1 LÓGICA I TCD 2 A LÓGICA E O ENSINO DE FILOSOFIA. Iremos dar uma abordagem sobre o que é a lógica e sua relevância no ensino de filosofia. Para isso, precisamos compreender o que é lógica, portanto, vamos defini-la. Segundo Parisi-Cotrim (1981, p.198) nos diz: “a lógica não é um ramos da ciência, mas um estágio preparatório que antecede o conhecimento”. E mais adiante: “(...) sua função é ampla: oferecer a estrutura pela qual o pensamento deve ser orientado para a procura e demonstração da verdade”. Isto nos leva a compreender que, se ela “antecede o conhecimento”, se é um “estágio preparatório”, conforme a citação nos remete, compreendemos que ao buscarmos uma resposta, seja ele verdadeira ou falsa, ao expormos nosso pensamento para afirmar ou negar algo, utilizamos a lógica para nos dar um direcionamento. O homem, em geral, sempre busca usar a razão para solucionar seus problemas do cotidiano, tanto em relação com a sua vida profissional, como em sua vida pessoal, pois busca sempre ter “razão”, porque esta o levará a verdade, a trilhar um caminho de vitórias. Suas atitudes deverão estar de acordo com a sua forma de pensar, e estando com o pensamento correto, comprova-se a verdade. É óbvio que não estamos no mundo para provar nada para ninguém; isto em se tratando de nossa vida pessoal, pois quando em nossa vida profissional, precisamos ter o conhecimento científico, e este tem que ser necessariamente lógico. O ensino de filosofia, é um estudo no qual tem-se que estabelecer pensamentos corretos, pois esta, busca o princípio da verdadeira causa, de determinado assunto, isto é, busca o saber, que é adquirido através do conhecimento. Conhecer para saber, para formar um juízo de valor, isto é, comparar as idéias, refletir sobre elas, e chegar a formar um juízo final, ou seja, a uma conclusão plausível. Ora, isto é filosofar! Segundo Paschoal-Silva (2006, p. 29) nos relata que: 3 “A filosofia é parte de uma proposta de ensino que pretende desenvolver no aluno, a capacidade para responder, lançando mão dos conhecimentos adquiridos, as questões advindas das mais variadas situações”. E mais adiante: “(...) ultrapassar a mera repetição de informações adquiridas (...) “(...) desenvolver competências comunicativas intimamente associadas à argumentação”. Nota-se, claramente, que o estudo da lógica é utilizado pela ciência, e sua aplicação consiste em nossa cotidiano. Em se tratando da disciplina filosofia, ao adquirir os mecanismos da lógica, obtém-se, conforme a citação acima, a capacidade para comunicar-se melhor, com objetividade e clareza, a respeito de inúmeros assuntos e situações. Sendo a filosofia, a mãe de todas as ciências, pois é ela que, por excelência indaga, questiona, no cerne da questão, buscando explicação racional, para o objeto de seu estudo, que é o “problema”, o uso da lógica não pode deixar de ser um fator primordial, afinal, a lógica, conforme Copi (1978, p.21) relata: “(...) caracteriza-se como ciência do raciocínio”. E ainda: “A distinção entre o raciocínio correto e o incorreto é o problema central que incumbe à lógica tratar”. A pergunta que se faz, portanto, é: seria a lógica a única forma de adquirir conhecimento? Vamos partir da análise de uma nutricionista que tem um conhecimento profundo da ciência da nutrição, sabe quais são os elementos necessários para produzir uma alimentação saudável e saborosa, proteínas, carbohidratos, gorduras, vitaminas, sais minerais, etc., seria ela, então, a única pessoa capaz de produzir uma refeição nutritiva e saborosa? Afirmar será um erro, pois, embora a nutricionista tenha o conhecimento científico, talvez não tenha desenvolvido a habilidade prática que a cozinheira possui, pois, não é necessário ter conhecimento profundamente científicos para se produzir uma refeição saudável e saborosa. Entretanto, cabe destacar, que embora a cozinheira saiba fazer refeições saborosas e saudáveis, poderá superar até a nutricionista, pois, segundo Copi (1978. P.20) relata: “(...) uma pessoa com conhecimento de lógica tem mais probabilidade de raciocinar corretamente do que aquela que não se aprofundou nos princípios gerais implicado nessa atividade”. Mais adiante continua: 4 “O estudo da lógica proporcionará ao estudante certas técnicas e certos métodos de fácil aplicação para determinar a correção ou incorreção de todos os raciocínios, incluindo os próprios. O valor desse conhecimento reside no fato de ser menor a probabilidade de se cometerem erros, quando é possível localizá-los mais facilmente.1 Observamos que, estudar lógica, é um fator primordial para a nossa vida profissional e pessoal. Em filosofia a lógica é a pedra fundamental, pois uma das finalidades da filosofia, conforme Henrique-Vicente-barros (2001, p.8) nos coloca: “proporcionar instrumentos necessários para o exercício pessoal da razão, contribuindo para o desenvolvimento do raciocínio, da reflexão e da curiosidade científica, para a compreensão do caráter limitado e provisório dos nossos saberes e do valor da formação como um continuum da vida”. Também, quanto a filosofia, nas Diretrizes Curriculares aos cursos de graduação em filosofia (Portaria INEP n.º 171, de 24/08/2005) que se espera do profissional filósofo: Capacitação para um modo especificamente filosófico de formular e propor soluções a problemas, nos diversos campos do conhecimento. Capacidade de desenvolver uma consciência crítica sobre conhecimento, razão e realidade. Capacidade para análise, interpretação e comentários de textos teóricos, segundo os mais rigorosos procedimentos de técnicas hermenêutica. Concluímos, diante disso, que somente através do conhecimento científico é que se pode demonstrar a verdade e esse conhecimento para ser científico precisa necessariamente ser lógico. É através da lógica que o homem pode estruturar seus pensamentos de forma correta, isto é, relacionar as idéias, compará-las, para chegar a uma conclusão, ou juízo final, afinal, nossas idéias não podem ser confusas e desconectadas. 1 COPI, Irving M.Introdução à Lógica. 2 ed. São Paulo, Mestre Jou, 1978, 488 p. 5 BIBLIOGRAFIA. COPI, Irving M.Introdução à Lógica. 2º ed. São Paulo, Mestre Jou, 1978, 488 p. PASCHOAL, Antonio Edmilson, SILVA, João Carlos Sales Pires da, Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Vol.3, Governo do Estado de São Paulo,2006. 40 p. ISBN 85 98171 441. PARISI, Mário, COTRIM, Gilberto, TDF – Trabalho Dirigido de Filosofia, 5º ed. São Paulo, Saraiva, 1981, 206 p. HENRIQUES, Fernanda, VICENTE, Joaquim Neves, BARROS, Maria do Rosário. Programa de Filosofia. Lisboa, 2001. 6