Biológico, São Paulo, v.77, n.2, p.73

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28a RAIB
OCORRÊNCIA DE HERPESVIROSE CANINA. DETECÇÃO POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO.
CATROXO, M.H.B.; SOUZA, F.*; MARTINS, A.M.C.R.P.F.; QUEIRÓZ, F.F.** Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento de Sanidade Animal, Av. Cons. Rodrigues Alves, 1252, CEP 04014-002, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: catroxo@
biologico.sp.gov.br Occurrence of canine herpesviruses. Detection by transmission electron microscopy.
O herpesvírus canino tipo 1 (CHV-1), primeiramente isolado em 1964, tem distribuição mundial, sendo considerado enzoótico
na população canina. A infecção causa lesões sistêmicas, caracterizadas por necrose e hemorragia em cães com menos de três
semanas de idade. Em cães adultos, o CHV-1 pode provocar infertilidade, abortamento, reabsorção fetal, fetos mumificados,
natimortalidade, diminuição no tamanho da ninhada e vulvovaginite em fêmeas, ou, ainda, tem sido associado com quadros
respiratórios. O curso da doença nos filhotes é de um a três dias e os sinais clínicos incluem vocalização, anorexia, dispneia, dor
abdominal, incoordenação, fezes pastosas, secreção nasal e baixa temperatura corporal. O vírus pode ser transmitido por via
intrauterina, transplacentária, passagem pelo canal vaginal, contato com secreções nasais e genitais infectadas e fômites. Cães com
problemas de infertilidade podem ser transmissores em potencial do herpesvírus canino para animais suscetíveis. Após infectar o
hospedeiro, o vírus permanece em latência no organismo, reativando-se em condições de imunossupressão. O herpesvírus canino
(CHV-1) pertence à família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae e ao gênero Varicellovírus. No mês de junho de 2014, foram
encaminhados ao Laboratório de Microscopia Eletrônica do Instituto Biológico fragmentos de rim de um filhote canino de 15
dias, da raça Samoieda, que apresentou sintomas respiratórios e nervosos antes do óbito. Todos os animais da ninhada morreram
em duas semanas. Os fragmentos foram processados pelas técnicas de contrastação negativa e de inclusão em resina. Na técnica
de contrastação negativa, os fragmentos de lesão foram suspensos em tampão fosfato 0,1 M e pH 7,0. Gotas da suspensão foram
colocadas em contato com grades metálicas, previamente cobertas com filme de colódio e carbono, drenadas com papel filtro e
contrastadas negativamente com molibdato de amônio a 2% e pH 5,0. Na inclusão em resina, os fragmentos foram fixadas em
glutaraldeído a 2,5% em tampão fosfato 0,1 M, pH 7,0, pós-fixados em tetróxido de ósmio no mesmo tampão, desidratados em
série cetônica e incluídos em resina spurr. Ao microscópio eletrônico de transmissão Philips EM 208, pela técnica de contrastação
negativa, foi observada nas amostras de fragmentos de rim a presença de partículas com morfologia semelhante à de herpesvírus,
pleomórficas, características, algumas envelopadas, medindo entre 120 e 200 nm de diâmetro. Nos cortes ultrafinos de rim, foram
observados núcleos disformes com cromatina marginalizada, contendo partículas virais. Nucleocapsides associadas às massas
densas de cromatina também foram observadas. Os sintomas clínicos associados à presença do agente viral permitiram caracterizar
a infecção causada pelo herpesvírus canino.
*Bolsista Mestrado CAPES — Pós-graduação — Instituto Biológico.
**Bolsista PIBIC/CNPq — Instituto Biológico.
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DETECÇÃO DE BOUBA AVIÁRIA EM FRANGO-D’ÁGUA-AZUL (PORPHYRIO MARTINICUS) POR MICROSCOPIA
ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO. SOUZA, F.1; QUEIROZ, F.F.1; SOUZA, R.B.2; MILANELO, L.3; CATROXO, M.H.B.1 1Instituto
Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal, Av. Cons. Rodrigues Alves, 1252, CEP 04014-002, São
Paulo, SP, Brasil 2Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil 3Parque Ecológico do Tietê, São Paulo, SP, Brasil.
E-mail: [email protected] Detection of avian pox in purple gallinule (Porphyrio martinicus) by transmission
electron microscopy.
Porphyrio martinicus, conhecido popularmente como frango-d’água-azul, pertence à família Rallidae e ordem Gruiformes. É
avistado em todo o Brasil e também no sudeste dos Estados Unidos e México até o norte da Argentina. Em algumas regiões, seus
ovos são consumidos, sendo muito caçados na época da troca de penas, onde fica impossibilitado de voar, o que pode contribuir
para o declínio da sua população. A bouba aviária é uma doença infecciosa que acomete aves de vida livre e comerciais, podendo
ocasionar prejuízo significativo às criações e perdas na vida selvagem. O agente etiológico é um poxvírus da família Poxviridae
e gênero Avipoxvirus. A doença se manifesta de três formas, cutânea, com formações de lesões crostosas em regiões desprovidas
de penas, como patas, comissura de bicos e olhos; diftérica, que inclui a formação de placas diftéricas na cavidade oral, traqueia
e esôfago; e septicêmica, que provoca lesões nos pulmões, sendo a forma mais letal. A transmissão do vírus pode ocorrer através
de insetos, contato direto entre pássaros infectados ou alimentos, água e fômites contaminados. No mês de novembro de 2011, foi
encaminhado ao Laboratório de Microscopia Eletrônica do Instituto Biológico, para pesquisa de agentes virais, um frango-d’águaazul (P. martinicus). Durante a necropsia, foram colhidos fragmentos de lesões que se localizavam nas patas da ave. As amostras
foram processadas para observação ao microscópio eletrônico de transmissão, utilizando as técnicas de contrastação negativa
(preparo rápido) e de imunocitoquímica (imunomarcação com partículas de ouro coloidal). Na técnica de contrastação negativa,
os fragmentos de lesão foram suspensos em tampão fosfato 0,1 M e pH 7,0. Gotas da suspensão foram colocadas em contato com
grades metálicas, previamente cobertas com filme de colódio e carbono, drenadas com papel filtro e contrastadas negativamente
com molibdato de amônio a 2% e pH 5,0. Na imunocitoquímica, as telas foram colocadas sobre gotas da suspensão viral, incubadas
com anticorpo específico primário, pós- incubadas em gotas de proteína A conjugada com ouro de 10 nm (anticorpo secundário),
diluído a 1:20 em PBS 0,5% e contrastadas com molibdato de amônio a 2% e pH 5,0. A observação ao microscópio eletrônico de
transmissão Phillips EM 208, por meio da técnica de contrastação negativa, mostrou a presença de grande número de partículas
com morfologia semelhante a poxvírus, características do gênero Avipoxvírus, de formato ovoide com disposição irregular dos
túbulos sobre a membrana externa, sendo algumas envelopadas, medindo em média 300 × 250 nm. A reação antígeno-anticorpo
foi realçada pelas partículas de ouro coloidal, confirmando o diagnóstico de poxvírus. Este relato constitui a primeira ocorrência
de Avipoxvírus em frango-d’água- azul.
Biológico, São Paulo, v.77, n.2, p.73-111, jul./dez., 2015
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