TCC_atendimento de emergência no Brasil

Propaganda
1
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE- UNESC
CENTRO EDUCACIONAL SÃO CAMILO – SUL
ESPECIALIAZAÇÃO EM CONDUTAS DE ENFERMAGEM NO PACIENTE
CRÍTICO
LETÍCIA LOPES
ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO BRASIL
CRICIÚMA, MARÇO DE 2009
2
LETÍCIA LOPES
ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO BRASIL.
Monografia apresentada à Diretoria de Pós-graduação
da USC - Centro Educacional São Camilo – SUL e
UNESC Universidade do Extremo Sul Catarinense, para
a obtenção do título de especialista em Conduta de
Enfermagem no Paciente Crítico.
Orientadora: Profª MSc. Maria Augusta da Fonte
CRICIÚMA, MARÇO DE 2009
3
DECLARAÇÃO DE AUTORIA
Eu, Letícia Lopes, RG nº 4.420.475, CPF 033809149-16, Conselho Regional de
Enfermagem sob inscrição de nº 169824. DECLARO, para os devidos fins e sob as
penas da lei, que o trabalho que versa Emergência no Brasil, com o título o
Atendimento de Emergência no Brasil é de minha única e exclusiva autoria,
estando a UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC e a USC
– CENTRO EDUCACIONAL SÃO CAMILO – RS autorizados a divulgá-lo, mantendo
cópia em biblioteca, sem ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de
exigência parcial para certificação em Especialização em Condutas de Enfermagem
ao Paciente Crítico
.
Criciúma, março de 2009
Letícia Lopes
COREN- 169824
4
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo o dom da vida.
A minha Família que sempre esteve ao meu lado me auxiliando e dando
carinho e sempre me dando apoio para continuar a caminhada ao aprendizado.
Aos meus colegas de trabalho, pelo aprendizado a cada dia.
E aos pacientes que passam todos os dias por mim e me mostram a
fragilidade da vida e quanto somos vulneráveis.
Aos meus amigos que pela amizade pura e sincera e entenderem a minha
ausência em vários momentos as vezes pelo meu trabalho e outras vezes pela aulas
da pós - graduação.
A todos que de uma maneira ou de outra fizeram ou fazem parte da minha
vida.
O meu muito obrigada!!!
5
A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la
como arte, requer uma devoção tão exclusiva,
um preparo tão rigoroso, quanto a obra de
qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar
da tela morta ou do frio mármore comparado ao
tratar do corpo vivo, o templo do espírito de
Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a
mais bela das artes!"
Florence Nightingale
6
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar “O Atendimento de Emergência
através da literatura.”. No passado o setor emergência e os que efetuavam
intervenções pré-hospitalares de emergência não tinham quase nenhum treinamento
especializado e viam-se a frente de situações, nas quais vidas eram perdidas ou
certos tipos de invalidez eram prolongados pela deficiência dos primeiros socorros.
O serviço de emergência é um complexo cenário, onde devem estar congregados
profissionais suficientemente preparados para oferecer atendimento imediato e de
elevado padrão à clientela que dele necessita. O atendimento hospitalar de
emergência ou urgência deve levar em conta todas as condições momentâneas
relativas ao estado geral do paciente, em suas alterações clínicas e risco potencial,
frente à possibilidade de se cometer grave engano ao se liberar paciente
Palavras-chave: Emergência, atendimento, enfermagem
7
ABSTRACT
This study aims to examine general "The Emergency Services through the
literature.."In the past the industry and the emergency operations that perform prehospital emergency had virtually no specialized training and saw it in front of
situations in which lives were lost or certain types of disability were sustained by the
deficiency of first aid. The emergency service is a complex scenario, where
professionals must be brought sufficiently prepared to provide immediate care and
high standards to customers who need it. The hospital emergency or urgent need to
take into account all the conditions for the momentary condition of the patient,
changes in their clinical and potential, against the possibility of committing serious
mistake when releasing patient
Keywords: Rescue, care, nursing
8
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................9
2.1 HISTÓRIA DA EMERGÊNCIA MÉDICA .........................................................................................11
2.2 O ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO BRASIL.......................................................................12
2.3 ATENDIMENTO DE URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA HOSPITALAR ............................................14
2.4 - O PROFISSIONAL DE SAÚDE DA UNIDADE DE EMERGÊNCIA .............................................15
2.5 O ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO A EMERGÊNCIA ..............................................................17
3. METODOLOGIA ................................................................................................................................23
3.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA ..................................................................................................23
3.2 TIPO DE PESQUISA .......................................................................................................................23
3.3 PERÍODO DE INVESTIGAÇÃO ......................................................................................................24
3.4 LOCAL DE ESTUDO .......................................................................................................................24
3.5 PROCEDIMENTOS PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS .......................................................24
3.6 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................................................24
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE ACHADOS ( .......................................................................................25
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................................27
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................29
9
1. INTRODUÇÃO
O atendimento de emergência no Brasil está inserido no contexto histórico
da criação do Socorro Médico de Urgência. A iniciativa pela criação desse serviço
partiu dos poderes públicos e das instituições privadas, preocupadas com os
acidentes ocorridos nas ruas do Rio de Janeiro, essa movimentação data de 1893 e
que somente em 1902 foi aprovada em lei especial que deu ao Prefeito Pereira
Passos, plenos poderes para garantir verba aos postos de socorro e assistência
médica.
Esta revisão bibliográfica trata de delinear a evolução do atendimento de
emergência no Brasil, bem como resgatar os marcos da nossa história que
favoreceram e fortaleceram a política que incentiva esse serviço.
Emergência é uma propriedade que uma dada situação assume quando
um conjunto de circunstâncias a modifica. Tomados de forma isolada, seus
elementos não justificariam uma medida imediata, mas o conjunto e a interação
entre seus constituintes sim.
A assistência em situações de emergência e urgência se caracterizam
pela necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espaço de tempo.
A emergência é caracterizada com sendo a situação onde não pode haver uma
protelação no atendimento, o mesmo deve ser imediato. Nas urgências o
atendimento deve ser prestado em um período de tempo que, em geral, é
considerado como não superior a duas horas. As situações não-urgentes podem ser
referidas para o pronto-atendimento ambulatorial ou para para o atendimento
ambulatorial convencional, pois não tem a premência que as já descritas
anteriormente.
A Constituição, no título VIII, ao tratar da ORDEM SOCIAL, destina o
capítulo II ao tema "SEGURIDADE SOCIAL" sendo que, ao se referir a "saúde" diz
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação
Sendo assim todos tem o direito a saúde e os casos de Emergência tem
atendimento prioritário.
10
O atendimento em serviços de Urgência e Emergência, sem dúvida,
requerem preparo, o profissional deve estar qualificado para tal atendimento e, se
assim não estiver, deve ser previamente reciclado ou treinado. A aceitação de tese
contrária, implicaria em se negar a necessidade de especialização, treinamento e
preparo do profissional para a situação específica se torna ainda mais imperativo. A
demora ou a inabilidade na atenção exigida, pode gerar irreparáveis danos ao
paciente.
O atendimento hospitalar de emergência ou urgência deve levar em conta
todas as condições momentâneas relativas ao estado geral do paciente, em suas
alterações clínicas e risco potencial, frente à possibilidade de se cometer grave
engano ao se liberar paciente.
Analisar o referencial teórico nacional que aborda o atendimento de
emergência no Brasil à disposição em meio eletrônico e impresso no período de
2002 a 2008 foi o objetivo geral deste estudo.
Para atingi-lo nos propusemos a:
Identificar os cuidados de enfermagem no atendimento a uma emergência
descritos nas publicações analisadas.
Verificar as alternativas de atendimento de emergência e urgência de
enfermagem aos pacientes descritos nas publicações analisadas.
Verificar o perfil dos profissionais de saúde que trabalham com emergência
descritos nas publicações analisadas.
Delinear a história do atendimento de emergência no Brasil através da
literatura
11
2. REVISÃO TEÓRICA
2.1 História da Emergência Médica
Em 1795, a ambulância voadora - uma carruagem puxada por cavalos
com pessoal médico treinado, foi idealizada pelo Barão Larrey para Napoleão
durante sua campanha na Prússia. Assim iniciou-se a era do tratamento préhospitalar. (López, 1989).
Durante a Guerra Civil Americana, Tripler e Letterman do Exército
Potomac reintroduziram estes conceitos, mas pouco mais foi realizado durante os
próximos 100 anos.
Segundo Guerra (2001), os conflitos militares, especialmente a Segunda
Guerra Mundial, Coréia e Vietnã, demonstraram que técnicos não médicos poderiam
aumentar a sobrevivência das vítimas de trauma, iniciando o tratamento antes do
paciente chegar ao hospital.
Apesar desta experiência, foi somente em meados da década de 1960
que estas lições foram aplicadas à população geral, quando J.D. "Deke" Farrington e
outros
desenvolveram
o
primeiro
programa
EMT-B
para civis.
Desde
o
estabelecimento do primeiro programa do treinamento de Técnicos de Emergência
Médica no corpo de bombeiros de Chicago, mais de um milhão de pessoas foram
treinadas ao nível EMT-B, sendo que um quarto destas prosseguiram para níveis
Avançados de Suporte de vida.
Hoje, o Serviço de Emergência continua sendo um dos componentes de
desenvolvimento mais rápido de tratamento médico nos Estados Unidos.
Segundo Rogers (1992), o treinamento especializado de emergência
representa uma nova geração de conhecimento de Serviços de Emergência Médica.
Todo material de apoio produzido hoje, nos Estados Unidos, visa assegurar que o
material didático esteja baseado nos protocolos da correta prática médica.
Normalmente incorpora material do National Standard Curriculum para EMT-B
conforme desenvolvido pelo Departamento de Transportes dos E.U.A, bem como
material essencial de outros cursos, incluindo Suporte de Vida no Trauma PréHospitalar, Suporte Básico de Vida, Suporte Avançado de Vida em Emergências
12
Cardíacas, Suporte Avançado de Vida em Pediatria e Suporte Avançado de Vida no
Trauma.
As práticas e os conhecimentos apresentados fornecem a base sólida
necessária para avaliar e administrar e maioria das Emergências encontradas pelo
profissional Pré-Hospitalar. Não é fácil conseguir estes conhecimentos, pois
requerem estudo, prática e repetição.
Conforme Guerra (2001) o indivíduo que se torna um Técnico de
Emergência Médica assume a responsabilidade pela vida do paciente o qual ele
concorda em administrar. A profissão de Técnico de Emergência Médica é pouco
semelhante a outras ocupações no mundo. São necessárias decisões críticas
imediatas baseadas em conhecimentos e avaliação.
Para Rogers (1992) os técnicos de Emergência Médica não tem a
oportunidade de voltar ao manual de estudos para determinar o adequado
tratamento do paciente após chegarem ao local e antes de atendê-lo. Antes de
verem os pacientes, já terão que ter os conhecimentos e as habilidades nos seus
próprios cérebros e mãos. A dedicação à continuidade dos estudos é necessária
para manter atualizados seus conhecimentos e aptidões para administração do
paciente.
As pessoas dispostas a aceitar o desafio desta exigente profissão, a
acharão gratificante se estiverem mentalmente preparadas para oferecer o melhor
tratamento possível.
2.2 O Atendimento de Emergência no Brasil
O contexto histórico do atendimento de emergência tem como base a
descrição de um evento Brasileiro, a criação do Socorro Médico de Urgência. O
início das atividades de organização desse serviço aconteceu no Rio de janeiro, com
iniciativa tanto do poder público quanto das instituições privadas preocupadas com
os acidentes nas ruas. A primeira lei vetada data de 1893 pelo prefeito Pereira
Passos do então Distrito Federal e aprovada pelo Senado somente em 1902,
iniciando as atividades finalmente em 1904.( Guerra, 2001).
Com a criação do Socorro Médico de Urgência foi atribuído a Diretoria
Geral de Higiene e Assistência Pública, o socorro “a feridos, acidentados na rua e
13
afogados”. O plano elaborado naquele momento, que incluía atendimento com
ambulâncias não pôde ser implantado por falta de verbas, sendo instaurado apenas
em 1904.
Segundo Wehbe (2000), três anos depois, isso em 1907 foi instaurado um
posto localizado na Praça da República um prédio da limpeza urbana, com três
andares equipados com o que havia de mais moderno, se tornou padrão de
excelência, sendo indicado na exposição internacional de Higiene no Rio de Janeiro
em 1909 e na Exposição Internacional de Higiene Social em Roma,em 1912.
Os primeiros postos de pronto socorro e assistência médica foram
dirigidos por comissários e subcomissários de Higiene e Assistência Pública,
No Brasil, a partir da década de 80, foi dada maior ênfase na capacitação
dos profissionais que atuam no atendimento de emergência.
Warner (1980), em 1985 foi criada a Sociedade Brasileira dos Enfermeiros
do Trauma (SOBET) que consiste na primeira associação de enfermagem
especializada em trauma. O atendimento inicial do paciente traumatizado acontece
em três etapas sucessivas: na cena do acidente; durante o transporte e no centro
hospitalar.
As unidades de emergência são locais apropriados para o atendimento de
pacientes com afecções agudas específicas onde existe um trabalho de equipe
especializado e podem ser divididas em pronto atendimento, pronto socorro e
emergência (GOMES, 1994, p. 80)
O Ministério da Saúde( 2008) define: - pronto atendimento como a
“unidade
destinada
a
prestar,
dentro
do
horário
de
funcionamento
do
estabelecimento de saúde, assistência a doentes com ou sem risco de vida, cujos
agravos a saúde necessitam de atendimento imediato”; - pronto socorro é o
“estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência a doentes, com ou sem
risco de vida, cujos agravos a saúde necessitam de atendimento imediato. Funciona
durante às 24 horas do dia e dispõe apenas de leitos de observação”;- emergência é
a “unidade destinada a assistência de doentes, com ou sem risco de vida, cujos
agravos a saúde necessitam de atendimento imediato”.
14
2.3 Atendimento de Urgência ou Emergência Hospitalar
Em 2001, o governo, preocupado com o atendimento de urgência e
emergência em hospitais, publicou pelo Ministério da Saúde uma cartilha contendo
normas e orientações visando a:
Implantação dos Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar para o
Atendimento de Urgência e Emergência" tendo por objetivo "estimular e
apoiar em cada estado, a organização e conformação de Sistemas de
Referência Hospitalar no atendimento às urgências e às emergências. Tais
Sistemas englobam a assistência pré-hospitalar (APH), centrais de
regulação, hospitais de referência, treinamento e capacitação das equipes
de atendimento.
Conforme o Ministério da Saúde (2008), considerando que a área de
Urgência e Emergência constitui-se em um importante componente da assistência à
saúde. Considerando o crescimento da demanda por serviços nesta área nos
últimos anos, devido ao aumento do número de acidentes e da violência urbana e a
insuficiente estruturação da rede assistencial, que têm contribuído decisivamente
para a sobrecarga dos serviços de Urgência e Emergência disponibilizados para o
atendimento da população;
A necessidade de ordenar o atendimento às Urgências e Emergências,
garantindo acolhimento, primeiro atenção qualificada e resolutiva para as pequenas
e médias urgências, estabilização e referência adequada dos pacientes graves.
A definição dessas situações vem sendo explicitada em pareceres como o
proferido pelo Conselho Federal De Medicina, 1995.
Ementa: 1 Os estabelecimentos de Pronto Socorro Públicos e Privados
devem ser estruturados para prestar atendimento a situações de urgência e
emergência, garantindo todas a manobras de sustentação da vida e
condições de dar continuidade à assistência no local ou em outro nível de
atendimento referenciado;
Para discorrer sobre a temática é necessário falar sobre os conceitos de
Urgência e Emergência que são os motivos que são realizados os atendimentos.
Para tanto a Resolução do Conselho Federal de Medicina – CFM 145/95 tem como
conceito:
Define-se por URGÊNCIA a ocorrência imprevista de agravo à saúde com
ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita vida, necessita de
assistência médica imediata.
15
Define-se por EMERGÊNCIA a constatação médica de condições de agravo
à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso,
exigindo, portanto, tratamento médico imediato.
Urgência é o agravo à saúde como dor de cabeça dores lombares súbita
e o atendimento pode ser realizado em poucas horas do ocorrido como levar até 24
para ser atendido, ou seja, pode esperar pelo atendimento.
A emergência é uma situação que não pode esperar muito por
atendimento, este tem que ser imediato, para não agrava o estado do paciente e
poder salvar a vida. Casos de emergências são: Parada Cardiorrespiratória, perda
de consciência sem recuperação, dificuldade respiratória queda de alturas entre
outras.
Segundo Wehbe (2002), considerando que a definição rigorosa do que
vem a ser urgência e emergência é bastante difícil e a demanda de atenção no
Pronto Socorro abrange também toda uma gama de pacientes que não encontram
acolhimento em outros serviços (ambulatórios, unidades básicas, etc), com queixas
crônicas e sociais, que acabam procurando esse serviço, é necessário que o
atendente
seja ele enfermeira o, técnico de enfermagem ou médico proceda à
triagem dos casos utilizando a análise criteriosa e o bom senso para reconhecer o
grau de seriedade que envolve cada situação e as possíveis conseqüências de suas
ações e omissões.A assistência em situações de emergência ou de urgência tem
inúmeros aspectos éticos que merecem ser discutidos. o ‘direito à emergência’ é o
direito que cada indivíduo tem de abrir uma exceção a seu favor, em caso de
extrema necessidade.
Segundo Wehbe (2000, p.55) "a situação de emergência não invalida a
lei, mas mostra que ela não é absoluta. (...) Isto significa dizer que é necessário levar
em conta as circunstâncias de cada situação". Segundo Hegel, "a vida tem um
'direito de emergência' ".
2.4 - O Profissional de Saúde da Unidade de Emergência
As
funções
da
equipe
de
emergência
são
independentes,
interdependentes e/ou de colaboração, sendo que todos conhecem as limitações
16
legais das suas atribuições e agem de acordo com elas. Assim, é necessário que a
equipe trabalhe em conjunto e respeite as atribuições de cada um, pois o trabalho
desarticulado, nestes casos, podem levar a sérios riscos à saúde ou à vida do
cliente.
Atualmente, vivência-se atitudes dos trabalhadores de saúde de unidades
de emergência, pouco apropriadas para a situação, ou seja, encarando os clientes
como "problemas", dos quais precisam se "livrar", atitudes estas, que têm sido
focalizadas, frequentemente, pela mídia.
Acredita-se que a projeção da "imagem caricatural" do profissional da
saúde, não é apenas um produto da mídia ou da "imaginação" dos clientes e
familiares frente ao medo do desconhecido. Outros fatores de relevância devem
estar associados, tais como: os valores culturais de supremacia e paternalismo, as
exigências e as condições do trabalho.
Warner (1980, p. 17), afirma que "os clientes não são problemas; eles têm
problemas." A maioria desses problemas relaciona-se ao medo, ao ambiente
estranho aos agravos à saúde e à catástrofe de famílias inteiras. Esses aspectos
devem ser tratados com conhecimento e habilidade.
O trabalho de lidar com vidas humanas é obrigação importante da equipe
de saúde que tem a responsabilidade de estar sempre preparada e atualizada para
assumir, com competência, a parte que lhe cabe neste empreendimento. Sabe-se,
também, que ser responsável por pessoas causa maior estresse do que ser
responsável por objetos (Candeias et al., 1992). O pessoal de saúde de uma
unidade de emergência, responde pela satisfação e bem estar dos clientes,
familiares e dos próprios colegas. Desta forma, não se admira que o estresse seja
inerente a esse ambiente e às características de sua organização: múltiplos níveis
de autoridade, heterogeneidade de pessoal, interdependência de atividades, alto
fluxo de trabalho, elevado nível de complexidade das ações e das tomadas de
decisões, entre outros.
Por outro lado, Jakubec apud Alexandre e Angerami (1993), faz um alerta
para o fato de que os hospitais pouco têm feito em relação à saúde de seus
trabalhadores e comenta, também, que estes estão vagarosos no desenvolvimento
de programas de saúde para seus empregados, em relação às indústrias.
Estudos realizados por Candeias e Abujamra (1988) e Candeias et al.
(1992), mostram que o estresse no ambiente hospitalar é derivado diretamente de
17
insatisfações relacionadas ao emprego e a conflitos interpessoais, levando a
sintomas somáticos, acidentes e queda de produtividade nas atividades realizadas.
2.5 O Enfermeiro no Atendimento a Emergência
No Brasil o número de enfermeiros preparados para atuarem nesta área é
restrito. Frente ao exposto, e devido à escassez de estudos sobre enfermagem em
emergências na literatura nacional, determinando a necessidade de investigações, o
presente relato de experiência tem como objetivo apresentar as atividades do
enfermeiro de emergência de um hospital privado e tecer considerações sobre a
liderança como estratégia para melhoria do gerenciamento da assistência de
enfermagem prestada ao paciente/cliente, com o propósito de oferecer subsídios
que possibilitem a este profissional reflexões e discussões sobre o seu trabalho
cotidiano.
Para Andrade (2002, p.60), “o serviço de emergência é um complexo
cenário, onde devem estar congregados profissionais suficientemente preparados
para oferecer atendimento imediato e de elevado padrão à clientela que dele
necessita.
Para a organização de um serviço de emergência eficiente e eficaz duas
figuras são imprescindíveis, são elas: o diretor e o coordenador do serviço de
trauma, sendo que geralmente o primeiro é um médico e o cargo de coordenador
deve ser ocupado por enfermeiro dotado de extenso conhecimento dos aspectos
que envolvem o cuidado do paciente com trauma. (FINCKE, 2002, p. 95)
A Associação Americana de Enfermagem (ANA) estabeleceu os “Padrões
da Prática de Enfermagem em Emergência” em 1983, tendo como referência
padrões definidos classificando os enfermeiros de emergência em três níveis de
competência: o primeiro nível requer competência mínima para o enfermeiro prestar
atendimento ao paciente traumatizado; no segundo nível este profissional necessita
formação específica em enfermagem de emergência e no último nível o enfermeiro
deve ser especialista em área bem delimitada e atuar no âmbito pré e intra
hospitalar. (GOMES, 1994, p. 55-58)
Conforme, Warner (2002), em relação às atividades assistências
exercidas pelo enfermeiro:
18
Presta o cuidado ao paciente juntamente com o médico;
Prepara e ministra medicamentos;
Viabiliza a execução de exames especiais procedendo a coleta;
Instala sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes;
Realiza troca de traqueostomia e punção venosa com cateter;
Efetua curativos de maior complexidade;
Prepara instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e
desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos
diversos;
Realiza o controle dos sinais vitais;
Executa a evolução do pacientes e anota no prontuário.
Dentre as atividades administrativas efetuadas pelo enfermeiro, destaca-se:
Realiza a estatística dos atendimentos ocorridos na unidade;
Lidera a equipe de enfermagem no atendimento dos pacientes críticos e não
críticos;
Coordena as atividades do pessoal de recepção, limpeza e portaria;
Soluciona problemas decorrentes com o atendimento médicoambulatorial;
Aloca pessoal e recursos materiais necessários;
Realiza a escala diária e mensal da equipe de enfermagem;
Controla estoque de material;
Verifica a necessidade de manutenção dos equipamentos do setor.
Em relação às atividades de ensino exercidas pelo enfermeiro, que este
profissional na sua prática diária orienta a equipe de enfermagem na realização da
pré-consulta e promove treinamento em ser viço sobre os protocolos de atendimento
e novos procedimentos.
Para Warner (2002), no hospital existe um setor específico para o
desenvolvimento de programas de educação continuada, no qual atua um
enfermeiro responsável em implementar programas, cujos propósitos consistem em
sanar dificuldades evidenciadas na prática da enfermagem e promover o
aprendizado de novos conhecimentos sobre os avanços ocorridos na área da saúde.
Conforme Andrade (2000, p. 84):
Realiza a pré-consulta, verifica os sinais vitais e anota a queixa
atual do paciente;
19
Acomoda o paciente na sala de urgência, e instala o monitor
cardíaco;
Instala soroterapia, sonda vesical e sonda nasogástrica;
Administra medicamentos via intramuscular e/ou via endovenosa;
Prepara o material e circula a sala de procedimento de sutura;
Prepara o material de punção sub–clávia e/ou dissecção de veia e
auxilia a equipe médica;
Encaminha o paciente ao RX e exames complementares;
Realiza a evolução e a anotação dos pacientes em observação.
O papel do enfermeiro na unidade de emergência consiste em obter
a história do paciente, fazer exame físico, executar.tratamento,
aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os
enfermos para uma continuidade do tratamento e medidas vitais
Por isso a constante atualização destes profissionais, é necessária pois,
desenvolvem com a equipe médica e de enfermagem habilidades para que possam
atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônico na qual estão
inseridos. “Os enfermeiros das unidades de emergência aliam à fundamentação
teórica (imprescindível) a capacidade de liderança, o trabalho, o discernimento, a
iniciativa, a habilidade de ensino, a maturidade e a estabilidade emocional”(GOMES,
1994, p. 52)
O enfermeiro que atua nesta unidade necessita ter “conhecimento
científico, prático e técnico, afim de que possa tomar decisões rápidas e concretas,
transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos que
ameaçam a vida do paciente” (Martins, 1988, p. 63).
Segundo Andrade (2000), frente às características específicas da unidade
de emergência, o trabalho em equipe torna-se crucial. O enfermeiro deve ser uma
pessoa tranqüila, ágil, de raciocínio rápido, de forma a adaptar-se, de imediato, à
cada situação que se apresente à sua frente.
Este profissional deve estar preparado para o enfrentamento de
intercorrências emergentes necessitando para isso conhecimento científico e
competência clínica (experiência)
Ao repor tarmo-nos ao conjunto das atividades desenvolvidas pelos
enfermeiros de emergência do hospital em que atuamos, podemos afirmar que
apesar destes profissionais estarem envolvidos na prestação de cuidados diretos ao
paciente,
em
muitos
momentos
existe
uma
sobrecarga
das
atividades
administrativas em detrimento das atividades assistências e de ensino.
Esta realidade vivenciada pelos enfermeiros vem ao encontro da literatura
quando analisa a função administrativa do enfermeiro no contexto hospitalar e
aborda que este profissional tem se limitado a solucionar problemas de outros
20
profissionais e a atender às expectativas da instituição hospitalar, relegando a plano
secundário a concretização dos objetivos do seu próprio serviço. (Trevisan, 1988).
A necessidade dos enfermeiros repensarem a sua prática profissional
pois, quando o enfermeiro assume sua função primordial de coordenador da
assistência
de
enfermagem,
implementando-a
por
meio
de
esquema
de
planejamento, está garantido o desenvolvimento de suas atividades básicas
(administrativas, assistências e de ensino) e promovendo, conseqüentemente, a
melhor organização do trabalho da equipe, que passa a direcionar seus esforços em
busca de um objetivo comum que é o de prestar assistência de qualidade,
atendendo às reais necessidades apresentadas pelos pacientes sob seus cuidados
Frente ao exposto o exercício de uma liderança eficaz pelo enfermeiro de
unidade de emergência seja um caminho para a implantação de mudanças do
quadro acima mencionado. “A rotina do trabalho em pronto socorro coloca, muitas
vezes, os enfermeiros em situação que exige, além do domínio do conhecimento, a
rapidez de raciocínio no sentido de tomar decisões pertinentes ao diagnóstico, ora
com um único paciente, ora com um grande número de vítimas. (PAVELQUEIRES,
1997, p.30)
2.6 O Papel do Enfermeiro na Emergência
O enfermeiro é responsável pela coordenação da equipe de enfermagem
e é uma parte vital e integrante da equipe de emergência.
Segundo Andrade (200), os enfermeiros das unidades de emergência
aliam a fundamentação teórico-científica (imprescindível) à capacidade de liderança,
o trabalho, o discernimento, a iniciativa, a habilidade de ensino, a maturidade e a
estabilidade emocional. Por isso, a constante atualização desses profissionais, é
necessária, pois, desenvolvem com a equipe médica e de enfermagem habilidades
para que possam atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônica na
qual estão inseridos.
O enfermeiro que atua nessa unidade necessita ter "conhecimento
científico, prático e técnico, afim de que possa tomar decisões rápidas e concretas,
21
transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos que
ameaçam a vida do paciente". (AZEVEDO 2000, 9.85)
Frente às características específicas da unidade de emergência, o
trabalho em equipe se torna crucial. O enfermeiro "deve ser uma pessoa tranqüila,
ágil, de raciocínio rápido, de forma a se adaptar, de imediato, a cada situação que se
apresente à sua frente". Este profissional deve estar preparado para o
enfrentamento de intercorrências emergentes necessitando para isso conhecimento
científico e competência clínica (experiência).
Ao reportar o conjunto das atividades desenvolvidas pelos enfermeiros de
emergência do Hospital em que atuamos, podemos afirmar que apesar destes
profissionais estarem envolvidos na prestação de cuidados diretos ao paciente, em
muitos momentos existe uma sobrecarga das atividades administrativas em
detrimento das atividades assistenciais e de ensino.
Esta realidade vivenciada pelos enfermeiros vem ao encontro da literatura
quando analisa a função administrativa do enfermeiro no contexto hospitalar e
aborda que este profissional "tem se limitado a solucionar problemas de outros
profissionais e a atender as expectativas da instituição hospitalar, relegando a plano
secundário a concretização dos objetivos do seu próprio serviço" (ANDRADE, 2002.
p.65)
Entendo a necessidade dos enfermeiros repensarem a sua prática
profissional, pois,
O enfermeiro assume sua função primordial de coordenador da assistência
de enfermagem, implementando-a por meio de esquema de planejamento,
está garantindo o desenvolvimento de suas atividades básicas
(administrativas,
assistenciais
e
de
ensino)
e
promovendo,
conseqüentemente, a melhor organização do trabalho da equipe, que passa
a direcionar seus esforços em busca de um objetivo comum que é o de
prestar assistência de qualidade, atendendo as reais necessidades
apresentadas pelos pacientes sob seus cuidados". (GALVÃO, 1998. p.97)
A rotina do trabalho em pronto socorro coloca, muitas vezes, os
enfermeiros em situação que exige, além do domínio do conhecimento, a rapidez de
raciocínio no sentido de tomar decisões pertinentes ao diagnóstico, ora com um
único paciente, ora com um grande número de vítima
Segundo Fincke (1980), a liderança é fundamental para o trabalho diário
do enfermeiro, mas para o seu exercício eficaz este profissional precisa buscar
22
meios que viabilizem o desenvolvimento da habilidade de liderar; dentre estes
destacamos o aprendizado baseado na experiência profissional e na educação
formal.
O primeiro passo para o enfermeiro efetivamente exercer uma liderança
eficaz, consiste na busca de estratégias que possibilitem esse profissional
conhecerem a si mesmo e para a eficácia do processo de liderar o enfermeiro
necessita conhecer as necessidades e expectativas pessoais e profissionais dos
membros da equipe de enfermagem.
Em síntese, o enfermeiro necessita compreender o processo de liderar e
desenvolver as habilidades necessárias; dentre elas, salientamos a comunicação, o
relacionamento interpessoal, tomada de decisão e competência clínica, bem como
aplicá-las na sua praxe profissional.
23
3. METODOLOGIA
3.1 Abordagem Metodológica
O estudo deu-se na forma de pesquisa de revisão bibliográfica.
A documentação bibliográfica deve ser realizada paulatinamente, à medida
que o estudante toma contato com os livros ou com informes sobre os
mesmos. Assim, todo livro que cair em suas mãos será imediatamente
fichado. Igualmente, todos os informes sobre algum livro pertinente à sua
área possibilitam a abertura de uma ficha. (SEVERINO, 2002, p. 39).
Metodologia é a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade, por
meio do estudo dos métodos, técnicas e procedimentos capazes de possibilitar o
alcance dos objetivos (LEOPARDI, 2002, p. 163).
Segundo Pádua (2000), a palavra metodologia significa (methodos =
organização e lógos = estudo sistemático, pesquisa, investigação), ou seja, é o
estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma
pesquisa ou estudo ou para fazer ciência.
3.2 Tipo de Pesquisa
A Revisão bibliográfica consiste em uma análise crítica meticulosa e
ampla das publicações correntes em uma determinada área do conhecimento. De
um modo geral, a Revisão bibliográfica é realizada como parte inicial de um estudo
científico, seja no nível da graduação ou pós-graduação, sendo parte fundamental
em uma dissertação de mestrado ou numa tese de doutorado.
Quando elaborada a partir de material já publicado, constituído
principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material
disponibilizado na Internet.
24
3.3 Período de Investigação
O estudo foi desenvolvido entre os meses de abril a julho de 2008,
através de leitura e fichamento de textos.
3.4 Local de Estudo
A pesquisa foi realizada através de análises de textos e bibliografias,
referente ao tema: Cuidados de Enfermagem Paliativos ao Paciente com Doença em
Estágio Terminal.
3.5 Procedimentos para o Levantamento de Dados
Para melhor elucidar o desenvolvimento da pesquisa, foi realizado um
levantamento descritivo para auxiliar na discussão do assunto.
Para SANTOS (2000. p. 26), a pesquisa descritiva é:
Um levantamento das características ou componentes do fato, fenômeno ou
problema. É feita na forma de levantamentos ou observações sistemáticas.
Portanto, o estudo descritivo pretende descrever com exatidão os fatos ou
fenômenos de determinada realidade e exige do pesquisador uma série de
informações sobre o que deseja estudar, uma precisa delimitação de
técnicas, métodos, modelos e teorias que orientarão a coleta e interpretação
dos dados.
3.6 Análise dos Dados
Os dados foram analisados com base na técnica da análise de conteúdos,
de Minayo para que seja possível identificar a viabilidade e a contribuição da
pesquisa desenvolvida.
A análise de conteúdo é definida como uma técnica de tratamento de dados
de pesquisa voltada para uma descrição objetiva sistemática e quantitativa
do conteúdo de “comunicações” (textos entrevistas, entre outros). Dessa
forma, embora tenha suas origens na pesquisa quantitativa, busca a
interpretação de materiais de caráter qualitativo. (MINAYO 1998, p. 200)
25
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
O atendimento em emergência teve seu inicio a séculos atrás e de lá pra
cá foi cada vez mais se aprimorando e hoje ele é indispensável pois, é este
atendimento de emergência que salva muitas vítimas e minimiza danos a vítima.
No Brasil, a idéia de atender as vítimas no local da emergência é tão
antiga quanto em outros países. Data de 1893 a aprovação da lei, pelo Senado da
República, que pretendia estabelecer o socorro médico de urgência na via pública,
no Rio de Janeiro, que era a capital do país. Consta ainda que, em 1899, o Corpo de
Bombeiros da mesma localidade punha em ação a primeira ambulância (de tração
animal) para realizar o referido atendimento, fato que caracteriza sua tradição
histórica na prestação deste serviço. (Martins, 2003).
Segundo, Martins (2003), em Santa Catarina o primeiro serviço foi
instalado junto ao Corpo de Bombeiros de Blumenau, em 1987, e foi aperfeiçoado
com o Projeto de Atendimento Pré-hospitalar do Ministério da Saúde (PAPH-MS) a
partir de 1990. Vários cursos de treinamento denominados ASU foram realizados em
todo estado. Em 1995, o Corpo de Bombeiros, em convênio com o Centro de
Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizou o
primeiro (e único) curso de Técnicos de Emergências Médicas. Posteriormente,
reconhecendo o denominado Suporte Básico de Vida (SVB) como cuidado de
enfermagem, foram realizados cursos de Auxiliar de Enfermagem, através do Projeto
Auxiliar de Enfermagem, de responsabilidade do Departamento de Enfermagem de
Saúde
Pública
UFSC,
para
a
formação
de
socorristas-bombeiros
que,
posteriormente, no mesmo projeto, foram requalificados como técnicos de
enfermagem
Todavia a atuação do enfermeiro não se restringe à assistência direta.
Azevedo (2006. p. 58) relata:
Ao longo dos últimos anos, tenho participado de vários cursos de
capacitação técnica e capacitação pedagógica, já que o enfermeiro, neste
sistema, além de executar o socorro às vítimas em situação de emergência
e fora do ambiente hospitalar, também desenvolve atividades educativas
como instrutor. Como parte da equipe técnica, participo na revisão dos
protocolos de atendimentos, elaboração do material didático, além de atuar
junto à equipe multiprofissional na ocorrência de calamidades e acidentes
de grandes proporções.
26
Conforme Martins (2003), na Enfermagem, cujo trabalho é realizado por
uma equipe com diferentes graus de formação, mas com atribuições semelhantes no
que se refere ao cuidado do paciente ou usuário, deu-se na elaboração de
procedimentos, normas e rotinas que buscam assegurar certa homogeneidade na
assistência de enfermagem, mesmo sendo desempenhado por pessoas com
qualificações diferenciadas. Isso se materializou de tal forma no trabalho de
enfermagem que, por mais esforço que se faça para distinguir as diversas categorias
que compõem a equipe de enfermagem, a sociedade de um modo geral não parece
perceber essa diferença.
Em outras palavras, além das pessoas não saberem que existe uma
hierarquia dentro da equipe de enfermagem, não conseguem perceber diferenças
significativas, quando são atendidas pelos distintos membros da equipe.
27
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil, somente a partir da década de 80, a capacitação dos
profissionais que atuam no atendimento de emergência tornou-se fato relevante;
entretanto, na literatura nacional a escassez de estudos na enfermagem determina a
necessidade de investigações.
Procurando oferecer uma contribuição aos enfermeiros que atuam em
unidades de emergência apresentamos este relato, no qual descrevemos as
principais atividades assistenciais, administrativas e de ensino desenvolvidas no
hospital que trabalhamos.
Assim, apontamos a necessidade destes profissionais repensarem a sua
prática profissional e tecemos algumas considerações as quais indicam a liderança
como uma estratégia que pode possibilitar as mudanças requeridas no
gerenciamento da assistência de enfermagem prestada ao paciente/cliente.
A assistência às urgências se dá, ainda hoje, predominantemente nos
serviços que funcionam exclusivamente para este fim os tradicionais prontosocorros - estando estes adequadamente estruturados e equipados ou não. Abertos
nas 24 horas do dia, estes serviços acabam por funcionar como porta-de-entrada do
sistema de saúde, acolhendo pacientes de urgência propriamente dita, pacientes
com quadros percebidos como urgências, pacientes desgarrados da atenção
primária e especializada e as urgências sociais. Tais demandas misturam-se nas
unidades de urgência superlotando-as e comprometendo a qualidade da assistência
prestada à população. Esta realidade assistencial é, ainda, agravada por problemas
organizacionais destes serviços como, por exemplo, a falta de triagem de risco, o
que determina o atendimento por ordem de chegada sem qualquer avaliação prévia
do caso, acarretando, muitas vezes, graves prejuízos aos pacientes. Habitualmente,
as urgências sangrantes e ruidosas são priorizadas, mas, infelizmente, é comum que
pacientes com quadros mais graves permaneçam horas aguardando pelo
atendimento de urgência, mesmo já estando dentro de um serviço de urgência.
O atendimento em serviços de Urgência e Emergência, sem dúvida,
requerem preparo, o profissional deve estar qualificado para tal atendimento e, se
assim não estiver, deve ser previamente reciclado ou treinado. A aceitação de tese
contrária, implicaria em se negar a necessidade de especialização, treinamento e
28
preparo do profissional para a situação específica se torna ainda mais imperativo. A
demora ou a inabilidade na atenção exigida, pode gerar irreparáveis danos ao
paciente.
O enfermeiro necessita compreender o processo de liderar e desenvolver
as
habilidades
necessárias;
dentre
elas,
salientamos
a
comunicação,
o
relacionamento interpessoal, tomada de decisão e competência clínica, bem como
aplicá-las na sua prática profissional. Entendemos que investimentos dos órgãos
formadores e das instituições de saúde na formação do enfermeiro líder são cruciais
para torná-lo um agente de mudanças com o propósito de fornecer estratégias que
possibilitem a melhoria da organização, da equipe de enfermagem e principalmente
da assistência prestada ao paciente.
A emergência perpassa por estas discussões, observou-se ainda, que
definir quem fará o atendimento, não levará a lugar algum, sabe-se que o enfermeiro
é extremamente qualificado para fazer este trabalho e que em seu código de ética
preconiza que isto é função do enfermeiro, mas, que o trabalho de equipe
multiprofissional é o mais indicado, cada categoria profissional tem a sua limitação e
respeitar as diferenças é o essencial para o bom desempenho do trabalho
29
REFERÊNCIAS
ANDRADE LM, Caetano JF, Soares E. Percepção das enfermeiras sobre a
unidade de emergência. Rev RENE 2000; 1(1): 91-7.
ANDRADE Maria Teresa Soy. Guias Práticos de Enfermagem: Cuidados
Intensivos. Rio de Janeiro. McGraw-Hill 2002. 580 p.
AZEVEDO TMVE. Atendimento pré-hospitalar na Prefeitura do Município de
São Paulo: análise do processo de capacitação das equipes multiprofissionais
fundamentada na promoção da saúde [dissertação]. São Paulo (SP): Escola de
Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2002.
BRUNNER, Lillian Sholtis; SUDDARTH, Doris Smith; SMELTZER, Suzanne C.;
BARE, Brenda Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 8.ed Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1999. 3.v
CHAVES EHB. Aspectos da liderança no trabalho do enfermeiro. Rev Gauch
Enfermagem 1993; 14(1): 53-8.
FINCKE MK. Enfermagem de emergência: a viga mestre do departamento de
emergência. In: Warner CG. Enfermagem em emergência. 2ª ed. São Paulo:
Interamericana; 1980. p. 32-7.
GALVÃO CM, Trevizan MA, Sawada NO. A liderança do enfermeiro no século
XXI: algumas considerações. Rev Esc Enfermagem USP 1998; 32(4): 302-6.
GALVÃO CM. Liderança situacional: uma contribuição ao trabalho do
enfermeiro – líder no contexto hospitalar. [tese]. Ribeirão Preto (SP): Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1995.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª ed, São Paulo:
Atlas, 1999.
GOMES AL. Emergência: planejamento e organização da unidade. Assistência
de enfermagem. São Paulo: Pedagógica e Universitária; 1994.
GOMES MAY, Neira J. Atención inicial de pacientes traumatizados. Buenos
Aires: Fundación Pedro Luiz Ruveiro; 1992.
GUERRA, Sérgio Diniz. Manual de Emergências. Belo Horizonte: Folium, 2001.
140 p.
HUDAK, C.M; GALLO, B.M. Cuidados Intensivos de Enfermagem. Uma
abordagem holística. RJ. Guanabara Koogan, 1997.
LEOPARDI, M. T. Teorias em Enfermagem: Instrumentos Para a Prática.
Florianópolis: Papa Livros, 1999.
LÓPEZ, Mario. Emergências Médicas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989. 1015 p.
30
MARTIN RC. Na unidade de emergência. Anais do 1º Ciclo de Debates sobre
Assistência de Enfermagem; 1988. São Paulo (SP); 1988.
MARTINS PPS, Prado ML. Enfermagem e serviço de atendimento préhospitalar: descaminhos e perspectivas. Rev Bras Enferm 2003; 56 (1): 71-75.
MINAYO, M. C. S. Desafio do Conhecimento. Pesquisa Qualitativa em Saúde. São
Paulo: Hucitec-Abrasco. 1996, 4ª ed.
MINAYO, M.C. S.; FERREIRA, S. Pesquisa em Ciências Social: teoria, método e
criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.) Pesquisa Social: Teoria, Método e
Criatividade. 21. Petrópolis: Vozes 2002
Ministério da Saúde (BR). Normas para projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde. Brasília: Saúde & Tecnologia; 1995.
Ministério da Saúde (BR). Terminologia básica em saúde. Brasília: Centro de
Documentação do Ministério da Saúde; 2008
PAVELQUEIRES S. Educação continuada de enfermeiros no atendimento
inicial à vítima de traumatismos. [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1997.
PEIXOTO MSP, Urrutia GIDC, Maria VLR, Machado JM.Sistematização da
assistência de enfermagem em um pronto socorro:relato de experiência. Rev
Soc Cardiol Estado São Paulo 1996; 6(1 Supl. A): 1-8.
ROGERS JH, Osborn HH, Pousada L. Enfermagem de emergência: um manual
prático. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
ROSA NG. Dilemas éticos no mundo do cuidar de um serviço de emergência.
[dissertação] Porto Alegre: UFRGS, 2001.
THOMAZ RR, Lima FV. Atuação do enfermeiro no atendimento pré hospitalar na
cidade de São Paulo. Acta Paul Enferm 2000; 13(3): 59-65. ]
TRENTINI, Mercedes; PAIM, Lygia. Pesquisa em Enfermagem: uma modalidade
convergente-assistencial. Florianópolis: Ed. Da Ufsc, 1999, p. 26.
TREVIZAN MA. Enfermagem hospitalar: administração e burocracia. Brasília:
Universidade de Brasília; 1988.
TREVIZAN MA. Liderança do enfermeiro: o ideal e o real no contexto hospitalar.
São Paulo: Sarvier; 1993.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução á pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
WARNER CG. Enfermagem em emergência. 2ª ed. São Paulo: Interamericana;
2002.
WEBER T. Ética e Filosofia Política: Hegel e o Formalismo Kantiano. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 1999:97-118.
31
WEHBE G, Galvão CM. O enfermeiro de unidade de emergência Rev Latino-am
Enfermagem 2001 março; 9(2): 86-90
www.abcdasaude.com.br/artigo.php?196 eye acesso em 01/12/2008
www.cfm.org.br acesso em 01/08/2008
www.enfermagem-intensiva.com/p=17/savianel. acesso em 01/12/02008
www.medstudents.com.br/residencia_medica/vol01n03/leite acesso em 01/08/2008
Download