do PDF - Sociedade Brasileira de Reumatologia

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ABR / MAI / JUN 2014 • No 2 • ANO XXXVIII
Editorial
“N
Somos reumatologistas
o meio do caminho tinha uma pedra, tinha
uma pedra no meio do caminho...” Ninguém
disse que iria ser fácil, ou melhor, ninguém
disse que deveria ser. Desafios presentes no cotidiano
podem e devem servir como estímulo, favorecer ao crescimento pessoal e profissional e formar verdadeiros líderes,
seja em suas casas, consultórios, hospitais, empresas ou,
quem sabe, até de uma nação. Na medicina, os desafios e
conquistas são diários. Escolhemos a reumatologia não somente como profissão, mas também como missão. A área
de atuação é ampla e inclui gestores, professores, cientistas
e médicos. Diante de desafios, bem verdade que também
passamos por momentos de angústia. Por isso somos reumatologistas! Como novidade nesta edição inauguramos
uma nova seção, Por que me tornei reumatologista?. Inicialmente traremos depoimentos de vários reumatologistas
de todo o país e, em edições posteriores, cada um contará
em mais detalhes um pouco da sua história.
Não deixem de ler ainda o texto do Dr. José Marques
sobre o ensino médico e a relação médico paciente, onde
recorda a todos o papel do paciente como ator principal e
a doença como mera coadjuvante, trazendo a autonomia
do paciente como um dos referenciais bioéticos.
Como utilizar toda tecnologia disponível atualmente em
favor do médico e do paciente? A cada dia são lançados
novos programas para smartphones e tablets e na seção
Profissão reumato, texto do Dr. João Paulo mostra como
estas ferramentas de apoio agregam valor ao trabalho do
profissional em prol do paciente.
Vamos ainda ver o que acontece no país afora com as
notícias das fundações das novas regionais, destaques
dos principais eventos científicos e diversas atividades na
Reumatologia.
Enfim, parabéns a nós todos por sermos reumatologistas. Bom proveito!
Edgard Reis
SOCIEDADE
BRASILEIRA DE
REUMATOLOGIA
Presidente
Walber Pinto Vieira – CE
Tesoureiro
José Eyorand Castelo B Andrade – CE
Secretário Geral
Francisco José Fernandes Vieira – CE
Vice-Tesoureiro
José Roberto Provenza – SP
1º Secretário
Lauredo Ventura Bandeira – SP
Diretor Científico
Mittermayer Barreto Santiago – BA
2a Secretária
Rosa Maria Rodrigues Pereira – SP
Presidente eleito
Cesar Emile Baaklini
Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia
Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94
01402-000 – São Paulo - SP – Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986
www.reumatologia.com.br
@ [email protected]
Coordenação editorial
Edgard Torres dos Reis Neto
Jornalista responsável
Maria Teresa Marques
Editores
Tania Caroline Monteiro de Castro
Frederico Augusto Gurgel Pinheiro
Layout
Sergio Brito
Colaborador
Plinio José do Amaral
Impressão
Sistema Gráfico SJS
Representante junto à Panlar
Adil Muhib Samara – SP
Antonio Carlos Ximenes – GO
Fernando Neubarth – RS
Maria Amazile Ferreira Toscano – SC
Representante junto ao Ministério da Saúde
Ana Patrícia de Paula – DF
Mário Soares Ferreira – DF
Representante junto à AMB
Eduardo de Souza Meirelles – SP
Gustavo de Paiva Costa – DF
Morton A Scheinberg – SP
4
O melhor do Brasil
7 Agenda
8
Notas
9
Reumato.com
10SBR.doc
12Matéria de capa
16Profissão Reumato
17Foco em
18Rheuma & Ethos
20 Coluna Seda
22Além da Reumatologia
ÍNDICE
Diretoria Executiva da SBR – Biênio 2012-2014
Índice
Tiragem: 2.000 exemplares
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
3
O melhor do Brasil
Notícias das regionais
XX ERA recebe participantes de todo o país
F
oi realizado em São Paulo, entre os dias 27 e 29
de março de 2014, o XX ERA – Encontro de
Reumatologia Avançada. Promovido pela Sociedade
Paulista de Reumatologia, o evento contou com mais
de 500 inscritos de todo o país. A programação deste
ano contemplou diversos temas, expondo a produção
científica de ponta realizada nos serviços de reumatologia do Estado de São Paulo e a interação destes
novos conhecimentos com a prática clínica.
Objetivando oferecer palestras de inquestionável
qualidade e alto nível, o presidente da Sociedade
Paulista de Reumatologia, dr. Dawton Y. Torigoe, e
sua comissão científica reuniram grandes nomes da
reumatologia brasileira. Também foram convidados os
doutores Doruk Erkan (Cornell University) e Yusuf
Yazici (New York University), nomes de expressão internacional, reconhecidos em nosso meio. Durante o curso
pré-congresso, especialistas de outras áreas abordaram
com profundidade dois temas de grande relevância clínica: manifestações oculares nas doenças reumáticas e
polineuropatias periféricas. O atual presidente e o presidente eleito (gestão 2014-2016) da Sociedade Brasileira
de Reumatologia, doutores Walber Pinto Vieira e Cesar
Emile Baaklini, prestigiaram o evento.
Visão geral da plateia durante o XX ERA.
Residência tem
início em Sergipe
4
Este ano marca o início das atividades da residência médica em
Reumatologia na Universidade Federal de Sergipe. Está à frente
como supervisor o dr. José Caetano Macieira e como coordenadora a dra. Regina Adalva de Lucena Couto.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Evento destaca 40 anos da Disciplina
de Reumatologia da Unifesp/EPM
D
o dia 10 a 13 de abril de 2014
aconteceu no Hotel Blue Mountain em Campos do Jordão (SP) a
tradicional Reciclagem da Disciplina de
Reumatologia da Universidade Federal
de São Paulo/Unifesp, que marcou o
aniversário de 40 anos da Disciplina. O
programa científico do evento foi cuidadosamente preparado para integrar
conhecimentos e aglutinar experiências
e amizades. Ao todo, foram 120 participantes das cinco regiões do país,
incluindo docentes, médicos assistentes,
residentes e pós-graduandos em forma-
ção ou que já estiveram na disciplina.
O tema escolhido foi O Dia a Dia do
Reumatologista, com uma abordagem
essencialmente prática e discussão dos
assuntos mais relevantes da reumatologia atual. No mesmo formato das
reuniões clínicas que acontecem todas
as quintas-feiras no tradicional anfiteatro
da Disciplina, a reciclagem rememorou
onde tudo começou, ressaltando a importância do fundador da Disciplina, o
prof. dr. Edgard Atra. Destaque ainda
para vídeo em que, além de depoimentos de todos os membros da disciplina,
120 profissionais das
cinco regiões do país
participaram do evento.
houve emocionante relato da sra. Vilma
Atra, viúva do prof. Edgard Atra (site:
http://www.reciclagemreumatounifesp.
com.br). Além das aulas e discussões,
o “Encontro com o professor”, em que
o participante pôde discutir casos e
condutas da sua prática clínica diária,
foi um dos momentos mais aplaudidos.
Diversão também não faltou com a gincana Alz-Rheumer, jogo de memórias e
curiosidades sobre o passado, presente
e futuro da reumatologia.
Parabéns à disciplina de Reumatologia
da Unifesp pelos seus 40 anos!
Pioneiro no Norte-Nordeste
é Panamerican Master
of Rheumatology
Walber Pinto
Vieira, presidente
da SBR; Geraldo
S. Gonçalves e seu
filho José Eduardo
de C. Gonçalves.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Congratulações ao dr. Geraldo Wilson da Silveira Gonçalves, pioneiro da Reumatologia
no Norte-Nordeste do Brasil, que foi outorgado com o merecido título de Panamerican
Master of Rheumatology.
5
O melhor do Brasil
Notícias das regionais
Boas-vindas às novas sociedades locais
D
entro dos objetivos da nova gestão
da nossa sociedade de que todos os
Estados brasileiros tenham uma regional, é
com prazer que a SBR comunica a criação
das sociedades de reumatologia nos Estados
de Rondônia, Tocantins e Amapá. Damos
as boas-vindas a essas entidades, que muito
irão contribuir para o desenvolvimento de
nossa atividade e sua divulgação para a
população em geral.
• Sociedade de
• Sociedade de
• Sociedade
Reumatologia de
Reumatologia do
Amapaense de
Rondônia (SRR)
Tocantins (Soreto)
Reumatologia (SAR)
Criada em novembro
Criada em setembro de
Criada em fevereiro de
de 2013, a entidade
2013, a entidade tem
2014, a entidade tem
tem a presidência do
como presidente a dra.
como presidente o dr.
dr. Liszt Jonney Silva
Daniela Japiassú.
Alessandro Pinheiro.
dos Santos.
Presidente da SBR fala sobre regionais
A criação de três sociedades locais de
Reumatologia em 2013 veio ao encontro
do que pretendia o atual presidente da SBR,
dr. Walber Pinto Vieira, que já em sua campanha anunciou que faria especial esforço
para ampliar o número dessas entidades.
Em entrevista ao Boletim, dr. Walber explica
em detalhes o que representa a criação das
sociedades e a importância dessas entidades
para a SBR e a Reumatologia no Brasil:
O que representam as regionais como
elo que são da SBR?
As regionais constituem a ligação entre a
entidade-mãe SBR e as afiliadas. Representam a SBR em cada Estado e lutam pelos
direitos e deveres e comportamento ético
dos seus associados.
Quais seriam as principais contribuições destas entidades?
Todos os presidentes das regionais são
vice-presidentes da SBR. Sendo assim, representam a nossa entidade maior em cada
Estado. Promovem reuniões cientificas,
simpósios, encontros regionais, jornadas,
contribuem decisivamente para maior divulgação da especialidade, lutando pelos
direitos dos seus associados e por maior
visibilidade da Reumatologia.
Como a SBR pode incentivar, apoiar
a criação de sociedades pelo Brasil?
Da mesma maneira como fizemos
com a fundação das regionais Tocantins,
Rondônia e Amapá. Alem de incentivar
e apoiar os reumatologistas do local,
contamos com a valiosa e inestimável
ajuda do dr. Fernando Lira, que foi o
grande agregador e elo da criação dessas
regionais. É necessário que tenhamos
alguém da região que se disponha a
ajudar e que tenha bom trânsito entre
os reumatologistas locais.
Em sua visão a expansão das regionais ainda tem grande potencial?
Não. Fundamos as regionais de Tocantins, Rondônia e Amapá e agora em
setembro fundaremos a do Acre. Restará
somente a de Roraima, em cuja fundação
o dr. César Baaklini já está empenhado.
Como presidente da SBR, que mensagem o sr. mandaria para as regionais
do Brasil?
Quanto mais unidos formos, mais
nossa especialidade se expandirá e ocupará o lugar de destaque no cenário das
especialidades médicas do Brasil como
já acontece.
Errata - Na edição anterior do boletim da SBR, de março/2014, na seção O Melhor do Brasil, foi
citado que a Sociedade Catarinense de Reumatologia tinha sido recém-criada. A entidade existe
desde 6 de maio de 1981. No mesmo texto, foi ainda informado que a assembleia de eleição da
nova diretoria da sociedade ocorreu à noite, quando na realidade aconteceu no período da tarde.
6
Nova entidade
começou em conversas
na cidade de Palmas
A criação da Sociedade de Reumatologia de Rondônia (SRR), em
novembro de 2013, teve a iniciativa
dos drs. Walber Pinto Vieira e Fernando Sergio Lira Neto, quando
em setembro de 2013, em evento
científico realizado na cidade de
Palmas (TO), foram iniciados os
contatos com outros colegas de
Rondônia para mostrar o desejo de nosso presidente em mais
uma vez ampliar as fronteiras da
Reumatologia para este Estado da
região Norte.
Com a I Jornada de Reumatologia de Rondônia organizada pelo
dr. Liszt Jonney, foi realizado o
termo de posse da nova diretoria,
em 9/11/2013, para o biênio
2014-2016:
Dr. Liszt Jonney Santos, presidente; dr. Gentil de Lima Mauro
Filho, vice-presidente; dr. Hernan
Tames Reinaga, tesoureiro, dra.
Araceli dos Santos Brito, secretária-geral; dr. Geraldo Migliorini Pires
de Campos, diretor-científico e dr.
Cristiano Carranza Fernandes,
conselheiro fiscal.
Este ano, a sociedade está particularmente envolvida na preparação da II Jornada de Reumatologia
de Rondônia, a ser realizada nos
dias 19 e 20 de setembro de 2014.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
O melhor do Brasil
Notícias das regionais
Jornada: sessões de casos clínicos foram muito elogiadas.
Segurança em reumatologia foi o
tema da XXII Jornada Norte Nordeste
E
ntre os dias 1 e 3 de maio de 2014, São Luís (MA)
foi sede da XXII Jornada Norte Nordeste de Reumatologia, realizada no Hotel Luzeiros, tendo como presidente
o dr. José Mauro Fernandes. Com cerca de 90% dos palestrantes das regiões Norte e Nordeste, o tema central foi Segurança em Reumatologia, muito debatido durante os dias
do evento. Estiveram presentes mais de 250 congressistas
inscritos e 40 convidados. As aulas foram sempre seguidas
de discussões e debates importantes. As sessões de casos
Agenda
clínicos, marca registrada nos últimos eventos regionais,
foram bastante elogiadas.
A festa de encerramento contou com a presença do grupo
local de bumba meu boi e a banda Panda S.A., que fez os
participantes dançarem durante três horas de animação.
Esperamos que todos tenham aproveitado ao máximo tudo o
que pudemos oferecer do ponto de vista científico e cultural.
Comissão Organizadora da XXII JNNE 2014
www.reumatologia.com.br
EVENTOS INTERNACIONAIS
EVENTOS NACIONAIS
XIX JORNADA CONE SUL DE REUMATOLOGIA
Data: 31/07/2014 até 02/08/2014
Local: Serrano Resort Convenções & Spa Gramado (RS)
Website: http://www.conesul2014.com.br/
XXXI SBR 2014 CONGRESSO BRASILEIRO DE
REUMATOLOGIA
Data: 01/10/2014 até 04/10/2014
Telefone: (031) 3247-1613
Local: Belo Horizonte /MG
Website: http://www.reumato2014.com.br/
index.php
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
EUROPEAN CONGRESS OF
RHEUMATOLOGY / EULAR 2014
Data: 11/06/2014 a 14/06/2014
Local: Paris / França
Website: http://www.eular.org/
THE 12TH INTERNATIONAL
WORKSHOP ON AUTOIMMUNITY AND
AUTOANTIBODIES - IWAA 2014
Data: 28/08/2014 até 30/08/2014
Local: São Paulo /SP
Website: http://www.iwaa2014.org.br/
index.html
AMERICAN CONGRESS OF
RHEUMATOLOGY / ACR 2014
Data: 14/11/2014 a 19/11/2014
Local: Boston, MA / Estados Unidos
Website: http://www.eular.org/
7
Notas
Panlar faz 70 anos
Entrega do prêmio
Master Panlar 2014:
dr. John Reivelle, EUA,
presidente Panlar
2014; dr. Antonio
Carlos Ximenes, Brasil,
que recebeu o prêmio;
e dr. Carlos Pineda,
México, presidente
Panlar 2014/2016.
A
Panlar representa no continente americano a
integração e união de toda a reumatologia nas
três Américas. Fundada em 31 de maio de 1944, o
seu crescimento e desenvolvimento têm se tornado
possíveis em função do pleno cumprimento de seus
objetivos, desenhados por seus fundadores.
A Panlar tem procurado, como liga de associações
médicas, atender ao crescimento técnico, científico,
administrativo e ético como definido por seus fundadores, entre eles os drs. Anibal Ruiz Moreno, Ralph
Pemberton, Fernando Herrera Ramos e Richard
Fryberg.
A reumatologia do continente americano por
meio da Panlar e amparada em suas 21 sociedades
nacionais tem oferecido ao mundo científico grandes
conquistas como o Prêmio Nobel de Medicina em
1949, ganho por um reumatologista americano, dr.
Philip Hench, com a descoberta da cortisona no
tratamento da artrite reumatoide.
Outras conquistas foram obtidas com a imunogenética através do sistema HLA, tentando decifrar os
mecanismos das doenças autoimunes inflamatórias
do aparelho locomotor, incluindo as articulares, explicando a patogenia e os critérios de diagnóstico, e
também nos avanços terapêuticos com a descoberta
da terapia biológica.
O futuro
Estamos na transição 2012/2014 na melhor identificação
desta forte e unida reumatologia em todo o continente americano.
Recentemente, em Punta del Este, Uruguai,de 18 a 22 de
março de 2014 foi realizado o XXIX Congresso Panlar em
que se comemoraram os 70 anos de sua fundação. Magnífico
congresso com 1.500 inscritos e a presença de representantes
de 51 países. Total integração da reumatologia do continente
americano incluindo as três Américas.
O objetivo principal em todo o congresso foi e será uma
Panlar fortalecida e unida. Vamos adiante com o planejamento
Panlar porque o trabalho é muito e os trabalhadores são poucos.
Finalizando, repetimos as palavras de Anibal Ruiz Moreno
expressas em 1942: “É necessário unir a América se queremos
realizar algo em Reumatologia”.
Saudações
Antonio Carlos Ximenes - Presidente Panlar 2010-2012
Lúpus e fibromialgia em data especial
Participantes de ação dedicada ao atendimento de pacientes com lúpus ou fibromialgia.
8
A Associação Brasileira “Superando o
Lúpus” e o Grupo de Pacientes Artríticos
de São Paulo - Grupasp, proporcionaram no dia 10 de maio de 2014, na
Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo, um dia diferente, com muita informação, orientação e apoio às pessoas
que convivem com doenças reumáticas,
em especial lúpus eritematoso sistêmico e fibromialgia. Estiveram presentes
reumatologistas,dentistas e terapeutas
para palestras e orientações, sempre
visando ao acolhimento, bem-estar e à
qualidade de vida de todos os pacientes
com doenças reumáticas.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Reumato.com
Convidamos os reumatologistas a acessarem o portal da
SBR - http://www.reumatologia.com.br - , em que vários
temas de interesse da área estão à disposição para consulta.
NOTÍCIAS
Prêmio Panlar em
Reumatologia 2014
A Liga Panamericana de Associações de Reumatología (Panlar) convida os reumatologistas
latino-americanos a apresentar
seus trabalhos de pesquisa para candidatar-se
ao prêmio. O prazo para envio de documentação termina em 8/8/2014.
Saiba mais:
http://www.reumatologia.com.br/index.
asp?Perfil=&Menu=DoencasOrientacoes
&Pagina=noticias/in_noticias_resultados.
asp&IDNoticia=284
Musculoesquelético é novo livro da Série CBR
O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem lança a obra,
de autores nacionais, que aborda os métodos de imagem para diagnóstico
das doenças do sistema musculoesquelético.
Saiba mais:
http://www.reumatologia.com.br/index.asp?Perfil=&Menu=DoencasOrient
acoes&Pagina=noticias/in_noticias_resultados.asp&IDNoticia=288
Caixa de Remédios organiza consumo de medicamentos
Antes de descrever o programa, gostaríamos de agra­
decer à Ana Maria Salvatore (secretária-executiva da Sociedade Brasileira de Reumatologia) pela excelente dica.
Trata-se de um aplicativo desenvolvido pela empresa
Ambiente Medicamento, que tem como diretor o dr.
Antônio Carlos Zanini, médico farmacologista, professor da Faculdade de Medicina da USP.
A Caixa de Remédios, como o próprio nome sugere,
foi planejada para organizar e ajudar a lembrar de todos
os medicamentos utilizados no dia a dia. Estima-se que
em torno de 50 milhões de brasileiros são portadores de
doenças crônicas e certamente a adesão é fundamental
para uma boa resposta ao tratamento.
O programa, além de montar um cronograma de uso,
possibilita ao paciente ter à disposição uma ampla gama
de funcionalidades, como a identificação do medicamento, utilizando a câmera fotográfica como leitor de
código de barras; pesquisa de preços entre farmácias;
registro do histórico de uso; envio de lembretes para uso
das medicações; conhecer a fórmula do produto; dispor
de informações sobre uso na gestação e na pediatria;
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Saiba mais:
https://play.google.com/
store/apps/details?id=br.com.
caixaderemedios&hl=pt_BR
sobre a existência de interação com alimentos; dicas
de administração para melhor efetividade, dentre
outros serviços.
Além do uso pessoal, poderão ser adicionados os
medicamentos de outrem, algo formidável para quem
exerce o papel de cuidador, cabendo salientar que,
se for necessário lembrá-lo à distância, o aplicativo
permite o envio de mensagens gratuitas.
O professor Antônio Carlos Zanini está de parabéns
pela excelente iniciativa, que certamente merece
ampla divulgação para melhorarmos a saúde da população brasileira.
9
SBR.doc
Interrupção da Fase 3 do Copcord-Brazco
A
pós um período de grande expectativa pelos
resultados do Projeto Copcord-Brazco, infelizmente, informamos que a fase 3 do Copcord-Brazco
teve que ser interrompida. Apesar do esforço dos coordenadores e participantes de todos os centros, houve
grande dificuldade para a continuidade do projeto, pela
falta do entrevistado à consulta médica. Nesta fase, os
entrevistados que apresentaram queixas musculoesqueléticas não relacionadas ao trauma e 10% daqueles sem
queixas de cada uma das 16 capitais incluídas no projeto
deveriam ser contatados e agendada uma avaliação por
um reumatologista treinado.
A tentativa de contato para o agendamento foi feita
exaustivamente, tanto pelo pesquisador, como pela empresa Foco Pesquisa, contratada para este fim. Apesar
de as consultas serem previamente agendadas e muitas
vezes lembradas através de mensagem de texto, houve
um grande número de ausências, fazendo com que, nos
diversos centros, médicos reumatologistas ficassem à
disposição para cobrir o período das consultas agendadas e, ao final, atendessem somente alguns indivíduos.
Do total de 1.972 indivíduos com queixa não relacionada ao trauma e 248 pacientes sem queixas por ocasião
das fases 1 e 2, a Foco Pesquisa conseguiu contato
telefônico com 76,8%. Não foi possível o contato com
23,2%, e 0,5% haviam falecido. Dentre os indivíduos que
foram contatados, apenas 59,4% aceitaram continuar no
estudo, sendo agendada a consulta médica. Entretanto,
do total de indivíduos com consultas agendadas, apenas
208 (28,4%) compareceram à consulta e 439 (71,6%)
faltaram. Várias tentativas de reagendamento das consultas foram feitas, porém, sem sucesso.
Desinteresse
Um dos principais motivos encontrados pela maioria
dos pesquisadores e pela empresa responsável pela marcação das consultas foi o desinteresse dos participantes
em passar na consulta médica, pois em muitos as queixas
haviam ocorrido no passado e no momento estavam assintomáticos ou já estavam em tratamento ou alegaram
não ter disponibilidade de tempo. Imaginávamos que
teríamos dificuldades, em parte, pelo grande intervalo
entre a aplicação dos questionários e o exame dos queixosos. Estávamos cientes de que os casos com queixa
10
aguda e limitada seriam perdidos, mas a insistência em
fazer o estudo foi para tentarmos conhecer, pelo menos,
a prevalência das doenças reumáticas crônicas, em que o
intervalo de tempo entre a aplicação do questionário e o
exame pelo médico teria menor impacto. Não tínhamos
ideia da falta de vontade e interesse dos participantes
em colaborar com este tipo de estudo.
Em reunião da equipe central foi consenso que deveríamos ter pelo menos 75% dos indivíduos com queixa
examinados para ter um mínimo de confiabilidade e
verificamos assim a inviabilidade do estudo, considerando que após mais de três meses do início da fase 3
tínhamos uma grande percentagem de falta às consultas
agendadas. Apesar do anseio dos reumatologistas de
todo o Brasil em conhecer a prevalência das doenças
reumáticas crônicas em nosso meio, e do grande
empenho dos pesquisadores de cada um dos centros
participantes, em reunião do Conselho do Fundo de
Apoio à Pesquisa da SBR foi apresentado o problema e
justificada a inviabilidade do estudo, sendo decidida a
interrupção do projeto.
Resultados
Nem todos os dados serão perdidos. Temos os resultados das fases 1 e 2 do Copcord-Brazco que serão publicados para o conhecimento de todos, principalmente no
que se refere à presença de queixas musculoesqueléticas,
qualidade de vida, uso de algumas medicações e capacidade funcional, com avaliação de uma amostra de 5
mil indivíduos, com boa representatividade da população
das cinco grandes regiões do Brasil.
Agradecemos imensamente o empenho e a dedicação
de todos os que participaram direta ou indiretamente do
projeto e, também, àqueles que compreenderam a importância de um estudo epidemiológico sobre as doenças
reumáticas em nosso país. Não deveremos esmorecer,
mas fortalecer a vontade de continuar lutando para que
novos estudos sejam realizados. É muito importante a
existência de dados nacionais, para melhor alocação
de recursos humanos e financeiros, a fim de se obter
os melhores resultados no tratamento desses pacientes.
Atenciosamente
Coordenadores do Copcord-Brazco.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Aos novos colegas Reumatologistas
Em nome da Comissão de Título de Especialista e da diretoria da
Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), desejamos a todos os(as) colegas aprovados (as)
na Prova de Título de Especialista uma carreira brilhante e de muito sucesso!
S
abemos que o aprendizado baseado na prática, que
caracteriza a residência médica ou o curso de especialização em Reumatologia, que a maioria dos srs(as)
finalizaram recentemente, traz a inquietação de saber se
estamos aptos para a prática da especialidade, sem o apoio
dos supervisores/preceptores/professores.
A aprovação na prova atesta que estão habilitados, que
os srs(as) têm o rol de conhecimentos que os capacitam a
exercer a Reumatologia em sua plenitude. Congratulações
por mais essa conquista e sejam bem-vindos à grande família
que é a SBR. Que sejamos bons médicos, cientes das responsabilidades e que possamos contribuir para a melhoria
da saúde da população brasileira.
O sucesso é o fruto do nosso trabalho, nossa dedicação e
constante atualização profissional. A medicina é uma das áreas
da ciência em que o conhecimento se renova rápida e continuamente e, por isso, devemos manter a atualização constante de
nossos conhecimentos. A educação continuada é fundamental e
esperamos que este seja apenas o início de uma vida de trabalho
e aperfeiçoamento contínuo, coroado de satisfação e sucesso.
Parabéns a todos e um grande abraço!
Profa. dra. Emilia Inoue Sato
Presidente da Comissão de T.E. da SBR
Dr. Walber Pinto Vieira
Presidente da SBR
Lista dos aprovados na prova de TE em Reumatologia
(São Paulo, 14 a 15/03/2014)
ALEX ROCHA BERNARDES DA SILVA
ALEXANDRE DA ROCHA PEREIRA
ALINE CAVALCANTE SILVA CARDOZO
ANA PAULA CARNEIRO ZOIA
BRUNA SAVIOLI LOPEZ FERNANDEZ
CAMILA DE OLIVEIRA TREVISAN
CARLA OLIVEIRA MONTEIRO DA COSTA LIMA
CAROLINA SILVA PASSOS CABRAL MOLETA
CLAUDINE PREDEBON MORSCH
DANIEL COSTA DISCACCIATI
DEBORAH NEGRAO GONÇALO DIAS
DENISE DE FATIMA FORTESKI
DEONILSON GHIZONI SCHMOELLER
EDUARDO KNOP
ELAINE TEIXEIRA FERNANDES
ELIANE SAYURI YAMADA
ELISA BERTOLACE DE OLIVEIRA
ELOIZA PONTES SARDI MARCOLIN
FLAVIA ZON PRETTI
GABRIELA ANDRADE OLIVEIRA PENA CRUZ
GABRIELA ARAUJO MUNHOZ
GEORGEA HERMOGENES FERNANDES
GUSTAVO BRAGA HALLAIS FRANÇA
HENRIQUE PEREIRA SAMPAIO
IGOR ALMONFREY DA SILVA
IVAN LUCIO DA SILVEIRA
JOICE MORAES FARIA MONTEIRO BELEM
JULIANA MIRANDA LUCENA VALIM
KARINE KEFLER FERREIRA
KETTY LYSIE LIBARDI LIRA MACHADO
LAIZA HOMBRE DIAS
LENITA ADRIANA MAZZI
LUCIANA RODRIGUES DE ALENCAR
LUCIANA SILVEIRA JESUINO E SILVA
LUIZ EUGENIO DE ALMEIDA PINTO
MARIANA GOMES DA CUNHA
MARILIA DO SOCORRO DOS SANTOS CAMPOS
MARINA VILELA DE ANDRADE DA SILVA COSTA
MARLISE SITIMA MENDES SIMÕES
MICHELLE ABU KAMEL ANDRADE COSTA
MICHELLE ALENCAR PEREIRA
MICHELLE REMIAO UGOLINI
MIRIAM KUSTER HUBER
MONICA LOSILLA DE CALASANS
NATHALIA DE CARVALHO SACILOTTO
NUBIA BORGES GOULART
PATRICIA YUKA OKAMURA
PEDRO ANTONIO RAMON HADDAD
PRISCILA VARANDA PEREIRA
ROBERTA DE MORAES LUZ REIS
ROBERTO HAENDCHEN BENTO
RODRIGO BALBINO CHAVES AMORIM
RONALDO NUNES GODINHO
RUBIA CARLA MAIONI XAVIER
THAUANA LUIZA DE OLIVEIRA
THAYS ZANON CASAGRANDE
THIAGO COSTA PAMPLONA DA SILVA
TOME GUSTAVO MARQUES DE SOUZA
VALQUIRIA GARCIA DINIS
VIVIAN PALMA ARTISSIAN
YANNE SANTOS MONTINO
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
SBR pede apoio de
professores para diálogo
com estudantes
Caros professores e doutores, a SBR tem
forte interesse em falar com os estudantes
de Medicina pelos canais que eles leem.
Em conversa com membros de Comissões
da SBR, a nossa área de comunicação
apontou que, para que isso aconteça, seria
importante o apoio para termos acesso aos
jornais e revistas que são produzidos nas
faculdades de Medicina e que só circulam
nos ambientes acadêmicos. Assim, somente
pelos doutores e professores poderemos ter
acesso a esses materiais.
A SBR quer falar com os editores desses
veículos, que publicam matérias de interesse
dos estudantes, a fim de sugerirmos pautas
de nossa especialidade com notícias e entrevistas com reumatologistas. Os senhores
poderiam nos auxiliar? É só encaminhar
os jornais/revistas para a sede da SBR (Av.
Brig. Luís Antônio, 2.466 conjs. 93-94 CEP 01402-000 - São Paulo – SP).
Assessoria de Imprensa da
Sociedade Brasileira de Reumatologia
11
Capa
Por que me tornei r
Afinal, o que somos, porque o somos e para onde vamos?
Dr. Edgard Reis
Reumatologista; doutor em Ciências
da Saúde aplicadas à Reumatologia pela
Unifesp; editor do Boletim da SBR
O
s motivos pelos quais nos tornamos o que somos são diversos.
Histórias de vida, experiências pessoais
e familiares, exemplos de profissionais
e seres humanos que admiramos e conquistas e derrotas nos levam a realizar
escolhas ao longo da vida. Ainda bem que
somos diferentes e temos pensamentos
distintos. Isso faz cada um de nós ser
único. Alguns cientistas, outros professores, gestores e administradores e,
muitos, médicos. Quando nos tornamos
reumatologistas, assim o foi por opção.
Muitos fatos da humanidade podem ser
contados pela medicina (sugiro a leitura
do livro “A História da Medicina do século XX pelas descobertas da Medicina”,
“
O reumatologista
é o profissional em
íntimo contato com
várias especialidades
clínicas, tendo na
sua formação uma
boa anamnese e um
bom exame clínico
como primordiais
para o sucesso
do diagnóstico e
tratamento.”
12
de Stefan Cunha Ujvari e Tarso Adoni),
porém, podemos ser os autores da nossa
própria história.
Vivemos em um país de dimensões
continentais com aproximadamente
200 milhões de habitantes. Em 2011,
segundo o Conselho Federal de Medicina, havia 1,95 médicos para cada mil
habitantes. Enquanto o aumento populacional no país foi de 104,8% desde 1970,
o incremento no número de médicos
foi de 530%. A região Sudeste tem a
melhor relação com 2,61 médicos por
mil habitantes, apresentando a cidade
de São Paulo com 4,33 médicos por mil
habitantes. A região Norte tem a pior
relação, com apenas 0,98. Observamos
que a concentração dos médicos tende
a ser maior nos grandes centros urbanos
e polos econômicos, onde não apenas se
encontram maiores ofertas de trabalho,
como também, provavelmente, melhores
condições de exercê-lo. Ou seja, precisa-
mos de políticas públicas que favoreçam
ao médico se estabelecer no Sistema
Único de Saúde (SUS) e em áreas mais
carentes do país.
O SUS, definido por muitos como
um dos melhores sistemas de saúde já
elaborados e implementados, na prática
não tem funcionado bem. Em 2011, segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Brasil gastou US$ 477 per
capita em saúde, menos que o Uruguai
(US$ 817,8) e a Argentina (US$ 869,4)
e quase seis vezes menos do que o Reino
Unido (US$ 2.747), cujo sistema de
saúde é tido como referência. Além da
falta de recursos, a gestão é ineficiente.
No sistema suplementar, a baixa remuneração do profissional ainda é uma
realidade e frequentemente também nos
deparamos com usuários desamparados
desse sistema. Pacientes do SUS têm
quatro vezes menos médicos do que
aqueles do setor privado. Programas de
A opção foi a
reumatologia
As razões são as mais
diversas e incluem
atração pelos aspectos
clínicos, experiências
pessoais, de
convivência e até por
absoluta casualidade.
Veja o que dizem
vários profissionais que
tomaram o caminho
da Reumatologia.
Dr. Walber Pinto Vieira –
presidente da SBR
“A reumatologia é a
especialidade que mais se
relaciona com as outras
especialidades médicas,
portanto quem gosta de
medicina interna e quem é
internista escolhe naturalmente
a Reumatologia como sua
especialidade preferida.”
Dr. Fernando Neubarth –
médico em Porto Alegre; ex-presidente
da SBR (2006-2008)
“Medicina e, em particular a Reumatologia,
não são escolhas determinadas pela equação
custo-benefício. Gravitam na órbita do
que chamamos vocação. A rica plêiade de
situações clínicas, sinais, sintomas, permitem
o exercício de hipóteses na revelação de
mistérios. Além do sublime desempenho
do cuidado, há o prazer no desafio do
diagnóstico. Se tal qual seu autor, Conan
Doyle, Sherlock Holmes fosse médico, teria
se tornado reumatologista.”
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
i reumatologista?
o
saúde pública recentemente implementados provavelmente não resolverão o
problema que, caso fosse enfrentado com
seriedade e serenidade, exigiria discussão
com os profissionais envolvidos, compromisso e investimento.
Em época de descrença do profissional médico por muitos, poderíamos
continuar um texto com as dificuldades,
percalços, pontos negativos da profissão
e especialidade que escolhemos: programa Mais Médicos, baixa remuneração,
carga horária excessiva, grande número
de pacientes atendidos por período, deficiência estrutural e organizacional dos
sistemas públicos e privados de saúde são
apenas alguns pontos a serem citados.
Porém, por que devemos insistir? Por
que não enxergar o lado digno, humano e
desafiador que nos levou a essa escolha?
Sim, ele existe! Os motivos são infinitos,
e cabe a cada um de nós encontrar e
resgatar o que nos levou a essa escolha. >>
Dra. Fernanda Barros Bittar –
médica residente em
Reumatologia da Unifesp
“A possibilidade de caminhar
entre as diversas áreas da clínica
médica e o amplo mundo dos
diagnósticos diferenciais, ao
mesmo tempo podendo trabalhar
com o aparelho locomotor em suas
amplas faces, foram as razões que
me levaram à Reumatologia.”
Dra. Thauana Luíza de Oliveira –
médica reumatologista,
pós-graduanda da Disciplina de
Reumatologia da Unifesp
“Escolhi a Reumatologia como
especialidade motivada pelos
casos de difícil diagnóstico, pelas
etiopatogenias pouco esclarecidas
e pelos tratamentos cujos
mecanismos de ação eram tão
fascinantes. Contribuiu também
o fato de não haver grande
número desses profissionais no
mercado de trabalho.”
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Dra. Sandra Watanabe –
médica reumatologista, editora da
Revista Paulista de Reumatologia
“Na primeira aula o professor
disse: ‘Hoje vou lhes apresentar a
Reumatologia, uma especialidade
essencialmente clínica’. Segui
seu exemplo e me apaixonei
pela área. Professores ensinam,
mas grandes mestres nos guiam.
Presto aqui minha homenagem:
ao mestre, prof. Luiz Carlos Lucio
Carvalho, com carinho”.
Profa. dra. Emília Inoue Sato –
professora titular de Reumatologia
da Unifesp; ex-presidente da SBR 1999 - 2000
“Escolhi a Reumatologia por dois
motivos: um pessoal por ter tido uma
irmã com LES desde a adolescência; e
outro porque a Reumatologia é uma das
especialidades clínicas mais abrangentes.
Queria uma especialidade em que
pudesse continuar a atuar como médica
clínica, o que ocorre principalmente no
atendimento a pacientes com doenças
reumáticas autoimunes.”
13
Capa
POR QUE ME TORNEI REUMATOLOGISTA?
Prof. dr. Geraldo Castelar –
professor associado da Disciplina
de Reumatologia da Uerj;
ex-presidente da SBR 2010 - 2012
“Filho de médicos, desde cedo,
decidi-me pela profissão dos meus
pais. Embora muito influenciado
pela dedicação que minha mãe
tinha para com seus pacientes, o
convívio com o meu pai no serviço
de reumatologia do Hospital de
Bonsucesso e nos eventos da SSRJ
e da SBR acabaram seduzindo-me à
nossa especialidade.”
14
Número de reumatologistas aprovados
no título de especialista pela SBR de 1990 a 2014
80
70
60
50
40
30
20
10
0
9
19 0
9
19 1
9
19 2
9
19 3
9
19 4
9
19 5
9
19 6
9
19 7
9
19 8
9
20 9
0
20 0
0
20 1
0
20 2
0
20 3
0
20 4
0
20 5
0
20 6
0
20 7
0
20 8
0
20 9
1
20 0
1
20 1
1
20 2
1
20 3
14
Rumo certo
Muitos são os motivos que nos levam
a crer que, apesar das pedras no meio
do caminho, estamos no rumo certo
e temos muito a fazer. Seja pela ciência, busca por novos conhecimentos,
altruísmo, amor ao próximo ou pelos
desafios diários enfrentados, ainda vale
a pena exercer esta profissão milenar que
mistura ciência, arte e humanidade. A
profissão de médico ainda é hoje uma das
mais confiáveis pela população, ao lado
de bombeiros, professores e carteiros.
Voltando à reumatologia, a Sociedade
Brasileira de Reumatologia (SBR) conta
atualmente com 2284 sócios, sendo
destes 1.585 ativos. Desde o ano de
1990, tem havido aumento no número
de profissionais com título de especialista
da SBR, o que demonstra cada vez mais
a importância e o interesse pela especialidade (Veja gráico).
Em eventos científicos, discussões e
temas relevantes como a descoberta de
novas moléculas ou de métodos diagnósticos e de tratamentos direcionados
contra moléculas ou substâncias específi-
19
>>
Prof. dra. Angela Luzia Branco
Pinto Duarte – professora titular
de Reumatologia da UFPE.
Prof. dra. Eloísa Bonfá –
professora titular de
Reumatologia da USP
Prof. dr. Claudio A. Len – reumatologista
pediátrico, professor-adjunto Livre-Docente
do Departamento de Pediatria da Unifesp
“Em 1974, no sétimo período
da faculdade, iniciei na clínica
médica. Era a primeira turma a
ter reumatologia na UFPE. Fiquei
fascinada, procurei o professor
Geraldo Gomes, queria saber como
fazer para ser reumatologista. Ele
respondeu: ‘Estude o Rotés-Querol
e então volte para conversarmos’.
Tinha feito a minha escolha:
Reumatologia.”
“Eu me tornei reumatologista
porque gostava muito de clínica
e, entre todas as especialidades
médicas, esta foi para mim a
mais abrangente e desafiadora.
Vislumbrar um futuro de
compreender e modular o sistema
imune também foi outro aspecto
que me encantou. Não imaginava,
no entanto, os imensos avanços
que conseguimos hoje!”
“Oportunidade e desafio foram os
combustíveis da escolha. Na tentativa de
retribuir o que recebi ao longo da vida,
fundei com colegas e amigos a ONG Acredite
– Amigos da Criança com Reumatismo,
que atualmente dá suporte ao tratamento
de mais de 1.200 crianças no Hospital São
Paulo. Assim, pude materializar o sonho de
contribuir efetivamente para uma melhora
na qualidade de vida de centenas de famílias
de pacientes com doenças reumáticas.”
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
e
s
cas do sistema imune surgem a cada ano.
Além disso, reumatologistas brasileiros
são cada vez mais reconhecidos internacionalmente seja como médicos ou por
sua produção científica.
A estrada é árdua. Para tornar-se reumatologista, são necessários seis anos
de faculdade de Medicina, dois anos de
residência em clínica médica e mais dois
anos de residência em reumatologia. Para
reumatologia pediátrica são necessários
dois anos de residência em pediatria e
dois anos em reumatologia pediátrica.
Entretanto, vários fatores contribuem
para o maior interesse na reumatologia.
Trata-se de ciência cercada por incertezas com amplo campo de pesquisa.
Existem mais de cem doenças reumáticas
descritas atualmente, envolvendo doenças do aparelho locomotor, metabólicas,
inflamatórias, infecciosas e do sistema
imune. O reumatologista é o profissional
em íntimo contato com várias especialidades clínicas, tendo na sua formação
uma boa anamnese e bom exame clínico
como primordiais para o sucesso do
diagnóstico e tratamento.
Dr. Diogo Domiciano – médico
reumatologista, assistente da
Disciplina de Reumatologia da USP
“O que me atraiu na Reumatologia
foi a natureza ‘sistêmica’ das
doenças, uma especialidade que
abrange aspectos de todas as
especialidades clínicas.
Um bom reumatologista é
um excelente clínico. Assim, a
diversidade que me encantou
na clínica médica eu encontrei em
uma única especialidade.”
“
Os motivos são infinitos,
e cabe a cada um de nós
encontrar e resgatar o que
nos levou a esta escolha.”
Segundo a Declaração de Edimburgo, 1988, “Cada paciente deve poder
encontrar, no médico, o ouvinte atento,
o observador cuidadoso, o interlocutor
sensível e o clínico competente”. Compartilhar conhecimentos, capacidade de
tomada de decisão e trabalho em equipe
multidisciplinar (biomédicos, biólogos,
fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,
educadores físicos, nutricionistas, psicólogos, etc) são essenciais.
Médico “de verdade”
Entretanto, não são apenas as doenças que atraem o reumatologista. Ser
reumatologista também significa sentir-se médico “de verdade”, aquele que
entra em contato com o paciente antes
mesmo de conhecer a doença. Trata, na
sua grande maioria, de doenças crônicas
Prof. dr. Hilton Seda – professor
emérito da PUC-RJ; professor
Honoris Causa da UFPB; expresidente da SBR 1968-1970;
Maestro de La Reumatologia Pan
Americana (Panlar 2006)
“Queria ser cardiologista. Estudando
as causas das cardiopatias, verifiquei
que, além da febre reumática,
existiam outros reumatismos.
Decidi conhecê-los. Estagiei na
Unidade de Reumatologia da PGRJ.
Gostei. Traí a cardiologia.
Tornei-me reumatologista.”
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
em que a boa relação médico/paciente é
imprescindível. Parafraseando a citação
de sir Willian Osler pelo dr. José Marques
na seção Rheuma & Ethos desta edição
do boletim: “É melhor conhecer a pessoa
que tem a doença do que a doença que a
pessoa tem”. Estender a mão ao paciente
é tão importante quanto prescrever a
medicação de última geração. Afinal,
a maior satisfação do médico é ver o
sorriso do paciente.
Provavelmente não temos uma tarefa
fácil pela frente. Rever a história é uma
oportunidade de aprender com erros e
acertos e resgatar valores. Por isso, convidamos vários reumatologistas de todo
o Brasil para contarem um pouco sobre
“Por que me tornei reumatologista?”.
Nesta edição, temos pequenos depoimentos de cada um deles. Nas próximas,
cada reumatologista contará em mais
detalhes a sua história: são professores,
pesquisadores, médicos de consultórios
e residentes dando depoimento desta verdadeira arte, a arte de escutar, acolher,
cuidar e aprender com o seu paciente.
Dra. Eunice M. Okuda –
reumatologista pediátrica; assistente
do Serviço de Reumatologia do
Departamento de Pediatria da Santa
Casa de São Paulo
“Entrei em contato, pela primeira
vez, com a Reumatologia Pediátrica
durante a minha residência na
Santa Casa-SP, e fiz a opção. É uma
especialidade que trata o doente
como um todo. Exercer o raciocínio
clínico nos diagnósticos diferenciais
estimula a estudar em beneficio da
criança com doença reumatológica.”
Prof. dr. Adil Muhib Samara –
professor titular de Reumatologia da Unicamp;
ex-presidente da SBR 1974-1976
“Foi por acaso. Onde me formei, ninguém tinha
o menor interesse em reumatologia e havia
duas enfermas internadas com AR, sobre a
qual os docentes nada sabiam. O prof. Israel
Bonomo perguntou-me se tinha interesse em
fazer a especialidade. O que me encanta é ser a
reumatologia o último reduto da clínica médica.
É abrangente e excitante no diagnóstico e
hoje a mais fulgurante com respeito à conduta
terapêutica, para quem como eu há meio século
foi uma petulância intitular-me reumatologista.”
15
Profissão Reumato
Softwares que facilitam a
vida do reumatologista
Entre os que merecem destaque,
estão os que norteiam e aumentam
a segurança dos tratamentos e
os sistemas de diagnóstico que
possibilitam aos médicos enviar ou
rever imagens médicas com outros
colegas e especialistas
Dr. João Paulo dos Reis Neto
Médico cardiologista e
diretor da Mobile Saúde
www.mobilesaude.com.br
A
tualmente existe uma extensa
variedade de softwares para uso
na área da saúde, especialmente na
medicina, muitos dos quais com grande
potencial de benefícios, tanto para o
médico quanto seu paciente. Entretanto,
até pouco tempo atrás, os sistemas eram
focados para uso nos consultórios médicos, laboratórios, clínicas e hospitais.
Dentre os usos atuais de softwares na
medicina, merecem destaque aqueles que
norteiam e aumentam a segurança dos
tratamentos, aplicativos que permitem
ao paciente fazer o upload ou download
de informações de saúde a qualquer
momento e em qualquer local; sistemas
de diagnóstico que possibilitam aos médicos enviar ou rever imagens médicas
com outros especialistas; portais para
pacientes e cuidadores que estimulam
o auto-cuidado e gerenciamento do
problema de saúde; e as ferramentas de
suporte e apoio à decisão que facilitam o
trabalho médico em tempo real, agilizando o diagnóstico e o tratamento.
Quando a tecnologia envolve dispositivos, há os sensores wireless que
capturam dados fisiológicos para análise
posterior; monitores remotos usados na
clínica, em casa e outros ambientes à
distância; e os implantes médicos, que
permitem restaurar a sensibilidade, mobilidade e as outras funções de membros
ou órgãos paralisados.
16
Nos últimos anos, com a expansão do
mercado de telefonia e maior facilidade
de acesso à internet, os smartphones e
tablets tornaram-se mais populares. Com
isso, um novo horizonte se abriu dando
início à era da saúde móvel (mHealth).
Os aplicativos deixaram de ser usados
apenas como ferramentas para melhorar
e facilitar a assistência, passando também
a ajudar os indivíduos em sua própria
gestão da saúde e bem-estar.
De modo geral, os aplicativos, especialmente aqueles rodados em plataformas móveis, têm por objetivo registrar ou
capturar informações de saúde, além de
possibilitar aos pacientes acessar informações e monitorar os cuidados.
Quanto à Reumatologia, existem diversas aplicações disponíveis que facilitam
o trabalho do especialista e contribuem
para a segurança do tratamento e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Podemos citar os softwares de educação
médica continuada (busca de artigos,
podcasts, webmeetings, etc.); guidelines
e protocolos; checklists; registros de
sintomas para os pacientes; lembretes
de uso de medicamentos; e as calculadoras. Estas últimas merecem destaque.
Existem diversas opções intuitivas, fáceis
de usar e com grande aplicabilidade no
dia a dia: cálculo de índices de atividade
das doenças (DAS, CDAI, SDAI, ASDAS, Basdai, Pasi, Basfi), indicadores
de qualidade de vida (HAQ, MDHAQ),
esquemas terapêuticos, dosagens, superfície corporal, dentre outras.
“
Quanto à Reumatologia,
existem diversas aplicações
disponíveis que facilitam o
trabalho do especialista,
contribuem para segurança do
tratamento e a melhoria da
qualidade de vida dos pacientes.”
Big Data
Como o volume de dados na área da
saúde está crescendo e se movimentando
mais rapidamente do que as organizações
podem consumi-lo, o big data, apesar de
conhecido há muito tempo, vem sendo
mais discutido e estudado recentemente.
Apesar de relevantes, os dados disponíveis
ainda são desestruturados, ou seja, estão
em vários lugares diferentes, tais como
registros médicos individuais, laboratórios, prontuários médicos, sistemas de
CRM, softwares financeiros, informações
do consumo de medicamentos, dentre
outros. Considerando que o big data nada
mais é do que um conjunto de soluções
tecnológicas capaz de lidar com dados em
volume, variedade e velocidade, este tipo
de tecnologia parece promissora na análise dos vários tipos de informação digital
disponíveis.
Apesar de o big data não responder a
todas as questões, vem sendo utilizado
também na Reumatologia, cujas condições
de tratamento seguem a mesma tendência
da Oncologia em termos do uso de estudos
preditivos e biomarcadores para determinar
a probabilidade de um paciente responder a
uma determinada terapia. No caso, a ferramenta tem possibilitado entender melhor e
classificar os pacientes que individualmente
mais se beneficiam de uma determinada
terapia (medicina personalizada).
Finalmente, uma palavra sobre segurança
da informação. Junto à empolgação do
mercado que levou à rápida expansão e
ampla utilização dos aplicativos, principalmente os móveis e aqueles hospedados
na nuvem, surge também uma enorme
preocupação quanto aos riscos envolvidos,
cabendo a nós médicos contribuirmos
continuamente para o uso seguro da tecnologia.
Temos de ter em mente que nenhuma solução tecnológica, por mais bem elaborada
e sofisticada que seja, substitui o raciocínio
e o poder de decisão do médico. Na verdade são ferramentas de apoio que agregam
valor ao trabalho do profissional em prol
daquele que é e sempre será o alvo de toda
nossa atenção e cuidado: o paciente.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Foco em
Serviço de Reumatologia em
Goiânia já formou 24 residentes
Fazem parte da estrutura ambulatórios de lúpus, artrite reumatoide, outras doenças
difusas do tecido conjuntivo, fibromialgia, osteoporose, espondilartrites e reumatologia pediátrica
O
serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas, da Faculdade
de Medicina da Universidade Federal
de Goiás/UFG, Goiânia (GO), existe
desde 1987. A partir daí a residência da
especialidade foi oficializada e credenciada no MEC, que passa a contar com
mais um suporte para o desempenho
das atividades, que é o laboratório de
autoimunidade, próprio do serviço.
De 1990 a 2012, havia uma vaga de
residente por ano e a partir de 2013
estão disponíveis duas vagas/ano. Até o
momento, foram formados 24 residentes
e três estagiários.
Com o intuito de favorecer um melhor
treinamento aos residentes, organizaram-se os ambulatórios por doenças
reumatológicas ou por áreas afins, sendo
criados os ambulatórios de lúpus, artrite
reumatoide, fibromialgia, osteoporose,
espondiloartrites, outras doenças difusas
do tecido conjuntivo e de reumatologia
pediátrica.
O serviço realiza aproximadamente
4 mil atendimentos ambulatoriais e 60
internações por ano.
Desde março de 2013, a dra. Jozelia
Rego é a coordenadora do serviço. A
equipe conta com os docentes Vitalina
Souza Barbosa,Vitor Alves Cruz e Camila Guimarães. Além dos médicos do
HC-UFG Vanessa Magalhães e Roberto
Carlos Mazie. O prof. Nilzio Antônio
da Silva é o orientador do programa de
pós-graduação.
O começo de tudo
A Disciplina de Reumatologia foi
criada em 1962 por Jacob Gamarski,
como parte do Departamento de Clínica
Médica da Faculdade de Medicina da
UFG, Goiânia (GO), e foi a primeira
a ser oficializada no Brasil. Em 1967,
foi incorporado à disciplina Udirse Rodrigues do Nascimento, em 1971, por
alguns meses, Nilzio Antonio da Silva, e,
em 1974, Antonio Carlos Ximenes – os
dois últimos como voluntários.
Até 1987, os trabalhos consistiam em
cumprir as tarefas na graduação e assistência a pacientes com doenças reumáticas no ambulatório e na enfermaria do
departamento. O regente da disciplina,
Jacob Gamarski, foi ativo participante
de eventos da especialidade no Brasil e
no exterior. Organizou em Goiânia, em
1963, a II Reunião Bienal da SBR, que
passou a ser a Jornada Brasileira de Reumatologia, e fundou a Sociedade Goiana
de Reumatologia durante esse evento.
Apresentou em eventos e publicou
resultados da atuação na disciplina, com
destaque para manifestações músculoesqueléticas da blastomicose sulamericana.
Além disso, editou durante alguns anos
os “Temas de Reumatologia”, distribuídos, periodicamente, aos reumatologistas brasileiros.
Nos anos 1986/87, Alexandre Gabriel
Jr. foi professor da disciplina, ocasião
em que foram formadas duas residentes.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Criado o Serviço de Reumatologia
Ao final de 1987, com a saída de
Gabriel Jr. e a licença de Gamarski,
Nilzio A. Silva assumiu como professor
auxiliar e, juntamente com Rodrigues do
Nascimento e Ximenes, criou o Serviço
de Reumatologia.
A maior demanda exigiu mais colaboradores, professores temporários, como
Eleusa Fleury Taveira, Ana Carolina O.
Silva Montandon, Fábia Mara G. Prates,
Fabiana Pompeo de Pina e Humberto
Franco do Carmo. Além de reumatologistas do quadro de médicos da UFG,
como Antonio Carlos Ximenes (de 1974
a 2000) e Roberto Carlos Mazie (desde
2001). O ambulatório de Reumatologia
Pediátrica passou a integrar o Departamento de Pediatria, sendo coordenado
por Breno A. Faria Pereira, que orienta
nesse setor o estágio dos residentes de
Reumatologia.
O início da pós-graduação stricto
sensu aconteceu em colaboração com
o Programa de Medicina Tropical, mas
a partir de 2002 a FMUFG criou seu
próprio programa e o Serviço de Reumatologia passou a orientar mestrado
e doutorado nessa especialidade. Onze
profissionais já concluíram o mestrado
e quatro, o doutorado. No momento,
há um cursando o doutorado e cinco,
o mestrado.
17
Rheuma & Ethos
Paciente, ator principal
“É melhor conhecer a pessoa que tem a doença do que a doença que a pessoa tem”
Sir William Osler
Dr. José Marques Filho
Coordenador da Comissão de Ética e Disciplina
da Sociedade Brasileira de Reumatologia
O nosso Código de Ética Médica de 1988,
de maneira pioneira no mundo, estabeleceu a
obrigatoriedade do respeito à autonomia do
paciente e à sua autodeterminação, impedindo
que qualquer processo terapêutico ou diagnóstico
seja feito sem o seu consentimento.
O
William Osler
18
professor de Medicina William Osler
(1861-1919) foi o responsável por mudanças paradigmáticas, tanto no ensino da Medicina como na atençao médica aos pacientes. O
“Hipócrates moderno”, como era chamado, foi o
responsável pela criação da Residência Médica no
Johns Hopkins Hospital em 1889, em Baltimore
(EUA) com uma inovadora forma de ensino em
treinamento, considerada até hoje padrão ouro na
área de educação e especialização médica.
Praticava o que se convencionou chamar de
ensino da Medicina “à beira do leito”, levando
às últimas conseqüências a prática humanística –
Medicina centrada no paciente.
Osler iniciou o desmoronamento do famoso
dualismo cartesiano (René Descartes 1596-1650),
consolidado por Abrahan Flexner no ensino médico (Relatório Flexner – 1910).
Para Descartes “nada há no conceito de corpo
que pertença à mente nem na ideia de mente que
pertença ao corpo”.
A implementação do método de Flexner nas
universidades americanas influenciou toda a
educação e prática médica do século XX nos países
ocidentais – “ o estudo da Medicina centrado na
doença de forma individual e concreta”.
A importância de Descartes e de Flexner para
a fantástica evolução da Medicina e do ensino
médico no século XX é inquestionável, mas,
paradoxalmente, foram responsáveis pela de-
terioração progressiva da qualidade da atenção
médica, principalmente daqueles que padecem
de doenças crônicas.
A “rebelião do sujeito” descrita por Lain Entralgo, médico, historiador e filósofo espanhol,
foi uma consequência natural do cenário médico
do final de século XIX e primeira metade do
século XX.
Entralgo descreve que diante das progressivas
conquistas sociais e do reconhecimento dos direitos humanos, a assimetria da relação médico-paciente foi cada vez mais questionada. A chamada
Medicina científica (para pobres - nos grandes
hospitais públicos) e a Medicina humanística (para
ricos - com visitas domiciliares) sendo criticada
pela sociedade burguesa.
Autonomia, um novo conceito
A partir de meados do século XX, um novo
conceito se consolidou e causou grande impacto
na prática médica e na relação médico-paciente
– a autonomia.
O reconhecimento de que as pessoas podem agir
segundo sua própria vontade e determinação é relativamente novo. Iniciou-se durante o iluminismo
europeu, sedimentando-se a partir de Descartes,
Montesquieu, Rousseau e, depois, Kant.
Na área médica, a autonomia somente foi
reconhecida formalmente na área de pesquisas
com seres humanos no Código de Nuremberg,
após as atrocidades cometidas pelos nazistas em
pesquisas com seres humanos, durante a Segunda
Guerra Mundial.
O nosso Código de Ética Médica de 1988, de
maneira pioneira no mundo, estabeleceu a obrigatoriedade do respeito à autonomia do paciente e
à sua autodeterminação, impedindo que qualquer
processo terapêutico ou diagnóstico seja feito sem
o seu consentimento.
Entretanto deve-se ressaltar que a autonomia
deve ser entendida como um conceito e uma ação
tão ampla quanto possível, para todos os atores
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
p
os
m
cipantes consideraram que a autonomia foi o fator
que mais causou mudanças na prática médica; a
maioria (52%) considerou a introdução do intermediário (planos de saúde, saúde pública) como
o fator mais importante.
Entretanto, a imensa maioria (96,7%) conhece, concorda e pratica o respeito à autonomia e
autodeterminação dos pacientes. Embora deva
ser lembrado que, de acordo com o Código de
Ética Médica, quando houver risco iminente de
morte, deve prevalecer o referencial bioético da
beneficência.
“
Deve-se ressaltar
que a autonomia
deve ser entendida
como um conceito
e uma ação tão
amplos quanto
possível, para todos
os atores envolvidos,
mas principalmente
para o paciente e
para o médico que
o assiste.”
envolvidos, mas principalmente para o paciente e
para o médico que o assiste. Essa ampla autonomia
do médico também está devidamente consagrada
no Código de Ética.
Entre nós, o professor William Hossne, bioeticista brasileiro, define autonomia como um
dos referenciais bioéticos, considerando que os
referenciais, além de abrangerem os princípios
(autonomia, beneficência, não maleficência e justiça), são pontos de referência para a elaboração
da reflexão ética, além dos deveres ou direitos.
A literatura médica demonstra claramente que a
introdução do referencial bioético da autonomia,
na prática clínica, agregou uma complexidade
inimaginável há poucas décadas.
No cenário da assistência médica no Brasil, nos
dias de hoje, há claras evidências de que o paciente
começa a ter consciência da noção do exercício
dos seus direitos sobre sua saúde (empowerment
health) e vem conquistando o poder de decidir
sobre sua própria saúde.
Entretanto, parece que o profissional brasileiro ainda tem certa dificuldade para perceber o
impacto do referencial da autonomia na relação
médico-paciente.
Em estudo feito por nós, apenas 10% dos parti-
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Paternalismo médico
A maioria dos participantes desse estudo (64%)
considerou que a o paternalismo deve ser utilizado
pelo médico em sua prática diária.
Isso demonstra que é absolutamente inadequada a imagem que a autonomia veio substituir
o “velho” paternalismo benevolente, pois ambos,
em nossa visão, são importantes e fundamentais
na relação terapêutica.
O objetivo da Medicina atual não deve ser banir
o paternalismo médico, mas sim preservar a benevolência e o respeito ao paciente como pessoa.
Concordamos plenamente com alguns autores
que médico e paciente devem, juntos, procurar
decidir sobre a melhor conduta e que oferecer uma
lista de procedimentos para o paciente escolher
por ele mesmo é não somente abandoná-lo à sua
própria autonomia, como uma violenta forma de
violação da autonomia do paciente.
Em suma, nossos dados e a própria literatura
apontam para a fundamental importância da introdução do referencial bioético da autonomia na
prática médica, as dificuldades de sua implantação
e a enorme importância filosófica que adquiriu nos
últimos anos, tornando mais simétrica e adulta a
relação médico-paciente, colocando o paciente em
uma posição destacada na assistência médica – o
ator principal.
Referências bibliográficas
Cohen C, Marcolino JAM. Relação médico-paciente:
autonomia & paternalismo. In: Segre M, Cohen C.
Bioética. 3º ed. São Paulo: Edusp; 2002.
2
Marino jr R. Osler – O moderno Hipócrates. São Paulo:
CLR Balieiro Editora; 1999.
3
Marques Filho J. Relação médico-paciente nos dias
atuais: influência do referencial bioético da autonomia.
Tese de doutorado – Centro Universitário São Camilo –
São Paulo; 2012.
1
19
Coluna Seda
Referências a doenças nos
poemas de Cecília Meireles
Hilton Seda
Dedicado ao professor dr. Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro
Parte II
A
obra de Cecília Meireles não é
exclusivamente poética. Como
prova, basta citar que, em 1998, foram
publicados, no Rio de Janeiro, seis volumes do que ela escreveu em prosa.
Como já assinalado, seu primeiro livro
de poesias foi “Espectros”, de 1919,
escrito quando tinha 16 anos. Vieram
a seguir: Nunca mais... e Poemas dos
Poemas (1923), Baladas para El-Rei
(1925), Viagem (1939), Vaga Música
(1942), Mar Absoluto (1945), Retrato
Natural (1949), Amor em Leonoreta
(1952), Doze Noturnos de Holanda &
O Aeronauta (1952), Romanceiro da
Inconfidência (1953), Pequeno Oratório
de Santa Clara (1955), Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro (1955), Canções
(1956), Romance de Santa Cecília
(1957), A Rosa (1957), Obra Poética
(1958), Metal Rosicler (1960), Poemas
Escritos na Índia (1961), Poemas de
Israel (1963), Antologia Poética (1963),
Solombra (1963), Ou Isto ou Aquilo
(1964), Crônica Trovada da Cidade de
Sam Sebastiam no Quarto Centenário da
sua Fundação Pelo Capitam-Mor Estácio
de Saa (1965), Poemas Italianos (1968).
Especula-se que ainda existam poemas
inéditos para serem publicados.
Em “Viagem”, no poema “Medida da
Significação”, Cecília descreve a sensação sentida no momento das febres:
“Eu mesma me sentirei alucinada e
esquisita,
com esse alento das nebulosas sinistras
que se desenvolvem nas febres.”
Nesse mesmo livro, em “Grilo”, fala
de febre e doença:
20
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Grilo
Estrelinha de lata,/Assovio de vidro,/
No escuro do quarto do menino doente.
A febre alarga/os pulsos hirtos;/mas
dentro dos olhos há um sol contente.
Pássaro de prata/ sacudindo guizos/
no sonho mágico do menino moribundo.
(...)
Nova referência a uma criança doente,
ainda no livro “Viagem”:
A menina enferma
A menina enferma tem no seu quarto
formas inúmeras/que inventam espantos
para seus olhos sem ilusão./Bonecos que
enchem as grandes horas de pesadelos,/
que lhe roubam os olhos, que lhe partem
a garganta,/que arrebatam tesouros da
sua mão.
Um dia, ela descobriu sozinha que
era duas!/a que sofre depressa, no ritmo
intenso e atroz da noite/e a que olha o
sofrimento do alto do sono, do alto de
tudo,/sem contato nenhum com chão.
(...)
No livro “Vaga Música” há uma
Serenata ao Menino do Hospital
Menino, não morras,/porque a lua
cheia/vai-se levantando do mar./São de
prata e de ouro/as águas e a areia./Não
morras agora,/vem ver o luar!
(...)
Menino, não morras:/sobre o céu deserto,/há uma estrela imensa a brilhar./É
de prata e de ouro!/Como está tão perto!/Não morras agora,/- que a estrela
da aurora/veio ver teu rosto/banhado
de luar!
A hanseníase está presente em poemas
de Cecília Meireles. Aparece no longo
“Blasfêmia” do livro “Mar Absoluto e
outros Poemas”
Blasfêmia
Senhora da Várzea,/ Senhora da
Serra!/pelos teus santuários,/com cinza
na testa,/irei arrastando/os joelhos e a
reza:/subindo e descendo/ladeiras de
pedra,/sustentando andores,/ carregando velas,/para me livrares,/Senhora,
da lepra!
(...)
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Dei-te seis igrejas:/ Que me deste?
Lepra!
(...)
Morro impenitente,/fazendo-lhe guerra./Que o fogo profundo
lamba a minha lepra!
Em “Retrato Natural” também há
referência à lepra, em “Balada de Ouro
Preto”.
Balada de Ouro Preto
Parei a uma porta aberta/para mirar
um ladrilho./Veio de dentro o leproso/
como quem sai de um jazigo./Caminhava ao meu encontro/Sinistramente
sorrindo/
Mas vi-lhe os braços de líquen,/e as
duas mãos desfolhadas/que cauteloso
escondia/nos fundos bolsos das calças./
Chamas de um secreto inferno/em seu
sorriso oscilavam.
Fora menos triste a lepra/do que o
fogo do sorriso.
(...)
Referências
Meireles C: Obra poética, Editora Nova
Aguilar S/A, Rio de Janeiro, 1991.
2
Cecília Meireles: Wikipédia, a enciclopédia
livre.
3
Cecília Meireles: Biografia – www.
releituras.com/cmeireles.
1
21
Além da Reumatologia
Coreografia e desafios
do kung fu encantaram
Movimentos de dança, busca da
perfeição e extrema disciplina foram
alguns dos aspectos que atraíram a
reumatologista Rita Nely Vilar Furtado
para essa arte marcial
E
la era dançarina e sempre foi
fascinada por movimentos coreográficos. E foi por essa característica
que a reumatologista Rita Nely Vilar
Furtado encantou-se ao ver pela TV uma
apresentação de kung fu, arte marcial
de combate chinesa. “Nem sabia que se
tratava de kung fu, nem de arte marcial.
Achava que era uma dança somente”,
lembra Rita.
Mas o impacto do primeiro contato foi
tão grande que ela resolveu pesquisar e
descobriu essa forma de “luta coreografada” que a interessou e muito.
Rita passou a praticar kung fu em São
Paulo, para onde havia se mudado desde
os tempos de residência. Ela formou-se
em Medicina na Universidade Federal
do Rio Grande do Norte em 1994,
com residência, mestrado e doutorado
realizados na Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), instituição da qual
é professora afiliada da Disciplina de
Reumatologia.
Seu cotidiano, claro, é puxado. Vai à
Unifesp todos os dias onde cumpre 40
horas de trabalho e lá pelo final da tarde,
por volta das 17h30, já está em seu consultório, onde fica até a noite.
Mas, mesmo tão atarefada, Rita pratica kung fu três vezes por semana. A
dança, diz ela, está diretamente ligada
a essa arte marcial: “A gente percebe de
imediato que, quanto melhor bailarina
for, mais rapidamente consegue fazer
os movimentos”, explica.
22
Hierarquia
Outro aspecto que muito lhe interessou no kung fu é a presença forte de
uma hierarquia, envolvendo os níveis dos
praticantes. Nessa arte, é muito comum
que iniciantes sejam instruídos por outros alunos que já estão mais avançados,
indivíduos que têm grande respeito por
parte de quem está em menores níveis.
E, nesse sentido, Rita teve uma experiência tão peculiar quanto encantadora:
“Quando iniciei, fui instruída por uma
menininha que não tinha mais de 4, 5
anos”, lembra. E crianças tão pequenas
praticando kung fu não é de admirar,
porque, diz Rita, essa arte marcial é sim
de luta, mas raramente envolve algum
risco físico, porque os combates são mais
simulados do que efetivos.
Ela está dedicada de forma tão intensa à prática, que já conseguiu avançar
bastante nas faixas. Esclarecendo, Rita
explica que as cores dessas faixas em
ordem evolutiva são: branco, amarelo,
laranja, verde, azul, roxa, vermelha,
marrom, marrom com ponta preta e sete
tipos de faixa preta. Sim, um caminho
bastante longo... Mas já houve uma con-
quista recente que muito a orgulhou: Rita
passou recentemente da faixa azul para a
roxa. “Fiquei muito feliz, porque a faixa
azul tem difíceis desafios e a roxa já é
teoricamente a saída do nível de iniciante
para os mais graduados”.
E os benefícios? São muitos, segundo
Rita. “O kung fu é uma arte que envolve
exercícios físicos aeróbicos e a coreografia. Tudo isso leva-me a desestressar de
meu cotidiano. Não dá para ter nenhum
pensamento que não seja o de fazer os
movimentos de forma sempre melhor e
isso exige muita concentração”, ressalta.
Além disso, há necessidade de desenvolver uma alta capacidade de memorização já que a todo momento o praticante
é instado a apresentar os movimentos
de todas as faixas já cumpridas o que
o obriga a buscar a perfeição em cada
um. Sempre.
Ser um mestre, ou seja, conquistar a
sétima faixa preta, “não daria nem para
alcançar nesta vida”, diz Rita, mas chegar
a alguma faixa preta é sua meta. “O que
quero mesmo, porém, é continuar praticando kung fu porque adoro”.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014
Anu 21x
HUMIRA,
10
6
1-3
ANOS DE DADOS DE EFICÁCI
EFICÁCIA1-3
12
INDICAÇÕES
APROVADAS
NO BRASI
BRASIL 1-3
23.000
MAIS DE
PACIENTES
EM ESTUDOS
CLÍNICOS
GLOBAIS 1-3
71
ANOS DE
EXPERIÊNCIA
EM ENSAIOS
CLÍNICOS1-3
ENSAIOS CLÍNICOS PUBLICADOS
NA MAIOR BASE DE DADOS
SOBRE INDICAÇÃO-CRUZADA
EM SEGURANÇA DE UM ANTI-TNF 1-3
1
HUMIRA® (adalimumabe) – MS: 1.0553.0294. Indicações: Artrite reumatóide, Artrite psoriásica, Espondilite Anquilosante, Doença de Crohn, Psoríase em placas, Artrite Idiopática Juvenil Poliarticular. Contraindicações: pacientes com conhecida hipersensibilidade ao adalimumabe
ou quaisquer componentes da fórmula do produto. Advertências e Precauções: Infecções: foram relatadas infecções graves devido a bactérias, micobactérias, fungos, vírus, parasitas ou outras infecções oportunistas. Pacientes que desenvolvem uma infecção fúngica grave são
também advertidos a interromper o uso de bloqueadores de TNF até que a infecção seja controlada. O tratamento com HUMIRA® (adalimumabe) não deve ser iniciado ou continuado em pacientes com infecções ativas, até que as infecções estejam controladas. Recomenda-se
cautela ao uso em pacientes com histórico de infecções de repetição ou com doença de base que possa predispor o paciente a infecções. Tuberculose: foram relatados casos de tuberculose incluindo reativação e nova manifestação de tuberculose pulmonar e extrapulmonar
(disseminada). . Antes de iniciar o tratamento todos os pacientes devem ser avaliados quanto à presença de tuberculose ativa ou inativa (latente).Se a tuberculose ativa for diagnosticada, o tratamento com HUMIRA® (adalimumabe) não deve ser iniciado. Se for diagnosticada tuberculose
latente, o tratamento apropriado deve ser iniciado com profilaxia antituberculose. Reativação da Hepatite B: o uso de inibidores de TNF foi associado à reativação do vírus da hepatite B (HBV) em pacientes portadores crônicos deste vírus podendo ser fatal. Deve-se ter cautela ao
administrar inibidores de TNF em pacientes portadores do vírus da hepatite B. Eventos neurológicos: com exacerbação de sintomas e/ou evidência radiológica de doença desmielinizante, Deve-se ter cautela ao considerar o uso de HUMIRA® (adalimumabe) em pacientes com
doenças desmielinizantes do sistema nervoso periférico ou central. Malignidades: foi observado maior número de casos de linfoma entre os pacientes que receberam antagonistas de TNF. Malignidades, algumas fatais, foram relatadas entre crianças e adolescentes que foram tratados
com agentes bloqueadores de TNF. A maioria dos pacientes estava tomando concomitantemente imunossupressores. Casos muito raros de linfoma hepatoesplênico de células T, foram identificados em pacientes recebendo adalimumabe. O risco potencial com a combinação de
azatioprina ou 6-mercaptopurina e HUMIRA® (adalimumabe) deve ser cuidadosamente considerado. Alergia: durante estudos clínicos, reações alérgicas graves foram relatadas incluindo reação anafilática. Se uma reação anafilática ou outra reação alérgica grave ocorrer, a administração
de HUMIRA® (adalimumabe) deve ser interrompida imediatamente e deve-se iniciar o tratamento apropriado. Eventos hematológicos: raros relatos de pancitopenia, incluindo anemia aplástica. A descontinuação da terapia deve ser considerada em pacientes com anormalidades
hematológicas significativas confirmadas. Insuficiência cardíaca congestiva: Casos de piora da ICC também foram relatados Processos autoimunes: pode ocorrer a formação de anticorpos autoimunes. Se um paciente desenvolver sintomas que sugiram síndrome Lúpus símile, o
tratamento deve ser descontinuado. Uso em idosos: a frequência de infecções graves entre pacientes com mais de 65 anos de idade tratados com HUMIRA® (adalimumabe) foi maior do que para os sujeitos com menos de 65 anos de idade. Deve-se ter cautela quando do tratamento
de pacientes idosos. Uso na gravidez: este medicamento só deve ser usado durante a gravidez quando, na opinião do médico, os benefícios potenciais claramente justificarem os possíveis riscos ao feto. Mulheres em idade reprodutiva devem ser advertidas a não engravidar durante
o tratamento com HUMIRA® (adalimumabe). A administração de vacinas vivas em recém-nascidos expostos ao adalimumabe no útero não é recomendada por 05 meses após a última injeção de adalimumabe da mãe durante a gravidez. Este medicamento não deve ser utilizado por
mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Uso na lactação: recomenda-se decidir entre descontinuar o tratamento com HUMIRA® (adalimumabe) ou interromper o aleitamento, levando em conta a importância do medicamento para a mãe. O aleitamento não
é recomendado por pelo menos 05 meses após a última administração de HUMIRA® (adalimumabe). Interações Medicamentosas: Metotrexato: não há necessidade de ajuste de doses de nenhum dos dois medicamentos. Outras: o uso concomitante de HUMIRA® (adalimumabe)
e outros DMARDs (por exemplo, anacinra e abatacepte) não é recomendado. Vacinas vivas não devem ser administradas concomitantemente a HUMIRA® (adalimumabe). Não foram observadas interações com DMARDs (sulfassalazina, hidroxicloroquina, leflunomida e ouro parenteral),
glicocorticóides, salicilatos, antiinflamatórios não esteroidais ou analgésicos. Reações Adversas: infecções no trato respiratório, leucopenia, anemia, aumento de lipídeos, dor de cabeça, dor abdominal, náusea, vômito, elevação de enzimas hepáticas, rash, dor músculo-esquelética,
reação no local da injeção, infecções, neoplasia benigna , câncer de pele não melanoma, trombocitopenia, leucocitose, hipersensibilidade e alergia, urticária, insuficiência renal, alterações da coagulação e distúrbios hemorrágicos, teste para autoanticorpos positivo, linfoma, neoplasia de
órgãos sólidos, melanoma, púrpura trombocitopênica idiopática, arritmia, insuficiência cardíaca congestiva, oclusão arterial vascular, tromboflebite, aneurisma aórtico, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumopatia intersticial, pneumonite, pancreatite, aumento da bilirrubina, esteatose
hepática, rabdomiólise, lúpus eritematoso sistêmico, pancitopenia, esclerose múltipla, parada cardíaca, cicatrização prejudicada. Reações adversas de pós comercialização: diverticulite, linfoma hepatoesplênico de células T, leucemia, carcinoma de células de Merkel (carcinoma
neuroendócrino cutâneo), anafilaxia, sarcoidose, doenças desmielinizantes, acidente vascular cerebral, embolismo pulmonar, derrame pleural, fibrose pulmonar, perfuração intestinal, reativação da hepatite B, insuficiência hepática, vasculite cutânea, síndrome de Stevens-Johnson,
angioedema, novo aparecimento ou piora da psoríase; eritema multiforme, alopecia, síndrome lúpus símile, infarto do miocárdio, febre. Posologia: Artrite Reumatóide, Artrite Psoriásica, Espondilite Anquilosante: a dose para pacientes adultos é de 40 mg, administrados em dose única
por via subcutânea, a cada 14 dias. Doença de Crohn: início do tratamento – Semana 0: 160 mg por via subcutânea ; Semana 2: 80 mg; Manutenção do tratamento: a partir da Semana 4, 40 mg a cada 14 dias. Psoríase: para pacientes adultos é de uma dose inicial de 80 mg
por via subcutânea, seguida de doses de 40 mg administradas em semanas alternadas, começando na semana seguinte à dose inicial. Artrite idiopática juvenil poliarticular: para pacientes com idade superior a 13 anos é de 40 mg solução injetável, administrados em dose única por
via subcutânea, a cada 14 dias. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Registrado por: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda.- Rua Michigan, 735 – São Paulo – SP - CNPJ: 56.998.701/0001-16. ABBOTT CENTER: 0800 703 1050.
Assim como observado com outros antagonistas de TNF, foram relatados casos de tuberculose associados ao Humira® (adalimumabe). A administração
concomitante de antagonistas de TNF e abatacept tem sido associada a aumento do risco de infecções, incluindo infecções sérias, quando comparada a
antagonistas de TNF isolado.
Referências: 1. Burmester GR et al. Ann Rheum Dis 2012. doi:10.1136/annrheumdis-2011-201244. 2. Bula do produto HUMIRA® (adalimumabe). 3. Keystone E, Van der Heijde D, Kavanaugh A, et al. Effective Disease Control Following Up to 10 Years of Treatment with Adalimumab in Patients with Long-Standing Rheumatoid Arthritis and an Inadequate Response to Methotrexate:
Final 10 -Year Results of the DE019 Trial. Ann Rhe um Dis 2012;71(Suppl3):513.
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Reprodução proibida. Produzido em Setembro/13.
17/09/2013 16:12:03
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