Pela democratizao da terra pela justia social somos

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Pela democratização da terra, pela justiça social, somos a favor
do MST.
Por: Alan Patrik Buzzatti – Professor de história e dirigente da CUT regional centro.
Além de nos posicionarmos a favor do MST, um dos mais importantes movimentos
sociais de trabalhadores da atualidade, entendemos que é necessário refletirmos sobre o
grave problema agrário no Brasil.
Vivemos em um dos países de maior distância entre ricos e pobres do mundo, onde
a miséria fica a olhos vistos nas periferias das cidades. Em pouco mais de 50 anos foi
totalmente invertida a estrutura demográfica do país com o grande êxodo rural, isto pela
promessa de que as inovações tecnológicas por si irão terminar com a fome mundial. O que
se sucedeu na história do Brasil foi uma modernização conservadora da agricultura
brasileira, pois a alteração tecnológica de base química e imperialista foi acompanhada pela
manutenção do latifúndio com modelo de propriedade agrária no país. Prova deste processo
é que atualmente a estrutura de propriedade agrária no Brasil se conforma da seguinte
maneira: em 1992, as grandes propriedades de terra (com mais de mil hectares)
representavam próximo de 2,4% dos imóveis cadastrados no Incra e ocupavam uma área de
cerca de 165,7 milhões de hectares. Em 2003, mais de dez anos depois, as grandes
propriedades passaram a representar apenas 1,6% dos imóveis cadastrados, mas a ocupação
equivalente saltou para mais de 183,5 milhões de hectares do total de imóveis cadastrados,
isto demonstra o aumento da concentração de terra nas mãos de um número cada vez menor
de pessoas.
Onde estão os pequenos agricultores que produziam principalmente alimentos para
o auto-sustento e para o mercado local? A resposta não demora, seus descendentes estão
nas periferias das grandes cidades, sem perspectiva de trabalho, moradia e educação digna.
Segundo os dados recentes do IBGE o setor do agronegócio amplamente defendido pela
mídia e por seus representantes de classe como a FARSUL e CNA é um dos setores da
economia de maior crescimento econômico porém é o setor da economia que menos gera
empregos e o que mais demite trabalhadores. O que acontece nesta luta de classes é que os
representantes do modelo concentrador agronegócio na verdade tem a terra apenas como
negócio/lucro seu e não como um meio de produção e reprodução da vida.
O que o MST quer e faz hoje, vem na contra-corrente deste processo,
entende que a terra é um bem público para a produção de alimentos cada vez mais baratos
para a sociedade, como é o caso das feiras de economia solidária e também para subsidiar
as políticas públicas como os restaurantes populares que vêm em número crescente
alimentando os trabalhadores das cidades. Não aceita ser servis do capital financeiro
internacional como é o caso dos investimentos na monocultura do eucalipto no pampa
gaúcho, pois os latifundiários incapazes de tornar a metade sul do Rio Grande produtiva,
agora entregam às transnacionais nossas terras e nossa água.
A Reforma Agrária é hoje a expressão da reivindicação dos trabalhadores pela
apropriação dos frutos do trabalho. E é nesse sentido que a reforma agrária não é apenas
uma reivindicação dentro da “legalidade capitalista” de cada um ter uma propriedade, mas
o direito dos trabalhadores ao resultado da sua produção. Esta luta é uma bandeira que a
cada dia vem unificando não só os trabalhadores do campo, mas inclusive de se estender
aos trabalhadores urbanos. A reforma agrária se apresenta hoje como uma luta da classe
trabalhadora pela transformação da própria sociedade brasileira para uma outra lógica de
sistema, onde o trabalhador não só trabalhe, mas que o resultado do trabalho seja para o
desenvolvimento orientado pelos princípios da solidariedade, respeito à natureza e a justiça
social.
Agradecemos ao sindicato dos bancários de Santa Maria pelo espaço e
participação solidária na luta da classe trabalhadora e reforçamos o convite para os leitores
conhecerem a realidade dos assentamentos e acampamentos do MST.
Alan Patrik Buzzatti – Professor de
história e dirigente da CUT regional centro.
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