U NIVERSIDADE DE SÃ O PA UL O FAC ULDA DE DE SAÚDE PÚBLICA DEPA RTA M E N TO DE N UTRIÇ Ã O HNT- 130 – Nutrição Normal VITA MIN A C, BIO TIN A E Á CID O PA N TO TÊNIC O VITA MIN A C INTRO D U Ç Ã O •Século XV = Cruzadas marítimas (escorbuto). •Século XVIII = m édico escocês Jam es Lind realizou um experimento clínico-nutricional = limão e laranja promoviam a cura do escorbuto. •Início do século XIX = isolamento do ácido hexurônico = ácido ascórbico→ Síntese da vitamina ESTRUTU R A Q UÍMIC A • •Derivado das hexoses (C6H 8 O 6 ). •O ácido ascórbico isolado é sólido branco, estável e inodoro; e m solução aquosa se oxida facilmente, gerando o ácido dehidroascórbico. •As formas ativas (antiescorbuto) da vitamina C são o ácido ascórbico e o ácido dehidroascórbico M ETA B OLISM O Alimentos AA ↓ PLASMA 70-90% AA → AA → Enterócito ↓ DHAA → Fezes DHAA → AA ↑ DHAA Urina (AA e metabólitos) Tabela 1 .Ingestão e absorção de ácido ascórbico. Quantidade ingerida (mg/d) <30 30-180 1000-1500 12000 % Absorvido >90 70-90 50 16 Tabela 2 .Ingestão e saturação compartimental. Quantidade ingerida (mg/d) 100 1000 Compartimento células (leucócitos, eritrócitos) plasma Tabela 3 . Conteúdo de ácido ascórbico em alguns tecidos e fluidos humanos. Tecido/fluido Pituitária Adrenal leucócitos Olho Cérebro Fígado Baço e pâncreas Rins Coração Sêmen Pulmões Músculo esquelético Testículos Líquido cérebro-espinhal Tireóide Plasma Saliva Leite materno Ácido ascórbico (mg/100g) 40-50 30-40 7-140 25-31 13-15 10-16 10-15 5-15 5-15 3-10 7 3 3 2-4 2 0,3-1 0,09 3-10 (mg/dL) FUN Ç Õ ES •participa das reações do óxido-redução (Fe3+ → Fe2+ ), melhorando a absorção do ferro iônico; •protege os lípides e a LDL contra oxidação; •atua como co-fator na hidroxilação da prolina, sintetizando colágeno, elastina, proteoglicanos, matriz óssea; •protege as células, DNA e demais proteínas contra RO S; •protege as estruturas e fluidos oculares contra os R O S produzidos pela luz; •protege as proteínas oxidação e aglutinação; dos espermatozóides contra a FUN Ç Õ ES •atua como co-fator na síntese de norepinefrina (noradrenalina) a partir da dopamina; •atua como co-fator na síntese da carnitina; •estimula a síntese de prostaglandinas (ação vasodilatadora); • ação anticoagulante, anti-histamínica; • diminui a síntese de nitrosaminas no estômago (o ácido ascórbico faz parte da secreção do suco gástrico). DEFICIÊNCIA •fadiga = deficiência leve; •escorbuto (petéquias, hemorragia peri-folicular, sangramento e inflamação das gengivas, hiperqueratose, dispnéia, edema e dor nas articulações, fraqueza muscular, sensação de fadiga, letargia, hipocondria, depressão e instabilidade vascular) – os 4 H: hemorragia, hiperqueratose, hipocondria, alterações hematológicas; •deficiência de crescimento; (crianças) •alteração da ossificação; (crianças) •anemia hipocrômica por hemorragia. ESC O R B UTO Associado ao alcoolismo crônico e abuso de drogas. Os sintomas do escorbuto aparecem quando: • poolcorporal de ácido ascórbico < 300mg • sangue total < 0,3mg/dL • plasma < 0,1mg/dL AV A LIAÇ Ã O DO ESTAD O N UTRICIO N AL •plasma: boa relação com a ingestão alimentar recente. •leucócitos: reflete o conteúdo nos tecidos. •excreção urinária: não é uma boa forma, pois não é linear com a ingestão e o mecanismo de reabsorção renal é bastante eficiente. •homens e fumantes: concentração plasmática mais baixa. •diabéticos: baixas concentrações, mas não são relacionadas àingestão e nem à excreção urinária. Tabela 4.Concentração de ácido ascórbico e estado nutricional. Estado Plasma (mg/dL) pool corporal (mg) leucócitos (µg/108 células) Normal 0,4 - 1,5 500-1500 (10-22mg/kg) 20-53 Baixo 0,2 – 0,4 300-500 10-20 <0,2 <300 <10 deficiente NE C ESSIDADES NUTRICION AIS Para prevenir contra o escorbuto: 5 a 10mg/d Tabela 5. Recomendações nutricionais de vitamina C (RDA, DRIs, 2000). Estágio vida Idade Ho mens (mg/d) M ulheres (mg/d) Criança 0-6 meses 6-12 meses 1-3 anos 4-8 anos 9-13 anos 40 (AI) 50(AI) 15 25 45 40 (AI) 50(AI) 15 25 45 Adolescentes 14-18 anos 75 65 Adultos 19 e + 90 75 Fu mantes 19 e + 125 110 Grávidas Até 18 anos 19 e + ----- 80 85 Nutrizes Até 18 anos 19 e + ----- 115 120 FONTES ALIM ENTARES •frutas e sucos em geral (kiwi, laranjas, limão, manga, uva, melão). •vegetais frescos (aspargos, brócoles, couve de Bruxelas, repolho, couve-flor, pimentão, tomate). VITA MIN A C E IMU NID A DE Suple mentação de ácido ascórbico m elhora a resposta imune? •dados divergentes •estudos in vitro mostram inativação ou inibição de vários tipos de vírus;in vivo os resultados não se reproduziram; •placebo x tratado: não houve diferença na concentração de ácido ascórbico nos leucócitos; •não reduz a incidência de resfriado, mas diminui a duração e a gravidade dos sintomas. VITAMIN A C E C Â N CER •estudos in vitro mostram efeitos benéficos; •estudos epidemiológicos mostram forte associação entre consumo de ácido ascórbico procedente de frutas, verduras e legumes e risco reduzido para desenvolvimento de câncer da cavidade oral, esôfago, estômago, pâncreas; • estudos clínicos-experimentais com suplementos não confirma m. VITA MIN A C E D O ENÇ A C A R DIO V ASC U LAR → Dados divergentes na literatura O UTR O S: Vit. C X catarata Vit. C X asma e doença pulmonar obstrutiva Vit. C X função cognitiva e memória → Dados inconclusivos TOXICID A DE E m um estado de equilíbrio, doses > 500m g não têm efeito algum sobre os depósitos de ácido ascórbico. M E G A D O S ES náuseas e diarréia associadas a megadoses, causadas por efeito osmótico da vitamina não absorvida; 4 g/dia : aumento da uricosúria – precipitação urato e nefrolitíases – “pedras de oxalato” (?); 2 g/dia: por 15 dias – bloqueio ação células brancas; Dependência e escorbuto “rebote”: com o rompimento da suplementação diária; Vit. B12: Vit. C reduz absorção Vit. B12; Coagulação: Vit C interfere propriedades anticoagulantes reduzindo o tempo de protrombina; BIO TIN A INTRO D U Ç Ã O Década de 1920: •Animais alimentados com clara de ovo crua = eczema e alopécia em torno dos olhos. •Adição de gema de ovo, fígado, leite,levedo, batata = cura •Fator protetor X = Vitamina H = Biotina •Avidina Década de 1940: •Isolamento e síntese da biotina Biotina = presente nos alimentos e biosíntese por bactérias presentes no intestino grosso. ESTRUTU R A Q UÍMIC A •Ácido monocarboxílico (estável ao calor, solúvel em água e álcool e bem susceptível à oxidação). •3 carbonos assimétricos – 8 isômeros de biotina, mas só a d-biotina metabolicamente ativa (biocitina = biotina + lisina). M ETA B OLISM O Alimento Biotina livre Enzimas proteolíticas do TGI Biotina + aa (lisina) Biotinidase (pâncreas) Biocitina Biotina livre Na Difusão passiva Biocitina = biotina + lisina Biotina livre Plasma FUN Ç Õ ES •Atua como co-enzima das carboxilases transferência de dióxido de carbono entre diversas moléculas; •Síntese e oxidação de ácidos graxos; •Relacionada metabolicamente c/ ácido fólico e pantotênico e Vit B12. FONTES ALIM ENTARES Presente em pequenas quantidades em diversos alimentos. Tabela 1. Conteúdo de biotina em alguns alimentos: Alimento Fígado Gema de ovo Cereais Nozes, castanhas Leite Carnes Peixes e mariscos Frutas Vegetais Leite materno Biotina (µg/100g) 96-210 50 15-38 18-39 2 2-10 3-24 0,2-2 0,2-4 18-22 Produção considerável flora intestinal: > excreção que ingestão via dieta. Biodisponibilidade: milho = 100% / demais cereais <5 % / outros alimentos <50 % AVALIAÇ Ã O N UTRICIO N AL • soro e plasma = não são bons indicadores • urina = mais sensível DEFICIÊNCIA •rara •associada à desnutrição grave e ao alcoolismo crônico. • associada ao uso de anti-epilépticos (competição pela absorção e transporte) e NPT. Consequências: •↑da concentração de lactato no cérebro = convulsão •teratogênica (animais de laboratório) •anorexia •dermatite seca •dermatite seborréica •palidez •náusea, vômito •alopécia •Hipercolesterolemia REC O M E N D A Ç Õ E S NUTRICIONAIS Tabela 2. Recomendações nutricionais de biotina (AI, DRI, 2000). Estágio vida Idade Criança 0-6 meses 6-12 meses 1-3 anos 4-8 anos 9-13 anos 5 6 8 12 20 Adolescentes 14-18 anos 25 25 Adultos 19 e + 30 30 Grávidas Todas idades --- 30 Nutrizes Todas idades --- 35 Ho mens (µg/d) M ulheres (µg/d) 5 6 8 12 20 TOXICID A DE Não são conhecidos efeitos tóxicos (200 mg via oral e 20mg intravenosa).UL não estabelecida. Á CID O PA N TO TÊNIC O INTRO D U Ç Ã O •~1930: Identificação ácido pantotênico fator essencial crescimento leveduras---pouco depois - curava a dermatite provocada por deficiência de vitaminas em frangos. •~1940: Síntese da vitamina/ Lipmann et al. Demonstraram que a CoA era a forma metabolicamente ativa da vitamina (B5). “Pantos”: grande distribuição natureza. ESTRUTU R A Q UÍMIC A •Co m posto branco, cristalino, sabor am argo e facilmente decomposto por ácidos ou bases. Ácido Pantotênico = ácido pantóico + β- alanina M ETA B OLISM O Alimentos CoA Pirofosfatase intestinal CoA—ác pantot. Ac. Pantot.→ Ac.pantot. (Na) Células (citoplasma e mitocôndrias- ressíntese da CoA) •>95% da CoA encontrada nas mitocôndrias. •àcido Pantotênico livre – excreção urinária. FUN Ç Õ ES • • • • • componente da CoA (transferência do grupo acil); oxidação de produtos glicolíticos oxidação e síntese de triacilgliceróis oxidação e síntese de aminoácidos síntese de hormônios esteróides, colesterol, vitaminas A e D • síntese de neurotransmissores (acetilcolina, serotonina) FONTES ALIM ENTARES A cocção pode causar perda de até 50% nos alimentos de origem animal e até 78% nos de origem vegetal. Tabela 1. Conteúdo de ácido pantotênico (µg/g) de alguns alimentos. Alimento Ácido pantotênico (µg/g) Ovas (atum e bacalhau) 2,32 mg Geléia real de abe lha Leite materno 511 fígado, rins, gema de ovo, brócoles 245 µg/dL > 50 DEFICIÊNCIA Associada à desnutrição severa • parestesia dos pés e das mãos • sensação de queimor nos pés • dor de cabeça • insônia • fadiga AVALIAÇ Ã O N UTRICIO N AL Dosagem urinária (boa correlação dieta X excreção urinária) RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Tabela 2. Recomendações de ácido pantotênico (AI, DRI, 2000). Estágio vida Idade Criança 0-6 meses 6-12 meses 1-3 anos 4-8 anos 9-13 anos 1.7 1.8 2 3 4 Adolescentes 14-18 anos 5 5 Adultos 19 e + 5 5 Grávidas Todas idades --- 6 Nutrizes Todas idades --- 7 Ho mens (µg/d) TOXICIDA D E Doses > 10mg/d = diarréia e retenção de água . UL não estabelecida. M ulheres (µg/d) 1.7 1.8 2 3 4