ABR / MAI / JUN 2014 • No 2 • ANO XXXVIII Editorial “N Somos reumatologistas o meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho...” Ninguém disse que iria ser fácil, ou melhor, ninguém disse que deveria ser. Desafios presentes no cotidiano podem e devem servir como estímulo, favorecer ao crescimento pessoal e profissional e formar verdadeiros líderes, seja em suas casas, consultórios, hospitais, empresas ou, quem sabe, até de uma nação. Na medicina, os desafios e conquistas são diários. Escolhemos a reumatologia não somente como profissão, mas também como missão. A área de atuação é ampla e inclui gestores, professores, cientistas e médicos. Diante de desafios, bem verdade que também passamos por momentos de angústia. Por isso somos reumatologistas! Como novidade nesta edição inauguramos uma nova seção, Por que me tornei reumatologista?. Inicialmente traremos depoimentos de vários reumatologistas de todo o país e, em edições posteriores, cada um contará em mais detalhes um pouco da sua história. Não deixem de ler ainda o texto do Dr. José Marques sobre o ensino médico e a relação médico paciente, onde recorda a todos o papel do paciente como ator principal e a doença como mera coadjuvante, trazendo a autonomia do paciente como um dos referenciais bioéticos. Como utilizar toda tecnologia disponível atualmente em favor do médico e do paciente? A cada dia são lançados novos programas para smartphones e tablets e na seção Profissão reumato, texto do Dr. João Paulo mostra como estas ferramentas de apoio agregam valor ao trabalho do profissional em prol do paciente. Vamos ainda ver o que acontece no país afora com as notícias das fundações das novas regionais, destaques dos principais eventos científicos e diversas atividades na Reumatologia. Enfim, parabéns a nós todos por sermos reumatologistas. Bom proveito! Edgard Reis SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA Presidente Walber Pinto Vieira – CE Tesoureiro José Eyorand Castelo B Andrade – CE Secretário Geral Francisco José Fernandes Vieira – CE Vice-Tesoureiro José Roberto Provenza – SP 1º Secretário Lauredo Ventura Bandeira – SP Diretor Científico Mittermayer Barreto Santiago – BA 2a Secretária Rosa Maria Rodrigues Pereira – SP Presidente eleito Cesar Emile Baaklini Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94 01402-000 – São Paulo - SP – Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986 www.reumatologia.com.br @ [email protected] Coordenação editorial Edgard Torres dos Reis Neto Jornalista responsável Maria Teresa Marques Editores Tania Caroline Monteiro de Castro Frederico Augusto Gurgel Pinheiro Layout Sergio Brito Colaborador Plinio José do Amaral Impressão Sistema Gráfico SJS Representante junto à Panlar Adil Muhib Samara – SP Antonio Carlos Ximenes – GO Fernando Neubarth – RS Maria Amazile Ferreira Toscano – SC Representante junto ao Ministério da Saúde Ana Patrícia de Paula – DF Mário Soares Ferreira – DF Representante junto à AMB Eduardo de Souza Meirelles – SP Gustavo de Paiva Costa – DF Morton A Scheinberg – SP 4 O melhor do Brasil 7 Agenda 8 Notas 9 Reumato.com 10SBR.doc 12Matéria de capa 16Profissão Reumato 17Foco em 18Rheuma & Ethos 20 Coluna Seda 22Além da Reumatologia ÍNDICE Diretoria Executiva da SBR – Biênio 2012-2014 Índice Tiragem: 2.000 exemplares BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 3 O melhor do Brasil Notícias das regionais XX ERA recebe participantes de todo o país F oi realizado em São Paulo, entre os dias 27 e 29 de março de 2014, o XX ERA – Encontro de Reumatologia Avançada. Promovido pela Sociedade Paulista de Reumatologia, o evento contou com mais de 500 inscritos de todo o país. A programação deste ano contemplou diversos temas, expondo a produção científica de ponta realizada nos serviços de reumatologia do Estado de São Paulo e a interação destes novos conhecimentos com a prática clínica. Objetivando oferecer palestras de inquestionável qualidade e alto nível, o presidente da Sociedade Paulista de Reumatologia, dr. Dawton Y. Torigoe, e sua comissão científica reuniram grandes nomes da reumatologia brasileira. Também foram convidados os doutores Doruk Erkan (Cornell University) e Yusuf Yazici (New York University), nomes de expressão internacional, reconhecidos em nosso meio. Durante o curso pré-congresso, especialistas de outras áreas abordaram com profundidade dois temas de grande relevância clínica: manifestações oculares nas doenças reumáticas e polineuropatias periféricas. O atual presidente e o presidente eleito (gestão 2014-2016) da Sociedade Brasileira de Reumatologia, doutores Walber Pinto Vieira e Cesar Emile Baaklini, prestigiaram o evento. Visão geral da plateia durante o XX ERA. Residência tem início em Sergipe 4 Este ano marca o início das atividades da residência médica em Reumatologia na Universidade Federal de Sergipe. Está à frente como supervisor o dr. José Caetano Macieira e como coordenadora a dra. Regina Adalva de Lucena Couto. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Evento destaca 40 anos da Disciplina de Reumatologia da Unifesp/EPM D o dia 10 a 13 de abril de 2014 aconteceu no Hotel Blue Mountain em Campos do Jordão (SP) a tradicional Reciclagem da Disciplina de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo/Unifesp, que marcou o aniversário de 40 anos da Disciplina. O programa científico do evento foi cuidadosamente preparado para integrar conhecimentos e aglutinar experiências e amizades. Ao todo, foram 120 participantes das cinco regiões do país, incluindo docentes, médicos assistentes, residentes e pós-graduandos em forma- ção ou que já estiveram na disciplina. O tema escolhido foi O Dia a Dia do Reumatologista, com uma abordagem essencialmente prática e discussão dos assuntos mais relevantes da reumatologia atual. No mesmo formato das reuniões clínicas que acontecem todas as quintas-feiras no tradicional anfiteatro da Disciplina, a reciclagem rememorou onde tudo começou, ressaltando a importância do fundador da Disciplina, o prof. dr. Edgard Atra. Destaque ainda para vídeo em que, além de depoimentos de todos os membros da disciplina, 120 profissionais das cinco regiões do país participaram do evento. houve emocionante relato da sra. Vilma Atra, viúva do prof. Edgard Atra (site: http://www.reciclagemreumatounifesp. com.br). Além das aulas e discussões, o “Encontro com o professor”, em que o participante pôde discutir casos e condutas da sua prática clínica diária, foi um dos momentos mais aplaudidos. Diversão também não faltou com a gincana Alz-Rheumer, jogo de memórias e curiosidades sobre o passado, presente e futuro da reumatologia. Parabéns à disciplina de Reumatologia da Unifesp pelos seus 40 anos! Pioneiro no Norte-Nordeste é Panamerican Master of Rheumatology Walber Pinto Vieira, presidente da SBR; Geraldo S. Gonçalves e seu filho José Eduardo de C. Gonçalves. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Congratulações ao dr. Geraldo Wilson da Silveira Gonçalves, pioneiro da Reumatologia no Norte-Nordeste do Brasil, que foi outorgado com o merecido título de Panamerican Master of Rheumatology. 5 O melhor do Brasil Notícias das regionais Boas-vindas às novas sociedades locais D entro dos objetivos da nova gestão da nossa sociedade de que todos os Estados brasileiros tenham uma regional, é com prazer que a SBR comunica a criação das sociedades de reumatologia nos Estados de Rondônia, Tocantins e Amapá. Damos as boas-vindas a essas entidades, que muito irão contribuir para o desenvolvimento de nossa atividade e sua divulgação para a população em geral. • Sociedade de • Sociedade de • Sociedade Reumatologia de Reumatologia do Amapaense de Rondônia (SRR) Tocantins (Soreto) Reumatologia (SAR) Criada em novembro Criada em setembro de Criada em fevereiro de de 2013, a entidade 2013, a entidade tem 2014, a entidade tem tem a presidência do como presidente a dra. como presidente o dr. dr. Liszt Jonney Silva Daniela Japiassú. Alessandro Pinheiro. dos Santos. Presidente da SBR fala sobre regionais A criação de três sociedades locais de Reumatologia em 2013 veio ao encontro do que pretendia o atual presidente da SBR, dr. Walber Pinto Vieira, que já em sua campanha anunciou que faria especial esforço para ampliar o número dessas entidades. Em entrevista ao Boletim, dr. Walber explica em detalhes o que representa a criação das sociedades e a importância dessas entidades para a SBR e a Reumatologia no Brasil: O que representam as regionais como elo que são da SBR? As regionais constituem a ligação entre a entidade-mãe SBR e as afiliadas. Representam a SBR em cada Estado e lutam pelos direitos e deveres e comportamento ético dos seus associados. Quais seriam as principais contribuições destas entidades? Todos os presidentes das regionais são vice-presidentes da SBR. Sendo assim, representam a nossa entidade maior em cada Estado. Promovem reuniões cientificas, simpósios, encontros regionais, jornadas, contribuem decisivamente para maior divulgação da especialidade, lutando pelos direitos dos seus associados e por maior visibilidade da Reumatologia. Como a SBR pode incentivar, apoiar a criação de sociedades pelo Brasil? Da mesma maneira como fizemos com a fundação das regionais Tocantins, Rondônia e Amapá. Alem de incentivar e apoiar os reumatologistas do local, contamos com a valiosa e inestimável ajuda do dr. Fernando Lira, que foi o grande agregador e elo da criação dessas regionais. É necessário que tenhamos alguém da região que se disponha a ajudar e que tenha bom trânsito entre os reumatologistas locais. Em sua visão a expansão das regionais ainda tem grande potencial? Não. Fundamos as regionais de Tocantins, Rondônia e Amapá e agora em setembro fundaremos a do Acre. Restará somente a de Roraima, em cuja fundação o dr. César Baaklini já está empenhado. Como presidente da SBR, que mensagem o sr. mandaria para as regionais do Brasil? Quanto mais unidos formos, mais nossa especialidade se expandirá e ocupará o lugar de destaque no cenário das especialidades médicas do Brasil como já acontece. Errata - Na edição anterior do boletim da SBR, de março/2014, na seção O Melhor do Brasil, foi citado que a Sociedade Catarinense de Reumatologia tinha sido recém-criada. A entidade existe desde 6 de maio de 1981. No mesmo texto, foi ainda informado que a assembleia de eleição da nova diretoria da sociedade ocorreu à noite, quando na realidade aconteceu no período da tarde. 6 Nova entidade começou em conversas na cidade de Palmas A criação da Sociedade de Reumatologia de Rondônia (SRR), em novembro de 2013, teve a iniciativa dos drs. Walber Pinto Vieira e Fernando Sergio Lira Neto, quando em setembro de 2013, em evento científico realizado na cidade de Palmas (TO), foram iniciados os contatos com outros colegas de Rondônia para mostrar o desejo de nosso presidente em mais uma vez ampliar as fronteiras da Reumatologia para este Estado da região Norte. Com a I Jornada de Reumatologia de Rondônia organizada pelo dr. Liszt Jonney, foi realizado o termo de posse da nova diretoria, em 9/11/2013, para o biênio 2014-2016: Dr. Liszt Jonney Santos, presidente; dr. Gentil de Lima Mauro Filho, vice-presidente; dr. Hernan Tames Reinaga, tesoureiro, dra. Araceli dos Santos Brito, secretária-geral; dr. Geraldo Migliorini Pires de Campos, diretor-científico e dr. Cristiano Carranza Fernandes, conselheiro fiscal. Este ano, a sociedade está particularmente envolvida na preparação da II Jornada de Reumatologia de Rondônia, a ser realizada nos dias 19 e 20 de setembro de 2014. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 O melhor do Brasil Notícias das regionais Jornada: sessões de casos clínicos foram muito elogiadas. Segurança em reumatologia foi o tema da XXII Jornada Norte Nordeste E ntre os dias 1 e 3 de maio de 2014, São Luís (MA) foi sede da XXII Jornada Norte Nordeste de Reumatologia, realizada no Hotel Luzeiros, tendo como presidente o dr. José Mauro Fernandes. Com cerca de 90% dos palestrantes das regiões Norte e Nordeste, o tema central foi Segurança em Reumatologia, muito debatido durante os dias do evento. Estiveram presentes mais de 250 congressistas inscritos e 40 convidados. As aulas foram sempre seguidas de discussões e debates importantes. As sessões de casos Agenda clínicos, marca registrada nos últimos eventos regionais, foram bastante elogiadas. A festa de encerramento contou com a presença do grupo local de bumba meu boi e a banda Panda S.A., que fez os participantes dançarem durante três horas de animação. Esperamos que todos tenham aproveitado ao máximo tudo o que pudemos oferecer do ponto de vista científico e cultural. Comissão Organizadora da XXII JNNE 2014 www.reumatologia.com.br EVENTOS INTERNACIONAIS EVENTOS NACIONAIS XIX JORNADA CONE SUL DE REUMATOLOGIA Data: 31/07/2014 até 02/08/2014 Local: Serrano Resort Convenções & Spa Gramado (RS) Website: http://www.conesul2014.com.br/ XXXI SBR 2014 CONGRESSO BRASILEIRO DE REUMATOLOGIA Data: 01/10/2014 até 04/10/2014 Telefone: (031) 3247-1613 Local: Belo Horizonte /MG Website: http://www.reumato2014.com.br/ index.php BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 EUROPEAN CONGRESS OF RHEUMATOLOGY / EULAR 2014 Data: 11/06/2014 a 14/06/2014 Local: Paris / França Website: http://www.eular.org/ THE 12TH INTERNATIONAL WORKSHOP ON AUTOIMMUNITY AND AUTOANTIBODIES - IWAA 2014 Data: 28/08/2014 até 30/08/2014 Local: São Paulo /SP Website: http://www.iwaa2014.org.br/ index.html AMERICAN CONGRESS OF RHEUMATOLOGY / ACR 2014 Data: 14/11/2014 a 19/11/2014 Local: Boston, MA / Estados Unidos Website: http://www.eular.org/ 7 Notas Panlar faz 70 anos Entrega do prêmio Master Panlar 2014: dr. John Reivelle, EUA, presidente Panlar 2014; dr. Antonio Carlos Ximenes, Brasil, que recebeu o prêmio; e dr. Carlos Pineda, México, presidente Panlar 2014/2016. A Panlar representa no continente americano a integração e união de toda a reumatologia nas três Américas. Fundada em 31 de maio de 1944, o seu crescimento e desenvolvimento têm se tornado possíveis em função do pleno cumprimento de seus objetivos, desenhados por seus fundadores. A Panlar tem procurado, como liga de associações médicas, atender ao crescimento técnico, científico, administrativo e ético como definido por seus fundadores, entre eles os drs. Anibal Ruiz Moreno, Ralph Pemberton, Fernando Herrera Ramos e Richard Fryberg. A reumatologia do continente americano por meio da Panlar e amparada em suas 21 sociedades nacionais tem oferecido ao mundo científico grandes conquistas como o Prêmio Nobel de Medicina em 1949, ganho por um reumatologista americano, dr. Philip Hench, com a descoberta da cortisona no tratamento da artrite reumatoide. Outras conquistas foram obtidas com a imunogenética através do sistema HLA, tentando decifrar os mecanismos das doenças autoimunes inflamatórias do aparelho locomotor, incluindo as articulares, explicando a patogenia e os critérios de diagnóstico, e também nos avanços terapêuticos com a descoberta da terapia biológica. O futuro Estamos na transição 2012/2014 na melhor identificação desta forte e unida reumatologia em todo o continente americano. Recentemente, em Punta del Este, Uruguai,de 18 a 22 de março de 2014 foi realizado o XXIX Congresso Panlar em que se comemoraram os 70 anos de sua fundação. Magnífico congresso com 1.500 inscritos e a presença de representantes de 51 países. Total integração da reumatologia do continente americano incluindo as três Américas. O objetivo principal em todo o congresso foi e será uma Panlar fortalecida e unida. Vamos adiante com o planejamento Panlar porque o trabalho é muito e os trabalhadores são poucos. Finalizando, repetimos as palavras de Anibal Ruiz Moreno expressas em 1942: “É necessário unir a América se queremos realizar algo em Reumatologia”. Saudações Antonio Carlos Ximenes - Presidente Panlar 2010-2012 Lúpus e fibromialgia em data especial Participantes de ação dedicada ao atendimento de pacientes com lúpus ou fibromialgia. 8 A Associação Brasileira “Superando o Lúpus” e o Grupo de Pacientes Artríticos de São Paulo - Grupasp, proporcionaram no dia 10 de maio de 2014, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, um dia diferente, com muita informação, orientação e apoio às pessoas que convivem com doenças reumáticas, em especial lúpus eritematoso sistêmico e fibromialgia. Estiveram presentes reumatologistas,dentistas e terapeutas para palestras e orientações, sempre visando ao acolhimento, bem-estar e à qualidade de vida de todos os pacientes com doenças reumáticas. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Reumato.com Convidamos os reumatologistas a acessarem o portal da SBR - http://www.reumatologia.com.br - , em que vários temas de interesse da área estão à disposição para consulta. NOTÍCIAS Prêmio Panlar em Reumatologia 2014 A Liga Panamericana de Associações de Reumatología (Panlar) convida os reumatologistas latino-americanos a apresentar seus trabalhos de pesquisa para candidatar-se ao prêmio. O prazo para envio de documentação termina em 8/8/2014. Saiba mais: http://www.reumatologia.com.br/index. asp?Perfil=&Menu=DoencasOrientacoes &Pagina=noticias/in_noticias_resultados. asp&IDNoticia=284 Musculoesquelético é novo livro da Série CBR O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem lança a obra, de autores nacionais, que aborda os métodos de imagem para diagnóstico das doenças do sistema musculoesquelético. Saiba mais: http://www.reumatologia.com.br/index.asp?Perfil=&Menu=DoencasOrient acoes&Pagina=noticias/in_noticias_resultados.asp&IDNoticia=288 Caixa de Remédios organiza consumo de medicamentos Antes de descrever o programa, gostaríamos de agra­ decer à Ana Maria Salvatore (secretária-executiva da Sociedade Brasileira de Reumatologia) pela excelente dica. Trata-se de um aplicativo desenvolvido pela empresa Ambiente Medicamento, que tem como diretor o dr. Antônio Carlos Zanini, médico farmacologista, professor da Faculdade de Medicina da USP. A Caixa de Remédios, como o próprio nome sugere, foi planejada para organizar e ajudar a lembrar de todos os medicamentos utilizados no dia a dia. Estima-se que em torno de 50 milhões de brasileiros são portadores de doenças crônicas e certamente a adesão é fundamental para uma boa resposta ao tratamento. O programa, além de montar um cronograma de uso, possibilita ao paciente ter à disposição uma ampla gama de funcionalidades, como a identificação do medicamento, utilizando a câmera fotográfica como leitor de código de barras; pesquisa de preços entre farmácias; registro do histórico de uso; envio de lembretes para uso das medicações; conhecer a fórmula do produto; dispor de informações sobre uso na gestação e na pediatria; BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Saiba mais: https://play.google.com/ store/apps/details?id=br.com. caixaderemedios&hl=pt_BR sobre a existência de interação com alimentos; dicas de administração para melhor efetividade, dentre outros serviços. Além do uso pessoal, poderão ser adicionados os medicamentos de outrem, algo formidável para quem exerce o papel de cuidador, cabendo salientar que, se for necessário lembrá-lo à distância, o aplicativo permite o envio de mensagens gratuitas. O professor Antônio Carlos Zanini está de parabéns pela excelente iniciativa, que certamente merece ampla divulgação para melhorarmos a saúde da população brasileira. 9 SBR.doc Interrupção da Fase 3 do Copcord-Brazco A pós um período de grande expectativa pelos resultados do Projeto Copcord-Brazco, infelizmente, informamos que a fase 3 do Copcord-Brazco teve que ser interrompida. Apesar do esforço dos coordenadores e participantes de todos os centros, houve grande dificuldade para a continuidade do projeto, pela falta do entrevistado à consulta médica. Nesta fase, os entrevistados que apresentaram queixas musculoesqueléticas não relacionadas ao trauma e 10% daqueles sem queixas de cada uma das 16 capitais incluídas no projeto deveriam ser contatados e agendada uma avaliação por um reumatologista treinado. A tentativa de contato para o agendamento foi feita exaustivamente, tanto pelo pesquisador, como pela empresa Foco Pesquisa, contratada para este fim. Apesar de as consultas serem previamente agendadas e muitas vezes lembradas através de mensagem de texto, houve um grande número de ausências, fazendo com que, nos diversos centros, médicos reumatologistas ficassem à disposição para cobrir o período das consultas agendadas e, ao final, atendessem somente alguns indivíduos. Do total de 1.972 indivíduos com queixa não relacionada ao trauma e 248 pacientes sem queixas por ocasião das fases 1 e 2, a Foco Pesquisa conseguiu contato telefônico com 76,8%. Não foi possível o contato com 23,2%, e 0,5% haviam falecido. Dentre os indivíduos que foram contatados, apenas 59,4% aceitaram continuar no estudo, sendo agendada a consulta médica. Entretanto, do total de indivíduos com consultas agendadas, apenas 208 (28,4%) compareceram à consulta e 439 (71,6%) faltaram. Várias tentativas de reagendamento das consultas foram feitas, porém, sem sucesso. Desinteresse Um dos principais motivos encontrados pela maioria dos pesquisadores e pela empresa responsável pela marcação das consultas foi o desinteresse dos participantes em passar na consulta médica, pois em muitos as queixas haviam ocorrido no passado e no momento estavam assintomáticos ou já estavam em tratamento ou alegaram não ter disponibilidade de tempo. Imaginávamos que teríamos dificuldades, em parte, pelo grande intervalo entre a aplicação dos questionários e o exame dos queixosos. Estávamos cientes de que os casos com queixa 10 aguda e limitada seriam perdidos, mas a insistência em fazer o estudo foi para tentarmos conhecer, pelo menos, a prevalência das doenças reumáticas crônicas, em que o intervalo de tempo entre a aplicação do questionário e o exame pelo médico teria menor impacto. Não tínhamos ideia da falta de vontade e interesse dos participantes em colaborar com este tipo de estudo. Em reunião da equipe central foi consenso que deveríamos ter pelo menos 75% dos indivíduos com queixa examinados para ter um mínimo de confiabilidade e verificamos assim a inviabilidade do estudo, considerando que após mais de três meses do início da fase 3 tínhamos uma grande percentagem de falta às consultas agendadas. Apesar do anseio dos reumatologistas de todo o Brasil em conhecer a prevalência das doenças reumáticas crônicas em nosso meio, e do grande empenho dos pesquisadores de cada um dos centros participantes, em reunião do Conselho do Fundo de Apoio à Pesquisa da SBR foi apresentado o problema e justificada a inviabilidade do estudo, sendo decidida a interrupção do projeto. Resultados Nem todos os dados serão perdidos. Temos os resultados das fases 1 e 2 do Copcord-Brazco que serão publicados para o conhecimento de todos, principalmente no que se refere à presença de queixas musculoesqueléticas, qualidade de vida, uso de algumas medicações e capacidade funcional, com avaliação de uma amostra de 5 mil indivíduos, com boa representatividade da população das cinco grandes regiões do Brasil. Agradecemos imensamente o empenho e a dedicação de todos os que participaram direta ou indiretamente do projeto e, também, àqueles que compreenderam a importância de um estudo epidemiológico sobre as doenças reumáticas em nosso país. Não deveremos esmorecer, mas fortalecer a vontade de continuar lutando para que novos estudos sejam realizados. É muito importante a existência de dados nacionais, para melhor alocação de recursos humanos e financeiros, a fim de se obter os melhores resultados no tratamento desses pacientes. Atenciosamente Coordenadores do Copcord-Brazco. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Aos novos colegas Reumatologistas Em nome da Comissão de Título de Especialista e da diretoria da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), desejamos a todos os(as) colegas aprovados (as) na Prova de Título de Especialista uma carreira brilhante e de muito sucesso! S abemos que o aprendizado baseado na prática, que caracteriza a residência médica ou o curso de especialização em Reumatologia, que a maioria dos srs(as) finalizaram recentemente, traz a inquietação de saber se estamos aptos para a prática da especialidade, sem o apoio dos supervisores/preceptores/professores. A aprovação na prova atesta que estão habilitados, que os srs(as) têm o rol de conhecimentos que os capacitam a exercer a Reumatologia em sua plenitude. Congratulações por mais essa conquista e sejam bem-vindos à grande família que é a SBR. Que sejamos bons médicos, cientes das responsabilidades e que possamos contribuir para a melhoria da saúde da população brasileira. O sucesso é o fruto do nosso trabalho, nossa dedicação e constante atualização profissional. A medicina é uma das áreas da ciência em que o conhecimento se renova rápida e continuamente e, por isso, devemos manter a atualização constante de nossos conhecimentos. A educação continuada é fundamental e esperamos que este seja apenas o início de uma vida de trabalho e aperfeiçoamento contínuo, coroado de satisfação e sucesso. Parabéns a todos e um grande abraço! Profa. dra. Emilia Inoue Sato Presidente da Comissão de T.E. da SBR Dr. Walber Pinto Vieira Presidente da SBR Lista dos aprovados na prova de TE em Reumatologia (São Paulo, 14 a 15/03/2014) ALEX ROCHA BERNARDES DA SILVA ALEXANDRE DA ROCHA PEREIRA ALINE CAVALCANTE SILVA CARDOZO ANA PAULA CARNEIRO ZOIA BRUNA SAVIOLI LOPEZ FERNANDEZ CAMILA DE OLIVEIRA TREVISAN CARLA OLIVEIRA MONTEIRO DA COSTA LIMA CAROLINA SILVA PASSOS CABRAL MOLETA CLAUDINE PREDEBON MORSCH DANIEL COSTA DISCACCIATI DEBORAH NEGRAO GONÇALO DIAS DENISE DE FATIMA FORTESKI DEONILSON GHIZONI SCHMOELLER EDUARDO KNOP ELAINE TEIXEIRA FERNANDES ELIANE SAYURI YAMADA ELISA BERTOLACE DE OLIVEIRA ELOIZA PONTES SARDI MARCOLIN FLAVIA ZON PRETTI GABRIELA ANDRADE OLIVEIRA PENA CRUZ GABRIELA ARAUJO MUNHOZ GEORGEA HERMOGENES FERNANDES GUSTAVO BRAGA HALLAIS FRANÇA HENRIQUE PEREIRA SAMPAIO IGOR ALMONFREY DA SILVA IVAN LUCIO DA SILVEIRA JOICE MORAES FARIA MONTEIRO BELEM JULIANA MIRANDA LUCENA VALIM KARINE KEFLER FERREIRA KETTY LYSIE LIBARDI LIRA MACHADO LAIZA HOMBRE DIAS LENITA ADRIANA MAZZI LUCIANA RODRIGUES DE ALENCAR LUCIANA SILVEIRA JESUINO E SILVA LUIZ EUGENIO DE ALMEIDA PINTO MARIANA GOMES DA CUNHA MARILIA DO SOCORRO DOS SANTOS CAMPOS MARINA VILELA DE ANDRADE DA SILVA COSTA MARLISE SITIMA MENDES SIMÕES MICHELLE ABU KAMEL ANDRADE COSTA MICHELLE ALENCAR PEREIRA MICHELLE REMIAO UGOLINI MIRIAM KUSTER HUBER MONICA LOSILLA DE CALASANS NATHALIA DE CARVALHO SACILOTTO NUBIA BORGES GOULART PATRICIA YUKA OKAMURA PEDRO ANTONIO RAMON HADDAD PRISCILA VARANDA PEREIRA ROBERTA DE MORAES LUZ REIS ROBERTO HAENDCHEN BENTO RODRIGO BALBINO CHAVES AMORIM RONALDO NUNES GODINHO RUBIA CARLA MAIONI XAVIER THAUANA LUIZA DE OLIVEIRA THAYS ZANON CASAGRANDE THIAGO COSTA PAMPLONA DA SILVA TOME GUSTAVO MARQUES DE SOUZA VALQUIRIA GARCIA DINIS VIVIAN PALMA ARTISSIAN YANNE SANTOS MONTINO BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 SBR pede apoio de professores para diálogo com estudantes Caros professores e doutores, a SBR tem forte interesse em falar com os estudantes de Medicina pelos canais que eles leem. Em conversa com membros de Comissões da SBR, a nossa área de comunicação apontou que, para que isso aconteça, seria importante o apoio para termos acesso aos jornais e revistas que são produzidos nas faculdades de Medicina e que só circulam nos ambientes acadêmicos. Assim, somente pelos doutores e professores poderemos ter acesso a esses materiais. A SBR quer falar com os editores desses veículos, que publicam matérias de interesse dos estudantes, a fim de sugerirmos pautas de nossa especialidade com notícias e entrevistas com reumatologistas. Os senhores poderiam nos auxiliar? É só encaminhar os jornais/revistas para a sede da SBR (Av. Brig. Luís Antônio, 2.466 conjs. 93-94 CEP 01402-000 - São Paulo – SP). Assessoria de Imprensa da Sociedade Brasileira de Reumatologia 11 Capa Por que me tornei r Afinal, o que somos, porque o somos e para onde vamos? Dr. Edgard Reis Reumatologista; doutor em Ciências da Saúde aplicadas à Reumatologia pela Unifesp; editor do Boletim da SBR O s motivos pelos quais nos tornamos o que somos são diversos. Histórias de vida, experiências pessoais e familiares, exemplos de profissionais e seres humanos que admiramos e conquistas e derrotas nos levam a realizar escolhas ao longo da vida. Ainda bem que somos diferentes e temos pensamentos distintos. Isso faz cada um de nós ser único. Alguns cientistas, outros professores, gestores e administradores e, muitos, médicos. Quando nos tornamos reumatologistas, assim o foi por opção. Muitos fatos da humanidade podem ser contados pela medicina (sugiro a leitura do livro “A História da Medicina do século XX pelas descobertas da Medicina”, “ O reumatologista é o profissional em íntimo contato com várias especialidades clínicas, tendo na sua formação uma boa anamnese e um bom exame clínico como primordiais para o sucesso do diagnóstico e tratamento.” 12 de Stefan Cunha Ujvari e Tarso Adoni), porém, podemos ser os autores da nossa própria história. Vivemos em um país de dimensões continentais com aproximadamente 200 milhões de habitantes. Em 2011, segundo o Conselho Federal de Medicina, havia 1,95 médicos para cada mil habitantes. Enquanto o aumento populacional no país foi de 104,8% desde 1970, o incremento no número de médicos foi de 530%. A região Sudeste tem a melhor relação com 2,61 médicos por mil habitantes, apresentando a cidade de São Paulo com 4,33 médicos por mil habitantes. A região Norte tem a pior relação, com apenas 0,98. Observamos que a concentração dos médicos tende a ser maior nos grandes centros urbanos e polos econômicos, onde não apenas se encontram maiores ofertas de trabalho, como também, provavelmente, melhores condições de exercê-lo. Ou seja, precisa- mos de políticas públicas que favoreçam ao médico se estabelecer no Sistema Único de Saúde (SUS) e em áreas mais carentes do país. O SUS, definido por muitos como um dos melhores sistemas de saúde já elaborados e implementados, na prática não tem funcionado bem. Em 2011, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil gastou US$ 477 per capita em saúde, menos que o Uruguai (US$ 817,8) e a Argentina (US$ 869,4) e quase seis vezes menos do que o Reino Unido (US$ 2.747), cujo sistema de saúde é tido como referência. Além da falta de recursos, a gestão é ineficiente. No sistema suplementar, a baixa remuneração do profissional ainda é uma realidade e frequentemente também nos deparamos com usuários desamparados desse sistema. Pacientes do SUS têm quatro vezes menos médicos do que aqueles do setor privado. Programas de A opção foi a reumatologia As razões são as mais diversas e incluem atração pelos aspectos clínicos, experiências pessoais, de convivência e até por absoluta casualidade. Veja o que dizem vários profissionais que tomaram o caminho da Reumatologia. Dr. Walber Pinto Vieira – presidente da SBR “A reumatologia é a especialidade que mais se relaciona com as outras especialidades médicas, portanto quem gosta de medicina interna e quem é internista escolhe naturalmente a Reumatologia como sua especialidade preferida.” Dr. Fernando Neubarth – médico em Porto Alegre; ex-presidente da SBR (2006-2008) “Medicina e, em particular a Reumatologia, não são escolhas determinadas pela equação custo-benefício. Gravitam na órbita do que chamamos vocação. A rica plêiade de situações clínicas, sinais, sintomas, permitem o exercício de hipóteses na revelação de mistérios. Além do sublime desempenho do cuidado, há o prazer no desafio do diagnóstico. Se tal qual seu autor, Conan Doyle, Sherlock Holmes fosse médico, teria se tornado reumatologista.” BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 i reumatologista? o saúde pública recentemente implementados provavelmente não resolverão o problema que, caso fosse enfrentado com seriedade e serenidade, exigiria discussão com os profissionais envolvidos, compromisso e investimento. Em época de descrença do profissional médico por muitos, poderíamos continuar um texto com as dificuldades, percalços, pontos negativos da profissão e especialidade que escolhemos: programa Mais Médicos, baixa remuneração, carga horária excessiva, grande número de pacientes atendidos por período, deficiência estrutural e organizacional dos sistemas públicos e privados de saúde são apenas alguns pontos a serem citados. Porém, por que devemos insistir? Por que não enxergar o lado digno, humano e desafiador que nos levou a essa escolha? Sim, ele existe! Os motivos são infinitos, e cabe a cada um de nós encontrar e resgatar o que nos levou a essa escolha. >> Dra. Fernanda Barros Bittar – médica residente em Reumatologia da Unifesp “A possibilidade de caminhar entre as diversas áreas da clínica médica e o amplo mundo dos diagnósticos diferenciais, ao mesmo tempo podendo trabalhar com o aparelho locomotor em suas amplas faces, foram as razões que me levaram à Reumatologia.” Dra. Thauana Luíza de Oliveira – médica reumatologista, pós-graduanda da Disciplina de Reumatologia da Unifesp “Escolhi a Reumatologia como especialidade motivada pelos casos de difícil diagnóstico, pelas etiopatogenias pouco esclarecidas e pelos tratamentos cujos mecanismos de ação eram tão fascinantes. Contribuiu também o fato de não haver grande número desses profissionais no mercado de trabalho.” BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Dra. Sandra Watanabe – médica reumatologista, editora da Revista Paulista de Reumatologia “Na primeira aula o professor disse: ‘Hoje vou lhes apresentar a Reumatologia, uma especialidade essencialmente clínica’. Segui seu exemplo e me apaixonei pela área. Professores ensinam, mas grandes mestres nos guiam. Presto aqui minha homenagem: ao mestre, prof. Luiz Carlos Lucio Carvalho, com carinho”. Profa. dra. Emília Inoue Sato – professora titular de Reumatologia da Unifesp; ex-presidente da SBR 1999 - 2000 “Escolhi a Reumatologia por dois motivos: um pessoal por ter tido uma irmã com LES desde a adolescência; e outro porque a Reumatologia é uma das especialidades clínicas mais abrangentes. Queria uma especialidade em que pudesse continuar a atuar como médica clínica, o que ocorre principalmente no atendimento a pacientes com doenças reumáticas autoimunes.” 13 Capa POR QUE ME TORNEI REUMATOLOGISTA? Prof. dr. Geraldo Castelar – professor associado da Disciplina de Reumatologia da Uerj; ex-presidente da SBR 2010 - 2012 “Filho de médicos, desde cedo, decidi-me pela profissão dos meus pais. Embora muito influenciado pela dedicação que minha mãe tinha para com seus pacientes, o convívio com o meu pai no serviço de reumatologia do Hospital de Bonsucesso e nos eventos da SSRJ e da SBR acabaram seduzindo-me à nossa especialidade.” 14 Número de reumatologistas aprovados no título de especialista pela SBR de 1990 a 2014 80 70 60 50 40 30 20 10 0 9 19 0 9 19 1 9 19 2 9 19 3 9 19 4 9 19 5 9 19 6 9 19 7 9 19 8 9 20 9 0 20 0 0 20 1 0 20 2 0 20 3 0 20 4 0 20 5 0 20 6 0 20 7 0 20 8 0 20 9 1 20 0 1 20 1 1 20 2 1 20 3 14 Rumo certo Muitos são os motivos que nos levam a crer que, apesar das pedras no meio do caminho, estamos no rumo certo e temos muito a fazer. Seja pela ciência, busca por novos conhecimentos, altruísmo, amor ao próximo ou pelos desafios diários enfrentados, ainda vale a pena exercer esta profissão milenar que mistura ciência, arte e humanidade. A profissão de médico ainda é hoje uma das mais confiáveis pela população, ao lado de bombeiros, professores e carteiros. Voltando à reumatologia, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) conta atualmente com 2284 sócios, sendo destes 1.585 ativos. Desde o ano de 1990, tem havido aumento no número de profissionais com título de especialista da SBR, o que demonstra cada vez mais a importância e o interesse pela especialidade (Veja gráico). Em eventos científicos, discussões e temas relevantes como a descoberta de novas moléculas ou de métodos diagnósticos e de tratamentos direcionados contra moléculas ou substâncias específi- 19 >> Prof. dra. Angela Luzia Branco Pinto Duarte – professora titular de Reumatologia da UFPE. Prof. dra. Eloísa Bonfá – professora titular de Reumatologia da USP Prof. dr. Claudio A. Len – reumatologista pediátrico, professor-adjunto Livre-Docente do Departamento de Pediatria da Unifesp “Em 1974, no sétimo período da faculdade, iniciei na clínica médica. Era a primeira turma a ter reumatologia na UFPE. Fiquei fascinada, procurei o professor Geraldo Gomes, queria saber como fazer para ser reumatologista. Ele respondeu: ‘Estude o Rotés-Querol e então volte para conversarmos’. Tinha feito a minha escolha: Reumatologia.” “Eu me tornei reumatologista porque gostava muito de clínica e, entre todas as especialidades médicas, esta foi para mim a mais abrangente e desafiadora. Vislumbrar um futuro de compreender e modular o sistema imune também foi outro aspecto que me encantou. Não imaginava, no entanto, os imensos avanços que conseguimos hoje!” “Oportunidade e desafio foram os combustíveis da escolha. Na tentativa de retribuir o que recebi ao longo da vida, fundei com colegas e amigos a ONG Acredite – Amigos da Criança com Reumatismo, que atualmente dá suporte ao tratamento de mais de 1.200 crianças no Hospital São Paulo. Assim, pude materializar o sonho de contribuir efetivamente para uma melhora na qualidade de vida de centenas de famílias de pacientes com doenças reumáticas.” BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 e s cas do sistema imune surgem a cada ano. Além disso, reumatologistas brasileiros são cada vez mais reconhecidos internacionalmente seja como médicos ou por sua produção científica. A estrada é árdua. Para tornar-se reumatologista, são necessários seis anos de faculdade de Medicina, dois anos de residência em clínica médica e mais dois anos de residência em reumatologia. Para reumatologia pediátrica são necessários dois anos de residência em pediatria e dois anos em reumatologia pediátrica. Entretanto, vários fatores contribuem para o maior interesse na reumatologia. Trata-se de ciência cercada por incertezas com amplo campo de pesquisa. Existem mais de cem doenças reumáticas descritas atualmente, envolvendo doenças do aparelho locomotor, metabólicas, inflamatórias, infecciosas e do sistema imune. O reumatologista é o profissional em íntimo contato com várias especialidades clínicas, tendo na sua formação uma boa anamnese e bom exame clínico como primordiais para o sucesso do diagnóstico e tratamento. Dr. Diogo Domiciano – médico reumatologista, assistente da Disciplina de Reumatologia da USP “O que me atraiu na Reumatologia foi a natureza ‘sistêmica’ das doenças, uma especialidade que abrange aspectos de todas as especialidades clínicas. Um bom reumatologista é um excelente clínico. Assim, a diversidade que me encantou na clínica médica eu encontrei em uma única especialidade.” “ Os motivos são infinitos, e cabe a cada um de nós encontrar e resgatar o que nos levou a esta escolha.” Segundo a Declaração de Edimburgo, 1988, “Cada paciente deve poder encontrar, no médico, o ouvinte atento, o observador cuidadoso, o interlocutor sensível e o clínico competente”. Compartilhar conhecimentos, capacidade de tomada de decisão e trabalho em equipe multidisciplinar (biomédicos, biólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, nutricionistas, psicólogos, etc) são essenciais. Médico “de verdade” Entretanto, não são apenas as doenças que atraem o reumatologista. Ser reumatologista também significa sentir-se médico “de verdade”, aquele que entra em contato com o paciente antes mesmo de conhecer a doença. Trata, na sua grande maioria, de doenças crônicas Prof. dr. Hilton Seda – professor emérito da PUC-RJ; professor Honoris Causa da UFPB; expresidente da SBR 1968-1970; Maestro de La Reumatologia Pan Americana (Panlar 2006) “Queria ser cardiologista. Estudando as causas das cardiopatias, verifiquei que, além da febre reumática, existiam outros reumatismos. Decidi conhecê-los. Estagiei na Unidade de Reumatologia da PGRJ. Gostei. Traí a cardiologia. Tornei-me reumatologista.” BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 em que a boa relação médico/paciente é imprescindível. Parafraseando a citação de sir Willian Osler pelo dr. José Marques na seção Rheuma & Ethos desta edição do boletim: “É melhor conhecer a pessoa que tem a doença do que a doença que a pessoa tem”. Estender a mão ao paciente é tão importante quanto prescrever a medicação de última geração. Afinal, a maior satisfação do médico é ver o sorriso do paciente. Provavelmente não temos uma tarefa fácil pela frente. Rever a história é uma oportunidade de aprender com erros e acertos e resgatar valores. Por isso, convidamos vários reumatologistas de todo o Brasil para contarem um pouco sobre “Por que me tornei reumatologista?”. Nesta edição, temos pequenos depoimentos de cada um deles. Nas próximas, cada reumatologista contará em mais detalhes a sua história: são professores, pesquisadores, médicos de consultórios e residentes dando depoimento desta verdadeira arte, a arte de escutar, acolher, cuidar e aprender com o seu paciente. Dra. Eunice M. Okuda – reumatologista pediátrica; assistente do Serviço de Reumatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo “Entrei em contato, pela primeira vez, com a Reumatologia Pediátrica durante a minha residência na Santa Casa-SP, e fiz a opção. É uma especialidade que trata o doente como um todo. Exercer o raciocínio clínico nos diagnósticos diferenciais estimula a estudar em beneficio da criança com doença reumatológica.” Prof. dr. Adil Muhib Samara – professor titular de Reumatologia da Unicamp; ex-presidente da SBR 1974-1976 “Foi por acaso. Onde me formei, ninguém tinha o menor interesse em reumatologia e havia duas enfermas internadas com AR, sobre a qual os docentes nada sabiam. O prof. Israel Bonomo perguntou-me se tinha interesse em fazer a especialidade. O que me encanta é ser a reumatologia o último reduto da clínica médica. É abrangente e excitante no diagnóstico e hoje a mais fulgurante com respeito à conduta terapêutica, para quem como eu há meio século foi uma petulância intitular-me reumatologista.” 15 Profissão Reumato Softwares que facilitam a vida do reumatologista Entre os que merecem destaque, estão os que norteiam e aumentam a segurança dos tratamentos e os sistemas de diagnóstico que possibilitam aos médicos enviar ou rever imagens médicas com outros colegas e especialistas Dr. João Paulo dos Reis Neto Médico cardiologista e diretor da Mobile Saúde www.mobilesaude.com.br A tualmente existe uma extensa variedade de softwares para uso na área da saúde, especialmente na medicina, muitos dos quais com grande potencial de benefícios, tanto para o médico quanto seu paciente. Entretanto, até pouco tempo atrás, os sistemas eram focados para uso nos consultórios médicos, laboratórios, clínicas e hospitais. Dentre os usos atuais de softwares na medicina, merecem destaque aqueles que norteiam e aumentam a segurança dos tratamentos, aplicativos que permitem ao paciente fazer o upload ou download de informações de saúde a qualquer momento e em qualquer local; sistemas de diagnóstico que possibilitam aos médicos enviar ou rever imagens médicas com outros especialistas; portais para pacientes e cuidadores que estimulam o auto-cuidado e gerenciamento do problema de saúde; e as ferramentas de suporte e apoio à decisão que facilitam o trabalho médico em tempo real, agilizando o diagnóstico e o tratamento. Quando a tecnologia envolve dispositivos, há os sensores wireless que capturam dados fisiológicos para análise posterior; monitores remotos usados na clínica, em casa e outros ambientes à distância; e os implantes médicos, que permitem restaurar a sensibilidade, mobilidade e as outras funções de membros ou órgãos paralisados. 16 Nos últimos anos, com a expansão do mercado de telefonia e maior facilidade de acesso à internet, os smartphones e tablets tornaram-se mais populares. Com isso, um novo horizonte se abriu dando início à era da saúde móvel (mHealth). Os aplicativos deixaram de ser usados apenas como ferramentas para melhorar e facilitar a assistência, passando também a ajudar os indivíduos em sua própria gestão da saúde e bem-estar. De modo geral, os aplicativos, especialmente aqueles rodados em plataformas móveis, têm por objetivo registrar ou capturar informações de saúde, além de possibilitar aos pacientes acessar informações e monitorar os cuidados. Quanto à Reumatologia, existem diversas aplicações disponíveis que facilitam o trabalho do especialista e contribuem para a segurança do tratamento e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Podemos citar os softwares de educação médica continuada (busca de artigos, podcasts, webmeetings, etc.); guidelines e protocolos; checklists; registros de sintomas para os pacientes; lembretes de uso de medicamentos; e as calculadoras. Estas últimas merecem destaque. Existem diversas opções intuitivas, fáceis de usar e com grande aplicabilidade no dia a dia: cálculo de índices de atividade das doenças (DAS, CDAI, SDAI, ASDAS, Basdai, Pasi, Basfi), indicadores de qualidade de vida (HAQ, MDHAQ), esquemas terapêuticos, dosagens, superfície corporal, dentre outras. “ Quanto à Reumatologia, existem diversas aplicações disponíveis que facilitam o trabalho do especialista, contribuem para segurança do tratamento e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.” Big Data Como o volume de dados na área da saúde está crescendo e se movimentando mais rapidamente do que as organizações podem consumi-lo, o big data, apesar de conhecido há muito tempo, vem sendo mais discutido e estudado recentemente. Apesar de relevantes, os dados disponíveis ainda são desestruturados, ou seja, estão em vários lugares diferentes, tais como registros médicos individuais, laboratórios, prontuários médicos, sistemas de CRM, softwares financeiros, informações do consumo de medicamentos, dentre outros. Considerando que o big data nada mais é do que um conjunto de soluções tecnológicas capaz de lidar com dados em volume, variedade e velocidade, este tipo de tecnologia parece promissora na análise dos vários tipos de informação digital disponíveis. Apesar de o big data não responder a todas as questões, vem sendo utilizado também na Reumatologia, cujas condições de tratamento seguem a mesma tendência da Oncologia em termos do uso de estudos preditivos e biomarcadores para determinar a probabilidade de um paciente responder a uma determinada terapia. No caso, a ferramenta tem possibilitado entender melhor e classificar os pacientes que individualmente mais se beneficiam de uma determinada terapia (medicina personalizada). Finalmente, uma palavra sobre segurança da informação. Junto à empolgação do mercado que levou à rápida expansão e ampla utilização dos aplicativos, principalmente os móveis e aqueles hospedados na nuvem, surge também uma enorme preocupação quanto aos riscos envolvidos, cabendo a nós médicos contribuirmos continuamente para o uso seguro da tecnologia. Temos de ter em mente que nenhuma solução tecnológica, por mais bem elaborada e sofisticada que seja, substitui o raciocínio e o poder de decisão do médico. Na verdade são ferramentas de apoio que agregam valor ao trabalho do profissional em prol daquele que é e sempre será o alvo de toda nossa atenção e cuidado: o paciente. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Foco em Serviço de Reumatologia em Goiânia já formou 24 residentes Fazem parte da estrutura ambulatórios de lúpus, artrite reumatoide, outras doenças difusas do tecido conjuntivo, fibromialgia, osteoporose, espondilartrites e reumatologia pediátrica O serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás/UFG, Goiânia (GO), existe desde 1987. A partir daí a residência da especialidade foi oficializada e credenciada no MEC, que passa a contar com mais um suporte para o desempenho das atividades, que é o laboratório de autoimunidade, próprio do serviço. De 1990 a 2012, havia uma vaga de residente por ano e a partir de 2013 estão disponíveis duas vagas/ano. Até o momento, foram formados 24 residentes e três estagiários. Com o intuito de favorecer um melhor treinamento aos residentes, organizaram-se os ambulatórios por doenças reumatológicas ou por áreas afins, sendo criados os ambulatórios de lúpus, artrite reumatoide, fibromialgia, osteoporose, espondiloartrites, outras doenças difusas do tecido conjuntivo e de reumatologia pediátrica. O serviço realiza aproximadamente 4 mil atendimentos ambulatoriais e 60 internações por ano. Desde março de 2013, a dra. Jozelia Rego é a coordenadora do serviço. A equipe conta com os docentes Vitalina Souza Barbosa,Vitor Alves Cruz e Camila Guimarães. Além dos médicos do HC-UFG Vanessa Magalhães e Roberto Carlos Mazie. O prof. Nilzio Antônio da Silva é o orientador do programa de pós-graduação. O começo de tudo A Disciplina de Reumatologia foi criada em 1962 por Jacob Gamarski, como parte do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFG, Goiânia (GO), e foi a primeira a ser oficializada no Brasil. Em 1967, foi incorporado à disciplina Udirse Rodrigues do Nascimento, em 1971, por alguns meses, Nilzio Antonio da Silva, e, em 1974, Antonio Carlos Ximenes – os dois últimos como voluntários. Até 1987, os trabalhos consistiam em cumprir as tarefas na graduação e assistência a pacientes com doenças reumáticas no ambulatório e na enfermaria do departamento. O regente da disciplina, Jacob Gamarski, foi ativo participante de eventos da especialidade no Brasil e no exterior. Organizou em Goiânia, em 1963, a II Reunião Bienal da SBR, que passou a ser a Jornada Brasileira de Reumatologia, e fundou a Sociedade Goiana de Reumatologia durante esse evento. Apresentou em eventos e publicou resultados da atuação na disciplina, com destaque para manifestações músculoesqueléticas da blastomicose sulamericana. Além disso, editou durante alguns anos os “Temas de Reumatologia”, distribuídos, periodicamente, aos reumatologistas brasileiros. Nos anos 1986/87, Alexandre Gabriel Jr. foi professor da disciplina, ocasião em que foram formadas duas residentes. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Criado o Serviço de Reumatologia Ao final de 1987, com a saída de Gabriel Jr. e a licença de Gamarski, Nilzio A. Silva assumiu como professor auxiliar e, juntamente com Rodrigues do Nascimento e Ximenes, criou o Serviço de Reumatologia. A maior demanda exigiu mais colaboradores, professores temporários, como Eleusa Fleury Taveira, Ana Carolina O. Silva Montandon, Fábia Mara G. Prates, Fabiana Pompeo de Pina e Humberto Franco do Carmo. Além de reumatologistas do quadro de médicos da UFG, como Antonio Carlos Ximenes (de 1974 a 2000) e Roberto Carlos Mazie (desde 2001). O ambulatório de Reumatologia Pediátrica passou a integrar o Departamento de Pediatria, sendo coordenado por Breno A. Faria Pereira, que orienta nesse setor o estágio dos residentes de Reumatologia. O início da pós-graduação stricto sensu aconteceu em colaboração com o Programa de Medicina Tropical, mas a partir de 2002 a FMUFG criou seu próprio programa e o Serviço de Reumatologia passou a orientar mestrado e doutorado nessa especialidade. Onze profissionais já concluíram o mestrado e quatro, o doutorado. No momento, há um cursando o doutorado e cinco, o mestrado. 17 Rheuma & Ethos Paciente, ator principal “É melhor conhecer a pessoa que tem a doença do que a doença que a pessoa tem” Sir William Osler Dr. José Marques Filho Coordenador da Comissão de Ética e Disciplina da Sociedade Brasileira de Reumatologia O nosso Código de Ética Médica de 1988, de maneira pioneira no mundo, estabeleceu a obrigatoriedade do respeito à autonomia do paciente e à sua autodeterminação, impedindo que qualquer processo terapêutico ou diagnóstico seja feito sem o seu consentimento. O William Osler 18 professor de Medicina William Osler (1861-1919) foi o responsável por mudanças paradigmáticas, tanto no ensino da Medicina como na atençao médica aos pacientes. O “Hipócrates moderno”, como era chamado, foi o responsável pela criação da Residência Médica no Johns Hopkins Hospital em 1889, em Baltimore (EUA) com uma inovadora forma de ensino em treinamento, considerada até hoje padrão ouro na área de educação e especialização médica. Praticava o que se convencionou chamar de ensino da Medicina “à beira do leito”, levando às últimas conseqüências a prática humanística – Medicina centrada no paciente. Osler iniciou o desmoronamento do famoso dualismo cartesiano (René Descartes 1596-1650), consolidado por Abrahan Flexner no ensino médico (Relatório Flexner – 1910). Para Descartes “nada há no conceito de corpo que pertença à mente nem na ideia de mente que pertença ao corpo”. A implementação do método de Flexner nas universidades americanas influenciou toda a educação e prática médica do século XX nos países ocidentais – “ o estudo da Medicina centrado na doença de forma individual e concreta”. A importância de Descartes e de Flexner para a fantástica evolução da Medicina e do ensino médico no século XX é inquestionável, mas, paradoxalmente, foram responsáveis pela de- terioração progressiva da qualidade da atenção médica, principalmente daqueles que padecem de doenças crônicas. A “rebelião do sujeito” descrita por Lain Entralgo, médico, historiador e filósofo espanhol, foi uma consequência natural do cenário médico do final de século XIX e primeira metade do século XX. Entralgo descreve que diante das progressivas conquistas sociais e do reconhecimento dos direitos humanos, a assimetria da relação médico-paciente foi cada vez mais questionada. A chamada Medicina científica (para pobres - nos grandes hospitais públicos) e a Medicina humanística (para ricos - com visitas domiciliares) sendo criticada pela sociedade burguesa. Autonomia, um novo conceito A partir de meados do século XX, um novo conceito se consolidou e causou grande impacto na prática médica e na relação médico-paciente – a autonomia. O reconhecimento de que as pessoas podem agir segundo sua própria vontade e determinação é relativamente novo. Iniciou-se durante o iluminismo europeu, sedimentando-se a partir de Descartes, Montesquieu, Rousseau e, depois, Kant. Na área médica, a autonomia somente foi reconhecida formalmente na área de pesquisas com seres humanos no Código de Nuremberg, após as atrocidades cometidas pelos nazistas em pesquisas com seres humanos, durante a Segunda Guerra Mundial. O nosso Código de Ética Médica de 1988, de maneira pioneira no mundo, estabeleceu a obrigatoriedade do respeito à autonomia do paciente e à sua autodeterminação, impedindo que qualquer processo terapêutico ou diagnóstico seja feito sem o seu consentimento. Entretanto deve-se ressaltar que a autonomia deve ser entendida como um conceito e uma ação tão ampla quanto possível, para todos os atores BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 p os m cipantes consideraram que a autonomia foi o fator que mais causou mudanças na prática médica; a maioria (52%) considerou a introdução do intermediário (planos de saúde, saúde pública) como o fator mais importante. Entretanto, a imensa maioria (96,7%) conhece, concorda e pratica o respeito à autonomia e autodeterminação dos pacientes. Embora deva ser lembrado que, de acordo com o Código de Ética Médica, quando houver risco iminente de morte, deve prevalecer o referencial bioético da beneficência. “ Deve-se ressaltar que a autonomia deve ser entendida como um conceito e uma ação tão amplos quanto possível, para todos os atores envolvidos, mas principalmente para o paciente e para o médico que o assiste.” envolvidos, mas principalmente para o paciente e para o médico que o assiste. Essa ampla autonomia do médico também está devidamente consagrada no Código de Ética. Entre nós, o professor William Hossne, bioeticista brasileiro, define autonomia como um dos referenciais bioéticos, considerando que os referenciais, além de abrangerem os princípios (autonomia, beneficência, não maleficência e justiça), são pontos de referência para a elaboração da reflexão ética, além dos deveres ou direitos. A literatura médica demonstra claramente que a introdução do referencial bioético da autonomia, na prática clínica, agregou uma complexidade inimaginável há poucas décadas. No cenário da assistência médica no Brasil, nos dias de hoje, há claras evidências de que o paciente começa a ter consciência da noção do exercício dos seus direitos sobre sua saúde (empowerment health) e vem conquistando o poder de decidir sobre sua própria saúde. Entretanto, parece que o profissional brasileiro ainda tem certa dificuldade para perceber o impacto do referencial da autonomia na relação médico-paciente. Em estudo feito por nós, apenas 10% dos parti- BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Paternalismo médico A maioria dos participantes desse estudo (64%) considerou que a o paternalismo deve ser utilizado pelo médico em sua prática diária. Isso demonstra que é absolutamente inadequada a imagem que a autonomia veio substituir o “velho” paternalismo benevolente, pois ambos, em nossa visão, são importantes e fundamentais na relação terapêutica. O objetivo da Medicina atual não deve ser banir o paternalismo médico, mas sim preservar a benevolência e o respeito ao paciente como pessoa. Concordamos plenamente com alguns autores que médico e paciente devem, juntos, procurar decidir sobre a melhor conduta e que oferecer uma lista de procedimentos para o paciente escolher por ele mesmo é não somente abandoná-lo à sua própria autonomia, como uma violenta forma de violação da autonomia do paciente. Em suma, nossos dados e a própria literatura apontam para a fundamental importância da introdução do referencial bioético da autonomia na prática médica, as dificuldades de sua implantação e a enorme importância filosófica que adquiriu nos últimos anos, tornando mais simétrica e adulta a relação médico-paciente, colocando o paciente em uma posição destacada na assistência médica – o ator principal. Referências bibliográficas Cohen C, Marcolino JAM. Relação médico-paciente: autonomia & paternalismo. In: Segre M, Cohen C. Bioética. 3º ed. São Paulo: Edusp; 2002. 2 Marino jr R. Osler – O moderno Hipócrates. São Paulo: CLR Balieiro Editora; 1999. 3 Marques Filho J. Relação médico-paciente nos dias atuais: influência do referencial bioético da autonomia. Tese de doutorado – Centro Universitário São Camilo – São Paulo; 2012. 1 19 Coluna Seda Referências a doenças nos poemas de Cecília Meireles Hilton Seda Dedicado ao professor dr. Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro Parte II A obra de Cecília Meireles não é exclusivamente poética. Como prova, basta citar que, em 1998, foram publicados, no Rio de Janeiro, seis volumes do que ela escreveu em prosa. Como já assinalado, seu primeiro livro de poesias foi “Espectros”, de 1919, escrito quando tinha 16 anos. Vieram a seguir: Nunca mais... e Poemas dos Poemas (1923), Baladas para El-Rei (1925), Viagem (1939), Vaga Música (1942), Mar Absoluto (1945), Retrato Natural (1949), Amor em Leonoreta (1952), Doze Noturnos de Holanda & O Aeronauta (1952), Romanceiro da Inconfidência (1953), Pequeno Oratório de Santa Clara (1955), Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro (1955), Canções (1956), Romance de Santa Cecília (1957), A Rosa (1957), Obra Poética (1958), Metal Rosicler (1960), Poemas Escritos na Índia (1961), Poemas de Israel (1963), Antologia Poética (1963), Solombra (1963), Ou Isto ou Aquilo (1964), Crônica Trovada da Cidade de Sam Sebastiam no Quarto Centenário da sua Fundação Pelo Capitam-Mor Estácio de Saa (1965), Poemas Italianos (1968). Especula-se que ainda existam poemas inéditos para serem publicados. Em “Viagem”, no poema “Medida da Significação”, Cecília descreve a sensação sentida no momento das febres: “Eu mesma me sentirei alucinada e esquisita, com esse alento das nebulosas sinistras que se desenvolvem nas febres.” Nesse mesmo livro, em “Grilo”, fala de febre e doença: 20 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Grilo Estrelinha de lata,/Assovio de vidro,/ No escuro do quarto do menino doente. A febre alarga/os pulsos hirtos;/mas dentro dos olhos há um sol contente. Pássaro de prata/ sacudindo guizos/ no sonho mágico do menino moribundo. (...) Nova referência a uma criança doente, ainda no livro “Viagem”: A menina enferma A menina enferma tem no seu quarto formas inúmeras/que inventam espantos para seus olhos sem ilusão./Bonecos que enchem as grandes horas de pesadelos,/ que lhe roubam os olhos, que lhe partem a garganta,/que arrebatam tesouros da sua mão. Um dia, ela descobriu sozinha que era duas!/a que sofre depressa, no ritmo intenso e atroz da noite/e a que olha o sofrimento do alto do sono, do alto de tudo,/sem contato nenhum com chão. (...) No livro “Vaga Música” há uma Serenata ao Menino do Hospital Menino, não morras,/porque a lua cheia/vai-se levantando do mar./São de prata e de ouro/as águas e a areia./Não morras agora,/vem ver o luar! (...) Menino, não morras:/sobre o céu deserto,/há uma estrela imensa a brilhar./É de prata e de ouro!/Como está tão perto!/Não morras agora,/- que a estrela da aurora/veio ver teu rosto/banhado de luar! A hanseníase está presente em poemas de Cecília Meireles. Aparece no longo “Blasfêmia” do livro “Mar Absoluto e outros Poemas” Blasfêmia Senhora da Várzea,/ Senhora da Serra!/pelos teus santuários,/com cinza na testa,/irei arrastando/os joelhos e a reza:/subindo e descendo/ladeiras de pedra,/sustentando andores,/ carregando velas,/para me livrares,/Senhora, da lepra! (...) BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Dei-te seis igrejas:/ Que me deste? Lepra! (...) Morro impenitente,/fazendo-lhe guerra./Que o fogo profundo lamba a minha lepra! Em “Retrato Natural” também há referência à lepra, em “Balada de Ouro Preto”. Balada de Ouro Preto Parei a uma porta aberta/para mirar um ladrilho./Veio de dentro o leproso/ como quem sai de um jazigo./Caminhava ao meu encontro/Sinistramente sorrindo/ Mas vi-lhe os braços de líquen,/e as duas mãos desfolhadas/que cauteloso escondia/nos fundos bolsos das calças./ Chamas de um secreto inferno/em seu sorriso oscilavam. Fora menos triste a lepra/do que o fogo do sorriso. (...) Referências Meireles C: Obra poética, Editora Nova Aguilar S/A, Rio de Janeiro, 1991. 2 Cecília Meireles: Wikipédia, a enciclopédia livre. 3 Cecília Meireles: Biografia – www. releituras.com/cmeireles. 1 21 Além da Reumatologia Coreografia e desafios do kung fu encantaram Movimentos de dança, busca da perfeição e extrema disciplina foram alguns dos aspectos que atraíram a reumatologista Rita Nely Vilar Furtado para essa arte marcial E la era dançarina e sempre foi fascinada por movimentos coreográficos. E foi por essa característica que a reumatologista Rita Nely Vilar Furtado encantou-se ao ver pela TV uma apresentação de kung fu, arte marcial de combate chinesa. “Nem sabia que se tratava de kung fu, nem de arte marcial. Achava que era uma dança somente”, lembra Rita. Mas o impacto do primeiro contato foi tão grande que ela resolveu pesquisar e descobriu essa forma de “luta coreografada” que a interessou e muito. Rita passou a praticar kung fu em São Paulo, para onde havia se mudado desde os tempos de residência. Ela formou-se em Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 1994, com residência, mestrado e doutorado realizados na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), instituição da qual é professora afiliada da Disciplina de Reumatologia. Seu cotidiano, claro, é puxado. Vai à Unifesp todos os dias onde cumpre 40 horas de trabalho e lá pelo final da tarde, por volta das 17h30, já está em seu consultório, onde fica até a noite. Mas, mesmo tão atarefada, Rita pratica kung fu três vezes por semana. A dança, diz ela, está diretamente ligada a essa arte marcial: “A gente percebe de imediato que, quanto melhor bailarina for, mais rapidamente consegue fazer os movimentos”, explica. 22 Hierarquia Outro aspecto que muito lhe interessou no kung fu é a presença forte de uma hierarquia, envolvendo os níveis dos praticantes. Nessa arte, é muito comum que iniciantes sejam instruídos por outros alunos que já estão mais avançados, indivíduos que têm grande respeito por parte de quem está em menores níveis. E, nesse sentido, Rita teve uma experiência tão peculiar quanto encantadora: “Quando iniciei, fui instruída por uma menininha que não tinha mais de 4, 5 anos”, lembra. E crianças tão pequenas praticando kung fu não é de admirar, porque, diz Rita, essa arte marcial é sim de luta, mas raramente envolve algum risco físico, porque os combates são mais simulados do que efetivos. Ela está dedicada de forma tão intensa à prática, que já conseguiu avançar bastante nas faixas. Esclarecendo, Rita explica que as cores dessas faixas em ordem evolutiva são: branco, amarelo, laranja, verde, azul, roxa, vermelha, marrom, marrom com ponta preta e sete tipos de faixa preta. Sim, um caminho bastante longo... Mas já houve uma con- quista recente que muito a orgulhou: Rita passou recentemente da faixa azul para a roxa. “Fiquei muito feliz, porque a faixa azul tem difíceis desafios e a roxa já é teoricamente a saída do nível de iniciante para os mais graduados”. E os benefícios? São muitos, segundo Rita. “O kung fu é uma arte que envolve exercícios físicos aeróbicos e a coreografia. Tudo isso leva-me a desestressar de meu cotidiano. Não dá para ter nenhum pensamento que não seja o de fazer os movimentos de forma sempre melhor e isso exige muita concentração”, ressalta. Além disso, há necessidade de desenvolver uma alta capacidade de memorização já que a todo momento o praticante é instado a apresentar os movimentos de todas as faixas já cumpridas o que o obriga a buscar a perfeição em cada um. Sempre. Ser um mestre, ou seja, conquistar a sétima faixa preta, “não daria nem para alcançar nesta vida”, diz Rita, mas chegar a alguma faixa preta é sua meta. “O que quero mesmo, porém, é continuar praticando kung fu porque adoro”. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • abr/mai/jun/2014 Anu 21x HUMIRA, 10 6 1-3 ANOS DE DADOS DE EFICÁCI EFICÁCIA1-3 12 INDICAÇÕES APROVADAS NO BRASI BRASIL 1-3 23.000 MAIS DE PACIENTES EM ESTUDOS CLÍNICOS GLOBAIS 1-3 71 ANOS DE EXPERIÊNCIA EM ENSAIOS CLÍNICOS1-3 ENSAIOS CLÍNICOS PUBLICADOS NA MAIOR BASE DE DADOS SOBRE INDICAÇÃO-CRUZADA EM SEGURANÇA DE UM ANTI-TNF 1-3 1 HUMIRA® (adalimumabe) – MS: 1.0553.0294. Indicações: Artrite reumatóide, Artrite psoriásica, Espondilite Anquilosante, Doença de Crohn, Psoríase em placas, Artrite Idiopática Juvenil Poliarticular. Contraindicações: pacientes com conhecida hipersensibilidade ao adalimumabe ou quaisquer componentes da fórmula do produto. Advertências e Precauções: Infecções: foram relatadas infecções graves devido a bactérias, micobactérias, fungos, vírus, parasitas ou outras infecções oportunistas. Pacientes que desenvolvem uma infecção fúngica grave são também advertidos a interromper o uso de bloqueadores de TNF até que a infecção seja controlada. O tratamento com HUMIRA® (adalimumabe) não deve ser iniciado ou continuado em pacientes com infecções ativas, até que as infecções estejam controladas. Recomenda-se cautela ao uso em pacientes com histórico de infecções de repetição ou com doença de base que possa predispor o paciente a infecções. Tuberculose: foram relatados casos de tuberculose incluindo reativação e nova manifestação de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (disseminada). . Antes de iniciar o tratamento todos os pacientes devem ser avaliados quanto à presença de tuberculose ativa ou inativa (latente).Se a tuberculose ativa for diagnosticada, o tratamento com HUMIRA® (adalimumabe) não deve ser iniciado. Se for diagnosticada tuberculose latente, o tratamento apropriado deve ser iniciado com profilaxia antituberculose. Reativação da Hepatite B: o uso de inibidores de TNF foi associado à reativação do vírus da hepatite B (HBV) em pacientes portadores crônicos deste vírus podendo ser fatal. Deve-se ter cautela ao administrar inibidores de TNF em pacientes portadores do vírus da hepatite B. Eventos neurológicos: com exacerbação de sintomas e/ou evidência radiológica de doença desmielinizante, Deve-se ter cautela ao considerar o uso de HUMIRA® (adalimumabe) em pacientes com doenças desmielinizantes do sistema nervoso periférico ou central. Malignidades: foi observado maior número de casos de linfoma entre os pacientes que receberam antagonistas de TNF. Malignidades, algumas fatais, foram relatadas entre crianças e adolescentes que foram tratados com agentes bloqueadores de TNF. A maioria dos pacientes estava tomando concomitantemente imunossupressores. Casos muito raros de linfoma hepatoesplênico de células T, foram identificados em pacientes recebendo adalimumabe. O risco potencial com a combinação de azatioprina ou 6-mercaptopurina e HUMIRA® (adalimumabe) deve ser cuidadosamente considerado. Alergia: durante estudos clínicos, reações alérgicas graves foram relatadas incluindo reação anafilática. Se uma reação anafilática ou outra reação alérgica grave ocorrer, a administração de HUMIRA® (adalimumabe) deve ser interrompida imediatamente e deve-se iniciar o tratamento apropriado. Eventos hematológicos: raros relatos de pancitopenia, incluindo anemia aplástica. A descontinuação da terapia deve ser considerada em pacientes com anormalidades hematológicas significativas confirmadas. Insuficiência cardíaca congestiva: Casos de piora da ICC também foram relatados Processos autoimunes: pode ocorrer a formação de anticorpos autoimunes. Se um paciente desenvolver sintomas que sugiram síndrome Lúpus símile, o tratamento deve ser descontinuado. Uso em idosos: a frequência de infecções graves entre pacientes com mais de 65 anos de idade tratados com HUMIRA® (adalimumabe) foi maior do que para os sujeitos com menos de 65 anos de idade. Deve-se ter cautela quando do tratamento de pacientes idosos. Uso na gravidez: este medicamento só deve ser usado durante a gravidez quando, na opinião do médico, os benefícios potenciais claramente justificarem os possíveis riscos ao feto. Mulheres em idade reprodutiva devem ser advertidas a não engravidar durante o tratamento com HUMIRA® (adalimumabe). A administração de vacinas vivas em recém-nascidos expostos ao adalimumabe no útero não é recomendada por 05 meses após a última injeção de adalimumabe da mãe durante a gravidez. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Uso na lactação: recomenda-se decidir entre descontinuar o tratamento com HUMIRA® (adalimumabe) ou interromper o aleitamento, levando em conta a importância do medicamento para a mãe. O aleitamento não é recomendado por pelo menos 05 meses após a última administração de HUMIRA® (adalimumabe). Interações Medicamentosas: Metotrexato: não há necessidade de ajuste de doses de nenhum dos dois medicamentos. Outras: o uso concomitante de HUMIRA® (adalimumabe) e outros DMARDs (por exemplo, anacinra e abatacepte) não é recomendado. Vacinas vivas não devem ser administradas concomitantemente a HUMIRA® (adalimumabe). Não foram observadas interações com DMARDs (sulfassalazina, hidroxicloroquina, leflunomida e ouro parenteral), glicocorticóides, salicilatos, antiinflamatórios não esteroidais ou analgésicos. Reações Adversas: infecções no trato respiratório, leucopenia, anemia, aumento de lipídeos, dor de cabeça, dor abdominal, náusea, vômito, elevação de enzimas hepáticas, rash, dor músculo-esquelética, reação no local da injeção, infecções, neoplasia benigna , câncer de pele não melanoma, trombocitopenia, leucocitose, hipersensibilidade e alergia, urticária, insuficiência renal, alterações da coagulação e distúrbios hemorrágicos, teste para autoanticorpos positivo, linfoma, neoplasia de órgãos sólidos, melanoma, púrpura trombocitopênica idiopática, arritmia, insuficiência cardíaca congestiva, oclusão arterial vascular, tromboflebite, aneurisma aórtico, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumopatia intersticial, pneumonite, pancreatite, aumento da bilirrubina, esteatose hepática, rabdomiólise, lúpus eritematoso sistêmico, pancitopenia, esclerose múltipla, parada cardíaca, cicatrização prejudicada. Reações adversas de pós comercialização: diverticulite, linfoma hepatoesplênico de células T, leucemia, carcinoma de células de Merkel (carcinoma neuroendócrino cutâneo), anafilaxia, sarcoidose, doenças desmielinizantes, acidente vascular cerebral, embolismo pulmonar, derrame pleural, fibrose pulmonar, perfuração intestinal, reativação da hepatite B, insuficiência hepática, vasculite cutânea, síndrome de Stevens-Johnson, angioedema, novo aparecimento ou piora da psoríase; eritema multiforme, alopecia, síndrome lúpus símile, infarto do miocárdio, febre. Posologia: Artrite Reumatóide, Artrite Psoriásica, Espondilite Anquilosante: a dose para pacientes adultos é de 40 mg, administrados em dose única por via subcutânea, a cada 14 dias. Doença de Crohn: início do tratamento – Semana 0: 160 mg por via subcutânea ; Semana 2: 80 mg; Manutenção do tratamento: a partir da Semana 4, 40 mg a cada 14 dias. Psoríase: para pacientes adultos é de uma dose inicial de 80 mg por via subcutânea, seguida de doses de 40 mg administradas em semanas alternadas, começando na semana seguinte à dose inicial. Artrite idiopática juvenil poliarticular: para pacientes com idade superior a 13 anos é de 40 mg solução injetável, administrados em dose única por via subcutânea, a cada 14 dias. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Registrado por: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda.- Rua Michigan, 735 – São Paulo – SP - CNPJ: 56.998.701/0001-16. ABBOTT CENTER: 0800 703 1050. Assim como observado com outros antagonistas de TNF, foram relatados casos de tuberculose associados ao Humira® (adalimumabe). A administração concomitante de antagonistas de TNF e abatacept tem sido associada a aumento do risco de infecções, incluindo infecções sérias, quando comparada a antagonistas de TNF isolado. Referências: 1. Burmester GR et al. Ann Rheum Dis 2012. doi:10.1136/annrheumdis-2011-201244. 2. Bula do produto HUMIRA® (adalimumabe). 3. Keystone E, Van der Heijde D, Kavanaugh A, et al. Effective Disease Control Following Up to 10 Years of Treatment with Adalimumab in Patients with Long-Standing Rheumatoid Arthritis and an Inadequate Response to Methotrexate: Final 10 -Year Results of the DE019 Trial. Ann Rhe um Dis 2012;71(Suppl3):513. Abbott Center Central de Relacionamento com o Cliente 0800 703 1050 www.abbottbrasil.com.br Anu 21x297 - 10 anos 4947.indd 2 Material destinado a profissionais da saúde prescritores. Reprodução proibida. Produzido em Setembro/13. 17/09/2013 16:12:03 www.reumatologia.com.br