PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA REPORTAGEM NA TEORIA E PRÁTICA¹ Gisela Maria Bastos do Nascimento², Leandro Ramires Comassetto³ ¹Trabalho executado no componente curricular obrigatório Redação II, Curso de Jornalismo; ²Estudante do Curso de Jornalismo; Universidade Federal do Pampa; São Borja, Rio Grande do Sul; [email protected]; ³Professor Orientador; Universidade Federal do Pampa; RESUMO: Este trabalho pretende apresentar o produto elaborado no componente curricular Redação II, do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), tendo como proposta a realização de uma reportagem expressando característica relacionada ao desenvolvimento do município. O tema escolhido, de forte apelo local, versa sobre “O Agronegócio em São Borja”. A abordagem, além de destacar as potencialidades do setor, discorre sobre o processo de construção da reportagem e daquilo que a distingue da notícia, enfatizando-se os aspectos inerentes à complexidade que esse tipo de texto demanda. Palavras-Chave: reportagem; agronegócio; desenvolvimento local. INTRODUÇÃO A reportagem recebeu o título de “O Agronegócio em São Borja”, já que a proposta versa sobre desenvolvimento local, envolvendo evolução das condições históricas, sociais, econômicas, culturais e políticas da comunidade. São Borja, como é sabido, tem uma riqueza socioeconômica baseada no setor do agronegócio, que permeia toda a Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, com destaque para a agricultura, sobretudo no que se refere à produção e beneficiamento do arroz, e também uma tradição histórica, cultural e política relativa à pecuária de corte convencional em grandes extensões de terra. A temática em foco, no caso do jornalismo, é apropriada principalmente para abordagens que permitem aprofundamento e relato de características mais amplas, extrapolando a simples construção da notícia. Na reportagem, como enfatiza Lage (2005), “a intensidade, profundidade e autonomia do jornalista no processo de construção da matéria são, por definição, maiores que na notícia”, permitindo uma exploração mais vigorosa da questão, ultrapassando os aspectos apenas factuais do acontecimento. A reportagem em pauta foi contemplada com o planejamento devido da matéria, que se baseia em pesquisa, incluindo informações já disponíveis sobre o tema em publicações anteriores, relatos e editoriais jornalísticos, além de depoimentos acerca do assunto. Nesse contexto, foi realizada uma interpretação estruturalmente narrativa, que, para Lage (2005), é constituída por sequências que se adicionam umas às outras, definindo um ou mais planos de narração. No caso específico da construção da reportagem “O Agronegócio em São Borja”, procurou-se abordar a temática obedecendo o desenrolar do tempo e intercalando com entrevistas e pareceres de especialistas. A literatura especializada utilizada no trabalho foi aquela que trata sobre a técnica na produção do texto da reportagem, e que tem como um de seus expoentes, no Brasil, o pesquisador Nilson Lemos Lage (2005). METODOLOGIA A metodologia tem por objeto mostrar o caminho da pesquisa. Sendo assim, para a realização deste estudo, optou-se por trabalhar através da pesquisa de abordagem qualitativa, que, para Gil (2008), é aquela que trabalha com dados qualitativos, com delineamento de coleta de dados, na análise das fontes bibliográficas e documentais. Do mesmo modo, é utilizada a pesquisa exploratória que visa proporcionar maior familiaridade com o problema e torná-lo mais explícito. RESULTADOS E DISCUSSÃO O desenvolvimento do ensino da reportagem tem acompanhamento direto do professor da disciplina Redação II, do Curso de Jornalismo da UNIPAMPA. Além de debates teóricos sobre reportagem, redação jornalística, gêneros, há o aprendizado pela via da experimentação prática. Após a construção, os textos resultantes da atividade são revisados e comentados durante as aulas. O trabalho ocorre numa sequência em que, desdobrados os fatos, se dá amplo relato aos mesmos, detalhando-os e interpretando-os. Como todo texto e, especialmente, o jornalístico requer, a reportagem pede uma direção, a escolha de uma – ou várias – “nuances” do fato. Já a ordem do relato é definida no projeto do texto, uma vez que rompe as “amarras” do lead, possibilitando introduções mais criativas. A reportagem pode começar pelo final, pelo desfecho, ou por um fato curioso, visto que requer muita pesquisa e documentação. As ideias devem estar encadeadas, de forma que uma informação puxe a outra. O leitor tem que perceber essa coerência. Os textos de reportagem requerem personagens, fatos e histórias curiosas e analogias que animem. No que se refere ao conteúdo, o material, além de organizado, deve ser consistente com a informação, aparecendo no momento certo e sendo relevante para o leitor. CONCLUSÕES No processo do desenvolvimento da teoria e prática da reportagem, a partir do trabalho proposto pelo componente curricular, percebeu-se que ela difere da notícia pelo conteúdo, extensão e profundidade. A angulação deve ser clara, observando que toda cobertura jornalística não é neutra e imparcial, por isso há que se esclarecer o posicionamento adotado na matéria. A forma de ver a realidade social e os embates na sociedade – seja da empresa, do jornalista ou do repórter – sempre estão presentes no jornalismo. REFERÊNCIAS GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa. 6ª. ed. - São Paulo: Atlas, 2008. LAGE, Nilson. Teoria e Técnica do Texto Jornalístico. Rio de Janeiro. Elsevier, 2005.