Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: RELATO DE CASO Camila dos Santos Assis1, Ana Tereza Gonçalves Nicolosi Soares2 RESUMO Esta pesquisa teve por objetivo descrever os testes e o tratamento fisioterapêutico utilizado em um caso de hemiplegia espástica severa, sequela de um Acidente Vascular Encefálico (AVE) sendo cumprido durante o estágio intra-curricular da estagiária do setor de Fisioterapia Neurológica Adulto da Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos (FAESO), prosseguidos de 30 dias úteis. Elegeu-se para este relato de caso uma paciente do sexo feminino, 65 anos de idade, com diagnóstico clínico de Acidente Vascular Encefálico (AVE), apresentando hemiplegia espástica severa à esquerda, sendo um caso com apenas quatro meses de lesão e sem nenhuma intervenção fisioterapêutica anteriormente, permanecendo sem mobilizações durante este período. A metodologia utilizada para a avaliação da amplitude de movimento articular do hemicorpo esquerdo foi a goniometria articular com o uso do equipamento goniômetro da marca CARCI e a escala analógica visual (EAV) para avaliação da presença de dor durante o movimento passivo e ao repouso no hemicorpo esquerdo. A intervenção fisioterapêutica foi constituída de 2 sessões semanais com duração de aproximadamente 50 minutos, sendo realizadas 7 sessões no total. Foi utilizado como forma de tratamento a cinesioterapia, por meio de exercícios passivos no hemicorpo esquerdo. O resultado foi uma melhora do quadro álgico em repouso da paciente em região articular do ombro, cotovelo, punho, quadril, joelho e tornozelo do hemicorpo esquerdo. Palavras-chave: acidente vascular encefálico, hemiplegia espástica severa, cinesioterapia, intervenção fisioterapêutica. ABSTRACT This study aimed to describe the tests and physiotherapy treatment used in a spathic severe hemiplegia case, sequelae of a Cerebral Vascular Accident (CVA), was completed during the internship intra curriculum stage, of the Adult Neurological Accident sector of the Faculty Estacio de Sa de Ourinhos (FAESO), used in 30 working days. Was chosen for this case report a female patient, 65 years old, diagnosed with CVA, with severe spathic hemiplegia on the left, one being only four months of injury and without any physiotherapist intervention earlier, remained without mobilizations during this period. The methodology for assessing the range of motion of the left hemisphere was the joint goniometry using equipment goniometer brand jails and visual analog scale (VAS) to assess the presence of pain during passive motion and rest in the left hemisphere. The physical therapy intervention consisted of two weekly sessions lasting about 50 minutes, and held seven sessions at a whole. It was used as a treatment exercise, through passive exercises in the left hemisphere. The result was an improvement in pain to a patient’s home region of the shoulder joint, elbow, wrist, hip, knee and ankle of the left hemisphere. Keywords: Cerebral Vascular Accident, Sphatic Severe Hemiplegia, Kinesiotherapy, Physiotherapy Intervention INTRODUÇÃO Atualmente, é observado pelo mundo todo um aumento significativo entre a população idosa, que será representado nos próximos 20 anos cerca de 13% da população no Brasil (SOUZA; et al, 2009). Teixeira e Silva (2009) relatam que o Brasil apresenta uma epidemiologia destacada principalmente no aumento da mortalidade por doenças 1 Acadêmica do 8º período do curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos 2 Fisioterapeuta, Especialista em Ortopedia e Traumatologia., Docente da disciplina Saúde da Criança da Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos, supervisora de estágio da área de Fisioterapia Neurológica Adulto e Saúde da Criança da Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos. [email protected] 216 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL cerebrovasculares e um crescimento do número de pessoas portadoras de doenças incapacitantes crônicas. Um marco entre as doenças cerebrovasculares é o Acidente Vascular Encefálico (AVE) que é considerado a terceira causa de morte nos países mais ricos e a primeira causa de deficiência em adultos. O’Sullivan e Schimitz (2004) afirmam que o acidente vascular encefálico é caracterizado como uma circulação anômala no encéfalo, tendo como consequências neurológicas sinais e sintomas correspondentes as áreas acometidas do cérebro, e para ser considerado como AVE, os possíveis déficits neurológicos que aparecerem deverão permanecer por pelo menos 24 horas. Segundo Delisa e Gans (2002) pode ocorrer um intenso comprometimento neurológico em pacientes com AVE, tais como a hemiplegia, hemiparesia, perda ou diminuição da sensibilidade, alterações na fala, convulsões, desordens visuais, etc. Os sinais clínicos específicos em cada caso dependem do local, tamanho e extensão da lesão, pois estas determinarão a gravidade da deficiência. A hemiplegia é o sinal mais evidente de um AVE e de muito interesse para os terapêutas, embora existam outras causas que levam a incapacidade (UMPHRED,1994). Segundo Zinni apud Nonino (2008) a hemiplegia pode ser reavida se houver uma reabilitação adequada. Em um pequeno número de pacientes onde ocorrem lesões no córtex motor primário ou no cerebelo, logo após sofrerem o AVE há o aparecimento de uma flacidez no tônus muscular, decorrente de um choque encefálico. Essa flacidez pode persistir por horas, dias ou até semanas (O’SULLIVAN, SCHMITZ, 2004). No paciente que apresenta esta hipotonia ocorre pouca ou nenhuma resistência ao movimento. Nesta primeira fase de hemiplegia está presente a hiporreflexia ou arreflexia e ausência de automatismo medular. A passagem para a fase espástica se faz de modo lento e pérfido (LIANZA apud MARCATO, 2005). As lesões no sistema corticoespinhal após o AVE acabam interferindo na comunicação desse paciente, na mobilidade funcional e principalmente nas atividades de vida diária. Estes pacientes demonstram dificuldades em modular o movimento voluntário, bem como a dificuldade de controlar o início do movimento. A causa mais notável deste déficit é a espasticidade, podendo ocasionar deformidades estáticas, assim como uma diminuição da mobilidade articular durante a marcha (CORRÊA et al, 2005). A espasticidade é uma perturbação assídua nas lesões do sistema nervoso central afetando milhões de pessoas em todo mundo. A definição da espasticidade pode ser 217 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL caracterizada por hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento e exasperação dos reflexos tendinosos profundos e consequentemente um aumento do tônus muscular. Quando não realizado o tratamento para a espasticidade poderá ocorrer contraturas, deformidades, luxação e quadro de dor (LIANZA, et al., 2001). A cinesioterapia é uma terapia muito utilizada para a supervisão da espasticidade, e pode ser realizada em qualquer fase da espasticidade. A cinesioterapia é eficaz na prevenção de incapacidades, diminuição da hipertonia muscular, manter as articulações livres, fortalecimento muscular, proporciona a estimulação sensorial e proprioceptiva e atua da reeducação neuromotora (FONSECA apud REZENDE et al., 2008). Greve (1999) afirma que os exercícios passivos são indicados quando há limitação à movimentação ativa pelo paciente, além de ser eficaz também quando há fraqueza muscular, acúmulo de aderência no tecido conjuntivo, diminuição da ADM, paralisias, normalmente acompanhados do imobilismo. Ainda o autor citado anteriormente refere que um período prolongado de imobilidade já aparece às dificuldades de se locomover, bastando poucos dias para acarretar sinais de sofrimento músculo-esquelético. A falta de mobilização de uma articulação leva à fraqueza e hipotrofia muscular por desuso, contraturas musculares, degeneração da massa óssea e da articulação. Essas alterações são cruciais para o aparecimento de quadro doloroso, principalmente no ombro espástico. A cinesioterapia é a terapia mais indicada para os quadros de dor, deformidades, condicionamento físico, cardiovascular, flexibilidade, assim como melhora das atividades de vida diária, estado emocional e social (JUNIOR et al, 2005). Um dos elementos mais importantes em um processo de reabilitação após um AVE são as orientações domiciliares passadas ao próprio paciente e principalmente à família, de como posicionamentos corretos, movimentação e estimulo para reconquistar as atividades normais, evitando possíveis seqüelas e deformidades, determinando assim o grau da recuperação do paciente (LOPES, 2003; NONINO,2008). Este estudo teve por objetivo descrever os testes e o tratamento fisioterapêutico utilizado em um caso de hemiplegia espástica, sequela de um Acidente Vascular Encefálico (AVE) sendo cumprido durante o estágio intra-curricular da estagiária do setor de Fisioterapia Neurológica Adulto da Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos (FAESO), prosseguidos de 30 dias úteis. MÉTODO 218 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL Elegeu-se para este estudo de caso uma paciente do gênero feminino, 65 anos de idade, com diagnóstico clínico de Acidente Vascular Encefálico (AVE), apresentando hemiplegia espástica severa à esquerda, sendo um caso com apenas quatro meses de lesão e sem nenhuma intervenção fisioterapêutica anteriormente, permanecendo sem mobilizações durante este período. Foram realizadas sete sessões de fisioterapia, com aproximadamente 50 minutos cada, duas vezes por semana, na Clínica de Fisioterapia da Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos (FAESO). Este período de intervenção ocorreu durante o estágio intra-curricular da estagiária do setor de Fisioterapia Neurológica Adulto, sendo cumprido um prazo de 30 dias úteis. A avaliação fisioterapêutica para o presente estudo foi composta com os seguintes dados: anamnese (história da moléstia atual, história da moléstia pregressa, história social e história familiar), inspeção (desvios posturais, marcha, encurtamentos, contraturas e deformidades) palpação (ocorrência de dor muscular e processos ósseos), tônus muscular, trofismo, avaliação da amplitude de movimento, avaliação dos reflexos tendinosos profundos e testes de sensibilidade. Na avaliação inicial a paciente se mostrou normocárdica, normotensa, consciente, comunicação verbal e auditiva preservada. Apresentava hemiplegia à esquerda, hipertonia em retratores escapulares, adutores, depressores e rotadores externos do ombro E(grau 3 segundo Escala de Ashworth), hipertonia em flexores de cotovelo (grau 3 segundo a Escala de Ashworth), hipertonia em flexores de punho e flexores de metacarpofalangeanas do MSE (grau 2 segundo a Escala de Ashworth). Em MIE apresentou hipertonia em extensores de joelho e flexores plantar (grau 3 segundo a Escala de Ashworth). A paciente apresentou encurtamentos em bíceps braquial em MSE, flexores do punho em MSE, isquiotibiais bilateralmente e tendão calcâneo em MIE. Foi testada a sensibilidade superficial e profunda acompanhando os dermátomos correspondentes, estando plenamente preservada. Os reflexos tendinosos profundos apresentaram-se exacerbados. As regiões testadas foram a bicipital, tricipital, patelar e calcâneo do lado hemiplégico mostrando uma hiperreflexia. A Escala Visual Analógica (EVA) foi utilizada para classificar a intensidade da dor da paciente. Esta escala é composta por uma linha horizontal ou até mesmo vertical, apresentando 10 cm, composta por numeração que vai de 0 à 10, sendo 0 ausência de dor e 10 dor incapacitante (LUDINGTON E DEXTER apud BRIGANÓ, MACEDO, 2005). Após a 219 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL apresentação da escala à paciente, esta marcou na linha o que ela classifica como sendo a intensidade de sua dor, em seguida a estagiária mediu com uma régua até o ponto que foi marcado e classificou a numeração da intensidade da dor. A marcação da paciente apontou escore 10 da EAV (ver quadro 1), sendo este número representado por sua dor ao repouso e ao movimento passivo em região da cintura escapular do MSE, flexores de cotovelo do MSE, flexores de punho do MSE e metacarpofalangeanas do MSE. Em MIE apresenta dor em flexores de quadril, joelho e dorsiflexores de tornozelo. Quadro 1: Valores iniciais pela mensuração da EVA em repouso e em movimento passivo do lado hemiplégico A goniometria foi mensurada com o equipamento goniômetro da marca CARCI, onde foi encontrada as seguintes limitações (ver Tabela 1): 220 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL Tabela 1: Avaliação inicial da ADM Articulação e movimento do MSE Graus de movimento Ombro Limitação Normal Flexão 75° 0-180° Abdução 72° 0-180° Flexão 105° 0-145° Extensão 35° 145°-0 Flexão 50° 0-90° Extensão 52° 0-70° Supinação 60° 0-90° Pronação 90° 0-90° Cotovelo Punho Radiulnar Articulação e movimento do MIE Graus de movimento Quadril Limitação Normal Flexão 100° 0-125° Abdução 20° 0-45° 105° 0-140° Dorsiflexão 10° 0-20° Flexão Plantar 45° 0-45° Joelho Flexão Tornozelo A goniometria foi realizada passivamente no lado hemiplégico sendo não redutível, tendo como ponto de referência máxima o limite álgico da paciente. Foram apresentados os seguintes graus de ADM em MSE: No ombro ocorreu limitação a 72° em flexão e 90° em 221 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL abdução; no cotovelo ocorreu limitação a 105° em flexão e 30° em extensão. Da Flexão de cotovelo para sua extensão foi percorrido 75°. No punho ocorreu limitação a 50° de flexão e 52° em extensão. Em movimento de supinação houve uma limitação a 60° e em pronação conseguiu-se ADM completa realizada passivamente, sendo esta 90°. Foram apresentados os seguintes graus de ADM em MIE: No quadril ocorreu limitação a 100° em flexão e 20° em abdução e no joelho ocorreu limitação a 130° em flexão. No tornozelo houve uma limitação a 15° em dorsiflexão e em flexão plantar conseguiu-se realizar o movimento completo passivamente. Quanto ao protocolo de atendimento foram realizados os principais movimentos cinesioterapêuticos: em todas as sessões realizaram-se passivamente em MSE mobilizações da escápula; protusão e retração do ombro com circundação, abdução, flexão e extensão de ombro, extensão e flexão de cotovelo, supinação, pronação e extensão de punho e extensão das metacarpofalangeanas, utilizando-se de pontos chaves de controle (Método Bobath) para quebra do padrão espástico em todos os movimentos. Em MIE foram realizadas extensão e flexão de quadril e joelho e em tornozelo movimento de dorsiflexão. Todos os movimentos que envolveram a região escapular a paciente permaneceu em decúbito lateral, os outros movimentos cinesioterapêuticos foram realizados com a paciente em decúbito dorsal. Em duas sessões foi colocado o infravermelho por 20 minutos em cintura escapular e região do bíceps braquial em MSE com a finalidade de se tentar diminuir a hipertonia desses grupos musculares. Logo em seguida foi realizada massoterapia por 15 minutos onde ocorreu ganho de ADM realizada passivamente com quebra de seu padrão flexor. Durante toda a intervenção fisioterapêutica, a paciente e principalmente sua acompanhante foram recebendo orientações a serem realizadas na residência da paciente como o posicionamento adequado do lado hemiplégico na cama, exercícios cinesioterapêuticos que a própria cuidadora foi orientada a realizar e exercícios ativos para os MMSS e MMII. A paciente relatou que realizou poucas vezes os exercícios domiciliares por falta de ânimo. RESULTADOS Os resultados foram obtidos através da Escala Visual Analógica (EVA) onde ocorreu total diminuição da dor em repouso do lado hemiplégico da paciente apontando escore 0 (ver quadro 3), porém ao movimento passivo observou-se uma leve redução da dor apontando escore 8 (ver quadro 4). 222 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL Quadro 2: Valores finais pela mensuração da EVA em repouso Quadro 3: Valores finais pela mensuração da EVA em movimento passivo Sete sessões após o inicio do tratamento, ao ser realizada a segunda avaliação, pode-se observar que a paciente não obteve ganho de amplitude de movimento articular. Neste presente estudo considerou que não houve ganho de ADM provavelmente devido a presença da espasticidade severa. DISCUSSÃO O acidente vascular encefálico pode agravar os conceitos biomecânicos normais devido ao comprometimento motor e do desenvolvimento de padrões anômalos de movimento (KLOTZ et al, apud MOREIRA et al 2007). Dentre os princípios mais comuns do quadro doloroso após AVE se encontra a espasticidade (VUAGNAT, CHANTRAINE, apud MOREIRA et al, 2007). Neste estudo de caso, a espasticidade foi considerada como um fator principal do quadro doloroso e como encontrado em literatura há uma perda progressiva de ADM (HORN, apud MOREIRA, 2007), assim como permanência de uma atitude flexora de cotovelo, o antebraço se apresenta em pronação, as metacarpofalangeanas flexionadas sobre a região palmar encobrindo o polegar. Na atitude extensora os músculos do quadríceps estão mais contraídos que os 223 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL flexores e o membro permanecem em ligeira adução e rotação interna do pé. (LIANZA, 2007). A entrada da fase espástica se faz de modo desconhecido e vagaroso, se caracterizando em uma hipertonia muscular (espasticidade), aumento dos reflexos tendinosos profundos (hiperreflexia), existência de sinais de automatismo medular e um agravamento dos reflexos cutâneo-abdominais e clemastérico. Em casos muito avançados, como do relato deste caso, poderá provocar contraturas e deformidades muito intensas podendo comprometer ainda mais a motilidade dos grupos musculares atingidos e principalmente na reabilitação. (LIANZA, 2007). A dor no ombro em paciente com AVE tende a aparecer cedo, em apenas algumas semanas podendo perdurar até 6 meses, acometendo cerca de 72% dos pacientes com hemiplegia grave. A terapia deve ser direcionada para facilitar o retorno dos movimentos ativos do ombro devendo incluir alongamento para diminuição do tônus muscular (DELISA; GANS, 2002). A cinesioterapia é o procedimento mais utilizado pelos fisioterapeutas, mais segundo autores nem todos os exercícios são benéficos, mas comparando-se três diferentes exercícios passivos (polias e roldanas, skate e exercícios realizados pelo terapeuta), observou-se que os pacientes submetidos a exercícios realizados pelo fisioterapeuta apresentaram uma incidência menor de dor no ombro hemiplégico (KUMAR et al, apud HORN et al, 2003). É de grande importância a intervenção da fisioterapia no quadro álgico da cintura escapular para regulação dos movimentos, o sumiço da dor e a volta da função muscular (FELLET et al, apud MOREIRA et al, 2007)). Segundo a literatura, provou-se que as reabilitações em pacientes com AVE melhoram a capacidade funcional e permite que eles recuperem a sua autonomia. Cerca de 75 à 80% dos pacientes recebem alta do hospital e dentre esses indivíduos, 70 à 80% ficam livres para deambular com ou sem dispositivos de auxilio. Cerca de 50 à 66% ficam independentes em relação as AVDs e apenas 17% precisam de assistência em cuidados com o intestino e bexiga(O’SULLIVAN, SCHMITZ, 2004). No caso aqui estudado, foi possível observar os benefícios da cinesioterapia, como citado na literatura, concordando com os resultados preliminares da literatura. CONCLUSÃO Os resultados favoráveis deste estudo mostraram que a cinesioterapia contribuiu na melhora do quadro álgico. É claro que o tempo e o desempenho está relacionado com o grau 224 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL do AVE, a presença e a gravidade de depressão que o paciente se encontra. Assim faz-se a necessidade de mais sessões de fisioterapia para ganhos funcionais maiores, e conquistar a inserção do paciente na sociedade. Houve uma melhora mais significativa do quadro álgico ao repouso, porém este resultado provavelmente poderá ser obtido também durante a mobilização passiva, devendo ocorrer para isso a realização de um número maior de sessões, já que neste estudo o número de sessões que a paciente foi submetida foi pequeno. Vale ressaltar que em apenas um número pequeno de sessões o resultado positivo pode ser notado, confirmando que a grande importância da intervenção fisioterapêutica precoce tem na prevenção de futuras deformidades e da diminuição do quadro álgico, possibilitando a dar a este paciente a melhora da sua funcionalidade e da sua qualidade de vida. Para a orientação domiciliar ser repassada ao familiar da pessoa que sofreu AVE, vale à pena a interação, seja por médico, enfermeiro, fisioterapeuta e outros profissionais da saúde, o contato entre profissional, paciente e a família. Quando a pessoa sofre um AVE a família inteira passa a desempenhar um papel de suporte, tanto fisicamente quanto afetivamente. Quanto maior o contato entre o profissional e o paciente, maior serão os resultados positivos na reabilitação do portador de seqüela de acidente vascular encefálico. REFERÊNCIAS BRIGANÓ, Josyane Ulian; MACEDO, Christiane de Souza Guerino. Análise da mobilidade lombar e influência da terapia manual e cinesioterapia na lombalgia. Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 28, n. 2, p. 119-126, jul./dez. 2005. CORRÊA, Fernanda Ishida et al. Atividade muscular durante a marcha após acidente vascular encefálico. Arquivos Neuro-Psiquiatria, v. 63, n 3, pag. 847-851. São Paulo. Set. 2005. 225 Revista Hórus – Volume 4, número 1 ARTIGO ORIGINAL DELISA, J. A, GANS, B. M. Tratado de Medicina de Reabilitação: princípios e prática. 3 ed. v. 2. Barueri SP: Manole, 2002. GREVE, Júlia Maria D’Andrea. Medicina de reabilitação aplicada à ortopedia e traumatologia. 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