Café melhora o desempenho no esporte e traz benefício à saúde Flávia Bessa 32 A comunidade médica e de pesquisadores considera, há alguns anos, o café benéfico à saúde humana e eficaz na prevenção de doenças, se consumido em doses moderadas, de 3 a 4 xícaras diárias (500 mg/dia). Pesquisas realizadas no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, comprovaram que o café possui, além da cafeína, vitaminas e nutrientes básicos como potássio, zinco, cálcio, ferro, magnésio e diversos outros minerais, além de compostos antioxidantes, entre eles os ácidos clorogênicos. (Para saber mais, acesse a publicação Café & Saúde Humana, do Consórcio Pesquisa Café). Estudos do Prof. Dr. Darcy Roberto Lima - divulgados no site da ABIC, entidade parceira do Consórcio - apontam a ca- Revista do Café | março 2014 feína como importante agente modulador do rendimento físico em vários tipos de atividades esportivas e potencializador da performance durante os exercícios. Em atletas que tomam café diariamente durante os treinos, na dose mínima de 4 xícaras, a cafeína atua como estimulante do sistema nervoso e, por retardar a sensação de fadiga, propicia o fortalecimento dos músculos. Ajuda, ainda, na mobilização de substratos de energia para o trabalho muscular. O resultado é mais rendimento físico e queima de gordura como fonte de energia em vez de açúcares encontrados nos carboidratos. Cafeína no esporte Nos últimos anos, a cafeína tem sido alvo de inúmeros estudos envolvendo práticas desportivas de resistência, como o ciclismo, o atletismo e a natação. No futebol, por exemplo, considera-se que a cafeína aumenta o desempenho, melhora o tempo de reação, atenção mental e pro- cessamento visual. De acordo com a nutricionista e coordenadora de projetos da ABIC, Mônica Pinto, a cafeína, ingerida nas doses recomendadas, aumenta a descarga de endorfinas no cérebro. As endorfinas são substâncias que dão sensação de prazer; portanto, com mais endorfinas, os atletas têm mais estímulo para prosseguir a atividade física. “Esse estímulo é a chamada autogratificação, cujo nível mais alto é alcançado no cérebro com o consumo do café. Os cérebros, ao receberem essa informação de presença mínima de cafeína por meio do consumo diário de pelo menos 4 xícaras de café, têm mais capacidade de produzir a autogratificação, melhorando, ao longo do tempo, de forma significativa, o desempenho dos atletas. Esse efeito é observado tanto em atletas profissionais como nos de fim de semana, sendo mais comum nos primeiros em função da disciplina que a atividade física impõe”, explica Mônica. Segundo artigos publicados nas Cartas Médicas Café & Saúde, a autogratificação faz com que o atleta treinado siga Café e futebol A relação entre café e esporte não se resume aos benefícios no desempenho e performance. Na Copa do Mundo de Futebol na Espanha em 1982, foi lançada a marca “Cafés do Brasil” para representar o patrocínio do Instituto Brasileiro do Café - IBC à Confederação Brasileira de Futebol - CBF. A marca, que ficou conhecida nos últimos 32 anos como símbolo do café brasileiro, foi borda- da no escudo da CBF. Hoje a marca Cafés do Brasil, registrada no ano 2000 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI pela Associação Brasileira da Indústria do Café - ABIC, é utilizada para identificar, em todo o mundo, os cafés de origem brasileira. O logotipo “Cafés do Brasil” pode ser utilizado por entidades do Governo Brasileiro, empresários e exportadores, contanto que usem a marca corretamente para criar identidade para os cafés brasileiros e contribuir para o fortalecimento da imagem da cafeicultura brasileira no Brasil e no exterior. Café e Saúde Decifrar os efeitos do café na saúde humana tem sido objetivo da comunidade médica e de pesquisadores em nível internacional. Nesse contexto, entre os vários estudos estimulados ou patrocinados pelo Consórcio Pesquisa Café, há os que vêm comprovando que o café pode ser consumido por pessoas com problemas no coração. Pesquisas com esse objetivo, há quatro anos, vêm sendo desenvolvidas na Unidade Café e Coração do InCor por meio de parceria com o Consórcio. Outro exemplo de estudo é o que demostra os efeitos sensoriais causados pelo aroma do café no cérebro, especificamente nos mecanismos de recompensa (prazer) e motivação. Esses dois temas, coração e cérebro, estudados sob o ponto de vista do consumo de café, foram objeto de debate no Workshop Café & Saúde, patrocinado pela ABIC e Embrapa Café em São Paulo em 2012. Café, alimento funcional Estudos também realizados em parceria com o Consórcio pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ apontam que o café é uma bebida nutracêutica (nutricional e farmacêutica), rica em diversos compostos importantes para o organismo como minerais, vitamina B (niacina), ácidos clorogênicos (antioxidantes naturais formados no processo adequado de torra), e quinídeos. Os ácidos clorogênicos e os quinídeos também ajudam a prevenir doenças físicas, mentais e neurodegenerativas, como câncer de cólon/ reto, mama e fígado, diabetes, Parkinson, Alzheimer, depressão e suas consequências (tabagismo, alcoolismo, consumo de drogas e suicídio). “ Copa do Mundo de Futebol Em 2014, torcemos para que os Cafés do Brasil continuem campeões nos campos das principais regiões produtoras, mantendo o nosso País como maior produtor e exportador mundial do produto. Que o nosso País também assuma a primeira posição mundial de consumidor da bebida, hoje ocupada pelos EUA. Por fim, que esse sucesso nas lavouras melhore a renda dos produtores e dos demais elos do agronegócio café e também impulsione a vitória da nossa seleção nos campos de futebol durante a Copa do Mundo no Brasil. Revista do Café | março 2014 A marca ‘Cafés do Brasil’ foi utilizada na camisa 33 da seleção brasileira de Futebol na Copa do Mundo de 1982 na Espanha “ adiante ao atingir um ponto máximo de cansaço, que leva todas as pessoas sem treinamento a pararem por fadiga. De acordo com as pesquisas divulgadas, a cafeína também estimula o cérebro aumentando o estado de alerta e o funcionamento do coração. Além disso, poupa a glicose do músculo esquelético (quanto mais glicose no músculo mais se retarda a fadiga) e facilita o aumento da quantidade de cálcio dentro do músculo. O músculo vira um supermúsculo e a pessoa não tem sono ou cansaço. “Os atletas passam a utilizar a gordura como fonte de energia em vez de açúcares encontrados nos carboidratos, reduz a sensação de fadiga, melhorando o rendimento físico”, destaca a nutricionista da ABIC. Estudos recentes demonstram também um aumento da força muscular, já que retarda a fadiga muscular, possibilitando um maior grau de carga e repetições de execução do exercício após a ingestão de cafeína. Esses efeitos podem variar de pessoa para pessoa, oscilando de acordo com o peso e a regularidade em que a bebida é consumida. A ação do café no organismo atinge o pico cerca de 15 a 120 minutos após a ingestão e pode causar tolerância. Ou seja, progressivamente, maiores doses de cafeína deverão ser ingeridas para que se possa atingir o mesmo efeito.