Objetivo

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA
SHIRLEY ANTAS DE LIMA
A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO ENTERAL EM PACIENTES CRÍTICOS: UMA
ABORDAGEM BIBLIOGRÁFICA INTEGRATIVA
João Pessoa
2014
1
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA
SHIRLEY ANTAS DE LIMA
Orientador: Profª Dra. Maria Auxiliadora Freire Siza
Trabalho apresentado como requisito
para conclusão do curso de mestrado
profissionalizante em terapia intensiva.
A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO ENTERAL EM PACIENTES CRÍTICOS: UMA
ABORDAGEM BIBLIOGRÁFICA INTEGRATIVA
João Pessoa
2014
2
RESUMO
O referido artigo tem como objetivo, mostrar a importância da ingesta precoce da NE
em pacientes críticos, tendo em vista que, esta nutrição é tida como fator benéfico
na diminuição dos agravos à saúde bem como a evolução clinica favorável do
paciente critico. Recomenda-se o uso de NE precoce, com início em 24-48 horas
após a admissão em UTI, estando relacionada à manutenção da função intestinal,
melhora da imunidade, diminuição da resposta hipermetabólica entre outras. A
terapia nutricional inclui uma série de medidas, que vão desde as de caráter
profilático até as destinadas à correção das alterações provocadas pela doença,
assim, deve ser instituída o mais precocemente possível, a fim de proporcionar ao
paciente uma melhoria do estado nutricional, da função imunológica, das funções
fisiológicas e das intolerâncias alimentares, diminuindo riscos e intercorrências.
Palavras-chave: Terapia Nutricional Enteral. Nutrição Enteral. Avaliação Nutricional.
Desnutrição. Unidade de Terapia Intensiva.
ABSTRACT
The article aims to provide informations about the importance of early intake of EN
(enteral nutrition) in critically ill patients, in order that, is seen as beneficial nutrition
factor in the reduction of health hazards as well as the favolable clinical outcome of
critically ill patients. The use of early EN, started in 24-48 hour after ICU admission,
being related to the maintenance of intestinal function, improving immunity,
decreased hypermetabolic response and others is recommended. Nutritional therapy
includes a number of measures, ranging from prophylactic measures to those fot
corrections of the changes caused by thus disease should be instituted as early as
possible in order to give the patient an improvement of nutritional status of immune
function, physiological functions and food intolerances, reducing risks and
complications.
Keywords: Enteral Nutrition Therapy. Enteral Nutrition. Nutritional Assessment.
Malnutrition. Intensive Care Unit.
INTRODUÇÃO
Pacientes graves internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sob
Terapia Nutricional Enteral (TNE), frequentemente apresentam prejuízos nutricionais
que chegam a influenciar em sua evolução clínica. Deste modo os cuidados
dietoterápicos, exibem fatores que limitam a administração plena da terapia, como a
disfunção do trato gastrointestinal, dada, por exemplo, pela estase, vômitos, diarréia,
3
distensão abdominal, jejum para exames e procedimentos médicos, de enfermagem
e fisioterapia, impedindo assim o fornecimento adequado de nutrientes, portanto, o
objetivo da nutrição enteral (NE) é atender as necessidades nutricionais do
organismo, quando a ingesta oral é inadequada ou impossível, desde que o Trato
Gastrointestinal (TGI) funcione normalmente. (FUJINO; NOGUEIRA, 2007).
A ingesta da NE esta associado à redução no número de complicações
infecciosas, manutenção da integridade da barreira da mucosa intestinal e redução
da translocação bacteriana. Diante deste fato, recomenda-se o uso de NE precoce,
com início em 24-48 horas após a admissão em UTI, estando relacionada à
manutenção da função intestinal, melhora da imunidade, diminuição da resposta
hipermetabólica entre outras. Embora seja recomendada para manter a perfusão e a
integridade da mucosa intestinal e seja bem tolerada na maioria dos pacientes, a NE
precoce pode causar isquemia e necrose intestinal não-oclusiva, principalmente em
paciente pós choque (FERREIRA, 2007).
Para Fontoura e colaboradores (2006), pacientes em risco nutricional
permanecem internados por um período de tempo superior a 50% maior que os
pacientes saudáveis, aumentado o custo do tratamento. O autor supracitado e
colaboradores ainda ressaltam que o estado nutricional dos pacientes hospitalizados
influencia a evolução clinica, e estima-se que 30% dos pacientes apresentam
desnutrição e que 75% perdem peso quando internados por mais de uma semana
apresentando uma taxa de mortalidade consideravelmente maior do que a esperada
em pacientes adequadamente nutridos.
Portanto o suporte nutricional em pacientes graves tem como objetivo
primordial preservar a massa corporal magra, manter a função imune e evitar
complicações metabólicas, onde para obter tais resultados há a necessidade de se
iniciar precocemente a terapia nutricional, considerada uma estratégia pró-ativa
terapêutica no sentido de reduzir a gravidade da doença, diminuir as complicações
clinicas, diminuir o tempo de permanência em UTI e, assim obter impacto favorável
nos resultados do paciente (MARTINDALE, et al., 2009).
De acordo com Kurihayashi, Caruso e Soriano (2009), a terapia nutricional é
essencial para tratamento do paciente crítico, uma vez que o estado nutricional
interfere no seu estado atual de saúde, melhorando o prognóstico de doenças
clínicas e cirúrgicas. Para os mesmos autores, quando mais cedo possível o suporte
4
nutricional é iniciado, a mortalidade pode ser reduzida em até 13% nos pacientes
internados em UTI.
Diante das problemáticas apresentadas perante o estado nutricional de
pacientes críticos em UTI e a importância da NE, o referido artigo tem como objetivo,
mostrar a importância da ingesta precoce da NE em pacientes críticos, tendo em
vista que, a NE é tida como fator benéfico na diminuição dos agravos a saúde bem
como a evolução clinica favorável do paciente critico.
2. CONTEXTO TEÓRICO
Doenças consideradas graves ou críticas refere-se a condições clínicas ou
cirúrgicas que apresentam risco de vida e que, na maior parte das vezes,
estabelecem cuidados mais intensivos, exigindo, portanto uma internação em uma
UTI (THIBAULT; PICHARD, 2010). De acordo com a Associação de Medicina
Intensiva Brasileira (2009), a UTI é caracterizada como unidade destinada à
internação de pacientes graves, que requer atenção profissional especializada
contínua,
materiais
específicos
e
tecnologias
necessárias
ao
diagnóstico,
monitorização e terapia a pacientes com idade acima de 14 ou acima de 18 anos,
sendo este critério definido conforme as rotinas hospitalares internas.
Quando internados nestas unidades, os pacientes sofrem frequentemente
uma depleção nutricional, visto que a reposta metabólica ao estresse promove
intenso catabolismo proteico para reparo de tecidos lesados e fornecimento de
energia (MAICÁ; SCHWEIGERT, 2008; TEIXEIRA; CARUSO; SORIANO, 2006).
Diante
uma
desnutrição
os
pacientes
podem
apresentar
doenças
imunossupressoras e/ou infecto-parasitárias, e a imunodeficiência, que não envolve
apenas proteínas e calorias, mas também deficiências de micronutrientes, como o
fosfato, o zinco, cobre, ferro, selênio, vitamina A, E e as do complexo B, que estão
relacionadas com uma maior suscetibilidade as infecções e ainda chegam a interferir
na função fagocitária, produção de anticorpos e afinidade de anticorpo pelo antígeno
(MALAFAIA, 2009).
Conforme o Protocolo Clínico utilizado no Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (2010), no doente hospitalizado, a desnutrição
pode se instalar rapidamente devido ao estado de hipercatabolismo que acompanha
5
as enfermidades, traumatismos e infecções, em resposta ao estresse metabólico
que ocorre nestas condições, principalmente quando a ingestão nutricional é
insuficiente.
Vista a importância de manter o estado nutricional do paciente crítico devido a
existência de inúmeros fatores, a TNE surge com uma possibilidade terapêutica de
manutenção e recuperação do estado nutricional, para pacientes que apresentam
uma trato gastrointestinal íntegro para o processo digestório, mas com a ingesta oral
parcial ou totalmente comprometida (CAMPANELLA; SILVEIRA; ROSÁRIO; SILVA,
2008; VASCONCELOS, 2005). A TNE precoce é vista como um fator importante na
promoção à saúde, diminuição do estresse fisiológico e manutenção da imunidade
(TEIXEIRA; CARUSO; SORIANO, 2006).
De acordo com o Protocolo Clínico utilizado no Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (2010), a Terapia Nutricional (TN) é indicada
pelo médico responsável pelo acompanhamento do paciente, sendo prescrita a
formulação, a velocidade e plano terapêutico, tendo com base, o grau de
comprometimento nutricional, funcional e metabólico e na estimativa do número de
dias que o paciente permanecerá sem se alimentar adequadamente por via oral
(VO).
Portanto, em diversos casos, segundo Fujino e Nogueira (2007), diante da
complexidade e da impossibilidade de alimentação por via oral ou em quadros de
disfagia grave, que apresentam risco de broncoaspiração, vias alimentares
alternativas (VAA) são indicadas, como a nutrição enteral por sondas e parenteral,
mantendo ou recuperando o estado nutricional do paciente, através da ingestão
controlada de nutrientes. Dessa maneira, as autoras concluem que a oferta
nutricional é importante para a recuperação do paciente, fornecendo substrato para
os processos metabólicos envolvidos.
Neste
momento,
expõem-se
alguns
procedimentos
que
podem
ser
necessários ao paciente debilitado, como a Gastrostomia (que consiste em uma
comunicação do estômago com o meio externo via percutânea) e a Jejunostomia
(procedimento cirúrgico que permite o acesso direto ao jejuno-intestino). Suas
principais funções são nutrir pacientes impossibilitados de ingerir alimentos por via
oral e que estejam sem obstrução intestinal. Para a Sociedade Brasileira de Nutrição
Parenteral e Enteral e Associação Brasileira de Nutrologia (2011), as gastrostomias
6
são recomendadas quando não há risco de refluxo e a indicação de terapia
nutricional enteral (TNE) excede 3 a 4 semanas. Recomenda-se instituir
jejunostomias quando houver risco de aspiração e a TNE for superior 3 a 4
semanas.
A relação entre tempo de internação e necessidade de VAA é aparentemente
direta, todavia, a utilização prolongada de sonda nasogástrica (SNG), sonda
nasoentérica (SNE) ou nasoesofágica é desaconselhada devido ao desconforto,
trauma psíquico, aumento da secreção da árvore respiratória e irritação da
nasofaringe, faringe e estômago. Então, quando o período de nutrição enteral for
superior a três meses é indicada a realização de gastrostomia ou jejunostomia
(ROSADO et al., 2005).
Para melhor assistir o paciente que apresenta desnutrição, recomenda-se a
Avaliação Subjetiva Global (SGA) que Detsky et al., 2008, descreveram a técnica,
que avalia o estado nutricional baseado em características da história e exame
clínico. A técnica demonstra significante a concordância entre as variáveis
observadas e o estado nutricional do paciente. Diante disso, nas últimas décadas, a
SGA vem sendo reproduzida com sucesso na prática clínica e pesquisas com
diversos grupos de pacientes, inclusive de UTI (Sungurtekin et al., 2008).
A técnica caracteriza-se pela aplicação de um questionário que analisa
informações
sintomas
relacionadas história clínica (alterações de peso, ingestão alimentar,
gastrintestinal,
capacidade
funcional
e
aumento
das
exigências
nutricionais) e avaliação física (sinais de perda de gordura, perda de massa
muscular, edema e ascite) (Gariballa e Forster, 2006; Schiesser et al., 2009). Os
pacientes são classificados em: bem nutrido; em risco de desnutrição ou
moderadamente desnutrido; e gravemente desnutrido, entretanto, a ASG é capaz de
detectar apenas casos de desnutrição já instalados, assim como classificar o grau,
não sendo um indicador de risco nutricional (Detsky et al., 2008).
A SGA pode também pode associar-se aos parâmetros laboratoriais
(albumina, pré-albumina,
transferrina, colesterol, retinol, alfa-tocoferol, 25-OH
colecalciferol e zinco) e hematológicos (hematócrito e hemoglobina), auxiliando no
diagnóstico da desnutrição (ALVES et al.; 2005).
A Resolução RCD nº 63 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do
Ministério da Saúde , de 6/7/00, define nutrição enteral como sendo:
7
“ (...) alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma
isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente
formulada e elaborada por uso de sondas ou via oral, industrializada ou não,
utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação
oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em
regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos
tecidos, órgãos ou sistemas”.
Os estudos de Murta (2006) relatam que o alimento desempenha papel
importante no funcionamento e reabilitação da saúde, além de combater o estado
de debilidade do organismo durante o tratamento de doenças ou lesão. Uma terapia
nutricional adequada é o primeiro passo para a recuperação, a alimentação é tão
importante como outras terapias, assumindo maior
importância em situação de
estresse e doenças com longos períodos de duração.
Evidências relacionadas em nível dos cuidados críticos demonstram que o
melhor manejo nutricional para pacientes críticos é a NE, podendo influenciar de
forma positiva nos resultados nutricionais, uma vez que, esse tipo de nutrição pode
manter a integridade intestinal e as funções da barreira intestinal, e quanto mais
precoce a oferta de nutrientes, menor a mortalidade em relação a oferta tardia
(HEIDEGGER; ROMAND; TREGGIARI; PICHARD, 2007).
Contudo a NE pode induzir a aspiração pulmonar, resultando em pneumonia,
principalmente em pacientes ventilados que sofrem de intolerância digestiva alta,
onde neste caso é indicada a nutrição pós-pilórica. Outro fator importante é a
absorção intraluminal de nutrientes, onde
aumentada a demanda energética de
enterócitos que já esta metabolicamente estressado, onde há a riscos de isquemia a
nível de intestino devido a hipoperfusão sistêmica (MELIS; FICHERA; FERGSON,
2006).
Para Maia, Lameu e Vianna (2006) as complicações da nutrição enteral estão
ligadas ao uso de sondas nasojejunais, sendo:
 Mecânicas: irritação nasofaringe, otite, sinusite, obstrução da sonda,
perfuração do duodeno.
 Gastrintestinais: dor abdominal, cólicas, distensão, náuseas e diarréia.
 Metabólicas: Hiperglicemia levando ao coma.
8
Diante algumas complicações decorrentes da NE, se vê a necessidade da
equipe de enfermagem ser habilitada e treinada, para que juntamente com a equipe
multidisciplinar possa prestar cuidados integrais de maneira total, visando um
resultado positivo, pois a equipe de enfermagem atua na infusão da nutrição desde a
sua administração até as reações apresentadas pelo paciente durante a terapia
nutricional (CIOSAK et al. 2006).
Vidal (2006) reforça que a assistência de enfermagem na alimentação enteral
deve priorizar alguns cuidados como:
 A dieta enteral deve ser instalada geralmente de três em três horas (de
acordo com prescrição médica);
 Administradas em gota a gota;
 Trocar equipo a cada 24 horas, e após administração lavar sonda com água
potável.
3. METODOLOGIA
O referido artigo foi desenvolvido através de uma pesquisa exploratória
descritiva com uma abordagem bibliográfica integrativa, que para Gil (2010) é
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de
livros e arquivos científicos. Para tanto, a realização da mesma foi realizada a partir
de consultas feitas em sites científicos referentes ao tema abordado.
Para Pompeo (2009) a pesquisa exploratória acontece na fase preliminar
antes do planejamento formal do trabalho. A pesquisa descritiva é definida como
sendo a que observa, registra, analisa, classifica e interpreta os fatos, sem que o
pesquisador lhes faça qualquer interferência. Assim, o pesquisador estuda os
fenômenos do mundo físico e humano, mas não os manipula.
Segundo Mendes, Silveira e Galvão (2008), a pesquisa do tipo integrativa,
tem a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisa sobre um delimitado
tema, de maneira sistemática e ordenada, sendo um instrumento para o
aprofundamento do conhecimento a respeito do tema investigado, permitindo a
síntese de múltiplos estudos publicados e conclusões gerais a respeito de uma
particular área de estudo.
9
Para operacionalizar essa revisão, foram utilizadas as seguintes etapas:
estabelecimento do objetivo da revisão integrativa, estabelecimento dos critérios
para seleção da amostra, definição das informações a serem extraídas dos artigos
selecionados, análise dos resultados, apresentação e discussão dos resultados
(URSI; GAVAO, 2006).
A elaboração de um estudo de revisão integrativa da literatura deve ocorrer
em seis fases ou etapas distintas (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO; 2008):
1ª. FASE – Identificação do tema e questões da pesquisa ou estabelecimento do
problema da revisão;
2ª. FASE – Seleção da amostragem ou busca na literatura;
3ª. FASE – Categorização dos estudos;
4ª. FASE – Avaliação dos estudos incluídos na revisão ou análise dos resultados;
5ª. FASE – Interpretação dos resultados ou apresentação e discussão dos
resultados;
6ª. FASE – Síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou
apresentação da revisão integrativa.
Permeando todas as fases, tem-se que, a primeira fase corresponde à
identificação do tema ou questão da pesquisa; a segunda refere-se à pesquisa da
literatura correspondente ou amostragem; a terceira envolve a definição das
informações a serem extraídas dos estudos selecionados, a quarta diz respeito a
avaliação dos estudos selecionados, na quinta fase foi interpretados os resultados e
na sexta tem-se a conformação do estudo por meio da apresentação dos resultados
da pesquisa (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO; 2008, 2008).
3.1
PROCEDIMENTOS
PARA
OPERACIONALIZAÇÃO
DA
REVISÃO
INTEGRATIVA DE LITERATURA
1ª FASE – Identificação do Tema
Almejando atender a estes critérios, para o desenvolvimento desse estudo, a
pesquisadora utilizou a estratégia PICO. Nesta uma pergunta é construída
incorporando as características do paciente ou problema (P); a intervenção ou
indicador (I) da qual se quer a evidência; o controle ou condição habitual a ser
comparada (C); e o outcomes (O), que na língua inglesa significa desfecho clínico,
10
ou seja, a resposta que se espera encontrar nas fontes de informação científica.
Após a elaboração da pergunta, podem-se identificar as palavras-chave e, assim,
construir a base da busca de evidências nos diversos bancos de dados disponíveis
(NOBRE; BERNARDO; JATENE, 2003). Para a elaboração da questão norteadora,
sua descrição está explicitada no Quadro 1 a seguir:
Acrônimo
Definição
P
Paciente
Descrição
ou
Paciente Crítico
Problema
I
Intervenção
Identificar as razões que levam a utilização da NE
precoce.
C
O
Controle
ou Controle na desnutrição causada em pacientes
Comparação
críticos em UTI.
Desfecho
A eficácia da NE como fator benéfico na diminuição
(“outcomes”)
dos agravos à saúde, bem como a evolução clinica
favorável do paciente critico.
QUADRO 1: Descrição da estratégia PICO para elaboração da questão norteadora
da pesquisa.
1. Qual a importância da administração precoce da NE em pacientes críticos no que
diz respeito a evolução clínica?
2ª FASE – SELEÇÃO DA AMOSTRA
Para identificar trabalhos científicos nacionais e internacionais publicados
sobre fatores que evidenciam a acurácia da NE em pacientes críticos foi realizada
busca na base de dados da Scielo (Scientific Eletronic Library Online), sendo
verificadas publicações on-line.
Para seleção da amostra, foram estabelecidos como critérios de inclusão,
trabalhos que abordasse a nutrição enteral, disponíveis na íntegra eletronicamente e
publicados no período de 2004 a 2014. Os critérios de exclusão utilizados foram:
11
trabalhos que não abordassem a temática escolhida, além de artigos de reflexão,
artigos científicos que não estivessem disponíveis na íntegra eletronicamente.
Tendo em vista, o alcance e o impacto das informações divulgadas através
dessas bases de dados, principalmente no que diz respeito a fidedignidade das
informações, estas foram utilizadas com o intuito de caracterizar a produção
científica nacional sobre a temática: importância da nutrição enteral em pacientes
críticos.
3ª FASE – COLETA DE DADOS E CATEGORIZAÇÃO DOS ESTUDOS
SELECIONADOS
Esta etapa teve início no período de dezembro de 2013 a fevereiro 2014, com
a utilização dos descritores selecionados para a coleta de dados localizou-se um
total de 64 artigos na base de dados Scielo. Diante desse resultado iniciou-se a
seleção dos artigos conforme o objetivo deste estudo.
Para isso foi feita a leitura detalhada de todas as investigações identificadas,
visando verificar se os mesmos atendiam aos critérios previamente estabelecidos.
Desse modo, foi possível verificar que 39 não atendiam ao objetivo desta pesquisa,
visto que, não eram artigos escritos dentro do período de 2004 a 2014, cuja
temática central dos mesmos não estava direcionada ao objetivo do estudo proposto
ou não contemplava a junção da temática importância da Nutrição Enteral em
pacientes críticos.
Desse modo, a amostra foi composta de 25 pesquisas. As características dos
estudos nacionais e internacionais que compõem a amostra serão apresentados por
meio de tabelas e gráficos para melhor visualização destes.
4ª FASE – AVALIAÇÃO DAS PUBLICAÇÕES INCLUÍDAS NA REVISÃO
Nesta etapa, os estudos selecionados foram avaliados através dos critérios
de inclusão, sendo estes analisados quanto à relação dos dados com o objeto de
interesse do estudo, ou seja, a caracterização das publicações, a temática abordada
na pesquisa e as contribuições das publicações com ênfase na importância da
nutrição enteral em pacientes críticos.
12
Em seguida deu-se início ao procedimento de análise das informações, que
posteriormente foram organizadas, agrupadas e sumarizadas com a utilização de
tabelas e quadros, e integradas à discussão da presente revisão, conforme propõe
Ganong (1987). Foi utilizada a abordagem quantitativa, transformando os dados em
medidas de frequência simples a todos os estudos inseridos na pesquisa, bem como
a qualitativa, integrando os dados com a utilização das normas discursivas à luz da
literatura pertinente ao tema.
5ª FASE – INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
De posse da integração dos dados dos estudos incluídos na revisão, os
resultados foram interpretados com base na sumarização obtida. A análise
minuciosa de cada uma das pesquisas, tendo como fio condutor as questões
norteadoras desta revisão, proporcionou uma melhor compreensão geral dos dados.
Desse modo, as pesquisas selecionadas foram analisadas, sintetizadas e
discutidas de forma clara e concisa, estabelecendo relações com a fundamentação
teórico-prática da interface da importância da nutrição enteral. A interpretação e
discussão dos dados foram conduzidas para alcançar o objetivo com propriedade,
ou seja, as informações contidas no instrumento utilizado, às quais foram extraídas
dos artigos selecionados. Portanto, os resultados subdividiram-se em dados
referentes à identificação: da base de dados; do título do periódico; do ano de
publicação; da origem e da modalidade dos estudos; da temática abordada na
pesquisa; e, das contribuições no contexto da importância da nutrição enteral em
pacientes críticos.
6ª FASE – APRESENTAÇÃO DA SÍNTESE DO CONHECIMENTO
Seguindo a linha de raciocínio da interpretação e discussão dos resultados, a
revisão integrativa da produção científica sobre a nutrição enteral em pacientes
criticos no campo da enfermagem está apresentada em um capítulo específico de
forma descritiva e sistemática, com a utilização de tabelas e quadros que expõem
consistentemente os resultados obtidos através da análise realizada.
13
Ganong (1987) enfatiza que o uso de tabelas propicia uma leitura mais
simples, clara e objetiva, constituindo a forma mais indicada para expor a
caracterização das pesquisas primárias analisadas.
4 ANALISANDO E DISCUTINDO OS DADOS DA PESQUISA
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PUBLICAÇÕES INSERIDAS NO ESTUDO
Por meio da revisão integrativa que foi realizada, seguindo as estratégias
previamente estabelecidas, a busca nas bases estabelecidas para o estudo resultou
em 64 publicações. Com base nos critérios de inclusão e exclusão descritos
anteriormente, 25 artigos foram selecionados para compor esta revisão.
Gráfico 1 - Quantitativo total dos artigos da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa - SciELO. Protocolos e Produções Bibliográficas,
no período de 2004 a 2014.
Nesta seção serão apresentados os artigos contemplados na amostra, onde
serão caracterizados por meio de tabelas. Na Tabela 1 estão elencados os artigos
selecionados para a revisão integrativa:
14
TABELA 1 Distribuição das publicações envolvidas na revisão integrativa de acordo
com o ano, título, autor (n = 25), no período de 2004 a 2014.
ANO Título
Autor
2005 Avaliação da disfagia em pacientes
ROSADO, C.V. et al.
pediátricos com traumatismo crânioencefálico.
2005 Nutrição enteral. Nutrição: nutrição clínica VASCONELOS, M.I.L. In:
do adulto.
Cuppari Lilian.
2006
CIOSAK, S.I.; MOREIRA,
Nutrição oral, enteral e parenteral na prática R.S.C.; REGANIN, E.C.;
clínica. Nutrição oral, enteral e parenteral SALTINI, D.A.; NISHIDA,
na prática clínica.
C.S.I.; In: WATZBERG, Dan
Linetzky.
2006 Avaliação nutricional do paciente critico.
FONTURA, C.S.M. et al.
2006 Applied nutritional investigation: effects of
Gariballa S., Forster S.
acute-phase response on nutritional status
and clinical outcome of hospitalized
patients. Nutrition
2006 Suporte nutricional. Clínica cirúrgica:
MAIA, F.J.S.; LAMEU, E.B.;
fundamentos teóricos e práticos.
VIANNA, R. In: VIEIRA,
Orlando Marques et al .
2006 Bowel necrosis associated with early jejunal MELIS, M.; FICHERA, A.,
tube feeding: a complication of
FERGUSON, M.K.
postoperative enteral nutrition.
2006 Saberes e práticas: guia para ensino e
MURTA, G.F.
aprendizado de enfermagem.
2006
2006
2007
2007
Terapia nutricional enteral em unidade de
terapia intensiva: infusão versus
necessidades.
Assistência de Enfermagem com o Paciente
Queimado. Tratado de queimaduras.
Terapia Nutricional em Unidade de Terapia
Intensiva.
Terapia nutricional enteral em pacientes
graves: revisão de literatura.
2007
Is it naw time to promote mixed enteral and
parenteral nutrition.
2008
Terapia nutricional enteral: a dieta prescrita
é realmente infundida?
2008
What is subjective global assessment of
nutritional status?
TEIXEIRA, A.C.C.;
CARUSO, L.; SORIANO,
F.G.
VIDAL, M.O. In: LIMA JR,
E.M.; SERRA, M.C.V.F.
FERREIRA, I.K.C.
FUJINO, V.; NOGUEIRA,
L.A.B.N.S.
HEIDEGGER, C.P.;
ROMAND, J.A,;
TREGGIARI, M.M.;
PICHARD, C.
CAMPENELLA, L.C.A.;
SILVEIRA, B.M.; ROSÁRIO
NETO, O.; SILVA, A.A.
DETSKY AS,
MCLAUGHLIN JR, BAKER
JP, JOHNSTON N,
WHITTAKER S,
MENDELSON RA,
JEEJEEBHOY KN.
15
2008
Avaliação nutricional em pacientes graves.
2008
Nutrition assessment in critically ill patients.
2009
Terapia nutricional parenteral em UTI:
aplicação dos indicadores de qualidade.
2009
A desnutrição protéico-calórica com
agravante da saúde de pacientes
hospitalizados.
2009
Guidelines for the provision and
assessment of nutrition support therapy in
the adult critically ill patient: Society of
Critical Care Medicine and American
Society for Parenteral and Enteral Nutrition
2009
2010
2010
MAICÁ, A.O.;
SCHWEIGERT, I.D.
SUNGURTEKIN H,
SUNGURTEKIN U, ONER
O, OKKE D.
KURIHAYASHI A.Y.;
CARUSO, L.; SORIANO,
F.G.
MALAFAIA, G. A.
MARTINDALE R.G.;
MCCLAVE, S.A.; VANEK,
V.W.; MCCARTHY, M.;
ROBERTS, P.; TAYLOR, B.
et al; American College of
Critical Care Medicine;
A.S.P.E.N.
Schiesser M, Kirchhoff P,
Müller MK, Schäfer M,
Clavien PA.
The correlation of nutrition risk index,
nutrition risk score, and bioimpedance
analysis with postoperative complications in
patients undergoing gastrointestinal surgery.
Protocolo clínico: rotinas e normas de
HOSPITAL
Terapia Nutricional Parenteral e Enteral no
UNIVERSITÁRIO.
adulto e no idoso.
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO MARANHÃO.
Nutrition an clinical outcome in intensive
THIBAULT, R.; PICHARD,
care patients.
C.
2011
SOCIEDADE BRASILEIRA
DE NUTRIÇÃO
Acessos para Terapia de Nutrição
PARENTERAL E ENTERAL
Parenteral e Enteral.
E ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE
NUTROLOGIA.
2012 Nutrição Enteral
ASSOCIAÇÃO DE
MEDICINA INTENSIVA
BRASILEIRA.
FONTE: Base de dados do Scielo, Protocolos e Produções Bibliográficas, no
período de 2000 a 2014;
Os dados da Tabela 1 mostram a distribuição dos 25 artigos juntamente com
seus autores, onde pode-se verificar que nenhum se repetiu, onde todos possuem
em seu contexto a relevância sobre o assunto abordado na pesquisa.
16
Os artigos foram encontrados na base de dados do SciELO, em Protocolos e
Produções Bibliográficas, a distribuição deles por ano se dá conforme demonstrado
na Tabela 2.
TABELA 2 - Distribuição das publicações segundo a base eletrônica de dados no
período de 2004 a 2012.
Base de Dados
Ano
N
%
2005
2
8
2006
8
32
2007
3
12
2008
4
16
2009
4
16
2010
2
8
2011
1
4
2012
1
4
Total
25
100%
FONTE: Base de dados do Scielo, Protocolos e Produções Bibliográficas.
Durante o período estudado, as publicações não mantiveram uma regularidade.
Verifica-se que nos anos de 2005, 2007,2008 e 2009, foi quando ocorreu o maior
número de publicações como mostra a Tabela 2.
As publicações encontradas mostra cada vez mais a preocupação com o
aprofundamento científico voltado na importância da NE precoce em pacientes
críticos, bem como os efeitos benéficos que proporciona, sendo confirmado com a
tabela supracitada, no entanto, os estudos ofertam mais subsídios para assim ofertar
uma assistência cada vez mais qualificada e atualizada, no que diz respeito a
temática.
17
TABELA 3 Distribuição dos artigos segundo o título do periódico indexado,
produções literárias, protocolos, no período de 2004 a 2014.
Ano
Periódicos
N %
2006
- Arch Surg
1 4%
2007
- Arquivos de Ciências da Saúde
1 4%
2009
- Arquivos Brasileiro de Ciências da Saúde
1 4%
2008
- Classical Article. Nutr Hosp
1 4%
2009
- Crit Care Med
1 4%
2007/2010
2 8%
- Current Opinion in Clinical Nutrition
and Metabolic Care
2006
- Nutrition
1 4%
2008
- Nutricion Clinical Practice
1 4%
2009
- O mundo da saúde
1 4%
2008
- Revista Brasileira de Nutrição Clínica
1 4%
2006/2007/2008 - Revista Brasileira de Terapia Intensiva
4 16%
2005
- Revista CEFAC
1 4%
2009
- Surgery
1 4%
Ano
2006
2006
2006
2005
2006
Ano
2010
2011
Produções Literárias
- Suporte Nutricional
- Assistência de enfermagem com o paciente
queimado
- Cuidados de enfermagem na nutrição enteral
- Nutrição enteral.
- Saberes e práticas: guia para ensino e
aprendizado de enfermagem.
N
1
1
%
4%
4%
1
1
1
4%
4%
4%
Protocolos
- Protocolo clínico: rotinas e normas de Terapia
Nutricional Parenteral e Enteral no adulto e no
idoso. Hospital Universitário. Universidade
Federal do Maranhão.
- Acessos para Terapia de Nutrição Parenteral e
Enteral. Sociedade Brasileira de Nutrição
Parenteral e Enteral e Associação Brasileira de
Nutrologia.
N
1
%
4%
1
4%
Ano
Web
N %
2014
- Associação de Medicina Intensiva Brasileira
1 4%
TOTAL
25 100%
FONTE: Base de dados do Scielo, Protocolos e Produções Bibliográficas, no
período de 2004 a 2014.
Os artigos que compõem a amostra deste estudo foram publicados em 15
periódicos diferentes, conforme mostrado na Tabela 3. As revistas com maior
número de publicações de estudos sobre a temática em questão foi a Revista
Brasileira de Terapia Intensiva, com um total de 4 publicações (16%) e a Current
18
Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care com 2 publicações (8%); seguido
das demais Revistas totalizando 11 artigos (44%) no período de 2006 a 2010.
Continuando na busca pela temática, as produções literárias também se fizeram
presentes com 5 obras (20%); 02 protocolos (8%) e por fim 01 (4%) na citação Web.
No que diz respeito aos descritores utilizados na pesquisa, o gráfico 2 mostra
cinco(05) que se fizeram presentes nos estudos inseridos na pesquisa selecionados
através dos critérios de inclusão já mencionados para a realização do referente
artigo. Os descritores que apareceram com maior frequência nos estudos utilizados
na pesquisa foram: Nutrição Enteral (06) 24%; Terapia Nutricional, totalizaram (06)
24% cada; Avaliação Nutricional (05) 20%; Desnutrição com (04) 16% e Terapia
Intensiva (04) 16%.
Gráfico 2 - Quantitativo de descritores mais utilizados na pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa - SciELO. Protocolos e Produções
Bibliográficas, no período de 2004 a 2014
Quadro 1 - Discussão dos artigos selecionados, descritor: “Terapia Nutricional
Enteral”.
DESCRITOR: TERAPIA NUTRICONAL ENTERAL
Total de estudos selecionados: 6.
Fonte: Dados da pesquisa - SciELO. Protocolos e Produções Bibliográficas, no
período de 2004 a 2014
19
Pacientes graves internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sob
Terapia Nutricional Enteral (TNE), frequentemente apresentam prejuízos nutricionais
que chegam a influenciar em sua evolução clínica. Deste modo os cuidados
dietoterápicos, exibem fatores que limitam a administração plena da terapia, como a
disfunção do trato gastrointestinal, dada, por exemplo, pela estase, vômitos, diarréia,
distensão abdominal, jejum para exames e procedimentos médicos, de enfermagem
e fisioterapia, impedindo assim o fornecimento adequado de nutrientes (FUJINO;
NOGUEIRA, 2007).
De acordo com Kurihayashi, Caruso e Soriano (2009), a terapia nutricional é
essencial para tratamento do paciente crítico, uma vez que o estado nutricional
interfere no seu estado atual de saúde, melhorando o prognóstico de doenças
clínicas e cirúrgicas. Para os mesmos autores, quando mais cedo possível o suporte
nutricional é iniciado, a mortalidade pode ser reduzida em até 13% nos pacientes
internados em UTI.
Seguindo a mesma linha de pensamento, os autores acima descritos afirmam
que a terapia nutricional é essencial para tratamento do paciente crítico, uma vez
que o estado nutricional interfere no seu estado atual de saúde, melhorando o
prognóstico de doenças clínicas e cirúrgicas. Para os mesmos autores, quando mais
cedo possível o suporte nutricional é iniciado, a mortalidade pode ser reduzida em
até 13% nos pacientes internados em UTI.
Vista a importância de manter o estado nutricional do paciente crítico devido a
existência de inúmeros fatores, a TNE surge com uma possibilidade terapêutica de
manutenção e recuperação do estado nutricional, para pacientes que apresentam
uma trato gastrointestinal íntegro para o processo digestório, mas com a ingesta oral
parcial ou totalmente comprometida (CAMPANELLA; SILVEIRA; ROSÁRIO; SILVA,
2008; VASCONCELOS, 2005). A TNE precoce é vista como um fator importante na
promoção à saúde, diminuição do estresse fisiológico e manutenção da imunidade
(TEIXEIRA; CARUSO; SORIANO, 2006).
20
Quadro 2 - Discussão dos artigos selecionados, descritor: Nutrição Enteral”.
DESCRITOR: NUTRIÇÃO ENTERAL
Total de estudos selecionados: 6.
Fonte: Dados da pesquisa - SciELO. Protocolos e Produções Bibliográficas, no
período de 2000 a 2014.
O objetivo da nutrição enteral (NE) é atender as necessidades nutricionais do
organismo, quando a ingesta oral é inadequada ou impossível, desde que o Trato
Gastrointestinal (TGI) funcione normalmente. (FUJINO; NOGUEIRA, 2007).
Evidências relacionadas em nível dos cuidados críticos demonstram que o
melhor manejo nutricional para pacientes críticos é a NE, podendo influenciar de
forma positiva nos resultados nutricionais, uma vez que, esse tipo de nutrição pode
manter a integridade intestinal e as funções da barreira intestinal, e quanto mais
precoce a oferta de nutrientes, menor a mortalidade em relação a oferta tardia
(HEIDEGGER; ROMAND; TREGGIARI; PICHARD, 2007).
Contudo a NE pode induzir a aspiração pulmonar, resultando em pneumonia,
principalmente em pacientes ventilados que sofrem de intolerância digestiva alta,
onde neste caso é indicada a nutrição pós-pilórica. Outro fator importante é a
absorção intraluminal de nutrientes, onde
aumentada a demanda energética de
enterócitos que já esta metabolicamente estressado, onde há a riscos de isquemia a
nível de intestino devido a hipoperfusão sistêmica (MELIS; FICHERA; FERGSON,
2006).
Quadro 3 - Discussão dos artigos selecionados, descritor: “Avaliação Nutricional”.
DESCRITOR: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Total de estudos selecionados: 5.
Fonte: Dados da pesquisa - SciELO. Protocolos e Produções Bibliográficas, no
período de 2000 a 2014.
Para melhor assistir o paciente que apresenta desnutrição, recomenda-se a
Avaliação Subjetiva Global (SGA) que Detsky et al., 2008, descreveram a técnica,
que avalia o estado nutricional baseado em características da história e exame
clínico. A técnica demonstra significante a concordância entre as variáveis
observadas e o estado nutricional do paciente. Diante disso, nas últimas décadas, a
21
SGA vem sendo reproduzida com sucesso na prática clínica e pesquisas com
diversos grupos de pacientes, inclusive de UTI (Sungurtekin et al., 2008).
A técnica caracteriza-se pela aplicação de um questionário que analisa
informações relacionadas história clínica (alterações de peso, ingestão alimentar,
sintomas
gastrintestinal,
capacidade
funcional
e
aumento
das
exigências
nutricionais) e avaliação física (sinais de perda de gordura, perda de massa
muscular, edema e ascite) (GARIBALLA e FORSTER, (2006); SCHIESSER et al.,
(2009). Os pacientes são classificados em: bem nutrido; em risco de desnutrição ou
moderadamente desnutrido; e gravemente desnutrido, entretanto, a ASG é capaz de
detectar apenas casos de desnutrição já instalados, assim como classificar o grau,
não sendo um indicador de risco nutricional (DETSKY et al., 2008).
Quadro 4 - Discussão dos artigos selecionados, descritor: “Desnutrição”.
DESCRITOR: DESNUTRIÇÃO
Total de estudos secionados: 4.
Fonte: Dados da pesquisa - SciELO. Protocolos e Produções Bibliográficas, no
período de 2000 a 2014
Quando internados nestas unidades, os pacientes sofrem frequentemente
uma depleção nutricional, visto que a reposta metabólica ao estresse promove
intenso catabolismo proteico para reparo de tecidos lesados e fornecimento de
energia (MAICÁ; SCHWEIGERT, 2008; TEIXEIRA; CARUSO; SORIANO, 2006).
Diante
uma
desnutrição
os
pacientes
podem
apresentar
doenças
imunossupressoras e/ou infecto-parasitárias, e a imunodeficiência, que não envolve
apenas proteínas e calorias, mas também deficiências de micronutrientes, como o
fosfato, o zinco, cobre, ferro, selênio, vitamina A, E e as do complexo B, que estão
relacionadas com uma maior suscetibilidade as infecções e ainda chegam a interferir
na função fagocitária, produção de anticorpos e afinidade de anticorpo pelo antígeno
(MALAFAIA, 2009).
Conforme o Protocolo Clínico utilizado no Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (2010), no doente hospitalizado, a desnutrição
pode se instalar rapidamente devido ao estado de hipercatabolismo que acompanha
as enfermidades, traumatismos e infecções, em resposta ao estresse metabólico
22
que ocorre nestas condições, principalmente quando a ingestão nutricional é
insuficiente.
Quadro 5 - Discussão dos artigos selecionados, descritor: “Terapia Intensiva”.
DESCRITOR: UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Total de estudos selecionados: 4
Fonte: Dados da pesquisa - SciELO. Protocolos e Produções Bibliográficas, no
período de 2004 a 2014
Doenças consideradas graves ou críticas refere-se a condições clínicas ou
cirúrgicas que apresentam risco de vida e que, na maior parte das vezes,
estabelecem cuidados mais intensivos, exigindo, portanto uma internação em uma
UTI (THIBAULT; PICHARD, 2010). De acordo com a Associação de Medicina
Intensiva Brasileira (2009), a UTI é caracterizada como unidade destinada à
internação de pacientes graves, que requer atenção profissional especializada
contínua,
materiais
específicos
e
tecnologias
necessárias
ao
diagnóstico,
monitorização e terapia a pacientes com idade acima de 14 ou acima de 18 anos,
sendo este critério definido conforme as rotinas hospitalares internas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da grande complexidade dos fatores que envolvem a monitorização do
paciente grave, a equipe multidisciplinar deve trabalhar unida, principalmente as de
UTI, onde com todos os avanços tecnológicos os pacientes ainda apresentam alta
incidência de desnutrição. Este trabalho conjunto de especialistas que possuem
formações distintas permite associar, harmonizar e complementar os conhecimentos
e aptidões dos integrantes da equipe permitindo a identificação, intervenção e
acompanhamento da terapêutica dos distúrbios nutricionais que envolvem o
paciente critico.
Assim sendo, um programa dietoterápico terapêutico apropriado pode
abrandar os sintomas, diminuir a frequência das internações hospitalares, impedir a
morte prematura e permitir aos pacientes uma qualidade de vida satisfatória.
23
A terapia nutricional inclui uma série de medidas, que vão desde as de caráter
profilático até as destinadas à correção das alterações provocadas pela doença,
assim, deve ser instituída o mais precocemente possível, a fim de proporcionar ao
paciente uma melhoria do estado nutricional, da função imunológica, das funções
fisiológicas e das intolerâncias alimentares, diminuindo riscos e intercorrências
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26
ANEXO
27
ANEXO A
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL GLOBAL SUBJETIVA (ANGS)
Ficha de coleta de dados para avaliação global subjetiva adotada pelo GANEP,
adaptada por Detsky e col.(1984)
A. HISTÓRIA
1.Peso
(1) Mudou nos últimos seis meses
( ) sim
(
(1) Continua perdendo atualmente
( ) sim
(
Peso atual ____Kg
Peso usual____Kg Perda de peso (PP) ____%
se > 10%
(2)
( ) se < 10%
(1)
2. Dieta
(1) Mudança da dieta
(
) sim
(
) não
) não
(
)
) não
A MUDANÇA FOI PARA:
(1) ( ) dieta hipocalórica
(1) ( ) dieta pastosa hipocalórica
(2) ( ) dieta líquida por mais de 15 dias ou solução de infusão intravenosa por mais
de 5 dias
(1) ( ) jejum por mais de 5 dias
(2) ( ) mudança persistente por mais de 30 dias
3. Sintomas gastrointestinais (persistem por mais de duas semanas)
(1) ( ) disfagia e/ou odinofagia
(1) ( ) náuseas
(1) ( ) vômitos
(1) ( ) diarréia
(2) ( ) anorexia, distensão abdominal, dor abdominal
4. Capacidade funcional física (por mais de uma semana)
(1) ( ) abaixo do normal
(2) ( ) acamado
5. Diagnóstico
(1) ( ) baixo estresse
(2) ( ) moderado estresse
(3) ( ) alto estresse
B. EXAME FÍSICO
( 0 ) normal
(+1) leve ou moderadamente depletado
(+2) gravemente depletado
28
(
(
(
(
(
) perda de gordura subcutânea (tríceps, tórax)
) músculo estriado
) edema sacral
) ascite
) edema no tornozelo
TOTAL DE PONTOS ______________
C. CATEGORIAS DA ANSG
Bem nutrido <17 pontos
Desnutrido moderado 17<22 pontos
Desnutrido grave >22 pontos
29
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