PARECER CRM/MS N° 8/2015 PROCESSO CONSULTA 02/2015 Interessado: Hospital Militar de Área de Campo Grande Assunto: Método ABA (Applied Behavior Anaysis). Tratamento de Autismo. Método de tratamento paramédico ou método didático. Parecerista: Conselheiro Kleber Francisco Meneghel Vargas Ementa: “Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou instituição, pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios cientificamente reconhecidos a serem praticados para o estabelecimento do diagnóstico e da execução do tratamento, salvo quando em benefício do paciente.” (CEM, capítulo I, Princípios fundamentais, XVI). Palavras-chave: Autismo. Tratamento. Método ABA (Applied Behavior Analysis = Análise Comportamental Aplicada) 1.Da consulta Na data de 10 de fevereiro de 2015 o Tenente Coronel e Diretor do HMILACG Dr. C. A. G. M. B. encaminha pedido de parecer a este CRM/MS onde solicita esclarecimento sobre o método ABA (Applied Behavior Anaysis = Análise Comportamental Aplicada) para o tratamento de Autismo Infantil (CID-10: F84.0) e se esse método deve ser identificado como método de tratamento paramédico da doença ou método didático para portador de necessidade especial. 2. Do parecer O Autismo está classificado na CID-10 nos transtornos invasivos do desenvolvimento, e caracteriza-se por desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se manifesta antes dos 3 anos de idade e pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas de interação social, comunicação e comportamento restritivo e repetitivo. Clinicamente o portador de Autismo demonstra falta de respostas para as emoções de outras pessoas e/ou falta de modulação do comportamento, de acordo com o contexto social e uso insatisfatório de sinais sociais. Falta de habilidade de linguagem (verbal e não-verbal), comprometimento em brincadeiras e jogos sociais, pouca sincronia e falta de reciprocidade no intercâmbio de conversação, pouca flexibilidade na expressão da linguagem e relativa ausência de criatividade e fantasia nos processos de pensamento. Também é característico padrões de comportamento, interesse e atividades restritos, repetitivos e estereotipados, como por exemplo, repetição de frases, brincar de forma estereotipada, girar objetos e apego a objetos incomuns. Tem tendência a impor rigidez a rotina a uma ampla série de aspectos do funcionamento diário. É comum haver resistência a mudanças na rotina ou em detalhes do meio ambiente pessoal. Em adição, é frequente a criança apresentar uma série de outros problemas, tais como medo/fobias, perturbações de sono e alimentação, ataques de birra, 1 agressão e autolesão. Pode haver hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais, como ao calor e ao frio, ou dor. É frequente (3/4 dos indivíduos) a associação com retardo mental. O ABA é uma abordagem da psicologia comportamental que foi adaptada e aplicada ao ensino de crianças com autismo. Baseia-se nos princípios de reforço positivo, solicitações graduais, repetição e as divisões das tarefas em pequenas partes, ensinadas inicialmente em separado. O programa é feito muitas vezes em casa. Estudos mostram que crianças que recebem intervenção comportamental em geral, obtiveram ganhos significativos. Em um programa ABA de qualidade, procedimentos de modificação de comportamento são claramente especificados. As instruções e dicas, reforçadores ("recompensas") e materiais que são usados para desenvolver cada habilidade são determinados individualmente para cada aluno. As técnicas da ABA visam aumentar os comportamentos adequados e reduzir aqueles que possam causar danos ou interferir no aprendizado. O método ABA é amplamente reconhecido como efetivo e seguro no tratamento para autismo, além de várias pesquisas (MacDonald et al., 2014; Schlichenmeyer et al., 2015; Tordjman et al., 2015;) confirmarem sua efetividade, sendo endossada pelo Departamento de Saúde do Estado de Nova Iorque e o U.S. Surgeon General. Estudos demonstram que crianças com autismo que passaram pelo método ABA melhoraram o aprendizado, comunicação e capacidade de adaptação. 3.Conclusão Pelo exposto acima concluímos que o ABA é uma das formas não farmacológicas de tratamento para o Autismo. Não parece ser um método apenas didático (pedagógico), mas sim uma forma terapêutica que necessita especialização no método. Este é meu parecer, smj. Campo Grande, 21 de abril de 2015. Dr. Kleber Francisco Meneghel Vargas Conselheiro Parecerista Aprovado na Sessão Plenária Do dia 15.05.2015 Dr. Alberto Cubel Brull Júnior 2