O HISTÓRICO DA ESCOLA DE FRANKFURT

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O HISTÓRICO DA ESCOLA DE FRANKFURT
A criação do Instituto de Pesquisa Social (1922-1932)
1922
Surge na Turíngia a idéia
de institucionalizar um
grupo de trabalho e
teorização dos
movimentos operários da
Europa.
Estudo de documentos
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1923
Criação do Instituto de Pesquisa
Social vinculado à Universidade
de Frankfurt, porém com
autonomia acadêmica e
financeira.
1º diretor: Carl Gruemberg. (até
1927). Edição da primeira revista
voltada ao socialismo e à história
operária.
1930
Max Horkheimer
assume a direção
do Instituto.
Assume feições de
um verdadeiro
centro de pesquisa
1931
Horkheirme, preocupado
com o anti-semitismo e o
movimento nazista
encabeçado por Hitler,
cria filiais do instituto em
Genebra, Londres e Paris,
transferindo a redação da
revista para Paris
1932
Criação de uma
nova revista:
“Revista de
Pesquisa Social”
Esta revista
continua até 1941.
1933
Governo Nazista decreta
o fechamento do Instituto
em Frankfurt por suas
“atividades hostis ao
estado”. Confisco do
prédio e da biblioteca.
1936
Estudos sobre
Autoridade e Família
e Ensaio sobre
História e Psicologia
Financiamento da escola: Pai de Felix Weil
Estudos sobre Autoridade e Família: realizado em Paris, sob coordenação de Horheimer e Fromm em vários países europeus: informações sobre estrutura e personalidade da classe
operária européia. Segundo esses teóricos, essa classe havia perdido a consciência de sua missão histórica, submetendo-se a formas de dominação e exploração totalmente contrários a
seus interesses emancipatórios.  Preocupação central do estudo: Busca de uma integração entre a teoria marxista com o freudismo.
Data deste mesmo período o ensaio de Horkheimer sobre História e Psicologia: reflete sua profunda preocupação em integrar o nível macro-teórico (produção capitalista) com o nível
micho (indivíduo sexualmente reprimido), midiatizados pela estrutura familiar autoritária.
Preocupação teórica e política de Horkheimer nesse primeiros anos: elaborar “ o esboço de uma teoria materialista, social-psicológica dos processos históricos societários”; Ele muda a
temática básica do centro de pesquisa por ele administrado: o interesse documentário de como a classe operária enfrentava as crises específicas do capitalismo do início do século XX
transformou-se no interesse teórico do por quê de a classe operária não ter assumido o seu destino histórico de revolucionar a ordem estabelecida.
O período da emigração para os Estados Unidos (1933-1950)
1933
Horkheimer
assegura a
tranferência
do instituto
para
Genebra
1934
Horkheimer negocia a
transferência do Instituto para
Nova Iorque, vinculado à
Universidade de Columbia,
mantendo, no entanto,
independência financeira.
Concede bolsas de estudo e de
pesquisa a intelectuais judeus
perseguidos pelo nazismo. Entre
eles Benjamin.
1937
Horkheimer escreve o
ensaio “A teoria crítica
e a Teoria tradicional”
onde lança os
fundamentos da teoria
da escola de Frankfurt
Adorno se concentra na
fundamentação de uma
sociologia marxista da
música
1940
Horkheimer e
Adorno se transferem
para a Califórnia e se
encontram com
outros intelectuais
alemães e judeus
refugiados. (Fromm
e Marcuse)
1946
Horkheimer recebe
o convite da
municipalidade de
Frankfurt para
retornar à cidade
com os membros do
instituto.
1947
Adorno e
Horkheimer
publicam
“Dialética do
Esclarecimento”
1948
Horkheimer viaja à
Alemanha para
negociar sua volta.
Surpreendido com
a recepção
calorosa, concorda
com a
transferência que
seria efetivada em
1950
1950
Adorno, juntamente
com um grande
número de cientistas
americanos e
alemães, publica
“The Authoritarian
Personality”
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A produção do instituto na época de emigração para os Estados Unidos se reflete nas obras: “The Authoritarian Personality” e “Dialética do
Esclarecimento”. Estes trabalhos estão sob o impacto provocado sob intelectuais europeus pela cultura americana, expressão máxima do capitalismo
moderno e da democracia de massa.
Em “A Personalidade Autoritária” os intelectuais procuram refletir sobre a integração entre a dinâmica psíquica do indivíduo e as condições sociais e
políticas em que vivem esses indivíduos. Papel fundamental de Adorno: capacidade de teorizar, de forma original, sobre um material exclusivamente
empírico, no contexto americano. Orientação freudo-marxista. A personalidade é vista como uma instância entre a base econômica e a ideologia das
sociedades capitalistas modernas. Propõe uma nova tipologia das estruturas da personalidade.
Em “A Dialética do Esclarecimento”Adorno e Horkheimer encaram a evolução da “cultura” nas modernas sociedades de massa, da qual os Estados
Unidos seriam a versão capitalista mais avançada. Segundo Habermas esse trabalho constitui uma ruptura dos dois autores com os trabalhos anteriores,
dando início à reflexões mais radicais que posteriormente conduziriam Adorno à sua nova concepção de dialética negativa. Esta obra sistematiza a morte
da razão kantiana, asfixiada pelas relações de produção capitalista.
A reconstrução do Institut fuer Sozialforschung em Frankfurt (1950-1970)
1950
O instituto volta a
funcionar em
Frankfurt. Adorno
e Horkheimer são
convidados para
ministrar aulas de
filosofia e seguir
com as pesquisas
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1961
Habermas e Friedeburg
realizam um estudo entre os
estudantes universitários de
Berlin e Frankfurt “Student
und Politik”. Este estudo é
surpreendido pelo movimento
estudantil que eclode antes de
sua publicação.
1966-1967
O protesto estudantil contra as
estruturas autoritárias da
universidade e da sociedade
alemãs começou a mobilizar
centros como Berlim, Frankfurt,
Heidelberg. Este grupo
fundamenta seu protesto nas
reflexões de Marcuse.
1967
Após a aposentadoria de
Horkheimer, Adorno assume a
direção do instituto. O grupo
de intelectuais que os
rodeavam havia se reduzido
muito. Somavam-se a eles
alguns jovens filósofos
1967
Horkheimer vai
para a Suíça
1969
Morte de Adorno
O movimento dos estudantes defendiam a transformação radical da sociedade capitalista tomando como ponto de partida a democratização da própria
universidade. Apregoavam a “longa marcha pelas instituições” burguesas, começando pela destruição da família e do Estado autoritário. Os frankfurtianos
viram no movimento estudantil da segunda metade dos anos 60 nítidos traços fascistas, passando a combatê-lo. Adorno chamou a polícia quando os
estudantes ameaçaram invadir o instituto e depredar o prédio da biblioteca. Habermas procurou usar a arma do debate crítico. É dele a expressão
“fascismo de esquerda”. Marcuse enfrenta “corpo a corpo” as massas estudantis procurando dialogar, convencer, fazer refletir.
O Movimento Estudantil se desmobilizou com o afastamento de seus ídolos: Horkheimer vai para a Suíça, Adorno morre e Marcuse critica a certas
simplificações.
O renascimento e a superação da Teoria Crítica

Tiedemann, Habermas, Schimidt, Wellmer e outros passaram a publicar as obras dos teóricos críticos da primeira geração. São considerados a segunda geração de da
escola dos frankfurtianos.
DUAS TENDÊNCIAS:
1 – Representada por Tiendemann e Smidt  Preservar o pensamento de Benjamin, Horkheimer, Adorno, e em parte Marcuse,
através de um trabalho minucioso de reconstituição e revisão dos textos para sua reedição com novos comentários e interpretações.
2 – Representada por Habermas, Wellmer, Burger e outros  Prosseguir de modo original e criador o pensamento dos mestres, não
hesitando em criticá-los e superá-los.
TRÊS GRANDES MOMENTOS
DA TEORIA CRÍTICA:
1- Horkheimer  É o período de antes e durante a Segunda Guerra Mundial, até a volda de Horkheimer e Adorno
para Frankfurt em 1950.
2- Adorno  Período de reconstrução do Instituto. Adorno introduz o tema da cultura e desenvolve em sua teoria
estética um versão especial da teoria crítica.
3- Habermas  discutindo teoria crítica, busca, com sua teoria da ação comunicativa, uma saída para os impasses
criados pelos seus antecessores, criando para isso o paradigma da ação comunicativa.
O CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA TEORIA CRÍTICA:
Três eixos temáticos: 1- Dialética da razão iluminista e a crítica à ciência
2- Dupla face da cultura e a discussão sobre a indústria cultural
3- Questão do Estado e suas formas de legitimação na moderna sociedade de consumo

Houve um deslocamento do interesse teórico de problemas diretamente ligados à herança marxista (como as características da sociedade capitalista
baseada na divisão do trabalho, na produção da mercadoria e da troca no mercado, a organização do poder e a repressão pelo Estado ou a luta de classes)
para um reflexão centrada em temas da cultura, em especial a estética (antes de mais nada a música), graças às contribuições específicas de Adorno depois
da retomada das atividades em Frankfurt.
A DIALÉTICA DA RAZÃO E A CRÍTICA À CIÊNCIA:
 O fio que trespassa a obra de todos os autores é o Iluminismo.
 Dialética do Esclarecimento: descreve uma dialética da razão em que sua trajetória, originalmente concebida como processo emancipatório que
conduziria à autonomia e à autodeterminação (teoria partilhada com Kant), se transforma em seu contrário: em um crescente processo de
instrumentalização para a dominação e repressão do homem. O saber produzido pelo Iluminismo não conduzia à emancipação e sim à técnica e ciência
moderna que mantêm com seu objeto uma relação ditatorial. A razão de Kant e Hegel se transformou em razão instrumental, controle da natureza e
domínio do homem.
 Este eixo estratégico teve três momentos estratégicos:
1- Contraposição de Horkheimer entre “teoria tradicional” e “teoria crítica” (1937). O autor tematiza, pela primeira vez, o profundo conflito existente entre a
dialética e o positivismo, comparando o pensamento de Marx com o de Descartes.. Lança várias obras com esta discussão. Porém, ela toma seu ponto
máximo na obra “Dialética do Esclarecimento” de 1947. a teoria crítica procura integrar um dado novo no corpo teórico já elaborado relacionando-o
sempre com o conhecimento que já se tem do homem e da natureza naquele momento histórico. Neste período o autor ainda se encontra muito próximo a
Marx.
Em seu ensaio A Teoria Critica ontem e hoje, de 1970, mostra três grandes equívocos da teoria marxista: A) a tese da proletarização progressiva da
classe operária não se confirmou, não ocorrendo a revolução proletária como se esperava. B) não se comprovou a tese das crises cíclicas do capitalismo,
decorrentes da alternância de produção excessiva e da falta de consumo por um lado, e de consumo excessivo que leva à falta de produção de outro,
devido à intervenção crescente da atividade estatal sobre a organização da economia. C) a esperança de Marx de que a justiça poderia se realizar
simultaneamente com a liberdade revelou-se ilusória.  A homogeneização generalizada é o preço que se paga para assegurar o bem-estar generalizado.
Os dois eventos históricos que levaram Horkheimer ao ceticismo quanto às obras de Marx foram a vivência do nazismo na Alemanha e do socialismo nos
países do Leste. Ambos regimes totalitários que privilegiaram a razão instrumental em detrimento da razão emancipatória, tolhendo a liberdade individual
em detrimento do bem geral. A teoria crítica sugere uma relação entre sujeito e objeto: o sujeito do conhecimento é um sujeito histórico, que se encontra
inserido em um processo igualmente histórico que o condiciona e molda. O teórico tradicional concebe-se fora desta dinâmica histórico-social.
2- Disputa em torno do positivismo e da dialética, travada entre Popper e Adorno (1961). Popper, assim como Weber, são, para Adorno, positivistas, porque
atribuem ao método o papel predominante no processo de conhecimento. Respeitando o método, o investigador está fazendo ciência de forma “neutra” e
“objetiva” e consegue trazer à tona a verdade. Adorno contesta o privilégio do método. Procura contestar as teses centrais de Popper a partir dos conceitos
de “teoria”, “crítica’, “totalidade”, “sociedade”, “verdade”, “objetividade” que têm, em seu pensamento, outra conotação. Expressa que a preocupação
fundamental da dialética e da teoria crítica não é meramente formal (como para Popper), mas sim material, existencial (como para Horkheimer). Por isso
a sociologia não pode deixar de guiar-se pela perspectiva do todo, ainda quando estuda um objeto particular, vendo este todo não como um sistema
estabelecido, mas como produto histórico do passado e como aspiração de realização no futuro. A crítica passa a ser elemento que permeia todo o
processo de conhecimento suscitando uma atitude de desconfiança face ao conhecimento como tal, cujos objetivos e resultados são permanentemente
questionados. A crítica compreendida como princípio de negatividade, vem a ser o elemento constituinte do método e da teoria crítica que se fundem com
o objetivo político e social a ser alcançado (Dialética Negativa). A dialética, ao contrário da lógica formal, é capaz de incluir em seus conceitos os
elementos da contradição e da transformação, e de abarcar o não idêntico em um mesmo conceito. É na dialética do iluminismo e na crítica à indústria
cultural que Adorno exemplifica da forma mais concreta a “dialética do conceito”.
3- Debate sintetizado na obra conjunta de Habermas e Luhmann Teoria da Sociedade ou Tecnologia Social (1972), na qual são confrontadas a razão
sistêmica e a razão comunicativa. Habermas, ao defender sua teoria da sociedade, revela uma afinidade eletiva com a teoria crítica, enquanto Luhmann, ao
defender uma visão sofisticada da teoria sistêmica, se aproxima ao moderno pensamento positivista. Neste debate, Habermas se distancia de Adorno e
Horkheimer e propõe uma nova teoria da sociedade. Para Luhman, da mesma forma como um organismo vivo se afirma e delimita em relação ao seu
meio, a sociedade, concebida como sistema sócio-cultural, precisa igualmente buscar sua permanência e demarcação no meio ambiente O sistema
oferece orientações comportamentais que facilitam a redução da complexidade, exonerando o ator da obrigação de fazer uma escolha entre as múltiples
alternativas possíveis. Para Habermas, não é possível conceber a realidade social como uma entre muitas alternativas. Dessa forma, a “redução da
complexidade” não é outra coisa senão a proposta socialmente controlada para comportamentos conformistas. Para Luhman, sociedade significa todo o
percurso evolutivo da espécie humana, incluindo ainda sua projeção para o futuro. Introduz a “categoria significado” onde pressupõe a possibilidade de
uma interação dialógica em que valores e normas possam ser constituídos, questionados, reformulados e reassegurados. A divergência entre Luhman e
Habermas se dá em torno da concepção e do surgimento de significados. Para Habermas esses só podem emergir em situações dialógicas, em que o ego e
o alter atribuem significados às coisas, pessoas e suas relações, significados que são consensualmente elaborados e reciprocamente respeitados. As
relações sociais são por isso mesmo sempre relações às quais os atores atribuem algum significado, e pressupõe um grau de liberdade inadmissível para a
concepção sistêmica. Habermas propõe uma teoria da ação comunicativa e um novo conceito de razão (subjetiva e autônoma). Racionalidade não é uma
faculdade abstrata, inerente ao indivíduo isolado, mas um procedimento argumentativo pelo qual dois ou mais sujeitos se põem de acordo sobre questões
relacionadas com a verdade, a justiça e a autenticidade.
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