ESTÉTICA DENISE MORAES , , SACEA É POSSíVEL MANTÊ-lA SOB CONTROLE À primeira vista, a rosá- Desordem crônica de causa desconhecida, afeta a região central da face e do pescoço. Embora não tenha sido descoberta a cura da doença, ela pode ser tratada de modo eficaz, reduzindo o desconforto do paciente 24 LES NOUVELLES ESTHtTIQUES cea pode lembrar a acne, pela localização na face e pela presença de pústulas e pápulas. Mas, ao invés de se manifestar na adolescência, acomete com maior freqüência as pessoas de pele clara, entre 30 e 50 anos de idade, sendo mais comum na população feminina (numa relação de 3 casos para 1). No entanto, graus mais severos da desordem se manifestam nos homens, provavelmente devido à procura tardia pelo tratamento. Há relatos de alguns casos pediátricos. Segundo a dermatologista Evilmara Pagani, dois componentes clínicos caracterizam a afecção: 1. Alteração vascular que se manifesta através de um erjtema nterrnteote ou persistente, que deixaa pele vermelha e ruborizada, com uma sensação de ardência e queimação. 2. Erupção acneiforme, com o aparecimento de pápuIas, pústulas,cistos e hiperplasia sebácea. "Não há relação entre a quantidade de sebo e a gravidade da rosácea", diz a médica. A rosácea se desenvolve lentamente e pode oco rrer em 4 fases, com o agravamento do quadro clínico. as diversas etapas Fase 1,chamada pré-rosácea, surge o eritema transitório: há uma congestão centro-facial passageira que vai se tornando constante. "O quadro ocorre após estímulos não específicos como estresse, exposição ao solou frio e ingestão de comidas, bebidas quentes e álcool", diz a Dra. Evilmara Fase 2, rosácea vascular, se caracteriza pela formação de eritrose e telangiectasias: pequenos vasos sangüíneos geram manchas vermelhas permanentes, semelhantes a uma teia de aranha Fase 3, rosácea inflamatória, quando aparecem erupções papulares e pustulosas Fase 4, rosácea tardia, caracteriza-se pelo rinofima, uma hipertrofia do nariz, mais comum em homens. ''Apele fica enrijecida e com uma demarcação bem proeminente da dobra nasolabial. Os poros tornam-se visíveis.A avaliação do nariz com características de rinofima deve ser cuidadosa porque o paciente pode apresentar freqüentemente outras lesões associadas, até mesmo câncer de pele", explicaa Dra. Evilmara. ::::>ABRIL 2005 ROSÁCEA A evolução da rosácea pode levar a variações como a rosácea ocular. "Fenômenos oculares surgem em cerca da metade dos casos. Podem ocorrer conjuntivite, ceratite (fotofobia acompanhada ou não de sensação de corpo estranho no olho), blefarite (congestão da conjuntiva bulbar) e, até mesmo, irite (inflamação da íris)", relata a dermatologista. As principais causas estão relacionadas a infecções' fatores alimentares, climáticos, psicológicos, farmacológicos e imunológicos. Tratando-se de um quadro tão vasto e incerto, é routo importante atentar para os fatores que sabidamente desencadeiam ou pioram o quadro da afecção. São eles: a aplicação de cremes ou cosméticos muito oleosos, alimentação muito gordurosa e exposição excessiva ao sol. hábitos que ajudam a prevenir Se a origem do problema é desconhecida e não há cura garantida, por outro lado, existe um vasto repertório de cuidados e terapias capazes de mantê-Io sob controle. "O tratamento consiste no uso de antibiótico adequado por um longo período, via oral e tópica", diz a Dra. Evilmara. A aplicação de máscaras calmantes e secativas, neve carbônica e luz pulsada (lPL quantum), que além de poder antiinfiamatório promove a melhora das condições dos vasos, também é de extrema valia. O tratamento pode variar de 4 a 6 aplicações, conforme cada caso. 26 LES NOUVELLES ESTHÉTIQUES "Gel de metronidazol, eritromicina e clindamicina em gel melhoram muito o processo inflamatório", continua a Dra. Evilmara, que salienta a importância do uso do filtro solar diariamente, de preferência, à base de dióxido de titânio. Sabonetes próprios para pele oleosa e sensível também são indicados. Entre os hábitos recomendados pela médica estão: evitar alimentos muito quentes e condimentados ou gordurosos, bebidas alcoólicas, cosméticos muito oleosos, produtos com lauril sulfato de sódio, adstringentes, loção tônica, cânfora e mentol. diagnóstico diferencial da rosácea apresenta muitos comedões, o que não ocorre na rosácea Não há presença de eritrose difusa. É essencial observar a faixa etária do paciente > Dermatite alérgica de contato - pode ser diagnosticada por vermelhidão, prurido e pápulas. Verificar possíveis alergênicos em maquiagens, perfumes e xampus > Dermatite seborréica pode coexistir com a rosácea. Apresenta eritemas e também uma camada gordurosa amarelada sobre o couro cabeludo, sobrancelhas, área paranasal, dobra nasolabial e colo. Não há pápulas e pústulas. Geralmente associada à presença de pityrosporum ovale >Acne vulgar - > Dermatite perioral apresenta pequenas e numerosas pápulas e raras pústuIas, eritemas e descamação. Mais comum em mulheres jovens, pode estar associada ao uso de esteróides tópicos > Lúpus eritematoso sistêmico - há formação de eritema malar (na parte superior das maçãs do rosto), sem pápulas e pústulas, com alterações na pigmentação > Foliculite - assim como a rosácea, o pityrosporum folliculitis forma pápulas (embora menores) e pústulas (isoladas ou confluentes, formando placas infiltradas), não somente na região facial como no peito, costas e ombros > Pseudofolliculitis barbaes - presença de pápulas e pústulas na área da barba. Análise minucio-sa constata pêlos encravados, diferenciandoo da pseudofoliculite da rosácea >Sycosis barbae (sicose) - o barbear permite a entrada do staphylococcus aureus no folículo capilar, levando à formação de pápulas e pústulas nas bochechas, queixo e parte superior do pescoço > Tinea barbae - causada por trichophyton schoenleini, t. violaceum ou microsporum gypseum, apresenta pápulas vermelhas nas bochechas e queixo. Ao contrário da rosácea, há lesões nodulares e supurativas :::::>ABRIL 2005 ROSÁCEA o papel (meIissa officinalis) > Melissa da esteticista - anti-séptica e descongestionante Nas 2 primeiras fases da rosácea o acompanhamento visa descongestionar, acalmar e favorecer a vasoconstrição. ''Atécnica mais importante é a drenagem linfática. Recomendo cosméticos hipoalergênicos com ativos calmantes e vasoconstritores. Na higienização, produtos suaves e com pH fisiológico. Tônicos, só os não-alcoólicos. Usar protetor solar. Evitar fatores agravantes como exposição ao sol, ao vento forte, ingestão de álcool e banhos quentes", completa a esteticista Maria de Fátima Lima Pereira. >Pepino (cucumis sativus) - calmante e descongestionante > Tepescohuite (mimosa tenuiflora) - regeneradora e antiinfiamatória Higienizar Leite de limpeza O/A com ativos calmantes A partir do aparecimento do rinofima, na quarta fase, os principais ativos são extratos vegetais glicólicos, veiculados em loções, gelou gel-creme: Afinamento Leves movimentos com pó secativo microexfoliante e loção calmante >Babosa (aloe-vera), camomila (matricaria chamomil/a) e tília (tilia platyphyllus) - calmantes e emolientes PROTOCOLO DO TRATAMENTO ESTÉTICO Nas duas rirneiras fases 1 2 Na terceira fase Higienizar Leite de limpeza O/A com ativos calmantes 1 Descongestionar Compressas frias (temperatura ambiente) com ativos calmantes e vasoconstritores 2 3 Drenagem 4 Máscara 3 linfática descongestionante Calmante, em gel ou cremosa 4 5 Finalização Com gel creme hidratante ou sérum com FPS e suave coloração. 5 Assepsia Alta-freqüência por fluxação, com prioridade nas lesões Descongestionante e redução da foglose Compressas frias (temperatura ambiente) com ativo calmante Drenagem linfática manual i 6 Máscara calmante ~ 7 Finalização "5 ~ Com gel hidratante com fator de proteção solar específico >Calêndula (calendula officinallis) - calmante, reduz eritema e irritação > Castan ha-da- í nd ia (aesculus hipocastanum) vasoconstritora - Outros ativos podem ser incluídos: alfabisabolol (de ação antifiogística, antiinfiamatória); azuleno (descongestionante, antiinfiamatório); ácido glicirrízico (antiinfiamatório, descongestionante); phytossoma de ácido 188 glicirrético (dessensibilizante, antiinfiamatório); phytossoma de escina/betasitosterol (antiedematoso); colesterol escina (antidematoso); antiphlogisticum ARO (phytoflora) - com pantenol, 188 glicirrético e alantoína (anti-histamínico) e algisium C (antiinfiamatório). Seguindo a orientação e indicação do dermatologista e com os cuidados adequados da esteticista, é possível manter a rosácea sob controle, reduzindo bastante o desconforto e melhorando o aspecto da pele. ] consultoras Ora. Evilmara Pagani dermatologista, membro Brasileira da Sociedade de Oerrnatoloqia e Maria de Fátima Lima Pereira esteticista, professora da Universidade Aberta para Maturidade da pue, em São Paulo ABRIL 2005