Anexo 1 Microscopia e princípios de coloração A1.1 Introdução A microscopia para doenças sexualmente transmissíveis (DST) fornece um teste simples, rápido e de baixo custo, que pode ser utilizado próximo ao paciente (1). Ela pode ser sensível e específica, é ideal para triagens e, frequentemente, pode fornecer um diagnóstico presuntivo que orienta o tratamento, quebrando, dessa forma, a cadeia de transmissão. A interpretação de imagens microscópicas é uma habilidade que requer treinamento, incluindo um bom conhecimento profissional do microscópio (1). A1.2 Preparação de esfregaços para microscopia Um espécime de boa qualidade, coletado a partir do local apropriado com o auxílio de uma haste adequada ou alça, é um requisito essencial para uma boa técnica de microscopia. É importante que a lâmina esteja limpa e que o espécime seja colocado do lado correto, caso a lâmina seja fosca em um dos lados. Para preparações frescas, uma quantidade suficiente de amostra é depositada sobre a lâmina com uma gota de solução salina, se necessário, devendo ser examinada imediatamente sob baixo aumento, sem óleo de imersão. Para esfregaços para coloração de Gram, o espécime deve ser espalhado uniformemente sobre a lâmina e fixado por calor ou álcool, adequadamente corado e examinado com óleo de imersão. A1.3 Microscopia de transmissão de luz A orientação principal para uma boa microscopia é montar o microscópio corretamente e sentar confortavelmente na bancada, com as costas apoiadas, e com as oculares na altura dos olhos. O microscopista deve ter um bom conhecimento dos componentes individuais do microscópio (Figura A1.1). O microscópio deve ser mantido limpo e coberto, quando não estiver em uso, e precisa ser revisado regularmente. É uma boa prática manter a platina longe das lentes e usar o menor aumento capaz de fornecer uma boa imagem. Procedimentos para montar o microscópio de luz: 1. 2. 3. 4. Ligue o microscópio Abaixe a platina, coloque a lâmina Selecione a objetiva de 10x Olhando para a platina, eleve-a (pensando na distância a ser trabalhada) 5. Ajuste a distância intraocular e focalize o espécime 6. Feche o diafragma de campo e abra totalmente o condensador 7. Mova o condensador para cima e para baixo até que o canto fique nítido 8. Utilizando o charriot, centralize a imagem 9. Abra o diafragma de campo (tenha cuidado com a intensidade da luz) 10. Reajuste a intensidade da luz para uma visão confortável 11. Feche lentamente o condensador até que a imagem fique nítida e o brilho intenso desapareça 12. Reajuste a intensidade da luz, caso seja necessário. Definições-chave Aumento - o número de vezes que o comprimento, a largura ou o diâmetro, mas não a área, de um objeto são multiplicados. a. “Aumento útil” é quando a imagem é nítida e os pequenos detalhes são revelados, normalmente a um máximo de 1.000x. b. “Aumento vazio” é quando a a nitidez da imagem se perde e mais nenhum detalhe é revelado. Aumento = poder da ocular x poder da objetiva x poder do canhão. Normalmente, é melhor utilizar um aumento menor para ver claramente os detalhes do objeto e obter um maior campo de visão. Anexo 1. Microscopia e princípios de coloração 189 Resolução – a capacidade de revelar detalhes estruturais adjacentes como separados e distintos. Definição – a capacidade de uma lente de tornar claras e distintas as margens da imagem de um objeto. Diafragma de campo – protege o objeto do excesso de calor e luz que não é necessário para a formação da imagem. Condensador – focaliza a luz no objeto. Os instrumentos modernos possuem lentes auxiliares para o uso de objetivas de 20x ou mais para evitar o reajuste contínuo da óptica. Problemas que podem ocorrer com a microscopia de luz: • Objeto desfocado e incapacidade de obter foco claro - Óleo nas lentes, que pode ser limpo com um solvente recomendado Condensador ou diafragma de abertura – contribui para a resolução e contraste da imagem. Não o utilize para o controle do brilho. - O óleo pode estar atrás das lentes, sendo necessário contatar o fabricante Ajuste interpupilar Ocular (lentes oculares) Corpo Revólver Braço Lentes objetivas (4) Platina ou mesa Parafuso macrométrico Condensador Controle da abertura do diafragma Base com fonte de luz Nivelador do diafragma de campo Parafuso micrométrico Charriot Controlador da intensidade de luz Figura A1.1 Componentes de um microscópio de transmissão de luz. Fonte: reproduzido com permissão da Associação Britânica para Saúde Sexual e HIV (BASHH, do inglês British Association for Sexual Health and HIV). - As lentes condensadoras podem estar sujas de óleo - A lâmina podia estar molhada antes de se aplicar o óleo - Óleos de diferentes lotes podem ter se misturado - A lamínula pode ser muito espessa - O material não está suficientemente espalhado na lâmina ou esta é muito espessa - Não se utilizou o lado correto da lâmina 190 • - A lamínula pode estar suja com óleo ou marcas de impressão digital - Óleo seco na lâmina Bolhas se movendo pela lâmina - Óleos de diferentes lotes podem ter se misturado - A lâmina podia estar molhada antes de se aplicar o óleo - As bolhas de ar podem ter se formado ao se aplicar o óleo Diagnóstico laboratorial de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o vírus da imunodeficiência humana. • • Iluminação desigual Os seguintes problemas podem ocorrer com a - O microscópio não foi montado de forma correta; o condensador não está centralizado microscopia de fluorescência: - • As lentes do revólver não estão alinhadas corretamente esperado: o microscópio pode ter sido montado de forma incorreta ou o obturador pode estar fechado; Aparecimento de partículas estranhas - Pode haver presença de poeira nas oculares, lentes, lâmina ou lamínula, a qual deve ser cuidadosamente removida. Ausência de imagem ou imagem mais escura que o • O espécime está emitindo fluorescência secundária ou autofluorescência causada por coloração inespecífica do espécime ou devido a lentes objetivas sujas; A1.4 Microscopia de fluorescência • componentes do microscópio podem não estar A microscopia de fluorescência pode ser utilizada para devidamente alinhados; permitir a visualização de algumas bactérias e vírus que não são facilmente visualizados por microscopia • imunofluorescência. Esse método pode ser útil para a detecção de agentes microbianos tais como Brilho em excesso nas lentes oculares: os filtros corretos podem não estar presentes; de luz, mediante a coloração por um anticorpo específico ligado a um fluorocromo, produzindo a Imagem iluminada de forma desigual: os • Rápido branqueamento do espécime ao ser visualizado. Treponema pallidum, Chlamydia trachomatis e o vírus A1.5 Microscopia de campo escuro da herpes simples, ou para auxiliar na identificação de A microscopia de campo escuro difere da microscopia organismos utilizando anticorpos espécie-específicos, tais como para Neisseria gonorrhoeae. A microscopia de fluorescência necessita de treinamento para conferir experiência à interpretação, principalmente para distinguir uma base fluorescente artificial de uma fluorescência específica. O microscópio é melhor mantido e utilizado em uma sala que possa permanecer escura. Na microscopia de fluorescência, a amostra é corada utilizando um fluorocromo, e então, iluminada por meio de um feixe de luz com comprimento de onda que excite o fluorocromo na amostra, o que é capturado pelas lentes objetivas. Para fins gerais de DST, tal pode ser obtido mediante um acoplamento a um microscópio de transmissão de luz que possua uma lâmpada (vapor de mercúrio ou tungstêniohalogênio) e apresente dois filtros: um filtro de iluminação (ou excitação), que garanta que a iluminação seja próxima à monocromática e no comprimento de onda correto; e um filtro de segunda emissão (ou de barreira), que garanta que nenhuma fonte de luz excitatória alcance o detector. de transmissão de luz pelo fato de que somente os raios de luz que atingem os organismos ou partículas em um ângulo oblíquo entram na objetiva do microscópio, dando origem a corpos luminescentes brancos e brilhantes contra um fundo preto (Figura A1.2). A microscopia de campo escuro para a detecção de T. pallidum, no diagnóstico de sífilis, necessita ser realizada por profissionais bem treinados e experientes, capazes de ajustar o microscópio corretamente e de diferenciar o T. pallidum de treponemas não patogênicos e outros organismos espiralados, encontrados comumente nas membranas mucosas genital e anal. Uma vez que a cavidade oral é frequentemente colonizada por espiroquetas diferentes dos treponemas, a análise de material de lesões orais por campo escuro não é recomendada. Procedimento para o uso do microscópio de campo escuro: 1. Faça uma preparação fina (Capítulo 10) utilizando lâmina e lamínula bem limpas. O material em excesso pode anular o efeito. Anexo 1. Microscopia e princípios de coloração 191 transmitida campo escuro Figura A1.2 Comparação do caminho de luz entre um microscópio de transmissão de luz e um microscópio de campo escuro. Fonte: Reproduzido com permissão da Associação Britânica para Saúde Sexual e HIV (BASHH, do inglês British Association for Sexual Health and HIV). 2. Abaixe o condensador e coloque uma gota de óleo no topo das lentes. Tome cuidado para evitar a formação de bolhas. 3. Coloque a lâmina na platina e suba o condensador lentamente até que o óleo toque a lâmina. Um breve feixe de luz será visualizado. Tome cuidado para não permitir a formação de bolhas. 4. Focalize o objeto com uma objetiva de menor poder (10x). Se o condensador estiver focalizado de forma correta, um pequeno ponto de luz iluminará o objeto contra o fundo escuro. Se for visualizado um anel de luz, o condensador precisa ser ajustado. 5. Com o auxílio do charriot, ajuste o condensador até que o ponto de luz fique no meio do campo. 6. Coloque uma gota de óleo na lamínula e focalize o objeto com as lentes para óleo de imersão. Caso se utilize uma objetiva com diafragma de íris, pode ser necessário um pequeno ajuste. Se as objetivas não estiverem centralizadas, talvez seja preciso centralizar o condensador. 7. A microscopia de campo escuro é melhor conduzida em uma sala escura. Os seguintes problemas podem ocorrer na microscopia de campo escuro: 192 • As lâminas ou lamínulas podem ser muito espessas • Pode haver muitas bolhas de ar na preparação. • O condensador pode não estar focado ou centralizado corretamente. • Pouca intensidade da iluminação. • O campo de vista é muito pequeno (diafragma de campo aberto). • O centro do campo de vista é escuro (a lâmina é muito espessa ou o condensador está em uma posição errada). A1.6 Microscopia de contraste de fase A microscopia de contraste de fase raramente está disponível ou é utilizada, mas apresenta algumas vantagens para a análise de espécimes vivos, não corados, uma vez que estes apresentam o mesmo índice de refração que o fluido de montagem, e os detalhes internos podem ser de difícil visualização. Pode-se considerar que os objetos não corados apresentam propriedades de uma grade de difração. A luz que passa através de diferentes partes do objeto é afetada e sua fase muda levemente, mas isso não é discernível aos olhos. Entretanto, por meios ópticos, essa mudança de fase pode tornar-se visível como áreas claras e escuras. São necessários para a microscopia de contraste de fase: 1. Um condensador especial apresentando uma série de diafragmas anelares, com o tamanho anelar variando de acordo com a abertura numérica da objetiva utilizada; 2. Objetivas de fase especiais, contendo uma placa de fase. Essa placa consiste em um disco de vidro contendo um vale circular, de tal profundidade que a luz que passa por essa porção apresenta uma diferença de fase de um quarto de um comprimento de onda quando comparada com o resto da placa. Procedimentos para o uso do microscópio de contraste de fase: 1. Prepare uma lâmina de espécime fina, não muito carregada, e a posicione para ser observada pela objetiva (as objetivas são marcadas como Ph, Phaco ou similar). Diagnóstico laboratorial de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o vírus da imunodeficiência humana. 2. Gire o anel apropriado para a objetiva na posição do condensador. 3. Verifique se o anel e a placa de fase estão na posição correta, utilizando o telescópio fornecido com o sistema. 4. Remova uma ocular e insira o telescópio. As imagens do anel e da placa de fase devem coincidir. Caso contrário, ajuste com o charriot. 5. Recoloque a ocular e examine o espécime. 6. As objetivas de todos os aumentos podem ser utilizadas, desde que estejam ajustadas a uma placa de fase e que haja um anel adequado no condensador. Os seguintes problemas podem ocorrer na microscopia de contraste de fase: • O condensador e a objetiva podem não ser compatíveis, de acordo com o código Ph; • A placa de fase não está alinhada, sendo necessária a verificação por meio de um telescópio; • O diafragma de campo não está focalizado na superfície do espécime, o que pode ser resolvido movendo-o para cima e para baixo. A1.7 Coloração de Gram Essa coloração foi descrita primeiramente em 1984 por Gram e demonstra a morfologia de bactérias e fungos. Ela divide as bactérias em dois grupos: aquelas que aparecem positivas e aquelas que aparecem negativas. Por sua vez, estas podem ser divididas em cocos (esferas) ou bacilos (bastonetes), resultando em quatro grupos. Muitas bactérias que aparecem bastante distintas, tais como a N. gonorrhoeae, são diplococos Gram-negativos, mas é importante lembrar que a reação da coloração de Gram fornece apenas uma identificação presuntiva. Outros métodos de identificação são necessários para classificar qualquer bactéria. Os fungos aparecem como Gram-positivos. A1.7.1 Princípios da coloração de Gram A coloração de Gram reflete as diferenças na estrutura da parede celular bacteriana, de modo que as bactérias Gram-positivas apresentam uma grande quantidade de peptidoglicano na parede celular, o que retém a coloração violeta (Figura A1.3a), enquanto que as bactérias Gram-negativas apresentam uma parede celular complexa, com menos peptidoglicano, não retendo a coloração violeta, mas assumindo o contrastante rosa (Figura A1.3b). A1.7.2 Método de uso O esfregaço fixado é inundado com cristal de violeta por 30 segundos, durante os quais todas as bactérias adquirem a coloração (Figura A1.4). O esfregaço é, então, lavado gentilmente em água corrente e inundado com Lugol por mais 30 segundos, o qual atua como um mordente e fixa a coloração violeta na parede celular. Após a lavagem com água, um descolorante é utilizado para remover o excesso de coloração. É nesse estágio que o complexo cristal violeta/Lugol é lavado da parede celular das bactérias Gram-negativas, uma vez que não há peptidoglicano suficiente para retê-lo. Vários descolorantes são utilizados, desde o álcool, que é de ação lenta e suave, até a acetona, que é mais forte e rápida. O tempo durante o qual descolorante é deixado no esfregaço varia de alguns minutos, para o álcool, a apenas poucos segundos, para acetona. É aconselhável segurar o esfregaço sobre a pia e deixar que o descolorante corra sobre ele. O complexo violeta irá se desprender do esfregaço e, assim que parar de escorrer, deve-se lavar o esfregaço com água. Nessa etapa, é possível que o esfregaço descolore demais, principalmente se for utilizada acetona; muitos consideram a mistura acetona e álcool (1:1) uma boa combinação, uma vez que a velocidade da acetona é levemente moderada pelo álcool. Após a descoloração, o esfregaço é inundado com um contrastante por, aproximadamente, um minuto; é nesse estágio que as bactérias Gram-negativas retêm a coloração rosa. Novamente, vários contrastantes podem ser utilizados: safranina, vermelho neutro e carbolfucsina. A safranina e o vermelho neutro são bons corantes para esfregaços que contêm polimorfos, uma vez que eles fornecem uma boa definição para a estrutura celular, enquanto que a carbolfucsina é preferível para bactérias. Anexo 1. Microscopia e princípios de coloração 193 Peptideoglicano Exterior Espaço periplasmático Interior Membrana celular Figura A1.3A Estrutura de uma parede celular Gram-positiva. Fonte: reproduzido com permissão da Associação Britânica para Saúde Sexual e HIV (BASHH, do inglês British . Association for Sexual Health and HIV). Exterior Lipídeo A Porina Lipoproteína Espaço periplasmático Fosfolipídeo Peptideoglicano Membrana celular Interior Figura A1.3B Estrutura de uma parede celular Gram-negativa. Fonte: reproduzido com permissão da Associação Britânica para Saúde Sexual e HIV (BASHH, do inglês British Association for Sexual Health and HIV). 194 Diagnóstico laboratorial de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o vírus da imunodeficiência humana. Os tempos individuais utilizados para cada um dos corantes podem variar, mas os tempos absolutos utilizados são cruciais. Entretanto, é importante lembrar que enquanto o corante primário (cristal de violeta) atua quase que instantaneamente, a coloração de contraste é um processo lento e requer mais tempo. É aconselhável deixar o contrastante atuando o dobro do tempo utilizado para a coloração primária. A1.7.3 Problemas e soluções Para produzir esfregaços bem corados, é essencial o uso de corantes adequadamente preparados e armazenados. Os corantes individuais estão disponíveis comercialmente e, hoje em dia, a preparação a partir do pó é relativamente incomum. Entretanto, mesmo quando os corantes são adquiridos prontos para utilização, ou como concentrados para diluição e uso, é importante armazená-los corretamente. Os corantes devem ser colocados em garrafas limpas e, se estas forem reutilizadas, deve-se eliminar qualquer resíduo de corante e então enxaguar com água antes de enchê-las novamente. O armazenamento inadequado pode resultar no depósito de corante sobre todo o esfregaço ou causar a aderência das células epiteliais, as quais podem ser confundidas com “células indicadoras”. O esfregaço precisa apresentar espessura apropriada. Um esfregaço muito espesso irá reter o corante e impedir a diferenciação entre os organismos Gram-negativos e positivos; já um esfregaço muito fino, com material insuficiente, pode não fornecer uma representação verdadeira da amostra. Gram-negativa Gram-positiva Fixação Cristal violeta Tratamento com iodo Descoloração Mancha contrastante de safranina Figura A1.4 Reação de bactérias Gram-positivas e Gramnegativas aos diferentes estágios da coloração de Gram Fonte: reproduzido com permissão da Associação Britânica para Saúde Sexual e HIV (BASHH, do inglês British Association for Sexual Health and HIV). de gonorreia e fornece uma imagem distintiva com alto valor preditivo em pacientes de alto risco. A1.9 Coloração de Giemsa A coloração de Giemsa é uma coloração diferencial utilizada para o diagnóstico de donovanose. Consiste em uma mistura de azul de metileno, eosina e azure B e está disponível comercialmente. Um esfregaço é preparado, fixado em metanol por 30 segundos, imerso em corante de Giemsa 5% fresco por 20-30 minutos, lavado e deixado a secar. A1.10 Imunofluorescência O passo de descoloração é o mais crucial na coloração Gram e, quando feito em excesso ou insuficiente, resultará na categorização incorreta da bactéria como Gram-negativa ou Gram-positiva, respectivamente. A1.8 Coloração de azul de metileno O uso do azul de metileno como corante único é muito útil em lugares com infraestrutura ou recursos inadequados para a coloração de Gram. Ele mostra a morfologia tanto das células bacterianas como hospedeiras, mas não permite a diferenciação obtida com a coloração de Gram. É utilizado, principalmente, na coloração de esfregaços para o diagnóstico presuntivo A imunofluorescência é uma técnica que utiliza a ligação altamente específica de um anticorpo ao seu antígeno para marcar proteínas específicas ou outras moléculas na célula. Uma amostra é tratada com um anticorpo primário específico para a molécula de interesse. Um fluoróforo pode ser conjugado diretamente ao anticorpo primário. Alternativamente, pode-se utilizar um anticorpo secundário conjugado a um fluoróforo, que se liga especificamente ao primeiro anticorpo. A1.11 Saúde e segurança Deve-se nomear uma pessoa responsável pela saúde e segurança em cada local de trabalho, tanto em clínicas Anexo 1. Microscopia e princípios de coloração 195 quanto laboratórios. Os métodos de coloração devem estar descritos em procedimentos operacionais padrão revisados regularmente, os quais devem ser lidos e compreendidos por todos os funcionários. É necessário haver uma série de regras básicas: • Não comer, fumar ou beber na área de laboratório. • Providenciar uma boa ventilação nas áreas utilizadas para a realização de coloração, a fim de evitar a inalação de gases e o risco de incêndio. • 196 Utilizar luvas e jalecos adequados para laboratório ao manusear os reagentes individuais utilizados para a coloração, pois se sabe que estes são tóxicos; algumas colorações de Gram são cancerígenas. • Armazenar os corantes cuidadosamente para evitar que derramem. • Tomar cuidado ao descartar lâminas e lamínulas de pacientes infectados. • Armazenar os materiais inflamáveis em um armário específico e longe de fontes de calor. A1.12 Referência British Association for Sexual Health and HIV (BASHH). Microscopy for Sexually Transmitted Infections (http:// www.bsig-resources.org.uk/). Diagnóstico laboratorial de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o vírus da imunodeficiência humana.