Documentos 123 - Associação Brasileira de Horticultura

Propaganda
ISSN 1516-8840
Junho, 2004
Documentos 123
Resumos do II Simpósio
Nacional do Morango e do
I Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do
Mercosul
Editores
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Maria do Carmo Bassols Raseira
Emerson Dias Gonçalves
Renato Trevisan
Pelotas, RS
2004
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Clima Temperado
Endereço: BR 392 Km 78
Caixa Postal 403 - Pelotas, RS
Fone: (53) 275 8199
Fax: (53) 275 8219 - 275 8221
Home page: www.cpact.embrapa.br
E-mail: [email protected]
Comitê de Publicações da Unidade
Presidente: Mário Franklin da Cunha Gastal
Secretária-Executiva: Joseane M. Lopes Garcia
Membros: Ariano Martins Magalhães Junior, Flávio Luiz Carpena Carvalho,
Darcy Bitencourt, Cláudio José da Silva Freire, Vera Allgayer Osório
Suplentes: Carlos Alberto Barbosa Medeiros e Eva Choer
Revisor de texto: Sadi Macedo Sapper
Normalização bibliográfica: Regina das Graças Vasconcelos dos Santos
Arte da capa: Oscar Castro
Editoração eletrônica: Oscar Castro
1ª edição
1ª impressão 2004: 400 exemplares
Todos os direitos reservados
A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui
violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).
A responsabilidade das informações deste documento é de extrema
responsabilidade dos autores.
Simpósio Nacional do Morango (2. :2004: Pelotas, RS).
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango; I Encontro de Pequenos
Frutos e Frutas Nativas do Mercosul, Pelotas, 2004 / Editado por Luis Eduardo
Corrêa Antunes... [et al.]. -- Pelotas : Embrapa Clima Temperado, 2004.
434p. (Embrapa Clima Temperado. Documento, 123).
ISSN 1516-8840
1. Morango - Sistema de produção. 2. Pequenos frutas. 3. Frutas nativas.
I. Antunes, Luis Eduardo Corrêa. II. Encontro de Pequenas Frutas e Frutas
Nativas do Mercosul (1. : 2004 : Pelotas, RS). III. Título IV. Série.
CDD 634.75
Autores
Ailton Raseira (in memorium)
Eng. Agrôn., M.Sc.Pesquisador, Dr.
Embrapa Clima Temperado
Cx. Postal 403, CEP 96001-970 - Pelotas, RS
Douglas V. Shaw
Eng. Agrôn. Doutorando Fruticultura de Clima
Temperado
FAEM/UFPel
Alberto Cotro
Eng. Agrôn. Dr. Junta Nacional de la Granja
(JUNAGRA-MGAP)
Alicia Castillo
Ing. Agr. M.Sc. INIA Las Brujas, UY
Alverides Machado dos Santos
Eng. Agrôn., MSc.
Consultor em fruticultura
André Balestrini
Graduação em Agronomia CEFET/PR
Pato Branco, PR
Andreia C. Turchetto
End. Agrôn. URI, Frederido Westphalen, RS
Antônio Roberto Marchese de Medeiros
Eng. Agrôn., Dr. Embrapa Clima Temperado
Pelotas, RS
Américo Wagner Jr.
Eng. Agrôn., MSc. Doutorando em Fitotecnia
UFV - Viçosa, MG
Anúncio José Marin
Eng. Agrôn., Dr. INCAPER, Nova do Imigrante, ES
Anderson da Costa Chaves
Eng. Agrôn. Doutorando Fruticultura de Clima
Temperado, FAEM/UFPel
Aparecida Gomes De Araújo
Eng. Agrôn., Doutoranda em Fitotecnia/ UFLA
Aureliano Nogueira da Costa
Eng. Agrôn., Dr. INCAPER
Nova do Imigrante, ES
Auri Brackmann
Eng. Agrôn. Universidade Federal de Santa Maria
Borquez, A.M.
Estación Experimental Agropecuaria Famaillá
INTA Famaillá, Tucumán - Argentina
Carla Leborgne
Eng. Agrôn., URI, Frederico Westphalen, RS
Carlos Reisser Júnior
Eng. Agríc., Dr. Embrapa Clima Temperado
Pelotas, RS
Casiane Salete Tibola
Eng. Agrôn., MSc. Doutoranda, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Casiane Salete Tibola
Eng. Agrôn., MSc. Doutoranda, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Carlos Eduardo Carnieletto
Graduação do Curso de Agronomia, CEFET-PR
Pato Branco, PR
César Pereira Teixeira
Eng. Agrôn., MSc. INCAPER
Venda Nova do Imigrante, ES
Chrystiane Borges Fráguas
Eng. Agrôn., Doutoranda em Produção Vegetal
FCAV-UNESP
Cíntia Guimarães dos Santos
Doutoranda Departamento de Biologia UFLA
Lavras, MG
Claudio Horst Bruckner
Eng. Agrôn., Dr., UFV, Viçosa, MG
Clevison Luiz Giacobbo
Eng. Agrôn., MSc. Doutorando, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Cláudio José da Silva Freire
Eng. Agrôn., MSc. Embrapa Clima Temperado
Pelotas, RS
Cláudia Teixeira Guimarães
Pesquisadora, Embrapa Milho e Sorgo
Sete Lagos, MG
Cláudia Kaehler Sautter
Farmacêutica, MSc, Pós-graduanda, UFSM
Santa Maria, RS
Cristiano André Steffens
Eng. Agrôn., Pós-graduando, UFSM
Santa Maria, RS
Cristiane de Lima Wesp
Graduação em Agronomia, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Cosme Damião Cruz
Eng. Agrôn., Dr. UFV, Viçosa, MG
Daiane Del Sent
Graduação em Agronomia CEFET/PR
David dos Santos Martins
Eng. Agrôn., INCAPER
Venda Nova do Imigrante, ES
Daniel Martinez
Eng. Agrôn., Dr. Junta Nacional de la Granja
(JUNAGRA-MGAP)
Daniel Alexandre Neuwald
Eng. Agrôn., Pós-graduando, UFSM
Santa Maria, RS
Daniela Gomes Peters
Eng. Agrôn., Estagiária CNPq, Embrapa Clima
Temperado - Pelotas, RS
Dileta Cechetti
Eng. Agrôn., MSc, UPF/FAMV
Passo Fundo, RS
Diógenes Mattei
Graduação em Agronomia, CEFET-PR
Pato Branco, PR
Diogo Pedrosa Corrêa da Silva
Bolsista de iniciação Científica da FAPEMIG
Edilvan José Possamai
Graduação em Agronomia CEFET/PR
Pato Branco, PR
Edilson Paiva
Pesquisador, Embrapa Milho e Sorgo
Sete Lagos, MG
Eduardo R. Franchini
Eng. Agrôn., Pós-graduando, FAEM/UFPel
Elisângela Bellandi Loss
Graduação em Agronomia CEFET/PR
Pato Branco, PR
Elisia Rodrigues Corrêa
Eng. Agrôn., Estagiária CNPq
Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS
Emerson Gonçalves
Eng. Agrôn., Dr., RD-CNPq
Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS
Enilton F. Coutinho
Eng. Agrôn., Dr.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS
Eunice Oliveira Calvete
Eng. Agrôn., Dr. UPF-FAMV, Passo Fundo - RS
Ezequiel Riva
Graduação em Agronomia da UPF-FAMV
Passo Fundo, RS
Fabiola Villa
Eng. Agrôn., MSc. em Fitotecnia/ UFLA
Lavras, MG
Fernando Martinez
Eng. Agrôn., Dr. Junta Nacional de la Granja
(JUNAGRA-MGAP)
Franciele Mariane
Graduação em Agronomia, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Geraldo Chavarria
Eng. Agrôn., Pós-graduando, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Giuliano Elias Pereira
Eng. Agrôn., Bolsista do CNPq, INRA-ECAV
Bordeaux - FR
Grazielle Sales Teodoro
Aluna de graduação em Ciências Biológicas
UFLA - Lavras, MG
Gustavo Crizel Gomes
Graduaçlão em Agronomia, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Gustavo L. Valter
Ing. Agr. CADIC-CONICET, Ushuaia
Tierra del Fogo, Argentina
Gustavo Heiden
Graduação em Ciências Biológicas, UFPel
Pelotas, RS
Günter Timm Beskow
Graduação em Agronomia, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Hélio Carlos Rocha
Eng. Agrôn., MSc, UPF/FAMV
Passo Fundo, RS
Hélcio Costa
Eng. Agrôn., Dr. INCAPER
Nova do Imigrante, ES
Idinilso Jorge Vican
Graduação em Agronomia CEFET/PR
Pato Branco, PR
Idemir Citadin
Eng. Agrôn., Dr CEFET/PR
Pato Branco, PR
Ingrid Bergmann Inchausti de Barros
Graduação em Agronomia UFRGS
Porto Alegre, RS
Gustavo L. Valter
Ing. Agr. CADIC-CONICET, Ushuaia
Tierra del Fogo, Argentina
Gustavo Heiden
Graduação em Ciências Biológicas, UFPel
Pelotas, RS
Günter Timm Beskow
Graduação em Agronomia, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Hélio Carlos Rocha
Eng. Agrôn., MSc, UPF/FAMV
Passo Fundo, RS
Hélcio Costa
Eng. Agrôn., Dr. INCAPER
Nova do Imigrante, ES
Idinilso Jorge Vican
Graduação em Agronomia CEFET/PR
Pato Branco, PR
Idemir Citadin
Eng. Agrôn., Dr. CEFET/PR
Pato Branco, PR
Ingrid Bergmann Inchausti de Barros
Graduação em Agronomia - UFRGS
Porto Alegre, RS
Ivan Sestari
Eng. Agrôn., Pós-graduando, UFSM
Santa Maria, RS
James N. Moor
Arkansas University
Jaime Duarte Filho
Eng. Agrôn., Dr. EPAMIG/CTSM/FECD
Caldas, MG
Jacson Rondinelli da Silva Negreiros
Eng. Agrôn., Pós-graduando, UFV
Viçosa, MG
John Clark
Arkansas University
Jose Mauro de Sousa Balbino
Eng. Agrôn., Dr. INCAPER
Venda Nova do Imigrante, ES
José Aires Ventura
Eng. Agrôn., INCAPER
Venda Nova do Imigrante, ES
Josiane Chim
Departamento de Ciência e Tecnologia
Agroindustrial, UFPel, Pelotas, RS
José Carlos Fachinello
Eng. Agrôn., Dr. FAEM/UFPel
Josuel Alfredo Vilela Pinto
Graduação, UFSM, Santa Maria, RS
José Francisco Martins Pereira
Eng. Agrôn., MSc. Embrapa Clima Temperado
Pelotas, RS
Jorge Soria
Eng. Agrôn., MSc. INIA Las Brujas, UY
Leila Aparecida Salles Pio
Eng. Agrôn., MSc. UFLA - Lavras, MG
Leonardo Ferreira Dutra
Eng. Agrôn., Pós-Doutorando/CNPq/ UFLA
Lavras, MG
Lilian Oliveira Garcia
Estagiária Geprocessamento
Embrapa Clima Temperado - Pelotas, RS
Lilian Padilha
Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo
Lodovino Gemeli Júnior
Eng. Agrôn., Dr. UFV - Viçosa, MG
Luciane Couto da Silva
Eng. Agrôn., Pós-graduanda, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Luciano Vilela Paiva
Prof. Adjunto, Depart. de Química da UFLA
Lavras, MG
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Eng. Agrôn., Dr. Embrapa Clima Temperado
Pelotas, RS
Luiz Carlos Prezotti
Eng. Agrôn., INCAPER
Venda Nova do Imigrante, ES
Lúcio Lívio Fróes de Castro
Eng. Agrôn., INCAPER
Venda Nova do Imigrante, ES
Lúcia Somavilla
Eng. Agrôn., Dr. URI
Frederico Westphalen, RS
Maria do Carmo Bassols Raseira
Eng. Agrôn., Ph.D
Embrapa Clima Temperado - Pelotas, RS
Mateus Augusto Girardi
Graduação em Agronomia FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Márcia Wulff Schuch
Eng. Agrôn., Dr. FAEM/UFPel. Pelotas, RS
Marcello Antonio De Col
Graduação do Curso de Agronomia, CEFET-PR
Pato Branco, PR
Mauricio Jose Fornazier
Eng. Agrôn., INCAPER
Venda Nova do Imigrante, ES
Márcio Henrique Pereira Barbosa
Eng. Agrôn., Dr. UFV, Viçosa, MG
Marcio Zanuzo
Eng. Agrôn., MSc. Doutorando, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Marcelo Barbosa Malgarin
Eng. Agrôn., MSc. Doutorando, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Marcos Paiva
Eng. Agrôn., Multiplanta Tecnologia Vegetal
Márcio de Assis
Eng. Agrôn., Multiplanta Tecnologia Vegetal
Marilice Cordeiro Garrastazú
Eng. Florestal, MSc. Embrapa Clima Temperado
Pelotas, RS
Mariela Bernini
Centro Austral de Investigaciones Científicas
(CADIC-CONICET)
Ushuaia, Tierra del Fuego - Argentina
Marcelo Couto
Eng. Agrôn., MSc., Pós-graduando, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Melissa Batista Maia
Eng. Agrôn., Pós-graduanda, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Miguel Scalone
Eng. Agrôn., Dr. Junta Nacional de la Granja
(JUNAGRA-MGAP)
Miriam Arena
Ing. Agr. Dr., CADIC-CONICET
Ushuaia, Tierra del Fuego, Argentina
Miserendino E.E.
AER INTA Ushuaia, Tierra del Fuego, Argentina
Moacir Pasqual
Eng. Agrôn., Dr. UFLA, Lavras, MG
Mollinedo V.A.
Estación Experim. de Cultivos Tropicales Yuto INTA. El Bananal. Yuto. Jujuy - Argentina
Nara C. Ristow
Eng. Agrôn., Pós-graduanda, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Nicácia P. Machado
Eng. Agríc., MSc., Pós-graduanda, FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Odirce Teixeira Antunes
Eng. Agrôn. Pós-graduanda, UPF - FAMV
Paulo Roberto da Silva
Graduação em Agronomia FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Portela J.A.
EEA INTA La Consulta, Mendoza, Argentina
Renato Paiva
Biólogo, Prof. Adj. Depart. de Biologia da UFLA
Lavras, MG
Renato Trevisan
Eng. Agrôn., Dr. RD-CNPq
Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS
Renata Vieira da Mota
Eng. Agrôn., Dr. EPAMIG, Caldas, MG
Ricardo Eoclides Maran
Graduação em Agronomia UPF - Passo Fundo, RS
Ricardo Fabiano Hettwer Giehl
Graduação, UFSM - Santa Maria, RS
Ricardo Lima de Castro
Eng. Agrôn., Dr. FEPAGRO
Rodrigo Cezar Frazon
Eng. Agrôn., M.Sc. Embrapa Cclima Temperado
Pelotas, RS
Rosa Lia Barbieri
Bióloga, Dr. Embrapa Clima Temperado
Pelotas, RS
Rufino Fernando Flores Cantillano
Eng. Agrôn., Dr. Embrapa Clima Temperado
Pelotas, RS
Rosana Maria Altoé Borel
Eng. Agrôn., INCAPER
Venda Nova do Imigrante, ES
Rodrigo Sobreira Alexandre
Eng. Agrôn, M.Sc., Doutorando, UFV
Viçosa, MG
Teresinha Ieda Barros
Eng. Agrôn., URI, Frederico Westphalen, RS
Ubiraci Gomes de Paula Lana
Assist. de Pesquisa da Embrapa Milho e Sorgo
Sete Lagoas, MG
Silvana Catarina S. Bueno
Eng. Argôn., Dr. NPMSB/CATI
São Bento, SP
Wilson Itamar Godoy
Graduação em Agronomia CEFET/PR
Pato Branco, PR
Wagner Corrêa
Graduação em Agronomia, CEFET-PR
Pato Branco, Pr
Wagner de Carli
Graduação em Agronomia - UPF
Passo Fundo, RS
Waldênia de Melo Moura
Eng. Agrôn., Dr. EPAMIG - Viçosa, MG
Walter Fagundes Rodrigues
Graduação em Ecologia, UCPel - Pelotas, RS
Valdecir Carlos Ferri
Eng. Agrôn., Dr. FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Valmor João Bianchi
Eng. Agrôn., Dr. FAEM/UFPel
Pelotas, RS
Vicente Wagner Dias Casali
Eng. Agrôn., Dr. UFV
Viçosa, MG
Apresentação
Buscando reunir informações mais atuais sobre a cultura do morango,
pequenas frutas e frutas nativas, este livro traz os textos das palestras
apresentadas no 2o Simpósio Nacional do Morango e 1o Encontro de
Pequenas Frutas e Frutas Nativas, de 6 a 9 de julho de 2004, em
Pelotas, Rio Grande do Sul.
João Carlos Costa Gomes
Chefe Geral
Embrapa Clima Temperado
Sumário
Doenças do Morangueiro no Estado do Espírito Santo e
Táticas para o seu Manejo. Hélcio Costa; José Aires Ventura
.............................................................................................
Produção Extemporânea de Morangueiro em Ensaios
Conduzidos em Caldas-MG e São Bento do SapucaíSP, Durante o Ciclo 2003/2004. Jaime Duarte Filho;
Silvana Catarina S. Bueno; Luis Eduardo Corrêa Antunes. ............
Efeito dos Tratamentos com Ácido Giberélico e Paclobutrazol na Qualidade dos Frutos de Duas Cultivares
de Morangueiro. Jaime Duarte Filho; Luís Eduardo Corrêa
Antunes; Renata Vieira da Mota; Giuliano Elias Pereira. ...............
41
47
55
Produção Integrada do Morangueiro no Estado do Espírito Santo. Helcio Costa; José Mauro de Sousa Balbino; César
Pereira Teixeira; Mauricio José Fornazier; Luiz Carlos Prezotti; Lúcio Lívio Fróes de Castro; Rosana Maria Altoé Borel; José Aires
Ventura; David dos Santos Martins. ..........................................
El Cultivo de Frutilla Dentro del Programa de
Producción Integrada Horticola del Uruguay. Daniel
Martínez. ..............................................................................
61
67
Desempenho Agronômico de Quatro Cultivares Francesas de Morangueiro, em Dois Tipos de Ambiente.
Jaime Duarte Filho; Luís Eduardo Corrêa Antunes. .....................
Analisis Comparativo de Dos Formas de Produccion
de Frutillas para la Region Sur del Dpto. de San Jose Uruguay. Alberto Cotro; Fernando Martínez; Daniel Martínez;
Miguel Scalone. ....................................................................
Atmosfera Modificada Ativa com CO2 para a Conservação de Morangos ´Oso Grande´. Auri Brackmann;
Cristiano André Steffens; Daniel Neuwald. ...............................
Evaluavión de Alternativas al Bromuro de Metilo en la
Producción de Plantines de Frutilla en Tafi del Valle.
Borquez, A.M.; V.A. Mollinedo. ..............................................
Evapotranspiração de Referência para a Cultura do
Morango na Região de Pelotas. Carlos Reisser Júnior;
Alverides Machado dos Santos. ..............................................
Implantação do Pólo de Morango no Estado do Espírito Santo. César Pereira Teixeira; José Mauro de Sousa Balbino;
73
79
83
89
99
Hélcio Costa; Aureliano Nogueira da Costa. .............................. 103
Diferenciação e Divergência Genética entre Cultivares
de Morangueiro Avaliada por Marcadores Rapd. Cíntia
Guimarães dos Santos; Renato Paiva; Luciano Vilela Paiva; Cláudia
Teixeira Guimarães; Lilian Padilha; Ubiraci Gomes de Paula Lana;
Diogo Pedrosa Corrêa da Silva; Marcos Paiva; Márcio de Assis;
Edilson Paiva. ........................................................................ 107
Armazenamento de Morango ´Oso Grande´em Alto
CO2. Cláudia Kaehler; Daniel Alexandre Neuwald; Ricardo Fabiano
Hettwer Giehl; Ivan Sestari; Auri Brackmann. ............................. 113
Levantamento da Presença de Insetos com Potencial
Polinizador na Cultura de Morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.). Wilson Itamar Godoy; Ingrid Bergmann
Inchausti de Barros. ................................................................ 119
Importância da Polinização na Cultura do Morangueiro
(Fragaria x ananassa Duch.).Wilson Itamar Godoy; Ingrid
Bergmann Inchausti de Barros. ................................................ 125
Polinização Entomófila de Morangueiro Cultivado em
Ambiente Protegido. Eunice Oliveira Calvete; Hélio Carlos
Rocha; Dileta Cecchetti; Ricardo E. Maran; Wagner de Carli. ........ 131
Agronegócio do Morango no Estado do Espírito Santo.
José Mauro de Sousa Balbino; César Pereira Teixeira; Hélcio Costa; Anúncio José Marin ............................................................ 137
Utilização de Resveratrol na Conservação Pós-colheita
de Morango. Marcelo B. Malgarim; Rufino F. Cantillano; Eduardo
R. Franchini; Enilton F. Coutinho; Nicácia P. Machado; Nara C.
Ristow. ................................................................................. 143
Resveratrol e Filme de Polietileno na Pós-colheita de
Morangos cv. Camarosa e no Controle no Mofo Cinzento. Marcelo Barbosa Malgarim; Casiane Salete Tibola; Valdecir
Carlos Ferri; Valmor João Bianchi; Paulo Roberto da Silva. ............ 149
Evaluación de Variedades Reflorecientes de Frutilla en
Ushuaia, Argentina. E.E. Miserendino; J.A. Portela; G. Vater. .. 155
Aplicação Pós-colheita de Luz Ultravioleta (UV-C) e Luz
Germicida em Morangos Cultivares Camarosae Oso
Grande Produzidos de Forma Orgânica. Nara Cristina
Ristow; Eduardo Reinhart Franchini; Enilton Coutinho; Fernando
Rufino Flores Cantillano; Nicácia Portela Machado; Marcelo Barbosa Malgarim. .......................................................................... 161
Conservação e Controle de Podridões Pós-colheita de
Morango ´Camarosa´ com o Uso de Filmes Plásticos.
Nicácia P. Machado; Nara C. Ristow; Eduardo R. Franchini; Enilton
F. Coutinho; Fernando Rufino F. Cantillano; Marcelo B. Malgarim. . 167
Tratamento Físico para o Controle de Podridões Póscolheita de Morangos ´Camarosa´. Nicácia P. Machado
Nara C. Ristow; Eduardo R. Franchini; Enilton F. Coutinho;
Fernando Rufino F. Cantillano; Marcelo B. Malgarim. .................... 171
Desempenho Agronômico de Cultivares de Morangueiro
Polinizadas pela Abelha Jataí em Ambiente Protegido.
Odirce Teixeira Antunes; Eunice Oliveira Calvete; Hélio Carlos Rocha; Dileta Cechetti; Ricardo Eoclides Maran; Ezequiel Riva;
Mateus Augusto Girardi; Cristiane de Lima Wesp; Franciele
Mariane. ................................................................................ 177
Comportamento de Dez Cultivares de Morangueiro em
Cultivo Orgânico. Ricardo Lima de Castro; Vicente Wagner Dias
Casali; Cosme Damião Cruz; Márcio Henrique Pereira Barbosa;
183
Lodovino Gemeli Júnior. ..........................................................
Divergência Genética em Cultivares de Morangueiro em
Relação ao Uso de Composto Orgânico. Ricardo Lima de
Castro; Vicente Wagner Dias Casali; Cosme Damião Cruz; Márcio
Henrique Pereira Barbosa; Waldência de Melo Moura; Lodovino
Gemeli Júnior. ....................................................................... 189
Resposta de Cultivares de Morangueiro ao Composto
Orgânico. Ricardo Lima de Castro; Vicente Wagner Dias Casali;
Cosme Damião Cruz; Márcio Henrique Pereira Barbosa; Waldência
de Melo Moura; Lodovino Gemeli Júnior. ................................... 195
Influência do Processamento e da Cultivar na Qualidade de Morango (Fragaria x ananassa Duch) Minimamente Processado. Cenci, S.A.; Moraes, I.V.M.; Mamede,
A.M.G.N.; Soares, A.G. .......................................................... 201
Produção Orgânica de Mudas e de Frutos de Morango
cvs. Oso Grande e Camarosa, na Região do Médio Alto
Uruguai-RS. Barros, Ieda Teresinha; Zecca, Adriana, G.D.;
Somavilla Lúcia; Turchetto, Andreia, C.; Coutinho, Enilton F. ........ 207
Pequenas Frutas e Frutas Nativas .................................. 211
Cultivar de Amora-preta Xavante. James N. Moore;
Alverides M. dos Santos; John Clark; Maria do Carmo B. Raseira;
213
Antunes, Luis Eduardo Corrêa Antunes . ..................................
Influência da Densidade de Plantio na Produtividade
de Duas Cultivares de Amora-preta (Rubus spp). Ailton
Raseira; Maria do Carmo Bassols Raseira; Luis Eduardo Corrêa
Antunes; José Francisco Martins Pereira. ................................. 217
Conservação Pós-colheita de Amora-preta (Rubus sp).
Emerson Dias Gonçalves; Marcelo Barbosa Malgarim; Renato
Trevisan; Luis Eduardo Corrêa Antunes; Rufino Fernando Flores
Cantillano. ...........................................................................
Aclimatização de Plântulas de Amoreira-preta
Cherokee Obtidas in vitro: Efeito de Substratos.
225
Fabiola Villa; Aparecida Gomes de Araujo; Leonardo Ferreira
231
Dutra; Crystiane Borges Fráguas; Moacir Pasqual. .....................
Micropropagação de Amoreira-preta ´Cherokee´ - I.
Efeito de Cinetina e GA3. Leila Aparecida Salles Pio; Fabiola
Villa; Leonardo Ferreira Dutra; Grazielle Sales Teodoro; Moacir
Pasqual. ..............................................................................
237
Micropropagação de Amoreira-preta ´Cherokee´
II. Efeito de KCl e NaH2PO4.H2O. Fabiola Villa; Leila
Aparecida Salles Pio; Leonardo Ferreira Dutra; Grazielle Sales
Teodoro; Moacir Pasqual. ....................................................... 241
Micropropagação de Amoreira-preta ´Cherokee´ - III.
Efeito de Cinetina e Meios de Cultura. Leila Aparecida
Salles Pio; Fabiola Villa; Leonardo Ferreira Dutra; Grazielle Sales
247
Teodoro; Moacir Pasqual. .......................................................
Efeito do Filme de Polietileno e do Resveratrol na Conservação Pós-colheita de Amora-preta. Marcelo Barbosa
Malgarim; Emerson Dias Gonçalves; Renato Trevisan; Nara
Cristina Ristow; Fernando Rufino Flores Cantillano; Luis Eduardo
Corrêa Antunes. ...................................................................
Filmes de Polietileno na Conservação Pós-colheita de
Amora-preta CV. Cherokee em Ambiente Refrigerado.
253
Marcelo B. Malgarim; Eduardo R. Franchini; Nara C. Ristow;
Enilton F. Coutinho; Fernando Rufino F. Cantillano; Nicácia P. Machado. ................................................................................. 259
Efeito da Lesão Basal e do Ácido Indolbutírico no
Enraizamento de Estacas Herbáceas de Quatro Cultivares de Mirtilo. Américo Wagner Júnior; Rodrigo Cezar Franzon;
Marcelo Couto; Maria do Carmo Bassols Raseira. ........................ 265
Germinação in vitro, do Pólen de Diferentes Cultivares
de Mirtilo. Elisia Rodrigues Corrêa; Rodrigo Cezar Franzon; Rena-
to Trevisan; Emerson Gonçalves; Maria do Carmo Bassols Raseira.
............................................................................................. 271
Avaliação da Viabilidade de Pólen de Mirtilo em Diferentes Meios. Elisia Rodrigues Corrêa; Rodrigo Cezar Franzon;
Renato Trevisan; Emerson Dias Gonçalves; Maria do Carmo
277
Bassols Raseira. .....................................................................
Efeito da Aplicação de Solução Nutritiva e Ácido
Fosfórico no Desenvolvimento de Mudas de Mirtilo. Luis
Eduardo Corrêa Antunes; Cláudio José da Silva Freire; Geraldo
281
Chavarria; Daniela Gomes Peter. ...............................................
Associação de Refrigeração com Oxigênio Ionizado na
Conservação Pós-colheita de Mirtilo CV. Florida. Nara
Cristina Ristow; Eduardo Reinhart Franchini; Enilton Fick Coutinho;
Fernando Rufino Flores Cantillano; Nicácia Portela Machado;
287
Marcelo Barbosa Malgarim. ..................................................
Comportamento Pós-colheita de Mirtilo ´Brite Blue´
Durante Armazenamento Refrigerado. Nara Cristina
Ristow; Nicácia Portela Machado; Enilton Fick Coutinho;
Fernando Rufino Flores Cantillano; Marcelo Barbosa Malgarim. .... 293
Conservação Pós-colheita de Mirtilos ´Florida´,
´Woodard´ e ´Bluegem´ em Atmosfera com Oxigênio Ionizado. Nicácia P. Machado; Eduardo R. Franchini; Nara
C. Ristow; Enilton F. Coutinho; Fernando Rufino F. Cantillano;
Marcelo B. Malgarim. ............................................................
299
Desarrollo de Plantas de Arandano Southern Highbush
O´Neal al Final de su Aclimatacion, en Respuesta a la
Aplicación Post-vitro, de Diferentes Sustratos Y Dosis
de Frio. Leborgne, Carla; Castillo, Alicia; Soria, Jorge. ............. 305
Aclimatação de Plântulas de Physalis peruviana L.
Anderson da Costa Chaves; Alan Cristiano Erig; Luciane Couto da
Silva; Márcia Wulff Schuch. ................................................... 307
Avances en los Conocimientos Sobre el Comportamiento de Distintas Especies de Frutales Menores en
Tierra del Fuego. Gustavo L. Vater; Miriam Arena. ............... 315
Potencialidades de Produção de Mistáceas Frutíferas
Nativas do Sul do Brasil. Rodrigo Cezar Franzon; Elisia
Rodrigues Corrêa; Maria do Carmo Bassols Raseira. .................... 321
Frutas Finas Nativas de la Patagonia Austral:
Producción in situ Y Conservación ex situ. Miriam E.
Arena; Gustavo Vater; Mariela Bernini. ...................................... 327
Frutíferas Nativas em Trecho de Mata Ciliar na
Microbacia do Arroio Pestana: Fenologia e
Mapeamento com Geotecnologias. Gustavo Crizel Gomes;
Walter Fagundes Rodrigues; Güinter Timm Beskow; Marilice
Garrastazu; Antônio Roberto Marchese de Medeiros. ................... 333
Observações Ecológicas e Distribuição Geográfica de
Framboesa-silvestre no Rio Grande do Sul. Gustavo
Heiden; Rosa Lía Barbieri; Marilice Cordeiro Garrastazu; Lilian
Oliveira Garcia; Melissa Batista Maia. ........................................ 341
Ocorrência de Espécie Nativas de Amora no Rio Grande do Sul. Gustavo Heiden; Rosa Lía Barbieri; Marilice Cordeiro
Garrastazu; Lilian Oliveira Garcia; Melissa Batista Maia. ............... 345
Viabilidade do Pólen de Rubus Brasiliensis. Melissa
Batista Maia; Rosa Lía Barbieri; Maria do Carmo Bassols Raseira;
Gustavo Heiden. ................................................................... 353
Caracterização Citogenética de Rubus Imperialis
(Amora Branca). Melissa Batista Maia; Rosa Lía Barbieri;
Maria do Carmo Bassols Raseira; Gustavo Heiden. ....................
357
Quantificação de Vitamina C em Frutos de AraçaComum. Clevison Luiz Giacobbo; Marcio Zanuzo; Josiane Chim;
José Carlos Fachinello. .......................................................... 363
Avaliação Pós-colheita de duas Seleções de AraçáAmarelo (Psiduium cattleyanum Sabine). Emerson Dias
Gonçalves; Elisia Rodrigues; Renato Trevisan; Luis Eduardo
Corrêa Antunes. ...................................................................
Uso de Diferentes Tipos de Embalagens na Conservação Pós-colheita de Araçá-vermelho (Psiduium
cattleyanum Sabine). Emerson Dias Gonçalves; Elisia
369
Rodrigues; Renato Trevisan; Luis Eduardo Corrêa Antunes........... 375
Caracterização das Curvas de Respiração e Síntese de
Etileno de Frutos de Psidium cattleianum Sabine. e de
Butia capitata (Mart.) Becc. Daniel Alexandre Neuwald;
Ricardo Fabiano Hettwer Giehl; Josuel Alfredo Vilela Pinto; Ivan
379
Sestari; Auri Brackmann. .........................................................
Fenologia da Floração da Feijoa (Acca sellowiana
(Berg) Burret), em Pelotas, RS. Rodrigo Cezar Franzon; Elisia
Rodrigues Corrêa; Maria do Carmo Bassols Raseira. .................... 385
Fenologia da Floração e Maturação dos Frutos da
Pitangueira (Eugenia uniflora L.), em Pelotas, RS.
Rodrigo Cezar Franzon; Elisia Rodrigues Corrêa; Maria do Carmo
Bassols Raseira. ..................................................................... 391
Fenologia da Floração e Maturação dos Frutos da
Uvalheira (Eugenia pyriformis Camb.), em Pelotas, RS.
Rodrigo Cezar Franzon; Maria do Carmo Bassols Raseira; Américo
Wagner Júnior. ...................................................................... 397
Fenologia da Floração e Maturação dos Frutos da
Cerejeira-do-Rio-Grande (Eugenia involucrata DC), em
Pelotas, RS. Rodrigo Cezar Franzon; Elisia Rodrigues Corrêa;
Maria do Carmo Bassols Raseira; Rosa Lia Barbieri. ..................... 403
Propagação de Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora) por
Alporquia. Diógenes Mattei; Carlos Eduardo Carnieletto;
Marcello Antonio de Col; Wagner Corrêa; Idemir Citadin. ........... 409
Qualidade de Frutos de Jabuticabeira (Myrciaria
cauliflora) Desenvolvida em Condições Naturais de
Sombreamento e em Pleno Sol. Idinilson Jorge Vicari;
André Balestrini; Daiane Del Sent; Edivan José Possamai;
Elisângela Bellandi Loss; Idemir Citadin. ...................................
415
Efeito do Estádio de Maturação dos Frutos e de
Substratos na Germinação de Sementes e Desenvolvimento Inicial de Plântulas de Jabuticabeira. Rodrigo
Sobreira Alexandre; Américo Wagner Júnior; Jacson Rondinelli da
Silva Negreiros; Claudio Horst Bruckner; Rodrigo Cezar Franzon. . 421
Avaliação Fenológica de Phisalis peruviana L. em
Pelotas, RS. Anderson da Costa Chaves; Alan Cristiano Erig;
Luciane Couto da Silva; Márcia Wulff Schuch. .......................... 429
Doenças do Morangueiro no
Estado do Espírito Santo e
Táticas para o seu Manejo
Hélcio Costa
José Aires Ventura
Resumo
A cultura do morangueiro é uma atividade de grande importância sócioeconômica para região serrana do estado do Espírito Santo, empregando grande numero de pessoas durante sua condução e uma das principais opções de cultivo entre os meses de março a novembro. Um dos
fatores que comprometem a produção é a presença de doenças o que
exige a adoção de varias táticas de manejo para proporcionar a
sustentabilidade da cultura na região. Com o inicio da produção integrada desta cultura no Estado faz-se necessário o diagnóstico correto das
doenças visando o estabelecimento de medidas que levem ao manejo
adequado das mesmas com o mínimo impacto ao meio ambiente. São
relatadas as doenças que ocorrem nos diferentes órgãos da planta de
morango com uma descrição dos patógenos envolvidos. As medidas
gerais de manejo a serem adotadas para estas doenças são enfocadas
com destaque para as medidas culturais e legislativas,uma vez que as
mudas são as principais responsáveis pela introdução de patógenos nas
lavouras e notadamente em áreas novas de cultivo.
As doenças que ocorrem no estado estão relatadas abaixo bem como
as medidas de manejo adotadas.
42
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Doenças que ocorrem em folhas, pecíolos, estolhões e
flores
A principal doença foliar é a mancha de micosferela causada pelo fungo
Mycosphaerella fragariae que ocasiona manchas de formato
arrendondadas e diâmetro variável, de coloração inicialmente castanho
avermelhado que posteriormente apresenta o centro necrosado e um
halo castanho avermelhado. A doença ocorre com maior severidade em
lavouras na fase inicial de transplantio no campo (março-abril) e final de
cultivo (setembro-outubro), quando as temperaturas são mais elevadas.
A doença é importante também na fase de produção das mudas (viveiros). Outras doenças que ocorrem são as manchas de Diplocarpon e
Dendrophoma causadas, respectivamente pelos fungos Diplocarpon
earlianum e Dendrophoma obscurans. Estes patógenos geralmente são
observadas em viveiros, na fase inicial de transplantio no campo (10 a
30 dias) e no final do ciclo da cultura, infectando as folhas mais velhas.
A doença denominada "Flor Preta", causada pelo fungo Colletorichum
acutatum, encontra-se atualmente disseminada em grande parte das
lavouras no estado, com incidência e severidade variáveis, causando
grandes perdas, principalmente onde a irrigação é realizada por aspersão e nos espaçamentos menores ou quando ocorrem períodos de chuva intensa e continuada. Os sintomas característicos da doença ocorrem nas inflorescências, onde as flores, estames e pistilos apresentam
lesões de coloração marrom-escura a escura. Com o avanço da doença
as inflorescências secam e ficam mumificadas. Em condições de alta
severidade da doença associado à alta umidade relativa do ar, observase a formação de uma massa gelatinosa de coloração rosada nos órgãos doentes. O fungo sob condições de alta densidade de inóculo ocasiona manchas irregulares de cor marrom-escura nos bordos dos
folíolos. Todas as cultivares atualmente plantadas; ´Camarosa´, ´Oso
Grande´, ´Dover´, ´Tudla´, ´Sweet Charlie´, são muito suscetíveis a
doença. O fungo Colletotrichum fragariae tem sido associado aos
estolhos que apresentam lesões alongadas e deprimidas de cor escura.
Em maio de 2003 foi introduzido no estado a bactéria Xanthomonas
fragariae que causa lesões angulares nas folhas e que em algumas lavouras ocasionou perdas muito grande. Em fevereiro de 2004 em mudas da cultivar Camarosa produzidas em condições de estufa plástica
constatou-se a presença de Oidium com alta severidade.
Resumos do Morango
Doenças que ocorrem em frutos
O principal fungo associado aos frutos em condições de campo e póscolheita é Botrytis cinerea, que ocorre de maneira generalizada nas lavouras com maiores perdas onde se utilizam espaçamentos reduzidos,
excesso de adubação nitrogenada, irrigação por aspersão e onde o controle cultural para a redução do inoculo é deficiente, ou seja, não se
efetua a retirada das folhas velhas, secas e doentes, assim como de
frutos doentes. Em pós-colheita observa-se com bastante freqüência a
presença do fungo Rhizopus sp. Os frutos doentes tornam-se sem consistência. A doença ocorre principalmente nas embalagens em que os
frutos estão muito maduros. O fungo Phytophthora cactorum é observado em algumas lavouras principalmente em condições de solos
compactados e com drenagem deficiente. Em condições de pós-colheita
os danos têm sido também observados, quando ocorre excesso de chuva no período que antecede a colheita. Outro patógeno associado à
podridão dos frutos é o fungo Sclerotinia sclerotiorum, que ocorre em
condições de campo e em pós-colheita, onde se observa inicialmente
um micélio de cor branca que com o desenvolvimento da doença forma
estruturas denominada de escleródios, de cor negra e de tamanho variável. Os fungos Colletotrichum fragariae e Colletotrichum acutatum
infectam os frutos em qualquer fase de seu desenvolvimento. Nos frutos recém formados verifica-se a formação de lesões deprimidas de
consistência firme, inicialmente marrom-escuras a escuras.
Doenças que ocorrem em rizomas e ou raízes
Dentre os fungos habitantes do solo, o que tem causado maiores danos
é Verticillium dahliae que causa a murcha das plantas. Os sintomas iniciais caracterizam-se pela queima das bordas das folhas infectadas, que
com o avanço da doença leva a uma murcha e conseqüente morte da
planta. A doença é favorecida por solos alcalinos que muitas vezes é
comum em algumas áreas do estado e também pelo curto intervalo de
tempo na rotação de culturas que é efetuado nas áreas de produção
onde, muitas vezes o cultivo do é realizado 4-8 meses após o cultivo
anterior, além de que em muitas áreas se faz a rotação com plantas da
família Solanaceae (tomate, pimentão e berinjela).Todas as cultivares
atualmente plantadas no Estado são muito suscetíveis a doença. Algu-
43
44
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
mas lavouras apresentavam plantas com murcha onde o fungo associado é Sclerotinia sclerotiorum. Perdas maiores ocorrem em áreas onde o
cultivo e feito após plantio de feijão e/ou repolho. Nas plantas atacadas
e comum observar a formação de grande número de escleródios de cor
escura. A murcha causada por Phytophthora cactorum ocorre de maneira esporádica em algumas lavouras e na maioria das vezes os sintomas são causados por outros fungos. Daí a importância de se fazer o
diagnostico correto em laboratório para confirmação do patógeno. O
fungo Colletotrichum acutatum tem ocasionado a murcha e morte de
plantas seja em campo como em mudas no viveiro.
A podridão das raízes, ocorre em muitas áreas de maneira generalizada,
mas são vários os fatores responsáveis por estes sintomas, sejam
aqueles de origem biótica, ou seja, causado por fungos onde vários deles estão envolvidos. Dentre estes podemos citar os do gênero
Rhizoctonia, Verticillium, Phythopthora, Colletotrichum, Fusarium e
Pythium. Os sintomas são variáveis em função do fungo associado, ou
seja, podemos ter desde um subdesenvolvimento das plantas, a uma
clorose e ou bronzeamento das folhas até a murcha total das plantas.
Os fatores de origem abiótica, como, mudas velhas, fora do padrão ideal de plantio, solos com excesso de umidade, compactados e mal drenados são também responsáveis por sintomas de podridões de raízes.
A ocorrência de temperatura alta após a colocação do plástico de cobertura nos canteiros, muitas vezes ocasionam a podridão das raízes e
morte das plantas. A murcha que geralmente ocorre na fase inicial de
transplantio das mudas, ou seja, entre os meses de março a maio, na
maioria das vezes, é causada pelo fungo Colletotrichum fragariae. O
sintoma característico da doença é observado através de um corte longitudinal efetuado no rizoma das plantas doentes as quais apresentam
uma coloração marrom- avermelhada de consistência firme (de onde
vem o nome comum da doença que é chocolate ou coração vermelho).
A podridão do colo causada por Sclerotium rolfsii e observada esporadicamente em algumas lavouras onde os solos são muito compactados.
Manejo integrado das doenças
Para o controle integrado das doenças do morangueiro no estado, são
adotadas diversas táticas de manejo que visam minimizar a incidência e
severidade, destacando-se:
Resumos do Morango
Obtenção de mudas ou matrizes somente com Certificado Fitossanitário
de Origem (CFO), uma vez que as mudas foram responsáveis pela introdução de diversos patógenos no Estado, tais como: Phytophthora
cactorum, Colletotrichum. acutatum e Xanthomonas fragariae. Fazer
uma seleção criteriosa das mudas no viveiro, e cuidado especial com a
sua localização, conhecer muito bem o local aonde vai se instalar o viveiro (histórico da área).
Efetuar a adubação de plantio e as demais com base na análise química
do solo, para evitar o uso em excesso de alguns elementos, principalmente de nitrogênio, que normalmente favorece a maior intensidade
das doenças. A adição de matéria orgânica ao solo é benéfica, pois promove uma melhoria nas características físico-químicas e biológicas do
solo e contribui para redução na incidência de alguns fungos de solo.
Evitar canteiros baixos, solos compactados e muito argilosos que predispõem as plantas a fungos de solo, especialmente a Phytophthora
cactorum. Quando possível utilizar irrigação por gotejamento, em caso
de irrigação por aspersão irrigar com menor freqüência entre os dias. Utilizar menor número de plantas por lona (2 - 3 fileiras) e plantar no
sentido diagonal ao longo do canteiro, ou seja, desencontradas uma
das outras entre as fileiras. Estes procedimentos proporcionam maior
arejamento e menor incidência de Botrytis cinerea e Sclerotinia
sclerotiorum, nos frutos.
Efetuar constantemente a retirada das folhas secas, velhas e doentes,
bem como dos frutos doentes nos canteiros bem como dos carreadores. Procurar sempre utilizar uma cobertura morta nos carreadores. Esta
cobertura é importante, pois além de manter a umidade do solo entre
os canteiros por mais tempo minimiza os respingos de solo contaminado com fungos, notadamente Phytophthora cactorum. Fazer rotação de
cultura por pelo menos 2 anos, evitando utilizar plantas principalmente
da família das Solanáceas. É importante a rotação de culturas com
plantas da família das gramíneas (milho, sorgo e ou capim).
Evitar quaisquer ferimentos nos frutos no momento da colheita, bem
como evitar colher frutos para consumo in natura muito maduros. Efetuar a colheita nos períodos da manha ou à tarde. Retirar imediatamente das lavouras as plantas mortas, murchas, especialmente àquelas
45
46
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
infectadas por Sclerotinia sclerotiorum e Phytophthora cactorum.
Com relação ao controle químico, utilizar somente os fungicidas cadastrados no estado e verificando sempre o seu período de carência. Trabalhos de pesquisa realizados no INCAPER mostraram que a calda Viçosa pode ser utilizada para o controle das manchas foliares com eficiência.
Produção Extemporânea de Morangueiro em
Ensaios Conduzidos em Caldas-MG e São
Bento do Sapucaí-SP, Durante o Ciclo 2003/
2004
Jaime Duarte Filho
Silvana Catarina S. Bueno
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Introdução
No Brasil, a cultura do morangueiro, sob o ponto de vista econômico e
social, tem grande significado para muitas regiões do país, por ser uma
atividade rentável e que absorve um elevado contingente de mão-deobra, ao longo de todo o seu ciclo (março-outubro). Entretanto, apesar
desta rentabilidade, o morango é um produto de oferta irregular, cuja
comercialização na Ceasa-MG (Unidade Grande Belo Horizonte) concentra-se no período de junho a outubro, com o pico máximo de oferta durante o mês de agosto, no caso do sistema de cultivo tradicional
(Resende et al., 1999).
Em função desta oferta irregular, observa-se que a cotação mais elevada ocorre durante o mês de abril, onde acontecem as primeiras colheitas, declinando a partir daí até setembro, quando se tornam novamente
ascendentes. A oferta de morango durante o verão é pequena e, por
conseqüência, os preços são elevados.
A busca por tecnologia, que proporcione produção durante o verãooutono, tem-se constituído numa das principais metas de pesquisa com
o morangueiro. Entre as tecnologias já disponíveis e utilizadas no Brasil,
tem-se o emprego de cultivares de dia neutro (´Seascape´, ´Selva´,
entre outras) associado com a plasticultura (túnel baixo ou estufa) em
48
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
regiões altas (acima de 1100 metros de altitude), onde as temperaturas
noturnas são abaixo de 20oC - ótimas para a diferenciação floral. Este
sistema já vem sendo utilizado em algumas regiões do país. Entretanto,
estudos são necessários para aperfeiçoar esta tecnologia, objetivando
principalmente identificar qual o melhor ambiente, o tipo de material
(dia neutro ou curto) que se adapta melhor a esse tipo de sistema de
cultivo e quais as cultivares mais recomendadas.
Material e Métodos
Os experimentos foram realizados em Caldas (21o 55´ S; 46o 23´ W;
Alt. 1.150 m), na Fazenda Experimental de Caldas - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e em uma propriedade
localizada no bairro Paiol Grande do município de São Bento do
Sapucaí-SP (22o 41´ 20" S; 45o 43´ 51" W; Alt. 1.250 m).
O delineamento experimental foi de blocos casualizados, em parcelas
subdivididas, com cinco repetições. Os ambientes de cultivo (estufa,
céu aberto e túnel baixo), nas parcelas e nas subparcelas as cultivares
(Campinas, Toyonoka, Seascape, Camarosa, Sweet Charlie e Oso Grande). Estas foram constituídas de 21 plantas, dispostas em três linhas,
num espaçamento de 40x30cm, perfazendo uma área de 2,52m2.
O plantio foi realizado em 09/09 e 11/09/2003, respectivamente em
Caldas-MG e São Bento do Sapucaí-SP. Foram feitos em canteiros de
1,20 m de largura e 0,30 m de altura, separados entre si por cerca de
0,50 m. O espaçamento utilizado foi de 40 X 30 cm.
A cobertura dos canteiros (mulching) com filme de polietileno preto foi
feita por ocasião do pegamento das mudas, ou seja, quinze dias após o
plantio.
Parâmetros avaliados: Número de estolhos/planta: realizado a intervalos
regulares com a extração e contagem do número/parcela. A partir destes dados foram calculados o número de estolhos/planta/mês; Produção: a cada colheita, em número de três por semana, selecionaram-se
os frutos em: comerciais (peso> 6g), não comerciais (peso< 6g) e
danificado/parcela, os quais foram contados e pesados. A partir destes
dados foram calculados os seguintes parâmetros: número de frutos to-
Resumos do Morango
tais (comerciais + não comerciais + danificados) por planta (NFT) e a
produção comercial por planta, em gramas (PFC). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey (5%).
Resultados e Discussão
Comparando a produção de estolho, com exceção da cultivar Campinas, verificou-se interação significativa entre os ambientes e os locais
de cultivo (Caldas e São Bento), sendo que em Caldas o ambiente não
afetou a produção de estolhos, já em São Bento, os ambientes protegidos (estufa e túnel baixo) favoreceram uma maior produção dos mesmos (Tabela 1).
Não foi constatada diferenças significativas entre os ambientes de cultivo na produção de estolhos nas cultivares Oso Grande, Toyonoka,
Camarosa, Sweet Charlie e Seascape. Já entre os locais de cultivo, a
produção foi superior em Caldas (Tabela 2).
Tabela 1. Interação entre locais e os diferentes ambiente na produção de
estolhos pela cultivar Campinas, durante os anos de 2003/2004.
N ú m ero d e esto lh o s/p la n ta
L o ca l
A m b ie n te
C a ld as
S ão B e n to
M éd ia
E stu fa
4 ,4 2 A a
4 ,0 7 A ab
4 ,2 4 a
S em P ro teç ã o
4 ,8 0 A a
3 ,1 1 B b
3 ,9 5 a
T ú n el B a ixo
3 ,6 6 A a
4 ,4 8 A a
4 ,0 7 a
M éd ia
4 ,2 9 A
3 ,8 7 A
C .V . Lo c al (% )
1 2 ,4 4
C .V . A m b ie n te (% )
1 8 ,3 8
Médias seguidas pelas letras maiúsculas nas linhas e pelas letras minúsculas
nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey no nível de 5%.
49
50
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O município de Caldas-MG, apesar de apresentar o mesmo tipo de clima de São Bento do Sapucaí, segundo a classificação de Köppen, possui temperatura média máxima superior às verificadas no município de
São Bento, pois se situa numa altitude inferior ao local do município de
São Bento, onde foi instalado o experimento (bairro Paiol Grande). A
emissão de estolhos pelas cultivares de morangueiro é incrementada
pelas altas temperaturas e pelo fotoperíodo longo, logo, a emissão de
estolhos é maior em regiões onde as temperaturas são mais elevadas,
daí o maior número em Caldas.
Tabela 2. Produção de estolhos das cultivares Oso Grande, Toyonoka,
Camarosa, Sweet Charlie e Seascape, durante os anos de 2003/2004,
em Caldas-Mg e em São Bento do Sapucaí-SP.
Oso
Grande
Estufa
3,76 a
Sem Proteção
4,00 a
Túnel Baixo
4,41 a
C.V. (%)
19,49
Caldas
São Bento
C.V. (%)
4,81 a
3,30 b
13,23
Número de estolhos/planta
Toyonoka
Camarosa
Ambiente
4,26 a
3,51 a
3,69 a
3,99 a
4,14 a
4,14 a
18,61
19,44
Local
4,49 a
4,80 a
3,57 b
2,97 b
16,43
19,84
Sweet
Charlie
Seascape
3,26 a
3,88 a
3,97 a
18,97
3,67 a
3,77 a
4,05 a
18,18
3,97 a
3,44 b
10,15
4,79 a
2,87 b
6,48
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey no
nível de 5%.
Tanto o NFC como a PFC foram afetados, em ambos os locais, pela
interação cultivar X ambiente de cultivo (Tabela 3). Através dos resultados, pode-se perceber que a produção total de frutos (NFT) foi superior
em São Bento do Sapucaí (tabela 3).
Em Caldas, o NFT foi superior nas parcelas das cultivares Sweet
Charlie, Seascape, Camarosa e Oso Grande e nos ambientes sem proteção e estufa. Porém, os maiores valores foram observados nas parcelas
de ´Seascape´ sob túnel baixo, com uma produção de 15,99 frutos/
planta.
Resumos do Morango
Já em São Bento, de um modo geral, o NFT foi maior nas parcelas de
Seascape (30,6 frutos/planta), sem diferenças significativas em relação
aos valores verificados nas parcelas de ´Camarosa´, ´Campinas´,
´Toyonoka´ e ´Oso Grande´. A menor produção de frutos totais foi
observada nas parcelas de ´Sweet Charlie´, diferindo daquela observada em Caldas, que pode ter sido devido ao manejo de adubação adotado, haja visto que esse material, durante as avaliações no ciclo normal,
tem apresentado desempenho próximo ao da cultivar Dover, referência
da região.
Em Caldas não foi detectado efeito significativo do ambiente sobre a
produção comercial de frutos comerciais, em gramas por planta (Tabela
3). Já entre as cultivares foram observadas diferenças estatísticas, com
os melhores resultados sendo observados nas parcelas das cultivares
Sweet Charlie e Camarosa, sem diferenças entre ambas. Esses resultados confirmam o ótimo desempenho e adaptação da cultivar Camarosa
a esse tipo de sistema.
Em São Bento (Tabela 3) a produção foi superior a de Caldas. Tanto o
ambiente como as cultivares, e a interação entre ambos os fatores, afetaram a produção comercial de frutos comerciais neste local. Entre os
ambientes, os melhores desempenhos foram observados sob o túnel
baixo (175,26 g/planta) e, entre as cultivares, de um modo geral,
´Seascape´ (192,46 g/planta) e ´Camarosa´ (192,15 g/planta) foram
superiores às demais. O destaque ficou por conta das parcelas de
´Camarosa´ sob túnel baixo, com uma produção média de 393,3g/
planta que, se extrapolarmos para uma produção por hectare, equivaleria a uma produção comercial de 20,4 toneladas, que por sinal é excelente para um período de quatro meses de colheita.
51
35,59
20,51
37,54
18,05
11,76
27,24
25,11
16,76
19,44
Aab
Acd
Aa
Ccd
Ad
Abc
A
Estufa
9,87 Abc
11,91 ABab
6,93 Bc
13,29 Aab
13,96 Aa
10,80 Bab
11,13 AB
13,85
14,38
Estufa
Sem
Proteção
14,94 Bb
5,41 Bc
10,34 Bbc
26,1 Ba
5,92 Abc
34,49 Aa
16,19 B
9,58 Ac
13,65 Aab
12,36 Abc
10,35 Abc
16,83 Aa
10,60 Bbc
12,23 A
Sem
proteção
8,37 c
11,57 ab
9,95 bc
11,46 ab
13,15 a
12,46 a
Média
35,03
5,20
33,93
44,49
12,42
28,44
26,59
Ab
Bc
Ab
Aa
Ac
Ab
A
Túnel Baixo
28,52
10,37
27,27
29,52
10,03
30,06
a
a
a
a
b
a
Média
Sem
proteção
Sem
Proteção
133,07 ABa
84,87 Bc
85,54 Abc
25,85 Bd
121,68 Babc
58,65 Ccd
94,34 Bbc 142,79 Bb
64,95 ABc
42,79 Bcd
163,07 Aa
204,12 Aa
110,48 B
93,18 B
18,10
23,57
Estufa
Média
170,96 Ab
34,53 Bd
198,01 Ab
339,30 Aa
98,57 Ac
210,19 Ab
175,26 A
Túnel Baixo
129,70 b
48,64 c
126,11 b
192,15 a
68,77 c
192,46 a
Média
27,19 Bd
65,33 b
48,29 Bcd
77,94 b
58,08 Bbcd
67,08 b
99,35 Bab 110,33 a
85,73 Babc 120,58 a
118,03 Aa
85,40 b
72,78 A
Túnel
baixo
Produção Comercial (G)
67,40 Ac
101,39 Ab
86,28 ABbc 99,25 Ab
46,49 Bc
96,66 Abc
140,06 Aa
91,59 Bbc
118,46 Bab 157,54 Aa
82,64 ABbc
55,53 Bc
90,22 A
100,33 A
19,47
29,48
Estufa
Caldas - MG
São Bento do Sapucaí – SP
5,67 Bc
9,16 Bbc
10,57 Ab
10,72 Ab
8,67 Bbc
15,99 Aa
10,13 B
Túnel
baixo
Número de Frutos Totais
Médias seguidas pelas letras maiúsculas nas linhas e pelas letras minúsculas nas colunas, não diferem entre si, pelo
teste de Tukey no nível de 5%.
Campinas
Oso Grande
Tudla
Camarosa
Sweet Charlie
Seascape
Média
C.V. Cultivar (%)
C.V. Ambiente (%)
Cultivar
Campinas
Oso Grande
Tudla
Camarosa
Sweet Charlie
Seascape
Média
C.V. Cultivar(%)
C.V. Ambiente (%)
Cultivar
Tabela 3. Interação entre cultivares e o ambiente no número de frutos totais (NFT) e na produção comercial (PFC), em gramas/planta, em Caldas-MG e em São Bento do Sapucaí-SP, durante o ano de 2003/
2004.
52
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Resumos do Morango
Conclusões
- A produção de estolhos foi favorecida no ambiente protegido;
- As cultivares Camarosa e Sweet Charlie e Camarosa e Seascape sob
túnel baixo, nas condições de Caldas e São Bento do Sapucaí, respectivamente, apresentaram as melhores produções comerciais.
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado graças ao apoio do CNPq, processo
465509/2001-3 e do produtor rural Luiz de Oliveira Pinto de São Bento
do Sapucaí-SP.
Referências Bibliográficas
RESENDE, L.M. de A.; MASCARENHAS, M.H.T.; PAIVA, B.M. de. Panorama da produção e comercialização do morango. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.198, p.5-19, maio/junho. 1999.
53
54
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Efeito dos Tratamentos com Ácido
Giberélico e Paclobutrazol na Qualidade dos
Frutos de Duas Cultivares de Morangueiro
Jaime Duarte Filho
Luís Eduardo Corrêa Antunes
Renata Vieira da Mota
Giuliano Elias Pereira
Introdução
A cultura do morangueiro é uma cultura sazonal, com produção concentrada entre os meses de junho a outubro, e pico no mês de agosto
(Resende et al., 1999). Em função desta oferta irregular, a cotação
mais elevada ocorre nos meses de abril e maio, quando acontecem as
primeiras colheitas. Desta forma, diversos trabalhos vêm sendo desenvolvidos na busca por novas tecnologias que proporcionem boa produção no período de fevereiro a junho. Dentre as técnicas empregadas, o
uso de reguladores e inibidores de crescimento surge como alternativa
para induzir a precocidade, além de melhorar qualitativa e quantitativamente a frutificação do morangueiro (Duarte Filho et al., 1999).
López-Galarza et al. (1989) verificaram notável aumento na produção
precoce de morangueiros cv. Douglas com aplicação de ácido giberélico
a 40mg.L-1 durante o inverno. Porém, não houve diferença estatística
na produção total e tamanho dos frutos entre as plantas tratadas e as
testemunhas. Entretanto, Castro et al. (1995) obtiveram aumento no
número e peso dos frutos da cultivar Campinas tratado com ácido
giberélico a 50mg.L-1 aos 58 e 65 dias após o transplante nas
condições de Piracicaba (SP).
Inibidores de crescimento como os pertencentes ao grupo dos
inibidores da biossíntese da giberelina, [CCC (cloreto de 2-cloroetiltrimetil amônio), paclobutrazol e uniconazole], em geral têm proporcio-
56
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
nado aumento na produtividade do morangueiro (Nishizawa, 1993).
O efeito dos fitorreguladores ácido giberélico e paclobutrazol no
florescimento e produtividade do morangueiro foi avaliado nas condições do Planalto de Poços de Caldas (MG) em dois cultivares de morangueiro, Oso Grande (dia curto) e Seascape (dia neutro) (Duarte Filho et
al., 2004). Segundo os autores, o efeito dos fitorreguladores foi dependente da cultivar. A intensidade do florescimento do cultivar Oso Grande não foi influenciada pelos tratamentos, enquanto a cultivar Seascape
apresentou florescimento mais precoce e em percentuais mais elevados. A produção comercial por planta, peso médio dos frutos comerciais e o número de frutos totais apresentaram aumento na cultivar
Seascape.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do ácido giberélico e
paclobutrazol nas características físico-químicas das frutas das cultivares Oso Grande e Seascape produzidos em Caldas, MG.
Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental da EPAMIG em
Caldas (MG), durante o ano de 1999. O experimento foi instalado no
mês de março conforme Duarte Filho et al.(2004). O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições, no esquema fatorial 2x4, onde as variáveis dependentes foram
cultivar Oso Grande (dia curto) e cultivar Seascape (dia neutro) e os
tratamentos controle (água); GA3 a 40mg.L-1 em duas aplicações via
foliar (aos 45 e 65 dias após o transplante); paclobutrazol (produto comercial Cultar 10%) a 100mg.L-1 aos 75 dias após o transplante; GA3
+ paclobutrazol (45, 65 e 75 dias após o transplante).
Os frutos foram colhidos no mês de julho e encaminhados ao Laboratório de Fisiologia Pós-Colheita de Frutos e Hortaliças da Universidade
Federal de Lavras (MG), onde foram avaliados quanto ao teor de sólidos
solúveis totais (refratômetro), pH (potenciômetro), solubilidade de
pectina, pectinas solúvel e total (McCready e McComb, 1952) com determinação colorimétrica pela reação com Carbazol (Bitter e Muir,
Resumos do Morango
1962), vitamina C (extração conforme Strohecker e Henning, 1967 e
doseamento segundo Brune, 1966), acidez total titulável (Instituto
Adolfo Lutz, 1985) e açúcares totais (Cerning-Beroard, 1975).
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Apesar da redução aparente no teor de sólidos solúveis e açúcares totais no cultivar Oso Grande, não houve diferença significativa entre os
tratamentos controle e uso de fitorreguladores. Entretanto, o
paclobutrazol parece exercer um efeito deletério maior nas características físico químicas dos frutos deste cultivar. No cultivar Seascape, os
tratamentos com GA3 e paclobutrazol elevaram o teor de sólidos solúveis e açúcares totais influenciando positivamente na qualidade dos
frutos para consumo in natura, mas reduziram a concentração de vitamina C em aproximadamente 15%. O tratamento com o uso combinado dos fitorreguladores anulou o efeito dos mesmos, equiparando-se ao
controle (Tabela 1).
A textura ou consistência do fruto é função do teor de água e pressão
de turgescência das células e da composição da sua parede celular. As
pectinas são os principais componentes da lamela média e um dos principais polímeros da parede celular vegetal. A redução no teor de
pectina total ou aumento no teor de pectina solúvel reduz a força
coesiva que mantém as células da parede celular unidas facilitando o
amaciamento dos tecidos, o que reduz a vida de prateleira dos frutos
(Awad, 1993).
57
58
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 1. Valores médios de pH, sólidos solúveis totais (SST), acidez
titulável total (ATT), teores de açúcares totais (TAT) e vitamina C de
frutos do morangueiro, cv. Oso Grande e Seascape, em função da aplicação de fitorreguladores GA3 e Paclobutrazol. Caldas, EPAMIG, 1999.
Tratamento
T1 - Controle
T2 - GA3
T3 - Paclobutrazol
T4 - GA3 + Paclobutrazol
F (tratamento)
C.V. (%)
T1 - Controle
T2 - GA3
T3 - Paclobutrazol
T4 - GA3 + Paclobutrazol
F (Tratamento)
C.V. (%)
pH
SST
(0Brix)
ATT (%
de ácido
cítrico)
TAT
(%)
´Oso Grande´
3,53
8,01
1,04
6,06
3,63
7,69
1,01
5,37
3,50
7,15
1,05
4,55
3,53
6,93
0,99
4,78
0,95 ns
0,57 ns
0,23 ns 2,55 ns
3,36
17,65
10,62
16,33
´Seascape´
3,34
6,07
1,12
5,24 b
3,35
7,15
1,15
6,57 a
3,37
7,04
1,09
6,10 ab
3,36
6,93
1,12
5,64 ab
0,17 ns
1,51 ns
0,17 ns 4,39*
2,07 ns 11,83 ns
9,81 ns 9,31
Vit. C (mg Vit.
C/100g de
polpa)
103,52
106,29
87,22
93,62
3,21 ns
10,09
84,25 a
73,57 ab
70,56 b
81,80 ab
5,13*
7,43
As médias seguidas de mesma letra na coluna, para cada cultivar, não diferem
entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. EPAMIG, Caldas-MG, 1999.
Os resultados obtidos não indicaram efeito significativo dos tratamentos com fitorreguladores nos teores de pectina total, solúvel ou solubilidade da pectina nos cultivares avaliadas. Na cultivar Oso Grande o tratamento com GA3 reduziu o teor de pectina total em relação às plantas
tratadas com paclobutrazol, porém este efeito não foi significativo em
relação ao tratamento controle.
Conclusões
Os resultados evidenciam a influência do cultivar na resposta à aplicação dos fitorreguladores GA3 e paclobutrazol. Os fitorreguladores não
influenciaram de forma significativa o teor de pectinas ou a sua solubilidade, o pH, teor de sólidos solúveis ou acidez total titulável nos cultivares analisadas.
Resumos do Morango
Referências Bibliográficas
AWAD, M. Fisiologia pós-colheita de frutos. São Paulo: Nobel, 1993,
cap.7, p.93-101.
BITTER, V.; MUIR, H.M. A modific uronic acid carbozole reaction.
Analisy Biochemistry. New York, v.4, p.330-334, 1962.
BRUNE, W. Sobre o teor de vitamina C em mirtáceas. Ceres. Viçosa,
v.13, n.14, p.123-133, 1966.
CASTRO, P.R.C.; COLLETTI JUNIOR, R.; MINAMI, K.; DEMÉTRIO,
C.G.B.; PIEDADE, S.M.S. Frutificação do morangueiro cultivar
Campinas sob efeito de reguladores vegetais. Revista de Agricultura,
Piracicaba, v.70, p.277-289, 1995.
CERNING-BEROARD, J. A note on determination by the anthrone
method. Cereal Chem., v.52, p.857-860, 1975.
DUARTE FILHO, J.; CUNHA, R.J.P.; ALVARENGA, D.A.; PEREIRA,
G.E.; ANTUNES, L.E.C. Aspectos do florescimento e técnicas empregadas objetivando a produção precoce em morangueiro. Informe
Agropecuário, v.20, n.198, p.30-35, 1999.
DUARTE FILHO, J.; ANTUNES, L.E.C.; PÁDUA, J.G. GA3 e Paclobutrazol no florescimento e na produção de frutos em duas cultivares de
morangueiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.201-204,
2004.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ (São Paulo). Normas analíticas, métodos
químicos e físicos para análise de alimentos. 3a ed. São Paulo, v.1,
1985. 533p.
LÓPEZ-GALARZA, S.; PASCUAL, B.; ALAGARDA, J.; MAROTO, J.V.
The influence of winter gibberellic acid applications on earliness,
productivity and other parameters of quality in strawberry cultivation
(Fragaria x ananassa Duch.) on the spanish mediterranean coast. Acta
Horticulturae, n.265, p.217-222, 1989.
59
60
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
McCREADY, P.M.; McCOMBY, E.A. Extraction and determination of
total pectic materials. Analytical Chemistry, Washington, v.24, n.12,
p.1586-1588. 1952.
NISHIZAWA, T. The effect of paclobutrazol on growth and yield during
first year greenhouse strawberry production. Acta Horticulturae, n.329,
p. 51-53, 1993.
ÖZGÜVEN, A.I.; YILMAZ, C. The effect of gibberellic acid treatments
on the yield and fruit quality of strawberry (Fragaria x ananassa) cv.
Camarosa. Acta Horticulturae, v.1, n.567, p.277-280, 2002.
RESENDE, L.M. de A.; MASCARENHAS, M.H.T.; PAIVA, B.M. de. Panorama da produção e comercialização do morango. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.198, p.5-19, 1999.
STROHECKER, R.L.; HENNING, H.M. Analisis de vitaminas: metodos
comprobados. Madri: Paz Montalvo, 1967, 428p.
Produção Integrada do Morangueiro no
Estado do Espírito Santo
Hélcio Costa
José Mauro de Sousa Balbino
César Pereira Teixeira
Mauricio José Fornazier
Luiz Carlos Prezotti
Lúcio Lívio Fróes de Castro
Rosana Maria Altoé Borel
José Aires Ventura
David dos Santos Martins
Resumo
No estado do Espírito Santo, o crescimento da área plantada com a cultura do morangueiro vem se expandindo, atingindo atualmente 180ha.
Este crescimento, juntamente com os plantios sucessivos na mesma
área utilizando cultivares não resistentes, têm influenciado no aumento
da incidência de pragas e doenças. A doença de maior expressão para
a cultura é a antracnose/flor preta (Colletotrichum acutatum), sendo o
ácaro rajado (Tetranychus urticae) a principal praga. Aliada aos fatores
anteriores, as perdas no período pós-colheita, também são significativas, devido à característica de alta perecibilidade do fruto aliado às
condições de manejo pós-colheita. Neste contexto, modificações no
sistema de produção, como a introdução de genótipos de morangueiro
que apresentem resistência a pragas e doenças, elasticidade de período
produtivo e maior conservação pós-colheita, juntamente com técnicas
de manejo de irrigação e nutrição e de controle de pragas e doenças,
poderão viabilizar a melhor exploração do potencial socioeconômico da
cultura. Considerando que a tendência dos mercados internacional e
nacional de frutos é pela demanda de produtos com padrão de qualidade e que o atendimento desse pré-requisito será prioritário para a valorização e manutenção do produto no mercado, torna-se necessária a
62
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
evolução tecnológica em todas as fases da cadeia produtiva. Neste
contexto, a definição de um sistema de Produção Integrada em Morango (PI-Mor.) no Estado do Espírito Santo, viável técnica e economicamente, significa no plano tecnológico equiparar o produto do Estado ao
dos países com agricultura mais desenvolvida; no plano mercadológico,
permitir que esses frutos possam competir, tanto no mercado interno
quanto no externo; e no plano estratégico poder oferecer produtos diferenciado, capaz de conceder aos agricultores melhor remuneração e
garantia da sustentabilidade da cultura na região. Assim, o projeto da
PI-Mor tem por objetivo a caracterização e validação de um conjunto
tecnológico alternativo e a formulação das normas técnicas que constituirão um sistema de PI-Mor a ser desenvolvido em áreas de produção
comerciais da região serrana do Estado do Espírito Santo.
Situação da cultura do morangueiro no estado do Espírito
Santo
Desde a introdução comercial da cultura do morangueiro no Espírito
Santo, na região de Pedra Azul, município de Domingos Martins, no
início da década de sessenta, até a metade da década de noventa a sua
expansão foi bastante limitada chegando nesse período a pouco mais
de 30 ha de área plantada. No entanto, com a necessidade de
substituição da cultura do alho, que se tornou inviável economicamente
dado à abertura de mercado e importação de alho principalmente da
China aliado a instalação de agroindústrias e de uma distribuidora de
frutos de morangueiro nessa região, houve um significativo aumento da
área de plantio que chegou na última safra a aproximadamente 180
hectares. Todavia, este crescimento da área, juntamente com os
plantios sucessivos sem a adequada rotação com outras culturas,
utilizando cultivares suscetíveis, têm ocasionado o aumento da
incidência de pragas e doenças e conseqüentemente intensificando o
uso de agrotóxicos, principal preocupação dos diferentes agentes
envolvidos com esse agronegócio.
A instalação das indústrias viabilizou mais um mercado para o morango, garantindo um destino inclusive para o excedente da produção,
bem como de parte da produção de final de safra, de difícil conservação pós-colheita para o consumo in natura, em função das altas temperaturas nesta fase do ciclo. Por outro lado, a instalação destas indústri-
Resumos do Morango
as aumentou o nível de exigência pelo padrão de qualidade da matéria
prima demandando dos agricultores maior profissionalismo e mudanças
de postura. O padrão de qualidade dos produtos destas indústrias vêm
permitindo ofertar polpa de morango para importantes empresas nacionais e multinacionais, grandes demandadoras deste produto para inclusão em produtos lácteos.
A importância do morango na pauta de produtos para as agroindústrias
do Estado vem levando esse setor a constantes esforços junto ao segmento produtivo, visando ampliar os atuais mercados e possibilitar novos mercados, o que se espera, seja possível com a inclusão da produção integrada do morango. Além das indústrias o mercado consumidor
de frutos in natura também tem pressionado para a produção de frutos
de qualidade com garantia de segurança alimentar. Especificamente
para o mercado do Espírito Santo, o setor do agroturismo, com o projeto Turismo Rural Sustentável, também vem demandando dentro da proposta de diversificação a cultura do morango, exigindo padrão de qualidade que atenda a esta fatia de consumidor e agregue valor aos produtos processados e in natura oriunda da propriedade familiar.
Estas transformações, no entanto, vêm exigindo difusão de ações
tecnológicas e não-tecnológicas, visando atender a solicitação da
agroindústria e dos diferentes segmentos para consumo in natura.
O plantio definitivo do morangueiro é realizado a partir da segunda
quinzena de março até a primeira quinzena de abril em canteiros de 0,7
a 1,2 m de largura, previamente adubados com base na análise de solo.
Atualmente, o espaçamento varia de 0,30 x 0,30 m a 0,40 x 0,30 m
entre plantas com quatro, três ou duas linhas por canteiro, em função
das cultivares e da disponibilidade de investimento (gotejamento e
micro túneis). A maioria dos agricultores fazem o cultivo a céu aberto e
uma pequena parte o cultivo protegido (micro túneis).
No Espírito Santo, a cultura do morango apresenta como principais problemas fitossanitários, as doenças, destacando-se a antracnose/flor
preta (Colletotrichum acutatum), a mancha de micosferela
(Mycosphaerella fragariae), a murcha de verticillium (Verticillium
dahliae), e a podridões de frutos causadas por Botrytis cinerea,
Colletotrichum sp., Rhizopus sp, Phytophthora cactorum e Sclerotinia
63
64
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
sclerotiorum, e como praga principal destaca-se o ácaro rajado
(Tetranychus urticae).
O Projeto da Produção Integrada do morango (PI-Mor) lançado oficialmente em outubro de 2003 pela Secretaria da Agricultura Abastecimento, Aquicultura e Pesca (SEAG), tem a finalidade de contribuir para
a sustentabilidade da cultura no Estado. Essa proposta tem vários parceiros envolvidos - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica
e Extensão Rural - INCAPER, Instituto de Defesa Agropecuaria e Florestal- IDAF, Associação de Produtores Rurais de Venda Nova do Imigrante - PRONOVA, Associação de Produtores de Pedra Azul - APPA e Associação de Moradores do Forno Grande.
Para a realização do projeto as áreas de PI-Mor serão monitoradas em
relação as principais práticas de manejo da planta e solo, fitossanidade,
economicidade, monitoramento ambiental, qualidade dos frutos e póscolheita.
O Projeto da PI-Mor tem com objetivos gerais: caracterizar o conjunto
tecnológico e criar as normas técnicas que constituirão o Sistema de
Produção Integrada do Morangueiro em consenso com os produtores
de morango e técnicos especializados nessa cultura;e, de avaliar a viabilidade técnica e econômica de um sistema de Produção Integrada de
Morangueiro comparativamente ao Sistema Tradicional de cultivo.
Para atender a esses objetivos foram propostas as metas que se
seguem sendo que algumas já foram implementadas e outras
encontram com as ações em desenvolvimento, conforme explicitado:
> Criar, nos dois primeiros meses, o Comitê Gestor Voluntário de Manejo da Produção Integrada de Morango - um grupo técnico
interdisciplinar e multiinstitucional, com a participação do segmento
produtivo. Instalado.
> Definir e estabelecer, nos primeiros seis meses, um conjunto de normas e padrões para a Produção Integrada de Morango respeitando as
peculiaridades da região produtora.- Em fase de execução nesta safra.
Resumos do Morango
Elaborar, nos primeiros seis meses, a caderneta de campo para a cultura do morango. Em fase de execução nesta safra.
> Consolidar, no primeiro ano, um diagnóstico para caracterização
ambiental e sócio-econômica da região produtora de morango do Estado. Em fase de execução nesta safra na região.
> Implementar, no primeiro ano, a Produção Integrada de Morango, em
áreas comerciais, com acompanhamento de manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, manejo e fertilização do solo, da planta e
pós-colheita dos frutos (qualidade). Em fase de execução nesta safra
em algumas propriedades.
> Capacitar, nos seis primeiros meses, 40 técnicos do setor pública e
privada para atuar como multiplicadores da Produção Integrada de
Morango. Este treinamento foi efetuado em março de 2004, onde se
distribuiu para os participantes um manual sobre a Cultura do Morangueiro, contendo as tecnologias para produção, colheita e pós-colheita. Este manual foi também entregue a todos os agricultores que cultivam morango no Estado, pois contem informações sobre os produtos registrados para a cultura, com sua respectiva carência e limite
máximo de resíduos permitidos para cada produto.
> Treinar no mínimo 150 produtores/trabalhadores, durante os três
anos de implantação do projeto PI-Mor.
> Diminuir em 100% ao término da implantação do projeto, o uso de
pesticidas de maior risco ambiental (classe toxicológica I) nas lavouras de morango no sistema de Produção Integrada. Em fase de execução nesta safra em algumas lavouras.
> Obter, no sistema de Produção Integrada, produtividade constante
de frutos com qualidade igual ou superior ao obtido no sistema tradicional, e que mantenham essa qualidade por um período igual ou superior ao do sistema tradicional. Em fase de execução nesta safra.
> Obter no sistema de Produção Integrada, após o terceiro ano de implantação do projeto, rentabilidade igual ou superior ao do sistema
tradicional.
65
66
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
> Instalar, no primeiro ano, duas estações climatológicas
automatizadas na região produtora de morango do Estado.
> Organizar, no segundo ano, um Simpósio sobre "Produção Integrada
de morango".
> Definir ao término do terceiro ano, os limites aceitáveis para resíduos
de pesticidas que podem ser encontrados nos morango do sistema
de Produção Integrada. Nesta safra a coleta de frutos para analise de
resíduos estão sendo efetuadas em algumas lavouras pelo Instituto
de Defesa Agropecuária e Florestal- IDAF.
El Cultivo de Frutilla Dentro del Programa de
Producción Integrada Horticola del Uruguay
Daniel Martínez
La Organización Internacional para la Lucha Biológica e Integrada (OILB)
define a la Producción Integrada como: "la producción de frutas u
hortalizas de alta calidad, dando prioridad a métodos ecológicamente
más seguros, minimizando el uso de agroquímicos y sus efectos
colaterales no deseados, poniendo el énfasis en la protección del medio
ambiente y la salud humana".
1) Programa de Producción Integrada en el Uruguay
En 1997 se inició en Uruguay el Programa Piloto, hoy consolidado
como Programa de Producción Integrada de Frutas y Hortalizas bajo la
coordinación de JUNAGRA (Junta Nacional de la Granja), INIA
(Instituto Nacional de Investigación de Investigación Agropecuaria) y
Facultad de Agronomía, participando además delegados de los
productores.
2) Componentes del Programa de Producción Integrada (PPI) en el
Uruguay
El programa esta dirigido por el Comité Ejecutivo, integrado por las
autoridades de las tres instituciones participantes y delegados de los
productores hortícolas y frutícolas. Luego el funcionamiento general del
programa se organiza a través de Comités Técnicos (Hortícola y
Frutícola), con representantes de las instituciones y delegados de los
productores. Algunas de sus funciones son:
⇒ Elaboración y aprobación de Directivas y Normas de Producción
⇒ Elaboración de los cuadernos de campo y de empaque para cada
rubro.
68
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
⇒ Revisión y actualización constante de las Directivas y Normas, así
como de los cuadernos.
⇒ Organización y ejecución de actividades de capacitación dirigidas
a productores del Programa y eventualmente técnicos.
⇒ Selección de los productores interesados en ingresar al programa.
3) Asociación de productores
En el año 2000 se formó la Asociación de Horticultores de Producción
Integrada (AHPI) y desde el 2003, la Asociación cuenta con un
Secretario Técnico de JUNAGRA. Esta asociación va asumiendo
paulatinamente tareas administrativas y técnicas.
4) Monitoreo
La evolución de las plagas y enfermedades en los predios del
Programa, es seguida, por monitoreadores reconocidos por el mismo.
Así se asegura que los tratamientos químicos aplicados sean los
realmente necesarios. Es ésta una de las principales herramientas del
programa en lo que se refiere al proceso productivo.
5) Certificación
En el 2000-2001, se realizó la primera certificación del PPI Hortícola
(piloto) a través de la certificadora argentina IRAM-ArgenINTA. Desde
el 2001-2002, la certificación se encuentra a cargo de la empresa
uruguaya LATU Sistemas. En el año 2003 se incorpora la figura de la
"Secretaría Técnica" responsable de controlar el cumplimiento de la
normativa por parte de los productores.
6) Directivas generales para la producción hortícola
Las Directivas Generales fijan entre otros; criterios de protección de la
mano de obra, manejo fitosanitario y de los agroquímicos, dosificación,
calibración de la maquinaria, control de malezas y la calidad y tipo de
agua, lugares específicos bien identificados para el almacenamiento de
agroquímicos, cerramiento, etiquetado de los envases y su disposición.
La maquinaria de aplicación debe conservarse en óptimas condiciones
de higiene y calibrarse al menos una vez al año, por personas idóneas.
Resumos do Morango
En nuestro País no existe todavía un sistema definido para la
eliminación de envases vacíos de agroquímicos y el PPI busca
disminuir el impacto negativo que puedan significar; prohibiendo su
reutilización. El manejo sanitario es muy importante en el PPI. Se
priorizan los métodos biológicos, genéticos (variedades resistentes),
manejos culturales y los momentos críticos de monitoreo, definidos
para cada plaga y enfermedad en los cultivos. Se autorizan sólo
determinados principios activos para las intervenciones químicas. Su
aplicación debe estar basada en los resultados del monitoreo y
debidamente justificada por el técnico asesor. Recomendándose su uso
en función de umbrales de intervención definidos, las condiciones
ambientales y las estrategias de control planteadas. Las aplicaciones
calendario están completamente prohibidas en la PI.
Se recomienda el uso de métodos mecánicos de control de malezas
previos al cultivo, pero en caso de ser necesarios los métodos
químicos, solo se permite el uso de herbicidas autorizados. La calidad
del agua para riego debe respetar los parámetros de calidad química y
microbiológica, definidos en la Directiva. En caso de no alcanzarse, se
deberá mejorar su calidad
7) Proceso de inserción del cultivo de frutilla en el PPI hortícola
En 1998 la Ag. San José Sur de JUNAGRA, realiza una experiencia
piloto de manejo integrado en el cultivo de frutilla reduciendo
sensiblemente el uso de los agroquímicos utilizados en ese momento.
Al año 1999-2000 se realiza una prueba de Validación Tecnológica
con cuaderno de campo y umbrales de intervención química,
convirtiéndose en las herramientas fundamentales para el cumplimiento
de las normas predeterminadas. En el año 2001 se conforma un grupo
de trabajo encargado de elaborar las Normas para el cultivo de Frutilla
basados en la experiencia anterior. En el mismo año se realiza una
Experiencia Piloto en el marco del Programa de PI. En al año 2002 se
alcanza la primera certificación del rubro con más del 50% de los
productores participantes alcanzando la misma, y en el 2003 se llega
al 100% de los productores registrados. En la actualidad se realizan
los mayores esfuerzos para posicionar mejor comercialmente el
producto certificado.
69
70
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
8) Normas de PI de frutilla
A los efectos de la certificación, contienen aspectos obligatorios,
clasificados en No Conformidades Mayores y No Conformidades
Menores, cuyo cumplimiento es exigido en un 100 y 70 %
respectivamente. Los demás aspectos incluidos se consideran
recomendables, pudiendo transformarse luego en obligatorios. Si bien
su cumplimiento no es exigido, su aplicación mejora sustancialmente el
manejo general del predio, como por ejemplo la no permanencia de los
cultivos más de dos años desde la plantación.
Dentro de las cultivares recomendados, se encuentran: "Camarosa",
"INIA Arazá", "Selva", "Seascape" y "Aromas". Si el plantín es
producido en el propio establecimiento deberá contar con análisis
sanitario para hongos de corona y nematodos (Meloidogyne y
Ditylenchus). Sí no es así, deberá contar con el comprobante del
proveedor, conteniendo la correspondiente identificación del vivero, del
cultivar y el análisis sanitario. No se podrá plantar aquel lote cuyo
análisis revele la presencia de nematodos y cortarse las hojas atacadas
por bacteriosis y oidio. El sistema de plantación permitido es de
tresbolillo, con una distancia de plantación dependiente de la variedad
y del tipo de cultivo (si es protegido o a campo).
9) Manejo del suelo, riego y fertilización
Para la instalación del cultivo, el suelo deberá tener un horizonte A
mayor a 20 cm, debiéndose realizar análisis de suelo estándar y
corrigiendo el pH cuando éste sea mayor a 7. Definiéndose varias
características recomendables para la elección del suelo, como por
ejemplo pendiente menor al 1%, profundidad útil mayor a 40 cm y un
pH entre 6 y 6,5. Para la preparación del suelo se recomienda
ellaboreo vertical y canteros de más de 30 cm de altura.
Deben efectuarse análisis de suelo estándar previo a la fertilización de
base. Se establecen valores máximos en Unidades/Ha permitidos de
130 de N, 100 de P y 160 de K., y también para las enmiendas
orgánicas, según el tipo de las mismas. No se permite plantar dos
cultivos consecutivos de frutilla sobre el mismo cuadro, excepto en
Resumos do Morango
cuadros nuevos. También se detallan rotaciones y abonos verdes a
incluir en la planificación del predio. Se deberá contar con algún tipo
de cobertura de suelo ya sea de polietileno u orgánico.
El sistema de riego será por goteo, debiendo analizarse cada dos años
el agua a utilizar. En caso de aplicar fertirriego, se deberá contar con
mecanismos de seguridad que eviten la contaminación de las fuentes
de agua.
10) Manejo sanitario
Para el manejo de plagas y enfermedades se aplican medidas culturales
y químicas. Para la intervención química, se definen principios activos
autorizados para el control de cada plaga y enfermedad. Las Directivas
Generales Hortícolas, establecen que la decisión de utilizar un producto
químico debe encontrarse justificada por los resultados del monitoreo y
en los umbrales de intervención definidos, considerando la estrategia
de control planteada.
Referências Bibliográficas
Comité Técnico Hortícola. "Directivas Generales Hortícolas (2003)".
Martínez, Daniel.; Mauri, P. "El Manejo Integrado del Cultivo de Frutilla
como primer paso hacia la Producción Integrada" (Cultivares de día
corto). 2000.
Martínez, Daniel, Giménez, G, Casanello, María E., Paullier J. "Normas
de Producción Integrada de Frutilla". Redacción 2001.
Martínez, Daniel., Giménez G., González, P., Leoni C., Paullier J.
"Normas de Producción Integrada". Actualización 2003.
Carrega E.; Telis, V. "El Programa de Producción Integrada en el
Uruguay".
71
72
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Desempenho Agronômico de Quatro Cultivares Francesas de Morangueiro, em Dois
Tipos de Ambiente
Jaime Duarte Filho
Luís Eduardo Corrêa Antunes
Introdução
A década de 60 é considerada como um marco para a cultura do
morangueiro devido à introdução de novas tecnologias, como o
lançamento da cultivar IAC Campinas, obtida pelo Instituto
Agronômico de Campinas a partir de hibridações realizadas em 1955
entre ´Donner I-2183´ e ´Tahoe i-2185´, introduzidas dos EUA no
ano anterior, que impulsionaram o cultivo desta fruta no Brasil.
´Campinas´ é rústica, com produtividade muito boa e maturação
precoce e produtora de frutos de boa qualidade. Entretanto, apresenta
uma alta sensibilidade às principais doenças que atacam o morangueiro
e uma baixa conservação pós-colheita, o que motivou a sua
substituição pela cultivar Dover. Essa apresenta uma maior resistência
ao transporte e uma maior tolerância a algumas doenças, como a "florpreta", o que contribuiu para expansão da cultura, nas diversas regiões
produtoras de morango. Porém, em função das características
organolépticas dos frutos, esta cultivar vinha prejudicando o mercado,
o que levou os produtores, viveiristas e pesquisadores a introduzirem
novos materiais com vista a substituição desta cultivar.
Atualmente, além da ´Dover´ e da ´IAC Campinas´ cultiva-se ´Oso
Grande´, ´Camarosa´ e ´Aromas´ (atualmente em maior escala),
´Toyonoka´, ´Tudla Nilsei´, ´Chandler´, ´Sweet Charlie´,
´Seascape´, foram introduzidas sem passarem por uma avaliação
prévia da sua adaptação às diferentes regiões produtoras.
74
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
A escolha das cultivares a serem utilizadas na exploração da cultura do
morangueiro é um dos pontos chaves para se obter o sucesso
esperado, pois as suas características quando submetidas às
condições ecológicas da área e região, somadas ao manejo adotado, é
que determinarão a produtividade e a qualidade do produto final e até
mesmo influenciarão na comercialização, devido à preferência de
alguns mercados por frutas com determinadas características.
Objetivou-se com esse trabalho avaliar o desempenho produtivo de
quatro novas cultivares, de origem francesa, em dois sistemas de
cultivo, nas condições do planalto de Poços de Caldas-MG.
Material e Métodos
O experimento foi realizado em Caldas (21o 55´ S; 46o 23´ W; Alt.
1.150 m), na Fazenda Experimental de Caldas - Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).
O delineamento experimental foi de blocos casualizados, em parcelas
subdivididas, com cinco repetições. Os ambientes de cultivo (céu
aberto e túnel baixo), nas parcelas, enquanto que as cultivares
(Campinas, Cigaline, Cireine, Cilady e Cigoulette) nas subparcelas.
Estas foram constituídas de 21 plantas, dispostas em três linhas, num
espaçamento de 40X30cm, perfazendo uma área de 2,52m2.
As mudas foram produzidas a céu aberto, a partir da multiplicação de
matrizes oriundas de cultura de tecidos vegetais.
O plantio foi realizado em 29/03/2000 em canteiros de 1,20 m de
largura e 0,30 m de altura, separados entre si por cerca de 0,50 m,
num espaçamento de 40 X 30 cm.
A cobertura dos canteiros (mulching) com filme de polietileno preto e
a instalação dos túneis, foram feitas por ocasião do pegamento das
mudas, ou seja, quinze dias após o plantio.
Resumos do Morango
Parâmetros avaliados: Florescimento: realizado a intervalos regulares
com a contagem do número plantas em florescimento/parcela. A partir
destes dados foi calculada a percentagem de florescimento/parcela, ao
longo do período; Produção: a cada colheita, em número de três por
semana, classificaram-se, em cada parcela, os frutos comerciais
(peso> 6g), não comerciais (peso< 6g) e danificados, os quais foram
contados e pesados. A partir destes dados foram calculados os seguintes parâmetros: número de frutos totais (comerciais + não comerciais
+ danificados) por planta (NFT), produção comercial por planta, em
gramas (PFC) e a percentagem de frutos comerciais (%FC), não
comerciais (%FNC) e danificados (%FD). Os dados foram submetidos
à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey
(5%).
Resultados e Discussão
O cultivo protegido (túnel baixo) favoreceu a precocidade das
diferentes cultivares. As cultivares Campinas e Cigaline mostraram-se
as mais precoces, o que está de acordo com as descrições de
Markocic & Roudeillac (2002). Da mesma forma, Cigoulette, em
ambos os ambientes, foi a mais tardia, o que também está de acordo
com as descrições dos mesmos autores (Figura 1).
A maior produção de frutos foi observada nas parcelas de
´Campinas´, independente do ambiente de cultivo, com uma média de
83,42 frutos/parcela. Entretanto, apesar dessa maior produção de
frutos totais, a produção comercial nesta cultivar ficou abaixo da
verificada nas parcelas de Cilady (com uma média de 364,97g/planta),
devido, principalmente, ao número de frutos danificados (Tabela 2) e
ao peso médio dos seus frutos (dados não apresentados), uma vez que
na %FNC, não foram observadas diferenças estatísticas entre ambas
as cultivares (Tabelas 1 e 2). Essa menor percentagem de frutos
danificados verificados nas parcelas de ´Cilady´, deve-se a sua maior
resistência a Antracnose (Colletotrichum acutatum) e Botrytis,
segundo descrição de Markocic & Roudeillac (2002), que são as
principais doenças que ocorrem nos frutos do morangueiro.
O túnel baixo proporcionou maior proteção aos frutos das diferentes
cultivares diminuindo com isso, a ocorrência de frutos danificados
75
76
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
(Tabela 2), devido ao efeito guarda-chuva que reduz a umidade do ar
próximo à parte aérea. Por conseqüência, a frutificação foi aumentada,
assim como a produção comercial.
Apesar de não terem tido um desempenho superior à testemunha
(´Campinas´), no que diz respeito à frutificação (NFT), com exceção
da ´Cilady´ que apresentou maior produção comercial, as cultivares
francesas se destacaram pela qualidade dos seus frutos (aroma, sabor
e firmeza) e pela maior resistência às doenças, quando comparada a
‘Campinas’.
O desempenho verificado entre as cultivares francesas, com respeito à
frutificação, apesar da grande exigência de horas de frio (varia de 800
a 1000 horas), abre inúmeras possibilidades com relação à utilização
das diversas cultivares produzidas pelas diferentes instituições de
pesquisas e viveiristas dos principais países produtores, como a
Espanha, França e Itália.
Conclusões
As cultivares francesas, principalmente ´Cilady´, apresentaram um
ótimo desempenho, podendo ser utilizadas no futuro, nas diferentes
regiões produtoras de morango, após melhores estudos, principalmente, quanto à adaptação destas a outras condições ecológicas.
O túnel baixo proporciona melhores condições ao bom
desenvolvimento do morangueiro.
Referências Bibliográficas
MARKOCIC, M.; ROUDEILLAC, P. Progress in strawberry breeding at
CIREF - France - for fruit flavour na d disease resistance. Acta Hoticulturae, Netherlands, n.567, v.1, p.161-164, 2002.
PASSOS, F.A. Melhoramento do morangueiro no Instituto Agronômico
de campinas In: DUARTE FILHO, J.; CANÇADO, G.M.A.; REGINA,
M.A.; ANTUNES, L.E.C.; FADINI, M.A.M. Morango: Tecnologia de
produção e processamento, Caldas: EPAMIG, 1999. p.259-264.
Resumos do Morango
Tabela 1. Produção comercial de frutos, em g/planta, número de frutos
totais (NFT) e percentagem de frutos comerciais (%FC) e danificados
(%FD) das diferentes cultivares em dois ambientes: sem proteção (SP)
e túnel baixo (TB).
Cultivares
Campinas
Cigaline
Cireine
Cilady
Cigoulette
Média2
C.V. (%) Cultivar
C.V. (%) Ambiente
Cultivares
Campinas
Cigaline
Cireine
Cilady
Cigoulette
Média2
C.V. (%) Cultivar
C.V. (%) Ambiente
Cultivares
Campinas
Cigaline
Cireine
Cilady
Cigoulette
Média2
C.V. (%) Cultivar
C.V. (%) Ambiente
Cultivares
Campinas
Cigaline
Cireine
Cilady
Cigoulette
Média2
C.V. (%) Cultivar
C.V. (%) Ambiente
Produção comercial de frutos (g)
Sem Proteção
Túnel Baixo
235,48 Bb
433,26 Aa
82,24 Bc
270,56 Ab
169,82 Bb
279,23 Ab
315,40 Ba
414,54 Aa
226,30 Bb
329,88 Ab
205,85 B
345,49 A
11,12
12,13
Número de Frutos Totais (Nft)
Sem Proteção
Túnel Baixo
65,33 Ba
101,51 Aa
24,33 Bc
55,47 Abc
30,00 Bc
46,16 Ac
43,33 Bb
65,19 A b
34,00 Bbc
50,72 Ac
39,40 B
63,81 A
10,00
9,19
Porcentagem de frutos comerciais (%fc)
Sem Proteção
Túnel Baixo
34,90 Ab
40,69 Ab
33,47 Bb
47,45 Aab
46,97 Aa
50,87 Aa
53,17 Aa
49,46 Aa
50,23 Aa
51,69 Aa
43,75 A
48,03 A
7,30
13,38
Porcentagem de frutos danificados (%Fd)
Sem Proteção
Túnel Baixo
23,45 Aa
18,26 Aa
26,03 Aa
7,01 Ba
22,27 Aa
15,09 Aa
14,47 Aa
11,17 Aa
12,73 Aa
18,39 Aa
19,79 A
13,98 B
32,08
32,26
Média1
334,37
176,40
224,52
364,97
278,09
b
c
b
a
b
Média1
83,42 a
39,90 c
38,08 c
54,26 b
42,36 c
Média1
37,80 b
40,46 b
48,92 a
51,31 a
50,96 a
Média1
20,86 a
16,52 a
18,68 a
12,82 a
15,56 a
Médias seguidas pelas letras maiúsculas nas linhas e pelas letras minúsculas
nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey no nível de 5%.
1
Médias de cada cultivar nos dois ambientes. 2 Médias dos ambientes.
77
78
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 2. Porcentagem de frutos não comerciais (%FNC) das diferentes
cultivares em dois ambientes (sem proteção e túnel baixo).
Porcentagem de frutos não comerciais (%FNC)
Cultivares
Campinas
41,33 ab
Cigaline
43,05 a
Cireine
32,40 b
Cilady
35,87 ab
Cigoulette
33,98 ab
Ambiente
Sem Proteção
36,66 a
Túnel Baixo
37,99 a
C.V. (%) Cultivares
13,85
C.V. (%) Ambiente
8,74
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey no
nível de 5%.
100
75
%
Flores50
cimento
25
Cultivo Protegido
0
55
65
70
75
80
85
90
95 100 105 110
Dias após plantio
100
%
Florescimen
-to
75
50
25
Sem Proteção
0
55
65
70
75
80
85
90
95
100 105 110
Dias após plantio
Campinas
Cigaline
Cilady
Cigoulette
Cireine
Figura 1. Florescimento das diferentes cultivares no ambiente externo
(sem proteção) e sob túnel baixo (Cultivo protegido).
Analisis Comparativo de Dos Formas de
Produccion de Frutillas para la Region Sur
del Dpto. de San Jose - Uruguay
Alberto Cotro
Fernando Martínez
Daniel Martinez
Miguel Scalone
1) Introducción
El presente trabajo pretende, para predios de unas 10 Has ubicados en
la Zona Sur del Dpto. de San José, Uruguay, analizar dos modelos de
producción de frutilla, a campo, en rotación con otros cultivos
hortícolas.
Los cultivares de frutillas que se emplearon en ambos modelos son
diferentes: en un caso (A) tuvo en cuenta el cv. Camarosa (de día
corto) y en el otro (B), el cv. Aromas (de día neutro).
En ambos casos, se trata de productores familiares que son
propietarios, viven en el predio y la elección de una u otra alternativa
responde a distintos enfoques empresariales, ya que ambos modelos
presentan una duración del ciclo productivo diferente, con variaciones
en la cantidad y distribución temporal de la mano de obra y en
consecuencia, también en los costos e ingresos resultantes.
La frutilla es para estos predios, el principal cultivo de la rotación
desde el punto de vista económico, ocupando más del 60 % del total
de la mano de obra utilizada en el predio.
80
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Los productores de la zona han adquirido una adecuada destreza en el
manejo del cultivo que les ha permitido obtener fruta de muy buena
calidad que es destinada en su mayoría al consumo interno en fresco.
La información aplicada a la elaboración de ambos modelos fue en su
gran mayoría obtenida directamente en la zona y pretende reflejar de la
mejor manera posible la realidad de sus predios.
Los modelos desarrollados hacen hincapié fundamentalmente en las
diferencias que se presentan en las dos formas de encarar la
producción de frutillas, permaneciendo incambiados los otros aspectos
referentes a los demás cultivos de la rotación.
2) Los Modelos
El Modelo A, que utiliza el cv. Camarosa se caracteriza por iniciar los
laboreos en el mes de diciembre, la plantación de las mudas en el mes
de marzo y cosechar, desde setiembre-octubre hasta fines de
diciembre, sin perjuicio de que algunos años, se continúe hasta los
primeros días de enero. La plantación se lleva a cabo en canteros de
0,80 m de ancho en la parte superior, con las plantas distribuidas al
tresbolillo y con una densidad de 16.500 plantas madres por hectárea.
Por otro lado en el Modelo B, que utiliza el cv. Aromas, comienzan la
preparación de la tierra desfasada un mes con el anterior, planta en el
mes de mayo, continuando su ciclo hasta el mismo mes del siguiente
año. La densidad alcanza en este caso, a 13.200 plantas madres por
hectárea.
La preparación del suelo, la fertilización de base, el encanteramiento, el
mulching de polietileno negro, el sistema de riego y fertirriego, la
fertilización foliar y el combate de plagas y enfermedades en lo
atinente a los productos y dosis a aplicar y la mayor parte de las
labores culturales, son iguales en ambos modelos. En cuanto a este
último aspecto debemos destacar que en el Modelo A se deja para
plantar un solo estolón por cada planta madre, mientras que en el
Modelo B, se dejan dos estolones por cada una.
Resumos do Morango
La diferencia también se da en el número de aplicaciones contra los
problemas sanitarios y en el número de algunas labores culturales, en
función de la diferente duración de los ciclos.
También se presentan diferencias en los rendimientos y la calidad de la
fruta obtenida, la duración de las cosechas y la forma de remuneración
del personal zafral que interviene en las mismas.
Como ya se indicó, en ambos modelos la frutilla es acompañada por un
conjunto de otros cultivos hortícolas a campo, que integran la rotación
y que se manejan a los efectos de este estudio, como un paquete
idéntico en ambos casos. Estos cultivos son: Tomate para industria,
Boniato y Zapallo tipo Tetsukabuto (1 Ha de cada uno) y Zapallito de
Tronco, Coliflor y Repollitos de Bruselas (2 parcelas de ½ Ha cada una
de los cultivos nombrados).
Se asume para ambos modelos el mismo equipo de maquinaria, de
riego y fertirriego y demás bienes de capital necesarios para la
explotación.
La duración de la cosecha y el período de la misma, es diferente en
ambos modelos y también los rendimientos y las proporciones entre
las calidades obtenidas. En el Modelo A, el rendimiento total es de
25.080 Kg y en el B, de 34.900 Kg por hectárea. La modalidad de
pago de la cosecha también es diferente en ambos. Este estudio
concluye con las dos categorías de frutilla vendidas a nivel de predio
acondicionadas en cajas de 4 Kg sin despalillar.
Conclusiones
Por tratarse de predios familiares, el aporte de mano de obra de este
origen puede ser determinante para el tipo de producción a encarar. En
el caso del Modelo B la mayor oferta de mano de obra familiar, permite
desarrollar en él la frutilla de ciclo más largo en forma más
conveniente. En efecto, el Modelo A, tiene un requerimiento total de
9.916 horas-hombre entre enero y diciembre del mismo año, mientras
81
82
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
que el B, para el período enero a mayo del año siguiente, el
requerimiento de mano de obra es de 15.644 horas-hombre.
En lo atinente a los ingresos brutos, el Modelo B, obtiene montos
notoriamente superiores al A, del orden de un 80 %, debido a la
incidencia de varios factores: una mayor producción total con % de
fruta de mejor calidad y con períodos de venta con precios más
favorables.
Pero del análisis de los costos surge que el modelo con frutilla de día
corto (A), tiene un costo total por hectárea más bajo que el que planta
frutilla de día neutro (B), del orden de un 44 % menor. El costo total
por kg es de 0,56 US$ para la frutilla de día neutro y de 0,54 US$
para la de día corto.
Aparentemente el Modelo A, compensa en buena medida las
diferencias en los ingresos originados en menores rendimientos y
precios, por su menor costo de producción. El principal item de los
costos en ambos modelos, es la mano de obra zafral con el 22,2 % en
este modelo y alcanzando al 23,8 % en el B.
Atmosfera Modificada Ativa com CO2 para
a Conservação de Morangos Oso Grande´
Auri Brackmann
Cristiano André Steffens
Daniel Neuwald
Introdução
As regiões sudeste, norte e nordeste constituem-se um mercado
aberto para a comercialização do morango gaúcho, pagando-se altos
preços pelo produto. Entretanto, a grande distância destes mercados,
associado ao rápido amadurecimento e à alta sensibilidade do morango
a podridões, tem sido os principais entraves para que o morango
gaúcho possa chegar ao consumidor com boa qualidade. Uma das
alternativas para o armazenamento e transporte de morangos à longa
distância é o uso da atmosfera modificada ativa com CO2, que consiste
na adição de CO2 na embalagem de polietileno, onde as frutas estão
acondicionadas.
Vários trabalhos demonstram o efeito do CO2 sobre a retenção da
firmeza de polpa e redução de podridões em morangos (Kader, 1997;
Watkins et al., 1999; Brackmann et al., 1999; Holcroft & Kader,
1999; Brackmann et al., 2001). Entretanto, o uso da atmosfera
modificada com alto CO2 pode causar efeitos indesejáveis, tais como o
desenvolvimento de "off-flavor" (sabor estranho) (Watkins et al,
1999). De acordo com Kader (1997), o CO2 deve permanecer entre 15
a 20kPa. Em trabalhos anteriores realizados no Núcleo de Pesquisa em
Pós-Colheita da Universidade Federal de Santa Maria, observou-se que
a cultivar Oso Grande, armazenada em pressão parcial de CO2 de até
20kPa não apresentou ocorrência de "off-flavor", além de manter a
firmeza de polpa mais elevada e reduzir a ocorrência de podridões
(Brackmann et al., 2001).
84
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi de avaliar o efeito de altas
pressões parciais iniciais de CO2 sobre a manutenção da qualidade do
morango ´Oso Grande´ durante o armazenamento em atmosfera
modificada ativa com CO2, bem como verificar qual a pressão parcial
inicial necessária para manter o CO2 entre 15 e 20kPa, valores que são
considerados ideais para a conservação de morangos.
Materiais e Métodos
Os morangos, provenientes de cultivos comerciais do município de
Farroupilha, RS, foram acondicionados em bandejas plásticas, envoltas
por filme de PVC (polivinil cloreto) esticável de 15mm de espessura.
Os tratamentos constituíram-se de atmosferas modificadas ativas com
0, 30, 40 e 50kPa de CO2. Para aplicação dos tratamentos, foram
envolvidas quatro bandejas de morangos com filmes de polietileno de
baixa densidade (PEBD) de 60mm de espessura. Antes do fechamento
das embalagens, retirou-se o máximo possível do ar interno, através de
sucção com bomba de ar. O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizado com três repetições e a unidade experimental
composta por quatro bandejas com 30 frutas cada.
As avaliações foram realizadas após 18 dias de armazenamento a 0oC
seguido de 2 dias a 20oC. As variáveis avaliadas foram: a) firmeza de
polpa: determinada com um penetrômetro manual de alta precisão,
com leitura de 0 a 14N, munido de uma ponteira de 7,9mm; b) acidez
total titulável: determinada através da titulação de 10ml de suco
diluído em 100ml de água destilada, com uma solução de NaOH 0,1N
até pH 8,1; c) sólidos solúveis totais (SST): determinados por
refratometria manual; d) escurecimento das sépalas: avaliado
utilizando-se uma escala de 1 a 3, sendo que os índices 1, 2 e 3
representavam <10%, 10 a 40% e >40% da área total das sépalas
escurecidas e necrosadas, respectivamente; e) podridões: baseada na
avaliação visual e expressa em percentual de frutas afetadas. As frutas
de cada tratamento foram também submetidas a um painel sensorial
composto por seis pessoas não treinadas com o objetivo de verificar
alterações no sabor.
Resumos do Morango
Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância e
análise de regressão para os efeitos do tratamento. A escolha das
regressões foi em nível de 5% de probabilidade de erro. Valores
expressos em percentual foram transformados pela fórmula
arc.sen x / 100 antes da análise da variância.
Resultados e Discussões
Após 18 dias de armazenamento a 0oC, seguido de dois dias a 20oC,
não foi verificado efeito da atmosfera enriquecida com CO2 sobre a
firmeza de polpa e sólidos solúveis totais (SST) (dados não
apresentados).
O aumento da pressão parcial inicial de CO2 na embalagem reduziu
linearmente a ocorrência de podridões (Figura 1). Outros trabalhos
também obtiveram redução na ocorrência de podridões em morangos
com o uso de CO2 (Holcroft & Kader, 1999; Brackmann et al., 2001).
De acordo com a figura 1, observa-se que as pressões parciais iniciais
de 40 e 50kPa de CO2 apresentaram menor ocorrência de podridões e
que, nestes tratamentos, a pressão parcial de CO2, durante todo o
período de armazenamento, não ficou abaixo de 15,4 e 18,6kPa,
respectivamente. Estes resultados estão de acordo com Kader (1997),
que afirma que o armazenamento de morangos em atmosfera contendo
15 a 20kPa de CO2 reduz a ocorrência de podridões. Brackmann et al.
(1999), atribuem o efeito do CO2 sobre o controle de podridões ao
amadurecimento menos avançado das frutas e ao estabelecimento de
um ambiente desfavorável para o desenvolvimento de fungos.
A acidez total titulável diminuiu linearmente com o aumento da
pressão parcial inicial de CO2 nas embalagens (Figura 1). Holcroft &
Kader (1999) também verificaram um decréscimo na acidez titulável de
morangos armazenados em atmosfera modificada ativa com CO2. De
acordo com estes autores, o alto CO2 pode afetar o metabolismo dos
ácidos orgânicos, uma vez que o ácido cítrico e o ácido málico, os
ácidos mais abundantes em morangos, reduziram abruptamente em
alto CO2, enquanto que o ácido succínico, presente em baixas
concentrações, apresentou um leve aumento.
85
86
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O escurecimento das sépalas foi mais intenso nos morangos
armazenados sem adição de CO2 nas embalagens (Figura 1). A injeção
de CO2 até 30kPa reduziu o escurecimento das sépalas, entretanto a
partir de 30kPa voltou a aumentar (Figura 3). Brackmann et al. (2001)
observaram um aumento no escurecimento das sépalas com o
aumento da pressão parcial de CO2, em morango ´Oso Grande´
armazenado a 0oC. O alto índice de escurecimento das sépalas sem a
injeção de CO2 pode estar relacionado à alta ocorrência de podridões
neste tratamento, o que pode ter mascarado o resultado. A pressão
parcial inicial de CO2 de 40kPa manteve a pressão parcial de CO2
dentro do intervalo recomendado por Kader (1997) para o
armazenamento de morangos (15 a 20kPa), durante a maior parte do
período de armazenamento (Figura 1). Na embalagem com a adição de
30kPa de CO2 a pressão parcial deste gás baixou para 10,5kPa, após
18 dias de armazenamento. Para a cultivar ´Oso Grande´, Brackmann
et al. (2001) obtiveram os melhores resultados usando pressões
parciais constantes de 15 e 20kPa de CO2.
Morangos armazenados com 50kPa de CO2 inicial apresentaram sabor
estranho. É bem provável que esta modificação no sabor esteja
relacionada à alta pressão parcial de CO2 que ficou acima de 20kPa
durante os primeiros 14 dias. De acordo com Kader (1997), a pressão
parcial de CO2, durante o armazenamento de morangos, não deve
exceder 20kPa, pois pode causar sabor estranho às frutas. Pérez et al.
(1997) relatam que o "off-flavor" em morangos é induzido pela
respiração anaeróbica (Watkins et al., 1999). Brackmann et al. (2001)
não verificaram alteração no sabor de morangos ´Oso Grande´
armazenados em até 20kPa de CO2.
Conclusão
Conclui-se que a pressão parcial inicial de 40kPa de CO2, em
embalagens de polietileno de baixa densidade com espessura de 60m,
mantém o CO2 dentro da faixa recomendada para o armazenamento e
transporte de morango. Este tratamento proporciona também a
manutenção de satisfatória qualidade das frutas, podendo ser utilizado
para o transporte e/ou armazenamento de morangos embalados em
quatro bandejas com 300g de frutas cada, envolvidas inicialmente com
PVC esticável de15µ.
Resumos do Morango
Referências Bibliográficas
BRACKMANN, A.; HUNSCHE, M.; WACLAVOWSKY, A.J.; DONAZZOLO, J. Armazenamento de morangos cv. Oso Grande (Fragaria
ananassa L.) sob elevadas pressões parciais de CO2. Revista Brasileira
de Agrociência, Pelotas, v.7, n.1, p.10-14, 2001.
BRACKMANN, A.; HUNSCHE, M.; MAZARO, S.M. Efeito do alto CO2
e do armazenamento em atmosfera modificada sobre a qualidade póscolheita de morangos (Fragaria ananassa L.) cv. Tangi. Revista Científica Rural, Bagé, v.4, n.1, p.58-63, 1999.
HOLCROFT, D.M.; KADER, A.A. Controlled atmosphere-induced
changes in pH and organic acid metabolism may affect color of stored
strawberry fruit. Postharvest Biology and Technology, Amsterdam,
v.17, p.19-32, 1999.
KADER, A.A. A summary of CA requirements and recommendations
for fruits other than apples and pears. In:INTERNATIONAL
CONTROLLED ATMOSPHERE RESEARCH CONFERENCE, 7., Davis,
Proceedings... Davis:University of California, 1997, v.3, p.1-34, 1997.
WATKINS, C.B.; MANZANO, M.J.E.; NOCK, J.F.; ZHANG, J.J.;
MALONEY, K.E.; ZHANG, J.Z. Cultivar variation in response os
strawberry fruit to high carbon dioxide treatments. Journal of the
Science of Food and Agriculture, New York, v.79, n.6, p.886-890,
1999.
KADER, A.A. A summary of CA requirements and recommendations
for fruits other than apples and pears. In:INTERNATIONAL
CONTROLLED ATMOSPHERE RESEARCH CONFERENCE, 7., Davis,
Proceedings... Davis:University of California, 1997, v.3, p.1-34, 1997.
WATKINS, C.B.; MANZANO, M.J.E.; NOCK, J.F.; ZHANG, J.J.;
MALONEY, K.E.; ZHANG, J.Z. Cultivar variation in response os
strawberry fruit to high carbon dioxide treatments. Journal of the
Science of Food and Agriculture, New York, v.79, n.6, p.886-890,
1999.
87
80
60
Valores
estimados
40
Valores
observados
20
0
0
-1
Acidez titulável (cmol.L
Podridões (%)
r2=0,94
Y = -1,1939X + 90,9444
100
)
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
10
Valores
estimados
8
6
Valores
observados
4
2
0
30 40 50
0
30 40 50
CO2 (kPa)
Y = 0,0007X 2-0,0448X + 2,8258
r2=0,93
50
50
2,5
40
40
30
30
Valores
estimados
1,5
Valores
observados
1
0,5
30
23,2 21,4
20,5
17,1 16,3 16,5 18,6
15,4
12,5 11,1 10,1 10,5
20
10
0
40
50
0
40
0
CO2 (kPa)
3
2
r2=0,88
Y = -0,0545X + 10,6974
12
CO2 (kPa)
Índice de escurecimento
de sépalas (1-3)
88
CO2 (kPa)
0
6
10
14
18
Dias após a injeção de CO2
Figura 1. Ocorrência de podridões, acidez titulável, índice de escurecimento de sépalas em morangos ´Oso Grande´, após 18 dias de
armazenamento em atmosfera modificada, mais dois dias a 20oC, e
pressão parcial de CO2 no interior das embalagens durante o
armazenamento a 0oC. Santa Maria, 2000.
Evaluavión de Alternativas al Bromuro de
Metilo en la Producción de Plantines de
Frutilla en Tafi del Valle
Borquez, A.M.
V.A. Mollinedo
Introduccion ý Objetivo
El uso del bromuro de metilo está ampliamente difundido como desinfectante de suelos en la producción de plantines de frutilla. Si bien es
un producto de alta eficacia en la desinfección de suelo, afecta la capa
de ozono y permanece dos años en el medio ambiente después de
haber sido utilizado. Existe el compromiso de Argentina de reducir el
consumo de Bromuro de Metilo en forma gradual, hasta su eliminación
total.
El objetivo de este trabajo fue evaluar diferentes alternativas al
bromuro de metilo en la desinfección de suelos para la producción de
plantines de frutilla en viveros de Tafí del Valle.
Materiales y Metodos
Se realizaron tres ensayos en viveros de frutilla de Tafí del Valle.
Ensayo A
Se realizó durante el ciclo productivo 2002-2003 en la Asociación de
Productores de Papa Semilla (APASE), subestación de la Estación
Experimental Agropecuaria Obispo Colombres (EEAOC), ubicado en
Las Carreras, dto. TAFÍ DEL VALLE (Tucumán). Se utilizaron plantas
madres (etiqueta blanca) de la variedad CAMAROSA (Univ. De
California).
Los tratamientos que se evaluaron fueron:
1. Testigo: sin desinfección de suelo (T)
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
90
2. Bromuro de Metilo (98:2): aplicado en caliente, con cobertura
plástica de 50 µm, a razón de 50 g PC/m² (BM)
3. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) inyectado y
sellado con rolo compactador, a razón de 125 cm3 PC/m² (MS-R)
4. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) inyectado y
sellado con plástico cristal (MS-P) a razón de 125 cm3 PC/m²
5. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) inyectado y
sellado con agua mediante riego por aspersión, a razón de 125 cm3
PC/m² (MS-A).
Se midió:
Ø
Ø
Ø
Ø
Ø
Ø
Número de plantas clasificadas en tres categorías (A, B y C)
Número total de plantas (suma de todas las categorías analizadas)
Diámetro de corona de cada categoría
Longitud de raíces de cada categoría
Peso fresco de raíces, corona y hojas de cada categoría
Peso seco de raíces, corona y hojas de cada categoría
Se consideraron plantas de categoría A a las que presentaban un
diámetro de corona mayor a 13 mm; categoría B entre 7 y 12,99 mm;
y categoría C inferior a 7 mm.
La plantación se realizó entre los días 24 y 25 de octubre de 2002 y la
cosecha se hizo el día 4 de abril de 2003.
Se evaluaron 4 parcelas de 2 m2 en cada tratamiento, considerándose
a cada una como una repetición. Las comparaciones entre medias se
realizaron con el test de Duncan (α = 0,05).
Ensayo B
Se realizó durante el ciclo productivo 2002-2003 en el El Pinar de Los
Ciervos, dto. TAFÍ DEL VALLE (Tucumán). Se utilizaron plantas madres
(etiqueta blanca) de la variedad CAMAROSA (Univ. De California).
Los tratamientos que se evaluaron fueron:
1. Bromuro de Metilo (98:2): 50 g PC/m2 con garrafas de 1 lb bajo
polietileno cristal de 40 mm (BM)
2. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) sellado con agua
(MS-A): 125 cm3 PC/m2.
Resumos do Morango
Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA) sellado con rolo
compactador (MS-R): 125 cm3 PC/m2.
Vapor A (V-A): Aplicación de Vapor con caldera móvil durante 7
minutos de exposición por posición.
Vapor B (V-B): Aplicación de Vapor con caldera móvil durante 10
minutos de exposición por posición.
TESTIGO (T): Sin aplicación de ningún tratamiento de desinfección de
suelo.
Se evaluó la cantidad de plantas comerciales clasificadas en forma
visual en PRIMERA, SEGUNDA y TERCERA (Categorías A, B y C
respectivamente), y el NÚMERO TOTAL DE PLANTAS POR PARCELA.
La plantación se realizó el día 20 de diciembre de 2002 y la cosecha
de plantas se realizó el día 30 de mayo de 2003. Las parcelas fueron
de 10 m2 cada una. Es importante destacar que la fecha de
implantación del ensayo fue excesivamente tarde comparada con la
fecha normal de realización de viveros de frutilla en la zona.
El diseño experimental utilizado fue en bloques completos al azar con 6
repeticiones del T, 4 de BM y MS, y 3 de V. Las comparaciones entre
medias se realizaron mediante el test de Duncan (α = 0,05).
Ensayo C
Se realizó durante el ciclo productivo 2003-2004 en la Asociación de
Productores de Papa Semilla (APASE), subestación de la Estación
Experimental Agropecuaria Obispo Colombres (EEAOC), ubicado en
Las Carreras, dto. TAFÍ DEL VALLE (Tucumán).
Los tratamientos que se evaluaron fueron:
1. Testigo: sin desinfectar (T)
2. Bromuro de Metilo (98:2): aplicado en caliente, con cobertura
plástica de 50 mm, a razón de 50 g PC/m² (BM)
3. Metam Sodio (Vendaval Fumigante V - 32,5% IA): inyectado y
sellado con rolo compactador, a razón de 125 cm3 PC/m2 (MS)
4. Dimetil Disulfuro EC 94%: inyectado y sellado con rolo
compactador a razón de 80 g IA/m² (DMDS).
91
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
92
5. Vapor: Aplicado con caldera móvil durante 7 minutos de exposición
por posición (VAPOR).
Las variables medidas fueron:
Ø
Ø
Ø
Ø
Número de plantas madres por parcela a los 60 días de plantación.
Número de plantas clasificadas en cuatro categorías (A, B, C y D).
Número total de plantas (suma de todas las categorías analizadas).
Promedio de plantas producidas por cada planta madre.
Con los datos obtenidos se calculó la distribución porcentual de
plantas de cada categoría, para cada uno de los tratamientos
evaluados. Se consideraron plantas de categoría A a las que
presentaban un diámetro de corona mayor a 13 mm; categoría B entre
8 y 12,99 mm; categoría C entre 5 y 7,99 mm; y categoría D
(descarte) inferior a 5 mm o no reunían los requisitos morfológicos
para ser consideradas plantas aptas para cultivo.
El único análisis estadístico que se realizó fue el de supervivencia de
plantas a los 60 días de la plantación (comparación mediante el test de
Dunca - a = 0,05).
Resultados
Ensayo A
En el rendimiento de plantas por m2 (Fig. 1A); de la categoría A el BM
superó al resto de los tratamientos, mientras que en la categoría C el
MS-R fue el de mejores rendimientos. En la categoría B todos los
tratamientos superaron al testigo, excepto el MS-A.
En el rendimiento total de plantines por m2 (Fig. 2A) todos los
tratamientos superaron estadísticamente al testigo sin desinfección,
siendo los mayores valores los de los tratamientos con MS-R y BM.
En el peso Fresco de raíces, corona y hojas (Fig. 3A a 5A) las mayores
diferencias se producen en el peso fresco de las hojas, donde se
destaca el tratamiento MS-R, seguido del tratamiento BM.
Los mayores valores de diámetro de corona (Fig. 6A) se obtuvieron
con el tratamiento BM (Cat A) y MS-R (Cat B). En los resultados de
Longitud de raíces (Fig. 7A) los mayores valores se obtuvieron en las
plantas del tratamiento Testigo, y los menores con BM.
Resumos do Morango
Ensayo B
En el número de plantas cada 10 m2 agrupados por categorías (Fig.
1B) y en el número total de plantas (Fig. 2B.) no se encontraron
diferencias significativas en la cantidad de plantas de Categoría C,
mientras que en el número de plantas Categoría A, Categoría B, y
TOTAL DE PLANTAS POR PARCELA, los tratamientos con VAPOR y
con BM dieron los mejores resultados.
Ensayo C
En el número de plantas madres que sobrevivieron a los 60 días de
realizada la plantación del ensayo (Fig. 1C) no se encontraron
diferencias estadísticamente significativas, pero se observa una
marcada diferencia entre los valor obtenido con los tratamientos de
Vapor y BM, comparados con el resto de los tratamientos.
Estas diferencias se elevan al observar el número de plantas en cada
categoría y el número total de plantas obtenidas por parcela (Fig. 2C y
3C), observándose un aumento de los valores en los otros dos
tratamientos (MS y DMDS) respecto al TESTIGO. Esto podría
responder a la alta competencia con malezas que se observó en la
etapa de estolonización en el TESTIGO.
En el rendimiento promedio de plantas obtenidos por cada planta
madre (Fig. 4C), los mayores valores los dieron los tratamientos con
BM y Vapor, seguidos del MS.
Discusion
Si comparamos las dos formas de aplicar el MS sellado con Rolo se
observa que la aplicación con regadera no sería la recomendada, ya
que en términos generales no se diferencia del tratamiento TESTIGO;
mientras que cuando se inyecta en el suelo, los resultados son
mejores, igualando en algunos casos a los tratamientos realizados con
BM.
Estos resultados sugieren que el VAPOR es una técnica que nos
permite sustituir al BM de metilo en la desinfección de suelos para la
producción de viveros de frutilla en Taif del Valle, manteniendo o
aumentando los rendimientos comerciales de los mismos.
93
T E S T IG O
60
52
MSR
MSA
47
47
b
b
45
50
c
MSP
39
BM
b
35
36
N º d e Pl/m 2
40
29
29
b
b
24
30
b
18
18
b
a
18
15
20
12
a
a
10
a
a
a
a
0
C at A
C at B
C at C
Figura 1A. Número de plantas por m2 clasificadas en categoría A, B y
C, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en
producción de vivero de frutilla.
T E S T IGO
MSA
100
MSP
100
N º T o ta l d e p l/m 2
112
112
MSR
120
b
b
87
BM
b
b
80
53
60
a
40
20
0
Figura 2A. Número Total de plantas por m2, según diferentes
tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de
frutilla.
BM
14
16
13
14
P e s o F re s c o d e R a iz (g /p l)
94
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
12
11
12
MSR
ab
T e stig o
ab
ab
10
MSA
13
MSP
b
a
7
8
7
6
6
6
4
6
2
4
3
3
3
b
2
a
a
a
a
0
C at A
C at B
C at C
Figura 3A. Peso Fresco de Raíces, según diferentes tratamientos de
desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla.
Resumos do Morango
BM
9, 6
9, 3
10
P e s o F re s c o d e C o ro n a (g /p l)
9
MS A
8, 1
b
MS P
ab
7, 6
MS R
7, 4
8
T e s tig o
ab
7
a
a
6
4, 5
5
3, 9
4, 2
3, 3
4
ab
3
ab
3, 8
b
ab
a
1, 9
1, 9
2, 1
2, 2
1, 7
2
1
0
C at A
C at B
C at C
Figura 4A. Peso Fresco de Corona, según diferentes tratamientos de
desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla.
39
40
BM
37
MSA
MSP
P e s o F re s c o d e H o ja (g /p l)
35
c
bc
29
MSR
T e stig o
27
30
25
ab
25
a
a
18
20
15
11
11
a
a
12
b
8
7
10
a
5
5
5
4
a
5
b
ab
ab
ab
a
0
C at A
C at B
C at C
Figura 5A. Peso Fresco de Hoja, según diferentes tratamientos de
desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla.
18
17
BM
15 15
16
b
MS A
15
14
14
MS P
a
a
a
a
MS R
11
12
11
11
T E S T IGO
10
b
mm
12
b
10
ab
9
ab
8
8
8
ab
ab
ab
7
a
8
b
6
a
4
2
0
C at A
C at B
C at C
Figura 6A. Diámetro de Corona, según diferentes tratamientos de
desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla.
95
BM
25
MS A
20
19
MS P
18
20
MS R
17
16
c
bc
16
T E S T IGO
13
a
a
12
c
cm
15
15
14
b
c
b
12
12
a
ab
b
12
11
10
ab
10
b
b
a
5
0
C at A
C at B
C at C
Figura 7A. Longitud de Raíces, según diferentes tratamientos de
desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla.
350
31 2
31 4
300
c
c
BM
MS A
MS R
VA
24 1
22 3
N º p l/1 0 m 2
250
VB
19 3
b
T E S T IGO
b
200
14 8
ab
150
a
72
100
60
abc
50
88
95
bc
c
59
87
56
ab
62
76
71
54
52
a
ab
0
C at A
C at B
C at C
Figura 1B. Número de plantas cada 10 m2 clasificadas en categoría A,
B y C, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en
producción de vivero de frutilla.
50 0
48 9
44 6
41 2
45 0
d
35 3
40 0
N º T o ta l d e p l/1 0 m 2
96
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
d
35 0
cd
30 1
26 1
bc
30 0
ab
25 0
a
20 0
15 0
10 0
50
0
BM
MSA
MSR
VA
VB
T
Figura 2B. Número Total de plantas cada 10 m2, según diferentes
tratamientos de desinfección de suelo en producción de vivero de
frutilla.
Resumos do Morango
MS
30
D MD S
30
V AP OR
25
N ° d e p l. M a d re s
BM
22
T E S T IGO
20
15
14
13
15
10
5
0
N P LM
Figura 1C. Número Total de plantas Madres a los 60 días de
plantación, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en
producción de vivero de frutilla.
250
MS
22 8
D MD S
21 1
V AP O R
18 3
200
BM
17 1
N ° d e p l/p a rc e la
T E S T IG O
150
88
87
100
59
63
59
35
50
42
33
24
21
15
2
4
9
14
9
0
C at A
C at B
C at C
C at D
Figura 2C. Número de plantas por parcela al momento de la cosecha
agrupadas en Categorías A, B, C y D, según diferentes tratamientos de
desinfección de suelo en producción de vivero de frutilla.
MS
N º T o ta l d e p la n ta s / p a rc e la
D MD S
526
600
V AP O R
BM
456
T E S T IG O
500
400
300
177
200
114
84
100
0
Figura 3C. Número Total de plantas por parcela al momento de la
cosecha, según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en
producción de vivero de frutilla.
97
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
MS
DMDS
25
V APOR
21
BM
T E S T IG O
18
20
N º d e p la n ta s / P l. M a d re
98
14
15
8
10
6
5
0
Figura 4C. Promedio de plantas producida por cada planta madre,
según diferentes tratamientos de desinfección de suelo en producción
de vivero de frutilla.
Referencias
MSP: Metam Sodio (125 cc/m2) sellado
con plástico
MSR: Metam Sodio (125 cc/m2) sellado con BM: Bromuro de Metilo (50 g/m2)
rolo compactador
MSA: Metam Sodio (125 cc/m2) Sellado con
Agua
Referencias:
TESTIGO: Testigo sin desinfección de suelo
VA: Vapor aplicado durante 7 minutos
por posición
MSR: Metam Sodio (125 cc/m2) sellado con VB: Vapor aplicado durante 10 minutos
rolo compactador
por posición
MSA: Metam Sodio (125 cc/m2) Sellado con BM: Bromuro de Metilo (50 g/m2)
Agua
Referencia C:
TESTIGO: Testigo sin desinfección de suelo
VAPOR: Vapor aplicado durante 7
minutos por posición
MS: Metam Sodio inyectado (125 cc/m2) BM: Bromuro de Metilo (50 g/m2)
sellado con rolo
DMDS: Dimetil Disulfuro inyectado (80 g IA
/m2)
TESTIGO: Testigo sin desinfección de suelo
Letras diferentes indican diferencias estadísticamente significativas (Test de
Duncan - a = 0,05).
Evapotranspiração de Referência para a
Cultura do Morango na Região de Pelotas
Carlos Reisser Júnior
Alverides Machado dos Santos
Introdução
A irrigação, apesar de praticada principalmente em regiões áridas e
semi-áridas, também pode ser necessária em regiões úmidas, desde
que hajam estiagens prolongadas durante o ciclo da cultura. Nestas
regiões a irrigação, por completar a necessidade da cultura, chama-se
complementar.
Na região sul do Rio Grande do Sul, bem como em quase todo o
Estado, ocorrem períodos prolongados sem precipitação pluvial, e
devido a isto, durante os meses mais quentes, principalmente, podem
determinar redução da disponibilidade hídrica às culturas, reduzindo
suas produções. Mota et al. (1974) mostram em seu trabalho que
solos desta região que, armazenam 125 mm, podem apresentar
deficiência hídrica de 65mm em Pelotas e 154 mm em Rio Grande. Por
esta razão agricultores interessados em altas produtividades e baixo
risco de redução de produtividade, sempre complementam a
necessidade hídrica da cultura do morangueiro, usando atualmente
irrigação por gotejamento.
Uma das formas de cálculo da necessidade de água da cultura é
através da Evapotranspiração de Referência (ETo), que normalmente é
medida indiretamente em tanques de evaporação, fórmulas ou medidas
da energia disponível à cultura.
100
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O objetivo deste trabalho é determinar o método indireto de
determinação da ETo que apresenta a melhor relação com o
morangueiro visando indicar aos produtores os sensores a serem
instalados ou os dados meteorológicas mais necessários ao manejo da
irrigação desta cultura.
Materiais e Métodos
O experimento foi realizado durante o período de 14/06 a 30/11 nos
ano de 1995 e 1996, na sede da Embrapa Clima Temperado, em
Pelotas-RS. Nos lisímetros construídos de folha de flandres com
0,25x0,25x0,30, foram transplantadas mudas de morangueiro das
variedades Vila Nova, em solo podzólico vermelho-amarelo adubado
conforme indicação técnica. Os lisímetros foram pesados diariamente
em balança mecânica e após a pesagem era reposta a água perdida por
transpiração até o solo permanecer novamente em capacidade de
campo. Sob os lisímetros foram colocadas bandejas, nas quais se
media diariamente a água drenada. O valor do consumo de água (EV)
pela planta foi calculado pela equação: EV = Água reposta - Água
Drenada.
Os lisímetros em número de dezesseis, foram colocados em trincheiras
junto aos canteiros de morangueiro de modo que as plantas ficassem
no mesmo nível do solo. O solo dos lisímetros foi coberto com filme
plástico com o objetivo de medir somente a transpiração da planta.
Coberturas móveis foram construídas visando proteção dos lisímetros
em dias de chuva.
Para determinação indireta da ETo serão coletados no posto
meteorológico, a 250 m do experimento, dados de insolação,
temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento, e
evaporação do atmômetro de Piche, e do tanque classe A.
Resultado e Discussões
O uso de lisímetros para determinar a transpiração do morangueiro,
mostrou ser viável pois em analise de variância entre os vasos, não
apresentou diferenças significativas entre as varias medições. A
Resumos do Morango
medida semanal foi considerada como a media dos 16 lisímetros, com
desenvolvimento normal das plantas nos lisímetros. Usou-se como
determinações da Evapotranspiracão de referencia (Eto), o atmômetro
de Piche, o número de horas de insolação, o tanque classe A, a
radiação solar global incidente e o método de Penmann simplificado.
Apesar de serem significativas todas as correlações simples entre a
Evapotranspiracão máxima da cultura (ETm), medida no lisímetro e as
varias ETo, houveram diferenças entre os coeficientes de correlação
apresentados na Tabela 1.
Os valores do coeficiente de determinação das correlações
confirmaram que os parâmetros de melhor estimativa para a
Evapotranspiração de morangueiro, são os calculados pelo método de
Penmann, o do tanque classe A e pela medida de radiação solar global
incidente.
Tabela 1. Coeficientes de correlação e nível de significância das
correlações simples, ocorridas em 1995.
Nível de significância
Coeficiente de correlação
1995
1995
1996
1996
ETm X ETo (Piche)
0,005322
0,551568
0,460157
ETm X ETo (Insolação)
0,001617
0,740754
0,306440
ETm X ETo (Tanque)
0,009816
0,785255
0,737878
ETm X ETo (Radiação
0,00001
0,830390
0,719702
ETm X ETo (Penmann)
0,000003
0,869953
0,758533
Em 1996 a produção média nos lisímetros foi de 181,09 g/ planta, o
que dá uma produtividade de 15,52 t/ha em uma população de 60.000
plantas/hectare.
Estas analises nos levam a concluir que a estimativa da evaporação da
cultura do morangueiro tem maior precisão com a equação de
Penmann que leva em consideração um maior número de variáveis
meteorológicas como, velocidade do vento, radiação e demanda
evaporativa da atmosfera. A elevada relação da radiação solar com o
consumo de água da cultura mostra a importância deste fator o que é
comumente constatado por outros autores na bibliografia. (Reisser
Júnior, 1991, Pereira et al., 1995).
101
102
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
MOTA, F. da S., et al. Zoneamento agroclimático do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina, Pelotas, EMBRAPA, 1974, 121p. (Circular
Técnica).
PEREIRA, A.B.; NOVA N.A.V.; TUON, R.L.; BARBIERI, V. Estimativa
da evapotranspiração máxima da batata nas condições edafoclimáticas
de Botucatu, SP, Brasil. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa
Maria, v.3, p. 59-62, 1995.
REISSER JÚNIOR, C. Evapotranspiração de alface em estufa plástica e
ambiente natural. 1991. 78f. Dissertação (Mestrado em Irrigação e
Drenagem) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola,
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 1991.
Implantação do Pólo de Morango no
Estado do Espírito Santo
César Pereira Teixeira
José Mauro de Sousa Balbino
Hélcio Costa
Aureliano Nogueira da Costa
Resumo
A organização da fruticultura do Estado do Espírito Santo em Pólos foi
uma forma eficiente de potencializar a produção, em uma estrutura
que permita a formação de um setor fortalecido pela maior
representatividade, com concentração de produção, que em uma
análise geral possibilita uma comercialização mais eficiente com maior
garantia pelo fornecimento contínuo de produto.
A concepção de Pólos além de viabilizar a produção de frutas em
escala, potencializa e organiza as ações de assistência técnica, o
direcionamento do fomento, através de crédito agroindustrial e de
insumos. Promove ainda a diversificação agrícola e de renda para os
agricultores de base familiar.
Em razão da importância sócio-econômica e de da demanda crescente
do morango para fins agroindustriais foi criado o Pólo do morango no
Estado do Espírito Santo, abrangendo as regiões com aptidão
agroclimática para a cultura, com base na no Mapa das Unidades
Naturais do Estado.
Introdução
As excelentes condições para o cultivo comercial de diversas espécies
frutícolas no Estado têm colocado o setor em posição de destaque, já
ocupando uma área de 85.000 hectares e gerando 50 mil empregos
diretos. Além disso, em sua maioria, a fruticultura está associada à
104
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
produção de base familiar, o que demonstra o caráter social da
atividade, com crescimento da produção, expandindo-se e
transformando-se em um dos importantes fatores de incentivo para a
implantação de lavouras comerciais de frutas. Nesse contexto o
agronegócio do morango é uma das atividades de destaque, haja vista
que gera em torno de 16 empregos por hectare, totalizando
atualmente no Estado do Espírito Santo, cerca de 2300 empregos
diretos na fase de produção.
Em razão disso, a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento,
Aqüicultura e Pesca visando implementar o agronegócio frutícola no
Espírito Santo de forma organizada, propôs o "Pólo de produção de
Morango", que abrange os municípios da região Serrana do Estado do
Espírito Santo. A expansão das áreas do pólo, tem como base o
aumento da demanda por parte das fábricas de processamento de
polpa, e deverá obedecer ao zoneamento agroclimático da cultura.
O pólo de morango foi elaborado com base no Mapa das Unidades
Naturais do Estado e engloba os municípios que apresentam a
classificação geral, quanto à temperatura, em "Terras Frias", com
altitude entre 850 e 1200 metros, e "Temperaturas Amenas", com
altitude entre 450 a 850 metros. Nesse pólo encontram-se além dos
municípios produtores tradicionais, outros que possuem condições
climáticas favoráveis ao desenvolvimento da cultura(Figura 1). O
organograma do Pólo de Morango segue uma estrutura que agiliza as
ações interinstitucionais juntamente com as associações de
agricultores, cooperativas e o setor agroindustrial para potencializar a
cadeia produtiva do morango (Figura 2).
Os objetivos do pólo do morango são distribuídos em proposições
estratégicas e técnicas, envolvendo o setor público e privado. Tem
como concepção viabilizar a produção de frutas em escala,
potencializar e organizar as ações de pesquisa e assistência técnica,
direcionar o fomento através de crédito agroindustrial e promover a
diversificação agrícola e de renda para agricultores de base familiar,
além de fortalecer e organizar os produtores em associações e
cooperativas
A principal meta global do programa para os próximos seis anos é a
ampliação, em cerca de 100%, da área cultivada com a cultura, com
acréscimo médio de 27 ha/ano.
Resumos do Morango
Figura 1. Regiões que compõem o Pólo de morango no Estado do
Espírito Santo.
Fonte: Unidades Naturais (FEITOZA, L. R. et al. 2001). Divisões administrativas do GEO BASE/IBGE. Informações processadas em GIS (FEITOZA, H. N.
2001) pelo Incaper e pela Secretaria da Casa Civil, em 16/11/2003.
105
106
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
GESTÃO DO PÓLO DE
MORANGO
SECRETARIAS
MUNICIPAIS DE
AGRICULTURA
ASSOCIAÇÕES DE
PRODUTORES
AGROINDÚSTRIAS
Figura 2. Organograma do Pólo do Morango no Estado do Espírito
Santo.
Para atender aos objetivos foram realizados a partir da safra de 2004:
instalação de oito unidades de demonstração nas regiões produtoras,
incentivo da expansão da cultura, através de uma parceria serviço
publico/iniciativa privada; curso para treinamento de técnicos em dois
módulos e a publicação -´Tecnologias para a Produção, Colheita e
Pós-colheita de morangueiro´ pelo INCAPER em março de 2004. Estão
sendo realizadas também reuniões mensais entre técnicos da extensão
pública e privada e técnicos da defesa fitossanitária estadual para uma
articulação no processo de monitoramento da qualidade do morango,
do meio ambiente e para proteção do agricultor. Foi implantado nesta
safra pelo Estado o selo de origem com a marca "Morango das
Montanhas do Espírito Santo" (Figura 3), para aqueles agricultores que
possuem um acompanhamento técnico da sua lavoura.
Figura 3. Selo de origem: "Morango das Montanhas do Espírito Santo".
Diferenciação e Divergência Genética entre
Cultivares de Morangueiro Avaliada por
Marcadores Rapd
Cíntia Guimarães dos Santos
Renato Paiva
Luciano Vilela Paiva
Cláudia Teixeira Guimarães
Lilian Padilha
Ubiraci Gomes de Paula Lana
Diogo Pedrosa Corrêa da Silva
Marcos Paiva
Márcio de Assis
Edilson Paiva
Introdução
O morangueiro é uma planta rasteira, propagada vegetativamente por
estolhos, pertencente à da família Rosaceae, gênero Fragaria (QueirozVoltan et al., 1996), com grande expressão econômica no Brasil. Em
Minas Gerais, as cultivares mais utilizadas para comercialização são a
Camarosa, Campinas, Dover, Oso Grande, Seascape, Sweet Charlie,
Toyonoka e Tudla. As cultivares Camarosa, Oso Grande e Seascape
são originárias da Universidade da Califórnia, Estados Unidos. A cultivar
Campinas (IAC 2712) foi desenvolvida pelo Instituto Agronômico de
Campinas (IAC). As cultivares Dover e Sweet Charlie foram desenvolvidas na Universidade da Flórida, Estados Unidos. A cultivar Toyonoka
foi desenvolvida no Japão e Tudla (Milsei), na Tudela, Espanha.
Além da maioria das cultivares serem originárias de poucos ancestrais,
as práticas adotadas nos programas de melhoramento têm favorecido o
estreitamento da base genética do morangueiro (Sjulin e Dale, 1987). O
sucesso de novas combinações alélicas é limitado pelo reduzido nível
de conhecimento da diversidade genética para esta espécie e as
108
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
informações existentes sobre o nível de relacionamento genético entre
as cultivares são pouco elucidativas (Graham et al., 1996). Além disso,
a caracterização de cultivares de morangueiro é realizada apenas com
as características morfológicas das plantas, sendo que algumas destas
característica podem ser influenciadas pelo ambiente (Conti et al.,
2002). A técnica de RAPD pode ser utilizada para determinar a
divergência genética e tem sido demonstrado ser eficiente na
diferenciação de cultivares do morangueiro (Parent e Pagé, 1995;
Gidoni et al., 1994 e Graham et al.,1996).
Este trabalho teve por objetivo diferenciar e avaliar a divergência genética, por meio de marcadores RAPD, entre oito cultivares comerciais de
morangueiro. As cultivares Camarosa, Campinas, Dover, Osso Grande,
Seascape, Sweet Charlie, Toyonoka, Tudla foram selecionadas e são
comercializadas em Minas Gerais, cujas mudas são produzidas in vitro
e comercializadas pela Multiplanta Tecnologia Vegetal Ltda.
Materiais e Métodos
Para a extração do DNA, 1 g de tecido foliar fresco foi triturado em N2
líquido com 10 mL de tampão de extração Tris-HCl pH 8,0 e incubado a
65 OC por 1 hora. Após este período, foram adicionados 10 mL de
clorofórmio:octanol (24:1), homogeneizados por 15´ e centrifugados a
12.000 g por 20´. O DNA, precipitado com isopropanol 99 % (-20 OC),
foi removido com anzol de vidro e solubilizado em 300 mL de TE pH
8,0. A quantificação do DNA foi realizada em gel de agarose 0,8 % por
comparação com padrões de DNA de concentração conhecida. A reação de amplificação foi realizada em volume final de 25 mL contendo
50 ng de DNA; 2,5 mL tampão PCR 10 X; 2,5 mM dNTPs; 2 mM
Mg2+; 1 U de Taq DNA polimerase e 6,25 mM primer. As temperaturas
utilizadas constaram de 92 OC por 2 min, seguida de 45 ciclos de 95 OC
por 45 segundos, 42 OC por 1 minuto, 72 OC por 2´ e 72 OC por 2´.
Os produtos amplificados foram separados a 150 V em gel de agarose
1,2 % e corados em brometo de etídio (1 mg.mL-1) durante 30´. Os
primers RAPD (Operon Technologies, Alameda, CA) foram
selecionados, considerando aqueles que apresentaram melhor qualidade
de amplificação e maior nível de polimorfismo.
Resumos do Morango
Na avaliação dos géis, cada banda foi tratada como um loco único, sendo que a sua presença em um indivíduo foi designada por 1 e sua ausência por 0. Estes dados foram utilizados na construção de uma matriz
binária. A estimativa da dissimilaridade genética (DGx,y) entre as cultivares foi efetuada pelo coeficiente de porcentagem de discordância, calculada pela expressão: DGx,y = (no xi ¹ yi) / i, onde i = número total de
bandas utilizadas. A representação gráfica das distâncias foi feita por
meio de um dendrograma obtido pelo método hierárquico aglomerativo
da média aritmética entre pares não ponderados (UPGMA), com auxílio
do programa Statistica versão 4.5. Para verificar o número mínimo de
marcadores polimórficos necessário para gerar uma matriz de
dissimilaridade genética confiável, foi utilizada a metodologia descrita
por Efron e Tibshirani (1993) e implementado pelo programa GQMol
(www.ufv.br/programas). Cada agrupamento do dendrograma foi avaliado pela análise de bootstrap utilizando 10.000 amostragens pelo programa BOOD 3.2 (Coelho, 2000) e para cada agrupamento foi calculada a porcentagem de freqüência pela similaridade de Jaccard. A
informatividade do loco e do primer foi determinada através da equação: PIC = 1 - Si . Sj pij2, onde a informatividade do loco pi é a
frequência do alelo p no loco pi, calculado pela equação: PIC = 1 - Si
pi2, e a informatividade do primer pij é a freqüência do alelo p do loco i,
no primer j.
Resultados e Discussões
De um total de 160 primers testados, 66 foram selecionados e avaliados entre as cultivares, gerando 301 bandas das quais 253 foram
polimórficas (84 %). O número de bandas polimórficas variou de uma
para os primers OPB20, OPF08, OPF12, OPF16, OPG02 e OPJ17 até
dez para o primer OPG05. A informatividade desses primers variou de
0,93 (OPB07, OPG11 e OPW06) a 0,22 (OPB20, OPF16 e OPJ17).
As 253 bandas polimórficas foram consideradas suficientes para uma
adequada avaliação da divergência, uma vez que nas análises de número ótimo de marcadores mostraram que a correlação entre as matrizes
de distância aproximou-se de 1 e a soma dos quadrados dos desvios foi
reduzida para 0,09, a partir da utilização de 88 bandas polimórficas.
Assim, o aumento do número de bandas não alterou significativamente
a estimativa da distância genética entre os indivíduos estudados.
109
110
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
A distância genética média entre as cultivares foi de 0,54, com uma
amplitude de 0,80 a 0,36. A maior distância foi obtida entre as
cultivares Dover e Toyonoka, de origens bem distintas, uma vez que a
cultivar Dover foi desenvolvida na Universidade da Flórida, Estados
Unidos, resultado do cruzamento realizado em 1973 entre a cultivar
´Florida Belle´ e o clone ´Fla 71-189´, e que a cultivar Toyonoka foi
desenvolvida no Japão, resultado do cruzamento entre as cultivares
´Himiko´ e ´Harunoka´. A menor distância foi observada entre as
cultivares Camarosa e Oso Grande, corroborando com o fato de que
ambas foram desenvolvidas na Universidade da Califórnia, Estados
Unidos frutos grandes, firmes, doces e sensíveis aos fungos de solo.
Utilizando somente dois primers RAPD (OPB07 e OPG11) foi possível
diferenciar todas as cultivares de morangueiro avaliadas neste estudo.
A reação com o primer OPB07 gerou seis padrões de amplificação
diferentes, permitindo a separação das oito cultivares em um grupo
distinto, além de identificar padrões únicos para as cultivares
Camarosa, Campinas, Dover, Sweet Charlie e Tudla. No grupo
formado, foram incluídas as cultivares Oso Grande, Seascape e
Toyonoka, que em seguida foram separadas pelo primer OPG11. Os
primers OPB07 e OPG11 diferenciaram as oito cultivares, apresentando
maior nível de polimorfismo (6 e 7 bandas polimórficas, respectivamente), e também o maior conteúdo de informatividade (PIC = 0,93).
Conclusões
A avaliação da diversidade genética, por meio de marcadores RAPD, foi
capaz de diferenciar as cultivares, sendo coerente com as origens das
mesmas. O número de marcadores utilizados foram suficientes tanto
para a validação do dendrograma quanto para análise de boostrap. Os
marcadores RAPD podem ser utilizados em programas de certificação
genética de matrizes e mudas micropropagadas de morangueiro.
Resumos do Morango
Referências Bibliográficas
COELHO, A.S.G. BOOD: avaliação de dendrogramas baseados em estimativas de distâncias/similaridades genéticas através do procedimento
de bootstrap. Goiânia: UFG, 2000. (Software).
CONTI, J.H.; MINAMI, K.; TAVARES, F.C.A. Comparação de
caracteres morfológicos e agronômicos com moleculares em
morangueiro cultivados no Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v.20;
n.3; p.419-423, 2002.
EFRON, B.; TIBSHIRANI, R. An Introduction to the Bootstrap, Chapman
and Hall, 1993.
GIDONI, D.; ROM, M.; KUNIK, T.; ZUR, M.; IZSAK, E.; IZHAR, S.;
FIRON, N. Strawberry-cultivar identification using Randomly Amplified
Polymorphic DNA (RAPD) Markers. Plant Breeding, v.113, n.4, p.339342, 1994.
GRAHAM, J.; McNICOL, R.J.; McNICOL, J.W. A comparision of
methods for the estimation of genetic diversity in strawberry cultivars.
Theoretical and Applied Genetics, v.93, n.3, p.402-406, 1996.
PARENT, J.G.; PAGÉ, D. Authentification des 13 cultivars de fraisier du
programme de certification du Québec par I’analyse d’ADN polymorphe
amplifié au hasard (RAP(D)). Canadian Journal of Plant Science, v.75,
n.1, p.221-224, 1995.
QUEIROZ-VOLTAN, R.B.; JUNG-MENDAÇOLLI, S.L.; PASSOS, F.A.;
SANTOS, R. R. Caracterização botânica de cultivares de morangueiro.
Bragantia, v.55, n.1, p.29-44, jan. 1996.
SJULIN, T.; DALE, E.A. Genetic diversity of North American strawberry
cultivar. Journal of the American Society for Horticultural Science,
v.112, n.2, p.375-385, 1987.
111
112
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Armazenamento de Morango ´Oso
Grande´em alto CO2
Cláudia Kaehler
Daniel Alexandre Neuwald
Ricardo Fabiano Hettwer Giehl
Ivan Sestari
Auri Brackmann
Introdução
A cultura do morango, por se tratar de uma exploração que agrega mão
de obra familiar, possui grande importância econômica e social, caracterizando-se como excelente fonte de renda para pequenas propriedades (Rebelo & Balardin, 1989). No entanto, a cultura do morango está
se desenvolvendo muito nos últimos anos, tendo aumentado consideravelmente sua oferta. Os produtores passaram a adotar modernas tecnologias e, com isso, melhoraram a produtividade e a qualidade do produto conquistando novos mercados, muitas vezes localizados a grandes
distâncias. Desta forma é de fundamental importância, desenvolver
técnicas que permitam o transporte e o armazenamento dos morangos
por períodos maiores, uma vez que este fruto possui alta perecibilidade,
decorrente de sua elevada taxa respiratória e susceptibilidade ao desenvolvimento de agentes patogênicos (Rosen & Kader, 1989.
Para diminuir e retardar estas perdas, podem ser utilizadas baixas temperaturas e altas pressões parciais de CO2, pois ambos atuam diretamente na redução do metabolismo dos frutos e também na germinação
dos esporos e no desenvolvimento de agentes patogênicos (Brackmann
et al., 1999 e 2001). Existem estudos que comprovam a eficiência do
alto CO2 na redução do metabolismo e ocorrência de podridões (Smith
& Skog, 1992; Brackmann et al., 1999 e 2001). No entanto, as excessivas pressões parciais de CO2 podem proporcionar acúmulo de produ-
114
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
tos oriundos da fermentação, que provocam danos aos tecidos dos frutos, ou ainda ocorrência de ´off flavour´ e alteração na coloração dos
frutos (Kader, 1997; Donazzolo et al., 2003).
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito das altas
pressões parciais de CO2 sobre a conservação da qualidade pós-colheita
de morangos ´Oso Grande´, durante o armazenamento refrigerado.
Material e Métodos
O estudo foi realizado no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita (NPP) do
Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria,
com frutos provenientes de um cultivo comercial do município de
Farroupilha, RS. Após o transporte ao NPP, realizou-se a seleção dos
frutos, eliminando aqueles fora do padrão de maturação ou com
ferimentos.
Os morangos foram acondicionados em mini-câmaras de volume de 5L.
Os tratamentos foram pressões parciais de CO2: [1] 0kPa; [2] 10kPa;
[3] 15kPa; [4] 20kPa e [5] 25kPa. As mini-câmaras foram acondicionadas dentro de uma câmara frigorífica na temperatura de 0 OC. O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso (tamanho e maturação), com
quatro repetições de 30 frutos.
A pressão parcial foi instalada através da injeção do CO2 de cilindros de
alta pressão. O monitoramento das pressões parciais de CO2 foi realizado diariamente com o auxílio de um analisador eletrônico de fluxo contínuo, marca Agridatalog. Com a respiração dos frutos houve acúmulo de
CO2, que foi diluído com a injeção de ar atmosférico, quando o nível
estava acima do pré-estabelecido.
As avaliações foram realizadas após 19 dias a 0 OC mais 2 dias de
climatização a 20 OC. As variáveis avaliadas foram: firmeza de polpa,
determinada com o uso de penetrômetro manual de alta precisão, com
leitura de 0 a 14N, munidos de uma ponteira de 7,9mm perfurando-se
cada fruta em dois lados opostos; acidez total titulável determinada
através de titulação de 10mL de suco em 100mL de água destilada,
com solução de NaOH a 0,1N até pH 8,1; índice de escurecimento das
Resumos do Morango
sépalas foi avaliado utilizando-se uma escala subjetiva com os níveis de
0 a 3, que considerava a relação da área escurecida e necrosada com a
área total da superfície das sépalas, sendo que, os nível 0 representam
frutos sem escurecimento das sépalas; 1 <10%; 2 entre 10 a 40% e
3>40% da área total da sépala escurecida, sendo que o índice de
escurecimento foi calculado multiplicando-se o número de frutas de
cada nível pelo seu respectivo nível e dividindo-se o somatório deste
valor pelo número total de frutas da amostra; podridões: baseadas na
avaliação visual e expressas em percentagem de frutas podres, sendo
considerada fruta podre aquela que apresentava sintoma típico de ataque de patógeno.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de regressão para os
efeitos do tratamento. A escolha das regressões foi em nível de 5% de
probabilidade de erro. Os valores da podridão foram transformados pela
formula arc.sen x 100 antes da análise de regressão.
Resultados e Discussões
A maior firmeza de polpa (Figura 1) foi observada na pressão parcial
próxima de 20kPa de CO2, sendo que a resposta da firmeza de polpa
em função do CO2 foi cúbica. No entanto, pressões parciais de CO2
acima de 20kPa, apresentam redução da firmeza de polpa de morangos. Este resultado está de acordo com Kader (1997) que recomenda
pressões parciais de CO2 entre 15 a 20kPa. Outros autores também
afirmam que há redução da perda de firmeza de polpa em CO2 em torno
de 10 a 20kPa (Brackmann et al., 1999 e 2001; Donazzolo et al.,
2003). Inclusive, Smith & Skog (1992) verificaram um aumento da firmeza de polpa com a elevação do CO2.
A acidez titulável (Figura 1) apresentou uma equação linear negativa
com o aumento das pressões parciais de CO2. Comportamento este que
se diferencia das demais frutas, em que o alto CO2 reduz o metabolismo dos frutos e, conseqüentemente, reduz a degradação dos ácidos,
além de poder gerar ácido carbônico que manteriam ou aumentariam a
acidez (Watkins & Zhang, 1998).
115
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
116
O índice de escurecimento das sépalas (Figura 2) apresentou uma resposta cúbica em relação às pressões parciais de CO2, sendo que o menor escurecimento foi observado em pressões parciais próximas a
10kPa de CO2. Provavelmente as sépalas são mais sensíveis ao CO2
que os demais tecidos do fruto. No entanto, Donazzolo et al. (2003)
não observaram diferença no escurecimento das sépalas em frutos armazenados sob diferentes filmes em AM, que acumularam CO2 entre
10 e 30kPa.
5
0
0
0
10
15
20
80
1
70
0
25
ac idez
90
2
60
0
Pr e ssã o p a rcia l d e CO 2
f irmez a
100
10
15
20
Po d rid ão (% )
5
3
(0 - 3)
10
Es c. d a s S épa las
10
A ci d ez
15
(c m o l L -1 )
15
(N )
F i rm e z a
Já para a ocorrência de podridões (Figura 2), houve uma resposta
quadrática às pressões parciais de CO2, sendo a menor ocorrência de
podridões entre 10 e 20kPa de CO2. A podridão foi o fator limitante no
armazenamento de morango a 0 OC por 19 dias, mais 2 dias a 20 OC. A
exposição dos frutos à temperatura ambiente por 2 dias após o
armazenamento refrigerado contribuiu para a ocorrência. Desta forma,
torna-se indispensável a utilização de baixas temperaturas até o momento de consumo do morango, como já citado anteriormente por
Donazzolo et al. (2003). O efeito fungistático do elevado CO2 (em torno
de 20kPa) no armazenamento de morangos também foi verificado por
(Brackmann et al., 1999 e 2001).
25
Pre ssã o p a rcia l d e CO 2
indice de esc urec imento das sépalas
pod ridão
Figura 1. Firmeza de polpa e acidez titulável de Figura 2. Índice de escurecimento das sépalas e
morango ‘Oso Grande’ armazenado por
podridão de morango ‘Oso Grande’
19 dias a 0ºC e mais dois dias a 20ºC.
armazenado por 19 dias a 0ºC e mais dois
Santa Maria, RS, 2000.
dias a 20ºC. Santa Maria, RS, 2000.
Firmeza de polpa Y = −0,0023X 3 + 0,087 X 2 − 0,57 X + 6,605 e R2 = 0,96
Acidez titulável Y = − 0,12 X + 10 , 40 e R2 = 0,96
Índice de escurecimento das sépalas Y = −0,0039X 3 + 0,022X 2 − 0,36 X + 2,84 e R2=0,999 e
Podridão
Y = 0,149 X 2 − 4,14 X + 93,45 e R2 = 0,78
Resumos do Morango
Conclusão
A pressão parcial de CO2 ideal para conservação de morangos cv. Oso
Grande durante o armazenamento refrigerado situa-se entre 15 e 20kPa
de CO2, pois conserva a firmeza de polpa mais elevada, além de manter
em baixos níveis o escurecimento de sépalas, ocorrência de podridões.
Não é possível o armazenamento de morangos por 19 dias a 0 OC, mesmo em alto CO2, se após este período, os frutos forem colocados em
temperatura ambiente (20 OC) devido à elevada ocorrência de
podridões.
Referências Bibliográficas
Brackmann, A.; Hunsche, M.; Mazaro, S.M. Efeito do alto CO2 e do
armazenamento em atmosfera modificada sobre a qualidade pós-colheita de morangos (Fragaria ananassa L.) cv. Tangi. Científica Rural, v.4,
n.1, p. 58-63, 1999.
Brackmann, A.; Hunsche, M.; Waclawovsky, A. J. et al. Armazenamento de morangos cv. Oso Grande (Fragaria ananassa L.) sob elevadas pressões parciais de CO2. Revista Brasileira de Agrociência, v.7,
n.1, 2001.
Donazzolo, J.; Hunsche, M.; Brackmann, A. et al. Utilização de filmes
de polietileno de baixa densidade (PEBD) para prolongar a vida póscolheita de morangos, cv. Oso Grande. Revista Ciência e
Agrotecnologia, v.27, n.1, p.165 172, 2003.
Kader, A.A. Summary of CA requirements and recommendations for
fruits other than apples and pears. In.: INTERNATIONAL CONTROLLED
ATMOSPHERE RESEARCH CONFERENCE, Davis, 1997. Proceedings.,
Davis: University of California, 1997, v.3, p.1-34. 263p.
Rebelo, J.A.; Balardin, R.S. A cultura do morangueiro. Florianópolis:
EMPASC, 1989. Boletim Técnico 46, 33p.
Rosen, J.C.; Kader, A.A. Postharvest physiology and quality
maintenance of sliced pear and strawberry fruits. Journal of Food
117
118
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Levantamento da Presença de Insetos com
Potencial Polinizador na Cultura de Morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.)
Wilson Itamar Godoy
Ingrid Bergmann Inchausti de Barros
Resumo
Tendo em vista a grande importância da polinização para a cultura do
morangueiro, torna-se relevante o auxilio dos insetos nesta tarefa.
Diversos trabalhos têm demonstrado que uma polinização adequada é
sinônimo de produto de melhor qualidade e maior produtividade. Diante
destes fatos e levando-se em consideração a necessidade da realização
de pesquisas que proporcionem o aumento da produção de alimentos
puros e biologicamente equilibrados, mantendo-se o equilíbrio com o
meio ambiente, realizou-se esta pesquisa com a finalidade de identificar
os insetos com potencial de polinização em duas cultivares de morangueiro, Campinas e Oso Grande, nas condições da região Sul do Brasil.
O experimento foi realizado no CAD/PMPA, da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre/RS, situado sob as coordenadas de 30O de latitude Sul,
51O de longitude Oeste e altitude aproximada de 50 metros. Os
resultados obtidos com este estudo demonstram que um grande
numero de espécies de insetos visitam as flores do morangueiro,
especialmente os representantes da família Hymnópetera, muito úteis
nos trabalhos de polinização em diversas culturas. Os resultados
encontrados comprovam também que os insetos nativos, principalmente aqueles pertencentes aos Gêneros Apis e Trigona, são responsáveis
por uma parte da polinização do morangueiro no sul do Brasil. Na maior
parte das áreas de produção de morango, a população nativa de insetos
ainda é adequada, mas, no entanto, isto não descarta a necessidade de
preservação dos nichos de reprodução dos insetos, pois a agricultura
moderna os tem reduzido drasticamente com os atuais insumos e
técnicas de produção agressiva ao meio ambiente.
Palavras-chave: Morangueiro, polinização, manejo adequado.
120
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Introdução
O atual sistema de cultivo do morangueiro privilegia o uso em larga
escala dos chamados insumos químicos modernos, tais como
fertilizantes e agrotóxicos, que na sua maioria são extremamente
agressivos à fauna nativa.
Considerando-se a importância que assume na atualidade o
desenvolvimento de pesquisas que tenham o compromisso com a
sustentabilidade econômica e ambiental da agricultura, especialmente
da agricultura familiar, responsável pela maior parte da produção dos
alimentos de consumo interno, torna-se necessário à adoção de
práticas e técnicas que proporcionem a produção de alimentos livres de
resíduos prejudiciais à saúde e biologicamente equilibrados,
preservando-se o equilíbrio do meio ambiente.
Seguindo-se esta orientação realizou-se a presente pesquisa com a
finalidade de identificar os insetos com potencial de polinização em
duas cultivares de morangueiro, Campinas e Oso Grande, nas
condições da região Sul do Brasil.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no CAD/PMPA, da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre/RS, situado sob as coordenadas de 30o de latitude Sul,
51o de longitude Oeste e altitude aproximada de 50 metros. As coletas
de insetos foram realizadas com rede entomológica, em dias ensolarados a partir das 10 horas, sobre as flores das plantas, durante 5 minutos em cada tratamento, no período de 15 de novembro a 21 de dezembro de 1997. Os insetos capturados eram mortos por asfixia, sendo
etiquetados para posterior identificação em laboratório. Utilizaram-se
duas cultivares tradicionais no cultivo do morango no Rio Grande do
Sul, Campinas e Oso Grande.
Resultados e Discussão
No presente experimento observou-se a presença de seis ordens nas
amostragens realizadas, conforme mostrado na Tabela 1, sendo que,
segundo Gallo et al.(1978), quatro delas são de insetos fitófagos sem
importância para a polinização (Coleoptera, Hemiptera, Homoptera e
Resumos do Morango
Orthoptera) e duas de ordens muito importantes (Díptera e
Himenóptera) para a polinização do morangueiro, segundo Chagnon et
al. (1993) e Nye & Anderson (1974).
Das ordens amostradas a mais numerosa foi à ordem Díptera com 358
insetos distribuídos em oito famílias, vindo a seguir a ordem Homoptera
com 82 insetos e a ordem Himenóptera com 60 insetos todas as duas
com apenas uma única família.
Classe
Ordem
Homoptera
Orthoptera
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
6
15
Coleoptera
Díptera
Insecta ⇒
Hemiptera
Himenoptera
Totais
Família
Chrysomelidae
Calliphoridae
Dolichopodidae
Drosophilidae
Sarcophagidae
Stratiomyidae
Syrphidae
Tachinidae
Tipulidae
Miridae
Reduviidae
Apidae
Apidae
Cicadellidae
Tetrigidae
Gênero
Num. insetos
8
⇒ Apis
⇒ Trigona
2
21
55
18
38
6
106
111
3
5
1
37
23
82
9
523
Figura 1. Identificação dos insetos amostrados de 15/nov-21/dez/97,
em duas cultivares de morangueiro, Campinas e Oso Grande. CAD/
PMPA, Viamão, RS, 1997.
Fonte: Dados coletados em campo pelo autor
Distribuição das famílias em relação às cultivares
De forma geral observou-se uma maior preferência dos insetos pela cultivar Campinas. Esta preferência poderá estar associada ao teor de açúcar e volume do néctar, pois conforme Brazanti(1989) e Free(1973), o
teor de açúcar e o volume do néctar influenciam a freqüência de visitas
dos insetos às plantas. Por outro lado às famílias Cicadellidae e
Syrphidae mostraram maior presença de indivíduos na cultivar Oso
Grande (Figura 2). A superioridade no número de sirfídeos deve-se ao
fato desta família ser predadora de ácaros e pulgões (Borror &
Delong, 1969; Gallo et al., 1978), sendo que no período do experimen-
121
to, a cultivar Oso Grande apresentou maior ataque destas pragas que a
cultivar Campinas. O maior número de indivíduos da família
Cicadellidae, um inseto fitófago segundo Gallo et al.(1978), na cultivar
Oso Grande, deve-se talvez por esta cultivar apresentar algum fator
facilitador ou de atratividade a insetos fitófagos sugadores.
O fato da maioria das famílias, preferir a cultivar Campinas, reforça as
observações realizadas por Skrebtsova (1957) citado McGregor (1976)
de que a visitação de abelhas na flor do morangueiro é diferenciada
para algumas cultivares em função das estruturas florais e composição
química do néctar. Outros pesquisadores também relatam a preferência
de determinados insetos por uma cultivar em detrimento de outras
(McGregor, 1976; Free, 1968).
80
cv. Campinas
cv. Oso Grande
66
61
60
Numero de insetos
51
50
40
40
31
30
27
25
21
20
16
12
10 11
5
13
11
10
6
6
3
3
3
1
2
3
2
1
3
0
Tetrigidae
Cicadellidae
Apidae (Trigona)
Apidae (Apis)
Reduvidae
Miridae
Tipulidae
Tachinidae
Syrphidae
Stratiomyidae
Sarcophagidae
Drosophilidae
Dolichopodidae
Calliphoridae
0
Chrysomelidae
122
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Familias
Figura 2. Distribuição das famílias dos insetos em relação às cultivares,
amostragens de 15/nov-21/dez/97. CAD/PMPA, Viamão, RS, 1997.
Fonte: Dados coletados em campo pelo autor.
Conclusões
Diante dos resultados observados fica evidente a necessidade da
seleção de cultivares que tenham maior volume e concentração de
açúcar no néctar, sendo necessário também que o melhoramento seja
direcionado no sentido de que as cultivares tenham os nectários e
Resumos do Morango
anteras mais abundantes e acessíveis aos insetos polinizadores. Fica
evidente também a importância dos insetos nativos, principalmente os
pertencentes aos Gêneros Apis e Trigona, responsáveis por grande
parte da polinização na cultura do morangueiro. Sua população nativa
ainda é abundante, mas, no entanto, isto não descarta a necessidade
de cuidados visando a sua preservação, uma vez que os insumos
químicos e as técnicas de produção, como os túneis plásticos, podem
prejudicar ou inibir completamente o trabalho de polinização dos
insetos.
Referências Bibliográficas
BORROR, D.J.; DELONG, D.M. Introdução ao estudo dos insetos. Rio
de Janeiro: E. Blücker, 1969. 653 p.
BRAZANTI, E.C. La fresa. Madrid: Mundi-Prensa, 1989. 386p.
CHAGNON, M.; GINGRAS, J.; OLIVEIRA, D. Complementary aspects
of strawberry pollination by honey and indiginous bee (Hymenoptera).
Journal of economic entomology, College Park, v. 86, n.2, p.416-420,
1993.
FREE, J,B. The pollination of strawberries by honey bees. Journal of
horticultural science, Ashford Kent, v.43, p. 107-111, 1968.
FREE, J.B. Las abejas y otros insectos polinizadores de los cultivos.
Apiacta, Bucarest, v.2, p. 19-18, 1973.
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S. et al. Manual de
entomologia agrícola. São Paulo: Ceres, 1978. 531 p.
McGREGOR, S.E. Insect pollination of cultivated crop plants.
Washington: USDA, 1976. 496 p.
NYE, P. W.; ANDERSON, J.L. Insect pollination frequenting strawberry
blossoms and the effect of honey bees on yield and fruit quality.
Journal of the american society for horticultural science, Alexandria, v.
99, n.10, p. 40-44, 1974.
Agradecimentos
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela concessão de bolsa de estudo ao primeiro autor.
123
124
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Importância da Polinização na Cultura do
Morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.)
Wilson Itamar Godoy
Ingrid Bergmann Inchausti de Barros
Resumo
Geralmente as cultivares comerciais do morangueiro, com raras
exceções, possuem flores hermafroditas. A fecundação devido a
protoginia é cruzada, comumente entomófila. Diversos trabalhos
demonstram que uma boa produção de frutos está correlacionada com
a polinização adequada. Diante estes fatos e considerando-se a
importância do desenvolvimento de pesquisas que viabilizem o aumento
da produção de alimentos, livres de resíduos prejudiciais à saúde,
biologicamente equilibrados, com produtividade e lucratividade,
mantendo-se o equilíbrio com o meio ambiente, realizou-se esta
pesquisa com a finalidade de verificar qual a influência da restrição ao
trabalho de polinização realizada pelos insetos na cultura, seja pela
aplicação de produtos químicos ou pelo uso de técnicas de produção
que impeçam a atividade polinizadora, tal como o uso de cobertura
plásticas nos canteiros. Utilizou-se duas cultivares de morangueiro, três
diferentes cores de mulching e cobertura de tule para restringir a
presença de insetos nas flores. O experimento foi realizado no CAD/
PMPA, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre/RS. Os resultados
obtidos com este estudo demonstram que a redução da ação
polinizadora na cultura do morangueiro provoca um aumento no
número de frutos não polinizados e a conseqüente redução da
produção, ressaltando-se desta forma a importância da adoção de
manejos que preservem os insetos que contribuem para a polinização.
Palavras-chave: Morangueiro, polinização, manejo.
Introdução
A produção de pseudos-frutos em morangueiro tem uma alta correlação
com a polinização e a formação dos aquênios, os frutos verdadeiros,
126
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
que uma vez fertilizados produzem auxinas responsáveis pela expansão
da base do pecíolo, resultando no produto comercial. O atual sistema
de cultivo utiliza em larga escala os chamados insumos químicos
modernos, os fertilizantes e agrotóxicos, na sua maioria extremamante
agressivos à fauna.
Considerando-se a importância que assume na atualidade o desenvolvimento de pesquisas que tenham o compromisso com a sustentabilidade econômica e ambiental da agricultura, especialmente da
agricultura familiar, responsável pela maior parte da produção dos
alimentos de consumo interno, torna-se necessário à adoção de
práticas e técnicas que proporcionem a produção de alimentos livres de
resíduos prejudiciais à saúde e biologicamente equilibrados, preservando-se o equilíbrio do meio ambiente. Seguindo-se esta orientação
realizou-se a presente pesquisa com a finalidade de verificar qual a
influência da restrição da presença de insetos para a polinização, seja
pelo uso de determinadas técnicas de manejo ou a aplicação de
produtos agressivos ao meio ambiente.
Material e Métodos
O experimento desenvolveu-se no Centro Agrícola Demonstrativo
(CAD/PMPA) da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, situado a altitude
de 50 metros, longitude 51o W e latitude 30o S. Os tratamentos foram
às combinações dos fatores cultivares, mulching e tipos de frutos,
dispostos em esquema fatorial 2 x 4 x 2, com delineamento
experimental em blocos casualizados, parcelas subdivididas e quatro
repetições. Utilizou-se as cultivares, Campinas e Oso Grande, no fator
cobertura de solo utilizou-se plásticos das cores vermelha, amarela e
preta, simulando a ausência de insetos (prejuízos a polinização) cobriuse o túnel baixo com tule branco. Na subparcela foi avaliado o fator
tipo de fruto: polinizados e não polinizados satisfatoriamente,
denominados no trabalho simplesmente de não polinizados.
Para os casos em que a análise variância revelou haver efeito significativo, realizou-se a complementação através do teste DMS, ao nível de
5% de probabilidade, a fim de identificar as diferenças entre médias.
Resumos do Morango
Resultados e Discussão
De acordo com a análise de variância para a variável numero de frutos
constatou-se não haver interação entre mulching e cultivar, como também para cultivar e frutos, significando que o número de frutos é uma
característica de cada cultivar não sendo alterada pela cobertura do
solo, como também a relação de frutos polinizados e não polinizados
não ser determinado pela cultivar, por outro lado constatou-se a ocorrência de significância para o efeito principal do fator frutos e para a
interação frutos x mulching, sendo que a comparação de médias dos
frutos e da interação (Tabela 1) mostrou que nas parcelas onde foi dificultada a presença de insetos, ocorreu um menor número de frutos
polinizados em relação aos outros três tratamentos abertos, os quais
não diferiram entre si.
O fato da interação mulching x frutos ser significativo concorda com
afirmação de Brazanti (1989), que a formação dos frutos está
correlacionado com as condições ambientais (temperatura, umidade e
polinizadores) reinantes durante a floração.
Apesar de não ter ocorrido diferença estatística entre as três cores de
mulching, percebe-se a tendência do numero de frutos polinizados ser
maior no mulching amarelo, 33,7% superior ao tratamento sem a presença de insetos. Sob mulching preto ocorreu o menor numero de frutos polinizados, sendo, no entanto, 24% superior ao numero de frutos
produzidos sob cobertura de tule.
Com relação aos frutos não polinizados, as parcelas sem a presença
dos insetos diferenciaram-se estatisticamente dos tratamentos com
mulching vermelho e preto, sendo o número de frutos não polinizados
174 % superior ao número de frutos não polinizados do mulching preto
e 149 % superior ao número de frutos não polinizados do mulching
vermelho. Estatisticamente não houve diferença entre o mulching amarelo e o tratamento sob cobertura de tule, quanto ao numero de frutos
não polinizados, embora o numero de frutos não polinizados do tratamento com tule tenha sido 114 % superior ao obtido pelo mulching
amarelo. Para todas as coberturas o número de frutos polinizados foi
superior ao número de frutos não polinizados. No tratamento sob tule,
os frutos não polinizados representaram 24,9 % da produção deste
tratamento, sendo que para os tratamentos em que a polinização foi
127
128
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
livre (mulching vermelho, preto e amarelo) o índice de frutos não
polinizados foi inferior, variando de 8,5 % no mulching preto, 9 % no
mulching vermelho a 10 % no mulching amarelo, considerado normal.
Tabela 1. Número de frutos de morango (Fragaria x ananassa Duch.)
obtidos por parcela (3,36 m2), sob quatro coberturas de solo, durante o
período de 19/ago-22dez/97. CAD/PMPA, RS, 1997.
Tratamento
Tule
Vermelho
Amarelo
Preto
Mulching
Frutos polinizados
437 b
559 a
584 a
541 a
530 A
Frutos não polinizados
137 a
55 b
64 ab
50 b
77 B
Médias seguidas de mesma letra minúscula na vertical ou maiúscula na
horizontal não diferem significativamente entre si pelo teste t (Student) a 5%
de probabilidade.
Coeficiente de variação = 23,52 %
Pelos dados acima se percebe que a polinização entomófila desempenha um papel muito importante na cultura do morangueiro, aumentando
o índice de frutos comercializáveis, diminuindo conseqüentemente o
índice de frutos defeituosos na ordem de 14,9-16,4 % respectivamente. O mulching preto apresentou a maior contribuição para a redução de
frutos não polinizados.
Moore(1969) lembra que se for impedido o acesso dos insetos à flor do
morangueiro, a polinização será prejudicada, ocorrendo retardamento
na maturação e diminuição na produção de frutos.
De acordo com a Tabela 2, percebe-se que na interação frutos x (cultivar x mulching) os pesos médios dos frutos polinizados são superiores
aos pesos médios dos frutos não polinizados, para as duas cultivares
em todos os tipos de mulching. Nota-se que na cultivar Campinas ocorreu a menor amplitude de peso médio entre frutos polinizados e não
polinizados, sendo o peso médio dos frutos polinizados 63,5 % superior ao peso médio dos frutos não polinizados. Sobre o mulching vermelho ocorreu a menor diferença, sendo o peso médio dos frutos
polinizados 26,8 % superior ao peso médio dos frutos não polinizados.
Resumos do Morango
A maior diferença, no entanto, ocorreu sobre mulching preto, onde o
peso médio dos frutos polinizados foi 63,5% superior ao peso médio
dos frutos não polinizados. Sob a cobertura de tule o peso médio dos
frutos polinizados foi 35,8 % superior ao peso médio dos frutos não
polinizados.
A amplitude de peso médio entre frutos polinizados e não polinizados
foi maior na cultivar Oso Grande do que na cultivar Campinas. A menor
diferença ocorreu sobre mulching amarelo onde o peso médio dos
frutos polinizados foi 45 % superior ao peso médio dos frutos não
polinizados. A maior diferença ao contrário da cultivar Campinas,
ocorreu sobre mulching vermelho, em que os frutos polinizados
apresentaram peso médio 70,3 % superior ao peso médio dos frutos
não polinizados. Sob cobertura de tule o peso médio dos frutos
polinizados foi 53,7 % superior ao peso médio dos frutos não
polinizados. Os dados acima demonstram a importância que tem a
polinização entomófila para a cultivar Oso Grande, devido ao potencial
que possuem de produzir frutos com pesos médios superiores a cultivar
Campinas, podendo ser expresso plenamente com uma polinização
adequada.
Tabela 2. Peso médio de frutos de morangueiro (Fragaria x ananassa
Duch.) obtidos por parcela (3,36 m2), sob a interação tríplice fruto x
(mulching x cultivar), em quatro coberturas de solo e duas cultivares de
morangueiro, durante o período de 19/ago-22/dez/97. CAD/PMPA,
Viamão, RS, 1997.
Mulching
Tule
Vermelho
Amarelo
Preto
Peso médio de frutos (g/fruto)
cv. Campinas
cv. Oso Grande
Polinizados
Não polinizados
Polinizados
Não polinizados
8,20 A
6,04 B
11,91 (A)
7,75 (B)
8,57 A
6,76 B
13,30 (A)
7,81 (B)
8,35 A
5,45 B
12,25 (A)
8,66 (B)
9,81 A
6,00 B
13,29 (A)
8,95 (B)
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem significativamente entre
sí pelo teste t (Student) a 5% de probabilidade.
Letra maiúscula para a interação frutos x (Campinas x mulching)
Letra maiúscula entre parênteses para a interação frutos x (Oso Grande x
mulching).
Coeficiente de variação = 7,9 %
129
130
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Conclusões
Verificou-se pelos dados acima que a polinização entomófila
desempenha um papel muito importante, aumentando o índice de frutos
comerciais, diminuindo conseqüentemente o índice de frutos não
polinizados na ordem de 14,9 e 16,4% respectivamente, sendo que o
mulching preto apresentou a maior contribuição para a redução de
frutos não polinizados. Verificou-se que o número de frutos é
dependente da cultivar, enquanto a relação frutos polinizados e não
polinizados é dependente das condições do ambiente.
Referências Bibliográficas
ABBOTT, A.J.; WEBB, R.A. Achene spacing of strawberries as an aid
to calculating potential yield. Nature, London, v. 225, n. 14, p. 663664, 1970.
ALBREGTS, E.E.; CHANDLER, C.K. Slow release fertilizer rates for
strawberry fruit production. Proceedings of the Florida state
horticultural society, Winter haven, n.106, p. 187-189, 1993.
BRAZANTI, E.C. La fresa. Madrid: Mundi-Prensa, 1989. 386p.
MOORE, J.N.; BROWN, G.R.; BROWN, F.D. Comparison of factors
influencing fruit size in large-fruited and small-fruited clones of
strawberry. Journal of the american society for horticultural science,
Alexandria, v.95, p. 827-831, 1970.
Agradecimentos
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela concessão de bolsa de estudo ao primeiro autor.
Polinização Entomófila de Morangueiro
Cultivado em Ambiente Protegido
Eunice Oliveira Calvete
Hélio Carlos Rocha
Dileta Cecchetti
Ricardo Eoclides Maran
Wagner de Carli
Introdução
Os Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo destacamse no cultivo de morangueiro em nível nacional. A produção brasileira é
estimada em 40.000 t, quando exploradas numa área inferior a
1000ha, que visa atender ao mercado in natura e a industrialização
(RESENDE et al., 1999).
No Brasil o uso da tecnologia em ambientes protegidos ainda é
incipiente, conforme destaca RESENDE et al. (1999). A utilização dessa
técnica tem o objetivo de proteger a cultura das baixas temperaturas na
ocasião da floração e frutificação, e das chuvas, durante o período da
colheita, diminuindo com isso a incidência de doenças foliares e de
podridões das frutas.
Nas cultivares comerciais de morangueiro, com raras exceções, as
flores são sempre hermafroditas. Na flor ocorre protogenia e, portanto,
fecundação cruzada, sendo esta quase sempre entomófila. Vários
trabalhos têm mostrado que a produção do morangueiro tem alta
correlação com a polinização, pois para que ocorra a formação do
"fruto comercial" (sem deformação) é necessário a fertilização dos
aquênios, que liberam auxinas para o desenvolvimento do receptáculo.
Alguns autores (MALAGONI-BRAGA & KLEINERT, 2000; GODOY,
1998 e NOGUERIA-COUTO, 2000) têm demonstrado ser possível à
utilização de abelhas na produção de várias espécies vegetais, inclusive
em polinização em ambientes protegidos, onde muitas vezes a
132
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
polinização é prejudicada. Os meliponíneos apresentam características
biológicas relevantes para a polinização, porém, poucos estudos têm
avaliado o manejo destas abelhas para a polinização dirigida em plantas
cultivadas. Portanto, este trabalho objetivou aumentar a produtividade e
a qualidade dos frutos comerciáveis no morangueiro, através da
polinização entomófila, em ambientes protegidos.
Materiais e Métodos
O presente trabalho foi conduzido no interior de estufas plásticas com
teto semicircular, instaladas no sentido norte-sul, com uma área
coberta de 480 m2. A estrutura é galvanizada e coberta com filme de
polietileno de baixa densidade, com aditivo anti-ultravioleta e antigotejamento com espessuras de 150 micras.
Os tratamentos foram constituídos de um Fatorial 2 X 3, compostos
pelas cultivares (Oso Grande e Tudla) e pela espécie Tetragonisca
angustula (Jataí) em duas densidades (duas caixas, quatro caixas e
uma testemunha (ausência do Jataí), dispostos em DCC e com parcelas subdivididas no tempo, com sete repetições. Cada parcela constituiu-se de 36 plantas. As densidades de jataí foram isoladas por telas
de clarite, dentro do ambiente protegido. O transplante foi efetuado em
6 de maio de 2002, em um espaçamento de 0,30 x 0,30 m, em área
contendo mulching preto.
A irrigação foi realizada por um sistema de gotejamento localizado,
composto por mangueiras fixas e por gotejadores de acordo com os
espaçamentos entre plantas. O momento da irrigação foi determinado
por meio da utilização de sensores eletrônicos que foram instalados
junto às plantas
No morangueiro foram analisadas as seguintes características: Frutos
comerciáveis (%), Anomalia (%), Peso médio dos frutos (g), Número
total de frutos, Produtividade (t.ha-1). Os resultados referentes ao
rendimento foram submetidos, inicialmente, a análise de variância, com
a finalidade de verificar a existência ou não da significância.
Posteriormente, foi aplicado o teste de Tukey e de Regressão a 1 e 5%
de probabilidade, para observar a diferença entre os tratamentos.
Resumos do Morango
Resultado e Discussões
Os resultados demonstraram efeito positivo da presença das colméias
de Jataí (duas e quatro caixas) na produção de frutos de morangueiro,
em todas as variáveis estudadas. Entretanto, para essas variáveis o
comportamento das duas cultivares (Oso Grande e Tudla) foi
semelhante, não apresentando diferença entre elas.
Em média houve acréscimo de 14% na qualidade dos frutos (normais),
quando estes estavam sob efeito de polinizadores (Figura 1). Braga
(2001), quando cultivou morangueiro em ambiente protegido,
polinizados por colônias de jataí, observou redução na porcentagem de
frutos deformados de 85 para 5%.
Frutos anormais (%)
30
25
20
(b)
15
10
(a)
(a)
5
0
Testemunha
2 caixas
4 caixas
Densidades de abelhas
Figura 1. Efeito dos polinizadores na porcentagem de frutos defeituosos. Passo Fundo. 2002.
Com relação aos frutos comerciais verificou-se que houve influência
das colméias de Jataí, principalmente nos três primeiros meses de
colheita (setembro, outubro e novembro), embora não havendo
diferença entre as colméias. FREE (1968), MOORE (1969),
CHANGNON et al. (1996) e COUTO (1996) demonstraram que a
produção de frutos de morangueiro tem alta correlação com a
polinização, quanto ao peso, formato e tamanho.
133
134
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Constatou-se que no início da colheita a cultivar Oso Grande obteve
maior peso médio de frutos do que a cultivar Tudla, apresentando-se ao
contrário no final da colheita (dezembro). Entretanto, durante o pico de
colheita as duas cultivares não diferiram de comportamento. Desta
forma, observou-se que a presença da abelha Jataí apresentou efeito
positivo nos frutos de morangueiro, independente da cultivar utilizada.
Referências Bibliográficas
BRAGA, 2001. Disponível em < htpp://www.uol.com.br/cienciahoje/
chdia/n444.htm-7k>Acesso em 20 jan.2003.
CHAGNON, M.; GINGRAS, J.; OLIVEIRA, D. Complementary aspects
of strawberry pollination by honey and indiginous bee (Hymenoptera).
Journal of Economic Entomology, v.86, n.2, p.416-420, 1993.
COUTO, R.H.N. de. Uso de atrativos e repelentes como reguladores da
polinização. In: SIMPÓSIO ESTADUAL DE APICULTURA DO PARANÁ,
11, 1996, Pato Branco. Anais... Curitiba: Champagnat, 1996. p.61-65.
FREE, J.B. The pollination os strawberries by honey bees. Journal of
Horticultural Science, v.3, p.107-111, 1968.
GODOY, W.I. Porto Alegre, 1998. Polinização entomófila em duas
cultivares de morangueiro (Fragaria X ananassa Duch.), 162p.
Dissertação (Mestrado em Fitotecnia), Programa de Pós-Graduação em
Agronomia; Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
1998.
MALAGODI-BRAGA, K.S.; KLEINERT, A.M.P. Os meliponígeos e a
polinização do morangueiro em estufas. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE APICULTURA, 14, Florianópolis, 2000. Anais... (CD-Rom). Florianópolis: 2000. Confederação Brasileira de Apicultura, 2000.
MOORE, J.N. Insect pollination of strawberries. Journal of the
American Society for Horticultural Science, v.94, p.362-364, 1969.
Resumos do Morango
NOGUEIRA-COUTO, R.H. Comportamento forrageiro de abelhas e sua
importância na polinização de plantas domesticadas. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE APICULTURA, 14, Florianópolis, 2000. Anais... (CDRom).Florianópolis: 2000. Confederação Brasileira de Apicultura, 2000.
RESENDE, L.M. de A.; MASCARENHAS, M.H.T.; PAIVA, B.M. Programa de produção e comercialização de morango. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.198, p.5-19, 1999.
135
136
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Agronegócio do Morango no Estado do
Espírito Santo
José Mauro de Sousa Balbino
César Pereira Teixeira
Hélcio Costa
Anúncio José Marin
Resumo
O cultivo comercial do morangueiro teve a sua implantação no Estado
do Espírito Santo, no início da década de sessenta, mas a sua expansão
significativa ocorreu apenas a partir da metade da década de noventa,
estando hoje consolidada como uma das culturas de destaque dentro
do agronegócio capixaba. Para sustentar esse destaque, os setores produtivos, de distribuição e da agroindústria vêm demandando ações
tecnológicas e não-tecnológicas, visando dar sustentabilidade à cultura
no Estado. Para atender a essas solicitações foi criado pelo Governo do
Estado do Espírito Santo, através da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca (SEAG), como um dos instrumentos do
Plano Estratégico da Agricultura Capixaba (PEDEAG) os Pólos de Fruticultura. Dentre esses foi criado o Pólo do Morango com ações estratégicas e técnicas. Dentre as ações desse pólo uma das mais importantes
é o projeto da Produção Integrada do Morango, coordenado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
(INCAPER), que permitirá implantar um sistema de cultivo sustentável,
atendendo aos requisitos esperados: - um produto de qualidade oriundo
de um sistema de produção que busque a preservação do meio ambiente e a segurança do trabalhador rural.
A cultura do morango encontra-se desde o início da década de 60,
implantada comercialmente no Estado do Espírito Santo, como
alternativa de cultivo no período entre os meses de março a novembro.
138
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Desse período de implantação inicial da cultura no Estado até à metade
da década de noventa a sua expansão foi lenta, não tendo atingido
mais do que 30 ha de área plantada. Todavia com a restrição da área
de plantio com a cultura do alho, principalmente devido á importação
desse produto da China, aliado a pouca competitividade com outras
regiões produtoras do país, novas alternativas de cultivo foram
implementadas, tendo se destacado a partir desse período o cultivo do
morangueiro. Aliado a isso a implantação de agroindústrias com a
demanda de polpa de frutos, com destaque para o morango e a
instalação de uma distribuidora que tem comercializado mais de 70%
do morango produzido na região, em vários Estados do país, fez com
que o agronegócio em torno dessa cultura crescesse atingindo até a
safra de 2002, cerca de 160 ha de área cultivada.
Nessas áreas a produtividade média do morango tem sido em torno de
34 t/ha, estando o cultivo distribuído principalmente em seis municípios, da região Centro-serrana do Estado, em localidades numa faixa de
800 a 1150 metros altitude.
Além do aspecto econômico desse agronegócio merece destaque a sua
importância social. Nesse contexto, estima-se que a cultura do
morango envolva atualmente, apenas na atividade de cultivo mais de
2300 pessoas, estando distribuída em cerca de 400 propriedades,
sendo que em 89% dessas propriedades a área de plantio é inferior a
0,4ha.
Atualmente a área de cultivo com o morangueiro encontra-se estável,
mas tende a expandir, em razão de um projeto de gestão do governo
do Estado, através da Secretaria da Agricultura, Abastecimento,
Aqüicultura e Pesca (SEAG) denominado de Pólo do Morango, com
ações conjuntas entre Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER) e Instituto de Defesa Agropecuária e
Florestal do Espírito Santo (IDAF), Prefeituras municipais inseridas na
região-pólo, o segmento produtivo, de distribuição e da agroindústria.
A região-pólo do morango apresenta de acordo com o Mapa das Unidades Naturais do Estado do Espírito Santo, aptidão agroclimática para a
cultura e os agricultores que vêm buscando alternativas de cultivo para
a cultura do café, têm encontrado no morango uma opção para esse
Resumos do Morango
objetivo. Esse fato decorre da demanda das agroindústrias próximas a
essas regiões e a facilidade de escoamento da produção para mercado
de frutos in natura também próximos e que apresentam demanda compatível com as expectativas de oferta estimada para esses novos plantios do morangueiro.
A organização da fruticultura do Estado em Pólos é uma forma eficiente
de potencializar a produção. Essa estrutura permite a formação de um
setor fortalecido pela maior representatividade, com concentração de
produção, que em uma análise geral possibilita uma comercialização
mais eficiente com maior garantia por facilitar o fornecimento contínuo
de produto. A formação dos pólos tem sido muito utilizada em outras
regiões do país consideradas significativas na produção e
comercialização de frutas.
O pólo de morango elaborado com base no Mapa das Unidades Naturais do Estado engloba os municípios que apresentam a classificação
geral, quanto à temperatura, em "Terras Frias", com altitude entre 850
e 1200 metros, e "Temperaturas Amenas", com altitude entre 450 a
850 metros. Nesse pólo encontram-se além dos municípios produtores
tradicionais, outros que possuem condições climáticas favoráveis ao
desenvolvimento da cultura.
Os objetivos do pólo do morango são distribuídos em proposições estratégicas e técnicas, envolvendo o setor público e privado.
Nas proposições estratégicas encontram-se distribuídos os objetivos
de: organização da base produtiva, fomento dentro dos diversos elos
da cadeia produtiva, programas de capacitação técnica dos agentes de
extensão rural pública e da iniciativa privada e agricultores, articulação
do agronegócio entre os agricultores e a indústria de processamento de
polpa e para fornecimento de mudas matrizes ou de viveiro com padrão
cultural e fitossanitário. Outra ação que tem sido realizada é a fiscalização constante no uso de agrotóxicos nas propriedades e revendas além
do monitoramento e determinação do nível de resíduos nos frutos.
Quanto ás proposições técnicas os principais objetivos do pólo do
morango englobam ações de testes visando a obtenção de cultivares
mais tolerantes a pragas e/ou doenças, que atendam às exigências do
139
140
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
mercado e mais adaptados às condições do Espírito Santo. Essas ações
permitirão também desenvolver e implantar o programa de Produção
Integrada de Morango (PI-Mor) coordenado pelo INCAPER, em parceria
com os diferentes segmentos desse agronegócio no Espírito Santo, o
Estado e a União. Esse projeto da PI-Mor, esta sendo um instrumento
fundamental para sustentar o funcionamento do Pólo do morango.
Para atender aos objetivos nessas propostas estão sendo realizados a
partir da safra de 2004: instalação de unidades de demonstração nas
regiões produtoras e em início de expansão da cultura; cursos para
treinamento de técnicos e de agricultores, publicações para
informações tecnológicas sobre a cultura, reuniões mensais entre
técnicos da extensão pública e privada juntamente com técnicos da
defesa fitossanitária (IDAF). Essas ações visam uma melhor articulação
no processo de monitoramento da qualidade do morango, do meio
ambiente e para proteção do agricultor e implantação de um selo com a
marca "morango das montanhas do Espírito Santo". Conjuntamente
com essas estratégias e ações estão sendo implementadas normas,
adaptadas às condições do Estado, visando uma produção sustentável
do morango no Espírito Santo. Além disso, as informações existentes
no Estado sobre a cultura do morango estão sendo aferidas por um
diagnóstico, que foi implantado e será conduzido até o final da safra.
Os sistemas de cultivo do morangueiro no Estado são basicamente com
tecnologias convencionais com o plantio sendo feito a "céu aberto".
Todavia existem agricultores que têm adotado o cultivo protegido
havendo a adoção tanto do túnel baixo, quanto do túnel alto.
O cultivo orgânico do morango também tem sido implementado por
alguns agricultores de modo isolado e nesses casos tem atendido às
suas expectativas.
Para todos os sistemas de plantio as cultivares utilizadas são as
mesmas. Até o final da década de noventa praticamente todos os
plantios eram realizados com a cultivar Dover, todavia nos últimos anos
ela vem sendo substituída principalmente por Camarosa, Oso Grande e
Tudla, e em menor proporção ´Sweet Charlie´. Na safra de 2004, esta
sendo testada em áreas de agricultores a cultivar Aleluia.
Resumos do Morango
Tem se observado uma oscilação na preferência pelas cultivares
relacionadas e o que se percebe é que a definição por parte do
agricultor, tem sido feita em função da demanda do mercado, havendo
uma participação decisiva da agroindústria e da distribuidora implantada
na principal região de cultivo do morangueiro.
Os problemas da cultura estão associados: a qualidade de mudas
oriundas de viveiro sejam dos próprios agricultores ou de viveiristas de
outros Estados; a presença de doenças e pragas tanto no viveiro
quanto no cultivo comercial; a impactos ambientais associados ao
manejo de solo, da irrigação e do uso de agrotóxicos; a qualidade de
água; o pequeno uso de tecnologias de manejo na colheita e em póscolheita e a ausência de infra-estrutura adequada de casas de
embalagem. Todas essas questões exigindo constantes ações
tecnológicas e não-tecnológicas, visando a sua adequação para a
sustentabilidade da cultura no Estado
141
142
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Utilização de Resveratrol na Conservação
Pós-colheita de Morango
Marcelo B. Malgarim
Rufino F. Cantillano
Eduardo R. Franchini
Enilton F. Coutinho
Nicácia P. Machado
Nara C. Ristow
Introdução
O morango é um fruto muito perecível, com alta taxa respiratória e
curta vida pós-colheita. Os danos mecânicos, feridas e batidas durante
a colheita, transporte e comercialização deixam a fruta suscetível ao
ataque de microorganismos, causando perdas nutritivas e econômicas
(Nunes et al., 1995).
Os métodos químicos atuam sobre os patógenos de ferimentos ou
sobre aqueles que apresentam infecção quiescente, e possuem a
grande vantagem de seu efeito residual garantir proteção durante o
armazenamento prolongado dos frutos (Benato et al., 2001).
Entretanto, a crescente restrição ao uso de fungicidas, por questões de
segurança alimentar e impacto ambiental, tem estimulado o uso de
métodos alternativos e biológicos para o controle de doenças (Binotti et
al., 2002).
A indução da resistência no controle de fitopatógenos em pós-colheita,
por processos naturais, é um estudo crescente e que vem alcançando
resultados promissores nos últimos anos (Benato, 2003).
144
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Alguns pesticidas naturais têm sido apontados com grande potencial
para o uso na conservação pós-colheita de frutas, como é o caso do
resveratrol, que está presente em mais de 70 espécies, como
amendoim, amora e algumas espécies do gênero Pinus (Passos et al.,
2001).
O resveratrol é uma fitoalexina pertence à classe dos compostos
polifenólicos, vêm sendo utilizado para aplicação em fitoterápicos,
fármacos ou como alimento em função de propriedades nutraceúticas
(Latruffe et al., 2001). A sua síntese é induzida em plantas sob
condições de estresse por fatores bióticos, como fungos patogênicos e
abióticos, como radiação ultravioleta.
Segundo Souto (2003), a aplicação exógena de trans-resveratrol
apresentou-se potencialmente benéfica na conservação de pêras, uvas
e maçã (Ureña et al., 2003).
Este trabalho objetivou avaliar a eficiência da aplicação exógena de
resveratrol em diferentes concentrações sobre as características físicas
e químicas de morangos da cv. Camarosa.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no laboratório de Pós-colheita e câmaras
frigoríficas da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, Brasil.
Utilizou-se morangos da cv. Camarosa, provenientes de pomar
localizado na Embrapa Clima Temperado. Após a colheita realizada no
estádio de maturação maduro, foram selecionados e colocados em
bandejas de isopor com capacidade para 250 g e submetidos
imediatamente a pré-resfriamento por 1 hora, a uma temperatura de
- 3 OC, até atingir uma temperatura de polpa de 4 OC.
Os tratamentos foram T1- testemunha; T2- resveratrol 1000 ppm; T3resveratrol 2000 ppm; T4- resveratrol 3000 ppm; T5- resveratrol 4000
ppm. As frutas foram armazenadas durante 9 dias a temperatura de
0 O ± 0,5 OC e a umidade relativa de 90% a 95%, e posteriormente,
submetidas à simulação de comercialização (armazenamento durante 5
Resumos do Morango
dias a 8O ± 1OC e UR de 75% a 80%). O delineamento experimental
utilizado foi o inteiramente casualizado com 4 repetições de 15 frutos
por tratamento.
As variáveis analisadas foram: a) perda de peso, expressa em porcentagem; b) pH; c) sólidos solúveis totais (SST) determinados através de
refratometria, com correção de temperatura, expressando-se o resultado em OBrix; d) acidez total titulável (ATT), expressa em % de ácido
málico; e) relação SST/ATT; f) podridão, expressa em porcentagem; g)
coloração da epiderme (L, a*, b* e hº). Após a analise da variância, as
médias foram comparadas pelo teste de DMS de Fischer (p < 0,05).
Resultados e Discussões
Em relação a SST, não foi encontrada diferença significativa entre os
tratamentos. O pH foi maior nos frutos do T5, diferindo estatisticamente dos demais. A ATT foi maior no T2 diferindo somente dos tratamentos T4 e T5. A relação SST/ATT foi maior no T5, diferindo somente do
T2. Shaw (1990) indica que o sabor do morango está condicionado,
em parte, pelo balanço entre os sólidos solúveis e a acidez titulável,
porém nas condições deste experimento, apesar das diferenças
encontradas com relação às variáveis químicas, as mesmas não
permitem qualquer inferência a respeito do efeito do resveratrol e suas
concentrações. Com relação as variáveis referentes à coloração, os
frutos da testemunha (T1) apresentaram maior luminosidade (L*), cor
de fundo (b*) e tonalidade da cor (hº), não diferindo somente do T2. A
testemunha obteve também maior coloração vermelha da epiderme, ou
seja, maior valor de (a*), porém diferiu estatisticamente somente do
T4. A perda de peso foi maior nos frutos do T4 (10,01 %), o qual não
diferiu somente do T5 (9,05%). Entretanto os demais tratamentos
apresentaram porcentagens de perda de peso acima de 8%, o que
segundo Robinson et al. (1975), citado por García et al. (1998), já é
muito elevado, visto que a máxima perda de peso comercialmente
tolerada para morangos é de 6%. A firmeza de polpa foi maior nos
frutos da testemunha (T1), o qual não diferiu somente do T2. Segundo
Cantillano et al. (1999), a perda de firmeza, durante a maturação, é o
principal fator que determina a qualidade do morango e a sua vida pós-
145
146
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
colheita. A incidência de podridão foi maior na Testemunha (T1), a qual
diferiu dos demais tratamentos, sendo que entre os tratamentos com
diferentes concentrações de resveratrol não foi observada diferença
significativa.
Conclusão
A aplicação exógena de resveratrol nas concentrações de 1000 - 4000
ppm, em morangos da cv. Camarosa, diminui a incidência de podridões.
Dentre os tratamentos, a utilização de resveratrol na concentração de
1000 ppm, em morangos da cv. Camarosa, proporciona os melhores
resultados com relação às variáveis físicas e químicas.
Tabela 1. Médias dos tratamentos nas variáveis SST, ATT, SST/ATT,
pH, podridão, perda de peso e firmeza em morangos, cv. Camarosa.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas (RS), 2004.
Firmeza
Tratamentos
SST
(ºBrix)
ATT
(%ác.malico)
SST/ATT
pH
Podridão
(%)
T1
9,77 a
0,66 ab
14,73 ab
3,64 c
23,32 a
8,65
b
6,08 a
T2
9,15 a
0,67 a
13,72 b
3,59 c
11,65 b
8,56
b
5,55 a
T3
T4
T5
9,70 a
9,80 a
9,85 a
0,63 abc
0,61 bc
0,60
c
15,39 ab
16,03 a
16,23 a
3,62 c
3,87 b
3,99 a
11,65 b
11,65 b
9,99 b
Perda de peso
(%)
8,92 b
10,01 a
9,05 a b
(N)
4,36 b
4,01 b
4,11 b
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste
de DMS de Fisher (P<0.05).
Referências Bibliográficas
BENATO, E.A. Potencial de indução de resistência em frutas pós-colheita. In: ENFRUTE ENCONTRO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA DE
CLIMA TEMPERADO, 5., Fraiburgo, SC. Anais... Caçador, SC: Epagri,
2003, p.215-220.
BENATO, E.A.; CIA, P.; SOUZA, N.L. Manejo de doenças de frutos
pós-colheita. Revista anual de patologia de plantas, v.9, p.403-440,
2001.
Resumos do Morango
BINOTTI, C.S.; BENATO, E.A.; SIGRIST, J.M.M. et al. Avaliação do
uso de fungicidas e UV-C combinados com atmosfera modificada em
maracujá-amarelo, pós-colheita. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura,
2002, Belém, Anais... Pará, 2002.
FLORES-CANTILLANO, F. Fisiologia pós-colheita e armazenamento de
morangos. In: DUARTE FILHO, J.; CANÇADO, G. M. A.; REGINA, M.
de A.; ANTUNES, L.D.; FADINI, M.A.M. Morango: tecnologia de produção e processamento. Caldas: Epamig, 1999. p.187-204.
GARCÍA, J.M.; MEDINA, R.J.; OLÍAS, J.M. Quality of strawberries
automatically packed in different plastic films. Journal of Food Science,
Chicago, v. 63, n. 6, p. 1037-1041, 1998.
LATRUFFE, N.; DELMAS, D.; JANNIN, B.; MALKI, M.C.; DEGRADECE,
P.P.; BERLOT, J.P. Molecular analysis on the chemopreventive
properties of resveratrol, a plant polyphenol microcomponet.
International journal of molecular medicine. n. 10, p.755-760, 2002.
NUNES, M.C.N.; MORAIS, A.M.M.B. Quality of strawberries after
storage in controlled atmospheres at above optimum storages
temperatures. Proceeding of the Florida State Society for Horticultural
Science, Florida, v. 108. p. 273-277, 1995.
PASSOS, R.; CARO, M.S.B.; MARSCHIN, M. A saúde vem embalada
em garrafas de vinho. Ciência Hoje. São Paulo, v. 29, n. 173, p88-89,
2001.
SOUTO, A.A. Benefícios do vinho a saúde. In: I Ciclo de palestras em
Vitivinicultura em Uruguaiana. Palestra/compilados pessoal, 2003.
UREÑA, A.G.; OREA, J.M.; MONTERO, C.; JIMÉNEZ, J.B. Improving
postharvest resistance in fruits by external application of transresveratrol. Journal of agricultural and food chemistry. Madrid, v. 51,
p.82-89, 2003.
147
148
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Resveratrol e Filme de Polietileno na Póscolheita de Morangos cv. Camarosa e no
Controle no Mofo Cinzento
Marcelo Barbosa Malgarim
Casiane Salete Tibola
Valdecir Carlos Ferri
Valmor João Bianchi
Paulo Roberto da Silva
Introdução
Nos últimos anos, tem aumentado a necessidade de conhecer a fisiologia pós-colheita de frutas em virtude do aumento da produção, da área
plantada e da necessidade de um abastecimento permanente do mercado com frutas frescas. Isto tem motivado uma maior preocupação no
que se refere à preservação da qualidade da fruta, visando prolongamento no seu período de comercialização e maior resistência ao manuseio e ao ataque de doenças.
O morango apresenta elevada perecibilidade na conservação pós-colheita, principalmente, devido a sua intensa atividade metabólica e grande
suscetibilidade ao ataque de agentes patogênicos causadores de podridões. Além do controle de temperatura outros métodos têm sido preconizados para aumentar a vida útil dos frutos na pós-colheita. Atualmente, existe a preocupação dos consumidores, com possíveis resíduos
agroquímicos nas frutas, estimulando, desta forma, o estudo de métodos alternativos para a redução de pragas e doenças. O resveratrol é
um composto fenólico natural com propriedades antioxidantes e
fungicida, o qual poderá reduzir podridões pós-colheita causadas por
fungos. São necessários, portanto, estudos de métodos de uso deste
produto buscando a redução de ocorrências de podridões pós-colheita
que possibilitem um período maior de conservação e que não prejudiquem a qualidade dos frutos.
150
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O trabalho objetivou avaliar diferentes concentrações de resveratrol no
controle do mofo cinzento causado por (Botrytis cinerea) e na qualidade
pós-colheita de morangos cv. Camarosa.
Material e Métodos
O experimento foi realizado nas câmaras frigoríficas e no Laboratório de
Tecnologia de Alimentos do Departamento de Ciência e Tecnologia
Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel - UFPel, com
morangos da cultivar Camarosa colhidos no estádio de maturação meiomaduro (50 a 75% de coloração vermelha da epiderme) provenientes
de pomar comercial do município de Pelotas/RS.
As frutas foram submetidas aos tratamentos: T1) testemunha (imersa
em água) + filme de polietileno com 3mm de espessura; T2) frutas
imersas em 375ppm de resveratrol + filme de polietileno com 3mm de
espessura; T3) frutas imersas em 750ppm de resveratrol + filme de
polietileno com 3mm de espessura. Na colheita e aos dez dias de
armazenamento a 0ºC e 90-95% de UR, mais cinco dias a 8º±1ºC e
75-80% de UR, avaliou-se as variáveis: sólidos solúveis totais (SST),
expressos em ºBrix; acidez total titulável (ATT), expressa em % de ácido cítrico; relação SST/ATT; perda de peso (PP) expressa em percentagem; percentagem de podridões; cor de superfície (CS) e de fundo (CF)
usando colorímetro Minolta CR-300 em sistema tridimensional L*, a* e
b*, onde o L* mede a luminosidade variando entre 0 (para uma amostra preta; mínima reflectância) e 100 (para uma amostra branca; máxima reflectância e o a* é o eixo que vai do vermelho (valores positivos)
ao verde (valores negativos). Já o b*, eixo que vai do amarelo (valores
positivos) a azul (valores negativos) (Genard & Bruchou, 1992). Os valores L* podem ser apresentados sem manipulação, porém a* e b* não
devem ser utilizados valores únicos, porque não são variáveis dependentes (McGuire, 1992). Portanto, com os dados obtidos de a* e b*
foi calculado o ângulo Hue (°h* = tang-1 b*.a*-1).
A unidade experimental foi composta de 15 morangos, com 3 repetições para cada um dos parâmetros avaliados, em cada tratamento.
Após a análise de variância as médias foram comparadas entre si pelo
teste DMS (P³ 0,05).
Resumos do Morango
Resultados e Discussões
Ao final do período de armazenamento nas variáveis teor de SST e percentagem de PP não ocorreram diferenças estatísticas entre os tratamentos. A ATT foi menor no tratamento com 750ppm de resveratrol e
no mesmo tratamento a relação SST/ATT foi maior (Tabela 1). Atualmente, existem poucos estudos sobre a utilização do resveratrol em
pós-colheita, sabe-se apenas que esse extrato natural pode atuar como
fungicida, porém devem ser realizados novos estudos para verificar se
o mesmo, além de atuar como fungicida, proporciona modificações nas
características físicas e químicas das frutas.
A cor dos morangos diferiu estatisticamente apenas em b*, na qual as
frutas do tratamento com 750ppm de resveratrol tiveram menores valores, já o L* o a* e o ângulo Hue não diferiram estatisticamente (Tabela
2). Nas frutas tratadas com 750ppm de resveratrol não ocorreram podridões, diferindo dos demais tratamentos os quais tiveram 3,33% de
frutas com podridões (Figura 1). Entre os fatores que afetam a qualidade pós-colheita durante a frigoconservação, a temperatura é o mais importante, devido ao seu efeito sobre as taxas das reações biológicas,
principalmente a respiração. Segundo Araújo (1998), a refrigeração retarda os processos metabólicos, conseqüentemente, reduz a taxa de
amadurecimento da fruta e impede o desenvolvimento rápido de fungos
patogênicos.
O emprego de atmosfera modificada pelo uso de filme de polietileno
permite, modificar a concentração de gases, especialmente CO2, O2 e
etileno (Rombaldi et al.,1999). Com isso reduz-se o metabolismo respiratório, a produção, a ação do etileno (Kader, 1992), a ocorrência de
distúrbios fisiológicos e podridões (Lana & Finger, 2000). Juntamente
com estes fatores a utilização do resveratrol pode reduzir as perdas
durante o período de conservação das frutas.
Conclusão
O resveratrol na concentração de 750ppm associado ao filme de
polietileno reduz a percentagem de podridões em morangos cv.
Camarosa mantendo a qualidade dos frutos durante dez dias de
armazenamento a temperatura de 0 OC e mais cinco dias a 8 OC.
151
152
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, P.J. Manejo e conservação pós-colheita: Fisiologia e
tecnologia pós-colheita do pêssego. In: A cultura do pessegueiro. Editado por Carlos Alberto Barbosa Medeiros e Maria do Carmo Bassols
Raseira. Brasília: Embrapa-SPI; Pelotas: Embrapa-CPACT, p. 130-160,
1998.
GENARD, M.; BRUCHOU, C. Multivariate analysis of within-tree factors
accounting for the variation of peach fruit quality. Scientia Hort. vol. 52
p.37-51. 1992.
KADER, A. Postharvest Biology and Technology: An overview. In:
Postharvest Technology on Horticultural Crops, Kader, A (ed)
Publication 3311. University of California, California, p. 15-20, 1992.
LANA, M.M; FINGER, F.L. Atmosfera modificada e controlada: aplicação na conservação de produtos hortícolas. 1ª ed. Brasília Embrapa
Hortaliças. 2000. 34p.
McGUIRE, R. Reporting of objective color measurements. HortScience.
v. 27(12) p. 1254-1255. 1992.
ROMBALDI, C.V.; ZIMMER, P.D.; SILVA, J.A; FERRI, V.C.; CHAVES,
A L. Inibição da síntese da ACC oxidase em maçãs armazenadas em
atmosfera controlada. Revista Brasileira de Ciência e Tecnologia
Agroindustrial. v.18, p. 27-33, 1999.
Tabela 1. Sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT),
relação SST/ATT e perda de peso (PP) de morangos cv. Camarosa, na
colheita e após dez dias de armazenamento refrigerado (0±05 OC e 9095% de UR), mais cinco dias a 8 OC.
Tratamentos
*Colheita
Testemunha
375ppm de resveratrol
750ppm de resveratrol
SST
ATT
Relação SST/ATT
8,06
7,76 a
8,00 a
7,40 a
0,92
1,05 a
1,23 a
0,76 b
8,76
7,42 b
6,56 b
9,64 a
Perda de
Peso (%)
0,00
0,77 a
0,76 a
0,82 a
As médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de
5% de significância;
* Dados referentes à caracterização logo após a colheita
Resumos do Morango
Tabela 2. Valores médios de L, a, b e ângulo Hue de morangos cv.
Camarosa, na colheita e após 10 dias de armazenamento a (0±05 OC e
90-95% de UR), mais 5 dias a 8 OC.
Tratamentos
L
a
b
Hue
*Colheita
36,38
31,84
18,66
30,37
Testemunha
35,12 a
33,41 a
17,67 a
27,84 a
375ppm de resveratrol
35,24 a
33,10 a
16,86 a
27,00 a
750ppm de resveratrol
33,94 a
32,59 a
14,87 b
24,52 a
As médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de
5% de significância;
* Dados referentes à caracterização logo após a colheita
4,00
a
a
Podridões (%)
3,00
2,00
1,00
b
0,00
T1
T2
T3
Figura 1. Podridões (%) de morangos cv. Camarosa após 10 dias de
armazenamento refrigerado (0±05 OC e 90-95% de UR), mais 5 dias a
8 OC, submetidos aos seguintes tratamentos: T1- testemunha; T2 375ppm de resveratrol; T3 - 750ppm de resveratrol. Médias seguidas
da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan (p<0,05).
153
154
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 3. Médias dos tratamentos nos parâmetros de coloração de
morangos, cv. Camarosa. Embrapa Clima Temperado, Pelotas (RS),
2004.
Tratamentos
T1
Luminosidade Cor de superfície Cor de fundo
(L*)
(a*)
(b*)
32,01 a
34,47 a
18,75 a
Tonalidade da cor
(hº)
28,54 a
T2
31,43 ab
34,68 a
18,36 a
27,88 ab
T3
30,50 bc
33,89 ab
16,93 b
26,53 c
T4
30,16 c
32,82 b
17,04 b
27,43 bc
T5
30,70 bc
33,80 ab
17,07 b
26,78 c
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste
de DMS de Fisher (P<0.05).
Evaluación de Variedades Reflorecientes de
Frutilla en Ushuaia, Argentina
E.E. Miserendino
J.A. Portela
G. Vater
Introduccion
En los últimos cinco años, el cultivo comercial de frutilla se ha venido
desarrollando en zonas de aptitud hortícola de la Isla Grande de Tierra
del Fuego, Argentina. Por iniciativa de la Estación Experimental INTA
Santa Cruz, y en el marco del Programa Cambio Rural, en 1997 se
iniciaron en Ushuaia (54O 48´S) los primeros ensayos de variedades de
frutilla, en la búsqueda de alternativas productivas para el desarrollo del
sector hortícola de la provincia. Aquellas primeras pruebas mostraron
que este cultivo era promisorio para la región e inmediatamente los
productores locales comenzaron a incursionar en esta actividad,
constituyéndose hoy en el segundo cultivo hortícola en importancia,
luego de la lechuga.
Ya en esas primeras pruebas se estableció que la producción debía
basarse en el uso de variedades de largo de día neutro (reflorecientes),
por presentar potencial productivo mayor que las de día corto. En ese
entonces, los ensayos y primeros cultivos se instalaron bajo cubierta,
en invernáculos fríos, colocando los plantines en camellones cubiertos
con lámina plástica (mulch) negro y regados por cintas de goteo. En
esta zona, de inviernos muy rigurosos y veranos muy fríos, la estación
de producción se extendió desde comienzos de diciembre hasta fines
de marzo. Las condiciones agroecológicas (marcadas variaciones
fotoperiódicas anuales, bajas temperaturas medias, ausencia de
patógenos de suelo, fundamentalmente) hicieron posible que una
156
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
misma plantación se mantuviera en producción, con rendimientos
crecientes, durante al menos 3 años.
En tanto, los mejoradores y viveristas han ido introduciendo en el
mercado mundial nuevas variedades reflorecientes de frutilla, que hoy
deberían ser puestas a prueba en Tierra del Fuego, a fin de identificar
materiales de mayor potencial productivo que los actualmente
empleados. Con el objeto de evaluar un conjunto de variedades
reflorecientes hoy disponibles en Argentina, bajo las condiciones de
cultivo de Ushuaia, en el verano de 2004 se montó un ensayo
comparativo de rendimientos en el predio del Centro Austral de
Investigaciones Científicas (CADIC).
Métodos
El diseño experimental planeado fue en bloques completos al azar, con
tres repeticiones. Las variedades probadas fueron Aromas, Cegnidarem,
Colima, Diamante, Selva y Whitney. Todo el material provino de un
mismo vivero, radicado en la provincia de Mendoza. Cada parcela se
conformó con 20 plantines "frigo". El tamaño de las coronas (diámetro)
de los mismos fue originalmente muy variable, entre y dentro de las
variedades, oscilando entre los 0,8 cm y los 2,2 cm. La plantación se
realizó el 10 de enero de 2004 en camellones de 50 cm de ancho,
distanciados a 80 cm entre sí. Los plantines se colocaron a doble hilera
en tresbolillo, separados a 30 cm entre sí. Los camellones fueron
cubiertos con mulch de plástico negro. El riego se efectuó mediante
una cinta de goteo ubicada en el centro del camellón, con goteros cada
10 cm. Una vez implantado el cultivo, cada camellón fue cubierto por
un túnel bajo de lámina plástica LDT de 150 m.
En la Figura 1 se presentan las marchas del fotoperíodo diario y de las
temperaturas máximas y mínimas diarias registradas en el sitio del
ensayo durante el período en consideración. Se destacan la escasa
amplitud térmica, las noches frías (fundamentalmente entre 5 OC y
10 OC de temperatura mínima diaria), y la marcada variación en el largo
del día (de 19 h a 11 h de luz entre el 1 de enero y el 24 de abril,
considerando los crepúsculos civiles). Todo lo cual define al ambiente
en cuestión como muy restrictivo para el crecimiento y poco propicio
para variedades sensibles al largo de día.
Resumos do Morango
En este ensayo, 20 días después de la plantación la mayoría de las
variedades ya manifestaba estar en floración. Las cosechas se iniciaron
en los primeros días de marzo, repitiéndose cada 2 ó 3 días durante
este mes y cada 10 días en abril. Las primeras heladas impidieron
continuar las cosechas durante el mes de mayo.
Se cosecharon sólo frutillas maduras, separándose en dos categorías,
comerciales y no comerciales (las de tamaño pequeño o afectadas por
malformaciones), en las que se consideró el número de frutos y el peso
de los mismos. En la Figura 2 se observa la variación del rendimiento
comercial medio por planta, el que se presentó en todos los casos
variable y, en general, con dos picos máximos. Esta respuesta se
interpreta como el resultado de la aclimatación de las plantas "frigo" a
las condiciones agroecológicas del sitio en cuestión.
Resultados
En el Cuadro 1 se sintetizan los resultados de rendimiento comercial
por parcela y por planta. La variedad Cegnidarem se destaca como la
de mayor potencial productivo, tanto por el número de frutos
comerciales obtenidos como por el peso de los mismos. En segundo
lugar se ubica Colima, la que no se distinguió estadísticamente de
Cegnidarem en frutos comerciales cosechados.
La variedad Selva, que ya había sido probada en la zona y se tomaba
como testigo, fue la que dio los resultados más pobres. Fue asimismo
la que presentó menor sobrevivencia de plantas (alrededor del 50 %),
lo que estaría indicando posibles problemas de calidad de los plantines
empleados en la prueba. En general, los coeficientes de variación (CV)
de las variables analizadas resultaron algo elevados, planteando la
necesidad de mejorar las condiciones del experimento. Los resultados
obtenidos en este ciclo serán comparados con los de los ciclos
siguientes. No obstante, aun cuando se trate de resultados
preliminares, resultan ya valiosos a la hora de hacer recomendaciones a
los productores hortícolas de Tierra del Fuego.
157
Tm in
30 .0
20
Tm ax
25 .0
F otope ríodo
20 .0
15 .0
10
10 .0
F o to p e río d o (h )
T e m p e ra tu ra (ºC )
15
5
5.0
0.0
0
1
16
31
46
61
76
91
10 6
D ía s d e l a ñ o
Figura 1. Marcha del fotoperíodo diario y de las temperaturas máxima y
mínima diarias registradas entre el 1 de enero y el 24 de abril de 2004,
en la localidad de Ushuaia, Tierra del Fuego.
Aro ma s
20
C e g nid a re m
C o lima
Pe s o m e d io p o r p la n ta (g )
158
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
16
D ia ma n te
Se lva
W h itn e y
12
8
4
0
60
70
80
90
100
110
D ía s d e l a ñ o
Figura 2. Variación del rendimiento comercial (peso de frutos) por
planta en 11 cosechas efectuadas entre el 2 de marzo y el 24 de abril
de 2004.
Resumos do Morango
Cuadro 1. Valores medios de rendimiento comercial por parcela y por
planta en el ensayo comparativo de rendimiento de variedades
reflorecientes de frutilla en Ushuaia, Tierra del Fuegoz.
Variedad
Cegnidarem
Colima
Aromas
Whitney
Diamante
Selva
CV
Por parcela
Frutos
Peso (g)
(número)
147,3 a
1730,8 a
133,3 a
1102,8 b
96,0 b
948,9 b
82,7 b
816,3 b
74,3 b
908,5 b
14,7 c
151,0 c
19,1
32,0
Por planta
Frutos
Peso (g)
(número)
7,4 a
86,5 a
6,8 a
56,2 b
5,0 b
41,3 b
5,0 b
42,8 b
3,7 b
37,7 bc
1,4 c
13,5 c
19,1
30,5
Letras distintas indican diferencias estadísticamente significativas
según prueba de DMS (a=0,05).
z
159
160
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Aplicação Pós-colheita de Luz Ultravioleta
(UV-C) e Luz Germicida em Morangos Cultivares Camarosae Oso Grande Produzidos de
Forma Orgânica
Nara Cristina Ristow
Eduardo Reinhart Franchini
Enilton Coutinho
Fernando Rufino Flores Cantillano
Nicácia Portela Machado
Marcelo Barbosa Malgarim
Introdução
O controle de podridões é necessário para reduzir as perdas causadas
por patógenos na pós-colheita de morangos. Pesquisas estão sendo
desenvolvidas para minimizar e prevenir essas perdas pós-colheita, dentre elas estão a irradiação e as práticas culturais.
A rápida deterioração pós-colheita de morangos, em temperatura ambiente, é atribuída à elevada taxa respiratória e ao aumento da produção
de etileno (Kader, 1992). Outros fatores, como a suscetibilidade à lesão
mecânica, a perda de água (Nunes et al., 1995) e a deterioração causada por fungos, especialmente Botrytis cinerea (El-Kazzaz et al., 1983),
contribuem para diminuir o período de conservação.
A luz UV-C tem sido utilizada com sucesso, como técnica alternativa
para o controle de podridões na pós-colheita de maçãs no Brasil e em
outros países e há citações do uso deste método em hortaliças e em
outras frutas temperadas e subtropicais (Valbenito Sanhueza, 2001),
porém seu uso em morangos é pouco citado na literatura. Sendo assim,
neste trabalho procurou-se comparar as cultivares de morangos
Camarosa e Oso Grande no sistema orgânico, associado a utilização da
luz UV-C e luz germicida na conservação pós-colheita.
162
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Material e Métodos
O trabalho foi realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS. Utilizaram-se morangos das cultivares Camarosa e Oso Grande, produzidos
de forma orgânica e colhidos em 16/10/2003, quando apresentavam
75% de coloração vermelha na epiderme, apresentando as seguintes
características físicas e químicas (Tabela 1).
Tabela 1. Caracterização física e química de morangos ´Camarosa´ e
´Oso Grande´. Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS.
Cultivar
Variáveis avaliadas
SST
(oBrix)
ATT
(% ác.
cítrico)
SST/
ATT
pH
L
a*
b*
Âng.
Hue
17,86
051
14,61
3,93
38,29
37,08
30,51
39,45
11,23
Camarosa 14,29
0,60
9,69
3,80
35,58
37,82
26,87
35,39
8,44
Oso
Grande
Firmeza
(N)
Os frutos após serem selecionados, foram submetidos a préresfriamento, durante 4 horas, com temperatura entre 0 e 2 OC e
submetidos, posteriormente, a 6 minutos de exposição à radiação
ultravioleta (UV-C) e luz germicida. A aplicação da luz ultravioleta, foi
realizada com lâmpada G15T8 de 15W, comprimento de onda de
254nm e de luz germicida, com lâmpadas emitentes de radiação infravermelha, sem especificações técnicas. Após receberem à radiação, os
frutos foram colocados em embalagens plásticas de 250g (8 frutos/
embalagem) e armazenados em ambiente com temperatura entre 19 e
20 OC e umidade relativa de 75% a 85%.
Avaliou-se, após 48 e 96 horas de armazenamento, as seguintes variáveis: a) perda de peso, expressa em percentagem; b) teor de Sólidos
Solúveis Totais (SST), expresso em OBrix; c) Acidez Titulável (AT), expressa em % de ácido málico; d) pH; e) Firmeza da polpa, em Newton;
f) Incidência de podridões, em percentagem e) cor da epiderme. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com 5
repetições de 8 frutos por tratamento para cada cultivar. Os dados de
cada variável foram submetidos à análise de variância, e as médias,
comparadas estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS), com probabilidade de erro de 5% (p ? 0,05). Os dados
Resumos do Morango
percentuais originais foram transformados em arco seno da raiz quadrada de x/100.
Resultados e Discussões
A percentagem de perda de peso aumentou com o avanço do período
de armazenamento, porém os valores foram baixos devidos à modificação da atmosfera. Segundo Soto-Valdez & Mendonça-Wilson (1998), a
utilização de filmes plásticos, modificando a atmosfera ao redor das
frutas, reduz a perda de água das frutas e hortaliças, diminuindo a perda de peso. Os sólidos solúveis totais, acidez titulável e a relação ATT/
SST dos morangos apresentaram diferenças significativas entre as cultivares, variando pouco em relação aos períodos de armazenamento.
Zagory & Kader (1988), observaram que a redução de O2 e aumento de
CO2, propiciados pela atmosfera modificada reduzem a acidez titulável
durante o armazenamento. A variável pH diminuiu durante os períodos
de armazenamento. A firmeza de polpa, aumentou na cultivar Oso
Grande devido a desidratação (Tabela 2).
163
164
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 2. Características físicas, químicas e incidência de podridões em
morangos Camarosa e Oso Grande produzidos em sistema orgânico, e
armazenados por 48 e 96 horas em condição ambiente (20 OC e75%85% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, 2003.
Variáveis avaliadas
Perda de peso (%)
SST (°Brix)
ATT (% ác. Málico)
SST/ATT
pH
Firmeza (N)
Podridão (%)
L (luminosidade)
a* (cromaticidade)
b* (tonalidade)
Ângulo Hue
Cultivares
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Oso Grande
Camarosa
Períodos de avaliação
(horas)
48
96
0,20 aB
0,56 aA
0,26 aB
0,54 aA
6,12 bB
6,58 aA
6,74 aA
6,60 aA
0,48 bA
0,53 bA
0,63 aA
0,67 aA
12,70 aA
12,47 aA
10,57 bA
9,82 bA
3,89 aA
3,46 aB
3,69 bA
3,46 aA
6,52 bB
8,79 aA
8,93 aA
7,96 aA
5,00 aB
80,00 aA
15,00 aB
40,00 bA
29,90 aB
34,47 aA
29,85 aB
30,60 bB
32,11 aB
34,25 aA
29,29 bB
32,14 bA
19,53 aB
22,93 aA
17,45 aA
18,56 bA
31,22 aB
33,77 aA
30,74 aA
30,01 bA
(1)
Médias seguidas da mesma letra minúscula, na coluna e maiúscula, na linha,
não diferem estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas Significativas
(DMS) a nível de 5% de probabilidade de erro experimental.
Na incidência de podridões ocorreu um aumento considerável quando
os frutos foram armazenados por 96 horas, tornando os frutos impróprios para a comercialização. Em morangos, o fungo Botrytis cinerea é
um dos principais causadores de podridões pré e pós-colheita
(Borganhi, 1994; Raseira et al., 1996). Em relação a coloração obser-
Resumos do Morango
vou-se o aumento da coloração vermelha e a redução do brilho da
epiderme, perdendo a cor vermelho-brilhante muito valorizado no morango.
O morango é um fruto muito perecível, com alta taxa respiratória e
curta vida pós-colheita. Os danos mecânicos, feridas durante a
colheita, transporte e comercialização, deixam o fruto susceptível ao
ataque de microorganismos, causando perdas nutritivas e econômicas
(Kader, 1992; Lima, 1999). Os fatores de pré-colheita, que afetam o
cultivo do morango no campo, condicionam sua qualidade na póscolheita. Dessa forma, os frutos nas condições do trabalho não
suportam 48 horas de armazenamento.
Conclusão
Morangos das cvs. Oso Grande e Camarosa, cultivados em sistema
orgânico, mesmo quando submetidos à radiação de luz UV-C mais luz
germicida, podem ser armazenados em temperatura ambiente por, até,
48 horas.
Referências Bibliográficas
EL-KAZZAZ, M.K.; SOMMER, N.F.; FORTLAGE, R.J. Effect of different
atmospheres on postharvest decay and quality of fresh strawberries.
Phytopathology, Saint Paul, v.73, n.2, p. 282-285, 1983.
KADER, A.A. Postharvest technology of horticultural crops. 2.ed.
Oakland: University of California, 1992. 296 p.
LIMA, L.C.de O. Qualidade, colheita e manuseio pós-colheita de frutos
de morangueiro. Informe Agropecuário, v.20, n.198, p.80-83,1999.
NUNES, M.C.; BRECHT, J.K.; MORAIS, A.M.M.B.; SARGENT, S.A.
Physical and chemical quality characteristics of strawberries after
storage are reduced by a shoort delay to cooling. Postharvest Biology
and Technology, Amsterdam, v.6, p. 17-28, 1995.
165
166
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
RASEIRA, M.do C.B.; SANTOS, A.M. dos; MADAIL, J.C. M. Amorapreta. Brasília: Embrapa-SPI, 1996. 52p. Coleção Plantar, 33).
SCALON, S.P.Q. Qualidade do morango: Efeito do CaCl2 sobre a
parede celular e níveis residuais de Benomil, Lavras, 1996. 105p. Tese
(Doutorado) - Universidade Federal de Lavras.
STEVENS, C. et al. Plant hormesis induced by altraviolet light C for
controlling postharvest diseases of tree fruits. Crop Protection, Ames
IA, v.15, n.2, p. 129-134, 1996.
SOTO - VALDEZ, H.; MENDONÇA - WILSON, A.A. Permeabilidad al
oxigeno y al vapor de agua de películas utilizadas en el envase de
productos hortifrutícolas y cereales. Horticultura Mexicana, México,
v.6, n.2, p. 81-90, 1998.
ZAGORY, D.; KADER, A.A. Modified atmosphere packing of fresh produce. Food Technology, Chicago, v.42, n.9, p. 70-77, 1998.
Conservação e Controle de Podridões Póscolheita de Morango ´Camarosa´ com o
Uso de Filmes Plásticos
Nicácia P. Machado
Nara C. Ristow
Eduardo R. Franchini
Enilton F. Coutinho
Fernando Rufino F. Cantillano
Marcelo B. Malgarim
Introdução
Apesar das excelentes características organolépticas, o morango é um
fruto perecível que apresenta alta taxa respiratória e limitado período de
conservação pós-colheita. O armazenamento em atmosfera modificada
(no caso, com o uso de filmes de polietileno), com espessuras controladas, tem sido considerado uma técnica pós-colheita promissora e de
baixo custo, pois prolonga o período de conservação dos frutos,
minimizando as perdas de qualidade (Lima, 1999). A maior vantagem
do uso de AM é o atraso do início do amadurecimento e das alterações
fisiológicas que ocorrem simultaneamente (Lana & Finger, 2000). Também, reduz a suscetibilidade dos tecidos à infecção por patógenos
(Zagory & Kader 1988). A atmosfera modificada gerada pelo fruto no
interior dos filmes, pode reduzir estes problemas em morangos (FloresCantillano, 1998).
Este trabalho tem como objetivos a conservação e o controle de podridões pós-colheita de morangos ´Camarosa´ com o uso de filmes plásticos.
168
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Material e Métodos
O experimento foi realizado nos Laboratórios de Pós-colheita e
Tecnologia de Alimentos da Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS.
Após a seleção dos frutos, foram aplicados os seguintes tratamentos:
T1- Testemunha; T2- Filme plástico com 12,5µ de espessura e T3- Filme
plástico com 15,0µ de espessura.
Após seis dias de armazenamento refrigerado (0,5 OC e 90% de UR)
mais um dia em ambiente (22 OC e 75% de UR), foram avaliadas as
seguintes variáveis: a) perda de peso, sendo os resultados expressos
em percentagem (%); b) sólidos solúveis totais (SST), expresso em
grau Brix; c) acidez titulável (AT), em percentagem de ácido cítrico; d)
relação SST/AT e; f) frutos sadios, sendo os resultados expressos em
percentagem (%).
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com 6 repetições de 12 frutos cada tratamento. Para verificar o efeito dos tratamentos, nas variáveis avaliadas, nas diferentes épocas, utilizou-se análise da variância, sendo as médias comparadas estatisticamente pelo
teste de Diferenças Mínimas Significativas (DMS), com probabilidade de
erro experimental de 5% (p £ 0,05). Os dados percentuais originais
foram transformados em arco seno da raiz quadrada de x/100.
Resultados e Discussões
A percentagem de perda de peso variou significativamente entre os tratamentos. O tratamento T1 - Testemunha apresentou maior perda de
peso (12,27%) (Tabela 1). A menor perda de peso dos morangos nos
tratamentos T2 - filme plástico de 12,5µ (1,90%) e T3- filme plástico de
15,0µ (2,84), ocorreu devido à modificação da atmosfera com o uso de
filmes plásticos. Soto-Valdez & Mendonça-Wilson (1998) relatam que a
utilização de filmes plásticos modifica a atmosfera ao redor dos frutos,
reduzindo a perda de água, portanto, diminuindo a perda de peso.
O teor de sólidos solúveis totais e a relação SST/AT dos morangos não
variaram significativamente em função dos diferentes tratamentos (Tabela 1).
Resumos do Morango
A acidez titulável (AT) variou significativamente entre os tratamentos,
sendo que o T2 (filme plástico de 12,5µ) teve o menor valor (0,88% de
ácido málico) diferindo dos demais tratamentos (Tabela 1). Nunes et al.
(1998), observaram redução da AT em morangos, quando alteraram a
atmosfera de armazenamento.
Quanto à percentagem de frutos sadios, teve variação em função dos
tratamentos. Os tratamentos T2 (filme plástico de 12,5µ) e T3- (filme
plástico de 15,0µ) apresentaram maior percentagem de frutos sadios
(81,49 e 82,04, respectivamente). Segundo Lima (1999), a atmosfera
modificada limita a deterioração dos frutos por microrganismos. Zagory
& Kader (1988), relatam que ao retardarem o amadurecimento e a
senescência de frutos, o armazenamento sob AM reduz, indiretamente,
a suscetibilidade dos tecidos a infecção por patógenos.
Tabela 1. Sólidos solúveis totais, acidez titulável, relação SST/AT, perda de peso e frutos sadios de morangos ´Camarosa´, armazenados
durante seis dias de armazenamento refrigerado (0,5 OC e 90% de UR)
mais um dia em ambiente (22 OC e 75% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2004.
Variáveis avaliadas
Tratamentos
SST
AT (%
Perda
Frutos
(ºBrix)
de ac. SST/AT Peso (%)
sadios
málico)
(%)
T1- Testemunha 8,97 a 0,99 a
9,16 a 12,27 a
54,61 b
T2- Filme 12,5µ 8,30 a 0,88 b
9,43 a
1,90 b
81,49 a
T3- Filme 15,0µ 8,00 a 0,98 a
8,10 a
2,84 b
82,04 a
CV (%)
13,77
7,05
16,56
13,72
13,64
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste
de DMS (p<0,05).
OBS: Tratamentos diferentes de épocas de avaliações, ou seja, interação tratamento x época significativa na análise da variância.
169
170
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Conclusão
O armazenamento com ouso de filmes plásticos é eficiente na conservação e controle de podridões pós-colheita de morangos ´Camarosa´
durante seis dias de armazenamento refrigerado (0,5 OC e 90% de UR)
mais um dia em ambiente (22 OC e 75% de UR).
Referências Bibliográficas
FLORES-CANTILLANO, F. Estudio del efecto de las atmosferas
modificadas durante el almacenamiento y comercialización de algunas
frutas y hortalizas. Tesis Doctoral. Universidad Politécnica de Valencia,
Valencia España, 276 p. 1998.
LANA, M.M., FINGER, F.L. Atmosfera modificada e controlada. Aplicação na conservação de produtos hortícolas. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2000. 34p.
LIMA, L.C. de O. Qualidade, Colheita e Manuseio Pós-colheita de Frutos de Morangueiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20,
n.198, p.80-83, 1999.
NUNES, M.C.N.; BRECHT, J.K.; MORAIS, A.M.M.B.; SARGENT, S.A.
Controlling temperature and water loss to maintain ascorbic acid levels
in strawberries during postharvest handling. Journal of Food Science,
Chicago, v.63, n.6, p.1033-1036, 1998.
SOTO-VALDEZ, H.; MENDONÇA-WILSON, A.M. Permeabilidad al
oxígeno y al vapor de agua de películas utilizadas en el envase de
productos hortofrutíolas y cereales. Horticultura Mexicana, México,
v.6, n.2, p.81-90, 1998.
ZAGORY, D.; KADER, A.A. Modified atmosphere packaging of fresf
produce. Food Technology, v.42, n.9, p.70-77, 1988.
Tratamento Físico para o Controle de Podridões Pós-colheita de Morangos ´Camarosa´
Nicácia P. Machado
Nara C. Ristow
Eduardo R. Franchini
Enilton F. Coutinho
Fernando Rufino F. Cantillano
Marcelo B. Malgarim
Introdução
O morango é um fruto altamente suscetível ao ataque de fungos como
o Botrytis cinerea, os quais causam consideráveis perdas durante o
transporte, armazenamento e comercialização do produto. Para
minimizar essas perdas pós-colheita têm-se estudados tecnologias alternativas ao uso de agroquímicos, como irradiação, controle biológico,
tratamento térmico, entre outras.
Sendo assim, este trabalho teve como objetivo verificar o efeito de tratamentos físicos, como o uso de Luz Ultravioleta-C (UV-C) e Luz Germicida no controle de podridões pós-colheita em morangos ´Camarosa´
armazenados sob ambiente refrigerado em diferentes períodos.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Laboratório de Pós-colheita da Embrapa
Clima Temperado, Pelotas-RS. Utilizou-se morangos ´Camarosa´ colhidos no dia 01 de outubro de 2003. Após seleção, os frutos foram submetidos ao pré-resfriamento e, com exceção do tratamento Testemunha, à inoculação artificial com conídios de Botrytis cinerea na concentração de 200.000 con/mL, obtidos de frutos apodrecidos. Após a aplicação dos tratamentos, os frutos foram embalados em bandejas plásticas transparentes, contendo sete frutos cada. E em seguida, armazena-
172
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
dos em temperatura e umidade relativa de a 0oC e 90 a 95% de UR. Os
tratamentos realizados foram: T1- Testemunha; T2- Inoculação com
Botrytis cinerea; T3- Inoculação com Botrytis cinerea + Exposição à
Luz Ultravioleta C (UV-C) durante 3 minutos e T4- Inoculação com
Botrytis cinerea + Exposição à Luz Germicida (´sem especificações
técnicas´) durante 3 minutos.
Como radiação Ultravioleta-C (UV-C), utilizou-se lâmpadas tubulares
com baixa pressão de vapor de mercúrio, as quais emitem radiação
ultravioleta monocromática de aproximadamente 254 nm. Para aplicação da Luz Germicida, utilizou-se lâmpada "sem especificações técnicas
do fabricante", emitente de radiação infravermelha utilizada por fotógrafos para desinfestação de fungos em lentes de câmeras fotográficas.
Os frutos foram colocados dentro de uma bandeja plástica e posteriormente levada para a capela, com superfície de exposição a 10cm das
lâmpadas, para receberem o tratamento com Luz UV-C e Luz Germicida
durante 03 minutos de exposição. Após, foram movidos de forma que,
num mesmo período de tempo, os quatros locais inoculados com
conídios estivessem expostos à ação da luz.
No dia da colheita, avaliaram-se os frutos de forma a caracterizarem o
Peso, conteúdo de Sólidos Solúveis Totais (SST), pH, Acidez Titulável
(AT) e Relação SST/AT, conforme a Tabela 1.
Tabela 1. Caracterização física e química de morangos ´Camarosa´ na
colheita (02/01/2003). Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2003.
Características físicas e químicas
Peso (g)
Sólidos Solúveis Totais - SST
pH
Acidez Titulável - AT
Relação SST/AT
Valores observados
207,17
6,58
3,70
0,59
11,20
As seguintes variáveis foram avaliadas após 02, 04 e 06 dias de armazenamento refrigerado (0oC e 90-95% de UR) e mais dois dias em ambiente (20-22 OC e 65-70 % de UR): a) perda de peso, sendo os resultados expressos em percentagem (%); b) sólidos solúveis totais (SST),
expresso em grau Brix; c) pH; d) acidez titulável (AT), em per-
Resumos do Morango
centagem de ácido cítrico; f) relação SST/AT e; g) frutos sadios, sendo
os resultados expressos em percentagem (%).
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, seguindose um esquema fatorial 3 (período de avaliação) x 4 (tratamentos) com
6 repetições de 07 frutos por tratamento, em cada período de avaliação. Os dados percentuais originais foram transformados em arco seno
da raiz quadrada de x/100.
Resultados e Discussões
A percentagem de perda de peso de morangos ´Camarosa´ variou significativamente em função dos tratamentos e períodos de armazenamento dos frutos. De modo geral, os morangos inoculados artificialmente com Botrytis (T2) apresentaram maior percentual de desidratação
(percentagem de perda de peso) nos três períodos de armazenamento
(aos 4 dias (0,26%), 6 dias (0,91%) e aos 8 dias (1,5%)) (Tabela 2).
Verificou-se que, nos três períodos de avaliações, o tratamento T3- T2
+ Exposição à Luz Ultravioleta C (UV-C) proporcionou melhores resultados quanto à percentagem de perda de peso dos frutos. D’hallewin et
al. (1994), ao utilizarem luz UV-C e tratamento térmico e thiabendazole
para controlar podridões em tangerinas, verificaram que a perda de
peso foi significativamente inferior nos frutos tratados com luz UV-C e
tratamento térmico.
A acidez titulável dos morangos nos diferentes tratamentos variou em
função dos períodos de armazenamento. Aos 4, 6 e 8 dias de
armazenamento, o tratamento T1- Testemunha (0,72, 0,70, 0,71% de
ácido cítrico, respectivamente) proporcionou frutos com maior acidez,
no entanto, aos 8 dias, este tratamento diferiu estatisticamente do tratamento T2- Testemunha inoculada (0,63%) (Tabela 2).
Quanto à relação SST/AT, teve diferença estatística entre os tratamentos e os períodos de armazenamento. Aos 04 dias, os frutos tratados
com Luz Germicida e os somente inoculados artificialmente (T2) tiveram
maior relação SST/AT, diferindo apenas dos frutos não tratados. Aos
06 dias, os frutos tratados com Luz UV-C tiveram maior relação SST/
AT, diferindo dos demais tratamentos. E, aos 08 dias de armazenamento, não teve diferença entre os tratamentos, sendo que os
173
174
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
morangos do tratamento T2 (Testemunha inoculada) tiveram maior valor
(Tabela 2).
Tabela 2. Perda de peso, acidez titulável (AT) e relação SST/AT de morangos ´Camarosa´, armazenados durante 04, 06 e 08 dias de armazenamento, permanecendo os frutos durante 02, 04 e 06 dias sob refrigeração (0oC e 90-95% de UR) e mais dois dias em ambiente (20-22OC
e 65-70 % de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2003.
Período
avaliação
(dias)
04
06
08
c.v.(%)
Tratamentos
T1-Testemunha
T2-Testemunha Inoculada
T3-Luz UV-C
T4-Luz Germicida
T1-Testemunha
T2-Testemunha Inoculada
T3-Luz UV-C
T4-Luz Germicida
T1-Testemunha
T2-Testemunha Inoculada
T3-Luz UV-C
T4-Luz Germicida
Variáveis avaliadas
Perda peso (%) AT (% ác. cítrico)
0,19 b
0,72 a
0,26 a
0,66 b
0,23 ab
0,64 b
0,25 a
0,62 b
0,91 a
0,70 a
0,91 a
0,70 a
0,69 b
0,59 b
0,77 b
0,65 a
1,40 a
0,71 a
1,50 a
0,63 b
1,53 a
0,70 a
1,41 a
0,65 ab
6,75
7,15
SST/AT
8,83 b
10,14 a
9,57 ab
10,44 a
10,99 b
11,43 b
12,84 a
11,29 b
8,62 a
9,36 a
8,57 a
8,39 a
10,49
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste
de DMS (p<0,05).
OBS: Tratamentos diferentes de épocas de avaliações, ou seja, interação tratamento x época significativa na análise da variância.
A firmeza da polpa dos morangos variou somente em função dos diferentes tratamentos. O tratamento T3- T2 + Exposição à Luz Ultravioleta
C (UV-C) proporcionou maior perda de firmeza, porém não diferiu do
T4- T2 + Exposição à Luz Germicida (Tabela 3). Ao contrário, Coutinho
et al. (2003) utilizando luz UV-C durante 10 minutos e benomil em pêssegos ´Jade´ observaram, que a perda de firmeza da polpa foi menor
em pêssegos tratados com luz UV-C aos quatro dias de armazenamento
em condição ambiente (26 OC e 75-80% de UR).
Os sólidos solúveis totais e o pH dos frutos não variaram significativamente na interação tratamentos x períodos de armazenamento e nos
Resumos do Morango
diferentes tratamentos, independentemente dos períodos de
armazenamento (Tabela 3). Coutinho et al. (2003) observaram que o
pH de pêssegos ´Jade´ não variou em função dos tratamentos com
Luz UV-C e Benomil, após 4 e 8 dias de armazenamento ambiente
(26 OC e 75-80 % de UR) e que os SST variaram entre os tratamentos,
somente aos 4 dias de armazenamento. Também Coutinho et al.
(2001), não observaram variação dos SST de pêssegos ´Cerrito´ tratados com diferentes tempos de radiação com Luz UV-C e armazenados
sob refrigeração (1 OC e 90-95 % de UR) por 5, 10 e 15 dias mais três
dias em ambiente (24-25 OC e 65-75 % UR).
Para a variável frutos sadios não ocorreu interação entre os diferentes
tratamentos e períodos de armazenamento (Tabela 3).
Tabela 3. Firmeza da polpa, pH, sólidos solúveis totais (SST) e percentagem de frutos sadios de morangos ´Camarosa´, armazenados durante 04, 06 e 08 dias de armazenamento, permanecendo os frutos durante 02, 04 e 06 dias sob refrigeração (0 OC e 90-95% de UR) e mais
dois dias em ambiente (20-22 OC e 65-70 % de UR). Embrapa Clima
Temperado, Pelotas / RS, 2003.
Tratamentos
Variáveis avaliadas
Firmeza (N)
pH
SST
% Frutos sadios
12,79 a
3,42 a
6,67 a
65,42 a
T1-Testemunha
T2-Testemunha Inoculada
12,25 a
3,39 a
6,64 a
49,47 a
T3-Luz UV-C
10,94 b
3,38 a
6,54 a
55,62 a
T4-Luz Germicida
11,93 ab
3,35 a
6,37 a
58,37 a
c.v.(%)
15,88
3,01
6,60
21,63
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste
de DMS (p<0,05).
OBS: Tratamentos indiferentes de épocas de avaliações, ou seja, interação
tratamento x época não significativa na análise da variância.
175
176
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Conclusões
Os tratamentos físicos (Luz UV-C e Luz Germicida) não foram
eficientes para controlar podridões pós-colheita, causadas por Botrytis
cinerea, em morangos ´Camarosa´.
Morangos ´Camarosa´ são conservados, com qualidade para consumo
in natura, durante quatro dias a 0 OC e 90-95% de UR mais dois dias a
20-22 OC e 65-70% de UR.
Referências Bibliográficas
COUTINHO, E.F., et al. Aplicação pós-colheita de Luz Ultravioleta (UVC) em pêssegos cultivar Jade, armazenados em condição ambiente.
Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.4, p.663-666, 2003.
COUTINHO, E.F., et al. A luz ultravioleta-C no controle de podridões
pós-colheita de pêssegos (Prunus persica L. Batsch.) cv. Cerrito,
produzidos segundo o sistema integrado (pif). Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2001. (Comunicado Técnico, 55).
D’HALLEWIN, G., et al. Reducing decay of Avana mandarin fruit by
the use of UV, heat and Thiabendazole treatments. Acta Horticulturae,
Wellington, v.368, p.387-397, 1994.
Desempenho Agronômico de Cultivares de
Morangueiro Polinizadas pela Abelha Jataí
em Ambiente Protegido
Odirce Teixeira Antunes
Eunice Oliveira Calvete
Hélio Carlos Rocha
Dileta Cechetti
Ricardo Eoclides Maran
Ezequiel Riva
Mateus Augusto Girardi
Cristiane de Lima Wesp
Franciele Mariane
Resumo
A cultura do morangueiro (Fragaria X ananassa Duch) no Brasil
concentra-se principalmente nos estados de Minas Gerais (41,4%), Rio
Grande do Sul (25,6%), São Paulo (15,4%), Paraná (4,7%) e Distrito
Federal (4%). A área cultivada no Brasil é estimada em 3.500
hectares, sendo que a maior parte das propriedades é de 0,5 a 1,0 ha,
gerando empregos para três pessoas/ha/ano. Estes dados caracterizam
essa cultura como própria da agricultura familiar, visando atender ao
mercado in natura e a industrialização (Pagot e Hoffmann, 2003).
O uso da tecnologia em ambientes protegidos no Brasil ainda é
incipiente, conforme destaca Resende et al. (1999). A utilização dessa
técnica tem o objetivo de proteger a cultura das baixas temperaturas
na ocasião da floração e frutificação, e das chuvas, durante o período
da colheita, diminuindo com isso a incidência de doenças foliares e de
podridões nos "frutos".
Nas cultivares comerciais de morangueiro, com raras exceções, as
flores são sempre hermafroditas. Na flor ocorre protogenia e, por
tanto, fecundação cruzada, sendo esta quase sempre entomófila.
178
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Vários trabalhos têm mostrado que a produção do morangueiro tem
alta correlação com a polinização, pois para que ocorra a formação do
"fruto comercial" (sem deformação) é necessário a fertilização dos
aquênios, que liberam auxinas para o desenvolvimento do receptáculo.
Alguns autores (Malagoni-Braga e Kleinert, 2000; Godoy, W. I., 1998
e Nogueira-Couto, 2000) têm demonstrado ser possível a utilização de
abelhas na produção de várias espécies vegetais, inclusive em
ambientes protegidos, onde muitas vezes a polinização é prejudicada.
Os meliponíneos apresentam características biológicas relevantes para
a polinização, porém, poucos estudos têm avaliado o manejo destas
abelhas para a polinização dirigida em plantas cultivadas. Este trabalho
objetivou aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos
comerciáveis do morangueiro, através da adaptação da Tetragonisca
angustula (Jataí) na eficiência da polinização entomófila do
morangueiro, em ambiente protegido.
Materiais e Métodos
O trabalho foi executado no interior de estufas plásticas com teto
semicircular, instadas no sentido norte-sul, com uma área coberta de
480 m2. A estrutura é galvanizada e coberta com filme de polietileno
de baixa densidade, com aditivo anti-ultravioleta e anti-gotejamento
com espessuras de 150 micras.
Os tratamentos foram constituídos de um fatorial 4 x 3, compostos
pelas cultivares Oso Grande, Tudla, Chandler e Dover e pela espécie
Tetragonisca angustula (Jataí) em três densidades, sem abelha, com
duas e com quatro caixas de abelhas, dispostos em DCC, com 7
repetições. Cada parcela constituiu-se de 20 plantas. As densidades
de jataí foram isoladas por telas de clarite, dentro do ambiente
protegido. O transplante foi efetuado em 05 de maio de 2003, com
espaçamento de 0,30 m entre plantas e 0,30 m entre fileiras, em área
contendo mulching preto.
A irrigação foi realizada por um sistema de gotejamento localizado,
composto por mangueiras fixas e por gotejadores de acordo com os
espaçamentos entre plantas. O momento da irrigação foi determinado
Resumos do Morango
por meio da utilização de sensores eletrônicos que foram instalados
junto às plantas. A adubação foi através da fertirrigação, semanal.
No ambiente foram monitorados os parâmetros de temperatura e
umidade relativa do ar através de aparelhos termohigrógrafos de
registro semanal.
No morangueiro foram analisadas as seguintes características: frutos
comerciáveis e defeituosos (%), massa dos frutos x planta-1, número
médio de frutos x planta-1 e produtividade (t ha-1). Com relação a
fenologia foram avaliados: início da floração e da formação de frutos,
início e término da colheita dos frutos. Em relação a abelha jataí
avaliou-se o período de polinização, número de abelhas, tempo e tipo
de alimento coletado (néctar e/ou pólen) nas flores de morangueiro,
além dos aspectos de manejo geral das colméias. Os resultados
referentes ao rendimento das cultivares de morangueiro foram
submetidos, inicialmente, a análise de variância e após foi aplicado o
teste Tukey e 5% de significância.
Resultado e Discussão
Foi observado maior precocidade na cultivar Dover do que nas
cultivares Oso Grande, Tudla e Chandler, iniciando a floração,
frutificação e colheita aos 44, 87 e 98 dias após o transplante (5 de
maio), respectivamente.
No presente trabalho, estudando diferentes características verifica-se,
com exceção da variável número e massa de frutos defeituosos, efeito
positivo da presença da abelha jataí sobre as quatro cultivares de
morangueiro.
Com relação a produção total por planta e/ou área foi evidenciado
superioridade naquelas cultivares obtidas com quatro caixas de abelhas
jataí. Entretanto a cultivar Dover apresentou comportamento
semelhante na presença ou ausência do agente polinizador. Free
(1968), Moore (1969), Changnon et al. (1996) e Couto (1996)
demonstraram que a produção de frutos de morangueiro tem alta
correlação com a polinização, quanto ao peso, formato e tamanho.
179
180
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Quanto ao número de frutos comerciáveis verificou-se um acréscimo
de 37,89% em relação a testemunha, tomando como base a média
das quatro cultivares (Figura 1). Comparando com cultivares
polinizadas, com duas caixas de abelhas jataí, esse aumento foi de
20,54%. Entretanto, se não for utilizado abelha, para efetuar a
polinização, o maior rendimento de frutos comerciáveis foi verificado
nas cultivares Oso Grande e Dover. Na presença do agente polinizador,
com uma densidade de quatro caixas, a maior massa média de frutos
comerciáveis foi encontrado na cultivar Tudla. A presença de abelha
melhora significativamente a polinização. Segundo Sudzuki (1988) na
cultura do morangueiro a presença de abelhas resultou com um peso
médio dos frutos de 8,3 gramas, enquanto na ausência foi 6,7
gramas. Com relação aos frutos defeituosos o autor relata um
percentual de 20,7%, enquanto sem abelhas esse valor passa para
48,6%.
Verificou-se maior visitas/flor na cultivar Tudla das 12:00 às 12:30
horas e na cultivar Chandler das 13:25 às 13:55 horas. Entretanto,
constatou-se o período de visitação entre 10:00 e 16:30 horas, com
uma temperatura que variou de 27 a 37 OC. Com relação a cultivar
Oso Grande o maior número de vezes que as flores foram visitadas
pela abelha jataí foi das 13:43 às 14:15 horas e na cultivar Dover das
12:15 às 14:50, em uma temperatura que variou de 30 a 34 OC. Estes
resultados confirmam os relacionados por Sudzuki (1988), onde o
maior efeito da polinização ocorre das 9:00 horas até às 17:00 horas,
com temperatura mínima de 12 OC e uma umidade relativa do ar até
94%.
Referências Bibliográficas
CHAGNON, M.; GINGRAS, J.; OLIVEIRA, D. Complementary aspects
of strawberry pollination by honey and indiginous bee (Hymenoptera).
Journal of economic entomology, College Park, n.2, v.86, p. 416-420,
1993.
COUTO, R.H.N. de. Uso de atrativos e repelentes como reguladores da
polinização. In: SIMPÓSIO ESTADUAL DE APICULTURA DO PARANÁ,
Resumos do Morango
11, 1996. Pato Branco, Anais... Curitiba: Champagnat, 1996.
p.61-65.
FREE, J.B. The pollination of strawberries by honey bees. Journal of
horticultural science, Ashford Kent, v.43, p.107-111, 1968.
GODOY, W.I. Polinização entomófila em duas cultivares de
morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) sob diferentes cobertura do
solo. 1998. 162 f. (Dissertação Mestrado) - UFRGS, Programa de Pósgraduação em Agronomia, Porto Alegre.
MALAGODI-BRAGA, K.S.; KLEINERT, A.M.P. Os meliponíneos e a
polinização do morangueiro em estufas. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE APICULTURA, 14, Florianópolis, 2000. Anais... (CD-ROM)Confederação Brasileira de Apicultura, 2000.
MOORE, J.N. Insect pollination of strawberries. Journal of the
American Society for Horticultural Science, Alexandria, v.94, p.362364, 1969.
NOGUEIRA-COUTO, R. H. Comportamento forrageiro de abelhas e sua
importância na polinização de plantas domesticadas. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE APICULTURA, 14, Florianóplis, 2000. Anais... (CDROM) -Confederação Brasileira de Apicultura, 2000.
PAGOT, E.; HOFFMANN, A. Produção de pequenas frutas no Brasil.
In: SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS, 1, Vacaria,
2003. Anais... Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2003. p.9-18.
(Documentos 37).
RESENDE, L.M. de A.; MASCARENHAS, M.H.T.; PAIVA, B.M.
Programa de produção e comercialização de morango. Informe
Agropecuário. Belo Horizonte, n.198, v.20, p. 5-19, 1999.
SUDZUKI, F. Cultivo de Frutales Menores. Chile: Ed. Universitaria. 4.
ed. 1988. 123 p.
181
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
(a)
2 caixas
(b)
(b)
4 caixas
(a)
Nºfrutos defeituosos
Densidades de abelhas jataí
Nºfrutos comerciáveis
testemunha
(c)
(c)
Figura 1. Influência das colméias de jataí na porcentagem dos frutos comerciáveis e
defeituosos em morangueiro.Passo Fundo, FAMV/UPF, 2003.
Nº (%) de frutos
comerciáveis e
defeituosos
182
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Comportamento de Dez Cultivares de
Morangueiro em Cultivo Orgânico
Ricardo Lima de Castro
Vicente Wagner Dias Casali
Cosme Damião Cruz
Márcio Henrique Pereira Barbosa
Lodovino Gemeli Júnior
Introdução
Devido à suscetibilidade das principais cultivares de morangueiro a
diversas doenças e pragas tem sido praticado o uso intensivo, muitas
vezes indevido, de agrotóxicos. Segundo levantamento realizado,
recentemente, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
em sete estados brasileiros, 54% dos morangos comercializáveis têm
índices de resíduos de agrotóxicos acima do permitido na lei.
A conscientização sobre os riscos decorrentes do uso de agrotóxicos
tem levado ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de sistemas de
produção orgânicos. No entanto, os programas de melhoramento
genético do morangueiro no Brasil, assim como nos demais países,
caracterizam-se pela avaliação e seleção de clones em sistema de
cultivo convencional. Dessa forma, as cultivares então recomendadas
têm menor desempenho no cultivo orgânico. Novos patamares de
eficiência na agricultura sem agrotóxicos serão alcançados, se
programas de melhoramento objetivarem o desenvolvimento de clones
adaptados ao cultivo orgânico.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de dez
cultivares de morangueiro em cultivo orgânico, em Viçosa-MG, na
perspectiva de identificar potenciais genitores em programas de
melhoramento.
184
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Materiais e Métodos
Plantas matrizes isentas de vírus das cultivares Camarosa, Campinas,
Dover, Oso Grande, Princesa Isabel, Selva, Sequóia, Sweet Charlie,
Toyonoka e Tudla, doadas pelo Instituto Agronômico de Campinas
(IAC), foram cultivadas em vasos previamente preenchidos com solo e
composto orgânico misturados na proporção de 3: 1, respectivamente, e mantidas sobre estrado em casa de vegetação. De dezembro de
2000 a março de 2001, as mudas provenientes dos estolões das
plantas matrizes foram enraizadas em sacos plásticos (350 mL)
contendo o mesmo substrato dos vasos. Devido ao manejo empregado
no processo de produção, as mudas foram consideradas orgânicas e
utilizadas no ensaio de competição. O ensaio de competição foi
realizado na horta orgânica do Departamento de Fitotecnia da UFV, no
período de maio de 2000 a dezembro de 2001, em solo classificado
como argissolo vermelho amarelo distrófico. O delineamento
experimental foi blocos ao acaso (DBC) com quatro repetições. O
plantio foi realizado em 21/05/2001, em canteiros com 0,8 m de
largura e 0,2 m de altura. O espaçamento entre plantas foi de 0,4 x
0,4 m. Os canteiros foram previamente cobertos com filme de
polietileno preto de 150 mm de espessura. As parcelas com área de
1,28 m2 (0,8 m x 1,6 m), continham oito plantas. A adubação de
plantio consistiu na aplicação de 40 t.ha-1 de composto orgânico, com
aproximadamente 50% de umidade (cama de frango e capim Napier,
enriquecido com torta de mamona e farinha de ossos). Em 10/08/
2001, foram aplicados 40 g.planta-1 do mesmo composto, em
cobertura. Os tratamentos fitossanitários consistiram na retirada de
folhas senescentes e/ou com sintomas de doença, periodicamente, e
nas pulverizações de calda sulfocálcica, 1,5 L de calda em 100 L de
água, após o primeiro mês do plantio e calda bordalesa a 0,5% e
Supermagro a 4% a cada três semanas, aproximadamente, entre o
segundo e o quinto mês de cultivo. Foram realizadas duas colheitas
por semana no período entre 14/07 e 02/12/2001. O comportamento
das cultivares foi avaliado segundo as seguintes características:
número, massa (g) e massa média (g) de morangos comercializáveis
(massa fresca superior a 3,5 g, desprovidos de injúrias e doenças),
não comercializáveis e total produzidos por planta; número de folhas
por planta no terceiro e sexto meses após o plantio; área foliar
(cm2.folha-1) no sexto mês após o plantio; incidência de micosferela
Resumos do Morango
(Mycosphaerela fragariae); incidência de formiga-lava-pé (Solenopsis
saevissima); qualidade dos morangos in natura (pH, sólidos solúveis
totais, acidez total titulável e avaliação sensorial dos atributos acidez,
doçura, sabor, aroma, cor, formato e textura); e conservação póscolheita (avaliação sensorial de morangos comercializáveis, colhidos
nos meses de agosto e novembro, conservados em refrigerador doméstico a aproximadamente 10 OC por 1, 3 e 6 dias após a colheita).
Os dados foram submetidos à análise de variância complementada por
comparações múltiplas de médias, pelo teste de Duncan, utilizando-se
o programa computacional GENES. Os dados de produtividade (massa
de morangos comercializáveis), qualidade do morango, aceitação geral
após conservação em refrigerador (por até 6 dias) e resistência a
doenças foram utilizados no cálculo do índice de desempenho das
cultivares. O nível de resistência foi estimado pela média ponderada
entre a nota referente à severidade de micosferela (peso 4) e a
porcentagem de morangos comercializáveis em relação ao total (peso
6), já que os morangos com sintomas de doença foram considerados
não comercializáveis. Os dados foram padronizados, sendo divididos
pelo desvio padrão respectivo de cada característica, e transformados
em escala de 5 a 15, na qual o valor 10 correspondeu à média da
característica. O índice de desempenho foi estimado atribuindo-se peso
4 à produtividade; 1 à resistência a doenças; 1,5 tanto ao flavor,
quanto à aparência dos morangos; e 2 à qualidade pós-colheita.
Resultado e Discussão
As cultivares Princesa Isabel e Dover se destacaram quanto ao número
de morangos comercializáveis produzidos por planta (médias de 70,1 e
62,5, respectivamente); maiores produções, em massa de morangos
comercializáveis por planta, foram detectadas nas cultivares Camarosa
(média de 761,4 g), Tudla (698,4 g), Princesa Isabel (660,5 g), Sweet
Charlie (600,6 g) e Oso Grande (567,6 g); Oso Grande e Tudla
produziram frutos com maior massa média (13,9 e 12,8 g, respectivamente); os frutos de Sweet Charlie foram os preferidos quanto ao
flavor (sabor e aroma) e aceitação geral nos testes sensoriais; e melhor
qualidade na conservação pós-colheita foi verificada nos morangos de
Oso Grande, Sweet Charlie e Toyonoka.
185
186
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
A cultivar Princesa Isabel foi uma das mais afetadas por micosferela,
manifestando grande número de lesões. Já na cultivar Selva, a
ocorrência das lesões causadas por Mycosphaerella fragariae foi baixa.
A incidência de formiga-lava-pé não diferiu significativamente entre as
cultivares. As plantas de Dover tiveram o maior número de folhas no
terceiro mês após o plantio (média de 15,2 folhas). No sexto mês,
Tudla teve a maior média, com 45,6 folhas por planta, todavia,
diferindo significativamente apenas das cultivares Sweet Charlie, Oso
Grande e Dover. Maior área foliar média foi verificada nas cultivares
Toyonoka e Sequóia (121,3 e 101,3 cm2 por folha, respectivamente).
A cultivar Sweet Charlie teve a maior estimativa do índice de
desempenho (13; em escala de 5 a 15); seguido por Camarosa (12,7)
e Tudla (12,1) (Figura 1).
'Camarosa'
'Campinas'
I = 12,7 (2)
I = 6,8 (9)
P r o dut i v i dade
P ó s -co l hei t a
P r o dut iv idade
R es i s t ência
A par ência
F l av o r
'Dover'
A par ênci a
I = 11,2 (4)
P r o dut iv i dade
A par ênci a
F lavo r
'Oso Grande'
I = 9,1 (7)
P ó s -co l hei t a
R es i s t ênci a
P ó s -co l hei t a
P r o dut i v i dade
R es i s t ênci a
F l avo r
P ó s -co lhei t a
A par ênci a
R es i s t ênci a
F l avo r
Resumos do Morango
'Princesa Isabel'
'Selva'
I = 8,4 (8)
I = 9,8 (6)
P r o dut ivi dade
P r o dut ivi dade
R es i s t ênci a
P ó s -co l hei t a
A par ência
F lavo r
'Sequóia'
A par ência
I = 13,0 (1)
P r o dut ivi dade
P ó s -co l hei t a
P r o dut iv idade
R es i s t ênci a
A par ência
F l avo r
P ó s -co l hei t a
R es is t ência
A par ência
'Toyonoka'
'Tudla'
I = 10,4 (5)
I = 12,1 (3)
P r o dut ivi dade
A par ência
F lavo r
'Sweet Charlie'
I = 6,7 (10)
P ó s -co l hei t a
R es is t ênci a
P ó s -co l heit a
F l avo r
P r o dut iv idade
R es i s t ênci a
F l avo r
P ó s -co l hei t a
A par ência
R es is t ência
F l avo r
Figura 1. Índice de desempenho (I) em escala de 5 a 15
(Produtividade: peso 4; Resistência a doenças: peso 1; Flavor: peso
1,5; Aparência: peso 1,5; Pós-colheita: peso 2); pentágono
corresponde aos valores médios de cada característica (=10). Valor
entre parênteses refere-se à classificação relativa da cultivar em
relação ao índice de desempenho. Viçosa-MG, 2001.
O desempenho das cultivares evidencia a potencialidade do cultivo
orgânico e reforça a perspectiva de ganhos por meio de melhoramento
genético. As cultivares Camarosa, Oso Grande, Sweet Charlie,
Toyonoka e Tudla são recomendáveis nos cruzamentos em programas
de melhoramento visando o cultivo orgânico. (CNPq).
187
188
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Divergência Genética em Cultivares de
Morangueiro em Relação ao Uso de
Composto Orgânico
Ricardo Lima de Castro
Vicente Wagner Dias Casali
Cosme Damião Cruz
Márcio Henrique Pereira Barbosa
Waldência de Melo Moura
Lodovino Gemeli Júnior
Introdução
A variabilidade genética é fundamental em qualquer programa de
melhoramento. Cruzamentos envolvendo genitores com maior
diversidade genética são indicados quando se deseja alto efeito
heterótico e maior heterozigose nas populações segregantes, como é o
caso do morangueiro. O progresso genético por meio da seleção
nestas populações é diretamente proporcional à superioridade
agronômica e à diversidade genética observadas nos genitores.
A diversidade genética pode ser determinada pela quantificação da
heterose manifestada nos cruzamentos ou por processos preditivos,
que tomam por base as diferenças agronômicas, morfológicas e
fisiológicas entre os genótipos e não requerem a obtenção prévia das
combinações híbridas. Quando diversas características são avaliadas
simultaneamente nos genótipos, as distâncias genéticas relativas
podem ser estimadas por procedimentos multivariados como a
estatística D2 de Mahalanobis, distâncias euclidianas, agrupamento
pelo método de Tocher, variáveis canônicas, componentes principais e
dispersão em eixos cartesianos, entre outros, sendo a escolha do
método função da precisão desejada pelo pesquisador, facilidade de
análise e forma como os dados foram obtidos.
190
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Neste trabalho, objetivou-se avaliar a diversidade genética entre
cultivares de morangueiro, com base em características agronômicas e
por meio de procedimentos multivariados, em seis doses de composto
orgânico, possibilitando a identificação da dose mais adequada aos
estudos genéticos, bem como as combinações de genitores mais
promissores em programas de melhoramento destinados à produção
orgânica, que almejem a obtenção de cultivares mais efetivas no uso
do composto orgânico.
Materiais e Métodos
O trabalho foi realizado em Viçosa-MG, em casa de vegetação do
Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV),
no período de julho de 2001 a janeiro de 2002. Foram avaliadas dez
cultivares: Camarosa, Campinas, Dover, Oso Grande, Princesa Isabel,
Selva, Sequóia, Sweet Charlie, Toyonoka e Tudla; e seis doses de
composto orgânico (0; 25; 50; 100; 200; e 400 g de matéria seca por
5 dm3 de solo). Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial
10 x 6 (dez cultivares x seis doses de composto), em blocos
casualizados com quatro repetições, totalizando 240 unidades
experimentais; cada unidade (parcela) foi constituída por um vaso com
uma planta. O composto orgânico foi misturado, conforme o
tratamento, com solo de baixa fertilidade, classe textural argiloso,
coletado em Viçosa-MG. A acidez do solo foi corrigida com a aplicação
de calcário (PRNT = 100%) na dose equivalente a 2,51 t.ha-1,
calculada pelo método da neutralização do Al3+ e da elevação dos
teores de Ca2+ + Mg2+, segundo as recomendações da Comissão de
Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999). Após a calagem
e adubação orgânica, o solo foi acondicionado em vasos de polietileno
rígido (5 dm3 da mistura de solo e composto orgânico por vaso),
irrigado e mantido próximo a capacidade de campo por uma semana,
em casa de vegetação, quando, então, realizou-se o plantio (25/07/
01). O solo foi coberto com filme de polietileno preto de 150 mm de
espessura, recortado nas dimensões da superfície do vaso e contendo
orifício central destinado à passagem da planta. A irrigação foi feita
com água desionizada. Folhas senescentes e/ou com sintomas de
doenças foram periodicamente retiradas. Os frutos foram colhidos à
medida que amadureciam.
Resumos do Morango
No final do sexto mês de cultivo, as plantas foram colhidas e
separadas em frutos, folhas, caule (coroa, estolões e eixos das
inflorescências) e raízes, estas últimas retiradas com auxílio de jato
d’água dirigido sobre o substrato. Em seguida, os órgãos das plantas
foram acondicionados em sacos de papel e secos em estufa com
ventilação forçada a 70 OC, até adquirirem peso constante.
Foram quantificadas as variáveis: número e massa de morangos
comercializáveis, não comercializáveis e totais por planta e massa
média dos frutos colhidos no período de 25/08/01 a 25/01/02; massa
seca total dos morangos produzidos por planta; número de folhas
sadias por planta no segundo e sexto meses após o plantio; área foliar
(cm2.folha-1); área foliar total (cm2.planta-1); massa fresca e seca das
folhas; massa fresca e seca do caule (coroa, estolões e eixos das
inflorescências); massa seca da parte aérea vegetativa (folhas +
caule); massa seca da parte aérea (frutos + folhas + caule); massa
fresca e seca das raízes; massa seca total da planta (frutos + folhas
+ caule + raízes); relação raiz / parte aérea; relação folhas / parte
aérea; relação frutos / folhas; relação frutos / parte aérea vegetativa;
razão de área foliar; área foliar específica; incidência de micosferela
(Mycosphaerela fragariae); e incidência de formiga-lava-pé (Solenopsis
saevissima).
A diversidade genética, estudada em cada dose de composto orgânico,
foi avaliada utilizando-se análise de agrupamento pelo método de
Tocher, baseada na distância generalizada de Mahalanobis (D2), cujo
princípio básico é manter a homogeneidade dentro e heterogeneidade
entre os grupos formados. No cálculo das distâncias de Mahalanobis,
foram consideradas 29 características, excluindo-se a severidade de
micosferela e a incidência de formiga-lava-pé, cujos dados não
permitiram a análise de variância em cada dose de composto. A
contribuição relativa de cada característica avaliada na diversidade
entre as cultivares foi calculada pela metodologia proposta por Singh
(1981).
Em cada dose de composto, também foram realizadas análises de
variância das variáveis, adotando-se o modelo fixo em razão dos
resultados serem válidos apenas às cultivares em estudo. A fim de
auxiliar na escolha da dose mais adequada aos estudos genéticos,
191
192
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
foram estimados, em cada dose: valor da estatística F; componente de
variação fenotípico ( σ̂ f2 ), dado pela razão QMG / r; componente
quadrático que expressa a variabilidade genotípica entre as médias das
cultivares ( φ̂ g ), dado pela expressão (QMG - QMR) / r; coeficiente de
variação experimental (CVe), dado pela expressão 100 QMR / m̂ ;
coeficiente de variação genotípico (CVg), dado pela expressão
100 φˆ g / m̂ ; razão CVg / CVe; e coeficiente de determinação (H2),
dado pela razão φˆ g / σˆ f2 , em que: QMG = quadrado médio de
cultivares; QMR = quadrado médio do resíduo; r = número de
repetições; e m̂ = média geral da variável.
Todas as análises foram realizadas com o auxílio do programa
computacional GENES.
Resultados e Discussoões
Constatou-se variabilidade genética entre as cultivares de morangueiro,
levando em conta 29 características, principalmente nas doses 50 e
400 g de composto orgânico por 5 dm3 de solo. Nestas doses, a
análise pelo método de otimização de Tocher, com base na distância
generalizada de Mahalanobis (D2), resultou na formação de cinco
grupos distintos, enquanto na ausência de composto orgânico e na
dose 25g / 5dm3 de solo, verificou-se a formação de três e quatro
grupos, respectivamente, e nas doses 100 e 200 g, apenas dois
grupos (Quadro 1).
De acordo com a metodologia de Singh (1981), a massa seca da parte
aérea total e da parte aérea vegetativa foram as características que
mais contribuíram na divergência, respectivamente, nas doses 50 e
400 g de composto.
Dentre as doses que mais discriminaram as cultivares (50 e 400 g de
composto), onde se verificou a formação de cinco grupos pelo método
de otimização de Tocher, a dose 400 g possibilitou maior manifestação
da variabilidade genética, avaliada pela significância dos quadrados
médios de cultivares e pela magnitude da estatística F, do coeficiente
de determinação genotípico (H2) e da razão CVg / CVe, além de maior
precisão experimental (magnitudes dos CVe numericamente menores).
Resumos do Morango
Contudo, a dose 50 g pode ser preferida quando o interesse for avaliar
a eficácia dos genótipos em baixo nível de adubação.
Na dose 400 g de composto / 5 dm3 de solo, as cultivares Oso Grande
e Princesa Isabel se destacaram quanto à produção, respectivamente,
em massa e número de morangos por planta; maior massa média dos
frutos foi verificada em Oso Grande; Princesa Isabel manifestou
maiores relações frutos/folhas e frutos/parte aérea vegetativa (folhas
+ caule); maior número de folhas por planta e maiores áreas foliares
total e específica foram observadas na cultivar Dover; Sequóia se
destacou quanto à massa seca das raízes e das folhas; e Camarosa
quanto à razão de área foliar. A severidade de micosferela
(Mycosphaerela fragariae) e a incidência de formiga-lava-pé
(Solenopsis saevissima), cujas notas médias foram 1,3 (escala de 1 a
6) e 1,4 (escala de 1 a 4), respectivamente, não variaram
significativamente entre as cultivares.
Quadro 1. Agrupamento das dez cultivares de morangueiro pelo
método de Tocher, com base na distância generalizada de Mahalanobis
(D2), considerando 29 características, nas seis doses de composto
orgânico aplicadas ao solo. Viçosa-MG, 2001/2002.
Grupos
I
II
III
IV
V
Grupos
I
II
III
IV
V
Doses de composto orgânico (g / 5 dm3 de solo)
0
25
50
2; 6; 4; 10; 1; 9; 8; 7
2; 4; 8; 6; 1; 5; 7
7; 9; 6; 4
5
9
3; 5; 1
3
10
10
3
2
8
Doses de composto orgânico (g / 5 dm3 de solo)
100
200
400
6; 8; 5; 10; 1; 2; 9; 4; 7 2; 7; 1; 6; 5; 9; 8; 10; 4 6; 8; 7; 10; 1
3
3
2; 5
3
9
4
Cultivares: 1 Camarosa; 2 Campinas; 3 Dover; 4 Oso Grande; 5
Princesa Isabel; 6 Selva; 7 Sequóia; 8 Sweet Charlie; 9 Toyonoka; e
10 Tudla.
193
194
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
As doses de 50 e 400 g de composto orgânico / 5 dm3 de solo são as
mais indicadas aos estudos de divergência genética em morangueiro
visando maior eficácia na utilização de composto, sendo a dose 50 g
recomendada nos estudos genéticos relacionados ao baixo nível de
adubação orgânica. Os cruzamentos Oso Grande x Princesa Isabel e
Princesa Isabel x Selva são recomendáveis nos programas de melhoramento, considerando a divergência genética das cultivares. (CNPq).
Referências Bibliográficas
COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS
GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais. 5. Aproximação. Viçosa: CFSEMG, 1999. 359p.
SINGH, D. The relative importance of characters affecting genetic
divergence. Ind. J. Genet. Plant Breed., v.41, n.2, p.237-245, 1981.
Resposta de Cultivares de Morangueiro ao
Composto Orgânico
Ricardo Lima de Castro
Vicente Wagner Dias Casali
Cosme Damião Cruz
Márcio Henrique Pereira Barbosa
Waldência de Melo Moura
Lodovino Gemeli Júnior
Introdução
A agricultura orgânica tem como base a aplicação, no solo, de
resíduos orgânicos vegetais e animais, produzidos na propriedade
agrícola, com o objetivo de manter o equilíbrio biológico e a ciclagem
de nutrientes. Nesse sentido, os programas de melhoramento
destinados à produção orgânica devem almejar a obtenção de
cultivares mais efetivas no uso do composto orgânico. Assim, o
objetivo deste trabalho foi estudar e classificar dez cultivares de
morangueiro quanto à eficácia no uso de composto orgânico.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em casa de vegetação do Departamento de
Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa-MG, no
período de julho de 2001 a janeiro de 2002. O desempenho das
cultivares de morangueiro Camarosa, Campinas, Dover, Oso Grande,
Princesa Isabel, Selva, Sequóia, Sweet Charlie, Toyonoka e Tudla foi
avaliado em seis doses de composto orgânico (0; 25; 50; 100; 200; e
400 g de matéria seca por 5 dm3 de solo). Os tratamentos foram
arranjados em esquema fatorial 10 x 6 (dez cultivares x seis doses de
composto), em blocos casualizados com quatro repetições, totalizando
240 unidades experimentais; cada unidade (parcela) foi constituída por
um vaso com uma planta. O composto orgânico foi misturado,
conforme o tratamento, com solo de baixa fertilidade, classe textural
196
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
argiloso, coletado em Viçosa-MG. A acidez do solo foi corrigida com a
aplicação de calcário (PRNT=100%) na dose equivalente a 2,51 t.ha-1,
calculada pelo método da neutralização do Al3+ e da elevação dos
teores de Ca2+ + Mg2+, segundo as recomendações da Comissão de
Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999). Após a calagem
e adubação orgânica, o solo foi acondicionado em vasos de polietileno
rígido (5 dm3 da mistura de solo e composto orgânico por vaso),
irrigado e mantido próximo a capacidade de campo por uma semana,
em casa de vegetação, quando, então, realizou-se o plantio (25/07/
01). O solo foi coberto com filme de polietileno preto de 150 mm de
espessura, recortado nas dimensões da superfície do vaso e contendo
orifício central destinado à passagem da planta. A irrigação foi feita
com água desionizada. Folhas senescentes e/ou com sintomas de
doenças foram periodicamente retiradas. Os frutos foram colhidos no
período de 25/08/01 a 25/01/02, à medida que amadureciam.
As cultivares foram classificadas quanto à eficácia no uso de
composto orgânico, com base na produção em massa de morangos
comercializáveis por planta, nas doses 50 e 400 g de composto por 5
dm3 de solo, utilizando-se o teste de Scott-Knott. Procederam-se,
também, análises de regressão, individualmente por cultivar, da
produção de morangos em função da dose de composto.
Resultados e Discussões
A produção, em massa de morangos comercializáveis por planta, foi
considerada o critério mais relevante na avaliação da efetividade das
cultivares quanto ao uso do composto orgânico, visto que reflete
melhor a receita econômica. Com base na produção, as cultivares
Selva, Princesa Isabel e Oso Grande foram mais efetivas no
aproveitamento da adubação orgânica, na dose 50 g de composto / 5
dm3 de solo, pelo método de agrupamento de Scott & Knott (1974)
(Tabela 1). Estas cultivares, em conjunto com Dover, Tudla e Sweet
Charlie, também foram consideradas mais efetivas, na dose 400 g de
composto (Tabela 1).
Resumos do Morango
Tabela 1. Classificação de dez cultivares de morangueiro quanto à
eficácia no uso de composto orgânico (maior eficácia: > E; ou menor
eficácia: < E) em relação à massa de morangos comercializáveis por
planta (Massa MC), nas doses de 50 e 400 g de composto / 5 dm3 de
solo, utilizando-se o teste de Scott & Knott, a 5% de probabilidade.
Viçosa-MG, 2001/2002.
50 g composto / 5 dm3 solo
400 g composto / 5 dm3 solo
Cultivar
Massa MC Classe Cultivar
Massa MC Classe
Selva
Princesa
Isabel
Oso grande
98,51
98,32
>E
>E
Oso Grande
179,61
Princesa Isabel 160,40
>E
>E
83,89
>E
Dover
137,85
>E
Dover
Toyonoka
Camarosa
63,52
54,05
53,63
<E
<E
<E
Tudla
Sweet Charlie
Selva
137,54
132,10
114,81
>E
>E
>E
Sweet Charlie
Tudla
Sequóia
Campinas
53,00
51,47
47,87
22,81
<E
<E
<E
<E
Campinas
Sequóia
Toyonoka
Camarosa
89,01
81,16
69,53
40,38
<E
<E
<E
<E
197
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
198
-1
Massa de morangos (g.planta )
As cultivares
Campinas, Dover, Oso Grande, Sweet Charlie e Tudla
200
tiveram resposta linear à adubação, quanto à massa de morangos
comercializáveis por planta. Nas demais cultivares, a resposta foi
quadrática (Figura 1).
CAA
150
CAP
DOV
OSO
PRI
SEL
100
SEQ
SWE
TOY
50
TUD
0
0
100
200
300
400
3
Dose de composto orgânico (g / 5 dm de solo)
CAA (cv. Camarosa):
CAP (cv. Campinas):
DOV (cv. Dover):
OSO (cv. Oso Grande):
PRI (cv. Princesa Isabel):
SEL (cv. Selva):
SEQ (cv. Sequóia):
SWE (cv. Sweet Charlie):
TOY (cv. Toyonoka):
TUD (cv. Tudla):
ŷ = 51,021930 + 0,383358X - 0,001029X2
ŷ = 44,534143 + 0,119199X
ŷ = 76,586500 + 0,142688X
ŷ = 60,297143 + 0,320925X
ŷ = 76,610445 - 0,083395X + 0,000721X2
ŷ = 74,645430 + 0,353645X - 0,000638X2
ŷ = 40,158227 - 0,125690X + 0,000566X2
ŷ = 73,692714 + 0,175008X
ŷ = 43,404148 + 0,555854X - 0,001202X2
ŷ = 42,264571 + 0,245639X
R2 = 0,768
R2 = 0,599
R2 = 0,775
R2 = 0,853
R2 = 0,851
R2 = 0,926
R2 = 0,877
R2 = 0,607
R2 = 0,600
R2 = 0,938
Figura 1. Massa (g) de morangos comercializáveis por planta em dez
cultivares de morangueiro, em função da dose de composto orgânico
aplicada ao solo. Viçosa-MG, 2001/2002.
Resumos do Morango
Conclusões
Dentre as cultivares de morangueiro estudadas, Selva, Princesa Isabel
e Oso Grande foram mais efetivas no uso de composto orgânico,
(CNPq).
Referências Bibliográficas
COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS
GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais. 5. Aproximação. Viçosa: CFSEMG, 1999. 359p.
SCOTT, A.J.; KNOTT, M. A cluster analysis method for grouping
means in the analyses of variance. Biometrics, v.30, p.505-12, 1974.
199
200
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Influência do Processamento e da Cultivar
na Qualidade de Morango (Fragaria x
ananassa Duch) Minimamente Processado
Cenci, S.A.
Moraes, I.V.M.
Mamede, A.M.G.N.
Soares, A.G.
Resumo
O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito de diferentes cultivares
(cvs. Oso Grande e Sweet Charlie) e do processamento mínimo na
qualidade do morango. As avaliações envolveram sólidos solúveis
totais (SST), acidez titulável total (ATT), pH, firmeza, vitamina C e cor
(L, a, b). A cv. Sweet Charlie apresentou maiores valores de SST e
Vitamina C, tanto em frutos in natura como em minimamente
processados. Observou-se também que o processamento mínimo
causou perda de vitamina C e ATT em ambas as cultivares, sendo
que as perdas foram maiores na cv. Oso Grande. A cultivar Sweet
Charlie, além de mais doce, pela maior relação SST/ATT, e conter mais
vitamina C, apresentou menores perdas de vitamina C e ATT em
função da operação processamento mínimo.
A cv. Sweet Charlie apresentou coloração vermelha e amarela mais
intensa, porém com maior luminosidade, ou seja, mais clara, em
relação a cv. Oso Grande. A cv. Sweet Charlie apresentou-se mais
estável aos efeitos do processamento mínimo, bem como melhor
qualidade no que se refere a vitamina C e doçura, em relação a cv.
Oso Grande.
Abstract
The objective of this study was to evaluate the effect of different
cultivars on minimally processed strawberries. Evaluations concerned
202
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
total soluble solids concentrations (SST), total acidity levels (ATT), pH,
firmness, vitamin C and color (L, a, b). Sweet Charlie cv. showed the
highest values of SST and vitamin C for both in natura and minimally
processed fruits. Losses on vitamin C and ATT levels for both cultivars
were observed as consequence of the processing. The highest losses
on these parameters were observed on Oso Grande cv. The lowest
losses on vitamin C and ATT levels were observed on Sweet Charlie
cv. under minimally processing besides its higher sweetness levels,
because SST/ATT ratio and higher vitamin C contents, than Oso
Grande cv. Redish and yellowish colors on strawberries surfaces and
luminosity were observed in higher intensity on Sweet Charlie cv. than
the Oso Grande cv. Sweet Charlie cv. presented more stability to
minimally processing effect and quality regarding sweetness and
vitamin C levels than Oso Grande cv.
Introdução
O morango, Fragaria x ananassa Duch, é um pseudofruto de clima
temperado, com textura suculenta e gosto e aroma agradáveis e
apreciados, rico em vitaminas C e do complexo B, cálcio, fósforo e
fibras, sendo por isso muito valorizado.
Apesar das excelentes características sensoriais, o morango é muito
perecível, possui limitada vida útil pós-colheita e apresenta alta taxa
respiratória (15 mg CO2 kg-1h-1 a 0 OC), a qual aumenta entre 4 a 5
vezes quando a temperatura aumenta até 10 OC, e incrementa-se até
10 vezes quando a temperatura aumenta até 20 OC (TUDELA et al.,
2003).
Por ser um fruto altamente perecível, normalmente o morango é
estocado por um período de no máximo 6 dias a uma temperatura
entre 0 e 4 OC, após o qual há uma redução nas suas propriedades de
aroma, sabor e de seu brilho característico, tendo uma vida útil de 2 a
4 dias a temperatura ambiente (SCALON et al., 1995).
O desenvolvimento da tecnologia de processamento mínimo, além de
agregar valor e conveniência ao produto, poderia contribuir na redução
de perdas pós-colheita. Este trabalho teve como objetivo estudar a
Resumos do Morango
influência da cultivar e do processamento mínimo na qualidade do
morango.
Material e Métodos
Morangos das cultivares Oso Grande e Sweet Charlie, colhidos
totalmente maduros (4/4 de coloração avermelhada) em cultivo
comercial localizado em Pouso Alegre/MG, foram embalados em
bandeja de polietilenotereftalato (PET) e transportados em caminhão
para o Laboratório de Pós-colheita da EMBRAPA Agroindústria de
Alimentos, localizado no município do Rio de Janeiro.
Em seguida os morangos foram selecionados, sendo que parte do lote
foi separada para o processamento, visando a caracterização físicoquímica de ambas as cultivares antes e após o processamento. Na
etapa do processamento, os frutos foram lavados e sanitizados, sob
imersão em em água a 5 OC, contendo hipoclorito de sódio na
concentração de 150 mL/L de cloro ativo, por 10 minutos. Logo após
os morangos foram submetidos ao enxágüe com água clorada com
5mL/L de cloro ativo a 5 OC, por 5 minutos, sendo depois colocados
em escorredores para a drenagem da água de lavagem. Realizou-se a
operação de corte do cálice dos morangos que em seguida foram
colocados sob uma bancada coberta com gazes de algodão para a
completa retirada da água sobre a fruta. Finalmente, os morangos
foram pesados e acondicionados em bandejas plásticas.
Em seguida os frutos foram analisados quanto ao teor de sólidos
solúveis totais em OBrix, por refratometria (SST); acidez titulável total
(ATT) em mg ác. cítrico/100g, por titulometria com NaOH 0,1N; pH
por potenciometria; Vitamina C em mg ác. ascórbico/100g, por
cromatografia líquida de alta eficiência; firmeza de polpa em Newton e
Cor (L, a, b) por transmitância no S & M Color Computer modelo SM4-CH da Suga, no sistema Hunter. Os dados foram interpretados por
análise de variância e pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussões
A análise estatística dos dados indicou que os teores de sólidos
solúveis totais, vitamina C e os parâmetros de cor (L, a ,b) tiveram
203
204
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
influência do fator cultivar. Da mesma forma, a acidez titulável total e
a vitamina C foram afetadas pelo fator processamento mínimo (p£
0,05).
O teor de sólidos solúveis solúveis totais (SST) foi significativamente
maior em morangos da cv. Sweet Charlie. Este apresentou teor de SST
superior à cv. Oso Grande, tanto em morangos in natura quanto em
minimamente processados (MP). Mesmo não havendo diferença
significativa no teor de acidez entre as variedades, tanto nos morangos
in natura quanto nos minimamente processados, frutos da cv. Sweet
Charlie in natura apresentaram valores ligeiramente inferiores aos da
cv. Oso Grande. Esta característica, associada ao fato da cv. Sweet
Charlie apresentar teores de SST superiores (Tabela 1), faz com que a
relação sólidos solúveis totais e acidez titulável total seja maior
proporcionando um sabor doce mais acentuado em relação a cv. Oso
Grande.
Houve diferença significativa nos teores de acidez entre os morangos
in natura e os MP. Morangos in natura mostraram teor de acidez
superior aos morangos MP. Observam-se inconsistências nos dados de
firmeza obtidos, podendo ser devido a problemas de amostragem
(Tabela 1).
A cv. Sweet Charlie apresentou teor de vitamina C 2,80% superiores
ao da cv. Oso Grande em morangos in natura e 6,49% em morangos
MP. Devido às operações do processamento mínimo, em ambas as
variedades os morangos MP apresentaram queda nos teores de
vitamina C quando comparados com os morangos in natura. Esse
percentual de perda foi de 2,8% para a cv. Sweet Charlie e de 6,5%
para a cv. Oso Grande. Segundo WRIGHT & KADER (2003), a
lavagem com hipoclorito de sódio resulta em significativa oxidação do
ácido ascórbico.
Houve diferenças significativas nos parâmetro L, a ,b entre as
cultivares, tanto em frutos in natura quanto em MP, sendo que frutos
da cv. Sweet Charlie possuem maior luminosidade (mais claro), maior
coloração vermelha e maior coloração amarela, em relação a cv. Oso
Grande (Tabela 2).
8,20 a 0,8643 A 0,8547 B
Sweet Charlie 7,92 a
3,64 ns
3,64 ns
Firmeza (N)*
In natura
MP
3,60 ns 7,60 ns
100,55Ab 94,02Bb
Vitamina C
In natura
MP
13,07 ns 103,37Aa 100,55Ba
3,66 ns 12,50 ns 9,56 ns
pH
In natura
MP
28,06b
Sweet Charlie
L
40,36a
27,98b
MP
38,78a
30,68b
In natura
a
34,65a
27,56b
MP
17,28a
12,52b
In natura
18,16a
12,80b
b
MP
Médias seguidas por letras diferentes apresentam diferenças significativas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Letras maiúsculas referem-se à comparação entre tratamentos (colunas) e minúsculas entre
cultivares (linhas).
29,80a
In natura
Oso Grande
Tratamentos
Tabela 2. Cor da superfície: Luminosidade (L), vermelha (a), amarela (b), em morangos ´Oso Grande´e
´Sweet Charlie´ in natura e minimamente processado (MP).
*Dados inconsistentes. ns= não significativo
Médias seguidas por letras diferentes apresentam diferenças significativas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Letras maiúsculas referem-se à comparação entre tratamentos (colunas) e minúsculas entre
cultivares (linhas).
7,67 b 0,8878 A 0,8295 B
7,77 b
Oso Grande
ATT
In natura
MP
TSS
In natura MP
Tratamentos
Tabela 1. Teor de sólidos solúveis (TSS), acidez titulável total(ATT), pH, firmeza, Vitamina C em
morangos ´Oso Grande´ ´Sweet Charlie´ in natura e minimamente processado (MP).
Resumos do Morango
205
206
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Conclusões
A cv. Sweet Charlie apresentou-se mais estável aos efeitos do
processamento mínimo, bem como melhor qualidade no que se refere
a vitamina C e doçura, em relação a cv. Oso Grande.
Referências Bibliográficas
SCALON, S.P.Q., CHITARRA, A.B., CHITARRA, M.I.F. Conservação
de morangos (Fragaria ananassa Duch)cv. Seguóia em atmosfera
modificada. In: CONGRESSO DA PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA, 8,
1995, Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 1995. p.24-25.
TUDELA, J.A.; VILLAESCUSA, R.; ARTÉS-HDEZ, F.; ARTÉS, F. High
Carbon Dioxide during Cold Storage for Keeping Strawberry Quality.
Acta Horticulturae, n.600, p.201-204, mar. 2003. Edition of
Proceedings of the 8th International Controlled Atmosphere Research
Conference, Rotterdam, Netherland, mar. 2003.
WRIGHT, K.P.; KADER, A.A. Effect of slicing and controlledatmosphere storage on the ascorbate content and quality of
strawberries and persimmons. Postharvest Biology and Tecnology,
n.10, p.39-48, 1997.
Produção Orgânica de Mudas e de Frutos de
Morango cvs. Oso Grande e Camarosa, na
Região do Médio Alto Uruguai-RS
Barros, Ieda Teresinha
Zecca, Adriana G.D.
Somavilla Lúcia
Turchetto, Andreia C.
Coutinho, Enilton F.
Introdução
A Região do Corede Médio Alto Uruguai do Rio grande do Sul, abrange
30 municípios e caracteriza-se por apresentar uma estrutura agrária
baseada na agricultura familiar, que responde por 58% da economia
regional, sendo que as propriedades rurais possuem área média de 16
ha. O modelo de exploração agrícola adotado é o cultivo de grãos ou
de fumo, o que levou a população rural ao empobrecimento a limites
inaceitáveis. Mas, no entanto, um esforço conjunto da comunidade
está buscando novas alternativas agrícolas que contemplem a vocação
regional para que haja reversão da matriz produtiva e com isso a
agricultura seja exercida com sustentabilidade. Entre as alternativas
eleitas para o cultivo regional estão as frutíferas de clima temperado,
subtropical, tropical e as pequenas frutas; sendo que a região
apresenta solo favorável e clima subtropical, com 150 a 300 horas de
frio hibernal e 1867 mm de precipitação pluviométrica anual.
O morango é uma fruta com mercado garantido e excelente fonte de
renda para o produtor. Além da sua importância econômica, tem
importância social, pois é uma atividade realizada em pequenas
propriedades rurais, as quais utilizam mão-de-obra familiar. A cultura
têm se adaptado perfeitamente às condições de clima e solo da região
do médio Alto Uruguai. Foram desenvolvidos trabalhos no Pólo de
Modernização Tecnológico do Médio Alto Uruguai / URI - Campus de
208
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Frederico Westphalen-RS, visando definir um sistema agroecológico
para produção de mudas e de frutas de morango.
Material e Métodos
O trabalho de pesquisa constou de dois experimentos, realizados com
as cultivares Oso Grande e Camarosa. No início do mês de novembro
de 2002, foi instalado um experimento visando à comparação na
obtenção de mudas através dos sistemas de cultivo orgânico e
convencional. Para a realização do experimento utilizou-se matrizes
certificadas livres de vírus. Cada tratamento (sistema convencional ou
orgânico) teve quatro repetições plantadas em parcelas de 2 x 10 m,
com espaçamento entre plantas matrizes de 2 x 2 m. Para a produção
convencional de estolhos usaram-se adubos de alta solubilidade
(superfosfato triplo, cloreto de potássio e uréia) e orgânico (esterco de
aves); o controle de pragas e doenças foi feito com produtos químicos
com restrição a antibióticos. No sistema orgânico de produção de
estolhos, utilizaram-se como adubos, esterco de aves curtido e húmus
de minhoca; para prevenção e controle de doenças utilizou-se o
biofertilizante Super Magro (aplicado a cada 21 dias) e retirada
manualmente das folhas doentes. Em maio de 2003, avaliou-se as
seguintes variáveis em cada sistema de produção de mudas: a) número
de estolhos viáveis; b)diâmetro médio da coroa das mudas; c) número
médio de raízes primárias formadas; d) comprimento médio das raízes;
e) número de folhas por estolho. Em maio de 2003, com as mudas das
cultivares Oso Grande e Camarosa produzidas no sistema orgânico,
instalou-se o segundo experimento, para avaliação da produção
orgânica de morangos, utilizando-se dois tipos de cobertura de solo
(com casca de arroz ou plástico preto). O plantio foi realizado em 12
canteiros, em quatro fileiras, de 1,40 m de largura e 6,20 m de
comprimento, com 80 mudas por canteiro, em espaçamento de 0,30 x
0,30m; como fonte de nutrientes utilizou-se esterco de aves e húmus
de minhoca; aplicou-se Super Magro, a cada 15 dias, como fertilizante
foliar e para prevenção e controle de doenças; também retirou-se
manualmente as folhas doentes de todas as plantas. O controle de
pulgões e lagartas, quando necessário, foi realizado com a aplicação
de macerado de água de cinamomo (150 g de folhas em 1 litro de
água). A colheita dos frutos foi realizada desde agosto de 2003 a
Resumos do Morango
janeiro de 2004, três vezes por semana. Avaliou-se a produção e a
qualidade dos frutos.
Resultado e Discussão
Observou-se que, em geral, para a produção de mudas, não houve
diferenças entre os sistemas orgânico e convencional, quanto ao
número de estolhos viáveis produzidos (médias entre 28 e 36 estolhos
por matrizes); diâmetro da coroa das mudas (médias entre 9,26 e
13,41 mm); número de folhas das mudas (médias entre 5,12 e 5,48
folhas por mudas) e; número de raízes (médias entre 16,7 e 24 raízes
por muda). As diferenças, embora não significativas quanto ao número
e qualidade das mudas produzidas, foi mais evidente entre as
cultivares, sendo a cultivar Oso Grande a que se destacou por produzir
maior número de estolhos e com maior diâmetro da coroa. Pelos
resultados obtidos neste trabalho, é possível recomendar a produção
orgânica de mudas de morangueiro, uma vez que não tendo diferido a
qualidade das mudas, assim obtidas, com aquelas produzidas por
sistema convencional, foram viáveis a obtenção de mudas com alto
padrão comercial, sem utilização de agrotóxicos. Quanto à produção
de frutos, foi observado efeito das coberturas de solo sobre a época
de floração, sendo que em ambas as cultivares, a floração ocorreu na
última semana de julho nos canteiros cobertos com lona preta e um
mês depois nos canteiros cobertos com casca de arroz. Evidenciou-se
a tendência da cultivar Camarosa em produzir mais frutos (média de
2642,3 gr/m2) e com maior relação SS/ATT (média 13,5), do que a
cultivar Oso Grande (média de 2187,5 gr/m2; e relação SS/ATT de
11,5). Observou-se a tendência da cobertura com plástico preto em
favorecer, em ambas as culivares, a produção de frutos maiores
(diâmetro médio de 40,55 mm e 38,3 mm com plástico e cobertura de
arroz, respectivamente).
Conclusão
Concluiu-se que é possível produzir organicamente morangos das cvs.
Oso Grande e Camarosa, com qualidade comercial, na Região do
Médio Alto Uruguai, RS.
209
210
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Pequenas Frutas
e
Frutas Nativas
212
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Cultivar de Amora-preta Xavante
James N. Moore
Alverides Machado dos Santos
John Clark
Maria do Carmo Bassols Raseira
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Introdução
Apesar de existirem nos matos nativos plantas de diversas espécies de
Rubus, o cultivo comercial dessa espécie no sul do Brasil, pode ser
considerado recente, datando do final da década de setenta.
A Embrapa Clima Temperado mantém, desde então, um modesto
programa de melhoramento genético, que produziu algumas cultivares
de alta produtividade e adequada adaptação às condições sulbrasileiras. Merece destaque a cv. Tupy, hoje a mais plantada tanto no
Brasil como no México.
Este ano a Embrapa Clima Temperado, em conjunto com a Universidade de Arkansas, Estados Unidos, está disponibilizando aos de
produtores, a fim de ser validada na região, uma nova cultivar de
amora-preta.
Denominada Xavante, esta cultivar apresenta como principais
vantagens a ausência de espinhos nas hastes, o porte ereto não
necessitando de tutor, a maturação precoce e a baixa necessidade em
frio.
Origem
A cultivar Xavante foi obtida por polinização aberta dos "seedlings" da
progênie A 9303, obtida de um cruzamento realizado na Universidade
de Arkansas, entre as seleções A 1629 e A 1507 (Figura 1). Sementes
214
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
da referida progênie foram introduzidas no Brasil em 1994,
estratificadas e germinadas em condições controladas. Posteriormente,
as plântulas foram levadas ao campo, e em 1996, foram submetidas
às primeiras avaliações e seleção de indivíduos. A "Xavante" foi
testada como Seleção 3-96.
Lawton
Brazos
Ness barry
A 593
Hillquist
A 883
Thornfee
A 582
Brazos
A 650
Autopolinizadora
A 1629
A 515
A 550
PL
631
Xavante
Darrow
Cherokee
A 1154
Brazos
PL
Sivs 68-1-8
Thornfee
A 555
A 1002
Brazos
A 677
A 1507
7433
A 1098
PL
Figura 1. Genealogia da cultivar Xavante.
PL
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Descrição
As plantas da cultivar Xavante têm hastes eretas, sem espinhos, de
cor esverdeada. São vigorosas e de baixa necessidade em frio,
estimando-se em menos de 250 horas, possivelmente inferior à cv.
Tupy. O diâmetro da haste primária, na base, é em média 1,65 cm, no
centro, 1,2 cm na extremidade 0,71 cm. O comprimento dos entrenós
é em torno de 2 a 3 cm, conforme a porção do ramo. As flores são
brancas e vistosas.
Nas condições de Pelotas, a floração inicia-se ao final de setembro,
sendo plena na segunda semana de outubro. Nas condições em que a
seleção foi testada, ou seja solo pouco fértil a produtividade em
plantas novas, foi entre 2,6 a 2,7 T/ha, mas a linha de plantas não
estava completamente fechada.
A colheita inicia-se em meados de novembro ou início de dezembro
(Figura 2), em geral, poucos dias antes da cv. Tupy, podendo-se
estender por até seis semanas.
Figuras. Plantas da cv. Xavante no campo experimental da Embrapa
Clima Temperado, safra 2003/2004.
As frutas têm tamanho muito bom (1,8 a 2,2 cm de diâmetro) e peso
médio de 5,7 a 6,1 g. A forma das mesmas é alongada e o sabor
doce-ácido com moderada adstringência. O teor de sólidos solúveis
varia de 6,5 a 8 OBrix. A firmeza é média e a aparência muito boa por
ocasião da colheita. Entretanto, após um dia à temperatura de 5 OC, a
amostra perde um pouco em uniformidade de cor. Não foram
215
216
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
realizados testes de conservação nas condições preconizadas para
amora-preta.
Adaptação
Estima-se que esta cultivar tenha necessidade em frio em torno de 250
horas, devendo-se adaptar-se em áreas onde a cv. Tupy apresenta boa
adaptação.
Disponibilidade
Um limitado número de plantas está à disposição de produtores,
mediante contrato para fins de validação.
Influência da Densidade de Plantio na Produtividade de Duas Cultivares de Amora-preta
(Rubus spp)
Ailton Raseira
Maria do Carmo Bassols Raseira
Luis Eduardo Corrêa Antunes
José Francisco Martins Pereira
Introdução
Uma das questões que vem sendo estudadas sobre a amoreira-preta
diz respeito à densidade de plantio a ser adotada por ocasião da
implantação do pomar. Em geral, é recomendado espaçamento entre
0,5 a 0,7 metros entre plantas e de 2,5 a 3,0 metros entre linhas.
Entretanto as mais variadas densidades são adotadas, sem
embasamento técnico.
A cultivar Ébano foi a primeira amoreira-preta sem espinhos lançada no
Brasil. Foi selecionada em 1977, na antiga UEPAE de Cascata, testada
com Black 44, originou-se de uma população F2, do cruzamento entre
as variedades ´Comanche´ x (´Thronfree´ x ´Brazos´), realizado na
Arkansas Agricultural Experiment Station, Universidade de Arkansas
(EUA). Planta de hábito semi-ereto, livre de espinhos, possui hastes
vigorosas. Apresenta frutas de tamanho grande (6 a 7 g) e
razoavelmente firme, ácidos e de maturação desuniforme (Raseira et
al., 1984).
Cherokee foi selecionada em 1968. Testada como Ark. 531, foi
originária do cruzamento de ´Darrow´ x ´Brazos´ realizado em 1965.
Os frutas são de tamanho médio (4 a 5 g), firmes e de sabor
levemente ácido. Planta vigorosa, de porte ereto e com presença
moderada de espinhos. É mais exigente em frio que ´Brazos´ e
´Comanche´, com produção dez dias depois de Comanche (Moore et
al., 1974).
218
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar a influência da
densidade de plantio sobre a produção de duas variedades de
amoreira-preta (Rubus spp).
Material e Métodos
O trabalho foi realizado no campo experimental da sede da Embrapa
Clima Temperado, em Pelotas, RS. Os ensaios foram instalados em
1987. Com a cultivar Ébano foram testados espaçamentos entre linhas
(2,5, 3,0, 3,5 e 4,0 metros) e entre plantas (0,5 e 0,8 metros),
perfazendo-se 7 tratamentos (Tabela 1). Utilizou-se um total de 495
plantas, sendo 220 úteis. O delineamento foi inteiramente casualizado
com 5 repetições, sendo as plantas conduzidas em espaldeira.
O segundo ensaio foi instalado com a cultivar Cherokee, testando-se
variações de espaçamento entre linhas (2,5, 3,0, 3,5 e 4,0 metros) e
entre plantas (0,8 e 1,0 metros), perfazendo-se oito tratamentos
(Tabela 2). Foi utilizado um total de 474 plantas, sendo 180 úteis. O
delineamento foi inteiramente casualizado com cinco repetições, sendo
que as plantas não foram conduzidas com tutor. Os fatores analisados
foram densidade de plantio e safras colhidas. Os parâmetros avaliados
foram produção por planta e produtividade por hectare.
Tabela 1. Densidades de plantio testadas para a cv Ébano.
Tratam ento
Espaçam ento
Espaçam ento
D ensidade/
entre linhas
entre plantas
(plantas/ha)
(m )
(m )
D1
2,5
0,5
8.000
D2
3,0
0,5
6.666
D3
3,5
0,5
5.714
D4
2,5
0,8
5.000
D5
3,0
0,8
4.167
D6
3,5
0,8
3.571
D7
4,0
0,8
3.125
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Tabela 2. Densidade de plantio testados para a cv Cherokee.
Tratamento
D1
D2
D3
D4
D5
D6
D7
D8
Espaçamento
entre linhas (m)
2,5
3,0
3,5
2,5
3,0
3,5
4,0
4,0
Espaçamento entre
plantas (m)
0,8
0,8
0,8
1,0
1,0
1,0
0,8
1,0
Densidade/
(plantas/ha)
5.000
4.166
3.571
4.000
3.333
2.857
3.125
2.500
Resultados e Discussões
A análise dos dados obtidos permite afirmar que, para ´Ébano´ houve
influência da densidade de plantio e das safras avaliadas (Tabela 3).
Quanto às safras observou-se que a primeira foi em que se obteve
maior produtividade, alcançando 27,53 t/ha, com 8.000 plantas/ha. A
medida que as plantas foram se desenvolvendo observou-se em safras
seguintes que em menor densidade de plantio ocorreu melhor
produção, como observado na safra 1990/91 com 3.571 plantas/ha.
Na safra 1991/92 o melhor resultado foi com 6.666 plantas/ha.
Observou-se que a medida que se aumenta o número de plantas/ha há
uma redução da produção de frutas por planta (Tabela 4), que é devido
a concorrência entre as plantas por nutrientes e luz. Na média das três
safras as maiores densidades de plantio, espaçamento de 0,5 m entre
plantas na linha (D1, D2 e D3), resultaram em melhor produtividade,
entretanto as melhores produções por planta foram obtidas em baixa
densidade (menos de 5.000 pl/ha). Estes resultados são superiores aos
encontrados por Martins & Pedro Júnior (1998) e Antunes et al.
(2000a), em Jundiaí (SP)e Caldas (MG), respectivamente, sendo
devido, provavelmente, a melhor adaptação desta cultivar a região de
Pelotas em função de sua maior exigência de frio hibernal.
219
220
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 3. Efeito da densidade e das safras na produtividade de
´Ébano´ (T/ha).
Densidade
Safra
1989/90
D1
D2
D3
D4
D5
D6
D7
Média
27,53
22,90
24,00
17,20
16,65
16,23
17,72
20,31
A
A
A
A
A
A
A
a
b
ab
c
c
c
c
1990/91
7,66
9,42
10,13
8,98
8,96
11,72
9,82
9,52
1991/92
Bb
C ab
B ab
B ab
C ab
Ba
B ab
6,98
13,40
8,88
7,28
12,38
10,26
7,62
9,54
Média
B
B
B
B
B
B
B
c
a
bc
c
ab
abc
c
14,07
15,24
14,33
11,15
12,66
12,73
11,72
* Números na mesma linha seguidos pela mesma letra maiúscula não diferem
entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey.
** Números na mesma coluna seguidos pela mesma letra minúscula não
diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey.
Tabela 4. Efeito da densidade e das safras na produção por planta de
´Ébano´ (T/pl).
Densidade
Safra
1989/90
1990/91
1991/92
Média
D1
3,44 A ab
0,85 B c
0,87 B d
1,72
D2
2,86 A b
1,67 B bc
1,17 B bc
1,9
D3
2,98 A ab
1,26 B bc
1,10 B cd
1,78
D4
3,44 A ab
1,79 B ab
1,45 B bcd
2,22
D5
3,33 A ab
1,79 C ab
2,48 B a
2,53
D6
3,24 A ab
2,34 B a
2,05 B ab
2,54
D7
3,54 A a
1,96 B a
1,52 B bc
2,34
Média
3,26
1,66
1,52
* Números na mesma linha seguidos pela mesma letra maiúscula não diferem
entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey.
** Números na mesma coluna seguidos pela mesma letra minúscula não
diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey.
Para Cherokee a melhor produtividade foi obtida na safra 1991/92
(Tabela 5), quando foram obtidos 18,26 t/ha. Observou-se ainda que
as melhores produtividades ocorreram em baixa densidade de plantio,
2.500, 3.125 e 3.333 pl/ha.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Assim como ocorreu para ´Ébano´, a produção por planta para
´Cherokee´ foi maior em baixa densidade, alcançando 4,54 kg/pl na
safra 1991/92, com 2.500 pl/ha. Estes resultados são superiores aos
obtidos por Antunes et al. (2000 a), que nas safras 1997/98 e 1998/
99 obteve 0,815 e 0,915 kg/pl, e 3.880 e 4.357 kg/ha, em Caldas
(MG).
Segundo Martins e Pedro Júnior (1998), a produtividade de ´Ébano´
na região de Jundiaí (SP) variou de 1.786 a 2.900 kg/ha em função do
ano agrícola avaliado, não havendo diferença de produtividade nos
espaçamentos utilizados (3 x 1 m e 3 x 0,5 m), valores inferiores aos
3.257 kg/ha encontrados neste trabalho. Já Antunes et al. (2000)
obteve 5.561 e 3.257 kg/ha nas safras 1997/1998 e 1998/1999,
respectivamente, para ´Ébano´ em plantio de 0,70 x 3,0 m (4.762
plantas/ha).
Para uma densidade de 4.762 plantas/ha, Antunes et al. (2000 a)
obteve para Cherokee, no Sul de Minas Gerais, 3.880 e 4.357 kg/ha
nas safras 1997/1998 e 1998/1999, respectivamente.
Tabela 5: Efeito da densidade e das safras na produtividade de
´Cherokee´ (T/ha).
D
D1
D2
D3
D4
D5
D6
D7
D8
M
Safra
1989/90
1990/91
1991/92
1992/93
1993/94
1994/95
11,80
13,40
10,79
9,60
13,73
9,60
13,32
17,00
12,50
13,80
1416
13,40
15,50
15,98
14,80
14,80
12,96 A c
15,00 A abc
13,33 AB bc
12,70 A c
17,83 A ab
11,48 B c
18,26 A a
18,18 A a
12,16
11,1
12,12
12,00
14,53
13,07
16,7
17,18
11,24
13,13
9,46
10,20
16,23
11,14
17,30
16,42
9,98
14,43
10,80
11,00
15,10
13,18
13,32
14,58
14,96
13,60
12,40
Ab
Ab
Ab
Ab
A ab
Bb
B ab
Aa
14,36
Aa
Aa
Aa
Aa
Aa
Aa
AB a
Aa
A bc
Ac
AB bc
A bc
A abc
AB abc
AB ab
Aa
13,14
Ab
A ab
Bb
Ab
Aa
Bb
AB a
Aa
Ab
A ab
AB ab
A ab
Aa
AB ab
B ab
A ab
Média
11,773
13,477
11,77
11,48
15,48
12,403
15,61
16,36
12,795
D- Densidade; M- Médias.*Números na mesma linha seguidos pela mesma
letra maiúscula não diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey.
** Números na mesma coluna seguidos pela mesma letra minúscula não
diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey.
221
222
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 6. Efeito da densidade e das safras na produção por planta de
´Cherokee´ (kg/pl).
Densidade
D1
D2
D3
D4
D5
D6
D7
D8
Média
SAFRA
1989/90
2,36
2,68
2,16
2,40
3,43
2,39
2,66
4,24
2,79
Ca
BC a
Ca
BC a
ABbc
BC c
BC a
Aa
1990/91
2,50
2,74
2,83
3,34
3,87
3,98
2,96
3,69
3,23
Da
CD a
BCD a
ABCDa
AB abc
Aa
ABCDa
ABC a
1991/92
2,59
3,00
2,66
3,16
4,44
2,86
3,65
4,54
3,36
Ba
Ba
Ba
Ba
Aa
B bc
AB a
Aa
1992/93
2,43
2,43
2,22
2,42
2,99
3,63
3,26
4,29
2,95
Ca
Ca
Ca
Ca
BC c
AB ab
ABC a
Aa
1993/94
2,24
2,62
1,89
2,54
4,05
2,78
3,46
4,10
2,96
Ca
BC a
Ca
BC a
A ab
BC bc
AB a
Aa
1994/95
1,99
2,88
2,16
2,74
3,77
3,29
2,66
3,64
2,89
Ca
ABC a
Ca
ABC a
A abc
AB abc
BC a
AB a
Média
2,35
2,72
2,32
2,76
3,75
3,15
3,10
4,08
* Números na mesma linha seguidos pela mesma letra maiúscula não diferem
entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey.
** Números na mesma coluna seguidos pela mesma letra minúscula não
diferem entre si, ao nível de 5% pelo teste Tukey.
Conclusões
De acordo com as condições em que foi realizado o presente trabalho,
concluiu-se que: para ´Ébano´ as maiores densidades de plantio
resultaram em melhor produtividade, entretanto as melhores produções
por planta foram obtidas em baixa densidade, menos de 5.000 pl/ha.
Para cultivar Cherokee a melhor produtividade foi obtida na safra
1991/92, onde foi alcançado 18,26 t/ha. As melhores produtividades
de ´Cherokee´ ocorreram em baixa densidade de plantio, inferiores a
2.500, 3.125 e 3.333 pl/ha, e as maiores produções médias por
planta na densidade de até 3.333 plantas/ha.
Referências Bibliográficas
ANTUNES, L.E.C., CHALFUN, N.N.J., REGINA, M. de A., HOFMANN,
A. Blossom and ripening periods of blackberry varieties in Brazil.
Journal American Pomological Society, Massachusetts, v.54, n.4,
p.164-168, 2000.
ANTUNES, L.E.C., CHALFUN, N.N.J.; REGINA, M. de A., DUARTE
FILHO, J.D. Fenologia e produção de variedades de amora-preta nas
condições do planalto de Poços de Caldas. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal, v.22, n.1, p.89-95, 2000a.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
MARTINS, F.P.; PEDRO JUNIOR, M.J. Influência do espaçamento na
produtividade da amora-preta cv. Ébano, em Jundiaí (SP). In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 15, Poços de Caldas,
1998, Resumos... Poços de Caldas, Sociedade Brasileira de
Fruticultura, 1998. p.94.
MOORE, J.N.; BROWN, E.; SISTRUNK, W.A. ´Cherokee´ blackberry.
HortScience. v.9, n.3, p. 246. 1974.
RASEIRA, M.C.B.; SANTOS, A.M. dos; MADAIL, J.C.M. Amora-preta:
cultivo e utilização. Pelotas, EMBRAPA-CNPFT, 1984, 20p.
(EMBRAPA-CNPFT - Circular Técnica, 11).
223
224
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Conservação Pós-colheita de Amora-preta
(Rubus sp)
Emerson Dias Gonçalves
Marcelo Barbosa Malgarim
Renato Trevisan
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Rufino Fernando Flores Cantillano
Introdução
A amora-preta pode ser destinada a produção de geleificados, de
polpa, sucos naturais, além de ser comercializada in natura (Bassols &
Moore, 1981). Por se tratar de uma fruta extremamente perecível o
conhecimento da fisiologia pós-colheita é de suma importância. Para
Morris et al. (1981), a razão pela qual as frutas de amoreira preta
apresentam vida pós-colheita relativamente curta, se deve a dois
fatores basicamente: sua estrutura frágil e a sua alta taxa respiratória.
Um dos principais problemas que ocorrem com as frutas de pequeno
porte é a perda de água, levando a perda de peso e a depreciação da
qualidade do produto. As frutas de amora preta apresentam um
período de armazenamento relativamente curto, entre 3 e 7 dias
quando mantidas a -0,5 OC com UR de 90 a 95% (Perkins-Veazie et
al., 1997). Porém, se acondicionadas em filme plástico, podem ser
mantidas armazenadas por até doze dias (Kluge et al. 1997), pois, as
embalagens plásticas favorecem a elevação da umidade relativa do ar
que circunda a fruta (Hardenburg et al. 1986). Usando filme plástico
Souza et al., (2002), conseguiram armazenar frutas da cultivar
Cherokee por dez dias, sem perda da qualidade. Isto mostra que para
armazenar este tipo de fruta é imprescindível o uso de filmes ou
embalagens, mesmo assim, observa-se que há um comportamento
diferenciado entre as cultivares de amora preta, quanto ao tempo de
conservação e manutenção da qualidade pós-colheita. Nesse sentido,
este trabalho objetivou verificar a manutenção da qualidade póscolheita de frutas de duas cultivares de amora-preta, armazenadas em
embalagens plásticas, em dois períodos de conservação.
226
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Material e Métodos
O experimento foi realizado nos laboratórios e câmaras frigoríficas do
setor de Pós-colheita e Tecnologia de Alimentos da Embrapa Clima
Temperado, Pelotas-RS. As frutas de amora-preta, das cultivares
Brazos e Tupy, foram colhidas pela parte da manhã e colocadas
diretamente em embalagens plásticas, com capacidade para 300g. No
laboratório, homogeneizaram-se as amostras, para 250g de fruta em
cada embalagem.
Os tratamentos constaram de dois períodos de armazenamento, 3 dias
e 6 dias a 0 OC +1 OC com umidade relativa de 90 a 95% e duas
variedades de amora preta. Após o armazenamento, as frutas foram
colocadas à temperatura de 8 OC por dois dias, simulando período de
comercialização.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com
4 repetições de 250g de fruta por cultivar. As variáveis foram: sólidos
solúveis totais (SST), determinados por refratometria, expresso em
O
Brix; acidez total titulável (ATT), determinada por titulometria,
expressa em percentagem de acido málico; relação SST/ATT; pH;
perda de peso expressa em percentagem. As medias foram
comparadas pelo teste de Duncan a 5% .
Resultados e Discussões
Em relação às cultivares estudas, observa-se que no tempo zero
(colheita) a cultivar Brazos apresentou valores maiores para SST e
menores para as demais características químicas quando em
comparada com a cultivar Tupy (Tabela 1). Quanto às épocas de
armazenamento, aos 3 dias em relação aos 6 dias, observou-se
diferença significativa apenas para a variável SST, diminuindo na
medida que aumentou o período de armazenamento (Tabela 2). O
mesmo, foi observado por Walsh et al., (1983) que embora
trabalhando com outras cultivares, observaram um decréscimo do teor
de SST após de sete dias de armazenamento. As demais variáveis
avaliadas, ATT, relação SST/ATT e pH não diferiram estatisticamente
entre si, embora tenha ocorrido um decréscimo dos valores dessas
variáveis.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Antunes et al. (2003) trabalhando com as cultivares Brazos e
Comanche observaram comportamento semelhante. Não houve
diferença significativa entre as cultivares para o SST, embora a Brazos
tenha apresentado valores maiores que a Tupy após 6 dias de armazenamento mais 2 de simulação de comercialização (Tabela 2).
Em relação à percentagem de perda de peso, houve interação entre o
período de armazenamento e as cultivares estudadas, onde observando-se que, à medida que aumenta o período de armazenamento,
aumenta a perda de peso, sendo que a cultivar Brazos apresentou
maior perda de peso em relação a Tupy, tanto para 3 dias como para 6
dias de armazenamento (Tabela 3).
Para Souza et al. (2000), a perda de peso que ocorre nas frutas se dá
em decorrência do processo de transpiração. Pêlos resultados obtidos
se observa que a cultivar Brazos diferiu da Tupy na perda de peso.
Para Perkins-Veazie & Collins et al., (1996), esta diferença ocorre
devido a características particulares de cada cultivar.
Tabela 1. Característica química de qualidade das frutas na colheita,
entrada na câmara. Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS, 2004.
Cultivar
SST
ATT
SST/ATT
pH
Brazos
7,8
1,26
6,19
2,92
9,66
1,13
8,54
2,99
Tupy
Tabela 2. Características de qualidade após período de armazenamento
e simulação de comercialização em duas cultivares de amora-preta.
Embrapa Clima Temperado Pelotas, RS, 2004.
Épocas
SST
ºBrix
ATT
(%ác. málico)
1,11
ns
Relação
SST/ATT
7,59
ns
pH
3,07
ns
3 dias + 2
8,40 a
6 dias + 2
7,49 b
1,08
6,98
3,01
Cultivares
Brazos
Tupy
Media
CV(%)
8,17 ns
7,71
7,94
6,08
1,09 ns
1,09
5,99
3,29
7,52 ns
7,05
7,29
8,79
3,08 ns
2,99
3,04
1,71
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, diferem entre si pelo
teste de Duncan a 5% de probabilidade. ns-não significativo.
227
228
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 3. Interação entre cultivares X período de armazenamento, para
a variável (%) de perda de peso em frutas armazenadas a 0 OC+1 OC.
Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas, RS, 2004.
Período de armazenamento
3 dias (0ºC +1ºC) + 2 (8ºC) 6 dias (0ºC +1ºC) + 2 (8ºC)
Brazos
0,34 b A
0,75 a A
Tupy
0,15 b B
0,29 a B
Média
3,42
CV (%)
6,41
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na
coluna, não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.
Cultivar
Conclusão
a) Quanto maior o período de armazenamento, menor a qualidade da
fruta no que refere as características físico químicas para as
cultivares, Brazos e Tupy;
b) A cultivar Tupy apresentou menor perda de peso que a cultivar
Brazos.
Referências Bibliográficas
ANTUNES, L.E.C.; FILHO, J.D.SOUZA, de M.C. Conservação poscolheita de frutos de amora preta. Revista Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v.38, n.3, p.413-419. 2003.
BASSOLS, M. do C; MOORE, J.N. ´Ébano´ a primeira cultivar de
amora preta sem espinhos lançada no Brasil. Pelotas: Embrapa-UEPAE
da Cascata, 1981,16 p. (Documento 2).
HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. The comercial
storage of fruits,vegetables, florist and nursery stoctks USDA,130
p,1986.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
MORRIS, J.R.; SPAYD, S.E.; BROOKS, J.G.; CAWTHON, D.L.
Influence of postharvest holding on raw and processed quality of
machine harvested blackberries. Journal of the American society for
Horticultural Science, Alexandria, v.106, n.6, p.769-775, 1981
PERKINS-VEAZIE, P.; COLLINS, J.K.; CLARCK,J.R. Cultivars and
storage temperature effects on the shelflife of blackberry fruit. Fruits
Varieties Journal, University Park v. 53, n.4 p.201-208, 1999
PERKINS-VAZIE, P.; COLLINS, J.K.; CLARCK, J.R.; RISSE, L. Air
shipment of "Navaho" blackberry fruit to Europe is feasible.
Hortscience. Alexandria, v.32, n.1, p.132. 1997.
PERKINS-VAZIE, P.; COLLINS, J.R.; CLARCK, J. RCultivar and
maturity affect postharvest quality fruit from erect blackberry.
Hortscience. Alexandria, v.31, n.2, p. 258-261, 1996.
KLUGE, R.; NACHTIGAL, J.C.; FACHINELLO, J.C.; BILHALVA, A.J.
Fisiologia e maneja pos-colheita de frutas de clima temperado. Pelotas:
Editora Universitária UFPel, 163 p., 1997.
SOUZA, L. de E; MALGARIM, M.B; COUTINHO E.F; CANTILLANO,
F.R.F; BORGES, J. Períodos de conservação pós-colheita de amora
preta (Rubus sp) com diferentes filmes de polietileno. XV Congresso
Argentino de Horticultura, I encontro virtual de las ciências Hortícolas.
Buenos Aires, 2002.
SOUZA, R.F. de; FILGUEIRAS, H. A. C; COSTA, J.T.A.; ALVES, R.E.;
OLIVEIRA, A.C. de. Armazenamento de ciriguela (Spondia purpurea L.)
sob atmosfera modificada e refrigeração. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal, v.22, n.3, p.334-338, 2000.
229
230
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Aclimatização de Plântulas de Amoreira-preta Cherokee Obtidas in vitro: Efeito de
Substratos
Fabiola Villa
Aparecida Gomes de Araujo
Leonardo Ferreira Dutra
Crystiane Borges Fráguas
Moacir Pasqual
Introdução
Uma importante etapa da micropropagação de plantas é a
aclimatização, devido à dificuldade de transferir com sucesso plântulas
da condição in vitro para a casa de vegetação e posteriormente para o
campo, em função da grande diferença entre essas condições
ambientais (Fráguas, 2003). Na fase de aclimatização de mudas o
substrato pode facilitar ou impedir o crescimento inicial das raízes,
conforme suas propriedades (Calvete et al., 2000). Isto tem maior
relevância quando se cultiva em recipientes cujo espaço disponível
para o sistema radicular é limitado.
O uso de substratos industriais tem crescido muito nos últimos anos,
devido a produção hortícola estar cada vez mais baseada em
substratos artificiais (Bellé & Kämpf, 1993). Atualmente são usados
diferentes tipos, dependendo da espécie a ser cultivada, existindo
aqueles já preparados, com diferentes composições. Entre eles
podemos citar: a casca de arroz carbonizada (material que oferece boa
aeração, drenagem rápida, rico em minerais, principalmente Ca, K e
Si); o Plantmaxâ (substrato comercial com boa porosidade, drenagem
rápida, baixa compactação e pH adequado ao desenvolvimento de
mudas) e a vermiculita.
232
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O presente trabalho teve como objetivo determinar o melhor substrato
na aclimatização de plantas de amoreira-preta oriundas do cultivo in
vitro.
Materila e Métodos
O experimento foi instalado e conduzido na Universidade Federal de
Lavras, Departamento de Agricultura, Lavras, MG, em casa de
vegetação do Laboratório de cultura de tecidos vegetais, com
aproximadamente 90% de umidade do ar e nebulização intermitente.
Plântulas da cultivar Cherokee (Rubus spp.) foram cultivadas in vitro,
contendo meio de cultura MS acrescido de 1,0 mg L-1 de BAP em sala
de crescimento com 27±1 OC, irradiância de 32 mmol.m-2.s-1 e
fotoperíodo de 16 horas durante 60 dias.
Posteriormente, visando a aclimatização das plântulas, os tubos de
ensaio, ainda na sala de crescimento, ficaram destampados durante
três dias, as plântulas retiradas, lavadas em água corrente e secas em
papel de filtro. A seguir, foram transferidas para bandejas plásticas
com 24 células de 150 cm3 cada, contendo os substratos vermiculita,
casca de arroz carbonizada, Plantmaxâ e uma mistura de vermiculita +
casca de arroz carbonizada + Plantmaxâ. Foram utilizadas quatro
repetições de quatro plantas cada uma em um delineamento
experimental inteiramente casualizado.
Após 100 dias de aclimatização foram avaliados número de folhas,
comprimento das raízes e da parte aérea, peso fresco e seco das raízes
e peso fresco e seco da parte aérea. Os dados foram analisados
através do software SISVAR (Ferreira, 2000) e os resultados
comparados pelo teste de Tukey.
Resultados e Discussões
Maior comprimento, peso fresco e seco da parte aérea, peso fresco e
seco das raízes foram obtidos com o substrato Plantmaxâ, devido
provavelmente, ao fato deste substrato possuir nutrientes na
quantidade adequada para o período inicial de desenvolvimento das
mudas, conferindo maior taxa de sobrevivência. Na variável número de
folhas não houve diferença entre Plantmaxâ e a mistura dos três
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
substratos, enquanto que para comprimento das raízes não houve
diferença entre Plantmaxâ, mistura e vermiculita (Tabela 1).
De todos os substratos testados, a casca de arroz carbonizada seguida
da vermiculita, obtiveram os piores resultados. Esses discordam de
Calvete et al. (2000) que, identificaram como melhores substratos na
aclimatização de mudas micropropagadas de morangueiro as misturas
contendo casca de arroz carbonizada e turfa preta.
Não houve diferença significativa entre os substratos Plantmaxâ e a
mistura (Plantmaxâ + vermiculita + casca de arroz carbonizada)
(Tabela 1) para o número de folhas. O número de folhas é
característica importante, e possivelmente mudas com maior número
de folhas têm maiores índices de sobrevivência no campo (Sousa,
1994).
Para a variável comprimento da parte aérea, o substrato que mais se
destacou foi o Plantmaxâ. O substrato Plantmaxâ, a mistura (Plantmaxâ
+ vermiculita + casca de arroz carbonizada) e a vermiculita não se
diferenciaram entre si para comprimento das raízes.
Tabela 1. Efeito de substratos na aclimatização de plântulas de
amoreira-preta ´Cherokee´. UFLA Lavras, MG. 2003.
Substrato
Plantmax
Mistura1
Vermiculita
CAC2
1
2
NF
8,16
7,57
6,58
6,31
a
ab
bc
c
CPA
(cm)
7,51 a
6,28 b
5,69 b
4,39 c
CR
PFPA
(cm)
(g)
46,80 a
0,65 a
44,20 a
0,39 b
40,63 a b 0,29 c
33,38 b
0,17 d
PS PA
(g)
0,21 a
0,10 b
0,08 b
0,05 c
PFR
(g)
2,01 a
1,10 b
0,73 c
0,46 c
PSR
(g)
0,48 a
0,27 b
0,17 c
0,10 d
Plantmaxâ + Vermiculita + Casca de arroz carbonizada
Casca de arroz carbonizada
Plantmaxâ também se destacou nas variáveis peso fresco e seco da
parte aérea e peso fresco, seco e comprimento das raízes,
concordando com Fráguas (2003) que obteve melhores resultados com
o mesmo substrato para mudas micropropagadas de ´Roxo de
Valinhos´.
233
234
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Devido ás boas características químicas e físicas do Plantmaxâ, as
plantas se desenvolveram adequadamente, resultando em maior
matéria fresca e seca da parte aérea. Segundo Hoffmann (1999), o
Plantmaxâ apresenta características que favorecem o crescimento das
mudas após emissão das raízes adventícias: as propriedades físicas e
químicas.
Neste trabalho, durante a aclimatização, as mudas de amoreira-preta
micropropagadas obtiveram uma sobrevivência de 92%, sendo que a
maior sobrevivência foi em Plantmaxâ. Além do substrato, outro fator
que pode ter contribuído para a elevada taxa de sobrevivência foi a
pré-aclimatização, realizada através da abertura dos tubos de ensaio
por três dias antes da aclimatização.
Conclusões
A aclimatização de ‘Cherokee’ é realizada com sucesso, utilizando-se o
substrato comercial Plantmaxâ.
Piores resultados são observados com a casca de arroz carbonizada.
Referências Bibliográficas
BELLÈ, S.; KAMPF, A.N. Produção de mudas de maracujá amarelo em
substratos à base de turfa. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
v.28, n.3, p.385-390, mar. 1993.
CALVETE, E.O.; KAMPF, A.N.; DAUDT, R. Efeito do substrato na
aclimatização ex vitro de morangueiro cv. Campinas, Fragaria x
ananassa Duch. In: KAMPF, A.N.; FERMINO, M.H. (Ed.). Substrato
para plantas - a base da produção vegetal em recipientes. Porto
Alegre: Genesis, 2000. p.257-264.
FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows
versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA
SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos.
Anais... São Carlos: UFSCar. 2000. p.225-258.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
FRÁGUAS, C.B. Micropropagação e aspectos da anatomia foliar da
figueira ´Roxo-de-Valinhos´ em diferentes ambientes. 2003. 110 p.
Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG.
HOFFMANN, A. Enraizamento e aclimatização de mudas micropropagadas dos porta-enxertos de macieira ´Marubakaido´ e ´M-26´.
1999. 240p. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG.
SOUSA, H.U. de. Efeito da composição e doses de superfosfato
simples no crescimento e nutrição de mudas de bananeira (Musa sp)
cv. Mysore obtidas por cultura de meristemas. Lavras: ESAL, 1994.
75p. (Dissertação - Mestrado em Fitotecnia).
235
236
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Micropropagação de Amoreira-preta
´Cherokee´
I. Efeito de Cinetina e GA3
Leila Aparecida Salles Pio
Fabiola Villa
Leonardo Ferreira Dutra
Grazielle Sales Teodoro
Moacir Pasqual
Introdução
A propagação da amoreira-preta, dá-se principalmente por meio de
estacas de raiz, rebentos e hastes novas (Antunes, 1999).
Atualmente, tem sido utilizada a cultura de tecidos, permitindo a
obtenção de milhares de plantas isentas de vírus e geneticamente
uniformes, em curto espaço de tempo (Pasqual et al., 1991).
O crescimento e o desenvolvimento das plantas são controlados por
substâncias orgânicas naturais denominadas fitôrmonios, os quais são
sintetizados em pequenas concentrações e em determinadas regiões
das plantas (Taiz e Zeiger, 1991). Esses também são produzidos
artificialmente, sendo denominados reguladores de crescimento, dentre
os quais podemos citar as citocininas e as giberelinas. O tipo de
citocinina e sua concentração são os principais fatores que influenciam
o sucesso da multiplicação in vitro. Apesar de seu uso ser essencial à
multiplicação da parte aérea, o seu excesso é tóxico. As giberelinas
têm como um dos principais efeitos em cultura de tecidos o
alongamento das brotações durante a multiplicação ou antes do
enraizamento.
238
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O presente trabalho teve como objetivo determinar a melhor
concentração de GA3 e de cinetina para a multiplicação in vitro de
plântulas de amoreira-preta.
Material e Métodos
Segmentos nodais de amoreira-preta, cultivar Cherokee, com cerca de
2 cm, foram excisados de plântulas preestabelecidas in vitro, em meio
MS, sem reguladores de crescimento. Os explantes foram inoculados
em tubo de ensaio contendo 15 ml de meio Knudson (1946), cinco
concentrações de GA3 (0; 2; 4; 6 e 8 mg L-1) combinadas com cinco
concentrações de cinetina (0; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1). O meio teve
o pH ajustado em 5,8 antes da autoclavagem e foi solidificado com 6
g L-1 de ágar. Os explantes foram transferidos para sala de crescimento
a 27±1 OC, irradiância de 35 mmol m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 horas,
permanecendo nestas condições por 60 dias.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado
com quatro repetições constituídas de três tubos contendo um
explante cada. As variáveis analisadas foram número de folhas,
número de brotos, comprimento e peso da parte aérea e presença de
raízes. Os resultados foram submetidos à análise de variância,
utilizando o software SISVAR (Ferreira, 2000), empregando-se
regressão polinomial para concentrações de GA3 e cinetina.
Resultados e Discussões
Não houve interação significativa para número de folhas e peso fresco
da parte aérea. O comprimento da parte aérea das plântulas foi menor
em função de maiores concentrações de cinetina (Figura 1). As
citocininas possuem função de aumentar o número de brotações,
entretanto, quando isso ocorre, essas são de menor tamanho.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Y0 mg L-1 GA3 = ns
Y2 mg L-1 GA3 = ns
Y8 mg L-1 GA3= -0,074x2 - 1,659x + 14,72 R2=0,94
Y6 mg L-1 GA3 = 0,230x2 - 2,993x + 13,38 R2 = 0,84
2
16
Comprimento da
parte aérea (cm)
2
Y4 mg L-1 GA3 = -0,095x - 0,619x + 11,19 R = 0,70
12
8
4
0
0
1
2
3
Cinetina (mg L-1)
4 mg L-1
8 mg L-1
4
6 mg L-1
Figura 1. Comprimento da parte aérea (cm) de plântulas de amoreirapreta Cherokee cultivadas sob diferentes concentrações de cinetina e
GA3. UFLA, Lavras, MG. 2004.
Embora o número de folhas, número de brotos e peso da matéria
fresca não foram significativos, a multiplicação de brotos ocorreu
apenas nos tratamentos que continham cinetina na presença ou
ausência de GA3. Houve formação do sistema radicular apenas nos
tratamentos que não continham cinetina.
Conclusões
Houve crescimento da parte aérea na ausência de cinetina.
Houve formação do sistema radicular apenas nos tratamentos que não
continham cinetina.
239
240
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
ANTUNES, L.E.C. Aspectos fenológicos, propagação e conservação
pós-colheita de frutas de amoreira-preta (Rubus spp) no sul de Minas
Gerais. Tese (Doutorado em Agronomia, Fitotecnia), 129 p. 1999,
UFLA, MG.
FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows
versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA
SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos.
Anais... São Carlos: UFSCar. 2000. p. 225-258.
KNUDSON, L. A new nutrient solution for the germination of orchid
seed. American Orchid Society Bulletim, v.14, p. 214- 217, 1946.
PASQUAL, M.; PEIXOTO, P.H.P.; SANTOS, J.C. dos; PINTO, J.E.B.P.
Propagação in vitro da amora-preta (Rubus sp.) cv. Ébano: uso de
reguladores de crescimento. Ciência e Prática, Lavras, 15(3), p. 282286, 1991.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Auxins: Growth and Tropisms. In: _____. Plant
Physiology. California: The Benjamin/ Cummings Publishing Company,
1991. cap.16, p.398-424.
Micropropagação de Amoreira-preta
´Cherokee´
II. Efeito de KCl e NaH2PO4.H2O
Fabiola Villa
Leila Aparecida Salles Pio
Leonardo Ferreira Dutra
Grazielle Sales Teodoro
Moacir Pasqual
Introdução
A propagação da amoreira-preta, dá-se principalmente por meio de
estacas de raiz, rebentos e por estacas herbáceas. Outra alternativa
viável é a micropropagação, com o intuito de se obterem plantas livres
de vírus, em curto espaço de tempo (Antunes, 1999).
O meio de cultura deve suprir tecidos e órgãos cultivados in vitro com
nutrientes necessários ao crescimento. Os macronutrientes são
fornecidos ao meio de cultura na forma de sais. Cálcio, magnésio e
potássio são absorvidos pelas células vegetais como cátions (Ca+2,
Mg+2 e K+); nitrogênio na forma de amônio (NH4+) ou nitrato (NO-3);
fósforo como íons fosfato (HPO4)2 e (H2PO4)-. Os sais usados para
fornecer macronutrientes também podem fornecer íons dos elementos
sódio (Na) e cloro (Cl), sendo que as células vegetais toleram bem
altas concentrações dos mesmos.
O fosfato de sódio (NaH2PO4.H2O) é um componente do meio White
(1963) e B5 (Gamborg, 1968). O cloreto de potássio (KCl) é
encontrado somente no meio White (1963). O meio Knudson, por ser
um meio mais fraco que os outros, possui baixas concentrações de
sódio e potássio. Porém estudos com orquídeas demostram a
necessidade de se adicionar ao meio concentrações maiores desses
sais.
242
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Material e Métodos
Segmentos nodais de amoreira-preta, cultivar Cherokee, com cerca de
2 cm, foram excisados de plântulas preestabelecidas in vitro, em meio
MS, sem a presença de reguladores de crescimento. Os explantes
foram inoculados em tubo de ensaio contendo 15 ml de meio Knudson
(1946), 1 mg L-1 de BAP e cinco concentrações de KCl (0, 125, 250,
500 e 1000 mg L-1) combinadas com cinco concentrações de
NaH2PO4.H2O (0, 125, 250, 500 e 1000 mg L-1). O meio teve seu pH
ajustado em 5,8 antes da autoclavagem e foi solidificado com 6 g L-1
de ágar. Os explantes foram transferidos para sala de crescimento a
27±1 OC, irradiância de 35 mmol m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 horas,
permanecendo nestas condições por 60 dias.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado
com três repetições constituídas de quatro tubos contendo um
explante cada. As variáveis analisadas foram número de folhas,
comprimento e peso da parte aérea. Os resultados foram submetidos à
análise de variância utilizando o software SISVAR (Ferreira, 2000),
empregando-se regressão polinomial para concentrações de cloreto de
potássio e fosfato de sódio.
Resultados e Discussões
Para a variável número de folhas pode-se observar interação entre o
cloreto de potássio e fosfato de sódio. Maior número de folhas (7,1)
foi obtido com 1000 mg L-1 de KCl e 125 mg L-1 de fosfato de sódio
(Figura 1).
O número de brotos e o comprimento da parte aérea das plântulas foi
menor em função de maiores concentrações de cloreto de potássio
(Figuras 2 e 3). Nota-se que os melhores resultados foram obtidos na
ausência desse sal e na presença de fosfato de sódio, principalmente
para comprimento e peso fresco da parte aérea e peso fresco de calos
(Figuras 3, 4 e 5).
Número de folhas
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
8
-1
-7 2
2
Y 0 mg L = - 10 x - 0,0037x + 6,381 R = 0,81
-1
-6 2
2
Y 125 mg L = 3.10 x - 0,0015x + 5,207 R = 0,91
6
-1
-7 2
2
Y 250 mg L = - 4.10 x - 0,0027x + 6,338 R = 0,62
-1
-6 2
2
Y 500 mg L = 10 x - 0,0045x + 6,556 R = 0,87
4
2
0
0
250
500
750
1000
-1
KCl (mg L )
0 mg L-1 de fosfato de sódio
125 mg L-1 de fosfato de sódio
250 mg L-1 de fosfato de sódio
500 mg L-1 de fosfato de sódio
Figura 1. Número de folhas de plântulas de amoreira-preta ´Cherokee´
em diferentes concentrações de cloreto de potássio e fosfato de sódio.
UFLA, Lavras, MG. 2004.
-1
-7 2
2
Y 0 mg L =-8.10 x - 0,0007x +2,728 R =0,75
-1
Y 250 mg L =-4.10 x +0,0024x +2,92 R2 =0,77
Número de brotos
5
-6 2
Y 500 mg L-1 =10-6x2 - 0,0031x +3,399 R2 =0,98
4
3
2
1
0
0
250
500
KCl (mg L-1 )
0 mg L-1 de fosfato de sódio
750
1000
250 mg L-1 de fosfato de sódio
500 mg L-1 de fosfato de sódio
Figura 2. Número brotos de plântulas de amoreira-preta ´Cherokee´
em diferentes concentrações de cloreto de potássio e fosfato de sódio.
UFLA, Lavras, MG. 2004.
243
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Y 0 mg L-1 = 2.10-6x2 - 0,0029x + 2,87 R2 = 0,96
Comprimento da
parte aérea (cm)
Y 250 mg L-1 = 7.10-7x2 - 0,0018x + 2,54 R2 = 0,79
3,5
3,0
-1
-7 2
2
Y 500 mg L = 4.10 x - 0,0015x + 2,62 R = 0,86
Y 1000 mg L-1 = 6.10-7x2 - 0,0013x + 2,55 R2 = 0,77
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0
250
500
750
1000
-1
KCl (mg L )
0 mg L-1 de fosfato de sódio
250 mg L-1 de fosfato de sódio
500 mg L-1 de fosfato de sódio
1000 mg L-1 de fosfato de sódio
Figura 3. Comprimento da parte aérea de plântulas de amoreira-preta
´Cherokee´ em diferentes concentrações de cloreto de potássio e
fosfato de sódio. UFLA, Lavras, MG. 2004.
Y0 mgL-1 =-8.10-7x2 - 0,0007x +2,728 R2 =0,75
Y250mgL-1 =-4.10-6x2+0,0024x+2,92R2 =0,77
Número de brotos
244
5
Y500mgL-1 =10-6x2 - 0,0031x +3,399 R2 =0,98
4
3
2
1
0
0
250
500
750
KCl (mg L-1)
0mg L-1de fosfato de sódio
1000
250mg L-1de fosfato de sódio
500mg L-1de fosfato de sódio
Figura 4. Peso fresco de calos de plântulas de amoreira-preta
´Cherokee´ em diferentes concentrações de cloreto de potássio e
fosfato de sódio. UFLA, Lavras, MG. 2004.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Y 0 mg L-1 = 6.10-7x2 - 0,0011x + 1,313 R2 = 0,96
2,5
Peso fresco da
parte aérea (g)
Y 125 mg L-1 = 2.10-6x2 - 0,0015x + 1,429 R2 = 0,93
Y 250 mg L-1 = 2.10-6x2 - 0,0028x + 1,858 R2 = 0,71
2,0
Y 500 mg L-1 = 7.10-7x2 - 0,0012x + 1,291 R2 = 0,93
1,5
1,0
0,5
0,0
0
250
500
750
1000
-1
KCl (mg L )
0 mg L-1 de fosfato de sódio
125 mg L-1 de fosfato de sódio
250 mg L-1 de fosfato de sódio
500 mg L-1 de fosfato de sódio
Figura 5. Peso fresco da parte aérea de plântulas de amoreira-preta
´Cherokee´ em diferentes concentrações de cloreto de potássio e
fosfato de cálcio. UFLA, Lavras, 2004.
Conclusões
O número de brotos e o comprimento da parte aérea das plântulas foi
menor em função de maiores concentrações de cloreto de potássio.
Melhores resultados foram obtidos na ausência de KCl e na presença
de fosfato de sódio, principalmente para comprimento e peso fresco da
parte aérea e peso fresco de calos.
245
246
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
ANTUNES, L.E.C. Aspectos fenológicos, propagação e conservação
pós-colheita de frutas de amoreira-preta (Rubus spp) no sul de Minas
Gerais. Tese (Doutorado em Agronomia, Fitotecnia), 129 p., 1999,
UFLA, MG.
FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows
versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA
SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos.
Anais... São Carlos: UFSCar. 2000. p.225-258.
GAMBORG, O.L.; MILLER, R.A.; OJIMA, K. Nutrition requirements of
suspension cultures of soybean root cells. Experimental Cellular
Research, n.50, p.151-158, 1968.
KNUDSON, L. A new nutrient solution for the germination of orchid
seed. American Orchid Society Bulletim, v.14, p. 214-217, 1946.
WHITE, P.R. A handbook of plant tissue culture. Lancaster, The
Jacques Cattell Press. 1963.
Micropropagação de Amoreira-preta
´Cherokee´
III. Efeito de Cinetina e Meios de Cultura
Leila Aparecida Salles Pio
Fabiola Villa
Leonardo Ferreira Dutra
Grazielle Sales Teodoro
Moacir Pasqual
Introdução
A multiplicação in vitro permite a obtenção de milhares de plantas
isentas de vírus, geneticamente uniformes e em curto espaço de
tempo (Pasqual et al., 1991). Embora alguns métodos tradicionais
sejam comumente usados, a técnica de cultura de tecidos juntamente
com o uso de reguladores de crescimento e meios adequados podem
eventualmente tornar-se um método preferido de propagação
(Caldwell, 1984).
Dentre os diversos reguladores de crescimento as citocininas
desempenham papel importante, sendo o tipo e sua concentração os
principais fatores que influenciam o sucesso da multiplicação in vitro.
O BAP é a citocinina mais utilizada, entretanto, a cinetina tem
apresentado resultados satisfatórios.
Os meios nutritivos utilizados na micropropagação fornecem as
substâncias essenciais para o crescimento dos tecidos e controlam,
em grande parte, o padrão de desenvolvimento in vitro. Embora o meio
MS (1962) tenha favorecido o crescimento e desenvolvimento de
várias espécies, a utilização de composições mais diluídas têm
fornecido melhores respostas (Grattapaglia e Machado, 1998).
248
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O presente trabalho teve como objetivo determinar a melhor
concentração de cinetina e tipo de meio para a multiplicação in vitro de
plântulas de amoreira-preta.
Material e Métodos
Segmentos nodais de amoreira-preta, cultivar Cherokee, com cerca de
2 cm, foram excisados de plântulas preestabelecidas in vitro, em meio
MS, sem reguladores de crescimento. Os explantes foram inoculados
em tubo de ensaio contendo 15 ml dos meios Knudson (1946), ½
Knudson, B5 (Gamborg et al., 1968) e White (1963) combinados com
cinco concentrações de cinetina (0; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1). Os
meios tiveram o pH ajustado em 5,8 antes da autoclavagem e foram
solidificados com 6 g L-1 de ágar. Posteriormente os explantes foram
transferidos para sala de crescimento a 27±1 OC, irradiância de 35
mmol m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 horas, permanecendo nestas
condições por 60 dias.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualisado
com quatro repetições constituídas de quatro tubos contendo um
explante cada. As variáveis analisadas foram número de folhas,
número de brotos, comprimento e peso da parte aérea, presença de
raízes e peso fresco de calos. Os resultados foram submetidos à
análise de variância com o software SISVAR (Ferreira, 2000), sendo
utilizado regressão polinomial para concentrações de cinetina e teste
de Tukey para tipos de meio.
Resultados e Discussões
Maior média de brotos foi verificada em meio B5, enquanto que, para
comprimento dos brotos, os meios B5, ½ Knudson e Knudson não
diferiram estatisticamente (Tabela 1). Com o aumento das
concentrações de cinetina, o número de folhas aumentou, sendo o
maior número de folhas (9,45) observado com 4,31 mg L-1 do
regulador de crescimento (Figura 1).
A multiplicação de brotos ocorreu apenas nos tratamentos que
continham cinetina associada aos meios B5 e Knudson (Figura 2).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Houve pouca ou nenhuma formação do sistema radicular dos explantes
inoculados no meio White. Maior número de brotos (1,75 e 1,44) foi
observado com 4 mg L-1 de cinetina nos meios B5 e ½ Knudson,
respectivamente.
Tabela 1. Número de folhas, comprimento e peso fresco da parte aérea
de plântulas de amoreira-preta Cherokee em diferentes tipos de meio.
UFLA, Lavras, MG. 2004.
Meio
Número de
Peso fresco da
Comprimento da
folhas
parte áerea (g)
parte aérea (cm)
B5
8,71 a
0,76 a
2,02 a
½ Knudson
7,66 b
0,75 b
1,99 a
Knudson
7,19 b
0,74 b
2,04 a
White
4,42
c
0,73
c
1,61 b
Maior peso fresco da parte aérea (0,752 g) foi obtido com 4 mg L-1 de
cinetina. Porém, com o aumento das concentrações desse regulador
houve decréscimo no peso fresco da parte aérea. É possível que essa
redução no tamanho dos brotos seja devido ao efeito tóxico causado
pelo excesso de citocinina.
Número de folhas
10
8
6
Y = 0,0639x2 + 0,551x + 5,89 R2 = 0,98
4
2
0
0
1
2
3
4
Cinetina (mg L-1)
Figura 1. Número de folhas em plântulas de amoreira-preta, cultivar
Cherokee, com diferentes concentrações de cinetina. UFLA, Lavras,
MG, 2004.
249
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
2,0
2
2
Y = 0,0481x - 0,0356x + 1,11 R = 0,83
1,8
Número de brotos
250
1,6
1,4
1,2
1,0
0,8
2
2
Y = 0,0297x - 0,0254x + 1,08 R = 0,91
0,6
0,4
0,2
0,0
0
1
2
3
4
-1
Cinetina (mg L )
Figura 2. Número de brotos em plântulas de amoreira-preta, cultivar
Cherokee, com diferentes concentrações de cinetina e tipos de meio.
UFLA, Lavras, MG, 2004.
A formação de calos ocorreu apenas em meio B5 nas diferentes
concentrações de cinetina. Possivelmente, a concentração de
nutrientes presente nesse meio associada à cinetina é suficiente para
que o calo se desenvolva.
Conclusões
Maior média de brotos foi verificada em meio de cultura B5.
A multiplicação de brotos ocorreu apenas nos tratamentos que
continham cinetina associada aos meios de cultura B5 e Knudson.
Houve pouca ou nenhuma formação do sistema radicular nos
tratamentos que continham o meio White.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Referências Bibliográficas
CALDWELL, J.D. Blackberry propagation. HortScience, Alexandria,
19(2), p. 13-15, 1984.
FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows
versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA
SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos.
Anais... São Carlos: UFSCar. 2000. p. 225-258.
GAMBORG, O.L.; MILLER, R.A.; OJIMA, K. Nutrition requirements of
suspension cultures of soybean root cells. Experimental Cellular
Research, n.50, p.151-158, 1968.
GRATTAPAGLIA, D.; ASSIS, T.F.; CALDAS, L.S. Efeito residual de
BAP (6-benzilaminopurina) e NAA (ácido naftaleno acético) na
multiplicação e enraizamento in vitro de Eucalyptus. In: SIMPÓSIO
NACIONAL DE CULTURA DE TECIDOS VEGETAIS, 2., 1987, Brasília,
DF. Resumos... Brasília, 1987, p.8.
KNUDSON, L. A new nutrient solution for the germination of orchid
seed. American Orchid Society Bulletim, v. 14, p. 214- 217, 1946.
MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and
bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum,
Copenhagen, v.15, n.3, p.473-497, 1962.
PASQUAL, M.; PEIXOTO, P.H.P.; SANTOS, J.C. dos; PINTO, J.E.B.P.
Propagação in vitro da amora-preta (Rubus sp.) cv. Ébano: uso de
reguladores de crescimento. Ciência e Prática, Lavras, 15(3), p. 282286, 1991.
WHITE, P.R. A handbook of plant tissue culture. Lancaster, The
Jacques Cattell Press. 1963.
251
252
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Efeito do Filme de Polietileno e do
Resveratrol na Conservação Pós-colheita de
Amora-preta
Marcelo Barbosa Malgarim
Emerson Dias Gonçalves
Renato Trevisan
Nara Cristina Ristow
Fernando Rufino Flores Cantillano
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Introdução
A amora preta (Rubus spp.) apresenta um período de armazenamento
curto (Perkins-Veazie et al., 1997). Segundo Kluge et al., (1997) a
amora preta pode ser armazenada por 3 dias com temperatura de -0,5
a 0 OC, com UR de 90-95%, porém, quando acondicionadas em filme
plástico, podem ser armazenadas por até 12 dias. A cultivar Tupi é
uma das mais plantadas no Brasil e outros países como o México,
devido a sua aptidão natural para o consumo in natura.
A intensidade da perda de peso pelo processo transpiratório tem
importância substancial durante a comercialização da fruta, pois em
alguns casos, altas perdas de peso podem resultar no murchamento e
perda de consistência, com redução na qualidade (Awad, 1993). Os
métodos que devem ser utilizados para minimizar as perdas póscolheita de frutas incluem a elevação da umidade relativa do ar e
redução da temperatura bem como o acondicionamento da fruta em
materiais plásticos, que favorecem a elevação da umidade relativa do
ar que circunda a fruta (Gorris & Peppelenbos, 1992).
No Rio Grande de Sul, ocorrem problemas fitossanitários com podridão
dos frutos, causada pelo fungo denominado Botrytis cinerea. O
conhecimento da fisiologia pós-colheita do fruto é de grande
importância para a ampliação do tempo de armazenamento, sem,
254
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
contudo alterar suas características físicas, organolépticas e
nutricionais (Abreu et al., 1998). Um dos principais problemas que
ocorrem com frutas de pequeno porte é a perda de água, o que
acarreta a perda de peso e a depreciação da qualidade do produto
proporcionando a ocorrência de podridões.
O resveratrol é um composto fenólico natural que na aplicação
exógena, apresenta características antifúngicas e propriedades
antioxidantes que podem trazer efeitos benéficos na conservação dos
frutos (Souto, 2003).
Este experimento objetivou verificar a qualidade da amora preta cv.
Tupi submetida à atmosfera modificada e resveratrol.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no laboratório de Pós-colheita e Tecnologia
de alimentos, e nas câmaras frigoríficas da Embrapa Clima Temperado,
Pelotas, RS, Brasil.
As frutas avaliados foram da cultivar Tupi, provenientes da Embrapa
Clima Temperado. Após a colheita realizada no estádio de maturação
maduro, foram selecionadas e colocadas em bandejas de plástico com
250g de fruta cada. Os tratamentos foram: T1- testemunha (sem filme
e sem resveratrol); T2- filme (filme de polietileno com 3m de espessura
da parede); T3- resveratrol; T4- filme + resveratrol.
As frutas foram armazenadas durante 9 dias em câmara fria, a
temperatura de 0 OC± 1 OC e a umidade relativa de 90 a 95%. Após o
armazenamento, as frutas foram submetidas à temperatura ambiente
de 8 OC, por 48 horas, simulando o período de comercialização.
Na colheita e após o armazenamento seguido de comercialização
simulada, foram avaliadas as 250g de frutas por repetição, num total
de quatro repetições por tratamento. As variáveis analisadas foram: a)
perda de peso expressa em porcentagem; b) pH; c) sólidos solúveis
totais (SST) determinados através de refratometria, expressando-se o
resultado em OBrix; d) acidez total titulável (ATT), expressa em % de
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
ácido málico; e) relação SST/ATT; f) incidência de podridões em
porcentagem. Após a analise da variância as médias foram
comparadas pelo teste Duncan (p < 0,05).
Resultados e Discussões
Ao analisar o efeito dos diferentes tratamentos em relação aos teores
de sólidos solúveis totais (SST), verificou-se que ocorreu diferença
estatística entre a testemunha e o tratamento com filme + resveratrol.
Os valores de SST, decresceram da testemunha para o tratamento
com filme + resveratrol (Tabela 1). Isto provavelmente ocorreu devido
a maior perda de peso por desidratação, a qual proporcionou a
concentração de açucares (Nunes et al., 1998). As propriedades
antioxidantes presente no resveratrol, pode ter interferido neste
resultado.
As variáveis acidez titulável total (ATT) e relação SST/ATT não
variaram significativamente entre os tratamentos. Quanto ao pH, as
frutas submetidas ao tratamento com resveratrol apresentaram valores
estatisticamente menores (Tabela 1). A ocorrência de podridões nos
diferentes tratamentos foi nula, demonstrando ser adequado o período
de armazenamento utilizado.
As frutas do tratamento testemunha e o tratamento com resveratrol
apresentaram os maiores valores de perda de peso e menores valores
nos tratamentos com a utilização de filmes (Figura 1). As menores
perdas de peso ocorreram devido à modificação da atmosfera, o que
possibilitou manter a qualidade comercial das frutas. Segundo SotoValdez & Mendonza-Wilson (1998), a utilização de filmes plásticos,
modifica a atmosfera ao redor das frutas, reduzindo a perda de água,
diminuindo a perda de peso das mesmas. Segundo Girardi et al.,
(2000), o uso de atmosfera modificada reduz a concentração de O2
disponível e aumenta a concentração de CO2, diminuindo a taxa
respiratória e o ritmo de sua senescência.
Conclusão
A amora preta cv. Tupi pode ser armazenada sob refrigeração com
utilização de filme de polietileno durante 11 dias.
255
256
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Para as condições descritas, não há necessidade do uso do resveratrol,
porém sugere-se novas pesquisas.
Referências Bibliográficas
ABREU, C.M.P.; CARVALHO, V.D. de; GONÇALVES, N.B. Cuidados
pós-colheita e qualidade do abacaxi para exportação. Informe
Agropecuário. Belo Horizonte, v.19, n.195, p.70-72, 1998.
AWAD, M. Fisiologia pós-colheita de frutos. São Paulo: Nobel, 1993.
114p.
GIRARDI, C.L.; ROMBALDI, C.V.; PARUSSOLO, A.; DANIELI, R.
Manejo pós-colheita de pêssegos cultivar Chiripá. 2000. 36p. (Circular
Técnica, 28).
GORRIS, L.G.M.; PEPPELENBOS, H.W. Modified atmosphere and
vacuum packaging to extend the shelf life of respiring food products.
Hortechnology, Alexandria, n.2, v.3, p.303-309, 1992.
KLUGE, R.A.; NACHTIGAL, J.C.; FACHINELLO, J.C.; BILHALVA, A.J.
Fisiologia e manejo pós-colheita de frutas de clima temperado. Pelotas:
Editora Universitária UFPEL, 1997. 163 p.
NUNES, M.C.N.; BRECHT, J.K.; MORAIS, A.M.M.B.; SARGENT, S.A.
Controlling temperature and water loss to maintain ascorbic acid levels
in strawberries during postharvest handling. Journal of Food Science,
Chicago, v.63, n.6, p.1033-1036, 1998.
PERKINS-VEAZIE, P.; COLLINS, J.K.; CLARK, J. R.; RISSE, L. Air
shipment of "Navajo" blackberry fruit to Europe is feasible.
HortSience. Alexandria, v.32, n.1, p.132. 1997.
SOUTO, A.A. Beneficios do vino a saúde. In: I Ciclo de palestras em
Vitivinicultura em Uruguaiana. Palestra/compilados pessoal,2003.
SOTO-VALDEZ, H.; MENDONÇA-WILSON, A.M. Permeabilidad al
oxígeno y al vapor de agua de películas utilizadas en el envase de
productos hortofrutíolas y cereales. Horticultura Mexicana, México,
v.6, n.2, p.81-90, 1998.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Tabela 1. Valores médios de sólidos solúveis totais (SST), acidez total
titulável (ATT), pH e Relação SST/ATT das frutas de amora-preta cv.
Tupi, na colheita e após 9 dias de armazenamento refrigerado (0±
05 OC e 90-95% de UR), mais 2 dias a 8 OC, utilizando filmes de
polietileno e resveratrol. Embrapa Clima Temperado. Pelotas/RS, 2004.
Tratamentos
SST
ATT
pH
Relação SST/ATT
1,13
2,99
8,54
9,15 a
0,93 a
3,09 a
8,08 a
Filme
8,70 ab
0,96 a
3,04 a
8,97 a
Resveratrol
8,59 ab
1,04 a
2,95 b
8,28 a
Filme + Resveratrol
8,45 b
0,93 a
3,02 a
9,04 a
*Colheita
9,66
Testemunha
As médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de
5% de significância;
* Dados referentes à caracterização logo após a colheita
Perda de Peso (%)
5
4
a
b
3
2
1
c
c
0
T1
T2
T3
T4
Figura 1. Perda de peso (%) de amora preta cv. Tupi submetida aos
seguintes tratamentos: T1- testemunha; T2- filme; T3- resveratrol; T4filme + resveratrol. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre
si pelo teste de Duncan (p<0,05).
257
258
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Filmes de Polietileno na Conservação Póscolheita de Amora-preta CV. Cherokee em
Ambiente Refrigerado
Marcelo B. Malgarim
Eduardo R. Franchini
Nara C. Ristow
Enilton F. Coutinho
Fernando Rufino F. Cantillano
Nicácia P. Machado
Introdução
A amora preta (Rubus spp.) possui características que a tornam uma
fruta extremamente perecível (Morris et al., 1981). Apresenta um
período de armazenamento relativamente curto, de aproximadamente
sete dias (Perkins-Veazie et al., 1997).
Um dos principais problemas que ocorrem com frutas de pequeno
porte é a perda de água, em decorrência de sua grande área de
exposição, em relação ao seu volume, o que acarreta a perda de peso
e a depreciação da qualidade do produto. De acordo com Smock &
Neubert (1950), a perda de água em tecidos vivos é denominada
transpiração. A intensidade da perda de peso pelo processo
transpiratório tem importância substancial durante a comercialização
da fruta, pois em alguns casos, altas perdas de peso podem resultar
no murchamento e perda de consistência, com redução na qualidade
(Porrit, 1974; Woods, 1990; Awad, 1993).
Os métodos, que devem ser utilizados para minimizar as perdas de
peso das frutas, incluem a elevação da umidade relativa do ar (UR) e
redução da temperatura bem como o acondicionamento da fruta com
260
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
materiais plásticos, que favorecem a elevação da umidade relativa do
ar, que circunda a fruta (Handerburg et al., 1986; Gorris &
Peppelenbos, 1992).
Segundo Kluge et al., (1997) a amora preta pode ser armazenada por
três dias entre -0,5 e 0OC, com UR de 90-95%, porém, quando acondicionadas em filme plástico, podem ser armazenadas por até 12 dias.
O trabalho objetivou avaliar a conservação pós-colheita de amora-preta
cv. Cherokee, utilizando-se diferentes modificadores da atmosfera de
armazenamento.
Material e Métodos
O experimento foi realizado nos laboratórios de Pós-colheita e
Tecnologia de Alimentos, e nas câmaras frigoríficas da Embrapa Clima
Temperado, Pelotas, RS, Brasil.
Utilizaram-se amoras da cv. Cherokee, provenientes do pomar
localizado na Embrapa Clima Temperado. Após a colheita realizada no
estádio de maturação maduro, as frutas foram selecionadas e
colocadas em bandejas de polipropileno com capacidade para 250g.
Os tratamentos foram T1- testemunha; T2- filme de polietileno
microperfurado com 3mm de espessura; T3- filme de polietileno não
perfurado com 3mm de espessura. As frutas foram armazenadas
durante 9 dias a temperatura de 0 O±0,5 OC e a umidade relativa de
90 a 95%, e posteriormente, submetidas à simulação de comercialização (armazenamento durante um dia a 20 O ± 1 OC e UR de 75 a
80%). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado com 3 repetições de 250 gramas de amora por
tratamento. As variáveis analisadas foram: a) perda de peso, expressa
em porcentagem; b) pH; c) sólidos solúveis totais (SST) determinados
através de refratometria, com correção de temperatura, expressandose o resultado em OBrix; d) acidez total titulável (ATT), expressa em %
de ácido málico; e) relação SST/ATT; f) porcentagem de podridões.
Após a analise da variância as médias foram comparadas pelo teste de
Scheffé (p < 0,05).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Resultados e Discussões
Analisando-se o efeito dos diferentes tratamentos nos teores de
sólidos solúveis totais (SST), verifica-se que os frutos do T1
(testemunha) apresentaram valor, significativamente maior que os do
T3 (filme não perfurado) (Tabela 1). Isto provavelmente ocorreu devido
a maior perda de peso por desidratação dos frutos da testemunha, a
qual proporcionou a concentração de açucares (Nunes et al., 1998).
Não foram observadas diferenças entre os tratamentos com relação a
ATT. A porcentagem de podridões entre os tratamentos não diferiu
significativamente, sendo os valores dos mesmos muito baixos, o que
indica que as condições e o período de armazenamento são
adequados. Os frutos oriundos do T3 (filme não perfurado)
apresentaram valores de pH e SST/ATT significativamente mais
baixos, que os do T2 (filme perfurado).
A perda de peso foi significativamente maior no T1 (testemunha),
seguido do T2 (filme perfurado) e menor no T3 (filme não perfurado),
demonstrando que à modificação da atmosfera pela utilização de filmes
plásticos ao redor de frutos diminui significativamente a perda de peso
(Figura 1), o que também foi verificado por (Soto-Valdez & MendonzaWilson 1998).
Conclusão
A Amora-preta "Cherokee" é melhor conservada sob refrigeração
durante 10 dias quando utiliza-se filme de polietileno não perfurado
com 3mm de espessura.
Referências Bibliográficas
AWAD, M. Fisiologia pós-colheita de frutos. São Paulo: Nobel, 1993.
114p.
GORRIS, L.G.M.; PEPPELENBOS, H.W. Modified atmosphere and
vacuum packaging to extend the shelf life of respiring food products.
Hortechnology, Alexandria, n.2, v.3, p.303-309, 1992.
261
262
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. The commercial
storage of Fruits, vegetables, and florist, and mursery stoctks. USDA,
1986. 130p.
KLUGE, R.A.; NACHTIGAL, J.C.; FACHINELLO, J.C.; BILHALVA, A. J.
Fisiologia e manejo pós-colheita de frutas de clima temperado. Pelotas:
Editora Universitária UFPEL, 1997. 163 p.
NUNES, M.C.N.; BRECHT, J.K.; MORAIS, A.M.M.B.; SARGENT, S.A.
Controlling temperature and water loss to maintain ascorbic acid levels
in strawberries during postharvest handling. Journal of Food Science,
Chicago, v.63, n.6, p.1033-1036, 1998.
PERKINS-VEAZIE, P.; COLLINS, J.K.; CLARK, J. R.; RISSE, L. Air
shipment of "Navaho" blackberry fruit to Europe is feasible.
HortSience. Alexandria, v.32, n.1, p.132. 1997.
PORRIT, S.W. Commercial storage of fruits and vegetables, Otawa,
Agriculture Canada, 1974. 56p.
SMOCK, R.M.; NEUBERT, M.A. Chemical changes and physiology of
apple fruit after harvest. Apples and apple products. New York,
Interscience, v.2, p.95-105. 1950.
SOTO-VALDEZ, H.; MENDONÇA-WILSON, A.M. Permeabilidad al
oxígeno y al vapor de agua de películas utilizadas en el envase de
productos hortofrutíolas y cereales. Horticultura Mexicana, México,
v.6, n.2, p.81-90, 1998.
WOODS, J.L. Moisture loss from fruits and vegetables Postharvest
News and Information, Wellingford, v.1, n.3, p.195-199, 1990
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Tabela 1. Sólidos solúveis totais (SST), acidez titulável total (ATT),
SST/ATT, pH e incidência de podridões em amoras, cv. Cherokee,
após 9 dias de armazenamento refrigerado (0±05OC e 90-95% de
UR), mais 1 dia a 20OC, utilizando diferentes filmes de polietileno.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2003.
SST
(ºBrix)
Tratamentos
T 1- Testemunha
ATT
SST/ATT
(%ác.malico)
pH
Podridão
(%)
9,25 a
1,10 a
8,49 ab
3,24 ab
0,31 a
T 2- Microperfurado
8,35 ab
0,92 a
9,33 a
3,43 a
0,93 a
T 3- Não-perfurado
6,45 b
1,20 a
5,73 b
3,19 b
0,93 a
As médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de
5% de significância pelo teste de Scheffé.
Perda de Peso (%)
10
a
8
6
b
4
2
c
0
T1
T2
T3
Figura 1. Perda de peso (%) em amoras, cv. Cherokee, após 9 dias de
armazenamento refrigerado (0±05 OC e 90-95% de UR), mais 1 dia a
20 OC, utilizando diferentes filmes de polietileno (T1- Testemunha; T2Microperfurado; T3- Não-perfurado). Embrapa Clima Temperado,
Pelotas/RS, 2003.
263
264
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Efeito da Lesão Basal e do Ácido
Indolbutírico no Enraizamento de Estacas
Herbáceas de Quatro Cultivares de Mirtilo
Américo Wagner Júnior
Rodrigo Cezar Franzon
Marcelo Couto
Maria do Carmo Bassols Raseira
Introdução
O mirtilo é uma espécie frutífera de clima temperado que apresenta
grande importância comercial em países da Europa e nos Estados
Unidos (França, 1991). No Brasil, as áreas de cultivo de mirtilo ainda
são incipientes, sendo as dificuldades técnicas de propagação os
principais fatores que restringem a viabilização e expansão desta
espécie (Embrapa, 1991). A propagação é basicamente realizada
através de estaquia, proporcionando resultados insatisfatórios e
variáveis em algumas cultivares (Mainland, 1966).
O uso de fitorreguladores em estacas de mirtilo pode proporcionar
enraizamento mais rápido e com percentuais mais elevados. A
resposta ao ácido indolbutírico (AIB) é variável de acordo com a
cultivar (Mainland, 1966; Camargo et al., 1998).
A realização de lesões na base das estacas pode, também, aumentar o
índice de enraizamento, pois, faz com que haja maior absorção de
água e de reguladores de crescimento, aumentando assim, sua
eficiência. Por outro lado, as lesões permitem que haja o rompimento
da barreira física exercida pelos anéis do esclerênquima, a qual pode
até mesmo impedir a emergência das raízes, principalmente em
estacas lenhosas (Fachinello et al., 1995). Segundo Crocker et al.
266
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
(1979) o enraizamento de mirtilo, tipo rabbiteye é aumentado quando
é retirada uma porção da casca na base da estaca, seguida de
tratamento com 1000 mg.L-1 de AIB, em imersão rápida.
Este trabalho teve como objetivo verificar o efeito da lesão basal e do
ácido indolbutírico no enraizamento de estacas herbáceas de quatro
cultivares de mirtilo.
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido na Embrapa Clima Temperado, Pelotas (RS),
em casa de vegetação, em janeiro de 2002. Foram utilizadas estacas
herbáceas das cultivares de mirtilo ´Delite´, ´Climax´, ´Woodard´ e
´Bluegem´. As estacas foram preparadas em tamanho padrão de 12
cm e diâmetro médio de 4 mm, mantendo-se as duas folhas
superiores, cortadas ao meio.
Os tratamentos, que consistiram de diferentes tipos de lesões na parte
basal das estacas, com ou sem a utilização do ácido indol-3-butírico
(AIB) (2000 mg.L-1), foram os seguintes: estacas herbáceas sem lesão
na parte basal, com AIB (T1); estacas herbáceas com corte na parte
basal em bisel, com AIB (T2); estacas herbáceas com duas lesões
superficiais na parte basal, em lados opostos, retirando-se uma porção
da casca de cerca de dois milímetros de largura por 2,5 cm de
extensão, com AIB (T3); estacas herbáceas sem lesão na parte basal,
sem AIB (T4); estacas herbáceas com corte na parte basal em bisel,
sem AIB (T5); estacas herbáceas com duas lesões superficiais na parte
basal, em lados opostos, retirando-se uma porção da casca de cerca
de dois milímetros de largura por 2,5 cm de extensão, sem AIB (T6).
As estacas (± 2cm da base) foram imersas, por 5 segundos, em
solução de água: álcool etílico 96 O(1:1), com ou sem adição de AIB
(2000 mg.L-1). Após, foram enterradas, verticalmente, quase na
totalidade, exceto pelas duas folhas superiores, em bandejas plásticas
com dimensões de 30 x 48 x 15 cm, contendo areia grossa
autoclavada como substrato, e mantidas por 132 dias em casa-devegetação.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Foram avaliadas as seguintes variáveis: porcentagem de estacas
enraizadas (%), número médio de raízes por estaca e comprimento
médio de raízes por estaca (cm). Foi utilizado o delineamento em
blocos casualizados, com cinco repetições, sendo cada repetição
constituída por cinco estacas, perfazendo-se um total de 600 estacas.
Os resultados foram submetidos à análise de variância e comparação
de médias pelo teste de Duncan (µ = 0,05). Os dados referentes à
variável porcentagem de estacas enraizadas foram transformados em
arco seno x / 100 e, o n° médio de raízes por estaca para x + 1 ,
onde x representa os valores obtidos para cada variável na avaliação.
Resultados e Discussões
De acordo com o teste de F, para a variável porcentagem de estacas
enraizadas, não houve diferenças estatísticas significativas para
cultivares, tratamentos ou interação destes. As porcentagens médias
de enraizamento nas diferentes cultivares foram: ‘Bluegem’ (66%),
seguida das cultivares ´Climax´ (56%), ´Woodard´ (54%) e ´Delite´
(45%). Segundo França (1991) na multiplicação por estacas de mirtilo
tem-se obtido, de modo geral, percentuais próximos a 50% de
enraizamento.
Santos (2003) descreve que o ambiente ideal para o enraizamento de
estacas de mirtilo deve ser próximo a 100% de umidade, evitando-se
assim sua desidratação. Não obstante, supõe-se que a vazão dos
aspersores junto com sua freqüência de funcionamento tenha sido
demasiada, causando excesso de umidade, podendo assim, ter
interferido negativamente nas porcentagens de estacas enraizadas.
Com relação às variáveis número médio de raízes por estaca e
comprimento médio de raízes por estaca, houve diferenças
significativas entre as cultivares analisadas (Tabela 1). Já em relação
aos tratamentos e a interação (Cultivares x Tratamentos), não houve
diferenças significativas.
267
268
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 1. Número e comprimento médio de raízes por estaca herbácea,
de quatro cultivares de mirtilo, submetidas a seis diferentes
tratamentos. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2002.
Comprimento
Número médio de raízes
Cultivares
médio de raízes
por estaca (cm)
por estaca (cm)
Delite
3,15 b*
1,43 b*
Bluegem
4,54 a
2,13 a
Climax
3,08 b
1,65 ab
Woodard
4,43 a
1,21 b
CV (%)
28,21
63,81
*Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas, nas colunas, não diferem
entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.
As cultivares ´Bluegem´ e ´Woodard´ proporcionaram os melhores
resultados quanto ao número médio de raízes, não diferindo
estatisticamente entre si. Segundo Nachtigall et al. (1994) a formação
de raízes adventícias em estacas depende de muitos fatores. Dentre
estes, o balanço hormonal é de grande importância e o uso de
fitorreguladores, visando estabelecer um equilíbrio favorável ao
enraizamento, é uma prática largamente adotada.
No presente trabalho, o AIB não teve efeito sobre a formação de raízes
adventícias. Resultados semelhantes foram obtidos por Couvillon &
Pokorny (1968), trabalhando com estacas semilenhosas da parte
terminal dos ramos do cv. ´Woodard´. Segundo Fachinello et al.
(1995), em muitas espécies, as folhas e gemas apicais são fontes de
auxinas, fornecendo-as em quantidade suficiente para iniciação
radicular podendo, até mesmo, dispensar o uso de fitorreguladores.
Assim, supõe-se que os níveis de auxinas endógenas presentes nas
estacas herbáceas durante a época de coleta foram suficientes para
formação das raízes.
Quanto ao comprimento médio de raízes por estaca, obteve-se os
melhores resultados com as cultivares ´Bluegem´ e ´Climax´.
Entretanto, a cultivar ´Climax´ não diferiu estatisticamente das
cultivares ´Delite´ e ´Woodard´ (Tabela 1).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
O fato de não ter havido diferenças entre os tratamentos quanto ao
número médio de raízes, pode ser devido à utilização de areia grossa
como substrato, por um período longo, acarretando a falta de
nutrientes para o maior desenvolvimento das raízes formadas, já que
não foi utilizado qualquer tipo de solução nutritiva para irrigação das
estacas. Resultados semelhantes foram obtidos por Nachtigall et al.
(1998), quando testaram o efeito do AIB no enraizamento de estacas
de mirtilo, cultivar ´Delite´.
Conclusão
Os diferentes tipos de lesões, com a aplicação do ácido indolbutírico,
não influenciaram no enraizamento e no desenvolvimento do sistema
radicular das estacas herbáceas das quatro cultivares de mirtilo
estudadas.
A cultivar ´Bluegem´ apresentou os melhores resultados quanto ao
número e comprimento médio de raízes por estaca, bem como
percentagem de estacas enraizadas (66%).
Referências Bibliográficas
CAMARGO, J.T.; CAMELATTO, D.; NACHTIGALL, G.R. et al.
Enraizamento de estacas semilenhosas de mirtilo (Vaccinium ashei,
Read) cv. Powderblue. Revista Agropecuária Clima Temperado,
Pelotas, RS. v.1, n.1, p.41-45. 1998.
COUVILLON, G.A.; POKORNY, F.A. Photoperiod, indolebutyric acid
and type of cutting wood as factors in rooting of rabbiteye blueberry
(Vaccinium ashei Read) cv. Woodard. HortScience, Alexandria, v.3,
n.2, p.74-75. 1968.
CROCKER, T.E.; LYRENE, P.M.; ANDREWS, C.P. Fruit crops fact
sheet: the blueberry. Gainesville, University Fainesville of Florida,
1979, 4p.
269
270
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Fruteiras de Clima
Temperado (Pelotas - RS). Relatório Técnico - 1980 a 1990. Pelotas.
Embrapa - CNPFT, 1991. 125p.
FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGALL, J.C. et al.
Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. Pelotas: Ed. e
Gráfica Universitária, UFPel, 1995. 179p.
FRANÇA, S. Mirtilo: uma doce e rendosa novidade. Manchete Rural,
Rio de Janeiro, n.46, p.32-34. 1991.
MAINLAND, C.M. Propagation and planting. In: ECK, P.; CHILDERS,
N.F. Blueberry culture. New Brunswick: Rutgers University Press,
1966. p.111-131.
NACHTIGALL, J.C.; HOFFMANN, A.; KLUGE, R.A. et al Enraizamento
de estacas semilenhosas de araçazeiro (Psidium cattleyanum Sabine)
com o uso do ácido indolbutírico. Revista Brasileira de Fruticultura,
Cruz das Almas, v.16, n.1, p.229-235. 1994.
NACHTIGALL, G.R.; CAMELATTO, D.; CAMARGO, J.T. et al. Efeito
do ácido indolbutírico no enraizamento de estacas de mirtilo
(Vaccinium ashei, Read) cv. Delite. Revista Agropecuária Clima
Temperado, Pelotas, RS. v.1, n.1. p.29-33. 1998.
SANTOS, A.M. Pequenas frutas: Novas alternativas de diversificação
com fruticultura em pequenas propriedades. In: VI Enfrute - Encontro
Nacional sobre fruticultura de clima temperado. Fraiburgo, SC. Anais.
p.1-14. 2003.
Germinação in vitro, do Pólen de Diferentes
Cultivares de Mirtilo
Elisia Rodrigues Corrêa
Rodrigo Cezar Franzon
Renato Trevisan
Emerson Gonçalves
Maria do Carmo Bassols Raseira
Introdução
A região Sul do Brasil tem grande potencial para a produção de
pequenas frutas, destacando-se o mirtilo. Esta espécie apresenta alta
rentabilidade, devido à baixa utilização de insumos e, até o momento,
facilidade de produção limpa, resguardando o ambiente e a segurança
alimentar. Um outro aspecto importante desta fruta, refere-se às
propriedades nutracêuticas, conferidas pela presença de substâncias
com poder antioxidante, as quais atuam na prevenção de doenças
cardiovasculares, alguns tipos de câncer, melhoria de visão noturna e
retardamento do envelhecimento de células (SANTOS & RASEIRA,
2002).
A Embrapa Clima Temperado foi pioneira na introdução desta cultura
no Brasil e tem efetuado pesquisas, tanto no que se refere ao
melhoramento genético, como as práticas culturais.
Cultivares de mirtilo do grupo "rabitteye" adaptaram-se bem às
condições do Sul do Brasil entretanto, as pesquisas com esta espécie
são incipientes e as primeiras hibridações apenas começam a ser
feitas. Com o intuito de auxiliar o programa de melhoramento, alguns
estudos sobre pólen e testes de viabilidade dos mesmos estão sendo
realizados.
Dados sobre viabilidade e o desenvolvimento fisiológico de grão de
pólen são fundamentais para os trabalhos de biologia reprodutiva e
272
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
melhoramento genético, pois permitem obter maior sucesso em
cruzamentos, realizados com a finalidade de gerar novas seleções e/ou
aumentar a variabilidade genética.
Dentre os fatores que afetam a germinação do pólen in vitro, citam-se
período de coleta, método de coleta e estádio de desenvolvimento da
flor (GALLETTA, 1983).
O objetivo deste trabalho foi determinar o estádio floral ideal, o
método de coleta e armazenamento adequado para obtenção e
conservação de polens viáveis, das diferentes cultivares de mirtilo.
Material e Métodos
Os trabalhos foram conduzidos no Laboratório de Melhoramento
Genético, na Embrapa Clima Temperado, Pelota(RS).
Experimento 1: Durante a floração de 2002, pólen das cultivares
Delite, Clímax e Seleção 2, foram coletados de flores em estádio de
balão ou de flores abertas. Para completa deiscência das anteras, os
materiais foram colocados em pequenas bandejas de papel e deixados
a uma temperatura entre 20 e 25 OC, durante 72hs. Após este período,
os polens e as anteras, foram colocados em frascos de vidro
tamponados com algodão e armazenados em freezer a -18 OC, em
dessecador, com solução higroscópica.
O meio de cultura utilizado foi o meio padrão, preparado com 1g de
agar, 100ml de água destilada e 10g de açúcar, o qual foi colocado,
em lâminas modificadas (NAKASU & RASEIRA, 2002) Com auxílio de
um pincel, o pólen de cada cultivar foi aspergido sobre a superfície das
lâminas contendo meio de cultura. Posteriormente, as mesmas foram
colocadas em câmara úmida, simulada, usando-se placas de Petri com
papel filtro umedecido e levadas para estufa BOD, com temperatura de
25 OC, permanecendo por um período de 5 e 24hs.
Avaliou-se a porcentagem de grãos de pólen germinados, sob
microscópio óptico, utilizando-se contador manual.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três
fatores (cultivares, estádio de coleta do pólen e tempo de leitura) e
três repetições sendo os resultados submetidos à análise de variância.
Os dados referentes à porcentagem de germinação do pólen foram
transformados segundo arco sen da raiz quadrada de x/100.
Teste de conservação (Experimento 2), no ano de 2003, observou-se
que os polens da floração de 2002, os quais haviam sido armazenados
juntamente com as anteras, ficavam aderidos às paredes do tubo,
ficando difícil retirá-los, tornando-se impossível realizar teste de
viabilidade deste. A partir desta observação, foram coletados pólens
de flores recém abertas e de botões florais no estádio de balão de três
cultivares e uma seleção (Bluebelle, Clímax e Seleção 8). Seguiu-se a
mesma metodologia descrita anteriormente, porém após coletado os
polens, somente estes (livres das anteras), foram colocados em
frascos de vidro tamponados com algodão e armazenados em freezer a
-18 OC, em dessecador, com solução higroscópia.
Utilizando-se o pólen, sem anteras, as diferenças entre pólen
proveniente de flor aberta ou balão foram pequenas. Assim as
amostras foram coletadas em um mesmo frasco (flor aberta +balão)
para testar a conservação. Foi avaliada a porcentagem de germinação
antes do armazenamento em freezer e após oito meses.
Resultados e Discussões
Experimento 1: Analise estatisca não mostrou diferença significativa
entre cultivares. Não houve interação significativa entre cultivares e
tempo de leitura, cultivares estádio de coleta de pólen nem entre os
três fatores estudados.
A germinação do pólen de flor aberta (46,90%) foi superior ao pólen
de botões florais em estádio de balão (7,15%). Houve diferença
significativa quanto ao tempo de leitura 5hs(16,35%) e 24hs (32,9%).
(Tabela 1).
273
274
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 1. Médias de percentagem de germinação de pólen de três
cultivares de mirtilo em diferentes estádios de flor e diferentes horas
de leitura.
Estádio da Flor
H ora de leitura
A berta
Balão
5hs
24hs
C lím ax
42,3
6,46
11,73
33,41
D elite
52,4
6,67
19,52
33,16
Seleção2
46,0
8,33
17,82
32,13
46,90
7,15
16,35
32,90
M ÉD IA
Experimento 2: Na tabela 2, são apresentadas as porcentagem de
germinação do pólen de mirtilo antes e após oito meses de
armazenamento. Como pode ser constatado, as amostras das duas
cultivares e da seleção 8, mantiveram viabilidade em bom nível.
Tabela 2. Médias de percentagem de germinação de pólen, de três
cultivares de mirtilo, armazenados durante 8 meses.
09/2003
Média (A/B)
05/2004
Aberta
Balão
Bluebelle
70,5
61,5
66
76,5(*)
Seleção 8
88
73
80,5
64
Clímax
85
91,5
88,25
68
(*) A porcentagem de germinação pode variar de um campo de contagem
para outro.
(A/B) Média entre pólen de flores abertas e balão.
Conclusão
O pólen de mirtilo pode ser coletado tanto de flor em estádio de balão,
quanto de flor aberta, tendo cuidado neste estádio de ensacá-las. A
coleta deve ser feita de maneira a coletar-se somente o pólen sem as
anteras, sendo assim possível armazenamento do pólen no mínimo
8meses, conservando boa viabilidade.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Referências Bibliográficas
GALLETTA, G.J. Pollen and seed management in Moore, J.N. e J. eds.
Methods in Fruit Breeding; Purdue University Press, Indiana, 23-47,
1983.
NAKASU, B.H.; RASEIRA, Maria do Carmo Bassols. AMEIXEIRA. In:
BRUCKNER, Claudio Horst.(Org.). Melhoramento de Fruteiras de Clima
Temperado. Viçosa-MG, 2002, v.1, p. 13-26.
SANTOS, A.M. dos ; RASEIRA, M. do C.B.; O cultivo do mirtilo.
Pelotas, RS-EMBRAPA/CPACT, 2002. p.17.
275
276
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Avaliação da Viabilidade de Pólen de Mirtilo
em Diferentes Meios
Elisia Rodrigues Corrêa
Rodrigo Cezar Franzon
Renato Trevisan
Emerson Dias Gonçalves
Maria do Carmo Bassols Raseira
Introdução
O mirtilo é uma frutífera de clima temperado que apresenta grande
importância comercial em alguns países da Europa e Estados Unidos.
No Brasil, as áreas de cultivo ainda são incipientes.
É de grande importância nos programas de melhoramento genético
conhecer-se a viabilidade de pólen a ser utilizado em hibridações. Uma
das formas é através de testes realizados in vitro. Diferentes fatores
influenciam na germinação de pólen, sendo um deles o pH do meio.
Os principais componentes do meio de cultura, na germinação de
pólen, são o açúcar e o boro. Segundo Stanley e Linskens (1974) o
açúcar no meio de cultura tem a função de proporcionar o equilíbrio
osmótico entre o pólen e o meio bem como, fornecer energia para
auxiliar o processo de desenvolvimento do tubo polínico. Já a adição
de boro, tem como finalidade interagir com o açúcar e formar um
complexo ionizável açúcar-borato, o qual reage mais rapidamente com
as membranas celulares (Phahler,1967).1
O objetivo deste trabalho foi verificar a porcentagem de germinação do
pólen de quatro cultivares de mirtilo (Bluebelle, Bluegen, Clímax e
Flórida) em diferentes pH do meio (4,05;5,7;8,0) e avaliar o efeito de
278
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
diferentes concentrações de boro na germinação in vitro de pólen das
cultivares Aliceblue, Powderblue, Delite, Bluegen e Clímax.
Material e Métodos
Os trabalhos foram realizados na EMBRAPA Clima Temperado, no
laboratório de melhoramento genético. As diferentes cultivares
testadas nos dois experimentos foram: Aliceblue, Powderblue, Delite,
Bluegen, Clímax, Bluebelle, e Flórida.
Experimento 1: Teste de meio de germinação: Na floração de 2002,
foram coletados botões florais no estádio de balão das cultivares
Briteblue, Delite, Clímax, Aliceblue, Powderblue e Bluegen. No
laboratório as anteras foram colocadas em bandejas de papel e logo
após a deiscência aspergidas em três diferentes meios: 1. Meio
padrão, constituído de 10% de açúcar + 1,5 de ágar em água
destilada; 2. Meio padrão + 40ppm de ácido bórico; 3. Meio padrão
+ 80ppm de ácido bórico. Após a deiscência das anteras, o pólen das
diferentes cultivares foi polvilhado em lâminas com os referidos meios
de cultura e estas, colocadas em câmara úmida simulada, em placa de
Petri e mantidas à temperatura de 25 OC ± 1 OC. A porcentagem de
germinação de pólen foi avaliada em microscópio óptico em dois
tempos, 3 e 24 horas, após a aspersão do pólen no meio.
Experimento 2: Teste do pH do meio para germinação: Neste
experimento utilizou-se pólen obtido de flores em estádio de balão de
quatro cultivares de mirtilo, Bluebelle, Bluegen, Clímax e Flórida. O
meio de cultura utilizado para o teste de germinação foi o padrão,
sendo ajustado para os diferentes pH com HCl ou NaOH. Foram
testadas pH com 4,05; 5,7; 8,0; após a deiscência das anteras, o
pólen das diferentes cultivares foi polvilhado em lâminas com os
referidos meios de cultura e colocadas em câmara úmida simulada, em
placa de Petri à temperatura de 25 OC ± 1 OC. A porcentagem de
germinação de pólen foi avaliada com auxílio de microscópio óptico, 5
horas, após aspersão do pólen no meio.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Resultados e Discussões
Experimento 1: Houve diferença estatística entre as diferentes
cultivares quanto a porcentagem de germinação de pólen (Tabela 1). A
cultivar Briteblue teve a mais alta porcentagem de germinação
(40,9%). O meio sem adição de boro mostrou-se igualmente eficiente
ao meio padrão (Tabela 2).
Tabela 1. Porcentagens médias de germinação de pólen de botões
florais, por cultivar. (Footnotes).
Cultivar
Briteblue
Clímax
Delite
Powderblue
Aliceblue
Bluegen
% de germinação do pólen
40,88a
30,79 b
18,51
c
7,32
d
3,80
e
1,10
f
Tabela 2. Porcentagem média de geminação nos diferentes meios de
germinação in vitro.
Meios
Meio padrão + 40ppm de ac. bórico
Meio padrão
Meio padrão + 80ppm de ac. bórico
% média de germinação do pólen
15,00 a
14,85 a
12,25 b
Experimento 2: Todas as cultivares diferiram entre si quanto à
percentagem de germinação, sendo a cultivar Clímax a que apresentou
maior média, seguida de ´Bluebelle´, ´Flórida´ e ´Bluegen´, nesta
ordem. Houve interação significativa entre os dois fatores estudados.
Não houve diferença entre a porcentagem de germinação nos meios
com pH 4,05 e 5,7 para as cultivares Clímax (91,8 e 91,4%,
respectivamente) e Bluebelle (71,3 e 63,4%, respectivamente). Já
para as cultivares Flórida e Bluegen a germinação foi maior em meio
com pH 4,05 (Tabela 3).
279
280
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 3. Médias de percentagem de germinação de pólen de quatro
cultivares de mirtilo em diferentes valores de pH do meio.
Cultivar
Clímax
Bluebelle
Flórida
Bluegen
4,05
94,8 a A
71,3 b B
66,9 b A
34,5 c A
pH do meio de cultura
5,7
8,0
91,4 a A
7,8 a B
63,4 b A
4,6 ab B
31,7 c B
2,5 bc C
12,11 d B
0,32 c C
Conclusão
O meio com 40ppm de H3BO3, ou mesmo sem adição de Boro, foi
adequado para os testes de viabilidade do pólen de mirtilo.
Meios concentrados com Boro (80ppm) foram prejudiciais.
Em o meio com pH alcalino a germinação foi baixa. O pH adequado
para a viabilidade do pólen foi de 4,05 e 5,2.
Referências Bibliográficas
STANLEY, R.G.; LINSKEN, H.S. Pollen Biochemistry management.
Heidelberg, Berlin: 1974.307p.
PFAHLRE, P.L. In vitro Germination and polen tube growth of maize
(ZEA MAYS L.) pollen: calcium e boron effects. Canadiam Journal of
Botany, Toronto, v.45, p.839-845. 1967.
Efeito da Aplicação de Solução Nutritiva e
Ácido Fosfórico no Desenvolvimento de
Mudas de Mirtilo
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Cláudio José da Silva Freire
Geraldo Chavarria
Daniela Gomes Peter
Introdução
A cultura do Mirtilo é recente conhecida no Brasil e se tem poucas
observações deste cultivo no País. A Embrapa Clima Temperado
introduziu em 1983 cultivares de mirtilo do grupo rabbiteye e mais
recentemente tem intensificado as ações de pesquisa com a cultura
(Santos & Raseira, 2002). Assim, espera-se que em pouco tempo, se
tenha informações mais específicos para demais regiões de clima
temperado do Brasil.
A propagação desta espécie pode se dar através de sementes
(propagação sexuada) ou através de enxertia ou estaquia (propagação
assexuada). Dos meios disponíveis de se propagar mirtilo, a estaquia é
a mais utilizada.
As plantas de mirtilo necessitam de solos com características especiais
para que apresentem um bom crescimento e produção. Devido a sua
distinta exigência nutricional, muitas práticas de adubação que são
comuns à maioria das espécies frutíferas não são indicadas para o
mirtilo. Para que apresente boas produções, o mirtilo deve ser
cultivado em solos muito ácidos, com pH entre 4 e 5,5, arenosos,
franco-arenosos ou argilosos não muito profundos e de baixa
fertilidade (Ballinger, 1966).
282
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
A faixa de pH mais indicada vai de 4,5 a 5,0. Quando o solo
apresentar um valor mais elevado que 5,5, o mesmo poderá ser usado
para o cultivo do mirtilo, desde que as demais práticas agrícolas
estejam otimizadas. Neste caso é recomendada a aplicação de enxofre
elementar ao solo, com a finalidade de abaixar o pH e, assim oferecer
melhores condições de desenvolvimento das plantas. Observa-se que o
mirtilo pode ser cultivado, sem problemas aparentes, em solo com pH
próximo a 6;0, desde que seja rico em matéria orgânica (Hanson &
Hancock, 2003; Hayden, 2003).
O mirtilo apresenta um sistema radicular muito superficial, sendo as
raízes muito finas, não dispondo de pêlos radiculares. É muito sensível
à compactação e à má drenagem do solo (Santos & Raseira, 2002).
Vários são os substratos que podem ser utilizados na propagação e no
desenvolvimento de mudas de mirtilo, mas especial atenção deve ser
dada ao pH das misturas, uma vez que o mirtilo é uma planta que se
desenvolve melhor em solos ácidos e suas mudas não são diferentes.
Uma das alternativas de substrato é uma mistura de 40% de solo,
40% de esterco bem curtido e 20% de vermiculita ou casca de arroz
carbonizada, outra seria mistura 1:1:1 composta por solo (de
preferência ácido), areia e esterco curtido.
Deve-se atentar para o pH de alguns tipos de composto adquiridos no
comercio, pois possuem este valor acima de 7,0. Se a mistura possuir
pH acima de 6,5 pode-se adicionar enxofre elementar, incubando a
mistura por 90 dias, até a redução deste. Outra opção é a aplicação de
substâncias ácidas ao substrato. O ácido fosfórico é um produto
químico muito utilizado na estabilização de pH, na faixa de 4,5 a 6,0,
de soluções fúngicas utilizadas na agricultura. Também é aplicado na
fertirrigação para manutenção da eficiência do sistema por eliminar
possíveis entupimentos do gotejador.
O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar o desenvolvimento de
mudas de mirtilo sob aplicação de ácido fosfórico e solução nutritiva.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Sede da
Embrapa Clima Temperado. Foram utilizadas mudas da Seleção 103 do
programa de melhoramento genético da unidade. Mudas de 1,5 ano
foram plantadas em sacolas com capacidade de 4 litros de substrato,
em 16 março de 2003. Foi utilizado substrato composto por areia,
solo e esterco bovino curtido na proporção de 1:1:1. Aos 120 dias,
após o plantio das mudas nas sacolas, foi iniciado a aplicação dos
tratamentos. Estes consistiram da aplicação de ácido fosfórico 0,1 N a
pH 3,5 e 4,5; solução nutritiva de Hoogland completa, 100% e 50%
da carga; água destilada com testemunha. A aplicação dos
tratamentos foi iniciada em 16/9/2003, sendo aplicado a cada três
dias 100 ml de solução por vaso. O experimento foi avaliado em 29/
01/2004.
O delineamento utilizado foi o blocos casualizados, com 4 repetições e
5 vasos por parcela experimental, assim totalizando 100 plantas. As
características avaliadas formam, número de ramos emitidos,
comprimento de maior ramo (cm), comprimento da maior raiz (cm),
peso seco de raiz, análise mineral inicial e final do substrato e análise
mineral de folhas. Apenas as três características iniciais estão
disponibilizadas.
Os resultados obtidos foram submetidos a analise de variância e as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultado e Discussões
Observou que houve efeito da aplicação das soluções no
desenvolvimento das plantas da Seleção 103 de mirtilo. Para a
característica número de ramos emitidos, a aplicação de solução
nutritiva a 50% resultou em maior número de ramos (7,85), superior
ao pior tratamento, que foi a da aplicação da solução nutritiva 100%
(5,15). Esta diferença entre a resposta a aplicação de solução nutritiva
pode ser devida ao efeito negativo de uma maior concentração da
solução de Hoogland aplicada com 100% de sais. Observou-se neste
283
284
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
deferindo estatisticamente daquelas em que foi aplicado águas
destilada (54,30 cm).
Para característica comprimento da maior raiz a aplicação de água
destilada proporcionou melhores resultados, 26,82 cm, seguido de
ácido fosfórico pH 3,5, 4,5 e solução a 100%, com 25,75, 25,55 e
23,45 respectivamente.
Por ser o mirtileiro exigente quanto ao pH do solo para o crescimento e
desenvolvimento das plantas, esperavasse que houvesse uma maior
resposta, quanto às soluções de pH menor, para as características
avaliadas, o que não ocorreu. De posse das analises minerais de solo e
folhas, poderemos ter um perfil mais aprofundado das mudanças
ocorridas na interação planta substrato. Novos estudos devem ser
realizado para melhor conhecimento da interação pH de substrato e
desenvolvimento de plantas de mirtilo.
Tabela 1. Efeito da aplicação de soluções nutritiva e ácida em
características de crescimento de mudas de mirtilo Seleção 103.
Tratamento
Água destilada
Solução nutritiva 50%
Solução nutritiva 100%
Ácido fosfórico pH 3,5
Ácido fosfórico pH 4,5
Número de
Ramos
7,35 ab
7,85 a
5,15 c
6,00 bc
5,65 c
Comprimento de
maior ramos (cm)
54,30 a
41,53 bc
33,42 c
59,97 a
44,6 b
Comprimento de
maior raiz (cm)
26,82 a
22,22 b
23,45 ab
25,75 ab
25,55 ab
Conclusão
Houve efeito significativo da aplicação da solução nutritiva a 50% na
emissão de ramos de mirtilo Seleção 103 (7,85); do ácido fosfórico pH
no comprimento de ramos (59,97 cm); e da água destiladas no
comprimento da maior raiz (26,82 cm).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Referências Bibliográfica
BALLINGER, W.E. Soil management , nutrition and ferilizer practices
In: ECK, P.; CHILDRES, N.[Ed.] Blueberry culture. Brunswick: Rutgers
University, 1966.p.132-178.
HANSON, E.; HANCOCK, J. Managing the Nutrition of Highbush
Blueberries. In: ARANDANOS - PRODUCCION EN ARGENTINA.
Buenos Aires: FAUBA, 2003. 1 CD-ROM.
HAYDEN, R.A. Fertilizing blueberries. In: ARANDANOS PRODUCCION EN ARGENTINA. Buenos Aires: FAUBA, 2003. 1 CDROM.
SANTOS, A.M. dos; RASEIRA, M. do C.B. A cultura do mirtilo.
Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 30 p., 2002. (Embrapa Clima
Temperado, Série Documentos nº 96).
285
286
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Associação de Refrigeração com Oxigênio
Ionizado na Conservação Pós-colheita de
Mirtilo CV. Florida
Nara Cristina Ristow
Eduardo Reinhart Franchini
Enilton Fick Coutinho
Fernando Rufino Flores Cantillano
Nicácia Portela Machado
Marcelo Barbosa Malgarim
Introdução
O mirtilo, pertencente à família Ericaceae, é cultivado comercialmente
em larga escala nos EUA, em alguns países da Europa, Chile e outros.
O interesse por esta cultura em outras regiões tem sido crescente.
SHARPE (1980) relata o potencial de cultivo do mirtilo, apontando
Vaccinium ashei como a espécie mais adaptável às condições do Sul o
Brasil.
Segundo BORECKA & PLISZKA (1985), a vida de estocagem de frutos
de mirtilo é limitada, comparativamente a outros frutos, devido aos
processos fisiológicos de amadurecimento e a deterioração causada
por fungos. O mirtilo pode ser armazenado por 14 dias em
temperaturas entre 2,0 e 4,0 OC, com umidade relativa de 90 a 95%
(WESTWOOD, 1982). Para HARDENBURG et al. (1986), o mirtilo
suporta até 2 semanas em temperaturas entre -0,5 a 0 OC e 90-95%
UR. Estes autores salientam que frutos pequenos, como é caso do
mirtilo, possuem a tendência de ter alta taxa de desidratação durante o
armazenamento refrigerado, pois apresentam grande maior área de
contato entre o fruto e o ambiente.
288
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Para controle de podridões pós-colheita de frutos e vegetais, tem sido
utilizado a técnica de ionização do oxigênio (O2) da atmosfera
(AgrocareTM), a qual reduz efetivamente a concentração de etileno e a
contaminação por fungos na atmosfera de armazenagem, além de,
promover aumento da conservação da qualidade e redução da
deterioração dos frutos, especialmente após longos períodos de
armazenamento (Argenta et al., 2003).
Em pós-colheita de frutas e legumes, o ozônio pode ser usado no
armazenamento em tratamentos a ar ou água, ou como um
componente contínuo ou intermitente da atmosfera ao longo de
armazenamento ou transporte. Estes procedimentos tem importância
comercial considerável, especialmente por não proporcionarem
resíduos tóxicos a saúde humana.
Segundo Song et al. (2000), a utilização de ozônio diminui a carga de
esporos dos patógenos nas paredes, pisos e ar do interior das
câmaras, reduzindo a quantidade de inóculo disponível a infestações
dos frutos armazenados.
Este trabalho objetivou avaliar a conservação pós-colheita de mirtilos
cultivar Flórida, armazenados em atmosfera com oxigênio ionizado.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS.
Utilizaram-se frutos da cultivar Florida, colhidos em 08 de dezembro de
2003, produzidos de forma orgânica. Os frutos foram selecionados
após serem submetidos a um pré-resfriamento com água
("hidrocooling"), com a adição de hipoclorito de sódio a 3%, durante
10 minutos com temperatura de 4 OC. Após, os frutos foram
acondicionados em embalagens plásticas de 250g, contendo cada uma
30 frutos. Os frutos colhidos apresentavam cor azul escura intensa.
Algumas características físicas e químicas dos frutos encontram-se na
Tabela 1.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Tabela 1. Caracterização físicos e químicas, da cultivar Florida.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS.
SST (º Brix)
14,36
Variáveis avaliadas
ATT (% de ác. Cítrico) SST/ATT
0,77
18,65
pH
3,02
Os mirtilos foram armazenados em câmara fria com atmosfera
enriquecida de oxigênio ionizado, gerado pelo equipamento AgrocareTM
(Interozone), a uma concentração de 0,03ª 0,06 ppm/m3, em
temperatura de 0 OC e 90 a 95% de umidade relativa (UR).
Os tratamentos realizados foram: T1 - Testemunha (Armazenamento
refrigerado a 0 OC e 85-90% de UR) e T2 - oxigênio ionizado
(AgrocareTM a 0 OC e 85-90% de UR). Armazenou-se os mirtilos
"Flórida" durante 15, 30, 45 e 60 dias, sendo que, após cada período,
os frutos foram submetidos, durante 1 dia, à temperatura ambiente
(cerca de 20 OC), simulando um período de comercialização. As
variáveis estudadas foram: a) perda de peso (%); b)teor de SST
(expresso em oBrix); determinado por meio de refratometria, com
correção de temperatura; c) ATT (expressa em % de ácido cítrico),
determinada por titulometria com NaOH a 0,1 N até pH 8,1; d) pH da
polpa triturada, determinado com peagâmetro (Digimed DMPH 2);
e)Incidência de podridões, avaliado visualmente, contando o número
de frutos com podridão (lesões acima de 0,5mm), e expresso em
percentagem.
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado,
com 3 repetições de 30 frutos por tratamento. Os dados de cada
variável foram submetidos à análise de variância, e as médias,
comparadas estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas
Significativas (DMS) com probabilidade de erro de 5% (p f” 0,05). Os
dados percentuais originais foram transformados em arco seno da raiz
quadrada de x/100.
289
290
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Resultados e Discussões
A percentagem de perda de peso dos frutos variou em função dos
tratamentos. Os frutos armazenados em atmosfera enriquecida com
oxigênio ionizado, apresentaram menor perda de peso (Tabela 2). ECK
& CHILDERS (1966) relatam que mirtilos armazenados além de 4
semanas a 0 OC sofrem perdas em qualidade, principalmente em
decorrência da desidratação.
Durante o armazenamento, houve variação de SST somente aos 60
dias. Em experimento realizado com armazenamento de mirtilo em
atmosfera modificada, DAY et al. (1990) observaram que o conteúdo
de sólidos solúveis totais manteve-se inalterado durante um período de
armazenamento de 12 semanas a 4 OC, devido a uma interação
dinâmica entre as reações de anabolismo e catabolismo de
carboidratos nos tecidos. Para as variáveis ATT e SST/ATT os valores
mantiveram-se inalterado durante o período de armazenamento. O pH
variou entre os períodos de armazenamento, sendo os maiores valores
observados aos 45 e 60 dias de armazenamento. A utilização da
técnica de ionização do oxigênio (O2) da atmosfera (AgrocareTM) foi
eficiente no controle das podridões no mirtilo da cultivar Florida, pois
não verificou-se a presença de podridões em todas os períodos de
avaliações (Tabela 2).
Conclusão
O armazenamento refrigerado associado a ionização do oxigênio da
atmosfera, possibilita a conservação de mirtilos "Flórida", com
qualidade comercial, durante 61 dias.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Referências Bibliográficas
BORECKA, H.W., PLISKA, K. Quality of blueberry fruit (Vaccinium
corymbosum L.) stored under LPS, CA and normal air storage. Acta
Horticulturae, n.165, p.241-249, 1985.
DAY, N.B., SKURA, B.J., POWRIE, W.D. Modified atmosphere
packging of blueberries: microbiological changes. Canadian Institute of
Food Science and Technology Journal, v.23, n.1, p.59-65, 1990.
ECK, P.; CHILDRES, N.F. Blueberry culture. New Brunswink: Rutgers,
1966. 378p.
HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. The commercial
storage of fruits, vegetables, and florist, and nursery stocks.
Washington: USDA, 1986. 130p.
SHARPE R.H. Consultant’s Report. Pelotas: IICA/EMBRAPA - UEPAE
de Cascata, 1990, 11 p.
WESTWOOD, M.N. Fruticultura de zonas templadas, Madrid: MundiPrensa, 1982, 416p.
291
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
292
Tabela 2. Características físicas e químicas e incidência de podridões,
em função do tempo de armazenamento da cultivar Florida,
armazenados em câmara com oxigênio ionizado (0oC e85%-90% de
UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS.
Variáveis avaliadas
Perda de peso (%)
Tratamentos
Testemunha
Interozono
SST (°Brix)
Testemunha
Interozono
ATT (% ác. Cítrico) Testemunha
Interozono
SST/ATT
Testemunha
Interozono
PH
Testemunha
Interozono
Podridão (%)
Testemunha
Interozono
15 dias
3,50 de
2,55 e
14,11 a
13,77 ab
0,74 a
0,74 a
19,12 a
18,55 a
2,85 b
2,89 ab
0,00 a
0,00 a
Períodos de avaliação (dias)
30 dias
45 dias
60 dias
4,87 cde 6,34 bc
9,61 a
4,03 cde 5,89 bcd 7,87 ab
14,49 a
14,73 a
12,68 b
14,49 a
14,73 a
12,68 b
0,71 a
0,71 a
0,70 a
0,68 a
0,70 a
0,68 a
19,76 a
21,02 a
18,56 a
21,18 a
21,02 a
18,56 a
2,87 ab
2,88 ab
2,98 a
2,84 b
2,88 ab
2,98 a
2,22 a
2,22 a
2,22 a
0,00 b
0,00 b
0,00 b
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste
de Diferenças Mínimas Significativas (DMS) a 5% de probabilidade.
(1)
Comportamento Pós-colheita de Mirtilo ´Brite
Blue´ Durante Armazenamento Refrigerado
Nara Cristina Ristow
Nicácia Portela Machado
Enilton Fick Coutinho
Fernando Rufino Flores Cantillano
Marcelo Barbosa Malgarim
Introdução
O mirtilo pertencente à família Ericaceae é largamente cultivado em
escala comercial nos EUA, Chile e alguns países da Europa. Relatos
apontam a espécie Vaccinium ashei como sendo a mais adaptável às
condições do Sul o Brasil (Sharpe 1980).
O período de vida pós-colheita dos frutos é curto, devido aos
processos fisiológicos de amadurecimento e deterioração (Borecka &
Pliszka, 1985) causados, principalmente por fungos como Botrytis
cinerea, Alternaria sp. e Colletotrichum sp. (Ceponis & Cappellini,
1985).
Para Hardenburg et al. (1986), o mirtilo suporta até 2 semanas em
temperaturas entre -0,5 a 0 OC e 90-95% UR. Estes autores salientam
que frutos pequenos, como é caso do mirtilo, possuem a tendência de
ter alta taxa de desidratação durante o armazenamento refrigerado.
Este trabalho objetivou verificar o comportamento pós-colheita de
mirtilos ´Brite Blue´, armazenados durante 30 dias sob refrigeração,
associado a modificação da atmosfera.
294
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Material e Métodos
O trabalho foi realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS.
Utilizaram-se frutos da cultivar Brite Blue, colhidos na primeira
quinzena janeiro de 2004. Os mesmos foram colhidos maduros,
apresentando tonalidade azul escura e com as características químicas
descritas na Tabela 1.
Tabela 1. Caracterização química de frutas de mirtilo cv. Brite Blue na
colheita. Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2004.
Características físicas e químicas
SST
ºBrix)
ATT
(% ác.
Málico)
15,33
0,45
SST/
ATT
34,06
Vit. C
Fenóis no suco
(mg vit.
(ppm de
C/100mL)
catecol)
2,34
1069,53
Antocianina Antocianina
na polpa
na casca
(mg/100g) (mg/100g)
2,23
214,66
Antocianina
no suco
(mg/100g)
15,83
As frutas após a colheita foram submetidas a pré-resfriamento,
durante uma hora, à temperatura de 0 a 3 OC. Em seguida foram
selecionadas e embaladas em caixas plásticas (cumbucas com 4
perfurações de 0,5cm na tampas) de 200g, sendo posteriormente
colocadas em câmara fria a temperatura de 0 OC e umidade relativa
(UR) entre 90 e 95%.
Os tratamentos foram: T1 - Testemunha (embalagens plásticas abertas)
e T2 - Cumbucas fechadas. Os períodos de avaliações foram aos 10,
20, 30 dias de armazenamento. As variáveis avaliadas foram: a) perda
de peso (%); b) teor de SST (OBrix); medido por refratometria; c) ATT
(expressa em % de ácido cítrico), determinada por titulometria com
NaOH a 0,1 N até pH 8,1; d) pH da polpa triturada, determinado com
peagâmetro (Digimed DMPH 2); e) Fenóis (ppm de Catecol), segundo
metodologia descrita por Singleton e Rossi, Jr.; f) Antocianina:
casca, polpa e casca + polpa (mg/100g); segundo metodologia
descrita por Lees e Francis (1972) e g) Determinação de etileno.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com 4
repetições de uma embalagem contendo cerca de 200 gramas de
frutos e 3 períodos de avaliações. Os dados foram submetidos à
análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Diferenças
Mínimas Significativas (DMS) com probabilidade de erro de 5% (p >
0,05).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Resultados e Discussões
A percentagem de perda de peso dos frutos variou em função do
aumento do período de armazenamento. Observa-se que, os frutos
armazenados durante 30 dias, apresentaram menor perda de peso em
relação (Tabela 2). Isso pode ser explicado pelo tamanho da fruta pois,
o mirtilo possui grande área de superfície de exposição por unidade de
volume, favorecendo a perda de água pelo processo transpiratório
(HARDENBURG et al. 1986).
Tabela 2. Características físicas e químicas e incidência de podridões,
em função do período de armazenamento da cultivar Brite Blue, armazenados em câmara refrigerada (0oC e 90%-95% de UR). Embrapa Clima
Temperado, Pelotas-RS.
Variáveis avaliadas
Perda de peso (%)
Tratamentos
Testemunha
Cumbuca perfurada
SST (°Brix)
Testemunha
Cumbuca perfurada
ATT (% ac. Cítrico) Testemunha
Cumbuca perfurada
SST/ATT
Testemunha
Cumbuca perfurada
PH
Testemunha
Cumbuca perfurada
Períodos de avaliação
10 dias
20 dias
30 dias
0,07 aC
2,05 aB
3,03 bA
0,06 aC
1,02 aB
5,32 aA
16,36 aA 15,28 bB
15,96 bA
15,16 bB 17,10 aA
17,48 aA
0,41 bB
0,40 aB
0,45 aA
0,47 aA
0,39 aC
0,43 aB
39,41 aA 37,74 bAB 35,46 bB
31,82 bB 43,84 aA
40,65 aA
3,00 aA
2,94 bB
3,00 aA
2,98 bB
3,07 aA
2,99 bB
Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna ou maiúscula na
linha não diferem estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas
Significativas (DMS) a 5% de probabilidade de erro.
(1)
O teor de SST apresentou-se menor aos 10 dias na testemunha e aos
20 e 30 dias maior que a testemunha. Este comportamento pode ser
explicado uma vez que as perdas de peso concentra os açúcares,
elevando o teor de SST. Segundo Kluge & Cantillano (1997), a elevada
relação SST/ATT próxima de 30 indica a sobre-maturação de ameixas
da cultivar amarelinha, a partir de quatro semanas de refrigeração a
0oC. Para as variáveis ATT e SST/ATT houve pouca variação durante o
período de armazenamento e tratamentos. Entretanto, o pH apresentou
pouca variação durante o armazenamento, conforme, DAY et al.
295
296
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
(1990), que atribuíram a insignificante variação do pH em seus
experimentos a um poder tampão existente nos tecidos do fruto.
Nos teores de compostos fenólicos totais ocorreram diferenças
significativas entre os tratamentos, porém os mesmos, tiveram
comportamento irregular (Tabela 3). Segundo Cantillano (1998), essa
variação pode ocorrer devido à deterioração do tecido, perda da
estrutura da membrana celular, motivo pelo qual, às vezes, os
resultados são contraditórios.
Tabela 3. Características químicas e em função do período de
armazenamento da cultivar Brite Blue, armazenados em câmara
refrigerada (0 OC e 90%-95% de UR). Embrapa Clima Temperado,
Pelotas-RS.
Variáveis avaliadas
Tratamentos
Períodos de avaliação
20 dias
918,19 aA
30 dias
900,15 aA
Cumbuca perfurada 1038,89 aA
843,93 aB
948,31 aAB
Antocianina na casca
Testemunha
298,83 aB
401,83 aA
(mg / 100g)
Cumbuca perfurada 470,46 aA
351,73 aB
451,93 aA
Antocianina na polpa
Testemunha
0,87 bA
1,18 aA
1,15 aA
Cumbuca perfurada 4,18 aA
0,88 aB
1,42 aB
Fenóis) (ppm de
catecol
Testemunha
(mg / 100g)
10 dias
969,95 aA
351,73 bAB
Antocianina no suco
Testemunha
20,16 aA
15,13 bB
26,58 aA
(mg / 100g)
Cumbuca perfurada 24,07 aA
20,17 aB
17,16 bB
(1) Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna ou maiúscula na
linha não diferem estatisticamente pelo teste de Diferenças Mínimas
Significativas (DMS) a 5% de probabilidade de erro.
Para a variável concentração de antocianina (Tabela 3), houve
diferença significativa ao longo do armazenamento e entre os
tratamentos, porém, o comportamento foi irregular. Dentre as
antocianinas, podemos observar que há uma redução considerável
quando o fruto é processado em forma de suco, perdendo grande
parte da substância que é apontada por ter efeitos protetores para o
cérebro, retardando o envelhecimento e doenças relacionadas, além de
possuir atividade antioxidante.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
O mirtilo não produziu níveis de etileno que pudessem ser detectados
na avaliação realizada por cromatografia gasosa. Comparando com
morango (Mason & Jarvis, 1970).relatam que o mesmo produz baixos
níveis de etileno (<0,1 ml/Kg/hr), assim como o mirtilo.
Conclusão
a) Mirtilos Brite Blue podem ser armazenados durante 30 dias quando
utiliza-se embalagens plásticas de 200g fechas e refrigeração.
b) O processamento de mirtilos "Brite Blue" promove a perda de
antocianina.
Referências Bibliográficas
BORECKA, H.W., PLISKA, K. Quality of blueberry fruit (Vaccinium
corymbosum L.) stored under LPS, CA and normal air storage. Acta
Horticulturae, n.165, p.241-249, 1985.
CANTILLANO, R.F.F. Estudio del efecto da las atmosferas modificadas
durante el almacenamento y comercializacion de algunas y hortalizas.
Valencia, 1998, 276f. Tese (Doutorado em Tecnología de Alimentos).
Universidad Politécnica de Valencia, 1998.
CEPONIS, M.J., CAPPELINI, R.A. Reducing decay in fresh blueberries
with controlled atmospheres. HortScience, v.20, n.2, p.228-229,
1985.
DAY, N.B., SKURA, B.J., POWRIE, W.D. Modified atmosphere
packging of blueberries: microbiological changes. Canadian Institute of
Food Science and Technology Journal, v.23, n.1, p.59-65, 1990.
ECK, P.; CHILDRES , N.F. Blueberry culture. New Brunswink: Rutgers,
1966. 378p.
HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. The commercial
storage of fruits, vegetables, and florist, and nursery stocks.
Washington: USDA, 1986. 130p.
KLUGE, R.A; CANTILLANO, F.F. Influencia de ésteres sacarose no
armazenamento refrigerado da ameixas "Amarelinha". Revista
Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v.19, n.3, p.365-372,
1997.
297
298
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Conservação Pós-colheita de Mirtilos
´Florida´, ´Woodard´ e ´Bluegem´ em
Atmosfera com Oxigênio Ionizado
Nicácia P. Machado
Eduardo R. Franchini
Nara C. Ristow
Enilton F. Coutinho
Fernando Rufino F. Cantillano
Marcelo B. Malgarim
Introdução
O mirtilo (Vaccinium ashei Reade) é uma frutífera nativa da América do
Norte, onde a exploração comercial é altamente significativa. No Brasil,
é uma cultura sem expressão comercial, entretanto, no sul do país,
seu potencial para cultivo é significativo, tornando necessário o estudo
referente à produção e manejo pós-colheita dos frutos.
O período de armazenamento pós-colheita dos frutos é relativamente
curto, devido a processos fisiológicos do amadurecimento e à
deterioração causada por fungos, principalmente, Botrytis cinerea,
Alternaria sp. e Colletotrichum sp. (Borecka & Pliszka, 1985; Ceponis
& Cappellini, 1985).
Para controle de podridões pós-colheita de frutos e vegetais, tem sido
utilizado a técnica de ionização do oxigênio (O2) da atmosfera de
armazenamento (Equipamento AgrocareTM), a qual reduz efetivamente
a concentração de etileno e a contaminação por fungos, reduzindo a
deterioração dos frutos e, prolongando o período de conservação
(Argenta et al., 2003).
300
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O trabalho teve como objetivo avaliar as características físicas e
químicas de mirtilos ´Flórida´, ´Woodard´ e ´Bluegem´, armazenados
em atmosfera com oxigênio ionizado.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no laboratório de Pós-colheita da Embrapa
Clima Temperado, Pelotas-RS. Utilizaram-se frutos das cvs. Flórida,
Woodard e Bluegem, colhidos no dia 08 de dezembro de 2003. Após
seleção, os frutos foram submetidos ao pré-resfriamento e embalados
em bandejas plásticas, com 4 repetições de 50 frutos por cultivar e
posteriormente armazenados em câmara fria (0 OC e 90-95% de
umidade relativa), com oxigênio ionizado gerado pelo equipamento
AgrocareTM (Interozone), em concentração de 0,03 a 0,06 ppm/m3.
Na colheita, caracterizou-se o peso, sólidos solúveis totais (SST), pH,
acidez titulável (AT) e relação SST/AT dos frutos (Tabela 1).
Tabela 1. Caracterização física e química de mirtilos ´Flórida´,
´Woodard´ e ´Bluegem´ na colheita (08/12/2003). Embrapa Clima
Temperado, Pelotas/RS, 2004.
Variáveis avaliadas
Cultivares
Peso (g)
SST
pH
AT
SST/AT
Flórida
102,32
14,36
3,02
0,78
18,42
Woodard
86,33
14,46
2,98
0,78
18,63
Bluegem
116,90
14,46
2,97
1,07
13,58
Após 60 dias sob refrigeração (0 OC e 90-95% de UR) mais três dias
em ambiente (20-22 OC e 65-70% de UR), avaliaram-se as variáveis: a)
perda de peso, expressa em percentagem (%); b) sólidos solúveis
totais (SST), expresso em OBrix; c) pH; d) acidez titulável (AT),
expressa em percentagem de ácido málico; f) relação SST/AT; g)
frutos sadios, expresso em percentagem (%).
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com 4
repetições de 50 frutos por cultivar. Utilizou-se análise da variância,
sendo as médias comparadas estatisticamente pelo teste de Diferenças
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Mínimas Significativas (DMS), com probabilidade de erro experimental
de 5% (p £ 0,05). Os dados percentuais originais foram transformados
em arco seno da raiz quadrada de x/100.
Resultados e Discussões
A percentagem de perda de peso dos frutos variou em função das
cultivares. Os frutos da cv. Woodard tiveram maior perda de peso
(10,93%), e os da cv. Bluegem menor percentual de perda de peso
(6,09%) (Tabela 2). Pressupõe-se que, os mirtilos ´Bluegem´ tiveram
maior perda de peso devido a maior relação superfície/volume dos
frutos, uma vez que, apresentaram 1,72g de peso médio. Conforme
Finger & Vieira (1997), a perda de vapor de água por transpiração é
mais elevada para produtos com maior relação superfície/volume, a
qual aumenta com a redução do tamanho dos mesmos.
O conteúdo de Sólidos Solúveis Totais (SST) nas diferentes cultivares,
não variou significativamente durante o período de armazenamento.
Day et al. (1990) observaram que o conteúdo de SST em mirtilos
manteve-se inalterado durante 12 semanas de armazenamento a 4OC,
devido a uma interação dinâmica entre as reações de anabolismo e
catabolismo de carboidratos nos tecidos. O pH variou entre as
cultivares, sendo observado nos frutos da cv. Flórida o maior valor
(2,81) e o menor na cv. Bluegem (2,70).
Em relação à Acidez Titulável (AT), apesar dos frutos apresentarem
pouca acidez, proporcionando sabor insípido, apenas os mirtilos da cv.
Bluegem tiveram valores que diferiram das demais cultivares, com a
acidez mais elevada (0,77% de ácido málico). A relação SST/AT foi
maior em mirtilos ´Flórida´ e ´Woodard´ (21,49 e 20,57,
respectivamente), diferindo apenas dos frutos da cv. Bluegem (15,96).
301
302
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 2. Sólidos Solúveis Totais (SST), pH, Acidez Titulável (AT) e
Relação SST/AT de mirtilos das cvs. Flórida, Woodard e Bluegem,
armazenados sob atmosfera ionizada a 0oC e 90-95% de UR e mais
três dias em ambiente a 20-22 OC e 65-70% de UR. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas / RS, 2004.
Cultivares
% Peso
(g)
Flórida
10,93 a
Variáveis avaliadas
SST
pH
AT
SST/AT
13,60 a
2,81 a
0,65 b
21,49 a
20,57 a
Woodard
8,95 b
13,21 ab
2,77 b
0,64 b
Bluegem
6,09 c
12,35 b
2,70 c
0,77 a
CV (%)
5,82
0,80
2,76
5,39
15,96 b
7,51
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste
de DMS (p<0,05).
A utilização de ionização do oxigênio (O2) na atmosfera (AgrocareTM)
foi eficiente no controle de podridões pós-colheita de mirtilos, sendo
que nas diferentes cultivares os valores de frutos sadios variaram entre
(98,8 e 99,8%) (Tabela 3). Segundo Song et al. (2000), a utilização
de ozônio reduz a quantidade de inóculo disponível para infestações de
frutos armazenados.
Tabela 3. Frutos sadios das cvs. Flórida, Woodard e Bluegem,
armazenados sob atmosfera ionizada a 0 OC e 90-95% de UR e mais
três dias em ambiente a 20-22 OC e 65-70% de UR. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas/RS, 2004.
Variável avaliada
Cultivares
Frutos sadios (%)
Flórida
98,87 a
Woodard
99,26 a
Bluegem
99,87 a
cv (%)
5,53
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste
de DMS (p<0,05).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Conclusões
Mirtilos ´Flórida´, ´Woodard´ e ´Bluegem´ podem ser conservados
durante 63 dias, com a utilização de refrigeração associada a
atmosfera com oxigênio ionizado, porém não apresentam boa
qualidade para consumo in natura.
Referências Bibliográficas
ARGENTA, L.C.; BECKER, W.F.; KRAMMEF, J.G.; DEBOMA, E.
Monitoramento da qualidade de pêssego armazenado sob atmosfera
com oxigênio ionizado. EPAGRI- Florianópolis. 2003. 11p.
BORECKA, H.W.; PLISKA, K. Quality of blueberry fruit (Vaccinium
corymbosum L.) stored under LPS, CA and normal air storage. Acta
Horticulturae, n.165, p.241-249, 1985.
CEPONIS, M.J.; CAPPELINI, R. A. Reducing decay in fresh blueberries
with controlled atmospheres. HortScience, v.20, n.2, p.228-229,
1985.
DAY, N.B.; SKURA, B. J.; POWRIE, W. D. Modified atmosphere
packging of blueberries: microbiological changes. Canadian Institute of
Food Science and Technology Journal, v.23, n.1, p.59-65, 1990.
FINGER, F.L.; VIEIRA, G. Controle da perda pós-colheita de água em
produtos hortícolas. Viçosa: UFV, n.19, 29p, 1997. (Cadernos
Didáticos).
MANZINO, M.B.; SILVESTRI, M.P. de; REARTE, A.E. Identidad y
calidad de los alimentos frutihortícolas industrializados. Mendoza, v.8,
p.4-5, 1987.
SONG, J.; FAN, L.; HILDEBRAND, P.D.; FORNEY, C.F. Biological
effects of corona discharge on onions in a commercial storage facility.
HortTechnology, v.10, p.608-612, 2000.
303
304
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Desarrollo de Plantas de Arandano Southern
Highbush O´Neal al Final de su Aclimatacion,
en Respuesta a la Aplicación, de Diferentes
Sustratos Y Dosis de Frio
Leborgne, Carla
Castillo, Alicia
Soria, Jorge
El objetivo fue buscar un manejo en la aclimatación post-vitro posible
de ser aplicado comercialmente a plantas micro-propagadas de
arándano, que permita acortar el tiempo necesario para lograr el
tamaño de la planta destinada a la plantación a campo.
Se manejaron los factores dosis de frío post-vitro (0 y 2160 horas a
6 OC) y sustrato empleado al transplante (cáscara de pino semicompostada tamizada, mezcla de ¾ partes de cáscara de pino semicompostada tamizada + ¼ parte de arena, Turba Treff, ¾ partes de Turba Treff
+ ¼ parte de arena).
EL ensayo fue realizado en mayo del 2003 en la Unidad de Biotecnología de INIA Las Brujas, utilizándose plantas micro-propagadas de la
variedad O´Neal.
Se transplantaron dos lotes de plantas, las que se sometieron en la
etapa de aclimatación a temperaturas cercanas a 20 OC, durante 2
meses.
Lote 1: Plantas que luego de dejar la cámara de crecimiento in vitro,
habían recibido previo a su transplante, una temperatura de 6OC
durante 90 días (2160 horas).
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
306
Lote 2: Plantas que fueron transplantadas inmediatamente luego de
abandonar la cámara (temperaturas entre 21 y 23 oC durante 40 a 50
días) de crecimiento in vitro.
A su vez ambos lotes de plantas recibieron los tratamientos de los
diferentes sustratos.
Las plantas fueron cubiertas con nylon transparente durante 15 días
luego del transplante. La fertilización se aplicó semanalmente iniciando
a los 15 días del transplante, empleándose Magnum a la dosis de 0.5
gr./lt de agua en los sustratos que contenían cáscara de pino
semicompostada tamizada y 0.25 gr./lt de agua a los sustratos que
contenían Treff.
En base a una muestra de 20 plantas de cada tratamiento, se
realizaron a los dos meses del trasplante mediciones de: peso fresco,
largo total de plantas, número total de hojas, y peso seco (estufa a
30 oC durante 3 días).
En los resultados se observó que independientemente del sustrato, las
plantas tuvieron un mejor comportamiento cuando fueron tratadas
previamente con frío. El mejor comportamiento se obtuvo con la turba
Treff, a pesar que el pH 6.6 de la misma se consideró bastante
elevado. La ventaja de este sustrato es su mayor aporte nutricional y
la buena retención de agua.
Trabajo realizado durante la pasantía "Manejo del stress en plantas
de arándanos". INIA Las Brujas.
(*)
Aclimatação de Plantulas de Physalis
peruviana L.
Anderson da Costa Chaves
Alan Cristiano Erig
Luciane Couto da Silva
Márcia Wulff Schuch
Resumo
Embora recente, a produção de pequenas frutas tem despertado à
atenção de consumidores, processadores de frutas, agentes
comercializadores e, por conseqüência, produtores em escala familiar e
de médio e grande porte (Hoffmann, 2003). O termo "pequenas
frutas" é utilizado para um grupo de espécies já consagradas em
países tradicionais produtores, porém freqüentemente, novas espécies
são inseridas neste conjunto, já que há flexibilidade nos conceitos que
delimitam tais espécies componentes, havendo um grande campo em
potencial a ser explorado para a inserção de espécies desconhecidas
do mercado, tanto interno como externo, e que podem, em médio ou
longo prazo, constituírem-se em espécies de importância comercial
(Pagot & Hoffmann, 2003).
Uma espécie de grande valor nutricional e econômico que pode ser
estudada para a incorporação no quadro das pequenas frutas é a
Physalis peruviana L. Esta fruta caracteriza-se por ter um fruto
açucarado e com bom conteúdo de vitamina A, C, ferro e fósforo
(Fischer & Almanza, 1993). Segundo a Corporación Colombiana
Internacional (1994), em diferentes regiões na Colômbia lhe atribuem
propriedades medicinais tais como a de purificar o sangue, diminuir a
albumina nos rins, aliviar problemas de garganta, fortificar o nervo
óptico entre outras. Porém para que uma espécie seja introduzida é
308
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
necessário fazer uma avaliação das condições de clima e solo da
região, com o objetivo de auxiliar na seleção das espécies que tem
condições de se adaptar em determinado local (Siqueira 2003),
juntamente com o estudo de métodos de propagação para obtenção de
mudas. Os principais métodos de obtenção de mudas são através de
sementes, estacas e micropropagação. A aclimatação é o processo de
transição de plantas cultivadas em ambientes controlados para
ambientes em condições naturais. Esta passagem é critica e representa
em muitos casos um fator limitante no processo de micropropagação.
Um fator de elevada importância na aclimatização é o substrato que,
de acordo com suas propriedades, pode facilitar ou impedir o
enraizamento e crescimento das plântulas. (Calvete et al. 2000).
Substratos hortícolas para a produção de mudas estão substituindo o
uso de solo mineral, propiciando significativos aumentos na produção
(Bellé & Kämpf, 1993). Desta forma a seleção do substrato é de
fundamental importância no crescimento e no desenvolvimento das
plantas micropropagadas, influenciando diretamente no sucesso da
aclimatação.Tendo em vista a diversidade dos substratos e de suas
características, torna-se difícil escolher o melhor substrato, que atenda
as condições para ótimo crescimento e desenvolvimento das plantas
na aclimatação.
Este trabalho visou a obtenção de protocolos para aclimatação da
Physalis peruviana L. vislumbrando a possibilidade de seu cultivo como
forma de uma nova alternativa para produtores de pequenas frutas da
região.
Material e Métodos
O material vegetal utilizado foi plântulas de Physalis, provenientes de
micropropagação. As plântulas foram retiradas de frascos, lavadas em
água corrente para remover resíduos do meio de cultura aderido às
raízes e colocadas em bandejas plásticas com papel-toalha umedecidos
em água, para evitar a desidratação das mesmas. As plântulas
micropropagadas foram plantadas em bandejas alveoladas com 128
células. Diferentes tipos de substratos foram utilizados (Plantmax,
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Solo, Plantmax/Vermiculita e Solo/Vermiculita), metade das plantas, foi
mantida em casa de vegetação com nebulização e a outra metade foi
mantida em telado protegida com sombrite sem nebulização
totalizando 8 tratamentos. Utilizou-se o delineamento experimental em
blocos casualizados, com 4 repetições por tratamento. Cada repetição
constituiu-se de 5 plântulas. Os dados foram submetidos à análise da
variância e as médias dos tratamentos comparadas estatisticamente
pelo teste de Duncan, através do uso do programa Sanest, (Zonta &
Machado, 1984). No final do período de 21 dias foi determinado o
percentual de plantas sobreviventes, comprimento da parte aérea (cm),
número de folhas e diâmetro de caule.
Resultado e Discussão
Para a percentagem de sobrevivência, avaliada aos 21 dias, houve
efeito significativo para o fator local. As plântulas apresentaram
99,35% de sobrevivência quando mantidas em telado, significativamente superior a casa de vegetação que apresentou 93,27% de
sobrevivência. Resultados distintos foram observados por Augusto,
(2001), utilizando câmara de nebulização e túnel plástico sem
nebulização, na aclimatação de amoreira-preta, onde obteve 100 % de
sobrevivência para os dois tratamentos.
Para a variável, comprimento da parte aérea, houve diferenças
significativas para o fator local e substrato. As plântulas apresentaram
maior comprimento aéreo em telado, 5,31cm, significativamente
superior à casa de vegetação (4,83cm). Para o fator substrato as
maiores médias foram observadas em substrato plantmax (6,59cm),
estatisticamente superior a plantmax + vermiculita (4,86cm), solo
(4,47cm), e solo + vermiculita (4,37cm) (Figura 1). Segundo Fráguas
et al. (2002), o substrato plantmax vem-se mostrando como um dos
melhores substratos para aclimatação de varias espécies de plantas.
309
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
a
Comprimento aéreo
(cm)
310
7
6
5
4
3
2
1
0
b
Plantmax Plant. + V.
b
Solo
b
Solo + V.
Substratos
Figura 1. Comprimento aéreo de plântulas de Physalis peruviana L. aos
21 dias de aclimatação. Valores seguidos por letras distintas diferem
significativamente pelo teste de Duncan a 5%. FAEM/UFPEL - Pelotas,
RS. 2003.
Quanto a variável número de folhas, foi verificado diferenças
significativas para os fatores, local de aclimatação e substrato. Para o
fator local de aclimatação, o maior número de folhas foi obtido em
telado onde as plântulas apresentaram uma média de 5,86 folhas
sendo significativamente superior a casa de vegetação com 5,20
folhas (Figura 2).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
a
b
6
Número de folhas
5
4
3
2
1
0
Telado
C.V.
Local
Figura 2. Número de folhas de plântulas de Physalis peruviana L. aos
21 dias de aclimatação. Valores seguidos por letras distintas diferem
significativamente pelo teste de Duncan a 5%. FAEM/UFPEL - Pelotas,
RS. 2003.
As plântulas aclimatadas em substrato plantmax apresentaram maior
número de folhas (5,93folhas), significativamente superior a plantmax
+ vermiculita (5,59), solo + vermiculita (5,51) e solo 5,07. Chaves et
al. (2003) avaliando diferentes locais e substratos na aclimatação de
Physalis, obtiveram maior número de folhas em substrato plantmax
(7,17 folhas), quando comparado com os substratos vermiculita, solo
e casca de arroz carbonizada.
Para a variável, diâmetro do caule houve interação entre local de
aclimatação e substrato, as plântulas aclimatadas em sala de
crescimento apresentaram maior diâmetro de caule quando
comparadas com as plântulas de casa de vegetação. Dentro de sala de
crescimento o substrato plantmax proporcionou o maior diâmetro
(4,1mm), valor significativamente superior a vermiculita (3,3mm),
casca de arroz carbonizada e solo com 2,3mm e 2,2mm
respectivamente.
311
312
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
BELLÉ, S.; KÄMPF, A.N. Produção de mudas de maracujá amarelo em
substratos à base de turfa. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.28,
n.3, p.385-390, 1993.
CALVETE, E.O.; KÄMPF, A.N.; DAUDT, R. Efeito do substrato na
aclimatização ex vitro de morangueiro cv Campinas, Fragaria x
ananassa Duch. In: KÄMPF, A.N.; FERMINO, M.H. (Ed.). Substrato
para plantas - a base da produção vegetal em recipientes. Porto
Alegre: Genesis, 2000, p.257-264.
CHAVES, A. da C.; SCHUCH, M. W.; ERIG, A.C.; PINHO, D. S. de.
Avaliação de diferentes locais e substratos na aclimatação de Plântulas
de Physalis peruviana L. XII Congresso de iniciação científica e V
Encontro de Pós Graduação. RESUMOS. Pelotas. CD-ROM, 2003.
CORPORACIÓN COLOMBIA INTERNACIONAL, UNIVERSIDAD DE LOS
ANDES Y DEPARTAMENTO DE PLANEACIÓN NACIONAL. Análisis
internacional del sector hortofrutícola para Colombia. Editorial El
Diseño. Bogotá, 1994, pág. 165.
FISCHER, Gerhard y ALMANZA, Pedro José. Nuevas tecnologías en el
cultivo de la uchuva Physalis peruviana L. En: Revista Agrodesarrollo,
Vol. 4, No. 1-2, 1993, pág. 294.
FRÁGUAS, C.B.; PEREIRA, A.R.; PASQUAL, M. Aclimatização de
Plântulas de Fícus carica cv. Roxo de Valinhos micropropagadas.
Congresso Brasileiro de Fruticultura. Belém, CD-ROM. RESUMOS,
2002.
HOFFMANN, A. Apresentação. 1o. Seminário Brasileiro Sobre
Pequenas Frutas. Bento Gonçalves. p.6, 2003.
PAGOT, E.; Hoffmann, A. Produção de Pequenas Frutas no Brasil. 1o.
Seminário Brasileiro Sobre Pequenas Frutas. Bento Gonçalves. p. 9-14,
2003.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
SANTOS, A.M. Pequenas Frutas: Novas Alternativas de Diversificação
com Fruticultura em Pequenas propriedades. VI Enfrute, Encontro
Nacional Sobre Fruticultura de Clima Temperado. Fraiburgo, SC. p. 714, 2003.
SIQUEIRA, D.L. Produção comercial de frutas em pequenas áreas.
Revista Tecnologia e Treinamento Agropecuário. Viçosa. 2003.
ZONTA, E.P.; MACHADO, A.A. SANEST - Sistema de Análise
Estatísticas para Microcomputadores, Pelotas-UFPel, 1984. 75p.
313
314
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Avances en los Conocimientos Sobre el
Comportamiento de Distintas Especies de
Frutales Menores en Tierra del Fuego
Gustavo L. Vater
Miriam Arena
Introducción
Tierra del Fuego, situada en la región más austral del continente
americano, se caracteriza por un clima insular de temperaturas frías,
con influencia antártica, lo que se manifiesta en una baja amplitud
térmica entre el día y la noche, e igualmente entre las temperaturas
medias del invierno y del verano. Estas características hacen que la
economía agronómica local sea casi inexistente, a excepción de la
producción de lana ovina. No puede esperarse un mayor desarrollo
económico y demográfico de la Patagonia a partir de la actividad
pastoril (du Pisani et al., 1994). En general, los frutales menores o
frutas finas tienen en común grandes ventajas que hacen interesante
su cultivo: una potencial rentabilidad tanto a pequeños como a grandes
productores, uso de abundante mano de obra y la amplia gama de
suelos y climas marginados en los que pueden cultivarse (Sudzuki,
1983). Tienen una baja tecnología de implantación, un control mínimo
sanitario y una fácil incorporación al mercado (Bounous, 1990). En
nuestro país, sólo unas muy pocas hectáreas se cultivan de estos
frutales menores llamados también berries, generalmente los cultivos
se encuentran en las provincias de Río Negro y Buenos Aires. En los
últimos años se ha observado un renovado interés debido a la fuerte
demanda de fruta destinada a la elaboración de dulces y conservas,
mientras que la variedad de sabores parece ser el quid del negocio
para competir en el mercado y contra los dulces y conservas
importadas (Martinez et al., 1995). No hay que descartar desde luego
316
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
el potencial exportador de fruta fresca con destino al hemisferio norte
en contra estación.
Durante cuatro años, en el campo de experimentación del Centro
Austral de Investigaciones Científicas, situado en la ciudad de Ushuaia
(54o 48´ Lat.S, 68o 15´ Long O) en Tierra del Fuego República
Argentina, el Area de Recursos Agronómicos del Laboratorio de
Producción y Propagación Vegetal evaluó el comportamiento de
diferentes especies de frutales menores con el objeto de sumar a la
producción local.
Materiales y Métodos
Material Vegetal. El ensayo se inició a partir de plantas de dos años de
edad obtenidas de un vivero en la Prov. de Río Negro de la siguientes
especies y variedades respectivamente:
Ribes nigrum "cassis" variedad Titania, Rosenthals y Silvergieders.
Ribes rubrum "corinto" variedad Jonkheer van Tets y Rovada.
Ribes uva-espina "grosella" variedad Pixwell y Welcome.
Rubus idaeus "frambuesa" variedad Schoenemann, Meeker, Camezino,
Willamette, Zeva y Zeva2.
Rubus idaeus x occidentalis "mora híbrida" variedad Logan
únicamente.
La plantación de las especies se realizó en la primavera de 1999 en un
diseño de plantación en bloques al azar, rectangular 2 x 1 mt,
correspondiendo a una densidad de 5000 plantas por hectárea.
Fertilización: El plan de fertilización en equivalente por hectárea fue el
siguiente:
Cropcare 38 (12,2 % N - 4,5 % P asim. - 14,6 % K - 2,5 % Mg): 1era
dosis: 2da quincena de Noviembre (50 kg/ha). 2da dosis: 2da quincena de
Enero (50 kg/ha). 3era dosis: 1era quincena de Abril (50 kg/ha).
Superfosfato triple (20 % P asim.): única dosis: 1era quincena de Abril (75
kg/ha).
Fases fenológicas: Se observaron las distintas fases fenológicas:
brotación, botón floral, floración plena, fructificación y maduración de
frutos.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Caracterización climática: Durante los cuatro años de duración de los
ensayos, y entre los meses de Octubre a Marzo se observó una
temperatura media por temporada de 7,3 OC, siendo la temperatura media
del mes de enero, el mes más cálido del verano, de 9,2 OC. La
precipitación media por temporada fue de 260 mm, cubriendo el déficit
mediante riego por goteo. La humedad relativa ambiente media fue de
72% y los vientos predominantes del cuadrante suroeste.
Caracterización edáfica: Al comienzo (antes del laboreo) y al cuarto
año (después) del cultivo se realizó un análisis químico del sector,
obteniendo los siguientes resultados:
pH : 5,0 (antes); 4,5 (después) fuertemente ácido.
Materia Orgánica: s/d (antes); 9% (después) contenido medio.
Nitrógeno Total: 0,6 meq/100grs (antes); 0,4 meq/100 grs (después)
contenido medio.
Fósforo Disponible: 4 ppm (antes); 15 ppm (después) medio a alto.
Resultados y Discusion
La producción de frutos por hectárea, en el mejor sitio y con la mejor
variedad fue de 3000 Kg para Zeva 2 de Frambuesa, 650 kg para
Logan de Moras híbridas, 1300 Kg para Welcome de Grosellas, 4800
Kg para Jonkheer Van Tets de Corinto y 9000 Kg para Titania de
Cassis (Gráfico 1). Estos valores corresponden a los años de mayor
rendimiento de frutos, que generalmente suceden entre el 3er y 4to año.
La productividad tan baja de las moras es debido al no término de la
fase de maduración de los frutos. Si bien potencialmente es una
especie de gran producción, debido al gran crecimiento vegetativo
demostrado y por la gran cantidad de frutos verdes que quedan en
planta sin poder cosechar.
Es interesante observar los días en que se pueden obtener frutos
frescos cosechados durante la estación estival. Si consideramos las
seis variedades de frambuesas cultivadas podemos obtener frutos
frescos desde el 3 de febrero al 14 de abril (Figura 2). Si consideramos
las tres especies estudiadas de Ribes, en donde la cosecha se restringe
a dos semanas y la de Rubus cuya intensidad de cosecha es menor
317
318
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
pero de aproximadamente 10 semanas, observamos los beneficios de
implementar una diversificación para la región (Figura 3).
El crecimiento vegetativo de las especies se considera bueno. Las
alturas de las plantas han llegado a un máximo en el tercer año de 1
mt en frambuesas, 0,90 mt en Moras híbridas, 0,65 mt en Grosellas,
1,15 mt en cassis y 0,70 mt en corinto.
Con respecto a la calidad de frutos los datos obtenidos fueron los
siguientes:
Frambuesa: pH = 3,5; Tot S. Solubles: 11,3; materia seca: sin datos;
Prot. Bruta: sin datos.
Mora Híbrida: pH = 3,4; Tot S. Solubles: 11,5; materia seca: sin
datos; Prot. Bruta: sin datos.
Grosella: pH = 3,5; Tot S. Solubles: 12,1; materia seca:16,9 %; Prot.
Bruta:4,3% sobre MS.
Corinto: pH = 3,6; Total S. Solubles: 14,5; materia seca:16,9%;
Prot.Bruta:4,4% sobre MS.
Casssis: pH = 3,6; Total S. Solubles: 16,3; materia seca 21,3%; Prot.
Bruta: 4,4% sobre MS.
Fases fenológicas: En el siguiente cuadro se resume en promedio lo
ocurrido en estos últimos años.
Brotación
Frambuesa
Mora híbrida
Grosella
Corinto
Cassis
Botón floral
1ª-2ª/Sept
4ª/Nov a 2ª/Dic
1ª-2ª /Sept
2ª/Dic
4ª/Sept a 3ª/Oct
1ª/Nov
1ª-2ª /Oct
4ª/Oct
3ª-4ª /Sept
3ª-4ª /Oct
Plena floración
Fructificación
Madurez
2ª-4ª /Dic
4ª/Ene a 2ª/Feb
4ª/Nov
4ª/Nov a 2ª/Dic
4ª/Nov
1ª-3ª /Ene
3ª/Feb a 2ª/Mar
3ª-4ª /Dic
2ª-3ª /Dic
2ª-3ª /Dic
1ª/Feb a 4ª/Mar
Inexistente
1ª-2ª /Mar
4ª/Enero
4ª/Enero
Los resultados hasta el momento han demostrado datos satisfactorios
en el crecimiento y producción de las especies estudiadas, a excepción
de la variedad Logan de mora híbrida en que no se ha aclimatado a
estas latitudes extremas. Si comparamos los valores de kilos de frutos
por hectárea con respecto a los de otras regiones del país o del
extranjero, observamos una apreciable disminución de rendimiento
motivada principalmente por el clima local. Sin embargo, estas
investigaciones han ayudado a definir cambios en la producción
regional.motivada principalmente por el clima local. Sin embargo, estas
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
investigaciones han ayudado a definir cambios en la producción
regional.
Habrá que continuar las experiencias de estos ensayos con el objeto
de realizar las prácticas culturales (fertilización y poda) de modo de
maximizar los beneficios manteniendo la sanidad, una buena
producción de frutos, calidad y obtener cultivos longevos (Vater y
Arena, 2001), (Vater et al. 2002).
Fig. 1. Producción de frutos
equivalente por hectárea en el
Fig. 2. Tiempo de cosecha
estimada durante la temporada de
mejor sitio y con la mejor variedad
de las cinco especies seis de las
variedades de frambuesas de
berries.
Fig. 3. Tiempo de cosecha estimada y producción de frutos a lo largo
de la temporada de las cinco especies de berries.
319
320
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
Du Pisani L.; Johnson D.; Gibbs J.; Laycock W.; Noy-meir I.; Paz C.;
Borelli P.; Oliva G.. 1994. Sustentabilidad y manejo de los recursos
naturales de la Patagonia: conclusiones y recomendaciones. Actas del
taller internacional sobre recursos fitogenéticos, desertificación y uso
sustentable: 203-204.Río Gallegos. Santa Cruz.
Bounous G. 1990. Prospettive e limiti della coltura dei piccoli frutti in
Italia. Frutticoltura No 5: 43-48.
Martínez E., De Michelis A. and Riádigos E., 1995. En la variedad está
el gusto. y el negocio. Campo y Tecnología 21: 39-42.
Vater G., Arena M. 2001. Orchard Growthand Fruiting of Ribes nigrum
L. In Tierra del Fuego, Argentina. 8º Congreso Mundial de Rubus-Ribes.
Resumen editado en CD: Trabajo P33. Escocia. Gran Bretania, Julio
2001 y publicado completo en Acta Horticulturae N°585 Volumen 1.
253-256. Septiembre2002.
Vater G.; Arena M., Ces M. J. 2002. Evaluation of the behaviour of
two varieties of redcurrants (Ribes rubrum L.) in Tierra del Fuego, Argentina. Workshop 15-16 de Diciembre de 2000 p.6. Facultad de
Agronomía y Forestal, Universidad de Helsinski. Trabajo publicado completo en Journal Food Technology and Quality Evaluation: Editors:
Ramdame D. and Arun S. ISBN 1-57808-235-8. 300pages. Diciembre
2002.
Potencialidades de Produção de Mirtáceas
Frutíferas Nativas do Sul do Brasil
Rodrigo Cezar Franzon
Elisia Rodrigues Corrêa
Maria do Carmo Bassols Raseira
Introdução
A flora brasileira é rica em frutas silvestres comestíveis, as quais
constituem um patrimônio genético e cultural de inestimável valor
(Mielke et al., 1990). No sul do Brasil, dentre as muitas espécies
nativas existentes, destacam-se algumas da família Myrtaceae.
A Embrapa Clima Temperado (CPACT), em Pelotas, RS, mantém um
Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de fruteiras nativas da Região Sul
do Brasil. Este trabalho se iniciou em 1985, com o objetivo de
preservá-las e estudar o seu potencial (Raseira e Raseira, 1990).
Atualmente o BAG é formado por populações de 12 espécies nativas,
introduzidas de diversos municípios da região sul, e duas exóticas.
Além da manutenção e preservação do germoplasma ex situ, são
realizados trabalhos de caracterização e, em três espécies, araçazeiro
(Psidium cattleyanum Sabine), pitangueira (Eugenia uniflora L.) e feijoa
(Acca sellowiana (Berg) Burret), vem sendo realizado um trabalho de
seleção e multiplicação dos melhores clones, utilizando-se para tal,
plantas oriundas de sementes de diversas origens. Trabalho
semelhante está se iniciando com cerejeira-do-rio-grande (E.
involucrata DC).
Atualmente existem duas cultivares de araçazeiro, lançadas pela
Embrapa Clima Temperado, e que são plantadas em pomares
322
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
comerciais, embora em pequena escala: a "Ya-cy", produtora de frutos
de película amarela, e a "Irapuã" com película vermelha, das quais já
foram fornecidos a produtores mais de 20.000 mudas .
Com o objetivo de auxiliar na seleção de clones superiores, para
futuramente introduzir algumas das espécies nativas aos sistemas de
produção de frutas, foram realizadas algumas avaliações agronômicas
em populações de pitangueira e araçazeiro, e em clones de outras
espécies existentes no BAG de fruteiras nativas do CPACT.
Material e Métodos
Foram avaliadas, nos anos de 2001-2002 e 2002-2003, as seguintes
características: tamanho médio das frutas, medindo-se o diâmetro com
paquímetro digital; o peso médio das frutas; e o teor de sólidos
solúveis totais (SST), avaliado em graus Brix (°Brix) com refratômetro
digital. Para araçazeiro e pitangueira também foi avaliada a
produtividade por planta, nas seleções existentes no CPACT.
Para o araçazeiro, cada seleção é representada, na coleção, por quatro
a cinco plantas. A produtividade média para cada seleção foi obtida
com base nestas plantas, enquanto que o peso médio da fruta foi
obtido pela média de 20 frutas, coletadas ao acaso, exceto quando
não possível. O teor de SST foi obtido pela média de três a cinco
frutas. As seleções avaliadas foram plantadas no inverno de 2000,
sendo constituídas por plantas oriundas de sementes de clones,
previamente selecionados, anteriormente introduzidos de diversos
locais da região sul do Brasil. Os dados apresentados referem-se a
avaliação de 108 seleções, nas safras de 2001/2002 e 2002/2003.
Para a pitangueira, o teor de SST e o diâmetro médio das frutas foi
obtida pela avaliação de, no mínimo, cinco frutas. As seleções são
provenientes de um tipo de pitangueira que apresenta duas safras por
ano, uma entre outubro e novembro, e outra entre março e maio. Os
resultados aqui apresentados referem-se à avaliação de 44 seleções,
na safra de março/maio, no ano de 2003. O material selecionado
existente hoje na Embrapa Clima Temperado destacou-se entre 1500
plantas, oriundas de sementes, coletadas na área urbana de municípios
da região sul do Rio Grande do Sul, em plantas de origem
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
desconhecida e existentes há décadas em pátios residenciais ou de
escolas.
Para avaliação da cerejeira-do-rio-grande, da uvalheira e da
guabirobeira, foram utilizados clones existentes no BAG de fruteiras
nativas. A média do teor de SST e a média do tamanho de fruto foram
obtidas pela avaliação de, no mínimo, cinco frutas, enquanto que o
peso por fruto foi obtido pela média de 20 frutas. Para a feijoa, as
avaliações foram feitas em "seedlings".
As diferentes espécies foram observadas durante todo o ciclo
vegetativo quanto à sanidade e problemas de manejo.
Resultados e Discussões
Araçazeiro: esta espécie é aquela que apresenta maior potencial para
aproveitamento imediato por parte dos produtores. As avaliações
demonstram que existem grandes diferenças entre as diversas
seleções atualmente em avaliação, nos três parâmetros avaliados.
Algumas seleções já produziram após um ano do plantio, atingindo
uma produção de até 1,02 kg.planta-1. As seleções 15/90, 19/90, 22/
90, 23/90, 02/91 e 02/92 apresentaram produtividade superior a 0,9
kg.planta-1. No segundo ano, a produtividade média por planta
aumentou consideravelmente, atingindo valores de até 2,9 kg.planta-1.
Destacaram-se, no segundo ano, as seleções 14/90, 15/90, 04/91,
08/91, 14/91, 12/92 e 11/95, com produtividade superior a 2,0
kg.planta-1.
Considerando-se uma produtividade média de 2,0 kg.planta-1, e que as
mesmas estão plantadas em espaçamento de 0,5m entre plantas e
4,0m entre filas, esta espécie apresenta potencial para produzir, pelo
menos, 10 ton.ha-1 já no segundo ano após a implantação do pomar.
O tamanho dos frutos também apresentou diferenças, variando entre
2,2 e 5,0cm (sel. 06/98) no primeiro ano de avaliação. Destacaram-se
as seleções 06/98, 05/93, 07/94, 10/94, 03/96, 04/96, 07/96 e 04/
99, com diâmetro de fruto superior a 3,5cm. No segundo ano, o
diâmetro médio variou de 2,4 e 3,8cm, destacando-se as seleções 09/
90, 04/91, 06/92, 08/92 e 05/94, com diâmetro superior a 3,5cm.
323
324
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O teor de SST variou entre 7,8 e 14,6°Brix no primeiro ano de
avaliação, destacando-se as seleções 06/90, 14/90, 03/91, 32/92,
12/96 e 14/96, com teores acima de 12,0°Brix, e entre 6,3 e
12,0oBrix no segundo ano, com destaque para as seleções 02/93, 10/
94, 12/96 e 14/96, com teores acima de 11,0oBrix.
No segundo ano de avaliação a produtividade média por planta em
cada seleção aumentou consideravelmente. Já o teor de SST e
diâmetro não apresentaram grandes variações.
Pitangueira: esta espécie, juntamente com o araçazeiro, apresenta
grande potencial para aproveitamento imediato pelos produtores, pois
existem trabalhos avançados de seleção de clones que podem ser
propagados como cultivares. Algumas seleções desta espécie (sel. 04/
91, 11/91, 01/93, 03/96, 02/97 e 05/01) apresentaram produtividade
entre 15,0 e 23,0 kg.planta-1. Considerando uma produtividade em
torno de 20kg por planta, e que as seleções encontram-se em
espaçamento de 5m entre filas e 2m entre plantas, esta espécie tem
potencial para produzir em torno de 20 ton.ha-1 (considerando apenas
a colheita de março a maio).
O diâmetro das frutas foi superior a 2,0cm e, o teor de SST foi alto,
na maioria das seleções avaliadas, com valores acima de 12 OBrix,
atingindo até 17 OBrix em algumas seleções.
Cerejeira-do-rio-grande: foram avaliados dez acessos no ano de 2003.
Destacaram-se os acessos PL3/F2, PL5/F2, PL8/F2, com peso médio
de frutos igual ou superior a 6,0g. Quanto ao tamanho dos frutos,
destacaram-se PL5/F2 e PL8/F2, com diâmetro e comprimento
superiores a 2,4cm. O acesso PL2/F2 também apresentou
comprimento superior a 2,4cm, embora o diâmetro tenha sido um
pouco menor. Em relação ao teor de SST, destacaram-se os acessos
PL1/F2, PL1/F5 e PL2/F5 com valores acima de 14,0 OBrix.
Uvalheira: nesta espécie foram avaliados cinco acessos no ano de
2003, destacando-se o clone PL3/F2, com peso e diâmetro médios de
frutos de 24g e 4,1cm, respectivamente. Entretanto, a maior média de
SST foi aquela do acesso PL1/F2, com 10,3 OBrix.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Guabirobeira: foram avaliados sete acessos no ano de 2002. O acesso
PL1/F4 destacou-se em relação ao peso e diâmetro médios de fruta,
com 11,5g e 2,7cm, respectivamente. Já em relação ao teor de SST,
destacaram-se os acessos PL4/F4, PL1/F5 e PL2/F5, com valores
acima de 11,0 OBrix, sendo que os SST do último acesso foi superior a
14,0 OBrix. Os diversos acessos desta espécie também variaram em
relação a pungência das frutas, porém, esta não foi mensurada.
Feijoa: poucas plantas produziram frutos na safra de 2002/2003,
devido ao grande ataque de antracnose. Aquelas que produziram
também apresentaram grande incidência de mosca das frutas. O
tamanho das frutas foi relativamente pequeno, sendo que as maiores
apresentaram peso médio entre 60 e 70g.
Uma das grandes vantagens do aproveitamento das espécies nativas
nos sistemas de produção de frutas é a época de colheita. Na
pitangueira, por exemplo, a primeira safra ocorre em outubro/
novembro, e a segunda em março/maio, podendo esta última se
estender até a entrada do inverno. Nesta última época, a mão-de-obra
nas propriedades rurais e também nas agroindústrias da região de
Pelotas, onde a cultura do pessegueiro é uma das principais atividades,
está praticamente ociosa. Além disso, nesta época também já
terminou a colheita de outras culturas economicamente importantes na
região, como a ameixeira, morangueiro, ou que estão aumentando em
importância, como amora-preta e mirtilo. De forma semelhante à
pitangueira, o araçazeiro apresenta a mesma vantagem.
Desta forma, algumas destas espécies nativas podem entrar como uma
nova atividade nas propriedades rurais, oportunizando uma renda
adicional, e também na agroindústria, que pode processar a produção
na forma de geléias, sucos, polpa, entre outros produtos.
A feijoa, além do aproveitamento dos frutos, também merece destaque
pela suas flores. Esta espécie, além de poder ser utilizada em jardins,
como planta ornamental, pode ter suas flores utilizadas em decorações
de ambientes. Outro aspecto importante das flores são as pétalas, que
podem ser utilizadas em decorações de pratos especiais, como
saladas, podendo inclusive ser consumidas, pois, são carnosas e
doces, com agradável paladar.
325
326
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Em testes preliminares, verificou-se boas perspectivas de
aproveitamento comercial das flores. As mesmas conservaram-se em
bandejas de isopor envolvidas por um filme plástico durante 3
semanas sob refrigeração, e por menos de 7 dias em temperatura
ambiente.
Conclusões
As espécies frutíferas de mirtáceas nativas do sul do Brasil apresentam
grande potencial para exploração econômica, principalmente em nichos
de mercado ávidos por novidades.
Referências Bibliográficas
MIELKE, J.C.; FACHINELLO, J.C; RASEIRA, A. Fruteiras Nativas Características de 5 mirtáceas com potencial para exploração
comercial. HortiSul, Pelotas, v.1, n.2, p.32-36. 1990.
RASEIRA, A.; RASEIRA, M. do C.B. Fruteiras nativas de clima
temperado. Hortisul, Pelotas, v.1, n.2. 1990.
Frutas Finas Nativas de la Patagonia Austral:
Producción in situ Y Conservación ex situ
Miriam E. Arena
Gustavo Vater
Mariela Bernini
En los últimos años, se ha evidenciado un interés creciente en la
agricultura intensiva de la Patagonia. Esto es debido principalmente a
la posibilidad de producción en contra estación con respecto a los
mercados del Hemisferio Norte. Además, una amplia diversidad de
suelos y climas están representados en Patagonia, los cuales podrían
ser utilizados para extender la estación de producción (Arena et al.,
2003c). Si bien es conocida la demanda industrial a nivel mundial por
los berries ya cultivados, no deja de ser menos importante la búsqueda
de nuevas especies de frutales autóctonos para introducirlas al cultivo
comercial. Los recursos vegetales de la Patagonia y en particular los de
Tierra del Fuego, poseen un potencial para el desarrollo diversificado
de la producción agropecuaria. Un valor adicional implica la condición
de Isla con relativamente bajos niveles de contaminación y buenas
condiciones para la producción orgánica.
Tierra del Fuego constituye la región más austral de Sud América
(entre los 52O y 56O latitud sur), situándose su capital Ushuaia, al
sudoeste. Las temperaturas medias máxima, media y mínima
registradas en la Estación Meteorológica del Centro Austral de
Investigaciones Científicas (Ushuaia) entre los meses de octubre y
marzo, durante el período 1994-2004 fueron de 12,72 OC, 8,38 OC y
4,61OC respectivamente, mientras que la humedad relativa del
ambiente fue del 72% y las precipitaciones medias acumuladas
durante dicho período fueron de 46 mm. Algunos de los suelos
328
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
pertenecientes a los sitios estudiados se caracterizan por presentar un
horizonte superficial (0-14 cm) orgánico, con un pH de 4,3,
conteniendo 7,93 % de carbono orgánico, 0,58 % de Nitrógeno, 0,20
% de Potasio y 8 % de Fósforo. El horizonte profundo (0,14-0,29) es
arcillo-arenoso, siendo su pH de 4,2, conteniendo 2,94 % de carbono
orgánico, 0,20 % de Nitrógeno, 0,10 % de Potasio y trazas de
Fósforo. Las condiciones climáticas descriptas, particularmente la
ausencia de veranos definidos y cálidos, pueden limitar el cultivo de
especies frutales tradicionales, pero a la vez ser propicias para el
cultivo de las especies de frutales menores.
El objetivo de este trabajo es presentar el grado de avance del
conocimiento sobre la producción in situ y la conservación ex situ de
tres especies de frutales nativos de la Patagonia, como ser Berberis
buxifolia, Ribes magellanicum y Rubus geoides
Berberis buxifolia
El género Berberis está bien representado en Patagonia por 16
especies de arbustos nativos (Orsi, 1984), siendo B. buxifolia
"calafate" una especie con una larga distribución, desde Neuquen
hasta Tierra del Fuego (Job, 1942). En los últimos años, se ha
observado un interés creciente en la producción de Berberis en
Patagonia (Arena y Martínez Pastur, 1995b), debido no sólo a que sus
frutos pueden ser consumidos en fresco o en mermeladas (Orsi, 1984)
sino que también son una importante fuente de alcaloides del tipo de
las berberinas y antocianinas, con una aplicación medicinal y tintórea
(Pomilio, 1973; Fajardo Morales et al., 1986). Además, dado que las
plantas adultas de Berberis presentan espinas, estos arbustos no
pueden ser fácilmente consumidos por los animales, por lo que
protegen a otras especies vegetales que crecen cerca de ellas.
Además, la elevada densidad de follaje de estos arbustos reduce el
efecto del viento y por consecuencia la mortalidad de las ovejas en
parición (Arena et al., 2003c).
B. buxifolia es un arbusto siempreverde y espinoso, que puede llegar
hasta los 4 m de altura, que a menudo crece en los montes bajos, en
los márgenes y claros del bosque, en áreas húmedas de estepas, a lo
largo de ríos y arroyos (Moore, 1983). En una población natural
situada en las cercanías de Ushuaia, se observó que la emergencia de
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
nuevas hojas y la plena floración ocurren al inicio y durante la mitad de
la primavera respectivamente. La maduración de los frutos puede
comenzar desde fines de enero para continuar a lo largo de febrero. La
orientación, la posición en altura y la edad de las ramas afectaron la
productividad de estos arbustos. El rendimiento de frutos relativo
(número y peso) fue máximo en el sector norte de las plantas, a la vez
que en la mitad superior de las mismas. Este hecho se debió al mayor
número de ramas formadas en estos sectores y no a un mayor
rendimiento de frutos por rama. Los mayores valores encontrados en
el sector norte y en la mitad superior de las plantas podrían deberse a
una mayor exposición en tiempo horario al sol y consecuentemente a
una mayor intensidad de luz a la vez que a una menor exposición a los
vientos predominantes del sur-suroeste. Por otra parte, el rendimiento
de frutos relativo (número y peso) fue máximo en las ramas de 1 año
de edad. Estas ramas deben tener un mejor equilibrio fisiológico (en
términos de vigor) comparados con las ramas más viejas y por ende
más adecuadas para la formación de frutos (Arena et al., 2003c).
Estos resultados destacan la importancia de la correcta elección del
sitio, protección contra los vientos predominantes y conducción de las
plantas de B. buxifolia para llevar a cabo su domesticación.
Esta especie pudo ser propagada por semillas (Arena y Martínez
Pastur, 1994), alcanzando un porcentaje máximo de germinación del
55% cuando las semillas se estratificaron por 3000 horas y
germinaron en la oscuridad. Además, se propagó por rizomas,
encontrándose que la longitud, grosor y genotipo afectaron su
brotación y enraizamiento (Arena y Martínez Pastur, 1995b),
alcanzando un máximo de 76% de enraizamiento al final de la estación
de crecimiento (Arena et al., 1998). Por otra parte, un protocolo de
propagación in vitro fue desarrollado para esta especie (Arena et al.;
2000). El cultivo de explantos en el medio de Murashige & Skoog con
0,55 µM de BA permitió obtener una tasa de multiplicación de 1:4,7
en 63 días, mientras que el enraizamiento de los brotes (cerca al 80%)
fue posible con un período de 4 días de oscuridad total y 1,25 µM de
IBA por 7 días. Posteriormente, el estudio de la variación endógena de
poliaminas y peroxidasas permitió el empleo de estas sustancias como
marcadores del enraizamiento (Arena et al., 2003b), a la vez que nos
encontramos elaborando protocolos con medios sucesivos de
329
330
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
enraizamiento en los que se agregan poliaminas y sus inhibidores entre
otras sustancias (Arena et al., 2002).
Ribes magellanicum
Ribes magellanicum (´parrilla´) es un arbusto de hojas caducas que
generalmente crece junto a Berberis buxifolia ´calafate´, en los claros
y márgenes de los bosques de Nothofagus pumilio ´lenga´. Se la
encuentra espontáneamente a lo largo de Tierra del Fuego y se
extiende por los bosques Andino-Patagónicos llegando hasta Neuquen
(Moore, 1983; Correa, 1984). Sus pequeñas bayas, además de ser
consumidas frescas, son usadas para elaborar dulces y jaleas. En una
población natural ubicada en las cercanías de Ushuaia, se observó que
los frutos maduran a lo largo del mes de febrero. El 85% de las ramas
fructíferas son ramas cortas y a su vez estas ramas producen
alrededor del 75% de la producción de frutos de las plantas. Dichas
ramas productoras de frutos no se distribuyen uniformemente en
ambas mitades de las plantas, sino que alrededor del 65% de la
producción se concentra en la mitad superior de las plantas, hecho que
podría deberse a una mayor exposición en tiempo horario al sol y
consecuentemente a una mayor intensidad de luz (Arena et al.,
2003a). Al analizar el rendimiento de las plantas en el 2003 y el 2004,
se observó que la producción de frutos fue superior en este último
año. Este hecho podría deberse a que en la temporada de crecimiento
de 2004, la temperatura media fue de 1oC superior con respecto al
2003, siendo particularmente marcadas las diferencias para el mes de
febrero, mes de maduración de los frutos. Estos resultados son los
primeros antecedentes obtenidos en la producción de frutos para R.
magellanicum en este sitio y adquieren una especial relevancia para su
posterior domesticación.
Esta especie fue propagada a través de estacas leñosas, obteniendo
casi un 100% de enraizamiento (Arena et al., 1996). La
micropropagación fue posible al emplear el medio de Murashige &
Skoog con macronutrientes reducidos a la mitad (Arena y Martínez
Pastur, 1995a). La tasa de multiplicación obtenida fue de 1:4 en 21
días, mientras que el porcentaje de enraizamiento fue superior al 95%
a los 21 días. La neoformación de yemas adventicias se indujo en
explantos foliares con pecíolo y lámina completa cultivados in vitro. El
medio de Murashige & Skoog con sus macronutrientes reducidos a la
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
mitad y el agregado de 4,44 a 8,88 µM de BA o BPA y 0,50 µM de
NAA permitieron obtener la máxima capacidad organogenética (Arena
y Martínez Pastur, 1997).
Rubus geoides
Una de las especies nativas de la región cordillerana patagónica centro
y sur es Rubus geoides Sm. "frutilla silvestre o de magallanes".
Generalmente crece en lomadas suaves, secas y soleadas hasta unos
550 m sobre el nivel del mar, como también en los claros del bosque
(Moore, 1983). Es una planta rastrera, estolonífera, sus flores
aparecen en noviembre para luego, al promediar el verano convertirse
en frutos de sabor agridulce y de color rojo.
La propagación por cultivo in vitro de esta especie fue posible a partir
de plantas madres que crecían en el campo (Vater y Arena, 2000).
Cultivando los explantos en el medio de Murashige & Skoog con el
agregado de 1,10 µM de BA, permitió obtener una tasa de
multiplicación de 1:3,5 en 63 días. El 80 % de los brotes enraizaron
usando la mitad de la concentración de las sales macronutrientes del
medio de Murashige & Skoog con el agregado de 2,50 µM IBA y 7
días de oscuridad completa al inicio del período de enraizamiento.
La propagación clonal convencional fue a través de los estolones,
encontrándose que la ubicación de los estolones en las plantas madres
afectaba la capacidad de éstos posteriormente para inducir nuevos
brotes y raíces (Vater y Arena, 2003). Así aquellas secciones de
estolones con hojas y ubicados en los estolones primarios alcanzaron
el máximo enraizamiento (alrededor del 46%) al cabo de una estación
de crecimiento.
Bibliografia Citada
Arena M.E.; Martínez Pastur G. 1994. Phyton 56(XII): 59-63.
Arena M.E.; Martínez Pastur G. 1995a. Scientia Horticulturae 62: 139144.
Arena M.E.; Martínez Pastur G. 1995b: Presencia X (37): 5-7.
331
332
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Arena M.E.; Martínez Pastur G.; Vater G. 1996. Actas de la XXI Reunión
Argentina de Fisiología Vegetal, 10-11. 20 al 22/03. Mendoza.
Arena M.E.; Martínez Pastur G. 1997. Scientia Horticulturae 72: 73-79.
Arena M.E.; Vater G.; Peri P. 1998. Actas IX Congreso Latinoamericano
de Horticultura; XLIX Cong. Agronómico de Chile: 96, Chile.
Arena M.E.; Martínez Pastur G.; Vater G. 2000. Biocell 24 (1): 73-80.
Arena M.E.; Martínez Pastur G.; Benavides P. 2002. Actas del V
Simposio Nacional de Biotecnología Vegetal. Redbio-Argentina. A2.
20/10 al 22/10. Ciudad Autónoma de Buenos Aires.
Arena M.E.; Bernini M.; Crespi M.; Staltari S.; Rodríguez H.; Vater G.
2003a. Actas (Editadas en CD) del XXVI Congreso Argentino de
Horticultura. Fr005. 30/09 al 03/10. Paraná, Entre Ríos. Horticultura
Argentina 20/22, Número 49/52: 52 (2001/2003).
Arena M.E.; Martínez Pastur G.; Benavides M.P.; Zappacosta D.;
Eliasco E.; Curvetto N. 2003b. New Zealand Journal of Botany 41:
475-485.
Arena M.E.; Vater G.; Peri P. 2003b. HortScience 38(2): 200-202.
Correa, M.N. 1984. Grossulariaceae. En Flora Patagónica. Parte IV-B.
Ed INTA. 19-26.
Fajardo Morales V.; Podestá F.; Urzúa A. 1986. Rev. Latinoamericana
de Química: 16: 141-156.
Moore D.M. 1983: Flora of Tierra del Fuego. Oswestry, England. Anthony
Nelson & Missouri Botanical Garden. 396 p.
Orsi M.C. 1984: In: Correa, M. N. ed. Flora Patagónica. Secc. 4a. Tomo
VIII. INTA. Buenos Aires, Argentina. Pp 325-348.
Pomilio A.B. 1973. Phytochemistry 12: 218-220.
Vater G.; Arena M.E. 2000. Actas de la XXIII Reunión Argentina de
Fisiología Vegetal: 136-137. 29/11 al 1/12. Córdoba.
Vater G.; Arena M.E. 2003. ASHS-2003 Centennial Conference,
Rhode Island, 3 al 6/10. HortScience 38 (5).
Frutíferas Nativas em Trecho de Mata Ciliar
na Microbacia do Arroio Pestana: Fenologia e
Mapeamento com Geotecnologias
Gustavo Crizel Gomes
Walter Fagundes Rodrigues
Güinter Timm Beskow
Marilice Garrastazu
Antônio Roberto Marchese de Medeiros
Introdução
A fruticultura representa um dos setores de maior importância
econômica para a região de Pelotas, RS. Apesar disto as frutíferas
nativas da região muito pouco foram pesquisadas, com algumas
exceções (Raseira & Raseira, 1989; 1994; 1996; Mielke et al 1989;
Franzon, 2004) e praticamente não são cultivadas. A vegetação
florestal original da região, onde ocorrem muitas destas espécies, vem
sofrendo, ao longo do tempo, o impacto ambiental resultante das
atividades humanas, tendo sido reduzida a pequenos fragmentos,
ocasionando risco de erosão genética e ameaça de desaparecimento de
algumas espécies na região.
Felizmente, nos últimos anos está ocorrendo a conscientização da
importância da biodiversidade, dentro dela a das frutas nativas, para a
consolidação de sistemas agrícolas sustentáveis. Outro aspecto
importante é a preservação do conhecimento empírico dos agricultores
que tradicionalmente as utilizam para consumo in natura, na forma de
doces, geléias, licores, como medicinais e na confecção de
ferramentas de trabalho.
Isto torna necessário que se realizem trabalhos no sentido de
conhecer, proteger e resgatar a diversidade de frutíferas nativas da
334
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
região, gerando conhecimentos sobre reprodução, manejo de cultivo,
identificação de matrizes, seleção, entre outros, a fim de incentivar o
cultivo.
O objetivo do trabalho foi contribuir para a pesquisa e conhecimento
das frutíferas nativas da região quanto a coleta de sementes,
proporcionando informação sobre a localização de matrizes com o uso
de geotecnologias (Sistema de Posicionamento Global e Sistema de
Informações Geográficas), bem como a sistematização de dados
fenológicos, referentes ao período de floração e frutificação de cada
espécie estudada.
Área em estudo: O estudo foi realizado em trecho de mata ciliar de um
afluente do Arroio Pestana com área de 0,87 ha., localizado na Colônia
Santo Amor, município de Morro Redondo, RS. A tipologia vegetal
original da região é a Floresta Estacional Semi-decidual Submontana
(Pastore & Rangel Filho, 1986). Por tratar-se de mata ciliar, segundo o
código florestal Brasileiro é considerada "Área de Preservação
Permanente", o que lhe garante proteção legal contra intervenções
antrópicas como corte de árvores e desmatamento. O acesso se dá
pela estrada de terra que une a sede do município de Morro Redondo à
entrada principal do município de Capão do Leão na BR-392.
Materiais e Métodos
A área foi escolhida pelo conhecimento prévio sobre a alta ocorrência
de frutíferas nativas em pequeno trecho, sendo acompanhada em
intervalos médios de quinze dias pelo período de um ano, de março de
2003 a março de 2004, conforme recomenda metodologia específica
para estudos fenológicos em dendrologia (Marchiori, 1995),
constatando-se os períodos de floração e frutificação das espécies
existentes no local. Não foi considerada a caducidade foliar, fenômeno
geralmente abordado em estudos fenológicos, por não cumprir com os
objetivos do trabalho. Durante o período foi coletado material botânico
e realizada a identificação das espécies com o auxilio de chaves
dendrológicas (Marchiori, 1997; Marchiori & Sobral, 1997).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Realizou-se um mapeamento da área com auxílio de GPS (receptor de
navegação, 12 canais). Para a determinação das coordenadas utilizouse o método de posicionamento absoluto (Monico, 2000) caracterizando assim um levantamento expedito dentro da precisão do
equipamento usado. Foram delineados a borda externa da área e curso
do arroio que a atravessa; posteriormente, localizados os pontos onde
se encontram as frutíferas.
As coordenadas determinadas por GPS foram previamente armazenadas em planilha eletrônica (arquivo extensão xls) e exportadas em
formato de banco de dados (arquivo extensão dbf). Após, os arquivos
foram integrados a um SIG (Sistema de Informações Geográficas) onde
realizou-se o cálculo da área de estudo, comprimento de drenagem e
espacialização das frutíferas.
Resultados
Foram localizados e mapeados dezoito pontos, onde ocorrem
aproximadamente cinqüenta plantas1 pertencentes a seis espécies de
duas famílias botânicas (Annonaceae e Myrtaceae) em área de 0,87
ha. (Quadro 1).
A partir da integração dos dados coletados com GPS ao Sistema de
Informações Geográficas foi elaborado um mapa da área (Figura 1)
com as feições levantadas (área ou borda externa, o curso d´água e
pontos de localização das árvores frutíferas distribuídas ao longo do
trecho).
A próxima etapa será a incorporação dos dados da planilha acima
(dados alfanuméricos) ao SIG compondo assim um banco de dados
geográficos que permitirá o armazenamento de novos levantamentos,
atualização e consultas dos dados existentes.
335
Annonaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Araticum
Araçazeiro
Cerejeira-do-rio grande
Feijoa
Guabirobeira
Pitangueira
Eugenia uniflora L.
Campomanesia xanthocarpa Berg
Acca sellowiana (Berg) Burret.
Eugenia involucrata DC.
Psidium cattleyanum Sabine
Rollinia rugulosa Schlecht.
Espécie
Outubro
Novembro
Novembro
Setembro-Outubro
Dezembro
Novembro
Floração
Novembro-Dezembro
Dezembro-Janeiro
Março-Abril
Novembro-Dezembro
Fevereiro-Março
Fevereiro-Março
Frutificação
9
3
2
1
1
2
Nº de matrizes
identificadas
5
O número de plantas é superior ao de pontos georreferenciados pelo fato de as pitangueiras
(Eugenia uniflora L.) ocorrerem formando agrupamentos (capões) na borda da mata, compostos
geralmente por mais de cinco indivíduos, o que é uma característica ecológica da espécie. Por isso
cada ponto indicando "pitangueira" refere-se na verdade a um conjunto de plantas.
Família
Nome popular
Quadro. Espécies ocorrentes na área: nomenclatura, fenologia, no de matrizes, distribuição geográfica
e usos.
336
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Bolívia, Peru, Argentina,
Paraguai e Brasil (RJ, MG
até RS)
Brasil (BA até RS) e
nordeste do Uruguai
Ocorrência
Argentina, Uruguai e Brasil
(MG até RS)
Fonte: Backes & Irgang, Lorenzi, Marchiori
Pitangueira
Paraguai, Argentina,
Uruguai e Brasil (MG até
RS)
Uruguai, Argentina e Brasil
(RS até PR)
Guabirobeira Paraguai, Argentina,
Uruguai e Brasil (MG até
RS)
Cerejeirado-rio
grande
Feijoa
Araçazeiro
Araticum
Nome
popular
Frutos Consumidos in-natura, na fabricação de doces e licores.
Madeira de grande resistência e bastante durável. Usada na medicina
popular.
Frutos consumidos in-natura e na fabricação de doces geléias e licores,
muito usada em paisagismo e pomares domésticos. Madeira usada na
confecção de cabos de ferramentas.
Paisagismo, frutos consumidos in-natura, em geléias e goiabadas,
pétalas comestíveis. Cultivada como frutíferas em muitos países
Frutos consumidos in-natura e na fabricação de doces geléias e licores,
muito usada em paisagismo e pomares domésticos. Madeira usada na
fabricação de instrumentos musicais, cabos de ferramentas, lenha e
carvão.
Frutos consumidos in-natura e utilizados na fabricação de sucos e
geléias. Madeira usada na confecção de cabos de ferramentas. Planta
ornamental, muito usada em pomares domésticos. Utilizada na
medicina popular.
Frutos Consumidos in-natura, Casca usada na fabricação de cordas e
as sementes no combate a piolhos.
Usos
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
337
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Mapeamento de Frutíferas Nativas
349900
350000
6495200
6495200
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
Guabiroba
Feijoa
Cerejeira
Araçá
Araticum
Pitanga
Arroio
Área
#
N
6495100
#
349900
50
6495100
350000
0
50 Metros
Figura 1. Mapa gerado a partir de levantamento expedito com GPS de
navegação.
Fotos -4: Luis E. Antunes 5-6: Antonio R.
Marchese de Medeiros
338
1. Aaraça
2 Pitanga
4. Guabiroba
5. Araticum
Fonte: 1-4 Árvores do Sul
3. Cereja do-rio-grande
6. Feijoa
-
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Referências Bibliográficas
BACKES, P.; IRGANG, B. Árvores do Sul; guia de identificação & interesse ecológico. Porto Alegre: Ed. Instituto Souza Cruz, 2002, 326 p.
FRANZON, R.C. Caracterização de Mirtáceas nativas do Sul do Brasil.
Pelotas: UFPel, 2004, 102p. Dissertação de Mestrado.
LORENZI, H. Árvores brasileiras; manual de identificação e cultivo de
plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, SP: Plantarum, 1992.
352 p.
MARCHIORI, J.N.C. Elementos de dendrologia. Santa Maria: Ed.
UFSM, 1995. 163 p.
MARCHIORI, J.N.C. Dendrologia das angiospermas: das magnoliáceas
às flacurtiáceas. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1997. 271 p.
MARCHIORI, J.N.C.; SOBRAL, M. Dendrologia das angiospermas:
myrtales. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1997. 304 p.
MIELKE, M.S.; FACHINELLO, J.C.; RASEIRA, A. Fruteiras Nativas Características de 5 mirtáceas com potencial para exploração
comercial. Hortisul, Pelotas, v.1, n.2: 32-36, 1989.
MONICO, J.F.G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS: descrição,
fundamentos e aplicações. São Paulo: Ed. UNESP. 2000.
PASTORE, U.; RANGEL FILHO, A.L.R. Vegetação. As regiões
fitoecológicas, sua natureza, seus recursos econômicos. Estudo
fitogeográfico. In: IBGE. Folha Uruguaiana. Rio de Janeiro, 1986.
p. 541-632.
RASEIRA, A.; RASEIRA, M. do C.B. Fruteiras nativas de clima
temperado. Hortisul, Pelotas, v.1, n.2: 47-51, 1989.
339
340
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
RASEIRA, A.; RASEIRA, M. do C.B. Ya-Cy - cultivar de araçazeiro
lançada pela EMBRAPA-CPACT. Hortisul, Pelotas, v.3, n.1: 37-39,
1994.
RASEIRA, M. do C.B.; RASEIRA, A. Contribuição ao estudo do
Araçazeiro, Psidium cattleyanum. Pelotas, RS: Embrapa Clima
Teperado - CPACT, 1996. v.1, 95 p.
Observações Ecológicas e Distribuição
Geográfica de Framboesa-silvestre no Rio
Grande do Sul
Gustavo Heiden
Rosa Lía Barbieri
Marilice Cordeiro Garrastazu
Lilian Oliveira Garcia
Melissa Batista Maia
Resumo
A framboesa-silvestre (R. rosaefolius J. E. Smith) é uma planta
originária da Ásia, de hábito ruderal e distribuição cosmopolita. Embora
seja uma espécie exótica e de ocorrência espontânea, pode representar
um recurso genético importante em programas de melhoramento de
framboesa cultivada, principalmente como fonte de genes para
tolerância a estresses bióticos e abióticos. Seus frutos são
ocasionalmente utilizados na confecção de doces e bebidas. O objetivo
deste trabalho foi obter a distribuição geográfica desta espécie no Rio
Grande do Sul, além de dados referentes à frutificação e as
características dos locais de ocorrência. Foram consultados os acervos
referentes a esta espécie em cinco herbários de instituições de
pesquisa do Estado. Os dados obtidos sugerem que a framboesasilvestre é uma planta de ampla distribuição e pouco exigente quanto
às condições ambientais, oferecendo boas perspectivas de cultivo.
Introdução
A framboesa-silvestre (Rubus rosaefolius J. E. Smith) é um arbusto
exótico originário da Ásia, armado, ereto, com ramos secundários
342
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
apoiantes ou prostrados, cobertos de acúleos e com folhas compostas
pinadas, que floresce e frutifica em todas as estações do ano, com
grande produtividade de frutos de sabor doce e levemente ácidos,
ocasionalmente comercializados e utilizados para a produção de
sobremesas, caldas, doces em compotas, geléias, vinhos e licores
(Reitz & Klein, 1996). É uma planta ruderal (espécie cuja existência
depende da presença humana próxima), de distribuição cosmopolita.
A espécie é composta de duas variedades facilmente distinguíveis pelo
número de pétalas na corola: R. rosaefolius J. E. Smith var.
rosaefolius, com cinco pétalas, e R. rosaefolius J. E. Smith var.
coronarius Sims, com corola dobrada, possuindo mais do que cinco
pétalas.
Este trabalho teve o objetivo de determinar a distribuição geográfica de
framboesa-silvestre no Rio Grande do Sul, além de dados referentes à
frutificação e as características dos locais de ocorrência.
Material e Métodos
Foram consultados os acervos de R. rosaefolius nos herbários da
Embrapa Clima Temperado (HCT), Fundação Zoobotânica do Rio
Grande do Sul (HAS), Universidade de Caxias do Sul (HUCS),
Universidade Federal de Pelotas (PEL) e Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (ICN). Os locais de coleta especificados nas fichas das
excicatas foram plotados em mapa para permitir a visualização da área
de ocorrência.
Resultados
Em todos os herbários consultados existem exsicatas de R. rosaefolius
coletadas no Rio Grande do Sul. Há registros de coleta para vinte
municípios gaúchos. A maioria do material consultado é procedente da
Planície Costeira e Encosta Superior do Nordeste (Serra Gaúcha).
Coletas disjuntas para as regiões do Planalto (Barão de Cotegipe) e
Depressão Central (Taquari e Vale do Sol) sugerem uma distribuição
mais ampla para esta espécie (Figura 1). Consultas em herbários
localizados nas demais regiões do Estado pode oferecer informações
maiores quanto à amplitude de distribuição desta espécie.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
As datas de coleta presente nas fichas de exsicatas coletadas em
estádio fértil demonstra a ocorrência de florescimento e frutificação
durante todo o ano.
Os locais especificados nas observações de coleta demonstram que
trata-se de uma planta com grande plasticidade e pouco exigente
quanto às condições ambientais. É comumente encontrada em
pomares, hortas e jardins; está presente em ambientes perturbados,
como terrenos baldios e beiras de estradas, além de participar da
sucessão secundária em capoeiras e em trilhas na mata; ocorre
também como invasora em ambientes preservados, como bordas e
interior de matas. Encontra-se presente desde o nível do mar até
altitudes mais elevadas, incluindo topos de morros, desde solos secos
até encharcados, e em locais sombreados ou sob sol pleno.
A ocorrência em locais diversos demonstra que trata-se de uma
espécie de fácil cultivo, sendo pouco exigente quanto a clima, solo,
luminosidade e oferta de água.
Os dados obtidos indicam que a framboesa-silvestre é uma planta de
ampla distribuição e pouco exigente quanto às condições ambientais,
oferecendo boas perspectivas para a prospecção de genes que
confiram tolerância a estresses bióticos e abióticos. Este fato a
caracteriza como um recurso genético importante em programas de
melhoramento de framboesa cultivada.
Sugere-se a coleta e conservação de germoplasma desta espécie, com
ênfase em plantas que ocorram em condições adversas, e avaliação
destas quanto a caracteres agronômicos.
343
344
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Figura 1. Distribuição geográfica de R. rosaefolius no Rio Grande do
Sul.
Conclusão
A framboesa-silvestre possui ampla dispersão pelo território gaúcho,
sendo adaptada a diferentes condições ambientais.
Referências Bibliográficas
Fernald, M.L. Gray´s Manual of Botany. 8 ed. New York: American
Book Co. 1632p. 1950.
Jennings, D.L. Raspberries and blackberries: their breeding, diseases
and growth. New York: Academic Press. 299p., 1988.
Reitz, R.; Klein, R.M. Flora Ilustrada Catarinense - Rosáceas. Herbário
Barbosa Rodrigues: Itajaí, 1996. 135 p.
Ocorrência de Espécie Nativas de Amora no
Rio Grande do Sul
Gustavo Heiden
Rosa Lía Barbieri
Marilice Cordeiro Garrastazu
Lilian Oliveira Garcia
Melissa Batista Maia
Resumo
Com o objetivo de determinar a ocorrência geográfica de amoras
nativas no Rio Grande do Sul, foram realizadas consultas ao acervo de
herbários no Estado. Foi verificada a ocorrência de cinco espécies
autóctones de amora (R. brasiliensis Mart., R. erythroclados Mart., R.
imperialis Cham. et Schlecht., R. sellowii Cham. et Schlecht e R.
urticaefolius Poir). Estas espécies ocorrem preferencialmente em
ambientes florestais, com maior expressão em vegetação secundária.
A maior diversidade para o gênero é registrada para os municípios da
Encosta Superior do Nordeste, ocorrendo decréscimo no número de
espécies com a meridionalidade.
Introdução
O gênero Rubus é cosmopolita e taxonomicamente complexo,
apresentando 12 subgêneros dos quais os dois subgêneros maiores e
mais importantes economicamente são Eubatus (amoras), com mais de
200 espécies, e Idaeobatus (framboesas) com mais de 1000 espécies
(Fernald, 1950; Jennings, 1988). A maioria das espécies é nativa de
346
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
regiões frias ou temperadas do Hemisfério Norte, porém algumas são
encontradas nos trópicos e no Hemisfério Sul (Jennings, 1988). Reitz
e Klein (1996) citam para o Estado de Santa Catarina a ocorrência de
cinco espécies autóctones de amoras. Apesar de produzirem frutos
comestíveis, nenhuma das espécies brasileiras foi domesticada. As
cultivares de amora utilizadas no país são o resultado de introduções,
hibridações e seleções de cultivares americanas. Este trabalho foi
realizado com o objetivo de determinar a ocorrência geográfica das
espécies nativas de amora no Rio Grande do Sul.
Material e Métodos
Foram consultados os acervos de Rubus em herbários das seguintes
instituições de pesquisa do Rio Grande do Sul: Embrapa Clima
Temperado (HCT), Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (HAS),
Universidade de Caxias do Sul (HUCS), Universidade Federal de
Pelotas (PEL) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICN). Os
locais de coleta das espécies nativas, especificados nas fichas das
excicatas, foram plotados em mapa para a elaboração de sua
distribuição geográfica. Exsicatas determinadas somente até o nível de
gênero não foram incluídas neste trabalho.
Resultados
De acordo com as exsicatas presentes nos herbários consultados,
ocorrem no Rio Grande do Sul cinco espécies nativas de Rubus: R.
brasiliensis Mart., R. erythroclados Mart., R. imperialis Cham. et
Schlecht., R. sellowii Cham. et Schlecht e R. urticaefolius Poir. As
Figuras 1 a 5 mostram o local de coleta das exsicatas de cada espécie
nativa presente nos herbários consultados.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Figura 1. Local de coleta das exsicatas de R. brasiliensis do acervo dos
herbários consultados.
347
348
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Figura 2. Local de coleta das exsicatas de R. erythroclados do acervo
dos herbários consultados.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Figura 3. Local de coleta das exsicatas de R. imperialis do acervo dos
herbários consultados.
349
350
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Figura 4. Local de coleta das exsicatas de R. sellowii do acervo dos
herbários consultados.
Os municípios que apresentaram maior diversidade para o gênero, de
acordo com os registros de coleta, foram: Cambará do Sul, Farroupilha
e São Francisco de Paula com quatro espécies; seguidos de Canela,
Maquiné e Viamão com três espécies. Bento Gonçalves, Bom Jesus,
Caxias do Sul, Erechim, Esmeralda, Gramado, Montenegro, Passo
Fundo, Porto Alegre, Tenente Portela, Torres, Vacaria e Veranópolis
possuíam registros de ocorrência para duas espécies, e os demais
municípios onde existiam registro de coletas, para apenas uma. No
entanto, são necessárias consultas a herbários de outras regiões do
Estado para uma melhor representação da distribuição geográfica
destas espécies.
De um modo geral todas as espécies ocorrem em ambientes florestais,
com maior expressão em áreas sujeitas a pressões antrópicas como
fragmentos de mata e vegetação secundária. Também estão presentes,
embora menos expressivamente, nas formações pioneiras naturais e
florestas clímax, na borda ou interior das matas.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Figura 5. Local de coleta das exsicatas de R.. urticaefolius do acervo
dos herbários consultados.
Conclusão
De acordo com os registros nos herbários consultados, ocorrem cinco
espécies nativas de amora no Rio Grande do Sul, todas associadas
principalmente a ambientes florestais. A maior diversidade de espécies
ocorre na Encosta Superior do Nordeste, ocorrendo decréscimo com a
meridionalidade.
Referências Bibliográficas
FERNALD, M.L. Gray´s Manual of Botany. 8 ed. New York: American
Book Co. 1632p. 1950.
JENNINGS, D.L. Raspberries and blackberries: their breeding, diseases
and growth. New York: Academic Press. 299p., 1988.
REITZ, R.; KLEIN, R.M. Flora Ilustrada Catarinense - Rosáceas.
Herbário Barbosa Rodrigues: Itajaí, 1996. 135 p.
351
352
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Viabilidade do Pólen de Rubus Brasiliensis
Melissa Batista Maia
Rosa Lía Barbieri
Maria do Carmo Bassols Raseira
Gustavo Heiden
Introdução
O gênero Rubus apresenta 12 subgêneros, sendo Eubatus (amoras /
blackberries) um dos maiores e mais importantes economicamente. A
maioria das espécies é nativa de regiões frias e regiões temperadas do
Hemisfério Norte, porém algumas são encontradas nos trópicos e no
Hemisfério Sul (Jennings, 1988).
Existem algumas espécies dióicas, mas a maioria das espécies de
Rubus é monóica. A polinização por insetos é comum e os
polinizadores têm sido identificados em algumas espécies. As flores de
Rubus produzem alta quantidade de néctar, atrativo aos insetos.
A fertilização ocorre um dia após a polinização e o pólen pode ser
coletado e estocado para ser usado posteriormente. A manutenção da
viabilidade do pólen durante a estocagem varia de acordo com a
temperatura e umidade do local onde o mesmo será armazenado
(Nybom, 1985). Durante o processo de maturação, os frutos mudam
de cor (passando de verde para cores características). Embora todas
as espécies tenham coloração de fruto característico quando maduros,
pode ocorrer variação entre os genótipos. (Jennings et al.,1991).
É freqüente a ocorrência de espécies silvestres de amora, nas regiões
brasileiras de clima temperado, com características muito diversas
entre si, desde a coloração do fruto (branca a preta) até o seu
tamanho e sabor (CNPUV/Embrapa, 2003).Reitz (1996) relata que no
354
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Brasil ocorrem cinco espécies nativas de Rubus R. urticaefolius (amora
preta), R. erythroclados (amora rosa), R. sellowii (amora vermelha),
R.imperialis (amora branca), R. brasiliensis (amora branca).
A ação do homem tem alta relação com a expansão de Rubus. Por um
lado, Rubus fornece frutos com altos índices nutricionais tanto na
planta cultivada quanto na silvestre. Por outro lado, o homem pode ser
competidor do espaço de crescimento, freqüentemente retardando ou
evitando o estabelecimento de plantas com valores comerciais. Neste
caso, medidas significativas devem ser tomadas para melhorar a
pesquisa com produção, longevidade e germinação das sementes
(Zasada, 1996).
A espécie Rubus brasiliensis (amora branca ou amora do mato) é um
arbusto robusto com ramos secundários apoiantes, de porte ereto a
rasteiro, com hastes recobertas por espinhos, folhas grandes e
florescimento em quase todos os meses do ano, apresentando larga e
expressiva dispersão pelo sul do Brasil. Esta espécie é empregada na
medicina popular de vários países para tratamento de diferentes
patologias, especialmente diabettes mellitus e hipoglicemia (Alonso et
al., 1980), tendo funções antibactericida e antialérgica (Richards et al.,
1994 e Nakahara et al., 1996). Também é usada em enfermidades
relacionadas à dor, apresenta ação anticancerígena devido à presença
do ácido elágico, e atua no combate à osteoporose devido à elevada
concentração de cálcio (46mg/100g fruto). Usada também como
tônico muscular para utilização durante práticas esportivas devido ao
alto teor de potássio (245mg/100g fruto). Além disso, o fruto dessa
espécie tem demonstrado um grande potencial de utilização como
corante artificial de excelente qualidade (Cirilo, 1993).
Esta espécie autóctone, R. brasiliensis, apresenta grande versatilidade
na forma de reprodução sendo o grau de esterilidade relacionado ao
nível de ploidia. As informações referentes à citogenética desta
espécie são poucas. Germoplasma das espécies nativas está sendo
mantido no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Fruteira Nativas da
Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Objetivo
Tendo em vista programas de melhoramento genético e a necessidade
de conhecer melhor características citogenéticas, tais como morfologia
e viabilidade do pólen, este trabalho tem por objetivo determinar o
potencial de fertilidade e ampliar o conhecimento sobre pólen de R.
brasiliensis.
Material e Métodos
Para análise da viabilidade de pólen de plantas de Rubus brasiliensis
(amora branca), coletadas no município de Farroupilha/RS e mantidas
no BAG da Embrapa Clima Temperado, foram usadas as técnicas para
observação de meiose em botões florais descritas por Guerra (1990),
com as devidas alterações e adaptações à espécie em estudo.
Os botões florais foram coletados e fixados em solução de álcool
acético 3:1 (álcool etílico: ácido acético) por 24 horas. As lâminas
foram preparadas pela técnica de esmagamento de anteras em carmim
propiônico 1%. Foram avaliados 500 grãos-de-pólen por lâmina, em
três repetições, totalizando 1500 grãos-de pólen.
Resultados
A freqüência de grãos-de-pólen estéreis foi reduzida (16,6%). Sob
coloração de carmim propiônico, a média de grãos-de-pólen viáveis
para as três repetições foi 83,4%, considerada satisfatória.
355
356
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
CIRILO, V.K. Manual de Plantas Medicinais, 44 ed. Assessoar, Paraná
Brasil, 1993.
Embrapa. Centro Nacional de pesquisa Uva e Vinho. Disponível em
http:// www.cnanais peq frutos.pdf /cnpuv / 2003 acessado em 17/
07/2003.
RICHARDS, R.M.; DURHAN, E.D.G. and Liu.X. Anthibacterial activity
of coumpounds from Rubus. Planta Med. v.60, p. 471- 473, 1994.
ZASADA, J.C. Seed regeneration of salmonberry, salal, vine maple,
and bigleaf maple in Oregon Coast Range. Canadian Journal of Forest
Research. volume 24, p. 272-277, 1996.
Nybom, H. Pollen viability assessments in blackberries (Rubus). Plant
Systematics and evolution, volume 50 p. 281 - 290,1985.
JENNINGS, D.L. Raspberries and blackberries: their breeding, diseases
and growth. New York: Academic Press. 299p., 1988.
JENNINGS, D.L.; DAUBENY, H. A.; MOORE, J. N. Blackberry and
raspberry. In J.N. Moore and J.R. Ballington eds, Genetics resources
of temperate fruit and nut crops. ISHS, Wageningen, Netherlands,
1991.
Caracterização Citogenética de Rubus
Imperialis (Amora Branca)
Melissa Batista Maia
Rosa Lía Barbieri
Maria do Carmo Bassols Raseira
Gustavo Heiden
Introdução
O gênero Rubus é cosmopolita e taxonomicamente complexo,
apresentando 12 subgêneros. Os dois maiores subgêneros e os mais
importantes economicamente são Eubatus (amoras / blackberries) e
Idaeobatus (framboesas/raspberries). A maioria das espécies é nativa
de regiões frias e regiões temperadas do Hemisfério Norte, porém
algumas são encontradas nos trópicos e no Hemisfério Sul.
As plantas do gênero Rubus podem ser arbustivas, de porte ereto,
semi-ereto ou rasteiro, apresentando hastes recobertas por espinhos,
os quais fazem com que as plantas possam ser usadas como barreiras
para restringir e proteger áreas. A forma de crescimento de várias
espécies, e as condições dos locais em que ocorrem, faz com estas
também sejam usadas em projetos de controle de erosão do solo
(Darrow, 1967). Caules, folhas e frutos servem de alimento para
vários animais.
A maioria das espécies de Rubus é monóica, mas existem algumas
espécies dióicas. O florescimento ocorre durante a primavera ou verão
e raramente no outono. As flores normalmente têm cinco sépalas e
cinco pétalas. O tamanho das flores varia com o subgênero. A
358
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
polinização por insetos é comum e os polinizadores têm sido
identificados em algumas espécies. As flores de Rubus produzem alta
quantidade de néctar, atrativo aos insetos. Nas amoras a
autopolinização é adequada para fornecer o estímulo necessário à
produção assexuada de sementes, mas uma mistura de
autofecundação e polinização cruzada ocorre freqüentemente. A
fertilização ocorre um dia após a polinização (Jennings, 1988).
O pólen pode ser coletado e estocado para ser usado posteriormente.
A manutenção da viabilidade do pólen durante a estocagem varia de
acordo com a temperatura e umidade do local onde o mesmo será
armazenado. Durante o processo de maturação, os frutos mudam de
cor (passando de verde para cores características). Embora todas as
espécies tenham coloração de fruto característico quando maduros,
pode ocorrer variação entre os genótipos (Nybom, 1985). O número
de sementes por fruto varia consideravelmente entre as espécies,
dependendo principalmente da polinização e da variabilidade genética.
As sementes de amoras são descritas como tendo intensa dormência,
causada por impermeabilidade do endocarpo, resistência mecânica,
inibidores químicos para crescimento e presença de dormência
embrionária. Esta dormência pode ser superada por uma combinação
de fatores, incluindo exposição ao frio, mudanças diárias de
temperatura, ciclos de umidade (fornecimento de água) e secagem da
semente, escarificação química com ácido sulfúrico ou hipoclorito de
sódio, escarificação mecânica por remoção de parte do endocarpo,
tratamento hormonal (ácido giberélico e indolbutírico), manutenção das
sementes em estufas a 25oC, imersão em água, entre outros.
(Tappeiner e Zasada, 1993).
Nas regiões brasileiras de clima temperado, é freqüente a ocorrência
de espécies silvestres de amora com características muito diversas
entre si, desde a coloração do fruto (branca a preta) até o seu
tamanho e sabor. No sul do Brasil ocorrem cinco espécies nativas de
Rubus: R. urticaefolius (amora-preta), R. erythroclados (amora-rosa),
R. brasiliensis (amora-branca), R. sellowii (amora-vermelha), R.
imperialis (amora-branca).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Apesar da existência de espécies autóctones, o cultivo da amora no
Brasil só tomou impulso a partir da introdução de cultivares
provenientes do Estado de Arkansas (Estados Unidos) pela Embrapa,
em Pelotas/RS. As primeiras introduções ocorreram em 1974 e, a
partir de um programa de melhoramento genético, foram desenvolvidas
as primeiras cultivares brasileiras. A cultura encontra-se difundida nos
Estados do Sul e Sudeste, ocupando o segundo lugar, dentre as
pequenas frutas em produção e área cultivada. A amora apresenta
elevada adaptabilidade e baixa exigência de frio, sendo promissora na
região de Pelotas (CNPUV/Embrapa, 2003).
Os frutos, além de consumidos in natura, podem ser comercializados
para fabricação de doces, geléias, conservas, sucos, bolos, tortas.
Podem ser congelados ou utilizados como polpa para uso em iogurtes
e sorvetes (www.nucleoestudo.ufla.br, 2003).
A genética de Rubus é complexa, pois o gênero apresenta formas de
reprodução sexuada e assexuada. O número básico de cromossomos
no gênero Rubus parece ser 7 (x=7), apresentando espécies diplóides,
triplóides, tetraplóides, hexaplóides e octaplóides (Naruhashi, 2002).
A Embrapa Clima Temperado mantém um Banco Ativo de Germoplasma de Fruteiras Nativas, no qual existem vários acessos de espécies
autóctones de Rubus, coletadas nos Estados do Rio Grande do Sul e
do Paraná.Uma delas é Rubus imperialis (amora-branca) cujas plantas
são arbustivas, de porte ereto a rasteiro, com hastes recobertas por
espinhos, folhas grandes e florescimento em quase todos os meses do
ano, sendo uma espécie de grande importância medicinal usada em
alguns países no tratamento de doenças como diabetes (Alonso,
1980). Estudos confirmam que a espécie produz um composto que
ajuda a diminuir a taxa de glicose sanguínea, sendo também
antibacteriano, antialérgico e antiasmático.
A polinização por insetos e a polinização cruzada é comum. O gênero
apresenta grande versatilidade na forma de reprodução e no subgênero
Eubatus o grau de esterilidade está relacionado com o nível de ploidia.
As informações referentes a citogenética desta espécie são poucas e
não há registro citogenético abrangendo as espécies ocorrentes no
359
360
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Brasil. Desse modo, é extremamente importante a realização de
análises citogenéticas das espécies autóctones de Rubus.
Objetivo
O presente trabalho tem por objetivo ampliar o conhecimento sobre a
fertilidade do pólen de R. imperialis e determinar o número
cromossômico e a ploidia desta espécie autóctone.
Material e Métodos
Para análise da viabilidade de pólen, do número cromossômico e
ploidia de plantas de Rubus imperialis (amora branca), coletadas no
município de Farroupilha/RS e mantidas no BAG da Embrapa Clima
Temperado, foram usadas as técnicas para observação de mitose em
pontas de raiz e meiose em botões florais descritas por Guerra (1990),
com as devidas alterações e adaptações à espécie em estudo.
Análise do número cromossômico e ploidia de Rubus imperialis
Para confecção das lâminas, foram coletadas pontas de raiz, com
cerca de 1 cm, provenientes de estacas de raiz colocadas em terra
úmida e de propágulos multiplicados e enraizados em cultura de
tecidos através da técnica de cultura de meristemas, ou seja, das
novas brotações, local onde ocorre divisão celular intensa. Estas
brotações foram coletadas, geralmente à distância de duas gemas
laterais abaixo da apical, mantidos em água destilada e armazenados
em local escuro para diminuir a oxidação, pois nesta região ocorre
intensa produção de fenóis que, em contato com o oxigênio, acabam
oxidando. Os propágulos foram levados ao laboratório onde foram
desinfestados em álcool 70% por 1-2 minutos, e mantidos em
hipoclorito de sódio (produto comercial) a 1% por 10 minutos. Em
seguida, foram submetidos à tríplice lavagem, na capela de fluxo
laminar, com água destilada e esterilizada. Foi realizada a extração do
meristema, mantendo o material no escuro por mais 36 horas. Para a
multiplicação celular foi utilizado o meio de cultura MS (Murashige e
Skoog, 1962). Depois de quinze dias, os tecidos foram transferidos ao
meio MS com auxina, para enraizamento e mantidos por mais vinte e
cinco dias neste meio, quando as raízes jovens foram coletadas.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
As raízes foram pré-tratadas com o agente antimitótico 8HQ (8
hidroxiquiloneína) por 24 horas, em geladeira, para bloquear o ciclo
mitótico em metáfase e provocar maior contração cromossômica
permitindo visualizar melhor sua morfologia. Em seguida foram
hidrolisadas em HCl 5N por 60-90 minutos e esmagadas em orceína
acética 1%. As lâminas foram observadas em microscópio óptico.
Análise de viabilidade do pólen de Rubus imperialis
Os botões florais foram coletados em diversos tamanhos para garantir
a presença de grãos de pólen e fixados em solução de álcool acético
3:1 (álcool etílico: ácido acético) por 24 horas, em geladeira. As
lâminas foram preparadas pela técnica de esmagamento de anteras em
carmim propiônico 1% e observadas em microscópio óptico. Foram
avaliados 500 grãos-de-pólen por lâmina em três repetições,
totalizando 1500 grãos-de pólen.
Resultados e Discussões
Pela análise da mitose em pontas de raiz foi observado que a amorabranca (R. imperialis) é diplóide e possui 14 cromossomos (2n=14)
com morfologia diferenciada. Estes dados concordam com os estudos
de Naruhashi (2002), caracterizando a espécie com número básico de
cromossomos igual a 7 (x=7).
Através do estudo da meiose em botões florais, foi analisada a
freqüência de grãos-de-pólen de R. imperialis, que apresentou reduzida
esterilidade (24,4%). Sob coloração de carmim propiônico, a média de
grãos-de-pólen viáveis para as três repetições foi 75,6%, considerada
satisfatória.
361
362
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
Darrow,G.M.; Cytology and breeding of Rubus, J. Agric. Res. v. 47,
p. 315-330,1967.
Embrapa. Centro Nacional de pesquisa Uva e Vinho. Disponível em
http://www.cnpuv.embrapa.br/peqfrutas/anais/ 1o Seminário Brasileiro
sobre pequenas frutas. Maio de 2003 em Vacaria acessado em 17/07/
2003.
Embrapa. Centro Nacional de pesquisa Uva e Vinho. Disponível em
http:// www.cnanais peq frutos.pdf /cnpuv / 2003 acessado em 17/
07/2003.
Naruhashi, N.; Iwatsubo, Y. Chromossome numbers in Rubus
(Rosaceae) of Taiwan. Bot.Bull. Acad. Sin. v.43, p.193-201, 2002.
Murashige, T; Skoog, F. A revised medium for rapid growth and
bioassay with tobacco tissue cultures. Physiol. Plant., Copenhagen,
v.15, p. 473-497, 1962.
Darrow, G.M. The cultivate raspberry and blackberry in North America
- breeding and improvement. Amer. Hort. Mag., v.46, p.203-218,
1967.
Jennings, D.L. Raspberries and blackberries: their breeding, diseases
and growth. New York: Academic Press. 299p., 1988.
Nybom, H. Pollen viability assessments in blackberries (Rubus). Plant
Systematics and evolution, volume 50 p. 281 - 290,1985.
Tappeiner, J.C.; Zasada, J.C. Seed regeneration of salmonberry, salal,
vine maple, and bigleaf maple in Oregon Coast Range. Canadian
Journal of Forest Research. v.24, p.272-277, 1993.
Quantificação de Vitamina C em Frutos de
Araça-Comum
Clevison Luiz Giacobbo
Marcio Zanuzo
Josiane Chim
José Carlos Fachinello
Resumo
A realização do trabalho, teve por objetivo quantificar o teor de
vitamina C em frutas de araçá-comum. O experimento foi realizado na
Universidade Federal de Pelotas, UFPel-Pelotas/RS, com frutas de
araçazeiro pertencente aos grupos, amarelo (P. cattleianum var.
lucidum) e vermelho (P. Cattleianum). As frutas foram submetidas as
avaliações das seguintes variáveis; acidez total titulável (ATT), sólidos
solúveis totais (SST) e conteúdo de vitamina C. Não verificou-se,
através dos resultados, diferenças significativas, sendo a ATT média
de 1,57 Cmol.L-1, SST médio de 9,10ºBrix e quantidade de Vitamina C
média de 38,85 mg.100g-1, valor esse considerado igual ou maior que
as espécies; groselha vermelha, Uva spina, morango, umbu-cajá,
maracujá, limão e maçã.
Introdução
Nos últimos anos a ciência da nutrição tomou novos rumos, onde
novas fronteiras se abriram ligando nutrição e medicina. A nutrição
tendo seu papel de fornecer nutrientes, tais como, proteínas, minerais,
vitaminas, entre outros, porém com a descoberta de que certos
alimentos contêm componentes ativos capazes de prevenir e controlar
doenças, inclusive o câncer, fez com que esta ciência se associasse à
Medicina, ganhando uma dimensão extra. Inúmeros alimentos de
364
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
origem vegetal com propriedades funcionais têm sido estudados. Entre
as frutas destacam-se as vermelho escura e roxas, tais como, a
amora, mirtilo e morango, que além de apresentarem um alto conteúdo
de Vitamina C e betacaroteno, são ricas em compostos fenólicos,
fitoquímicos com um potencial antioxidante muito maior que estas
vitaminas (Salgado, 2003).
Informações difundidas sobre características e propriedades
nutracêuticas de espécies de pequenas frutas, tem gerado um
aumento da procura pelos consumidores e ao mesmo tempo
despertado a atenção dos produtores e comerciantes de frutas.
Franco (2001), verificou as propriedades existentes no araçá e
constatou que o mesmo possui como características, muitos minerais,
como o cálcio, fósforo e ferro, além de conter fibras e em sua casca
tanino, todos essenciais para o organismo humano. Apresenta ainda
valores medicinais, podendo ajudar a evitar os radicais livres
fortalecendo o organismo contra gripes e infecções.
Neste contexto objetivou-se, no presente trabalho, quantificar o
conteúdo de Vitamina C em frutos de araçá-comum.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Pelotas,
UFPel - Pelotas/RS, no laboratório de controle de qualidade de
alimentos-DCA, com frutos de araçá (Psidium sp.) oriundos do pomar
didático da FAEM/UFPel. Os frutos foram colhidos e acondicionados
em caixas de isopor com gelo, após a colheita, foram mantidos
congelados até a realização da análise, sendo divididos em dois
grupos. Frutos de araçá pertencente aos grupos, amarelo (P.
cattleianum var. lucidum) e vermelho (P. cattleianum), o quais foram
submetidos a avaliações das seguintes variáveis:
- Acidez total titulável (ATT): realizada seguindo a metodologia
proposta pelo Instituto Adolfo Lutz (1985), que consiste na titulação
de 10mL de suco diluído em 100mL de água destilada, com uma
solução de NaOH 0,1 N até atingir o pH 8,2. O resultado foi expresso
em Cmol.L-1;
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
- Sólidos Solúveis Totais (SST): realizado com suco de frutos,
determinado com refratômetro manual, marca Atago N1, e expresso
em oBrix;
- Teor de Vitamina C: analisada em 10 ml de suco, que foi adicionado
num erlenmeyer contendo 50 ml de solução de ácido oxálico a 1%. A
titulação foi efetuada com DCFI (2,6-diclorofenol indofenol) até atingir
a coloração rosada persistente por 15 segundos. Os resultados foram
expressos em mg de ácido ascórbico/100 ml de suco. Determinada por
titulação com 2,6 diclorofeilindofenol (DCFI), de acordo com a
metodologia de Carvalho et al. (1990).
Resultados e Discussões
Em todas as variáveis analisadas, acidez total titulável - ATT, sólidos
solúveis totais - SST e conteúdo de vitamina C, não foi observado
diferenças significativas entre os dois grupos de araçá, amarelo e
vermelho.
Observou-se que, em geral a ATT se mostrou elevada, com média de
1,6 Cmol.L-1, (figura 1a), se considerada as demais frutas, como
graviola que apresenta em média 0,88 Cmol.L-1 (Lima et al, 2003),
umbu-cajá 0,50 Cmol.L-1 (Lima et al, 2002), porém apresentou-se bem
abaixo do limão siciliano que apresenta uma ATT de 6,6 Cmol.L-1
(Jacomino et al, 2003) e maçã 4,6 Cmol.L-1 (Brackmann et al, 2001).
Com relação aos SST, conforme figura 1b, observou-se uma média de
9,1 oBrix, ocorrendo o inverso quando comparado as demais frutas,
onde na graviola, Lima et al (2003), obtiveram 14,4 oBrix, umbu-cajá
11,0 oBrix (Lima et al, 2002) e limão siciliano apresentou-se inferior
com 7,1 oBrix (Jacomino et al, 2003).
Com relação ao conteúdo de vitamina C, presente nos frutos de araçá
comum, não observou-se diferenças significativas entre o araçá
amarelo e vermelho, porém verificou-se um alto conteúdo, conforme
figura 1c.
Na comparação nutricional de groselha preta e vermelha, uva spina,
morango e maçã, Hummer & Barney (2002), verificaram uma grande
diferença no conteúdo de vitamina C entre a groselha preta e
vermelha, sendo 181 mg.100g-1 e 41 mg.100g-1, respectivamente. No
365
366
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
morango encontraram 56,7 mg.100g-1, Uva spina 27,7 mg.100g-1 e na
maçã 5,7 mg.100g-1. Demonstrando superioridade das pequenas frutas
em relação a maçã, no que se refere ao conteúdo de vitamina C. O
mesmo foi verificado por Proteggente et al (2002), que em análise da
atividade antioxidante de frutas. regularmente consumidos e reflexos
de sua composição de fenólicos e vitamina C em 100g de peso fresco,
a atividade encontrada foi assim ordenada, morango, framboesa,
ameixa vermelha, pomelo, laranja, pêra e maçã.
Em análises feitas em outras frutas, Suntornsuk (2002), encontrou os
seguintes conteúdos de vitamina C; maracujá 39,1 mg.100g-1, limão
com 10,5 mg.100g-1 e conteúdo contido em frutos quantificado
através de suco fresco e amostras em gelo-seco na goiaba de 80,1
mg.100g-1 e em umbu-cajá, Lima et al (2003) encontrou 11,6
mg.100g-1.
Os valores apresentados no araçá 38,9 foram similares a maioria das
frutas estudadas, sendo inferior na groselha preta e goiaba, porém é
bem superior a maçã e ao limão. Na relação entre, ATT com o
conteúdo de vitamina C, verifica-se que frutos com maior acidez total
titulável, apresentam menor conteúdo de vitamina C.
Figura 1. Efeito de dois grupos de araçá (amarelo e vermelho) sobre a:
a) acidez total titulável; b) sólidos solúveis totais e c) conteúdo de
vitamina C. (FAEM/UFPel, 2004).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Conclusão
Baseado nos dados das análises físico-químicas das frutas de
araçazeiro comum (amarelo e vermelho), pôde-se concluir que o teor
de Vitamina C encontrado é igual ou superior às espécies, groselha
vermelha, Uva spina, morango, umbu-cajá, maracujá, limão e maçã,
demonstrando-se como uma alternativa de consumo por parte da
população, apesar de não ser ainda muito consumido, porém deve ser
melhor estudado com relação a demais propriedades que a fruta possa
apresentar e que não foram exploradas neste trabalho.
Referências Bibliográficas
BRACKMANN, A.; MELLO, A.M. de; FREITAS, S.T. de et al.
Armazenamento de maçãs ´royal gala´ sob diferentes temperaturas e
pressões parciais de oxigênio e gás carbônico. Rev. Bras. Fruticultura,
Jaboticabal, v.23, n.3, p.532-536, dez. 2001.
CARVALHO, C.R.L; MANTOVANI, D.M.B; CARVALHO, P.R.N.;
MORAES, R.M.M. Análises químicas de alimentos. Campinas: ITAL,
1990. 121p.
FRANCO, L.L. As incríveis 50 plantas com poderes medicinais.
Curitiba: LOBO FRANCO, 2001, 247p.
HUMMER, K.E.; BARNEY, D.L. Currants: Crop Reports.
HortTechnology. 12(3), p.377-387, Jul-Sept. 2002.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo
Lutz: Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. 3rd
edição. São Paulo: O instituto, volume 1,. 583p. 1985.
JACOMINO, A.P.; MENDONCA, K.; KLUGE, R.A.. Armazenamento
refrigerado de limões ´Siciliano´ tratados com etileno. Rev. Bras.
Frutic., Jaboticabal, v.25, n.1, p.45-48, abr. 2003.
367
368
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
LIMA, E.D.P. de A.; LIMA, C.A. de A.; ALDRIGUE, M.L. et al.
Caracterização física e química dos frutos da umbu-cajazeira (Spondias
spp) em cinco estádios de maturação, da polpa congelada e néctar.
Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v.24, n.2, p.338-343, ago. 2002.
LIMA, M.A.C. de, ALVES, R.E.; FILGUEIRAS, H.A.C. et al.
Comportamento respiratório e qualidade pós-colheita de graviola
(Annona muricata L.) ´morada´ sob temperatura ambiente. Rev. Bras.
Frutic., Jaboticabal, v.25, n.1, p.49-52, abr. 2003.
PROTEGGENTE, AR.; PANNALA, AS.; PAGANGA, G.; et al. The
antioxidant activity of regularly consumed fruit and vegetables reflets
their phenolic and vitamin C composition. Free Radic Res. v. 36, n. 2,
p.217-233, Feb. 2002.
SALGADO, J.M. O emprego de amora, framboesa, mirtilo e morango
na redução do risco de doenças. In: 1o Seminário Brasileiro sobre
Pequenas Frutas, Ed. HOFFMANN, ALEXANDRE; SEBBEN, SANDRA
DE SOUZA. 1, 22 mai. 2003, Vacaria, RS. Anais... Bento Gonçalves:
EMBRAPA Uva e Vinho, 2003. p. 35-38. (DOC. 37).
SUNTORNSUK, L.; GRITSANAPUN, W.; NILKAMHNK, S.; PAOCHOM,
A. Quantitation of vitamin C content in herbal juice using direct
titration. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis. v. 28, p.
849-855, 2002.
Avaliação Pós-colheita de duas Seleções de
Araçá-Amarelo (Psiduium cattleyanum
Sabine)
Emerson Dias Gonçalves
Elisia Rodrigues
Renato Trevisan
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Introdução
Atualmente existem duas cultivares de araçazeiro lançadas pela
Embrapa Clima Temperado, uma de película amarela, ´Ya-cy´, e outra
de película vermelha, ´Irapuã´ (Donadio, 2000). Estas cultivares,
embora em pequena escala, são plantadas em pomares comerciais
(Franzon, 2004). O mesmo autor relata que são importantes os
estudos em conservação de frutos, uma vez que os frutos desta
espécie são altamente perecíveis e pouco se sabe sobre o seu
comportamento pós-colheita.
De acordo com Awad (1993), não existem temperaturas ideais para o
armazenamento refrigerado de frutas de diferentes espécies e
cultivares, pois as frutas estão sujeitas a muitos tipos de problemas
fisiológicos, que diminuem sua qualidade quando expostas a baixas
temperaturas durante longos períodos. Entretanto Hernandez et al
(2003) descrevem que temperaturas baixas de armazenamento podem
ser promissoras para retardar muitas desordens internas em frutas de
araçá.
Desta forma, este trabalho teve como objetivo verificar a influência da
temperatura e o período de armazenamento sobre as características
físico químicas de frutas de duas seleções de araçazeiro amarelo.
370
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Material e Métodos
O experimento foi realizado no laboratório de fitomelhoramento da
Embrapa Clima Temperado, durante a safra de araçá no mês de março
de 2004. As frutas utilizadas no experimento foram provenientes das
seleções de araçazeiro amarelo 03/96 e 04/96 da mesma instituição.
Para colheita, o parâmetro utilizado foi a coloração da epiderme,
totalmente amarela, e foi realizada pela parte da manhã diretamente
nas embalagens de armazenamento, sendo levadas para o laboratório,
onde as mesmas foram pesadas e acondicionadas a uma temperatura
de armazenamento de +5oC. Para cada embalagem continha
aproximadamente 250 g de fruta. As analises físico-químicas foram
realizadas na colheita (entrada na câmara) e após 3, 7 e 11 dias
armazenamento respectivamente. Na colheita e após cada período de
armazenamento realizou-se as seguintes avaliações: sólidos solúveis
totais (SST), com o utilização de um refratômetro digital; pH; e acidez
total titulável (ATT), titulando-se 10g de polpa da fruta diluída em
100ml de H2O destilada, com uma solução de NaOH a 0,1N até pH
8,1. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com 3
repetições, onde cada repetição contava com uma embalagem plástica
contendo 250g de frutas, constituindo assim, um fatorial 2 X 3 (duas
seleções com três períodos de armazenamento). A analise estatística
foi realizada pelo programa estatístico SANEST.
Resultados e Discussões
As seleções de araçazeiro 03/96 e 04/96, respectivamente, quando
armazenadas a temperatura de +5oC, não diferiram significativamente
na perda de peso e nos teores de SST e pH, porém diferiram
estatisticamente nas variáveis ATT e relação SST/ATT (Tabela 1).
Também foi encontratada interação significativa entre o período de
armazenamento e as seleções apenas para a variável SST. Na seleção
04/96, constatou-se que aos sete dias de armazenamento obteve
maior teor de SST, diferindo apenas do dia da colheita, entrada na
câmara. O mesmo foi constatado com a seleção 03/96, porém o
aumento do teor de SST ocorreu nos últimos períodos de
armazenamento (7 e 11 dias). Entre as seleções, a 03/96 apresentou
maior teor de SST no último período de armazenamento (Tabela 2).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Quanto ao período de armazenamento dos frutos das seleções, em
média, constatou-se que, ao aumentar o período do armazenamento,
ocorre perda significativa de peso. Essas perdas provavelmente
estejam associadas pela eliminação da água pelos frutos na
transpiração (Tabela 3). Nesta mesma Tabela, observa-se que o teor
de SST não diferiu entre os períodos de armazenamento, porém
diferiram significativamente quando da entrada dos frutos na câmara.
Isso pode ser explicado que, os frutos quando armazenados, perdem
água, ocasionando um aumento na concentração dos SST.
Quanto a AAT, verifica-se que os frutos na entrada da câmara e aos
11 dias de armazenamento, não diferiram entre si, porém, diferiram
significativamente aos três e sete dias de armazenamento. Segundo
Kays (1991), as modificações na concentração dos ácidos orgânicos
durante o armazenamento de frutas variam com o tipo de ácido, o tipo
de tecido e as condições de armazenamento, o que pode explicar os
valores de ATT encontrados no trabalho.
Quanto à relação SST/ATT, verificou-se que durante o período de
armazenamento não diferiram entre si, porém mostraram diferenças
significativas na entrada da câmara (Tabela 3).O pH diminui com o
passar do período de armazenamento.
Conclusão
a) A temperatura a qual foram armazenadas os frutos das seleções
influenciaram nas características físico-químicas.
b) Quanto maior o tempo de armazenamento para as duas seleções,
maior é a perda de peso.
371
372
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 1. Valores médios obtidos nas análises fisco-quimicas em
frutos das seleções de araçá-amarelo, armazenados a +5oC. Embrapa
Clima Temperado/CPACT, Pelotas RS, 2004.
Seleções
03/96
04/96
Media geral
CV(%)
Perda peso (g)
12,34 ns
11,44
13,05
5,84
SST(ºBrix)
13,29 ns
12,82
13,05
5,84
ATT(%)
0,84 b
0,92 a
5,39
2,28
SST/ATT
15,50 a
14,05 b
14,77
9,010
pH
3,55 ns
3,44
3,49
5,07
Medias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Duncan
(P<0). ns - não significativo.
Tabela 2. Interação entre período de armazenamento x Seleções de
araçá amarelo, para a variável SST em frutas armazenadas a +5oC.
Embrapa Clima Temperado/CPACT,Pelotas, RS, 2004.
P e río d o
S e le ç ã o
a rm a z e n a m e n to
0 4 /9 6
E n tra d a c â m a ra
1 1 ,9 0 b A
3 d ia s
1 3 ,1 6 a b A
7 d ia s
1 3 ,5 0 a A
1 1 d ia s
1 2 ,7 0 a b
B
Medias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna
não diferem pelo teste de Duncan (P<0).
S e le ç ã o
0 3 /9 6
1 1 ,1 3 b A
1 3 ,6 0 a b A
1 3 ,7 6 a A
1 4 ,6 6 a A
e maiúscula na linha,
Tabela 3. Valores médios obtidos nas análises fisco-quimicas em
frutos de araçá-amarelo armazenados em diferentes períodos de
armazenamento a +5oC. Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas,
RS, 2004.
Período
Entrada
Perda peso(g)
-
SST(ºbrix)
11,51 b
ATT(%)
0,96 a
SST/ATT
11,97 b
pH
3,67 a
3 dias
8,15 c
13,38 a
0,82 b
16,33 a
3,68 a
7 dias
12,17 b
13,6 a
0,82 b
15,92 a
3,34 b
11 dias
15,92 a
13,68 a
0,92 a
14,87 a
3,34 b
Medias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste de
Duncan (P<0).ns - não significativo.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Referências Bibliográficas
AWAD, M. Fisiologia pós-colheita de frutos. São Paulo, Nobel, 1993,
p.114
DONADIO, L.C. (Ed.) Novas variedades brasileiras de frutas.
Jaboticabal; Sociedade Brasileira de Fruticultura, 2000.200 p.
FRANZON, R.C. Caracterização de mirtáceas nativas do sul do Brasil
Dissertação Mestre em Ciências. Programa de Pós-Graduação em
Agronomia. Departamento de Fitotecnia. Faculdade de Agronomia
Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas RS, 2004,99 p.
HERNANDEZ, M.S.; MARTINEZ, O.; FERNANDEZ, J.P. XXVI
International Horticultural Congress: Issues and Advances in
Postharvest Horticulturae. Post harvest quality of Araza fruit (Eugenia
stipitata) treated with calcium chloride solutions at two temperatures.
Acta Horticultureae,1991, v.628, p.653-660.
KAYS, S.J. Postharvest physiology of perishable plant products. New
York, 532p. 1991.
373
374
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Uso de Diferentes Tipos de Embalagens na
Conservação Pós-colheita de Araçá-vermelho
(Psiduium cattleyanum Sabine)
Emerson Dias Gonçalves
Elisia Rodrigues
Renato Trevisan
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Introdução
O araçazeiro está entre as espécies nativas do sul do Brasil que se
destacam com o potencial para exploração econômica, devido a sua
possibilidade de serem comercializados na forma in natura, ou ainda
para industrialização (Franzon, 2004). A vida pós-colheita desta fruta é
reduzida devido a sua alta taxa respiratória. Nesse sentido o ponto de
colheita deve ser realizado enquanto a mesma esteja firme para o
manuseio (Swifit & Prentice ,1983). As frutas desta espécie têm curta
vida pós-colheita em condições ambientes, porém quando embaladas
em sacolas plásticas com baixas temperaturas (13oC) e alta umidade
relativa (75%) atingem 10 dias de vida de prateleira (Galvis &
Hernandez, 1993).
No Brasil não há relatos sobre a conservação do araçazeiro em
embalagens destinadas ao consumo in natura, o que não é o caso para
outras espécies como framboesa, amora, mirtilo e morango,
entretanto, as embalagens plásticas são amplamente utilizadas para
estas espécies. Nesse sentido, o uso de embalagens de papelão
poderá a ser mais uma alternativa de embalagem na conservação das
pequenas frutas.
O trabalho teve como objetivo verificar a qualidade de frutas de
araçazeiro em diferentes embalagens e épocas de conservação.
376
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Material e Métodos
O experimento foi realizado no laboratório de fitomelhoramento da
Embrapa/CPACT, durante a safra de araçá no mês de março de 2004.
As frutas utilizadas no experimento foram provenientes das coleções
de araçazeiro da mesma instituição. Para sua colheita o parâmetro
utilizado foi à coloração da epiderme, sendo colhida, quando a mesma
encontrava-se com a epiderme totalmente vermelha. A colheita foi
realizada pela parte da manhã diretamente nas embalagens a serem
testadas (plásticas, papelão e bandejas) as quais foram levadas
imediatamente ao laboratório, onde foram pesadas e armazenadas a
temperatura de + 5oC. Em cada embalagem continha aproximadamente 250 g de fruta. O experimento foi montado da seguinte
maneira, cultivar de Araçá vermelho (Irapuã), três tipos de
embalagens: (plástica, bandeja e papelão) e três épocas de avaliações:
(3, 6 e 9 dias de armazenamento). O delineamento utilizado foi
inteiramente casualizado com três repetições. Após cada período de
armazenamento realizaram-se as seguintes avaliações: sólidos solúveis
totais (SST), com a utilização de um refratômetro digital; pH, com o
auxilio de um peagâmetro e acidez total titulável (ATT), titulando-se
10g de polpa da fruta diluída em 100 ml de H2O destilada, com uma
solução de NaOH a 0,1 N até pH 8,1. A analise estatística foi realizada
através do programa estatístico SANEST.
Resultados e Discussões
De acordo com os resultados obtidos, observa-se que para a variável
percentagem de perda de peso (Tabela 1) a embalagem de papelão
obteve maior percentual (15,68%), diferindo significativamente da
embalagem plástica, porém, não da bandeja. Provavelmente esta maior
perda de peso tenha ocorrido em conseqüência da transpiração das
frutas devido à ausência do pré-resfriamento. Para as variáveis SST,
ATT e sua relação não houve diferença significativa, Entretanto
observou-se maior pH para as frutas armazenadas na bandeja. Quanto
ao período de armazenamento embora a diferença não tenha sido
significativ entre os períodos de avaliação, aos 11 dias de
armazenamento as frutas apresentaram maior percentagem de perda
de peso (Tabela 2). Quanto aos SST, observou-se aumento
significativo nos teores no decorrer do período de armazenamento
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
(Tabela 2). A embalagem de papelão aos 11 dias de armazenamento,
proporcionou maior teor de SST. Provavelmente esse aumento tenha
ocorrido devido a degradação dos ácidos orgânicos.
A variável ATT foi significativamente maior aos três dias de
armazenamento possivelmente devido ao maior pH observado nas
frutas (Tabela 2). Quanto à relação ao SST/ATT como era de se
esperar diferiu dos demais períodos de armazenamento apenas na
entrada da câmara. De maneira geral observa-se que o araçá apresenta
curta vida pós-colheita e nenhuma das embalagens testadas mostrouse superior na manutenção da qualidade pós-colheita das frutas de
araçazeiro.
Conclusão
a) Osfrutosde araçá necessitamde pré-resfriamento antes de serem
armazenados
b) Os frutos armazenados em embalagens plásticas apresentam menor
perda de peso;
c) Quanto maior o período de armazenamento, maior o teor de SST.
Tabela 1. Valores médios obtidos nas análises fisco-químicas em
frutos de araçá-vermelho, armazenados em diferentes embalagens a
+5oC. Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas, RS, 2004.
Variáveis
Perda peso (%)
SST (ºBrix)
ATT (%)
SST/ATT
pH
Papelão
15,68 a
12,88 a
1,4 a
9,20 a
3,31 b
Bandeja
13,81ab
12,57 a
1,36 a
9,29 a
3,45 a
Cx Plástica
10,95 b
12,65 a
1,37 a
9,24 a
3,32 b
Media
13,31
12,70
1,32
9,23
3,36
Cv (%)
13,66
3,41
2,46
5,32
4,57
Medias seguida pela mesma letra na linha não diferem pelo teste Duncan
(P<0).
377
378
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 2. Valores médios obtidos nas análises fisco-químicas em
frutos de araçá-vermelho, armazenados em diferentes períodos a
+5oC. Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas, RS, 2004.
Variáveis
Entrada câmara
3 dias
7 dias
11 dias
Perda de peso (%)
12,76 a 12,95 a 14,57 a
SST (ºBrix)
11,20d
12,30 c 13,03 b 14,30 a
ATT(%)
1,44 a
1,26 b
1,38 a
1,44 a
SST/ATT
7,75 b
9,49 a
9,76 a
9,94 a
pH
3,24 b
3,82 a
3,15 b
3,23 b
Medias seguida pela mesma letra na linha não diferem pelo teste Duncan
(P<0).
Tabela 3. Interação entre período de armazenamento e tipos de
embalagem, para a variável SST em frutas de araçá vermelho.
Embrapa Clima Temperado/CPACT, Pelotas, RS, 2004.
A rm a z e n a m e n t o
E m b a la g e n s
B a n d e ja
P a p e lã o
P lá s t ic a
1 1 d ia s
1 3 ,6 9 a B
1 5 ,2 6 a A
1 3 ,9 0 a B
7 d ia s
1 3 ,3 3 a A
1 2 ,7 3 b A
1 3 ,0 3 b A
3 d ia s
1 2 ,0 3 b A
1 2 ,3 3 b A
1 2 ,4 6 b A
E n t ra d a c â m a ra
1 1 ,1 9 c A
1 1 ,1 9 c A
1 1 ,1 9 c A
Médias seguidas pela letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não
diferem pelo teste de Duncan.
Referências Bibliográficas
FRANZON, R. C. Caracterização de mirtáceas nativas do sul do Brasil.
Dissertação Mestre em Ciências. Programa de Pós-Graduação em
Agronomia. Departamento de Fitotecnia. Faculdade de Agronomia
Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas RS, 2004,99 p.
GALVIS, V.J.A.; HERNANDEZ, M. S. Comportamiento fisiológico del
arazá (Eugenia stipitata) bajo diferentes temperaturas de
almacienamento. Colombia Amazônica, v.6, n.2, p.123-134, 1993.
SWIFT, J.F.; PRENTICE, W.E. Native fruit species of the Ecuadorian
Amazon: production, techniques and processing requirements. In: New
fruits with potential for the American tropics. Homestead, Florida.
American Society for Horticultural Science Tropical Region, v.27, part
A 1983.
Caracterização das Curvas de Respiração e
Síntese de Etileno de Frutos de Psidium
cattleianum Sabine. e de Butia capitata
(Mart.) Becc
Daniel Alexandre Neuwald
Ricardo Fabiano Hettwer Giehl
Josuel Alfredo Vilela Pinto
Ivan Sestari
Auri Brackmann
Introdução
A possibilidade de explorar o mercado de frutas nativas, que trazem
consigo uma idéia de produto saudável e limpo, para uma população
urbana cada vez mais preocupada com a saúde, está incentivando a
pesquisa de algumas espécies, que até o momento têm sido pouco
estudadas, como o araçazeiro e o butiazeiro, duas espécies bastantes
apreciadas.
O araçazeiro pertence à família botânica Myrtaceae e encontra-se
naturalmente em uma extensa faixa do Brasil, que vai desde a Bahia
até o Rio Grande do Sul (Lorenzi, 1992; Mauro, 2004). O fruto é uma
baga, de coloração amarela ou vermelha com maturação que se
estende desde setembro a março, (Vidal, 1992).
O butiazeiro, da família botânica Palmaceae, é uma planta também
encontrada naturalmente no sul do Brasil até a Bahia. O fruto é uma
drupa comestível com mesocarpo carnoso e fibroso, que matura no
período de dezembro a março (Lorenzi, 1992 e 1996).
380
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
A classificação dos frutos como climatéricos ou não climatéricos é
essencial para definir o ponto de colheita e técnicas de manipulação e
de armazenamento que possam ser usadas para prolongar a vida póscolheita (Archbold & Pomper, 2003). O amadurecimento de frutos
climatéricos é coordenado e/ou induzido pelo etileno, enquanto que
frutas não-climatéricas não apresentam uma alta produção de etileno,
mas pode ser sensíveis a este fito-regulador durante a fase póscolheita. O climatério de frutos é acompanhado de mudanças físicas e
químicas, como a redução da firmeza de polpa e da acidez total
titulável, evolução da cor, pois estas mudanças, que fazem parte do
amadurecimento (Abdi et al., 1998).
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento
pós-colheita dos frutos de araçá e de butiá, para classificá-los como
climatéricos ou não climatéricos.
Material e Métodos
O estudo foi realizado no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita do
Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria,
com frutos coletados de plantas existentes no campus da
universidade.
Os araçás de variedade com coloração vermelha foram colhidos nos
pontos de maturação meio maduro (epiderme vermelha-clara) e maduro
(epiderme vermelha intensa). Para cada ponto de maturação, utilizouse três repetições, com unidade experimental composta por cerca de
500g de frutos.
Os butiás, também foram divididos em dois pontos de maturação:
meio maduro (epiderme verde-amarela) e maduro (epiderme completamente amarela). Utilizou-se três repetições para cada ponto de maturação, sendo a unidade experimental composta por 450g de frutos.
Em ambos os estudos avaliou-se a respiração e a síntese de etileno
dos frutos a 20 OC. As análises foram iniciadas 24h após a colheita,
sendo realizadas diariamente até o 8 O e 9O dias para o araçá e butiá,
respectivamente. A determinação da síntese de etileno foi obtida
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
mediante cromatografia gasosa, através de um cromatógrafo a gás
marca Varian, modelo Star CX 3400, equipado com coluna Porapak e
detector de ionização por chama, com temperatura de 90, 140 e
200°C para o injetor, coluna e detector, respectivamente. Para isso,
uma massa conhecida de frutos foi acondicionada em recipientes de
vidro com 5L de volume. Os recipientes permaneceram
hermeticamente vedados à temperatura de 20 OC por duas horas. Após
esse período, duas amostras de 1mL, dos gases contidos em cada
recipiente, foram coletadas com o auxílio de seringas plásticas
descartáveis e injetadas no compartimento de injeção do
cromatógrafo. Com as concentrações de etileno determinadas nestes
recipientes foi calculada a produção de etileno através da fórmula:
PE =
[V − (P
D ) ]* E
= µL C2H4 kg-1 h-1, onde: PE = produção de
P *T
etileno (µL de C2H4 kg-1 h-1); V = volume do recipiente (L); P = massa
da amostra de frutos (kg de massa fresca); D = densidade dos frutos
(g cm-3); E = µL L-1de etileno; T = tempo de fechamento dos
recipientes (h).
A respiração foi determinada através da produção de CO2 pelos frutos.
Para isso, o volume interno de cada recipiente contendo amostras de
frutos, conforme descrito anteriormente, foi circulado através de um
analisador de gases, com fluxo contínuo da marca Agri-Datalog, e
determinada a concentração de CO2 em percentagem. Para o cálculo
da produção de CO2, considerou-se o volume interno dos recipientes,
bem como a massa de frutos neles contidos e a %CO2 determinada
pelo analisador. Para expressar os resultados em produção de CO2, ou
respiração, utilizou-se a seguinte fórmula: R =
[V − (P D ) ]* C *10
P *T
mL de CO2 kg-1 h-1 onde: R = respiração (mL de CO2 kg-1 h-1);
C = concentração de CO2 (%).
=
381
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Resultados e Discussões
O araçá, apresentou um climatério respiratório e um pico de etileno no
4o dia após a colheita, sendo que os picos respiratório e produção de
etileno ocorreram no mesmo momento para frutos colhidos maduros e
meio maduros (Figura 1). É importante salientar que no araçá o pico de
etileno coincide com o pico de respiração climatérica o que também
ocorre em Asimina triloba (L.) Dunal. (Archbold & Pomper, 2003) e em
ameixa (Abdi et al. 1998) No entanto, para a curva da respiração
ocorrem outros picos, mas menores, após o pico climatérico da
respiração. Fenômeno semelhante também foi verificado em outras
frutas como ´cherimoya´, ´atemoya´, ´soursop´ entre outras (Brown
et al., 1988; Bruinsma & Paull, 1984). O pico de etileno do araçá
apresentou uma produção de aproximadamente 9µL de C2H4 kg-1 h-1 e
6µL de C2H4 kg-1 h-1 nos pontos de colheita maduro e meio maduro,
respectivamente. Estes valores são menores aos encontrados em
maçãs, situada entre 10 e 100µL de C2H4 kg-1 h-1 (Kader, 2002). O
pico de respiração apresentou valores superiores a 70mL de CO2 kg-1
h-1, valores estes muitos superiores aos verificados em maçãs que
oscilam de 5 e 10mL de CO2 kg-1 h-1 (Kader, 2002).
9
5
50
4
40
3
2
30
1
µ L d e C2H 4 kg -1 h -1
6
S ín tes e d e etile n o
60
R es p i raç ã o
µ L d e C2 H 4 kg -1 h -1
7
m L d e C O2 k g -1 h -1
70
8
180
90
160
80
140
70
120
60
100
50
80
40
60
30
40
20
20
10
0
0
20
1
2
3
4
5
6
7
8
R es p i r aç ã o
80
m L d e C O2 k g -1 h -1
B u tia c a p ita ta
P s i d iu m c a ttle ia nu m
10
S ín tes e d e etil e n o
382
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
D ia s a p ó s co lh e ita
D ia s a p ó s co lh e i ta
E til. m ad ur os
E til. m e io m adur os
R es p. m ad uro s
R es p. m eio m ad uros
E til. m ad uros
E til. m e io m ad uros
R es p . m a duro s
R es p . m eio m a duro s
Figura 1. Respiração e produção de etileno de Figura 2. Respiração e produção de etileno de butiá,
frutos de araçá, exposto a 20ºC, após a
exposto a 20ºC, após a colheita. Santa
colheita. Santa Maria, RS, 2003.
Maria, RS, 2003.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
No butiá o pico climatérico de respiração não é tão nítido como no
araçá, mas indica que se trata de um fruto de respiração climatérica. É
importante ressaltar que após o pico climatérico houve nova elevação
da respiração a partir do 6O dia de avaliação dos frutos. O butiá
apresenta primeiro o climatério do etileno no 3O dia após a colheita
para ambos os pontos de maturação, enquanto que o climatério
respiratório ocorreu por volta do 6O dia após a colheita, também para
os dois pontos de maturação (Figura 2). Este comportamento de frutos
climatéricos apresentarem primeiro o pico de etileno e, após o
respiratório, também foi observado em banana (Beaudry et al., 1987) e
maçã (Kader, 2002). A síntese de etileno no seu pico, após três dias
da colheita, apresentou uma produção de aproximadamente 140µL de
C2H4 kg-1 h-1. Estes valores são superiores à produção de etileno
encontrados em maçãs (Kader, 2002). Já em relação à respiração, no
seu pico, apresentou valores superiores a 80mL CO2 kg-1 h-1, valores
muito superiores aos encontrados para maçãs (Kader, 2002).
Conclusão
O araçá e o butiá são frutos climatéricos que apresentam picos de
produção de etileno e de respiração, que são seguidos pelo processo
de maturação de consumo.
Referências Bibliográficas
Abdi, N.; McGlasson, W.B.; Holford, P. et al. Responses of climacteric
and suppressed-climacteric plums to treatment with propylene and 1methylcyclopropene. Postharvest Biology and Technology, v.14, n.1,
p. 29-39, 1998.
Archbold, D.D.; Pomper, K.W. Ripening pawpaw fruit exhibit
respiratory and ethhylene climacterics. Postharvest Biology and
Technology, v.30, n.1, p.99-103, 2003.
383
384
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Mauro, J.D. Glossário de frutas. Disponível em: <http://
www.painet.com.br/joubert/frutas.html>. Acesso em 10/05/2004.
Beaudry, R.M.; Paz, N.; Black, C.C. et al. Banana ripening: implications
of change in internal ethylene and CO2 concentrations, pulp
fructose2,6-biphosphate concentration and activity of some glicolitic
enzymes. Plant physiology, v. 85, n.1, p. 277 282, 1987.
Brown, B.I.; Wong, L.S.; George, A.P. et al. Comparative studies on
the postharvest physiology of fruit from different species of Annona
(custard apple). Journal Horticulturae Science, v.63, p. 521-528,
1988.
Bruinsma, J.; Paull, R.E. Respiration during postharvest development
of soursop fruit, Annona muricata L. Plant Physiology, v.76, p.131 138, 1984.
Kader, A.A. Postharvest biology and technology: an overview. In:
Kader, A.A. (Ed.), Postharvest Technology of Horticultural Crops.
University California, 39-47, 2002)
Lorenzi, H. Árvores Brasileira: manual de identificação e cultivo de
plantas arbóreas nativas do Brasil. Editora Plantarum Ltda : Nova
Odessa, 1992. 352p.
Lorenzi, H. Palmeiras no Brasil: exóticas e nativas. Editora Plantarum
Ltda : Nova Odessa, 1996. 320p.
Vidal, W.N. Botânica organografia: quadros sinóticos ilustrados de
fanerógamos. 3 ed. UFV : Viçosa, 1986. 114p.
Fenologia da Floração da Feijoa (Acca
sellowiana (Berg) Burret), em Pelotas, RS
Rodrigo Cezar Franzon
Elisia Rodrigues Corrêa
Maria do Carmo Bassols Raseira
Introdução
No sul do Brasil, dentre uma grande diversidade de fruteiras nativas
existentes, podemos destacar a feijoa (Acca sellowiana (Berg) Burret),
pertencente à família Myrtaceae. Esta espécie, que em Santa Catarina
ocorre naturalmente nas áreas com altitude acima de 800m e, com
maior freqüência, acima de 1000m (Ducroquet e Hickel, 1991), no Rio
Grande do Sul ocorre na Serra Gaúcha e em áreas de menor altitude
(sudeste do estado). Ocorre também em parte do Uruguai (Donadio et
al., 2002).
A feijoa vem sendo estudada pela Embrapa Clima Temperado (CPACT),
em Pelotas, RS, há alguns anos, e também pela EPAGRI e
Universidade Federal de Santa Catarina, em Santa Catarina, com o
objetivo de conservá-la e fornecer subsídios para futuro programa de
melhoramento genético e, desenvolver um sistema de produção que
permita o cultivo em escala comercial. No Brasil não se tem
informações sobre o cultivo comercial desta espécie. Entretanto, é
cultivada com êxito em alguns países, como a Nova Zelândia e Estados
Unidos da América (Franklin, 1985).
Um dos aspectos importantes a se conhecer é a fenologia desta
espécie, principalmente no que diz respeito ao ciclo de floração e
frutificação. Este conhecimento é fundamental para planejar
cruzamentos em programas de melhoramento genético e também para
o manejo da espécie. Em Santa Catarina, a época de florescimento da
386
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
feijoa, se estende desde o início de outubro até meados de novembro
(Ducroquet e Hickel, 1991).
O objetivo deste trabalho foi observar os estádios fenológicos durante
o desenvolvimento do órgão floral, bem como a época da floração da
feijoa, nas condições de Pelotas, RS.
Material e Métodos
Para observação do desenvolvimento do órgão floral desta espécie,
tomou-se como modelo os estádios fenológicos propostos por
Ducroquet e Hickel (1991). Gemas floríferas foram marcadas de forma
aleatória em plantas do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de
fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, RS. As
observações foram feitas nos ciclos de floração correspondentes aos
anos de 2002-2003 e 2003-2004.
No primeiro ano foram marcadas 12 plantas, sendo que em cada uma
delas foram marcadas 10 gemas floríferas. Para estimar o
desenvolvimento destas, cada repetição foi representada pela média de
três plantas, totalizando quatro repetições e 30 gemas por repetição.
Isto foi necessário devido ao pequeno número de gemas floríferas
emitidas pela espécie naquele ciclo. No segundo ano foram marcadas
oito plantas, e em cada planta 15 gemas floríferas. Neste ano, cada
repetição foi representada pela média de duas plantas, totalizando
quatro repetições e 30 gemas por repetição.
As gemas floríferas foram marcadas com etiquetas de papel,
numeradas e parafinadas, logo que pudessem ser observadas, estádio
este que foi tomado como estádio B, de acordo com Ducroquet e
Hickel (1991). As observações foram deitas em intervalos de até três
dias, registrando-se o estádio correspondente a cada uma delas.
Foram também observados o início e o final de floração, quando 10%
e 90% das gemas floríferas, respectivamente, estavam abertas. Para
isso, observações visuais foram feitas nas plantas de um modo geral,
sem selecionar plantas no pomar.
Foram coletados os dados de temperatura máxima, mínima e média, e
total de horas de frio para os anos de 2002 e 2003, a fim de verificar
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
se as possíveis diferenças no desenvolvimento do órgão floral e no
período e floração ocorreram em decorrência dos fatores climáticos.
Resultados e Discussões
Até o final de setembro é muito difícil diferenciar, visualmente, as
gemas que darão origem às flores. As gemas floríferas são facilmente
identificadas a partir do estádio B (Figura 1), que corresponde a
pequenos botões florais globosos e esbranquiçados. Estes botões
desenvolvem-se até atingir o estádio C, que corresponde ao tamanho
de uma ervilha. Verificou-se que a passagem do estádio B até C levou,
em média, oito dias. O estádio C foi aquele que mais se prolongou,
levando aproximadamente 16 dias até atingir o estádio D, onde
começam a aparecer as pétalas, porém, o botão permanece fechado.
Deste estádio até o próximo, o estádio de balão (estádio E), onde as
pétalas começam a ficar descompactadas, porém ainda fechadas,
transcorreram aproximadamente quatro dias. Ducroquet e Hickel
(1991) observaram que é neste estádio que o estigma começa a
emergir para fora das pétalas e, segundo Stewart (1987), neste
momento o estigma já é receptivo ao pólen. Aproximadamente um dia
após já é possível visualizar todos os estames com suas anteras
vermelhas sobressaindo-se às pétalas, bem como a coloração
avermelhada da parte interior destas, e o estigma e parte do estilete
expostos (estádio F1), normalmente acima das anteras, sendo variável
de acordo com o genótipo. Mais um dia e a flor está completamente
aberta (estádio F2), com as
pétalas na posição horizontal, e expondo suas numerosas anteras, que durante a
transição do estádio F1 para
F2 tornam-se deiscentes,
liberando grande quantidade
de pólen de coloração
amarela.
Figura 1. Estádios fenológicos de floração da feijoa (Acca sellowiana
(Berg) Burr.). Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2004.
387
388
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O tempo total desde o estádio B até a completa abertura da flor
(estádio F2) foi, em média, 30 dias. Houve variação entre o tempo
total nos anos avaliados, sendo, aproximadamente, de 26 dias no ano
de 2002 e, 32 dias em 2003.
Aproximadamente dois a três dias após a abertura da flor vem a queda
das pétalas, ou o que resta destas (estádio G), e mais três a quatro
dias caem todos os estames, ficando apenas o estilete da flor (estádio
H). Deste ponto até a queda do estilete (estádio I) transcorreram mais
seis a sete dias.
O tempo total desde o estádio B até a queda do estilete (estádio I)
também variou nos anos avaliados, sendo de 37 dias no ano de 2002
e 43 dias em 2003, aproximadamente. Na média, temos 40 dias,
mesmo número de dias observados por Ducroquet e Hickel (1991)
quando descreveram os estádios fenológicos desta espécie em Videira,
SC.
Em relação à época de floração, foi observado que existe grande
diferença entre os diferentes clones de feijoa. Enquanto alguns clones
já estavam em fase final de floração, outros estavam apenas no início.
De modo geral, os primeiros clones iniciaram a floração na primeira
quinzena de outubro, e os últimos clones apresentaram o final de
floração no final de novembro, ou seja, a floração desta espécie se
estendeu do início de outubro até o final de novembro. Da mesma
forma, Ducroquet e Hickel (1991) observaram diferenças no período
de floração entre diferentes clones de feijoa, e, segundo estes mesmos
autores, o tempo médio entre o início e final de floração, num mesmo
clone, é de cerca de 25 dias, nas condições de Videira, SC.
Não foi possível avaliar a época de maturação dos frutos, pois não
houve produção no ano de 2002-2003, devido aos grandes danos
causados por antracnose, que, além de causar a morte de algumas
plantas, ocasionou a queda de quase 100% dos frutos. Segundo
Ducroquet e Hickel (1991), nas condições de Videira, SC, a
variabilidade na maturação entre clones é muito grande, iniciando no
final de fevereiro e terminando no início de junho. Embora não tenha
sido acompanhada a época de maturação dos frutos neste
experimento, em observações anteriores constatou-se que não difere
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
muito da época de maturação em Santa Catarina. Deste modo, a feijoa
pode ser introduzida nos sistemas de produção de frutas da região,
sendo uma alternativa para complementação de renda, uma vez que a
maturação acontece depois do final da maturação das principais
frutíferas da região.
Não houve grandes diferenças, entre os dois anos avaliados, para o
período de floração desta espécie, bem como nas médias de
temperatura máxima e mínima. O mesmo foi verificado em relação ao
número de horas de frio, sendo que ocorreram 316 e 311 horas abaixo
de 7,2oC, para os anos de 2002 e 2003, respectivamente. As
pequenas diferenças observadas entre os dois anos, na época de
floração da feijoa, podem ser devidas ao fato de se ter observado uma
população formada por plantas oriundas de propagação sexuada,
existindo grande variabilidade entre os clones.
As flores de feijoa não apresentam nectários, mas são muito atrativas
para insetos polinizadores devido as suas pétalas vistosas, carnosas e
adocicadas (Degenhardt et al., 2001). Entretanto, os principais
polinizadores são pássaros frugívoros. Estes também podem antecipar
a queda dos estames e das pétalas, pois se alimentam destas últimas.
Conclusão
A partir do momento que os botões florais atingirem o estádio de
balão, é necessário acompanhamento diário para realizar as
hibridações.
Referências Bibliográficas
DEGENHARDT, J.; ORTH, A.I.; GUERRA, M.P.; DUCROQUET, J.P.;
NODARI, R.O. Morfologia floral da Goiabeira Serrana (Feijoa
sellowiana) e suas implicações na polinização. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.3, p.718-721. 2001.
DONADIO, L.C., MÔRO, F.V.; SERVIDONE, A.A. Frutas Brasileiras.
Jaboticabal: Ed. Novos Talentos. 2002. 288p.
389
390
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
DUCROQUET, J.P.H.J.; HICKEL, E.R. Fenologia da goiabeira serrana
(Feijoa sellowiana, Berg) no Alto Vale do Rio do Peixe, Santa Catarina.
Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.13, n.3, p.313-320.
1991.
FRANKLIN, S.J. Feijoas Varieties and Culture, Commercial Production.
Horticultural Produce & Practice, MAF information, Private Bag,
Wellington, New Zealand. 1985.
STEWART, A. Reproductive biology and pollination ecology of Feijoa
sellowiana. Auckland: University of Auckland, 1987. 115 p. Tese
Doutorado.
Fenologia da Floração e Maturação dos
Frutos da Pitangueira (Eugenia uniflora L.),
em Pelotas, RS
Rodrigo Cezar Franzon
Elisia Rodrigues Corrêa
Maria do Carmo Bassols Raseira
Introdução
A pitangueira (Eugenia uniflora L.), pertencente à família das
mirtáceas, é originária desde o Brasil Central até o norte da Argentina,
e se distribui ao longo de todo o território brasileiro e em outras partes
do mundo (Bezerra et al., 2000). Esta espécie vem sendo estudada
pela Embrapa Clima Temperado (CPACT), em Pelotas, RS, há alguns
anos, com o objetivo de conservá-la e também de implantar um
programa de melhoramento genético e desenvolver um sistema de
produção que permita o cultivo em escala comercial.
A Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), em Itambé,
PE, também vem estudando esta espécie e, neste Estado, o cultivo da
pitangueira vem crescendo a cada ano (Bezerra et al., 2002), devido
ao grande potencial de utilização dos frutos, que podem ser
comercializados na forma de polpa e suco, e também para o fabrico de
sorvetes, geléias, licores e vinhos.
Um dos aspectos importantes a se conhecer é a fenologia desta
espécie, pois, em programas de melhoramento genético, a hibridação é
realizada quando a flor estiver em estádio de balão, próximo a antese.
Também é importante conhecer os ciclos de floração e frutificação,
aspecto fundamental para o manejo da espécie.
392
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Não são conhecidas muitas informações sobre ciclo reprodutivo da
pitangueira. As variações climáticas das diferentes regiões de cultivo
determinam as épocas de florescimento e frutificação. Nas regiões Sul
e Sudeste do Brasil, essas fases podem ocorrer duas ou mais vezes
durante o ano. A floração normalmente ocorre de agosto a dezembro,
podendo acontecer entre fevereiro a julho, e a frutificação, de agosto a
fevereiro, podendo ocorrer entre abril e julho (Bezerra et al., 2000).
O objetivo deste trabalho foi observar os estádios fenológicos da
floração da pitangueira, bem como as épocas de floração e maturação
dos frutos, no município de Pelotas, RS.
Material e Métodos
Foram utilizadas plantas do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de
fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado - CPACT, em Pelotas,
RS. Algumas populações desta espécie apresentam dois ciclos de
produção em cada ano. Para acompanhamento do ciclo de floração e
maturação dos frutos, foram utilizadas plantas de dois tipos distintos
de pitangueira existentes no CPACT e de origens diferentes: coletadas
em mata nativa (doravante identificadas como "população A") ou
coletadas na área urbana, em plantas de origem desconhecida e
existentes há décadas em pátios residenciais ou de escolas (doravante
identificadas como "população B").
Para observação dos diferentes estádios fenológicos, gemas floríferas
foram marcadas de forma aleatória em plantas da "população B", que
estão sob constante avaliação e seleção, em relação às características
de seus frutos. No primeiro ano foram marcadas cinco plantas,
enquanto que no segundo ano foram marcadas quatro plantas. Cada
planta representou uma repetição. Em cada planta foram marcadas
trinta e duas gemas floríferas.
As observações foram feitas no primeiro ciclo do ano, correspondente
aos meses de setembro a dezembro, nos anos de 2002-2003 e 20032004.
Tomou-se como modelo os estádios fenológicos propostos por
Ducroquet e Hickel (1991) para feijoa (Acca sellowiana). A partir deste
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
modelo, e também consultas aos esquemas adotados por Fleckinger
(1945) em outras fruteiras, as observações visuais foram feitas,
procurando caracterizá-las por alterações morfológicas marcantes,
facilmente identificáveis visualmente.
As gemas floríferas foram marcadas com etiquetas de papel,
numeradas e parafinadas, logo que pudessem ser observadas, estádio
este que foi tomado como estádio B. Estas gemas eram observadas
em intervalos de até três dias, registrando-se o estádio correspondente
a cada uma delas.
Foram também observados o início e o final de floração, quando 10%
e 90% das gemas floríferas, respectivamente, estavam abertas, e
também o início e final da maturação dos frutos. Para isso,
observações visuais foram feitas nas plantas de um modo geral, sem
selecionar plantas no pomar.
Foram coletados os dados de temperatura máxima, mínima e média, e
total de horas de frio para os anos de 2002 e 2003, a fim de verificar
se as possíveis diferenças no desenvolvimento do órgão floral desta
espécie, e no período e floração e maturação dos frutos, eram em
decorrência dos fatores climáticos.
Resultados e Discussões
Para pitangueira, os estádios fenológicos não são tão marcantes
quanto na feijoa, porém, podem ser identificados com observações
mais cuidadosas. Os botões florais ocorrem nas axilas das brácteas
sobre a base dos ramos jovens ou do ano (Donadio et al., 2002), de
forma isolada ou fasciculada, em número de quatro a oito botões. A
primeira observação foi feita tão logo o botão pudesse ser observado e
foi denominado de estádio B (Figura 1). Neste estádio o botão floral
tem forma globosa, de coloração verde clara. Aproximadamente sete a
oito dias depois, o primeiro par de sépalas começa a abrir (estádio C),
mostrando o segundo par, porém não aparecem as pétalas. Neste
estádio o botão floral está com o dobro do tamanho, e apresenta
coloração verde, em tom mais escuro que o anterior. Mais oito a nove
dias e começam a aparecer as pétalas, de coloração branca (estádio
393
394
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
D), facilmente identificáveis pelo contraste com a cor verde das
sépalas. Após o primeiro sinal de aparecimento das pétalas,
transcorrem quatro a cinco dias até o botão atingir o estádio de balão
(estádio E), onde já está bem desenvolvido, com as pétalas prestes a
abrir e expor suas anteras e o estigma. Vem, então, a abertura da flor
(estádio F), entre um e dois dias depois da fase de balão. O tempo
necessário para passar da fase de balão para flor é muito dependente
da temperatura e, se
esta for muito
elevada, pode durar
menos de um dia.
Durante a abertura
das flores as anteras
também vão se
tornando deiscentes,
expondo grande
quantidade de pólen,
de coloração
amarela.
Figura 1. Estádios fenológicos de floração da pitangueira (Eugenia
uniflora L.). Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2004.
O tempo total desde o estádio B até a abertura das flores (estádio F) foi
de aproximadamente 23 dias (Figura 2), sendo que não foram observadas grandes diferenças entre os dois anos de avaliação. As pétalas e os
estames começam a cair aproximadamente dois a três dias após a
antese, passando pelo estádio G e atingindo o H, respectivamente, e
com mais cinco a sete dias cai também o estilete da flor (estádio I),
iniciando o desenvolvimento dos frutos. O tempo total desde o estádio
B até a queda do estilete (estádio I) foi, em média, 33 dias.
Durante o desenvolvimento dos botões florais, um número significativo
destes caíram antes mesmo de atingir o estádio de flor. Em média,
caíram 39% no primeiro ano de avaliação e 51% no segundo ano,
sendo esta percentagem muito variável entre plantas (algumas
apresentaram queda de 19% e outras até 62%). Caíram também flores
após a antese, entretanto este número não foi avaliado.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
A floração da pitangueira ocorre de maneira escalonada entre os
diferentes clones, e também entre as diferentes populações
("população A" e "população B"). De modo geral, para as plantas da
"população A", a floração iniciou na terceira semana de setembro e
finalizou na segunda semana de outubro. Para a "população B" iniciou
na primeira semana de setembro e terminou na segunda semana de
outubro.
A maturação dos frutos das plantas da "população A" de fruteiras
nativas iniciou na metade de novembro e se estendeu por um mês,
enquanto que para a "população B" iniciou no final de outubro e se
estendeu até a terceira semana de novembro. Estas, entretanto,
apresentam um segundo ciclo de floração e frutificação. A floração
neste segundo ciclo ocorre entre os meses de fevereiro e março, e a
maturação dos frutos em abril e maio, podendo acontecer pequena
variação entre anos, dependendo das condições climáticas.
Não houve grandes diferenças, entre os dois anos avaliados, para o
período de floração e maturação dos frutos da pitangueira, bem como
nas médias de temperatura máxima e mínima. O mesmo foi verificado
em relação ao número de horas de frio, sendo que ocorreram 316 e
311 horas abaixo de 7,2oC, para os anos de 2002 e 2003,
respectivamente.
A pitangueira pode complementar os sistemas de produção de frutas
da região de Pelotas, RS, uma vez que a maturação ocorre em época
diferente de outras frutíferas importantes, como o pessegueiro e a
ameixeira.
Conclusão
Para realizar hibridações, uma vez que os botões florais atingirem o
estádio de botão branco, é necessário acompanhamento diário.
395
396
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
BEZERRA, J.E.F.; SILVA JUNIOR, J.F. da; LEDERMAN, I.E. Pitanga
(Eugenia uniflora L.). Jaboticabal: FUNEP. 2000. 30 p. (Série Frutas
Nativas, 1).
BEZERRA, J.E.F.; LEDERMAN, I.E.; FREITAS, E.V.; SILVA JÚNIOR,
J.F. Propagação de genótipos de pitangueira (Eugenia uniflora L.) pelo
método de enxertia de garfagem no topo em fenda cheia. Revista
Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.3, p.718-721. 2002.
DONADIO, L.C., MÔRO, F.V.; SERVIDONE, A.A. Frutas Brasileiras.
Jaboticabal: Ed. Novos Talentos. 2002. 288p.
DUCROQUET, J.P.H.J.; HICKEL, E.R. Fenologia da goiabeira serrana
(Feijoa sellowiana, Berg) no Alto Vale do Rio do Peixe, Santa Catarina.
Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.13, n.3, p.313-320.
1991.
FLECKINGER, J. Notations phenologiques et representations
graphiques du developpment des bourgeons de piories. In: Comptes
rendus congress de Paris, 1945, L´Association Française pour
l´Avancement des Sciences.
Fenologia da Floração e Maturação dos
Frutos da Uvalheira (Eugenia pyriformis
Camb.), em Pelotas, RS
Rodrigo Cezar Franzon
Maria do Carmo Bassols Raseira
Américo Wagner Júnior
Introdução
A uvalheira, Eugenia pyriformis Camb., pertencente à família
Myrtaceae, é uma das espécies que se destaca dentre a grande
diversidade de fruteiras nativas existentes no sul do Brasil. É também
conhecida como uvaia, uvalha, uvaia-do-mato ou azedinha.
Esta espécie tem algumas variedades originadas no litoral do Sul do
Brasil e outras mais ao Norte do país (Andersen e Andersen, 1988).
Donadio et al. (2002) citam a existência de duas variedades, E.
pyriformis var. uvalha e E. pyriformis var. argentea, todas recebendo o
mesmo nome comum. Segundo estes mesmos autores, esta espécie
também é nativa no Paraguai e Argentina.
O nome indígena tupi iwa´ya significa fruto ácido e deu o nome
popular para esta espécie. Seus frutos são muito atraentes pela
coloração amarela ou alaranjada e podem ser consumidos in natura ou
utilizados para fazer sucos, sorvetes, geléias e doces.
A uvalheira ocorre em todo o estado do Rio Grande do Sul (Donadio et
al., 2002), e é conservada no Banco Ativo de Germoplasma de
fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado - CPACT, onde vem
398
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
sendo estudada com o objetivo de melhor conhecer a espécie e,
futuramente, desenvolver um sistema de produção que permita o
cultivo em escala comercial e, talvez implantar um programa de
melhoramento genético.
Um dos aspectos importantes a se conhecer é a fenologia,
principalmente no que diz respeito ao ciclo de floração e frutificação.
Este conhecimento é fundamental para planejar cruzamentos em
programas de melhoramento genético e também para o manejo da
espécie.
Não são conhecidas muitas informações sobre ciclo reprodutivo desta
espécie. A uvalheira floresce em diferentes épocas nas diferentes
regiões em que ocorre. Em Jaboticabal, no estado de São Paulo,
floresce de agosto a setembro, enquanto no sul do país é mais tardia,
podendo se estender até fevereiro. No Pantanal, a floração ocorre até
novembro (Donadio et al., 2002).
O objetivo deste trabalho foi observar os estádios fenológicos da
floração da uvalheira, bem como as épocas de floração e maturação
dos frutos.
Material e Métodos
Para observação dos diferentes estádios fenológicos, gemas floríferas
foram marcadas de forma aleatória em plantas do Banco Ativo de
Germoplasma (BAG) de fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado
- CPACT, em Pelotas, RS. As observações foram feitas no ciclo de
floração correspondente aos anos de 2002-2003. Foram marcadas
quatro plantas e, em cada planta, trinta gemas floríferas. Cada planta
representou uma repetição.
Tomou-se como modelo os estádios fenológicos propostos por
Ducroquet e Hickel (1991) para feijoa (Acca sellowiana). A partir deste
modelo, e também consultas aos esquemas adotados por Fleckinger
(1945) em outras fruteiras, foi acompanhado o desenvolvimento do
órgão floral da uvalheira, procurando caracterizá-lo por alterações
morfológicas marcantes, facilmente identificáveis visualmente.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
As gemas floríferas foram marcadas com etiquetas de papel,
numeradas e parafinadas, logo que pudessem ser observadas, estádio
este que foi tomado como estádio B. Estas gemas eram observadas
em intervalos de até três dias, registrando-se o estádio correspondente
a cada uma delas.
Foram também observados o início e o final de floração, quando 10%
e 90% das gemas floríferas, respectivamente, estavam abertas, e
também o início e final da maturação dos frutos.
Resultados e Discussões
As flores desta espécie são axilares, e seus botões são muito
pequenos. Através de uma observação minuciosa nos ramos mais
jovens, é possível observar os minúsculos botões florais, de coloração
verde, forma globosa e tamanho aproximado de um milímetro,
aparecendo nas axilas das folhas, isoladamente ou em número de até
três no mesmo pedicelo. Neste estádio, que foi denominado de estádio
B, ainda não é possível diferenciar as estruturas do botão, como por
exemplo, as sépalas que o envolvem no início de desenvolvimento.
Com o desenvolvimento do botão, após aproximadamente 10 dias
pode-se observar, com cuidado, um pequeno afastamento do primeiro
par de sépalas. Este momento foi denominado de estádio C. O
desenvolvimento do botão floral desta espécie é demorado, sendo o
mais longo dentre as mirtáceas existentes no BAG do CPACT, e a
passagem pelo estádio C é a fase mais demorada no processo. O
próximo estádio (estádio D) foi marcado pelo primeiro sinal de
aparecimento da coloração branca das pétalas, que acontece junto
com o afastamento do segundo par de sépalas. Segundo Donadio et
al. (2002), as sépalas são desiguais e pubescentes. A passagem do
estádio C para o estádio D demorou, aproximadamente, 40 dias. A
partir deste ponto o desenvolvimento é rápido, e em quatro dias atinge
o estádio de balão (estádio E), e, entre um e dois dias após, a flor está
completamente aberta (estádio F).
A fase de flor é rápida, e a queda das pétalas ocorre um ou dois dias
após a abertura da flor, atingindo o estádio G. Mais um dia e os
399
400
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
estames também caem (estádio H), restando apenas o estilete. Com
mais cinco a seis dias ocorre a queda do estilete (estádio I) e o fruto
começa a se desenvolver. O tempo total desde o aparecimento do
botão floral até a queda dos estiletes, em uma mesma planta, foi de
aproximadamente 63 dias.
A queda de botões antes de atingir o estádio de flor foi de
aproximadamente 20%. Entretanto, entre a antese e a queda do
estilete, caíram outros 24%.
O desenvolvimento dos frutos da uvalheira é rápido, sendo que o
tempo entre a antese e a maturação foi de aproximadamente 21 dias.
A floração desta espécie é uma das mais prolongadas dentre as
mirtáceas do BAG do CPACT. De modo geral, no ciclo de 2002-2003,
iniciou-se na terceira semana de dezembro e se estendeu até a
segunda semana de fevereiro. A maturação dos frutos foi
relativamente rápida, iniciando na terceira semana de janeiro e
estendendo-se até o final de fevereiro, sendo variável dentre os
diferentes acessos desta espécie.
A uvalheira apresenta comportamento diferenciado em relação ao da
cerejeira-do-rio-grande. Enquanto que o desenvolvimento do órgão
floral da uvalheira é demorado, o da cerejeira-do-rio-grande é rápido.
Já em relação ao desenvolvimento dos frutos, ocorre o contrário, é
rápido na uvalheira e demorado na cerejeira-do-rio-grande.
As flores da uvalheira, assim como de outras mirtáceas frutíferas,
como a pitangueira, a cerejeira-do-rio-grande, o guabijú, a guabirobeira
e a jabuticabeira, são muito atrativas para insetos polinizadores,
principalmente abelhas e mamangavas.
Para fins de melhoramento genético, é importante conhecer a fenologia
da espécie, pois a hibridação é realizada quando a flor estiver em
estádio de balão, próximo a antese.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Conclusão
Para realizar hibridações, uma vez que os botões florais atingirem o
estádio de balão é necessário acompanhamento diário.
A uvalheira, se introduzida nos sistemas de produção de frutas da
região, pode complementá-los, uma vez que a maturação dos frutos
acontece depois do final da maturação das principais frutíferas da
região, como o pessegueiro e a ameixeira.
Referências Bibliográficas
ANDERSEN, O.; ANDERSEN, V.U. As Frutas Silvestres Brasileira. 3ª
ed. Rio de Janeiro: Globo Rural, 1989. 203p.
DONADIO, L.C., MÔRO, F.V.; SERVIDONE, A.A. Frutas Brasileiras.
Jaboticabal: Ed. Novos Talentos. 2002. 288p.
DUCROQUET, J.P.H.J.; HICKEL, E.R. Fenologia da goiabeira serrana
(Feijoa sellowiana, Berg) no Alto Vale do Rio do Peixe, Santa Catarina.
Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.13, n.3, p.313-320.
1991.
FLECKINGER, J. Notations phenologiques et representations
graphiques du developpment des bourgeons de piories. In: Comptes
rendus congress de Paris, 1945, L´Association Française pour
l´Avancement des Sciences.
401
402
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Fenologia da Floração e Maturação dos
Frutos da Cerejeira-do-Rio-Grande (Eugenia
involucrata DC), em Pelotas, RS
Rodrigo Cezar Franzon
Elisia Rodrigues Corrêa
Maria do Carmo Bassols Raseira
Rosa Lia Barbieri
Introdução
A cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata DC.), mirtácea nativa do
sul do Brasil, ocorre desde Minas Gerais ao Rio Grande do Sul,
principalmente em florestas semidecíduas de altitude (Donadio et al.,
2002). Ocorre também no norte do Uruguai, Argentina (Misiones e
Corrientes) e no Paraguai (Sanchotene, 1989).
O fruto é consumido in natura, entretanto pode ser utilizado para o
processamento, na forma de doces, geléias e/ou sucos. Esta espécie
também pode ser utilizada como planta ornamental, tendo em vista
sua bonita forma e aparência.
A Embrapa Clima Temperado (CPACT) vem estudando esta espécie
com o objetivo de conservá-la e, futuramente, introduzi-la nos
sistemas de produção da região. Conhecer a fenologia da espécie,
principalmente no que diz respeito ao ciclo de floração e frutificação, é
fundamental para planejar cruzamentos em futuro programa de
melhoramento genético e também para o manejo da espécie.
404
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
O objetivo deste trabalho foi observar os estádios fenológicos durante
o desenvolvimento do órgão floral da cerejeira-do-rio-grande, bem
como as épocas de floração e maturação dos frutos.
Material e Métodos
Foram utilizadas plantas do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de
fruteiras nativas da Embrapa Clima Temperado - CPACT, em Pelotas,
RS. Para observação dos diferentes estádios fenológicos, gemas
floríferas foram marcadas, de forma aleatória, em quatro plantas,
sendo que cada planta representou uma repetição. Nesta espécie as
flores ocorrem nas axilas foliares, em lançamentos do ano, isoladas ou
em grupos de duas ou quatro gemas floríferas. Em cada planta foram
marcados 30 lançamentos, e acompanhou-se o desenvolvimento das
gemas floríferas. As observações foram feitas nos ciclos de floração
correspondentes aos anos de 2002-2003 e 2003-2004.
Tomou-se como modelo os estádios fenológicos propostos por
Ducroquet e Hickel (1991) para feijoa (Acca sellowiana). A partir deste
modelo, e também consultas aos esquemas adotados por Fleckinger
(1945) em outras fruteiras, as observações visuais foram feitas,
procurando caracterizá-las por alterações morfológicas marcantes,
facilmente identificáveis visualmente.
As gemas floríferas foram marcadas com etiquetas de papel,
numeradas e parafinadas, logo que pudessem ser observadas, estádio
este que foi tomado como estádio B. Estas gemas foram observadas
em intervalos de até três dias, registrando-se o estádio correspondente
a cada uma delas.
Foram também observados o início e o final de floração, quando 10%
e 90% das gemas floríferas, respectivamente, estavam abertas, e
também o início e final da maturação dos frutos.
Foram coletados os dados de temperatura máxima, mínima e média, e
total de horas de frio para os anos de 2002 e 2003, a fim de verificar
se as possíveis diferenças no desenvolvimento do órgão floral desta
espécie, e no período e floração e maturação dos frutos, eram em
decorrência dos fatores climáticos.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Resultados e Discussões
Assim como na pitangueira, nesta espécie os estádios fenológicos não
são tão marcantes quanto na feijoa, por exemplo. No início,
visualizam-se os pequenos botões florais envoltos por um par de
brácteas lisas, de coloração verde brilhante. Segundo Donadio et al.
(2002), estas são brácteas foliáceas e podem ocorrer em número de
até cinco. Este estádio foi denominado estádio B (Figura 1). O botão
desenvolve-se e começam a aparecer as pétalas, no início de coloração
verde clara e brilhosas, denominado de estádio C. As pétalas aparecem
junto com as sépalas, ambas em número de quatro, pois estas últimas
são pequenas, livres, e não conseguem encobrir as pétalas, como
ocorre na pitangueira. A passagem do estádio B para o estádio C
levou, em média, aproximadamente oito dias. O brilho das pétalas vai
desaparecendo juntamente com a coloração verde e a cor branca vai
aparecendo. Essa mudança aconteceu em, aproximadamente, seis a
nove dias, e foi denominada de estádio D. Em algumas plantas, a
ponta das pétalas apresenta coloração avermelhada ou rosa, e esta cor
é visualizada já neste estádio, no ápice do botão, que corresponde à
extremidade das pétalas. Neste estádio, onde os botões encontram-se
bem desenvolvidos, começam a ser observados os primeiros sinais de
descompactação das pétalas. Depois de adquirir coloração branca,
com mais dois a três dias o botão atinge o estádio de balão (estádio
E), e no dia seguinte a flor está completamente aberta (estádio F),
expondo seus numerosos estames de coloração branca e anteras
podendo ser igualmente brancas ou levemente rosadas, com grande
quantidade de pólen, de coloração branca ao olho humano, pois,
quando colocado para germinar em meio de cultura e observado em
microscópio ótico, este parece ser incolor.
O tempo total desde o estádio B até a abertura das flores (estádio F)
foi de aproximadamente 19 dias. Não foram observadas grandes
diferenças entre os dois anos de avaliação. A queda das pétalas
(estádio G) ocorreu entre um e dois dias após a antese, e a queda dos
estames (estádio H), mais três a quatro dias após. Para atingir o
próximo estádio (I), que corresponde à queda do estilete, foram
necessários mais quatro a cinco dias. O tempo médio entre o
aparecimento do botão floral e a queda dos estiletes, em uma mesma
planta, foi de 30 dias.
405
406
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Figura 1. Estádios fenológicos de floração da cerejeira-do-rio-grande
(Eugenia involucrata DC.). Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,
2004.
Houve queda de flores de cerejeira-do-rio-grande durante o
desenvolvimento do botão floral até a antese (estádio F). Caíram,
respectivamente, 24% e 15%, no primeiro e segundo ano. No
segundo ano, foi avaliada também a queda de flores entre a antese e a
queda do estilete (estádio I), a qual foi, em média, 6%.
O tempo médio de desenvolvimento dos frutos, desde a antese até a
maturação, foi de 43 dias no primeiro ano de avaliação, e de 42 dias
no segundo ano.
A floração desta espécie é mais rápida do que outras existentes no
BAG de fruteiras nativas do CPACT, como a pitangueira, a uvalheira e
a feijoa, e inicia na segunda semana de outubro e finaliza entre o final
de outubro e início de novembro. Considerando uma planta
individualmente, este período é mais curto, podendo durar apenas
pouco mais de uma semana. Aproximadamente uma semana após o
final da floração dos últimos clones, aqueles que apresentaram
floração mais precoce iniciaram a maturação dos frutos, que se
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
estendeu até a segunda semana de dezembro nos clones de floração
mais tardia.
Segundo Donadio et al. (2002), em Jaboticabal, SP, a cerejeira-do-riogrande apresenta floração no início da primavera, produzindo
regularmente, porém pequena quantidade anual de frutos.
Não houve grandes diferenças, entre os dois anos avaliados, para o
período de floração e maturação dos frutos desta espécie, bem como
nas médias de temperatura máxima e mínima. O mesmo foi verificado
em relação ao número de horas de frio, sendo que ocorreram 316 e
311 horas abaixo de 7,2 OC, para os anos de 2002 e 2003,
respectivamente.
Para fins de melhoramento genético, é importante conhecer a fenologia
da espécie, pois a hibridação é realizada quando a flor estiver em
estádio de balão, próximo a antese.
Conclusão
Para realizar hibridações, uma vez que as pétalas atingirem a coloração
branca é necessário acompanhamento diário.
A cerejeira-do-rio-grande tem um ciclo de flor à fruta relativamente
curto, entre 60 a 70 dias, desde que as gemas floríferas se tornam
visíveis até a maturação dos frutos.
Referências Bibliográficas
DONADIO, L.C., MÔRO, F.V.; SERVIDONE, A.A. Frutas Brasileiras.
Jaboticabal: Ed. Novos Talentos. 2002. 288p.
DUCROQUET, J.P.H.J.; HICKEL, E.R. Fenologia da goiabeira serrana
(Feijoa sellowiana, Berg) no Alto Vale do Rio do Peixe, Santa Catarina.
Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.13, n.3, p.313-320.
1991.
407
408
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
FLECKINGER, J. Notations phenologiques et representations
graphiques du developpment des bourgeons de piories. In: Comptes
rendus congress de Paris, 1945, L´Association Française pour
l´Avancement des Sciences.
SANCHOTENE, M.C.C. Frutíferas nativas úteis à fauna na arborização
urbana. 2 ed. Porto Alegre: Sagra. 1989. 304 p.
Propagação de Jabuticabeira (Myrciaria
cauliflora) por Alporquia
Diógenes Mattei
Carlos Eduardo Carnieletto
Marcello Antonio de Col
Wagner Corrêa
Idemir Citadin
Resumo
Este trabalho teve como objetivo testar a técnica de alporquia na
produção de mudas de jabuticabeira utilizando diferentes doses de AIB
(4000, 6000, 8000 mg.dm-3) e diferentes substratos (vermiculita e
50 % vermiculita e 50% terra). O delineamento estatístico empregado
foi o fatorial 3x2 (três doses de AIB em dois substratos), com seis
tratamentos e três repetições. Foi avaliado o percentual de enraizamento aos 220 dias, sendo que para a vermiculita o percentual médio de
enraizamento foi de 58%, para a vermiculita + terra foi de 100%. Não
houve diferença significativa entre as concentrações de AIB. Com base
nestes resultados é possível afirmar que a alporquia é um método
viável para a propagação assexuada da jabuticabeira, justificando mais
estudos nesta área.
Palavras chave: AIB, promotores de enraizamento, substrato,
propagação assexuada.
410
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Introdução
A jabuticabeira pertence a família das Myrtaceae. É largamente
distribuída no sul e sudeste brasileiro. São conhecidas em torno de 9
espécies de jabuticabeira (Manica, 2000), sendo que a Myrciaria
cauliflora é a de ocorrência natural na Regiâo Sudoeste do Paraná>
Sua fruta é muito apreciada, tanto para consumo natural como para a
fabricação de geleias, vinhos e licores caseiros. Apesar de conhecida
há muito tempo e da excelência de seus frutos a espécie não tem
despertado atenção do fruticultor, que a considera (por falta de
técnica), inadequada ao cultivo, tendo em vista a morosidade para o
inicio de sua produção, que oscila de oito a quinze anos após o plantio
da muda oriunda de sementes.
Segundo Andersen citado por Soares (2001), o método mais usado
para produzir mudas de jabuticabeira é aquele em que se usa a
semente, obtendo-se a muda de pé-franco. Este é o método mais
utilizado pelos produtores, o grande inconveniente deste método é o
longo período juvenil. Assim o desenvolvimento de técnicas, de
propagação assexuada, que antecipem a entrada em produção poderá
contribuir para exploração econômica da cultura.
A alporquia é um método de propagação assexuada utilizado para
propagar espécies que apresentam dificuldade de enraizamento. Este
método de propagação reduz o período juvenil das espécies quando
empregado em ramos de plantas adultas.
O presente projeto tem pôr finalidade a produção de mudas de
jabuticabeira pelo método de alporquia usando diferentes substratos e
diferentes doses de acido indolbutírico.
Materiais e Métodos
O material vegetal utilizado é proveniente de um pomar adulto de
jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), de propriedade do senhor José da
Silva, no município de Vitorino-PR. O solo é do tipo Latossolo roxo
Distrófico, profundo, argiloso e bem drenado.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Avaliou-se diferentes concentrações de AIB (4000, 6000, 8000
mg.dm-3), e dois tipos de substrato: o primeiro composto pôr
vermiculita umedecida; e o segundo pôr uma mistura de 50% de
vermiculita mais 50% de solo.
Na planta foi escolhido um galho ideal para que possa estruturar a
alporquia, retirou-se a casca em forma de anel, o qual foi recoberto
com uma fina camada de algodão embebido na solução de AIB na
concentração desejada. Após isso, o substrato foi colocado pôr meio
de pacotes plásticos amarrados nas extremidades.
O delineamento estatístico empregado foi o fatorial 3x2 (três doses de
AIB aplicados em dois substratos), com seis tratamentos e três
repetições, tendo como unidade experimental um alporque pôr planta
de jabuticabeira. Avaliou-se o percentual de enraizamento aos 220 dias
após a implantação do experimento. Os dados foram submetidos à
analise de variância e a comparação media será feita utilizando-se o
teste de DUNCAN (Pd" 0,005).
Resultados e Discussões
Os resultados encontrados permitem dizer, de maneira preliminar que a
vermiculita foi menos eficiente como substrato, se comparado a
mistura de 50% de vermiculita mais 50% de solo (Fig. 01).
Provavelmente isto ocorreu devido a vermiculita não ter sido capaz de
reter umidade suficiente para o enraizamento. A manutenção da
umidade em torno do local da alporquia é de suma importância para o
enraizamento da muda, sendo que a mistura de vermiculita + solo foi
mais eficiente neste parâmetro.
Entretanto, o volume de raízes encontrados nos alporques cujo
substrato era apenas a vermiculita, foi maior do que nos alporques
com vermiculita + solo (dados não apresentados). Este fato pode ser
explicado pela vermiculita se manter sempre friável, mesmo com o
inicio da perda de umidade. Já a mistura de vermiculita + solo, forma
um torrão muito duro, ao perder umidade, inibindo a ramificação das
raízes presentes. Como na vermiculita as raízes foram mais
411
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
abundantes, possivelmente o período mínimo necessário para o desligamento do alporque da planta mãe, e seu transplante, pode ser menor do
que na mistura de vermiculita + solo. Faz-se necessário, portanto, uma
analise mais detalhada desta possibilidade.
100
a
90
Porcentagem de enraizamento
412
80
70
b
60
50
40
30
20
10
0
verm . + solo
verm .
Substratos
Figura 1. Porcentagem de enraizamento de alporques em função de
dois substratos.
O período ideal de avaliação é em torno de 90 dias, porém por
dificuldade de locomoção, só foi possível avaliar o experimento com
220 dias. A demora em se proceder a avaliação do experimento
provocou a morte de dois alporques enraizados (dados não
apresentados). Com a formação de raízes a demanda por água
aumenta, acabando por desidratar o substrato. Com o substrato
desidratado as raízes secam e o alporque acaba morrendo.
Quanto ao uso de AIB não foram observadas diferenças significativas
entre as concentrações utilizadas para o enraizamento dos alporques
(Fig. 02). Vicari et al. (2002) obtiveram apenas 6,7% de enraizamento
em plantas nativas de jabuticabeira no período juvenil, mesmo
utilizando-se de 4000 mg.dm-3.
Neste experimento utilizou-se de uma fina camada de algodão para
facilitar o contato do promotor de enraizamento com o cambio vegetal.
Isto, possivelmente, tenha facilitado a ação do AIB em estimular o
enraizamento. O mesmo procedimento não foi utilizado por Vicari et al.
(2002).
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Os resultados deste experimento foram satisfatórios, mas ainda é
preciso verificar, entre outras coisas, o período mínimo para o
desligamento dos alporques da planta-mãe, o uso de outros substratos
no processo, a época mais adequada para a realização das alporquias.
Numa escala de tempo maior, verificar o período entre o plantio das
mudas no campo e o inicio da produção de frutos das plantas,
provenientes de uma alporquia.
413
414
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Qualidade de Frutos de Jabuticabeira
(Myrciaria cauliflora) Desenvolvida em
Condições Naturais de Sombreamento e em
Pleno Sol
Idinilson Jorge Vicari
André Balestrini
Daiane Del Sent
Edivan José Possamai
Elisângela Bellandi Loss
Idemir Citadin
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar as características físicas e
químicas dos frutos de jabuticabeira desenvolvidos em condições
naturais de sombreamento (mata nativa) e em pleno sol (condições
naturais modificada pela retirada do restante da vegetação). As
análises foram feitas durante três anos (2001, 2002 e 2003).
Concluiu-se que a retirada da vegetação não prejudicou a qualidade
dos frutos, sendo observado no ano de 2001 um efeito positivo na
qualidade.
Introdução
A jabuticabeira (Myrciaria cauliflora) é originária do Centro-sul do Brasil
e apresenta tipos diferentes em diversas regiões. É uma árvore de
tamanho médio, porte piramidal, vistosa. Apresenta tendência ao
engalhamento desde pouco acima do solo, chegando certas
variedades, como a Sabará, a formar uma copa densa a ponto de
dificultar a colheita.
416
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
A jabuticabeira é encontrada vegetando desde o estado do Pará ao Rio
Grande do Sul. Planta de clima tropical e subtropical úmido, sem
excesso de umidade; não suporta estiagens prolongadas e geadas
fortes. Em regiões secas o cultivo da jabuticabeira requer irrigação
adequada. Desenvolvendo-se bem em regiões onde a temperatura
média anual está em torno de 20oC (Rio Grande do Sul) a regiões onde
a temperatura média anual está em torno de 30o (Pará), umidade
relativa do ar entre 75 a 80% e luminosidade em 2000 horas/luz/ano.
A jabuticabeira pode ser propagada por sementes, por estaquia, por
enxertia. Embora mais precoces que as plantas pé-franco os enxertos
produzem plantas de copas menores e menos produtivas. A alporquia
vem sendo estudada como alternativa na produção de mudas (Vicari et
al. 2002). O fruto é um bacídeo globoso, com diâmetro médio entre
20 a 30 mm e possui polpa macia, esbranquiçada e suculenta, de
sabor subácido, que é circundado por um epicarpo fino e com
sementes embebidas. Os frutos possuem um pequeno pedicelo e são
produzidos em grande quantidade ao longo do tronco ou na axila das
folhas que já abscidaram (Witbank et al., 1993). O fruto é consumido
in natura ou usado no preparo de doces, geléias, licores, vinho,
vinagre, aguardente, geléias, xarope, suco e outros. O extrato do
fruto é usado como corante de vinhos e vinagres. Em medicina caseira
utiliza-se: o chá de cascas para tratar anginas, diarréias e erisipelas; a
entrecasca do fruto, em chá, destina-se ao tratamento de asma
(Magalhães, 1996). Por se tratar de uma fruta perecível, o período de
comercialização pós-colheirra é curto, pois há rápida alteração da
aparência e sabor decorrente da intensa perda de água, deteriorização
e fermentação da polpa observada em apenas dois dias após a colheita
(Barros et al., 1996; Magalhães et al., 1996).
O objetivo deste trabalho foi avaliar as características físicas e
químicas dos frutos de jabuticabeira desenvolvidos em pleno sol
(condições modificadas pela retirada do restante da vegetação) e
condições naturais de sombreamento (mata nativa).
Materiais e Métodos
Os frutos de jabuticabeira foram coletados de plantas localizadas no
Vale do Rio Fortuna, no município de Vitorino, Paraná. A primeira
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
colheita foi realizada no dia 05 de outubro de 2001, a segunda
colheita no dia 19 de outubro de 2002 e a terceira e última colheita no
dia 22 de novembro de 2003. Foram coletados aleatoriamente 30
frutos de cada planta, sendo 9 amostras de plantas sob a mata e 9
plantas em pleno sol totalizando 18 plantas. No laboratório, os frutos
foram submetidos às análises físicas e químicas avaliando-se: teor de
sólidos solúveis (oBrix), pH, peso médio dos frutos, diâmetro médio de
frutos, peso médio das cascas, peso médio das sementes, número
médio das sementes e peso médio da polpa. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado com 9 repetições por
tratamento. Os resultados obtidos foram submetidos a análise de
variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de
Duncan (P£0,05).
Resultados e Discussões
Tabela 1. Características físicas e químicas de frutos de jabuticabeira
coletados de plantas nativas na mata e plantas nativas em pleno sol no
ano de 2001. Pato Branco, Paraná, 2004.
Condição
de
desenvolvimento
ºBrix
pH
Peso médio Diâmetro médio Peso médio Peso médio
Nº Peso médio
dos frutos
de fruto
das cascas
das
médio de polpa
(g)
( cm)
(g)
sementes (g) semente
(g)
Pleno sol
15,14 a
4,00 a
7,23 b
2,26 b
2,67 b
0,22 b
1,25 a
4,36 a
Plena mata
11,91 b
3,82 b
8,98 a
2,47 a
4,03 a
0,25 a
1,18 b
4,65 a
Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Duncan (P £
0,05).
Tabela 2. Características físicas e químicas de frutos de jabuticabeira
coletados de plantas nativas na mata e plantas nativas em pleno sol no
ano de 2002. Pato Branco, Paraná, 2004.
Condições
ºBrix
de desenvolvimento
Pleno sol
13,21
Mata
12,47
pH
Peso médio
dos frutos
(g)
3,96
7,98
3,92
8,49
Diâmetro médio
de frutos
(cm)
2,47
2,49
Peso médio Peso médio
Nº
Peso médio
das cascas das sementes médio
da polpa
(g)
(g)
semente
(g)
2,96 b
0,34
1,34
4,33
3,65 a
0,33
1,30
4,40
Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Duncan (P
£ 0,05).
417
418
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 3. Características físicas e químicas de frutos de jabuticabeira
coletados de plantas nativas na mata e plantas nativas em pleno sol no
ano de 2003. Pato Branco, Paraná, 2004.
Condições de
desenvolvimento
Pleno Sol
Mata
ºBrix
pH
12,47
14,51
3,87
3,78
Peso médio Diâmetro médio Peso médio Peso médio Nº médio Peso médio
dos frutos
de frutos
das cascas das sementes semente da polpa
(g)
(cm)
(g)
(g)
(g)
7.58
1,81
2,61
0,42
1,24
2,33
7,95
1,66
2,31
0,45
1,14
2,42
Não foram observadas diferenças significativas, entre os tratamentos, nas
variáveis analisadas.
No ano de 2001 observou-se diferença significativa para todas as
variáveis analisadas, exceto para peso médio de polpa. Observou-se
que frutos de plantas desenvolvidas em pleno sol apresentaram teor de
sólidos solúveis (oBrix), pH e número médio de sementes
significativamente maior que frutos de plantas desenvolvidas na mata.
Já estes apresentaram peso e diâmetro médio dos frutos maiores,
porém o peso da polpa não diferiu de frutos de plantas desenvolvidas
em pleno sol (Tabela 1).
No segundo ano de observação (2002), peso médio das cascas diferiu
significativamente entre os tratamentos. Nas demais variáveis não
observou-se diferenças significativas (Tabela 2).
No terceiro e último ano de avaliação não foram observadas diferenças
significativas em nenhuma das variáveis avaliadas (Tabela 3).
A quantidade de luminosidade incidente sobre uma planta está
diretamente ligada com a fotossíntese que, por sua vez, está
relacionada com os teores de carboidratos das estruturas das plantas.
Durante a fotossíntese ocorre uma série de reações através das quais
se formam moléculas de açúcar com seis átomos de carbono (hesoxes)
(RAWITSCHER, 1979). Subentende-se que, as plantas da mata, por
estarem sujeitas à menor incidência de luz, a taxa de fotossíntese seja
menor, conseqüentemente, menor será o teor de sólidos solúveis
armazenados nos frutos. Isso explica o porquê da maior concentração
de sólidos solúveis em frutos coletados de plantas em condições de
pleno sol no ano de 2001. Porém este mesmo fato não ocorreu nos
dois subseqüentes anos de observação.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Acredita-se que frutos com maior teor de sólidos solúveis (oBrix) e
menor peso médio de casca tenham uma vida mais curta de prateleira
quando submetidos em condições de comercialização, pois a casca é
mais fina e os frutos por concentrar mais solutos estão mais propícias
ao rompimento e posterior contaminações. Contudo tais espécimes
são mais bem aceito para consumo in natura e, quando submetidos a
processamento industrial, apresentam maior rendimento.
Conclui-se que a retirada da vegetação não prejudicou a qualidade dos
frutos, sendo observado, no ano de 2001 em efeito positivo na
qualidade.
Referências Bibliográficas
BARROS, R.S.; FINGER, F.L.; MAGALHÃES, M.M. Changes in
nonstructural carbohydrates in developing fruit of Myrciaria jabuticaba.
Scientia Horticulturae, The Netherlands, v. 16, p.209-215, 1996.
MAGALHÃES, M.M., BARROS, R.S., FINGER, F.F. Changes in
nonstructural carbohydrates in developing fruit of Myrciaria jabuticaba.
Scientia Horticulturae, The Netherlands, v. 16, p.209-215, 1996.
RAWITSCHER, F. Elementos Básicos de Botânica. Ed. NACIONAL. São
Paulo, 1979. 382p.
VICARI, I. D., BACCIN, D.R., FRANCHIN, M., BASSANI, M.H.,
CITADIN, I., Propagação e Analise físico-química de frutos de
jaboticabeira (Myrciaria cauliflora), Anais SAEP/JIC, Pato Branco, PR,
pg 291-293, 2002.
WILBANK, W.V., CHALUN, N.N.J, ANDERSEN, O. The Jabuticaba in
Brasil. Proceedings of the American Society for Horticultural Science,
Alexandria, c.27A, p57-69, 1983.
419
420
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Efeito do Estádio de Maturação dos Frutos e
de Substratos na Germinação de Sementes e
Desenvolvimento Inicial de Plântulas de
Jabuticabeira
Rodrigo Sobreira Alexandre
Américo Wagner Júnior
Jacson Rondinelli da Silva Negreiros
Claudio Horst Bruckner
Rodrigo Cezar Franzon
Introdução
O principal método de propagação da jabuticabeira é por via
seminífera, entretanto, pode ser propagada assexuadamente por
estaquia ou mergulhia, métodos pouco usados por ser considerada
uma espécie de difícil enraizamento (Manica, 2000).
Para obtenção de sementes de boa qualidade, um dos aspectos que
devem ser considerados está relacionado com o momento de sua
coleta. O momento adequado pode ser constatado acompanhando-se o
desenvolvimento do fruto e/ou da semente, por meio de características
físicas e fisiológicas destes (Carvalho & Nakagawa, 1983). Em frutos
carnosos, como o pimentão e o tomate, a maturidade fisiológica da
semente, geralmente, coincide com o início da alteração na coloração
da epiderme dos frutos, ou seja, frutos verdes com manchas da cor
final (Dias, 2001).
Na produção agrícola recorre-se ao uso de substratos artificiais como
meio de enraizamento, crescimento e produção de plantas (Gabriels et
al., 1986). Um bom substrato é aquele que proporciona condições
422
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
adequadas à germinação e/ou ao surgimento e ao desenvolvimento do
sistema radicular da muda em formação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do estádio de
maturação e de substratos na germinação de sementes e no
desenvolvimento inicial de plântulas de jabuticabeira.
Material e Métodos
As sementes utilizadas foram extraídas de frutos de jabuticabeira
(Myrciaria spp.), em três estádios de maturação, provenientes da
coleção de plantas do Setor de Fruticultura da Universidade Federal de
Viçosa (MG). O experimento foi conduzido em casa de vegetação, em
outubro de 2003.
Os três estádios de maturação do fruto foram: Estádio 1 - Fruto firme
e parcialmente maduro (coloração da epiderme avermelhada); Estádio 2
- Fruto firme e maduro (coloração da epiderme atropurpúrea) e, Estádio
3 - Fruto coletado do solo e sem firmeza.
As sementes foram semeadas a uma profundidade de 0,5 cm, em
caixas plásticas com dimensões de 40 x 27 x 10 cm, contendo em seu
interior os substratos, areia ou vermiculita.
O experimento foi instalado em delineamento experimental
inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3 x 2 (estádio de
maturação x substratos), com quatro repetições, considerando como
unidade experimental cada 50 sementes. A temperatura média do ar
foi 20,7 OC, variando entre 15,9 OC a 27,7 OC.
Aos 36 dias, avaliou-se: a porcentagem de germinação; número de
plântulas por semente; índice de velocidade de emergência (IVE)
(Maguire, 1962); comprimento total das plântulas (cm); altura da parte
aérea das plântulas (cm) e, comprimento de raiz das plântulas (cm). Os
dados foram submetidos à análise de variância e comparação de
médias pelo teste de Tukey (a = 0,05). Os dados das porcentagens de
germinação foram transformados segundo arco seno x / 100 e o
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
número de embriões segundo x + 1 . Já os dados das demais
variáveis não sofreram transformação.
Resultados e Discussões
A germinação das sementes teve inicio aos 18 dias após a semeadura
no substrato vermiculita e, dentro do Estádio 2. Por meio da análise de
variância observou-se efeito significativo do fator substrato em todas
as variáveis (Tabela 1). Entretanto, não foi observado efeito de
interação estádio de maturação x substrato.
Tabela 1. Valores médios da porcentagem de germinação, número de
plântulas por semente, IVE, comprimento total e de raiz e, altura das
plântulas de jabuticabeira em diferentes substratos (Areia e
Vermiculita). Viçosa, MG, 2004.
Substrato
Areia
Vermiculita
CV (%)
% de
Germinação
41,59 b*
66,43 a*
12,25
N° de
plântulas/
semente
1,56 b
1,61 a
3,09
IVE
Compriment
o Total (cm)
0,94 b
2,17 a
27,48
5,71 b
7,66 a
8,26
Comprimen
to de Raiz
(cm)
1,61 b
4,10 b
2,10 a
5,56 a
13,34
8,45
Altura
(cm)
*Letras diferentes, na mesma coluna, diferem significativamente ao nível de
5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
De acordo com a Tabela 1, observa-se que o substrato vermiculita
apresentou as maiores médias em todas as variáveis analisadas. Isso
se deve provavelmente às características físicas que este substrato
possui, favorecendo a germinação e o crescimento inicial das plântulas
(Kämpf, 2000), devido à maior capacidade de retenção de umidade.
Já em relação ao fator estádio de maturação, apenas as variáveis
número de plântulas por semente, comprimento total e de raiz das
plântulas variaram de forma significativa, pelo teste de F (Tabela 2).
423
424
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Tabela 2. Valores médios da porcentagem de germinação, número de
plântulas por semente, IVE, comprimento total e de raiz e, altura das
plântulas de sementes de jabuticabeira, extraídas em três estádios de
maturação do fruto. UFV, Viçosa, MG, 2004.
N° de
% de
plântulas/sem
Germinação
ente
Estádio 1** 52,22 ns
1,55 b
Estádio 2** 58,58 ns
1,62 a
Estádio 3** 51,23 ns
1,58 ab
CV (%)
12,25
3,09
Estádios
IVE
Comp.
Total (cm)
Altura
(cm)
Comp. de Raiz
(cm)
1,70 ns
1,49 ns
1,47 ns
27,48
6,46 b
7,21 a
6,38 b
8,26
1,80 ns
2,01 ns
1,75 ns
13,34
4,67 b
5,19 a
4,63 b
8,45
ns = Não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
* Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente ao nível de
5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Quanto ao número de plântulas por semente, observa-se que a coleta
das sementes realizada no Estádio 2 apresentou os maiores valores
(1,62), sendo seguido do Estádio 3, que não diferiu do Estádio 1. A
obtenção de mais de uma plântula por semente confirma a ocorrência
de poliembrionia. A coleta de sementes no Estádio 2 favoreceu o
desenvolvimento de maior número de embriões.
Em melão, Harrington (1959) mostrou que o estádio de maturação do
fruto teve influência na germinação de suas sementes. Isto não foi
observado no presente trabalho onde os três diferentes estádios de
maturação não influenciaram significativamente na germinação de suas
sementes. Resultados semelhantes foram obtidos Mantovani et al.,
(1980), no qual, observaram que frutos de pimentão coletados ainda
verdes apresentaram sementes com alta porcentagem de germinação.
Entretanto, segundo Carvalho e Nakagawa (1983), sementes que não
se encontram completamente maduras podem germinar, não
resultando contudo em plântulas tão vigorosas como aquelas colhidas
no ponto certo.
Observa-se no presente trabalho que, apesar da porcentagem de
germinação e o IVE das sementes não terem sido influenciados pelos
diferentes estádios de maturação dos frutos, encontraram-se
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
diferenças significativas quando se comparou o comprimento total e da
raiz das plântulas germinadas. No comprimento total e de raiz,
constatou-se que o Estádio 2 apresentou os maiores resultados, com
7,21 e 5,19 cm, respectivamente. As sementes extraídas neste
estádio de maturação apresentaram desenvolvimento físico e
fisiológico que lhes garantiram o máximo de expressão de vigor,
principalmente, relacionado ao crescimento de suas raízes.
Conclusão
Recomenda-se realizar a extração das sementes de jabuticabeira
(Myrciaria spp.) em frutos apresentando estádio de maturação firme e
maduro (Estádio 2). O melhor substrato para germinação e
desenvolvimento inicial das plântulas foi a vermiculita.
Referências Bibliográficas
CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e
produção. Campinas: Fundação Cargil, 1983. 429 p.
DIAS, D.C.F. Maturação de sementes. Seed News. v.5, n.6, p.22-24.
2001.
GABRIELS, R.; VERDONCK, O.; MEKERS, O. Substrate requirements
for pot plants in recirculating water culture. Acta Horticulturae, The
Hague, v.178, p.93-99. 1986.
HARRINGTON, J.F. Effect of fruit maturity and harvesting methods on
germination of muskmelon seed. Proceeding of the American Society of
Horticultural Science, n.73, p.422-430. 1959.
KÄMPF, A.N. Seleção de materiais para uso como substrato. In:
KÄMPF, A.N.; MAGUIRE, J. D. Speed of germination aid in selection
and evaluation for emergence and vigour. Crop Science. Madison, v.2,
n.2, p.176-177. 1962.
425
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
MANICA, I. Frutas nativas, silvestres e exóticas 1: técnicas de produção e mercado: abiu, amora-preta, araçá, bacuri, biribá, carambola, cereja-do-rio-grande, jabuticaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2000.
327p.
MANTOVANI, E.C.; SILVA, R.F.; CASALI, V.W.D.; CONDÉ, A.R. Desenvolvimento e maturação fisiológica de sementes de pimentão
(Capsicum annuum, L.). Revista Ceres. Viçosa. v.27, n.152, p 356368. 1980.
100
Porcentagem de enraizamento
426
90
80
70
60
50
verm.
verm. + solo
40
30
20
10
0
4000 mg/l
6000 mg/l 8000 mg/l
conc. de IBA
Figura 2. Porcentagem de enraizamento de alporques de jabuticabeira
em função de diferentes concentrações de AIB, e dois substratos.
Conclusão
A vermiculita pura é menos eficiente como substrato do que sua
mistura com solo, apesar da mistura de vermiculita mais solo
apresentar o inconveniente de formar um torrão duro ao sofrer
dessecação. A dose de 4000 mg.dm-3 de AIB mostrou-se eficiente no
estimulo do enraizamento, dispensando o uso de doses mais elevadas.
A alporquia mostrou-se uma técnica adequada para a propagação
assexuada da jabuticabeira.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Referências Bibliográficas
MANICA, I. Frutas Nativas, Silvestres e Exóticas 1: técnicas de
produção e mercado. Abiu, amora-preta, araçá, bacuri, biriba,
carambola, cereja do rio grande, jabuticaba. Porto Alegre: Cinco
Continentes, 2000. 327p.
SOARES, N. B. Jabuticaba instruções de cultivo. Rio Grande do Sul.
Ed. Cinco continentes, 2001.
VICARI, I.D.; BACCIN, D.R.; FRANCHIN, M.; BASSANI, M.H.;
CITADIN, I. Propagação e analise físico-química de frutos de
jabuticabeira (Myrciaria cauliflora). Anais... AEPE/JICC. Pato Branco,
PR, p 291-293, 2002.
427
428
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Avaliação Fenológica de Phisalis peruviana L.
em Pelotas, RS
Anderson da Costa Chaves
Alan Cristiano Erig
Luciane Couto da Silva
Márcia Wulff Schuch
Recentemente a associação das pequenas frutas a propriedades
nutracêuticas, tais como elevados teores de substâncias antioxidantes
e anti-cancerígenas aumentou a curiosidade do consumidor, em busca
da suplementação alimentar a partir da diversificação da dieta com
base em frutas. Este fato tem provocado um estímulo ao cultivo de
pequenas frutas em vários países, pela oportunidade de produção, e
fazendo com que os tornem produtos importante na pauta de
exportação, não somente pelo volume, mas pela sua expressão
econômica e social devida sua alta cotação e oportunidade dos
pequenos produtores participarem do mercado internacional.
O termo "pequenas frutas" é utilizado para um grupo de espécies já
consagradas em países tradicionais produtores, porém
freqüentemente, novas espécies são inseridas neste conjunto, já que
há flexibilidade nos conceitos que delimitam tais espécies
componentes, havendo um grande campo em potencial a ser explorado
para a inserção de espécies desconhecidas do mercado, tanto interno
como externo, e que podem, em médio ou longo prazo, constituíremse em espécies de importância comercial (Pagot & Hoffmann, 2003).
Uma espécie de grande valor nutricional e econômico que pode ser
estudada para a incorporação no quadro das pequenas frutas é a
Physalis peruviana L. Esta fruta é originária dos Andes e se distribui
desde o México até o Peru, sendo a espécie mais conhecida deste
gênero. A planta mede cerca de 1,50 metros e se reproduz por
430
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
sementes, estacas ou cultivo de tecidos, e caracterizando-se por ter
um fruto açucarado e com bom conteúdo de vitamina A, C, ferro e
fósforo (Fischer & Almanza, 1993). Segundo a Corporación
Colombiana Internacional (1994), em diferentes regiões na Colômbia
lhe atribuem propriedades medicinais tais como a de purificar o
sangue, diminuir a albumina nos rins, aliviar problemas de garganta,
fortificar o nervo óptico entre outras.
No CEAGESP os distribuidores de frutas exóticas remuneram o
produtor em R$ 40,00 o kilo da fruta a granel, porém embora o bom
preço oferecido aos produtores, esta fruta é somente encontrada
disponível nos grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de
Janeiro, o que deve ser considerada uma excelente alternativa de
agricultura para pequeno e médio produtor rural brasileiro, e podendo
transformar o Brasil de importador a exportador (Toda fruta, 2003).
Porém para que uma espécie seja introduzida é necessário fazer uma
avaliação das condições de clima e solo da região, com o objetivo de
auxiliar na seleção das espécies que tem condições de se adaptar em
determinado local (Siqueira 2003). A abordagem entre o clima e a
fenologia das plantas combina questões de botânica aplicada com
questões meteorológicas, baseando-se no início e na duração das
alterações visíveis no ciclo de vida das plantas. O conhecimento da
fenologia, mesmo atualmente, é baseado nas observações de estádios
de desenvolvimento extremamente visíveis (fenofases), como por
exemplo, a germinação das sementes, emergência das gemas,
desenvolvimento das folhas e floração. A organização das datas
fenológicas proporciona informações importantes sobre a duração
média das diferentes fenofases das distintas espécies em uma área, e
sobre o local e as diferenças determinadas pelo clima nas datas de
inicio dessas fases (Larcher, 2000).
Objetivo
O objetivo do trabalho visa a avaliação fenológica da Physalis
peruviana L. na Região de Pelotas, vislumbrando a possibilidade de seu
cultivo como forma de uma nova alternativa para produtores de
pequenas frutas da região.
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Material e Métodos
Neste experimento foram utilizados 20 plantas (Figura 1), com 60 dias
depois de aclimatadas em condições ambientais normais da região (a
campo).
As plantas foram colocadas em canteiros do departamento de
fitotecnia da Universidade federal de Pelotas RS na data de 15 de
outubro de 2003, no espaçamento de 1 metro entre plantas e 2
metros entre linhas, foi utilizado estacas de bambu com 2 metros de
altura para tutorar as plantas e evitar o acamamento das mesmas. No
período de um ano serão avaliados, os períodos de floração, período
de maturação dos frutos, peso médio dos frutos, número médio de
frutos por planta, produção média anual em kg/planta, rendimento
médio estimado por hectare e comprimento das plantas.
Será utilizado o delineamento experimental em blocos casualizados
com 4 repetições por tratamento, sendo cada repetição constituída de
5 plantas. Os dados serão submetidos à análise da variância e as
médias dos tratamentos comparadas estatisticamente pelo teste de
Duncan, através do uso programa Sanest (Zonta & Machado, 1984).
Observações
Aos 15 dias depois de plantadas foi observada a presença de botões
florais em várias plantas, as flores são relativamente grandes,
hermafroditas pentâmeras com o cálice verde e a corola amarela com
uma mancha rocha na base das pétalas. Aos 60 dias foram colhidas as
primeiras frutas (Figura 4). A colheita foi realizada manualmente e teve
inicio no momento em que as bagas estavam em fase de
amarelamento em pelo menos 40% e o cálice persistente começando a
secar (Figura 3), o fruto é uma baga carnosa em forma de globo com
um diâmetro oscilando entre 1,2 a 1,9 cm e com um peso entre 2 a
3,5 gramas, encoberto por um cálice formado por 5 sépalas (Figura 2),
que lhe protege contra insetos, pássaros, patógenos e condições
climáticas extremas. Os maiores problemas verificados até o momento
dizem respeito ao ataque de pássaros, gambás e insetos que atacam a
folhagem.
431
Foto: Marcia Shuch
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Figura 1. Plantas de Physalis peruviana L. plantadas em canteiros no
espaçamento de 1m entre plantas e 2m entre canteiros no departamento de fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas RS. 2003.
Foto: Marcia Shuch
432
Figura 2. Ramos de Physalis peruviana L. com vários frutos em
canteiros no departamento de fitotecnia da Universidade Federal de
Pelotas RS. 2003.
Foto: Marcia Shuch
Resumos de Pequenas Frutas e Frutas Nativas
Foto: Marcia Shuch
Figura 3. Frutas de Physalis peruviana L. em ponto de colheita, no
departamento de fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas RS.
2003.
Figura 4. Frutas de Physalis peruviana L colhidos na Universidade
Federal de Pelotas RS. 2003.
433
434
Resumos do II Simpósio Nacional do Morango e do 1o Encontro de Pequenas
Frutas e Frutas Nativas do Mercosul
Referências Bibliográficas
CORPORACIÓN COLOMBIA INTERNACIONAL, UNIVERSIDAD DE LOS
ANDES Y DEPARTAMENTO DE PLANEACIÓN NACIONAL. Análisis
internacional del sector hortofrutícola para Colombia. Editorial El
Diseño. Bogotá, 1994, pág. 165.
FISCHER, Gerhard y ALMANZA, Pedro José. Nuevas tecnologías en el
cultivo de la uchuva Physalis peruviana L. En: Revista Agrodesarrollo,
Vol. 4, No. 1-2, 1993, pág. 294
LARCHER, W. As influências do ambiente sobre o crescimento e sobre
o desenvolvimento. Ecofisiologia vegetal, p.295-331,2000.
PAGOT, E.; Hoffmann, A. Produção de Pequenas Frutas no Brasil. 1o.
Seminário Brasileiro Sobre Pequenas Frutas. Bento Gonçalves. p. 9-14,
2003.
SIQUEIRA, D.L. Produção comercial de frutas em pequenas áreas.
Revista Tecnologia e Treinamento Agropecuário. Viçosa. 2003
TODA FRUTA, Coleção de Frutas Exóticas, Disponível em:
www.todafruta.com.br Acesso em: 05 agosto de2003.
ZONTA, E.P.; MACHADO, A.A. SANEST - Sistema de Análise
Estatísticas para Microcomputadores, Pelotas-UFPel, 1984. 75p.
Download