CARLOS ALBERTO BACA MALDONADO BIOSSÓLIDO NA IMPLANTAÇÃO DA CULTURA DA PUPUNHEIRA: EFEITOS NA PRECOCIDADE, NA PRODUÇÃO E NOS TEORES DE NUTRIENTES E METAIS PESADOS DO PALMITO Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação do Instituto Agronômico (IAC), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Tecnologia da Produção Agrícola. Orientador: Dra. MARILENE LEÃO ALVES BOVI CAMPINAS ESTADO DE SÃO PAULO 2005 ii B12b Baca Maldonado, Carlos Alberto Biossólido na implantação da cultura da pupunheira: efeitos na precocidade, na produção e nos teores de nutrientes e metais pesados do palmito/ Carlos Alberto Baca Maldonado. Campinas: Instituto Agronômico, 2005. 89 fls. : il. Orientadora: Dra. Marilene Leão Alves Bovi Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Produção Agrícola) – Instituto Agronômico de Campinas 1. Bactris gasipaes. 2.Biomassa aérea. 3. Cromo, 4. Elementos tóxicos. 5. Lodo de esgoto. I. Bovi, Marilene Leão Alves. II. Instituto Agronômico de Campinas. III.Título CDD – 662 iii Aos meus pais Juana e Peter, aos meus tios Flavia, Enrique e Liborio (in memoriam) e à meu irmão Juanito (in memoriam), DEDICO À minha esposa Rosalinda pela sua compreensão e à minha filha Carlita cujo sorriso diário incentivou o ânimo para culminar o projeto, OFEREÇO iv AGRADECIMENTOS - A Deus, por me fortalecer nos momentos difíceis; - Ao Instituto Agronômico (IAC), pela oportunidade oferecida para realização do Curso de Pós Graduação; - À FundAg, pela concessão de bolsa de estudo para realização do curso; - À Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP, pelo apoio financeiro durante a realização do experimento de campo; - À pesquisadora e orientadora Dra. Marilene Leão Alves Bovi, pelos ensinamentos importantes no curso e na minha vida profissional; - À pesquisadora e amiga Dra. Maria Luiza Sant’Anna Tucci, carinhosamente Malu, pela ajuda, amizade e atenção dispensada durante a realização deste trabalho; - À Sandra Heiden Spiering, pela amizade e apoio moral durante esses anos. É muito difícil explicar nestas poucas palavras a imensa gratidão que sinto; - Aos professores da área de concentração em Tecnologia da Produção Vegetal da PGIAC, pelos conselhos e ensinamentos constantes transmitidos; - Aos funcionários da PG-IAC, particularmente Maria Angelina dos Santos, Célia Regina Terra e Lígia L. B. Bolognini, pelo auxílio e amizade no decorrer do curso; - À toda a galera da pós-graduação, pela amizade, colaboração e incentivo durante o curso; - À minha pequena família no Brasil, pelo carinho, incentivo e paciência, compartilhando todos os momentos alegres e difíceis no decorrer do curso; - À minha grande família peruana, irmãos: Peter, Rafael, Erick, Alan; sobrinhos, primos, cunhadas, pelo carinho que sempre me outorgaram. - Aos amigos peruanos no Brasil, que de alguma maneira fizeram alegres os dias de saudade longe de meu país; - À Armando Buratto, trabalhador de “minha” seção, Plantas Tropicais, pelo convívio e a grande amizade; - Finalmente, a todos aqueles que com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste trabalho. v SUMÁRIO AGRADECIMENTOS I........................................................................................................IV RESUMO.................................................................................................................................VI ABSTRACT ...........................................................................................................................VII 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1 2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 6 2.1. A Pupunheira ................................................................................................................... 6 2.1.1 Ecologia e biologia da pupunheira ............................................................................ 7 2.1.2. Crescimento e produção da pupunheira.................................................................... 8 2.1.3. Solos e nutrição da pupunheira................................................................................. 9 2.2 Biossólido ....................................................................................................................... 10 2.3. Potencial de Uso Agrícola do Biossólido ...................................................................... 12 2.4. Riscos de Contaminação Pelo Uso do Biossólido ........................................................ 17 3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 24 3.1. Caracterização do Local do Experimento...................................................................... 24 3.2. Origem e Característica das Pupunheiras ..................................................................... 25 3.3. Origem e Características do Biossólido Utilizado no Experimento .............................. 25 3.4. Cálculo e Aplicação das Doses de Biossólido.............................................................. 27 3.5. Delineamento Experimental .......................................................................................... 28 3.6. Tratos Culturais ............................................................................................................. 29 3.7. Avaliação das Respostas da Pupunheira........................................................................ 29 3.7.1. Caracteres relacionados à sustentabilidade do cultivo ........................................... 29 3.7.2. Caracteres relacionados ao rendimento e produção .............................................. 30 3.7.2. Teores de elementos no palmito ............................................................................. 32 3.8. Análises Estatísticas ...................................................................................................... 34 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................ 35 4.1 Efeitos do Biossólido nos Caracteres Relacionados à Sustentabilidade do Cultivo....... 35 4.1.1. Altura da planta ...................................................................................................... 35 4.1.2. Plantas aptas para o corte........................................................................................ 37 4.1.3. Número de perfilhos ............................................................................................. 40 4.1.4. Porcentagem de plantas perfilhadas ...................................................................... 43 4.2. Efeitos do Biossólido nos Caracteres Relacionados à Produção................................... 45 4.2.1. Componentes da produção de palmito.................................................................... 45 4.3. Nutrientes e Metais Pesados na Parte Comestível do Palmito e na Folha+2 ................ 51 4.3.1. Teores de macronutrientes...................................................................................... 52 4.3.2. Teores de micronutrientes ...................................................................................... 58 5. CONCLUSÕES................................................................................................................... 71 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 72 vi MALDONADO, Carlos Alberto B. Biossólido na implantação da cultura da pupunheira: efeitos na precocidade, na produção e nos teores de nutrientes e metais pesados do palmito. 2005. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Produção Agrícola) – Pós-graduação (IAC). RESUMO As respostas da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) à adubação orgânica são superiores às propiciadas pela adubação química durante a fase de implantação da cultura. O emprego de biossólido por ocasião do plantio mostrou resultados positivos na biomassa aérea e radicular até um ano após a aplicação. No entanto, estudos complementares, relacionados ao palmito, são necessários, antes da recomendação dessa fonte de matéria orgânica no cultivo da pupunheira. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da aplicação única de quatro doses de biossólido na sustentabilidade do cultivo, na precocidade de colheita, na produção e nos teores de nutrientes e metais pesados do palmito. O experimento, implantado na Unidade de Pesquisa de Desenvolvimento do Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico do Agronegócio do Vale do Paraíba, localizada em Ubatuba (23o27’S, 45o04’O, a seis metros de altitude), foi conduzido durante um ano e meio (julho/2001 a janeiro/2003), em solo classificado como Aluvial álico (Udifluvent), com boa drenagem. O delineamento foi blocos ao acaso, com seis repetições, quatro tratamentos, e 36 plantas por unidade experimental. Empregou-se o espaçamento de 2 m x 1 m, e mudas de pupunheiras inermes da raça Putumayo. As doses de biossólido foram calculadas levando-se em consideração as recomendações de nitrogênio para o cultivo, e a composição química do lodo da Estação de Tratamento de Esgoto de Bertioga, correspondendo a 0, 38, 76 e 152 Mg ha-1 de biossólido fresco (79,7 % de umidade), equivalentes a 0, 100, 200 e 400 kg de N prontamente disponível por hectare. Os tratamentos foram aplicados, no sulco de plantio, adicionando-se 15 g planta-1 de cloreto de potássio como fonte de K2O. Foram realizadas adubações trimestrais com 15 g de cloreto de potássio e 2,4 g de Bórax por planta, visando corrigir deficiências. Foram mensurados caracteres relacionados à precocidade para colheita (altura da haste principal e porcentagem de plantas aptas para corte), ao rendimento em palmito (peso e dimensões) e aos teores de alguns elementos presentes no mesmo. Características relacionadas à sustentabilidade do cultivo, tais como número de perfilhos e porcentagem de plantas perfilhadas também foram avaliadas. Empregou-se análise de regressão e ajuste de curva para o estudo dos dados obtidos. A escolha da equação com melhor ajuste foi baseada na significância do efeito da regressão, no maior coeficiente de determinação e no significado biológico. A aplicação de doses de biossólido durante a implantação do cultivo da pupunheira causou efeitos nas plantas que se manifestaram por até 19 meses. Houve efeito significativo das doses de biossólido sobre todas as características avaliadas. O perfilhamento foi maior e ocorreu mais precocemente nas doses mais elevadas de biossólido. As plantas dos tratamentos com doses elevadas de biossólido atingiram ponto de corte para palmito precocemente, quatro a dois meses antes da testemunha. A adição de biossólido na implantação do cultivo afetou positivamente a produção de palmito (peso e dimensões), avaliada 15 a 19 meses após a aplicação. Os teores de macro e microelementos variaram ao longo da porção comestível, apresentando-se, na maior parte das vezes, bastante superiores aos da folha-teste. Os teores de metais pesados da porção comestível estiveram dentro dos limites de tolerância impostos pela legislação vigente, exceto pelo metal pesado cromo. Estudos mais aprofundados nesse aspecto são necessários antes que se recomende o uso de biossólido no cultivo. Palavras-chave: Bactris gasipaes, biomassa aérea, cromo, elementos tóxicos, lodo de esgoto. vii MALDONADO, Carlos Alberto B. Biosolid use on peach palm establishment: effects on precocity, production and heart-of-palm elements and heavy metals contents. 2005. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Produção Agrícola) – Pós-graduação (IAC). ABSTRACT Peach palm (Bactris gasipaes Kunth) responses to increasing doses of sewage sludge (biosolid) were evaluated during an 18-month period (July/2001 to February/2003). The experiment was carried out, under field conditions, at Unidade de Pesquisa de Desenvolvimento do Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico do Agronegócio do Vale do Paraíba, located in Ubatuba (23o27’S, 45o04’W, 6 m a.s.l.), SP, Brazil, in an Udifluvent type soil, with good drainage. A randomized block design was utilized, with six replications, four treatments (sewage sludge doses), 36 plants per experimental unit, and 16 useful plants, in a 2 m x 1m planting spacing, using 10 month-old seedlings from a Putumayo landrace. The biosolid doses (treatments) were calculated based on the nitrogen recommendations for the culture and the chemical composition of the sewage sludge from Bertioga. A total of 0, 38, 76 and 152 Mg ha-1 of sewage sludge were utilized (fresh basis, with 79.7 % water content), equivalent to 0, 100, 200 and 400 kg of quickly available N per hectare. The sludge doses were applied at once, in the planting furrow, adding 15 g plant-1 of potassium chloride as source of K2O. Complementary fertilizer amendments, with 15 g of potassium chloride and 2.4 g of borax per plant, were made every three months, during the evaluation cycle, in order to correct plant deficiencies. Traits related to harvest precocity (main stem plant height, and percentage of harvestable plants), heart-of-palm yield (weight and dimensions), and heart-of-palm mineral composition were evaluated. Other traits related to crop sustainability, as number of offshoots and percentage of suckered plants, were also evaluated. Data were studied by variance and regression analysis, followed by curve fitting, due to the quantitative nature of the traits. Best equations were selected based on regression significance and biological meaning. Biosolid application during plant establishment causes effects that last for until 19 months. There were significant effects for all evaluated traits. The suckering ability of peach palm was high and precocious when large doses of biosolid were applied. Those doses provided also precocious harvest, four to two months before the control. The biosolid application at planting also affected positively heart-of-palm yield (weight and dimensions), evaluated 15 to 19 months later. Macro and microelements contents varied along the edible portion (basal residue and heart-of-palm) and, as a rule, were larger than the contents found in the leaf used to determine nutrient status in peach palm. Heavy metal elements detected in the edible portion were inferior to the tolerance levels presented in food legislations, with the exception of chromium. Further studies in this aspect are needed. Key-words: Bactris gasipaes, aboveground biomass, chromium, sewage sludge, toxic elements. 1. INTRODUÇÃO Uma das metas fundamentais do agronegócio brasileiro é produzir a partir do uso racional dos recursos naturais com base num modelo de desenvolvimento que combine critérios econômicos, de equidade social e de respeito ambiental. Essa meta implica que os modelos sejam práticos, claros e úteis, para orientar e contribuir para solucionar problemas do crescimento da população, e de suas restrições para utilizar e participar no processo produtivo. Dentro desse contexto têm sido estudadas diferentes culturas perenes sob condições diversas, uma das quais é a pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) que vem se expandindo no Brasil como opção de produção sustentável de palmito, produto altamente valorizado. Originária da floresta amazônica, a pupunheira tem sido explorada como alternativa racional e econômica para a produção de palmito. As características agronômicas que possui e a aceitação dos produtos que oferece ao consumidor estão contribuindo para sua exploração comercial. Bovi (1998) afirma que a pupunheira, especialmente a sem espinho, possui quase todas as características desejáveis das palmeiras do gênero Euterpe, acrescida ainda de algumas vantagens como crescimento acelerado (precocidade), perfilhamento, rusticidade e alta sobrevivência no campo. Por ser cultivada, reconhece-se que o cultivo da pupunheira fornece um produto final de melhor qualidade quando comparado àquele proveniente da extração de palmito das palmeiras tradicionalmente utilizadas (Euterpe edulis, E. oleracea e E. precatoria), permitindo ainda um melhor controle de qualidade no produto final. Esses fatores estão contribuindo sensivelmente para abrir um amplo mercado para o cultivo e o consumo da pupunheira no Brasil. 2 Embora as estatísticas não sejam muito confiáveis, estima-se que o mercado internacional de palmito seja da ordem de US$ 210 milhões de dólares, enquanto a exportação brasileira, que anteriormente atingia 85% do mercado internacional, agora só representa 11% (PUPUNHA-NET, 2004; TUFFANI, 2001). No entanto, há possibilidade de expansão de mercado, tanto internacional quanto nacional, desde que seja oferecido um produto de qualidade, e os reflexos do cultivo tecnificado de pupunheira em vários países já se fazem notar. O palmito brasileiro, anteriormente proveniente apenas da exploração predatória de palmeiras nativas da Mata Atlântica e/ou Floresta Amazônica, passou, com o advento do cultivo tecnificado da pupunheira, a ser produzido de forma racional e sustentável, se não eliminando, pelo menos reduzindo, a pressão de exploração sobre nossas palmeiras nativas. Estima-se atualmente que a área cultivada com a pupunheira no Brasil alcance cerca de 60.000 hectares e esteja ainda em expansão. Até o ano 2000, aproximadamente 25% dessa área encontrava-se em fase de colheita. Atualmente a situação é inversa, com 75% dos cultivos já em fase de produção continuada de palmito. No Estado de São Paulo o cultivo da pupunheira teve início em 1990 e a partir dessa data vem se expandindo em taxa geométrica, tanto no litoral quanto no planalto (BOVI, 1998; BOVI, 2000). Supõe-se que um terço do palmito pupunha produzido hoje no país venha do interior e do litoral paulista. O levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo (LUPA, 2004) contabilizava, em dezembro de 2004, acima de 18.000 hectares em cultivo com a pupunheira em nosso Estado, sendo que cerca de 7.000 hectares estavam em fase de produção. 3 Dos motivos que levaram à adoção e expansão do cultivo da pupunheira sua precocidade merece destaque. A pupunheira é uma espécie tropical de rápido crescimento quando comparada às espécies tradicionalmente utilizadas para a produção de palmito, estando apta para corte já a partir dos 14 - 18 meses (BOVI, 1998). No entanto, é cultura exigente em características físicas do solo (JORGE e BOVI, 1994), extrai grande quantidade de nutrientes do mesmo (BOVI e CANTARELLA, 1996; FALCÃO et al., 1998; ARES et al., 2002) e máxima produtividade é obtida somente com uso adequado de adubação (BOVI et al., 2002; SCHROTH et al., 2002). A pupunheira responde à adubação orgânica de forma mais acentuada que à adubação química e o uso de matéria orgânica, principalmente na cova ou sulco de plantio, é altamente recomendado (CANTARELLA e BOVI, 1995; BOVI, 1998; BOVI et al, 2000). Conforme enfatizado por Oliveira et al. (2001), a adubação orgânica da pupunheira é de suma importância, haja vista que além de melhoria nas condições biológicas e físicas do solo, a matéria orgânica libera nutrientes minerais prontamente absorvidos pela planta. Resultados de pesquisa indicam que a resposta da pupunheira à adubação orgânica, especialmente de implantação, se traduz não só na maior sobrevivência a campo, como também no maior crescimento em altura, condição essencial para precocidade de colheita, bem como no maior perfilhamento da touceira, fundamental para produção periódica de palmito, longevidade da touceira e sustentabilidade do cultivo (BOVI et al., 2000) . Várias fontes de matéria orgânica e/ou produtos comerciais vêm sendo usadas na agricultura com o objetivo de melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo (GIUSQUIANI et al., 1995; SERRA-WITTLING, 1996). Merecem destaque: esterco de 4 curral, composto de lixo e resíduos vegetais, entre outros. Apenas recentemente atenção tem sido dada ao uso agrícola do lodo de esgoto, ainda que a utilização desse resíduo orgânico na agricultura remonte ao ano de 1920. Foi nessa data que os fazendeiros começaram a usar o lodo das estações municipais de tratamento de efluentes residenciais como fertilizante. Após décadas de pesquisas, as comunidades científicas e agrícolas vieram compreender que esse lodo contém nutrientes e matéria orgânica que a fertilidade do solo de maneira similar ao esterco animal. Dá-se atualmente o nome de biossólido ao lodo de esgoto devidamente tratado e com características desejáveis para ser usado na agricultura. Isso significa principalmente ausência ou número reduzido de patógenos, além de baixos teores de elementos potencialmente tóxicos, tais como metais pesados e poluentes orgânicos persistentes (LUDUVICE, 1998; ROCHA e SHIROTA, 1999; SANEPAR, 1997). Resultados de pesquisas com biossólido na agricultura indicam a presença de quase todos os nutrientes exigidos pelas plantas, e que seu emprego é altamente recomendável em culturas tais como: milho, café, cana-de-açúcar, citros, espécies florestais e outras plantas perenes, devido aos altos teores de matéria orgânica (40 – 60%), nitrogênio (4%), fósforo (2%), e micronutrientes em geral. O biossólido atua também como um condicionador do solo, melhorando as características físicas, agindo ainda em processos químicos e biológicos (MELO e MARQUES, 2000; OLIVEIRA et al., 2000). No entanto, torna-se necessário estudar o comportamento dos cultivos, quanto à melhor dosagem e freqüência de aplicação desse material, que deverá atender às exigências nutricionais, porém sem contaminar o solo e/ou provocar a entrada de metais pesados na cadeia trófica (MCGRATH et al., 1994). O primeiro estudo com biossólido em pupunheira foi feito por Vega (2003). Por meio de experimento a campo, conduzido em área apta ao cultivo (Ubatuba, SP), Vega 5 concluiu que o emprego de biossólido na fase de implantação da cultura teve reflexos positivos, tanto na biomassa aérea (VEGA et al., 2004) quanto na radicular (VEGA et al., 2005), e que esses efeitos se estendiam por até 12 meses após a aplicação inicial. Esse autor observou ainda uma diminuição da densidade aparente do solo associada a uma maior retenção de umidade, o que deve ter contribuído para o melhor desenvolvimento da cultura. Vega (2003) verificou também que por até doze meses o biossólido forneceu quase todos os nutrientes essenciais para o desenvolvimento da pupunheira, dispensando a adubação química, exceto por potássio e boro, que tiveram de ser suplementados. No entanto, alertou que em doses elevadas de biossólido pode haver lixiviação de nitrato, contaminando o lençol freático, podendo haver ainda acúmulo de metais pesados ao longo do perfil do solo. Embora com resultados interessantes, o trabalho pioneiro de Vega (2003), representou apenas uma contribuição inicial ao assunto. Como o produto final é o palmito, há necessidade de verificar se as respostas das plantas ao biossólido se traduzem em maior precocidade de colheita, maior produção ou mesmo alteração na composição do produto. Esse último aspecto é de fundamental importância, pois Vega (2003) observou que embora não tenha sido detectada fitotoxidade, mesmo na dose mais elevada (152 Mg ha-1), as análises mostraram que houve acúmulo de alguns elementos potencialmente tóxicos nas folhas. Como o palmito é composto por meristema apical e folhas em início de desenvolvimento (FERREIRA et al., 1976), é imperativo saber se os teores desses elementos estão ainda mais concentrados na parte comestível, podendo torná-lo impróprio para consumo, pela legislação vigente. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses de biossólido, aplicadas de uma única vez durante a implantação da cultura da pupunheira, sobre caracteres relacionados à 6 precocidade, à sustentabilidade do cultivo, à produção de palmito, e aos teores de macro e micronutrientes, bem como a ocorrência de metais pesados nas diferentes partes do produto. 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 A Pupunheira A pupunheira é palmeira originaria da América tropical que foi muito utilizada por alguns povos indígenas pré-hispânicos e cujos frutos, nutritivos, eram consumidos como fonte alimentícia (VILLACHICA, 1996; CLEMENT et al., 2003). É considerada, por suas características de precocidade, rusticidade e perfilhamento, como uma das palmeiras com atributos ideais para a produção de palmito (BOVI, 1998). Pesquisas com a pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) visando a produção de palmito tiveram início na Costa Rica durante a década de 1960 (CAMACHO e SORIA, 1970), e no Brasil no começo da década de 1970, no Instituto Agronômico (GERMEK, 1978), citado por Bovi (1998), e no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (MOREIRA e ARKCOLL, 1988). No início da década de 1990, o plantio de pupunheira destinado para palmito no Brasil teve grande expansão e o número de grupos trabalhando com a espécie cresceu rapidamente (BOVI, 1997). A pupunheira propicia vários usos, tais como: consumo humano direto de seus frutos, farinha para panificação, farinha para ração animal, entre outros. No entanto, o palmito é hoje o produto econômico mais importante obtido da pupunheira, sendo comercializado na forma 7 de toletes de palmito em conserva (palmito de primeira), pedaços e rodelas (TONET et al., 1999; CLEMENT, 2000), além da comercialização “in natura” feita em alguns países, tais com Brasil, Peru, Bolívia e Costa Rica. 2.1.1 Ecologia e biologia da pupunheira A pupunheira se adapta muito bem em terras das regiões tropicais úmidas (MOLINA, 1997). Porém, maiores rendimentos ocorrem em solos aluviais, jovens, com perfil profundo, bem drenados, e com alto teor de matéria orgânica. Seu desenvolvimento é melhor em áreas com chuva abundante ao longo do ano (2000-3000 mm), temperaturas moderadamente altas (24-280 C), e elevações que variam de 5-700 metros sobre o nível do mar (CLEMENT, 1989; VILLACHICA, 1996). É reconhecido que o crescimento e o desenvolvimento da pupunheira dependem basicamente das condições hídricas da área de cultivo (BASSOI et al., 1999; RAMOS, 2002; RAMOS et al., 2002) e das características físicas do solo (JORGE e BOVI, 1994). A pupunheira é uma palmeira cespitosa (multi-caule) que pode atingir 20 m ou mais de altura. O diâmetro do estipe pode variar de 15 a 30 cm e o comprimento médio dos entrenós está entre 2 a 30 cm. Estes apresentam espinhos rígidos, pretos ou marrom-escuro. Porém, existem mutações sem espinhos, selecionadas pelos ameríndios em diversas áreas de ocorrência da espécie. O ápice do estipe sustenta uma coroa de 15 a 25 folhas pinadas, com os folíolos inseridos em diferentes ângulos. As folhas tenras não expandidas, localizadas no centro da coroa, formam o palmito (MORA-URPÍ et al., 1997). 8 Clement e Mora-Urpí (1983), forneceram uma descrição detalhada da folha da pupunheira e das variações encontradas em suas dimensões e componentes. A folha da pupunheira adulta é pinada, com os folíolos dispostos em grupos ao longo da ráquis, sendo o primeiro folíolo de cada grupo aproximadamente perpendicular à ráquis, estando os folíolos subseqüentes dispostos cada vez mais na posição horizontal. Essa disposição dá à folha uma aparência desalinhada e teoricamente permite maior eficiência na absorção de luz. O comprimento dos folíolos varia de forma imprevisível ao longo da ráquis, dificultando a padronização dos mesmos para estimativas de área foliar. As primeiras folhas juvenis da pupunheira são bífidas, formadas pela fusão dos folíolos. 2.1.2. Crescimento e produção da pupunheira O cultivo de pupunheiras visando a produção de palmito é diferente daquele destinado à produção de frutos. Devido à colheita periódica e constante, as plantas apresentam-se em permanente estádio vegetativo (CLEMENT, 1995), e a velocidade com que a fitomassa se acumula e é reposta após cada colheita torna-se um indicador da produtividade e da vida econômica do cultivo. A avaliação de variáveis relacionadas ao crescimento e à precocidade da planta é fundamental, visto estar relacionadas com a produção (CLEMENT e BOVI, 2000). Visando padronizar a mensuração de plantas em experimentos com pupunheira, Clement e Bovi (2000) apresentaram uma lista de medidas a ser utilizadas, incluindo caracteres de crescimento e produção. Esses autores (CLEMENT e BOVI, 2000) argumentaram que o emprego desse conjunto padronizado de medidas permite melhorar a compreensão de como a pupunheira reage aos tratamentos aplicados, possibilitando ainda a 9 comparação direta entre diferentes genótipos e ambientes, bem como a uniformização da terminologia usada no relato de resultados de pesquisa com essa palmeira. 2.1.3. Solos e nutrição da pupunheira A pupunheira vem sendo cultivada intensivamente em Oxisols, Andisols e Ultisols, tanto no Brasil quanto na Costa Rica. Via de regra, esses solos apresentam pH ao redor de 4.5, alta saturação de Al, e baixo conteúdo de material orgânico (PEREZ et al., 1987; CLEMENT, 1989; MOLINA, 1997). No entanto, mesmo sendo uma espécie relativamente rústica, deve-se buscar as melhores condições de fertilidade do solo para seu desenvolvimento (BOVI, 1997), já que apresenta maior produtividade em solos de maior fertilidade. Lobo (1997), citado por Deenik et al. (2000), relatou que solos com baixo teor de nutrientes e conteúdo de material orgânico, limitam o crescimento da pupunheira. Portanto, uma adubação inicial adequada, feita ainda no sulco do plantio, é determinante para o crescimento da planta, contribuindo também para abreviar o tempo necessário para a primeira colheita (BOVI et al., 2002). Em experimento avaliando os efeitos de diferentes níveis de adubação mineral (NPK) e esterco bovino na pupunheira, Yuyama (1997) verificou que aos dez meses após a adubação química, não ocorreu diferença no diâmetro, na altura da planta, no número de folhas verdes e no número de perfilhos. Por sua vez, a adição de 5,0 kg de esterco bovino por planta proporcionou aumentos significativos nesses mesmos caracteres. Tais resultados foram posteriormente corroborados por Oliveira et al. (2001). Esses autores, avaliando fontes e doses de matéria orgânica, observaram que o uso de matéria orgânica na pupunheira aumentou as variáveis de crescimento, tais como comprimento do estipe e número de perfilhos. Esses dados indicam a importância da matéria orgânica para a pupunheira. De fato, a matéria 10 orgânica posiciona-se como um dos fatores de maior influência nas características do solo, sendo a principal responsável pela sua estruturação física, devido à melhoria na agregação das partículas e na estabilidade de agregados, favorecendo assim a infiltração de água no perfil, a aeração e a retenção de umidade, melhorando sua resistência à erosão e à seca, além de ativar a biota do solo e possivelmente, aumentando ainda a resistência das plantas às doenças e pragas (RAIJ, 1998; WANG et al., 1997; AYUSO et al., 1996). 2.2 Biossólido Os lodos de esgoto são resíduos semi-sólidos, predominantemente orgânicos, com teores variáveis de componentes inorgânicos, provenientes do tratamento de águas residuais domiciliares ou industriais (ANDRADE, 1999). O uso agrícola desses resíduos tem sido recomendado por proporcionar benefícios agronômicos, como elevação do pH do solo (SILVA et al., 2001; RIBEIRO et al., 2004), redução da acidez potencial (BERTON et al., 1989) e aumento na disponibilidade de macronutrientes (DA ROS et al.,1993; BERTON et al., 1997). Além disso, deve ser mencionado que o uso agrícola do biossólido representa um benefício de ordem social, pela disposição final menos impactante do resíduo no ambiente, assim como a economia de fertilizantes químicos que esse material pode proporcionar (MORO, 1994; SANTOS e TSUTYA, 1997; ZEN et al., 1994). O Centro Nacional de Referência e Gestão Ambiental Urbana (2001) refere-se aos destinos que podem ter o lodo de esgoto, uma vez que o custo da disposição desse material chega a corresponder a até 60% dos custos de operação de uma estação de tratamento, no caso da opção pela disposição em aterros sanitários. No entanto, o uso agrícola do biossólido deve ser criterioso, visto que esse resíduo pode conter uma variedade de patógenos, agrupada em bactérias, vírus, protozoários, além de helmintos (APEDAILE, 2001). Portanto, para a 11 aplicação em áreas agrícolas, os lodos devem ser submetidos a processo de redução de patógenos e da atratividade de vetores. Para efeito de controle, a aplicação desse resíduo no solo no Estado de São Paulo deve obedecer aos critérios estabelecidos pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (P4. 230, CETESB 1999). Essa norma estabelece os critérios para o uso de biossólido em áreas agrícolas, florestais, de produção ou de re-vegetação, bem como em áreas degradadas, preconizando concentrações máximas permitidas para elementos patogênicos e poluentes químicos, e exigindo redução da capacidade de atração de vetores, como moscas e roedores. O elevado conteúdo de matéria orgânica do biossólido, pode melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo (AGGELIDES e LONDRA, 2000; BENITES et al., 2001; SELIVANOVSKAYA et al., 2001). Diversos trabalhos têm demonstrado o seu potencial como fertilizante, fornecendo nutrientes e elevando a produção de massa seca de várias culturas agrícolas (BETTIOL et al., 1983; BERTON et al., 1989; MOLINA, 2004; RAPPAPORT et al., 1988;). A eficiência do biossólido para fornecer N, P, Ca, S, e Zn para várias espécies foi reconhecida por vários autores, entre eles Berton et al. (1997; 1989), Carvalho e Barral (1981), Marques (1997) e Silva et al. (1998). Entretanto, é preocupante o potencial de acumulação de metais pesados em solos tratados com biossólido, que em elevadas concentrações, podem causar toxidez às plantas e atingir o homem por meio da cadeia alimentar (MCBRIDE, 1995; KELLER et al., 2002). Nuvolari (1996) argumentou que a matéria orgânica presente no lodo de esgoto, ao ser degradada, aumenta a porcentagem de húmus no solo. Com isso aumenta também a capacidade de troca catiônica (CTC) e a capacidade de reter íons metálicos que, de outra forma, poderiam ser carregados através do movimento da água pluvial que percola, 12 contaminando os lençóis subterrâneos. Essa maior capacidade de retenção, no que se refere à aplicação de lodos contendo metais, em solos agrícolas, resulta em acumulação de metais que deve ser controlada, para evitar a possibilidade de passagem para a cadeia alimentar, através das plantas. 2.3. Potencial de Uso Agrícola do Biossólido Segundo Harrison et al. (1996), a maior parte das áreas agrícolas e florestais do Brasil está localizada em solos de baixa fertilidade, degradados ou em processo de degradação. Muitos desses processos são, de alguma forma, provocados pela própria atividade florestal. O aumento da mecanização e o uso prolongado de fertilizantes minerais (fontes de NPK) são os principais indutores de resultados indesejáveis para o ambiente, como compactação do solo, contaminação de águas subterrâneas e perda de outros nutrientes, via exportação, pelo aumento da produção. Conforme relatado por Melo e Marques (2000), a aplicação direta de biossólido na agricultura é uma alternativa mais sensata e útil, por ser constituído por componentes benéficos ao solo e às plantas. A matéria orgânica, pela sua capacidade de melhorar as características físicas e biológicas do solo, é uma das razões importantes para seu uso na agricultura. Assim, o biossólido pode ser considerado um material com certas propriedades e características próprias da matéria orgânica, tais como, elevada superfície específica, carga líquida negativa dependente do pH do meio, facilidade de embebição de água e da solução do solo e capacidade de formar quelatos orgânicos (BERTONCINI e MATTIAZZO, 1999; SIMÃO e SIQUEIRA, 2001). 13 Segundo Cardoso (2002), quando o lodo de esgoto tratado é aplicado na camada arável do solo, são observadas alterações nas características fisico-químicas nos 30 primeiros centímetros, tais como neutralização da acidez, incremento da condutividade elétrica, da matéria orgânica, da CTC e da porosidade. Barbosa et al. (2002), após dois anos de incorporação de lodo anaeróbico em Latossolo vermelho eutrófico, concluíram que existe uma tendência de aumento da agregação do solo e da macroporosidade e de redução da densidade do solo e da microporosidade. Efeitos benéficos na porosidade, agregação, retenção e infiltração de água em Latossolo Vermelho, distrófico, textura argilosa, foram observados por Jorge et al. (1991) após as aplicações de 40 e 80 Mg ha-1 de biossólido, com ou sem calcário. Houve alteração na relação entre os micro e macroporos, na retenção de água e no índice de agregação, mesmo em solo com alta estabilidade de agregado, não alterando significativamente a densidade, a porosidade total e a infiltração de água nas dosagens aplicadas parceladamente (20 Mg ha-1), ou de uma única vez. Melo e Marques (2000) confirmaram que, a presença de macronutrientes, com destaque para o nitrogênio, fósforo, enxofre, cálcio, e micronutrientes como o cobre, ferro, zinco, manganês, boro e molibdênio, tornam atrativa a disposição do biossólido em solos cultiváveis. Entretanto, a sincronia entre a reação de mineralização dos nutrientes, entre eles o nitrogênio fornecido pelo biossólido, e a absorção desses nutrientes pelas plantas, é um fator importante que deve ser considerado no cálculo da dose de biossólido a ser aplicada ao solo agrícola, conforme evidenciado em alguns trabalhos como o de Medalie et al. (1994). 14 Cox (1995), estudando o aporte de nitrogênio procedente de diferentes fontes relatou que o biossólido forneceu quantidades adequadas de N para plantas de crescimento lento e baixa taxa de absorção do nutriente. Entretanto, para plantas de rápido crescimento e elevadas taxas de absorção de N, o biossólido deveria ser combinado com fertilizantes nitrogenados solúveis, pois o biossólido não se mostrou fonte eficiente de liberação rápida de N (ANJOS e MATTIAZZO, 2000). Outro aspecto importante diz respeito à imobilização dos nutrientes, especialmente do N, e à aceleração de seu processo de mineralização. Vieira e Cardoso (2003) em experimento com doses crescentes de biossólido em Latossolo Vermelho Distrófico plantado com milho, não encontraram diferenças significativas nos teores de N contido na biomassa microbiana, nos primeiros 20 cm do solo, descartando assim a possibilidade de que grandes quantidades de N tenham sido imobilizadas pela microbiota do solo nos primeiros 150 dias após a emergência do milho. Já Silva et al. (1999), observaram que a correção da acidez do solo (Latossolos Vermelho-Amarelos) mediante utilização de CaCO3 , resultou em aceleração do processo de mineralização e em diminuição das quantidades de N imobilizado. Nyborg e Hoyt (1978) e Dancer et al. (1973), citados por Molina (2004), também observaram o efeito temporário da calagem no sentido de acelerar o processo de mineralização de N, efeito que tem sido associado à elevação dos valores de pH e à diminuição do Al, com conseqüente aumento da atividade de organismos mineralizadores. Pelas características favoráveis descritas acima, o biossólido apresenta potencial para ser empregado em várias culturas. Diversas pesquisas têm sido desenvolvidas, mostrando que as gramíneas (milho, trigo, cana-de-açúcar, etc) são ideais para o uso do biossólido, pois além 15 de aproveitarem bem seus nutrientes, apresentam colheita realizada mecanicamente, o que elimina o risco de qualquer tipo de contaminação (SANEPAR, 1997). Resultados interessantes com o uso de biossólido têm sido obtidos para a cana-de açúcar. Por exemplo, Melo et al. (1994) cultivaram essa planta em Latossolo Vermelho, distrófico, utilizando biossólido nas dosagens de 4, 8, 16, 32 Mg ha-1 e verificaram que a dose de 32 Mg ha-1 promoveu aumento significativo na CTC e no teor de C-orgânico até os 230 dias da aplicação do resíduo. Nas dosagens menores, o efeito do resíduo sobre o C-orgânico permaneceu até os 77 dias, para retornarem após, a seus valores originais. Por sua vez, Oliveira et al. (2002), após duas aplicações anuais de biossólido em Latossolo Amarelo distrófico cultivado com cana-de-açúcar, verificaram aumentos nos teores de C-orgânico, na condutividade elétrica e no pH do solo, evidenciando a possibilidade de incrementos de Corgânico e pH através de aplicações sucessivas e elevadas de resíduo orgânico. Com relação ao fornecimento de nutrientes essenciais aos vegetais, os maiores benefícios estão no fornecimento de nitrogênio, fósforo e cálcio. Outra gramínea que tem mostrado resultados interessantes com a aplicação de biossólido é o milho. Por exemplo, em pesquisas efetuadas por Martins et al. (2003), o acúmulo de macronutrientes e a produção de matéria seca aumentaram com a aplicação de biossólido, especialmente quando houve adição de K mineral. A necessidade de complementação com potássio quando do uso de biossólido foi reportada por vários autores. Utilizando diferentes espécies vegetais, Tsutiya (2001a), Oliveira et al. (1995), Silva et al. (2000; 2001) e Melo e Marques (2000), concluíram que lodos de esgoto não são boas fontes de K para grande parte das culturas de interesse agronômico. Portanto, sua utilização, seja na composição de substrato ou como fertilizante na agricultura, fica dependente da 16 complementação com outras fontes de nutrientes como P e K, restringindo seu uso (RIBEIRO et al., 2004). Em outro trabalho Silva et al. (2002), aplicando biossólido, com 10% de umidade, em doses únicas de 54, 108 e 216 Mg ha-1 em Latossolo Vermelho distrófico, verificaram que na dose 54 Mg ha-1 o fornecimento de nutrientes foi suficiente para três anos, com produtividade média de grãos de 4,7 Mg ha-1, e que a dosagem de 189,5 Mg ha-1 seria suficiente para o rendimento máximo de milho. Também em outras culturas têm sido relatados os efeitos benéficos do uso de biossólido. Por exemplo, Pedreno et al. (1996) relatou alto rendimento do tomateiro fertilizado com lodo de esgoto encontrando além disso, que não existia nenhuma diferença com outros fertilizantes orgânicos. Efeitos benéficos do biossólido em culturas perenes também têm sido observados. Para a macieira, Solov e Khamyakov (1989), assim como Awad et al. (1995), citados por Bozkurt e Yarilgac (2003), observaram grandes benefícios na cultura da macieira adubada com lodo de esgoto, ocorrendo alta produção de biomassa nas árvores, assim como aumento de crescimento nas mudas. Assim, monitorando os teores de metais pesados, presença de organismos patogênicos e atração de vetores, e conhecendo-se as condições do solo que irá receber o biossólido, assim como a taxa de aplicação nas culturas, é possível o uso de biossólido sem a possibilidade de prejuízo à saúde ou ao ambiente, por ser um produto semelhante a outros de uso agrícola, tais como os estercos bovino, avícola, suíno, caprino, etc. 17 Dessa maneira, seguindo as recomendações das pesquisas, a utilização do biossólido pode trazer benefícios aos cultivos agrícolas, e logicamente ao produtor, por ser uma fonte de nutrientes, e por aliviar a carga de esgotos poluentes nos mananciais de água. 2.4. Riscos de Contaminação Pelo Uso do Biossólido Segundo Berton (2000) e SANEPAR (1997), citando Page et al. (1983), os patógenos (Tabela 1) contidos no biossólido apresentam pouco tempo de sobrevivência, e quando incorporados ao solo, tendem a desaparecer, pois estarão em meio pouco adequado. Por sua vez, os compostos orgânicos e os metais pesados podem permanecer no solo durante muito tempo, dificultando a sua remoção. No biossólido de origem urbana, adicionado de água de chuva e de esgoto industrial, os metais comumente encontrados são cádmio (Cd), cromo (Cr), cobre (Cu), ferro (Fe), mercúrio (Hg), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni), chumbo (Pb), cobalto (Co) e zinco (Zn) dos quais Cu, Fe, Ni, Mn, Mo, e Zn são essenciais aos vegetais e o Co às bactérias fixadoras de nitrogênio. São indispensáveis aos animais: Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Mo, e Zn contidos no biossólido. Já quando o biossólido é proveniente de áreas estritamente residenciais, a presença de metais pesados é reduzida. Tabela 1. Tempo de sobrevivência de diversos tipos de patógenos no solo e nas plantas. PATÓGENOS BACTÉRIA Tempo máximo Tempo médio Tempo máximo Tempo médio no solo no solo na planta na planta 1 ano 2 meses 6 meses 1 mês VÍRUS 6 meses 3 meses 2 meses 1 mês PROTOZOÁRIOS 10 dias 2 dias 5 dias 2 dias HELMINTOS 7 anos 2 anos 5 meses 1 mês Fonte: Page et al. (1983) 18 Chang e Page (2003) alertaram que as quantidades de metais pesados adicionados no campo pela aplicação de biossólido são sempre maiores que as quantidades que podem ser removidas pela absorção das plantas e lixiviação pelo solo. Como resultado, metais pesados são acumulados e suas concentrações aumentam a cada aplicação. Assim, o nível de metal e suas correspondentes concentrações na solução do solo poderá permanecer elevado por longa data, mesmo com a suspensão da aplicação de biossólido. Esses autores, informaram ainda que a absorção de Cr, Cu, Ni e Pb pelas plantas, em área que recebeu biossólido, provavelmente não vá ser afetada pelo elevado nível de metal dissolvido. Uma vez presente nos solos, os metais permanecerão neles por longo período, podendo se tornar um legado permanente. Segundo Molina (2004), a toxicidade dos metais pesados ou elementos potencialmente tóxicos depende do teor e da forma química na qual eles se apresentam no biossólido, e uma vez no solo, é dependente das diferentes interações existentes no meio. Porém, a concentração de metais nas partes aéreas das plantas, em relação à concentração existente no solo, pode ser indicativa de sua fitodisponibilidade e tem sido demonstrado pela pesquisa que Cd e Zn apresentam os maiores coeficientes de transferência para as plantas, enquanto metais como Cu e Cr são menos disponíveis (ALLOWAY e AYRES, 1997; LASAT, 2000). MacDowell et al. (1993) relataram que as concentrações de elementos químicos nas plantas dependem da interação de um certo número de fatores, incluindo tipo de solo, espécie vegetal, estádio de maturação, rendimento, manejo da cultura e clima. No entanto, o principal fator é o potencial de absorção, específico e geneticamente fixado para os diferentes nutrientes e diferentes espécies vegetais (MENGEL e KIRKBY, 1987). Além disso, o acúmulo de 19 metais pesados, é também muito variável de um determinado órgão para outro da mesma planta, como enfatiza Porto (1986), citado por Anjos e Mattiazzo, 2000. Deve-se levar em conta que a absorção em solos contendo diversos metais pode ser diferente daquela verificada com elementos isolados, pelas diversas interações entre esses, que podem ser independentes, antagonísticas, aditivas ou sinergísticas (BARCELÓ e POSCHENRIEDER, 1992; KAHLE, 1993). Outro fator a ser levado em consideração diz respeito às respostas das espécies ao excesso de metais, são diferenciadas em função dos tipos de solo (MELO e MARQUES, 2000). Sobre esse aspecto, existem trabalhos interessantes. Boaretto et al. (1992) encontraram teores de 7,2 mg kg-1 de Ni nos grãos de feijão com aplicações acima de 10 Mg ha-1 de lodo de esgoto. André et al. (1994), trabalhando com sorgo, observaram que plantas que receberam 64 Mg ha-1 de lodo de esgoto, apresentaram maior teor de Cr, indicando que o lodo de esgoto contribuiu para elevar o teor desse metal nos grãos. Por sua vez, Oliveira et al. (1995) verificaram que a adição de lodo de esgoto aumentou os teores de Cd, Cu, Cr, Ni e Zn nos tratamentos aplicados, mas, evidências do aumento da disponibilidade desses metais para plantas de milho, só foram observadas na dose 40,5 Mg ha-1 de biossólido (base seca). Anjos e Mattiazzo (2000), observaram que plantas de milho cultivadas em solos tratados com biossólido durante vários anos, podem apresentar problemas relacionados com fitotoxicidade. Isso foi também observado por Oliveira et al. (1995). No entanto, Rappaport et al. (1988) verificaram que ainda que a aplicação de Zn, via biossólido, tenha excedido o limite estabelecido pelo USEPA, não se observou fitotoxicidade desse elemento nas plantas de milho nos diversos solos estudados. Anjos e Mattiazzo (2000), observaram ainda que os maiores teores de Cr foram encontrados no sabugo do milho, não constando aumento dos teores em 20 outras partes da planta, divergindo de André et al. (1994) em sorgo granífero, Oliveira et al. (1995) e Pierrisnard (1996) em milho. Bidwell e Dowdy (1987) observaram que as concentrações de Cr nos colmos e grãos oscilaram anualmente, independentemente das doses de lodo de esgoto aplicadas. Nesse sentido, também é importante considerar o trabalho de Isea et al. (2000), que verificaram que Cd e Ni se movimentaram em profundidade no solo, sendo que esse fenômeno não foi observado para o Cr, que se acumulou na superfície. Mattiazzo-Prezotto (1994) estudando o comportamento de Cd, Cu, Cr, Ni e Zn, sob formas de sais solúveis adicionados a solos contidos em tubos de percolação, concluiu que os teores de óxidos de ferro e alumínio do solo foram fundamentais na retenção dos metais adicionados. O autor recomendou que, em solos arenosos com baixo conteúdo de óxidos, não deveriam ser usados resíduos contendo metais, entre os quais inclui-se o biossólido. Martins et al. (2003), confirmaram o acúmulo de metais nas folhas, caules e raízes, em oposição aos grãos e sabugos de milho. Esse fato já tinha sido observado anteriormente por diversos autores (ANJOS, 1999; GARCIA et al., 1979; REED et al., 1991). Mesmo com as grandes quantidades de metais adicionadas ao solo pelo biossólido, as concentrações de Cu, Fe, Mn e Zn nos grãos ficaram abaixo dos limites máximos permitidos para contaminantes químicos em alimentos, estabelecidos pela Portaria 685 do Ministério da Saúde (BRASIL, 1998). Para o Estado de São Paulo ainda está em vigor a norma CETESB P4.230 (CETESB, 1999), que estabelece as exigências para a aplicação de biossólido, visando ao atendimento de parâmetros ambientais. A norma determina as concentrações-limite de metais e também as cargas cumulativas máximas permitidas para aplicação em solos agrícolas (Tabela 2). 21 Tabela 2. Concentrações máximas de metais no biossólido, taxa anual máxima de metais e cargas acumulativas máximas permissíveis para aplicação em solos agrícolas, em mg kg-1, base seca. (CETESB, 1999) Metal Concentrações Taxa de Aplicação Anual Carga Máxima Acumulada de Máximas Máxima.(kg ha-1) Metais pela Aplicação de (mg kg-1) Lodo (kg ha-1) Arsênio 75 2,0 41 Cádmio 85 1,9 39 Cobre 4300 75 1500 Chumbo 840 15 300 Mercúrio 57 0,85 17 Níquel 420 21 420 Selênio 100 5,0 100 Zinco 7500 140 2800 Fonte: CETESB, P.4.230, 1999. Por sua vez, a ocorrência de metais pesados nos alimentos, é regulamentada internacionalmente pelo CODEX ALIMENTARIUS (2002), que inclui normas preparadas por uma comissão da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas normas, aprovadas pela comissão do CODEX Alimentarius, são consideradas de caráter obrigatório, estimulando os paísesmembros a inseri-las nas legislações nacionais. Na legislação brasileira, os metais pesados estão incluídos juntamente com pesticidas, na categoria dos aditivos incidentais (ABIA, 2003; VIANA et al., 1997), sendo designados como contaminantes inorgânicos. Limites máximos de contaminantes em alguns produtos como frutas em conserva, coco ralado, geléia de frutas, frutas cristalizadas e hortaliças em conserva, de acordo com o disposto nas resoluções 22 publicadas entre 1977 e 1979, ainda estão vigentes. Para todos esses produtos, os limites máximos, expressos em mg kg-1, são: Hg: 0,01; Cr: 0,1; As e Cd: 0,2; Se: 0,3; Pb: 0,5; Ni e Sb: 1,0; Cu: 15; Zn: 25; e Sn: 250. Além disso existem duas portarias recentes que estabelecem limites máximos para o cromo de 0,10 mg kg-1, em qualquer alimento (BRASIL, 1990a), bem como limites máximos para o chumbo em diferentes produtos (BRASIL 1990b). Ainda assim as normativas não estão completas, pelo que é conveniente recomendar a implementação de medidas, visando à diminuição dos limites máximos (VIANA et al., 1997). Outro aspecto interessante é a comercialização de produtos através do Mercosul, o que obriga o estabelecimento e a padronização de regras, normas e/ou decretos relacionados com os alimentos. Especificamente para o palmito não existem ainda normas sobre limites máximos. No entanto, como palmito é comercializado como hortaliça não convencional (BOVI et al., 2004; CLEMENT e MANSHARDU, 2000), os valores utilizados para determinar o limite máximo de contaminantes inorgânicos são os referentes às hortaliças em geral. A Tabela 3 apresenta os limites máximos permitidos pelo CODEX Alimentarius, bem como legislações específicas, brasileira e chilena. 23 Tabela.3. Concentrações máximas de metais no produto permitidas pelo Decreto 55871 da Associação Brasileira de Indústrias Alimentícias, da Legislação Brasileira, do Codex para Palmito enlatado e do Decreto S. 977/96 do Chile. Dados em mg kg-1, com base em material “in natura”. Elementos Decreto 55871* Legislação Brasileira** mg kg-1 Cd 1,00 0,20 Pb 0,80 0,50 Cu 30,00 15,00 Hg 0,01 0,05 Zn 50,00 5,00 Cr 0,10 Ni 5,00 25,00 Se 0,30 0,30 As 1,00 Sn CODEX*** D.S.977/96 STAN 144-85 Chile 1,00 0,30 5,00 0,30 250,00 250,00 *Associação Brasileira das Industrias Alimentarias, **Legislação Brasileira ***Codex-Palmito Enlatado. Fonte: Viana et al., 1997 24 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Caracterização do Local do Experimento O experimento foi instalado, em julho de 2001, no campo da Unidade de Pesquisa de Desenvolvimento do Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico do Agronegócio do Vale do Paraíba, localizada em Ubatuba, SP (23º27’S, 45º04’O, a seis metros de altitude). O clima da região é “Cfa”, pela classificação de Köppen, tropical quente e úmido (SETZER, 1966), com pluviosidade anual normal de 2841 mm, evapotranspiração potencial normal de 992 mm, excedente normal de 1849 mm, temperatura média anual de 20,8 ºC e déficit hídrico nulo. O solo, próprio da área agricultável da região, é classificado como Aluvial álico (Udifluvent), com boa drenagem. É arenoso, com a seguinte composição granulométrica na profundidade de 0-15 cm: 100 g kg-1 de argila, 140 g kg-1 de silte, 130g kg-1 de areia fina e 630 g kg-1 de areia grossa. À maiores profundidades há progressiva diminuição na porcentagem de areia grossa e aumento da areia fina. A porosidade total na profundidade de 0-20 cm é de 49,97%, havendo 29,65% de macroporos e 20,32% de microporos. A densidade global do solo está em torno de 1,20 g cm-3 (JORGE e BOVI, 1994). O local apresenta baixa saturação por bases (21,3 %), tendo sido feita aplicação de calcário dolomítico (7 t ha-1) em toda a área experimental, de forma a elevar a saturação teórica por bases a 60 %. Segundo Vega (2003), o solo apresentou, após a calagem, as seguintes características químicas a 0-20 cm de profundidade: pH CaCl2 5,4; MO 22,18 g dm3 ; Presina 7,94 mg dm-3; K 1,60 mmolc dm-3; Ca 19,85 mmolc dm-3; Mg 8,88 mmolc dm-3; CTC 25 66,92 mmolc dm-3; V 47,5%; SB 30,33 mmolc dm-3; Fe 27,15 mg dm-3; Mn 1,46 mg dm-3; Cu 0,25 mg dm-3; Zn 0,24 mg dm-3; B 0,17 mg dm-3; Cd 0,03 mg dm-3; Cr 0,03 mg dm-3; e Ni 0,11 mg dm-3. 3.2. Origem e Característica das Pupunheiras Foram utilizadas mudas de pupunheira da raça Putumayo (Yurimaguas – Peru), formadas em viveiro e com 10 meses de idade por ocasião do plantio. Esse material genético é a base do cultivo comercial de pupunheira para palmito no Brasil (BOVI, 1998). As plantas foram cultivadas no espaçamento de 2 x 1 m (5000 plantas ha-1), densidade recomendada para a espécie, visando à produção de palmito (BOVI, 1998). 3.3. Origem e Características do Biossólido Utilizado no Experimento O biossólido utilizado no presente trabalho foi proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto de Bertioga, SP, gerado pelo processo de batelada (aeróbio) e apresentou umidade média de 79,7%. Resultados da análise química média desse biossólido foram relatados por Vega (2003) e encontram-se sumarizados na Tabela 4. 26 Tabela 4. Resultados médios (no material seco) da análise química do biossólido utilizado no experimento. ETE Bertioga, SP, 2001. Os valores de concentração para o nitrogênio nas formas amoniacal e nitrato foram determinados na amostra nas condições originais. Amostra Parâmetro MÉDIA g kg-1 Fósforo Potássio Sódio Arsênio VMA(1) Unidade 26,1 --- g kg -1 3,3 --- g kg -1 --- <0,01 75,0 -1 mg kg 0,5 -1 Cádmio mg kg 2,3 85,0 Chumbo mg kg-1 55,2 840,0 -1 163,6 4300,0 -1 29,7 3000,0 -1 <0,01 57,0 -1 <0,01 75,0 -1 16,9 420,0 Selênio mg kg -1 <0,01 100,0 Zinco mg kg-1 555,1 7500,0 9,4 --- 302,8 --- 8,2 --- 79,7 --- 59,8 --- 40,1 --- 933,8 --- mg kg 9,9 --- -1 Cobre mg kg Cromo total Mercúrio Molibdênio Níquel mg kg mg kg mg kg mg kg -1 Boro mg kg Carbono orgânico g kg -1 pH Umidade % Sólidos Voláteis % Nitrogênio Kjehldahl Nitrogênio NH4+ - N – NO3 e NO2 Enxofre Manganês Ferro Magnésio Alumínio g kg -1 mg kg-1 -1 g kg 7,3 --- -1 793,2 --- -1 63,9 --- 7,0 --- 12,0 --- mg kg mg kg g kg -1 -1 mg kg Cálcio g kg-1 21,3 --1 VMA (Valor Máximo Aceitável) LE – CETESB P 4.230. 27 3.4. Cálculo e Aplicação das Doses de Biossólido As doses empregadas foram calculadas levando-se em consideração as recomendações para o cultivo, presentes no boletim 100 do IAC (200 kg N ha-1) (BOVI e CANTARELLA, 1996), e a composição química do lodo da Estação de Tratamento de Esgoto de Bertioga, apresentando valores de nitrogênio: Nkj (40,1 g kg-1), NNH4 (4.600 mg kg-1), NNO3+NO2 (48,9 mg kg-1) em matéria seca. Assim, segundo as fórmulas apresentadas por Tsutiya (2001b), calcularam-se as doses a serem aplicadas, que foram 0, 38, 76 e 152 Mg ha-1 de biossólido fresco (79,7 % de umidade), equivalentes a 0, 100, 200 e 400 kg de N prontamente disponível por hectare. Detalhes desses cálculos podem ser encontrados em Vega (2003). Durante o plantio das mudas, foram adicionados 15 g por planta de cloreto de potássio, como fonte de K. O lodo foi aplicado de uma única vez, posteriormente ao plantio das mudas, na linha (sulco), ocupando o espaço entre uma planta e outra. Esse procedimento facilitou a aplicação, ao mesmo tempo em que impediu o contato direto com o lodo, tanto da muda plantada, quanto do trabalhador que a plantou. Foram feitas adubações complementares, em todos os tratamentos, com 15 g de cloreto de potássio e 2,4 de Bórax por planta, a partir do terceiro mês do plantio, e repetidas a cada três meses, visando corrigir deficiências detectadas por meio de sintomas típicos de carência de potássio e boro. 28 3.5. Delineamento Experimental O experimento foi delineado em esquema de blocos ao acaso, com seis blocos, e quatro tratamentos, totalizando 24 parcelas, tendo 36 plantas por parcela, das quais as 16 mais internas foram mensuradas periodicamente. Foram utilizadas bordaduras duplas ao redor de toda a área experimental. Cada parcela tinha as dimensões de 6 m de comprimento por 12 m de largura, totalizando uma área de 72 m2. As doses de nitrogênio prontamente disponível do biossólido, correspondentes a 0, 100, 200, 400 kg N ha-1, foram distribuídas por sorteio dentro da área experimental (Figura 1). 200 0 100 400 100 400 0 200 400 100 200 0 100 0 400 200 200 400 0 100 400 200 100 0 Figura 1- Diagrama esquemático da área experimental com a distribuição ao acaso das diferentes doses de biossólido. Ubatuba, SP, 2001-2003. 29 3.6. Tratos Culturais Para evitar a competição de ervas daninhas, foi realizado controle com o uso de roçadeira mecânica, repetido a cada duas ou três semanas, dependendo do grau de crescimento. Não foi feito controle de doenças e pragas, devido à ausência significativa de agentes causais durante todo o período de avaliação do experimento. 3.7. Avaliação das Respostas da Pupunheira Foram avaliadas mensalmente, no decorrer do experimento (julho de 2001 a fevereiro de 2003), as respostas da pupunheira às doses de biossólido referentes à produção de palmito e alguns caracteres a ela relacionados, tais como: sustentabilidade do cultivo; rendimento e produção; composição química comparativa do palmito e folha-teste. As características avaliadas serão descritas pela ordem de tomada de medidas. 3.7.1. Caracteres relacionados à sustentabilidade do cultivo Altura da planta (cm) – Foi avaliada mensalmente em todas as plantas úteis (16 por parcela). De acordo com a padronização proposta por Clement e Bovi (2000), foi medida na haste principal (planta-mãe), do solo até o ponto entre a flecha e a folha mais nova (a forquilha formada entre a folha flecha, denominada folha 0, e a primeira folha expandida, denominada folha+1). A altura da planta está altamente correlacionada com a biomassa e a área foliar (CLEMENT, 1995; VEGA et al., 2004), assim como com a produção de palmito 30 (BOVI et al., 1992; 1993; MOREIRA e ARKCOLL, 1988), sendo uma das características mais facilmente mensuráveis em experimentos visando à produção de palmito. Plantas aptas para corte (%) – Essa variável foi avaliada, mensalmente, do 10o ao 18o mês após a implantação do experimento, levando em conta a média das plantas úteis de cada parcela. Considerou-se como estando apta para colheita de palmito toda haste com altura mínima de 160 cm (avaliada de acordo com descrição acima) e diâmetro mínimo (avaliado a 50 cm de altura do solo) acima de 9 cm, segundo critérios propostos por vários autores, entre eles Bovi (1998), Villachica (1996) e Oliveira et al. (2001). Número de perfilhos por planta – Foi avaliado, mensalmente, a partir da implantação do experimento, levando em conta a média das plantas úteis de cada parcela. Perfilhos de todos os tamanhos foram computados. Segundo Clement e Bovi (2000), o número de perfilhos por planta está diretamente relacionado com a duração econômica do cultivo e com a capacidade de regeneração da touceira após a colheita. Plantas perfilhadas (%) – A porcentagem de plantas perfilhadas foi avaliada, mensalmente, a partir da implantação do experimento, levando em conta a média de cada parcela. 3.7.2. Caracteres relacionados ao rendimento e produção A colheita foi iniciada em outubro de 2002, 15 meses após a implantação do experimento. Nessa ocasião foram cortadas as hastes que atendiam o critério de altura mínima de 160 cm e diâmetro mínimo acima de 9 cm. Durante a colheita foi utilizado o fluxograma 31 apresentado na Figura 2. Das plantas colhidas avaliaram-se os seguintes caracteres, todos com base em massa fresca: Peso bruto do palmito (kg) – Após o corte da haste, ainda no campo, os pecíolos e limbos foliares foram cortados, bem como a folha flecha (primeiro desbaste). O palmito, devidamente etiquetado e ainda protegido pelas bainhas externas, foi levado para galpão protegido onde foi feita a pesagem. Peso do estipe tenro (resíduo basal ou coração) (g) – Foi obtido durante o segundo desbaste do palmito, após a retirada das bainhas externas. Esse componente é a porção do estipe imediatamente abaixo do meristema, que é bastante tenro para ser comido “in natura”. Peso do palmito (g) – Foi considerado exclusivamente o peso do palmito tipo exportação, que corresponde ao peso fresco dos toletes inteiros, extraídos imediatamente acima do meristema apical. Cada tolete tinha 9 cm de comprimento. Segundo Clement e Bovi (2000), determina-se a característica "qualidade de exportação" por meio da pressão exercida por faca bem afiada sobre a seção mais grossa do tolete. A faca não encontrará resistência à penetração se aquela seção do palmito contiver apenas fibras macias. Comprimento do palmito (cm) - Este é o comprimento do palmito de exportação e é um múltiplo de 9, pois é simplesmente o número de toletes inteiros multiplicado pelo tamanho padrão do tolete (9 cm). Diâmetro do palmito na base (cm) - É o diâmetro do primeiro tolete de palmito de exportação, medido na separação entre o estipe tenro e o meristema apical. 32 Diâmetro do palmito no ápice (cm) – É o diâmetro do último tolete inteiro. Colheita do palmito Primeiro Desbaste - Peso bruto Transporte Segundo Desbaste ou Descascamento Corte Separação das amostras para caracterização Coração Palmito - Toletes Figura 2. Fluxograma utilizado para caracterização da produção inicial de palmito. Ubatuba SP, 2002 – 2003. 3.7.2. Teores de elementos no palmito A colheita do palmito para a determinação dos teores de macro e micronutrientes, bem como de metais pesados, foi realizada em dois tratamentos contrastantes (dose 0 e dose 400), em fevereiro de 2003, decorridos 18 meses da implantação do experimento. Foram colhidas 32 hastes principais, das quais foram coletados folíolos da porção média da folha +2, 33 usualmente utilizada para monitoramento do estado nutricional da cultura da pupunheira (BOVI e CANTARELLA, 1996). As hastes ainda em estado bruto foram encaminhadas ao laboratório da Unidade Plantas Tropicais, em Campinas, SP. Depois da retirada das bainhas externas, a porção aproveitável foi separada em resíduo basal ou coração e palmito propriamente dito (tipo exportação). O palmito foi cortado em toletes de 9 cm de comprimento, que foram classificados em três categorias, denominadas primeiro tolete, tolete mediano e tolete apical, de acordo com a maior ou menor proximidade do meristema apical (FERREIRA et al., 1976). Após a separação das diferentes partes estruturais do palmito, estas foram pesadas e medidas individualmente, conforme anteriormente descrito. Após essas avaliações, as diferentes partes foram cuidadosamente picadas no sentido longitudinal, obtendo-se quatro repetições de cada uma delas, que juntamente com amostras homogêneas de folíolos, foram encaminhadas ao Laboratório de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas do IAC para análise de seus teores de nutrientes e de metais pesados. O procedimento para as análises do material vegetal consistiu na lavagem das amostras em solução de detergente (0,1 % v/v), e depois em água destilada até remoção do detergente, com lavagem novamente em água deionizada. Após a lavagem, as amostras foram deixadas secar ao ar, sendo posteriormente colocadas em sacos de papel e secadas a 65 ºC em estufa de ventilação forçada, até massa constante. Depois de seco, o material foi moído em moinho tipo Wiley, com câmara de aço inoxidável, com peneira de 1 mm de abertura, segundo metodologia descrita por Bataglia et al. (1983). 34 O extrato das amostras foi preparado por via seca (incineração de 1g de material em mufla por 2 horas a 500º C e dissolução da cinza em HCl 2 mol L-1). A determinação dos metais Cu, Cd, Fe, Mn, Ni, e Zn foi feita por espectrometria do plasma e do boro por método colorimétrico, segundo Bataglia et al. (1983). 3.8. Análises Estatísticas Para a análise estatística das características qualitativas foram efetuadas análises de variância e comparação de médias, com o auxilio do software STATGRAPHICS 6.0 (STATISTICAL GRAPHICS CORPORATION, 1985 – 1992), segundo as fontes de variação presentes no experimento (delineamento em blocos ao acaso, com quatro tratamentos e seis blocos). As análises foram complementadas com a análise de regressão e ajuste de equações, quando do estudo de caracteres quantitativos (doses). As análises foram efetuadas com o auxílio do programa Origin 6.0 (Microcal Software, 1999), obtendo-se uma série de equações, das quais foram selecionadas as mais adequadas, levando-se em conta o alto grau de correlação entre variáveis (coeficiente de determinação) e o significado biológico. O ajuste de equações para modelar a resposta das doses crescentes do biossólido às características avaliadas foi efetuado com base na média dos tratamentos. 35 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Efeitos do Biossólido nos Caracteres Relacionados à Sustentabilidade do Cultivo 4.1.1. Altura da planta A Figura 3 apresenta a resposta da pupunheira em altura da planta em função das quatro doses de biossólido aplicadas, de uma única vez, durante o plantio. A altura média da haste principal variou de 7,24 cm, obtida um mês após o plantio, até 265 cm, alcançada aos 18 meses no tratamento de máxima aplicação de biossólido (dose 400). Esses valores são superiores aos encontrados por Molina et al. (2002), em experimento sobre fertilização mineral da pupunheira mediante diferentes doses de nitrogênio, conduzido em andisolo (Andic Dystrudept) na Costa Rica. Os andisolos são mais férteis que o solo de Ubatuba, como pode ser comprovado pelos resultados da análise química apresentada pelos autores, bem como pelo maior desenvolvimento em altura do tratamento testemunha, quando comparado com a pesquisa aqui relatada (101,7 cm contra 83,8 cm aos 13 meses, para as testemunhas). No entanto, não é possível concluir que a menor resposta obtida por Molina et al. (2002) seja devido à menor eficiência da adubação química em comparação com a orgânica (biossólido), pois pode ter sido decorrente do material genético utilizado por esses autores (raça Tucurrique, com espinhos), bem como por tratar-se de medidas efetuadas nos perfilhos e não na haste principal. Observa-se pela Figura 3 que a resposta da planta em altura em função de doses de biossólido foi inicialmente lenta. Tal fato deve-se à fase de adaptação das plantas às condições de campo, na qual há primeiramente um desenvolvimento radicular para depois esse se traduzir em desenvolvimento em biomassa aérea. Apenas a partir do quinto mês após o 36 plantio, diferenças entre os tratamentos começaram a ser visualizadas, devido provavelmente à liberação gradual dos nutrientes disponíveis no biossólido para as plantas. No quinto e no sexto mês as doses 0, 100 e 200 foram estatisticamente iguais entre si, porém inferiores à dose 400. A partir do sétimo mês a dose 400 foi superior às demais, enquanto as doses 200 e 100 não diferiram entre si, mas se apresentaram estatisticamente superiores quando comparadas com o tratamento onde não foi aplicado biossólido (dose 0). A análise de variância para o caráter altura revelou coeficientes de variação adequados para experimento a campo, variando de 12,68 a 23,22%. Coeficientes de variação iguais ou mesmo superiores a esses foram anteriormente reportados por vários autores em experimentos a campo com o mesmo material genético (BOVI et al., 1992; RAMOS et al., 2004; VEGA, 2003). Várias funções foram empregadas para descrever o crescimento em altura da haste principal da pupunheira ao longo do tempo de avaliação e em função das doses de biossólido utilizadas. A equação de melhor ajuste foi a logística, expressa como Y = A2 + (A1-A2) / (1 + (x/x0)p), de acordo com Richards (1969), com um coeficiente de determinação (R2) de 0,99 para todos os tratamentos. 37 300 300 DOSE 100 DOSE 0 250 2,5 250 Y=121288,01 + (10,60-121288,01)/(1+(x/257,23) ) 2 2 R =0,99 R =0,99 200 ALTURA (cm) 200 ALTURA (cm) 2,2 Y=72330,3 + (8,2-72330,3)/(1+(x/262,78) ) 150 100 150 100 50 50 0 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0 20 2 4 DOSE 200 12 14 16 18 20 DOSE 400 250 2,3 Y=61608,9 + (9,22-61608,9)/(1+(x/211,5) ) 2 R =0,99 200 150 100 100 50 0 0 2 4 6 8 10 12 14 MESES APÓS PLANTÍO 16 18 20 R =0,99 150 50 0 2 Y= 30235,3 + (6,33-30235)/(1+(x/196,6) ) 2 ALTURA (cm) ALTURA (cm) 10 300 300 200 8 MESES APÓS PLANTIO MESES APÓS PLANTIO 250 6 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 MESES APÓS PLANTIO Figura 3. Ajuste de equação do tipo logística Y = A2 + (A1-A2) / (1 + (x/x0)p) para altura média da haste principal da pupunheira ao longo de 18 meses e em função das doses de biossólido utilizadas na implantação do experimento. Ubatuba, SP, 2001-2003. 4.1.2. Plantas aptas para o corte Os efeitos de doses de biossólido sobre a precocidade de colheita da pupunheira podem ser visualizados na Figura 4. Essa variável, avaliada pela porcentagem de hastes aptas à colheita começou a ser contabilizada a partir do 10o mês do plantio. Nota-se logo aos doze meses uma superioridade da dose 400, significativa a 1% de probabilidade. Um ano após o plantio, cerca de 27% das plantas que receberam a dose máxima de biossólido estavam aptas 20 38 para colheita de palmito. Por sua vez, na testemunha (dose 0) nenhuma planta tinha alcançado o ponto de corte, enquanto nas doses 100 e 200 a porcentagem de plantas aptas também era reduzida (2,08% e 1,04%, respectivamente). Os efeitos das doses mais baixas de biossólido (doses 100 e 200) mostraram-se estatisticamente diferentes da testemunha a partir do 15o mês após a aplicação. Nessa idade, acima de 59% das plantas do tratamento 400 estavam aptas para corte. Por sua vez, as doses 200 e 100 apresentavam, respectivamente, 43 e 34% de plantas aptas à colheita. Tratando-se do primeiro experimento feito com biossólido em pupunheira, não foram encontrados resultados comparativos na literatura. No entanto, as porcentagens de plantas aptas à colheita obtidas no presente experimento foram superiores às encontradas por Bovi et al. (2000) quando do uso de composto de lixo urbano no cultivo dessa palmeira. Esse estudo foi conduzido na mesma região climática (Ubatuba, SP), com material genético da mesma origem, porém em solo com menor fertilidade. Para doses de composto de lixo aplicadas, também de uma única vez no sulco de plantio, Bovi et al. (2000) obtiveram, aos 17 meses após o plantio, efeito linear crescente em função das doses, com máximo de 45,73% de plantas aptas para corte obtido na dose de 40 Mg ha-1 de composto de lixo. Nessa mesma idade as porcentagens de plantas aptas à colheita no ensaio de biossólido eram superiores a 80%. Mesmo na testemunha (dose 0) a porcentagem de plantas aptas aos 17 meses mostrou-se elevada (58,89%), sendo significativamente maior que os 9,47% encontrados na dose 0 de composto de lixo. Essa diferença surpreendente, pode ser explicada pelo estudo anterior realizado por Vega (2003) na área experimental. Usando técnicas de Geoestatística, aplicadas a dados de fitomassa e de análises químicas do solo, Vega (2003) identificou uma provável movimentação sub-superficial horizontal dos constituintes do biossólido. Ao longo de 12 meses Vega (2003) observou, além do deslocamento de alguns elementos ao longo do perfil 39 do solo, também um deslocamento horizontal (especialmente de cálcio, manganês e nitrogênio amoniacal e nítrico), que esteve sempre correlacionado com a fitomassa aérea das plantas. O melhor ajuste de regressão para o caráter porcentagem de plantas aptas à colheita foi obtido aplicando-se o modelo logístico, expresso pela equação Y = A2 + (A1-A2) / (1 + (x/x0)p). Usando-se dados médios do experimento obteve-se um excelente ajuste, com coeficiente de determinação elevado (R2= 0,99), para cada uma das doses empregadas (Figura 4). Os resultados encontrados demonstram que o uso do biossólido pode acelerar o tempo de colheita do palmito, o que é concordante com Vega (2003) que sugere ser possível obter-se precocidade na época de início de corte do palmito, considerando que, segundo a literatura, esta se dá ao redor dos 18-24 meses após plantio (BOVI, 1998). Conforme relatado por vários autores (BOVI, 1998; MORA-URPÍ et al., 1997; VILLACHICA, 1996; FLORI et al., 2001 e 2004), a colheita de palmito de um cultivo de pupunheira deve ser iniciada assim que pelos menos 10% das plantas possuam hastes em ponto de corte. Verificando a Figura 4 pode-se concluir que isso seria atingido aos 12 meses na dose 400, aos 14 meses nas doses 100 e 200 e somente entre os 15 e 16 meses na dose 0. Com o uso de biossólido na implantação do cultivo ganha-se, portanto, de dois a quatro meses em precocidade de corte. 40 100 100 DOSE 0 80 DOSE 100 22,24 ) 80 PLANTAS APTAS (%) PLANTAS APTAS (%) 24,93 Y=81,21 + (-0,38-81,21)/(1+(x/16,28) 2 R =0,99 60 40 20 0 Y=90,01 + (-0,22-90,01)/(1+(x/15,35) 2 R =0,99 60 40 20 0 10 12 14 16 18 10 MESES APÓS PLANTIO 100 100 24,01 ) 14 16 18 DOSE 400 11,33 2 80 R =0,99 PLANTAS APTAS (%) PLANTAS APTAS (%) 12 MESES APÓS PLANTIO DOSE 200 Y=91,97 + (0,3-91,97)/(1+(x/15,13) 80 ) 60 40 20 0 Y=93,6 + (-1,2-93,6)/(1+(x/14,03) ) 2 R =0,99 60 40 20 0 10 12 14 16 MESES APÓS PLANTIO 18 10 12 14 16 18 MESES APÓS PLANTIO Figura 4. Ajuste de equação do tipo logística Y = A2 + (A1-A2) / (1 + (x/x0)p) à porcentagem de plantas aptas à colheita do palmito, avaliada no período de 10 a 18 meses, e em função das doses de biossólido utilizadas na implantação do experimento. Ubatuba, SP, 2001-2003. 4.1.3. Número de perfilhos O perfilhamento teve inicio a partir do 5o mês após o plantio (Figura 5), com algumas plantas perfilhadas apenas no tratamento de maior dose de biossólido (dose 400). Diferenças estatísticas entre os tratamentos para esse caráter somente foram observadas a partir do 7o mês, quando a dose 400 diferiu significativamente das demais. Discriminação entre as demais doses foi observada no 9o mês, detectando-se um efeito linear positivo e significativo em 41 função das doses empregadas. Esse efeito perdurou até o 12o mês, quando então os tratamentos começaram a se igualar. Dessa forma, embora continue havendo um efeito linear em função de doses, as diferenças entre elas foram muito pequenas, especialmente a partir do 15o mês, não sendo estatisticamente significativas. Aos 18 meses após a aplicação dos tratamentos o número médio de perfilhos por touceira era 4,15, 4,13, 4,52 e 4,81, para as doses 0, 100, 200 e 400, respectivamente. O coeficiente de variação ao longo do tempo para o caráter número de perfilhos variou de 21,26 a 129,45%, bastante elevado quando comparado com as características anteriormente relatadas (altura e porcentagem de plantas aptas à colheita). Isto significa que provavelmente há uma maior variação genética para o número de perfilhos por plantas quando comparada, por exemplo, à altura, o que corrobora os trabalhos de Bovi et al., (1992; 1993) que também relataram grande variabilidade, com coeficientes de variação superiores a 46% em avaliações feitas em amostras de pupunheiras. A resposta do número médio de perfilhos por touceira em função de doses de biossólido pode ser mais bem descrita pelo modelo de Hill (RICHARDS, 1969), expresso pela função Y=(Vmax)(xn /kn +xn ), com coeficientes de determinação variando de 0,96 a 0,98 (Figura 5). 42 5 5 DOSE 100 DOSE 0 4,4 3,41 Y=7,55(x 2 R =0,97 3,41 /(18,1 3,41 +x 4 )) Nº PERFILHOS Nº PERFILHOS 4 3 2 1 0 4,4 3 2 1 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 MESES APÓS PLANTIO 5 DOSE 200 3,8 3,8 8 10 12 14 16 18 20 16 18 20 DOSE 400 5,32 Y=4,14(x 3,8 Y=4,72(x /(12,02 +x )) 4 2 Nº PERFILHOS R =0,96 Nº PERFILHOS 6 MESES APÓS PLANTIO 5 4 4,4 Y=4,33(x /(11,7 +x )) 2 R =0,97 3 2 1 0 5,32 5,32 6 8 /(9,33 +x )) 2 R =0,97 3 2 1 0 0 2 4 6 8 10 12 14 MESES APÓS PLANTIO 16 18 20 0 2 4 10 12 14 MESES APÓS PLANTIO Figura 5 - Ajuste de equação de Hill (Y=(Vmax)(xn /kn +xn )) ao número médio de perfilhos por planta ao longo de 18 meses e em função das doses de biossólido utilizadas na implantação do experimento. Ubatuba, SP, 2001-2003. O efeito linear positivo entre perfilhamento e doses de biossólido, especialmente na fase de maior emissão dos mesmos (entre o 9o e o 12o mês após a implantação), foi provavelmente reflexo da alteração das características físicas do solo proporcionadas pela adição de biossólido e não só da maior disponibilidade de elementos essenciais ao cultivo. Vega et al. (2005), avaliando algumas características do solo deste mesmo experimento, detectaram alterações significativas na densidade e na umidade do solo em função das doses 43 de biossólido empregadas. Esses autores (VEGA et al., 2005) reportaram também diferenças marcantes nessas características quando compararam linha (onde foram aplicados os tratamentos) e entrelinha. Visto que a pupunheira perfilha melhor em solos mais leves (VILLACHICA, 1996; BOVI, 1998), aventa-se que a diminuição da densidade do solo, proporcionada pelo biossólido, contribuiu para a maior e mais precoce expressão desse caráter. 4.1.4. Porcentagem de plantas perfilhadas As respostas das plantas em porcentagem de plantas perfilhadas em função das doses de biossólido (Figura 6) apresentaram melhor ajuste à função de Gompertz (RICHARDS, 1969), expressa pela função Y = aexp(-bexp(-kx)), com coeficientes de determinação variando de 0,98 a 0,99. Observa-se pela Figura 6, que as respostas da pupunheira em porcentagem de plantas perfilhadas, em função das doses de biossólido utilizadas, foram mais acentuadas entre o 7o e o 10o mês após a aplicação dos tratamentos. Houve nesse período diferenças estatisticamente significativas entre as doses, com efeito linear positivo, mais evidente no 9o mês. Nessa idade a porcentagem de plantas perfilhadas foi 61,46, 51,04, 41,67 e 21,88% para as doses 400, 200, 100 e 0, respectivamente. Os coeficientes de variação para a porcentagem de plantas perfilhadas foram baixos para os últimos meses (mínimo de 2,40%) e altos (máximo de 73,52%) para os primeiros meses de avaliação. Isso é devido a desuniformidade do perfilhamento inicial, fato que já foi reportado também por diversos autores, como por exemplo Bovi et al. (2002). Além disso, as plantas não demonstraram uma linearidade, como foi encontrado em experimentos conduzidos por Bovi et al. (2002). Pode-se notar na dose 400 uma certa estabilidade já a partir do 10o mês 44 de avaliação, sendo esta mais evidente após o 16º mês. Isto significa que na maior dose de biossólido a porcentagem máxima de plantas perfilhadas foi alcançada já aos 10 meses, enquanto nas demais doses isso ocorreu apenas após o 14o mês. Conforme constatado anteriormente (BOVI 1998; BOVI et al. 2002), nem todas as plantas perfilham, haja vista que a porcentagem máxima de plantas perfilhadas foi 93,75%. Comparando os resultados ao longo do tempo, verifica-se que as porcentagens finais de plantas perfilhadas em função de doses de biossólido foram semelhantes às obtidas por Bovi et al. (2002) empregando doses similares de nitrogênio, aplicado como fertilizante químico, parcelado cinco vezes ao ano. A divergência entre os dois estudos diz respeito à precocidade de obtenção da porcentagem máxima. Para melhor entendimento dessa afirmativa é preciso ser mencionado que não foram encontradas diferenças significativas entre as porcentagens obtidas entre o 10o e o 18o mês para a dose 400 de biossólido. Por sua vez, Bovi et al. (2002) relataram que também não foram detectadas diferenças estatisticamente significativas entre o 15o e o 30o. Ou seja, considerando apenas a dose de maior resposta em ambos os estudos (equivalente a 400 kg de N ha-1), observa-se que enquanto máximo perfilhamento por parcela foi detectado no ensaio de adubação química no 15o mês após o plantio, o mesmo foi obtido no ensaio de biossólido já no 10o mês. Conclui-se portanto que o uso de biossólido em pupunheira proporcionou precocidade acentuada também para essa característica. 45 100 100 80 Y=90,89exp(-10,02exp(-0,35x)) PLANTAS PERFILHADAS (%) PLANTAS PERFILHADAS (%) DOSE 0 2 R =0,99 60 40 20 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 80 DOSE 100 Y=86,42exp(-8,48exp(-0,45x)) 2 R =0,98 60 40 20 0 20 0 2 4 MESES APÓS PLANTIO 10 12 14 16 18 20 100 DOSE 400 PLANTAS PERFILHADAS (%) DOSE 200 PLANTAS PERFILHADAS (%) 8 MESES APÓS PLANTIO 100 80 6 Y=80,0exp(-7,95exp(-0,50x)) 2 R =0,98 60 40 20 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 MESES APÓS PLANTIO 80 Y=86,17exp(-7,21exp(-0,54x)) 2 R =0,99 60 40 20 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 MESES APÓS PLANTIO Figura 6. Ajuste de equação de Gompertz (Y = aexp(-bexp(-kx)), à porcentagem média de plantas perfilhadas ao longo de 18 meses e em função das doses de biossólido utilizadas na implantação do experimento. Ubatuba, SP, 2001-2003. 4.2. Efeitos do Biossólido nos Caracteres Relacionados à Produção 4.2.1. Componentes da produção de palmito Devido à variabilidade genética, a colheita do palmito da pupunheira é seletiva e escalonada, devendo ser iniciada assim que pelo menos 10% das plantas alcancem o ponto de 20 46 corte (BOVI, 1998). A idade com que o cultivo alcança este estádio é função do material genético, aliado a fatores tais com clima, solo, adubação, irrigação, entre outros. A produção de palmito é freqüentemente expressa em quilos ou toneladas por hectare, sendo o somatório de todas as colheitas efetuadas durante um período de doze meses. Embora uma única colheita não deva ser considerada para extrapolar os dados por área e por ano (rentabilidade da cultura), muitas vezes ela é adequada para identificar as respostas aos diferentes tratamentos. Nesse caso ela deve ser preferencialmente expressa em gramas ou quilos por planta. No presente estudo foram utilizados dados das primeiras colheitas, efetuadas no período de outubro de 2002 a fevereiro de 2003, ou seja do 15o mês ao início do 19o mês, após a implantação do experimento. Para a avaliação da produção foram utilizados os critérios descritos por Clement e Bovi (2000), conforme especificado no capítulo anterior, representando a produção média individual das plantas dos diferentes tratamentos. A análise de variância dos dados de colheita referente ao palmito bruto (composto pela haste desprovida dos pecíolos, limbos foliares e folha flecha) mostrou efeitos significativos de dose para essa variável. A dose 400 apresentou maior peso (média de 5,16 kg planta-1), sendo seguida pelas doses 200 (4,85 kg planta-1) e dose 100 (4,82 kg planta-1), com menores valores obtidos para a dose 0 (4,54 kg planta-1). A análise de regressão desses mesmos dados mostrou efeito linear positivo e significativo em função das doses de biossólido (Figura 7). A equação que representa essa relação é: Y = 4,6 + 0,0014 x, onde x é a dose de N aplicada, com coeficiente de determinação de 0,97. O coeficiente de variação para o peso bruto do palmito foi 5,16%, estando dentro da faixa considerada como baixa, tendo em conta que o coeficiente de variação dá uma idéia da precisão do experimento (PIMENTEL, 1987). Embora essa variável tenha alguma utilidade para a estimativa da produção, e seja 47 possível de ser mensurada no campo ou na indústria de processamento, nem sempre ela é muito adequada para estimar a produção de palmito, pois inclui uma quantidade muito variável de tecidos fibrosos que serão descartados durante a industrialização (CLEMENT e BOVI, 2000). Após o segundo desbaste, feito em laboratório, foi pesada a porção denominada coração, estipe tenro ou resíduo basal. Esse componente é a porção do estipe imediatamente abaixo do meristema, geralmente composta por um ou dois nós, desde que seja bastante tenra para ser comida “in natura”. A análise de variância não detectou diferença entre as doses quando foi avaliada essa variável, que esteve, em média, entre 209,58 e 237,10 g planta-1. Observou-se apenas uma ligeira variação entre doses, sendo que a dose 400 apresentou o maior peso (Figura 7). Representando em porcentagem, constata-se que a dose 400 propiciou 5%, 9% e 12% a mais de peso em gramas que as doses 200, 100 e 0, respectivamente. Embora a variação seja pequena, a análise de regressão aplicada aos dados constatou um efeito linear positivo e significativo em função das doses de biossólido utilizadas. A equação que representa essa relação é: Y = 209,15 + 0,07 x, onde x é a dose de N aplicada, com coeficiente de determinação de = 0,99 e um coeficiente de variação de 5,49%. O peso do palmito propriamente dito, correspondente apenas ao peso fresco dos toletes inteiros, extraídos imediatamente acima do meristema apical, também apresentou variação no que se refere às doses de biossólido empregadas (Figura 7). A análise de variância dos dados de peso do palmito mostrou efeitos significativos de dose para essa característica, com coeficiente de variação de 10,58%. Como no caso anterior, a dose 400 mostrou maior peso (322,71g planta-1), seguindo em ordem decrescente a dose 200 (285,84 g planta-1), a dose 100 (270,59 g planta-1) e a dose 0 (209,58 g planta-1). Se considerarmos que aos 18 meses o 48 palmito de primeira está entre 120 e 300 gramas (BOVI, 1998), veremos que os valores encontrados no experimento estão dentro da faixa estabelecida. Da mesma forma que a variável anterior, se obteve um efeito linear na análise de regressão, com um coeficiente de determinação elevado (R2 = 0,99). A função Y = 252,19 + 0,18 x, expressa essa relação (Figura 7). Os resultados aqui apresentados estão em acordo com os obtidos por vários autores quando do estudo do efeito de doses de adubação química e/ou orgânica na pupunheira. Merece destaque o relato de Molina et al. (2002), no qual a dose 400 kg-1 de N por ha-1 produziu palmitos de maior peso em andisoles de Costa Rica. Além do peso do palmito foram avaliados também o seu diâmetro e comprimento. O diâmetro foi mensurado na base (primeiro tolete, próximo ao meristema apical) e no ápice (último tolete completo, ainda envolto por bainha). A análise de variância não detectou efeitos significativos de dose para o diâmetro do tolete mais apical, que variou de 2,61 a 2,79 cm. Já para o diâmetro do primeiro corte, houve diferenças significativas, com a dose 200 sendo significativamente superior à dose 0 (Figura 8). Mesmo assim, as diferenças entre doses foram pequenas, variando de 3,50 a 3,72 cm. O coeficiente de variação foi baixo, com valores de 2,75% para diâmetro do tolete no ápice e 2,57% para diâmetro do tolete na base. Diferentemente dos diâmetros, o comprimento do palmito mostrou efeito significativo de dose, tanto na análise de variância quanto na análise de regressão. O coeficiente de variação para essa variável foi de 4,76%. O comprimento variou de 35,28 cm (dose 0) a 39,28 cm (dose 400), com efeito quadrático significativo e elevado coeficiente de determinação (R2 = 0,99). A equação Y = 35,27 + 0,03x – 3,71x2 expressa essa relação, onde x é a dose de N aplicada (Figura 7). O comprimento do palmito é um dos parâmetros mais importantes na avaliação da produção, porque determina o número de toletes inteiros que vão ser obtidos. 49 Nesse caso, toma-se em consideração o comprimento do palmito de exportação que é um múltiplo de 9 (CLEMENT e BOVI, 2000). PESO BRUTO (Kg) 5,1 5,0 240 PESO BRUTO CORAÇÃO 235 Y=4,6+0,0014x 2 R =0,97 PESO CORAÇÃO (g) 5,2 4,9 4,8 4,7 4,6 230 Y=209,15+0,07x 2 R =0,99 225 220 215 210 4,5 0 100 200 300 205 400 O DOSES 340 100 400 200 DOSES 40 PALMITO COMPRIMENTO DO PALMITO PESO PALMITO (g) 320 310 COMPRIMENTO (cm) 330 Y=252,19+0,18x 2 R =0,99 300 290 280 270 39 Y=35,27+0,03x-3,71x2 2 R =0,99 38 37 36 260 35 250 0 100 200 DOSES 400 0 100 200 300 400 DOSES Figura 7. Ajuste de equações para o peso do palmito bruto (a), peso do coração ou resíduo basal (b), peso (c) do palmito propriamente dito e (d) comprimento do palmito, em função das doses de biossólido utilizadas na implantação do experimento. Ubatuba, SP, 2002-2003. 50 3,75 a Diâmetro da base (cm) 3,70 3,65 ab ab 3,60 3,55 3,50 b 0 100 200 300 400 Doses a 2,80 Diâmetro do ápice (cm) 2,78 2,76 2,74 a 2,72 2,70 a 2,68 2,66 2,64 2,62 a 2,60 0 100 200 300 400 Doses Figura 8. Diâmetro (cm) do palmito na base e no ápice em função de doses de biossólido utilizadas na implantação do experimento. Letras iguais denotam ausência de significância estatística pelo teste de Tukey a 5%. Ubatuba, SP, 2002-2003. 51 4.3. Nutrientes e Metais Pesados na Parte Comestível do Palmito e na Folha+2 Considerando-se os principais componentes da produção (peso do palmito e do coração) avaliados durante a primeira colheita (outubro de 2002 a fevereiro de 2003) e apresentados no tópico anterior, conclui-se que a adição de biossólido, mesmo que uma única vez durante a implantação da cultura, afeta positivamente a produção de palmito, avaliada 15 a 19 meses após essa aplicação. No entanto, é preocupante o potencial de acumulação de metais pesados e outros elementos potencialmente tóxicos em solos tratados com biossólido, os quais, em elevadas concentrações, podem causar toxidez às plantas e atingir o homem por meio da cadeia alimentar (KELLER et al., 2002; McBRIDE, 1995). Esse último aspecto é de fundamental importância, pois Vega (2003) observou que, embora não tenha sido detectada fitotoxidade em pupunheiras com até 12 meses de idade (mesmo na dose 400), as análises mostraram que houve acúmulo de alguns metais pesados, potencialmente tóxicos, nas folhas. Portanto, torna-se imperativo saber se os teores desses elementos estão ainda mais concentrados na parte comestível, podendo torná-la imprópria para consumo pela legislação vigente. Por isso, além da produção, foi realizada uma avaliação da distribuição de alguns metais pesados na porção comestível comparando-a com os teores detectados nos folíolos da folha+2 (segunda folha completamente expandida), usualmente utilizada para a avaliação do status nutricional da pupunheira (CANTARELLA e BOVI, 1995). Foram contrastados teores obtidos na dose máxima (dose 400, equivalentes a 152 Mg ha-1 de biossólido, base úmida) com a dose 0 (testemunha, sem adição de biossólido). Para facilidade de apresentação os resultados dessas análises foram divididos em macronutrientes, micronutrientes e alguns metais pesados. 52 4.3.1. Teores de macronutrientes A análise estatística dos dados referentes aos teores de macronutrientes nas diferentes partes do produto comestível e nos folíolos da folha+2 (Tabela 5) mostrou diferenças estatísticas entre as partes analisadas para todos os macronutrientes, com exceção de enxofre. Foram detectadas também diferenças entre as doses para grande parte deles, exceto para magnésio e enxofre. O coeficiente de variação para os macronutrientes variou de 17,4% (para nitrogênio) a 39,2% (para potássio), estando na faixa adequada para esse tipo de análise. Os macronutrientes presentes em maiores teores nas diferentes partes da porção comestível da pupunheira são, em ordem decrescente: nitrogênio, potássio, magnésio e fósforo. Cálcio e enxofre vêm logo a seguir, com teores muito próximos entre si nas diferentes partes analisadas. Os mais altos teores de nitrogênio (Figura 9) foram encontrados no corte (tolete) médio do palmito (51,5 g kg-1 base seca na dose 400 e 47,15 g kg-1 base seca para a dose 0), enquanto a parte que apresentou o teor mais baixo desse nutriente foi a folha (43,25 g kg-1 base seca para a dose 400 e 30,40 g kg-1 base seca para a dose 0). Pela Figura 9 pode-se observar de certa maneira a mobilidade que tem o nitrogênio dentro da planta da pupunheira. Segundo Marschner (1998), a mobilidade deste nutriente vai da folha mais velha para as mais novas. Como o palmito é a folha ainda não desenvolta, podese ter uma idéia da mobilização do nitrogênio antes de sair a folha já desenvolta da pupunheira. Alem disso, concorda com a conclusão expressa por Deenik et al. (2000), que no cultivo da pupunheira a concentração de N nas folhas é maior nos tecidos jovens, decrescendo com a idade. 53 Tabela 5- Análise de variância, coeficiente de variação e teores médios de macronutrientes encontrados na parte comestível do palmito e dos folíolos da folha+2 de pupunheira, para as doses de biossólido equivalentes a 0 e 400 kg ha-1 de N prontamente disponível. Ubatuba, SP, 2003. N P K Ca Mg S -------------------------------------------------------- g kg-1 -----------------------------------------CORAÇÃO 36,63b 5,88c 29,53a 2,68b 8,58a 3,21a 1º CORTE 47,43ab 7,66ab 29,25a 3,69ab 6,90a 3,35a CORTE MÉDIO 49,34a 8,11a 29,36a 3,79a 6,20ab 3,50a CORTE APICAL 40,60ab 6,98b 30,54a 3,20ab 6,01ab 3,28a FOLÍOLOS 36,83b 2,28d 8,44b 2,94ab 3,00b 2,98a F 10,67* 281,98*** 12,59* 8,31* 14,11* 0,76ns DOSE 0 38,97b 5,99b 29,42a 3,03b 6,57a 3,50a DOSE 400 45,36a 6,38a 21,43b 3,49a 5,71a 3,03a F 15,50* 9,79* 11,09* 9,90* 3,22ns 5,75ns CV% 17,40 35,40 39,20 17,80 32,10 12,60 Valores seguidos de letras iguais na vertical não diferem entre si estatisticamente, pelo teste de Tukey a 5%; * , ** e *** estatisticamente significativo a 5%, 1% e 0,1%, respectivamente, pelo teste F; ns, não significativo. O acúmulo de fósforo nos tecidos que compõem o palmito e a folha-diagnose (folha +2) seguiu o mesmo padrão do encontrado para o nitrogênio. Maiores teores de P foram detectados no tolete mediano, com valores da ordem de 8,03 g kg-1 para a dose 0 e 8,20 g kg-1 para a dose 400. O teor presente na folha+2, usualmente utilizada para monitoramento do estado nutricional da cultura da pupunheira, mostrou os resultados mais baixos nos dois 54 tratamentos avaliados (dose 0 e dose 400), quando comparado com os teores da porção comestível. O teor mais alto de potássio foi encontrado no corte apical do palmito para a dose 0, com valores de 37,60 g kg-1 (sempre com base em matéria seca) e no coração para a dose 400 (27,40 g kg-1). Observa-se, pela Figura 9 e pela Tabela 5, que a dose 0 mostrou teores de K estatisticamente maiores que a dose 400 em todas as partes do produto e da folha externa (folha+2) analisada. Isso possivelmente seja decorrente das adubações trimestrais feitas com esse elemento ao longo da duração do experimento. 55 DOSE 0 DOSE 400 50 -1 NITROGÊNIO (g kg ) 60 40 30 20 10 0 CORA 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO 12 DOSE 0 DOSE 400 -1 FÓSFORO (g kg ) 10 8 6 4 2 0 CORA 40 C.MEDIO C. APICE FOLIOLO DOSE O DOSE 400 30 -1 POTÁSSIO (g kg ) 35 1º CORTE 25 20 15 10 5 0 CORA 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO Figura 9. Teores de nitrogênio, fósforo e potássio nas diferentes partes comestíveis do palmito e na folha-diagnose para as doses de biossólido equivalentes a 0 e 400 kg ha-1 de N prontamente disponível. Ubatuba, SP, 2003. 56 Os teores de cálcio foram baixos, variando em média de 2,68 a 3,69 g kg-1, com diferenças estatísticas entre as partes analisadas e entre as doses (Tabela 5). Maiores teores desse elemento foram encontrados na porção média do palmito propriamente dito (primeiro corte e corte mediano), com valores de 3,63 g kg-1 para a dose 0 e 3,95 g kg-1 para a dose 400 (Figura 10). No caso do magnésio, terceiro nutriente com teores mais elevados na pupunheira (teores entre 3,00 e 8,58 g kg-1), não foram detectadas diferenças entre as doses de biossólido, mas apenas entre as partes consideradas (Tabela 5). A distribuição de Mg ao longo dos tecidos analisados (Figura 10) apresentou um efeito linear negativo, com maior concentração no resíduo basal (coração), decaindo ao longo da porção comestível, até a folha+2, também conhecida como folha-teste ou folha-diagnose. Os teores variaram de 2,63 a 8,85 g kg-1 para a dose 0 e de 3,38 a 8,30 g kg-1 para a dose 400. Tal fato é esperado, pois existem efeitos antagônicos desse nutriente com outros elementos. Segundo Malavolta et al. (1997), altas concentrações de Ca e principalmente K, inibem competitivamente a absorção deste nutriente. Da mesma forma Rocha et al. (2004) trabalhando com eucalipto, corroboram a afirmação de Malavolta et al. (1997), afirmando que houve diminuição dos teores ao longo do experimento devido à translocação interna desse nutriente, ou então devido à absorção antagônica entre o Mg, Ca e K. Mesmo na parte já expandida das folhas parece ocorrer translocação, uma vez que Falcão et al. (1994) encontraram em análises foliares de pupunheira maiores concentrações de Mg nos folíolos apicais quando comparados aos folíolos basais. 57 5 DOSE 0 DOSE 400 -1 CALCIO ( g kg ) 4 3 2 1 0 CORA 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO 12 -1 MAGNÉSIO ( g kg ) 10 DOSE 0 DOSE 400 8 6 4 2 0 CORA 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO 4,5 4,0 DOSE 0 DOSE 400 ENXOFRE ( g kg-1) 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 CORA 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO Figura 10. Teores de cálcio, magnésio e enxofre nas diferentes partes comestíveis do palmito e na folha-diagnose para as doses de biossólido equivalentes a 0 e 400 kg ha-1 de N prontamente disponível. Ubatuba, SP, 2003. 58 Os teores de enxofre nas diferentes partes analisadas foram elevados, apresentando praticamente a mesma magnitude encontrada para o cálcio (Tabela 5). Não foram detectadas diferenças significativas entre as partes analisadas, com valores médios do elemento variando de 2,98 a 3,50 g kg-1. Também não houve diferenças estatisticamente significativas entre as doses, encontrando-se 3,03 g kg-1 para a dose 400 e 3,50 g kg-1 para a dose 0. Segundo Malavolta et al. (1997), o S é absorvido ativamente pelas raízes preferencialmente na forma altamente oxidada de sulfato (S042-). Por sua vez, Silva et al. (2003), observaram em plantas de soja que o S, absorvido tanto pelas raízes quanto pelas folhas, foi transportado em maiores proporções, para as folhas superiores, não sendo distribuído para outras partes da planta. Assim também, Herschbach e Rennenberg (1995) e Hartmann et al. (2000) reportaram que compostos de S reduzido podem ser transportados na direção acrópeta para as folhas em desenvolvimento. Os valores encontrados no experimento estão acima dos teores adequados dados por Malavolta et al. (1997), para tecidos foliares em pupunheira. No entanto, deve-se considerar que esses valores são indicações muito gerais. 4.3.2. Teores de micronutrientes Entre os micronutrientes, os elementos com maiores teores nas diferentes partes da porção comestível da pupunheira são, em ordem decrescente: zinco (Zn), ferro (Fe), manganês (Mn), boro (B) e cobre (Cu). Dentre eles, o boro tem especial interesse para as palmeiras, com sintomas de deficiência típicos, expressos por diminuição do limbo e da ráquis foliar, maior espessura dos folíolos, plissamento do limbo foliar e ponta dos folíolos em baioneta (LA TORRACA et al., 1984; MALAVOLTA, 1980). Os sintomas de deficiência de boro no presente experimento tiveram início no primeiro trimestre após a instalação do mesmo e persistiram por todo o tempo, daí a necessidade de suplementação periódica com B. Por isso 59 não houve muita variação dos teores médios desse micronutriente entre os tratamentos, com médias de 29,85 mg kg-1 para a dose 0 e 27,45 mg kg-1 para a dose 400, sem diferenças estatísticas entre as doses (Tabela 6). Não houve também diferenças estatisticamente significativas entre as partes analisadas, com o teor de B variando em média de 22,93 a 31,37 mg kg-1. Na dose 400 o maior teor de B (37,53 mg kg-1) foi encontrado nos folíolos externos e o menor (22,60 mg kg-1) no coração (Figura 11). Por sua vez, na dose 0, embora o teor mais baixo tenha sido detectado também no coração (23,25 mg kg-1), o mais elevado foi obtido nos toletes mediano e apical (34,10 mg kg-1). Segundo Malavolta et al. (1997), o boro é muito pouco móvel na planta, sendo que normalmente é conduzido no xilema. Esse elemento é encontrado também no floema, embora em baixas concentrações, através do qual é redistribuído para satisfazer a demanda de órgãos-dreno, que não transpiram muito. Também para o cobre não houve diferenças significativas entre as partes e entre as doses, com valores de 14,46 mg kg-1 para a dose 0 e 15,52 mg kg-1 para a dose 400 (Tabela 6). Para a dose 400 o valor mínimo foi obtido nas folhas (8,30 mg kg-1), enquanto o teor máximo foi detectado no primeiro tolete (18,05 mg kg-1). Distribuição praticamente inversa foi detectada na dose 0 para esse micronutriente (Figura 11), sendo o teor máximo (17,68 mg kg-1) observado no segundo tolete e também no tolete mediano, enquanto o mínimo foi detectado na folha (6,03 mg kg-1). 60 Tabela 6. Resumo da análise de variância para os teores de micronutrientes e elementos potencialmente tóxicos na porção comestível e na folha +2 para as doses de biossólido equivalentes a 0 e 400 kg ha-1 de N prontamente disponível. Ubatuba, SP, 2003. B Cu Fe Mn Zn ---------------------------------------mg kg-1 -------------------------------CORAÇÃO 22,93a 16,16a 34,00b 24,88c 116,86a 1º CORTE 28,35a 17,86a 42,38b 33,88bc 82,78ab CORTE MÉDIO 30,58a 17,35a 57,13b 49,50a 83,14ab CORTE APICAL 30,01a 15,73a 56,63 46,50ab 91,49ab FOLÍOLOS 31,37a 7,16b 110,75a 58,00a 32,01b F 0,59ns 35,52* 28,56* 28,56* 9,29* DOSE 0 29,85a 14,46a 46,15a 46,15a 81,57a DOSE 400 27,45a 15,25a 38,95b 38,95b 80,95a F 0,37ns 1,45ns 0,18ns 10,73* 0,005ns CV% 19,70 27,90 49,90 31,90 38,70 Valores com letras iguais na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. * significativo a 5% , pelo teste F; ns - não significativo. O teor de ferro variou de 24,88 a 58,00 mg kg-1 entre as partes, com diferenças significativas entre elas, bem como entre as doses de biossólido aplicadas (Tabela 6). Teores médios mais altos foram detectados na dose 0 (46,15 mg kg-1). Em ambas as doses, entretanto, foi observado um gradiente positivo em função do desenvolvimento do tecido foliar (Figura 12), ou seja, menores teores no coração (média de 34,00 mg kg-1 para a média das doses), e maiores na folha completamente expandida (folha+2), também chamada de folha-diagnose, 61 com média de 110,75 mg kg-1. Malavolta et al. (1997) observou que a absorção de ferro é influenciada por outros cátions tais como K, Ca, e Mg. Para o manganês foi observada distribuição entre as partes analisadas semelhante às descritas para o ferro (Tabela 6). No entanto, a amplitude dos valores foi menor, com mínimo de 24,88 mg kg-1, obtida no coração, e máximo de 58,00 mg kg-1, detectado nos folíolos da folha-diagnose (Figura 12). Distribuição inversa a dos dois micronutrientes descritos acima foi observada para o zinco, com teores máximos no coração (média de 116,86 mg kg-1 para as doses) e mínimo de 32,01 mg kg-1 para a folha+2 (Tabela 6). Embora não tenham sido detectadas diferenças entre as doses, foram obtidas diferenças estatisticamente significativas entre as partes analisadas. Para a dose 0 o teor mínimo desse elemento foi obtido na folha (29,68 mg kg-1), enquanto o teor máximo (119,13 mg kg-1) foi detectado no coração (Figura 12). Distribuição semelhante foi observada para a dose 400, com mínimo de 34,35 (folha+2) e máximo de 114,60 mg kg-1 (coração). Outro aspecto interessante é a maior concentração do Zn na parte comestível do palmito (Figura 4) em comparação com a folha-teste ou folíolo, embora o zinco represente pouco risco para a saúde humana e/ou animal (CHANEY, 1980). A absorção desse micronutriente depende muito do pH e da CTC do solo (CUNHA et al., 1994). Segundo Vega (2003), o pH do solo da área experimental era 5,4, podendo isto explicar a maior disponibilidade desse elemento. Além do que, conforme Saeed e Fox (1979), existe uma interação entre o zinco e o fósforo, uma vez que aplicações de P tendem a aumentar a adsorção de Zn. 62 40 36 DOSE 0 DOSE 400 32 -1 BORO (mg kg ) 28 24 20 16 12 8 4 0 CORA 22 20 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO DOSE 0 DOSE 400 18 -1 COBRE (mg kg ) 16 14 12 10 8 6 4 2 0 CORA 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO Figura 11. Teores de boro e cobre nas diferentes partes comestíveis do palmito e na folhadiagnose para as doses de biossólido equivalentes a 0 e 400 kg ha-1 de N prontamente disponível. Ubatuba, SP, 2003. 63 120 -1 FERRO (mg kg ) 100 DOSE 0 DOSE 400 80 60 40 20 0 CORA FOLIOLO 1º CORTE C. MEDIO C. APICE FOLIOLO DOSE 0 DOSE 400 -1 MANGANÊS (mg kg ) 60 PONTA 1º CORTE C.MEDIO 40 20 0 140 CORA DOSE 0 DOSE 400 -1 ZINCO (mg kg ) 120 100 80 60 40 20 0 CORA 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO Figura 12. Teores de ferro, manganês e zinco nas diferentes partes comestíveis do palmito e na folha-diagnose para as doses de biossólido equivalentes a 0 e 400 kg ha-1 de N prontamente disponível. Ubatuba, SP, 2003. 64 Os coeficientes de variação, tanto para macro quanto para micronutrientes, estão dentro da faixa considerada como alta e muito alta por Pimentel (1987). Porém, destaca-se em forma crescente N com 20,41%; S com 21,19% e Ca com 26,49%. Os coeficientes de variação para os macroelementos K, P e Mg estão entre os considerados muito altos (31,97, 35,44 e 39,21%, respectivamente). Dentre os micronutrientes o Cu apresenta o CV mais baixo, sendo ainda considerado alto (23,97%), enquanto os demais micronutrientes apresentam CVs ainda mais elevados, estando entre 34,17 e 42,76% (em forma crescente, Zn, Mn, Fe e B). A magnitude dos coeficientes de variação, considerada alta para análises de laboratório, pode ser explicada pela variabilidade genética do material utilizado, pela possível distribuição heterogênea dos elementos ao longo dos tecidos analisados, bem como por falhas na amostragem efetuada no campo ou mesmo nas análises laboratoriais. 4.3.3. Teores de metais pesados Foram analisados os metais pesados cádmio (Cd), cromo (Cr), níquel (Ni) e chumbo (Pb). Teores mais elevados desses metais pesados na porção comestível foram obtidos para o cromo, seguido do chumbo, do níquel e por último o cádmio (Tabela 7). Os teores médios de cádmio variaram de 0,18 a 0,67 mg kg-1 ao longo das partes analisadas, sem diferenças estatísticas entre elas (Tabela 7 e Figura 14). A dose 400 apresentou teores médios significativamente mais baixos que a dose 0 (0,17 e 0,83 mg kg-1, respectivamente). Os teores médios de cromo foram elevados, variando de 2,36 a 5,21 mg kg-1, sem diferenças estatisticamente significativas entre partes e entre doses (Tabela 7 e Figura 13). 65 Ausência de significância entre ambas foi detectada também para o níquel, com valores médios variando de 0,95 a 2,04 mg kg-1 (Tabela 7 e Figura 14). Tabela 7. Resumo da análise de variância para os teores de metais pesados na porção comestível e na folha +2 para as doses de biossólido equivalentes a 0 e 400 kg ha-1 de N prontamente disponível. Ubatuba, SP, 2003. Cd Cr Ni Pb ----------------------------mg kg-1-------------------------CORAÇÃO 0,52a 3,49a 1,40a 1,08a 1º CORTE 0,53a 4,02a 1,24a 2,26a CORTE MÉDIO 0,67a 5,21a 0,96a 2,42a CORTE APICAL 0,60a 4,15a 2,04a 3,42a FOLÍOLOS 0,18a 2,36a 0,95a 0,09a F 1,45ns 0,69ns 0,58ns 1,30ns DOSE 0 0,83a 5,12a 1,84a 3,28a DOSE 400 0,17b 2,57a 0,79a 0,43b F 22,5* 5,23ns 4,16ns 7,99* CV% 111,90 85,90 107,40 165,70 Valores seguidos por letras iguais na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. * significativo ao 5% pelo teste F; ns – não significativo. 66 10 9 -1 CROMO ( mg kg ) 8 7 DOSE 0 DOSE 400 6 5 4 3 2 1 0 CORA 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO Figura 13. Teores de cromo nas diferentes partes comestíveis do palmito e na folha-diagnose para as doses de biossólido equivalentes a 0 e 400 kg ha-1 de N prontamente disponível. Ubatuba, SP, 2003. Embora sem variação estatisticamente significativa entre as partes analisadas (Tabela 7), foram verificadas para o metal pesado chumbo, diferenças entre doses, com a dose 0 inesperadamente sendo bastante superior a dose 400 (3,28 e 0,43 mg kg-1, respectivamente) (Figura 14). Esse é, sem dúvida um fenômeno pouco explicável, já que de acordo com os resultados da análise química, o solo na dose 0 (testemunha) não apresentava teores elevados deste metal (VEGA, 2003). No entanto, como pode ser observado na Tabela 8, os coeficientes de variação para as análises de metais pesados foram extremamente elevados, variando de 85,9% à 165,7% para o Pb. Não obstante a baixa precisão dessas análises, observa-se pelas Figuras 13 e 14, bem como pela Tabela 7, que para todos os metais pesados as partes comestíveis apresentaram teores bem mais elevados que a folha+2. Os resultados das análises químicas de macro e microelementos, expressos nas Figuras 9 a 14, com base em matéria seca, indicam que há variação de grande parte dos minerais e metais pesados ao longo das diferentes partes do palmito. Em alguns casos, teores 67 duas a quatro vezes superiores aos encontrados na folha+2, utilizada rotineiramente para avaliar o status nutricional da pupunheira, foram detectados. Especialmente para o chumbo, os teores no palmito foram extremamente superiores aos da folha+2, com valores até 38 vezes mais elevados. O monitoramento desses teores em longo prazo, especialmente dos metais pesados, é necessário antes de se recomendar o uso de biossólido para essa cultura. Os metais pesados são de fato uma das maiores preocupações quando se trabalha com plantas que vão ser destinadas para o consumo humano. Não foram encontradas referências bibliográficas sobre a presença de metais pesados em palmito, exceto para o metal cromo referido no trabalho de Yuyama et al. (1999). No entanto, os valores encontrados pelos autores são inferiores aos obtidos no presente trabalho. Para outras culturas, valores também inferiores aos aqui observados têm sido reportados. Por exemplo, Anjos e Mattiazzo (2000) encontraram em sabugos de milho valores inferiores de Pb (1,85 mg kg-1) aos obtidos no presente experimento. No entanto, cuidados devem ser tomados quando da comparação dos teores. O palmito pode ser consumido “in natura” ou em conserva, e em ambas as formas apresenta cerca de 90% de água (BOVI, 1998; YUYAMA et al., 1999). Portanto, é em base úmida que devem ser comparados os teores dos elementos potencialmente tóxicos. Na ausência de legislação específica para palmito, valores relativos a contaminantes em frutas e hortaliças em conserva podem ser utilizados como referência. Na Tabela 3, estão os limites de tolerância da Legislação Brasileira (LB), na resolução 22/77 de 6-9-77 e 1979 (BRASIL, 1989), para contaminantes em frutas e hortaliças em conserva. Limite similar é dado pelo decreto Nº 55871 da ABIA (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS, 1990). Pela Tabela 3 observa-se que os limites máximos para Cd são amplos, variando de 1,00 mg kg-1 pela ABIA a 0,2 mg kg-1 pela LB. Os valores observados no presente experimento para o cádmio, convertidos para base úmida, são da ordem de 0,009 a 0,11 mg kg-1, portanto inferiores aos limites de tolerância. 68 1,2 DOSE 0 DOSE 400 -1 CÁDMIO (mg kg ) 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 CORA C.MEDIO C. APICE FOLIOLO 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO 1º CORTE 4 DOSE 0 DOSE 400 -1 NÍQUEL (mg kg ) 3 2 1 0 CORA 7 -1 CHUMBO (mg kg ) 6 DOSE 0 DOSE 400 5 4 3 2 1 0 CORA 1º CORTE C.MEDIO C. APICE FOLIOLO Figura 14. Teores de cádmio, níquel e chumbo nas diferentes partes comestíveis do palmito e na folha-diagnose para as doses de biossólido equivalentes a 0 e 400 kg ha-1 de N prontamente disponível. Ubatuba, SP, 2003. 69 Os valores referenciais máximos de zinco variam pela legislação vigente entre 25 mg kg-1 (LB) e 50 mg kg-1 (ABIA, 2003). Os teores verificados no presente experimento, em base úmida, estiveram entre 2,97 a 11,91 mg kg-1, portanto bem abaixo dos limites de tolerância. Merece ser mencionado, que a legislação brasileira é muito mais permissiva que algumas legislações de outros países. Por exemplo, no Chile o limite máximo para o Zn em alimentos semelhantes ao palmito é de apenas 5,00 mg kg-1 (Tabela 3). Portanto, pela legislação chilena, a maior parte das porções comestíveis analisadas neste estudo estaria acima do limite, sendo consideradas, por eles, impróprias para consumo. Para alguns elementos potencialmente tóxicos, como o cobre, os limites referenciais dados pelas diferentes legislações e portarias são bastante amplos (Tabela 3). Limites máximos variando de 10 a 30 mg kg-1 são relatados para esse elemento. Os valores observados no presente estudo para Cu (variando entre 0,60 a 1,81 mg kg-1) estão bem abaixo dos limites permitidos pela legislação brasileira, bem como pela legislação chilena, que é bem mais restritiva (Tabela 3). Também para o chumbo os limites dados pelas diferentes legislações e portarias são amplos, variando de 0,2 a 1,00 mg kg-1. Se considerarmos o limite máximo permitido para palmito processado pelo CODEX da FAO, o produto estaria dentro dos padrões. No entanto, se levarmos em consideração a resolução 22/77 de setembro de 1977, com adendo 1879, da legislação brasileira (Brasil, 1989) que estabelece como valor máximo de Pb 0,5 mg kg-1, observa-se que pelo menos uma amostra estaria fora de padrão (0,62 mg kg-1). 70 Levando-se em conta a legislação vigente, os limites máximos para níquel estão entre 1,0 a 5,0 mg kg-1. Como os valores observados no presente estudo para esse elemento estão entre 0,062 a 0,197 mg kg-1, pode-se inferir que todas amostras estão dentro do padrão. A legislação brasileira não estabelece limites máximos para o elemento ferro. Por sua vez, a legislação chilena cita limite de 15,00 mg kg-1. Tendo em vista esse limite, pode-se inferir que para Fe todo o produto estava apto para consumo. Especial atenção deve ser dada ao cromo. Para esse metal pesado, o limite de tolerância é 0,10 mg kg-1 (Tabela 3), enquanto os valores encontrados em todas as partes comestíveis estão entre 0,125 a 0,705 mg kg-1. O cromo no presente estudo foi determinado como cromo total. No entanto, ele pode se apresentar na forma trivalente ou hexavalente. Na forma trivalente o cromo é essencial ao metabolismo humano e, sua carência, causa doenças. Na forma hexavalente é tóxico e cancerígeno. Os limites máximos para consumo são estabelecidos basicamente em função do cromo hexavalente. Por sua vez, reconhece-se que o cromo apresenta a mais baixa absorção pelo organismo humano, menos de 1% de cromo ingerido é absorvido Silva e Pedrozo (2001). Como o cromo foi encontrado em teores acima do limite referencial em todas as partes do palmito, mesmo na dose 0 de biossólido, e como o coeficiente de variação encontrado nas análises de metais pesados foi extremamente elevado (85,9% para o cromo e acima de 100% para Cd, Ni e Pb), infere-se que o assunto necessita de estudos mais aprofundados para dissipar dúvidas a esse respeito. 71 5. CONCLUSÕES A aplicação de doses de biossólido durante a implantação do cultivo da pupunheira causou efeitos nas plantas que se manifestaram por até 19 meses. As plantas dos tratamentos com doses elevadas de biossólido atingiram precocemente o ponto de corte para palmito. O perfilhamento foi maior e ocorreu mais precocemente nas doses mais elevadas de biossólido. A adição de biossólido na implantação do cultivo afetou positivamente a produção de palmito, avaliada 15 a 19 meses após a aplicação. Os teores de macro e microelementos variaram ao longo da porção comestível, mas apresentaram-se, na maior parte das vezes, bastante superiores aos da folha-teste. Os teores de elementos potencialmente tóxicos da porção comestível estão dentro dos limites de tolerância, exceto pelo metal pesado cromo. 72 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGGELIDES, S.M.; LONDRA, P..A. Effects of compost produced from town wastes and sewage sludge on the physical properties of a loamy and a clay soil. Bioresource Technology, v.71, p. 253-259, 2000. AGRIANUAL. Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: Editora Argos, 2002. 521p. ALLOWAY, B.J.; AYRES, D.C. Chemical principles of environmental pollutions. 2 ed., London: Chapman & Hall, 1997. 395 p. ANDRADE, C.A. 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