97 cm); e da água destiladas no comprimento da maior raiz (26,82 cm). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Referências Bibliográfica BALLINGER, W.E. Soil management , nutrition and ferilizer practices In: ECK, P.; CHILDRES, N.[Ed.] Blueberry culture. Brunswick: Rutgers University, 1966.p.132-178. HANSON, E.; HANCOCK, J. Managing the Nutrition of Highbush Blueberries. In: ARANDANOS - PRODUCCION EN ARGENTINA. Buenos Aires: FAUBA, 2003. 1 CD-ROM. HAYDEN, R.A. Fertilizing blueberries. In: ARANDANOS PRODUCCION EN ARGENTINA. Buenos Aires: FAUBA, 2003. 1 CDROM. SANTOS, A.M. dos; RASEIRA, M. do C.B. A cultura do mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 30 p., 2002. (Embrapa Clima Temperado, Série Documentos nº 96). 285 286 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Associação de Refrigeração com Oxigênio Ionizado na Conservação Pós-colheita de Mirtilo CV. Florida Nara Cristina Ristow Eduardo Reinhart Franchini Enilton Fick Coutinho Fernando Rufino Flores Cantillano Nicácia Portela Machado Marcelo Barbosa Malgarim Introdução O mirtilo, pertencente à família Ericaceae, é cultivado comercialmente em larga escala nos EUA, em alguns países da Europa, Chile e outros. O interesse por esta cultura em outras regiões tem sido crescente. SHARPE (1980) relata o potencial de cultivo do mirtilo, apontando Vaccinium ashei como a espécie mais adaptável às condições do Sul o Brasil. Segundo BORECKA & PLISZKA (1985), a vida de estocagem de frutos de mirtilo é limitada, comparativamente a outros frutos, devido aos processos fisiológicos de amadurecimento e a deterioração causada por fungos. O mirtilo pode ser armazenado por 14 dias em temperaturas entre 2,0 e 4,0 OC, com umidade relativa de 90 a 95% (WESTWOOD, 1982). Para HARDENBURG et al. (1986), o mirtilo suporta até 2 semanas em temperaturas entre -0,5 a 0 OC e 90-95% UR. Estes autores salientam que frutos pequenos, como é caso do mirtilo, possuem a tendência de ter alta taxa de desidratação durante o armazenamento refrigerado, pois apresentam grande maior área de contato entre o fruto e o ambiente. 288 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Para controle de podridões pós-colheita de frutos e vegetais, tem sido utilizado a técnica de ionização do oxigênio (O2) da atmosfera (AgrocareTM), a qual reduz efetivamente a concentração de etileno e a contaminação por fungos na atmosfera de armazenagem, além de, promover aumento da conservação da qualidade e redução da deterioração dos frutos, especialmente após longos períodos de armazenamento (Argenta et al., 2003). Em pós-colheita de frutas e legumes, o ozônio pode ser usado no armazenamento em tratamentos a ar ou água, ou como um componente contínuo ou intermitente da atmosfera ao longo de armazenamento ou transporte. Estes procedimentos tem importância comercial considerável, especialmente por não proporcionarem resíduos tóxicos a saúde humana. Segundo Song et al. (2000), a utilização de ozônio diminui a carga de esporos dos patógenos nas paredes, pisos e ar do interior das câmaras, reduzindo a quantidade de inóculo disponível a infestações dos frutos armazenados. Este trabalho objetivou avaliar a conservação pós-colheita de mirtilos cultivar Flórida, armazenados em atmosfera com oxigênio ionizado. Material e Métodos O trabalho foi realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS. Utilizaram-se frutos da cultivar Florida, colhidos em 08 de dezembro de 2003, produzidos de forma orgânica. Os frutos foram selecionados após serem submetidos a um pré-resfriamento com água ("hidrocooling"), com a adição de hipoclorito de sódio a 3%, durante 10 minutos com temperatura de 4 OC. Após, os frutos foram acondicionados em embalagens plásticas de 250g, contendo cada uma 30 frutos. Os frutos colhidos apresentavam cor azul escura intensa. Algumas características físicas e químicas dos frutos encontram-se na Tabela 1. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Tabela 1. Caracterização físicos e químicas, da cultivar Florida. Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. SST (º Brix) 14,36 Variáveis avaliadas ATT (% de ác. Cítrico) SST/ATT 0,77 18,65 pH 3,02 Os mirtilos foram armazenados em câmara fria com atmosfera enriquecida de oxigênio ionizado, gerado pelo equipamento AgrocareTM (Interozone), a uma concentração de 0,03ª 0,06 ppm/m3, em temperatura de 0 OC e 90 a 95% de umidade relativa (UR). Os tratamentos realizados foram: T1 - Testemunha (Armazenamento refrigerado a 0 OC e 85-90% de UR) e T2 - oxigênio ionizado (AgrocareTM a 0 OC e 85-90% de UR). Armazenou-se os mirtilos "Flórida" durante 15, 30, 45 e 60 dias, sendo que, após cada período, os frutos foram submetidos, durante 1 dia, à temperatura ambiente (cerca de 20 OC), simulando um período de comercialização. As variáveis estudadas foram: a) perda de peso (%); b)teor de SST (expresso em oBrix); determinado por meio de refratometria, com correção de temperatura; c) ATT (expressa em % de ácido cítrico), determinada por titulometria com NaOH a 0,1 N até pH 8,1; d) pH da polpa triturada, determinado com peagâmetro (Digimed DMPH 2); e)Incidência de podridões, avaliado visualmente, contando o número de frutos com podridão (lesões acima de 0,5mm), e expresso em percentagem. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com 3 repetições de 30 frutos por tratamento. Os dados de cada variável foram submetidos à análise de variância, e as médias, comparadas estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS) com probabilidade de erro de 5% (p f 0,05). Os dados percentuais originais foram transformados em arco seno da raiz quadrada de x/100. 289 290 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Resultados e Discussões A percentagem de perda de peso dos frutos variou em função dos tratamentos. Os frutos armazenados em atmosfera enriquecida com oxigênio ionizado, apresentaram menor perda de peso (Tabela 2). ECK & CHILDERS (1966) relatam que mirtilos armazenados além de 4 semanas a 0 OC sofrem perdas em qualidade, principalmente em decorrência da desidratação. Durante o armazenamento, houve variação de SST somente aos 60 dias. Em experimento realizado com armazenamento de mirtilo em atmosfera modificada, DAY et al. (1990) observaram que o conteúdo de sólidos solúveis totais manteve-se inalterado durante um período de armazenamento de 12 semanas a 4 OC, devido a uma interação dinâmica entre as reações de anabolismo e catabolismo de carboidratos nos tecidos. Para as variáveis ATT e SST/ATT os valores mantiveram-se inalterado durante o período de armazenamento. O pH variou entre os períodos de armazenamento, sendo os maiores valores observados aos 45 e 60 dias de armazenamento. A utilização da técnica de ionização do oxigênio (O2) da atmosfera (AgrocareTM) foi eficiente no controle das podridões no mirtilo da cultivar Florida, pois não verificou-se a presença de podridões em todas os períodos de avaliações (Tabela 2). Conclusão O armazenamento refrigerado associado a ionização do oxigênio da atmosfera, possibilita a conservação de mirtilos "Flórida", com qualidade comercial, durante 61 dias. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Referências Bibliográficas BORECKA, H.W., PLISKA, K. Quality of blueberry fruit (Vaccinium corymbosum L.) stored under LPS, CA and normal air storage. Acta Horticulturae, n.165, p.241-249, 1985. DAY, N.B., SKURA, B.J., POWRIE, W.D. Modified atmosphere packging of blueberries: microbiological changes. Canadian Institute of Food Science and Technology Journal, v.23, n.1, p.59-65, 1990. ECK, P.; CHILDRES, N.F. Blueberry culture. New Brunswink: Rutgers, 1966. 378p. HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. The commercial storage of fruits, vegetables, and florist, and nursery stocks. Washington: USDA, 1986. 130p. SHARPE R.H. Consultants Report. Pelotas: IICA/EMBRAPA - UEPAE de Cascata, 1990, 11 p. WESTWOOD, M.N. Fruticultura de zonas templadas, Madrid: MundiPrensa, 1982, 416p. 291 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 292 Tabela 2. Características físicas e químicas e incidência de podridões, em função do tempo de armazenamento da cultivar Florida, armazenados em câmara com oxigênio ionizado (0oC e85%-90% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. Variáveis avaliadas Perda de peso (%) Tratamentos Testemunha Interozono SST (°Brix) Testemunha Interozono ATT (% ác. Cítrico) Testemunha Interozono SST/ATT Testemunha Interozono PH Testemunha Interozono Podridão (%) Testemunha Interozono 15 dias 3,50 de 2,55 e 14,11 a 13,77 ab 0,74 a 0,74 a 19,12 a 18,55 a 2,85 b 2,89 ab 0,00 a 0,00 a Períodos de avaliação (dias) 30 dias 45 dias 60 dias 4,87 cde 6,34 bc 9,61 a 4,03 cde 5,89 bcd 7,87 ab 14,49 a 14,73 a 12,68 b 14,49 a 14,73 a 12,68 b 0,71 a 0,71 a 0,70 a 0,68 a 0,70 a 0,68 a 19,76 a 21,02 a 18,56 a 21,18 a 21,02 a 18,56 a 2,87 ab 2,88 ab 2,98 a 2,84 b 2,88 ab 2,98 a 2,22 a 2,22 a 2,22 a 0,00 b 0,00 b 0,00 b Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS) a 5% de probabilidade. (1) Comportamento Pós-colheita de Mirtilo ´Brite Blue´ Durante Armazenamento Refrigerado Nara Cristina Ristow Nicácia Portela Machado Enilton Fick Coutinho Fernando Rufino Flores Cantillano Marcelo Barbosa Malgarim Introdução O mirtilo pertencente à família Ericaceae é largamente cultivado em escala comercial nos EUA, Chile e alguns países da Europa. Relatos apontam a espécie Vaccinium ashei como sendo a mais adaptável às condições do Sul o Brasil (Sharpe 1980). O período de vida pós-colheita dos frutos é curto, devido aos processos fisiológicos de amadurecimento e deterioração (Borecka & Pliszka, 1985) causados, principalmente por fungos como Botrytis cinerea, Alternaria sp. e Colletotrichum sp. (Ceponis & Cappellini, 1985). Para Hardenburg et al. (1986), o mirtilo suporta até 2 semanas em temperaturas entre -0,5 a 0 OC e 90-95% UR. Estes autores salientam que frutos pequenos, como é caso do mirtilo, possuem a tendência de ter alta taxa de desidratação durante o armazenamento refrigerado. Este trabalho objetivou verificar o comportamento pós-colheita de mirtilos ´Brite Blue´, armazenados durante 30 dias sob refrigeração, associado a modificação da atmosfera. 294 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Material e Métodos O trabalho foi realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS. Utilizaram-se frutos da cultivar Brite Blue, colhidos na primeira quinzena janeiro de 2004. Os mesmos foram colhidos maduros, apresentando tonalidade azul escura e com as características químicas descritas na Tabela 1. Tabela 1. Caracterização química de frutas de mirtilo cv. Brite Blue na colheita. Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2004. Características físicas e químicas SST ºBrix) ATT (% ác. Málico) 15,33 0,45 SST/ ATT 34,06 Vit. C Fenóis no suco (mg vit. (ppm de C/100mL) catecol) 2,34 1069,53 Antocianina Antocianina na polpa na casca (mg/100g) (mg/100g) 2,23 214,66 Antocianina no suco (mg/100g) 15,83 As frutas após a colheita foram submetidas a pré-resfriamento, durante uma hora, à temperatura de 0 a 3 OC. Em seguida foram selecionadas e embaladas em caixas plásticas (cumbucas com 4 perfurações de 0,5cm na tampas) de 200g, sendo posteriormente colocadas em câmara fria a temperatura de 0 OC e umidade relativa (UR) entre 90 e 95%. Os tratamentos foram: T1 - Testemunha (embalagens plásticas abertas) e T2 - Cumbucas fechadas. Os períodos de avaliações foram aos 10, 20, 30 dias de armazenamento. As variáveis avaliadas foram: a) perda de peso (%); b) teor de SST (OBrix); medido por refratometria; c) ATT (expressa em % de ácido cítrico), determinada por titulometria com NaOH a 0,1 N até pH 8,1; d) pH da polpa triturada, determinado com peagâmetro (Digimed DMPH 2); e) Fenóis (ppm de Catecol), segundo metodologia descrita por Singleton e Rossi, Jr.; f) Antocianina: casca, polpa e casca + polpa (mg/100g); segundo metodologia descrita por Lees e Francis (1972) e g) Determinação de etileno. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com 4 repetições de uma embalagem contendo cerca de 200 gramas de frutos e 3 períodos de avaliações. Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS) com probabilidade de erro de 5% (p > 0,05). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Resultados e Discussões A percentagem de perda de peso dos frutos variou em função do aumento do período de armazenamento. Observa-se que, os frutos armazenados durante 30 dias, apresentaram menor perda de peso em relação (Tabela 2). Isso pode ser explicado pelo tamanho da fruta pois, o mirtilo possui grande área de superfície de exposição por unidade de volume, favorecendo a perda de água pelo processo transpiratório (HARDENBURG et al. 1986). Tabela 2. Características físicas e químicas e incidência de podridões, em função do período de armazenamento da cultivar Brite Blue, armazenados em câmara refrigerada (0oC e 90%-95% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. Variáveis avaliadas Perda de peso (%) Tratamentos Testemunha Cumbuca perfurada SST (°Brix) Testemunha Cumbuca perfurada ATT (% ac. Cítrico) Testemunha Cumbuca perfurada SST/ATT Testemunha Cumbuca perfurada PH Testemunha Cumbuca perfurada Períodos de avaliação 10 dias 20 dias 30 dias 0,07 aC 2,05 aB 3,03 bA 0,06 aC 1,02 aB 5,32 aA 16,36 aA 15,28 bB 15,96 bA 15,16 bB 17,10 aA 17,48 aA 0,41 bB 0,40 aB 0,45 aA 0,47 aA 0,39 aC 0,43 aB 39,41 aA 37,74 bAB 35,46 bB 31,82 bB 43,84 aA 40,65 aA 3,00 aA 2,94 bB 3,00 aA 2,98 bB 3,07 aA 2,99 bB Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna ou maiúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS) a 5% de probabilidade de erro. (1) O teor de SST apresentou-se menor aos 10 dias na testemunha e aos 20 e 30 dias maior que a testemunha. Este comportamento pode ser explicado uma vez que as perdas de peso concentra os açúcares, elevando o teor de SST. Segundo Kluge & Cantillano (1997), a elevada relação SST/ATT próxima de 30 indica a sobre-maturação de ameixas da cultivar amarelinha, a partir de quatro semanas de refrigeração a 0oC. Para as variáveis ATT e SST/ATT houve pouca variação durante o período de armazenamento e tratamentos. Entretanto, o pH apresentou pouca variação durante o armazenamento, conforme, DAY et al. 295 296 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul (1990), que atribuíram a insignificante variação do pH em seus experimentos a um poder tampão existente nos tecidos do fruto. Nos teores de compostos fenólicos totais ocorreram diferenças significativas entre os tratamentos, porém os mesmos, tiveram comportamento irregular (Tabela 3). Segundo Cantillano (1998), essa variação pode ocorrer devido à deterioração do tecido, perda da estrutura da membrana celular, motivo pelo qual, às vezes, os resultados são contraditórios. Tabela 3. Características químicas e em função do período de armazenamento da cultivar Brite Blue, armazenados em câmara refrigerada (0 OC e 90%-95% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. Variáveis avaliadas Tratamentos Períodos de avaliação 20 dias 918,19 aA 30 dias 900,15 aA Cumbuca perfurada 1038,89 aA 843,93 aB 948,31 aAB Antocianina na casca Testemunha 298,83 aB 401,83 aA (mg / 100g) Cumbuca perfurada 470,46 aA 351,73 aB 451,93 aA Antocianina na polpa Testemunha 0,87 bA 1,18 aA 1,15 aA Cumbuca perfurada 4,18 aA 0,88 aB 1,42 aB Fenóis) (ppm de catecol Testemunha (mg / 100g) 10 dias 969,95 aA 351,73 bAB Antocianina no suco Testemunha 20,16 aA 15,13 bB 26,58 aA (mg / 100g) Cumbuca perfurada 24,07 aA 20,17 aB 17,16 bB (1) Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna ou maiúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS) a 5% de probabilidade de erro. Para a variável concentração de antocianina (Tabela 3), houve diferença significativa ao longo do armazenamento e entre os tratamentos, porém, o comportamento foi irregular. Dentre as antocianinas, podemos observar que há uma redução considerável quando o fruto é processado em forma de suco, perdendo grande parte da substância que é apontada por ter efeitos protetores para o cérebro, retardando o envelhecimento e doenças relacionadas, além de possuir atividade antioxidante. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas O mirtilo não produziu níveis de etileno que pudessem ser detectados na avaliação realizada por cromatografia gasosa. Comparando com morango (Mason & Jarvis, 1970).relatam que o mesmo produz baixos níveis de etileno (<0,1 ml/Kg/hr), assim como o mirtilo. Conclusão a) Mirtilos Brite Blue podem ser armazenados durante 30 dias quando utiliza-se embalagens plásticas de 200g fechas e refrigeração. b) O processamento de mirtilos "Brite Blue" promove a perda de antocianina. Referências Bibliográficas BORECKA, H.W., PLISKA, K. Quality of blueberry fruit (Vaccinium corymbosum L.) stored under LPS, CA and normal air storage. Acta Horticulturae, n.165, p.241-249, 1985. CANTILLANO, R.F.F. Estudio del efecto da las atmosferas modificadas durante el almacenamento y comercializacion de algunas y hortalizas. Valencia, 1998, 276f. Tese (Doutorado em Tecnología de Alimentos). Universidad Politécnica de Valencia, 1998. CEPONIS, M.J., CAPPELINI, R.A. Reducing decay in fresh blueberries with controlled atmospheres. HortScience, v.20, n.2, p.228-229, 1985. DAY, N.B., SKURA, B.J., POWRIE, W.D. Modified atmosphere packging of blueberries: microbiological changes. Canadian Institute of Food Science and Technology Journal, v.23, n.1, p.59-65, 1990. ECK, P.; CHILDRES , N.F. Blueberry culture. New Brunswink: Rutgers, 1966. 378p. HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. The commercial storage of fruits, vegetables, and florist, and nursery stocks. Washington: USDA, 1986. 130p. KLUGE, R.A; CANTILLANO, F.F. Influencia de ésteres sacarose no armazenamento refrigerado da ameixas "Amarelinha". Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v.19, n.3, p.365-372, 1997. 297 298 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Conservação Pós-colheita de Mirtilos ´Florida´, ´Woodard´ e ´Bluegem´ em Atmosfera com Oxigênio Ionizado Nicácia P. Machado Eduardo R. Franchini Nara C. Ristow Enilton F. Coutinho Fernando Rufino F. Cantillano Marcelo B. Malgarim Introdução O mirtilo (Vaccinium ashei Reade) é uma frutífera nativa da América do Norte, onde a exploração comercial é altamente significativa. No Brasil, é uma cultura sem expressão comercial, entretanto, no sul do país, seu potencial para cultivo é significativo, tornando necessário o estudo referente à produção e manejo pós-colheita dos frutos. O período de armazenamento pós-colheita dos frutos é relativamente curto, devido a processos fisiológicos do amadurecimento e à deterioração causada por fungos, principalmente, Botrytis cinerea, Alternaria sp. e Colletotrichum sp. (Borecka & Pliszka, 1985; Ceponis & Cappellini, 1985). Para controle de podridões pós-colheita de frutos e vegetais, tem sido utilizado a técnica de ionização do oxigênio (O2) da atmosfera de armazenamento (Equipamento AgrocareTM), a qual reduz efetivamente a concentração de etileno e a contaminação por fungos, reduzindo a deterioração dos frutos e, prolongando o período de conservação (Argenta et al., 2003). 300 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O trabalho teve como objetivo avaliar as características físicas e químicas de mirtilos ´Flórida´, ´Woodard´ e ´Bluegem´, armazenados em atmosfera com oxigênio ionizado. Material e Métodos O experimento foi realizado no laboratório de Pós-colheita da Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. Utilizaram-se frutos das cvs. Flórida, Woodard e Bluegem, colhidos no dia 08 de dezembro de 2003. Após seleção, os frutos foram submetidos ao pré-resfriamento e embalados em bandejas plásticas, com 4 repetições de 50 frutos por cultivar e posteriormente armazenados em câmara fria (0 OC e 90-95% de umidade relativa), com oxigênio ionizado gerado pelo equipamento AgrocareTM (Interozone), em concentração de 0,03 a 0,06 ppm/m3. Na colheita, caracterizou-se o peso, sólidos solúveis totais (SST), pH, acidez titulável (AT) e relação SST/AT dos frutos (Tabela 1). Tabela 1. Caracterização física e química de mirtilos ´Flórida´, ´Woodard´ e ´Bluegem´ na colheita (08/12/2003). Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2004. Variáveis avaliadas Cultivares Peso (g) SST pH AT SST/AT Flórida 102,32 14,36 3,02 0,78 18,42 Woodard 86,33 14,46 2,98 0,78 18,63 Bluegem 116,90 14,46 2,97 1,07 13,58 Após 60 dias sob refrigeração (0 OC e 90-95% de UR) mais três dias em ambiente (20-22 OC e 65-70% de UR), avaliaram-se as variáveis: a) perda de peso, expressa em percentagem (%); b) sólidos solúveis totais (SST), expresso em OBrix; c) pH; d) acidez titulável (AT), expressa em percentagem de ácido málico; f) relação SST/AT; g) frutos sadios, expresso em percentagem (%). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com 4 repetições de 50 frutos por cultivar. Utilizou-se análise da variância, sendo as médias comparadas estatisticamente pelo teste de Diferenças Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Mínimas Significativas (DMS), com probabilidade de erro experimental de 5% (p £ 0,05). Os dados percentuais originais foram transformados em arco seno da raiz quadrada de x/100. Resultados e Discussões A percentagem de perda de peso dos frutos variou em função das cultivares. Os frutos da cv. Woodard tiveram maior perda de peso (10,93%), e os da cv. Bluegem menor percentual de perda de peso (6,09%) (Tabela 2). Pressupõe-se que, os mirtilos ´Bluegem´ tiveram maior perda de peso devido a maior relação superfície/volume dos frutos, uma vez que, apresentaram 1,72g de peso médio. Conforme Finger & Vieira (1997), a perda de vapor de água por transpiração é mais elevada para produtos com maior relação superfície/volume, a qual aumenta com a redução do tamanho dos mesmos. O conteúdo de Sólidos Solúveis Totais (SST) nas diferentes cultivares, não variou significativamente durante o período de armazenamento. Day et al. (1990) observaram que o conteúdo de SST em mirtilos manteve-se inalterado durante 12 semanas de armazenamento a 4OC, devido a uma interação dinâmica entre as reações de anabolismo e catabolismo de carboidratos nos tecidos. O pH variou entre as cultivares, sendo observado nos frutos da cv. Flórida o maior valor (2,81) e o menor na cv. Bluegem (2,70). Em relação à Acidez Titulável (AT), apesar dos frutos apresentarem pouca acidez, proporcionando sabor insípido, apenas os mirtilos da cv. Bluegem tiveram valores que diferiram das demais cultivares, com a acidez mais elevada (0,77% de ácido málico). A relação SST/AT foi maior em mirtilos ´Flórida´ e ´Woodard´ (21,49 e 20,57, respectivamente), diferindo apenas dos frutos da cv. Bluegem (15,96). 301 302 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 2. Sólidos Solúveis Totais (SST), pH, Acidez Titulável (AT) e Relação SST/AT de mirtilos das cvs. Flórida, Woodard e Bluegem, armazenados sob atmosfera ionizada a 0oC e 90-95% de UR e mais três dias em ambiente a 20-22 OC e 65-70% de UR. Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2004. Cultivares % Peso (g) Flórida 10,93 a Variáveis avaliadas SST pH AT SST/AT 13,60 a 2,81 a 0,65 b 21,49 a 20,57 a Woodard 8,95 b 13,21 ab 2,77 b 0,64 b Bluegem 6,09 c 12,35 b 2,70 c 0,77 a CV (%) 5,82 0,80 2,76 5,39 15,96 b 7,51 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de DMS (p<0,05). A utilização de ionização do oxigênio (O2) na atmosfera (AgrocareTM) foi eficiente no controle de podridões pós-colheita de mirtilos, sendo que nas diferentes cultivares os valores de frutos sadios variaram entre (98,8 e 99,8%) (Tabela 3). Segundo Song et al. (2000), a utilização de ozônio reduz a quantidade de inóculo disponível para infestações de frutos armazenados. Tabela 3. Frutos sadios das cvs. Flórida, Woodard e Bluegem, armazenados sob atmosfera ionizada a 0 OC e 90-95% de UR e mais três dias em ambiente a 20-22 OC e 65-70% de UR. Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2004. Variável avaliada Cultivares Frutos sadios (%) Flórida 98,87 a Woodard 99,26 a Bluegem 99,87 a cv (%) 5,53 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de DMS (p<0,05). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Conclusões Mirtilos ´Flórida´, ´Woodard´ e ´Bluegem´ podem ser conservados durante 63 dias, com a utilização de refrigeração associada a atmosfera com oxigênio ionizado, porém não apresentam boa qualidade para consumo in natura. Referências Bibliográficas ARGENTA, L.C.; BECKER, W.F.; KRAMMEF, J.G.; DEBOMA, E. Monitoramento da qualidade de pêssego armazenado sob atmosfera com oxigênio ionizado. EPAGRI- Florianópolis. 2003. 11p. BORECKA, H.W.; PLISKA, K. Quality of blueberry fruit (Vaccinium corymbosum L.) stored under LPS, CA and normal air storage. Acta Horticulturae, n.165, p.241-249, 1985. CEPONIS, M.J.; CAPPELINI, R. A. Reducing decay in fresh blueberries with controlled atmospheres. HortScience, v.20, n.2, p.228-229, 1985. DAY, N.B.; SKURA, B. J.; POWRIE, W. D. Modified atmosphere packging of blueberries: microbiological changes. Canadian Institute of Food Science and Technology Journal, v.23, n.1, p.59-65, 1990. FINGER, F.L.; VIEIRA, G. Controle da perda pós-colheita de água em produtos hortícolas. Viçosa: UFV, n.19, 29p, 1997. (Cadernos Didáticos). MANZINO, M.B.; SILVESTRI, M.P. de; REARTE, A.E. Identidad y calidad de los alimentos frutihortícolas industrializados. Mendoza, v.8, p.4-5, 1987. SONG, J.; FAN, L.; HILDEBRAND, P.D.; FORNEY, C.F. Biological effects of corona discharge on onions in a commercial storage facility. HortTechnology, v.10, p.608-612, 2000. 303 304 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Desarrollo de Plantas de Arandano Southern Highbush O´Neal al Final de su Aclimatacion, en Respuesta a la Aplicación, de Diferentes Sustratos Y Dosis de Frio Leborgne, Carla Castillo, Alicia Soria, Jorge El objetivo fue buscar un manejo en la aclimatación post-vitro posible de ser aplicado comercialmente a plantas micro-propagadas de arándano, que permita acortar el tiempo necesario para lograr el tamaño de la planta destinada a la plantación a campo. Se manejaron los factores dosis de frío post-vitro (0 y 2160 horas a 6 OC) y sustrato empleado al transplante (cáscara de pino semicompostada tamizada, mezcla de ¾ partes de cáscara de pino semicompostada tamizada + ¼ parte de arena, Turba Treff, ¾ partes de Turba Treff + ¼ parte de arena). EL ensayo fue realizado en mayo del 2003 en la Unidad de Biotecnología de INIA Las Brujas, utilizándose plantas micro-propagadas de la variedad O´Neal. Se transplantaron dos lotes de plantas, las que se sometieron en la etapa de aclimatación a temperaturas cercanas a 20 OC, durante 2 meses. Lote 1: Plantas que luego de dejar la cámara de crecimiento in vitro, habían recibido previo a su transplante, una temperatura de 6OC durante 90 días (2160 horas). Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul 306 Lote 2: Plantas que fueron transplantadas inmediatamente luego de abandonar la cámara (temperaturas entre 21 y 23 oC durante 40 a 50 días) de crecimiento in vitro. A su vez ambos lotes de plantas recibieron los tratamientos de los diferentes sustratos. Las plantas fueron cubiertas con nylon transparente durante 15 días luego del transplante. La fertilización se aplicó semanalmente iniciando a los 15 días del transplante, empleándose Magnum a la dosis de 0.5 gr./lt de agua en los sustratos que contenían cáscara de pino semicompostada tamizada y 0.25 gr./lt de agua a los sustratos que contenían Treff. En base a una muestra de 20 plantas de cada tratamiento, se realizaron a los dos meses del trasplante mediciones de: peso fresco, largo total de plantas, número total de hojas, y peso seco (estufa a 30 oC durante 3 días). En los resultados se observó que independientemente del sustrato, las plantas tuvieron un mejor comportamiento cuando fueron tratadas previamente con frío. El mejor comportamiento se obtuvo con la turba Treff, a pesar que el pH 6.6 de la misma se consideró bastante elevado. La ventaja de este sustrato es su mayor aporte nutricional y la buena retención de agua. Trabajo realizado durante la pasantía "Manejo del stress en plantas de arándanos". INIA Las Brujas. (*) Aclimatação de Plantulas de Physalis peruviana L. Anderson da Costa Chaves Alan Cristiano Erig Luciane Couto da Silva Márcia Wulff Schuch Resumo Embora recente, a produção de pequenas frutas tem despertado à atenção de consumidores, processadores de frutas, agentes comercializadores e, por conseqüência, produtores em escala familiar e de médio e grande porte (Hoffmann, 2003). O termo "pequenas frutas" é utilizado para um grupo de espécies já consagradas em países tradicionais produtores, porém freqüentemente, novas espécies são inseridas neste conjunto, já que há flexibilidade nos conceitos que delimitam tais espécies componentes, havendo um grande campo em potencial a ser explorado para a inserção de espécies desconhecidas do mercado, tanto interno como externo, e que podem, em médio ou longo prazo, constituírem-se em espécies de importância comercial (Pagot & Hoffmann, 2003). Uma espécie de grande valor nutricional e econômico que pode ser estudada para a incorporação no quadro das pequenas frutas é a Physalis peruviana L. Esta fruta caracteriza-se por ter um fruto açucarado e com bom conteúdo de vitamina A, C, ferro e fósforo (Fischer & Almanza, 1993). Segundo a Corporación Colombiana Internacional (1994), em diferentes regiões na Colômbia lhe atribuem propriedades medicinais tais como a de purificar o sangue, diminuir a albumina nos rins, aliviar problemas de garganta, fortificar o nervo óptico entre outras. Porém para que uma espécie seja introduzida é 308 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul necessário fazer uma avaliação das condições de clima e solo da região, com o objetivo de auxiliar na seleção das espécies que tem condições de se adaptar em determinado local (Siqueira 2003), juntamente com o estudo de métodos de propagação para obtenção de mudas. Os principais métodos de obtenção de mudas são através de sementes, estacas e micropropagação. A aclimatação é o processo de transição de plantas cultivadas em ambientes controlados para ambientes em condições naturais. Esta passagem é critica e representa em muitos casos um fator limitante no processo de micropropagação. Um fator de elevada importância na aclimatização é o substrato que, de acordo com suas propriedades, pode facilitar ou impedir o enraizamento e crescimento das plântulas. (Calvete et al. 2000). Substratos hortícolas para a produção de mudas estão substituindo o uso de solo mineral, propiciando significativos aumentos na produção (Bellé & Kämpf, 1993). Desta forma a seleção do substrato é de fundamental importância no crescimento e no desenvolvimento das plantas micropropagadas, influenciando diretamente no sucesso da aclimatação.Tendo em vista a diversidade dos substratos e de suas características, torna-se difícil escolher o melhor substrato, que atenda as condições para ótimo crescimento e desenvolvimento das plantas na aclimatação. Este trabalho visou a obtenção de protocolos para aclimatação da Physalis peruviana L. vislumbrando a possibilidade de seu cultivo como forma de uma nova alternativa para produtores de pequenas frutas da região. Material e Métodos O material vegetal utilizado foi plântulas de Physalis, provenientes de micropropagação. As plântulas foram retiradas de frascos, lavadas em água corrente para remover resíduos do meio de cultura aderido às raízes e colocadas em bandejas plásticas com papel-toalha umedecidos em água, para evitar a desidratação das mesmas. As plântulas micropropagadas foram plantadas em bandejas alveoladas com 128 células. Diferentes tipos de substratos foram utilizados (Plantmax, Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Solo, Plantmax/Vermiculita e Solo/Vermiculita), metade das plantas, foi mantida em casa de vegetação com nebulização e a outra metade foi mantida em telado protegida com sombrite sem nebulização totalizando 8 tratamentos. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com 4 repetições por tratamento. Cada repetição constituiu-se de 5 plântulas. Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias dos tratamentos comparadas estatisticamente pelo teste de Duncan, através do uso do programa Sanest, (Zonta & Machado, 1984). No final do período de 21 dias foi determinado o percentual de plantas sobreviventes, comprimento da parte aérea (cm), número de folhas e diâmetro de caule. Resultado e Discussão Para a percentagem de sobrevivência, avaliada aos 21 dias, houve efeito significativo para o fator local. As plântulas apresentaram 99,35% de sobrevivência quando mantidas em telado, significativamente superior a casa de vegetação que apresentou 93,27% de sobrevivência. Resultados distintos foram observados por Augusto, (2001), utilizando câmara de nebulização e túnel plástico sem nebulização, na aclimatação de amoreira-preta, onde obteve 100 % de sobrevivência para os dois tratamentos. Para a variável, comprimento da parte aérea, houve diferenças significativas para o fator local e substrato. As plântulas apresentaram maior comprimento aéreo em telado, 5,31cm, significativamente superior à casa de vegetação (4,83cm). Para o fator substrato as maiores médias foram observadas em substrato plantmax (6,59cm), estatisticamente superior a plantmax + vermiculita (4,86cm), solo (4,47cm), e solo + vermiculita (4,37cm) (Figura 1). Segundo Fráguas et al. (2002), o substrato plantmax vem-se mostrando como um dos melhores substratos para aclimatação de varias espécies de plantas. 309 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul a Comprimento aéreo (cm) 310 7 6 5 4 3 2 1 0 b Plantmax Plant. + V. b Solo b Solo + V. Substratos Figura 1. Comprimento aéreo de plântulas de Physalis peruviana L. aos 21 dias de aclimatação. Valores seguidos por letras distintas diferem significativamente pelo teste de Duncan a 5%. FAEM/UFPEL - Pelotas, RS. 2003. Quanto a variável número de folhas, foi verificado diferenças significativas para os fatores, local de aclimatação e substrato. Para o fator local de aclimatação, o maior número de folhas foi obtido em telado onde as plântulas apresentaram uma média de 5,86 folhas sendo significativamente superior a casa de vegetação com 5,20 folhas (Figura 2). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas a b 6 Número de folhas 5 4 3 2 1 0 Telado C.V. Local Figura 2. Número de folhas de plântulas de Physalis peruviana L. aos 21 dias de aclimatação. Valores seguidos por letras distintas diferem significativamente pelo teste de Duncan a 5%. FAEM/UFPEL - Pelotas, RS. 2003. As plântulas aclimatadas em substrato plantmax apresentaram maior número de folhas (5,93folhas), significativamente superior a plantmax + vermiculita (5,59), solo + vermiculita (5,51) e solo 5,07. Chaves et al. (2003) avaliando diferentes locais e substratos na aclimatação de Physalis, obtiveram maior número de folhas em substrato plantmax (7,17 folhas), quando comparado com os substratos vermiculita, solo e casca de arroz carbonizada. Para a variável, diâmetro do caule houve interação entre local de aclimatação e substrato, as plântulas aclimatadas em sala de crescimento apresentaram maior diâmetro de caule quando comparadas com as plântulas de casa de vegetação. Dentro de sala de crescimento o substrato plantmax proporcionou o maior diâmetro (4,1mm), valor significativamente superior a vermiculita (3,3mm), casca de arroz carbonizada e solo com 2,3mm e 2,2mm respectivamente. 311 312 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas BELLÉ, S.; KÄMPF, A.N. Produção de mudas de maracujá amarelo em substratos à base de turfa. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.28, n.3, p.385-390, 1993. CALVETE, E.O.; KÄMPF, A.N.; DAUDT, R. Efeito do substrato na aclimatização ex vitro de morangueiro cv Campinas, Fragaria x ananassa Duch. In: KÄMPF, A.N.; FERMINO, M.H. (Ed.). Substrato para plantas - a base da produção vegetal em recipientes. Porto Alegre: Genesis, 2000, p.257-264. CHAVES, A. da C.; SCHUCH, M. W.; ERIG, A.C.; PINHO, D. S. de. Avaliação de diferentes locais e substratos na aclimatação de Plântulas de Physalis peruviana L. XII Congresso de iniciação científica e V Encontro de Pós Graduação. RESUMOS. Pelotas. CD-ROM, 2003. CORPORACIÓN COLOMBIA INTERNACIONAL, UNIVERSIDAD DE LOS ANDES Y DEPARTAMENTO DE PLANEACIÓN NACIONAL. Análisis internacional del sector hortofrutícola para Colombia. Editorial El Diseño. Bogotá, 1994, pág. 165. FISCHER, Gerhard y ALMANZA, Pedro José. Nuevas tecnologías en el cultivo de la uchuva Physalis peruviana L. En: Revista Agrodesarrollo, Vol. 4, No. 1-2, 1993, pág. 294. FRÁGUAS, C.B.; PEREIRA, A.R.; PASQUAL, M. Aclimatização de Plântulas de Fícus carica cv. Roxo de Valinhos micropropagadas. Congresso Brasileiro de Fruticultura. Belém, CD-ROM. RESUMOS, 2002. HOFFMANN, A. Apresentação. 1o. Seminário Brasileiro Sobre Pequenas Frutas. Bento Gonçalves. p.6, 2003. PAGOT, E.; Hoffmann, A. Produção de Pequenas Frutas no Brasil. 1o. Seminário Brasileiro Sobre Pequenas Frutas. Bento Gonçalves. p. 9-14, 2003. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas SANTOS, A.M. Pequenas Frutas: Novas Alternativas de Diversificação com Fruticultura em Pequenas propriedades. VI Enfrute, Encontro Nacional Sobre Fruticultura de Clima Temperado. Fraiburgo, SC. p. 714, 2003. SIQUEIRA, D.L. Produção comercial de frutas em pequenas áreas. Revista Tecnologia e Treinamento Agropecuário. Viçosa. 2003. ZONTA, E.P.; MACHADO, A.A. SANEST - Sistema de Análise Estatísticas para Microcomputadores, Pelotas-UFPel, 1984. 75p. 313 314 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Avances en los Conocimientos Sobre el Comportamiento de Distintas Especies de Frutales Menores en Tierra del Fuego Gustavo L. Vater Miriam Arena Introducción Tierra del Fuego, situada en la región más austral del continente americano, se caracteriza por un clima insular de temperaturas frías, con influencia antártica, lo que se manifiesta en una baja amplitud térmica entre el día y la noche, e igualmente entre las temperaturas medias del invierno y del verano. Estas características hacen que la economía agronómica local sea casi inexistente, a excepción de la producción de lana ovina. No puede esperarse un mayor desarrollo económico y demográfico de la Patagonia a partir de la actividad pastoril (du Pisani et al., 1994). En general, los frutales menores o frutas finas tienen en común grandes ventajas que hacen interesante su cultivo: una potencial rentabilidad tanto a pequeños como a grandes productores, uso de abundante mano de obra y la amplia gama de suelos y climas marginados en los que pueden cultivarse (Sudzuki, 1983). Tienen una baja tecnología de implantación, un control mínimo sanitario y una fácil incorporación al mercado (Bounous, 1990). En nuestro país, sólo unas muy pocas hectáreas se cultivan de estos frutales menores llamados también berries, generalmente los cultivos se encuentran en las provincias de Río Negro y Buenos Aires. En los últimos años se ha observado un renovado interés debido a la fuerte demanda de fruta destinada a la elaboración de dulces y conservas, mientras que la variedad de sabores parece ser el quid del negocio para competir en el mercado y contra los dulces y conservas importadas (Martinez et al., 1995). No hay que descartar desde luego 316 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul el potencial exportador de fruta fresca con destino al hemisferio norte en contra estación. Durante cuatro años, en el campo de experimentación del Centro Austral de Investigaciones Científicas, situado en la ciudad de Ushuaia (54o 48´ Lat.S, 68o 15´ Long O) en Tierra del Fuego República Argentina, el Area de Recursos Agronómicos del Laboratorio de Producción y Propagación Vegetal evaluó el comportamiento de diferentes especies de frutales menores con el objeto de sumar a la producción local. Materiales y Métodos Material Vegetal. El ensayo se inició a partir de plantas de dos años de edad obtenidas de un vivero en la Prov. de Río Negro de la siguientes especies y variedades respectivamente: Ribes nigrum "cassis" variedad Titania, Rosenthals y Silvergieders. Ribes rubrum "corinto" variedad Jonkheer van Tets y Rovada. Ribes uva-espina "grosella" variedad Pixwell y Welcome. Rubus idaeus "frambuesa" variedad Schoenemann, Meeker, Camezino, Willamette, Zeva y Zeva2. Rubus idaeus x occidentalis "mora híbrida" variedad Logan únicamente. La plantación de las especies se realizó en la primavera de 1999 en un diseño de plantación en bloques al azar, rectangular 2 x 1 mt, correspondiendo a una densidad de 5000 plantas por hectárea. Fertilización: El plan de fertilización en equivalente por hectárea fue el siguiente: Cropcare 38 (12,2 % N - 4,5 % P asim. - 14,6 % K - 2,5 % Mg): 1era dosis: 2da quincena de Noviembre (50 kg/ha). 2da dosis: 2da quincena de Enero (50 kg/ha). 3era dosis: 1era quincena de Abril (50 kg/ha). Superfosfato triple (20 % P asim.): única dosis: 1era quincena de Abril (75 kg/ha). Fases fenológicas: Se observaron las distintas fases fenológicas: brotación, botón floral, floración plena, fructificación y maduración de frutos. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Caracterización climática: Durante los cuatro años de duración de los ensayos, y entre los meses de Octubre a Marzo se observó una temperatura media por temporada de 7,3 OC, siendo la temperatura media del mes de enero, el mes más cálido del verano, de 9,2 OC. La precipitación media por temporada fue de 260 mm, cubriendo el déficit mediante riego por goteo. La humedad relativa ambiente media fue de 72% y los vientos predominantes del cuadrante suroeste. Caracterización edáfica: Al comienzo (antes del laboreo) y al cuarto año (después) del cultivo se realizó un análisis químico del sector, obteniendo los siguientes resultados: pH : 5,0 (antes); 4,5 (después) fuertemente ácido. Materia Orgánica: s/d (antes); 9% (después) contenido medio. Nitrógeno Total: 0,6 meq/100grs (antes); 0,4 meq/100 grs (después) contenido medio. Fósforo Disponible: 4 ppm (antes); 15 ppm (después) medio a alto. Resultados y Discusion La producción de frutos por hectárea, en el mejor sitio y con la mejor variedad fue de 3000 Kg para Zeva 2 de Frambuesa, 650 kg para Logan de Moras híbridas, 1300 Kg para Welcome de Grosellas, 4800 Kg para Jonkheer Van Tets de Corinto y 9000 Kg para Titania de Cassis (Gráfico 1). Estos valores corresponden a los años de mayor rendimiento de frutos, que generalmente suceden entre el 3er y 4to año. La productividad tan baja de las moras es debido al no término de la fase de maduración de los frutos. Si bien potencialmente es una especie de gran producción, debido al gran crecimiento vegetativo demostrado y por la gran cantidad de frutos verdes que quedan en planta sin poder cosechar. Es interesante observar los días en que se pueden obtener frutos frescos cosechados durante la estación estival. Si consideramos las seis variedades de frambuesas cultivadas podemos obtener frutos frescos desde el 3 de febrero al 14 de abril (Figura 2). Si consideramos las tres especies estudiadas de Ribes, en donde la cosecha se restringe a dos semanas y la de Rubus cuya intensidad de cosecha es menor 317 318 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul pero de aproximadamente 10 semanas, observamos los beneficios de implementar una diversificación para la región (Figura 3). El crecimiento vegetativo de las especies se considera bueno. Las alturas de las plantas han llegado a un máximo en el tercer año de 1 mt en frambuesas, 0,90 mt en Moras híbridas, 0,65 mt en Grosellas, 1,15 mt en cassis y 0,70 mt en corinto. Con respecto a la calidad de frutos los datos obtenidos fueron los siguientes: Frambuesa: pH = 3,5; Tot S. Solubles: 11,3; materia seca: sin datos; Prot. Bruta: sin datos. Mora Híbrida: pH = 3,4; Tot S. Solubles: 11,5; materia seca: sin datos; Prot. Bruta: sin datos. Grosella: pH = 3,5; Tot S. Solubles: 12,1; materia seca:16,9 %; Prot. Bruta:4,3% sobre MS. Corinto: pH = 3,6; Total S. Solubles: 14,5; materia seca:16,9%; Prot.Bruta:4,4% sobre MS. Casssis: pH = 3,6; Total S. Solubles: 16,3; materia seca 21,3%; Prot. Bruta: 4,4% sobre MS. Fases fenológicas: En el siguiente cuadro se resume en promedio lo ocurrido en estos últimos años. Brotación Frambuesa Mora híbrida Grosella Corinto Cassis Botón floral 1ª-2ª/Sept 4ª/Nov a 2ª/Dic 1ª-2ª /Sept 2ª/Dic 4ª/Sept a 3ª/Oct 1ª/Nov 1ª-2ª /Oct 4ª/Oct 3ª-4ª /Sept 3ª-4ª /Oct Plena floración Fructificación Madurez 2ª-4ª /Dic 4ª/Ene a 2ª/Feb 4ª/Nov 4ª/Nov a 2ª/Dic 4ª/Nov 1ª-3ª /Ene 3ª/Feb a 2ª/Mar 3ª-4ª /Dic 2ª-3ª /Dic 2ª-3ª /Dic 1ª/Feb a 4ª/Mar Inexistente 1ª-2ª /Mar 4ª/Enero 4ª/Enero Los resultados hasta el momento han demostrado datos satisfactorios en el crecimiento y producción de las especies estudiadas, a excepción de la variedad Logan de mora híbrida en que no se ha aclimatado a estas latitudes extremas. Si comparamos los valores de kilos de frutos por hectárea con respecto a los de otras regiones del país o del extranjero, observamos una apreciable disminución de rendimiento motivada principalmente por el clima local. Sin embargo, estas investigaciones han ayudado a definir cambios en la producción regional.motivada principalmente por el clima local. Sin embargo, estas Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas investigaciones han ayudado a definir cambios en la producción regional. Habrá que continuar las experiencias de estos ensayos con el objeto de realizar las prácticas culturales (fertilización y poda) de modo de maximizar los beneficios manteniendo la sanidad, una buena producción de frutos, calidad y obtener cultivos longevos (Vater y Arena, 2001), (Vater et al. 2002). Fig. 1. Producción de frutos equivalente por hectárea en el Fig. 2. Tiempo de cosecha estimada durante la temporada de mejor sitio y con la mejor variedad de las cinco especies seis de las variedades de frambuesas de berries. Fig. 3. Tiempo de cosecha estimada y producción de frutos a lo largo de la temporada de las cinco especies de berries. 319 320 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas Du Pisani L.; Johnson D.; Gibbs J.; Laycock W.; Noy-meir I.; Paz C.; Borelli P.; Oliva G.. 1994. Sustentabilidad y manejo de los recursos naturales de la Patagonia: conclusiones y recomendaciones. Actas del taller internacional sobre recursos fitogenéticos, desertificación y uso sustentable: 203-204.Río Gallegos. Santa Cruz. Bounous G. 1990. Prospettive e limiti della coltura dei piccoli frutti in Italia. Frutticoltura No 5: 43-48. Martínez E., De Michelis A. and Riádigos E., 1995. En la variedad está el gusto. y el negocio. Campo y Tecnología 21: 39-42. Vater G., Arena M. 2001. Orchard Growthand Fruiting of Ribes nigrum L. In Tierra del Fuego, Argentina. 8º Congreso Mundial de Rubus-Ribes. Resumen editado en CD: Trabajo P33. Escocia. Gran Bretania, Julio 2001 y publicado completo en Acta Horticulturae N°585 Volumen 1. 253-256. Septiembre2002. Vater G.; Arena M., Ces M. J. 2002. Evaluation of the behaviour of two varieties of redcurrants (Ribes rubrum L.) in Tierra del Fuego, Argentina. Workshop 15-16 de Diciembre de 2000 p.6. Facultad de Agronomía y Forestal, Universidad de Helsinski. Trabajo publicado completo en Journal Food Technology and Quality Evaluation: Editors: Ramdame D. and Arun S. ISBN 1-57808-235-8. 300pages. Diciembre 2002. Potencialidades de Produção de Mirtáceas Frutíferas Nativas do Sul do Brasil Rodrigo Cezar Franzon Elisia Rodrigues Corrêa Maria do Carmo Bassols Raseira Introdução A flora brasileira é rica em frutas silvestres comestíveis, as quais constituem um patrimônio genético e cultural de inestimável valor (Mielke et al., 1990). No sul do Brasil, dentre as muitas espécies nativas existentes, destacam-se algumas da família Myrtaceae. A Embrapa Clima Temperado (CPACT), em Pelotas, RS, mantém um Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de fruteiras nativas da Região Sul do Brasil. Este trabalho se iniciou em 1985, com o objetivo de preservá-las e estudar o seu potencial (Raseira e Raseira, 1990). Atualmente o BAG é formado por populações de 12 espécies nativas, introduzidas de diversos municípios da região sul, e duas exóticas. Além da manutenção e preservação do germoplasma ex situ, são realizados trabalhos de caracterização e, em três espécies, araçazeiro (Psidium cattleyanum Sabine), pitangueira (Eugenia uniflora L.) e feijoa (Acca sellowiana (Berg) Burret), vem sendo realizado um trabalho de seleção e multiplicação dos melhores clones, utilizando-se para tal, plantas oriundas de sementes de diversas origens. Trabalho semelhante está se iniciando com cerejeira-do-rio-grande (E. involucrata DC). Atualmente existem duas cultivares de araçazeiro, lançadas pela Embrapa Clima Temperado, e que são plantadas em pomares 322 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul comerciais, embora em pequena escala: a "Ya-cy", produtora de frutos de película amarela, e a "Irapuã" com película vermelha, das quais já foram fornecidos a produtores mais de 20.000 mudas . Com o objetivo de auxiliar na seleção de clones superiores, para futuramente introduzir algumas das espécies nativas aos sistemas de produção de frutas, foram realizadas algumas avaliações agronômicas em populações de pitangueira e araçazeiro, e em clones de outras espécies existentes no BAG de fruteiras nativas do CPACT. Material e Métodos Foram avaliadas, nos anos de 2001-2002 e 2002-2003, as seguintes características: tamanho médio das frutas, medindo-se o diâmetro com paquímetro digital; o peso médio das frutas; e o teor de sólidos solúveis totais (SST), avaliado em graus Brix (°Brix) com refratômetro digital. Para araçazeiro e pitangueira também foi avaliada a produtividade por planta, nas seleções existentes no CPACT. Para o araçazeiro, cada seleção é representada, na coleção, por quatro a cinco plantas. A produtividade média para cada seleção foi obtida com base nestas plantas, enquanto que o peso médio da fruta foi obtido pela média de 20 frutas, coletadas ao acaso, exceto quando não possível. O teor de SST foi obtido pela média de três a cinco frutas. As seleções avaliadas foram plantadas no inverno de 2000, sendo constituídas por plantas oriundas de sementes de clones, previamente selecionados, anteriormente introduzidos de diversos locais da região sul do Brasil. Os dados apresentados referem-se a avaliação de 108 seleções, nas safras de 2001/2002 e 2002/2003. Para a pitangueira, o teor de SST e o diâmetro médio das frutas foi obtida pela avaliação de, no mínimo, cinco frutas. As seleções são provenientes de um tipo de pitangueira que apresenta duas safras por ano, uma entre outubro e novembro, e outra entre março e maio. Os resultados aqui apresentados referem-se à avaliação de 44 seleções, na safra de março/maio, no ano de 2003. O material selecionado existente hoje na Embrapa Clima Temperado destacou-se entre 1500 plantas, oriundas de sementes, coletadas na área urbana de municípios da região sul do Rio Grande do Sul, em plantas de origem Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas desconhecida e existentes há décadas em pátios residenciais ou de escolas. Para avaliação da cerejeira-do-rio-grande, da uvalheira e da guabirobeira, foram utilizados clones existentes no BAG de fruteiras nativas. A média do teor de SST e a média do tamanho de fruto foram obtidas pela avaliação de, no mínimo, cinco frutas, enquanto que o peso por fruto foi obtido pela média de 20 frutas. Para a feijoa, as avaliações foram feitas em "seedlings". As diferentes espécies foram observadas durante todo o ciclo vegetativo quanto à sanidade e problemas de manejo. Resultados e Discussões Araçazeiro: esta espécie é aquela que apresenta maior potencial para aproveitamento imediato por parte dos produtores. As avaliações demonstram que existem grandes diferenças entre as diversas seleções atualmente em avaliação, nos três parâmetros avaliados. Algumas seleções já produziram após um ano do plantio, atingindo uma produção de até 1,02 kg.planta-1. As seleções 15/90, 19/90, 22/ 90, 23/90, 02/91 e 02/92 apresentaram produtividade superior a 0,9 kg.planta-1. No segundo ano, a produtividade média por planta aumentou consideravelmente, atingindo valores de até 2,9 kg.planta-1. Destacaram-se, no segundo ano, as seleções 14/90, 15/90, 04/91, 08/91, 14/91, 12/92 e 11/95, com produtividade superior a 2,0 kg.planta-1. Considerando-se uma produtividade média de 2,0 kg.planta-1, e que as mesmas estão plantadas em espaçamento de 0,5m entre plantas e 4,0m entre filas, esta espécie apresenta potencial para produzir, pelo menos, 10 ton.ha-1 já no segundo ano após a implantação do pomar. O tamanho dos frutos também apresentou diferenças, variando entre 2,2 e 5,0cm (sel. 06/98) no primeiro ano de avaliação. Destacaram-se as seleções 06/98, 05/93, 07/94, 10/94, 03/96, 04/96, 07/96 e 04/ 99, com diâmetro de fruto superior a 3,5cm. No segundo ano, o diâmetro médio variou de 2,4 e 3,8cm, destacando-se as seleções 09/ 90, 04/91, 06/92, 08/92 e 05/94, com diâmetro superior a 3,5cm. 323 324 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O teor de SST variou entre 7,8 e 14,6°Brix no primeiro ano de avaliação, destacando-se as seleções 06/90, 14/90, 03/91, 32/92, 12/96 e 14/96, com teores acima de 12,0°Brix, e entre 6,3 e 12,0oBrix no segundo ano, com destaque para as seleções 02/93, 10/ 94, 12/96 e 14/96, com teores acima de 11,0oBrix. No segundo ano de avaliação a produtividade média por planta em cada seleção aumentou consideravelmente. Já o teor de SST e diâmetro não apresentaram grandes variações. Pitangueira: esta espécie, juntamente com o araçazeiro, apresenta grande potencial para aproveitamento imediato pelos produtores, pois existem trabalhos avançados de seleção de clones que podem ser propagados como cultivares. Algumas seleções desta espécie (sel. 04/ 91, 11/91, 01/93, 03/96, 02/97 e 05/01) apresentaram produtividade entre 15,0 e 23,0 kg.planta-1. Considerando uma produtividade em torno de 20kg por planta, e que as seleções encontram-se em espaçamento de 5m entre filas e 2m entre plantas, esta espécie tem potencial para produzir em torno de 20 ton.ha-1 (considerando apenas a colheita de março a maio). O diâmetro das frutas foi superior a 2,0cm e, o teor de SST foi alto, na maioria das seleções avaliadas, com valores acima de 12 OBrix, atingindo até 17 OBrix em algumas seleções. Cerejeira-do-rio-grande: foram avaliados dez acessos no ano de 2003. Destacaram-se os acessos PL3/F2, PL5/F2, PL8/F2, com peso médio de frutos igual ou superior a 6,0g. Quanto ao tamanho dos frutos, destacaram-se PL5/F2 e PL8/F2, com diâmetro e comprimento superiores a 2,4cm. O acesso PL2/F2 também apresentou comprimento superior a 2,4cm, embora o diâmetro tenha sido um pouco menor. Em relação ao teor de SST, destacaram-se os acessos PL1/F2, PL1/F5 e PL2/F5 com valores acima de 14,0 OBrix. Uvalheira: nesta espécie foram avaliados cinco acessos no ano de 2003, destacando-se o clone PL3/F2, com peso e diâmetro médios de frutos de 24g e 4,1cm, respectivamente. Entretanto, a maior média de SST foi aquela do acesso PL1/F2, com 10,3 OBrix. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Guabirobeira: foram avaliados sete acessos no ano de 2002. O acesso PL1/F4 destacou-se em relação ao peso e diâmetro médios de fruta, com 11,5g e 2,7cm, respectivamente. Já em relação ao teor de SST, destacaram-se os acessos PL4/F4, PL1/F5 e PL2/F5, com valores acima de 11,0 OBrix, sendo que os SST do último acesso foi superior a 14,0 OBrix. Os diversos acessos desta espécie também variaram em relação a pungência das frutas, porém, esta não foi mensurada. Feijoa: poucas plantas produziram frutos na safra de 2002/2003, devido ao grande ataque de antracnose. Aquelas que produziram também apresentaram grande incidência de mosca das frutas. O tamanho das frutas foi relativamente pequeno, sendo que as maiores apresentaram peso médio entre 60 e 70g. Uma das grandes vantagens do aproveitamento das espécies nativas nos sistemas de produção de frutas é a época de colheita. Na pitangueira, por exemplo, a primeira safra ocorre em outubro/ novembro, e a segunda em março/maio, podendo esta última se estender até a entrada do inverno. Nesta última época, a mão-de-obra nas propriedades rurais e também nas agroindústrias da região de Pelotas, onde a cultura do pessegueiro é uma das principais atividades, está praticamente ociosa. Além disso, nesta época também já terminou a colheita de outras culturas economicamente importantes na região, como a ameixeira, morangueiro, ou que estão aumentando em importância, como amora-preta e mirtilo. De forma semelhante à pitangueira, o araçazeiro apresenta a mesma vantagem. Desta forma, algumas destas espécies nativas podem entrar como uma nova atividade nas propriedades rurais, oportunizando uma renda adicional, e também na agroindústria, que pode processar a produção na forma de geléias, sucos, polpa, entre outros produtos. A feijoa, além do aproveitamento dos frutos, também merece destaque pela suas flores. Esta espécie, além de poder ser utilizada em jardins, como planta ornamental, pode ter suas flores utilizadas em decorações de ambientes. Outro aspecto importante das flores são as pétalas, que podem ser utilizadas em decorações de pratos especiais, como saladas, podendo inclusive ser consumidas, pois, são carnosas e doces, com agradável paladar. 325 326 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Em testes preliminares, verificou-se boas perspectivas de aproveitamento comercial das flores. As mesmas conservaram-se em bandejas de isopor envolvidas por um filme plástico durante 3 semanas sob refrigeração, e por menos de 7 dias em temperatura ambiente. Conclusões As espécies frutíferas de mirtáceas nativas do sul do Brasil apresentam grande potencial para exploração econômica, principalmente em nichos de mercado ávidos por novidades. Referências Bibliográficas MIELKE, J.C.; FACHINELLO, J.C; RASEIRA, A. Fruteiras Nativas Características de 5 mirtáceas com potencial para exploração comercial. HortiSul, Pelotas, v.1, n.2, p.32-36. 1990. RASEIRA, A.; RASEIRA, M. do C.B. Fruteiras nativas de clima temperado. Hortisul, Pelotas, v.1, n.2. 1990. Frutas Finas Nativas de la Patagonia Austral: Producción in situ Y Conservación ex situ Miriam E. Arena Gustavo Vater Mariela Bernini En los últimos años, se ha evidenciado un interés creciente en la agricultura intensiva de la Patagonia. Esto es debido principalmente a la posibilidad de producción en contra estación con respecto a los mercados del Hemisferio Norte. Además, una amplia diversidad de suelos y climas están representados en Patagonia, los cuales podrían ser utilizados para extender la estación de producción (Arena et al., 2003c). Si bien es conocida la demanda industrial a nivel mundial por los berries ya cultivados, no deja de ser menos importante la búsqueda de nuevas especies de frutales autóctonos para introducirlas al cultivo comercial. Los recursos vegetales de la Patagonia y en particular los de Tierra del Fuego, poseen un potencial para el desarrollo diversificado de la producción agropecuaria. Un valor adicional implica la condición de Isla con relativamente bajos niveles de contaminación y buenas condiciones para la producción orgánica. Tierra del Fuego constituye la región más austral de Sud América (entre los 52O y 56O latitud sur), situándose su capital Ushuaia, al sudoeste. Las temperaturas medias máxima, media y mínima registradas en la Estación Meteorológica del Centro Austral de Investigaciones Científicas (Ushuaia) entre los meses de octubre y marzo, durante el período 1994-2004 fueron de 12,72 OC, 8,38 OC y 4,61OC respectivamente, mientras que la humedad relativa del ambiente fue del 72% y las precipitaciones medias acumuladas durante dicho período fueron de 46 mm. Algunos de los suelos 328 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul pertenecientes a los sitios estudiados se caracterizan por presentar un horizonte superficial (0-14 cm) orgánico, con un pH de 4,3, conteniendo 7,93 % de carbono orgánico, 0,58 % de Nitrógeno, 0,20 % de Potasio y 8 % de Fósforo. El horizonte profundo (0,14-0,29) es arcillo-arenoso, siendo su pH de 4,2, conteniendo 2,94 % de carbono orgánico, 0,20 % de Nitrógeno, 0,10 % de Potasio y trazas de Fósforo. Las condiciones climáticas descriptas, particularmente la ausencia de veranos definidos y cálidos, pueden limitar el cultivo de especies frutales tradicionales, pero a la vez ser propicias para el cultivo de las especies de frutales menores. El objetivo de este trabajo es presentar el grado de avance del conocimiento sobre la producción in situ y la conservación ex situ de tres especies de frutales nativos de la Patagonia, como ser Berberis buxifolia, Ribes magellanicum y Rubus geoides Berberis buxifolia El género Berberis está bien representado en Patagonia por 16 especies de arbustos nativos (Orsi, 1984), siendo B. buxifolia "calafate" una especie con una larga distribución, desde Neuquen hasta Tierra del Fuego (Job, 1942). En los últimos años, se ha observado un interés creciente en la producción de Berberis en Patagonia (Arena y Martínez Pastur, 1995b), debido no sólo a que sus frutos pueden ser consumidos en fresco o en mermeladas (Orsi, 1984) sino que también son una importante fuente de alcaloides del tipo de las berberinas y antocianinas, con una aplicación medicinal y tintórea (Pomilio, 1973; Fajardo Morales et al., 1986). Además, dado que las plantas adultas de Berberis presentan espinas, estos arbustos no pueden ser fácilmente consumidos por los animales, por lo que protegen a otras especies vegetales que crecen cerca de ellas. Además, la elevada densidad de follaje de estos arbustos reduce el efecto del viento y por consecuencia la mortalidad de las ovejas en parición (Arena et al., 2003c). B. buxifolia es un arbusto siempreverde y espinoso, que puede llegar hasta los 4 m de altura, que a menudo crece en los montes bajos, en los márgenes y claros del bosque, en áreas húmedas de estepas, a lo largo de ríos y arroyos (Moore, 1983). En una población natural situada en las cercanías de Ushuaia, se observó que la emergencia de Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas nuevas hojas y la plena floración ocurren al inicio y durante la mitad de la primavera respectivamente. La maduración de los frutos puede comenzar desde fines de enero para continuar a lo largo de febrero. La orientación, la posición en altura y la edad de las ramas afectaron la productividad de estos arbustos. El rendimiento de frutos relativo (número y peso) fue máximo en el sector norte de las plantas, a la vez que en la mitad superior de las mismas. Este hecho se debió al mayor número de ramas formadas en estos sectores y no a un mayor rendimiento de frutos por rama. Los mayores valores encontrados en el sector norte y en la mitad superior de las plantas podrían deberse a una mayor exposición en tiempo horario al sol y consecuentemente a una mayor intensidad de luz a la vez que a una menor exposición a los vientos predominantes del sur-suroeste. Por otra parte, el rendimiento de frutos relativo (número y peso) fue máximo en las ramas de 1 año de edad. Estas ramas deben tener un mejor equilibrio fisiológico (en términos de vigor) comparados con las ramas más viejas y por ende más adecuadas para la formación de frutos (Arena et al., 2003c). Estos resultados destacan la importancia de la correcta elección del sitio, protección contra los vientos predominantes y conducción de las plantas de B. buxifolia para llevar a cabo su domesticación. Esta especie pudo ser propagada por semillas (Arena y Martínez Pastur, 1994), alcanzando un porcentaje máximo de germinación del 55% cuando las semillas se estratificaron por 3000 horas y germinaron en la oscuridad. Además, se propagó por rizomas, encontrándose que la longitud, grosor y genotipo afectaron su brotación y enraizamiento (Arena y Martínez Pastur, 1995b), alcanzando un máximo de 76% de enraizamiento al final de la estación de crecimiento (Arena et al., 1998). Por otra parte, un protocolo de propagación in vitro fue desarrollado para esta especie (Arena et al.; 2000). El cultivo de explantos en el medio de Murashige & Skoog con 0,55 µM de BA permitió obtener una tasa de multiplicación de 1:4,7 en 63 días, mientras que el enraizamiento de los brotes (cerca al 80%) fue posible con un período de 4 días de oscuridad total y 1,25 µM de IBA por 7 días. Posteriormente, el estudio de la variación endógena de poliaminas y peroxidasas permitió el empleo de estas sustancias como marcadores del enraizamiento (Arena et al., 2003b), a la vez que nos encontramos elaborando protocolos con medios sucesivos de 329 330 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul enraizamiento en los que se agregan poliaminas y sus inhibidores entre otras sustancias (Arena et al., 2002). Ribes magellanicum Ribes magellanicum (´parrilla´) es un arbusto de hojas caducas que generalmente crece junto a Berberis buxifolia ´calafate´, en los claros y márgenes de los bosques de Nothofagus pumilio ´lenga´. Se la encuentra espontáneamente a lo largo de Tierra del Fuego y se extiende por los bosques Andino-Patagónicos llegando hasta Neuquen (Moore, 1983; Correa, 1984). Sus pequeñas bayas, además de ser consumidas frescas, son usadas para elaborar dulces y jaleas. En una población natural ubicada en las cercanías de Ushuaia, se observó que los frutos maduran a lo largo del mes de febrero. El 85% de las ramas fructíferas son ramas cortas y a su vez estas ramas producen alrededor del 75% de la producción de frutos de las plantas. Dichas ramas productoras de frutos no se distribuyen uniformemente en ambas mitades de las plantas, sino que alrededor del 65% de la producción se concentra en la mitad superior de las plantas, hecho que podría deberse a una mayor exposición en tiempo horario al sol y consecuentemente a una mayor intensidad de luz (Arena et al., 2003a). Al analizar el rendimiento de las plantas en el 2003 y el 2004, se observó que la producción de frutos fue superior en este último año. Este hecho podría deberse a que en la temporada de crecimiento de 2004, la temperatura media fue de 1oC superior con respecto al 2003, siendo particularmente marcadas las diferencias para el mes de febrero, mes de maduración de los frutos. Estos resultados son los primeros antecedentes obtenidos en la producción de frutos para R. magellanicum en este sitio y adquieren una especial relevancia para su posterior domesticación. Esta especie fue propagada a través de estacas leñosas, obteniendo casi un 100% de enraizamiento (Arena et al., 1996). La micropropagación fue posible al emplear el medio de Murashige & Skoog con macronutrientes reducidos a la mitad (Arena y Martínez Pastur, 1995a). La tasa de multiplicación obtenida fue de 1:4 en 21 días, mientras que el porcentaje de enraizamiento fue superior al 95% a los 21 días. La neoformación de yemas adventicias se indujo en explantos foliares con pecíolo y lámina completa cultivados in vitro. El medio de Murashige & Skoog con sus macronutrientes reducidos a la Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas mitad y el agregado de 4,44 a 8,88 µM de BA o BPA y 0,50 µM de NAA permitieron obtener la máxima capacidad organogenética (Arena y Martínez Pastur, 1997). Rubus geoides Una de las especies nativas de la región cordillerana patagónica centro y sur es Rubus geoides Sm. "frutilla silvestre o de magallanes". Generalmente crece en lomadas suaves, secas y soleadas hasta unos 550 m sobre el nivel del mar, como también en los claros del bosque (Moore, 1983). Es una planta rastrera, estolonífera, sus flores aparecen en noviembre para luego, al promediar el verano convertirse en frutos de sabor agridulce y de color rojo. La propagación por cultivo in vitro de esta especie fue posible a partir de plantas madres que crecían en el campo (Vater y Arena, 2000). Cultivando los explantos en el medio de Murashige & Skoog con el agregado de 1,10 µM de BA, permitió obtener una tasa de multiplicación de 1:3,5 en 63 días. El 80 % de los brotes enraizaron usando la mitad de la concentración de las sales macronutrientes del medio de Murashige & Skoog con el agregado de 2,50 µM IBA y 7 días de oscuridad completa al inicio del período de enraizamiento. La propagación clonal convencional fue a través de los estolones, encontrándose que la ubicación de los estolones en las plantas madres afectaba la capacidad de éstos posteriormente para inducir nuevos brotes y raíces (Vater y Arena, 2003). Así aquellas secciones de estolones con hojas y ubicados en los estolones primarios alcanzaron el máximo enraizamiento (alrededor del 46%) al cabo de una estación de crecimiento. Bibliografia Citada Arena M.E.; Martínez Pastur G. 1994. Phyton 56(XII): 59-63. Arena M.E.; Martínez Pastur G. 1995a. Scientia Horticulturae 62: 139144. Arena M.E.; Martínez Pastur G. 1995b: Presencia X (37): 5-7. 331 332 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Arena M.E.; Martínez Pastur G.; Vater G. 1996. Actas de la XXI Reunión Argentina de Fisiología Vegetal, 10-11. 20 al 22/03. Mendoza. Arena M.E.; Martínez Pastur G. 1997. Scientia Horticulturae 72: 73-79. Arena M.E.; Vater G.; Peri P. 1998. Actas IX Congreso Latinoamericano de Horticultura; XLIX Cong. Agronómico de Chile: 96, Chile. Arena M.E.; Martínez Pastur G.; Vater G. 2000. Biocell 24 (1): 73-80. Arena M.E.; Martínez Pastur G.; Benavides P. 2002. Actas del V Simposio Nacional de Biotecnología Vegetal. Redbio-Argentina. A2. 20/10 al 22/10. Ciudad Autónoma de Buenos Aires. Arena M.E.; Bernini M.; Crespi M.; Staltari S.; Rodríguez H.; Vater G. 2003a. Actas (Editadas en CD) del XXVI Congreso Argentino de Horticultura. Fr005. 30/09 al 03/10. Paraná, Entre Ríos. Horticultura Argentina 20/22, Número 49/52: 52 (2001/2003). Arena M.E.; Martínez Pastur G.; Benavides M.P.; Zappacosta D.; Eliasco E.; Curvetto N. 2003b. New Zealand Journal of Botany 41: 475-485. Arena M.E.; Vater G.; Peri P. 2003b. HortScience 38(2): 200-202. Correa, M.N. 1984. Grossulariaceae. En Flora Patagónica. Parte IV-B. Ed INTA. 19-26. Fajardo Morales V.; Podestá F.; Urzúa A. 1986. Rev. Latinoamericana de Química: 16: 141-156. Moore D.M. 1983: Flora of Tierra del Fuego. Oswestry, England. Anthony Nelson & Missouri Botanical Garden. 396 p. Orsi M.C. 1984: In: Correa, M. N. ed. Flora Patagónica. Secc. 4a. Tomo VIII. INTA. Buenos Aires, Argentina. Pp 325-348. Pomilio A.B. 1973. Phytochemistry 12: 218-220. Vater G.; Arena M.E. 2000. Actas de la XXIII Reunión Argentina de Fisiología Vegetal: 136-137. 29/11 al 1/12. Córdoba. Vater G.; Arena M.E. 2003. ASHS-2003 Centennial Conference, Rhode Island, 3 al 6/10. HortScience 38 (5). Frutíferas Nativas em Trecho de Mata Ciliar na Microbacia do Arroio Pestana: Fenologia e Mapeamento com Geotecnologias Gustavo Crizel Gomes Walter Fagundes Rodrigues Güinter Timm Beskow Marilice Garrastazu Antônio Roberto Marchese de Medeiros Introdução A fruticultura representa um dos setores de maior importância econômica para a região de Pelotas, RS. Apesar disto as frutíferas nativas da região muito pouco foram pesquisadas, com algumas exceções (Raseira & Raseira, 1989; 1994; 1996; Mielke et al 1989; Franzon, 2004) e praticamente não são cultivadas. A vegetação florestal original da região, onde ocorrem muitas destas espécies, vem sofrendo, ao longo do tempo, o impacto ambiental resultante das atividades humanas, tendo sido reduzida a pequenos fragmentos, ocasionando risco de erosão genética e ameaça de desaparecimento de algumas espécies na região. Felizmente, nos últimos anos está ocorrendo a conscientização da importância da biodiversidade, dentro dela a das frutas nativas, para a consolidação de sistemas agrícolas sustentáveis. Outro aspecto importante é a preservação do conhecimento empírico dos agricultores que tradicionalmente as utilizam para consumo in natura, na forma de doces, geléias, licores, como medicinais e na confecção de ferramentas de trabalho. Isto torna necessário que se realizem trabalhos no sentido de conhecer, proteger e resgatar a diversidade de frutíferas nativas da 334 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul região, gerando conhecimentos sobre reprodução, manejo de cultivo, identificação de matrizes, seleção, entre outros, a fim de incentivar o cultivo. O objetivo do trabalho foi contribuir para a pesquisa e conhecimento das frutíferas nativas da região quanto a coleta de sementes, proporcionando informação sobre a localização de matrizes com o uso de geotecnologias (Sistema de Posicionamento Global e Sistema de Informações Geográficas), bem como a sistematização de dados fenológicos, referentes ao período de floração e frutificação de cada espécie estudada. Área em estudo: O estudo foi realizado em trecho de mata ciliar de um afluente do Arroio Pestana com área de 0,87 ha., localizado na Colônia Santo Amor, município de Morro Redondo, RS. A tipologia vegetal original da região é a Floresta Estacional Semi-decidual Submontana (Pastore & Rangel Filho, 1986). Por tratar-se de mata ciliar, segundo o código florestal Brasileiro é considerada "Área de Preservação Permanente", o que lhe garante proteção legal contra intervenções antrópicas como corte de árvores e desmatamento. O acesso se dá pela estrada de terra que une a sede do município de Morro Redondo à entrada principal do município de Capão do Leão na BR-392. Materiais e Métodos A área foi escolhida pelo conhecimento prévio sobre a alta ocorrência de frutíferas nativas em pequeno trecho, sendo acompanhada em intervalos médios de quinze dias pelo período de um ano, de março de 2003 a março de 2004, conforme recomenda metodologia específica para estudos fenológicos em dendrologia (Marchiori, 1995), constatando-se os períodos de floração e frutificação das espécies existentes no local. Não foi considerada a caducidade foliar, fenômeno geralmente abordado em estudos fenológicos, por não cumprir com os objetivos do trabalho. Durante o período foi coletado material botânico e realizada a identificação das espécies com o auxilio de chaves dendrológicas (Marchiori, 1997; Marchiori & Sobral, 1997). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Realizou-se um mapeamento da área com auxílio de GPS (receptor de navegação, 12 canais). Para a determinação das coordenadas utilizouse o método de posicionamento absoluto (Monico, 2000) caracterizando assim um levantamento expedito dentro da precisão do equipamento usado. Foram delineados a borda externa da área e curso do arroio que a atravessa; posteriormente, localizados os pontos onde se encontram as frutíferas. As coordenadas determinadas por GPS foram previamente armazenadas em planilha eletrônica (arquivo extensão xls) e exportadas em formato de banco de dados (arquivo extensão dbf). Após, os arquivos foram integrados a um SIG (Sistema de Informações Geográficas) onde realizou-se o cálculo da área de estudo, comprimento de drenagem e espacialização das frutíferas. Resultados Foram localizados e mapeados dezoito pontos, onde ocorrem aproximadamente cinqüenta plantas1 pertencentes a seis espécies de duas famílias botânicas (Annonaceae e Myrtaceae) em área de 0,87 ha. (Quadro 1). A partir da integração dos dados coletados com GPS ao Sistema de Informações Geográficas foi elaborado um mapa da área (Figura 1) com as feições levantadas (área ou borda externa, o curso d´água e pontos de localização das árvores frutíferas distribuídas ao longo do trecho). A próxima etapa será a incorporação dos dados da planilha acima (dados alfanuméricos) ao SIG compondo assim um banco de dados geográficos que permitirá o armazenamento de novos levantamentos, atualização e consultas dos dados existentes. 335 Annonaceae Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Araticum Araçazeiro Cerejeira-do-rio grande Feijoa Guabirobeira Pitangueira Eugenia uniflora L. Campomanesia xanthocarpa Berg Acca sellowiana (Berg) Burret. Eugenia involucrata DC. Psidium cattleyanum Sabine Rollinia rugulosa Schlecht. Espécie Outubro Novembro Novembro Setembro-Outubro Dezembro Novembro Floração Novembro-Dezembro Dezembro-Janeiro Março-Abril Novembro-Dezembro Fevereiro-Março Fevereiro-Março Frutificação 9 3 2 1 1 2 Nº de matrizes identificadas 5 O número de plantas é superior ao de pontos georreferenciados pelo fato de as pitangueiras (Eugenia uniflora L.) ocorrerem formando agrupamentos (capões) na borda da mata, compostos geralmente por mais de cinco indivíduos, o que é uma característica ecológica da espécie. Por isso cada ponto indicando "pitangueira" refere-se na verdade a um conjunto de plantas. Família Nome popular Quadro. Espécies ocorrentes na área: nomenclatura, fenologia, no de matrizes, distribuição geográfica e usos. 336 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Bolívia, Peru, Argentina, Paraguai e Brasil (RJ, MG até RS) Brasil (BA até RS) e nordeste do Uruguai Ocorrência Argentina, Uruguai e Brasil (MG até RS) Fonte: Backes & Irgang, Lorenzi, Marchiori Pitangueira Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil (MG até RS) Uruguai, Argentina e Brasil (RS até PR) Guabirobeira Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil (MG até RS) Cerejeirado-rio grande Feijoa Araçazeiro Araticum Nome popular Frutos Consumidos in-natura, na fabricação de doces e licores. Madeira de grande resistência e bastante durável. Usada na medicina popular. Frutos consumidos in-natura e na fabricação de doces geléias e licores, muito usada em paisagismo e pomares domésticos. Madeira usada na confecção de cabos de ferramentas. Paisagismo, frutos consumidos in-natura, em geléias e goiabadas, pétalas comestíveis. Cultivada como frutíferas em muitos países Frutos consumidos in-natura e na fabricação de doces geléias e licores, muito usada em paisagismo e pomares domésticos. Madeira usada na fabricação de instrumentos musicais, cabos de ferramentas, lenha e carvão. Frutos consumidos in-natura e utilizados na fabricação de sucos e geléias. Madeira usada na confecção de cabos de ferramentas. Planta ornamental, muito usada em pomares domésticos. Utilizada na medicina popular. Frutos Consumidos in-natura, Casca usada na fabricação de cordas e as sementes no combate a piolhos. Usos Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas 337 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Mapeamento de Frutíferas Nativas 349900 350000 6495200 6495200 # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # Guabiroba Feijoa Cerejeira Araçá Araticum Pitanga Arroio Área # N 6495100 # 349900 50 6495100 350000 0 50 Metros Figura 1. Mapa gerado a partir de levantamento expedito com GPS de navegação. Fotos -4: Luis E. Antunes 5-6: Antonio R. Marchese de Medeiros 338 1. Aaraça 2 Pitanga 4. Guabiroba 5. Araticum Fonte: 1-4 Árvores do Sul 3. Cereja do-rio-grande 6. Feijoa - Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Referências Bibliográficas BACKES, P.; IRGANG, B. Árvores do Sul; guia de identificação & interesse ecológico. Porto Alegre: Ed. Instituto Souza Cruz, 2002, 326 p. FRANZON, R.C. Caracterização de Mirtáceas nativas do Sul do Brasil. Pelotas: UFPel, 2004, 102p. Dissertação de Mestrado. LORENZI, H. Árvores brasileiras; manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, SP: Plantarum, 1992. 352 p. MARCHIORI, J.N.C. Elementos de dendrologia. Santa Maria: Ed. UFSM, 1995. 163 p. MARCHIORI, J.N.C. Dendrologia das angiospermas: das magnoliáceas às flacurtiáceas. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1997. 271 p. MARCHIORI, J.N.C.; SOBRAL, M. Dendrologia das angiospermas: myrtales. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1997. 304 p. MIELKE, M.S.; FACHINELLO, J.C.; RASEIRA, A. Fruteiras Nativas Características de 5 mirtáceas com potencial para exploração comercial. Hortisul, Pelotas, v.1, n.2: 32-36, 1989. MONICO, J.F.G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS: descrição, fundamentos e aplicações. São Paulo: Ed. UNESP. 2000. PASTORE, U.; RANGEL FILHO, A.L.R. Vegetação. As regiões fitoecológicas, sua natureza, seus recursos econômicos. Estudo fitogeográfico. In: IBGE. Folha Uruguaiana. Rio de Janeiro, 1986. p. 541-632. RASEIRA, A.; RASEIRA, M. do C.B. Fruteiras nativas de clima temperado. Hortisul, Pelotas, v.1, n.2: 47-51, 1989. 339 340 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul RASEIRA, A.; RASEIRA, M. do C.B. Ya-Cy - cultivar de araçazeiro lançada pela EMBRAPA-CPACT. Hortisul, Pelotas, v.3, n.1: 37-39, 1994. RASEIRA, M. do C.B.; RASEIRA, A. Contribuição ao estudo do Araçazeiro, Psidium cattleyanum. Pelotas, RS: Embrapa Clima Teperado - CPACT, 1996. v.1, 95 p. Observações Ecológicas e Distribuição Geográfica de Framboesa-silvestre no Rio Grande do Sul Gustavo Heiden Rosa Lía Barbieri Marilice Cordeiro Garrastazu Lilian Oliveira Garcia Melissa Batista Maia Resumo A framboesa-silvestre (R. rosaefolius J. E. Smith) é uma planta originária da Ásia, de hábito ruderal e distribuição cosmopolita. Embora seja uma espécie exótica e de ocorrência espontânea, pode representar um recurso genético importante em programas de melhoramento de framboesa cultivada, principalmente como fonte de genes para tolerância a estresses bióticos e abióticos. Seus frutos são ocasionalmente utilizados na confecção de doces e bebidas. O objetivo deste trabalho foi obter a distribuição geográfica desta espécie no Rio Grande do Sul, além de dados referentes à frutificação e as características dos locais de ocorrência. Foram consultados os acervos referentes a esta espécie em cinco herbários de instituições de pesquisa do Estado. Os dados obtidos sugerem que a framboesasilvestre é uma planta de ampla distribuição e pouco exigente quanto às condições ambientais, oferecendo boas perspectivas de cultivo. Introdução A framboesa-silvestre (Rubus rosaefolius J. E. Smith) é um arbusto exótico originário da Ásia, armado, ereto, com ramos secundários 342 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul apoiantes ou prostrados, cobertos de acúleos e com folhas compostas pinadas, que floresce e frutifica em todas as estações do ano, com grande produtividade de frutos de sabor doce e levemente ácidos, ocasionalmente comercializados e utilizados para a produção de sobremesas, caldas, doces em compotas, geléias, vinhos e licores (Reitz & Klein, 1996). É uma planta ruderal (espécie cuja existência depende da presença humana próxima), de distribuição cosmopolita. A espécie é composta de duas variedades facilmente distinguíveis pelo número de pétalas na corola: R. rosaefolius J. E. Smith var. rosaefolius, com cinco pétalas, e R. rosaefolius J. E. Smith var. coronarius Sims, com corola dobrada, possuindo mais do que cinco pétalas. Este trabalho teve o objetivo de determinar a distribuição geográfica de framboesa-silvestre no Rio Grande do Sul, além de dados referentes à frutificação e as características dos locais de ocorrência. Material e Métodos Foram consultados os acervos de R. rosaefolius nos herbários da Embrapa Clima Temperado (HCT), Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (HAS), Universidade de Caxias do Sul (HUCS), Universidade Federal de Pelotas (PEL) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICN). Os locais de coleta especificados nas fichas das excicatas foram plotados em mapa para permitir a visualização da área de ocorrência. Resultados Em todos os herbários consultados existem exsicatas de R. rosaefolius coletadas no Rio Grande do Sul. Há registros de coleta para vinte municípios gaúchos. A maioria do material consultado é procedente da Planície Costeira e Encosta Superior do Nordeste (Serra Gaúcha). Coletas disjuntas para as regiões do Planalto (Barão de Cotegipe) e Depressão Central (Taquari e Vale do Sol) sugerem uma distribuição mais ampla para esta espécie (Figura 1). Consultas em herbários localizados nas demais regiões do Estado pode oferecer informações maiores quanto à amplitude de distribuição desta espécie. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas As datas de coleta presente nas fichas de exsicatas coletadas em estádio fértil demonstra a ocorrência de florescimento e frutificação durante todo o ano. Os locais especificados nas observações de coleta demonstram que trata-se de uma planta com grande plasticidade e pouco exigente quanto às condições ambientais. É comumente encontrada em pomares, hortas e jardins; está presente em ambientes perturbados, como terrenos baldios e beiras de estradas, além de participar da sucessão secundária em capoeiras e em trilhas na mata; ocorre também como invasora em ambientes preservados, como bordas e interior de matas. Encontra-se presente desde o nível do mar até altitudes mais elevadas, incluindo topos de morros, desde solos secos até encharcados, e em locais sombreados ou sob sol pleno. A ocorrência em locais diversos demonstra que trata-se de uma espécie de fácil cultivo, sendo pouco exigente quanto a clima, solo, luminosidade e oferta de água. Os dados obtidos indicam que a framboesa-silvestre é uma planta de ampla distribuição e pouco exigente quanto às condições ambientais, oferecendo boas perspectivas para a prospecção de genes que confiram tolerância a estresses bióticos e abióticos. Este fato a caracteriza como um recurso genético importante em programas de melhoramento de framboesa cultivada. Sugere-se a coleta e conservação de germoplasma desta espécie, com ênfase em plantas que ocorram em condições adversas, e avaliação destas quanto a caracteres agronômicos. 343 344 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Figura 1. Distribuição geográfica de R. rosaefolius no Rio Grande do Sul. Conclusão A framboesa-silvestre possui ampla dispersão pelo território gaúcho, sendo adaptada a diferentes condições ambientais. Referências Bibliográficas Fernald, M.L. Gray´s Manual of Botany. 8 ed. New York: American Book Co. 1632p. 1950. Jennings, D.L. Raspberries and blackberries: their breeding, diseases and growth. New York: Academic Press. 299p., 1988. Reitz, R.; Klein, R.M. Flora Ilustrada Catarinense - Rosáceas. Herbário Barbosa Rodrigues: Itajaí, 1996. 135 p. Ocorrência de Espécie Nativas de Amora no Rio Grande do Sul Gustavo Heiden Rosa Lía Barbieri Marilice Cordeiro Garrastazu Lilian Oliveira Garcia Melissa Batista Maia Resumo Com o objetivo de determinar a ocorrência geográfica de amoras nativas no Rio Grande do Sul, foram realizadas consultas ao acervo de herbários no Estado. Foi verificada a ocorrência de cinco espécies autóctones de amora (R. brasiliensis Mart., R. erythroclados Mart., R. imperialis Cham. et Schlecht., R. sellowii Cham. et Schlecht e R. urticaefolius Poir). Estas espécies ocorrem preferencialmente em ambientes florestais, com maior expressão em vegetação secundária. A maior diversidade para o gênero é registrada para os municípios da Encosta Superior do Nordeste, ocorrendo decréscimo no número de espécies com a meridionalidade. Introdução O gênero Rubus é cosmopolita e taxonomicamente complexo, apresentando 12 subgêneros dos quais os dois subgêneros maiores e mais importantes economicamente são Eubatus (amoras), com mais de 200 espécies, e Idaeobatus (framboesas) com mais de 1000 espécies (Fernald, 1950; Jennings, 1988). A maioria das espécies é nativa de 346 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul regiões frias ou temperadas do Hemisfério Norte, porém algumas são encontradas nos trópicos e no Hemisfério Sul (Jennings, 1988). Reitz e Klein (1996) citam para o Estado de Santa Catarina a ocorrência de cinco espécies autóctones de amoras. Apesar de produzirem frutos comestíveis, nenhuma das espécies brasileiras foi domesticada. As cultivares de amora utilizadas no país são o resultado de introduções, hibridações e seleções de cultivares americanas. Este trabalho foi realizado com o objetivo de determinar a ocorrência geográfica das espécies nativas de amora no Rio Grande do Sul. Material e Métodos Foram consultados os acervos de Rubus em herbários das seguintes instituições de pesquisa do Rio Grande do Sul: Embrapa Clima Temperado (HCT), Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (HAS), Universidade de Caxias do Sul (HUCS), Universidade Federal de Pelotas (PEL) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICN). Os locais de coleta das espécies nativas, especificados nas fichas das excicatas, foram plotados em mapa para a elaboração de sua distribuição geográfica. Exsicatas determinadas somente até o nível de gênero não foram incluídas neste trabalho. Resultados De acordo com as exsicatas presentes nos herbários consultados, ocorrem no Rio Grande do Sul cinco espécies nativas de Rubus: R. brasiliensis Mart., R. erythroclados Mart., R. imperialis Cham. et Schlecht., R. sellowii Cham. et Schlecht e R. urticaefolius Poir. As Figuras 1 a 5 mostram o local de coleta das exsicatas de cada espécie nativa presente nos herbários consultados. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Figura 1. Local de coleta das exsicatas de R. brasiliensis do acervo dos herbários consultados. 347 348 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Figura 2. Local de coleta das exsicatas de R. erythroclados do acervo dos herbários consultados. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Figura 3. Local de coleta das exsicatas de R. imperialis do acervo dos herbários consultados. 349 350 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Figura 4. Local de coleta das exsicatas de R. sellowii do acervo dos herbários consultados. Os municípios que apresentaram maior diversidade para o gênero, de acordo com os registros de coleta, foram: Cambará do Sul, Farroupilha e São Francisco de Paula com quatro espécies; seguidos de Canela, Maquiné e Viamão com três espécies. Bento Gonçalves, Bom Jesus, Caxias do Sul, Erechim, Esmeralda, Gramado, Montenegro, Passo Fundo, Porto Alegre, Tenente Portela, Torres, Vacaria e Veranópolis possuíam registros de ocorrência para duas espécies, e os demais municípios onde existiam registro de coletas, para apenas uma. No entanto, são necessárias consultas a herbários de outras regiões do Estado para uma melhor representação da distribuição geográfica destas espécies. De um modo geral todas as espécies ocorrem em ambientes florestais, com maior expressão em áreas sujeitas a pressões antrópicas como fragmentos de mata e vegetação secundária. Também estão presentes, embora menos expressivamente, nas formações pioneiras naturais e florestas clímax, na borda ou interior das matas. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Figura 5. Local de coleta das exsicatas de R.. urticaefolius do acervo dos herbários consultados. Conclusão De acordo com os registros nos herbários consultados, ocorrem cinco espécies nativas de amora no Rio Grande do Sul, todas associadas principalmente a ambientes florestais. A maior diversidade de espécies ocorre na Encosta Superior do Nordeste, ocorrendo decréscimo com a meridionalidade. Referências Bibliográficas FERNALD, M.L. Gray´s Manual of Botany. 8 ed. New York: American Book Co. 1632p. 1950. JENNINGS, D.L. Raspberries and blackberries: their breeding, diseases and growth. New York: Academic Press. 299p., 1988. REITZ, R.; KLEIN, R.M. Flora Ilustrada Catarinense - Rosáceas. Herbário Barbosa Rodrigues: Itajaí, 1996. 135 p. 351 352 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Viabilidade do Pólen de Rubus Brasiliensis Melissa Batista Maia Rosa Lía Barbieri Maria do Carmo Bassols Raseira Gustavo Heiden Introdução O gênero Rubus apresenta 12 subgêneros, sendo Eubatus (amoras / blackberries) um dos maiores e mais importantes economicamente. A maioria das espécies é nativa de regiões frias e regiões temperadas do Hemisfério Norte, porém algumas são encontradas nos trópicos e no Hemisfério Sul (Jennings, 1988). Existem algumas espécies dióicas, mas a maioria das espécies de Rubus é monóica. A polinização por insetos é comum e os polinizadores têm sido identificados em algumas espécies. As flores de Rubus produzem alta quantidade de néctar, atrativo aos insetos. A fertilização ocorre um dia após a polinização e o pólen pode ser coletado e estocado para ser usado posteriormente. A manutenção da viabilidade do pólen durante a estocagem varia de acordo com a temperatura e umidade do local onde o mesmo será armazenado (Nybom, 1985). Durante o processo de maturação, os frutos mudam de cor (passando de verde para cores características). Embora todas as espécies tenham coloração de fruto característico quando maduros, pode ocorrer variação entre os genótipos. (Jennings et al.,1991). É freqüente a ocorrência de espécies silvestres de amora, nas regiões brasileiras de clima temperado, com características muito diversas entre si, desde a coloração do fruto (branca a preta) até o seu tamanho e sabor (CNPUV/Embrapa, 2003).Reitz (1996) relata que no 354 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Brasil ocorrem cinco espécies nativas de Rubus R. urticaefolius (amora preta), R. erythroclados (amora rosa), R. sellowii (amora vermelha), R.imperialis (amora branca), R. brasiliensis (amora branca). A ação do homem tem alta relação com a expansão de Rubus. Por um lado, Rubus fornece frutos com altos índices nutricionais tanto na planta cultivada quanto na silvestre. Por outro lado, o homem pode ser competidor do espaço de crescimento, freqüentemente retardando ou evitando o estabelecimento de plantas com valores comerciais. Neste caso, medidas significativas devem ser tomadas para melhorar a pesquisa com produção, longevidade e germinação das sementes (Zasada, 1996). A espécie Rubus brasiliensis (amora branca ou amora do mato) é um arbusto robusto com ramos secundários apoiantes, de porte ereto a rasteiro, com hastes recobertas por espinhos, folhas grandes e florescimento em quase todos os meses do ano, apresentando larga e expressiva dispersão pelo sul do Brasil. Esta espécie é empregada na medicina popular de vários países para tratamento de diferentes patologias, especialmente diabettes mellitus e hipoglicemia (Alonso et al., 1980), tendo funções antibactericida e antialérgica (Richards et al., 1994 e Nakahara et al., 1996). Também é usada em enfermidades relacionadas à dor, apresenta ação anticancerígena devido à presença do ácido elágico, e atua no combate à osteoporose devido à elevada concentração de cálcio (46mg/100g fruto). Usada também como tônico muscular para utilização durante práticas esportivas devido ao alto teor de potássio (245mg/100g fruto). Além disso, o fruto dessa espécie tem demonstrado um grande potencial de utilização como corante artificial de excelente qualidade (Cirilo, 1993). Esta espécie autóctone, R. brasiliensis, apresenta grande versatilidade na forma de reprodução sendo o grau de esterilidade relacionado ao nível de ploidia. As informações referentes à citogenética desta espécie são poucas. Germoplasma das espécies nativas está sendo mantido no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Fruteira Nativas da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Objetivo Tendo em vista programas de melhoramento genético e a necessidade de conhecer melhor características citogenéticas, tais como morfologia e viabilidade do pólen, este trabalho tem por objetivo determinar o potencial de fertilidade e ampliar o conhecimento sobre pólen de R. brasiliensis. Material e Métodos Para análise da viabilidade de pólen de plantas de Rubus brasiliensis (amora branca), coletadas no município de Farroupilha/RS e mantidas no BAG da Embrapa Clima Temperado, foram usadas as técnicas para observação de meiose em botões florais descritas por Guerra (1990), com as devidas alterações e adaptações à espécie em estudo. Os botões florais foram coletados e fixados em solução de álcool acético 3:1 (álcool etílico: ácido acético) por 24 horas. As lâminas foram preparadas pela técnica de esmagamento de anteras em carmim propiônico 1%. Foram avaliados 500 grãos-de-pólen por lâmina, em três repetições, totalizando 1500 grãos-de pólen. Resultados A freqüência de grãos-de-pólen estéreis foi reduzida (16,6%). Sob coloração de carmim propiônico, a média de grãos-de-pólen viáveis para as três repetições foi 83,4%, considerada satisfatória. 355 356 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas CIRILO, V.K. Manual de Plantas Medicinais, 44 ed. Assessoar, Paraná Brasil, 1993. Embrapa. Centro Nacional de pesquisa Uva e Vinho. Disponível em http:// www.cnanais peq frutos.pdf /cnpuv / 2003 acessado em 17/ 07/2003. RICHARDS, R.M.; DURHAN, E.D.G. and Liu.X. Anthibacterial activity of coumpounds from Rubus. Planta Med. v.60, p. 471- 473, 1994. ZASADA, J.C. Seed regeneration of salmonberry, salal, vine maple, and bigleaf maple in Oregon Coast Range. Canadian Journal of Forest Research. volume 24, p. 272-277, 1996. Nybom, H. Pollen viability assessments in blackberries (Rubus). Plant Systematics and evolution, volume 50 p. 281 - 290,1985. JENNINGS, D.L. Raspberries and blackberries: their breeding, diseases and growth. New York: Academic Press. 299p., 1988. JENNINGS, D.L.; DAUBENY, H. A.; MOORE, J. N. Blackberry and raspberry. In J.N. Moore and J.R. Ballington eds, Genetics resources of temperate fruit and nut crops. ISHS, Wageningen, Netherlands, 1991. Caracterização Citogenética de Rubus Imperialis (Amora Branca) Melissa Batista Maia Rosa Lía Barbieri Maria do Carmo Bassols Raseira Gustavo Heiden Introdução O gênero Rubus é cosmopolita e taxonomicamente complexo, apresentando 12 subgêneros. Os dois maiores subgêneros e os mais importantes economicamente são Eubatus (amoras / blackberries) e Idaeobatus (framboesas/raspberries). A maioria das espécies é nativa de regiões frias e regiões temperadas do Hemisfério Norte, porém algumas são encontradas nos trópicos e no Hemisfério Sul. As plantas do gênero Rubus podem ser arbustivas, de porte ereto, semi-ereto ou rasteiro, apresentando hastes recobertas por espinhos, os quais fazem com que as plantas possam ser usadas como barreiras para restringir e proteger áreas. A forma de crescimento de várias espécies, e as condições dos locais em que ocorrem, faz com estas também sejam usadas em projetos de controle de erosão do solo (Darrow, 1967). Caules, folhas e frutos servem de alimento para vários animais. A maioria das espécies de Rubus é monóica, mas existem algumas espécies dióicas. O florescimento ocorre durante a primavera ou verão e raramente no outono. As flores normalmente têm cinco sépalas e cinco pétalas. O tamanho das flores varia com o subgênero. A 358 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul polinização por insetos é comum e os polinizadores têm sido identificados em algumas espécies. As flores de Rubus produzem alta quantidade de néctar, atrativo aos insetos. Nas amoras a autopolinização é adequada para fornecer o estímulo necessário à produção assexuada de sementes, mas uma mistura de autofecundação e polinização cruzada ocorre freqüentemente. A fertilização ocorre um dia após a polinização (Jennings, 1988). O pólen pode ser coletado e estocado para ser usado posteriormente. A manutenção da viabilidade do pólen durante a estocagem varia de acordo com a temperatura e umidade do local onde o mesmo será armazenado. Durante o processo de maturação, os frutos mudam de cor (passando de verde para cores características). Embora todas as espécies tenham coloração de fruto característico quando maduros, pode ocorrer variação entre os genótipos (Nybom, 1985). O número de sementes por fruto varia consideravelmente entre as espécies, dependendo principalmente da polinização e da variabilidade genética. As sementes de amoras são descritas como tendo intensa dormência, causada por impermeabilidade do endocarpo, resistência mecânica, inibidores químicos para crescimento e presença de dormência embrionária. Esta dormência pode ser superada por uma combinação de fatores, incluindo exposição ao frio, mudanças diárias de temperatura, ciclos de umidade (fornecimento de água) e secagem da semente, escarificação química com ácido sulfúrico ou hipoclorito de sódio, escarificação mecânica por remoção de parte do endocarpo, tratamento hormonal (ácido giberélico e indolbutírico), manutenção das sementes em estufas a 25oC, imersão em água, entre outros. (Tappeiner e Zasada, 1993). Nas regiões brasileiras de clima temperado, é freqüente a ocorrência de espécies silvestres de amora com características muito diversas entre si, desde a coloração do fruto (branca a preta) até o seu tamanho e sabor. No sul do Brasil ocorrem cinco espécies nativas de Rubus: R. urticaefolius (amora-preta), R. erythroclados (amora-rosa), R. brasiliensis (amora-branca), R. sellowii (amora-vermelha), R. imperialis (amora-branca). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Apesar da existência de espécies autóctones, o cultivo da amora no Brasil só tomou impulso a partir da introdução de cultivares provenientes do Estado de Arkansas (Estados Unidos) pela Embrapa, em Pelotas/RS. As primeiras introduções ocorreram em 1974 e, a partir de um programa de melhoramento genético, foram desenvolvidas as primeiras cultivares brasileiras. A cultura encontra-se difundida nos Estados do Sul e Sudeste, ocupando o segundo lugar, dentre as pequenas frutas em produção e área cultivada. A amora apresenta elevada adaptabilidade e baixa exigência de frio, sendo promissora na região de Pelotas (CNPUV/Embrapa, 2003). Os frutos, além de consumidos in natura, podem ser comercializados para fabricação de doces, geléias, conservas, sucos, bolos, tortas. Podem ser congelados ou utilizados como polpa para uso em iogurtes e sorvetes (www.nucleoestudo.ufla.br, 2003). A genética de Rubus é complexa, pois o gênero apresenta formas de reprodução sexuada e assexuada. O número básico de cromossomos no gênero Rubus parece ser 7 (x=7), apresentando espécies diplóides, triplóides, tetraplóides, hexaplóides e octaplóides (Naruhashi, 2002). A Embrapa Clima Temperado mantém um Banco Ativo de Germoplasma de Fruteiras Nativas, no qual existem vários acessos de espécies autóctones de Rubus, coletadas nos Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná.Uma delas é Rubus imperialis (amora-branca) cujas plantas são arbustivas, de porte ereto a rasteiro, com hastes recobertas por espinhos, folhas grandes e florescimento em quase todos os meses do ano, sendo uma espécie de grande importância medicinal usada em alguns países no tratamento de doenças como diabetes (Alonso, 1980). Estudos confirmam que a espécie produz um composto que ajuda a diminuir a taxa de glicose sanguínea, sendo também antibacteriano, antialérgico e antiasmático. A polinização por insetos e a polinização cruzada é comum. O gênero apresenta grande versatilidade na forma de reprodução e no subgênero Eubatus o grau de esterilidade está relacionado com o nível de ploidia. As informações referentes a citogenética desta espécie são poucas e não há registro citogenético abrangendo as espécies ocorrentes no 359 360 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Brasil. Desse modo, é extremamente importante a realização de análises citogenéticas das espécies autóctones de Rubus. Objetivo O presente trabalho tem por objetivo ampliar o conhecimento sobre a fertilidade do pólen de R. imperialis e determinar o número cromossômico e a ploidia desta espécie autóctone. Material e Métodos Para análise da viabilidade de pólen, do número cromossômico e ploidia de plantas de Rubus imperialis (amora branca), coletadas no município de Farroupilha/RS e mantidas no BAG da Embrapa Clima Temperado, foram usadas as técnicas para observação de mitose em pontas de raiz e meiose em botões florais descritas por Guerra (1990), com as devidas alterações e adaptações à espécie em estudo. Análise do número cromossômico e ploidia de Rubus imperialis Para confecção das lâminas, foram coletadas pontas de raiz, com cerca de 1 cm, provenientes de estacas de raiz colocadas em terra úmida e de propágulos multiplicados e enraizados em cultura de tecidos através da técnica de cultura de meristemas, ou seja, das novas brotações, local onde ocorre divisão celular intensa. Estas brotações foram coletadas, geralmente à distância de duas gemas laterais abaixo da apical, mantidos em água destilada e armazenados em local escuro para diminuir a oxidação, pois nesta região ocorre intensa produção de fenóis que, em contato com o oxigênio, acabam oxidando. Os propágulos foram levados ao laboratório onde foram desinfestados em álcool 70% por 1-2 minutos, e mantidos em hipoclorito de sódio (produto comercial) a 1% por 10 minutos. Em seguida, foram submetidos à tríplice lavagem, na capela de fluxo laminar, com água destilada e esterilizada. Foi realizada a extração do meristema, mantendo o material no escuro por mais 36 horas. Para a multiplicação celular foi utilizado o meio de cultura MS (Murashige e Skoog, 1962). Depois de quinze dias, os tecidos foram transferidos ao meio MS com auxina, para enraizamento e mantidos por mais vinte e cinco dias neste meio, quando as raízes jovens foram coletadas. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas As raízes foram pré-tratadas com o agente antimitótico 8HQ (8 hidroxiquiloneína) por 24 horas, em geladeira, para bloquear o ciclo mitótico em metáfase e provocar maior contração cromossômica permitindo visualizar melhor sua morfologia. Em seguida foram hidrolisadas em HCl 5N por 60-90 minutos e esmagadas em orceína acética 1%. As lâminas foram observadas em microscópio óptico. Análise de viabilidade do pólen de Rubus imperialis Os botões florais foram coletados em diversos tamanhos para garantir a presença de grãos de pólen e fixados em solução de álcool acético 3:1 (álcool etílico: ácido acético) por 24 horas, em geladeira. As lâminas foram preparadas pela técnica de esmagamento de anteras em carmim propiônico 1% e observadas em microscópio óptico. Foram avaliados 500 grãos-de-pólen por lâmina em três repetições, totalizando 1500 grãos-de pólen. Resultados e Discussões Pela análise da mitose em pontas de raiz foi observado que a amorabranca (R. imperialis) é diplóide e possui 14 cromossomos (2n=14) com morfologia diferenciada. Estes dados concordam com os estudos de Naruhashi (2002), caracterizando a espécie com número básico de cromossomos igual a 7 (x=7). Através do estudo da meiose em botões florais, foi analisada a freqüência de grãos-de-pólen de R. imperialis, que apresentou reduzida esterilidade (24,4%). Sob coloração de carmim propiônico, a média de grãos-de-pólen viáveis para as três repetições foi 75,6%, considerada satisfatória. 361 362 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas Darrow,G.M.; Cytology and breeding of Rubus, J. Agric. Res. v. 47, p. 315-330,1967. Embrapa. Centro Nacional de pesquisa Uva e Vinho. Disponível em http://www.cnpuv.embrapa.br/peqfrutas/anais/ 1o Seminário Brasileiro sobre pequenas frutas. Maio de 2003 em Vacaria acessado em 17/07/ 2003. Embrapa. Centro Nacional de pesquisa Uva e Vinho. Disponível em http:// www.cnanais peq frutos.pdf /cnpuv / 2003 acessado em 17/ 07/2003. Naruhashi, N.; Iwatsubo, Y. Chromossome numbers in Rubus (Rosaceae) of Taiwan. Bot.Bull. Acad. Sin. v.43, p.193-201, 2002. Murashige, T; Skoog, F. A revised medium for rapid growth and bioassay with tobacco tissue cultures. Physiol. Plant., Copenhagen, v.15, p. 473-497, 1962. Darrow, G.M. The cultivate raspberry and blackberry in North America - breeding and improvement. Amer. Hort. Mag., v.46, p.203-218, 1967. Jennings, D.L. Raspberries and blackberries: their breeding, diseases and growth. New York: Academic Press. 299p., 1988. Nybom, H. Pollen viability assessments in blackberries (Rubus). Plant Systematics and evolution, volume 50 p. 281 - 290,1985. Tappeiner, J.C.; Zasada, J.C. Seed regeneration of salmonberry, salal, vine maple, and bigleaf maple in Oregon Coast Range. Canadian Journal of Forest Research. v.24, p.272-277, 1993. Quantificação de Vitamina C em Frutos de Araça-Comum Clevison Luiz Giacobbo Marcio Zanuzo Josiane Chim José Carlos Fachinello Resumo A realização do trabalho, teve por objetivo quantificar o teor de vitamina C em frutas de araçá-comum. O experimento foi realizado na Universidade Federal de Pelotas, UFPel-Pelotas/RS, com frutas de araçazeiro pertencente aos grupos, amarelo (P. cattleianum var. lucidum) e vermelho (P. Cattleianum). As frutas foram submetidas as avaliações das seguintes variáveis; acidez total titulável (ATT), sólidos solúveis totais (SST) e conteúdo de vitamina C. Não verificou-se, através dos resultados, diferenças significativas, sendo a ATT média de 1,57 Cmol.L-1, SST médio de 9,10ºBrix e quantidade de Vitamina C média de 38,85 mg.100g-1, valor esse considerado igual ou maior que as espécies; groselha vermelha, Uva spina, morango, umbu-cajá, maracujá, limão e maçã. Introdução Nos últimos anos a ciência da nutrição tomou novos rumos, onde novas fronteiras se abriram ligando nutrição e medicina. A nutrição tendo seu papel de fornecer nutrientes, tais como, proteínas, minerais, vitaminas, entre outros, porém com a descoberta de que certos alimentos contêm componentes ativos capazes de prevenir e controlar doenças, inclusive o câncer, fez com que esta ciência se associasse à Medicina, ganhando uma dimensão extra. Inúmeros alimentos de 364 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul origem vegetal com propriedades funcionais têm sido estudados. Entre as frutas destacam-se as vermelho escura e roxas, tais como, a amora, mirtilo e morango, que além de apresentarem um alto conteúdo de Vitamina C e betacaroteno, são ricas em compostos fenólicos, fitoquímicos com um potencial antioxidante muito maior que estas vitaminas (Salgado, 2003). Informações difundidas sobre características e propriedades nutracêuticas de espécies de pequenas frutas, tem gerado um aumento da procura pelos consumidores e ao mesmo tempo despertado a atenção dos produtores e comerciantes de frutas. Franco (2001), verificou as propriedades existentes no araçá e constatou que o mesmo possui como características, muitos minerais, como o cálcio, fósforo e ferro, além de conter fibras e em sua casca tanino, todos essenciais para o organismo humano. Apresenta ainda valores medicinais, podendo ajudar a evitar os radicais livres fortalecendo o organismo contra gripes e infecções. Neste contexto objetivou-se, no presente trabalho, quantificar o conteúdo de Vitamina C em frutos de araçá-comum. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Pelotas, UFPel - Pelotas/RS, no laboratório de controle de qualidade de alimentos-DCA, com frutos de araçá (Psidium sp.) oriundos do pomar didático da FAEM/UFPel. Os frutos foram colhidos e acondicionados em caixas de isopor com gelo, após a colheita, foram mantidos congelados até a realização da análise, sendo divididos em dois grupos. Frutos de araçá pertencente aos grupos, amarelo (P. cattleianum var. lucidum) e vermelho (P. cattleianum), o quais foram submetidos a avaliações das seguintes variáveis: - Acidez total titulável (ATT): realizada seguindo a metodologia proposta pelo Instituto Adolfo Lutz (1985), que consiste na titulação de 10mL de suco diluído em 100mL de água destilada, com uma solução de NaOH 0,1 N até atingir o pH 8,2. O resultado foi expresso em Cmol.L-1; Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas - Sólidos Solúveis Totais (SST): realizado com suco de frutos, determinado com refratômetro manual, marca Atago N1, e expresso em oBrix; - Teor de Vitamina C: analisada em 10 ml de suco, que foi adicionado num erlenmeyer contendo 50 ml de solução de ácido oxálico a 1%. A titulação foi efetuada com DCFI (2,6-diclorofenol indofenol) até atingir a coloração rosada persistente por 15 segundos. Os resultados foram expressos em mg de ácido ascórbico/100 ml de suco. Determinada por titulação com 2,6 diclorofeilindofenol (DCFI), de acordo com a metodologia de Carvalho et al. (1990). Resultados e Discussões Em todas as variáveis analisadas, acidez total titulável - ATT, sólidos solúveis totais - SST e conteúdo de vitamina C, não foi observado diferenças significativas entre os dois grupos de araçá, amarelo e vermelho. Observou-se que, em geral a ATT se mostrou elevada, com média de 1,6 Cmol.L-1, (figura 1a), se considerada as demais frutas, como graviola que apresenta em média 0,88 Cmol.L-1 (Lima et al, 2003), umbu-cajá 0,50 Cmol.L-1 (Lima et al, 2002), porém apresentou-se bem abaixo do limão siciliano que apresenta uma ATT de 6,6 Cmol.L-1 (Jacomino et al, 2003) e maçã 4,6 Cmol.L-1 (Brackmann et al, 2001). Com relação aos SST, conforme figura 1b, observou-se uma média de 9,1 oBrix, ocorrendo o inverso quando comparado as demais frutas, onde na graviola, Lima et al (2003), obtiveram 14,4 oBrix, umbu-cajá 11,0 oBrix (Lima et al, 2002) e limão siciliano apresentou-se inferior com 7,1 oBrix (Jacomino et al, 2003). Com relação ao conteúdo de vitamina C, presente nos frutos de araçá comum, não observou-se diferenças significativas entre o araçá amarelo e vermelho, porém verificou-se um alto conteúdo, conforme figura 1c. Na comparação nutricional de groselha preta e vermelha, uva spina, morango e maçã, Hummer & Barney (2002), verificaram uma grande diferença no conteúdo de vitamina C entre a groselha preta e vermelha, sendo 181 mg.100g-1 e 41 mg.100g-1, respectivamente. No 365 366 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul morango encontraram 56,7 mg.100g-1, Uva spina 27,7 mg.100g-1 e na maçã 5,7 mg.100g-1. Demonstrando superioridade das pequenas frutas em relação a maçã, no que se refere ao conteúdo de vitamina C. O mesmo foi verificado por Proteggente et al (2002), que em análise da atividade antioxidante de frutas. regularmente consumidos e reflexos de sua composição de fenólicos e vitamina C em 100g de peso fresco, a atividade encontrada foi assim ordenada, morango, framboesa, ameixa vermelha, pomelo, laranja, pêra e maçã. Em análises feitas em outras frutas, Suntornsuk (2002), encontrou os seguintes conteúdos de vitamina C; maracujá 39,1 mg.100g-1, limão com 10,5 mg.100g-1 e conteúdo contido em frutos quantificado através de suco fresco e amostras em gelo-seco na goiaba de 80,1 mg.100g-1 e em umbu-cajá, Lima et al (2003) encontrou 11,6 mg.100g-1. Os valores apresentados no araçá 38,9 foram similares a maioria das frutas estudadas, sendo inferior na groselha preta e goiaba, porém é bem superior a maçã e ao limão. Na relação entre, ATT com o conteúdo de vitamina C, verifica-se que frutos com maior acidez total titulável, apresentam menor conteúdo de vitamina C. Figura 1. Efeito de dois grupos de araçá (amarelo e vermelho) sobre a: a) acidez total titulável; b) sólidos solúveis totais e c) conteúdo de vitamina C. (FAEM/UFPel, 2004). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Conclusão Baseado nos dados das análises físico-químicas das frutas de araçazeiro comum (amarelo e vermelho), pôde-se concluir que o teor de Vitamina C encontrado é igual ou superior às espécies, groselha vermelha, Uva spina, morango, umbu-cajá, maracujá, limão e maçã, demonstrando-se como uma alternativa de consumo por parte da população, apesar de não ser ainda muito consumido, porém deve ser melhor estudado com relação a demais propriedades que a fruta possa apresentar e que não foram exploradas neste trabalho. Referências Bibliográficas BRACKMANN, A.; MELLO, A.M. de; FREITAS, S.T. de et al. Armazenamento de maçãs ´royal gala´ sob diferentes temperaturas e pressões parciais de oxigênio e gás carbônico. Rev. Bras. Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.3, p.532-536, dez. 2001. CARVALHO, C.R.L; MANTOVANI, D.M.B; CARVALHO, P.R.N.; MORAES, R.M.M. Análises químicas de alimentos. Campinas: ITAL, 1990. 121p. FRANCO, L.L. As incríveis 50 plantas com poderes medicinais. Curitiba: LOBO FRANCO, 2001, 247p. HUMMER, K.E.; BARNEY, D.L. Currants: Crop Reports. HortTechnology. 12(3), p.377-387, Jul-Sept. 2002. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. 3rd edição. São Paulo: O instituto, volume 1,. 583p. 1985. JACOMINO, A.P.; MENDONCA, K.; KLUGE, R.A.. Armazenamento refrigerado de limões ´Siciliano´ tratados com etileno. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v.25, n.1, p.45-48, abr. 2003. 367 368 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul LIMA, E.D.P. de A.; LIMA, C.A. de A.; ALDRIGUE, M.L. et al. Caracterização física e química dos frutos da umbu-cajazeira (Spondias spp) em cinco estádios de maturação, da polpa congelada e néctar. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v.24, n.2, p.338-343, ago. 2002. LIMA, M.A.C. de, ALVES, R.E.; FILGUEIRAS, H.A.C. et al. Comportamento respiratório e qualidade pós-colheita de graviola (Annona muricata L.) ´morada´ sob temperatura ambiente. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v.25, n.1, p.49-52, abr. 2003. PROTEGGENTE, AR.; PANNALA, AS.; PAGANGA, G.; et al. The antioxidant activity of regularly consumed fruit and vegetables reflets their phenolic and vitamin C composition. Free Radic Res. v. 36, n. 2, p.217-233, Feb. 2002. SALGADO, J.M. O emprego de amora, framboesa, mirtilo e morango na redução do risco de doenças. In: 1o Seminário Brasileiro sobre Pequenas Frutas, Ed. HOFFMANN, ALEXANDRE; SEBBEN, SANDRA DE SOUZA. 1, 22 mai. 2003, Vacaria, RS. Anais... Bento Gonçalves: EMBRAPA Uva e Vinho, 2003. p. 35-38. (DOC. 37). SUNTORNSUK, L.; GRITSANAPUN, W.; NILKAMHNK, S.; PAOCHOM, A. Quantitation of vitamin C content in herbal juice using direct titration. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis. v. 28, p. 849-855, 2002. Avaliação Pós-colheita de duas Seleções de Araçá-Amarelo (Psiduium cattleyanum Sabine) Emerson Dias Gonçalves Elisia Rodrigues Renato Trevisan Luis Eduardo Corrêa Antunes Introdução Atualmente existem duas cultivares de araçazeiro lançadas pela Embrapa Clima Temperado, uma de película amarela, ´Ya-cy´, e outra de película vermelha, ´Irapuã´ (Donadio, 2000). Estas cultivares, embora em pequena escala, são plantadas em pomares comerciais (Franzon, 2004). O mesmo autor relata que são importantes os estudos em conservação de frutos, uma vez que os frutos desta espécie são altamente perecíveis e pouco se sabe sobre o seu comportamento pós-colheita. De acordo com Awad (1993), não existem temperaturas ideais para o armazenamento refrigerado de frutas de diferentes espécies e cultivares, pois as frutas estão sujeitas a muitos tipos de problemas fisiológicos, que diminuem sua qualidade quando expostas a baixas temperaturas durante longos períodos. Entretanto Hernandez et al (2003) descrevem que temperaturas baixas de armazenamento podem ser promissoras para retardar muitas desordens internas em frutas de araçá. Desta forma, este trabalho teve como objetivo verificar a influência da temperatura e o período de armazenamento sobre as características físico químicas de frutas de duas seleções de araçazeiro amarelo. 370 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Material e Métodos O experimento foi realizado no laboratório de fitomelhoramento da Embrapa Clima Temperado, durante a safra de araçá no mês de março de 2004. As frutas utilizadas no experimento foram provenientes das seleções de araçazeiro amarelo 03/96 e 04/96 da mesma instituição. Para colheita, o parâmetro utilizado foi a coloração da epiderme, totalmente amarela, e foi realizada pela parte da manhã diretamente nas embalagens de armazenamento, sendo levadas para o laboratório, onde as mesmas foram pesadas e acondicionadas a uma temperatura de armazenamento de +5oC. Para cada embalagem continha aproximadamente 250 g de fruta. As analises físico-químicas foram realizadas na colheita (entrada na câmara) e após 3, 7 e 11 dias armazenamento respectivamente. Na colheita e após cada período de armazenamento realizou-se as seguintes avaliações: sólidos solúveis totais (SST), com o utilização de um refratômetro digital; pH; e acidez total titulável (ATT), titulando-se 10g de polpa da fruta diluída em 100ml de H2O destilada, com uma solução de NaOH a 0,1N até pH 8,1. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com 3 repetições, onde cada repetição contava com uma embalagem plástica contendo 250g de frutas, constituindo assim, um fatorial 2 X 3 (duas seleções com três períodos de armazenamento). A analise estatística foi realizada pelo programa estatístico SANEST. Resultados e Discussões As seleções de araçazeiro 03/96 e 04/96, respectivamente, quando armazenadas a temperatura de +5oC, não diferiram significativamente na perda de peso e nos teores de SST e pH, porém diferiram estatisticamente nas variáveis ATT e relação SST/ATT (Tabela 1). Também foi encontratada interação significativa entre o período de armazenamento e as seleções apenas para a variável SST. Na seleção 04/96, constatou-se que aos sete dias de armazenamento obteve maior teor de SST, diferindo apenas do dia da colheita, entrada na câmara. O mesmo foi constatado com a seleção 03/96, porém o aumento do teor de SST ocorreu nos últimos períodos de armazenamento (7 e 11 dias). Entre as seleções, a 03/96 apresentou maior teor de SST no último período de armazenamento (Tabela 2). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Quanto ao período de armazenamento dos frutos das seleções, em média, constatou-se que, ao aumentar o período do armazenamento, ocorre perda significativa de peso. Essas perdas provavelmente estejam associadas pela eliminação da água pelos frutos na transpiração (Tabela 3). Nesta mesma Tabela, observa-se que o teor de SST não diferiu entre os períodos de armazenamento, porém diferiram significativamente quando da entrada dos frutos na câmara. Isso pode ser explicado que, os frutos quando armazenados, perdem água, ocasionando um aumento na concentração dos SST. Quanto a AAT, verifica-se que os frutos na entrada da câmara e aos 11 dias de armazenamento, não diferiram entre si, porém, diferiram significativamente aos três e sete dias de armazenamento. Segundo Kays (1991), as modificações na concentração dos ácidos orgânicos durante o armazenamento de frutas variam com o tipo de ácido, o tipo de tecido e as condições de armazenamento, o que pode explicar os valores de ATT encontrados no trabalho. Quanto à relação SST/ATT, verificou-se que durante o período de armazenamento não diferiram entre si, porém mostraram diferenças significativas na entrada da câmara (Tabela 3).O pH diminui com o passar do período de armazenamento. Conclusão a) A temperatura a qual foram armazenadas os frutos das seleções influenciaram nas características físico-químicas. b) Quanto maior o tempo de armazenamento para as duas seleções, maior é a perda de peso. 371 372 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 1. Valores médios obtidos nas análises fisco-quimicas em frutos das seleções de araçá-amarelo, armazenados a +5oC. Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas RS, 2004. Seleções 03/96 04/96 Media geral CV(%) Perda peso (g) 12,34 ns 11,44 13,05 5,84 SST(ºBrix) 13,29 ns 12,82 13,05 5,84 ATT(%) 0,84 b 0,92 a 5,39 2,28 SST/ATT 15,50 a 14,05 b 14,77 9,010 pH 3,55 ns 3,44 3,49 5,07 Medias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Duncan (P<0). ns - não significativo. Tabela 2. Interação entre período de armazenamento x Seleções de araçá amarelo, para a variável SST em frutas armazenadas a +5oC. Embrapa Clima Temperado/CPACT,Pelotas, RS, 2004. P e río d o S e le ç ã o a rm a z e n a m e n to 0 4 /9 6 E n tra d a c â m a ra 1 1 ,9 0 b A 3 d ia s 1 3 ,1 6 a b A 7 d ia s 1 3 ,5 0 a A 1 1 d ia s 1 2 ,7 0 a b B Medias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem pelo teste de Duncan (P<0). S e le ç ã o 0 3 /9 6 1 1 ,1 3 b A 1 3 ,6 0 a b A 1 3 ,7 6 a A 1 4 ,6 6 a A e maiúscula na linha, Tabela 3. Valores médios obtidos nas análises fisco-quimicas em frutos de araçá-amarelo armazenados em diferentes períodos de armazenamento a +5oC. Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas, RS, 2004. Período Entrada Perda peso(g) - SST(ºbrix) 11,51 b ATT(%) 0,96 a SST/ATT 11,97 b pH 3,67 a 3 dias 8,15 c 13,38 a 0,82 b 16,33 a 3,68 a 7 dias 12,17 b 13,6 a 0,82 b 15,92 a 3,34 b 11 dias 15,92 a 13,68 a 0,92 a 14,87 a 3,34 b Medias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Duncan (P<0).ns - não significativo. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Referências Bibliográficas AWAD, M. Fisiologia pós-colheita de frutos. São Paulo, Nobel, 1993, p.114 DONADIO, L.C. (Ed.) Novas variedades brasileiras de frutas. Jaboticabal; Sociedade Brasileira de Fruticultura, 2000.200 p. FRANZON, R.C. Caracterização de mirtáceas nativas do sul do Brasil Dissertação Mestre em Ciências. Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Departamento de Fitotecnia. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas RS, 2004,99 p. HERNANDEZ, M.S.; MARTINEZ, O.; FERNANDEZ, J.P. XXVI International Horticultural Congress: Issues and Advances in Postharvest Horticulturae. Post harvest quality of Araza fruit (Eugenia stipitata) treated with calcium chloride solutions at two temperatures. Acta Horticultureae,1991, v.628, p.653-660. KAYS, S.J. Postharvest physiology of perishable plant products. New York, 532p. 1991. 373 374 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Uso de Diferentes Tipos de Embalagens na Conservação Pós-colheita de Araçá-vermelho (Psiduium cattleyanum Sabine) Emerson Dias Gonçalves Elisia Rodrigues Renato Trevisan Luis Eduardo Corrêa Antunes Introdução O araçazeiro está entre as espécies nativas do sul do Brasil que se destacam com o potencial para exploração econômica, devido a sua possibilidade de serem comercializados na forma in natura, ou ainda para industrialização (Franzon, 2004). A vida pós-colheita desta fruta é reduzida devido a sua alta taxa respiratória. Nesse sentido o ponto de colheita deve ser realizado enquanto a mesma esteja firme para o manuseio (Swifit & Prentice ,1983). As frutas desta espécie têm curta vida pós-colheita em condições ambientes, porém quando embaladas em sacolas plásticas com baixas temperaturas (13oC) e alta umidade relativa (75%) atingem 10 dias de vida de prateleira (Galvis & Hernandez, 1993). No Brasil não há relatos sobre a conservação do araçazeiro em embalagens destinadas ao consumo in natura, o que não é o caso para outras espécies como framboesa, amora, mirtilo e morango, entretanto, as embalagens plásticas são amplamente utilizadas para estas espécies. Nesse sentido, o uso de embalagens de papelão poderá a ser mais uma alternativa de embalagem na conservação das pequenas frutas. O trabalho teve como objetivo verificar a qualidade de frutas de araçazeiro em diferentes embalagens e épocas de conservação. 376 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Material e Métodos O experimento foi realizado no laboratório de fitomelhoramento da Embrapa/CPACT, durante a safra de araçá no mês de março de 2004. As frutas utilizadas no experimento foram provenientes das coleções de araçazeiro da mesma instituição. Para sua colheita o parâmetro utilizado foi à coloração da epiderme, sendo colhida, quando a mesma encontrava-se com a epiderme totalmente vermelha. A colheita foi realizada pela parte da manhã diretamente nas embalagens a serem testadas (plásticas, papelão e bandejas) as quais foram levadas imediatamente ao laboratório, onde foram pesadas e armazenadas a temperatura de + 5oC. Em cada embalagem continha aproximadamente 250 g de fruta. O experimento foi montado da seguinte maneira, cultivar de Araçá vermelho (Irapuã), três tipos de embalagens: (plástica, bandeja e papelão) e três épocas de avaliações: (3, 6 e 9 dias de armazenamento). O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com três repetições. Após cada período de armazenamento realizaram-se as seguintes avaliações: sólidos solúveis totais (SST), com a utilização de um refratômetro digital; pH, com o auxilio de um peagâmetro e acidez total titulável (ATT), titulando-se 10g de polpa da fruta diluída em 100 ml de H2O destilada, com uma solução de NaOH a 0,1 N até pH 8,1. A analise estatística foi realizada através do programa estatístico SANEST. Resultados e Discussões De acordo com os resultados obtidos, observa-se que para a variável percentagem de perda de peso (Tabela 1) a embalagem de papelão obteve maior percentual (15,68%), diferindo significativamente da embalagem plástica, porém, não da bandeja. Provavelmente esta maior perda de peso tenha ocorrido em conseqüência da transpiração das frutas devido à ausência do pré-resfriamento. Para as variáveis SST, ATT e sua relação não houve diferença significativa, Entretanto observou-se maior pH para as frutas armazenadas na bandeja. Quanto ao período de armazenamento embora a diferença não tenha sido significativ entre os períodos de avaliação, aos 11 dias de armazenamento as frutas apresentaram maior percentagem de perda de peso (Tabela 2). Quanto aos SST, observou-se aumento significativo nos teores no decorrer do período de armazenamento Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas (Tabela 2). A embalagem de papelão aos 11 dias de armazenamento, proporcionou maior teor de SST. Provavelmente esse aumento tenha ocorrido devido a degradação dos ácidos orgânicos. A variável ATT foi significativamente maior aos três dias de armazenamento possivelmente devido ao maior pH observado nas frutas (Tabela 2). Quanto à relação ao SST/ATT como era de se esperar diferiu dos demais períodos de armazenamento apenas na entrada da câmara. De maneira geral observa-se que o araçá apresenta curta vida pós-colheita e nenhuma das embalagens testadas mostrouse superior na manutenção da qualidade pós-colheita das frutas de araçazeiro. Conclusão a) Osfrutosde araçá necessitamde pré-resfriamento antes de serem armazenados b) Os frutos armazenados em embalagens plásticas apresentam menor perda de peso; c) Quanto maior o período de armazenamento, maior o teor de SST. Tabela 1. Valores médios obtidos nas análises fisco-químicas em frutos de araçá-vermelho, armazenados em diferentes embalagens a +5oC. Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas, RS, 2004. Variáveis Perda peso (%) SST (ºBrix) ATT (%) SST/ATT pH Papelão 15,68 a 12,88 a 1,4 a 9,20 a 3,31 b Bandeja 13,81ab 12,57 a 1,36 a 9,29 a 3,45 a Cx Plástica 10,95 b 12,65 a 1,37 a 9,24 a 3,32 b Media 13,31 12,70 1,32 9,23 3,36 Cv (%) 13,66 3,41 2,46 5,32 4,57 Medias seguida pela mesma letra na linha não diferem pelo teste Duncan (P<0). 377 378 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 2. Valores médios obtidos nas análises fisco-químicas em frutos de araçá-vermelho, armazenados em diferentes períodos a +5oC. Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas, RS, 2004. Variáveis Entrada câmara 3 dias 7 dias 11 dias Perda de peso (%) 12,76 a 12,95 a 14,57 a SST (ºBrix) 11,20d 12,30 c 13,03 b 14,30 a ATT(%) 1,44 a 1,26 b 1,38 a 1,44 a SST/ATT 7,75 b 9,49 a 9,76 a 9,94 a pH 3,24 b 3,82 a 3,15 b 3,23 b Medias seguida pela mesma letra na linha não diferem pelo teste Duncan (P<0). Tabela 3. Interação entre período de armazenamento e tipos de embalagem, para a variável SST em frutas de araçá vermelho. Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas, RS, 2004. A rm a z e n a m e n t o E m b a la g e n s B a n d e ja P a p e lã o P lá s t ic a 1 1 d ia s 1 3 ,6 9 a B 1 5 ,2 6 a A 1 3 ,9 0 a B 7 d ia s 1 3 ,3 3 a A 1 2 ,7 3 b A 1 3 ,0 3 b A 3 d ia s 1 2 ,0 3 b A 1 2 ,3 3 b A 1 2 ,4 6 b A E n t ra d a c â m a ra 1 1 ,1 9 c A 1 1 ,1 9 c A 1 1 ,1 9 c A Médias seguidas pela letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem pelo teste de Duncan. Referências Bibliográficas FRANZON, R. C. Caracterização de mirtáceas nativas do sul do Brasil. Dissertação Mestre em Ciências. Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Departamento de Fitotecnia. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas RS, 2004,99 p. GALVIS, V.J.A.; HERNANDEZ, M. S. Comportamiento fisiológico del arazá (Eugenia stipitata) bajo diferentes temperaturas de almacienamento. Colombia Amazônica, v.6, n.2, p.123-134, 1993. SWIFT, J.F.; PRENTICE, W.E. Native fruit species of the Ecuadorian Amazon: production, techniques and processing requirements. In: New fruits with potential for the American tropics. Homestead, Florida. American Society for Horticultural Science Tropical Region, v.27, part A 1983. Caracterização das Curvas de Respiração e Síntese de Etileno de Frutos de Psidium cattleianum Sabine. e de Butia capitata (Mart.) Becc Daniel Alexandre Neuwald Ricardo Fabiano Hettwer Giehl Josuel Alfredo Vilela Pinto Ivan Sestari Auri Brackmann Introdução A possibilidade de explorar o mercado de frutas nativas, que trazem consigo uma idéia de produto saudável e limpo, para uma população urbana cada vez mais preocupada com a saúde, está incentivando a pesquisa de algumas espécies, que até o momento têm sido pouco estudadas, como o araçazeiro e o butiazeiro, duas espécies bastantes apreciadas. O araçazeiro pertence à família botânica Myrtaceae e encontra-se naturalmente em uma extensa faixa do Brasil, que vai desde a Bahia até o Rio Grande do Sul (Lorenzi, 1992; Mauro, 2004). O fruto é uma baga, de coloração amarela ou vermelha com maturação que se estende desde setembro a março, (Vidal, 1992). O butiazeiro, da família botânica Palmaceae, é uma planta também encontrada naturalmente no sul do Brasil até a Bahia. O fruto é uma drupa comestível com mesocarpo carnoso e fibroso, que matura no período de dezembro a março (Lorenzi, 1992 e 1996). 380 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul A classificação dos frutos como climatéricos ou não climatéricos é essencial para definir o ponto de colheita e técnicas de manipulação e de armazenamento que possam ser usadas para prolongar a vida póscolheita (Archbold & Pomper, 2003). O amadurecimento de frutos climatéricos é coordenado e/ou induzido pelo etileno, enquanto que frutas não-climatéricas não apresentam uma alta produção de etileno, mas pode ser sensíveis a este fito-regulador durante a fase póscolheita. O climatério de frutos é acompanhado de mudanças físicas e químicas, como a redução da firmeza de polpa e da acidez total titulável, evolução da cor, pois estas mudanças, que fazem parte do amadurecimento (Abdi et al., 1998). Desta forma, o objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento pós-colheita dos frutos de araçá e de butiá, para classificá-los como climatéricos ou não climatéricos. Material e Métodos O estudo foi realizado no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria, com frutos coletados de plantas existentes no campus da universidade. Os araçás de variedade com coloração vermelha foram colhidos nos pontos de maturação meio maduro (epiderme vermelha-clara) e maduro (epiderme vermelha intensa). Para cada ponto de maturação, utilizouse três repetições, com unidade experimental composta por cerca de 500g de frutos. Os butiás, também foram divididos em dois pontos de maturação: meio maduro (epiderme verde-amarela) e maduro (epiderme completamente amarela). Utilizou-se três repetições para cada ponto de maturação, sendo a unidade experimental composta por 450g de frutos. Em ambos os estudos avaliou-se a respiração e a síntese de etileno dos frutos a 20 OC. As análises foram iniciadas 24h após a colheita, sendo realizadas diariamente até o 8 O e 9O dias para o araçá e butiá, respectivamente. A determinação da síntese de etileno foi obtida Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas mediante cromatografia gasosa, através de um cromatógrafo a gás marca Varian, modelo Star CX 3400, equipado com coluna Porapak e detector de ionização por chama, com temperatura de 90, 140 e 200°C para o injetor, coluna e detector, respectivamente. Para isso, uma massa conhecida de frutos foi acondicionada em recipientes de vidro com 5L de volume. Os recipientes permaneceram hermeticamente vedados à temperatura de 20 OC por duas horas. Após esse período, duas amostras de 1mL, dos gases contidos em cada recipiente, foram coletadas com o auxílio de seringas plásticas descartáveis e injetadas no compartimento de injeção do cromatógrafo. Com as concentrações de etileno determinadas nestes recipientes foi calculada a produção de etileno através da fórmula: PE = [V − (P D ) ]* E = µL C2H4 kg-1 h-1, onde: PE = produção de P *T etileno (µL de C2H4 kg-1 h-1); V = volume do recipiente (L); P = massa da amostra de frutos (kg de massa fresca); D = densidade dos frutos (g cm-3); E = µL L-1de etileno; T = tempo de fechamento dos recipientes (h). A respiração foi determinada através da produção de CO2 pelos frutos. Para isso, o volume interno de cada recipiente contendo amostras de frutos, conforme descrito anteriormente, foi circulado através de um analisador de gases, com fluxo contínuo da marca Agri-Datalog, e determinada a concentração de CO2 em percentagem. Para o cálculo da produção de CO2, considerou-se o volume interno dos recipientes, bem como a massa de frutos neles contidos e a %CO2 determinada pelo analisador. Para expressar os resultados em produção de CO2, ou respiração, utilizou-se a seguinte fórmula: R = [V − (P D ) ]* C *10 P *T mL de CO2 kg-1 h-1 onde: R = respiração (mL de CO2 kg-1 h-1); C = concentração de CO2 (%). = 381 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Resultados e Discussões O araçá, apresentou um climatério respiratório e um pico de etileno no 4o dia após a colheita, sendo que os picos respiratório e produção de etileno ocorreram no mesmo momento para frutos colhidos maduros e meio maduros (Figura 1). É importante salientar que no araçá o pico de etileno coincide com o pico de respiração climatérica o que também ocorre em Asimina triloba (L.) Dunal. (Archbold & Pomper, 2003) e em ameixa (Abdi et al. 1998) No entanto, para a curva da respiração ocorrem outros picos, mas menores, após o pico climatérico da respiração. Fenômeno semelhante também foi verificado em outras frutas como ´cherimoya´, ´atemoya´, ´soursop´ entre outras (Brown et al., 1988; Bruinsma & Paull, 1984). O pico de etileno do araçá apresentou uma produção de aproximadamente 9µL de C2H4 kg-1 h-1 e 6µL de C2H4 kg-1 h-1 nos pontos de colheita maduro e meio maduro, respectivamente. Estes valores são menores aos encontrados em maçãs, situada entre 10 e 100µL de C2H4 kg-1 h-1 (Kader, 2002). O pico de respiração apresentou valores superiores a 70mL de CO2 kg-1 h-1, valores estes muitos superiores aos verificados em maçãs que oscilam de 5 e 10mL de CO2 kg-1 h-1 (Kader, 2002). 9 5 50 4 40 3 2 30 1 µ L d e C2H 4 kg -1 h -1 6 S ín tes e d e etile n o 60 R es p i raç ã o µ L d e C2 H 4 kg -1 h -1 7 m L d e C O2 k g -1 h -1 70 8 180 90 160 80 140 70 120 60 100 50 80 40 60 30 40 20 20 10 0 0 20 1 2 3 4 5 6 7 8 R es p i r aç ã o 80 m L d e C O2 k g -1 h -1 B u tia c a p ita ta P s i d iu m c a ttle ia nu m 10 S ín tes e d e etil e n o 382 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 D ia s a p ó s co lh e ita D ia s a p ó s co lh e i ta E til. m ad ur os E til. m e io m adur os R es p. m ad uro s R es p. m eio m ad uros E til. m ad uros E til. m e io m ad uros R es p . m a duro s R es p . m eio m a duro s Figura 1. Respiração e produção de etileno de Figura 2. Respiração e produção de etileno de butiá, frutos de araçá, exposto a 20ºC, após a exposto a 20ºC, após a colheita. Santa colheita. Santa Maria, RS, 2003. Maria, RS, 2003. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas No butiá o pico climatérico de respiração não é tão nítido como no araçá, mas indica que se trata de um fruto de respiração climatérica. É importante ressaltar que após o pico climatérico houve nova elevação da respiração a partir do 6O dia de avaliação dos frutos. O butiá apresenta primeiro o climatério do etileno no 3O dia após a colheita para ambos os pontos de maturação, enquanto que o climatério respiratório ocorreu por volta do 6O dia após a colheita, também para os dois pontos de maturação (Figura 2). Este comportamento de frutos climatéricos apresentarem primeiro o pico de etileno e, após o respiratório, também foi observado em banana (Beaudry et al., 1987) e maçã (Kader, 2002). A síntese de etileno no seu pico, após três dias da colheita, apresentou uma produção de aproximadamente 140µL de C2H4 kg-1 h-1. Estes valores são superiores à produção de etileno encontrados em maçãs (Kader, 2002). Já em relação à respiração, no seu pico, apresentou valores superiores a 80mL CO2 kg-1 h-1, valores muito superiores aos encontrados para maçãs (Kader, 2002). Conclusão O araçá e o butiá são frutos climatéricos que apresentam picos de produção de etileno e de respiração, que são seguidos pelo processo de maturação de consumo. Referências Bibliográficas Abdi, N.; McGlasson, W.B.; Holford, P. et al. Responses of climacteric and suppressed-climacteric plums to treatment with propylene and 1methylcyclopropene. Postharvest Biology and Technology, v.14, n.1, p. 29-39, 1998. Archbold, D.D.; Pomper, K.W. Ripening pawpaw fruit exhibit respiratory and ethhylene climacterics. Postharvest Biology and Technology, v.30, n.1, p.99-103, 2003. 383 384 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Mauro, J.D. Glossário de frutas. Disponível em: <http:// www.painet.com.br/joubert/frutas.html>. Acesso em 10/05/2004. Beaudry, R.M.; Paz, N.; Black, C.C. et al. Banana ripening: implications of change in internal ethylene and CO2 concentrations, pulp fructose2,6-biphosphate concentration and activity of some glicolitic enzymes. Plant physiology, v. 85, n.1, p. 277 282, 1987. Brown, B.I.; Wong, L.S.; George, A.P. et al. Comparative studies on the postharvest physiology of fruit from different species of Annona (custard apple). Journal Horticulturae Science, v.63, p. 521-528, 1988. Bruinsma, J.; Paull, R.E. Respiration during postharvest development of soursop fruit, Annona muricata L. Plant Physiology, v.76, p.131 138, 1984. Kader, A.A. Postharvest biology and technology: an overview. In: Kader, A.A. (Ed.), Postharvest Technology of Horticultural Crops. University California, 39-47, 2002) Lorenzi, H. Árvores Brasileira: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Editora Plantarum Ltda : Nova Odessa, 1992. 352p. Lorenzi, H. Palmeiras no Brasil: exóticas e nativas. Editora Plantarum Ltda : Nova Odessa, 1996. 320p. Vidal, W.N. Botânica organografia: quadros sinóticos ilustrados de fanerógamos. 3 ed. UFV : Viçosa, 1986. 114p. Fenologia da Floração da Feijoa (Acca sellowiana (Berg) Burret), em Pelotas, RS Rodrigo Cezar Franzon Elisia Rodrigues Corrêa Maria do Carmo Bassols Raseira Introdução No sul do Brasil, dentre uma grande diversidade de fruteiras nativas existentes, podemos destacar a feijoa (Acca sellowiana (Berg) Burret), pertencente à família Myrtaceae. Esta espécie, que em Santa Catarina ocorre naturalmente nas áreas com altitude acima de 800m e, com maior freqüência, acima de 1000m (Ducroquet e Hickel, 1991), no Rio Grande do Sul ocorre na Serra Gaúcha e em áreas de menor altitude (sudeste do estado). Ocorre também em parte do Uruguai (Donadio et al., 2002). A feijoa vem sendo estudada pela Embrapa Clima Temperado (CPACT), em Pelotas, RS, há alguns anos, e também pela EPAGRI e Universidade Federal de Santa Catarina, em Santa Catarina, com o objetivo de conservá-la e fornecer subsídios para futuro programa de melhoramento genético e, desenvolver um sistema de produção que permita o cultivo em escala comercial. No Brasil não se tem informações sobre o cultivo comercial desta espécie. Entretanto, é cultivada com êxito em alguns países, como a Nova Zelândia e Estados Unidos da América (Franklin, 1985). Um dos aspectos importantes a se conhecer é a fenologia desta espécie, principalmente no que diz respeito ao ciclo de floração e frutificação. Este conhecimento é fundamental para planejar cruzamentos em programas de melhoramento genético e também para o manejo da espécie. Em Santa Catarina, a época de florescimento da 386 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul feijoa, se estende desde o início de outubro até meados de novembro (Ducroquet e Hickel, 1991). O objetivo deste trabalho foi observar os estádios fenológicos durante o desenvolvimento do órgão floral, bem como a época da floração da feijoa, nas condições de Pelotas, RS. Material e Métodos Para observação do desenvolvimento do órgão floral desta espécie, tomou-se como modelo os estádios fenológicos propostos por Ducroquet e Hickel (1991). Gemas floríferas foram marcadas de forma aleatória em plantas do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, RS. As observações foram feitas nos ciclos de floração correspondentes aos anos de 2002-2003 e 2003-2004. No primeiro ano foram marcadas 12 plantas, sendo que em cada uma delas foram marcadas 10 gemas floríferas. Para estimar o desenvolvimento destas, cada repetição foi representada pela média de três plantas, totalizando quatro repetições e 30 gemas por repetição. Isto foi necessário devido ao pequeno número de gemas floríferas emitidas pela espécie naquele ciclo. No segundo ano foram marcadas oito plantas, e em cada planta 15 gemas floríferas. Neste ano, cada repetição foi representada pela média de duas plantas, totalizando quatro repetições e 30 gemas por repetição. As gemas floríferas foram marcadas com etiquetas de papel, numeradas e parafinadas, logo que pudessem ser observadas, estádio este que foi tomado como estádio B, de acordo com Ducroquet e Hickel (1991). As observações foram deitas em intervalos de até três dias, registrando-se o estádio correspondente a cada uma delas. Foram também observados o início e o final de floração, quando 10% e 90% das gemas floríferas, respectivamente, estavam abertas. Para isso, observações visuais foram feitas nas plantas de um modo geral, sem selecionar plantas no pomar. Foram coletados os dados de temperatura máxima, mínima e média, e total de horas de frio para os anos de 2002 e 2003, a fim de verificar Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas se as possíveis diferenças no desenvolvimento do órgão floral e no período e floração ocorreram em decorrência dos fatores climáticos. Resultados e Discussões Até o final de setembro é muito difícil diferenciar, visualmente, as gemas que darão origem às flores. As gemas floríferas são facilmente identificadas a partir do estádio B (Figura 1), que corresponde a pequenos botões florais globosos e esbranquiçados. Estes botões desenvolvem-se até atingir o estádio C, que corresponde ao tamanho de uma ervilha. Verificou-se que a passagem do estádio B até C levou, em média, oito dias. O estádio C foi aquele que mais se prolongou, levando aproximadamente 16 dias até atingir o estádio D, onde começam a aparecer as pétalas, porém, o botão permanece fechado. Deste estádio até o próximo, o estádio de balão (estádio E), onde as pétalas começam a ficar descompactadas, porém ainda fechadas, transcorreram aproximadamente quatro dias. Ducroquet e Hickel (1991) observaram que é neste estádio que o estigma começa a emergir para fora das pétalas e, segundo Stewart (1987), neste momento o estigma já é receptivo ao pólen. Aproximadamente um dia após já é possível visualizar todos os estames com suas anteras vermelhas sobressaindo-se às pétalas, bem como a coloração avermelhada da parte interior destas, e o estigma e parte do estilete expostos (estádio F1), normalmente acima das anteras, sendo variável de acordo com o genótipo. Mais um dia e a flor está completamente aberta (estádio F2), com as pétalas na posição horizontal, e expondo suas numerosas anteras, que durante a transição do estádio F1 para F2 tornam-se deiscentes, liberando grande quantidade de pólen de coloração amarela. Figura 1. Estádios fenológicos de floração da feijoa (Acca sellowiana (Berg) Burr.). Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2004. 387 388 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O tempo total desde o estádio B até a completa abertura da flor (estádio F2) foi, em média, 30 dias. Houve variação entre o tempo total nos anos avaliados, sendo, aproximadamente, de 26 dias no ano de 2002 e, 32 dias em 2003. Aproximadamente dois a três dias após a abertura da flor vem a queda das pétalas, ou o que resta destas (estádio G), e mais três a quatro dias caem todos os estames, ficando apenas o estilete da flor (estádio H). Deste ponto até a queda do estilete (estádio I) transcorreram mais seis a sete dias. O tempo total desde o estádio B até a queda do estilete (estádio I) também variou nos anos avaliados, sendo de 37 dias no ano de 2002 e 43 dias em 2003, aproximadamente. Na média, temos 40 dias, mesmo número de dias observados por Ducroquet e Hickel (1991) quando descreveram os estádios fenológicos desta espécie em Videira, SC. Em relação à época de floração, foi observado que existe grande diferença entre os diferentes clones de feijoa. Enquanto alguns clones já estavam em fase final de floração, outros estavam apenas no início. De modo geral, os primeiros clones iniciaram a floração na primeira quinzena de outubro, e os últimos clones apresentaram o final de floração no final de novembro, ou seja, a floração desta espécie se estendeu do início de outubro até o final de novembro. Da mesma forma, Ducroquet e Hickel (1991) observaram diferenças no período de floração entre diferentes clones de feijoa, e, segundo estes mesmos autores, o tempo médio entre o início e final de floração, num mesmo clone, é de cerca de 25 dias, nas condições de Videira, SC. Não foi possível avaliar a época de maturação dos frutos, pois não houve produção no ano de 2002-2003, devido aos grandes danos causados por antracnose, que, além de causar a morte de algumas plantas, ocasionou a queda de quase 100% dos frutos. Segundo Ducroquet e Hickel (1991), nas condições de Videira, SC, a variabilidade na maturação entre clones é muito grande, iniciando no final de fevereiro e terminando no início de junho. Embora não tenha sido acompanhada a época de maturação dos frutos neste experimento, em observações anteriores constatou-se que não difere Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas muito da época de maturação em Santa Catarina. Deste modo, a feijoa pode ser introduzida nos sistemas de produção de frutas da região, sendo uma alternativa para complementação de renda, uma vez que a maturação acontece depois do final da maturação das principais frutíferas da região. Não houve grandes diferenças, entre os dois anos avaliados, para o período de floração desta espécie, bem como nas médias de temperatura máxima e mínima. O mesmo foi verificado em relação ao número de horas de frio, sendo que ocorreram 316 e 311 horas abaixo de 7,2oC, para os anos de 2002 e 2003, respectivamente. As pequenas diferenças observadas entre os dois anos, na época de floração da feijoa, podem ser devidas ao fato de se ter observado uma população formada por plantas oriundas de propagação sexuada, existindo grande variabilidade entre os clones. As flores de feijoa não apresentam nectários, mas são muito atrativas para insetos polinizadores devido as suas pétalas vistosas, carnosas e adocicadas (Degenhardt et al., 2001). Entretanto, os principais polinizadores são pássaros frugívoros. Estes também podem antecipar a queda dos estames e das pétalas, pois se alimentam destas últimas. Conclusão A partir do momento que os botões florais atingirem o estádio de balão, é necessário acompanhamento diário para realizar as hibridações. Referências Bibliográficas DEGENHARDT, J.; ORTH, A.I.; GUERRA, M.P.; DUCROQUET, J.P.; NODARI, R.O. Morfologia floral da Goiabeira Serrana (Feijoa sellowiana) e suas implicações na polinização. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.3, p.718-721. 2001. DONADIO, L.C., MÔRO, F.V.; SERVIDONE, A.A. Frutas Brasileiras. Jaboticabal: Ed. Novos Talentos. 2002. 288p. 389 390 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul DUCROQUET, J.P.H.J.; HICKEL, E.R. Fenologia da goiabeira serrana (Feijoa sellowiana, Berg) no Alto Vale do Rio do Peixe, Santa Catarina. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.13, n.3, p.313-320. 1991. FRANKLIN, S.J. Feijoas Varieties and Culture, Commercial Production. Horticultural Produce & Practice, MAF information, Private Bag, Wellington, New Zealand. 1985. STEWART, A. Reproductive biology and pollination ecology of Feijoa sellowiana. Auckland: University of Auckland, 1987. 115 p. Tese Doutorado. Fenologia da Floração e Maturação dos Frutos da Pitangueira (Eugenia uniflora L.), em Pelotas, RS Rodrigo Cezar Franzon Elisia Rodrigues Corrêa Maria do Carmo Bassols Raseira Introdução A pitangueira (Eugenia uniflora L.), pertencente à família das mirtáceas, é originária desde o Brasil Central até o norte da Argentina, e se distribui ao longo de todo o território brasileiro e em outras partes do mundo (Bezerra et al., 2000). Esta espécie vem sendo estudada pela Embrapa Clima Temperado (CPACT), em Pelotas, RS, há alguns anos, com o objetivo de conservá-la e também de implantar um programa de melhoramento genético e desenvolver um sistema de produção que permita o cultivo em escala comercial. A Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), em Itambé, PE, também vem estudando esta espécie e, neste Estado, o cultivo da pitangueira vem crescendo a cada ano (Bezerra et al., 2002), devido ao grande potencial de utilização dos frutos, que podem ser comercializados na forma de polpa e suco, e também para o fabrico de sorvetes, geléias, licores e vinhos. Um dos aspectos importantes a se conhecer é a fenologia desta espécie, pois, em programas de melhoramento genético, a hibridação é realizada quando a flor estiver em estádio de balão, próximo a antese. Também é importante conhecer os ciclos de floração e frutificação, aspecto fundamental para o manejo da espécie. 392 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Não são conhecidas muitas informações sobre ciclo reprodutivo da pitangueira. As variações climáticas das diferentes regiões de cultivo determinam as épocas de florescimento e frutificação. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, essas fases podem ocorrer duas ou mais vezes durante o ano. A floração normalmente ocorre de agosto a dezembro, podendo acontecer entre fevereiro a julho, e a frutificação, de agosto a fevereiro, podendo ocorrer entre abril e julho (Bezerra et al., 2000). O objetivo deste trabalho foi observar os estádios fenológicos da floração da pitangueira, bem como as épocas de floração e maturação dos frutos, no município de Pelotas, RS. Material e Métodos Foram utilizadas plantas do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado - CPACT, em Pelotas, RS. Algumas populações desta espécie apresentam dois ciclos de produção em cada ano. Para acompanhamento do ciclo de floração e maturação dos frutos, foram utilizadas plantas de dois tipos distintos de pitangueira existentes no CPACT e de origens diferentes: coletadas em mata nativa (doravante identificadas como "população A") ou coletadas na área urbana, em plantas de origem desconhecida e existentes há décadas em pátios residenciais ou de escolas (doravante identificadas como "população B"). Para observação dos diferentes estádios fenológicos, gemas floríferas foram marcadas de forma aleatória em plantas da "população B", que estão sob constante avaliação e seleção, em relação às características de seus frutos. No primeiro ano foram marcadas cinco plantas, enquanto que no segundo ano foram marcadas quatro plantas. Cada planta representou uma repetição. Em cada planta foram marcadas trinta e duas gemas floríferas. As observações foram feitas no primeiro ciclo do ano, correspondente aos meses de setembro a dezembro, nos anos de 2002-2003 e 20032004. Tomou-se como modelo os estádios fenológicos propostos por Ducroquet e Hickel (1991) para feijoa (Acca sellowiana). A partir deste Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas modelo, e também consultas aos esquemas adotados por Fleckinger (1945) em outras fruteiras, as observações visuais foram feitas, procurando caracterizá-las por alterações morfológicas marcantes, facilmente identificáveis visualmente. As gemas floríferas foram marcadas com etiquetas de papel, numeradas e parafinadas, logo que pudessem ser observadas, estádio este que foi tomado como estádio B. Estas gemas eram observadas em intervalos de até três dias, registrando-se o estádio correspondente a cada uma delas. Foram também observados o início e o final de floração, quando 10% e 90% das gemas floríferas, respectivamente, estavam abertas, e também o início e final da maturação dos frutos. Para isso, observações visuais foram feitas nas plantas de um modo geral, sem selecionar plantas no pomar. Foram coletados os dados de temperatura máxima, mínima e média, e total de horas de frio para os anos de 2002 e 2003, a fim de verificar se as possíveis diferenças no desenvolvimento do órgão floral desta espécie, e no período e floração e maturação dos frutos, eram em decorrência dos fatores climáticos. Resultados e Discussões Para pitangueira, os estádios fenológicos não são tão marcantes quanto na feijoa, porém, podem ser identificados com observações mais cuidadosas. Os botões florais ocorrem nas axilas das brácteas sobre a base dos ramos jovens ou do ano (Donadio et al., 2002), de forma isolada ou fasciculada, em número de quatro a oito botões. A primeira observação foi feita tão logo o botão pudesse ser observado e foi denominado de estádio B (Figura 1). Neste estádio o botão floral tem forma globosa, de coloração verde clara. Aproximadamente sete a oito dias depois, o primeiro par de sépalas começa a abrir (estádio C), mostrando o segundo par, porém não aparecem as pétalas. Neste estádio o botão floral está com o dobro do tamanho, e apresenta coloração verde, em tom mais escuro que o anterior. Mais oito a nove dias e começam a aparecer as pétalas, de coloração branca (estádio 393 394 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul D), facilmente identificáveis pelo contraste com a cor verde das sépalas. Após o primeiro sinal de aparecimento das pétalas, transcorrem quatro a cinco dias até o botão atingir o estádio de balão (estádio E), onde já está bem desenvolvido, com as pétalas prestes a abrir e expor suas anteras e o estigma. Vem, então, a abertura da flor (estádio F), entre um e dois dias depois da fase de balão. O tempo necessário para passar da fase de balão para flor é muito dependente da temperatura e, se esta for muito elevada, pode durar menos de um dia. Durante a abertura das flores as anteras também vão se tornando deiscentes, expondo grande quantidade de pólen, de coloração amarela. Figura 1. Estádios fenológicos de floração da pitangueira (Eugenia uniflora L.). Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2004. O tempo total desde o estádio B até a abertura das flores (estádio F) foi de aproximadamente 23 dias (Figura 2), sendo que não foram observadas grandes diferenças entre os dois anos de avaliação. As pétalas e os estames começam a cair aproximadamente dois a três dias após a antese, passando pelo estádio G e atingindo o H, respectivamente, e com mais cinco a sete dias cai também o estilete da flor (estádio I), iniciando o desenvolvimento dos frutos. O tempo total desde o estádio B até a queda do estilete (estádio I) foi, em média, 33 dias. Durante o desenvolvimento dos botões florais, um número significativo destes caíram antes mesmo de atingir o estádio de flor. Em média, caíram 39% no primeiro ano de avaliação e 51% no segundo ano, sendo esta percentagem muito variável entre plantas (algumas apresentaram queda de 19% e outras até 62%). Caíram também flores após a antese, entretanto este número não foi avaliado. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas A floração da pitangueira ocorre de maneira escalonada entre os diferentes clones, e também entre as diferentes populações ("população A" e "população B"). De modo geral, para as plantas da "população A", a floração iniciou na terceira semana de setembro e finalizou na segunda semana de outubro. Para a "população B" iniciou na primeira semana de setembro e terminou na segunda semana de outubro. A maturação dos frutos das plantas da "população A" de fruteiras nativas iniciou na metade de novembro e se estendeu por um mês, enquanto que para a "população B" iniciou no final de outubro e se estendeu até a terceira semana de novembro. Estas, entretanto, apresentam um segundo ciclo de floração e frutificação. A floração neste segundo ciclo ocorre entre os meses de fevereiro e março, e a maturação dos frutos em abril e maio, podendo acontecer pequena variação entre anos, dependendo das condições climáticas. Não houve grandes diferenças, entre os dois anos avaliados, para o período de floração e maturação dos frutos da pitangueira, bem como nas médias de temperatura máxima e mínima. O mesmo foi verificado em relação ao número de horas de frio, sendo que ocorreram 316 e 311 horas abaixo de 7,2oC, para os anos de 2002 e 2003, respectivamente. A pitangueira pode complementar os sistemas de produção de frutas da região de Pelotas, RS, uma vez que a maturação ocorre em época diferente de outras frutíferas importantes, como o pessegueiro e a ameixeira. Conclusão Para realizar hibridações, uma vez que os botões florais atingirem o estádio de botão branco, é necessário acompanhamento diário. 395 396 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas BEZERRA, J.E.F.; SILVA JUNIOR, J.F. da; LEDERMAN, I.E. Pitanga (Eugenia uniflora L.). Jaboticabal: FUNEP. 2000. 30 p. (Série Frutas Nativas, 1). BEZERRA, J.E.F.; LEDERMAN, I.E.; FREITAS, E.V.; SILVA JÚNIOR, J.F. Propagação de genótipos de pitangueira (Eugenia uniflora L.) pelo método de enxertia de garfagem no topo em fenda cheia. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.3, p.718-721. 2002. DONADIO, L.C., MÔRO, F.V.; SERVIDONE, A.A. Frutas Brasileiras. Jaboticabal: Ed. Novos Talentos. 2002. 288p. DUCROQUET, J.P.H.J.; HICKEL, E.R. Fenologia da goiabeira serrana (Feijoa sellowiana, Berg) no Alto Vale do Rio do Peixe, Santa Catarina. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.13, n.3, p.313-320. 1991. FLECKINGER, J. Notations phenologiques et representations graphiques du developpment des bourgeons de piories. In: Comptes rendus congress de Paris, 1945, L´Association Française pour l´Avancement des Sciences. Fenologia da Floração e Maturação dos Frutos da Uvalheira (Eugenia pyriformis Camb.), em Pelotas, RS Rodrigo Cezar Franzon Maria do Carmo Bassols Raseira Américo Wagner Júnior Introdução A uvalheira, Eugenia pyriformis Camb., pertencente à família Myrtaceae, é uma das espécies que se destaca dentre a grande diversidade de fruteiras nativas existentes no sul do Brasil. É também conhecida como uvaia, uvalha, uvaia-do-mato ou azedinha. Esta espécie tem algumas variedades originadas no litoral do Sul do Brasil e outras mais ao Norte do país (Andersen e Andersen, 1988). Donadio et al. (2002) citam a existência de duas variedades, E. pyriformis var. uvalha e E. pyriformis var. argentea, todas recebendo o mesmo nome comum. Segundo estes mesmos autores, esta espécie também é nativa no Paraguai e Argentina. O nome indígena tupi iwa´ya significa fruto ácido e deu o nome popular para esta espécie. Seus frutos são muito atraentes pela coloração amarela ou alaranjada e podem ser consumidos in natura ou utilizados para fazer sucos, sorvetes, geléias e doces. A uvalheira ocorre em todo o estado do Rio Grande do Sul (Donadio et al., 2002), e é conservada no Banco Ativo de Germoplasma de fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado - CPACT, onde vem 398 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul sendo estudada com o objetivo de melhor conhecer a espécie e, futuramente, desenvolver um sistema de produção que permita o cultivo em escala comercial e, talvez implantar um programa de melhoramento genético. Um dos aspectos importantes a se conhecer é a fenologia, principalmente no que diz respeito ao ciclo de floração e frutificação. Este conhecimento é fundamental para planejar cruzamentos em programas de melhoramento genético e também para o manejo da espécie. Não são conhecidas muitas informações sobre ciclo reprodutivo desta espécie. A uvalheira floresce em diferentes épocas nas diferentes regiões em que ocorre. Em Jaboticabal, no estado de São Paulo, floresce de agosto a setembro, enquanto no sul do país é mais tardia, podendo se estender até fevereiro. No Pantanal, a floração ocorre até novembro (Donadio et al., 2002). O objetivo deste trabalho foi observar os estádios fenológicos da floração da uvalheira, bem como as épocas de floração e maturação dos frutos. Material e Métodos Para observação dos diferentes estádios fenológicos, gemas floríferas foram marcadas de forma aleatória em plantas do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado - CPACT, em Pelotas, RS. As observações foram feitas no ciclo de floração correspondente aos anos de 2002-2003. Foram marcadas quatro plantas e, em cada planta, trinta gemas floríferas. Cada planta representou uma repetição. Tomou-se como modelo os estádios fenológicos propostos por Ducroquet e Hickel (1991) para feijoa (Acca sellowiana). A partir deste modelo, e também consultas aos esquemas adotados por Fleckinger (1945) em outras fruteiras, foi acompanhado o desenvolvimento do órgão floral da uvalheira, procurando caracterizá-lo por alterações morfológicas marcantes, facilmente identificáveis visualmente. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas As gemas floríferas foram marcadas com etiquetas de papel, numeradas e parafinadas, logo que pudessem ser observadas, estádio este que foi tomado como estádio B. Estas gemas eram observadas em intervalos de até três dias, registrando-se o estádio correspondente a cada uma delas. Foram também observados o início e o final de floração, quando 10% e 90% das gemas floríferas, respectivamente, estavam abertas, e também o início e final da maturação dos frutos. Resultados e Discussões As flores desta espécie são axilares, e seus botões são muito pequenos. Através de uma observação minuciosa nos ramos mais jovens, é possível observar os minúsculos botões florais, de coloração verde, forma globosa e tamanho aproximado de um milímetro, aparecendo nas axilas das folhas, isoladamente ou em número de até três no mesmo pedicelo. Neste estádio, que foi denominado de estádio B, ainda não é possível diferenciar as estruturas do botão, como por exemplo, as sépalas que o envolvem no início de desenvolvimento. Com o desenvolvimento do botão, após aproximadamente 10 dias pode-se observar, com cuidado, um pequeno afastamento do primeiro par de sépalas. Este momento foi denominado de estádio C. O desenvolvimento do botão floral desta espécie é demorado, sendo o mais longo dentre as mirtáceas existentes no BAG do CPACT, e a passagem pelo estádio C é a fase mais demorada no processo. O próximo estádio (estádio D) foi marcado pelo primeiro sinal de aparecimento da coloração branca das pétalas, que acontece junto com o afastamento do segundo par de sépalas. Segundo Donadio et al. (2002), as sépalas são desiguais e pubescentes. A passagem do estádio C para o estádio D demorou, aproximadamente, 40 dias. A partir deste ponto o desenvolvimento é rápido, e em quatro dias atinge o estádio de balão (estádio E), e, entre um e dois dias após, a flor está completamente aberta (estádio F). A fase de flor é rápida, e a queda das pétalas ocorre um ou dois dias após a abertura da flor, atingindo o estádio G. Mais um dia e os 399 400 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul estames também caem (estádio H), restando apenas o estilete. Com mais cinco a seis dias ocorre a queda do estilete (estádio I) e o fruto começa a se desenvolver. O tempo total desde o aparecimento do botão floral até a queda dos estiletes, em uma mesma planta, foi de aproximadamente 63 dias. A queda de botões antes de atingir o estádio de flor foi de aproximadamente 20%. Entretanto, entre a antese e a queda do estilete, caíram outros 24%. O desenvolvimento dos frutos da uvalheira é rápido, sendo que o tempo entre a antese e a maturação foi de aproximadamente 21 dias. A floração desta espécie é uma das mais prolongadas dentre as mirtáceas do BAG do CPACT. De modo geral, no ciclo de 2002-2003, iniciou-se na terceira semana de dezembro e se estendeu até a segunda semana de fevereiro. A maturação dos frutos foi relativamente rápida, iniciando na terceira semana de janeiro e estendendo-se até o final de fevereiro, sendo variável dentre os diferentes acessos desta espécie. A uvalheira apresenta comportamento diferenciado em relação ao da cerejeira-do-rio-grande. Enquanto que o desenvolvimento do órgão floral da uvalheira é demorado, o da cerejeira-do-rio-grande é rápido. Já em relação ao desenvolvimento dos frutos, ocorre o contrário, é rápido na uvalheira e demorado na cerejeira-do-rio-grande. As flores da uvalheira, assim como de outras mirtáceas frutíferas, como a pitangueira, a cerejeira-do-rio-grande, o guabijú, a guabirobeira e a jabuticabeira, são muito atrativas para insetos polinizadores, principalmente abelhas e mamangavas. Para fins de melhoramento genético, é importante conhecer a fenologia da espécie, pois a hibridação é realizada quando a flor estiver em estádio de balão, próximo a antese. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Conclusão Para realizar hibridações, uma vez que os botões florais atingirem o estádio de balão é necessário acompanhamento diário. A uvalheira, se introduzida nos sistemas de produção de frutas da região, pode complementá-los, uma vez que a maturação dos frutos acontece depois do final da maturação das principais frutíferas da região, como o pessegueiro e a ameixeira. Referências Bibliográficas ANDERSEN, O.; ANDERSEN, V.U. As Frutas Silvestres Brasileira. 3ª ed. Rio de Janeiro: Globo Rural, 1989. 203p. DONADIO, L.C., MÔRO, F.V.; SERVIDONE, A.A. Frutas Brasileiras. Jaboticabal: Ed. Novos Talentos. 2002. 288p. DUCROQUET, J.P.H.J.; HICKEL, E.R. Fenologia da goiabeira serrana (Feijoa sellowiana, Berg) no Alto Vale do Rio do Peixe, Santa Catarina. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.13, n.3, p.313-320. 1991. FLECKINGER, J. Notations phenologiques et representations graphiques du developpment des bourgeons de piories. In: Comptes rendus congress de Paris, 1945, L´Association Française pour l´Avancement des Sciences. 401 402 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Fenologia da Floração e Maturação dos Frutos da Cerejeira-do-Rio-Grande (Eugenia involucrata DC), em Pelotas, RS Rodrigo Cezar Franzon Elisia Rodrigues Corrêa Maria do Carmo Bassols Raseira Rosa Lia Barbieri Introdução A cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata DC.), mirtácea nativa do sul do Brasil, ocorre desde Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, principalmente em florestas semidecíduas de altitude (Donadio et al., 2002). Ocorre também no norte do Uruguai, Argentina (Misiones e Corrientes) e no Paraguai (Sanchotene, 1989). O fruto é consumido in natura, entretanto pode ser utilizado para o processamento, na forma de doces, geléias e/ou sucos. Esta espécie também pode ser utilizada como planta ornamental, tendo em vista sua bonita forma e aparência. A Embrapa Clima Temperado (CPACT) vem estudando esta espécie com o objetivo de conservá-la e, futuramente, introduzi-la nos sistemas de produção da região. Conhecer a fenologia da espécie, principalmente no que diz respeito ao ciclo de floração e frutificação, é fundamental para planejar cruzamentos em futuro programa de melhoramento genético e também para o manejo da espécie. 404 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul O objetivo deste trabalho foi observar os estádios fenológicos durante o desenvolvimento do órgão floral da cerejeira-do-rio-grande, bem como as épocas de floração e maturação dos frutos. Material e Métodos Foram utilizadas plantas do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado - CPACT, em Pelotas, RS. Para observação dos diferentes estádios fenológicos, gemas floríferas foram marcadas, de forma aleatória, em quatro plantas, sendo que cada planta representou uma repetição. Nesta espécie as flores ocorrem nas axilas foliares, em lançamentos do ano, isoladas ou em grupos de duas ou quatro gemas floríferas. Em cada planta foram marcados 30 lançamentos, e acompanhou-se o desenvolvimento das gemas floríferas. As observações foram feitas nos ciclos de floração correspondentes aos anos de 2002-2003 e 2003-2004. Tomou-se como modelo os estádios fenológicos propostos por Ducroquet e Hickel (1991) para feijoa (Acca sellowiana). A partir deste modelo, e também consultas aos esquemas adotados por Fleckinger (1945) em outras fruteiras, as observações visuais foram feitas, procurando caracterizá-las por alterações morfológicas marcantes, facilmente identificáveis visualmente. As gemas floríferas foram marcadas com etiquetas de papel, numeradas e parafinadas, logo que pudessem ser observadas, estádio este que foi tomado como estádio B. Estas gemas foram observadas em intervalos de até três dias, registrando-se o estádio correspondente a cada uma delas. Foram também observados o início e o final de floração, quando 10% e 90% das gemas floríferas, respectivamente, estavam abertas, e também o início e final da maturação dos frutos. Foram coletados os dados de temperatura máxima, mínima e média, e total de horas de frio para os anos de 2002 e 2003, a fim de verificar se as possíveis diferenças no desenvolvimento do órgão floral desta espécie, e no período e floração e maturação dos frutos, eram em decorrência dos fatores climáticos. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Resultados e Discussões Assim como na pitangueira, nesta espécie os estádios fenológicos não são tão marcantes quanto na feijoa, por exemplo. No início, visualizam-se os pequenos botões florais envoltos por um par de brácteas lisas, de coloração verde brilhante. Segundo Donadio et al. (2002), estas são brácteas foliáceas e podem ocorrer em número de até cinco. Este estádio foi denominado estádio B (Figura 1). O botão desenvolve-se e começam a aparecer as pétalas, no início de coloração verde clara e brilhosas, denominado de estádio C. As pétalas aparecem junto com as sépalas, ambas em número de quatro, pois estas últimas são pequenas, livres, e não conseguem encobrir as pétalas, como ocorre na pitangueira. A passagem do estádio B para o estádio C levou, em média, aproximadamente oito dias. O brilho das pétalas vai desaparecendo juntamente com a coloração verde e a cor branca vai aparecendo. Essa mudança aconteceu em, aproximadamente, seis a nove dias, e foi denominada de estádio D. Em algumas plantas, a ponta das pétalas apresenta coloração avermelhada ou rosa, e esta cor é visualizada já neste estádio, no ápice do botão, que corresponde à extremidade das pétalas. Neste estádio, onde os botões encontram-se bem desenvolvidos, começam a ser observados os primeiros sinais de descompactação das pétalas. Depois de adquirir coloração branca, com mais dois a três dias o botão atinge o estádio de balão (estádio E), e no dia seguinte a flor está completamente aberta (estádio F), expondo seus numerosos estames de coloração branca e anteras podendo ser igualmente brancas ou levemente rosadas, com grande quantidade de pólen, de coloração branca ao olho humano, pois, quando colocado para germinar em meio de cultura e observado em microscópio ótico, este parece ser incolor. O tempo total desde o estádio B até a abertura das flores (estádio F) foi de aproximadamente 19 dias. Não foram observadas grandes diferenças entre os dois anos de avaliação. A queda das pétalas (estádio G) ocorreu entre um e dois dias após a antese, e a queda dos estames (estádio H), mais três a quatro dias após. Para atingir o próximo estádio (I), que corresponde à queda do estilete, foram necessários mais quatro a cinco dias. O tempo médio entre o aparecimento do botão floral e a queda dos estiletes, em uma mesma planta, foi de 30 dias. 405 406 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Figura 1. Estádios fenológicos de floração da cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata DC.). Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2004. Houve queda de flores de cerejeira-do-rio-grande durante o desenvolvimento do botão floral até a antese (estádio F). Caíram, respectivamente, 24% e 15%, no primeiro e segundo ano. No segundo ano, foi avaliada também a queda de flores entre a antese e a queda do estilete (estádio I), a qual foi, em média, 6%. O tempo médio de desenvolvimento dos frutos, desde a antese até a maturação, foi de 43 dias no primeiro ano de avaliação, e de 42 dias no segundo ano. A floração desta espécie é mais rápida do que outras existentes no BAG de fruteiras nativas do CPACT, como a pitangueira, a uvalheira e a feijoa, e inicia na segunda semana de outubro e finaliza entre o final de outubro e início de novembro. Considerando uma planta individualmente, este período é mais curto, podendo durar apenas pouco mais de uma semana. Aproximadamente uma semana após o final da floração dos últimos clones, aqueles que apresentaram floração mais precoce iniciaram a maturação dos frutos, que se Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas estendeu até a segunda semana de dezembro nos clones de floração mais tardia. Segundo Donadio et al. (2002), em Jaboticabal, SP, a cerejeira-do-riogrande apresenta floração no início da primavera, produzindo regularmente, porém pequena quantidade anual de frutos. Não houve grandes diferenças, entre os dois anos avaliados, para o período de floração e maturação dos frutos desta espécie, bem como nas médias de temperatura máxima e mínima. O mesmo foi verificado em relação ao número de horas de frio, sendo que ocorreram 316 e 311 horas abaixo de 7,2 OC, para os anos de 2002 e 2003, respectivamente. Para fins de melhoramento genético, é importante conhecer a fenologia da espécie, pois a hibridação é realizada quando a flor estiver em estádio de balão, próximo a antese. Conclusão Para realizar hibridações, uma vez que as pétalas atingirem a coloração branca é necessário acompanhamento diário. A cerejeira-do-rio-grande tem um ciclo de flor à fruta relativamente curto, entre 60 a 70 dias, desde que as gemas floríferas se tornam visíveis até a maturação dos frutos. Referências Bibliográficas DONADIO, L.C., MÔRO, F.V.; SERVIDONE, A.A. Frutas Brasileiras. Jaboticabal: Ed. Novos Talentos. 2002. 288p. DUCROQUET, J.P.H.J.; HICKEL, E.R. Fenologia da goiabeira serrana (Feijoa sellowiana, Berg) no Alto Vale do Rio do Peixe, Santa Catarina. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.13, n.3, p.313-320. 1991. 407 408 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul FLECKINGER, J. Notations phenologiques et representations graphiques du developpment des bourgeons de piories. In: Comptes rendus congress de Paris, 1945, L´Association Française pour l´Avancement des Sciences. SANCHOTENE, M.C.C. Frutíferas nativas úteis à fauna na arborização urbana. 2 ed. Porto Alegre: Sagra. 1989. 304 p. Propagação de Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora) por Alporquia Diógenes Mattei Carlos Eduardo Carnieletto Marcello Antonio de Col Wagner Corrêa Idemir Citadin Resumo Este trabalho teve como objetivo testar a técnica de alporquia na produção de mudas de jabuticabeira utilizando diferentes doses de AIB (4000, 6000, 8000 mg.dm-3) e diferentes substratos (vermiculita e 50 % vermiculita e 50% terra). O delineamento estatístico empregado foi o fatorial 3x2 (três doses de AIB em dois substratos), com seis tratamentos e três repetições. Foi avaliado o percentual de enraizamento aos 220 dias, sendo que para a vermiculita o percentual médio de enraizamento foi de 58%, para a vermiculita + terra foi de 100%. Não houve diferença significativa entre as concentrações de AIB. Com base nestes resultados é possível afirmar que a alporquia é um método viável para a propagação assexuada da jabuticabeira, justificando mais estudos nesta área. Palavras chave: AIB, promotores de enraizamento, substrato, propagação assexuada. 410 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Introdução A jabuticabeira pertence a família das Myrtaceae. É largamente distribuída no sul e sudeste brasileiro. São conhecidas em torno de 9 espécies de jabuticabeira (Manica, 2000), sendo que a Myrciaria cauliflora é a de ocorrência natural na Regiâo Sudoeste do Paraná> Sua fruta é muito apreciada, tanto para consumo natural como para a fabricação de geleias, vinhos e licores caseiros. Apesar de conhecida há muito tempo e da excelência de seus frutos a espécie não tem despertado atenção do fruticultor, que a considera (por falta de técnica), inadequada ao cultivo, tendo em vista a morosidade para o inicio de sua produção, que oscila de oito a quinze anos após o plantio da muda oriunda de sementes. Segundo Andersen citado por Soares (2001), o método mais usado para produzir mudas de jabuticabeira é aquele em que se usa a semente, obtendo-se a muda de pé-franco. Este é o método mais utilizado pelos produtores, o grande inconveniente deste método é o longo período juvenil. Assim o desenvolvimento de técnicas, de propagação assexuada, que antecipem a entrada em produção poderá contribuir para exploração econômica da cultura. A alporquia é um método de propagação assexuada utilizado para propagar espécies que apresentam dificuldade de enraizamento. Este método de propagação reduz o período juvenil das espécies quando empregado em ramos de plantas adultas. O presente projeto tem pôr finalidade a produção de mudas de jabuticabeira pelo método de alporquia usando diferentes substratos e diferentes doses de acido indolbutírico. Materiais e Métodos O material vegetal utilizado é proveniente de um pomar adulto de jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), de propriedade do senhor José da Silva, no município de Vitorino-PR. O solo é do tipo Latossolo roxo Distrófico, profundo, argiloso e bem drenado. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Avaliou-se diferentes concentrações de AIB (4000, 6000, 8000 mg.dm-3), e dois tipos de substrato: o primeiro composto pôr vermiculita umedecida; e o segundo pôr uma mistura de 50% de vermiculita mais 50% de solo. Na planta foi escolhido um galho ideal para que possa estruturar a alporquia, retirou-se a casca em forma de anel, o qual foi recoberto com uma fina camada de algodão embebido na solução de AIB na concentração desejada. Após isso, o substrato foi colocado pôr meio de pacotes plásticos amarrados nas extremidades. O delineamento estatístico empregado foi o fatorial 3x2 (três doses de AIB aplicados em dois substratos), com seis tratamentos e três repetições, tendo como unidade experimental um alporque pôr planta de jabuticabeira. Avaliou-se o percentual de enraizamento aos 220 dias após a implantação do experimento. Os dados foram submetidos à analise de variância e a comparação media será feita utilizando-se o teste de DUNCAN (Pd" 0,005). Resultados e Discussões Os resultados encontrados permitem dizer, de maneira preliminar que a vermiculita foi menos eficiente como substrato, se comparado a mistura de 50% de vermiculita mais 50% de solo (Fig. 01). Provavelmente isto ocorreu devido a vermiculita não ter sido capaz de reter umidade suficiente para o enraizamento. A manutenção da umidade em torno do local da alporquia é de suma importância para o enraizamento da muda, sendo que a mistura de vermiculita + solo foi mais eficiente neste parâmetro. Entretanto, o volume de raízes encontrados nos alporques cujo substrato era apenas a vermiculita, foi maior do que nos alporques com vermiculita + solo (dados não apresentados). Este fato pode ser explicado pela vermiculita se manter sempre friável, mesmo com o inicio da perda de umidade. Já a mistura de vermiculita + solo, forma um torrão muito duro, ao perder umidade, inibindo a ramificação das raízes presentes. Como na vermiculita as raízes foram mais 411 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul abundantes, possivelmente o período mínimo necessário para o desligamento do alporque da planta mãe, e seu transplante, pode ser menor do que na mistura de vermiculita + solo. Faz-se necessário, portanto, uma analise mais detalhada desta possibilidade. 100 a 90 Porcentagem de enraizamento 412 80 70 b 60 50 40 30 20 10 0 verm . + solo verm . Substratos Figura 1. Porcentagem de enraizamento de alporques em função de dois substratos. O período ideal de avaliação é em torno de 90 dias, porém por dificuldade de locomoção, só foi possível avaliar o experimento com 220 dias. A demora em se proceder a avaliação do experimento provocou a morte de dois alporques enraizados (dados não apresentados). Com a formação de raízes a demanda por água aumenta, acabando por desidratar o substrato. Com o substrato desidratado as raízes secam e o alporque acaba morrendo. Quanto ao uso de AIB não foram observadas diferenças significativas entre as concentrações utilizadas para o enraizamento dos alporques (Fig. 02). Vicari et al. (2002) obtiveram apenas 6,7% de enraizamento em plantas nativas de jabuticabeira no período juvenil, mesmo utilizando-se de 4000 mg.dm-3. Neste experimento utilizou-se de uma fina camada de algodão para facilitar o contato do promotor de enraizamento com o cambio vegetal. Isto, possivelmente, tenha facilitado a ação do AIB em estimular o enraizamento. O mesmo procedimento não foi utilizado por Vicari et al. (2002). Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Os resultados deste experimento foram satisfatórios, mas ainda é preciso verificar, entre outras coisas, o período mínimo para o desligamento dos alporques da planta-mãe, o uso de outros substratos no processo, a época mais adequada para a realização das alporquias. Numa escala de tempo maior, verificar o período entre o plantio das mudas no campo e o inicio da produção de frutos das plantas, provenientes de uma alporquia. 413 414 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Qualidade de Frutos de Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora) Desenvolvida em Condições Naturais de Sombreamento e em Pleno Sol Idinilson Jorge Vicari André Balestrini Daiane Del Sent Edivan José Possamai Elisângela Bellandi Loss Idemir Citadin Resumo O objetivo deste trabalho foi avaliar as características físicas e químicas dos frutos de jabuticabeira desenvolvidos em condições naturais de sombreamento (mata nativa) e em pleno sol (condições naturais modificada pela retirada do restante da vegetação). As análises foram feitas durante três anos (2001, 2002 e 2003). Concluiu-se que a retirada da vegetação não prejudicou a qualidade dos frutos, sendo observado no ano de 2001 um efeito positivo na qualidade. Introdução A jabuticabeira (Myrciaria cauliflora) é originária do Centro-sul do Brasil e apresenta tipos diferentes em diversas regiões. É uma árvore de tamanho médio, porte piramidal, vistosa. Apresenta tendência ao engalhamento desde pouco acima do solo, chegando certas variedades, como a Sabará, a formar uma copa densa a ponto de dificultar a colheita. 416 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul A jabuticabeira é encontrada vegetando desde o estado do Pará ao Rio Grande do Sul. Planta de clima tropical e subtropical úmido, sem excesso de umidade; não suporta estiagens prolongadas e geadas fortes. Em regiões secas o cultivo da jabuticabeira requer irrigação adequada. Desenvolvendo-se bem em regiões onde a temperatura média anual está em torno de 20oC (Rio Grande do Sul) a regiões onde a temperatura média anual está em torno de 30o (Pará), umidade relativa do ar entre 75 a 80% e luminosidade em 2000 horas/luz/ano. A jabuticabeira pode ser propagada por sementes, por estaquia, por enxertia. Embora mais precoces que as plantas pé-franco os enxertos produzem plantas de copas menores e menos produtivas. A alporquia vem sendo estudada como alternativa na produção de mudas (Vicari et al. 2002). O fruto é um bacídeo globoso, com diâmetro médio entre 20 a 30 mm e possui polpa macia, esbranquiçada e suculenta, de sabor subácido, que é circundado por um epicarpo fino e com sementes embebidas. Os frutos possuem um pequeno pedicelo e são produzidos em grande quantidade ao longo do tronco ou na axila das folhas que já abscidaram (Witbank et al., 1993). O fruto é consumido in natura ou usado no preparo de doces, geléias, licores, vinho, vinagre, aguardente, geléias, xarope, suco e outros. O extrato do fruto é usado como corante de vinhos e vinagres. Em medicina caseira utiliza-se: o chá de cascas para tratar anginas, diarréias e erisipelas; a entrecasca do fruto, em chá, destina-se ao tratamento de asma (Magalhães, 1996). Por se tratar de uma fruta perecível, o período de comercialização pós-colheirra é curto, pois há rápida alteração da aparência e sabor decorrente da intensa perda de água, deteriorização e fermentação da polpa observada em apenas dois dias após a colheita (Barros et al., 1996; Magalhães et al., 1996). O objetivo deste trabalho foi avaliar as características físicas e químicas dos frutos de jabuticabeira desenvolvidos em pleno sol (condições modificadas pela retirada do restante da vegetação) e condições naturais de sombreamento (mata nativa). Materiais e Métodos Os frutos de jabuticabeira foram coletados de plantas localizadas no Vale do Rio Fortuna, no município de Vitorino, Paraná. A primeira Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas colheita foi realizada no dia 05 de outubro de 2001, a segunda colheita no dia 19 de outubro de 2002 e a terceira e última colheita no dia 22 de novembro de 2003. Foram coletados aleatoriamente 30 frutos de cada planta, sendo 9 amostras de plantas sob a mata e 9 plantas em pleno sol totalizando 18 plantas. No laboratório, os frutos foram submetidos às análises físicas e químicas avaliando-se: teor de sólidos solúveis (oBrix), pH, peso médio dos frutos, diâmetro médio de frutos, peso médio das cascas, peso médio das sementes, número médio das sementes e peso médio da polpa. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 9 repetições por tratamento. Os resultados obtidos foram submetidos a análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Duncan (P£0,05). Resultados e Discussões Tabela 1. Características físicas e químicas de frutos de jabuticabeira coletados de plantas nativas na mata e plantas nativas em pleno sol no ano de 2001. Pato Branco, Paraná, 2004. Condição de desenvolvimento ºBrix pH Peso médio Diâmetro médio Peso médio Peso médio Nº Peso médio dos frutos de fruto das cascas das médio de polpa (g) ( cm) (g) sementes (g) semente (g) Pleno sol 15,14 a 4,00 a 7,23 b 2,26 b 2,67 b 0,22 b 1,25 a 4,36 a Plena mata 11,91 b 3,82 b 8,98 a 2,47 a 4,03 a 0,25 a 1,18 b 4,65 a Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Duncan (P £ 0,05). Tabela 2. Características físicas e químicas de frutos de jabuticabeira coletados de plantas nativas na mata e plantas nativas em pleno sol no ano de 2002. Pato Branco, Paraná, 2004. Condições ºBrix de desenvolvimento Pleno sol 13,21 Mata 12,47 pH Peso médio dos frutos (g) 3,96 7,98 3,92 8,49 Diâmetro médio de frutos (cm) 2,47 2,49 Peso médio Peso médio Nº Peso médio das cascas das sementes médio da polpa (g) (g) semente (g) 2,96 b 0,34 1,34 4,33 3,65 a 0,33 1,30 4,40 Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Duncan (P £ 0,05). 417 418 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 3. Características físicas e químicas de frutos de jabuticabeira coletados de plantas nativas na mata e plantas nativas em pleno sol no ano de 2003. Pato Branco, Paraná, 2004. Condições de desenvolvimento Pleno Sol Mata ºBrix pH 12,47 14,51 3,87 3,78 Peso médio Diâmetro médio Peso médio Peso médio Nº médio Peso médio dos frutos de frutos das cascas das sementes semente da polpa (g) (cm) (g) (g) (g) 7.58 1,81 2,61 0,42 1,24 2,33 7,95 1,66 2,31 0,45 1,14 2,42 Não foram observadas diferenças significativas, entre os tratamentos, nas variáveis analisadas. No ano de 2001 observou-se diferença significativa para todas as variáveis analisadas, exceto para peso médio de polpa. Observou-se que frutos de plantas desenvolvidas em pleno sol apresentaram teor de sólidos solúveis (oBrix), pH e número médio de sementes significativamente maior que frutos de plantas desenvolvidas na mata. Já estes apresentaram peso e diâmetro médio dos frutos maiores, porém o peso da polpa não diferiu de frutos de plantas desenvolvidas em pleno sol (Tabela 1). No segundo ano de observação (2002), peso médio das cascas diferiu significativamente entre os tratamentos. Nas demais variáveis não observou-se diferenças significativas (Tabela 2). No terceiro e último ano de avaliação não foram observadas diferenças significativas em nenhuma das variáveis avaliadas (Tabela 3). A quantidade de luminosidade incidente sobre uma planta está diretamente ligada com a fotossíntese que, por sua vez, está relacionada com os teores de carboidratos das estruturas das plantas. Durante a fotossíntese ocorre uma série de reações através das quais se formam moléculas de açúcar com seis átomos de carbono (hesoxes) (RAWITSCHER, 1979). Subentende-se que, as plantas da mata, por estarem sujeitas à menor incidência de luz, a taxa de fotossíntese seja menor, conseqüentemente, menor será o teor de sólidos solúveis armazenados nos frutos. Isso explica o porquê da maior concentração de sólidos solúveis em frutos coletados de plantas em condições de pleno sol no ano de 2001. Porém este mesmo fato não ocorreu nos dois subseqüentes anos de observação. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Acredita-se que frutos com maior teor de sólidos solúveis (oBrix) e menor peso médio de casca tenham uma vida mais curta de prateleira quando submetidos em condições de comercialização, pois a casca é mais fina e os frutos por concentrar mais solutos estão mais propícias ao rompimento e posterior contaminações. Contudo tais espécimes são mais bem aceito para consumo in natura e, quando submetidos a processamento industrial, apresentam maior rendimento. Conclui-se que a retirada da vegetação não prejudicou a qualidade dos frutos, sendo observado, no ano de 2001 em efeito positivo na qualidade. Referências Bibliográficas BARROS, R.S.; FINGER, F.L.; MAGALHÃES, M.M. Changes in nonstructural carbohydrates in developing fruit of Myrciaria jabuticaba. Scientia Horticulturae, The Netherlands, v. 16, p.209-215, 1996. MAGALHÃES, M.M., BARROS, R.S., FINGER, F.F. Changes in nonstructural carbohydrates in developing fruit of Myrciaria jabuticaba. Scientia Horticulturae, The Netherlands, v. 16, p.209-215, 1996. RAWITSCHER, F. Elementos Básicos de Botânica. Ed. NACIONAL. São Paulo, 1979. 382p. VICARI, I. D., BACCIN, D.R., FRANCHIN, M., BASSANI, M.H., CITADIN, I., Propagação e Analise físico-química de frutos de jaboticabeira (Myrciaria cauliflora), Anais SAEP/JIC, Pato Branco, PR, pg 291-293, 2002. WILBANK, W.V., CHALUN, N.N.J, ANDERSEN, O. The Jabuticaba in Brasil. Proceedings of the American Society for Horticultural Science, Alexandria, c.27A, p57-69, 1983. 419 420 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Efeito do Estádio de Maturação dos Frutos e de Substratos na Germinação de Sementes e Desenvolvimento Inicial de Plântulas de Jabuticabeira Rodrigo Sobreira Alexandre Américo Wagner Júnior Jacson Rondinelli da Silva Negreiros Claudio Horst Bruckner Rodrigo Cezar Franzon Introdução O principal método de propagação da jabuticabeira é por via seminífera, entretanto, pode ser propagada assexuadamente por estaquia ou mergulhia, métodos pouco usados por ser considerada uma espécie de difícil enraizamento (Manica, 2000). Para obtenção de sementes de boa qualidade, um dos aspectos que devem ser considerados está relacionado com o momento de sua coleta. O momento adequado pode ser constatado acompanhando-se o desenvolvimento do fruto e/ou da semente, por meio de características físicas e fisiológicas destes (Carvalho & Nakagawa, 1983). Em frutos carnosos, como o pimentão e o tomate, a maturidade fisiológica da semente, geralmente, coincide com o início da alteração na coloração da epiderme dos frutos, ou seja, frutos verdes com manchas da cor final (Dias, 2001). Na produção agrícola recorre-se ao uso de substratos artificiais como meio de enraizamento, crescimento e produção de plantas (Gabriels et al., 1986). Um bom substrato é aquele que proporciona condições 422 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul adequadas à germinação e/ou ao surgimento e ao desenvolvimento do sistema radicular da muda em formação. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do estádio de maturação e de substratos na germinação de sementes e no desenvolvimento inicial de plântulas de jabuticabeira. Material e Métodos As sementes utilizadas foram extraídas de frutos de jabuticabeira (Myrciaria spp.), em três estádios de maturação, provenientes da coleção de plantas do Setor de Fruticultura da Universidade Federal de Viçosa (MG). O experimento foi conduzido em casa de vegetação, em outubro de 2003. Os três estádios de maturação do fruto foram: Estádio 1 - Fruto firme e parcialmente maduro (coloração da epiderme avermelhada); Estádio 2 - Fruto firme e maduro (coloração da epiderme atropurpúrea) e, Estádio 3 - Fruto coletado do solo e sem firmeza. As sementes foram semeadas a uma profundidade de 0,5 cm, em caixas plásticas com dimensões de 40 x 27 x 10 cm, contendo em seu interior os substratos, areia ou vermiculita. O experimento foi instalado em delineamento experimental inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3 x 2 (estádio de maturação x substratos), com quatro repetições, considerando como unidade experimental cada 50 sementes. A temperatura média do ar foi 20,7 OC, variando entre 15,9 OC a 27,7 OC. Aos 36 dias, avaliou-se: a porcentagem de germinação; número de plântulas por semente; índice de velocidade de emergência (IVE) (Maguire, 1962); comprimento total das plântulas (cm); altura da parte aérea das plântulas (cm) e, comprimento de raiz das plântulas (cm). Os dados foram submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey (a = 0,05). Os dados das porcentagens de germinação foram transformados segundo arco seno x / 100 e o Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas número de embriões segundo x + 1 . Já os dados das demais variáveis não sofreram transformação. Resultados e Discussões A germinação das sementes teve inicio aos 18 dias após a semeadura no substrato vermiculita e, dentro do Estádio 2. Por meio da análise de variância observou-se efeito significativo do fator substrato em todas as variáveis (Tabela 1). Entretanto, não foi observado efeito de interação estádio de maturação x substrato. Tabela 1. Valores médios da porcentagem de germinação, número de plântulas por semente, IVE, comprimento total e de raiz e, altura das plântulas de jabuticabeira em diferentes substratos (Areia e Vermiculita). Viçosa, MG, 2004. Substrato Areia Vermiculita CV (%) % de Germinação 41,59 b* 66,43 a* 12,25 N° de plântulas/ semente 1,56 b 1,61 a 3,09 IVE Compriment o Total (cm) 0,94 b 2,17 a 27,48 5,71 b 7,66 a 8,26 Comprimen to de Raiz (cm) 1,61 b 4,10 b 2,10 a 5,56 a 13,34 8,45 Altura (cm) *Letras diferentes, na mesma coluna, diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. De acordo com a Tabela 1, observa-se que o substrato vermiculita apresentou as maiores médias em todas as variáveis analisadas. Isso se deve provavelmente às características físicas que este substrato possui, favorecendo a germinação e o crescimento inicial das plântulas (Kämpf, 2000), devido à maior capacidade de retenção de umidade. Já em relação ao fator estádio de maturação, apenas as variáveis número de plântulas por semente, comprimento total e de raiz das plântulas variaram de forma significativa, pelo teste de F (Tabela 2). 423 424 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Tabela 2. Valores médios da porcentagem de germinação, número de plântulas por semente, IVE, comprimento total e de raiz e, altura das plântulas de sementes de jabuticabeira, extraídas em três estádios de maturação do fruto. UFV, Viçosa, MG, 2004. N° de % de plântulas/sem Germinação ente Estádio 1** 52,22 ns 1,55 b Estádio 2** 58,58 ns 1,62 a Estádio 3** 51,23 ns 1,58 ab CV (%) 12,25 3,09 Estádios IVE Comp. Total (cm) Altura (cm) Comp. de Raiz (cm) 1,70 ns 1,49 ns 1,47 ns 27,48 6,46 b 7,21 a 6,38 b 8,26 1,80 ns 2,01 ns 1,75 ns 13,34 4,67 b 5,19 a 4,63 b 8,45 ns = Não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. * Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Quanto ao número de plântulas por semente, observa-se que a coleta das sementes realizada no Estádio 2 apresentou os maiores valores (1,62), sendo seguido do Estádio 3, que não diferiu do Estádio 1. A obtenção de mais de uma plântula por semente confirma a ocorrência de poliembrionia. A coleta de sementes no Estádio 2 favoreceu o desenvolvimento de maior número de embriões. Em melão, Harrington (1959) mostrou que o estádio de maturação do fruto teve influência na germinação de suas sementes. Isto não foi observado no presente trabalho onde os três diferentes estádios de maturação não influenciaram significativamente na germinação de suas sementes. Resultados semelhantes foram obtidos Mantovani et al., (1980), no qual, observaram que frutos de pimentão coletados ainda verdes apresentaram sementes com alta porcentagem de germinação. Entretanto, segundo Carvalho e Nakagawa (1983), sementes que não se encontram completamente maduras podem germinar, não resultando contudo em plântulas tão vigorosas como aquelas colhidas no ponto certo. Observa-se no presente trabalho que, apesar da porcentagem de germinação e o IVE das sementes não terem sido influenciados pelos diferentes estádios de maturação dos frutos, encontraram-se Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas diferenças significativas quando se comparou o comprimento total e da raiz das plântulas germinadas. No comprimento total e de raiz, constatou-se que o Estádio 2 apresentou os maiores resultados, com 7,21 e 5,19 cm, respectivamente. As sementes extraídas neste estádio de maturação apresentaram desenvolvimento físico e fisiológico que lhes garantiram o máximo de expressão de vigor, principalmente, relacionado ao crescimento de suas raízes. Conclusão Recomenda-se realizar a extração das sementes de jabuticabeira (Myrciaria spp.) em frutos apresentando estádio de maturação firme e maduro (Estádio 2). O melhor substrato para germinação e desenvolvimento inicial das plântulas foi a vermiculita. Referências Bibliográficas CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. Campinas: Fundação Cargil, 1983. 429 p. DIAS, D.C.F. Maturação de sementes. Seed News. v.5, n.6, p.22-24. 2001. GABRIELS, R.; VERDONCK, O.; MEKERS, O. Substrate requirements for pot plants in recirculating water culture. Acta Horticulturae, The Hague, v.178, p.93-99. 1986. HARRINGTON, J.F. Effect of fruit maturity and harvesting methods on germination of muskmelon seed. Proceeding of the American Society of Horticultural Science, n.73, p.422-430. 1959. KÄMPF, A.N. Seleção de materiais para uso como substrato. In: KÄMPF, A.N.; MAGUIRE, J. D. Speed of germination aid in selection and evaluation for emergence and vigour. Crop Science. Madison, v.2, n.2, p.176-177. 1962. 425 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul MANICA, I. Frutas nativas, silvestres e exóticas 1: técnicas de produção e mercado: abiu, amora-preta, araçá, bacuri, biribá, carambola, cereja-do-rio-grande, jabuticaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2000. 327p. MANTOVANI, E.C.; SILVA, R.F.; CASALI, V.W.D.; CONDÉ, A.R. Desenvolvimento e maturação fisiológica de sementes de pimentão (Capsicum annuum, L.). Revista Ceres. Viçosa. v.27, n.152, p 356368. 1980. 100 Porcentagem de enraizamento 426 90 80 70 60 50 verm. verm. + solo 40 30 20 10 0 4000 mg/l 6000 mg/l 8000 mg/l conc. de IBA Figura 2. Porcentagem de enraizamento de alporques de jabuticabeira em função de diferentes concentrações de AIB, e dois substratos. Conclusão A vermiculita pura é menos eficiente como substrato do que sua mistura com solo, apesar da mistura de vermiculita mais solo apresentar o inconveniente de formar um torrão duro ao sofrer dessecação. A dose de 4000 mg.dm-3 de AIB mostrou-se eficiente no estimulo do enraizamento, dispensando o uso de doses mais elevadas. A alporquia mostrou-se uma técnica adequada para a propagação assexuada da jabuticabeira. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Referências Bibliográficas MANICA, I. Frutas Nativas, Silvestres e Exóticas 1: técnicas de produção e mercado. Abiu, amora-preta, araçá, bacuri, biriba, carambola, cereja do rio grande, jabuticaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2000. 327p. SOARES, N. B. Jabuticaba instruções de cultivo. Rio Grande do Sul. Ed. Cinco continentes, 2001. VICARI, I.D.; BACCIN, D.R.; FRANCHIN, M.; BASSANI, M.H.; CITADIN, I. Propagação e analise físico-química de frutos de jabuticabeira (Myrciaria cauliflora). Anais... AEPE/JICC. Pato Branco, PR, p 291-293, 2002. 427 428 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Avaliação Fenológica de Phisalis peruviana L. em Pelotas, RS Anderson da Costa Chaves Alan Cristiano Erig Luciane Couto da Silva Márcia Wulff Schuch Recentemente a associação das pequenas frutas a propriedades nutracêuticas, tais como elevados teores de substâncias antioxidantes e anti-cancerígenas aumentou a curiosidade do consumidor, em busca da suplementação alimentar a partir da diversificação da dieta com base em frutas. Este fato tem provocado um estímulo ao cultivo de pequenas frutas em vários países, pela oportunidade de produção, e fazendo com que os tornem produtos importante na pauta de exportação, não somente pelo volume, mas pela sua expressão econômica e social devida sua alta cotação e oportunidade dos pequenos produtores participarem do mercado internacional. O termo "pequenas frutas" é utilizado para um grupo de espécies já consagradas em países tradicionais produtores, porém freqüentemente, novas espécies são inseridas neste conjunto, já que há flexibilidade nos conceitos que delimitam tais espécies componentes, havendo um grande campo em potencial a ser explorado para a inserção de espécies desconhecidas do mercado, tanto interno como externo, e que podem, em médio ou longo prazo, constituíremse em espécies de importância comercial (Pagot & Hoffmann, 2003). Uma espécie de grande valor nutricional e econômico que pode ser estudada para a incorporação no quadro das pequenas frutas é a Physalis peruviana L. Esta fruta é originária dos Andes e se distribui desde o México até o Peru, sendo a espécie mais conhecida deste gênero. A planta mede cerca de 1,50 metros e se reproduz por 430 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul sementes, estacas ou cultivo de tecidos, e caracterizando-se por ter um fruto açucarado e com bom conteúdo de vitamina A, C, ferro e fósforo (Fischer & Almanza, 1993). Segundo a Corporación Colombiana Internacional (1994), em diferentes regiões na Colômbia lhe atribuem propriedades medicinais tais como a de purificar o sangue, diminuir a albumina nos rins, aliviar problemas de garganta, fortificar o nervo óptico entre outras. No CEAGESP os distribuidores de frutas exóticas remuneram o produtor em R$ 40,00 o kilo da fruta a granel, porém embora o bom preço oferecido aos produtores, esta fruta é somente encontrada disponível nos grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, o que deve ser considerada uma excelente alternativa de agricultura para pequeno e médio produtor rural brasileiro, e podendo transformar o Brasil de importador a exportador (Toda fruta, 2003). Porém para que uma espécie seja introduzida é necessário fazer uma avaliação das condições de clima e solo da região, com o objetivo de auxiliar na seleção das espécies que tem condições de se adaptar em determinado local (Siqueira 2003). A abordagem entre o clima e a fenologia das plantas combina questões de botânica aplicada com questões meteorológicas, baseando-se no início e na duração das alterações visíveis no ciclo de vida das plantas. O conhecimento da fenologia, mesmo atualmente, é baseado nas observações de estádios de desenvolvimento extremamente visíveis (fenofases), como por exemplo, a germinação das sementes, emergência das gemas, desenvolvimento das folhas e floração. A organização das datas fenológicas proporciona informações importantes sobre a duração média das diferentes fenofases das distintas espécies em uma área, e sobre o local e as diferenças determinadas pelo clima nas datas de inicio dessas fases (Larcher, 2000). Objetivo O objetivo do trabalho visa a avaliação fenológica da Physalis peruviana L. na Região de Pelotas, vislumbrando a possibilidade de seu cultivo como forma de uma nova alternativa para produtores de pequenas frutas da região. Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Material e Métodos Neste experimento foram utilizados 20 plantas (Figura 1), com 60 dias depois de aclimatadas em condições ambientais normais da região (a campo). As plantas foram colocadas em canteiros do departamento de fitotecnia da Universidade federal de Pelotas RS na data de 15 de outubro de 2003, no espaçamento de 1 metro entre plantas e 2 metros entre linhas, foi utilizado estacas de bambu com 2 metros de altura para tutorar as plantas e evitar o acamamento das mesmas. No período de um ano serão avaliados, os períodos de floração, período de maturação dos frutos, peso médio dos frutos, número médio de frutos por planta, produção média anual em kg/planta, rendimento médio estimado por hectare e comprimento das plantas. Será utilizado o delineamento experimental em blocos casualizados com 4 repetições por tratamento, sendo cada repetição constituída de 5 plantas. Os dados serão submetidos à análise da variância e as médias dos tratamentos comparadas estatisticamente pelo teste de Duncan, através do uso programa Sanest (Zonta & Machado, 1984). Observações Aos 15 dias depois de plantadas foi observada a presença de botões florais em várias plantas, as flores são relativamente grandes, hermafroditas pentâmeras com o cálice verde e a corola amarela com uma mancha rocha na base das pétalas. Aos 60 dias foram colhidas as primeiras frutas (Figura 4). A colheita foi realizada manualmente e teve inicio no momento em que as bagas estavam em fase de amarelamento em pelo menos 40% e o cálice persistente começando a secar (Figura 3), o fruto é uma baga carnosa em forma de globo com um diâmetro oscilando entre 1,2 a 1,9 cm e com um peso entre 2 a 3,5 gramas, encoberto por um cálice formado por 5 sépalas (Figura 2), que lhe protege contra insetos, pássaros, patógenos e condições climáticas extremas. Os maiores problemas verificados até o momento dizem respeito ao ataque de pássaros, gambás e insetos que atacam a folhagem. 431 Foto: Marcia Shuch Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Figura 1. Plantas de Physalis peruviana L. plantadas em canteiros no espaçamento de 1m entre plantas e 2m entre canteiros no departamento de fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas RS. 2003. Foto: Marcia Shuch 432 Figura 2. Ramos de Physalis peruviana L. com vários frutos em canteiros no departamento de fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas RS. 2003. Foto: Marcia Shuch Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas Foto: Marcia Shuch Figura 3. Frutas de Physalis peruviana L. em ponto de colheita, no departamento de fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas RS. 2003. Figura 4. Frutas de Physalis peruviana L colhidos na Universidade Federal de Pelotas RS. 2003. 433 434 Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul Referências Bibliográficas CORPORACIÓN COLOMBIA INTERNACIONAL, UNIVERSIDAD DE LOS ANDES Y DEPARTAMENTO DE PLANEACIÓN NACIONAL. Análisis internacional del sector hortofrutícola para Colombia. Editorial El Diseño. Bogotá, 1994, pág. 165. FISCHER, Gerhard y ALMANZA, Pedro José. Nuevas tecnologías en el cultivo de la uchuva Physalis peruviana L. En: Revista Agrodesarrollo, Vol. 4, No. 1-2, 1993, pág. 294 LARCHER, W. As influências do ambiente sobre o crescimento e sobre o desenvolvimento. Ecofisiologia vegetal, p.295-331,2000. PAGOT, E.; Hoffmann, A. Produção de Pequenas Frutas no Brasil. 1o. Seminário Brasileiro Sobre Pequenas Frutas. Bento Gonçalves. p. 9-14, 2003. SIQUEIRA, D.L. Produção comercial de frutas em pequenas áreas. Revista Tecnologia e Treinamento Agropecuário. Viçosa. 2003 TODA FRUTA, Coleção de Frutas Exóticas, Disponível em: www.todafruta.com.br Acesso em: 05 agosto de2003. ZONTA, E.P.; MACHADO, A.A. SANEST - Sistema de Análise Estatísticas para Microcomputadores, Pelotas-UFPel, 1984. 75p.