UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Jonas Costa da Silva Luciana Costa da Cruz Maria Elisabete Lopes Silva EFICIÊNCIA NO ATENDIMENTO HOSPITALAR PÚBLICO EM MARABÁ, É POSSÍVEL? Marabá - Pa 2012 Jonas Costa da Silva Luciana Costa da Cruz Maria Elisabete Lopes Silva EFICIÊNCIA NO ATENDIMENTO HOSPITALAR PÚBLICO EM MARABÁ, É POSSÍVEL? Trabalho apresentado ao Curso de Bacharelado Administração Pública da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção de nota referente à disciplina Seminário Temático II. Orientador (a): João Guilherme Viana Corrêa Marabá - Pa 2012 Jonas Costa da Silva Luciana Costa da Cruz Maria Elisabete Lopes Silva EFICIÊNCIA NO ATENDIMENTO HOSPITALAR PÚBLICO EM MARABÁ, É POSSÍVEL? Trabalho apresentado ao Curso de Bacharelado Administração Pública da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção de nota referente à disciplina Seminário de Temático II. Aprovado em _____ de __________ de 2012. BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________ Prof. (colocar nome do professor integrante da banca) _________________________________________________ Prof. (colocar nome do professor integrante da banca) SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4 1. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 5 2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 6 3. METODOLOGIA........................................................................................................... 6 4. SITUAÇÃO ATUAL ...................................................................................................... 7 5. SITUAÇÃO DESEJADA ............................................................................................... 8 6. FORÇAS POSITIVAS E NEGATIVAS .......................................................................... 9 7. LINHAS DE AÇÃO ..................................................................................................... 10 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 11 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 13 4 INTRODUÇÃO Embora esteja explícito na constituição brasileira, a de 1988, que a saúde é um direito social que deveria se estender a toda sociedade brasileira, não se encontra registrado na história dos serviços públicos, exemplos de que o serviço de saúde publica obtivesse eficiência e chegasse a um nível de satisfação da maioria dos brasileiros. Os mais diversos casos de ineficiência se repetem em cada região tornando um mal presente na vida de qualquer brasileiro, principalmente a camada mais carente financeiramente. Partindo de uma observação dessa indesejável situação, dentro da realidade municipal, surge a questão que certamente interessa não somente a população, mas também todo o quadro funcional da saúde pública passando por médicos, enfermeiros, gestores, sejam eles em qualquer esfera governamental. Eficiência no serviço de saúde pública é possível? O presente trabalho tem por finalidade analisar esta questão e procurar entender o porquê das falhas no serviço da saúde pública, mais detidamente a municipal local, e sendo um direito fundamental do ser humano. Quais as medidas que estão sendo tomadas para não agravar a situação ou o que fazer para reverter esta realidade, tendo como local de estudo o Hospital Municipal de Marabá. Nota-se que as principais reclamações são justamente a falta de humanização nos atendimentos, onde aquele que precisa do mesmo é tratado como um problema a ser resolvido e não um ser humano que necessita de atendimento. Se junta à lista a falta de uma estrutura adequada para receber os pacientes, bem como aos profissionais capacitados e motivados, que em alguns momentos não demonstram ser tão capazes. E, principalmente, a falta de uma administração eficiente, carência de dentro para fora, onde tanto o diretor, secretário de saúde, o executivo, enfim. Demonstram não se preocupar em cumprir o mínimo necessário. Falta comprometimento em melhorar o serviço de atendimento, buscar qualidade neste serviço, por se tratar de um problema no país todo? Acreditando ser um assunto tão delicado e que às vezes é evitado de ser discutido, o presente trabalho apresenta ideias, sugestões, que podem favorecer a melhoria do atendimento no serviço de saúde, citando problemas atuais e possíveis soluções para os mesmos, a partir da analise dos problemas que paralisam o 5 avanço da saúde do município, da roda de discussão da equipe de trabalho e da leitura de alguns teóricos que escrevem sobre o assunto. 1. JUSTIFICATIVA No mundo moderno as organizações primam por qualidade, produtividade, competitividade. Para que este processo aconteça é necessário que o gestor no seu planejamento, defina objetivos, metas, prioridades. E trace linhas de ação que busquem a eficiência e a eficácia, para que o resultado seja satisfatório. No caso da gestão pública, o benefício será para a coletividade que poderá ter acesso aos serviços essenciais. A saúde é um deles. Porém, o que se nota são crescentes reclamações, insatisfações expressadas em jornais televisivos, escritos e ouvidos, em que o descaso com a população mais carente e necessitada de tais serviços é evidente. Nem o mínimo às vezes é ofertado. Baseado nas informações e no que se vê, este trabalho tem a finalidade de analisar a possibilidade, dentro do âmbito legal, estrutural, humano, de se ter eficiência no atendimento hospitalar público em Marabá. Sabe-se que a crise na saúde não é “privilégio” apenas do município, contudo, é bem mais coerente se focar na realidade em que se conhece, observa-se o que ocorre. É uma familiaridade que permite que seja feito uma análise da situação atual, procurando destacar o que de fato acontece. Também o que se deseja ter. Além de linhas de ação com ideias, sugestões, baseados em leitura de teóricos que dissertam sobre o assunto. De acordo com o estudo de informações sobre o tema, além das discussões da equipe de trabalho, observa-se que a temática é de relevância por tratar-se de um direito fundamental que não é respeitado. A Constituição brasileira inscreve a saúde entre os direitos sociais e a reconhece como um direito de cidadania estendido a todos os brasileiros. Por que é tão difícil criar condições que reconheçam de fato esse direito? 6 Percebe-se que além de melhor gerenciamento dos recursos pagos por altos impostos, a humanização do serviço hospitalar poderá ser um excelente meio de melhorar tal realidade. 2. OBJETIVO GERAL Analisar a eficiência do atendimento no serviço hospitalar público em Marabá. 2.1 OBJETIVOS ESPECIFICOS - Mostrar a situação atual do atendimento no hospital municipal de Marabá, além do desejado. - Desenvolver ideias, linhas de ação que possibilite um atendimento eficiente e eficaz. - Mostrar que a saúde é um direito social e que precisa ser respeitado. - Incentivar palestras com profissionais de saúde sobre atendimento humanizado. 3. METODOLOGIA O presente trabalho que objetiva analisar a possibilidade de se ter eficiência no atendimento hospitalar público em Marabá, passou por algumas etapas que foram necessárias para que se pudesse chegar a algumas considerações pertinentes ao assunto. Para que se chegasse a esta temática o grupo de trabalho reuniu-se, e em meio a tantas possíveis probabilidades, a problemática de atendimento em todas as áreas do Hospital Municipal, alvo de polêmicas na mídia e constantes assédios políticos. Por ser uma referência de atendimento para Marabá e vários municípios vizinhos, a demanda é grande, não conseguindo dar conta, tornou-se foco de divergências internas e externas, ocasionadas principalmente pelo momento político de transição pelo qual passa o município. Após a definição do tema, novamente a necessidade de várias discussões para se falar, cada um expressando espontaneamente, como se vê a situação atual, 7 como seria o desejado, além de algumas ideias, sugestões, importantes para que se traçasse possíveis ações que poderiam ser utilizadas para solução dos problemas mais graves. Além do planejamento, execução e verificação de como seria o fluxo contínuo das ideias para sequencia do trabalho, foi necessária pesquisa e leitura de alguns autores que falam sobre o assunto, procurando sempre conciliar com as ideias que a equipe havia disposto. Após a conciliação do seria mais interessante expor e de acordo com o tema escolhido, as considerações sobre o estudo, que não se esgotam, mas serve como aprendizagem, reflexão, parâmetro para melhorias contínuas de um assunto que incomoda, e que por vezes é colocado como sem solução. Também nas considerações, procurou-se observar como algumas ciências de estudo, tais como o Direito, Sociologia Organizacional, Contabilidade Pública, além de outras, são importantes para que se possa realmente perceber que alguns entraves na administração pública brasileira podem ser resolvidos se a gestão tiver compromisso e boa vontade de resolver. E que por vezes, um simples gesto de humanização no atendimento do outro serve como ponto de partida para um novo modelo. 4. SITUAÇÃO ATUAL No hospital Municipal percebe-se a ausência de uma boa administração, tendo em vistas que a participação dos recursos é tripartite, ou seja, recebe recursos municipal, Estadual e Federal, mesmo assim, o atendimento é muito moroso, burocrático. Observa-se no Hospital Regional (atuação Estadual), uma melhor distribuição dos recursos, atendimento mais humanizado de seus pacientes, inclusive uma das preocupações é saber dos seus clientes se foram bem atendidos. O Municipal atualmente sofre com a questão da alta demanda de atendimento de urgência, emergência e ambulatorial, pois atende a população de Marabá e os municípios circunvizinhos, proporcionando com isso, um atendimento sem qualidade. 8 Regional é um hospital público, mas é administrado pelo Pró- Saúde, uma espécie de terceirização. Atende a casos que necessitam de um atendimento mais especializado, com uma demanda menor, possui um sistema onde é marcados consultas e exames. Somente é atendido o paciente marcado. Quantos aos equipamentos do Municipal possui um grande números de aparelhos de ponta, bem como raio X, Mamógrafo, Tomografia e outros, mas por questões de ingerência dos recursos público, a dificuldade é na manutenção destes equipamentos, e o resultado é quando o paciente chega o aparelho está quebrado, deixando a população sem o serviço. O problema fundamental enfrentado pela medicina ambulatorial e hospitalar é o da baixa qualidade dos serviços. Estes não estão disponíveis para a população nem na quantidade nem na qualidade minimamente desejável. O cidadão é obrigado a filas imensas e a um atendimento sempre precário. (Bresser Pereira, 1995). 5. SITUAÇÃO DESEJADA Estrutura mais moderna e capacidade para receber o grande número de usuários do serviço de saúde já que o número de pessoas que necessitam dos serviços hospitalares é muito grande. É o único hospital para atender mais de cinco municípios circunvizinhos de Marabá nas mais diversas especialidades. Infraestrutura adequada e qualidade no atendimento. Não adianta quantidade se não há qualidade. Atendimento mais humanizado com profissionais capacitados. Desde a recepção, passando pela enfermagem, atenção dos médicos, brevidade nos exames, até o momento da saída. Equipamentos que possam proporcionar o bom atendimento, envolvendo tecnologia da informação e máquinas modernas para realização de exames. Números de funcionários suficientes para não gerar esgotamento físico e psicológico nos servidores evitando assim erros causados por falhas humanas. 9 Ambientes de espera adequados para que não venha proporcionar ao paciente desânimo e piore sua situação de enfermidade, ambiente higienizado e que procure transmitir otimismo ao paciente. Sabe-se que satisfação total é bem difícil se obter, contudo, muitas vezes um olhar, sorriso, palavras amistosas, além de informações, vale tão bem quanto um atendimento médico eficiente. 6. FORÇAS POSITIVAS Atende um grande número de pessoas de Marabá e municípios circunvizinhos, ato que exige do servidor um maior esforço físico e mental. Realiza cirurgias de pequena e média complexidade possibilitando a solução em casos de doenças e traumas não tão graves. Tem um grande número de equipamentos de ponta, aumentando o numero de casos e doenças que possam ser tratados neste local. Possui atendimento de urgência e emergência, além do ambulatorial que é de suma importância para a orientação correta do paciente como a medicação e a avaliação durante o atendimento. 7. FORÇAS NEGATIVAS Atendimento sem qualidade começando pela recepção que não transmite empatia para o paciente, continuando pelo médico que sequer o olha nos olhos. A pressa é para agilizar o atendimento e logo dispensá-lo. Ambiente inadequado, sala de espera quase sempre suja com bebedouros derramando água e inundando a sala de espera. Falta higienização adequada e resguardada em lei. O ambiente ambulatorial, que deveria ser um local para que o paciente aguarde o atendimento médico, tornam-se uma sala de urgência e emergência, com pacientes espalhados nas macas, sentados em cadeiras, outros em pé por não ter mais lugar. Má vontade dos funcionários em facilitar o atendimento. Médicos que não chegam no horário correto. Atendentes que não seguem a ordem de chegada dos pacientes causando transtorno e confusão nas filas. 10 Ausência de manutenção dos equipamentos, principalmente na máquina mais utilizada que é a de Raio-X. Falta de gerenciamento de recursos. Embora o hospital recebe as verbas, não há uma politica de melhoramento no atendimento que priorize a qualidade dos serviço ou que se importe. 8. LINHAS DE AÇÃO Parcerias público-privadas para arrecadação de verbas para investir na estrutura e na manutenção dos equipamentos do hospital. Palestras, cursos que capacitem os funcionários para um atendimento humanizado, e os mesmo seriam ministrados por escolas técnicas especializadas ou por profissionais renomados na área. Criar instrumentos que possam consultar o paciente a respeito do atendimento e ouvir as critica e sugestões por parte dos pacientes. Aumento de o quadro funcional para os servidores não excedam sua carga de trabalho e não prejudique o atendimento. Medir as condições estruturais dos serviços desde os parâmetros físicos, capacitação de pessoal e/ou desempenho de equipamentos. Através de processos gerenciais, tornar consciente a todo corpo hospitalar, que quando se atua sobre a vida de seu semelhante, deve fazê-lo com a melhor intenção e qualidade. Mudança de olhar: eliminar a visão do paciente como inimigo. Passa-se a ter pessoas mais abertas para o sentir, e a empatia pode diminuir os momentos de dificuldades. 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível a eficiência no atendimento hospitalar público em Marabá? Sim, depende de alguns fatores. Observa-se que a instituição em estudo atende a população marabaense e aos municípios circunvizinhos, acarretando uma alta demanda e que muitos consideram o primeiro atendimento moroso e burocrático. Mas, que passando o primeiro estágio, o atendimento ocorre, levando em consideração que as condições de trabalho não são boas, salários atrasados, mesmo assim o atendimento não para. E para surpresa de muitos, o Municipal possui um grande números de equipamentos de ponta, um centro cirúrgico equipado, realiza cirurgias de pequena e média complexidade e vários exames como: Raio X, Mamografia, laboratoriais e outros. Infelizmente a manutenção não ocorre como deveria. Além disso, o município passa pelo momento de transição política, com a mudança do novo gestor Municipal, e a instituição enfrenta sérios problemas financeiros relativos à folha de pagamento dos servidores em atraso, configurando um tremendo descaso com a população que necessita dos serviços de saúde. Descaso, este desnecessário, pois a Constituição Federal/88 informa em seu artigo 198, parágrafo 2º, que: A União, os Estados, O Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: ...o produto da arrecadação dos impostos recebidos em cada esfera. Então, fica evidente que o problema é ausência de um bom gerenciamento do recurso público, por não estar sendo aplicado adequadamente, resultando em muitas reclamações dos pacientes pela demora e grosseiro atendimento, além dos funcionários pela grande demanda de trabalho. Nota-se a contribuições das várias ciências do conhecimento na organização deste trabalho bem como: da sociologia organizacional, nos mostrando que as organizações são formadas de pessoas, ambiente, tecnologia, interesses e objetivos definidos, e podem ainda, serem públicas ou privadas. 12 Apresentou-nos a descoberta da Sociologia e antropologia no inicio do século XX sobre a eficácia organizacional, conforme Silva (2010, p.95): O homem se socializa de acordo com os padrões e os modelos que o ambiente, no qual está inserido, ensina-lhe. Assim, se o ambiente lhe ensina que competitividade ou excelência são os principais valores de um produto ou de um serviço, os resultados vão ser competitivos ou excelentes, de acordo com uma escala de importância da variável. E nesse caso, a organização tende a apresentar melhores resultados. Ou seja, o homem é produto do contexto social vivido e a organização faz uso dessas informações para programar seus objetivos, por exemplo, para um atendimento eficiente é preciso que todos os envolvidos estejam dispostos a buscar a qualidade de fato e de direito. Já em Instituições de Direito Público e Privado, estuda-se a Lei Maior que é a Constituição, e que responde sobre todos os assuntos da sociedade, enfatizando que os princípios da Administração Pública, conforme Oliveira e Costa (2010, p.100), são: legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência. Bem, nosso objeto de estudo é o atendimento eficiente no âmbito hospitalar público, em que alguns destes princípios estão sendo feridos e cabe ao gestor observar, analisar e providenciar mudanças que possibilitem um atendimento qualificado, não apenas quantificado. Cabe também a esse gestor, baseado no PPA (Plano Plurianual), na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e a LOA ( Lei Orçamentária anual), de acordo com a realidade de seu município, verificar se o que foi estimado, legislado, realmente está sendo realizado. Dentro da Contabilidade pública, de acordo com Haddad & Mota (2010, p17), “desde a edição da Lei 4.320/64 a técnica do orçamento – programa que é um sistema de planejamento, programação e orçamentação”, auxilia bastante neste processo. Portanto, dentro da Administração Pública, têm-se todas as ferramentas essenciais para que a gestão possa realizar um trabalho voltado para a coletividade, principalmente uma área tão carente como é a saúde. Parte-se do entendimento de que um atendimento eficaz passa por um processo de humanização que ultrapassa todos os elementos burocráticos. Ao se ter uma boa logística de atendimento, é necessária a consciência do profissional de saúde de 13 que não se está lidando com um doente, mas um sujeito total, fragilizado, com certeza, mas um ser humano, não apenas um problema a ser resolvido rapidamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - http://bresserpereira.org.br/papers/1995/97.ReformaSistemaSaude.pdf - acesso em 13/01/13. - Constituição Federal/ artigo 198, parágrafo 2º - Silva (2010, p.95):