Universidade Paulista (Unip) A redação do livro

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Universidade Paulista (Unip)
4a Aula de Livro-Reportagem e Jornalismo de Revista
Curso: Jornalismo
Docente responsável: Prof. Dr. Luís Henrique Marques
1º semestre de 2017
A redação do livro-reportagem
A título de revisão: características gerais da redação jornalística
Textos de referência:
COIMBRA, Oswaldo. O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura.
São Paulo: Ática, 1993.
LAGE, Nilson. Teoria e técnica do texto jornalístico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
MARQUES, Luís Henrique. Teoria e prática de redação em jornalismo impresso.
Bauru: Edusc, 2003.
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Duas funções fundamentais do jornalismo = dois tipos de texto jornalístico:
opinativo (editorial, artigo, crônica, resenha, comentário, caricatura, carta);
informativo (nota, notícia, reportagem, entrevista, perfil), o que inclui os gêneros
interpretativo e investigativo.
Texto jornalístico noticioso (e, portanto, a linguagem jornalística):
é expositivo, mais que narrativo;
deve ter relação clara com o fato: o primeiro não deve ir além do segundo;
“deve poupar trabalho” ao leitor; deve ser didático e, nesse sentido, conter exatidão
(evitar termos imprecisos), clareza e concisão;
exige cadeia lógica de informações;
deve buscar a objetividade possível;
deve limitar palavras, utilizar períodos curtos e observar regras gramaticais que
facilitam a comunicação. Nesse sentido, uma regra prática: evitar mais de um MAIS
e de um QUE num mesmo período;
deve preferir a ordem direta;
deve usar, preferencialmente, a 3ª pessoa;
deve tratar a fonte pessoalmente;
deve identificar o personagem da notícia (embora deva omitir observações sobre
sexo, cor, raça, religião, preferência política ou ideológica quando não relevante
para o contexto da notícia);
deve conter vocabulário rico, mas sem ostentação (deve ser coloquial);
deve explicar termos técnicos e jargões e evitar chavões;
deve eliminar generalizações e conceitos que apresentam subjetividade;
deve usar adjetivos e advérbios com cautela (evitar juízos de valor);
deve evitar o excesso de vírgulas;
deve eliminar nariz de cera, “gato”, gerúndio e cacoetes de linguagem;
deve registrar traços da emoção dos personagens da notícia.
Narração, dissertação e descrição
Uma reportagem pode possuir três matrizes dos gêneros:
• Narrativo: exposição de ações de pessoas ao longo do tempo segundo um foco
narrativo (narrador testemunha, narrador protagonista ou narrador onisciente).
• Dissertativo (ou argumentativo): exposição, explicação ou interpretação de ideias,
com o objetivo de convencer, persuadir ou influenciar o leitor. Para tanto, o autor
utiliza indícios da realidade (capazes de expressar probabilidades ou
possibilidades); testemunhos; exemplos de fatos típicos ou representativos de certa
situação; ilustrações (exemplos que se alongam em narrativas detalhadas e
entremeadas de descrição) e dados estatísticos (os quais, frequentemente, servem
tanto para provar como para refutar a mesma tese).
• Descritivo: caracterização de pessoas (físicas, psicológicas, de postura, de
linguagem, de vestimenta), de cenas e ambientes.
A supremacia de um desses gêneros sobre os demais num mesmo texto poderá
determinar o tipo de reportagem: reportagem dissertativa, reportagem narrativa,
reportagem narrativo-dissertativa, reportagem dissertativo-narrativa ou reportagem
descritiva.
Declarações e verbos dicendi – Declarações literais são transcrições de trechos de
entrevista, de trechos de livros, artigos ou outros documentos que devem ser
reproduzidas fielmente e entre aspas. O jornalista deve nomear sempre o autor e as
transcrições não devem ultrapassar cinco linhas. Quando não houver certeza da
literalidade de uma transcrição, não usar as aspas.
Deve-se ter atenção para um erro frequente: não misturar terceira e primeira
pessoas do verbo ao transcrever uma declaração. Assim, está incorreto escrever: O
deputado disse [terceira pessoa do verbo] que “não aceito [primeira pessoa] integrar a
comissão. O correto: O deputado disse: - Não aceito integrar a comissão. Ou: O deputado
disse não aceitar integrar a comissão (declaração indireta).
Além disso, é preciso estar atento para o fato que se diversas pessoas expressam
a mesma opinião, não cabe o uso das aspas. Em outras palavras: raramente, as pessoas
expressam opinião “em coro”. E mais: o veículo impresso não pode reproduzir
passivamente erros de português e agressões evidente à lógica ou aos fatos.
A transcrição de declarações pede, grande parte das vezes, o uso dos chamados
verbos dicendi, que indicam de que forma foi dada uma declaração.
Exemplos:
1- Acentuar, destacar: isolam um fato ou argumento para mostrar sua importância.
2- Admitir: tem sentido de confessar, revelar com relutância, a contragosto; é
importante saber se o entrevistado admitiu espontaneamente ou em resposta a
uma pergunta.
3- Afirmar: sugere opinião, tomada de posição; declarar é afirmar mais solenemente.
4- Ameaçar: não é, como alguns pensam, isto é, prometer dramaticamente; a ameaça
envolve necessariamente uma ação contra alguém.
5- Argumentar: tentar convencer; alegar é argumentar com intenção de defesa.
6- Confessar: ninguém confessa o que lhe é favorável.
7- Informar: relatar fatos. É diferente de comentar, isto é, opinar sobre os fatos.
8- Lembrar: só pode ser usado quando há referência a fato passado e já conhecido.
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