Pró-Reitoria de Graduação Curso de Enfermagem Trabalho de

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1
Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Enfermagem
Trabalho de Conclusão de Curso
INTERFERÊNCIA DA ROTINA HOSPITALAR NO APRAZAMENTO DE MEDICAMENTOS
REALIZADOS PELOS ENFERMEIROS NO HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS DO DISTRITO
FEDERAL
Autora: Amanda Micheline Alves
Orientadora: Fernanda de Castro
Monteiro Fernandes, Msc.
Brasília - DF
2013
2
AMANDA MICHELINE ALVES
INTERFERÊNCIA DA ROTINA HOSPITALAR NO APRAZAMENTO DE
MEDICAMENTOS REALIZADOS PELOS ENFERMEIROS NO HOSPITAL DAS
FORÇAS ARMADAS DO DISTRITO FEDERAL
Monografia
apresentada
ao
Curso
de
Enfermagem da Universidade Católica de Brasília
como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Bacharel em Enfermagem.
Orientadora:
Fernanda
Fernandes, Msc.
Brasília – DF
Novembro de 2013
de
Castro
Monteiro
3
Monografia de autoria de Amanda Micheline Alves, intitulada “Interferência da
Rotina Hospitalar no Aprazamento de Medicamentos Realizados pelos
Enfermeiros no Hospital das Forças Armadas do Distrito Federal” apresentada
como requisito parcial para obtenção do título de Enfermeiro, da Universidade
Católica de Brasília, defendido e aprovado, __/__/__, pela banca examinadora
constituída por:
_________________________________________________
Orientador
___________________________________________________
Examinador
__________________________________________________
Examinador
Brasília - DF
Novembro de 2013
4
Aos meus pais: José Alves in memoria e
minha
mãe
Lia,
pelo
imenso
amor
dedicado à família e pelo grande exemplo
de
perseverança,
honestidade
e
humildade.
Aos meus irmãos: Júlio e Vanessa pelo
calor fraternal em todos os momentos e
seus filhos Iago e Milena.
À Rebeca, minha filha, que com seu
sorriso, amor e carinho revela a cada dia
o real valor de ser mãe.
Em especial ao meu amigo, conselheiro,
parceiro e esposo Nildo pela dedicação,
paciência,
pelo
estímulo
que
me
auxiliaram na concretização desse sonho.
Aos familiares, parentes e amigos que
souberam entender a minha ausência
durante esses anos.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e a quem eu
busco em todos os momentos da minha
vida.
A diretora e Prof. Mestre Fernanda
Monteiro
de
Castro Fernandes, pelo
conhecimento,
apoio
e
exemplo
profissional.
Aos professores pelo carinho e empenho
durante a minha graduação em especial:
a Profª. Marise Faleiro e ao Prof. Dr.
Maurício Chaves pelo carinho, paciência,
dedicação e ensinamentos transmitidos
durante nosso internato.
Aos colegas de graduação pelo empenho
e dedicação no decorrer do curso.
Aos
servidores
do
HFA
pelo
empenho e apoio neste trabalho.
total
6
RESUMO
ALVES, Amanda Micheline. Interferência da Rotina Hospitalar no Aprazamento
de Medicamentos Realizados pelos Enfermeiros no Hospital das Forças
Armadas do Distrito Federal. Enfermagem – Universidade Católica de Brasília,
2013. Introdução: O presente trabalho apresenta o enfermeiro atuando no
aprazamento medicamentoso como uma de suas funções nos cuidados com os
pacientes. Objetivo: o estudo objetiva identificar os critérios utilizados para o
aprazamento de medicamentos pelo enfermeiro em uma prescrição medicamentosa.
Método: Trata-se de uma revisão de literatura, com a análise de livros, artigos e
revistas na área de enfermagem, bem como pesquisa quantitativa com entrevista
estruturada e análise documental. Conclusão: Através das entrevistas, identificouse que os trabalhos administrativos atrapalham no cuidado com o paciente,
dificultando o aprazamento medicamentoso.
Palavras-Chaves: Enfermeiro; Aprazamento Medicamentoso; Trabalhos
Administrativos.
7
ABSTRACT
ALVES, Amanda Micheline. Interference Routine Hospital in Aprazamento
Medicines done by nurses at the Hospital of the Armed Forces of the Federal
District. Nursing – Universidade Católica de Brasília, 2013. Introduction: This paper
presents the nurse working in control drug as one of their roles in patient care.
Objective: The study aims to identify the criteria used to aprazamento medication by
nurses in a prescription drug. Method: This is a literature search, with the analysis of
books, articles and journals in the field of nurses as well as qualitative research with
structured interviews and documentary analysis. Conclusion: Through the
interviews, it was identified that hinder the administrative work in dealing with the
patient, hampered control drug.
Keywords: Nursing; Control drug; Administrative work.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................
9
1. REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................
1.1 HISTÓRICO DOS MEDICAMENTOS.....................................................................
11
11
1.2 ORIGEM DO HOSPITAL.........................................................................................
11
1.3 ORIGEM DA ENFERMAGEM.................................................................................
12
1.4 IMPORTÂNCIA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM.................................
13
2. PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA.........................................................................
14
2.1 APRAZAMENTO MEDICAMENTOSO......................................................... 14
2.2 ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS...................................................
16
2.3 FUNÇÃO DESEMPENHADA PELOS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NA
PRESCIÇÃO MEDICAMENTOSA.................................................................................
19
2.4 ERROS NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS..........................................
21
3. METODOLOGIA.......................................................................................................
24
3.1 LOCAL.....................................................................................................................
25
3.2 POPULAÇÃO..........................................................................................................
25
3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO.................................................................................... 25
3.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO..................................................................................
26
3.5 COLETA DE DADOS..............................................................................................
26
3.6 ASPECTOS ÉTICOS............................................................................................... 26
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................
28
4.1 ANÁLISE DOCUMENTAL.......................................................................................
28
4.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS...............................................................................
28
4.2.1 PERFIL DOS ENFERMEIROS ENTREVISTADOS.............................................
29
4.2.2 TRAJETÓRIA DE TRABALHO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL...........................
29
4.2.3 CONHECIMENTO SOBRE APRAZAMENTO......................................................
30
4.2.4 ANÁLISE DOCUMENTAL....................................................................................
31
CONDIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................
35
REFERÊNCIAS.............................................................................................................
36
APÊNDICE....................................................................................................................
40
9
INTRODUÇÃO
No ambiente hospitalar há vários profissionais envolvidos para a tomada de
uma série de decisões e ações referentes aos cuidados dispensados ao paciente,
nos quais necessitam de conhecimento na proposta que a Instituição hospitalar
oferece, formando uma equipe multidisciplinar para um atendimento que vai desde a
entrada do paciente no setor até a sua alta hospitalar.
Nessa esfera merece destaque a equipe de enfermagem que lida diretamente
com o paciente initerruptamente, realizando as suas atividades incluindo a
administração de medicamentos, fazendo o acompanhamento da prescrição médica
e de enfermagem, como aferindo os sinais vitais, administração da dieta, mudança
de decúbito, higiene oral e corporal, encaminhamento do paciente para exames e
cirurgias. (ALBALADEJO, 2002).
O profissional responsável pela equipe de enfermagem é o enfermeiro, que
têm direitos e deveres previstos pelo seu código de ética, exaltando que é atribuição
do enfermeiro em relação à prescrição medicamentosa, visto que dispõe de anos de
formação acadêmica sendo sua responsabilidade atribuída ao conhecimento das
fases envolvidas nesse processo, tais como: ação do fármaco, interações e reações
medicamentosas, os horários dos medicamentos a serem administrados, tal prática
que o enfermeiro delega muitas vezes para o técnico de enfermagem, sendo que
este não tem embasamento acadêmico sobre o estado geral do paciente como
exame físico, estado clínico, interações medicamentosas, potencialização da droga
no organismo. (Jacinta, 2006).
No aprazamento de medicações feito em uma prescrição medicamentosa, há
critérios como os institucionais que podem induzir o enfermeiro ou o profissional de
enfermagem (técnico ou auxiliar) a determinar os horários e formular sua
sistematização de cuidados dispensados ao cliente internado. Estes incluem avaliar
o estado clínico, as interações medicamentosas, os seus efeitos adversos, a
melhora do quadro clínico ou não, comparando com os resultados em seu
prontuário.
Para Caldeira (2008), embora no Brasil não se conheça a real magnitude do
problema dos erros de medicação (processo complexo com várias etapas onde é
tomada uma série de decisões, envolvendo profissionais com o paciente), o país é
considerado o quinto em consumo de medicamentos, o primeiro lugar da América
Latina e o nono lugar no mercado mundial farmacêutico em volume financeiro.
10
JUSTIFICATIVA
Nas instituições hospitalares são gastos do orçamento de 15 a 20% para
tratamentos de complicações pelo uso incorreto dos medicamentos, ocupando o
primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações e o segundo lugar nos
registros por morte. Salientando que o profissional de enfermagem deve prestar uma
assistência com segurança objetivando a prevenção de possíveis erros relacionados
à administração de medicamentos.
Tem sido objeto de várias pesquisas gestoras da saúde, pois os erros sejam
na administração dos medicamentos, no seu processo de prescrição ou
dispensação, influem diretamente no tratamento do paciente prolongando assim o
seu tempo de internação, e para o profissional, diminui a sua visibilidade na unidade
hospitalar, podendo ocorrer punições.
No
presente
trabalho
objetivou-se
verificar
uma
das
maiores
responsabilidades do enfermeiro no tocante ao seu exercício profissional, que é a
administração de medicamentos, dando ênfase ao aprazamento de medicamentos,
sendo de suma importância à relação do enfermeiro com o indivíduo a ser cuidado.
Para a instituição hospitalar é necessário que o enfermeiro adote uma série
de decisões e ações para se conscientizar do seu papel no que diz respeito a sua
função de coordenar uma equipe, logo, falhas na administração colocam em
evidência a responsabilidade da enfermagem para a prática profissional. O
aprazamento de medicamentos é uma dessas atividades, já que o enfermeiro tem
que ter uma avaliação criteriosa e individualizada de cada paciente.
11
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 HISTÓRICO DOS MEDICAMENTOS
Ao longo do século XX, as preparações e venda dos medicamentos eram
fornecidos pelo boticário assim como as orientações acerca do medicamento. Com o
avanço da indústria farmacêutica, o farmacêutico teve e tem papel de destaque nas
suas atribuições, como a orientação e acompanhamento farmacêutico, educação em
saúde, responsabilidade pelo bem-estar para a promoção da saúde (VIEIRA, 2005).
Para Albaladejo (2002), no decorrer do século XX, a terapêutica
medicamentosa teve grande avanço com o surgimento do anti-infeccioso
influenciando a redução da mortalidade e morbidade nos anos de 1930 e 1940,
retardando o surgimento de complicações associadas às doenças, aumentando a
expectativa de vida.
Nos anos seguintes, foram introduzidos novos fármacos em escala industrial
com o objetivo de possibilidade de cura para várias enfermidades até então fatais,
como doenças infecciosas, alcançando papel central nas consultas realizadas pelos
médicos, auxiliando no processo de diagnóstico e decisão final do tratamento (LEITE
et al, 2008).
Caldeira (2008) explica que, a partir do século XIX, no Brasil começou a ser
implantado um impresso acompanhando os medicamentos, contendo informações
sobre posologia, composição, indicação e reação adversa.
A bula é a principal informação fornecida, onde a sua forma e conteúdo
acompanham a normatização do setor farmacêutico, ao paciente em relação aos
medicamentos. Sendo o órgão regulador a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), que analisa e aprova tudo que é produzido pela indústria farmacêutica
antes de sua comercialização (SILVA, 2000).
1.2 ORIGEM DO HOSPITAL
Suscintamente é importante ressaltar ponderações a respeito do hospital e
suas origens, pois auxiliará na compreensão das ações adotadas atualmente com
relação aos procedimentos que envolvem a enfermagem e o aprazamento
medicamentoso.
12
Conforme Jacinta (2006), no século XVIII, o hospital localizava-se distante da
área urbana, pois era uma instituição de assistência tanto de separação e exclusão
do pobre e doente e sua exclusão para evitar contágio de doenças à população.
Estes pacientes eram cuidados por religiosos ou leigos, que na maioria das vezes,
eram mulheres em busca da salvação de Deus por meio das ações de caridade
exercidas no local.
O surgimento do hospital moderno no Brasil originou-se na transição do
modelo religioso para o modelo pavilhonar, em meados do século XIX, sofrendo
profundas transformações nos modelos que se consolidava na Europa e EUA com a
construção em bloco único, que é a tônica do modelo hospitalar até hoje (FORMIGA,
2005).
O hospital começa a ser identificado como instrumento de cura, nascendo
assim à enfermagem em vista da necessidade de cuidados com a saúde e a
doença, tendo um significado de ação de caridade, evoluindo depois para a
profissionalização (JACINTA, 2005).
1.3 ORIGEM DA ENFERMAGEM
Ao longo dos tempos a enfermagem tem se tornado cada vez mais
fundamental no que tange as práticas e cuidados médicos. Quando se fala em
enfermagem, por trás deve-se pensar em proteção, promoção e recuperação da
saúde, assim como na prevenção de doenças. Sua presença é indispensável em
qualquer hospital.
No século XIX, a enfermagem transformou-se radicalmente com Florence
Nightingale (1820 – 1910), que racionalizou a prática de enfermagem fundamentada
em bases mais científicas, organizando assim o espaço terapêutico para o doente
com hierarquia entre os enfermeiros, tornando assim o hospital como prestador de
serviços, com divisão técnica dos trabalhos, exercendo as enfermeiras ações
administrativas e de educação, e os técnicos, auxiliares e atendentes as ações
assistenciais especificados nas normas, manuais com descrições dos passos a
serem seguidos, bem como quem deve executar, visando economia de tempo e
maior agilidade na execução do serviço (FARIAS, 2007).
Florence teve sua projeção maior como enfermeira após a participação como
voluntária na Guerra da Criméia, em 1854, onde destacava que o profissional de
13
enfermagem deveria ser capacitado com treinamento organizado, prático e
científico, sendo todas as práticas registradas. Mais tarde, ela deu origem às
prescrições médicas e a implantação das visitas das enfermeiras junto ao médico
para melhor entendimento do quadro clínico do paciente e como cuidar do mesmo
para evitar instruções esquecidas, prevenindo erros, pois a segurança do paciente é
parte essencial da profissão. (FORMIGA, 2005).
De acordo com Formiga (2005), no Brasil, a patrona da enfermagem é Ana
Justina Ferreira Neri (1814-1880), destacou-se como uma mulher anônima deixando
o espaço privado do lar como voluntária na guerra do Paraguai (1864-1870) para
assumir um papel importante no espaço público. A solicitação de Ana Neri era
puramente afetiva e não pediu para ser intitulada enfermeira no atendimento a
feridos tendo lições de como cuidar dos doentes com as irmãs de caridade de São
Vicente de Paulo onde ficou popularmente conhecida com “Mãe dos Brasileiros”.
Ana atendia às exigências que elevariam o status social e moral da enfermeira do
século XX e tornou-se símbolo da enfermagem brasileira. Faleceu aos 65 anos de
idade em 20 de maio de 1880, no Rio de Janeiro (COFEN, 2011).
1.4 IMPORTÂNCIA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Segundo Farias (2007), as informações iniciadas na consulta médica tem
continuidade, sendo o paciente orientado quanto à prescrição médica, a dose, a
posologia, os cuidados no armazenamento, informações sobre possíveis interações
medicamentosas e efeitos adversos.
É essencial que os profissionais de saúde, incluindo médicos e farmacêuticos,
busquem informações fidedignas e atualizadas quanto aos medicamentos na cadeia
de assistência à saúde (LEITE, 2008).
Esta função informativa e educativa da dispensação torna-se a peça chave na
cadeia da assistência à saúde. Este aconselhamento, no ato da dispensação, dá
oportunidade à criação de novo vínculo assistencial (AQUINO, 2008).
Os profissionais de saúde, quem prescreve e que dispensa, têm sob sua
responsabilidade, direta ou indiretamente, a saúde do paciente. É, portanto,
essencial que busquem sempre o acesso a fontes fidedignas e atualizadas quanto
aos medicamentos. Ainda mais que certas fontes de informação tentam transformar
estes profissionais em consumidores acríticos de medicamentos (LEITE, 2008).
14
2. PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA
Segundo COFEM (2009), para uma prescrição médica ser considerada
completa deve conter nome completo, número de registro do hospital, data de
nascimento, nome do medicamento a ser administrado, a posologia, a dose do
medicamento a ser administrado, via de administração, horário e assinatura do
médico, tornando assim a prescrição um documento legal para a comunicação entre
os envolvidos como o médico, o farmacêutico e o enfermeiro.
A prescrição é na maioria das vezes, feita pelo profissional médico. Ela é o
resultado de uma série complexa de decisões que este profissional vai tomando
durante a consulta, após entrar em contato com o paciente. A importância do
prescritor reside no fato de ser ele o responsável pela indicação de um medicamento
com base na interpretação que faz daquilo que o paciente lhe diz. A importância do
paciente reside na descrição do que está sentindo. Ambos carregam consigo
vivências e expectativas que lhes permitem tomar decisões quanto à prescrição e
uso de determinado medicamento, neste contato, diversos são os fatores que
podem influenciá-los.
Conforme Luiza (2004), o paciente hospitalizado possui prontuário, onde
contém a prescrição medicamentosa escrita pelo médico, dirigida ao farmacêutico
para dispensação do fármaco para o paciente nas condições em que deve ser
utilizado, logo o profissional de enfermagem é responsável pela administração e
supervisão de medicamentos resultando em uma equipe multiprofissional sujeitos à
legislação.
As informações contidas no sistema hospitalar são dados da admissão
hospitalar que precisam ser melhores preenchidos (a sua utilização de modo
adequado) para que a qualidade da informação gerada possa servir de fonte para
pesquisas futuras (GRACE, 2002).
2.1 APRAZAMENTO MEDICAMENTOSO
O aprazamento de medicações é atividade de responsabilidade do
enfermeiro.
Envolve
o
planejamento
dos
horários
da
administração
dos
medicamentos e intervalos entre aqueles da prescrição médica. Dessa forma é
possível não apenas prevenir as interações medicamentosas, mas também as
15
reações adversas. Por este motivo, o código de ética do profissional de enfermagem
proíbe a administração dos medicamentos sem o conhecimento da ação da droga e
seus riscos, (FRANCO et al, 2010).
No aprazamento, é importante seguir rigorosamente os intervalos de tempo
entre as doses administradas, pois estão relacionados aos eventos farmacocinéticos
e à farmacodinâmica, que fundamentam a necessidade de dosagem para seguir
uma sequência no tempo para que a ação do medicamento seja mantida (MIASSO,
2006).
O enfermeiro realiza o exame físico em sua prática assistencial com a coleta
de dados obtidos em conversa com o paciente juntamente com o exame físico
através da técnica de inspeção, palpação, percussão e ausculta associando a teoria
à prática constituindo-se de cinco etapas inter-relacionadas como a investigação,
diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação que vem a servir como dados
para o cuidado oferecido levando o enfermeiro a desenvolver um raciocínio clínico
de modo integral e interdisciplinar na sua avaliação do cuidado prestado ao paciente
internado sob seus cuidados (SILVA et al, 2011).
O preparo, a administração, o aprazamento (planejamento dos horários da
administração e intervalos) e o monitoramento na terapia medicamentosa é função
do enfermeiro, e este assegura uma prática embasada na ciência, apesar da
existência das rotinas institucionalizadas que não levam em conta as peculiaridades
do medicamento administrado (FONTENELE, 2006).
Assim para a segurança da terapia medicamentosa, enfermeiros devem ter
conhecimentos sobre o correto preparo e administração de fármacos. A partir da
prescrição médica, executam o aprazamento da administração, prescrevem
cuidados concernentes à administração e monitorização, conforme o tipo de
terapêutica e registram a resposta do paciente ao tratamento, incluindo possíveis
eventos adversos relacionados ao uso de fármacos e soluções.
O aprazamento dos medicamentos pode ser uma das causas de erro do
enfermeiro que utiliza o critério direcionador, que é a rotina de horários de uma
clínica, estabelecendo-se uma padronização do medicamento que está prescrito,
como por exemplo, de 8 em 8 horas, aprazando-se para 14, 22, 6 horas, valendo
para outros tipos de horários. (SILVA; PRADO, 2007).
De acordo com Silva e Prado (2007), algumas pesquisas demonstraram que o
aprazamento quando estabelecido pelo critério da rotina, leva a problemas como
16
interações medicamentosas, potencializa a ocorrência de reações adversas aos
medicamentos e a de eventos adversos com inúmeras consequências para o
paciente.
É impossível ministrar todos os medicamentos no mesmo horário, sendo
admissível a sua administração meia hora antes ou depois do horário determinado,
desde que esta seja norma da instituição. Contudo, para diminuir eventos
indesejáveis deve-se evitar que esses aprazamentos padronizados sejam fixados
para um mesmo horário, sobrecarregando o preparo e a administração dos
medicamentos (MIASSO, 2006).
Os motivos de atraso de uma medicação podem ser vários, desde a falta de
medicamentos, demora na dispensação pela farmácia, falta de servidores, sendo
considerado um erro fora do intervalo de tempo pré-definido na prescrição do
paciente devendo ser monitorados e analisados para que medidas possam ser
instauradas reduzindo a possibilidade de novas ocorrências (BOHOMOL, 2007).
Em vários hospitais, os profissionais de saúde trabalham sobrecarregados,
por haver excesso de pacientes, número reduzido de profissionais, além do
esgotamento físico. Como a remuneração é baixa, o profissional de enfermagem
necessita trabalhar em mais de um local, muitas o excesso de trabalho gera
desatenção e esquecimentos que contribuem para um erro de medicação.
2.2 ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Caso exista deficiência na administração, os pacientes podem receber um
número elevado de medicamentos durante o tratamento (CASSIANI, 2005). No
contexto hospitalar, a prática de medicação pode ser definida como um sistema
complexo, com vários processos interligados, interdependentes e constituído por
profissionais de diferentes áreas de conhecimento (médicos, equipe de farmácia e
de enfermagem) que compartilham de um objetivo comum, que é a prestação da
assistência à saúde dos pacientes com qualidade, eficácia e segurança.
Os profissionais envolvidos em cada um dos processos descritos devem ter
compreensão de que, ao fazer um sistema como a medicação, constituído de
componentes que se interagem e se inter-relacionam, suas ações podem interferir
no comportamento do conjunto como um todo. Qualquer ação de uma parte,
17
necessariamente,
pode
afetar
as
ações
dos
outros
profissionais
e,
consequentemente, no cuidado do paciente.
Para Miasso (2006), o profissional deve conhecer o seu papel na corrente de
ações necessárias à medicação de um paciente, para que desenvolva seu papel
com segurança, consciência, responsabilidade e eficiência, pois há possibilidade de
comprometimento do sistema hepático e renal, que são responsáveis pelo
metabolismo e excreção dos fármacos.
A administração de medicamentos ocupa lugar de destaque na enfermagem,
que é responsável pelo preparo, armazenamento, aprazamento e administração das
medicações, envolvendo uma prática complexa que deveria ser amplamente
discutida no cotidiano. Logo, o enfermeiro deve conhecer, não apenas do ponto de
vista biológico, mas também pela sua formação profissional, habilidades e
conhecimentos e responsabilidade ética, as etapas que envolvem a administração a
fim de prevenir erros que coloquem em risco à vida do paciente, visando
desenvolver estratégias para a segurança da equipe de enfermagem assim como as
condições de trabalho oferecidas nas instituições (LOPES, 2006).
A equipe envolvida deve receber capacitação permanente, garantindo a sua
atualização. O treinamento deve seguir a uma programação estabelecida e
adaptada às necessidades do serviço, com os devidos registros. Os programas de
treinamento devem incluir alguns temas como noções de qualidade, instruções
sobre higiene e saúde, transmissão de doenças, aspectos operacionais e de
segurança do trabalho (SILVA; PRADO, 2007).
Conforme Silva e Prado (2007), para garantir a eficiência no sistema de
medicação, os papéis devem ser bem definidos, pois envolvem pessoas, materiais,
decisões e procedimentos que estão interligados estre si, para que a uniformização
de forma que o sistema seja coeso, evitando assim a implementação de práticas
particulares que podem predispor ao erro.
A prescrição para administrar um medicamento depende das propriedades e
efeito desejado do medicamento, bem como das condições físicas e mentais do cliente.
O enfermeiro deve colaborar com o médico na determinação da melhor via para o
medicamento do paciente. De acordo com Potter (2004), as vias são:
Via oral: é a mais fácil e mais comumente utilizada. Os medicamentos são
fornecidos pela boca e deglutidos com líquidos. Os medicamentos orais apresentam
18
um início de ação mais lento e um efeito mais prolongado que os medicamentos
parenterais.
Via parenteral: envolve injetar um medicamento dentro dos tecidos corporais.
Os quatro principais sítios de injeção são o subcutâneo, intramuscular, intravenoso e
intradérmico.
Administração tópica: são aplicados à pele e mucosas geralmente, possui
efeitos locais, é aplicado à pele, ao pincelá-lo ou espalhá-lo sobre uma área,
aplicando-a curativos úmidos, embebendo partes do corpo em uma solução, ou
dando banhos medicamentosos.
Inalação: as passagens mais profundas do trato respiratório proporcionam
grande área de superfície para a absorção do medicamento, podem ser
administrados através das vias nasais, via oral ou tubos colocados dentro da boca
do cliente até a traqueia.
Intraocular: envolve a inserção de um medicamento semelhante a uma lente
de contato dentro do olho do cliente (POTTER, 2004).
Segundo Silva (et al, 2011), para administrar os medicamentos de forma
segura deve-se seguir os 9 certos: paciente certo (conferir nome e sobrenome,
número de quarto e leito); medicamento certo (conferir o rótulo do medicamento com
o a prescrição médica); dose certa (antes de preparar certificar-se lendo na
prescrição e comparando com o preparado); via certa (certificar-se antes de aplicar
lendo a prescrição); hora certa (aplicar no horário previsto na prescrição); tempo
certo (controlar adequadamente o gotejamento ou bomba de infusão ou bombas de
seringa); validade certa (conferir data de validade); informação certa (esclarecer
qualquer dúvida do paciente em relação ao medicamento que será administrado, a
via e ação do medicamento de maneira clara e objetiva) e o registro certo (registrar
na prescrição com rubrica e anotando queixas, suspensão ou não aceitação de
medicação).
2.3 FUNÇÃO DESEMPENHADA PELOS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NA
PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA
Conforme Coimbra (2001), o médico redige a prescrição do medicamento em
formulário no prontuário clínico do cliente. Além disso, os médicos muitas vezes, não
19
têm acesso a informações completas a respeito da segurança dos fármacos. Parte
deles sequer conhece o conjunto dos possíveis efeitos nocivos do que prescreve, ou
não sabe identificar nem prevenir corretamente combinações perigosas entre as
substâncias farmacológicas. Por outro lado, a maioria dos pacientes ignoram os
perigos de se misturar medicamentos e não declaram se já estão usando outros.
Teoricamente, o farmacêutico prepara e distribui os medicamentos prescritos,
bem como pode também, avaliar o plano de medicamentos e as necessidades do
cliente relacionadas ao medicamento. Ele é responsável por aviar as receitas com
exatidão e assegurar que as prescrições sejam válidas. Liberar o medicamento
correto, na dosagem e quantidade apropriadas, com um rótulo preciso é a principal
tarefa do farmacêutico, o qual pode ainda fornecer informações sobre os efeitos
colaterais, toxicidade, interações e incompatibilidade do medicamento, não prática
não se observa esta ordem.
A responsabilidade do farmacêutico em relação a prescrição médica, onde
concentra-se na distribuição dos fármacos e o seu uso, pois auxilia no cuidado ao
paciente, onde pode examinar a prescrição médica atentamente correlacionando
informações com dados da história clínica do paciente, identificando, corrigindo ou
reduzindo possíveis erros em relação à terapêutica, pois envolve questões de cunho
legal, técnico e clínico (COIMBRA, 2001).
O médico e o farmacêutico também são responsáveis, pois devem assegurar
que o medicamento correto seja fornecido ao paciente, entretanto, a administração
dos medicamentos é responsabilidade do enfermeiro, que deve ter conhecimento
sobre os medicamentos prescritos, os seus efeitos terapêuticos e não terapêuticos,
a supervisão e a educação. (POTTER, 2004).
De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem, Lei n 7.498\86 que
dispões sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, afirma que cuidados
de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e
capacidade de tomar decisões imediatas, prevenção e controle sistemático de danos
que possam ser causados à clientela durante a assistência de Enfermagem são
funções privativas do enfermeiro.
Participam da equipe de enfermagem o técnico exercendo atividade de nível
médico executando ações assistenciais e o auxiliar de enfermagem participação em
nível de execução simples, prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente.
20
No que se refere ao código de ética é expressamente proibido o enfermeiro delegar
suas atividades privativas a outro membro da equipe de enfermagem ou de saúde,
que não seja Enfermeiro. Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga
e sem certificar-se da possibilidade dos riscos.
O enfermeiro participa diretamente do processo de terapia medicamentosa do
paciente, cabendo-lhe, entre outras atividades, o preparo, a administração, o
aprazamento e o monitoramento da medicação, mas muitas vezes delega a
atividade de aprazamento para os auxiliares e técnicos de enfermagem sob sua
supervisão, sendo esta prática mais do que um simples procedimento técnico, com
isso há possibilidade de serem responsabilizados por seus atos de forma civil,
administrativa e criminalmente. (SECOLI et al, 2009).
Quanto mais medicamentos são dispensados, maior a possibilidade de as
interações medicamentosas ocorrem diariamente. Por isso, os enfermeiros precisam
estar atentos aos mecanismos das interações com o objetivo de preveni-los.
O órgão fiscalizador que representa a categoria de enfermeiro a nível regional
é o COREn, que dispõe sobre direitos e deveres para o exercício profissional, por
meio do Decreto Lei nº 94.406\87, sendo as suas ações pautadas para eliminar
falhas que podem ser danosas como imperícia (ocorre quando o profissional revela,
em sua atitude, falta ou deficiência de conhecimentos técnicos, falta de observação
das normas e despreparo prático), negligência (é caracterizada pela falta de cuidado
ou de precaução com que se executam certos atos)
e imprudência (resulta do
profissional tendo perfeito conhecimento do risco e também ignorando a ciência,
toma a decisão de agir, assim mesmo), sendo sua responsabilidade estar envolvido
em todas as atividades realizadas por seus subordinados como o auxiliar e técnico
de enfermagem. (COIMBRA et al, 2001).
Os medicamentos são ferramentas terapêuticas para o paciente na sua
recuperação e manutenção das suas condições de saúde, pois os eventos adversos
aumentam o risco de mortalidade e eventos atribuídos à negligência, visto que se
faz necessário uma maior colaboração entre médicos e farmacêuticos para a
melhoria da utilização dos medicamentos na unidade hospitalar (VIEIRA, 2005).
De acordo com Castro (2000), a Política Nacional de Medicamentos (PNM)
constitui o principal instrumento para a orientação da ação de saúde relacionada a
medicamentos.
Apresenta
como
principais
objetivos
garantir
a
necessária
21
segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o
acesso da população àqueles considerados essenciais.
Conforme a definição do uso racional de medicamentos proposta pela Política
Nacional de Medicamentos, os requisitos para sua promoção são muitos complexos
e envolvem uma série de variáveis, em um encadeamento lógico. Para que sejam
cumpridos, devem contar com a participação de diversos atores sociais: pacientes,
profissionais de saúde, legisladores, formuladores de políticas públicas, indústria,
comércio, governo (CASTRO, 2000).
A avaliação do uso de medicamentos junto à população assistida além
de avaliar as características relativas a este uso, avalia também a própria assistência
à saúde. Do ponto de vista do profissional farmacêutico, a avaliação do consumo de
medicamentos e da assistência farmacêutica possibilita o planejamento do uso
racional de medicamentos, fornecendo subsídios para a melhoria das condições de
saúde individual e coletiva, bem como para ações de cunho preventivo ou curativo
(SANTOS, 2004).
2.4 ERROS NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Um erro de medicação pode ser definido como "qualquer evento evitável que
pode ser causado ou surgir no uso inconveniente ou falta de uma medicação, ou
causar prejuízo (dano ou injúria) ao paciente, enquanto a medicação está sob
controle dos profissionais de saúde.” (MELO; PEDREIRA, 2005).
Evento adverso é considerado quando há utilização inadequada de
medicamentos quanto ao uso de fármacos e soluções resultando na incapacidade
temporária prolongando, assim, o tempo de permanência hospitalar.
A interação medicamentosa resulta na diminuição, no aumento do efeito do
fármaco ou na anulação devido à administração simultânea de outro fármaco ou
alimento (MARTINS et al, 2011).
Belela (et al, 2010) destaca que os tipos de erro são:

Erro de prescrição: Escolha incorreta do medicamento (baseada na indicação,
contra-indicação, alergias conhecidas, existência e disponibilidade de outra
terapia medicamentosa mais eficaz); prescrição incorreta da dose, da via de
22
administração, da velocidade de infusão ou da forma de apresentação do
medicamento; prescrição ilegível; prescrição incompleta.

Erro de dispensação: Distribuição incorreta do medicamento prescrito para o
paciente.

Erro de omissão: Não administração de um medicamento prescrito para o
paciente, ou ausência de registro da execução da medicação.

Erro de horário: Administração do medicamento fora do período estabelecido
na prescrição pelo médico ou pelo enfermeiro que realizou o aprazamento da
prescrição. Define-se como erro: o atraso ou adiantamento de mais de 30
minutos para medicamentos de ação imediata (exemplo: drogas vasoativas,
analgésicos); o atraso ou adiantamento de mais de uma hora para
medicamentos de ação prolongada (antibióticos, antiácidos).

Erro de administração de medicamento não autorizado: Administração de
medicamento não prescrito; administração de medicamento ao paciente errado; administração de medicamento errado; administração de medicamento
não autorizado pelo médico; utilização de prescrição desatualizada.

Erro de dose: Administração de um medicamento em dose maior ou menor
que a prescrita; administração de uma dose extra do medicamento; ou
administração de uma dose duplicada do medicamento.

Erro de apresentação: Administração de um medicamento em apresentação
diferente da prescrita.

Erro de preparo: Medicamento incorretamente formulado ou manipulado
antes da administração (reconstituição ou diluição incorreta, associação de
medicamentos física ou quimicamente incompatíveis); armazenamento
inadequado do medicamento; falha na técnica de assepsia; identificação
incorreta do fármaco; escolha inapropriada dos acessórios de infusão.

Erro de administração: Falha na técnica de assepsia; falha na técnica de
administração do medicamento; administração do medicamento por via
diferente da prescrita; administração do medicamento em local errado;
administração do medicamento em velocidade de infusão incorreta;
associação de medicamentos física ou quimicamente incompatíveis; falha nos
equipamentos ou problemas com acessórios da terapia de infusão; ou
administração de medicamento prescrito incorretamente.
23

Erro de medicamentos deteriorados: Administração de medicamento com
data de
validade expirada,
ou
com integridade física
ou
química
comprometida.

Erro de monitoração: Falha em monitorar dados clínicos e laboratoriais antes,
durante e após a administração de um medicamento, para avaliar a resposta
do paciente à terapia prescrita.

Erro em razão da não aderência do paciente e família: Comportamento
inadequado do paciente e ou cuidador quanto a sua participação na proposta
terapêutica.

Outros erros de medicação: Quaisquer outros erros não enquadrados nas
classificações anteriormente descritas.
São várias as causas que podem levar a erros de medicação, estes podem
estar relacionados a fatores individuais como: falta de atenção, lapsos de memória,
deficiência de formação acadêmica, inexperiência, negligência, desatualização
quanto aos avanços tecnológicos e científicos.
De acordo com Cassini (2005), o ser humano desempenha suas ações em
três níveis, quais sejam:

Nível de desempenho (ou também comportamento) baseado nas habilidades:
são as tarefas executadas de rotina, praticadas automaticamente e com
verificações ocasionais de seu progresso. Refere-se às tarefas automáticas
que requerem atenção limitada ou nenhuma cognição durante sua execução.
Deslizes são falhas baseadas nas habilidades.

Nível de desempenho baseado nas normas, regras: neste nível o ser humano
aplica as normas memorizadas ou escritas. É o nível de tomada de decisão
que envolve a aplicação de regras ou esquemas já existentes para lidar com
situações familiares.

Nível do desempenho baseado no conhecimento. Este nível envolve a
aplicação consciente de conhecimento existente para lidar com situações
novas. Lapsos são as falhas baseadas nos conhecimentos.
Os dados provenientes de pesquisas mostram que os erros na medicação
representam uma triste realidade no trabalho dos profissionais de saúde com sérias
consequências para pacientes e para a organização hospitalar, pois suas causas
24
repercutem negativamente nos resultados institucionais face aos indicadores
relevantes da qualidade da assistência prestada aos pacientes hospitalizados
(CARVALHO et al, 2000).
Conforme Silva e Prado (2007), em relação às questões que envolvem a
segurança em cada um dos processos que compõem o sistema de medicação, um
estudo brasileiro apontou índices de ocorrência de eventos adversos, tais como:
- 39% no processo de prescrição de medicamentos;
- 38% no preparo e administração de medicamentos;
- 12% na transcrição;
- 11% no preparo de dispensa.
Os medicamentos administrados erroneamente podem só ser detectados
quando há manifestações clínicas do paciente como reações adversas ou presença
de sintomas estando a equipe de enfermagem atenta aos sintomas para as devidas
providências com efeito de intervir e minimizar possíveis complicações do erro
cometido que pode causar danos ao paciente (CARVALHO et al, 2002).
OBJETIVO GERAL
Identificar os critérios utilizados para aprazamento de medicamentos pelo
enfermeiro em uma prescrição medicamentosa.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar as dificuldades encontradas para o aprazamento de medicamentos
pelo enfermeiro.
Avaliar o estado físico do paciente para o aprazamento de medicamentos.
Analisar os horários dos medicamentos propostos como possível causa de
interação medicamentosa.
25
3. METODOLOGIA
Trata-se de um a pesquisa quantitativa com entrevista estruturada e análise
documental. A pesquisa quantitativa é utilizada para descobrir e refinar as questões
de pesquisa. Esse enfoque está baseado em métodos de coleta de dados sem
medição numérica para descobrir ou aperfeiçoar questões de pesquisa e pode ou
não provar hipóteses em seu processo de interpretação como as descrições e
observações. Seu propósito consiste em reconstruir a realidade, tal como é
observada pelos atores de um sistema social predefinido.
Demo (2000) aponta as metodologias qualitativas como aquelas capazes de
incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos,
às relações e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu
advento quanto na sua transformação, como construções humanas significativas.
Esse método, além de permitir ao pesquisador analisar processos sociais
pouco discutidos em grupos específicos, proporciona a criação de novas
abordagens,
sistematização
de
conhecimento
adquirido
nas
investigações,
elaborando novas hipóteses, construção de indicadores qualitativos, variáveis e
tipologias. Esta abordagem é apropriada para estudar a história das relações, das
representações das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das
interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus
artefatos e a si mesmos, sentem e pensam.
A análise documental pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem
de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras
técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou projeto, buscar identificar
informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de
interesse, constituem uma fonte estável e rica. Os documentos podem ser
consultados várias vezes e inclusive servir de base a diferentes estudos, o que dá
mais estabilidade aos resultados obtidos (DEMO, 2000).
3.1 LOCAL
O Hospital das Forças Armadas de Brasília (HFA) foi inaugurado em 27 de
março de 1972 e congrega o efetivo de médicos, farmacêuticos e dentistas das
Forças Armadas. Tem a missão de prestar assistência médico-hospitalar aos
26
militares das Forças Armadas e seus dependentes, à Presidência da República e a
determinados segmentos da sociedade, sendo um hospital de referência na
assistência de média e alta complexidade em saúde e no ensino e pesquisa no
âmbito nacional.
3.2 POPULAÇÃO
O universo também denominado população, consiste, de acordo com Marconi
e Lakatos (2007), em um conjunto de seres animados ou inanimados que
apresentam pelo menos uma característica em comum. Diante disso, o universo da
investigação deste estudo foi constituído por 11 enfermeiros que prestam assistência
direta ao paciente na clínica de internação. A amostra total é constituída por
servidores que aceitaram responder a entrevista nos critérios de inclusão e
exclusão.
3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
A entrevista foi feita aos enfermeiros que pertencem ao quadro efetivo do
hospital, que prestam assistência direta ao paciente e que aceitaram participar da
entrevista voluntariamente, mediante leitura prévia e assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
3.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Enfermeiros que não pertencem ao quadro efetivo do hospital, que não
prestam assistência direta ao paciente. Profissionais responsáveis que não
aceitaram participar da entrevista.
3.5 COLETA DE DADOS
Após aprovação da pesquisa no Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) e
consentimento escrito dos profissionais, deu-se início a coleta de dados. Para
obtenção dos resultados foram realizadas entrevistas estruturadas com os
27
enfermeiros envolvidos no aprazamento de medicamentos com o intuito de obter
uma visão geral. Para tanto foi utilizado um roteiro contendo os dados referentes ao
perfil do entrevistado, o exercício profissional, aspectos relacionados à prática do
enfermeiro e a rotina hospitalar.
Os dados foram coletados por meio de entrevista (APÊNDICE A) aos
enfermeiros lotados na clínica médica que trabalham na assistência direta ao
paciente internado. Outro método de coleta de dados foi a análise documental nos
prontuários, que foram utilizados para investigar a importância entre os intervalos de
tempo entre as doses administradas para que a ação do fármaco seja mantido
relacionado às normas institucionais para apresentar de forma íntegra como o
atendimento foi realizado, desde que haja prévia autorização do profissional.
As entrevistas traduzem a representação dos agentes sobre o seu trabalho e,
dessa forma, são constituídas sempre em uma aproximação do concreto vivido.
O tipo de entrevista utilizada foi a entrevista estruturada, pois tem perguntas
fechadas, realizadas por meio de questionário, composta de 16 questões das quais
o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. Considerando
o critério de inclusão, o perfil dos profissionais, o exercício da profissão, aspectos
relacionados à prática do enfermeiro e à rotina hospitalar.
3.6 ASPECTOS ÉTICOS
No que se refere aos aspectos éticos, à pesquisa seguiu todas as
recomendações da resolução nº. 196 de 10 de outubro de 1996 do Conselho
Nacional de Saúde, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, onde
abordamos prioritariamente as formas de elaboração e o motivo pelo qual se deve
fazer o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o protocolo de pesquisa,
assim como pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) e aprovação da pesquisa pela
UCB, protocolo n 11266513.2.0000.0029.
O termo de consentimento livre e esclarecido tem como objetivo preservar a
dignidade humana, assim como a subordinação ou intimidação.
O protocolo de pesquisa aborda todos os itens necessários para que o projeto
esteja de acordo com todas as normas exigidas pelo CNS e pela ABNT.
28
O Comitê de Ética em Pesquisa é um órgão de caráter consultivo, deliberativo
e educativo, criado para defender os interesses dos sujeitos da pesquisa dentro dos
padrões éticos.
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem do Brasil, reestruturado
e aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem, constitui numa declaração
pública que visa o aprimoramento do comportamento ético do profissional,
expressando questões morais, valores e metas da Enfermagem. Este código “leva
em consideração, prioritariamente, a necessidade e o direito de assistência de
enfermagem à população, os interesses do profissional e de sua organização. Está
centrado na clientela e pressupõe que os agentes de trabalho da enfermagem
estejam aliados aos usuários na luta por uma assistência de qualidade sem riscos e
acessível a toda a população.” (TREVIZAN et al, 2002 p. 87).
29
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A pesquisa foi realizada em duas etapas: na primeira, procedeu-se a análise
documental, ou seja, a análise dos prontuários selecionados na instituição, sendo
realizada a análise dos prontuários em relação à prescrição médica, com horários de
medicamentos. Na segunda etapa, por sua vez, foram analisados os dados obtidos
por meio das entrevistas estruturadas realizadas com os seguintes participantes:
enfermeiros que prestam assistência na clínica médica. Em ambas as etapas, o foco
da abordagem foi identificar a presença de tópicos relacionados aos critérios
utilizados no aprazamento e as dificuldades encontradas para o aprazamento.
4.1 ANÁLISE DOCUMENTAL
Para a primeira etapa de análise, realizou-se inicialmente, a leitura dos
documentos acima referidos com o propósito de melhor compreender os horários
para a administração de medicamentos e as principais dificuldades encontradas em
relação à rotina do serviço. Optou-se também por realizar uma comparação da
análise documental e os resultados da entrevista.
Com isso, foram identificadas na entrevista estruturada quatro categorias de
análise, considerando o perfil dos profissionais, o exercício da profissão, aspectos
relacionados à prática do enfermeiro e à rotina hospitalar.
4.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS
A análise das entrevistas estruturadas foi realizada tendo em vista o roteiro
elaborado o qual a primeira parte continha informações que possibilitavam o
estabelecimento do perfil dos respondentes, na segunda parte buscava informação
referente ao conhecimento dos respondentes sobre aprazamento, na terceira parte
coletou-se dados sobre a atuação profissional do respondente e na quarta parte a
análise documental em prontuário.
A construção dos dados foi sistematizada de acordo com os objetivos da
pesquisa, considerando o perfil de cada um dos participantes e a interferência da
rotina hospitalar no aprazamento de medicamentos. A análise foi estruturada
conforme os passos descritos a seguir.
30
4.2.1 Perfil dos enfermeiros entrevistados
No roteiro da entrevista estruturada contendo 16 questões aos participantes,
no entanto, sete responderam ao questionário, um participante estava de férias e os
outros dois optaram por não participar da entrevista.
A primeira parte realizada foi a análise do perfil dos entrevistados por
categoria, distribuído os dados considerando os enfermeiros entrevistados.
Com relação aos dados desta análise permitiram analisar o perfil dos
participantes sendo distribuídos numa faixa de idade que variou de 25 a 55 anos,
com predominância do grupo etário de 26 a 30 anos (57,14%). Verificou-se que a
maioria dos enfermeiros entrevistados são do sexo feminino (85,71%). A
predominância feminina na enfermagem é algo esperado, e confirma a tendência de
estudos como os de Rezende (2003), dentre outros, que discutem que a profissão é
eminentemente formada por mulheres.
Em relação ao estado civil a predominância foi de solteiros, representando
57,14% contra 42,85% de casados, com predominância de 42,85% dos participantes
sem filhos e 14,28% com mais de um filho.
4.2.2 Trajetória de trabalho e atuação profissional
Ao considerar a relação do tempo de formação dos participantes, os
entrevistados mostraram uma formação entre quatro e seis anos (57,14%), ou seja,
verificou-se certa experiência assistencial dos enfermeiros.
Em relação ao cargo que exercem na instituição hospitalar 71,42% do total
dos participantes trabalham na área assistencial.
Em relação à função que exercem como enfermeiros 71,42% tinham
experiências na área da saúde, atuando como enfermeiros na área assistencial há
mais de cinco anos. A segurança do tratamento do paciente deve estar baseado no
diagnóstico certo, conhecimento da fisiologia e farmacologia, a dose mínima do
medicamento para que seja eficiente no período de tempo certo, estabelecendo
metas para avaliação e eficácia do tratamento (PFAFFENBACH, 2002).
31
Em relação às horas trabalhadas, 71,42% do total relataram cumprir uma
carga horária exigida de 30 horas semanais.
Com base à inclusão de outro vínculo institucional, 71,42% dos participantes
responderam não trabalharem em outro hospital.
4.2.3 Conhecimento sobre aprazamento
Em relação aos aspectos referentes ao aprazamento, 85,71% do total
responderam que é atribuição do enfermeiro tal prática.
Quando interrogado aos participantes da instituição hospitalar a respeito das
suas limitações na assistência ao paciente, todos referiram como grande ponto
limitante a rotina hospitalar como o tempo gasto dispensado à resolução de
problemas administrativos representando 57,14% do total e 42,85% utilizarem como
critério para a tomada de decisões baseando-se no estado físico e clínico do
paciente. Deve ser prioridade a ser cumprida nas instituições hospitalares a
segurança do paciente em relação à execução da terapia medicamentosa para
diminuir os riscos e falhas prestando assim uma assistência de qualidade (MARTINS
et al, 2011).
Em relação às informações referentes ao funcionamento do serviço de
farmácia, 100% responderam ter conhecimento que funcionam 24 horas. Quando
um paciente é submetido a procedimento ou exame que necessite ausentar-se, uma
medida para não atrasar o horário dos medicamentos era prever o momento da
realização desses exames por meio da comunicação dos diversos setores do
hospital (TEIXEIRA; CASSIANI, 2007).
Quando questionado aos participantes da pesquisa em relação às atividades
da enfermagem continuada com oferecimento de cursos pela instituição sobre
administração de medicamentos, 57,14% responderam que não há cursos.
Em relação às dificuldades ao aprazamento, 42,85% dos participantes
responderam que na prescrição medicamentosa continham erros.
Com base aos horários pré-determinados, 100% responderam que há rotina
para os horários. Segundo o autor devem ser evitados os horários padronizados
como norma da instituição, sobrecarregando assim os horários e o preparo da
administração de medicamentos, minimizando assim esse problema como presença
de sintomas ou reações adversas (MIASSO, 2006).
32
Em relação à inclusão de tomada de decisão 71,42% responderam que
sofrem influência da rotina hospitalar no aprazamento de medicamentos e 28,58%
responderam que levam em consideração o estado físico e clínico do paciente para
o aprazamento de medicamentos.
4.2.4 Análise documental
Durante a coleta foram selecionados oito prontuários dos pacientes
internados na clínica médica em relação à prescrição médica contendo o tipo do
medicamento, o horário adequado do aprazamento e se houve interação
medicamentosa.
Em relação a frequência das classes dos medicamentos analisados nos
prontuários selecionados predominam como mostra o gráfico 1.
Medicamentos prescritos
Antibióticos
Analgésicos e Antipiréticos
11%
Antieméticos
Diurético
22%
33%
34%
Gráfico 1: Medicamentos Prescritos
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se que na prescrição médica as classes dos medicamentos de
analgésicos e antipiréticos são os mais prescritos, porém o aprazamento e a sua
administração só será realizado se o paciente apresentar alguma alteração do seu
quadro clínico como, por exemplo, febre.
Quanto ao perfil do aprazamento dos medicamentos (vide gráfico 2),
observou-se que há maior frequência na administração nas doses no período da
manhã (40%) sendo medicada às 06h. No período da tarde verificou-se que 30%
dos pacientes tiveram os medicamentos aprazados às 14h. No período da noite
33
verificou-se (30%) dos pacientes internados tiveram suas medicações aprazadas às
22h. Quanto ao perfil de aprazamento dos horários de administração de
medicamentos verificou-se que os resultados obtidos as doses concentram-se em
três horários, às 06h, 14h e às 22h.
Perfil do Aprazamento dos Medicamentos
6h
14h
30%
22h
40%
30%
Gráfico 2: Perfil do Aprazamento dos Medicamentos
Fonte: Dados da pesquisa
Segundo Carvalho (2002), esta concentração de vários medicamentos em
determinados horários encontra-se, muitas vezes, relacionada à rotina da instituição,
bem como os hábitos de trabalho da equipe de enfermagem, em que a instituição
estudada, a responsabilidade pelo aprazamento dos medicamentos é atribuição do
enfermeiro que não apraza medicamentos em horários específicos, no intuito de
evitar esquecimentos ou interferências na atividade de administrar medicamentos.
A organização do hospital segue uma rotina, na unidade de clínica médica
consiste na visita do médico ao paciente internado e na liberação da prescrição
médica, o enfermeiro realiza o aprazamento
de medicamentos e encaminha a
prescrição médica ao serviço de farmácia para dispensação de fármacos que por
sua vez encaminha os medicamentos a unidade de internação na clínica médica.
O enfermeiro é o responsável pelo aprazamento contudo a rotina hospitalar e
a resolução de atividades administrativas interferem nesse processo onde verificouse similaridade no planejamento de aprazamento nos horários pares: 06h, 14 h e
22h. O horário de maior concentração foi às 06h, com 4 doses.
34
Com relação à análise nos prontuários analisados o horário do aprazamento
não foi adequado verificando a similaridade de concentração para a administração
do antimicrobiano e do anticonvulsivante aprazados no mesmo horário, às 06 h
podendo ocorrer interação medicamentosa podendo trazer prejuízos à terapia
medicamentosa do paciente.
Com base nos dados faz-se necessário a alteração do aprazamento de
medicamentos para as interações medicamentosas não ocorram.
Não se encontrou dose em horário ímpar em nenhuma das prescrições
analisadas.
4.3 Comparando os Resultados da Entrevista com a Análise Documental
Nos últimos anos houve considerável avanço da indústria farmacêutica no
que diz respeito a novos fármacos, inclusive na questão das bulas com informações
gerais sobre o medicamento a ser administrado.
Com relação aos dados da entrevista no que se refere às dificuldades
encontradas no aprazamento de medicamentos pelo enfermeiro ao se comparar os
resultados obtidos nesta pesquisa verificou-se o tempo gasto em resolução de
problemas administrativos diminuindo o tempo gasto na assistência ao paciente,
tanto no âmbito individual como coletivo, sendo este ciente que é membro
participativo da equipe multiprofissional limitando-o assim para a questão do cuidar.
Em relação à avaliação do estado físico e clínico do paciente internado foi
identificado que existe uma ausência na questão referente ao processo de avaliação
do estado físico e clínico pelo enfermeiro.
Com relação ao perfil do aprazamento dos medicamentos comparando os
dados da pesquisa com a análise documental evidenciou-se haver interferência em
relação a rotina diária com resolução de problemas administrativos pelo enfermeiro
limitando assim o seu tempo para o correto aprazamento baseado em evidências
clínicas e físicas do paciente internado, causando interação medicamentosa entre
os medicamentos aprazados e administrados no mesmo horário, o que resulta como
um provável reflexo do cenário particular da instituição hospitalar.
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise deste estudo permitiu concluir que:
Com relação aos dados da entrevista no que se refere às dificuldades
encontradas no aprazamento de medicamentos pelo enfermeiro ao se comparar os
resultados obtidos nesta pesquisa verificou-se o tempo gasto em resolução de
problemas administrativos diminuindo o tempo gasto na assistência ao paciente,
tanto no âmbito individual como coletivo, sendo este ciente que é membro
participativo da equipe multiprofissional limitando-o assim para a questão do cuidar.
Em relação à avaliação do estado físico e clínico do paciente internado foi
identificado que existe uma ausência na questão referente ao processo de avaliação
do estado físico e clínico pelo enfermeiro.
Com relação ao perfil do aprazamento dos medicamentos comparando os
dados da pesquisa com a análise documental evidenciou-se haver interferência em
relação a rotina diária com resolução de problemas administrativos pelo enfermeiro
limitando assim o seu tempo para o correto aprazamento baseado em evidências
clínicas e físicas do paciente internado, causando interação medicamentosa entre
os medicamentos aprazados e administrados no mesmo horário, o que resulta como
um provável reflexo do cenário particular da instituição hospitalar.
É necessário que ações sejam implementadas para o correto aprazamento de
medicamentos pelo enfermeiro como um manual de normas e rotinas elaborado pela
gerente de enfermagem assim como as chefias em relação ao aprazamento, a
diversificação dos horários e a conscientização dos profissionais envolvidos para
assegurar ao paciente internado uma terapia medicamentosa segura levando em
conta
a
peculiaridade
do
responsabilidade e eficiência.
medicamento
administrado
com
segurança,
36
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40
APÊNDICE
Instrumento de Pesquisa I
Roteiro de entrevista estruturada para os enfermeiros lotados na clínica
médica do Hospital das Forças Armadas, Cruzeiro - DF.
ENTREVISTA ESTRUTURADA
IDENTIFICAÇÃO
1) Sexo
( )F
( )M
2) Faixa etária
( ) 20-25 anos
( ) 26- 30 anos
( ) 31-35 anos
( ) 36- 40 anos
( ) 41-50 anos
( ) 51- 55 anos
3) Estado civil ?
( ) casada
( ) solteira
( ) divorciada
( ) outros
4) Número de filhos?
( ) 1 filho
( ) 2 filhos
( ) 3 filhos
filhos
TRAJETÓRIA DE TRABALHO DO ENTREVISTADO
1) Tempo de formação?
( ) 1 a 3 anos
( ) 4 a 6 anos
( ) 7 a 10 anos
( ) mais de 10 anos
2) Exerce cargo de enfermeiro?
( ) assistencialista
( ) supervisor
( ) mais de 4
41
( ) assistencialista/ supervisor
3) Há quanto tempo trabalha na área assistencial?
( ) 5 anos
( ) 10 anos
( ) 15 anos
( ) 20 anos
4) Carga horária que executa semanalmente?
( ) 20 h
( ) 36 h
( ) 40 h
5) Tem outro emprego?
( ) sim
( ) não
Se sim assinale:
( ) público
( ) privado
ASPECTOS DO APRAZAMENTO DA MEDICAÇÃO
1) Quem faz o aprazamento dos medicamentos?
( ) médicos
( ) enfermeiro
( ) auxiliar de enfermagem
( ) técnico de enfermagem
2) No seu plantão o seu tempo é exclusivamente gasto com ?
( ) resolução de problemas administrativos
( ) supervisão de cuidados
( ) realização de procedimentos
3) A farmácia funciona 24 h para aquisição de medicamentos?
( ) sim
( ) não
outros ______________
4) Há cursos/ educação continuada para a equipe de enfermagem sobre
administração de medicamentos?
( ) sim
( ) não
5) Quais as dificuldades encontradas no aprazamento das medicações?
( ) falta de medicamento na farmácia
( ) tempo dispensado para a realização do aprazamento
( ) intervalo das doses
( ) interações medicamentosas
(
)
______________________________________________________________
Outro
42
6) Existe no serviço horários pré-determinados para a administração de
medicamentos?
( ) Sim
( ) Não
7) Marque o (s) instrumento (s) que te auxiliam na tomada de decisões para o
aprazamento de medicamentos?
( ) rotina do serviço
( ) número de funcionários
( ) funcionamento da Farmácia
( ) estado físico do paciente
( ) livros
Instrumento de Pesquisa II
Análise dos dados de aprazamento de medicações nos prontuários de pacientes
internados na clínica médica do HFA no período de agosto à outubro de 2013.
Casos
Caso 1
Caso 2
Caso 3
Caso 4
Caso 5
Caso 6
Tipo de
Horários de
medicamento
aprazamento
Adequado
Sim
Não
Observação
43
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O Senhor (a) está sendo convidado para participar da pesquisa intitulada “ Interferência da
Rotina Hospitalar no Aprazamento de Medicamentos Realizadas pelo Enfermeiro” que tem
como objetivo identificar os critérios utilizados para aprazamento de medicamentos pelo enfermeiro
em uma prescrição medicamentosa. Esta pesquisa é importante para que o Hospital das Forças
Armadas possa melhorar cada vez mais o atendimento ao usuário internado no hospital. Sua
participação será por meio da concessão de entrevista estruturada com duração de no máximo 30
minutos sobre o atendimento prestado ao paciente internado, conhecimento em relação à fisiologia,
metabolismo e excreção de fármacos com a finalidade de verificarmos os horários e intervalos da
administração de medicamentos. O(a) senhor(a) receberá todos os esclarecimentos necessários
antes e no decorrer da pesquisa. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital das Forças Armadas e lhe garantimos os direitos abaixo relacionados:
1. Solicitar, a qualquer momento, maiores esclarecimentos sobre esta pesquisa, através dos
telefones: - Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Forças Armadas: 61- 39662285;
Fernanda Monteiro de Castro 61-33569225/ Amanda Micheline Alves 61-9965-3904;
2. Segredo absoluto sobre nomes, local de trabalho, residência e quaisquer outras informações que
possam levar à identificação pessoal e da instituição a qual pertence;
3. Ampla possibilidade de negar-se a responder a quaisquer questões ou a fornecer informações
que julgar prejudicial à sua integridade física, moral e social;
4. Solicitar que parte das falas e/ou declarações não sejam incluídas em nenhum documento oficial,
o que será prontamente atendido;
5. Desistir, a qualquer tempo, de participar da pesquisa.
Os resultados da pesquisa serão publicados em jornais e revistas científicas, apresentados
em eventos científicos e para equipes técnicas e de gestores do Hospital das Forças Armadas para
que possam ser utilizados no planejamento, organização e gestão da saúde. Uma cópia deste termo
permanecerá com o Sr(a) e a outra ficará arquivada, juntamente com os demais documentos da
pesquisa, com o pesquisador responsável, na sala S 113, Bl. S, no 1º Andar, Universidade Católica
de Brasília, Campus I, Q.S 07, Lote 01, EPCT, CEP-71.966.700 – Águas Claras – Taguatinga SulBrasília-DF – Brasil. Telefones: (61) 3356-9000.
44
Brasília-DF, ________ de _______________________ 2012.
______________________________________________________
Nome do participante/ assinatura
__________________________________
Pesquisador responsável
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