Alma Alma - Bertrand

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Alexandria
Alexandria (Escola de)
A escola de matemática de Alexandria deve a
sua existência a Euclides , que ensinava no
Museu, e de cuja obra imensa apenas nos chegou uma parte.
A partir do século I, a intensa actividade intelectual da cidade vai cristalizar-se primeiro em
torno de Fílon o Judeu (40 a.C – 40 d.C) que foi
no início o principal representante da escola filosófica de Alexandria. A comunidade judaica instalada nesta cidade, muito marcada pela cultura
grega, foi em parte responsável por esta renovação do pensamento: lia-se a Bíblia na tradução
grega. Foi o caso de Fílon – percursor do neoplatonismo – cuja obra filosófica, cheia de alegorias, é feita à base de comentários da Bíblia e, em
certa medida, anuncia a futura escolástica , visto
que pela primeira vez, segundo parece, a filosofia
se torna a serva da teologia.
O pensamento de Fílon perpetuou-se na
escola teológica – o ensino – fundada nos finais
do século II e cujos professores mais ilustres
foram Clemente e Orígenes . O teólogo cristão
Clemente de Alexandria (150-215) colocou ao
serviço da sua fé uma imensa cultura grega e
hebraica: «Do mesmo modo que a Lei, diz ele,
preparou os Judeus para Cristo, a filosofia preparou os Gregos». O seu sucessor Orígenes (185254), interpretando a Escritura num sentido restritivo, professou o ascetismo mais estrito; as
suas teses, alíás, vão ser condenadas pelo concílio de Constantinopla, em 553.
No conjunto, os pensadores de Alexandria
(matemáticos, astrónomos, filósofos) serviram de
veículo de transmissão para o Ocidente dos
ideais da cultura helenística.
Álgebra
A palavra deriva de um nome árabe. Generalização da aritmética que trata das relações e das
funções representando as quantidades (conhecidas e desconhecidas) por meio de sinais abstractos, em geral alfabéticos.
• Em meados do século XIX, o matemático
inglês Boole (1815-1864) utiliza a expressão álgebra da lógica para designar a formalização da
lógica clássica por meio de símbolos algébricos.
Althusser
Esta transposição leva à transformação da lógica
de Aristóteles num «cálculo de classes» (que considera a extensão dos conceitos) e ao seu alargamento na medida em que qualquer raciocínio
já não se reduz ao silogismo , e se aplica ao pensamento a teoria das probabilidades.
Logística
Alienação
profunda do psiquismo que torna o indivíduo
indiferente ou insuportável à sociedade em que
vive – mas o seu reconhecimento era muito mais
jurídico do que médico. A reflexão que a antipsiquiatria desenvolveu acerca da «loucura»
tende em compensação a mostrar que, para
pensar a fundo a alienação, não se devia separar
arbitrariamente as suas dimensões mental e
sócio-política.
Antipsiquiatria, Liberdade
• Inicialmente, este termo jurídico designa a
cedência de um bem a uma outra pessoa.
• A filosofia do século XVIII generalizou-lhe o
sentido para evocar a situação de um homem
que depende de um ou de vários outros. Assim,
Rousseau reconhece uma alienação negativa,
sinónimo de socialização mal feita (segundo Discurso), para a substituir, no Contrato Social, por
uma alienação fecunda que transforma a independência natural do indivíduo, limitada nos
seus efeitos, em liberdade civil ou política graças
à qual o cidadão, totalmente integrado no corpo
social, beneficia de uma igualdade e de uma
segurança reais.
O eco deste duplo sentido encontra-se no
pensamento de Hegel : a alienação marca, primeiro, a infelicidade da consciência separada
dela mesma, para ser, em seguida, o movimento
necessário da reconquista da sua própria essência, através da exterioridade do mundo objectivo
e das realizações sucessivas da arte, da religião e
da filosofia.
• Nos textos de juventude de Marx , a alienação é radicalmente económica e social: é porque
o proletário não possui outro bem para além da
sua força de trabalho, que o seu labor cai sob o
domínio de outrem; então, ele é separado do
seu produto e «o trabalho alienado (…) é mortificação». Religião, moral, política serão apenas
repetições desta alienação fundamental, que só
poderia desaparecer mediante a supressão da
economia capitalista, se é verdade que «para
nós, na nossa sociedade, com as formas de trocas e a divisão de trabalho que nela reinam, não
existe relação social – relação com o outro – sem
uma certa alienação» (H. Lefebvre).
• A psiquiatria do século XIX evocava habitualmente uma «alienação mental» – perturbação
Alma
Princípio susceptível de animar a matéria, isto
é, de lhe conferir a vida.
• Este é o ponto de vista de Aristóteles que
distingue a alma vegetativa comum a todos os
seres vivos e que assegura as funções vitais básicas, a alma sensitiva que produz a sensação e a
sensibilidade no homem e nos animais e, por
fim, a alma racional, princípio do pensamento
no homem.
Com Descartes só subsiste a alma racional sob
o nome de substância pensante – sendo as
outras partes da alma reduzidas à actividade corporal – o que conduz a uma separação radical
da alma e do corpo (dualismo).
• Algumas filosofias (estoicismo, Schelling)
admitem a noção de alma do mundo ou princípio de vida e de unidade do Universo, da mesma
maneira que a alma individual em relação ao
corpo.
• Em psicologia, o termo alma – sinónimo de
consciência ou de espírito – é por vezes empregado para designar o conjunto dos factos psíquicos observáveis. Note-se que a psicanálise de
Jung retoma as duas noções latinas anima (sopro
vital) e animus (pensamento, espírito) para fazer
deles, no inconsciente, os arquétipos complementares da masculinidade e da feminilidade.
Plotino
Alma (Bela)
Segundo a expressão de Hegel, a «bela alma»
é a «boa consciência» moral que se satisfaz com
a sua pureza de intenções em vez de agir. Ao
contrário da autêntica consciência moral capaz
de afrontar o mundo tal como ele realmente é, a
«bela alma» é apenas um «vapor sem forma que
se dissolve no ar» (Fenomenologia, II, 189).
Boa consciência, consciência Moral
Alteridade
Característica daquilo que é outro – sendo
este último termo praticamente impossível de
definir, opõe-se tradicionalmente, até na metafísica, ao mesmo: a partir de Platão (O Sofista) é
compreendido de modo preferentemente negativo. É Hegel quem primeiro vai mostrar que
ele encerra um aspecto positivo.
Em lógica, é a negação estrita da identidade.
O outro, Levinas
Alternativa
Em lógica formal, grupo de proposições de que
só uma é verdadeira. Apresenta-se muitas vezes
sob a forma (pelo menos implícita): «ou… ou».
Althusser, Louis
(1918-1990)
Filósofo francês que, após um estudo sobre
Mostesquieu e a História, renovou a leitura de
Marx para empreender uma crítica de esquerda
ao estalinismo.
• Mostrou que a teoria de Marx implica uma
ruptura com Hegel (realizada aquando do «corte
epistemológico» de 1845-46, ou seja, a partir da
Ideologia Alemã), e que, uma vez em curso, conduzia a um anti-humanismo teórico (o homem
permanece um sujeito mas na e não da história)
– tornando-se a filosofia já não reflexo da luta de
classes , mas um dos seus terrenos próprios:
«em última instância, luta de classes na teoria».
Por causa da importância que concede à determinação pela economia, Althusser foi involuntariamente incluído na moda do estruturalismo.
O seu contributo mais importante, que continua os trabalhos de Gramsci sobre as institui-
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