INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS MISSÃO Promover o uso apropriado de P e K nos sistemas de produção agrícola através da geração e divulgação de informações científicas que sejam agronomicamente corretas, economicamente lucrativas, ecologicamente responsáveis e socialmente desejáveis. N0 116 DEZEMBRO/2006 MANEJO SUSTENTÁVEL NA AGRICULTURA É DISCUTIDO EM WORKSHOP NA ESALQ Tsuioshi Yamada1 Silvia Regina Stipp e Abdalla2 O objetivo do Workshop sobre Manejo Sustentável na Agricultura, promovido pela Potafos, foi o de proporcionar um debate aberto, não tendencioso, sobre as tecnologias relacionadas à sustentabilidade na produção agropecuária, além de apresentar e divulgar informações e experiências práticas de agricultores e pesquisadores relativas ao tema. O Workshop, coordenado por Tsuioshi Yamada, Potafos, e pelo Professor Paulo Roberto de Camargo e Castro, da ESALQ, ocorreu em 23 e 24 de Novembro, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, SP, e constou de três painéis: Herbicidas e o manejo de plantas de cobertura, Manejo sustentável na agricultura e Integração sustentável da agricultura com a pecuária. A seguir, segue um resumo das principais mensagens deixadas pelos palestrantes. Painel 1. HERBICIDAS E O MANEJO DE PLANTAS DE COBERTURA Palestra: CONCEITOS BÁSICOS PARA O USO DE HERBICIDAS EM SISTEMA SUSTENTÁVEL – Jussara Borges Regitano, Pesquisadora do Cena-USP, Piracicaba, SP, e-mail: [email protected] Segundo Jussara, a agricultura sustentável pode ser definida como a capacidade que uma unidade agrícola tem de continuar a produzir, numa sucessão sem fim, com um mínimo de aquisição do exterior. Pode-se dizer que ela envolve três conceitos básicos: conservação do ambiente, unidades agrícolas produtivas e criação de comunidades agrícolas prósperas. 1 2 Veja também neste número: Nutrição e Adubação da Cultura da Banana ..... 14 Divulgando a Pesquisa ..................................... 20 Painel Agronômico ........................................... 28 Cursos, Simpósios e outros Eventos ................ 30 Publicações Recentes ....................................... 31 Ponto de Vista ................................................... 32 Relacionando o conceito de agricultura sustentável com o plantio direto, disse que, primeiramente, é necessário pensar nos possíveis destinos do herbicida no ambiente. Assim, entre o sítio de aplicação de um produto e o seu destino final, que pode ser água, solo, ar ou alimento, existem vários processos de transporte ou transformação (Figura 1) que dependem de dois processos principais: • Sorção. Refere-se ao equilíbrio que se estabelece entre a quantidade de produto que vai permanecer na solução do solo e aquela que é sorvida na superfície do solo, e determina a disponibilidade do produto em solução bem como o seu destino no ambiente; e • Degradação. Refere-se à transformação na estrutura química da molécula, que pode ser química (fotólise, hidrólise, óxiredução, etc.) ou biológica (metabolizada por microrganismos, plantas ou animais), e vai determinar a persistência do produto no ambiente. Engenheiro Agrônomo, M.S., Doutor, diretor da POTAFOS; e-mail: [email protected]; [email protected] Engenheira Agrônoma, M.S., POTAFOS; e-mail: [email protected]; [email protected] POTAFOS - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PESQUISA DA POTASSA E DO FOSFATO Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone e fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.net - E-mail: [email protected] Endereço Postal: Caixa Postal 400 - CEP 13400-970 - Piracicaba-SP, Brasil INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 1 MANEJO SUSTENTÁVEL Figura 1. Destino dos herbicidas no ambiente. Salientou que, além desses processos, também vão influenciar no destino final dos herbicidas as condições edafoclimáticas do ambiente e as propriedades físico-químicas tanto do solo como do herbicida. Comentou que, normalmente, as moléculas de herbicidas são orgânicas e interagem diferentemente com a superfície do solo e com a água, tendo maior afinidade pela fração orgânica do solo. Mas que a molécula de glifosato é uma exceção, porque possui alta solubilidade em água e, devido à sua alta especificidade, principalmente devido aos grupos carboxílico e fosfônico, apresenta também alta sorção à superfície do solo, preferindo a fração mineral e os óxidos de ferro e alumínio, e também a matéria orgânica do solo. Desta forma, compete pelos sítios de adsorção com o fósforo e, por ser uma molécula que fica muito retida ao solo, pode ser carreada junto às partículas de solo pela erosão. Considerando-se que a matéria orgânica é a principal fração do solo responsável pela retenção de moléculas orgânicas da maioria dos herbicidas, citou que a sorção é muito maior nos primeiros 20 cm do solo, onde é maior o teor de carbono orgânico. Quanto à degradação, Jussara disse que a maioria dos pesticidas é degradada biologicamente através dos microrganismos, e a mineralização seria a forma de degradação ideal porque através dela se tem a quebra total e a detoxicação da molécula do ambiente. Para que a biodegradação ocorra de maneira satisfatória, algumas condições são necessárias, como: • Existir pelo menos um organismo capaz de produzir as enzimas necessárias; • Este organismo precisa estar presente no local de ação; • O herbicida tem que estar acessível ao organismo; • Se a enzima de atuação inicial for extracelular, esta precisa estar disponibilizada; umidade do solo estiver entre 40% e 75% da capacidade máxima de retenção de água. Se houver água suficiente no sistema, o herbicida vai ser mais facilmente transportado até as colônias aderidas à superfície do solo. Vê-se, portanto, que são vários os fatores que interagem simultaneamente no ambiente, e o equilíbrio é estabelecido de uma forma dinâmica, dependendo da característica da molécula do herbicida, da umidade e do tipo de solo. Assim, do ponto de vista de persistência, Jussara disse que a característica desejável de um herbicida, para se manter um sistema agrícola sustentável e preservar o ambiente, é que ele seja persistente o suficiente para exercer a sua função, mas não o bastante para promover efeitos adversos e cumulativos no ambiente. Daí a importância das formulações e da reavaliação do produto periodicamente. Destacou que, independente do tipo de solo, quanto maior o tempo que o produto permanecer no solo, maior a sua retenção (sorção) e maior a sua persistência no ambiente. Assim, o tempo entre a aplicação de um produto até a ocorrência de uma chuva é extremamente importante para se predizer o que vai acontecer com ele, sob o ponto de vista ambiental. Disse que, embora no plantio direto haja maior teor de matéria orgânica, o que envolve normalmente maior sorção do herbicida e maior atividade microbiana, o balanço entre esses fatores é que vai determinar se a degradação do produto será maior ou não. Quanto à contaminação das águas, o herbicida pode ser carreado por lixiviação (subsuperfície), ou por escoamento superficial . Quanto maior a sorção do produto, menor sua lixiviação. Quanto maior a lixiviação do produto (maior infiltração no solo), menor a tendência de seu escoamento superficial. Assim, observou-se que, ou a molécula do herbicida tem potencial de lixiviação, por ter alta solubilidade e infiltração, ou tem alta sorção e persistência no solo, e terá escoamento superficial junto aos sedimentos. Assim, pensando-se no manejo sustentável, é preciso escolher o produto de acordo com as características do ambiente. Se a molécula tiver persistência suficiente, ela vai apresentar um efeito colateral que poderá ser administrado através do manejo. Concluiu dizendo que é importante estabelecer valores de persistência e de sorção de produtos nas nossas condições de clima e solo; monitorar a qualidade da água a campo (subsuperficial e superficial), devido ao uso intenso de herbicidas. Deve-se considerar, também que, no Brasil, 60% dos solos são latossolos (com mais de 4 m de profundidade), com chuvas intensas e menor duração da palhada (Cerrados), necessitando de maiores cuidados com problemas de erosão e escoamento superficial. • Se as enzimas forem intracelulares, o herbicida terá que atravessar a parede celular do organismo; Palestra: RELAÇÕES ENTRE O USO DE HERBICIDAS E SUSTENTABILIDADE – Dana Katia Meschede, Professora da Unesp, Botucatu, SP, • As condições ambientais têm que ser favoráveis, permitindo a proliferação dos organismos potencialmente ativos. e-mail: [email protected] Mas, citou que nem sempre a degradação acontece imediatamente após a aplicação do produto, pois muitos microrganismos dependem de um período de aclimação (adaptação) antes que a molécula seja degradada. Esse período é importante porque, se for muito extenso, aumenta o tempo de exposição do herbicida no ambiente. Disse que, de forma geral, a atividade microbiana no solo é máxima quando a temperatura está entre 15oC e 45oC, e quando a 2 Segundo Dana, atualmente, não se pensa em agricultura somente em termos de produtividade e rentabilidade, mas considerase também o ambiente. O manejo adequado, que gera a sustentabilidade agrícola, vai trazer retorno financeiro sem danificar o ambiente e, conseqüentemente, garantir um futuro melhor para a humanidade. A principal técnica utilizada atualmente para se manter a fertilidade e a vida do solo, e que está relacionada à sustentabilidade, é o sistema de plantio direto. E quando se pensa em sustentabilidade INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 MANEJO SUSTENTÁVEL no plantio direto tem-se que considerar o controle de plantas daninhas, pois elas diminuem os lucros do sistema de produção através de competição com a cultura, alelopatia; hospedagem de pragas, doenças e nematóides; além de dificultar os tratos culturais e aumentar o custo de produção. E o grande avanço deste sistema, que se deu na década de 90, favoreceu o uso de herbicidas e, conseqüentemente, o uso de glifosato, graças à sua disponibilidade e acessibilidade em relação a custo. Dana alertou sobre o problema da deriva do glifosato nas culturas, mostrando que, em subdoses, ele não leva a planta à morte, mas, por interromper a rota do ácido chiquímico, faz com que ela deixe de sintetizar compostos secundários responsáveis pela sua defesa, como hormônios, ácido salicílico, ácido jasmônico, bem como diminui a produção de ligninas, flavonóides e taninos. Daí as plantas ficarem mais suscetíveis às doenças. Outro efeito é o de interferir na síntese de clorofila. Um exemplo pode ser visto em rebrota de cana, depois que o herbicida foi utilizado como maturador, causando amarelecimento ou arroxeamento (Figura 2) da planta. perdidos entre 0,87% e 16%, resultados afetados pelas características operacionais e condições climáticas. O manejo de herbicida em sistema sustentável implica na exclusão daqueles altamente tóxicos e que persistem no ambiente. Para o manejo correto do herbicida deve-se considerar o momento em que a planta está sofrendo a interferência da planta daninha, obtendo-se a maior produtividade com a menor densidade de plantas daninhas por metro quadrado. Dana explicou que em todo o processo de reação da planta, local ou sistêmica, às pragas, doenças, plantas daninhas e agentes abióticos, há um sistema de reconhecimento dos iliciadores, através de sinalizadores químicos, levando as plantas a expressar os genes de reação sistêmica que podem levar, ou não, à resistência. Assim, a produção de compostos secundários pelas plantas tem relação direta com os fatores de estresse a que ela está sujeita. Destacou que a manutenção da cobertura do solo na entrelinha da cultura é fundamental para o controle das plantas daninhas e que, embora haja competição da cobertura e/ou efeito de compostos alelopáticos com a cultura, os benefícios que a ela se agregam, ao mantê-la, são muitos maiores. Disse que, como a maioria dos efeitos da palhada está condicionada ao efeito da luz, mais do que ao efeito alelopático, é importante a escolha correta da espécie a ser utilizada como cobertura morta. Explicou que existe uma ação diferenciada no controle de plantas daninhas em relação a algumas espécies de palhada. Com 8 t ha-1 de Brachiaria plantaginea, por exemplo, praticamente se elimina o problema das plantas daninhas; o que já não ocorre com a Euphorbia heterophylla, que mesmo com 15 t ha-1 não produz o mesmo efeito. Observou-se que, além da quantidade produzida, deve-se pensar no tempo de degradação da palhada, em função das condições climáticas e de solo da região. Para várias espécies de coberturas estudadas (Figura 4), percebe-se que em cerca de 30 dias metade de toda a palhada já foi degradada. Figura 2. Clorose e arroxeamento em cana-de-açúcar causados por subdoses (deriva) do herbicida glifosato. Outros herbicidas podem agir como inibidores da protoxi, fazendo com que a protoporfirina se acumule no citosol da célula, provocando a necrose dos tecidos (Figura 3). Assim, um herbicida, por ser não seletivo, pode reduzir a produção de uma cultura através de sua deriva. Figura 4. Avaliação da quantidade de palha no campo em função do tempo após o seu manejo. Figura 3. Necrose em folha de milho e de algodão causada pela deriva de herbicidas. Experimentos realizados em 16 propriedades agrícolas no Paraná, para se medir a perda de herbicida por deriva no momento de aplicação, observou-se que só pelo processo de aplicação foram Portanto, para um manejo sustentável, o uso de palhada é imprescindível pois, para algumas espécies, ela tem eficiência comparável à dos herbicidas, e 6 a 10 t ha-1 de palha proporcionam controle entre 50% e 85% para as espécies mais sensíveis, sendo que a cobertura deve ser espessa e uniforme, para evitar que as sementes germinem. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 3 MANEJO SUSTENTÁVEL Salientou que o controle das plantas daninhas sempre é feito primeiro pela cultura, e depois pela palha e pelos herbicidas. Assim, para culturas de fechamento lento, deve-se maximizar a produção de biomassa, atrasar a operação de manejo e fazer uma seleção do tipo de cobertura. Resumindo, concluiu que os métodos disponíveis atualmente para um manejo sustentável envolvem a integração de culturas, cobertura viva, cobertura morta, herbicidas, preparo do solo, controle biológico (cultura), práticas preventivas e controle de estresses ambientais. E as recomendações gerais envolvem: • Constituição de bases de dados sobre os métodos de controle; • Maximização e preservação da capacidade de controle das culturas, respeitando a época adequada de aplicação de herbicidas para controle ou dessecação; e • Maximização da capacidade de controle do meio, através de: • Uso adequado de coberturas, que agem no controle de plantas daninhas através de alelopatia, alteração do regime térmico, de luz (qualidade e quantidade) e como barreira física à emergência. Além disso, aumentam a retenção da água de chuva, a umidade do solo, o teor superficial de matéria orgânica e a atividade microbiana, predação, quebra de dormência. • Uso adequado das restrições climáticas; • Ocupação contínua do ambiente. maior (30%), relacionadas a um complexo de pragas (Figura 5) e a outros fatores, comparada a 8% com 28 dias de antecipação no controle; Palestra: MANEJO DE PLANTAS DE COBERTURA NO SISTEMA PLANTIO DIRETO – Aroldo I. Marochi, Gerente Regional Sul, Monsanto do Brasil • Estimula a emergência de plantas daninhas após a primeira aplicação, controlando-as na segunda aplicação; Ltda., e-mail: [email protected] De acordo com Aroldo, a agricultura com plantio direto precisa de palha, e a rotação de culturas é uma prática fundamental para a sustentabilidade de todo o processo, seja com culturas ou com coberturas, porque ela quebra o ciclo de uso de defensivos, o uso de cobertura da mesma cultura, diminui patógenos, pragas, etc. Disse que o que compacta o solo não é o plantio direto, mas o mau uso de grades niveladoras na preparação do solo para sua implantação. Todos os processos de quebra da estrutura causam excessiva pulverização do solo e compactação da subsuperfície, acarretando perdas de toneladas de solo, sementes e insumos através da erosão laminar, causada pelas fortes enxurradas. A manutenção da cobertura do solo com o plantio direto, ao longo dos anos, favorece o equilíbrio entre biologia, nutrientes e planta. Tendo em vista que o sistema plantio direto foi fundamentado na eficiência da utilização do glifosato como herbicida, Aroldo enumerou alguns pontos fundamentais proporcionados pelo manejo antecipado das plantas daninhas, como: • Diminui a competição por água no início de desenvolvimento da cultura; • Aumenta a decomposição dos restos culturais das coberturas ou plantas daninhas, por disponibilizar nutrientes e evitar a adsorsão; • Quebra o ciclo de pragas. Quando se desseca, por exemplo, aveia-preta ou azevém ou ervilhaca com antecedência ao plantio, há diminuição na taxa de plantas dominadas na cultura seguinte. Nota-se que quando não se faz o controle antecipado das plantas daninhas o número de plantas dominadas é muito 4 Figura 5. Danos em milho ocasionados por pragas de solo. Dessecação realizada muito próxima ao plantio. • Melhora a uniformidade de plantio e evita o espelhamento do sulco de plantio; • Diminui os efeitos alelopáticos de coberturas ou plantas daninhas; • Uniformiza o estádio de plantas daninhas, facilitando a ação dos herbicidas pós-emergentes; • Promove o controle de plantas de difícil controle (guanxuma de toco, capim de rhodes, amargoso e poaia-branca, trapoeraba, erva-quente, etc.); e • Aumenta a produtividade. Comentou que as coberturas mortas interferem no desenvolvimento da cultura através da alelopatia, causando redução de germinação, falta de vigor vegetativo, morte de plântulas, amarelecimento/clorose das folhas, redução do perfilhamento e redução/deformação das raízes. Dependendo da velocidade de decomposição da palhada, sua influência pode ser maior, se os materiais forem mais lignificados, com alta relação C/N, e mais ricos em substâncias alelopáticas; ou menor, se os materiais forem menos lignificados, ricos em carboidratos, mais facilmente decompostos pelos microrganismos. A dessecação antecipada do azevém, por exemplo, promove menor efeito alelopático no milho, boa uniformidade de plantio, bom fechamento do sulco de plantio, manutenção de água no solo e facilidade no corte da palha, enquanto o manejo tardio, no plantio, causa desuniformidade de profundidade do plantio, dificuldade de fechamento do sulco, grandes efeitos alelopáticos e dificuldade no corte da palha. Assim, o manejo antecipado das plantas daninhas interfere em uma série de fatores, como água, temperatura e entrada de luz no solo. Então, pode-se diminuir os efeitos físicos das coberturas, permitindo a emergência de fluxos de plantas daninhas pelo aumento da temperatura do solo, reduzindo os custos e uniformizando toda a área. Com a segunda aplicação do herbicida ocorre a morte dos primeiros fluxos de infestantes, promovendo diminuição destas na cultura e a liberação de substâncias alelopáticas no início de desenvolvimento das culturas, pela decomposição da cobertura. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 MANEJO SUSTENTÁVEL Aroldo comentou que é possível melhorar muito o plantio direto para as condições ambientais e econômicas do cerrado com o desenvolvimento de trabalhos específicos para a região. Citou algumas alternativas já testadas pela Monsanto, visando melhorar os solos degradados da região devido, principalmente, ao preparo convencional: a. Uso de correntão: em função das grandes áreas, um fator fundamental é substituir a grade niveladora, utilizada no sistema convencional, pelo correntão, para incorporar as sementes de cobertura. Ele proporciona: alto rendimento e baixo custo, baixo revolvimento do solo, mantendo os restos de cultura sobre o solo, e baixa degradação dos restos culturais. b. Uso de coberturas que se desenvolvem em condições de seca, como brachiárias, sorgo ou milheto, que melhoram a cobertura do solo e aumentam a reciclagem de nutrientes. A Brachiaria ruziziensis preenche os requisitos como cobertura de solo para o plantio direto por ter: • Disponibilidade de sementes, rusticidade, ampla adaptação, fácil controle com herbicidas, baixa incidência de pragas e doenças; baixa exigência nutricional e hídrica; • Boa produção de massa verde (média de 40 t ha-1); • Elevada relação C/N, permitindo a presença da palha por período mais longo; • Hábito de crescimento cespitoso, o que resulta em 100% de cobertura do solo, facilitando o plantio; • Pode ser semeada a lanço ou incorporada ao solo; • Auxilia na redução de patógenos – soja/feijão/algodão (Rizoctonia e Fusarium) e milho (Cercospora, Diplodia e Antracnose); • Espécie com micorrização e recicladora de silício; • Excelente seqüestradora de carbono. Além disso, a Brachiaria ruzizienses pode ser consorciada com milho para obtenção de cobertura morta, com o milho safrinha, respeitando-se a melhor época de semeadura, e pode ser também integrada com a pecuária. Painel 2. MANEJO SUSTENTÁVEL NA AGRICULTURA Palestra: EFEITO DO GLIFOSATO NA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS DE PLANTAS – Tsuioshi Yamada, diretor da POTAFOS, Piracicaba, SP, e-mail: [email protected]; [email protected] O principal objetivo desta palestra, segundo Yamada, foi o de propor soluções para o problemas que podem surgir com o uso inadequado do glifosato. Comentou que, nos últimos cinco anos, houve uma crescente participação dos defensivos no custo de produção da agricultura brasileira, com um aumento de 200% nas despesas com fungicidas, coincidindo com o aumento da ferrugem na cultura da soja, detentora de 44% do gasto total com defensivos na agricultura em 2005. Disse que as doenças estão destruindo, cada vez mais, o sistema de produção, e caso não se adote um sistema mais sustentável, a cadeia toda – ambiente, consumidor, agricultor e fornecedores de insumos e máquinas agrícolas – será penalizada. A literatura confirma que a contaminação das culturas econômicas com glifosato pode torná-las mais suscetíveis às doenças. Possivelmente, os mecanismos de defesa, construídos ao longo da evolução, estão sendo desativados, bem como está sendo exacerbada a multiplicação de patógenos. Sabe-se que a rota para a produção de compostos secundários (fitoalexinas, lignina, tanino), vital para a defesa da planta, pode ser bloqueada pelo uso do glifosato, que é muito móvel e se acumula nos meristemas, onde é estável e efetivo em concentrações mínimas. Observa-se que o efeito do glifosato é maior nas raízes do que na parte aérea, sendo que ele pode passar da planta-alvo para a planta-não alvo através das raízes, como mostra trabalho recente do Prof. Volker Römheld, Hohenheim University, Alemanha (Figura 6). Outra cobertura alternativa, muito bem adaptada às condições de seca do cerrado, é o Cover crop, híbrido de capim sudão com uma linhagem de sorgo. Suas principais características são: alto crescimento com baixa necessidade de água; produção de 8 a 12 t ha-1 de matéria seca, alta competitividade com plantas daninhas; rebrote após início das águas; alta relação C/N; mantém a umidade no solo; boa plantabilidade; mantém a cobertura no solo até a colheita da soja. Aroldo finalizou com uma orientação sobre o uso correto da soja Roundup Ready. Disse que no sistema de soja Roundup Ready é fundamental plantar no limpo para obter os melhores benefícios da tecnologia e ganhos de produtividade. Quando se planta no limpo, independentemente da cobertura ou cultura que esteja sendo cultivada, sempre há ganhos de produtividade comparativamente a manejos junto ou após plantio das culturas. E que deve-se fazer o manejo de pré-plantio. O intervalo entre a dessecação e o plantio é fator fundamental para o sucesso do sistema. Com isso, há facilidade no plantio; armazenamento de água no solo; distribuição adequada de sementes; facilidade no controle das plantas daninhas na pós-emergência; garantia de estande adequado da soja; evita a matocompetição precoce; minimiza os efeitos alelopáticos; há ganhos de produtividade. Figura 6. Inibição do crescimento do girassol induzida pelo glifosato devido à não observância do período de carência para aplicação. Ele observou que o crescimento do girassol, plantado em vaso onde havia Lolium perene como planta de cobertura, era afetado pelo intervalo de tempo entre a dessecação desta com o glifosato e o plantio de girassol. E quanto menor o intervalo de INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 5 MANEJO SUSTENTÁVEL tempo, menor era o crescimento da planta de girassol. E, ainda, que esta redução no crescimento estava relacionada com o aumento de ácido chiquímico nas raízes, induzido pelo glifosato. E o aumento do teor de ácido chiquímico, que mede indiretamente o efeito do glifosato, estava relacionado com o cálcio no solo, que era menor no Arenosol. Ou seja, quanto menor o teor de cálcio no solo, maior a passagem do glifosato da planta-alvo para a planta-não alvo e, conseqüentemente, maior o acúmulo de ácido chiquímico. Em culturas perenes, como citros, por exemplo, quando as plantas estão enfraquecidas, como conseqüência do mau uso de glifosato, é comum se notar perda de saia, morte de gemas terminais, seca de galhos, queda de frutos, além de parasitismo dos galhos por musgos e mini-samambaias, possivelmente devido à exsudação de açúcares e proteínas dos tecidos, como conseqüência da perda de controle da permeabilidade das membranas celulares. Yamada comentou algumas referências da literatura mostrando efeitos do glifosato no: • Desenvolvimento de invasoras resistentes ao mesmo; • Reduções na nodulação, produção de leghemoglobina e clorofila na soja sob estresse hídrico; • Aborto de maçãs, no algodão RR; e • Aumento da severidade do “mal-do-pé”em trigo de inverno cultivado após soja RR. Também citou trabalhos do Dr. Robert Kremer, University of Missouri, mostrando que os fungos de solo e de raízes, principalmente Fusarium, vão predominar no ambiente manejado com glifosato. Eles são indicadores da ecologia microbiana da rizosfera, com potencial patogênico às plantas. Algumas espécies causam doenças de importância econômica, como podridões radiculares, síndrome da morte súbita (Fusarium solani f sp glycines), e podem se associar ao nematóide de cisto da soja e aumentar a severidade da doença. Ressaltou que o glifosato é um excelente herbicida quando bem utilizado, mas seu manejo inadequado pode causar problemas à agricultura. E comentou algumas estratégias que podem ser indicadas para mitigar os seus efeitos negativos, tais como: • Gessagem: o aumento do teor de Ca na solução do solo pode funcionar como antídoto do glifosato através da sua complexação. • Aplicação de manganês via solo e/ou via foliar: o Mn é fundamental para a resistência da planta às doenças mas pode ser indisponibilizado pela ação do glifosato sobre os organismos redutores do elemento na rizosfera. E o predomínio da população de microrganismos oxidantes pode levar à deficiência de Mn na planta. • Intervalo de tempo entre a dessecação e o plantio: deve-se respeitar o tempo de espera de duas a três semanas entre a dessecação e o plantio de culturas anuais para que as plantas não sofram interferências do herbicida, do efeito alelopático das plantas daninhas, do sombreamento, etc., e tenham um desenvolvimento inicial rápido e vigoroso. Caso o tempo de espera entre a dessecação e o plantio não for considerado, a absorção do glifosato remobilizado na rizosfera poderá resultar na diminuição da produção da planta-não alvo. Em experimentos realizados nas áreas de cooperados da COAMO, no Paraná, por exemplo, observou-se que a dessecação realizada 20 dias antes do plantio da soja e do milho no sistema 6 seqüencial (SIC – sistema integrado de controle de plantas daninhas) resultou num incremento de cerca de 11 sacas ha -1 de soja e de 18,5 sacos ha-1 de milho, quando comparada ao sistema aplique-plante. Concluiu dizendo que a mudança do sistema tradicional de cultivo para o sistema mais sustentável somente virá com a conhecimento do problema e a vontade de enfrentar o desafio. A seguir, Alberto Henrique Ricordi, Alonso José de Resende Júnior e Maurício Akira Okubo, estagiários do GDT Potafos-Esalq, apresentaram algumas das novas tecnologias para manejo sustentável na agricultura. • Em culturas perenes: manejo da cobertura vegetal com roçadeira ecológica. Nessas culturas é possível manejar as invasoras com reduzido uso ou até eliminação do glifosato, através do uso de roçadeira ecológica junto com manejo da adubação e de plantas de cobertura, como, por exemplo, Brachiaria ruziziensis, Arachis pintoi, ervilhaca peluda (Figuras 7 e 8). Figura 7. Brachiária nas entrelinhas de citros. O manejo é feito através de roçadeiras, sem uso de herbicida ou grade. Figura 8. Ervilhaca peluda na entrelinha de café. No detalhe, alta produção do cafeeiro jovem, como resultado do manejo alternativo. • Em culturas anuais, sob sistema plantio direto, é bastante promissor o manejo das invasoras através de plantas de cobertura como aveia preta, ervilhaca peluda e nabo forrageiro (Figura 9). Estas são roladas (ou colhidas) antes do plantio de INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 MANEJO SUSTENTÁVEL • Redução do custo de produção – com a economia no consumo de adubo nitrogenado e no controle de ervas daninhas e de nematóides. Donizeti comentou que a adubação verde, atualmente, está sendo aplicada em grandes áreas, como as de reforma de canaviais (Figura 10), áreas novas, de implantação de culturas. Por anteceder a implantação das mais diversas culturas, sejam anuais ou perenes, melhora a capacidade produtiva dos solos degradados ou de baixa fertilidade. O uso intercalar em culturas perenes e, atualmente, anuais, permite aproveitar o espaço nas entrelinhas para produzir biomassa, além de outros benefícios (Figura 11). Tem-se observado atualmente, também, o uso de leguminosas perenes em culturas perenes, ou de leguminosas anuais em culturas anuais, ou em revegetação de áreas degradadas (por exemplo, taludes de estrada, áreas de mineração). Figura 9. Entrelinha de milho sem a presença de plantas daninhas. Manejo do nabo forrageiro na entrelinha de milho somente com a aplicação de atrazina em pós-emergência, sem dessecação em présemeadura. verão e eventuais invasoras são controladas com adubo líquido, como URAN, e também com os herbicidas convencionais, se necessários. Palestra: MANEJO DE PLANTAS DE COBERTURA EM SISTEMAS SUSTENTÁVEIS – Jo sé A. Donizet José Donizetii Carlos , Sementes Piraí S/A, Piracicaba, SP, Figura 10. Crotalaria juncea na reforma de canavial. e-mail: [email protected] De acordo com Donizeti, há muito tempo o agricultor constatou que os solos perdem a produtividade com o plantio contínuo, intensivo, e desde a antigüidade já se sabia da necessidade de se rotacionar as culturas e fazer o pousio com plantas que enriquecem o solo e permitem a continuidade do seu uso. No Brasil, o adubo verde foi bastante utilizado no início do século passado, mais expressivamente na cultura do café, naquela época ainda cultivado em solos de boa fertilidade. Com a queda da fertilidade dos solos e com a expansão da fronteira agrícola, o adubo verde voltou a tomar força, e a partir das décadas de 70 e 80 as pesquisas aumentaram e o consumo se acelerou. Mesmo com a tecnologia moderna dos adubos químicos a adubação verde ainda produz excelentes resultados, proporcionando sustentabilidade e continuidade da produção agropecuária. Explicou que a adubação verde é uma prática cujo objetivo é melhorar a capacidade produtiva do solo. Essa melhoria do solo é obtida através da adição de material orgânico não decomposto de plantas cultivadas exclusivamente para este fim, que são manejadas antes de completarem o ciclo vegetativo. A adubação verde pode ser realizada com diversas espécies vegetais (crucíferas, gramíneas, compostas, etc.), porém, a preferência pelas leguminosas está consagrada por inúmeras vantagens, dentre as quais destacase a sua capacidade de fixar nitrogênio direto da atmosfera, através da simbiose. Citou que a adubação verde pode ser considerada uma tecnologia sustentável porque, aplicada à agricultura, promove: • Aumento da receita – devido ao ganho de produtividade e melhoria da qualidade do produto; • Preservação do solo – pelo combate à erosão e melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo; e Figura 11. Feijão-de-porco intercalado à cultura de milho. Disse que a primeira finalidade para o adubo verde é como cobertura do solo, como cobertura viva, e que, depois de manejado, passa para outra fase, como cobertura morta do solo. Comentou que essa cobertura, além de proteger o solo contra os efeitos deletérios da radiação solar, protege-o da erosão e da infestação por plantas daninhas. Quanto ao seu efeito abaixo do solo, as raízes das plantas de cobertura promovem aeração e estruturação do solo, rompendo as camadas, devido à sua natureza rústica. Além disso, elas fazem o trabalho de reciclagem, trazendo à superfície os nutrientes lixiviados, perdidos em profundidade, depois que ela é cortada e decomposta no solo. Comentou que nos últimos cinco anos tem havido uma procura muito grande por leguminosas que combatem os nematóides e que, comercialmente, os adubos verdes que estão sendo mais comercializados e utilizados são: INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 7 MANEJO SUSTENTÁVEL Leguminosas de verão: Crotalaria breviflora (rotação em café), Crotalaria spectabilis (controle de nematóides), Crotalaria mucronata (rotação com fumo), Crotalaria ochroleuca (indicada para solos com pH baixo e com alumínio), Crotalaria juncea (maior produção de biomassa em menor tempo, para reforma de canaviais), feijão-de-porco (intercalar em citros, milho, banana), feijão guandu (recuperação de solos degradados), guandu anão (intercalar nos citros), labe-labe (intercalar em citros, rotação com milho), mucuna anã (intercalar em café), mucuna preta, mucuna cinza, milheto, girassol. Leguminosas de inverno: aveia amarela, aveia preta, azevém, ervilhaca (intercalar em citros e café, rotação com milho). De acordo com Donizeti, os resultados científicos comprovam que o casamento de leguminosas e gramíneas dá muito bons resultados. Todas as rotações de gramíneas de inverno dão bom resultado com soja e todas as rotações de leguminosas dão bom resultado com milho. O nabo forrageiro dá bom resultado com ambas as culturas. Para o cafeeiro, sugeriu o uso de Crotalaria breviflora e mucuna anã; e no sistema de renque, o guandu, a cada 5-10 linhas. Para os citros, tanto em formação quanto em produção, as mais usadas ainda são o labe-labe, o guandu anão e o feijão de porco; já para o pomar em formação, Crotalaria juncea e guandu; e em pomares antigos, feijão-de-porco. Muitos trabalhos mostram e comprovam, ainda, que o uso conjunto de várias espécies de leguminosas, denominado coquetel de espécies de verão, proporciona melhor resultado no solo do que o uso isolado de cada uma das espécies. Mas que ele ainda não está sendo adotado devido a problemas operacionais ocasionados pela diferença de tamanho entre as sementes. Quanto à recomendação, comentou que a escolha da espécie de adubo verde, da época do plantio, do espaçamento e da densidade de semeadura dependem do sistema de produção da cultura e das condições de solo e clima. O solo corrigido é indispensável para o sucesso da adubação verde e a necessidade de adubação mineral depende da análise do solo. Palestra: MANEJO SUSTENTÁVEL NA CITRICULTURA – Ronaldo Cabrera , CATI - Casa da Agricultura de Novais, SP, maior suscetibilidade à seca, maturação precoce dos frutos, com baixa fixação na época da florada, ponteiros com die back e saia levantada, aspectos visuais que caracterizam a morfologia de uma planta improdutiva, anti-econômica e suscetível a pragas e doenças. E com o aumento de pragas e doenças, também aumenta o custo de produção. Segundo Ronaldo, tudo o que a parte aérea da planta mostra é reflexo do seu sistema radicular. Com a abertura de trincheiras em pomares na região norte do Estado de São Paulo, observou-se que os pomares doentes e improdutivos têm um sistema radicular que não ultrapassa 20 cm de profundidade, enquanto pomares saudáveis e produtivos possuem sistema radicular denso, bem distribuído e atinge profundidade superior a 3,5 metros. O sistema radicular profundo busca água, potencializa a absorção de nutrientes e recicla os nutrientes lixiviados que estão na camada subsuperficial do solo. Em pomares já implantados, o citricultor deverá partir para a adubação do sistema de produção enfatizando os nutrientes N, P, S, Ca e B e o manejo de mato. A visão de sistema de produção é de extrema importância, pois é preciso adubar o sistema em área total e não a planta. E quando se fala em adubar o sistema de produção se parte do princípio de que não se deve adubar o solo somente na projeção da saia e sim em área total, corrigindo tanto embaixo da saia quanto no meio de rua (Figura 12). Ronaldo comentou que o manejo de mato proporciona muita segurança para a recomendação de doses maiores de gesso, pois uma braquiária bem manejada (20 t ha-1 de matéria seca) recicla em termos de nutrientes o equivalente ao que 2,7 t ha-1 de gesso carreiam para as camadas abaixo de 20 cm de profundidade. Observa-se que os pomares que recebem anualmente o gesso associado ao manejo de mato vêm respondendo muito bem em produtividade e tolerância à seca. Salientou que, nas áreas em que se usa gesso em doses maiores, deve-se tomar o cuidado de fornecer magnésio na forma de magnesita, sulfato de magnésio ou sulfato duplo de potássio e magnésio, termofostatos magnesianos, calcário dolomítico e outras fontes. É preciso fornecer também molibdênio, para compensar o efeito competitivo do ânion sulfato. Destacou que hoje os citricultores estão redescobrindo a importância da matéria orgânica para a citricultura, adubando o mato e-mail: [email protected] De acordo com Ronaldo, há necessidade de se buscar sistemas alternativos de produção para a citricultura brasileira, uma vez que o sistema convencional está sendo inviabilizado pela baixa produtividade, pelo aumento do custo de produção e pelo aumento da incidência de pragas e doenças. O estreitamento das margens de lucro levou muitos citricultores a adotarem a irrigação como forma de aumento de produtividade e conseqüente redução do custo de produção, porém, observa-se que o custo da irrigação (13,3 toneladas de fruta por hectare ano, ou 326,9 caixas ha-1, considerando-se o custo de capital de 12% ao ano e depreciação em 13 anos) praticamente se iguala ao aumento de produtividade obtido através da sua adoção (13 t ha-1). Um pomar mal manejado possui folhas e frutos pequenos, raízes superficiais, 8 Figura 12. Efeito da adubação em área total e da gessagem na distribuição do sistema radicular em pomar de citros com 1 ano de idade. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 MANEJO SUSTENTÁVEL na entrelinha do pomar para incrementar a produção de biomassa e, depois de manejá-lo, utilizando-o como fonte de matéria orgânica. Com isso, consegue-se reciclar os nutrientes do perfil do solo, através do aprofundamento do sistema radicular, otimizar o uso de fertilizantes, reduzir os picos de temperatura, reduzir a perda de água por evaporação e eliminar o uso de herbicidas. Quanto ao balanço de água do solo, disse que ao se economizar 25% de água com o uso de cobertura morta, em condições de evapotranspiração de 6 mm ao dia, é possível obter 200 mm de água a mais no ano, quando se faz um manejo bem feito, ou seja, com mais matéria orgânica, mais gesso, mais boro e menos herbicida. Ronaldo finalizou mostrando resultados preliminares de sua tese de doutorado sobre “Adição de palhada e boro na qualidade do solo e produtividade em pomar comercial de laranja ‘Pera’ [Citrus sinensis (L.) Osbeck]”, em que, na média de quatro safras, observou que: • Com a aplicação de 15 t ha-1 e 30 t ha-1 de mulch no pomar houve um aumento na produtividade de cerca de 8 t ha-1, ou seja, um aumento de 200 caixas ha-1 em relação à testemunha; • Apesar da alternância de safras, observou-se que a produtividade foi crescente ao longo dos anos; • A partir do 2o ano, em todos os anos houve efeito positivo dos tratamentos com cobertura morta sobre a produtividade; • Houve aumento significativo da biomassa microbiana no tratamento com 30 t ha-1 de mulch, enquanto na testemunha e no tratamento com 15 t ha-1 praticamente não houve efeito significativo; • Os valores de carbono e de N (isótopos), medidos nas profundidades de 5 cm, 15 cm e 25 cm do solo, mostraram maiores diferenças nos primeiros 5 cm, enquanto nas maiores profundidades praticamente não houve diferença estatística; • A cobertura morta não influenciou a capacidade de retenção de água no solo, indicando que seu maior efeito é na diminuição da evaporação de água, do que no aumento da capacidade de retenção de água. • Para melhor produtividade, a relação foliar P/S deve estar próxima de 0,6, enquanto a relação K/Ca deve estar próxima de 0,4. P alestra: MANEJO SUSTENTÁVEL NA CAFEICULTURA – Durval Rocha Fernandes , MAPA-PROCAFÉ, Campinas, SP, os agricultores em agricultura sustentável, tanto em práticas quanto em conceitos, para que possam desenvolver suas próprias práticas a partir de sua realidade local; • O monitoramento de pragas e doenças é a base para as decisões sobre proteção das plantas. Nenhum inseticida ou fungicida é aplicado sem monitoramento, e a aplicação deve ser sempre localizada e, de preferência, curativa, nunca preventiva; • A diversidade biológica deve ser reforçada, através do manejo de mato. Quanto maior a diversidade de mato, maior o número de inimigos naturais e maior a proteção das plantas; • A qualidade da produção deve ser avaliada por parâmetros ecológicos do sistema de produção bem como pelos parâmetros de qualidade externa e interna usuais; • Deve-se eliminar ou reduzir as fontes de contaminação geradas pelas atividades agropecuárias – diagnosticar as fontes de contaminação, identificar os impactos gerados e propor medidas preventivas e/ou minimizadoras; • A renda da propriedade deve ser assegurada – a lucratividade da atividade deve ser preservada; e • Manter as múltiplas funções da agropecuária – atender às necessidades da sociedade como um todo, gerando produtos e empregos no campo, assegurando a preservação e diversificação da fauna, flora e paisagem local. Durval salientou que, quanto ao aspecto da nutrição de plantas, as adubações são calculadas para repor os nutrientes exportados através das colheitas, e essa reposição deverá ser feita através das adubações orgânica, verde e química, com base na expectativa de produção. Quanto ao aspecto de manejo, não se deve deixar o solo descoberto, a não ser na época da colheita. Economicamente, evitase gastos desnecessários com capinas e diminui-se o custo final de produção. Por isso, o manejo do cafeeiro integrado pode ser realizado apenas por meio de roçadas. A baixa intensidade de cultivo traz benefícios desse manejo correto do mato, como: • Redução de capinas. São realizadas roçadas alternadas mantendo-se uma linha de café com mato até a lavoura florescer, para aumentar o número de inimigos naturais e, conseqüentemente, reduzir o uso de inseticidas (Figura 13); e-mail: [email protected] Segundo Durval, a missão da assistência técnica é a de promover o desenvolvimento de uma cafeicultura sustentável e saudável, buscando bebida com qualidade superior e alto grau de rastreabilidade, como deseja o mercado global. E para atender às exigências do mercado globalizado tem-se que estar atento aos novos conceitos presentes na agricultura, como: ambiente, biodiversidade, sustentabilidade,qualidade de vida, segurança alimentar, rastreabilidade – certificação, seqüestro de carbono –, e aos princípios da agricultura sustentável, que são basicamente os seguintes: • Só pode ser aplicada holisticamente; • Os custos externos e os impactos indesejáveis são minimizados através da integração dos recursos naturais e dos mecanismos de execução das atividades e exploração agrária, visando minimizar o aporte de insumos procedentes do exterior; • Os conhecimentos dos agricultores devem ser regularmente atualizados, através de cursos de treinamento. Deve-se capacitar Figura 13. Cafezal com mato roçado em ruas alternadas. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 9 MANEJO SUSTENTÁVEL • Uso de subdosagem de herbicidas através do uso de adjuvantes ou controle do pH da calda; • Uso localizado de herbicidas. Para café novo, com até três anos de idade, deve-se evitar o uso de glifosato para não causar injúrias às plantas (Figura 14); Figura 15. Milheto intercalado na entrelinha do café. Figura 14. Muda de café injuriada pela aplicação incorreta de glifosato. • Auxílio no controle físico e alelopático das invasoras; • Maior controle da erosão e, conseqüentemente, melhor conservação do solo; • Estabelecimento de ação antipercolante e de reciclagem de nutrientes (bomba biológica) pelo mato; • Aumento do teor de matéria orgânica do solo; • Aumento da infiltração de água e umidade do solo; • Melhoria da vida microbiana do solo; Outro princípio empregado no manejo sustentável do cafezal, ao qual se associa o monitoramento da nutrição das plantas, é o Monitoramento Integrado de Pragas e Doenças (MIP). Através dele consegue-se especificar as pragas cuja presença deve ser monitorada, e os métodos a serem utilizados no monitoramento, e utilizar o limiar de dano econômico para as pragas mais importante e freqüentes. Ressaltou que as atividades deverão incluir medidas para assegurar o aumento da diversidade biológica, já que esta é condição essencial do controle biológico. Comentou, finalmente, que, para mudar a agricultura no Brasil hoje, é necessário mudar não só a tecnologia, mas também a mentalidade dos agricultores e dos agrônomos; que o manejo sustentável de café, com bastante mato no meio da lavoura, além de ficar mais econômico, pode recuperar cafezais degradados, como ilustrado na Figura 16. • Diminuição da compactação do solo pelo efeito amortecedor da cobertura vegetal; • Diminuição da amplitude térmica do solo; • Manutenção de elevada diversidade de espécies, que garante refúgio e a subsistência de inimigos naturais; • Manutenção e melhoria das propriedades físicas e químicas do solo; • Redução do custo de produção quando feito racionalmente. Salientou que uma das preocupações que também se deve ter na formação de um bom ambiente de produção é com a proteção do cafezal contra ventos e contra altas temperaturas, através da implantação de quebra-ventos ou de arborização. Na formação de café, a proteção contra ventos é fundamental para se evitar o brotamento das mudas. Figura 16. À esquerda, cafeeiro em lavoura tradicional; à direita, em tratamento sustenEm cafezal plantado em regiões recém-desbratável. vadas, como a dos cerrados, por exemplo, em que, no início, praticamente nada cresce nas entrelinhas, o milheto é uma Durval finalizou enumerando os desafios para se produzir das culturas que tem sido utilizadas para manter o solo coberto e café de maneira sustentável: manter o padrão de produto; diminuir que, além de proporcionar todos os benefícios já citados, protege os custos (sair do vermelho) através do uso de novas técnicas e de o café contra o vento (Figura 15). Assim, a cultura é formada de maior observação; planejar para aumentar o lucro com produtos de maneira mais fácil e com menor custo. melhor qualidade – valor agregado; e atenção social e ecológica. 10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 MANEJO SUSTENTÁVEL Painel 3. INTEGRAÇÃO SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA COM A PECUÁRIA Palestra: INTEGRAÇÃO SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA COM A PECUÁRIA NO PARANÁ – Richard F. Dijkstra, Fazenda Frank’Anna, Ponta Grossa, PR, e-mail: frankannarichard@ uol.com.br De acordo com Richard, a estratégia da Fazenda Frank’Anna para a sustentabilidade da propriedade é a integração agropecuária em plantio direto. O foco é manter o solo vivo, que vai se sustentar e alimentar diversas gerações. Richard disse que, quando se fala em integração agropecuária, é importante se pensar em integração de atividades e de pessoas, que visam o mesmo objetivo (Figura 17). Assim, na mesma área, em sistema de rotação, é possível produzir 60 t ha-1 de matéria verde de milho, 35 t ha-1 de matéria verde de sorgo e 30 t ha-1 matéria verde de cevada, permitindo produzir, atualmente, 38.620 litros ha-1 ano-1 de leite, produção considerada bastante alta. Comentou que a silagem de grão úmido (30% a 32% de umidade) é outra opção que permite a otimização da colhedeira e do sistema de armazenagem, porque ela é ensilada em trincheira de concreto, coberta com lona, tornando-se excelente material, de grande durabilidade, e que garante bom resultado na produção de leite. Segundo Richard, um dos cuidados que se toma em relação ao manejo do solo é limitar a produção de silagem às áreas mais aptas, garantindo bom volume de um produto de alta qualidade. Disse que a produtividade média de soja é de 3.400 kg ha-1 (prejudicada nos últimos três anos pela seca durante o enchimento de grãos), a de milho de 8.800 kg ha-1, e a produção média diária de leite é de 38 litros por animal. Quanto ao faturamento das atividades em 2005, a participação da agricultura foi de 41%, a da pecuária leiteira de 33% e a da suinocultura de 26%. O destino dos produtos da propriedade é a Cooperativa Agropecuária Batavo, que fornece os insumos com melhores preços e também indica os melhores mercados para a comercialização dos produtos. Na Fundação ABC, a empresa busca o apoio da pesquisa, para a descoberta dos gargalos que podem estar limitando a produtividade da fazenda. Figura 17. Fazenda Frank’Anna – integração agropecuária em busca da sustentabilidade. Assim, a propriedade mantém integradas as atividades de pecuária leiteira confinada, suinocultura e agricultura, buscando torná-las fortes, produtivas e rentáveis. As estratégias são: crescimento vertical (aumentar a produção e a produtividade na mesma área); viabilizar as culturas de inverno para forragem; manter a produção de grãos; diversificar as atividades para diminuir os riscos e buscar a parceria de sócios. No verão, a base da alimentação é o milho em forma de silagem (cerca de 13 t ha-1 de grãos), que é plantado no espaçamento de 34 cm, em população de 88.000 plantas ha-1, e é fertirrigado. Após a ensilagem do milho, e para que haja rápida cobertura e proteção do solo, entra-se normalmente com milheto ou sorgo na área, que são usados para silagem ou para palha, dependendo do ano e das condições climáticas na região. Richard comentou que, em um futuro próximo, já antevendo o aumento de preço da proteína, pensa-se em viabilizar a silagem de soja, transformando sua proteína em leite. Disse que, desta forma, pode-se aumentar a rentabilidade da soja em R$ 900,00 por hectare (com base no preço do farelo de soja). No inverno, uma das opções de cultura para silagem na região é o azevém, que tem altíssima qualidade (28% de proteína bruta), mas apresenta produtividade limitada e um custo bastante alto, inviabilizando a cultura. Desta forma, está optando por culturas de maior produtividade, como a cevada, que produz 16% de proteína bruta e 30 t ha-1 de matéria verde, ensilada diretamente, sem necessidade de pré-secagem. Os dejetos da suinocultura e da pecuária leiteira, depois de passarem por um biodigestor para produção de biogás (1.5002000 m3 dia-1), são utilizados para fertirrigação. O biogás alimenta o motor para a fertirrigação, tornando o sistema eficiente a um custo muito baixo, sem compactação do solo, como no caso da distribuição com o trator, com melhor distribuição e melhor rendimento. Além disso, com a utilização do biogás, é possível fazer a secagem de milho, soja e trigo. Richard citou outras formas de integração agropecuária adotadas por pequenos agricultores da região, e que tem apresentado excelentes resultados, com crescimento de 15% a 20% ao ano, que são: agricultor com pecuarista (parceria plena); agricultor fornecendo forragem para o pecuarista; entre propriedades pecuárias: uma especializada na reprodução e criação do gado e outra focada na produção de leite. As vantagens da parceria, para o pecuarista, são: foco na produção de leite e de silagem necessária à sua produção; aumento de produção; redução de custos fixos; otimização da rotação de culturas e silagem melhor confeccionada. Já para o agricultor, as vantagens são: foco na produção de grãos; antecipação de colheita, permitindo o cultivo de outra cultura; otimização das colheitadeiras e receita garantida pela cooperativa. Quanto aos problemas que podem surgir com estas parcerias, elas dizem respeito a: logística, timing de ensilagem e preço da safra, que pode dificultar as negociações. Encerrou deixando a mensagem de Charles Darwin aos participantes: “Não é a mais forte das espécies que sobrevive, nem a mais inteligente, mas a mais responsiva à mudança”. Palestra: INTEGRAÇÃO SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA COM A PECUÁRIA NO CERRADO – Jonadan Min Ma, Sementes Boa Fé, Uberaba, MG, e-mail: [email protected] INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 11 MANEJO SUSTENTÁVEL Segundo Jonadan, há quatro fundamentos estratégicos do Grupo Mao Shou Tao para a administração da empresa: diversificação de culturas, verticalização, integração dos setores e sustentabilidade. Disse que a sustentabilidade, seja econômica, familiar, social, ambiental ou financeira, deve fazer parte da vida de todos, é uma necessidade que impera atualmente e que se manifesta de maneira mais evidente nos momentos de maior necessidade, de crise. E um dos principais aspectos da sustentabilidade é a diversificação, que foi obtida pelo Grupo através da produção de sementes, de commodities, da produção pecuária, da industrialização dos produtos (verticalização) (Figura 18), do setor comercial, de criação de armazéns gerais (Figura 19). (soja, milho e sorgo), cana-de-açúcar, além da de carne e leite, sendo que a parceria é fundamental para a sustentabilidade do agronegócio. Disse que a empresa busca a eficiência na produção agrícola e na pecuária intensiva de leite e carne. O sistema pecuária de leite é dividido em três sistemas: loosing house; pastejo em sistema irrigado e pastejo em sistema de integração lavoura-pecuária. Já a pecuária de corte engloba: confinamento total, pastejo em sistema irrigado e pastejo em sistema de integração lavoura-pecuária. O primeiro ponto de diversificação de atividades da empresa, e também da verticalização, foi na cadeia da soja, de forma integral, desde o melhoramento genético (por exemplo, com a criação da cultivar Conquista), a produção comercial da semente, a industrialização, até sua chegada à mesa do consumidor, nos segmentos de commodities e alimentar. Destacou que os principais objetivos da implantação das pastagens irrigadas e da integração lavoura-pecuária são: redução dos custos de produção do setor agrícola e pecuário; aumento da receita líquida por hectare; adoção plena do conceito sistema plantio direto; geração de sustentabilidade da atividade agropecuária. E os desafios na implantação do projeto de integração lavoura-pecuária, no sistema plantio direto, são: formar palhada em quantidade e qualidade; aumento contínuo na produtividade de soja e milho; implantação da integração sem afetar a alta produtividade do milho (até 10 t ha-1); manter a brachiária continuamente no sistema com rotação de culturas soja-milho; implantação em 100% da área de grãos; manter uma parcela da área com pastagem também na primavera e no verão. Jonadan destacou os bons resultados obtidos a partir de um projeto implantado em parceria com a Potafos na busca da melhor forrageira para a integração lavoura-pecuária, dentro do conceito de sustentabilidade. Disse que, dentre as forrageiras estudadas, a Brachiaria brizantha foi eleita a melhor forrageira para a região, com excelente comportamento pós-colheita, suportando bem a seca no período outono-inverno, além de permitir um bom pastejo (Figura 20), sem afetar a produtividade do milho (167 sacas ha-1). Figura 18. Verticalização da produção. Figura 19. Complexo de silos graneleiros e desvio ferroviário próprio. De acordo com Jonadan, um dos pontos importantes para gerar sustentabilidade na atividade é investir e buscar o apoio das instituições de pesquisa, das parcerias, e fazer o compartilhamento das informações, através de dias de campo, de encontros e de palestras técnicas. Acrescentou que este é o princípio da cooperativa – compartilhar conhecimento –, e que o sucesso da sua empresa é proporcional ao sucesso do setor como um todo. Segundo ele, o mercado da produção agropecuária do Grupo está baseado na comercialização de sementes de soja, grãos 12 Figura 20. Gado em pasto de Brachiaria brizantha após a colheita de milho. Na etapa de implantação em escala comercial (153,6 ha), observou-se, no balanço final, um incremento do lucro líquido da integração lavoura-pecuária equivalente a 21% no lucro líquido da soja e de 13% no lucro líquido do milho. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 MANEJO SUSTENTÁVEL Jonadan finalizou sua palestra comentando e mostrando os benefícios do projeto da integração lavoura-pecuária em plantio direto, os quais podem ser resumidos como: redução dos custos de dessecação para o plantio das culturas; redução do banco de espécie de plantas daninhas; cobertura permanente do solo; aumento do nível de fertilidade; aumento do nível de matéria orgânica do solo; melhora significativa na estrutura do solo; otimização de mãode-obra e estrutura da fazenda; baixo nível de exigência em investimentos e custeio; aumento de renda agrícola e aumento da lucratividade agrícola. Palestra: SISTEMA SUSTENTÁVEL DE PRODUÇÃO DE CARNE E LEITE NO BRASIL – Ricardo Goulart, ESALQ, Piracicaba, SP, e-mail: goulart@ esalq.usp.br Segundo Ricardo, a demanda por produtos de origem animal (carne vermelha e leite) produzidos em pastagem é crescente, e a previsão é de que ela dobre até 2020. Assim, no futuro, o desafio será atender a demanda por quantidade através da produção com qualidade, em um sistema sustentável que envolva conceitos econômicos, sociais e ambientais. Comentou que quando se fala em sustentabilidade pensase em níveis de intensificação necessários para garantí-la, e que envolvem fatores importantes como: • Qualidade da água. O acúmulo de nutrientes na água pode provocar sua eutrofização, causando a morte de peixes e resultando em problemas para saúde humana, pelo alto teor de nitrato. Mas, em sistemas intensivos de pastagens tropicais observa-se que não há lixiviação excessiva e acúmulo de nitrato nas camadas mais profundas do solo, e seu teor na água permanece dentro dos limites permitidos pela legislação. Isto sugere que em sistemas intensivos a perda de nitrato deve ser muito pequena devido à grande capacidade de extração e produtividade das gramíneas tropicais. • Uso eficiente de nutrientes. Normalmente, pensa-se que o baixo uso de insumos é o caminho para a sustentabilidade. Na verdade, pesquisas demonstram que pode haver redução no ganho de peso dos animais quando não se faz a adubação de manutenção da pastagem. A Figura 21 mostra que houve perda de cerca de 83% no ganho de peso do animal quando não se fez a adubação de manutenção da pastagem, ao longo de nove anos. Por outro lado, houve um aumento de cerca de 49% no ganho de peso do animal quando se incrementou a fertilidade da pastagem através da adubação. • Perda de solo. As pastagens podem ou não ser eficientes no controle da erosão do solo, dependendo das suas condições. Observou-se que através da adubação pode-se aumentar a produção de matéria seca, reduzir em 1/4 a perda de água e reduzir a menos da metade a perda de solo. Áreas estabelecidas com gramíneas, ou que utilizam outros métodos que reduzem a velocidade da água, são as práticas mais eficientes para diminuir o transporte de sedimentos provenientes de áreas agrícolas e, conseqüentemente, reduzir o assoreamento. De acordo com Ricardo, para se promover a sustentabilidade na pecuária é necessário ser eficiente, intensificar o sistema de produção, favorecer uma dieta adequada ao animal e abatê-lo com menor idade. Resultados de experimentos conduzidos na ESALQ comprovaram que um melhor manejo de pastejo, que incluiu o fornecimento de suplemento energético e protéico a bezerros em engorda, promoveu um ganho de 860 g cabeça-1 dia-1, em relação à testemunha, tratada somente com pastagem. Isso permitiu o abate do ani- Figura 21. Redução da produtividade em pastagens sem adubação de manutenção ao longo dos anos. mal com 18 arrobas, em dois anos, economizando-se 60% da quantidade de alimento em matéria seca, 66% em quantidade de nutrientes digestíveis totais e 63% em proteína bruta, em relação ao abate com 36 meses. Isto está relacionado à diminuição do custo total de mantença, resultado do menor tempo de permanência com o animal e, portanto, da menor exigência em nutrientes por kg de carne produzida, além da menor produção de metano. Em adição a isso, com a menor área utilizada por kg de carne produzida, sobra mais área para conservação do ecossistema natural. Disse também que, quando se quer produzir uma pastagem de boa qualidade, é necessário fazer uma desfolha freqüente, antes que ela comece a acumular haste. E com isso, é necessário repor os nutrientes extraídos pelo animal. Caso não se pretenda fazer a reposição de nutrientes, a eficiência de colheita tem que ser menor, para aumentar a sustentabilidade da pastagem. • Seqüestro de carbono. As pastagens têm um enorme potencial de acúmulo de carbono no solo. Embora elas ainda não façam parte do atual Protocolo de Kyoto, sua grande contribuição em área no mundo faz desse recurso um dreno potencial de carbono, superando os recursos florestais. Mas, quando o animal está no pasto, ele emite metano, que é um gás com poder de efeito estufa 25 vezes maior que o do CO2. E, para reduzir a emissão de metano, existem tecnologias como: melhorar a qualidade da dieta; adequação do manejo do pastejo para produzir forragem de melhor qualidade; uso de aditivos como antibióticos e ionóforos para melhorar a conversão alimentar; outras alternativas de manejo que reduzam a idade de abate. • Bem-estar animal. Sabe-se que, com sombra, o animal produz mais leite. Assim, fornecer sombra para o gado de leite é de interesse do produtor, pois há diminuição do estresse animal e aumento na produtividade. Finalizou dizendo que a atenção a todos estes itens leva a um sistema de produção mais eficiente, a uma intensificação do sistema de produção e, conseqüentemente, ao aumento da sustentabilidade do setor produtivo. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 13 BANANA NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA CULTURA DA BANANA Leandro José Grava de Godoy1 Edson Shigueaki Nomura2 Wilson da Silva Moraes3 N o dia 13 de outubro de 2006, na Agência Paulista deTecnologia dos Agronegócios do Vale do Ribeira (APTA), município de Pariquera-Açu, foi realizado o Workshop sobre Nutrição e Adubação da Cultura da Banana. O evento foi promovido pelo Campus Experimental de Registro – UNESP, juntamente com POTAFOS e APTA, contando com o apoio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Escritório de Desenvolvimento Regional de Registro (CATI). Os resumos dos principais temas apresentados pelos palestrantes são mostrados a seguir: Palestra: APTIDÃO DOS SOLOS PARA A BANANA E FATORES LIMITANTES DE SUA PRODUÇÃO Francisco Mite, Doutor do Instituto Nacional Autónomo de Investigaciones Agropecuarias, Estación Exp. Tropical Pichilingue, Quevedo-Ecuador, email: [email protected] Segundo Dr. Mite, para o cultivo da banana deve-se considerar algumas características dos solos, como profundidade de enraizamento, pois os solos podem apresentar barreiras físicas que impedem o bom desenvolvimento das raízes e a boa drenagem e aeração, e o sistema radicular da bananeira não suporta excesso de água, havendo a redução da produtividade em caso de lençol freático muito superficial. Quando ocorrem inundações em bananais em produção, os danos causados são muito grandes, podendo ocasionar perdas de até 100%, dependendo do tempo que a água se mantém na área. Destacou que o desenvolvimento radicular depende de vários fatores: textura e estrutura dos solos, drenagem, fertilidade do solo, irrigação, presença de doenças e pragas, densidade de plantas, idade da plantação e crescimento foliar. A maior concentração de raízes da bananeira (aproximadamente 80%) ocorre nos primeiros 60 cm de profundidade, variando de acordo com o tipo de solo e a resistência à penetração das raízes. A presença de uma barreira física, como, por exemplo, perfil superficial pedregoso, é limitante para o bom desenvolvimento do sistema radicular. Outro fator importante para a produção de banana é o estado da fertilidade das camadas superficiais. Comentou que uma drenagem pobre no solo provoca menor aeração e, conseqüentemente, mudanças na coloração do solo devido à oxi-redução de alguns elementos. Nas plantas, ocorre clorose prematura, com o amarelecimento das folhas mais velhas, elevação dos rizomas, “arrepolhamento”, encurtamento das bananas nos cachos, aumento de plantas caídas e raízes apodrecidas. Com a construção de um bom sistema de drenagem pode-se ter um aumento dos espaços porosos, o desenvolvimento de um sistema radicular mais sadio, melhoria na fixação das plantas no solo, absorção mais eficiente de água e nutrientes pelas raízes e redução na incidência de doenças e pragas. Salientou que, para a instalação de um sistema de drenagem, deve-se atentar para a velocidade da água de descarga, considerando a mínima e a máxima, a inclinação do canal e a forma do canal, dependendo da topografia e da quantidade de chuvas. De acordo com Mite, os canais primários e coletores têm a função de coletar o fluxo de água. Os canais secundários têm a função de conduzir o fluxo de água e regular o nível do lençol freático. Os canais terciários têm a função de conduzir o fluxo de água e regular o nível do lençol freático. As dimensões dos canais estão ilustradas na Figura 1 e expressas na Tabela 1. Figura 1. Esquema do canal de drenagem com suas dimensões: B = largura da parte superior do canal; R = largura da parte inferior; H = profundidade; Z = fator do talude, de acordo com a textura do solo; (1) = espaçamento entre canais, de acordo com a textura do solo. Ressaltou que, caso não se faça os canais de drenagem de acordo com as especificações adequadas para cada tipo de solo, podem ocorrem problemas com os canais, causando sérios prejuízos ao solo. Além da drenagem, outra característica importante do solo para a produção de banana é a condutividade elétrica, ou salinidade, que não deve ser maior que 2 dS m-1. Bananais cultivados em solos com condutividade elétrica do solo acima de 6 dS m-1 apresentam sintomas visuais de fitotoxidade pelo excesso de sais (queima das bordas das folhas). 1 Engenheiro Agrônomo, Prof. Doutor, UNESP – Campus Experimental de Registro; e-mail: [email protected] Engenheiro Agrônomo, Pesquisador Científico, APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Vale do Ribeira; email: edsonnomura@ aptaregional.sp.gov.br 3 Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da APTA/Vale do Ribeira e Prof. Doutor, UNESP – Campus Experimental de Registro; email: [email protected] 2 14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 BANANA podem interferir em diferentes processos fisiológicos, como fotossíntese (fungos), Canais Canais Canais Canais absorção e transporte de água e nutrientes primários secundários terciários de sangria Medidas1 (fungos e bactérias) e utilização dos produtos da fotossíntese (vírus e nematóides). - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (m) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Dentre as doenças, destacam-se as B 6,0 a 10,0 4,0 a 6,0 2,0 a 4,0 0,3 a 0,4 manchas foliares, causadas pelos fungos R 1,5 a 3,0 0,6 a 1,0 0,4 a 0,8 0,3 Mycosphaerella fijiensis e Mycosphaerella H 3,0 a 5,0 2,0 a 3,0 1,0 a 1,8 0,4 a 0,6 musicola, conhecidas como Sigatoka neZ (argiloso) 0,75 a 2,0 0,75 a 2,0 0,55 a 0,75 0,50 gra e Sigatoka amarela, respectivamente, (franco) 1,5 a 2,5 1,5 a 2,5 0,75 a 1,0 0,75 além da mancha foliar de Cordana musae e (arenoso) 2,0 a 3,0 2,0 a 3,0 1,0 a 1,25 1,0 a mancha foliar e de frutos causada por Declividade do canal 1,5 a 2,0/1.000 1,5 a 2,0/1.000 1,5 a 2,0/1.000 0,5 a 1,0/1.000 Deightoniella torulosa. As murchas vasculares são causadas pelo fungo Fusarium Espaçamento entre canais 400 a 600 200 a 600 50 a 90 30 oxysporum f. sp. cubense (Mal-do-Panamá) Comprimento dos canais ou pelas bactérias Ralstonia solanacearum (argiloso) 40 a 65 40 a 65 20 a 25 De acordo com a (Moko-da-bananeira) ou Erwinia carotovaora (franco) 65 a 100 65 a 100 25 a 30 necessidade subesp. carotovora (Podridão mole). A Es(arenoso) 100 a 120 100 a 120 30 a 60 tria da Bananeira (Banana Streak Virus) e o 1 B = largura da parte superior do canal, R = largura da parte inferior, H = profundidade, Z = fator Mosaico da Bananeira (Cucumber Mosaic do talude. Virus) são as principais viroses que afetam a cultura no Brasil, enquanto as neSegundo Mite, os resíduos das casas de embalagens (pa- matoses são causadas por Radopholus similis, Pratylenchus cking houses) podem ser utilizados como fonte orgânica nos coffeae, Helicotilenchus multicinctus ou Meloidogyne incognita bananais. Os engaços e frutas de descartes podem ser distribuídos e M. javanica. por inteiro ou picados dentro dos bananais ou passarem pelo pro• Mecanismos envolvidos na defesa da planta contra cesso de compostagem. fitopatógenos Finalizando, Mite mostrou os efeitos da utilização do glifoMoraes explicou que as plantas, por serem imóveis, não sato em bananais (Figura 2). Plantas com sintomas de fitotoxidade apresentam folhas e cachos mal-formados e, conseqüentemente, podem fugir do ataque dos predadores e parasitas, mas durante a co-evolução desenvolveram mecanismos de defesa contra herbíqueda de produtividade. voros e patógenos, os compostos orgânicos denominados metabólitos secundários (compostos nitrogenados – alcalóides, glicosídios cianogênicos, glucosinatos e aminoácidos não-protéicos; compostos fenólicos – lignina, fitoalexinas, antocianinas, flavonóides, taninos, etc.; e terpenos – piretróides, óleos essenciais, saponinas, etc.). Tabela 1. Dimensões dos canais de drenagem utilizados em bananais. Figura 2. Sintomas visuais da fitotoxidade causada pelo glifosato. Palestra: NUTRIÇÃO MINERAL E SANIDADE DA CULTURA DA BANANA Wilson da Silva Moraes, Pesquisador da Apta, Regional do Vale do Ribeira, e Professor do Campus Experimental de Registro – UNESP, Registro, SP. Segundo Moraes, a resistência das plantas às doenças é um fenômeno controlado geneticamente, porém, os fatores do ambientes podem influenciá-la e, felizmente, na natureza, a resistência é a regra e a suscetibilidade a exceção. Os nutrientes minerais compõem um dos fatores do ambiente que exercem importantes funções no metabolismo vegetal, influenciando não somente o crescimento e a produção das plantas, mas também o aumento ou a redução da resistência a determinados patógenos. Destacou que as bananeiras (Musa spp.) são alvos constantes do ataque de microrganismos fitopatogênicos, os quais Salientou que, dentre esses metabólitos, os compostos fenólicos são os mais relacionados à defesa da planta contra microrganismos fitopatogênicos, os quais são sintetizados pela rota do ácido malônico e, principalmente, do ácido chiquímico, no caso das plantas superiores (Figura 3). A grande maioria dos compostos fenólicos é derivada do aminoácido fenilalanina, sintetizado a partir de reações catalisadas pela enzima fenilalanina amônia liase (PAL), que é estimulada por baixos níveis de nutrientes, luz e por infecções fúngicas. Além dos metabólitos secundários, as plantas produzem outros compostos orgânicos lipídicos: cutina, suberina e ceras, que constituem verdadeiras barreiras protetoras superficiais para evitar os efeitos danosos do ambiente (por exemplo, perda de água) e impedir a penetração dos microrganismos fitopatogênicos (Figura 4). Destacou que as respostas das plantas ao ataque de microrganismos fitopatogênicos podem resultar em alterações no padrão de crescimento, na anatomia e na biossíntese de compostos fenólicos. Essas respostas podem ser expressas na forma de espessamento da cutícula (lignificação ou silicificação) das células epidérmicas, regulação do fluxo de açúcares e aminoácidos, através da membrana plasmática, e biossíntese de compostos fenólicos. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 15 BANANA causal do Mal-do-Panamá, especialmente quando são submetidas a doses elevadas de fósforo (P) aplicadas no solo, que inibem a absorção de zinco (Zn) pela planta. O Zn é um dos precursores do ácido indolil acético (AIA), que induz resistência em plantas ao incitar a produção de tiloses na parede dos vasos condutores de seiva. Na cultura da banana, quando o suprimento de potássio (K) é superior aos níveis normais (em que o crescimento é máximo) e acima dos níveis de cálcio (Ca) ou magnésio (Mg), as plantas apresentam-se mais suscetíveis à murcha vascular causada por Fusarium oxysporum f. sp. cubense. A faixa de equilíbrio, calculada com base na porcentagem relativa da concentração do nutriente na folha, localiza-se entre os níveis de 55% e 61% para K; 20% e 27% para Ca e 18% e 20% para Mg. Comentou que a aplicação de Ca ao solo pode reduzir a severidade da podridão mole, causada pela bactéria Erwinia amilovora subsp. amilovora, e das nematoses que ocorrem na cultura da banana, além de conferir resistência de frutos à podridão, quando aplicado em pós-colheita. Figura 3. Visão simplificada das principais rotas de biossíntese de metabólitos secundários e suas Plantas de bananeira que apreseninter-relações com o metabolismo primário. tam sintomas de deficiência de Mg mosFonte: modificada de TAIZ e ZEIGER (2004). tram-se com forte incidência de manchas foliares e de frutos causadas pelo fungo Deightoniela torulosa. Cera epicuticular Comentou que a aplicação do enxofre (S) elementar reduz Cutícula (cutina embebida em cera) o pH do solo e pode controlar algumas doenças causadas por bactérias. Camada cuticular (cutina, cera e carboidratos) Mostrou que aplicação exógena de sulfato de zinco (10 g Parede celular planta-1 mês-1) e de quelato de zinco-EDTA 14% (5 g planta-1 mês-1) Lamela média foi eficiente no controle do Mal-do-Panamá na cultura da banana, Membrana plasmática porque o zinco induz a formação de tiloses no xilema de plantas Tonoplastos doentes (Tabela 1). Salientou que a banana é uma planta acumuladora de silício, o qual é precipitado nas partes aéreas das plantas Vacúolo como pseudocaule, pecíolo e folhas, podendo aumentar o crescimento das plantas, a rigidez mecânica, a tolerância à perda de água e a resistência a doenças fúngicas. Figura 4. Esquema da estrutura da cutícula em folhas. Fonte: TAIZ e ZEIGER (2004). • Nutrientes minerais envolvidos nas respostas da planta contra patógenos Segundo Moraes, na cultura da banana, o nitrogênio (N) aplicado na forma de amônio aumenta a severidade do Mal-doPanamá, enquanto na forma de nitrato ocorre decréscimo significativo da severidade da doença (ZAMBOLIM e VENTURA, 1996). Neste caso, o fungo é favorecido pelo pH ácido dos solos adubados com N amoniacal, enquanto naqueles adubados com nitratos, o pH tende a ser mais elevado, observando-se menor severidade da doença. No entanto, pode haver aumento da maturidade das fêmeas e da produção de massas de ovos de Meloidogyne incognita quando se aplica N na forma de nitrato, em relação à forma amoniacal. Salientou que plantas de bananeira mostram-se severamente atacadas pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense, agente 16 Tabela 1. Incidência de bananeiras com sintomas do Mal-do-Panamá em áreas tratadas e não tratadas (testemunha) com zinco durante três anos. Ano Testemunha Tratamento com Zn 1987 6,9 8,7 1988 13,2 14,8 1989 36,9 23,2 1990 18,9 6,3 Fonte: BORGES-PEREZ et al. (1991). Ressaltou que, além do efeito isolado dos nutrientes, observa-se também o efeito integrado dos mesmos sobre a incidência e severidade das doenças. Um exemplo prático ocorre com o Mal-doPanamá na cultura da banana, na qual o ajuste do pH e do equilíbrio INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 BANANA nutricional do solo possibilitou a redução da severidade da doença. Em solos brasileiros (ES), a maior incidência da doença ocorreu em solos com pH baixo (< 5,0), com teores de K inferiores a 50 ppm ou superiores a 150 ppm, cuja relação K/Mg mostrou-se superior a 1:2,5 ou inferior a 1:10. Finalizou comentando que o papel da nutrição mineral é muito importante na manutenção da resistência das plantas ao ataque dos microrganismos fitopatogênicos, devendo-se considerar não somente as combinações patógeno-hospedeiro, mas também o balanceamento adequado entre os nutrientes para que a planta expresse seu vigor e sua capacidade de reagir contra as doenças. Palestra: NUTRICION E FERTILIZACION DEL BANANO José Espinosa, Ph. D., Diretor do Instituto de la Potasa y el Fósforo (INPOFOS), Quito, Equador; email: [email protected] Segundo Espinosa, a nutrição da cultura da banana é influenciada pelos fatores climáticos (precipitação, temperatura, radiação solar e fotoperíodo), do solo, da variedade e do manejo (densidade de plantas, controle de pragas, doenças e plantas daninhas; drenagem, irrigação e, principalmente, adubação). Após destacar a importância do equilíbrio nutricional no aumento da produtividade e maior eficiência na utilização dos fertilizantes, citando a lei do mínimo de Sprengel e Liebig, Espinosa comentou sobre o papel dos principais nutrientes. O nitrogênio é o nutriente que limita, com maior freqüência, o crescimento e a produtividade dos bananais, devido à alta demanda pela cultura, às quantidades insuficientes de N no solo e às perdas por lixiviação, desnitrificação e volatilização do N aplicado como fertilizante. Ressaltou que a aplicação dos fertilizantes nitrogenados não deve ser realizada em faixas concentradas, já que pode afetar as raízes ativas mais superficiais, nem em solo saturado, devido às perdas por desnitrificação, e deve ser parcelada de acordo com as condições climáticas. Antes de explanar sobre o papel do potássio (K) na cultura da banana, Espinosa destacou a importância do elemento na nossa alimentação. Na dieta humana, são necessários de 2.000 a 6.000 mg de K por dia, sendo que 100 g da polpa da banana tem 370 mg de K. O consumo de K pode prevenir problemas como doenças cardiovasculares e arritmia cardíaca. O K tem papel fundamental na fotossíntese por atuar na abertura dos estômatos por onde o CO2 entra e, posteriormente, no transporte, via floema, dos carboidratos produzidos na fotossíntese, para os drenos, principalmente os frutos. Devido ao alto acúmulo no fruto e tecidos da planta, o K é considerado o nutriente mais importante na produção de banana. A quantidade de K exportada da área com uma produção de frutos de 70 t ha-1 é de, aproximadamente, 400 kg ha-1 ano-1. Assim, altas doses de K (700 a 1.000 kg ha-1 de K2O) devem ser aplicadas para garantir produtividades mais altas (Figura 5). Além do sintoma visual típico da deficiência de K na cultura da banana, caracterizado pela clorose e queima das pontas das folhas mais velhas, pode ocorrer também uma obstrução na emergência das folhas causando um sintoma chamado de “arrepolhamento”. Quanto ao P, destacou que a deficiência deste nutriente no início do ciclo pode proporcionar redução significativa na produtividade, devido, principalmente, ao sistema radicular menos desenvolvido. Necroses nas margens das folhas velhas são os sintomas visuais da carência de P. Figura 5. Produção de banana em função de doses de potássio, obtida por diferentes autores na América Central. Comentou que a análise de solo é muito importante na recomendação da adubação e que a amostragem deve ser realizada coletando-se amostras (de 0 a 20 cm) de um lado e entre a planta-mãe e a filha, podendo ser coletadas também na entrelinha, região que pode ser alcançada pelas raízes. No Equador e na América Central são utilizados os índices de análise de solo para recomendação de adubação com P, K, Ca, Mg, S, Zn e B (Tabela 2). Tabela 2. Doses recomendadas de nutrientes com bases no resultado da análise de solo. Análise de solo Nutriente Baixo Médio Alto Fósforo (mg kg-1) - Olsen < 10 10-20 > 20 -1 100 50 0 -1 P2O5 (kg ha ano ) -1 Potássio (cmol kg ) - Olsen < 0,2 0,2-0,5 > 0,5 K2O (kg ha-1 ano-1) 700 600 450 Magnésio (cmol kg-1) - KCl <1 1-3 >3 100 50 0 -1 -1 MgO (kg ha ano ) -1 Cálcio (cmol kg ) - KCl <3 3-6 >6 CaO (kg ha-1 ano-1) 1.000 500 0 Enxofre (mg kg-1) - Ca(H2PO4)2 < 12 12-20 > 20 S (kg ha ano ) 100 50 0 -1 <3 3-15 > 15 5 2,5 0 < 0,2 0,2-0,7 > 0,7 2 1 0 -1 -1 Zinco (mg kg ) - Olsen Zn (kg ha-1 ano-1) Boro (mg kg-1) - Ca(H2PO4)2 B (kg ha-1 ano-1) A análise foliar também é uma ferramenta adequada para monitorar a nutrição da cultura da banana, devendo ser realizada duas vezes ao ano, coletando-se, no mínimo, 25 folhas por área INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 17 BANANA homogênea. A folha e as partes que podem ser amostradas estão exemplificadas na Figura 6, e os padrões foliares na Tabela 3. Figura 7. Local de aplicação do fertilizante. Figura 6. Partes amostradas de determinadas folhas da bananeira para diagnose do estado nutricional. Tabela 3. Faixa de teores foliares na matéria seca de bananeira. N P K Ca Mg S - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (%) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 Finalizou comentando que as baixas produtividades obtidas em solos com alto teor de nutrientes podem ser devidas à variabilidade espacial dos fatores de crescimento da área de produção. Estudos têm sido realizados para identificar e mapear (coleta de dados georreferenciados com GPS) esta variabilidade Zn B -1 da área (produtividade, fertilidade, textura do - - (mg kg ) - solo, etc.) a fim de verificar a magnitude dos pro< 14 < 10 blemas e indicar o manejo mais adequado por local específico. 14-20 10-19 D1 < 2,6 < 0,13 < 0,13 < 0,5 < 0,2 < 0,1 M 2,6-2,7 0,13-0,19 2,5-3,0 0,5-0,7 0,2-0,29 0,1-0,2 Ad 2,8-4,0 0,2-0,25 3,0-4,0 0,8-1,2 0,2-0,46 0,23-0,27 21-35 20-80 A - > 0,25 > 4,0 > 1,25 > 0,46 > 0,27 > 35 81-300 T - - - - - - - > 300 D = deficiente, M = marginal, Ad = adequado, A = alto, T = tóxico. Fonte: REUTER e ROBINSON (1997), Plant analysis and interpretation manual . Citou que é importante a relação equilibrada entre os cátions K-Ca-Mg (55% a 61% para K; 20% a 27% para Ca e 18% a 20% para Mg da somatória da concentração dos cátions na folha 3) para a cultura da banana, a fim de garantir a nutrição adequada destes nutrientes. A aplicação dos fertilizantes deve ser realizada até um pouco antes do florescimento, pois logo após a diferenciação floral a planta sustenta seu crescimento e enche o cacho com os nutrientes armazenados. Depois, a adubação deve ser realizada para suprir a planta filha. Quanto às formas de aplicação, recomendou que o fertilizante fosse aplicado 30 cm a frente da planta filha, em semicírculo, numa faixa de 60 cm, aproximadamente (Figura 7). Esta forma de aplicação tem garantido, razoavelmente, a nutrição da planta, porém, tem o inconveniente de concentrar o fertilizante em área pequena, podendo gerar problemas de acidificação e salinidade do solo. Outra alternativa de aplicação é a lanço, entre as linhas de plantas; no entanto, o fertilizante é aplicado sobre folhas e resíduos da colheita, o que favorece as perdas do N por volatilização dos fertilizantes nitrogenados. Além disso, esta forma de aplicação não garante a nutrição uniforme de todas as plantas em bananais que perdem a disposição inicial das plantas, em função do manejo inadequado de sucessão das plantas filhas. 18 Palestra: NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA CULTURA DA BANANA NO VALE DO RIBEIRA José Carlos de Mendonça, Engenheiro Agrônomo da COMTÉCNICA (Comércio de Produtos Agropecuários) e da BANAER (Pulverização Agrícola); email: [email protected] De acordo com Mendonça, a freqüência da deficiência de N nos bananais no Vale do Ribeira é alta, caracterizada por uma clorose generalizada das folhas velhas. Os sintomas de excesso de N (grande crescimento interno, fazendo com que as folhas mais velhas se soltem) podem ser confundidos com excesso da aplicação de óleo (utilizado no controle da Sigatoka amarela). Os bananicultores aplicam doses de 130 a 270 kg ha-1 de N, parceladas em duas a quatro aplicações no ano. Comentou que a deficiência da P caracteriza-se pela clorose nas bordas da folha, em forma de “dentes de serra”, evoluindo para necrose; no entanto, a freqüência de ocorrência desta deficiência é muito baixa. Destacou que o cacho é a parte mais afetada quando ocorre deficiência de K na cultura da banana, com frutos pequenos, maturação irregular e polpa pouco saborosa, o que é muito comum, principalmente nos períodos de veranico prolongado, com temperaturas baixas, tanto nas bananeiras Nanicão quanto na Prata. Em média, nas recomendações de adubação potássica que têm sido realizados pelos produtores do Vale de Ribeira, as doses de K2O mais utilizadas variam de 270 kg ha-1 a 540 kg ha-1. Na Tabela 4 podem ser verificadas as fórmulas dos principais fertilizantes mistos utilizados nos bananais do Vale do Ribeira. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 BANANA Tabela 4. Participação das fórmulas de fertilizantes mistos nas vendas realizadas pela Comtécnica – Comércio de Produtos Agropecuários, Registro, SP. Fertilizante misto - fórmula Ano 2003 2004 2005 2006 - - - - - - - - - - - - - (%) - - - - - - - - - - - - - 14 - 07 - 28 36,3 41,4 39,1 36,6 13 - 13 - 28 19,1 15,7 22,0 28,0 11 - 07 - 35 15,3 13,1 17,2 16,8 12 - 06 - 30 18,2 24,2 20,0 16,5 12 - 06 - 24 11,1 5,6 1,7 2,1 A deficiência de Ca se manifesta nas folhas novas devido a sua imobilidade no floema da planta e caracteriza-se pelo engrossamento das nervuras secundárias e deformação das folhas, o que pode ser confundido com a deficiência de boro ou toxicidade por glifosato. Segundo Mendonça, a deficiência de Mg induzida pelo excesso de K no solo provoca sintomas diferentes: manchas azuis ou pardas-violetas na face inferior dos pecíolos que, eventualmente, atingem a nervura principal, e a folha amarelece e seca (Figura 8). Estes sintomas são conhecidos como “Azul da bananeira”. Disse que a deficiência de S, caracterizada por clorose uniforme da folha nova, não deve ser suprida com aplicação de sulfato de amônio no cultivar Prata, pois pode favorecer o desenvolvimento do Mal-do-Panamá (Fusarium oxysporium) devido à acidificação que pode causar no solo, principalmente porque é aplicado sobre a superfície do solo e concentrado em pequenas áreas. Salientou que os sintomas da deficiência de Zn, caracterizados pela clorose em faixas, freqüentemente quase brancas, no sentido das nervuras secundárias e de largura muito variável, alternando com faixas perfeitamente verdes nas folhas novas, podem ser confundidos com os sintomas da infecção por vírus (Figura 9). Em relação ao Mn, destacou que têm sido observados, com alta freqüência, tanto sintomas de deficiência – nos bananais do município de Pariquera-Açu, devido aos baixos teores de Mn no solo e nos locais onde é aplicada cal virgem para o controle do Mal-do-Panamá – como de toxidez – nos bananais do município de Cajati, Bairro da Areia Preta, devido aos baixos teores de Mn. Na toxidez de manganês (Figura 10), observa-se que à medida que a folha envelhece os sintomas evoluem para faixas negras que depois necrosam, podendo a concentração de Mn chegar a mais de 9.000 mg kg-1. a b Figura 9. Sintoma da deficiência de zinco (a) semelhante ao sintoma causado pela infecção por vírus (b). Figura 8. Bananeira apresentando o sintoma conhecido como “Azul da bananeira” causado pela deficiência de magnésio devido ao excesso de K (K e Mg na folha: 32 e 1,2 g kg-1, respectivamente). Comentou que o excesso de Mg, ocasionando um desbalanço na relação entre os cátions no solo (K:Ca:Mg), parece ser um dos fatores que está favorecendo a ocorrência do Mal-do-Panamá (Fusarium oxysporium) no cultivar Nanica, resistente ao patógeno, em alguns bananais do Vale do Ribeira. Figura 10. Sintoma da toxidez por Mn na folha de bananeira. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 19 DIVULGANDO A PESQUISA Notas do editor: Os trabalhos que possuem endereço eletrônico em azul podem ser consultados na íntegra Grifos nos textos, para facilitar a leitura dinâmica, não existem na versão original 1. ÉPOCA DE APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO E DINÂMICA DO NITROGÊNIO INORGÂNICO DO SOLO NO SISTEMA DE CULTURAS AVEIA/MILHO SOB PLANTIO DIRETO 2. BALANÇO DO NITROGÊNIO DA URÉIA (15N) NO SISTEMA SOLO-PLANTA NA IMPLANTAÇÃO DA SEMEADURA DIRETANACULTURADO MILHO DIECKOW, J.; MEURER, E. J.; SALET, R. L. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 30, n. 4, p. 707-714, 2006. GAVA, G. J. de C.; TRIVELIN, P. C. O.; OLIVEIRA, M. W.; HEINRICHS, R.; SILVA, M. de A. Bragantia, v. 65 n.3, p. 477-486, 2006. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000687052006000300014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) A época de aplicação de nitrogênio no milho é um fatorchave no sistema de culturas aveia/milho. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da aplicação de N em pré-semeadura, na semeadura do milho e em cobertura na decomposição de resíduos superficiais de aveia preta, na imobilização e remineralização do N do solo e na absorção de N pelo milho, no sistema de culturas aveia/ milho em plantio direto. Colunas indeformadas de solo de 10 e 20 cm de diâmetro foram coletadas na camada de 0-15 cm de um Latossolo Vermelho, quando as plantas de aveia estavam no estádio de grão leitoso. Dois experimentos foram realizados, simultaneamente, em casa de vegetação. O experimento A, estabelecido nas colunas de 10 cm de diâmetro e sem cultivo de plantas, foi usado para avaliar a dinâmica do N no solo e no resíduo de aveia. O experimento B, estabelecido nas colunas de 20 cm de diâmetro e com cultivo de milho, foi usado para avaliar o crescimento de plantas e absorção de N. Uma quantidade de 6,0 Mg ha-1 de resíduo de aveia preta foi colocada na superfície das colunas de solo. A dose de 90 kg ha-1 N, aplicada na cultura do milho na forma de sulfato de amônio, foi distribuída entre pré-semeadura, semeadura e cobertura, como se segue: (a) 00-00-00 (testemunha), (b) 90-00-00 (aplicação em préplantio, 20 dias antes da semeadura do milho), (c) 00-90-00 (aplicação no plantio), (d) 00-30-60 (aplicação parcelada na semeadura e cobertura 31 dias após a emergência), (e) 00-00-00* (testemunha, sem resíduo de aveia) e (f) 90-00-00* (aplicação de pré-plantio, sem resíduo de aveia). A concentração e o conteúdo de N no resíduo de aveia durante sua decomposição não foram afetados pela aplicação de N fertilizante. A maior parte do N-NH4+ do fertilizante foi convertida em N-NO3- dentro dos 20 dias após a aplicação. Uma redução significativa do conteúdo de N-NO3- da camada de 0-4 cm de todos os tratamentos ocorreu entre 40 e 60 dias após a colocação do resíduo de aveia na superfície das colunas de solo, indicando a ocorrência de imobilização de N durante esse período. Considerando que a maior parte do N inorgânico foi convertido em N-NO3- e que não ocorreu imobilização do N em pré-semeadura logo após sua aplicação, é possível concluir que o N aplicado em pré-semeadura é mais vulnerável a perdas por lixiviação. Por outro lado, com a aplicação parcelada de N, as plantas de milho apresentaram sintomas de deficiência de N antes da aplicação em cobertura. Duas indicações de manejo do N fertilizante no sistema aveia/milho podem ser sugeridas: Este trabalho teve como objetivo estudar as possíveis alterações na produção e partição da fitomassa vegetal, no acúmulo de nitrogênio total e do nitrogênio na planta proveniente do fertilizante (NPPF), utilizando-se uréia (15N) aplicada em adubação de cobertura, na cultura do milho, na fase de implantação do manejo de semeadura direta. Com essa finalidade foi desenvolvido um experimento em campo, em Nitossolo localizado na Fazenda Água Sumida próximo ao município de Barra Bonita (SP). O delineamento experimental foi o de blocos completos ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos estudados foram: sistema de plantio convencional (uma aração e duas gradagens) e sistema de semeadura direta, ambos adubados com uréia (15N), na dose de 100 kg ha-1 de N em cobertura. Em todos os tratamentos, foi feita adubação de semeadura, aplicando-se 25 kg ha-1 de N na forma de uréia, 80 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato simples e 60 kg ha-1 de K2O como cloreto de potássio. No fim do ciclo foram realizadas comparações entre os tratamentos, da produtividade da cultura; da acumulação de nitrogênio pela parte aérea e parte subterrânea; da utilização do nitrogênio da uréia (15N) pela cultura do milho e do nitrogênio residual do fertilizante no solo. As modificações no solo causadas pela implantação da semeadura direta não restringiram a disponibilidade de N para as plantas de milho e, por conseguinte, a produção de material seco. A eficiência de utilização do fertilizante nitrogenado (EUFN) pelo milho e a recuperação do fertilizante nitrogenado no solo (RFNS) foram, respectivamente, em torno de 45% e 30% para o N-uréia aplicado em cobertura não havendo diferença entre os sistemas de cultivo convencional e direto. Independentemente do sistema, o nitrogênio não recuperado da uréia, aplicado em cobertura na cultura do milho (NNR), foi em média de 25%. 3. TRANSPORTE DE AMINOÁCIDOS E UREÍDEOS NO XILEMA DE PLANTAS DE SOJA SIMBIÓTICAS SOB CURTO PERÍODO DE ALAGAMENTO DO SISTEMA RADICULAR COM DIFERENTES FONTES DE NITROGÊNIO (a) No caso de aplicação parcelada, a aplicação em cobertura deveria ser realizada antes dos 30 dias após a emergência, e THOMAS, A. L.; SODEK, L. Brazilian Journal of Plant Physiology, v. 18, n. 2, p. 333-339, 2006. (www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1677-04202006000200010&lng=pt& nrm=iso&tlng=en) (b) Se a aplicação integral for preferida, dadas as vantagens operacionais no campo, essa deveria ser realizada durante a semeadura. O transporte de compostos nitrogenados orgânicos à parte aérea de plantas de soja, através da seiva do xilema, foi investigado para melhor entender as mudanças no metabolismo do sistema 20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 radicular sob hipoxia (primeiros 5 dias de alagamento) e com diferentes fontes de N no meio. O NO3- é benéfico à tolerância das plantas ao alagamento, enquanto outras fontes de N, como o NH4NO3 e o NH4, não são. Contudo, na presença de NH4+, elevados níveis de aminoácidos foram transportados no xilema, demonstrando sua assimilação. Algum aumento no transporte de aminoácidos também ocorreu com a presença de NO3- durante o alagamento, mas não na ausência de N no meio. O transporte de ureídeos no xilema foi severamente reduzido durante o alagamento, demonstrando a inibição da fixação de N2 nessa condição. As proporções relativas de alguns aminoácidos no xilema demonstraram mudanças drásticas durante os tratamentos. Alanina aumentou acentuadamente com o sistema radicular sob hipoxia, especialmente com NH4+ como fonte de N, quando ela atingiu aproximadamente 70% dos aminoácidos presentes. Por outro lado, o ácido aspártico atingiu níveis muito baixos, que foram inversos aos níveis de alanina, indicando ser ele a fonte imediata de N à síntese de alanina. Os níveis de glutamina também diminuíram numa maior ou menor extensão, dependendo da fonte de N presente. As mudanças na asparagina, um dos aminoácidos mais proeminentes na seiva do xilema, foram mais salientes no tratamento com NO3-, onde elas demonstraram um grande incremento, característica de plantas que trocam sua dependência de fonte de N da fixação de N2 para assimilação de NO3-. Os dados indicam que a menor eficiência do NH4+ durante o alagamento, em contraste com o NO3-, envolve metabolismo restrito de aminoácidos que pode ser resultante do dispêndio de energia para a destoxificação de NH4+. 4. DRENAGEM INTERNA E LIXIVIAÇÃO DE NITRATO EM UMA SUCESSÃO MILHO-AVEIA-PRETA-MILHO, COM DOIS PARCELAMENTOS DE NITROGÊNIO FERNANDES, F. C. S.; LIBARDI, P. L.; CARVALHO, L. A. de. Scientia Agricola, v. 63, n. 5, p. 483-492, 2006. (www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-90162006000500011& lng=pt&nrm= iso&tlng=en) A lixiviação excessiva de nitrato pode ocasionar a contaminação de corpos d’água. O presente trabalho foi desenvolvido em área experimental no município de Piracicaba, SP, Brasil, em um solo de textura areno-argilosa. O experimento teve como objetivo avaliar a drenagem interna e a lixiviação de nitrato à profundidade de 0,80 m com o tempo em uma sucessão de culturas, utilizando-se sulfato de amônio marcado com 15N, com dois parcelamentos de N. As avaliações foram feitas em dois cultivos de milho, o primeiro no ano agrícola 2003/2004, o segundo em 2004/2005, e um de aveia-preta na entressafra. Os tratamentos consistiram de uma dose única de 120 kg ha-1 de N, na forma de sulfato de amônio marcado (15N) e os dois parcelamentos de N foram 30-90 e 60-60 kg ha-1 de N. O adubo foi aplicado em subparcelas, previamente definidas, apenas no primeiro cultivo do milho (safra 2003/04). Foram avaliados: caracterização físico-hídrica do solo; densidade de fluxo de água no solo e lixiviação de nitrato na profundidade de 0,80 m; nitrogênio na solução do solo proveniente do fertilizante e recuperação de 15N pela solução do solo na profundidade de 0,80 m no final do ciclo das culturas de milho e aveia preta. A perda por lixiviação, a 0,80 m de profundidade, no 1º cultivo de milho, foi de aproximadamente 96 kg ha-1 e 68 kg ha-1 de nitrato, para os tratamentos com 60 kg ha-1 e 30 kg ha-1 de N aplicado na semeadura, respectivamente, dos quais apenas 3 kg ha -1 e 1 kg ha-1 foram provenientes do fertilizante nitrogenado. 5. ADSORÇÃO DE FÓSFORO PELO SOLO E EFICIÊNCIA DE FERTILIZANTES FOSFATADOS COM DIFERENTE SOLUBILIDADE EM ÁGUA PROCHNOW, L. I.; QUISPE, J. F. S.; FRANCISCO, E. A. B.; BRAGA, G. Scientia Agricola, v. 63, n. 4, p. 695-705, 2006 (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010390162006000400004&lng=pt&nrm=iso&tlng=en) Fertilizantes fosfatados devem ser aplicados tendo em vista os atributos do solo. Este estudo foi conduzido para testar fontes de P, distintas quanto à solubilidade, na eficiência agronômica em solos com diferença marcante na capacidade de adsorção de P (CAP). Foram selecionados dois Latossolos com teor muito baixo de P e apresentando baixa e elevada CAP (Lat-BCAP e Lat-ECAP, respectivamente). Ambos foram corrigidos para pH 5,4 e utilizados em experimento em casa de vegetação com milho. Os tratamentos foram cinco fontes de P com solubilidade em água diferente (fosfato monocálcico - FMC, “low-grade” superfosfato simples - LG-SSP, multifosfato magnesiano - MFM, fosfato de rocha de Arad - FR, e uma impureza de superfosfatos triplos - H14), aplicadas em quatro doses (12,5, 25,0, 50,0 e 100,0 mg kg-1) mais um controle, em três repetições. As plantas foram colhidas 45 dias apos a germinação. A produção de matéria seca e o fósforo acumulado consistiram as variáveis dependentes. A eficiência agronômica relativa (EAR) foi calculada levando-se em consideração o desempenho de cada fonte em comparação ao padrão, o FMC. Quando aplicadas em baixas doses (12,5 e 25,0 mg kg-1) as fontes alternativas apresentaram maior EAR no solo com elevada CAP. Por exemplo, a EAR foi de 45%, 66%, 39% e 65% no Lat-ECAP para as fontes LG-SSP, MFM, FR e H14, respectivamente, em oposição a 24%, 40%, 14% e 47% no Lat-BCAP. Os resultados sugerem que fontes alternativas de P de baixa solubilidade em água podem ser agronomicamente mais eficientes em solos de elevada CAP. 6. DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO E ENXOFRE PARA A CULTURA DA SOJA NA PRESENÇA DE FOSFATO NATURAL REATIVO, SUPERFOSFATO TRIPLO E ENXOFRE ELEMENTAR RICHART, A.; LANA, M. do C.; LOIVO, R. S.; BERTONI, J. C.; BRACCINI, A. de L. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 30, n. 4, p. 695-705, 2006. Este trabalho teve por objetivo comparar o efeito residual do fosfato natural reativo oriundo do Marrocos (Youssoufia) em relação ao superfosfato triplo sobre a produção de biomassa de aveia, produtividade e componentes da produção da soja, disponibilidade de P e de S no solo, bem como os teores destes nutrientes no tecido foliar da soja. O trabalho constituiu-se de dois cultivos utilizando a cultura da soja e da aveia, realizados em sistema de cultivo mínimo. O delineamento experimental utilizado foi de blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições, com os tratamentos arranjados em fatorial 2 x 4 x 3, ou seja, dois fertilizantes fosfatados, fosfato natural reativo (FNR) e superfosfato triplo (SFT),com quatro doses de cada fertilizante (0, 100, 200 e 300 kg ha-1 de P2O5), e três de S (0, 30 e 60 kg ha -1 de S elementar). No tecido foliar, determinaram-se os teores de P e S. No solo, nas profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm, determinou-se o P disponível. Os resultados indicam que, para o primeiro ano, não houve superioridade do SFT sobre o FNR para produtividade e massa de 100 grãos. A aplicação de SFT proporcionou teores crescentes de P no tecido foliar; por outro lado, não houve efeito da aplicação de INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 21 doses crescentes de FNR no teor de P. O teor de S no tecido foliar aumentou tanto pela adição das doses crescentes de P quanto pelas doses crescentes de S para ambas as fontes (SFT e FNR). 7. COMPARACIÓN DEL EFECTO DE DOS ESPECIES FORRAJERAS SOBRE EL pH DE LA RIZOSFERA Y LA DISOLUCIÓN DE ROCAS FOSFÓRICAS DE DIFERENTE REACTIVIDAD PÉREZ, M. J.; SMYTH, T. J. Revista de la Facultad de Agronomía, v. 22, p. 142-154, 2005. La acidez y bajas concentraciones de Ca y P en solución son los principales factores del suelo que controlan la disolución de las rocas fosfóricas (RFs). Las raíces de las plantas pueden afectar la disolución de las RFs, mediante la extrusión de H+ u OHhacia la rizosfera. El objetivo de este estudio fue comparar el efecto de dos especies forrajeras: Brachiaria decumbens (gramínea) y Stylosanthes guianensis (leguminosa) sobre la acidificación de la rizosfera y la disolución de RFs de diferente reactividad, en un Ultisol deficiente en P y Ca. El experimento se realizó en cámara de crecimiento controlada a 30/26oC día/noche, 12/12 horas día/ noche y 30% de humedad relativa y consistió en una combinación factorial de las dos especies forrajeras, dos niveles de pH del suelo (pH 4,9 original y encalado hasta pH 5,8 con MgCO 3) y cinco tratamientos de P dispuestos en un diseño experimental de parcelas divididas. Los tratamientos de P consistieron en aplicar 50 mg kg-1 de P soluble en citrato de amonio, provenientes de las RFs Monte Fresco (RFMF), Riecito (RFR) y Carolina del Norte (RFCN), fosfato monocalcico grado reactivo [Ca(H2PO4)2] como referencia de una fuente de P soluble (SFT) y un testigo sin P. Se utilizaron potes especiales diseñados para aislar suelo de la rizosfera y no-rizosfera. El pH de la rizosfera disminuyó en los tratamientos con Stylosanthes, pero aumentó en aquellos con Brachiaria. La acidificación de la rizosfera y mayor disolución de las RFs con el Stylosanthes estuvo asociada con una mayor área superficial de raíces, mayor absorción de Ca y dependencia de esta especie en la fijación biológica de N2, lo cual pudo resultar en un exceso de cationes en la planta y el eflujo de H+ a través de las raíces hacia la rizosfera. La disolución de las RFs fue influenciada por la interacción de la especie de planta y la composición mineralógica de las RFs. La RFMF presenta menor contenido de apatita y mayor contenido de CaCO3 que la RFR y RFCN, lo cual correspondió con los altos valores de pH (> 7,0) y DCa en suelo, y bajos valores de materia seca aérea con esta RF. En los tratamientos con la RFMF, la acidificación de la rizosfera por parte de la leguminosa no fue suficiente para promover la disolución de esta RF. La RFR se comporta mejor que la RFCN, a medida que aumenta la acidez del suelo. 8. CINÉTICA DE LIBERAÇÃO DE POTÁSSIO E MAGNÉSIO PELOS MINERAIS DA FRAÇÃO ARGILA DE SOLOS DO TRIÂNGULO MINEIRO MELO, V. de F.; CORRÊA, G. F.; RIBEIRO, A. N.; MASCHIO, P. A. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 29, n. 4, p. 533-545, 2005. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010006832005000400006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt) Estudos sobre cinética de liberação de K e Mg permitem uma melhor compreensão da dinâmica desses nutrientes no solo e podem fornecer subsídios para adequação das recomendações de adubação e aumentar a produção das plantas. A seleção do local de 22 amostragem foi definida com base nas diferenças entre os materiais de origem (Grupo Bauru, Araxá, São Bento e Coberturas DetriticoLateríticas Terciárias), estádio de desenvolvimento dos solos e representação espacial das litologias. Os teores de K total da fração argila foram determinados após digestão das amostras com HF, HNO3 e H2SO4 concentrados. Para avaliar o potencial dos minerais da fração argila de liberar K e Mg para as plantas, a partir de formas inicialmente não-trocáveis e estruturais, foram utilizadas nove extrações seqüenciais dos nutrientes com solução de ácido cítrico 0,1 mol L-1, com os seguintes tempos de contato com a amostra: 2, 12, 24, 48, 96, 144, 192, 288 e 576 h. O tempo total acumulado de extração foi de 1.382 h. A liberação da reserva de K e Mg foi definida pelo estádio de intemperismo e material de origem dos solos. A fração argila dos Argissolos desenvolvidos de arenito da Formação Uberaba e de micaxisto/granito (Grupo Araxá), de maneira geral, apresentou os maiores teores totais de K e Mg e teores acumulados até 1.382 h de extração com ácido cítrico 0,1 mol L-1. Contudo, mesmo nos Latossolos (baixos teores totais), verificouse liberação relativamente alta de K e Mg (teores acumulados até 1.382 h), quando comparada aos teores trocáveis da TFSA, evidenciando o potencial das plantas na utilização de formas nãotrocáveis e estruturais desses nutrientes ao longo dos cultivos. A descrição da cinética de liberação de K e Mg pela equação parabólica de difusão mostrou que o processo ocorreu, a diferentes velocidades, em duas fases, tendo sido, na maioria das amostras, a taxa de liberação na primeira fase maior para o K e menor para o Mg. Este comportamento diferenciado indica o predomínio de K na forma não-trocável em sítios de média/alta energia de adsorção e de Mg na estrutura de minerais ferromagnesianos, predominantemente a biotita, retardando a liberação do nutriente pela dependência de reações de intemperismo promovidas pelo ácido cítrico. 9. CALAGEM SUPERFICIAL EM SOLO ÁCIDO NO SISTEMA PLANTIO DIRETO MELHORAAACIDEZ DO SUBSOLO E BENEFICIA O CRESCIMENTO RADICULAR E A PRODUÇÃO DE TRIGO CAIRES, E. F.; CORRÊA, J. C. L.; CHURKA, S.; BARTH, G.; GARBUIO, F. J. Scientia agricola, v. 63, n. 5, p. 502-509, 2006. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010390162006000500013&lng=pt&nrm=iso&tlng=en) A calagem na superfície do solo em plantio direto ocasiona modificações químicas no perfil que podem influenciar o crescimento do sistema radicular e a produção de grãos das culturas. O crescimento de raízes e a produção de trigo (Triticum aestivum L. cv. CD 104, moderadamente sensível ao Al), foram estudados cerca de 10 anos após a aplicação superficial de calcário (0, 2, 4 e 6 Mg ha-1) e três anos da reaplicação de calcário na superfície (0 e 3 Mg ha-1), em um Latossolo Vermelho distrófico textura média, manejado durante longo período no sistema plantio direto, em Ponta Grossa (PR). A acidez do solo limitou drasticamente o crescimento radicular e a produção de trigo, provavelmente por causa de prolongada falta de água ocorrida durante a fase de desenvolvimento vegetativo da cultura. A calagem na superfície ocasionou aumento de até 66% no crescimento radicular (0-60 cm) e de até 140% na produção de trigo. A densidade de raízes e a produção de trigo correlacionaram-se positivamente com o pH e o teor de Ca2+ trocável, e negativamente com o teor de Al3+ trocável e a saturação por Al3+, nas camadas superficiais e do subsolo. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 10. ESTABELECIMENTO DE PASTAGEM CONSORCIADA COM APLICAÇÃO DE CALCÁRIO, FÓSFORO E GESSO MESQUITA, E. E.; FONSECA, D. M. da; PINTO, J. C.; NASCIMENTO JUNIOR, D. do; PEREIRA, O. G.; VENEGAS, V. H. A.; MOREIRA, L. de M. Ciência e Agrotecnologia, v. 28, n. 2, p. 428-436, 2004. Em solo de baixa fertilidade, sob pastagem natural degradada pertencente à Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, foi estabelecida uma pastagem de Brachiaria decumbens consorciada com Stylosanthes guianensis cv. Mineirão, para avaliar os efeitos de doses de calcário (1.175, 2.350, 3.525 e 4.700 kg ha-1, referentes a 25%, 50%, 75% e 100% da quantidade de calcário recomendadaQC), gesso agrícola (0, 230, 940, 1.880 e 2.820 kg ha-1, referentes à substituição de 0; 3,0%; 12,5%; 25,0% e 37,5% do CaO do calcário pelo CaO do gesso) e de P2O5 (50, 100, 150, 200 e 250 kg ha-1) sobre o pH do solo; os teores de P, K e S disponíveis e de Ca2+, Mg2+, Al3+, H + Al; a soma de bases (SB); a CTC efetiva (t) e a pH 7,0 (T); o índice de saturação por bases (V) e por Al (m); a produção de matéria seca, densidade de perfilhos e a altura de plantas da braquiária; e a porcentagem da leguminosa na pastagem. A substituição do CaO do calcário pelo CaO do gesso elevou a porcentagem do estilosantes na pastagem e os teores de S-SO42- e de Al3+ nas camadas de 0-15 cm e de 15-30 cm, e reduziu os teores de Ca2+ e de Mg2+ na camada de 0-15 cm. As doses crescentes de P2O5 aumentaram os teores de P (Mehlich-1) na camada de 0-15 cm do solo e favoreceram o perfilhamento e a altura da gramínea, reduzindo a porcentagem da leguminosa na pastagem. 11. CALAGEM SUPERFICIAL E COBERTURA DE AVEIA PRETA ANTECEDENDO OS CULTIVOS DE MILHO E SOJA EM SISTEMA PLANTIO DIRETO CAIRES, E. F.; GARBUIO, F. J.; ALLEONI, L. R. F.; CAMBRI, M. A. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 30, n. 1, 2006. p. 87-98. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0100-06832006000100010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) Os resíduos de plantas de cobertura podem mobilizar cátions no solo e beneficiar a ação da calagem superficial, por meio da liberação de ácidos orgânicos de baixo peso molecular da fração solúvel dos resíduos. Entretanto, faltam estudos no campo que comprovem tais efeitos em sistema plantio direto. Para avaliar as alterações químicas do solo e a resposta do milho e da soja com a aplicação de doses de calcário dolomítico na superfície (0,0; 2,5; 5,0 e 7,5 t ha-1), na ausência e na presença de cobertura de aveia preta, foi realizado um experimento em um Latossolo Vermelho distrófico textura argilo-arenosa, há cinco anos no sistema plantio direto, em Ponta Grossa (PR). As doses de calcário foram aplicadas nas parcelas em novembro de 2000 e, nas subparcelas, foram realizados dois cultivos, sem e com aveia preta em 2001 e 2002, antecedendo as culturas de milho e soja. A massa de aveia preta produzida não foi influenciada pela aplicação de calcário, tendo-se obtido aproximadamente 4 t ha-1 de matéria seca de aveia, em 2001 e 2002. A calagem também não alterou a capacidade de neutralização do hidrogênio (482 mmolc kg-1), a soma de cátions solúveis (29,5 mmolc L-1) e a condutividade elétrica (1.230 µS cm-1) do extrato de aveia. O calcário aplicado na superfície aumentou o pH, Ca2+ e 2+ Mg e reduziu o Al3+ do solo até a profundidade de 10 cm. O resíduo de aveia preta mantido na superfície do solo não ocasionou benefício à ação da calagem superficial na correção da acidez de camadas do subsolo. A calagem superficial não modificou a nutrição do milho, reduziu as concentrações de Zn e Mn nas folhas de soja e não causou alterações no rendimento de milho e soja. A cobertura de aveia preta aumentou as concentrações de P, Ca e Mg nas folhas de milho, de N e P nas folhas de soja e reduziu o Mn no tecido foliar de soja. A manutenção do resíduo de aveia preta sobre a superfície do solo aumentou o rendimento do milho, mas não influiu no rendimento de soja, cultivada após o milho, no sistema plantio direto. 12. PHYSICAL, CHEMICAL, AND BIOLOGICAL CHANGES IN THE RHIZOSPHERE AND NUTRIENT AVAILABILITY FAGERIA, N. K.; STONE, L. F. Journal of Plant Nutrition, v. 29, p. 1-30, 2006. The rhizosphere is the soil zone adjacent to plant roots which is physically, chemically, and biologically different from bulk or nonrhizosphere soil. Adaptative mechanisms of plants influence physical (temperature, water availability, and structure), chemical [pH, redox potential, nutrient concentration, root exudates, aluminum (Al) detoxification and allelopathy], and biological properties (microbial association) in the rhizosphere. These changes affect nutrient solubility, transport, and uptake and ultimately plant growth. Major rhizosphere changes are synthesized and their influence on nutrient availability is discussed. In the last decade, significant progress has been made in understanding the rhizosphere environment and nutrient availability. However, the subject matter is very complex and more research is needed to understand the interaction between the plant, the rhizosphere environment, and nutrient availability. 13. SAZONALIDADE DE NUTRIENTES EM FOLHAS E FRUTOS DE MACIEIRA NACHTIGALL, G. R.; DECHEN, A. R. Scientia Agricola, v. 63, n. 5, p. 493-501, 2006 (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext &pid=S0103-90162006000500012&lng=pt&nrm= iso&tlng=en) As curvas de acúmulo de nutrientes pela macieira têm se mostrado como um bom parâmetro indicador da demanda da cultura em cada etapa de desenvolvimento, sendo importante para avaliar o estado nutricional do pomar e estimar a remoção de nutrientes do solo. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a sazonalidade de nutrientes na macieira, em pomares comerciais, durante as safras agrícolas de 1999, 2000 e 2001. Para tanto, amostras de folhas e frutos de três cultivares ‘Gala’, ‘Golden Delicious’ and ‘Fuji’ foram coletadas semanalmente e avaliadas quanto à massa fresca e seca, diâmetro dos frutos e concentrações de macronutrientes (N, P, K, Ca e Mg) e micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn). A amostragem de folhas e frutos teve início uma ou duas semanas após a plena floração, dependendo do cultivar, e prolongou-se até a colheita ou até quatro semanas depois, no caso da amostragem de folhas. Nas folhas, de modo geral, as concentrações de N, P, K, Cu e B diminuíram, a concentração de Ca aumentou e as concentrações de Mg, Fe, Mn e Zn pouco variaram ao longo do ciclo vegetativo da cultura. Nos frutos, inicialmente, as concentrações dos nutrientes diminuíram rapidamente e depois decresceram lenta e continuamente, chegando quase constantes à fase final da maturação, indicando diluição dos nutrientes, uma vez que a quantidade total de nutrientes acumulada aumentou gradativamente com o crescimento dos frutos. O potássio foi o nutriente presente em maior quantidade nos frutos de macieiras, tendo sido, portanto, o mais removido do solo. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 23 14. BORON IMPROVES GROWTH, YIELD, QUALITY, AND NUTRIENT CONTENT OF TOMATO DAVIS, J. M.; SANDERS, D. C.; NELSON, P. V.; LENGNICK, L.; SPERRY, W. J. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 128, n. 3, p. 441-446, 2003. Boron deficiency in fresh-market tomatoes (Lycopersicon esculentum Mill.) is a widespread problem that reduces yield and fruit quality but is often not recognized by growers. Tomatoes were grown in field and hydroponic culture to compare the effects of foliar and soil applied B on plant growth, fruit yield, fruit quality, and tissue nutrient levels. Regardless of application method, B was associated with increased tomato growth and the concentration of K, Ca, and B in plant tissue. Boron application was associated with increased N uptake by tomato in field culture, but not under hydroponic culture. In field culture, foliar and/or soil applied B similarly increased fresh-market tomato plant and root dry weight, uptake, and tissue concentrations of N, Ca, K, and B, and improved fruit set, total yields, marketable yields, fruit shelf life, and fruit firmness. The similar growth and yield responses of tomato to foliar and root B application suggests that B is translocated in the phloem in tomatoes. Fruit from plants receiving foliar or root applied B contained more B, and K than fruit from plants not receiving B, indicating that B was translocated from leaves to fruit and is an important factor in the management of K nutrition in tomato. 15. RESPOSTA DA SOJA AO BORO APLICADO EM SOLOS DE CARACTERÍSTICAS DISTINTAS SALINET, L. H.; CASTRO, C. de; OLIVEIRA, F. A. de. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 4., 2006, Londrina. Resumos... Londrina: Embrapa Soja, 2006. p. 177. O objetivo do trabalho foi avaliar a resposta da soja à adubação com boro em solos com diferentes características químicas. Os tratamentos foram dispostos no esquema fatorial 3 x 6, num delineamento em blocos casualizados com três repetições. Foram utilizados vasos de 3 kg de capacidade, com três solos, sendo dois Latossolos Vermelho distroférrico (LR) muito argilosos, com teores alto e muito alto de matéria orgânica, e um Neossolo quartzarênico (NQ) com baixo teor de matéria orgânica, submetidos a seis doses de boro (0; 0,25; 0,5; 1; 2 e 4 mg kg-1), aplicadas na forma de ácido bórico. Por 55 dias, foram cultivadas, em casa de vegetação, 4 plantas/vaso da cultivar BRS 132. Ao final desse período, as plantas foram coletadas, determinando-se a produção de material seco na parte aérea, a concentração de boro nos tecidos da parte aérea e o teor de boro disponível no solo, extraído por água quente. No LR com alto teor de matéria orgânica houve resposta positiva à adubação com boro, embora os teores iniciais de boro no solo já estivessem altos. A concentração de boro nos tecidos também aumentou significativamente, atingindo níveis restritivos à produtividade pela aplicação da maior dose. No LR com teor de matéria orgânica muito alto, as produtividades foram decrescentes com a adubação, porém sempre baixas e, associadas aos maiores teores de boro disponíveis no solo e à absorção crescente do nutriente pelas plantas, atingindo níveis tóxicos com sintomas visíveis a partir da aplicação de 2 mg kg-1 de B. Os maiores efeitos dos tratamentos foram verificados no NQ. Em resposta à adubação com boro, os teores do nutriente disponível no solo aumentaram significativamente de 0,4 mg kg-1 para 1,2 mg kg-1, promovendo redução de 85% na produção de material seco para a maior dose aplicada. Os sintomas de toxidez de B nos tecidos foliares, no entanto, foram 24 verificados a partir da adubação com 1 mg kg-1 de B, e concentração de B nos tecidos superiores a 100 mg kg-1, resultando em sintomas muito severos quando as concentrações foram superiores a 200 mg kg-1. Apesar do acúmulo de menores teores de B, este nutriente apresenta-se mais disponível às plantas em solos arenosos adubados com B, resultando em problemas de toxidez mais freqüentes que em solos argilosos com teores de B equivalentes. Nos solos argilosos, o acúmulo de B e a disponibilidade do nutriente às plantas é proporcional ao teor de matéria orgânica. Estes resultados sugerem que a avaliação da disponibilidade de B nos solos é dependente das propriedades como a textura e o teor de matéria orgânica. 16. FOLIAR BORON APPLICATION IMPROVES SEED SET, SEED YIELD, AND SEED QUALITY OF ALFALFA DORDAS, C. Agronomy Journal, v. 98, n. 4, p. 907-913, 2006. Alfalfa (Medicago sativa L.) is one of the most important forage crops worldwide because of its good forage quality and high adaptability. Seed yield is generally considered to be of secondary importance and is characterized by fluctuating yields with often poor seed yield and seed quality. A field study was conducted to determine if foliar B applications during anthesis increase seed set, seed yield, yield components, and improves seed quality in alfalfa. Boron solutions were applied at four rates (0, 400, 800, and 1,200 mg B L-1) to field plots exhibiting no vegetative symptoms of B deficiency. Foliar B application increased the percent of pods formed per inflorescence by up to 52% compared with the control and there was no statistical significant difference between the three rates of B. The seed yield was increased by an average of 37% compared with the control during the 2yr and in both locations. Moreover foliar application with B improved seed germination and increased seed vigor which was increased by 27% in 2003 and up to 19% in 2004 compared with the untreated control. The 400 mg B L-1 treatment was found to have a positive response in most characteristics. The results obtained here suggest that the critical B levels for alfalfa used for forage production is below that for seed production and foliar B application can improve the seed yield and seed quality of alfalfa grown for seed production. 17. ESTIMATIVA DA ACIDEZ POTENCIAL PELO MÉTODO DO pH SMP EM SOLOS COM ELEVADO TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA PEREIRA, M., G.; EBELING, A. G.; VALLADARES, G. S.; ANJOS, L. H. C. dos; ESPÍNDULA JÚNIOR, A. Bragantia, v. 65, n. 3, p. 487-493, 2006. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0006-87052006000300015&lng=pt&nrm= iso&tlng=pt) Apesar do potencial para uso agrícola e das características edáficas peculiares, poucos são os métodos desenvolvidos para a recomendação de adubação e calagem para os solos com elevado teor de matéria orgânica. O objetivo deste estudo foi definir um modelo matemático que estime a acidez potencial (H + Al) a partir do pH SMP medido em água e em solução de CaCl2 0,01 mol L-1 em solos com elevado teor de matéria orgânica. Foram utilizadas 41 amostras de horizontes superficiais de solos com elevado teor de matéria orgânica de vários Estados do Brasil. Os resultados demonstraram que a acidez potencial pode ser estimada por meio da regressão da solução-tampão SMP (r = 0,85**). Também foi observada correlação significativa (r = 0,65**) entre o pH em CaCl2 0,01 mol L-1 e o pH SMP. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 18. DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR DA SOJA EM SISTEMA DE ROTAÇÃO DE CULTURAS EM PLANTIO DIRETO RODRIGUES, J. C. P.; FRANCHINI, J. C.; TORRES, E.; GARBELINI, L.G.; GARBELINI, P. R.; SARAIVA, O. F. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 4., 2006, Londrina. Resumos... Londrina: Embrapa Soja, 2006. p. 33. O crescimento do sistema radicular tem grande importância para o aumento do reservatório de água disponível durante os períodos de estresse hídrico, cada vez mais freqüentes durante o ciclo de produção da soja. Foram avaliados os efeitos de sistemas de rotação de cultura com a aveia, ervilhaca e pousio de inverno, com e sem aplicação de calcário e gesso em plantio direto, sobre o desenvolvimento do sistema radicular da cultura da soja. O sistema radicular da soja foi avaliado num perfil de solo perpendicular à cultura, em regiões de 22,5 cm x 25 cm, abrangendo uma área total de 90 cm de largura por 100 cm de profundidade. Para obtenção de imagens adequadas, o contraste das raízes com o solo foi aumentado pela pintura das raízes com tinta de cor branca. As imagens foram obtidas com câmera digital e tratadas no programa Adobe Photoshop até obtenção de arquivos em preto e branco no formato tiff. Os arquivos foram então avaliados no programa Delta-T Scan e as raízes estimadas quando a área, comprimento e diâmetro. Os cultivos de inverno tiveram maior influência sobre o sistema radicular do que a aplicação de calcário ou gesso, apresentando a seguinte ordem de efeito: aveia > ervilhaca > pousio. Considerando as diferentes camadas de solo avaliadas, a aveia proporcionou, em comparação à ervilhaca e ao pousio, respectivamente, aumentos de área radicular da soja de 18% e 22%, na camada de 0-25 cm, de -3% e -7%, na camada de 25-50 cm, 11% e 38%, na camada de 50-75 cm e 63% e 33%, na camada de 75-100 cm. No caso do comprimento radicular da aveia em relação à ervilhaca e ao pousio, foram observados aumentos de 20% e 29%, na camada de 0-25 cm; de 0% e 2%, na camada de 25-50 cm; 33% e 62%, na camada de 50-75 cm; e 67% e 58%, na camada de 75-100 cm. Tanto o pousio quanto a não aplicação de calcário ou gesso aumentaram o diâmetro médio das raízes nas camadas de solo abaixo de 50 cm, que passou de aproximadamente 0,5 mm para 0,75 mm, indicando condições químicas desfavoráveis em subsuperfície. Considerando a camada de 0-100 cm a aveia proporcionou aumento de 9m/m2 no sistema radicular da soja em relação à ervilhaca e o pousio, respectivamente. O cultivo de aveia no inverno demonstrou melhorar tanto o desenvolvimento quanto a distribuição do sistema radicular da cultura da soja, evidenciado sua importância como pré-cultura da soja. 19. CROTALÁRIA E MILHETO COMO ADUBOS VERDES PARAA PRODUÇÃO DE MILHO NOS TRÓPICOS PERIN, A.; SANTOS, R. H. S.; URQUIAGA, S. S.; CECON, P. R.; GUERRA, J. G. M.; FREITAS, G. B. de F. Scientia Agricola, v. 63, n. 5, p. 453-459, 2006. (www.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S0103-90162006000500006&lng=pt&nrm= iso&tlng=en) A liberação de nutrientes dos resíduos de leguminosas é rápida nos trópicos. A consorciação com gramíneas pode resultar em liberação de nutrientes desses resíduos mais lenta e adequada aos requerimentos de N da cultura subseqüente. Os objetivos do trabalho foram avaliar os efeitos dos adubos verdes crotalária (Crotalaria juncea) e milheto (Pennisetum glaucum), solteiros ou consorciados, sobre o desempenho do milho com ou sem a aplicação de N-fertilizante. O experimento foi instalado em quatro blocos casualizados em parcelas subdivididas. Os tratamentos da parcela consistiram do cultivo prévio de crotalária, milheto, crotalária + milheto e ervas. Os tratamentos da subparcela foram 90 kg ha-1 de N e ausência de N-fertilizante. A parte aérea da crotalária solteira ou consorciada apresentou, respectivamente, 173 kg ha-1 e 89 kg ha-1 de FBN-N. Metade do N foi liberado em 15 e 22 dias, dos resíduos de crotalária solteira e crotalária+milheto respectivamente. Esta diferença foi provavelmente causada pela imobilização temporária devido à maior C/N da crotalária + milheto. Na ausência de N-fertilizante o cultivo prévio de crotalária + milheto resultou em maior produtividade do milho que a crotalária solteira. Esse resultado não se repetiu com a aplicação de N-fertilizante. Esse efeito é atribuído à liberação de N mais sincronizada com o requerimento do milho do que com crotalária e milheto solteiros. O balanço de nitrogênio mostra que a recuperação de N-FBN foi de 15% e 10% do N nos grão de milho após crotalária solteira e crotalária + milheto, respectivamente. A utilização de N-FBN pelo milho foi 65% maior após crotalária + milheto do que após crotalária solteira. 20. ROLE OF COVER CROPS IN IMPROVING SOIL AND ROW CROP PRODUCTIVITY FAGERIA, N, K.; BALIGAR, V. C.; BAILEY, B. A. Communications in Soil Science and Plant Analysis, v. 36, p. 27332757, 2005. Cover crops play an important role in improving productivity of subsequent row crops by improving soil physical, chemical, and biological properties. The objective of this article is to review recent advances in cover crops practice, in the context of potential benefits and drawbacks for annual crop production and sustained soil quality. Desirable attributes of a cover crop are the ability to establish rapidly under less than ideal conditions, provide sufficient dry matter or soil cover, fix atmospheric nitrogen (N), establish a deep root system to facilitate nutrient uptake from lower soil depths, produce organic matter with low-residue carbon/nitrogen (C/N) ratio, and absence of phytoxic or allelopathic effects on subsequent crops. Cover crops can be leguminous or nonleguminous. Leguminous cover crops provide a substantial amount of biologically fixed N to the primary crop, as well as ease of decomposition due to their low C/N ratio. Legume cover crops also possess a strong ability to absorb low available nutrients in the soil profile and can help in increasing concentration of plant nutrients in the surface layers of soil. Some nonleguminous cover crops having high N scavenger capacity compared with leguminous crops and sometimes, the growth of these scavenging grass cover crops is limited by N deficiency, growing grass/legume mixtures appears to be the best strategy in obtaining maximum benefits from cover crops. 21. PRODUTIVIDADE DE CAFEEIROSARBORIZADOS COM INGAZEIRO E COM GREVÍLEAEM LAVRAS-MG SALGADO, B. G.; MACEDO, R. L. G.; VENTURIN, N.; CARVALHO, V. L. de. Agrossilvicultura, v. 1, n.26, p. 155-152, 2004. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a produtividade de cafeeiros (Coffea arabica L. - Mundo Novo) arborizados com ingazeiro (Inga vera Willd.) e com grevílea (Grevillea robusta A. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 25 Cunn.) em Lavras, Minas Gerais. O experimento foi avaliado no delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos e sete repetições (cafeeiro a pleno sol; cafeeiro consorciado com ingazeiro, no espaçamento de 8 x 15 m; e cafeeiro consorciado com grevílea, no espaçamento de 12 x 10 m). Os cafeeiros estão plantados no espaçamento de 4 x 1 m nos três sistemas, receberam os mesmos tratos culturais, têm idade de 15 anos e foram recepados há cinco anos, encontrando-se em plena produtividade. Em agosto de 2003, nas parcelas úteis, avaliou-se a produtividade dos cafeeiros, e os resultados expressos em “café da roça”, “café beneficiado” e “café por hectare” foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott. Concluiu-se que a produtividade de “café da roça” foi maior nos sistemas arborizados e menor nos cultivos a pleno sol. A produtividade de “café beneficiado” não apresentou diferenças significativas entre os sistemas arborizados e a pleno sol. Maiores incrementos de produtividade de 10, 12 e 5,95 sacas de 60 kg ha-1 foram observados, respectivamente, nos cafeeiros consorciados com ingazeiro e com grevílea, quando comparados aos cafeeiros cultivados a pleno sol. Os sistemas agroflorestais conferiram um aumento de receita por hectare de U$ 609,22 e U$ 358,19, favoráveis, respectivamente, aos cafeeiros consorciados com ingazeiro e com grevílea. 22. COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS PARA ESTIMAR A PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE MILHO RODRIGUES, V. do N.; PINHO, R. G. Von; PAGLIS, C. M.; BUENO FILHO, J. S. de S.; BRITO, A. H. de. Ciência e Agrotecnologia, v. 29, n. 1, p. 34-42, 2005. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de dois métodos utilizados para estimar a produtividade de grãos em lavouras comerciais de milho. Foram avaliados o método de Reetz, desenvolvido na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, e o método da Emater-MG, utilizado em concursos de produtividade. Analisou-se a eficiência dos métodos em três áreas, sendo uma na UFLA, uma na Fazenda Campo Lindo em Lavras-MG e uma na Fazenda Dutra em Itumirim-MG, obtendo-se as produtividades estimadas e as produtividades reais em cada local. Para obtenção das produtividades estimadas, as áreas foram divididas em 4 talhões, sendo colhida uma parcela por talhão. Cada parcela constituiu-se de 7 sub-amostras de 4 m2 com 3 espigas cada, distribuídas em 4 linhas de 10 m. Para o método de Reetz, utilizou-se na expressão de cálculo o número de espigas em 4 m2, o número de fileiras de grãos e o número de grãos por fileira. Para o método da Emater, utilizou-se o espaçamento entre fileiras, número de espigas em 10 m e o peso médio de grãos por espiga. Com as estimativas das sub-amostras, foram feitas análises de variância para cada local e para cada método. Com os componentes da variância foram determinadas as funções desta, de acordo com o número de parcelas e sub-amostras para posterior determinação de intervalos de 95% de confiança da produtividade média estimada pelos métodos, com o intuito de verificar se estes continham as produtividades reais dos locais. Conclui-se que o método da Emater é útil para comparações entre produtividades de diferentes áreas, podendo ser reduzido pela metade o número de espigas amostradas por parcela. Esse método tende a superestimar a produtividade real com o aumento do número de parcelas e sub-amostras, dado o aumento da precisão das estimativas. O método de Reetz precisa ser adaptado a grupos de híbridos com características semelhantes. 26 23. PREPARO DO SOLO, EROSÃO HÍDRICA, PERDAS DE CÁLCIO, MAGNÉSIO E CARBONO ORGÂNICO BERTOL, I.; GUADAGNIN, J. C.; GONZÁLEZ, A. P.; AMARAL, A. J. do; BRIGNONI, L. F. Scientia Agricola, v. 62, n. 6, p. 578584, 2005. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0103-90162005000600011&lng= pt&nrm=iso&tlng=en) O preparo do solo influencia a erosão hídrica e, conseqüentemente, as perdas de cálcio, magnésio e carbono orgânico. Nutrientes e carbono orgânico são transportados na enxurrada superficial, podendo estar predominantemente adsorvidos aos colóides do solo ou solúveis na água, dependendo do sistema de preparo do solo. Este trabalho foi conduzido em um Inceptisol, representativo das terras de altitude de Santa Catarina, sul do Brasil, entre novembro de 1999 e outubro de 2001, sob chuva natural. Os tratamentos de preparo do solo, sem repetição, foram: semeadura direta (SD), preparo mínimo do solo com escarificação + gradagem (PM) e preparo convencional do solo com aração + duas gradagens (PC), com a seqüência dos cultivos de soja (Glycine max), aveia preta (Avena sativa), feijão (Phaseolus vulgaris) e ervilhaca comum (Vicia sativa). Um tratamento de preparo convencional do solo com aração + duas gradagens na ausência de cultivo (SC) foi também estudado. Os conteúdos de cálcio e magnésio foram determinados na água e nos sedimentos da enxurrada superficial, enquanto o de carbono orgânico foi avaliado somente nos sedimentos. As concentrações de cálcio e magnésio foram maiores nos sedimentos do que na água da enxurrada superficial, enquanto as perdas totais desses elementos foram maiores na água do que nos sedimentos. As maiores concentrações de cálcio e magnésio na água da enxurrada superficial foram observadas sob PC, enquanto nos sedimentos as maiores concentrações ocorreram sob PM. A concentração de carbono orgânico nos sedimentos não diferiu nos tratamentos de preparo do solo, contudo, as perdas totais foram maiores sob PC. 24. INFLUÊNCIA DO TIPO E DA QUANTIDADE DE RESÍDUOS VEGETAIS ASSOCIADOS A HERBICIDAS RESIDUAIS NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DA SOJA CORREIA, N. M.; DURIGAN, J. C. Bragantia, v. 65, n. , p. 421432, 2006.(www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0006-87052006000300008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) O objetivo do trabalho foi avaliar, em condições de campo e na região originalmente sob cerrado, os efeitos de resíduos vegetais [sorgo de cobertura (híbrido Cober Exp), milheto forrageiro (var. BN2), capim pé-de-galinha (Eleusine coracana) e capim braquiária (Brachiaria brizantha)] e duas quantidades de palha (3,0 e 5,5 t ha-1, no primeiro ano do estudo, e 3,5 e 5,8 t ha-1, no segundo), associados a herbicidas residuais (diclosulam a 35 g ha-1 e imazaquin a 140 g ha-1) aplicados em pré-emergência, no desenvolvimento da cultura da soja. Para tal, foi desenvolvido experimento no ano agrícola 2003/2004 e repetido em 2004/2005, na Fazenda Três Marcos, em Uberlândia (MG). No primeiro ano, após a instalação da cultura da soja, plantas de Eleusine coracana tornaram-se as principais infestantes na cobertura de capim pé-de-galinha. Devido à ausência de controle dessa espécie pelos herbicidas testados, a convivência entre ela e a cultura refletiu negativamente nas plantas de soja. O herbicida imazaquin afetou, indiretamente, as plantas de soja, em virtude do INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 seu controle insatisfatório das plantas daninhas. Nas plantas de soja crescidas sobre cobertura de capim braquiária (nos dois anos) e de capim pé-de-galinha (no segundo ano) observaram-se maior produtividade de grãos, acúmulo de massa e altura de plantas. Os resíduos vegetais de sorgo influenciaram negativamente no desenvolvimento das plantas de soja, nos dois anos. Quanto aos níveis de palha, houve diferença entre eles para milheto forrageiro (no primeiro ano) e sorgo (no segundo ano). O menor nível de milheto forrageiro e o maior de sorgo ocasionaram prejuízos às plantas de soja. 25. TECHNICAL PERFORMANCE OF SOME COMMERCIAL GLYPHOSATE-RESISTANT CROPS PLINE-SRNIC, W. Pest Management Science, v. 61, p. 225-234, 2005. Glyphosate-resistant (GR) crops have been sold commercially in the USA since 1996. The use of glyphosate alone or with conventional pre- and post-emergence herbicides with different modes of action gives growers many options for affordable, safe, easy, effective wide-spectrum weed control. Despite the overwhelming popularity of this technology, technical issues have surfaced from time to time as US growers adopt these crops for use on their farms. The types of concern raised by growers vary from year to year depending on the crop and the environment, but include perceptions of increased sensitivity to diseases, increased fruit abortion, reduced pollination efficiency, increased sensitivity to environmental stress, and differences in yield and agronomic characteristics between transgenic and sister conventional varieties. Although several glyphosate-resistant crops are commercially available, maize, soybean and cotton constitute the largest cultivated acreage and have likewise been associated with the highest number of technical concerns. Because glyphosate is rapidly translocated to and accumulates in metabolic sink tissues, reproductive tissues and roots are particularly vulnerable. Increased sensitivity to glyphosate in reproductive tissues has been documented in both glyphosateresistant cotton and maize, and results in reduced pollen production and viability, or increased fruit abortion. Glyphosate treatments have the potential to affect relationships between the GR crop, plant pathogens, plant pests and symbiotic microorganisms, although management practices can also have a large impact. Despite these potential technical concerns, this technology remains popular, and is a highly useful tool for weed control in modern crop production. 26. IMPORTÂNCIA DOS MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS NAAGRICULTURA AZEVEDO, J. L.; MACCHERONI JR., W. M.; ARAÚJO, W. L. In: LUZ, W. C.; FERNANDES, A. M.; PRESTES, J. M.; PICININI, E. C. (Ed.). Revisão Anual de Patologia de Plantas, v. 11, p. 333371, 2003. Micronutrientes endofíticos são aqueles que habitam os tecidos internos das plantas e que não causam danos aparentes ao seu hospedeiro. Estes microrganismos colonizam um nicho ecológico similar àquele ocupado pelos fitopatógenos e isso os credencia como candidatos para o controle biológico de doenças de planta. A existência de fungos e bactérias endofíticas já foi constatada na maioria das plantas de importância econômica. Sua presença pode estar associada a várias características de interesse agronômico como promoção de crescimento vegetal e resistência a pragas e patógenos. Esses microrganismos endofíticos podem colonizar a planta de forma localizada ou sistêmica, se estabelecendo nos espaços intercelulares, vasos condutores e eventualmente intracelularmente. No interior do hospedeiro, os endófitos podem sintetizar compostos como reguladores vegetais ou fixar nitrogênio atmosférico, aumentando o crescimento da planta hospedeira. Além disso, os endófitos podem produzir compostos antagônicos a patógenos ou ativar o sistema de defesa da planta, reduzindo o poder de infecção do fitopatógeno. Os microrganismos endofíticos podem também ser modificados geneticamente e reintroduzidos na planta hospedeira, permitindo a expressão de genes de interesse no interior da planta. Dessa forma, o conhecimento da interação endófito-planta e dos fatores associados a ela pode contribuir para a utilização destes microrganismos no aumento da produtividade vegetal e desenvolvimento de uma agricultura sustentável. NOTA DO EDITOR: Herbicidas sistêmicos aplicados em plantas geneticamente modificadas não poderiam afetar estes microrganismos endofíticos? 27. MECANISMOS DE ATAQUE E DEFESA NA INTERAÇÃO NEMATÓIDE-PLANTA FARIA, C. M. D. R.; SALGADO, S. M. de L.; CAMPOS, H. D.; RESENDE, M. L. V.; CAMPOS, V. P.; COIMBRA, J. L. In: LUZ, W. C.; FERNANDES, A. M.; PRESTES, J. M.; PICININI, E. C. (Ed.). Revisão Anual de Patologia de Plantas, v. 11, p. 373-410, 2003. Os nematóides estabelecem uma relação parasítica com seu hospedeiro mediante o sucesso nas diversas fases dessa interação, onde um dos mais importantes eventos é a atração pela planta hospedeira. O fitonematóide tem a habilidade para detectar sinais químicos do hospedeiro, e sua penetração e/ou migração é facilitada pelas enzimas secretadas pelas glândulas esofagianas, tais como β-1,4-endoglucanases. Outras enzimas degradadoras da parede celular, como pectinases, celulases e hemicelulases, fazem parte do arsenal utilizado pelo nematóide para vencer as barreiras da planta. Para completar seu ciclo de vida, os nematóides sedentários, como Meloidogyne spp., estabelecem um sítio de alimentação, do qual esses fitonematóides são altamente dependentes. Um sério desbalanço hormonal ocorre nesse sítio em nível celular, principalmente favorecendo a alimentação do nematóide. A regulação dos genes do hospedeiro tem sido bem documentada nesse sítio de alimentação. Resposta de defesa do hospedeiro aos nematóides incluem a reação de hipersensibilidade (HR) e ativação de rotas metabólicas levando à produção de fitoalexinas, calose ou lignina. A ativação da cascata de sinalização do ácido jasmônico, a partir da peroxidação de lipídios na membrana plasmática, pode conduzir à síntese de inibidores de proteinase, que são proteínas cruciais para deter a alimentação e o desenvolvimento do nematóide. Muitas interações nematóide-planta seguem o modelo gene-a-gene e alguns receptores dos produtos do gene Avr do nematóide têm sido clonados. A transferência de genes de resistência entre espécies vegetais é uma possibilidade para o futuro próximo. O entendimento da transdução do sinal e a expressão de proteínas de defesa na interação nematóideplanta é essencial para obtenção da resistência específica e durável contra os fitonematóides. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 27 PAINEL AGRONÔMICO MANIPULAÇÃO DE GENES PODE APRIMORAR O CAFÉ BRASILEIRO FÁBRICA DE MOSCAS Os tempos de glória e reinado absoluto da economia cafeeira ficaram para trás, mas o aroma que se espalha quando a água fervente banha o pó marrom permanece irresistível. No ano passado os brasileiros consumiram cerca de 15 milhões de sacas de café – foram superados apenas pelos norte-americanos, com 20 milhões de sacas. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) em 2005 confirma o apreço pela bebida: 93% dos 1.400 entrevistados de oito capitais consomem café. Desses, 90% tomam pelo menos quatro xícaras todos os dias. Pela manhã, a preferência é o coado, feito em casa. Depois do almoço, o mais solicitado é o expresso das lanchonetes e padarias. Cada vez mais se exige uma bebida de qualidade: 58% dos entrevistados tomam café por puro prazer e 47% pelo sabor que fica na boca. Quando vai ao supermercado, a maioria (89%) escolhe seu café em função da qualidade do produto, do sabor (84%) e do tipo do café (79%). O preço vem em sétimo lugar, citado por 70% dos entrevistados. Se depender das pesquisas científicas para o aprimoramento do café, a exemplo do Projeto Genoma recém-concluído, os consumidores podem ficar tranqüilos: a preocupação principal é garantir um produto de boa qualidade – encorpado, saboroso e com aroma agradável. Iniciado em 2002, o Projeto Genoma Café reúne 700 pesquisadores de 40 instituições. Foram identificados cerca de 30 mil genes responsáveis por determinar diferentes características do café. Os pesquisadores trabalharam com duas espécies: a arábica (Coffea arabica), associada a uma bebida saborosa, cultivada em regiões de altitudes mais elevadas e que representa 70% da produção nacional, e a conilon ou robusta (Coffea canephora), responsável por um café menos saboroso e mais encorpado, plantado em baixas altitudes. “Optamos por analisar genes de órgãos e tecidos diferentes como folhas, raízes, ramos e frutos. A partir da diversidade, selecionamos os genes mais adequados”, explica Carlos Colombo, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). “Saímos na frente e temos um banco de dados genuinamente nacional. Mas a competição é grande e as informações precisam ser rapidamente usadas em novos trabalhos”, alerta Vieira (revistapesquisa.fapesp.br, agosto 2006). SEMENTE DE ALGODÃO COMESTÍVEL Mais de 500 milhões de pessoas por ano podem ter acesso a proteínas graças a um trabalho científico no qual foi inibida a ação de um gene que leva à formação do gossipol, um componente nas sementes de algodão que as torna tóxicas para o consumo humano, segundo um artigo pubicado na revista “Proceedings”, da Academia Nacional de Ciências americana. A equipe de Sunilkumar, que teve a participação de Lorraine Puckhaber, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, utilizou com sucesso a engenharia genética para impedir a biossíntese do gossipol no tecido da semente de algodão. A característica, além disso, é transmitida às novas gerações. Um atributo pouco conhecido do algodão é que, para cada quilo de fibra, a planta produz 1,65 quilo de sementes, o que o torna a terceira maior colheita do mundo em termos de toneladas de oleaginosas comestíveis. (www.revistaagrobrasil.com.br, 22/11/2006). 28 Nos galpões de uma antiga beneficiadora de algodão, está nascendo a primeira Biofábrica de moscas do País. Em Juazeiro, cidade baiana que abriga uma das maiores produções nacionais de manga e uva, acabou de entrar em operação a Moscamed Brasil, megaprojeto fitossanitário que irá combater uma das principais pragas da fruticultura brasileira: a mosca-das-frutas. Desenvolvida através da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, a planta biológica utiliza a chamada Técnica do Inseto Estéril, que consiste na multiplicação de machos estéreis que, na cópula com as fêmeas, transferem espermatozóides inviáveis. Conseqüentemente, os ovos são inférteis e, com o tempo, a população de moscas vai diminuindo e pode até ser erradicada. A Moscamed poderá produzir 400 milhões de moscas estéreis por semana, capacidade que deverá ser atingida em fevereiro de 2007. “A fruticultura brasileira ainda é muito dependente de agrotóxicos, e o consumidor não quer mais comer inseticida”, diz Aldo Malavasi, presidente da Moscamed Brasil. “Além de muito eficiente, esse tipo de controle biológico tem baixo impacto ambiental”. No mundo todo, a mosca-da-fruta é uma dor de cabeça para a agricultura. Calcula-se que o prejuízo global provocado por essa praga seja de US$ 2 bilhões por ano. No Brasil, essas perdas podem chegar a US$ 300 milhões anuais, considerando os gastos com combate das moscas, perda na produção e diminuição nas exportações (Dinheiro Rural, n. 20, junho/2006). GORDURA ANIMAL FARÁ BIODIESEL A Embrapa está estudando a transformação de resíduos de abatedouros em biodiesel. A proposta é aproveitar a gordura de suínos e aves, hoje encaminhada principalmente a empresas que produzem farinha para ração animal, para gerar combustível destinado ao aquecimento de sistemas das duas produções. “Nossa preocupação é contribuir para a sustentabilidade da cadeia produtiva. Por isso, propomos que o biodiesel extraído da gordura animal seja aproveitado para diminuir o custo de produção dos produtores e agroindústrias”, explica a pesquisadora Martha Higarashi. A intenção da Embrapa é disponibilizar nos próximos anos uma metodologia para a geração de biodiesel a partir da gordura animal proveniente de resíduos de abatedouros. Também será disponibilizado um modelo, com a sugestão de equipamentos, para transformar o biodiesel em fonte de aquecimento nas instalações usadas para a criação de suínos e aves. A busca por combustíveis alternativos ao petróleo se transformou em objetivo comum de centros de pesquisa em todo o mundo nos últimos anos. O biodiesel, nome genérico dado a combustíveis e aditivos derivados de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, é uma aposta para o futuro em duas direções. Uma delas, visa minimizar o impacto da redução na oferta do petróleo sobre a economia. A segunda é ambiental, já que o biodiesel é bem menos poluente. Por enquanto, o uso do biodiesel é opcional. Mas no futuro, passará a ser obrigatório. A partir de janeiro de 2008, todo o diesel comercializado no Brasil deverá conter 2% de biodiesel. O percentual subirá para 5% em 2013. Apenas com a mistura de 2%, a demanda anual será de 800 mil toneladas de biodiesel. Hoje, a produção brasileira chega a apenas 20 mil toneladas. (Jornal de Piracicaba, 21/09/2006). INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 MERCADO DE ÓLEO DE PALMA GANHA FÔLEGO MATO GROSSO TEM MODELO INÉDITO DE USINA Recentemente, os governos de Malásia e Indonésia, que juntos respondem por 85% da exportação mundial de óleo de palma, anunciaram que cada país reservará 6 milhões de toneladas do produto por ano para a produção de biodiesel. Esse volume corresponde a 40% da produção anual desses países. Os dois países anunciaram em julho parceria para produzir anualmente 12 milhões de toneladas de biodiesel de palma, com vistas à exportação. O aquecimento da demanda ocorre sobretudo na China. O país consome 70 milhões de toneladas de diesel por ano e planeja construir 100 usinas de biodiesel – à base de canola, soja e palma – para reduzir a demanda por diesel. Em 2005, os chineses importaram, no total, 4,4 milhões de toneladas, quase tudo da Malásia. E o volume deve crescer. Nos Estados Unidos e na União Européia, nota João Paulo de Moraes Filho, técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), não é apenas a febre do biodiesel que puxa a demanda. Ele diz que, nos últimos anos os dois mercados vêm recorrendo mais ao óleo de palma na alimentação, como substituto do óleo de soja e de outros óleos com gordura trans (formada por processo de hidrogenação e, se consumida em excesso, causadora de aumento dos níveis de colesterol ruim no organismo). Em parte graças a essa preocupação, na temporada agrícola 2005/06 o consumo mundial de óleo de palma superou o de óleo de soja – 35,2 milhões contra 33,4 milhões de toneladas. “Só que há mais restrições geográficas à produção de palma do que no caso da soja, o que limita sua expansão”, avalia Moraes. Para o técnico, a atual tendência de maior produção de biodiesel de óleo de palma em outros países fora da Ásia tem limite. Mesmo na Europa, observa, a principal matériaprima adotada tem sido a canola. Nos Estados Unidos, as apostas deverão se concentrar na soja. Não é de esperar, portanto, crescimentos geométricos da demanda, mas aumentos graduais. No Brasil, as perspectivas também apontam para essa direção, definida pelo avanço do biodiesel também por aqui e pela nova legislação sobre rotulagem de óleos comestíveis. E nesse cenário, a Agropalma, que responde por 75% da incipiente produção nacional de óleo de palma, já estuda ampliar a produção do combustível e reavalia a possibilidade de entrar no varejo de margarinas. Hoje, a empresa faz a margarina Vitapalma, voltada exclusivamente para a área de food-service (padarias, sorveterias, bares e restaurantes). Desde o dia 1º, no país, as indústrias de alimentos devem incluir nos rótulos a quantidade de gordura trans contida em seus produtos. Nos Estados Unidos, a rotulagem de gordura trans tornou-se obrigatória em 2005, e no primeiro ano da lei o consumo de óleo de palma cresceu 51,9%, para quase 416 mil toneladas, segundo a Comissão Internacional de Comércio dos Estados Unidos (ITC). As perspectivas apontam para novo crescimento em 2006, de 44%. “Com a rotulagem de gorduras trans, a demanda por produtos mais saudáveis no Brasil também deve crescer”, diz Marcelo Amaral Brito, diretor comercial da Agropalma. Segundo ele, as grandes indústrias já adequaram produção e rotulagem e aumentaram as consultas para compra de óleo de palma por empresas de menor porte. A produção de óleo da Agropalma não deverá chegar às 145 mil toneladas previstas no início do ano. Segundo Brito, uma seca no fim de 2005 e as chuvas de julho afetaram a produtividade das palmeiras. No ano passado, foram cerca de 130 mil toneladas. Conforme Brito, a Agropalma também estuda implantar uma nova tecnologia para elevar a produção de biodiesel. A empresa investiu US$ 1 milhão em 2005 em uma fábrica em Belém (PA). (Valor on line, 10/08/2006). Em projeto inédito no Estado e no País, entra em operação em Mato Grosso a primeira usina de produção de biodiesel integrada a uma fábrica de álcool e açúcar, em Barra do Bugres (168 km a Médio-Norte de Cuiabá), município que tem como base produtiva a plantação de cana-de-açúcar. A planta de biodiesel da empresa Barralcool foi criada a partir de um modelo único no mundo que permite, ao ser instalada em anexo a uma fábrica de bioetanol, a integração energética a partir de fontes de energia como vapor, água, biodiesel e álcool, além de trabalhar com aproveitamento de outras facilidades existentes no complexo industrial. Essa solução empregada possibilita e redução de 20% a 25% no investimento, quando comparada a uma planta de biodiesel não integrada, o que contribui também na queda do custo final do combustível, uma vez que os insumos utilizados serão da usina de álcool já instalada. Segundo o executivo da Barralcool, a usina iniciará a produção de biodiesel a partir do grão de soja e expandirá para outras oleaginosas, como o pinhão manso e girassol, adquiridas de produtores da agricultura familiar. Dessa forma, a Barralcool passa a ser a primeira usina no mundo a gerar as bioenergias: bioeletricidade, bioetanol e biodiesel. A bioeletricidade já é realidade na empresa, com a geração de energia limpa através do bagaço da cana (biomassa) desde 1996, sendo empresa pioneira no Estado nesse setor. (www.24horasnews.com.br, 21/11/2006). CANA COM PROPRIEDADE INSETICIDA Uma das principais pragas que atacam a cultura da cana-deaçúcar é a broca-da-cana (Diatraea saccharalis), um inseto que penetra no interior da planta e cava galerias internas, causando grandes prejuízos aos produtores. Para controlar esse inimigo de forma efetiva, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), da cidade de Piracicaba, conseguiram, por meio de modificação genética, chegar a uma cana que libera proteínas com atividade inseticida apenas quando atacada pela broca-da-cana. O caminho para produzir uma planta com essas características começou com um detalhado estudo e uma caracterização de genes da cana-de-açúcar para saber quais eram ativados exclusivamente por insetos. Cumprida essa etapa, era preciso então descobrir a seqüência de DNA que ativava esses genes, os chamados promotores, que permitem a expressão do gene no momento em que há necessidade. Para expressar novos genes na cultura da cana, com potencial sobre a broca, os pesquisadores recorreram ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que possui vários promotores patenteados. Em 1998, época do início da pesquisa, não existiam promotores de cana disponíveis no Brasil. Dessa forma, os pesquisadores conseguiram gerar plantas consideradas transgênicas que expressavam as proteínas de defesa contra a broca. E, com isso, conseguiram provar que as plantas associadas aos promotores realmente possuíam uma resistência maior contra o ataque da broca, principal responsável, junto com outras pragas dos canaviais, por prejuízos de cerca de US$ 500 milhões por ano aos produtores brasileiros. Essa cana é considerada transgênica, embora os promotores sejam da própria espécie, porque foram isolados do genoma da planta e introduzidos nela posteriormente (revista pesquisa.fapesp.br, julho 2006). INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 29 CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ EVENTOS DO IPNI EM 2007 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 1. SIMPÓSIO SOBRE INFORMAÇÕES RECENTES PARA OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA Coordenadores: Tsuioshi Yamada, IPNI Paulo Roberto de Camargo e Castro, ESALQ-USP Taxa de inscrição: Profissionais: R$ 300,00 Estudantes: R$ 100,00 Inscrição: http://www.ipni.org.br/ppiweb/brazil.nsf/InscSIMPOSIO?OpenForm Contato: Fone: (19) 3433-3254 Local: Auditório da COPLACANA Endereço: Centro Canagro “José Coral” Av. Comendador Luciano Guidotti, 1937 Bairro Água Branca Piracicaba, SP 15/03/2007 (Quinta-Feira) 08:00-09:00 Inscrição 09:00-10:00 O uso do inibidor da urease para aumentar a eficiência da uréia – Heitor Cantarella, Instituto Agronômico, Campinas, SP, fone: (19) 3236-9119 ramal 36, email: [email protected] 16/03/2006 (Sexta-Feira) 10:00-11:30 Interações entre herbicidas e doenças de plantas, com especial referência ao glifosato – James E. Rahe, Simon Fraser University, Department Biological Sciences, Canadá, fone: (1) 604-291-4801, email: [email protected] 11:30-12:00 Debate 14:00-15:30 Adubação balanceada da rotação soja/milho nos EstadosUnidos – Barney Gordon, Kansas State University, Estados Unidos, fone: (1) 785-335-2836, email: [email protected] 15:30-17:00 Adubação balanceada visando melhor qualidade de grãos de soja – Tom Bruulsema, IPNI - International Plant Nutrition Institute, Guelph, Canadá, fone: (1) 519-821-5519, email: [email protected] 17:00-17:30 Intervalo para café 17:30-18:30 Uso de silício na agricultura – Gaspar H. Korndörfer, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, fone: (34) 3218-2225 ramal 216, email: [email protected] 18:30-19:30 Debate 2. WORKSHOP SIMPAS Sistema Integrado de Manejo da Produção Agropecuária Sustentável (IPNI junto com ANDA, ANDEF, ABAG e outras associações do agronegócio) Local: Lavras-MG Data: 19-21/MARÇO/2007 Local: Gurupi-TO Data: 23-25/ABRIL/2007 Local: Jaboticabal-SP Data: 24-26/SETEMBRO/2007 30 08:00-09:30 P protegido com AVAIL e a adubação fluida na rotação soja/milho nos Estados Unidos – Larry Murphy, Fluid Fertilizer Foundation, Manhattan, KS, EUA, fone: (1) 785-776-0273, email: [email protected] 09:30-10:15 KimCoat - uma nova ferramenta para otimização do uso de fertilizantes – Roberto dos Anjos Reis Júnior, Kimberlit, Chapadão do Sul, MS, fone: (67) 9967-0933, email: [email protected] 10:15-10:45 Intervalo para café 10:45-11:30 Uso do gesso na agricultura – Bernardo van Raij, Instituto Agronômico, Campinas, SP, fone: (19) 3236-9119 ramal 35, email: [email protected] 11:30-12:00 Debate 14:00-14:45 Calagem no sistema plantio direto para correção da acidez e suprimento de Ca e Mg como nutrientes – Eduardo Fávero Caires, Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG, Ponta Grossa, PR, fone: (42) 3220-3091, email: [email protected] 14:45-16:15 Cálcio nos solos e nas plantas – Grzegorz Cieslinski, Yara, Market Support Manager, Noruega, fone: (47) 2415-7000, email: [email protected] 16:15-16:45 Intervalo para café 16:45-18:15 Magnésio nos solos e nas plantas – Marcus Ross, K+S, Kassel, Alemanha, fone: (49) 561-9301-2337, email: [email protected] 18:15-18:45 Debate 18:45-19:00 Encerramento 3. WORKSHOP SOBRE INTERAÇÃO DO GLIFOSATO COM A NUTRIÇÃO MINERAL E DOENÇAS DE PLANTAS Coordenação: Tsuioshi Yamada e Valter Casarin Local: ESALQ/USP, Piracicaba, SP Data: 21/SETEMBRO/ 2007 Palestrantes (já confirmados): Ismail Cakmak, Sanbaci University, Turquia Volker Römheld, Hohenheim University, Alemanha Don Huber, Purdue University, Estados Unidos Robert Kremer, University of Missouri, Estados Unidos INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ OUTROS EVENTOS 1. I SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE GLIFOSATO Local: Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Botucatu-SP Data: 17-21/SETEMBRO/2007 Realização: FCA, UNESP e FEPAF Objetivo: discussão ampla sobre o passado, o presente e o futuro deste importante insumo agrícola que foi fundamental para a implantação do sistema plantio direto. Contato: Profa. Dana Katia Meschede Fones: (14) 9785-2446, (14) 3811-7161 Email: [email protected] ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 2. 4th INTERNATIONALNITROGEN CONFERENCE (INI 2007) Local: Costa do Sauipe, Bahia Data: 01-05/OUTUBRO/2007 Objetivo: O encontro visa discutir os desafios para o uso eficiente da adubação nitrogenada, sem danos ambientais, através de 13 palestras plenárias, 8 workshops, 9 reuniões técnicas (contributed talks), 3 painéis e 5 cursos rápidos. Contato: Luiz Antonio Martinelli Fone: (19) 3429-4074 Email: [email protected] PUBLICAÇÕES RECENTES 1. CERRADO ADUBAÇÃO VERDE Editores: Carvalho, A. M. de; Amabile, R. F.; 2006. Conteúdo: Histórico da adubação verde; solos do bioma cerrado: propriedades químicas e físico-hídricas; caracterização das espécies de adubo verde; plantas condicionadoras do solo: interações edafoclimáticas, uso e manejo; fixação biológica de nitrogênio em espécies para adubação verde; micorriza arbuscular e uso de adubos verdes em solos do bioma cerrado; adubação verde no controle de fitonematóides; insetos de importância econômica associados às espécies vegetais usadas como adubos verdes; uso de adubos verdes nos sistemas de produção no bioma cerrado; viabilidade econômica do uso de plantas condicionadoras de solo em agroecossistema de sequeiro. Número de páginas: 369 Preço: R$ 50,00 Pedidos: Embrapa Livraria Virtual Email: [email protected] 3. BIODIESEL – ENERGIA DO FUTURO Autores: Freita, C.; Penteado, M.; 2006. Conteúdo: Os preços elevados do petróleo, as questões ambientais e econômicas da matriz energética brasileira e mundial apontam para uma demanda crescente de biodiesel no mercado. Indo de encontro à necessidade por informações na área, este livro valoriza aspectos como viabilidade econômica do biodiesel; planejamento de fábricas e sua implementação; análise das diversas alternativas de matérias-primas; custos de produção e retorno de investimento, além de aspectos técnicos e tecnológicos. Número de páginas: 146 Preço: R$ 35,00 Pedidos: idem item 2 4. USOS ANTERNATIVOS DA PALHADA RESIDUAL DA PRODUÇÃO DE SEMENTES PARA PASTAGENS 2. CIÊNCIADAS PLANTAS INFESTANTES - Fundamentos - 2a ed. Autor: Robert Deuber; 2006. Conteúdo: A Ciência das Plantas Infestantes, ou Daninhas, é uma das componentes básicas da Ciência Agronômica, mas não tem recebido a devida valorização, tanto na área de pesquisa, quanto na de ensino. Considerando os grandes prejuízos causados pelas plantas infestantes e os elevados custos para seu combate, torna-se, cada vez mais necessário, o conhecimento preciso dessa problemática, o qual deve ser fundamentado em estudos sérios e muita pesquisa. A publicação deste livro é uma contribuição para se atingir esse objetivo. Procurou-se ordenar os tópicos de maneira didática, possibilitando o desenvolvimento da Ciência de forma cumulativa. Desse modo, ao se chegar ao final do livro, pode-se ter uma visão panorâmica e bem abrangente do todo. Número de páginas: 452 Preço: R$ 45,00 Pedidos: FUNEP Wesite: www.funep. com.br INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006 Editores: Souza, F. H. D. de; Pott, E. B.; Primavesi, O.; Bernardi, A. C. de C.; Rodrigues, A. de A.; 2006. Conteúdo: A palhada residual da produção de sementes de capins tropicais no Brasil; manejo de palhada residual em sistemas de produção de sementes de capim nos Estados Unidos da América; restrições legais ao uso do fogo como alternativa de descarte da palhada; perspectivas de uso da palhada de capim-braquiária como cama para aviários; perspectivas de uso da palhada para produção de compostos orgânicos; perspectivas de uso da palhada residual da produção de sementes de capim para produção de energia; coleta, transporte e uso de palhiço de cana-de-açúcar; operação inovadora de biorrefino para produção de óleos combustíveis e de químico-plataforma a partir de carboidratos de biomassa e de resíduos diversos; perspectivas do uso da palhada no “sistema plantio direto”; utilização da palhada residual da produção de capim sob enfoque multidisciplinar: avaliação e conclusões dos debates. Número de páginas: 241 Preço: R$ 20,00 Pedidos: Embrapa Agropecuária Sudeste Email: [email protected] 31 Ponto de Vista POTAFOS GANHA NOVA IDENTIDADE: IPNI – INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE Tsuioshi Yamada C omo divulgado via Internet, a partir de 1o de Janeiro de 2007 a POTAFOS e todas as entidades ligadas ao PPI – Potash and Phosphate Institute – deixarão de existir, dando origem ao IPNI – International Plant Nutrition Institute, uma instituição maior, global, com a missão de desenvolver e promover informação científica a respeito do manejo responsável dos nutrientes de plantas para o benefício da família humana. São membros do IPNI, além da Bunge Fertilizantes S.A., as seguintes empresas: Agrium Inc., Arab Potash Company, Belarusian Potash Company, CF Industries Holding, Inc., Intrepid Mining LLC, K+S KALI GmbH, Mosaic, OCP Group, PotashCorp, Saskferco, Simplot, Sinochem Hong Kong Ltd., Spur Ventures Inc., SQM, Terra Industries Inc., e Uralkali. A notícia correu, e logo os colegas perguntavam-me das conseqüências desta mudança. Expliquei que serão positivas. Primeiro, porque trabalharemos com todos os nutrientes de plantas e não mais apenas com o P e o K, que, do ponto de vista agronômico, faz mais sentido. Segundo, porque, com mais nutrientes, teremos mais empresas filiadas e, conseqüentemente, maior orçamento. Terceiro, porque, além do uso eficiente dos nutrientes, outra parte importante de nossa missão será com a questão ambiental. E para responder aos problemas ambientais, será preciso adotar uma visão holística do sistema de produção agrícola, integrando a fertilidade do solo e a nutrição de plantas com o controle de invasoras, pragas e doenças. Infelizmente, esta visão holística faz falta em muitos profissionais, como percebi recentemente, na indiferença, quando não na crítica destrutiva de alguns colegas, quando os alertei sobre os efeitos colaterais negativos do glifosato. Que, a propósito, hoje já são bem conhecidos e, melhor ainda, foram assimilados e estão sendo parcialmente neutralizados com práticas preventivas, como a espera de 2-3 semanas entre a dessecação e o plantio, nas culturas anuais, e com o uso do gesso, nas perenes. O primeiro evento já com a chancela do IPNI-Brasil, o Simpósio sobre “Informações recentes para otimização da produção agrícola”, será realizado nos dias 15 e 16 de Março de 2007, em Piracicaba, SP, cujo programa encontra-se neste jornal. Durante estes dois dias, seis palestrantes, vindos do Canadá, Estados Unidos, Alemanha e Noruega, e cinco do País, estarão discutindo temas variados como o uso de inibidor de urease para melhorar a eficiência da uréia, o revestimento do P com polímeros para o aumento da eficiência da adubação fosfatada, os resultados recentes obtidos nos Estados Unidos e no Canadá com adubação balanceada para aumento da produtividade e da qualidade de grãos, além do uso de gesso, de silício, da calagem, e do cálcio e do magnésio como nutrientes de plantas. Teremos, ainda, o privilégio da presença do Dr. James Rahe, da Simon Fraser University, Canadá, que foi um dos primeiros cientistas a perceber a relação entre o glifosato e as doenças de plantas, já nos idos da década de 80. A diversidade de temas para o evento foi planejada para que ele possa bem caracterizar nossa nova identidade. Para o sucesso do mesmo, conto com a sua presença. Não esqueça de fazer a inscrição e de reservar a data na sua agenda. Aproveitando do ensejo, desejo a todos que 2007 seja mais outro ano de muitas realizações. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center - sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 Endereço Postal: Caixa Postal 400 - CEP 13400-970 - Piracicaba (SP) - Brasil T. YAMADA - Diretor, Eng o Agro, Doutor em Agronomia E-mail: [email protected] Website: www.ipni.net Impresso Especial 1.74.18.0217-0 - DR/SPI POTAFOS CORREIOS DEVOLUÇÃO GARANTIDA CORREIOS 2216/84 - DR/SPI Afiliados do PPI/PPIC • Agrium Inc. • Mosaic • Intrepid Mining, LLC/Moab Potash 32 • PotashCorp • Simplot Afiliados do IPI • • • • • Arab Potash Company Belaruskali Dead Sea Works ICL Group International Potash Company • K+S Kali GmbH • Tessenderlo Chemie NV/SA • Silvinit • Uralkali INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 116 – DEZEMBRO/2006