Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Curso de Medicina SÍNDROME DE “ CRUPE” Interna: Ana Carolina N. Lopes Orientadora: Drª Carmen Lívia www.paulomargotto.com.br Brasília, 10 DE MAIO DE 2016 Brasília - DF 2016 manifestam Introdução A laringitea laringotraqueobronquite e a epiglotite forma o grupo das IRAs que apresentam como sinal clínico o estrito. Estas doenças representam seguintes sintomas: ladrante, comos rouquidão, tosse estridor predominantemente e variados inspiratório graus de desconforto respiratório. afecções Há vários sistemas de escores manifestam propostos para avaliar a gravidade da clinicamente por graus variados de obstrução das vias aéreas, com base nos obstrução achados subglóticas, que e as clinicamente se inflamação. O termo clínicos como nível de “síndrome de crupe” caracteriza um consciência, grupo expansibilidade pulmonar e retrações de doenças que variamem envolvimento anatômico e etiologia, e se cianose, estridor, (Tabela 1). A oximetria de pulso deve ser A laringotraqueobronquite é a realizada em todas as crianças com causa mais comum de obstrução de vias estridor. Porém é importante salientar, aéreas que a saturação normal de oxigênio pode respondendo por 90% dos casos de gerar impressão falsa de baixo risco estridor. A etiologia viral de crupe é a associado à doença. A hipóxia geralmente mais comum, embora possa ocorrer indica infecção bacteriana secundária. Os vírus doença avançada respiratória iminente. e falência superiores em crianças, parainfluenza tipo 1 e 3 são os mais associados ao crupe em todas as idades, Laringotraqueobronquite em cerca de 75% dos casos. Outros vírus envolvidos na etiologia são o sincicial respiratório, o influenza, o adenovírus e o vírus do sarampo.Epidemiologia:a casos moderados e graves, o uso de laringotraqueobronquite é mais frequente corticoides sistêmicos tem demonstrado nos primeiros 2 anos de vida, sendo redução significativa da necessidade de também bastante incidentes na faixa hospitalizações. O uso de corticoides etária que se estende dos 6 meses aos 6 inalatório anos. É um pouco mais comum em dexametasona meninos. benefícios. Os casos leves devem ser Os achados clínicos caracterizamse por rouquidão, estridor inspiratório, tosse ladrante, que tendem a ser piores à noite. Casos mais apresentam-se com estridor mesmo em repouso, e estão associados ao desconforto respiratório evidenciado por batimentos de asa do nariz e retrações inspiratórias. Os sintomas geralmente se resolvem em 3 a 7 dias, podendo durar até 24 dias nos diagnóstico baseia-se tem a demonstrado tratados com medidas de suporte como; hidratação, antitérmicos e ar umidificado. Casos moderados e graves devem receber corticóides sistêmicos (dexametasona, 0,6mg/ Kg, máximo de 10mg, pela via menos invasiva) e inalação com adrenalina (de 3 a 5 ampolas), que pode ser repetida a cada 15 a 20 minutos. Se forem necessárias mais de 3 inalações, deve-se proceder a monitorização achados típicos no raio- x de pescoço, tais como: área de dilatação na traqueia, subglótico (sinal Internação: a decisão de admitir nas características clínicas embora existam estreitamento não associado cardíaca. casos mais graves. O (Budesonida) da “torre”), distensão da hipofaringe e irregularidade das pregas vocais. ou dar alta a uma criança com crupe pode ser difícil. Geralmente devem ser admitidas crianças com: 1) toxemia; 2) desidratação ou incapacidade de ingerir líquidos; 3) estridor significativo ou retrações em repouso; 4) ausência de resposta à administração de epinefrina ou Como a doença tem natureza piora clínica após 2-3 horas após auto-limitada, o tratamento é direcionado administração da mesma;5) pais não primariamente ao alívio do desconforto confiáveis. respiratório. O principal objetivo do tratamento é a manutenção das vias áreas patentes, evitando complicações.A utilização da adrenalina é reservada aos Laringite espasmódica (estridulosa) Muito tem sido escrito para sediferenciar crupe espasmódico de crupe viral, porém, isto é necessário em poucas oportunidades. viral, mas esta diferenciação não tem utilidade nenhuma para o clínico. O crupe Epiglotite espasmódico se diferencia do crupe viral por promover um edema não inflamatório Introdução; Etiologia; dos tecidos subglóticos, sugerindo que Quadro Clínico; não há envolvimento viral do epitélio da Tratamento. Epidemiologia; Diagnóstico; traquéia. No exame endoscópico da A epiglotite é uma infecção grave laringe, a mucosa se apresenta pálida no e progressiva da epiglote e tecidos crupe espasmódico e eritematosa e subjacentes, inflamada no crupe viral. Embora haja bactérias. É considerada uma emergência associação com os mesmos vírus que médica, já que pode causar insuficiência causam crupe viral, a razão para este respiratória aguda, e exige internação edema súbito é desconhecida. Sugere-se imediata, se possível em UTI. causada geralmente por que o crupe espasmódico represente mais Em um passado recente, quase uma reação alérgica a antígenos virais, do todos os casos de epiglotite eram que uma infecção viral direta. causados pelo Haemophilus influenzae A laringite espasmódica é tipo B, panorama modificado com a bastante comum, ocorrem em crianças indicação da vacina contra esse agente a dos 6 meses a 3 anos. Em geral, não há todos os lactentes. Outros agentes podem pródromos de infecção viral, nem febre. causar epiglotite como: H. influenzae tipo Surge também dificuldade respiratória, de A, início mais ou menos súbito, ao final da Haemophilusparainfluenza; tarde ou no início da noite após deitar. Os Streptococcus sintomas Staphylococcus costumam regredir tipo F e cepas não tipáveis; pneumoniae; aureus; Streptococcus espontaneamente. Antecedentes atópicos beta-hemolítico; pessoais ou familiares com refluxo parainfluenzae, influenza); Pseudomonas gastroesofágico podem ocorrer. Se não e Cândida nos imunocomprometidos. houver sintomas, resolução espontânea poderá mesmotratamento ser da feito vírus (herpes, dos o laringotraqueíte Sua incidência máxima ocorre aos 3 anos, com distribuição comum entre 1 e 5 anos, embora na era pós-vacina: tem-se observado maior nº de casos em crianças laringoespasmo reflexo, obstrução total mais velhas (mesmo vacinadas) e adultos. aguda, aspiração de secreções, parada A instituição do tratamento adequado não só restringe o óbito como também o curso da doença a 2 ou 3 dias. Com sua evolução é rápida, muitas vezes a criança que estava bem durante o dia acorda durante a noite com febre, sialorreia e dispneia com estridor. O estridor laríngeo pode ser audível e o esforço respiratório chama a atenção pela gravidade sendo caracterizado por batimento de asas do nariz, retrações inspiratórias de supraclaviculares fúrcula, intercostais. exame. Na confirmação do diagnóstico, procede-se a intubação orotraqueal.Exames laboratoriais como a hemocultura e cultura da superfície da epiglote, em geral, confirmam o patógeno bacteriano. Exames de imagem como raio- x lateral do pescoço, pode contribuir para o diagnóstico, mas habitualmente não é necessário. Observa-se edema importante da epiglote que se projeta para frente da hipofaringe. O Quanto ao tratamento, deve-se estridor e o murmúrio diminuem quando estabelecer uma via áreas artificial assim paciente chega a exaustão.Crianças mais que possível. A intubação orotraqueal ou velhas nasotraqueal pode e espaços cardiorrespiratória durante ou logo após o assumir posição de é o procedimento hiperextensão do pescoço em posição escolha. sentada, inclinada para frente, mãos sobre permanece intubada por 2 ou 3 dias, os Tal tempo suficiente para regressão do comportamento deve chamar a atenção edema. A traqueostomia é reservada para do examinador, pois é uma tentativa de os casos em que a intubação não é manter passagem de ar pelas vias aéreas. possível pela extensão do edema. joelhos e a boca aberta. O diagnóstico é realizado sob A Normalmente, antibioticoterapia a de criança deve ser suspeita clínica, com visualização direta prontamente instituída. O resultado de da epiglote, que se mostra de coloração cultura vermelho- edema determinação da droga a ser utilizada. importante. No entanto, a visualização Empiricamente, pode-se introduzir o deve ser realizada apenas 1 vez, por cloranfenicol ou cefalosporina de 3ª examinador mais experiente, já que geração (ceftriaxona ou cefotaxima) por alguns período de 7 a 10 dias. Na suspeita de cereja e pacientes com apresentam tem papel importante na Staphylococcus pode-se optar por insidiosa, tosse, odinofagia, disfonia, oxacilina ou vancomicina a depender do seguida de obstrução das vias aéreas. A padrão de resistência. O isolamento laringoscopia revela exsudato espesso, respiratório é recomendado por um membranoso em placas de coloração período de 24 horas, após 1ª dose do branco-acinzentada antibiótico. Os palatinas, laringe e faringe. Confirmação receber quimioprofilaxia contactantes devem com influenzae. amígdalas diagnóstica com cultura de secreção. rifampicina: 1x/ dia, por 4 dias caso o agente causador seja o Haemophilus sobre O tratamento antibioticoterapia com consiste em penicilina ou eritromicina, soro antitoxina diftérica, Prognóstico: geralmente a criança eventual remoção endoscópica das evolui bem, sem sequelas, se tratada membranas, e manutenção das vias aéreas adequadamente (via área e antibiótico). A (intubação está contraindicada em alguns maioria das mortes está associada a casos, pois pode descolar a placa e piorar parada ou a obstrução aérea, sendo a traqueostomia tratamento tardio, e/ ou dia aérea não preferível para manutenção das vias segura quando da suspeita de diagnóstico. aéreas). Difteria Referências cardiorrespiratória A doença LONGO DL; FAUCI AS; KASPER DL; infecciosa causada pela toxina bacteriana, HAUSER SL; JAMESON JL; LOSCAL acometendo crianças menores que 6 anos J. Medicina Interna de Harrison. Porto de idade; atualmente rara devido à Alegre, Art Med, 2013. imunização, no entanto, mesmo os LOPES, AC. Clínica Médica: diagnóstico imunizados podem adquirir a doença em e tratamento - São Paulo. Ed. atheneu, sua 2013. forma difteria é branda. uma e/ Pode acometer qualquer órgão do trato aéreo superior. É NELSON. Tratado de Pediatria - Richard causada pela toxina produzida pelo E. Behrman, Hal B. Jenson, Robert Corynebacterium Kliegman. 18ª Ed. Elsevier. 2009. diphteriae, bacilo aeróbio gram positivo. Quadro clínico: A pseudomembrana é o achado clássico. Os sintomas prodrômicos incluem febre