TERZIUS INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO EM SAÚDE TARCEU PINTO DE SOUSA RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: A TOXOPLASMOSE EM QUESTÃO CAMPINAS 2012 TARCEU PINTO DE SOUSA RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: A TOXOPLASMOSE EM QUESTÃO TCC apresentado à conclusão do Curso de Pós Graduação em Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal Orientação: Prof. Dr.Jose Roberto Fioretto CAMPINAS 2012 FOLHA DE APROVAÇÃO Aluno: TARCEU PINTO DE SOUSA RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: A TOXOPLASMOSE EM QUESTÃO DEDICATÓRIA A minha mãe Maria das Dores Pinto, in memorium AGRADECIMENTOS A todos, em especial ao Dr. Fioretto, pela paciência 6 RESUMO Este trabalho tem como objetivo abordar a retinopatia prematura tendo a toxoplasmose como fator desencadeante da doença. Para alcançar este objetivo descreveu-se as características da retinopatia, a doença toxoplasmose e suas principais complicações e apresentou-se a retinopatia prematura e sua associação com a toxoplasmose. Sabe-se que a retinopatia da prematuridade é caracterizada por uma alteração no crescimento da retina e que está intimamente ligada a idade gestacional e ao peso do recém-nascido. Já a toxoplasmose é aquela doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii que em aproximadamente 90% dos casos não apresenta sintomas, mas que durante a gravidez pode gerar complicações irreparáveis ao feto. Conclui-se que a investigação de fatores de risco e detecção precoce de alterações visuais nos neonatos facilitam o tratamento e inserção futura dessa criança na sociedade e nas escolas, além de facilitar o entendimento por parte dos pais e da própria criança, evitando assim complicações graves como a cegueira e dificuldades de interação e relacionamento. Palavras Chaves: toxoplasmose congênita, retinopatia da prematuridade, cegueira 7 ABSTRACT This work has as objective to approach the retinopathies premature having toxoplasmosis as to unchain actor of the illness. To reach this objective one described the characteristics of the retinopathies, the illness toxoplasmosis and its main complications and presented it premature retinopathies and its association with toxoplasmosis. One knows that the retinopathies of the prematurity is characterized by an alteration in the growth of the retina and that she is closely on the gestational age and to the weight of the just-been born one. Already toxoplasmosis is that illness caused for the protozoary Toxoplasma gondii that in approximately 90% of the cases it does not present symptoms, but that during the pregnancy it can generate irreparable complications to the embryo. One concludes that the inquiry of risk factors and precocious detention of visual alterations in the neonates facilitate to the treatment and future insertion of this child in the society and the schools, beyond facilitating the agreement on the part of the parents and the proper child, thus preventing serious complications as the blindness and difficulties of interaction and relationship. Key Words: toxoplasmosis congenital, retinopathies of the prematurity, blindness. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 09 2. OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 11 2.1 GERAL ............................................................................................................ 11 2.2 ESPECIFICOS ................................................................................................... 11 3. METODOLOGIA .............................................................................................................................. 12 CAPITULO I - ....................................................................................................................................... 12 CAPITULO II - ....................................................................................................................................... 25 CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 42 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 43 9 INTRODUÇÃO A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que 80% dos casos de cegueira no mundo poderiam ser evitados com prevenções e tratamentos adequados. No ano de 2010, de acordo com dados do Censo Nacional estima-se a presença de 148 mil pessoas cegas e 2,5 milhões de pessoas com baixa visão. Na população jovem as causas mais comuns e sérias para o desenvolvimento da cegueira são o glaucoma congênito, na retinopatia da prematuridade e a toxoplasmose ocular congênita. A prevenção da cegueira é de responsabilidade todos e não somente do médico, existe por detrás da promoção a saúde uma equipe multidisciplinar que precisa estar voltada para a orientação, informação e prevenção de doenças crônicas. Cabe ressaltar nesse ponto a importância da vacinação das mulheres adultas contra a toxoplasmose, medida preventiva importante para evitar a transmissão de doenças congênitas aos filhos, afastando a possibilidade de uma cegueira prematura. Manter a integridade visual das crianças é extremamente importante para o bom desenvolvimento, é a através da visão que obtemos informações e aprendemos sobre tudo o que nos cerca. Para evitar problemas que possam causar danos na visão de nossas crianças é preciso realizar cuidados que começam dentro dos lares, com os pais, no momento da concepção. Orientar os pais quanto a consanguinidade, os exames pré-natais e vacinação são medidas relevantes que podem evitar doenças visuais, como a toxoplasmose congênita e a retinopatia. Outra medida interessante destacar são os exames oftalmológicos que devem ser realizados nos recém-nascidos, mesmo que não se observe alterações oculares. A vacinação do bebes também é uma medida preventiva eficaz. Diante do pequeno contexto cabe indagar: são as medidas preventivas atuais eficientes para evitar o surgimento de doenças oculares na prematuridade? O grande problema está na informação fornecida aos pais? Os tratamentos existentes 10 para o controle da retinopatia da prematuridade e da toxoplasmose congênita estão sendo realizadas de maneira adequada? Sabe-se que a retinopatia da prematuridade é caracterizada por uma alteração no crescimento da retina e que está intimamente ligada a idade gestacional e ao peso do recém-nascido. Já a toxoplasmose é aquela doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii que em aproximadamente 90% dos casos não apresenta sintomas, mas que durante a gravidez pode gerar complicações irreparáveis ao feto. Assim, esta pesquisa é importante para que se possa analisar a retinopatia prematura tendo a toxoplasmose como fator desencadeante da doença. Justifica-se a produção dessa pesquisa pela sua importância em contribuir de modo essencial, academicamente e profissionalmente, a todos que possa interessar, pois visa destacar a importância da prevenção e tratamento adequados de problemas que possam causar deficiência visual, principalmente as crianças. 11 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Apresenta-se como objetivo geral abordar a retinopatia prematura tendo a toxoplasmose como fator desencadeante da doença. 2.2 ESPECÍFICO Descrever as características da retinopatia. Descrever bibliograficamente a doença toxoplasmose e suas principais complicações. Apresentar a retinopatia prematura e sua associação com a toxoplasmose. 12 3. METODOLOGIA A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho está orientada pela pesquisa bibliográfica, exploratória e descritiva baseada nas premissas teóricas de autores acerca do tema ao se tratar de um estudo qualitativo e interpretativo. Os procedimentos técnicos utilizados são: análise de textos, e documentos (GIL, 1999). 3.1 TÉCNICAS Em um primeiro momento deverá ser feito uma seleção do tema e das abordagens tratadas por estudiosos, selecionando os textos e documentos necessários para a construção da pesquisa, através de leituras de textos em bibliotecas, editoras, internet com os descritores: toxoplasmose congênita, retinopatia da prematuridade, cegueira. Posteriormente será utilizada a técnica de fichamento do material coletado, de modo a escolher as melhores passagens e marcos teóricos. 13 CAPITULO I – A VULNERABILIDADE VISUAL: DO NEONATO A IDADE ESCOLAR O recém-nascido e até mesmo as crianças apresentam uma vulnerabilidade maior quando comparadas aos adultos para apresentar distúrbios visuais, fato que se deve ao rápido desenvolvimento e crescimento do sistema visual nos primeiros anos de vida. Segundo Foster & Gilbert (1992) quanto mais tarde for a detecção dos distúrbios visuais mais graves serão as sequelas na fase adulta. A busca por dados de incidência e prevalência da cegueira em crianças é difícil tendo em vista a raridade deste acometimento, entretanto, Foster (1996) revela uma prevalência pequena que gira em torno de 0,2 a 0,3 por 1000 crianças em países desenvolvidos e de 1,0 a 1,5 por 1000 crianças em países em desenvolvimento, caso do Brasil. Em idade escolar, Foster (1996) admite cerca 20% das crianças com transtorno da visão e em torno de 500.000 no mundo poderão evoluir para a cegueira. Mesmo com números baixos não é assunto que descarte investigação e cuidados, para Albuquerque & Alves (2003) é extremamente importante criar programas para a promoção e prevenção da saúde ocular. Lembremos que a perda da capacidade visual compromete a qualidade de vida e durante a infância compromete o desenvolvimento como um todo e interfere na sua socialização. Durante o pré-natal os cuidados e intervenções da equipe multidisciplinar devem estar presentes, assim como no período pós e neonatal, investigando situações que possam denotar infecções congênitas e possam comprometer o desenvolvimento funcional da visão (NETTINA, 1998). Segundo Endriss et al (2002) em países desenvolvidos as alterações oculares são percebidas logo no nascimento, dai importância do exame ocular der rotina em recém-nascidos, aliados a orientação e aconselhamento. Ressalta-se que no Brasil, o exame ocular após o nascimento já é considerada uma pratica obrigatória. 14 Para Lucio et al (2007) o recém-nascido faz parte do grupo de risco para alterações visuais devido sua imaturidade fisiológica e pelas possibilidades aumentadas de complicações, dificuldade de suporte terapêutico, risco para infecções e outros. Para evitar o surgimento de agravantes a saúde ocular e/u suas complicações a anamnese deve ser criteriosa, os exames oftalmológico devem fazer parte da rotina, e o teste do reflexo vermelho uma obrigatoriedade para a detecção precoce de tumores, catarata congênita, retinopatia da prematuridade e toxoplasmose congênita. Figura 1 – Reflexo Vermelho REGULAR IRREGULAR Fonte: Disponível em: http://olho.org/?p=212>. Acesso em: 14 fev. 2012. A presença de retinopatia da prematuridade como uma das principais causas de cegueira infantil se deve a falta experiência no exame oftalmológico do recémnascido, além de algumas limitações do exame, afirma Endriss et al (2002). Por isso a assistência neonatal eficaz é extremamente importante. 15 1.1 O PACIENTE NEONATAL O paciente neonato é aquele nenê desde o nascimento a 27 dias, independente do tipo de parto, normal, cesárea ou fórceps (POLLETI et al, 2000). Há muitas situações transitórias que o neonato apresenta que o deixa a mercê de complicações presentes no ambiente em que está inserido. Existe ao nosso redor uma serie de mudanças previsíveis ou não que podem afetar o crescimento, desenvolvimento e a saúde dos bebes. Quando feto, estamos protegidos pela flora microbiana do trato genital da mãe. Ao nascer, após a ruptura das membranas amnióticas cria-se a flora endógena do próprio neonato que se balanceia através de um contato com o ambiente. De acordo com Jarvis (1996) a flora normal de microorganismos que não sejam caracterizados como virulentos protege o neonato dos microorganismos patogênicos, o fenômeno que acontece nesse processo para a proteção do bebe é que a flora normal vai se proliferando em vários locais combatendo os microorganismos patogênicos, fato que diminui a incidência de doenças. A infecção acontecerá se houver invasão do microorganismo que se dissemina causando lesão, consequentemente ocorre a colonização direta dos sítios ou invasão sanguínea, promovendo uma conexão entre o agente e o hospedeiro. Jarvis (1996) ressalta que nos recém-nascidos os agentes patógenos costumam invadir a conjuntiva, a pele, o trato gastrointestinal e o trato respiratório. No que diz respeito aos locais preferidos pelos agentes patógenos no neonato, Quie (1990) explica que a pele do recém-nascido é imatura e sua permeabilidade é elevada. Outro local importante de infecção ao neonato é o cordão umbilical que por estar próximo do sistema circulatório com alta permeabilidade facilita na colonização dos agentes patógenos. O trato respiratório e gastrointestinal se tornam susceptíveis devido a ausência de produção de imunoglobulina A secretora. 16 1.2 INFECÇÕES A infecção segundo Vejga & Padoveze (2003) é uma doença envolvida por microorganismos (bactérias, fungos, vírus e protozoários). Seu processo se inicia com uma penetração do agente infeccioso no corpo humano (hospedeiro) e consequentemente há uma proliferação desses microorganismos, apresentando em pouco tempo sinais e sintomas característicos como: febre, dor no local, alteração de exames laboratoriais, debilidades, etc. As autoras ensinam que as infecções podem atacar diversas partes do corpo do indivíduo e ainda difundir-se pela corrente sanguínea. Ressalta-se que alguns microorganismos tem certa preferencia por determinadas regiões do corpo. 1.2.1 Infecções em Neonatos Segundo Mussi-Pinhata & Nascimento (2001) as infecções neonatais são divididas em: Precoce, de origem materna (< 3 a 7 dias de vida). Origem materna e tardia (> 3 a 7 dias de vida). Para o Center for Disease Control and Prevention (CDC) norte-americano a infecção hospitalar de origem materna ocorre em até 48 horas de vida e a infecção hospitalar de origem ambiental ocorre após 48 horas de vida. Já no Brasil, o Ministério da Saúde através da Portaria nº 2616/98 classifica a infecção neonatal de origem hospitalar, todas aquelas que não sejam adquiridas por via transplacentária ou à rotura de membranas amnióticas por período superior a 24 horas antes do parto. (“as infecções no recém-nascido são hospitalares, com 17 exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas a bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro horas”). Os fatores que levam os neonatos a serem acometidos de infecções são divididos por Gaynes (1996) como intrínsecos e extrínsecos. Os intrínsecos dizem respeito a idade gestacional, peso, gênero, doença e desenvolvimento imunológico. As infecções mais comuns encontradas nos neonatos são: pneumonias, infecção ocular, nasal, auditiva; gastrintestinal e de sítio cirúrgico. 1.3 A DEFICIENCIA VISUAL A deficiência visual, baixa visão ou cegueira, é entendida como a ausência total da visão até a perda da projeção da luz, situação que interfere e limita o desempenho das crianças em seu processo de aprendizagem educacional (BRUNO, 1997). Segundo Carvalho (1992) para as crianças com baixa visão o processo de aprendizagem deverá contar com recursos de apoio como as lupas. A baixa visão é aquela caracteriza por uma alteração da capacidade funcional da visão decorrente da baixa acuidade visual, da redução do campo visual, das dificuldades de adaptação à luz ou escuro, da percepção de cores e outros (RAMOGNOLLI, 2008). Essa perda de função visual pode ser manifestada a nível severo, moderado ou leve. De acordo com Bruno (1997) o Conselho Internacional para Educação de Pessoas com Deficiência Visual (C.I.E.V.I) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendaram uma avaliação clínico-funcional de todas as crianças cabendo aos oftalmologistas especializados em baixa visão realizar o diagnóstico e prognóstico; avaliar a acuidade visual para perto e longe; avaliar o campo visual; avaliar a sensibilidade dos contrastes e visão de cores; e, prescrever e orientar recursos ópticos especiais. O especialista em baixa visão não pode esquecer que para o diagnostico da mesma é preciso que a criança apresente um ou mais dos fatores abaixo mencionados: 18 Comprometimento do funcionamento visual em ambos os olhos, mesmo após tratamento e ou correção de erros refracionais comuns. Acuidade visual inferior a 0,3, até percepção de luz; Campo visual inferior a 10º do seu ponto de fixação; Capacidade potencial de utilização da visão para o planejamento e execução de tarefas. No que tange a avalição restritamente Funcional, é preciso observar o desempenho visual da criança em todas as atividades diárias, desde orientações e locomoções no espaço a alimentação e brincadeiras. 1.4 DIFICULDADES EMOCIONAIS As crianças com transtornos da visão apresentam complicações para a sua formação educacional e de sua personalidade, afirma Amiralian (2004). As crianças com problemas de baixa visão ora são tratadas como cegas, ora como pessoas normais. Essa falta de definição cria na criança dificuldades de aprendizagem e de socialização. As dificuldades diárias básicas enfrentadas por essas crianças são referentes a identidade e a questão da pertença. Segundo Amiralian (2004, p.22) “a identidade pessoal é a condição básica para o desenvolvimento psíquico do ser humano”. A baixa visão dificulta esse processo de identidade pessoal devido à identificação da criança como um ser diferente. 19 Como as crianças com baixa visão ou são consideradas e tratadas como crianças cegas ou tratadas e consideradas como crianças videntes, ela não têm um espelho que reflita aquilo que elas realmente são (AMIRALIAN, 2004, p.24). A dificuldade de construção da identidade pessoal da criança está então ligada ao fato de que as pessoas não sabem como se relacionar com a pessoa com baixa visão, isolando-as dos grupos culturalmente aceitáveis. 1.5 AS CAUSAS As causas que propicia o aparecimento de complicações na saúde visual são diversas e serão aqui enumeradas, entretanto, nos capítulos seguintes aborda-se com maior profundidade somente a toxoplasmose congênita e a retinopatia da prematuridade, focos do presente estudo. As causas mais comuns para o desenvolvimento de baixa visão, segundo Romagnolli (2008), são: Coriorretinite Macular por Toxoplasmose: Causa mais frequente de baixa visão nas crianças. Retinopatia da Prematuridade, graus III, IV ou V: Acontece por imaturidade da retina, em virtude de parto prematuro ou por excesso de oxigênio na incubadora. Atrofia Óptica: Decorrente de partos com a presença de hipoxia, anoxia ou infecções perinatais. 20 Degenerações Retinianas: Síndrome de Leber, doenças hereditárias. Deficiência Visual Cortical: Causada por encefalopatias, alterações de sistema nervoso central ou convulsões Catarata congênita: Decorrente de infecção intrauterina por rubéola. Glaucoma congênito: Principal representante do grupo de patologias de causa genética, onde encontra-se frequente história de consanguinidade presente. Quadro 1 – Causas Congênitas x Causas Adquiridas CAUSAS CONGÊNITAS CAUSAS ADQUIRIDAS Gestação precoce. Acidentes e patologias Diabetes, descolamento adquiridas: de retina, glaucoma, catarata, degeneração senil e traumas oculares. Desnutrição da gestante. Resultantes de doenças: Sarampo, caxumba, meningite, esclerose múltipla. Uso de drogas em geral e álcool. Uso indiscriminado de medicamentos. Infecções durante a gravidez (rubéola, sífilis, AIDS, toxoplasmose citomegalovírus). Fonte: Romagnolli (2008). e ***** 21 1.6 SINTOMAS COMUNS NA FASE ESCOLAR Para identificar a baixa visão nas crianças em idade escolar é preciso que os pais, professores e oftalmologista atente-se aos sintomas como: tonturas, náuseas e dor de cabeça; sensibilidade excessiva à luz (fotofobia); visão dupla e embaçada; e, dor nos olhos. Dentro das salas de aula as crianças tendem a levantar da cadeira para enxergar o que está escrito na lousa, também apresenta dificuldades em discriminar as cores, aperta e esfrega frequente os olhos, apresenta lacrimejamento e irritação no olho com frequência, estrabismo, testa franzida, tropeços com facilidades, desatenção, dificuldade na leitura e escrita e muitos outros. De acordo com Romagnolli (2008) na maioria dos casos o uso do óculos corrigi os problemas, além de informações adequadas aos pais para favorecer a integração e aprendizagem da criança. 22 CAPITULO II - RETINOPATIA DA PREMATURIDADE 2.1 CONCEITUAÇÃO A primeira descrição de retinopatia da prematuridade foi dada por Terry em 1942 com o globo ocular apresentando características fibrióticas nos estágios avançados da doença, sendo chamada inicialmente de “fibroplastia retrolental”. Somente após 9 anos que o termo passou para retinopatia da prematuridade, por Health (1951), dado o melhor entendimento da doença. Segundo Romagnolli (2008) a retinopatia da prematuridade é decorrente da imaturidade da retina devido a baixa idade gestacional (prematuridade), altas doses de oxigênio na incubadora, gestações múltiplas, hemorragias intrauterinas, etc. O oxigênio em alta concentração causa a vaso constrição, situação que impede a irrigação da retina provocando a formação de pregas retinianas ocasionando geralmente o deslocamento da retina. De uma maneira mais simples e não menos significante, Nunes (2002) define a ROP como uma doença vasoproliferativa, de etiologia multifatorial que acomete a retina do recém-nascido (RN) prematuro. No Brasil, com a introdução de novas tecnologias a sobrevida dos pacientes prematuros tem aumentado, no entanto, as falhas de encaminhamento à pediatria e a falta de preparo de alguns oftalmologistas tem elevado a taxa de cegueira em bebes ainda, não sendo a toa que o Brasil está em segundo lugar em números de bebes cegos devido a retinopatia da prematuridade (KREIMER et al, 2000). 2.2 CLASSIFICAÇÃO A ROP possui uma classificação internacionale foi divida em 5 estágios de acordo com a gravidade e três zonas de acordo com a localização e sua extensão. 23 Figura 2 – Zonas da ROP Fonte: Nunes (2002). A zona I se localiza na parte interna ou no polo posterior que abrange a pupila e 30o ao seu redor ou uma área igual a duas vezes a distancia da pupila a mácula. A zona II é localizada entre os limites da zona I de forma concêntrica. Medialmente atinge a serrata nasal na posição 3 horas no olho direito e 9 horas do olho esquerdo e, lateralmente, estende-se na retina temporal próximo ao equador do olho. A Zona III é a parte externa em forma crescente que se estende dos limites da zona II até a serrata da retina temporal. 24 Quadro 2 – Estágios da ROP ESTÁGIO I – Linha demarcatória entre a retina vascular e avascular ESTÁGIO II – Linha demarcatória que se aumenta e torna-se uma prega ESTÁGIO III – Neovascularização e/ou formação de vasos extra-retinianos ESTÁGIO IV - Descolamento subtotal da retina. Este Estádio ainda divide-se em: -Estádio 4a: a mácula está colada -Estádio 4b: a mácula está descolada ESTÁGIO V – descolada Fonte: Nunes (2002). Retina totalmente 25 2.3 INCIDÊNCIAS E PREVALÊNCIAS Estudos mostram que 1/3 das crianças com baixo peso (< 1500 gr) ao nascer podem apresentar retinopatia da prematuridade. Daquelas com peso inferior a 1251 gr 65,8% podem desenvolver e aquelas com <1000 gr 81,6% podem ser surpreendidas com a doença. Segundo Nunes (2002) a incidência nos gêneros é semelhante, quanto a raça presencia-se uma incidência menor na raça negra. O estudo realizado por Graziano (2004) confirmou que o oxigênio e a imaturidade retiniana estão entre os dois fatores de maior risco para o desenvolvimento de ROP. Outra conclusão interessante do estudo é que os bebes com peso <1000gr apresentam uma prevalência 15 vezes maior em desenvolver ROP, quanto a idade gestacional o estudo comprova que bebes nascidos <30 semanas apresentam risco de 6 vezes maior. Segundo Gilbert et al (1997) a ROP tem sua prevalência em países em desenvolvimento, a proporção de crianças cegas nesses países é bem superior quando comparado com os países mais desenvolvidos. No mundo inteiro estima-se que haja cerca de 1.5 milhão de crianças cegas (GILBERT & FOSTER, 2001). As causas podem variar, segundo Gilberto et al (1997), de acordo com a região, mas a prevalência em países em desenvolvimento é bem maior, um exemplo é que somente na América Latina a porcentagem pode chegar 38.6%. 2.3 DIAGNÓSTICO Ao exame clinico encontra-se uma área de isquemia, a retina periférica apresenta uma aparência mais pálida e as vezes branca. É importante para o diagnostico acompanhar o bebe e observar a evolução do quadro por aproximadamente 4 semanas após o nascimento. 26 É recomendado que o primeiro exame oftalmológico será realizado entre 4 e 6 semanas de vida. O CRYO-ROP Study Group preconiza que o primeiro exame seja realizado em todos os bebes com o peso <1250gr. Já a American Academy of Pediatrics, a American Association for Pediatric Ophtalmology e a American Academy of Ophtalmology o exame deve ser realizado em todos os bebes com peso <1500gr e com idade gestacional inferior a 28 semanas (NUNES, 2002). O exame oftalmológico é realizado primeiramente com a dilatação de ambas as pupilas misturando o colírio fenilefrina a 2,5% com ciclopentolato a 0,5% ou com tropicamida a 0,5% instilada 2 a 3 vezes na saco conjuntival a cada 5 minutos. É importante ressaltar que o uso de tropicamida deve ser evitado em pacientes prematuros devido o raro, mas severo efeito de entrerocolite necrosante. Após a instilação do colírio oclui-se os canais lacrimais por aproximadamente 30 segundos para diminuir a absorção sistêmica. Após 30 minutos consegue-se a midríase. Se por ventura, após 3 aplicações a pupila continuar mitótica deve-se examinar a camada anterior, pois a doença pode estar avançada. Após instila-se o colírio anestésico e coloca-se o afastador de pálpebras. A lente de observação deve estar de 20+ a 28+ dioptrias e se inicia pela observação indireta do polo posterior, com atenção na presença de tortuosidade vascular. Figura 3 – Tortuosidade Vascular Fonte: Nunes (2002). 27 Após faz-se necessário avaliar a extensão da doença e estadiar a doença. Se a retina estiver imatura com área isquêmica o exame deve ser repetido 1 semana depois, se a evolução for favorável o exame será repetido após 2 semanas e assim sucessivamente até a regressão espontânea e completa. Se a evolução for desfavorável e ocorra proliferação fibrovascular o caso deverá ser encaminhado ao cirurgião de retina e vítreo ou a um oftalmologista pediátrico para que se realize a crioterapia ou laser dentro de no máximo 71 horas após o diagnóstico. 2.5 TRATAMENTO O tratamento pela vitamina E foi descrito na literatura por Owens & Owens na década de 40. De acordo com Muller (1992) o uso da vitamina E é controverso, pois até o presente momento não foi comprovado a atividade desta sobre a ROP e outros estudos evidenciam o aumento de incidência de colite necrosante e sepse quando administrada em altas doses. O tratamento com criocoagulação tem apresentado bons resultados anatômicos e funcionais. Esse método consiste na crioablação da retina avascular situada na parte anterior do anel fibrovascular por via transescleral (SHAFFER et al, 1996). O uso do laser também é outro metod de tratamento que em apresentando bons resultados e tem a mesma função de ablação da retina acascular. Esse metodo tem como vantagem a produção de cicatrizes mais tenues e menos efeitos colaterais, além de poder ser realizado anestesia topica (NAGATA,1968 apud NUNES, 2002). Aos lactentes com descolamento tradicional realiza-se a retinopexia com explante ou vitrectomia (CHARLES, 1988 apud NUNES, 2002). A introflexçao escleral somente será utilizada quando há descolamento de retina (KLAUSS & FANAROFF, 1995). 28 CAPITULO III – TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 2.1 CONCEITUAÇÃO Segundo Nunes (2002) a toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii, que pode ser encontrado no sangue, saliva, fezes, urina, ovos e leites infectados ou nos hospedeiros intermediários como o cachorro e o gato. O toxoplasma, parasita unicelular, infecta os gatos e os ovos do parasita passam para os dejetos animais, esses ovos possuem capacidade de infectar por um longo período e as mulheres ao manusear os recipientes de seus animais podem se contaminar com as fezes do gato ou até mesmo comer alimentos mal cozidos (MERK, 2012). De acordo com Merck (2012) a toxoplasmose congênita é uma infecção que passa da mãe para o feto. A transmissão da doença para o bebe ocorre através da placenta e as consequências podem ser um aborto ou um bebe prematuro com a chamada toxoplasmose congênita. Como doença ocular, a Toxoplasmose provoca uma acentuada diminuição da acuidade visual, além de alteração do quadro neurológico com lesões cicatrizadas, placas macular e convulsões e também alta incidência de miopia. 2.2 INCIDÊNCIAS E PREVALÊNCIAS Segundo Merck (2012) o Toxoplasma gondii existe no mundo inteiro e infecta aproximadamente entre 1 e 8 recém-nascidos de cada 1000. Aproximadamente metade das mulheres que são infectadas durante a gravidez tem um filho com toxoplasmose congénita. 29 Estima-se que a infecção pelo T. gondii ocorra em pelo menos um terço da população mundial, com taxas altas de prevalência em regiões litorâneas e úmidas, ou ainda em lugares que há abundância do hospedeiro definitivo, em com hábitos de ingerir carnes cruas ou ainda naquelas com condições sanitárias desfavoráveis (SANTOS, 2011). Figura 4 – Ciclo de Contaminação Fonte: Santos (2011). De acordo com Merck (2012) a toxoplasmose congênita é uma infecção que passa da mãe para o feto. A transmissão da doença para o bebe ocorre através da placenta e as consequências podem ser um aborto ou um bebe prematuro com a chamada toxoplasmose congênita. 30 Como doença ocular, a Toxoplasmose provoca uma acentuada diminuição da acuidade visual, além de alteração do quadro neurológico com lesões cicatrizadas, placas macular e convulsões e também alta incidência de miopia. Conta Oréfice & Santos (2010) que logo após a infecção o T. gondii apresenta uma capacidade de interação com o sistema imunológico do hospedeiro conseguindo estabelecer uma infecção crônica latente. A disposição genética do individuo facilita essa interação e quando esta ocorre precocente, como o caso da infecção congênita, os mecanismos de imunotolerancia podem tornar o hospedeiro mais susceptível a latência. Segundo os autores alguns tipos de cepas do parasita podem interferir no sistema imunológica de forma distinta, com variações em sua patogenicidade, na tendência ao ensistamento dos tecidos e na indução da resposta inflamatória. Sendo assim, pode-se dizer que o T. gondii se distribui em 3 linhagens genéticas, a saber: Tipo I – Essas cepas são extremamente virulentas, apresentam alta capacidade de proliferação e migração pelas membranas epiteliais. Estão associadas a uma maior resposta pró-inflamatória e a uma inibição dos mecanismos parasiticidas do hospedeiro. Tipo II e III – Essas cepas são menos virulentas e induzem mecanismos de resistência no hospedeiro. Apresentam maior tendência a diferenciação em bradizoitos, ensistamento dos tecidos e infecção crônica. Os três tipos acima mencionados são descritos na Europa e América do Norte, entretanto têm-se observado na América do Sul, principalmente no Brasil, genótipos recombinantes, ou seja, mistos e atípicos do T. gondii. No Brasil esses genótipos apresentam semelhança ao Tipo I. Em relação a via vertical, placentária, Oréfice & Santos (2010) explicam que foi a primeira reconhecida como transmissora da toxoplasmose em seres humanos. 31 As mulheres soronegativas eram infectadas durante a gestação e os parasitas no sangue materno atingiam a circulação fetal atravessando a placenta. Vamos destacar que apesar do risco ser menor quando a gestante se infecta nos primeiros 3 meses da gravidez a repercussão da infecção fetal é potencialmente grave, estendendo-se desde má-formação ao aborto, quadros sistêmicos e neurológicos graves, retardo mental e cegueira. Se a contaminação for no final da gestação a toxoplasmose impõe maior risco de infecção do feto, mas as consequências serão menos graves e muitas vezes inaparente. Independente o diagnostico e a soro conversão materna é extremamente importante que seja realizada precocemente, já que o tratamento diminui consideravelmente o risco de transmissão e reduz o numero e gravidade das sequelas precoces e tardias (ORÉFICE & SANTOS, 2010). 2.2 INCIDÊNCIAS E PREVALÊNCIAS Segundo Merck (2012) o Toxoplasma gondii existe no mundo inteiro e infecta aproximadamente entre 1 e 8 recém-nascidos de cada 1000. Aproximadamente metade das mulheres que são infectadas durante a gravidez tem um filho com toxoplasmose congénita. Para Oréfice & Santos (2010) a incidência varia de 1 a 10 casos para cada 10 mil nascidos vivos. No Brasil as incidências variam de 3 a 20 casos por 10 mil nascidos vivos. As taxas mais altas de incidência da toxoplasmose tem sido percebida em regiões menos favorecidas sócio e economicamente com números revelados de até 1/500, enquanto que nas regiões mais favorecidas o numero vai até 1/3000. Grande parte dessas crianças não haviam suspeitas previas e soro conversão materna. Estima-se que a infecção pelo T. gondii ocorra em pelo menos um terço da população mundial, com taxas altas de prevalência em regiões litorâneas e úmidas, ou ainda em lugares que há abundância do hospedeiro definitivo, em com hábitos de 32 ingerir carnes cruas ou ainda naquelas com condições sanitárias desfavoráveis (SANTOS, 2011). No Brasil Oréfice & Santos (2010) dizem que somente no Brasil a soro positividade ao protozoário varia de 50 a 83% da população, devido a várias condições já especificadas anteriormente e a água, importante fonte de transmissão. Vale destacar que a soro conversão em países com baixo poder econômico é mais precoce. 2.3 SINAIS E SINTOMAS Via de regra as mulheres grávidas e os recém-nascidos infectados por toxoplasmose são assintomáticos, no entanto, dentro do útero o feto pode crescer lentamente e nascer prematuramente. As manifestações clinicas, imediatas ou tardias, são descritas por Oréfice & Santos (2010) são: anemia, trombocitopenia, icterícia, rash cutâneo, pneumonia, envolvimento sistêmico grave, hepatoesplenomegalia, encefalite, miocardite e morte neonatal. Há também relatos da tetrate de Sabin caracterizada por calcificações intracranianas, hidrocefalia e microcefalia, retardo psicomotor e retinocoroidite, observada em apenas 10% a 15% dos recém-nascidos. 33 Figura 5 – Calcificação Intracraniana Fonte: Oréfice & Santos (2010) De acordo com Merck (2012) o recém-nascido pode nascer com a cabeça pequena, ictérico, com hepatoesplenomegalia, com inflamação do coração, dos pulmões e dos olhos, com erupções, com pressão líquido cefalorraquidiano aumentada e convulsões. Os RN ao nascer que apresentam um ou mais desses sintomas adoecem rápida e gravemente e morrem pouco depois. Há ainda aqueles bebes que sobrevivem, mas que apresentam lesões permanentes, como: coriorretinite, atraso mental, surdez e convulsões. Essas doenças podem aparecer anos mais tarde nas crianças não sendo necessariamente percebidas nas fases iniciais do desenvolvimento da criança. O bebes que nascem com toxoplasmose congénita podem apresentar sintomas graves e rapidamente mortais, ou também não apresentar nenhum sintoma. Existem segundo Merck (2012) vários sintomas, tais como: Inflamação dos olhos, que tende para a cegueira, icterícia grave, hematomas, convulsões, cabeça grande ou pequena e atraso mental importante. Merck (2012) ensina que os sintomas e problemas advindos da toxoplasmose congênita podem variar de acordo com a forma da infecção (quadro 3). 34 Quadro 3 – Sintomas da Toxoplasmose Congênita Pode surgir mononucleose infecciosa e Toxoplasmose linfática ligeira os sintomas são: tumefacção dos gânglios linfáticos do pescoço e das axilas não são sensíveis ao tato, sensação de mal-estar, dor muscular e febre baixa e flutuante que pode durar semanas ou meses, mas que desaparece. Pode apresentar também: anemia ligeira, tensão arterial baixa, pouca quantidade de glóbulos brancos, maior número de linfócitos no sangue e resultados ligeiramente anormais nas provas de função hepática. É corrente, o aumento dos gânglios linfáticos do pescoço de forma indolor. Toxoplasmose crónica Causa inflamação dentro do olho. Pode produzir uma erupção cutânea, febre alta, esgotamento. calafrios Em e algumas acentuado pessoas causa inflamação do cérebro e das Toxoplasmose disseminada aguda membranas que (meningoencefalite), o do revestem fígado (hepatite), dos pulmões (pneumonite) ou do coração (miocardite). Pode espalhar por todo o corpo. Na maioria dos casos, a pessoa apresenta 35 inflamação cerebral (encefalite), que pode paralisar metade do corpo, diminuir Toxoplasmose dos doentes de SIDA a sensibilidade em áreas específicas e causar convulsões, tremores, dor de cabeça, confusão ou coma. Fonte: Merck (2012). 2.4 DIAGNÓSTICO Conforme Merck (2012) o diagnóstico de toxoplasmose é comumente realizado por analise clinica que revela a presença de anticorpos contra o parasita no sangue. As analises sanguíneas são realizadas tanto na mãe como no bebe. Todavia, se o paciente estiver com o sistema imune debilitado poderá o médico basear-se em uma tomografia axial computadorizada (TAC) e numa ressonância magnética (RM) do cérebro. Nos bebes as radiografias são realizadas da cabeça e também ocorre analise do líquido cefalorraquidiano e uma completa revisão ocular. De acordo com Oréfice & Santos (2010) a retinocoroidite é a principal manifestação da toxoplasmose congênita, ocorrendo em cerca de 20% a 72% dos bebes infectado podendo ser desenvolvida na adolescência em até 90%. Entretanto, lesões periféricas podem passar despercebidas durante o exame diagnostico. Devido ao exame físico mal realizado, cabe descrever como as lesões de retinocoroidite são apresentadas. Conforme Oréfice & Santos (2010) a lesão clássica é a cicatriz em “roda de carroça” ou rosácea, localizada na macula e com profunda destruição tissular na porção central, também apresenta pigmentação nas margens e distribuição centrípeta de pigmento. Figura 6 – Lesão Clássica de Retinocoroidite 36 Fonte: Oréfice & Santos (2010). Existem outras cicatrizes hiper ou hipopigmentadas que podem ser encontradas na retina central ou periférica. Figura 7 – Cicatriz Hiper ou Hipopigmentada Fonte: Oréfice & Santos (2010). Durante um exame inicial, as lesões atróficas podem evoluir para cicatrizes típicas. 37 Em poucos casos, mas não menos importantes, observa-se a trave vítrea ligando a lesão ao disco ótico ou a outras lesões, chamado de sinal de Franceschetti. Figura 8 – Sinal de Franceschetti Fonte: Oréfice & Santos (2010). As lesões em atividade apresentam edema, hemorragia e embainhamento vascular e pode ser encontrada em exames precoces nos recém-nascidos. Figura 9 – Lesões em Atividade Fonte: Oréfice & Santos (2010). 38 Outros casos podem apresentam envolvimento inflamatório da retina e coroide extenso, cena que simula um quadro de necrose retiniana aguda. Nesses casos o corpo vítreo é relativamente transparente. Figura 10 – Lesões com Envolvimento Inflamatório Fonte: Oréfice & Santos (2010). Raramente presencia-se catarata com traves vítreas mais extensas, descolamento de retina e microftalmia. Muitos dos bebes desenvolvem estrabismo e nistagmatismo. Figura 11 – Catara com Traves Vítreas Extensas 39 Fonte: Oréfice & Santos (2010). Figura 12 – Descolamento de Retina Fonte: Oréfice & Santos (2010). Explica Oréfice & Santos (2010) que a reativação da retinocoroidite pode acontecer em qualquer momento da vida da pessoa, apresentando-se como lesão exsudativas focal e satélite ou ainda com forma atípica (punctata externa). É importante saber que os cistos de T. gondii são encontrados até mesmo em retinas com estrutura normal. 40 Figura 13 – Lesão Exsudativa Focal e Satelite Fonte: Oréfice & Santos (2010). Figura 13 – Punctata Externa Fonte: Oréfice & Santos (2010). As recidivas de retinocoroidite podem levar a catarata, opacidades vítreas persistentes, cicatrizes extensas, glaucoma, edema cistido de macula, membranas epirretinianas, buraco macular, hemorragia vítrea, oclusões vasculares, descolamento da retina, atrofia ótica e neovascularização do disco ótico ou da retina. 41 2.5 TRATAMENTO A orientação inicial dada as gestantes é que estas evitem contato com caixas de gatos e outras zonas que possam estar contaminadas. Os alimentos devem ser cozidos completamente e a lavagem das mãos é essencial na hora de manipular os alimentos. A transmissão para o feto pode ser evitada se a mãe tomar espiramicina. Se a gravidez estiver avançada e o feto a mãe pode tomar pirimetamina e sulfonamidas. Os recém-nascidos que apresentarem a doença serão tratados com pirimetamina, sulfadiacina e ácido folínico. Se houver inflamação também poderão ser tratados com corticosteróides. 42 CONCLUSÃO Evidenciou-se com o estudo que os distúrbios visuais em recém-nascidos e crianças em idade escolar são bem comuns, principalmente em regiões de classe econômica menos favorecida, como descrito no decorrer do trabalho. A doença retinopatia da prematuridade estudada nessa pesquisa nos mostra a prematuridade e baixo peso ao nascer como principal fator de risco para o seu desenvolvimento, enquanto que a toxoplasmose congênita tem como fator de risco principal a ingestão do protozoário T. gondii pela mãe durante a gestação. É extremamente importante, principalmente no Brasil, que seja realizado exames oculares de rotina nos neonatais, a começar pelos primeiros dias de vida. A saúde ocular do recém-nascido merece atenção da equipe multidisciplinar, em principal do pediatra e do oftalmologista infantil. A investigação de fatores de risco e detecção precoce de alterações visuais nos neonatos facilitam o tratamento e inserção futura dessa criança na sociedade e nas escolas, além de facilitar o entendimento por parte dos pais e da própria criança, evitando assim complicações graves como a cegueira e dificuldades de interação e relacionamento. 43 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, C. R.; ALVES, J. G. B. Afecções oculares em crianças de baixa renda atendidas em um oftalmológico na cidade de Recife - PE. Arq Bras Oftalmol. v.66, n.6, p.831-4, 2003. AMIRALIAN, M.L.T.M. Sou Cego ou enxergo? As questões da Baixa Visão. Educ. Rev. Curitiba, PR: Ed. UFPR, n.23, p. 15-27, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.616/MS/GM, de 12 de maio de 1998. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/2616_98.htm>. Acesso em: 14 fev. 2012. BRUNO, Marilda Moraes Garcia. Deficiência Visual. Reflexão sobre a Prática Pedagógica. São Paulo: Laramara,1997 ENDRISS, D.; VENTURA, L. M. V. O.; DINIZ, J. 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