prontuário, identificação por cores e estratificação de casos

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PRONTUÁRIO, IDENTIFICAÇÃO POR CORES E ESTRATIFICAÇÃO DE CASOS:
UMA PROPOSTA DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL
Prisca Dara Lunieres Pêgas (I)
Thiago Vital Barroso (II)
Silviane Freitas Campos(III)
Lamarquiliana Sabrina de Oliveira (IV)
Herivelton Gomes Goulart (V)
Resumo
O objetivo deste trabalho é descrever a experiência de uma equipe de residência
multiprofissional no uso de cores no prontuário do paciente para identificação de famílias de
risco, condições ou patologias em uma Unidade de Atenção Básica. Trata-se de um estudo
descritivo, do tipo produção técnica, desenvolvido pelos residentes multiprofissionais em
saúde, desenvolvido entre o período de 04 de março a 15 de julho de 2016 durante a prática de
serviço em uma Unidade Básica de Saúde da Família. Os prontuários foram marcados por
adesivos coloridos na forma geométrica circular para identificar famílias de risco, condições
ou patologias levantadas como de maior necessidade para acompanhamento, além da
possibilidade de estratificação de casos. Considera-se, portanto, a implantação de cores nos
prontuários uma estratégia para organização, já que representa um elemento primordial para
estruturar a qualidade dos serviços de saúde.
Descritores: Atenção Primária à Saúde; Equipe de Assistência ao Paciente; Estratégias.
Abstract
The aim of this study is to describe the experience of a multi- residence staff in the use
of colors in the patient to identify risk families, conditions or disorders in a primary care unit.
This is a descriptive study, the type technical production developed by multidisciplinary
residents health, developed between the period from 04 March to 15 July 2016 during the
service practice in a Basic Health Unit of the Family. The charts were marked by colored
(I)
Enfermeira Residente Multiprofissional em Saúde do Programa Neurofuncional. Hospital Universitário
Getúlio Vargas - HUGV. Universidade Federal do Amazonas – UFAM.
(II)
Enfermeiro Residente Multiprofissional em Saúde do Programa Neurofuncional. Hospital Universitário
Getúlio Vargas - HUGV. Universidade Federal do Amazonas – UFAM.
(III)
Assistente Social Residente Multiprofissional em Saúde do Programa Neurofuncional. Hospital Universitário
Getúlio Vargas - HUGV. Universidade Federal do Amazonas – UFAM.
(IV)
Educadora Física Residente Multiprofissional em Saúde do Programa Neurofuncional. Hospital Universitário
Getúlio Vargas - HUGV. Universidade Federal do Amazonas – UFAM.
(V)
Fisioterapeuta Residente Multiprofissional em Saúde do Programa Neurofuncional. Hospital Universitário
Getúlio Vargas - HUGV. Universidade Federal do Amazonas – UFAM.
stickers in the circular geometry to identify risk families, conditions or conditions raised as a
greater need for monitoring and the possibility of cases stratification. It is considered
therefore the deployment of colors in the charts a strategy for the organization, as it represents
a key element to structure the quality of health services.
Keywords: Primary Health Care; Patient Care Team; Strategies.
Introdução
O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (2009, p. 5) define o prontuário do
paciente como “todo acervo documental padronizado, organizado e conciso referente ao
registro dos cuidados prestados ao paciente e também os documentos relacionados a essa
assistência”. Partindo desse contexto, o profissional de saúde precisa de acesso a informações
corretas, organizadas, seguras, completas, disponíveis para poder prestar uma assistência de
qualidade, com a finalidade de atender às legislações vigentes, garantir a continuidade da
assistência, assegurar a segurança do paciente, entre outros (COREN-SP, 2009).
A identificação do paciente é uma das práticas indispensáveis para garantir a
segurança do paciente em qualquer ambiente de cuidado à saúde, incluindo, por exemplo,
unidades de pronto atendimento, coleta de exames laboratoriais, atendimento domiciliar e em
ambulatórios (COREN-SP, 2010). Sendo, como medida sugerida pelo Conselho Regional de
Enfermagem de São Paulo (2010) a padronização da identificação do paciente na instituição
de saúde, como os dados a serem preenchidos, o membro de posicionamento da pulseira ou de
colocação da etiqueta de identificação, uso de cores para identificação de riscos, placas do
leito.
Para Mayo (2012) um dos objetivos de grande relevância decorrente do prontuário do
paciente, além dos já citados, são os aspectos éticos de ensino e pesquisa, os quais podem ser
identificados como: campo de pesquisas e fonte de diversos dados estatísticos de mortalidade
e morbidade, de incidência e prevalência; torna possível comparar diferentes condutas
terapêuticas; permite o conhecimento da terapêutica utilizada e o efeito alcançado, facilitando
estudos de avaliação.
Percebe-se, portanto, que a organização dos prontuários representa um elemento
primordial para estruturar a qualidade dos serviços de saúde numa unidade do Programa de
Saúde da Família (LOPEZ; CASSULA, 2010). Nesse contexto, o Manual do prontuário de
saúde da família propõe a sinalização nos prontuários com cores ou outras marcações para a
identificação de famílias de risco ou usuários com condições ou patologias mais graves
(MINAS GERAIS, 2007).
Diante destas propostas sugeridas, este estudo surgiu a partir da prática realizada na
utilização de cores nos prontuários para identificar determinadas circunstancias que serão
descritas mais adiante, e apresenta como objetivo descrever a experiência de uma equipe de
residência multiprofissional no uso de cores no prontuário do paciente para identificação de
famílias de risco, condições ou patologias em uma Unidade de Atenção Básica.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo produção técnica, desenvolvida durante a
prática de serviço da Residência Multiprofissional em Saúde do Programa Neurofuncional do
Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM), vivenciada dentro da Atenção Primária em Saúde em uma Unidade Básica de Saúde
da Família na Zona-Sul de Manaus, capital do Amazonas.
O campo de prática corresponde como sendo a primeira experiência da Residência
Neurofuncional, ocorrendo durante o período de 04 de março a 15 de julho de 2016, pelo
período matutino, perfazendo um total de 76 dias, contemplando o cronograma estabelecido
pela Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde e Residência em Área Profissional
da Saúde (COREMU).
A implantação da atividade na unidade contou com sete profissionais residentes, sendo
eles: dois Enfermeiros, dois Fisioterapeutas, uma Assistente Social, um Psicólogo, e uma
Educadora Física. Nos quais eram acompanhados pelo coordenador do programa de
residência neurofuncional e tutor do campo de prática, e pela preceptoria do campo de prática,
além dos próprios profissionais da equipe da unidade, os quais constavam de seis Agentes
Comunitárias de Saúde (ACS), uma Enfermeira, uma Técnica de Enfermagem e uma Médica.
Contemplando um total de quatorze pessoas envolvidas.
Dentro desse contexto, e entendendo a importância da organização dos prontuários
com informações corretas e seguras para efetividade da comunicação entre a equipe de saúde,
formulou-se uma estratégia para implantação de cores nos prontuários de usuários cadastrados
na Unidade Básica de Saúde da Família Sul 42 da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus
(SEMSA).
Resultados
A palavra prontuário deriva do latim promptuariu que significa lugar onde se guarda
aquilo que deve estar à mão, o que pode ser necessário a qualquer momento (COFEN, 2015).
Compreendendo esse contexto, a implantação desta ação é propor através das cores nos
prontuários de cada usuário a identificação de famílias de risco, condições ou patologias mais
graves. Viabilizando, assim: facilidade na visualização da situação em saúde; organização
situacional conforme preconiza a SEMSA e demais comissões de avaliação; classificação de
risco, condições e patologias; e possibilidade para estratificação de casos.
Para dar início a estratificação, realizou-se um levantamento através de um
mapeamento da demanda dos casos considerados como famílias de risco, condições ou
patologias mais graves dentro da área de abrangência da unidade campo de prática, sendo a
ação sequenciada pelas Agentes Comunitárias de Saúde, onde as mesmas foram orientadas
quanto à correta identificação dos casos e continuidade da atividade.
Os prontuários foram identificados por meio de adesivos coloridos na forma
geométrica circular, as cores utilizadas foram: laranja, amarelo, preto, verde, vermelho, azul,
dourado e prata. Sendo, que os adesivos identificavam conforme as seguintes peculiaridades:
Planejamento Familiar; Assistência à Saúde da Mulher Gestante; Pacientes Oncológicos;
Diabéticos; Hipertensos; Paciente Renal Crônico; Saúde Mental, Álcool e outras Drogas;
Pacientes com Sequelas Neurofuncional (Figura 1).
Figura 1: Modelo de identificação de famílias de risco, condições ou patologias através da utilização de
cores no prontuário.
Fonte: Elaboração própria, 2016.
Essas peculiaridades e cores foram discutidas entre os residentes neurofuncionais
atuantes na implantação da ação juntamente com a enfermeira da unidade, campo de prática.
Sendo, essas peculiaridades levantadas como as de maior relevância diante de um
acompanhamento estreito como sendo necessário por toda a equipe de Atenção Primária à
Saúde.
Os responsáveis pela identificação dos casos poderão ser os Agentes Comunitários de
Saúde; Técnicos(as) de Enfermagem; Enfermeiro(a) e Médicos(as) da unidade. No entanto, o
levantamento na área de abrangência ficará sob responsabilidade das Agentes Comunitárias
de Saúde, sendo as mesmas reconhecidas como o elo de ligação entre a comunidade e a
unidade de saúde.
A proposta da Residência Multiprofissional em Saúde do Programa Neurofuncional à
Equipe de Saúde da unidade, campo de prática, foi que a atualização dos dados possa ocorrer
semestralmente, sendo realizada a estratificação de cada situação e os quantitativos sejam
inseridos no banner que estará exposto na recepção da Unidade Básica de Saúde da Família
(Figura 2).
Figura 2: Banner exposto na unidade para identificação das cores no prontuário do paciente e
estratificação dos casos.
Fonte: Elaboração própria, 2016.
No entanto, o período de melhor adequação para a atualização dos dados quantificados
a partir da estratificação dos casos da área de abrangência fica a critério de escolha da gestão
da unidade. Assim, além dos objetivos propostos, poderá também alcançar os critérios
especificados no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção
Básica (PMAQ-AB).
Conclusão
Entende-se que o prontuário do paciente é um elemento imprescindível no processo do
cuidado humano, e quando redigidos de maneira que retratem a realidade, possam possibilitar
a comunicação permanente, podendo, assim, destinar-se a diversos fins, entre eles, pesquisas,
auditorias, processos jurídicos, planejamento e outros. No entanto, algumas estratégias são
necessárias para manter o controle de serviços prestados, para isso algumas condutas
administrativas para legitimar o cuidar podem ser reproduzidas e adaptadas.
Com o intuito de fornecer subsídios para futuras discussões e reflexões acerca do
prontuário do paciente e alternativas que facilitem o seu manuseio, favorecendo para a
promoção da qualidade e da efetividade do cuidado é que se propôs a realização deste estudo.
Vale ressaltar os benefícios que a utilização das cores no prontuário para identificação de
famílias de risco, condições ou patologias mais graves possibilita para a organização
situacional, visualização da situação em saúde, classificação de risco, estratificação de casos,
além de possibilitar estratégias no controle dos índices e intervenções imediatas nas demandas
mais acometidas dentro da área de abrangência.
Em tempos de constantes mudanças e evoluções não se pode aceitar que uma equipe
de saúde, seja da Atenção Básica ou hospitalar, continuem presos a moldes obsoletos e
depreciativos que (des)classificam os seus profissionais pela suas pragmatizações. É preciso
trazer a luz da ciência assuntos pertinentes à prática da saúde para que se possa alcançar maior
qualidade da equipe multiprofissional, mostrando que a eficiência do profissional pode estar
além da assistência prestada, mas pode estar também no uso prático de cores.
Referências
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de Recomendações para Registro de
Enfermagem no Prontuário do Paciente e outros documentos de Enfermagem. Brasília:
COFEN, 2015. p. 44.
COREN-SP. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo. Rede Brasileira de
Enfermagem e Segurança do Paciente - REBRAENSP. 10 Passos para a Segurança do
Paciente. São Paulo, 2010. p. 32.
COREN-SP. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo. Anotações de
Enfermagem. São Paulo: COREN/SP, 2009. p. 24.
LOPES, Vanessa; CASSULA, Daniela. Processo de Organização dos Prontuários na
unidade de Programa Saúde da Família: Um Relato de Experiência. 2010. [online].
Disponível em: <http://www.aps.santamarcelina.org/aps/Trabalhos/Prontuario_2010.pdf>
Acesso em: 23 mai. 2016.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Manual do prontuário de saúde da
família. Belo Horizonte: SES/MG, 2007. p. 254. [online]. Disponível em:
<https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2876.pdf > Acesso em: 23 mai
2016.
MOYA, Vanderlei Soares. Prontuário do Paciente. São Paulo, 2012. 46 slides, color.
Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/auditoria/r
eunioes/prontuario_guarda_vanderlei_moya.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2016.
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