QuantiFERON-TB Gold A tuberculose

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Boletim Técnico
ano 3 | número 14 | dezembro de 2015
QuantiFERON-TB Gold no diagnóstico da tuberculose
A tuberculose (TB) continua sendo um grande problema
de saúde pública em todo o mundo, com uma incidência
estimada de 8.6 milhões de casos novos por ano. A maioria
das pessoas que tem contato com Mycobacterium tuberculosis apresenta uma infecção inicial que é eliminada ou
então contida pelos sistemas de defesa do organismo,
levando a uma infecção latente. A infecção latente é uma
condição assintomática que persiste por muitos anos, e
pode progredir para doença ativa. A detecção de tuberculose infecção latente (TBIL) permite a instituição de tratamento medicamentoso preventivo ou profilático para
esses indivíduos, sendo uma das estratégias de controle da
TB recomendadas pela Organização Mundial de Saúde.
No Brasil, indivíduos com TBIL são detectados por meio do
teste tuberculínico (TT) positivo associado à exclusão de
TB doença. O TT, realizado por meio do método Mantoux,
consiste na aplicação por via intradérmica da tuberculina
PPD RT23 no terço médio da face anterior do antebraço
esquerdo, na dose de 0,1ml, equivalente a 2 UT (unidades
de tuberculina). O resultado do TT é registrado 72 a 96
horas após a aplicação, correspondendo à medida em
milímetros do maior diâmetro transverso da área de enduração local palpável.
As vantagens do TT incluem a simplicidade técnica do
método e o seu baixo custo. Porém, o teste possui uma
série de limitações, dentre elas resultados falsos positivoscausados por espécies de micobactérias não tuberculosa
(MNT) e vacinação prévia por BCG. Além disso, a sensibilidade do TT pode estar reduzida em várias situações, como
gravidez, desnutrição, sarcoidose, neoplasias malignas e
imunossupressão relacionada à infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV). Variabilidade pré-analítica ou analítica, como manipulação inadequada da tuberculina, injeção em local inadequado ou interpretação
incorreta dos resultados, também são fonte de erros no TT.
O teste de interferon-gama (InterferonGama ReleaseAssay IGRA) surgiu como uma alternativa ao TT para a detecção
da TBIL. Atualmente, dois testes são comercializados internacionalmente: o QuantiFERON-TB GoldIn-Tube(QTF) e
T-SPOT. Ambos são aprovados pelo FDA (US Foodand Drug
Administration), Health Canada e CE (Comitê Europeu),
porém apenas o QFT possui registro no Brasil.
O QGT é um teste in vitro que avalia a resposta imune
celular por meio da dosagem de interferon-γ (IFN-γ) liberado pelas células T a partir da estimulação por antígenos
específicos para M. tuberculosis, o ESAT-6 (Early Secreted
Antigenic Target 6) e o CFP 10 (Culture Filtrate Proteine 10).
O QTF não diferencia TBIL de TB ativa.
Esses antígenos são codificados pela região de diferença1
(RD1), que é um locus do genoma do M. tuberculosis,
ausente nos genomas das cepas da vacina BCG ou na
maioria das espécies de MNT. No entanto, nem todas as
MNT foram estudadas para reatividade cruzada, havendo
indício de que possa existir reatividade cruzada entre o
ESAT-6 e o CFP-10 da M. tuberculosis e M. leprae. Porém, o
significado clínico em ambientes onde estas doenças são
endêmicas, como no Brasil, ainda não foi determinado.
O QFT é um teste que utiliza uma mistura de peptídeos
que simulam as proteínas ESAT-6, CFP-10 e TB7.7 do M.
tuberculosis. As células mononucleares de pacientes com
infecção pelo M. tuberculosis (amostra de sangue total
heparinizado), ao entrar em contato com os peptídeos
acima (tubo TB Antigen), são estimuladas, com consequente produção de interferon-γ (IFN-γ). A detecção por ensaio
imunoenzimático (ELISA) do IFN-γ é utilizada para identificar respostas imunes celulares in vitro associadas à infecção por M. tuberculosis: um indivíduo é considerado portador de infecção por M. tuberculosis quando a concentração
de IFN-γ, mensurada em UI/mL, é superior ao cutoff do
teste.
1- Amostras
de sangue.
2- Fazer a inversão
da amostra por
10 vezes em
temperatura
ambiente.
Fonte: http://www.quantiferon.com
3- Utilizar a técnica
de ELISA manual
ou automatizada.
4- Utilize um
software para
calcular o resultado.
Como não existe exame de padrão ouro para TBIL, sensibilidade e especificidade são estimadas usando padrões de
referência. A sensibilidade é estimada entre casos de TB
confirmados pela cultura enquanto que a especificidade é
estimada entre indivíduos sem exposição conhecida a
tuberculose em cenários de baixa incidência.
Trabalhos de meta-análises concluíram que a especificidade diagnóstica dos IGRAspara TBIL é superior a 95%,
enquanto a especificidade não é afetada pela vacinação
por BCG. Já o TT possui especificidade de 97% em populações não vacinadas pela BCG, enquanto em populações
onde a BCG é administrada a especificidade é muito mais
baixa (em torno de 60%) e variável, dependendo da idade
da vacinação e do número de doses administradas de BCG.
A sensibilidade do IGRA é reduzida em indivíduos com
infecção por HIV e crianças.
Como o QFT não é afetado pela BCG, é um teste extremamente útil para avaliação de TBLI em indivíduos vacinados
pela BCG, particularmente nos países que a BCG é administrada no final da infância ou múltiplas vezes.
Apesar do QFT aparentemente não ser afetado pela maioria das infecções por MNT que pode causar falso positivo
no TT, o M. marinum or M. kansasii expressam o ESAT-6 ou o
CFP-10, podendo, portanto, produzir reação cruzada.
Como quaisquer outros testes diagnósticos, o QTF é suscetível à variabilidade por inúmeros fatores em múltiplos
níveis, incluindo manufatura do ensaio, processamento
pré-analítico, fatores analíticos e imunomodulação.
Revisões sistemáticas sugerem que tanto o TT quanto o
QTF apresentam desempenho semelhante para detecção
de TB infecção ou doença em crianças. Alguns autores
sugerem que ambos os testes possuem menor sensibilidade em crianças com idade inferior a cinco anos e infectadas
pelo HIV.
A evidência atual indica que o TT e o QTF possuem performance similar na identificação de indivíduos infectados
pelo HIV com suposta TBIL. O QTF pode ser utilizado para o
rastreio de TB antes do início da terapia com agentes
imunobiológicos (antagonistas de TNF) em pacientes com
doenças reumáticas ou intestinais autoimunes, em regiões
prevalência moderada a alta de infecção.
Embora o emprego de biomarcadores para o seguimento do
tratamento da TB ativa seja uma estratégia atraente, atualmente não se indica o uso de nenhum biomarcador para o
monitoramento de LTBI, sendo o a utilização de QTF para
avaliação do sucesso do tratamento ainda especulativo.
· Referências:
1. Madhukar Pai et al. Gamma Interferon Release Assays for Detection of Mycobacterium
tuberculosis Infection. Clinical Microbiology Review, January 2014 Volume 27 Number 1 p.
3–20
2. Chang B, Park HY, Jeon K, Ahn JK, Cha HS, Koh EM, Kang ES, KohWJ. 2011.
Interferon-gamma release assay in the diagnosis of latent tuberculosisinfection in arthritis
patients treated with tumor necrosis factorantagonists in Korea. Clin. Rheumatol.
30:1535–1541
AMORIM, Eliane Gomes
Residência em Clínica Médica
Residência em Neurologia Clínica
Pós-graduação em Auditoria da Saúde
Assessora Médica de Relacionamento com Cliente do Hermes Pardini
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Hermes Pardini
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