Rosa Maria Marques 06 de novembro 2015 – João Pessoa Encontro de Economia da Saúde: Estratégias de Fortalecimento da Economia da Saúde. 1 – Definição e escopo 2 – Aspectos para serem levados em conta 3 – O caso do Brasil - Gasto total: público e privado - Características do gasto privado - Gasto - algumas comparações - O Gasto público financiando o privado - O Gasto público por esfera de governo - Gasto público e dívida pública - Ajuste fiscal e SUS O que é Economia da Saúde? Há várias definições, vamos destacar três. “Especialidade ... dedicada a investigação, estudo, métodos de medição, racionalização e sistema de análises das atividades relacionadas com financiamento, produção, distribuição e consumo dos bens e serviços que satisfazem necessidades sanitárias e de saúde, sob os princípios normativos da eficiência e da eqüidade” (RUBIO CEBRIÁN, 1995). “O ramo do conhecimento que tem por objetivo a otimização das ações de saúde, ou seja, o estudo das condições ótimas de distribuição dos recursos disponíveis para assegurar à população a melhor assistência à saúde e o melhor estado de saúde possível, tendo em conta meios e recursos limitados” (DEL NERO, 1995, p:19). “É o estudo de como indivíduos e sociedades exercem a opção de escolha na alocação dos escassos recursos destinados à área da saúde entre as alternativas que competem pelo seu uso, e como estes escassos recursos são distribuídos entre os membros da sociedade”. (BALBINOTTO NETTO e GARCIA, 2011). Comentários sobre as definições a) b) c) A de Cebrián parece ser mais abrangente, pois menciona o financiamento, a produção, a distribuição e o consumo dos bens e serviços. A de Del Nero, se centra na otimização das ações, o que significa que dá prioridade à melhor utilização dos recursos. A de Balbinotto Netto e Garcia explicitamente se refere a recursos escassos. MAS ELAS NÃO SÃO EXCLUENTES d) Note-se que há duas tensões permanentes na Economia da Saúde: 1 - a busca pela otimização dos recursos, sempre escassos; 2 - a busca por garantir o melhor estado de saúde possível para uma população, seja prevenindo a doença, seja prestando os serviços adequados. Mas a ES está dentro de Economia e, portanto, sua inserção nas Ciências Sociais precisa ser lembrada. 1 – Economia estuda a adequação de necessidades crescentes a recursos escassos? 2 – Economia estuda como os homens se organizam para produzir e distribuir a riqueza? Aplicada à ES, ensina que precisamos saber em que marco institucional estamos trabalhando, em que sociedade (suas características) e para quais objetivos. A ES, tal como a economia, não é uma ciência exata e muito menos neutra. Macro Desigualdades em saúde Financiamento e gastos Orçamentos Micro Custos Preços Alocação de recursos Avaliação econômica Orçamentos 1 – a sociedade optou, de fato, pela construção de um sistema público de saúde? 2 - qual o lugar da saúde pública na escala de prioridades do país? 3 – qual o perfil demográfico de sua população e com qual velocidade ele está mudando? 4 – qual o nível de desigualdade de renda e patrimônio de sua população? Total -9,5% do PIB (WHO,2015) - não é pouco. Mas: (1) participação pública -47,5 % do gasto total (4,5% do PIB); (2) participação do gasto privado - 52,5% do gasto total. out of pocket - 30,35% Planos e Seguros 21,21% 1º decis de renda - a maior parcela do gasto é com medicamentos; Nos últimos decis de renda: maiores gastos com planos de saúde, medicamentos e tratamento odontológico. Praticamente todos os países têm sistemas de saúde com financiamento misto (fontes públicas e privadas); A diferença está na proporção das participações das fontes públicas e das fontes privadas; Com poucas exceções, nos países mais ricos, o gasto público é maior que o privado Grupo de Países Renda Baixa Renda Média Baixa Renda Média Alta Renda Alta % PIB 5,1 4,1 6,0 11,6 % Público 38,8 36,4 56,2 60,6 1 - Na comparação com outros países Está abaixo dos países de renda média alta 56,2%; Abaixo da Argentina e Uruguai (OMS, 2012) General government expenditure Private expenditure 84,0 70,1 71,7 69,3 64,5 52,5 47,5 35,5 29,9 53,0 47,0 52,3 47,7 30,7 28,3 16,0 Canada Spain United Kingdom Brazil Uruguay Chile Argentina United States of America O financiamento público está em todo o sistema No SUS – compra privada de serviços de saúde Nos funcionários civis e militares – plano de saúde Nas ONGs - isenções Nos Planos e Seguros de Saúde No Desembolso Direto ver próximo slide Imposto de renda da pessoa física – o gasto direto e planos de saúde é subsidiado pelo governo Imposto de renda das empresas – planos de saúde subsidiado Instituições sem finalidade lucrativa - o mesmo Produtos Químico Farmacêuticos - isenções Medicamentos - isenções Total –11,6% do gasto público de 2010. Fonte: Secretaria da Receita Federal (2012) Com a definição de como os municípios e os Estados deveriam participar (Emenda Constitucional 29/2000) ,o gasto passou de 2,9% do PIB em 2000 para 3,9% do PIB em 2011; Per capita – R$ 403,38 para R$ 829,90 2014 – 3,9% do PIB - 5,6% do PIB Este ano, já passou os 8% Contingenciamento – 5/2015 -2,04% do total dos gastos previstos no orçamento da união 11,3% na Saúde Dois meses depois – novo contingenciamento, nova redução O gasto público com saúde no Brasil é baixo, considerando que o SUS é de acesso universal e o atendimento integral. Isto, em parte, se deve ao compromisso com o pagamento dos juros da dívida (DRU). O financiamento público não se destina somente ao SUS. Isso sinaliza que, além do montante envolvido, não houve uma clara escolha pela saúde pública. No embate dívida pública e SUS, ele não é prioritário, tal como não são outras políticas sociais (Seguridade Social e DRU). Esse é o quadro macro no qual deve atuar a ES