Teoria crítica Segundo Mauro Wolf, na obra História das

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Teoria crítica
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Segundo Mauro Wolf, na obra História das
teorias da comunicação, a teoria crítica
identifica-se, historicamente, com o grupo de
pesquisadores ligados ao Instituto de Pesquisa
Social afiliado à Universidade de Frankfurt.
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Armand e Michèle Mattelart salientam que o
Instituto foi fundado em 1923 e define sua
verdadeira identidade em 1930 com a nomeação
de Max Horkheimer para seu diretor. A crítica
às atitudes políticas dos dois partidos operários
alemães (comunista e social-democrata) é uma
das práticas dos pensadores do Instituto.
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Horkheimer introduziu mudanças na
orientação teórica dos estudos ali
realizados. O método marxista de
interpretação da história foi revisto e
proposto por uma filosofia da cultura, da
ética, da psicossociologia e da psicanálise.
Ao pensamento de Marx veio se juntar o de
Freud. Nascia a teoria crítica da cultura para ser aplicada à investigação dos malestares das sociedades capitalistas
industrializadas do mundo ocidental
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Essa teoria estima que as análises setoriais
e as disciplinas compartimentadas
expressam o triunfo da razão instrumental,
que se amolda à manutenção da ordem
social dada.
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As teses defendidas por essa escola põem
em relevo o papel central que a ideologia
desempenha em formas de comunicação,
tal como vamos encontrá-las em
sociedades urbanas modernas
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Agentes da “barbárie cultural”, os
meios de comunicação seriam
veículos propagadores de ideologias
próprias às classes dominantes,
impondo-as às classes populares pela
persuasão ou pela simples
manipulação
• Com a tomada de poder por Hitler na
Alemanha, Horkheimer foi destituído e,
juntamente com outros pensadores da
escola, migrou para outros países. Só em
1950 o Instituto foi reaberto, retomando
as suas atividades teóricas e reflexivas,
tentando fundir o comportamento crítico
nos confrontos com a ciência e a cultura,
tendo como proposta política a
reorganização racional da sociedade, de
modo a superar a crise da razão.
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Para Wolf, a identidade central da teoria
crítica dá-se na análise dos fenômenos
que investiga e das forças sociais que
provocam esses fenômenos. E, também,
como capacidade de relatar tais
fenômenos às forças sociais que os
determinam.
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A partir desse ponto de vista, a pesquisa
social praticada pela teoria crítica
propõe-se como teoria da sociedade
entendida como um todo.
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A teoria crítica quer evitar a função
ideológica das ciências e das disciplinas
setorizadas.
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Wolf ressalta que a teoria crítica tem
como pretensão a penetração nos
sentidos dos fenômenos estruturais que
regem a sociedade contemporânea, que
são o capitalismo e a industrialização.
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O ponto de partida da Teoria Crítica é a
análise do sistema da economia de troca
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Dentro das aquisições fundamentais do
materialismo marxista, a originalidade
dos autores da Escola de Frankfurt
consiste em enfrentar as temáticas novas
que adotam as dinâmicas societárias do
tempo, como o autoritarismo, a indústria
cultural, a transformação dos conflitos
sociais nas sociedades industrializadas
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É nessa perspectiva que - segundo a teoria
crítica - toda ciência social que se reduz a
mera técnica de pesquisa, de seleção, de
classificação dos dados “objetivos”impede
a si mesma a possibilidade de verdade,
uma vez que ignora programaticamente as
próprias mediações sociais.
A teoria crítica se propõe realizar o que
sempre foge ou remete à sociedade , ou
seja, uma teoria da sociedade que
implique uma avaliação crítica da própria
construção científica
• Os pensadores da Escola de Frankfurt tinham a
intenção de realizar uma discussão acerca de uma
teoria da sociedade que implique uma avaliação
crítica da construção científica vigente. Wolf ressalta
que para estes pensadores, as ciências que se
reduzem a meras técnicas de pesquisa, como coleta e
classificação de dados, reduzem às suas próprias
possibilidades de intervenção social.
• Entre os temas em enfoque para análise e discussão
dos estudiosos frankfurtianos, Wolf salienta o
autoritarismo, a transformação dos conflitos sociais
em sociedades altamente industrializadas e,
principalmente, a indústria cultural, que ocupa
posição privilegiada.
A indústria cultural
• O conceito de indústria cultural, criado por
Adorno e Horkheimer, por volta dos anos 40,
está associado à produção industrial dos bens
culturais como qualquer mercadoria. Nesse
contexto, Adorno e Horkheimer, na obra A
dialética do esclarecimento, dizem que bens
culturais, como o cinema e o rádio, não
precisam mais se apresentar como sendo arte,
eles estão relacionados ao capitalismo.
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Os produtos culturais, os filmes, os
programas radiofônicos, as revistas
ilustram a mesma racionalidade técnica, o
mesmo esquema de organização e de
planejamento administrativo que a
fabricação de automóveis em série.
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“Previu-se algo para cada um a fim de que
ninguém possa escapar”
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Cada setor da produção é uniformizado e todos
o são em relação aos outros. A civilização
contemporânea confere a tudo um ar de
semelhança. A indústria cultural fornece por
toda a parte bens padronizados para satisfazer
às numerosas demandas, identificadas como
distinções às quais os padrões da produção
devem responder. Por intermédio de um modo
industrial de produção, obtém-se uma cultura
de massa feita de uma série de objetos que
trazem de maneira bem manifesta a marca da
indústria cultural: SERIALIZAÇÃO –
PADRONIZAÇÃO – DIVISÃO DO
TRABALHO
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A indústria cultural fixa de maneira
exemplar a derrocada da cultura, sua queda
na mercadoria
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A transformação do ato cultural em valor
suprime sua função crítica e nele dissolve os
traços de uma experiência autêntica
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Com a indústria cultural, o indivíduo perde a
autonomia; surgem conflitos entre impulsos
e consciência que são contra-atacados com a
submissão acrítica do que é imposto.
Mattelart afirma que a indústria cultural fixa,
de forma exemplar, a queda da cultura na
mercadoria: “A transformação do ato cultural
em valor suprime sua função crítica e nele
dissolve os traços de uma experiência
autêntica. A produção industrial sela a
degradação do papel filosófico-existencial da
cultura.” (MATTELART, 2001, p. 78).
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Wolf acrescenta, ao citar Adorno:
• aquilo que a indústria cultural oferece de
continuamente novo não é mais do que a
representação, sob formas sempre diferentes, de
algo que é sempre igual; a mudança oculta um
esqueleto, no qual muda tão pouco como no
próprio conceito de lucro, desde que este
adquiriu o
predomínio sobre a cultura.
(ADORNO apud WOLF,1987, P. 74)
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Para Adorno e Horkheimer, as diferenças
aparentes entre determinados produtos
culturais de diferentes preços estão mais
relacionadas com o aumento das estatísticas dos
consumidores do que o conteúdo e com a
utilidade que disponibilizam. Estas distinções
são estratégias para abranger a todos, para não
deixar que ninguém escape do círculo vicioso
da indústria cultural. Os autores dizem que os
consumidores assumem o papel de material
estatístico que compõem dados para a análise
dos detentores do poder de disseminação da
informação como meio de dominar.
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Adorno e Horkheimer salientam que a
indústria cultural, no cálculo de seus
valores orçamentários dos lucros,
ignora a possibilidade de geração de
produtos diferenciados, buscando
sempre a uniformização. Os próprios
meios mais comuns, como o rádio e a
televisão, tendem a retratar o que foi
informado pelos outros. As formas de
manifestações culturais tendem ao
igual.
• Os detalhes são idênticos, o
desenrolar de uma trama é previsível
e o final de um espetáculo já é o
esperado. Fórmulas fixas de sucesso
dirigem o roteiro de uma obra, sempre
na tentativa de garantia do êxito
esperado e do lucro final de acordo
com os interesses dos idealizadores.
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Adorno e Horkheimer salientam que a
produção industrial capitalista dos bens
culturais, consegue manter os
consumidores tão presos ao que está sendo
informado que, o ser humano é totalmente
envolvido no círculo da informação,
tomado pelas sensações que presenciam
frente aos produtos da cultura de massa.
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Adorno e Horkheimer enfatizam que a
indústria cultural identifica-se com a
indústria da diversão. O controle que
exerce sobre os consumidores é
confirmado pela diversão e pela
propagação do entretenimento: “A
diversão é o prolongamento do trabalho
sob o capitalismo tardio. Ela é procurada
por quem quer escapar ao processo de
trabalho mecanizado, para se por de novo
em condições de enfrenta-lo” (Adorno e
Horkheimer, 1985, p. 128).
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