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Faculdade Santa Emília de Rodat
NEVARLGIA DO NERVO
TRIGÊMEO
REPERCUSSÕES DO TABAGISMO
NA GESTAÇÃO
ANO II - Nº 6 - JUNHO/2011
ISSN 2177-9082
Saúde
Sumário
NEVARLGIA DO NERVO TRIGÊMEO
Informe 01
Artigo 01
PAG. 04
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
A VÍTIMAS DE TRAUMA ABDOMINAL
FECHADO
PAG. 07
Artigo 02
Artigo 03
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ:
UMA AGRESSÃO DE NATUREZA
AUTO-IMUNE
PAG. 14
REPERCUSSÕES DO TABAGISMO
NA GESTAÇÃO
PAG. 20
Editorial
Direção Administrativa
a
O atendimento aos pacientes, em todas as áreas de saúde,
testam os profissionais diariamente,e, cada vez mais,
torna-se necessário o conhecimento destes nas mais
diversas áreas, e não apenas naquela em que é especialista,
exigindo que este busque informações para aprimorar sua
capacidade de discernimento entre as condutas a serem
tomadas em cada situação. Por este motivo a Revista In
Saúde trás a todos os leitores informações atualizadas nas
mais diversas áreas de conhecimento da saúde, no intuito
de ajudá-los em sua capacitação constante.
Boa leitura e bom proveito.
Prof Ms Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho
Prof Maria da Glória Uchôa dos Santos
Enfermagem
Mestra em Administração Sanitária e
Hospitalar (Suficiência Investigatória - UNEX
Espanha)
a
Prof Ana Cristina de Oliveira Borba Paulino
Administração
Mestra em Administração Sanitária e
Hospitalar (Suficiência Investigatória - UNEX
Espanha)
a
Prof Maria Zilene Mendonça do Prado
Enfermagem
Mestra em Enfermagem – UFRJ
Coordenação Técnica
o
Prof Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho
Zootecnia – Mestre
Corpo Editorial
Ana Flávia de Oliveira Borba Coutinho
Cíntia Bezerra Almeida
Elry Medeiros Vieira Neto
Fernandes Antônio Brasileiro Rodrigues
Glaydes Nely Sousa da Silva
Gustavo Gomes Agripino
Ideltônio José Feitosa Barbosa
Isabela Albuquerque Passos
Jaqueline Oliveira de Paiva Ferreira
José Carlos da Silva
Luciana Teles Carneiro
Maria Carmen de Araújo Melo Jardim
Maria Clemilde de Sousa
Maria de Fátima Gabino Siqueira
Maria de Fátima de Oliveira Coutinho
Maria do Carmo Braga Alvariza
Maria Eliane de Araújo Moreira
Marinei Grotta
Rovênia Maria de Oliveira Toscano
Wilma Dias Fontes
Projeto Gráfico
Gleryston Farias
Informe 01
SNEVRALGIA DO NERVO TRIGÊMEO
Trigeminal neuralgia
Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho
Mestre, Professor titular da disciplina de Microbiologia
e Imunologia dos cursos de Enfermagem e
Biomedicina da FAZER
E-mail: [email protected]
As nevralgias costumam ser provocadas por uma produção anómala de impulsos em um nervo sensitivo
com função de transmitir sensações dolorosas ao sistema nervoso central, ocorrendo sem que os seus receptores
específicos tenham sido estimulados, fazendo com que o cérebro elabore uma sensação de dor que é erroneamente
interpretada como proveniente da área corporal inervada, quando na verdade não existem patologias na área em
questão.
O nervo trigêmeo por sua vez é um nervo misto, tendo função sensitiva e motora, sendo o componente
sensitivo consideravelmente maior. Possui uma raiz sensitiva e uma motora. A raiz sensitiva é formada pelos
prolongamentos centrais dos neurônios sensitivos, situados no gânglio trigemial, que se localiza no cavo trigeminal,
sobre a parte petrosa do osso temporal. Os prolongamentos periféricos dos neurônios sensitivos do gânglio trigeminal
formam, distalmente ao gânglio, os três ramos do nervo trigêmeo, descritos por nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo
mandibular, sendo responsáveis pela sensibilidade somática geral de grande parte da cabeça, através de fibras que se
classificam como aferentes somáticas gerais. A raiz motora do trigêmeo é constituída de fibras que acompanham o
nervo mandibular, distribuindo-se aos músculos mastigatórios. A patologia mais freqüentemente associada a este
nervo é a nevralgia, que se manifesta por crises dolorosas muito intensas no território de um dos ramos do nervo.
Figura 1 - Nervo trigêmeo
Fonte: Dinamicsite, 2011.
04
ANO II - Nº 6 - JUNHO/2011
A neuralgia do Trigêmeo (NT) é a mais conhecida e debilitante forma de neuralgia facial. Também conhecida
como doença de Fortherghill, Tic Doloroso Facial ou Prosopalgia Dolorosa, sendo caracterizada pelos pacientes como
uma forte dor descrita como “latejante”, “queimação” ou “choque elétrico”; paroxística e de curta duração, durando
desde alguns segundos até minutos, com severidade e freqüência bastante variáveis de acordo com cada indivíduo e
área afetada. Normalmente idiopática, mas pacientes ocasionais têm tumores intracranianos ou malformações
vasculares que pressionam o nervo e também se comporta como uma doença isolada. No entanto, 4% dos indivíduos
com esclerose múltipla desmielinizante têm neuralgia do trigêmio e pacientes com osteonecrose cavitacional indutora
de neuralgia dos maxilares podem ter uma dor similar que se torna difícil de distinguir da neuralgia trigeminal.
A nevarlgia do trigêmeo é normalmente provocada por toque não nociceptivo (receptores nervosos da dor)
em uma “zona de gatilho” que pode ser na pele, na mucosa e até no próprio dente. A dor pode ser provocada por
estímulos táteis (pressão digital), geralmente na chamada zona-gatilho, que localiza-se em torno das narinas e da boca.
Ato de escovar os dentes, mastigar, falar ou mesmo um golpe de vento frio na face, podem desencadear um crise
dolorosa.
Na fase inicial da enfermidade a dor pode ser menos intensa, mas com o tempo ela tende a tornar-se mais
forte e insuportável, ao mesmo tempo em que os ataques se intensificam.
Figura 2 - Nevralgia do nervo trigêmeo
Fonte: Tor (2011)
A dor pode atingir qualquer região da face, dependendo do ramo do nervo trigêmio afetado. Os ramos
maxilar e mandibular são envolvidos mais comumente do que o oftálmico, em alguns casos podem ser afetados
simultaneamente dois ramos.
A dor da nevralgia do trigêmeo é recorrente e assintomática entre as crises que duram alguns segundos,
geralmente se localiza nas divisões do nervo trigêmeo, preferencialmente na segunda e na terceira, e tendo a divisão
mandibular como a principal região acometida.
Dada a grande malha de nervos na região facial (figura) a dor acaba por irradiar-se ou espalhar-se por outras
áreas do rosto, colocando em dúvida o diagnóstico.
A literatura demonstra de maneira geral que esta neuropatia mostram acomete mais pessoas idosas e do
gênero feminino, sendo rara antes dos 35 anos de idade. A média etária dos doentes, no início da sintomatologia, situase entre a sexta e oitava década de vida.
O diagnóstico da neuralgia trigeminal é complexo e deve incluir doenças cuja origem primária não está
sediada na face, sendo o exame clínico minucioso fundamental para fechar o diagnóstico, fundamentando-se na
história, no modo de apresentação, caráter, localização, padrão, fatores de melhora e piora e os sinais e sintomas
05
associados. Os resultado de exames complementares (radiografias, tomografia computadorizada, ressonância
magnética), avaliação oftalmológica, otorrinolaringológica e/ou odontológica e o resultado dos bloqueios de anestésicos
devem ser cuidadosamente analisados antes de serem validados.
O diagnóstico da nevralgia do trigêmio é fundamentalmente clínico e deve ser diferenciado de outras causas
de dor facial, como: carcinoma nasofaríngeo, arterite de células gigantes, linfoma intracraniano, sinusite etmoidal ou
esfenoidal, esclerose múltipla, trauma, nevralgia pós-herpética, cáries dos ossos da mandibula ou maxilar. A nevralgina
dentária, do glossofaríngeo (nono par de nervos cranianos), do geniculado (sétimo par de nervos cranianos) podem dar
clínicas semelhantes.
O tratamento desta nevralgia consiste no uso de anticonvulsivantes, miorelaxantes de ação central,
neurolépticos, anestésicos locais ou em intervenções cirúrgicas, quando necessárias, visando à interrupção das vias
trigeminais periféricas.
Literatura recomendada
DINAMICSITE. Nervo trigêmeo. Disponível em: http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/12/09/nevralgia-dotrigemeo/. Acesso em: 10 de junho de 2011.
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ANO II - Nº 6 - JUNHO/2011
e m :
Artigo 01
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉHOSPITALAR A VÍTIMAS DE TRAUMA ABDOMINAL FECHADO: REVISÃO
DA LITERATURA
Nursing interventions in pre-hospital care to victims of blunt abdominal
trauma: a review
Silva Filho, F.A.F1; Moreira, S.O.2
1. Enfermeiro. Mestrado Acadêmico em Ciências da Saúde –UNICSUL-SP ; Especialista
em Terapia Intensiva ; Especialista em Urgência e Emergência, Especialista em Saúde
Coletiva; Professor titular da disciplina de Saúde Coletiva , Fundamentos Históricos da
Enfermagem e Condutas e procedimentos ambulatoriais da Faculdade Santa Emília de
Rodat. ( [email protected] )
2. Enfermeira. Mestranda em Ciências da Saúde pela Universidade Cruzeiro do Sul UNICSUL-SP. Especialista em Urgência e Emergência. Concursada do Hospital de Trauma
Senador Humberto Lucena. Docente da Escola Politécnica de Saúde Cristo Rei.
([email protected] )
Resumo
O trauma é a principal causa de morte na faixa etária até 45 anos de idade, sendo superado apenas na quinta década de vida
pelas neoplasias e doenças cardiovasculares. Os traumas fechados de abdome representam um desafio, pois, são difíceis de detectar,
principalmente por estarem associados às lesões de múltiplos órgãos, alteração no nível de consciência, uso de drogas e analgésicos
que podem mascarar a dor e dificultar a avaliação inicial à vítima, necessitando estudos mais específicos. Este estudo tem por
objetivo descrever à luz da literatura à assistência no atendimento pré-hospitalar no trauma abdominal fechado. Trata-se de uma
pesquisa bibliográfica de caráter descritivo realizada em bibliotecas de faculdades privadas de João Pessoa-PB, além de pesquisas no
universo on line no período de fevereiro a outubro de 2009. Ficou evidente que os principais cuidados da equipe de enfermagem
consistem no controle das vias aéreas, pressão arterial, freqüência cardíaca, prevenção da hipotermia, manutenção de acesso
venoso calibroso para reposição volêmica, e monitorização contínua com oximetria de pulso. Conclui-se que a vítima acometida por
trauma abdominal fechado, deverá receber atendimento rápido, especifico, adequado e seguro, através do protocolo seqüenciado,
na expectativa de evitar a morte encefálica e o agravamento do quadro clinico, preservar os sinais vitais.
Palavras-chave Trauma. Abdome. Enfermagem.
Abstract
Trauma is the leading cause of death in the age group under 45 years of age, second only in the fifth decade of life for
cancer and cardiovascular diseases. The blunt trauma of the abdomen is a challenge because they are difficult to detect, mainly
because they are associated with multiple organ injuries, altered level of consciousness, drug and that analgesics can mask pain and
to impede the initial assessment to the victim, requiring further studies. This study aims to describe the light of literature on prehospital care in blunt abdominal trauma. It is a literature of descriptive character held in private libraries of colleges of João Pessoa,
and research in the online universe in the period from February to October of 2009. It was evident that the primary care nursing team
consisting of the control of the airways, blood pressure, heart rate, prevention of hypothermia, maintenance of venous caliber for
07
volume replacement, and continuous monitoring by pulse oximetry. We conclude that the victim struck by blunt abdominal
trauma should receive quick service, specific, accurate and secure, through the protocol sequenced, hoping to avoid brain death
and worsening of the clinical picture, protect vital signs.
Key-words: Trauma. Abdome. Nursing.
Introdução
O acidente é um evento ocorrido por acaso ou a partir de causas desconhecidas ou algo desastroso que ocorreu por
negligência, falta de atenção ou ignorância, o maior número de morte e lesões por trauma se enquadra nesta segunda opção e na
23
maioria das vezes pode ser prevenida .
O trauma é o que mais mata indivíduos de 0 a 50 anos em todo mundo, nos Estados Unidos hoje o trauma contuso
aparece com mais freqüência que o penetrante em decorrência da mudança no perfil epidemiológico, já que nesse país as leis
específicas e rígidas são mais claras e eficientes para indivíduos envolvidos em agressões, violência e uso de armas de fogo, o que
7
diminui sua incidência em relação aos paises da América do sul .
Definido como a principal causa de morte em crianças e adultos com menos de 44 anos de idade e a quarta causa de
morte nos Estados Unidos, o trauma é responsável por aproximadamente 80% das mortes em adolescentes, e 60% das mortes na
23
infância são decorrentes de algum tipo de trauma, sendo a sétima causa de morte em idosos .
Enquanto várias doenças são controladas a incidência dos traumas só aumenta e os acidentes de trânsito são
responsáveis por cerca de 50% destes, onde anualmente o número de mortes chega a 700 mil e 15 milhões entre ferimentos e
seqüelas, o uso de álcool junto com o comportamento de imprudência e negligência está frequentemente associado à ocorrência
5
destes acidentes .
O alto índice de mortes relacionado a acidentes de trânsito continua crescente e a estes está associada, sobretudo a
inconseqüência dos motoristas e pedestres, ao uso imprudente de álcool juntamente com a alta velocidade e ao não uso dos cintos
29
de segurança por parte dos passageiros .
O trauma fechado seja ele torácico ou abdominal requer maior atenção em virtude da ocorrência de sangramento
que muitas vezes é lento e gradual e sem correspondência clínica imediata.Na literatura estudos referem às lesões esplênicas e
hepáticas como as mais comuns no trauma abdominal fechado, sendo o diagnóstico baseado na cinemática do trauma e nos sinais
10
clínicos sugestivos destes tipos de lesões .
Recentemente tem se dado prioridade ao tratamento conservador em lugar do cirúrgico em pacientes com trauma
abdominal contuso, consistindo este na observação clínica rigorosa do paciente em lugar de laporotomia exploradora,
2
hepatectomia parcial e hepatorrafia, por exemplo, desde que o paciente apresente condições hemodinâmicas estáveis .
As estatísticas de imprudência e morte só aumentam e que apenas a formação específica dos profissionais, unidades
intensivas equipadas e uma interação entre essa rede complexa de atendimento não são suficientes, e que a educação e prevenção
10
contínuas são a chave e sem dúvida a melhor opção no círculo de atendimento .
As considerações acima apontam à relevância da temática em questão, surgindo o interesse para ampliar os
conhecimentos no ambiente pré-hospitalar, pela sua imprescindível relevância profissional, e estar sempre buscando qualificação
através de cursos para melhor assistir o paciente politraumatizado. A partir do exposto elaborou-se a seguinte questão de
pesquisa: Quais as intervenções de enfermagem no atendimento pré-hospitalar frente à pacientes com trauma abdominal
fechado?
Esperamos que esta pesquisa colabore como referencial para que os profissionais de saúde possam ampliar seus
conhecimentos acerca do tema e aperfeiçoarem a assistência que prestam a seus pacientes, oferecendo-lhes um serviço de
qualidade.
08
ANO II - Nº 6 - JUNHO/2011
Objetivo
Este estudo tem por objetivo descrever a luz da literatura à assistência de enfermagem no atendimento pré-hospitalar no
trauma abdominal fechado.
Metodologia
Este estudo foi uma pesquisa do tipo bibliográfica de natureza exploratória descritiva. A pesquisa bibliográfica compreende
um conjunto de conhecimentos reunidos em obras, cuja finalidade fundamental é conduzir o leitor a um determinado assunto e
oferecer a produção, apreensão, armazenamento, utilização e comunicações de informações coletadas para o desempenho da
pesquisa. Este tipo de pesquisa implica o ato de leitura, onde o pesquisador seleciona, ficha, organiza e arquiva tópicos de interesse
para a pesquisa que está realizando9.
A pesquisa foi realizada na biblioteca João Paulo II da Faculdade Santa Emília de Rodat, nas bibliotecas da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB), UNIPÊ, UNIPB localizadas na cidade de João Pessoa-PB e acervo disponível no universo on-line: Scielo,
Bireme, B.V.S. (biblioteca virtual de saúde).
Os dados foram coletados no período de agosto a novembro de 2009, por meio de um levantamento bibliográfico em
literatura pertinente, foi feita uma revisão da literatura, abstraindo-se o que é mais relevante ao objetivo proposto.
A pesquisa bibliográfica apresenta-se baseada em etapas sucessivas, onde estas não precisam seguir um roteiro rigoroso e
depende de fatores inerentes a pesquisa e ao pesquisador para serem determinadas. Diante disso os dados foram analisados de
acordo com a literatura pertinente, revisada e atualizada, avaliando a opinião dos autores especializados12.
Discussão
O abdome é a região do corpo onde é mais difícil fazer o diagnóstico correto de lesões traumáticas que necessitem de
correção cirúrgica e que quando não reconhecido é uma das principais causas de morte nos pacientes traumatizados 17.
O trauma abdominal pode ser fechado ou aberto, neste caso com solução de continuidade na parede abdominal 29. Porém,
neste trabalho iremos enfocar apenas o trauma abdominal fechado por ser este de difícil diagnóstico e maior causa de morte em
pacientes vítimas de trauma devido às complicações no quadro hemodinâmico do paciente.
O trauma fechado difere do aberto no que diz respeito ao impacto, no fechado o impacto se distribui em uma área mais
extensa não havendo solução de continuidade e formando uma cavidade temporária em decorrência da deformação dos tecidos
que voltam a sua posição de origem, no trauma penetrante o objeto que colide com o corpo rompe a pele28.
Abaixo as fotos retratam e mostram as diferenças entre um tipo de trauma e outro.a finalidade de recuperar o sistema
imunológico e evitar a progressão da doença. 4.
09
No trauma abdominal fechado, também conhecido como contusão do abdome, ocorre a transferência de energia cinética
(de movimento) para os órgãos internos lesionando-os. Os mecanismos de lesão abdominal por trauma abdominal fechado
podem ser por contusão, compressão, esmagamento e desaceleração e levam à ruptura das estruturas abdominais sólidas ou ocas
nos seus pontos de fixação. Neste tipo de trauma a avaliação minuciosa é indispensável, pois ela pode estar também acompanhada
de outras lesões como a de tórax aumentando o risco de complicações 1.
Nas lesões por compressão que acometem o fígado e o baço causam rompimento dos mesmos devido a serem prensados
pela coluna vertebral contra o volante ou painel durante uma colisão frontal, ou então como resultante do aumento da pressão no
abdome. Dentre as estruturas que circundam o abdome, a mais fraca é o diafragma e que constantemente é lesado podendo levar
a migração de estruturas abdominais para o tórax causando uma serie de outras complicações. Durante uma colisão o movimento
do corpo para frente cessa, porém os órgãos mantêm esse movimento, causando rupturas nos seus pontos de fixação. Outro tipo
de lesão que frequentemente ocorre durante a desaceleração é a laceração do fígado causada por seu impacto com o ligamento
redondo, a trajetória por baixo nas colisões com impacto frontal, ou em quedas em pé faz com que o fígado traga o diafragma para
junto com ele à medida que desce dentro do ligamento redondo, fazendo com que este seccione o fígado em duas partes 23.
No atendimento pré-hospitalar as vítimas serão classificadas pela gravidade das lesões, necessitando de uma abordagem
rápida para que as intervenções sejam aplicadas de forma a diminuir a deterioração e para que seja maximizada a sobrevivência da
vítima no ambiente hospitalar.Os casos de trauma abdominal devem ser assistidos em hospital de grande porte devido à
imprevisibilidade de evolução dos casos e a necessidade de equipe clínica, radiológica e cirúrgica, pela necessidade de
19
equipamentos para exames de imagens, laboratório, sala de cirurgia e unidade de terapia intensiva .
Sua abordagem diagnóstica será realizada de maneira diferente, já que não existem lesões externas que possam ser
exploradas, como no ferimento por arma branca, e também não existe trajetória de projétil como no ferimento por arma de fogo.
Aqui, o exame clínico e os parâmetros hemodinâmicos aliados à observação clínica evolutiva do paciente é que orientam quanto à
13
necessidade ou não de laparotomia exploradora .
O trauma contuso de abdome representa uma parcela importante dos traumas e a tendência nos últimos anos é a opção
pelo tratamento não-operatório em pacientes politraumatizados, evitando assim as complicações decorrentes das cirurgias como
infecções e hemorragias, contudo é necessário que o paciente esteja hemodinamicamente estável, consciente e não tenha lesões
15
graves associadas .
Para a escolha do método diagnóstico deve ser levada em consideração a expectativa do potencial de dano e deve ser
individualizada a cada lesão e depende do estado hemodinâmico do paciente e do mecanismo da lesão 27.
Se o paciente estiver consciente e, portanto, apto a fornecer dados de história em relação ao trauma e em relação à sua
sintomatologia, e juntarmos a esses dados o exame físico do abdome, poderemos, na grande maioria dos casos, terem segurança
na indicação da laparotomia exploradora 07.
Visto que o tempo é essencial ao atendimento ao traumatizado e que seu tratamento requer um acesso rápido as lesões
para a instituição de medidas terapêuticas, é desejável que se faça um atendimento sistematizado, e a esse processo se define
atendimento inicial, no qual se encontram o atendimento pré-hospitalar, a avaliação inicial (A, B, C, D, E), a ressuscitação, a
11
avaliação secundária (crânio- caudal), avaliação e cuidados definitivos .
O atendimento em ambiente pré-hospitalar prioriza a manutenção de uma via aérea pérvea, o controle de hemorragias
externas, inicio da infusão de soluções cristalóides para controle do choque, imobilização do paciente e sua transferência para um
4
centro de atendimento em trauma apropriado .
Durante a avaliação primária se forem identificadas alterações que ofereçam ameaça imediata à vida, será necessário à
implantação de intervenções imediatas antes de partir para avaliação secundária 16.
Afastado risco iminente de morte na avaliação primária por PCR, deve se dá prioridade a manutenção do estado
hemodinâmico do paciente com o controle do choque por hipovolemia através da administração de soluções cristalóides por
acesso venoso calibroso mantendo a pressão arterial sistólica acima de 90 mmHg com uma boa perfusão tecidual e pulso arterial
10
ANO II - Nº 6 - JUNHO/2011
19
abaixo de 100 bpm o que determina a estabilidade do paciente .
As principais intervenções ao paciente é manter no mínimo dois acessos venosos calibrosos, monitorar os sinais vitais com
oximetria de pulso, pressão arterial, e monitorização cardíaca, inserir sonda vesical de Foley (SVF) para monitorar o débito urinário,
descomprimir a bexiga e ver hematúria, além de sonda naso ou orogástrica (SNG/SOG) para esvaziar o estômago, descomprimir o
abdome e observar se há sangramentos e encaminhar rapidamente ao hospital de referência para diagnóstico e tratamento
16
definitivo .
A conduta no trauma abdominal consiste na avaliação rápida identificando lesões primariamente, iniciar o tratamento do
choque incluindo oxigênio em altas concentrações, utilizar calça pneumática antichoque (PASG) a fim de reduzir a hemorragia
intraperitoneal ou retroperitoneal suspeitada em pacientes com choque descompensado, imobilizar e transportar o paciente ao
hospital especializado e realizar reposição volêmica de cristalóides a caminho do hospital para não atrasar a continuidade de
atendimento, onde serão realizados exames para diagnóstico diferentemente do atendimento inicial 23.
Nos casos de pacientes hemodinamicamente instáveis com fraturas de bacia associadas o importante além da reposição
volêmica é controlar o foco de sangramento isso através do LPD e/ou FAST e que essa conduta deve ser prioridade seguida de
18
laparotomia exploradora, fixação da fratura e angiografia se necessário em ambiente hospitalar . A hipovolemia e conseqüente
estado de choque são responsáveis pela maioria das depleções de volume e ao repormos as perdas volêmicas destes pacientes,
devemos sempre ter em mente que estamos lidando com organismos hipermetabólicos, cuja demanda de oxigênio se encontra
aumentada e a meta a ser alcançada na reanimação do choque hipovolêmico é o controle hemodinâmico, que assim estabelecido,
recupera a oferta adequada de oxigênio aos tecidos.
Os cuidados dispensáveis a este paciente por parte da equipe de enfermagem consiste na sua monitorização contínua com
oximetria de pulso, pressão arterial, monitorização da freqüência cardíaca, manutenção de acesso venoso calibroso para
reposição volêmica, passagem de sondas nasogástrica e vesical, solicitação de exames de sangue e tipagem sanguínea,
providenciar material para LPD e preparar o paciente para possível intervenção cirúrgica, com tudo atentar para estados de
hipovolemia e descompensação hemodinâmica com hipotensão severa 29.
Conclusão
Considerando o trauma como uma doença, um evento nocivo que mata principalmente crianças e adultos até os 44 anos
de idade, fez-se importante a abordagem dessa temática para entendermos como os índices de trauma cresceram tanto, sendo
responsável por cerca de 80% das mortes em adolescentes e 60% na infância, sendo superada apenas pelas doenças
cardiovasculares e pelas neoplasias, isso dentro dessa faixa de idade.
A imprudência das pessoas explicam esses altos índices de óbitos e estes associados ao uso abusivo de álcool e drogas
relacionam-se constantemente ao grande número de acidentes, agressões e ferimentos por arma branca ou de fogo, fazendo do
trauma a doença do século. Embora não sendo o principal tipo de trauma nas estatísticas, o trauma abdominal fechado é o que
mais intriga, pela dificuldade no diagnóstico, pois este depende primariamente de uma visão crítica, analítica e minuciosa do
socorrista, onde a suspeita das lesões através da cinemática do trauma será o diferencial no atendimento a vitima. Esse
atendimento deve ser rápido e eficaz, na medida em que o atraso nas intervenções poderá ocasionar complicações e até o óbito do
paciente.
Ficou evidente que os principais cuidados da equipe de enfermagem consistem no controle das vias aéreas, pressão
arterial, freqüência cardíaca, prevenção da hipotermia, manutenção de acesso venoso calibroso para reposição volêmica, e
monitorização contínua com oximetria de pulso. Conclui-se que a vítima acometida por trauma abdominal fechado, deverá
receber atendimento rápido, especifico, adequado e seguro, através do protocolo seqüenciado, na expectativa de evitar a morte
encefálica e o agravamento do quadro clinico, preservar os sinais vitais.
É importante que ocorra mais investimentos em saúde, a criação de políticas públicas compatíveis com nossa realidade,
investimentos em educação, qualificação dos profissionais através de cursos na área pré-hospitalar, principalmente nas
11
universidades, onde esta área ainda é pouco explorada, investimentos em equipamentos de qualidade para que a assistência ao
ser humano não fique no improviso de materiais, ameaçando sua integridade física.
Contudo este trabalho se faz realmente importante e relevante para todos os profissionais da área de saúde, servindo de
base para futuros projetos científicos, para adquirir conhecimentos e qualificação profissional, já que trata-se de uma temática
atual e compatível com nossa realidade.
Referências
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acessado em: 04/11/2008.
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serviço de emergência. Rev. Col. Bras. Cirur. Vol.33, nº4, 2006.
13
Artigo 02
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ: UMA AGRESSÃO DE NATUREZA
AUTO-IMUNE
Guillain-Barre Syndrome: an autoimmune nature of aggression
Cunha Filho, P.M1, Almeida, N.B², Dantas, T. M.2, Diniz, R. F.2
1. Prof Ms Imunologia FASER ([email protected]).
2. Discente de Enfermagem FASER ([email protected];
[email protected]; [email protected]).
Resumo
A síndrome de Guillain-Barré (SGB) consiste em uma polirradiculopatia desmilielinizante inflamatória aguda auto-imune, na grande
maioria das vezes reversível, que se caracteriza por uma desmielinização principalmente dos nervos motores, podendo também
atingir os nervos sensitivos. Este trabalho teve como objetivo, identificar, a partir da literatura, a Síndrome de Guillain-Barré como
uma agressão de natureza auto-imune. Tratou-se de um estudo, com caráter bibliográfico, baseado na literatura pertinente ao tema,
desenvolvido no acervo bibliográfico da Faculdade Santa Emília de Rodat (FASER), bem como em outras fontes, tais como revistas e
sites indexados da internet, fundamentados á luz da literatura pertinente ao tema. A referida literatura aborda que o processo
fisiopatológico básico da SGB, no que se refere à desmielinização inflamatória, parece envolver fatores imunológicos. A teoria mais
aceita para a etiologia é a do mimetismo molecular, segundo a qual um organismo infeccioso contém um aminoácido que imita a
proteína da mielina de nervos periféricos. O sistema imune, então, não consegue distinguir as duas proteínas e ataca e destrói a
mielina dos nervos periféricos. A SGB começa tipicamente por fraqueza muscular e diminuição dos reflexos das extremidades
inferiores. Conclui-se que a realização deste estudo possibilitou ampliar a visão em relação à Síndrome de Guillain-Barré, como uma
agressão de natureza auto-imune à mielina dos nervos periféricos, contribuindo para aprimorar conhecimentos prévios acerca da
patologia.
Palavras chave: Síndrome; Guillain-Barré; Desmielinização; Doença auto-imune
ABSTRACT
Guillain-Barre syndrome (GBS) is an acute inflammatory polyradiculopathy demyelination autoimmune in most cases reversible,
which is characterized primarily by demyelination of motor nerves and may also affect the sensory nerves. This study aimed to
identify, from the literature, Guillain-Barre syndrome as an aggression of an autoimmune nature. It was a study in character
literature, literature based on the theme, developed in bibliographic College of Santa Emilia Rodat (faser), as well as other sources
such as magazines and Internet sites indexed, basis in the literature concerning the matter. The literature that discusses the basic
pathophysiological process of GBS in relation to inflammatory demyelination, seems to involve immunologic factors. The most
accepted theory for the etiology is that of molecular mimicry, whereby an infectious organism contains an amino acid that mimics
the myelin protein of peripheral nerves. The immune system then can not distinguish the two proteins and attacks and destroys the
myelin of peripheral nerves. GBS typically begins by muscle weakness and diminished reflexes of the lower extremities. We conclude
that this study allowed to broaden the concept in relation to Guillain-Barre syndrome as an aggression of the autoimmune nature of
peripheral nerve myelin, contributing to enhance prior knowledge about the disease.
Keywords: Syndrome; Guillain-Barré; Desmielinization; Auto-Immune disease
14
ANO II - Nº 6 - JUNHO/2011
Introducão
Em 1859, um médico francês chamado Jean B. O. Landry descreveu a SGB como um distúrbio dos nervos
periféricos que paralisava os membros, o pescoço e os músculos respiratórios. Em 1916, três médicos parisienses:
Georges Guillain, Jean Alexander Barré e André Strohl, demonstraram a anormalidade característica do aumento das
proteínas com celularidade normal, que ocorria no líquor dos clientes acometidos pela doença. Desde então, vários
investigadores se interessaram pela síndrome, colhendo informações adicionais sobre o distúrbio, e demonstrando que
outros músculos, além do grupo muscular dos membros e da respiração, poderiam ser afetados, como os da deglutição,
4
os do trato urinário, do próprio coração e dos olhos .
A SGB consiste em uma polirradiculopatia desmilielinizante inflamatória aguda auto-imune, na grande maioria
das vezes reversível, que se caracteriza por uma desmielinização principalmente dos nervos motores, mas pode atingir
também os nervos sensitivos. Caracteriza-se por comprometimento periférico ascendente, progressivo e geralmente
1
simétrico, na qual as manifestações motoras predominam sobre as sensoriais .
A SGB é um ataque auto-imune à mielina dos nervos periféricos. A conseqüência é a desmielinização segmentar
aguda e rápida de nervos periféricos e de alguns nervos cranianos, produzindo uma fraqueza ascendente com discinesia
2
(incapacidade de executar movimentos voluntários), hiporreflexia e parestesias (dormência) . A SGB é caracterizada por
inflamação e desmielinização dos nervos periféricos, provavelmente secundária a processo mediado
6
imunologicamente contra antígenos mielínicos .
A SGB constitui uma das formas mais freqüentes de neuropatia, sendo ela a que apresenta evolução mais rápida
sendo potencialmente fatal. Essa síndrome tem se tornado a primeira causa de paralisia flácida após a erradicação da
5
poliomielite . Caracterizada patologicamente por infiltração de linfócitos e macrófagos e por destruição medular, a SGB
pode ser considerada como uma doença de rápida instalação, porém, de evolução lenta e com grande demora para a
recuperação das seqüelas motoras. O paciente acometido pela SGB poderá permanecer imobilizado por tempo
indefinido, necessitando assim de cuidados de diversos profissionais, dentre eles, médicos, enfermeiros, psicólogos,
7
nutricionistas e de intervenção prematura de uma equipe de reabilitação .
Objetivo
Este trabalho teve como objetivo, identificar, a partir da literatura, a Síndrome de Guillain-Barré como uma
agressão de natureza auto-imune.
Metodologia
Tratou-se de um estudo, com caráter bibliográfico, baseado na literatura pertinente ao tema, desenvolvido no
acervo bibliográfico da Faculdade Santa Emília de Rodat (FASER), bem como em outras fontes, tais como revistas e sites
indexados da internet, fundamentados á luz da literatura pertinente ao tema.
15
Discussão
A SGB é uma patologia que ocorre em todo mundo, em qualquer época do ano, afetando adultos e crianças,
homens e mulheres, independente da classe social e hábitos de vida, parecendo ser mais freqüente com o avançar da
idade e mais comum nos homens, com incidência anual na América do Norte de 02 a 04 casos por 100.000 habitantes,
5
apresentando padrões epidemiológicos semelhantes no mundo todo .
A mielina é uma substância complexa que recobre os nervos, proporcionando isolamento e acelerando a
condução de impulsos do corpo celular aos dendritos. A célula que produz mielina no sistema nervoso periférico é a
2
célula de Schwann. Essa célula é poupada na SGB, possibilitando a remielinização na fase de recuperação da doença .
A desmielinização de nervos cranianos pode ocasionar várias manifestações clínicas. A desmielinização do
nervo óptico pode causar cegueira. A fraqueza muscular bulbar relacionada à desmielinização dos nervos
glossofaríngeo e vago acarreta a incapacidade de deglutir ou de eliminar secreções. A desmielinização do nervo vago
ocasiona uma disfunção autonômica, que se manifesta pela instabilidade do sistema cardiovascular. O quadro clínico
inicial é variável e pode incluir taquicardia, bradicardia, hipertensão ou hipotensão ortostática. Os sintomas de
2
disfunção autonômica ocorrem e remitem rapidamente. A SGB não afeta a função cognitiva nem o nível de consciência .
O principal aspecto patológico da síndrome de Guillain-Barré é a desmielinização segmentar dos nervos periféricos, o
4
que impede a transmissão normal dos impulsos elétricos ao longo das raízes nervosas sensoriomotoras .
A SGB começa tipicamente por fraqueza muscular e diminuição dos reflexos das extremidades inferiores. A
hiporreflexia e a fraqueza podem evoluir para tetraplegia. A desmielinização dos nervos que inervam o diafragma e os
músculos intercostais acarreta a insuficiência respiratória neuromuscular. Os sintomas sensoriais incluem parestesias
2
de mãos e pés e dor relacionada à desmielinização das fibras sensoriais .
A diminuição dos impulsos nervosos, e acometimento dos nervos podem acarretar em contraturas musculares
involuntárias. As contraturas ocorrem porque os músculos estão finos, uma vez que não estão sendo utilizados. Como os
músculos estão finos, atrofiados, e contraindo e relaxando involuntariamente, isto acarreta em uma exaustão muscular.
4
Podem ocorrer em associação alterações em articulações causadas pela falta ou impossibilidade de movimento . Dor
neuropática lombar ou nas pernas pode ser vista em pelo menos 50% dos casos. Fraqueza progressiva é o sinal mais
perceptível ao paciente, ocorrendo geralmente nesta ordem: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço. A
intensidade pode variar desde fraqueza leve, que sequer motiva a busca por atendimento médico em nível primário, até
tetraplegia completa com necessidade de ventilação mecânica (VM) por paralisia da musculatura respiratória
acessória3.
A incidência anual em todo o mundo da síndrome de Guillain-Barré é de 0,6 a 1,4 casos por 100.000 habitantes,
sendo mais freqüente em homens com idade entre 16 e 25 anos e entre 45 e 60 anos. Os resultados de estudos sobre a
freqüência de recuperação diferem, mas muitos deles indicam que 60 a 75% dos pacientes se recuperam inteiramente2.
Uma incidência aumentada dessa síndrome ocorreu após a vacinação conta gripe em 1976-1977, e por essa razão ela
continua a ser acompanhada no sistema de relato de eventos adversos da vacina2.
A morte ocorre em 5% dos casos, em conseqüência da insuficiência respiratória, disfunção autonômica,
16
ANO II - Nº 6 - JUNHO/2011
2
septicemia ou embolia pulmonar . Atualmente, as causas de óbito não mais estão relacionadas ao quadro de
1
insuficiência respiratória, mas às complicações infecciosas e trombóticas .
Um evento antecedente, mais comumente uma infecção viral, precipita as manifestações clínicas iniciais.
Campylobacter jejuni, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, Mycoplasma pneumoniae, Haemophilus influenzae e o vírus
da imunodeficiência humana (HIV) são os organismos infecciosos mais comumente associados ao desenvolvimento da
2
SGB . Aproximadamente 60%-70% dos pacientes com SGB apresentam alguma doença aguda precedente (1-3 semanas
antes), sendo a infecção por Campylobacter jejuni a mais freqüente delas (32%), seguida por citomegalovírus (13%),
3
vírus Epstein Barr (10%) e outras infecções virais, tais como hepatites por vírus tipo A, B e C, influenza e HIV . Mais de 75%
dos casos de SGB apresentam um antecedente de infecção clinicamente evidente ou manifestada por elevação nos
5
títulos de anticorpos séricos, no período de uma a três semanas antes do início do quadro de Guillain-Barré .
O diagnóstico da SGB é primariamente clínico. No entanto, exames complementares são necessários para
3
confirmar a impressão clínica e excluir outras causas de paraparesia flácida . Os pacientes com SGB devem
obrigatoriamente apresentar graus inequívocos de fraqueza em mais de um segmento apendicular de forma simétrica,
2
incluindo musculatura craniana. Os reflexos miotáticos distais não podem estar normais .
Os estudos eletrofisiológicos constituem o teste diagnóstico de maior especificidade, demonstrando com
bastante freqüência uma alteração do LCR. A maioria dos pacientes desenvolve uma dissociação albumino-citológica,
mas a concentração de proteínas no LCR é normal nos primeiros cinco a dez dias do transtorno, sendo verificado que em
alguns casos essa concentração se mantêm durante toda a evolução da doença8. Na análise do LCR, a elevação da
proteinorraquia acompanhada por poucas células mononucleares é o achado laboratorial característico, evidente em
7
até 80% dos pacientes após a segunda semana .
Existem dois tipos de tratamento para SGB: (1) antecipação e manejo das comorbidades associadas; (2)
tratamento da progressão dos sinais e sintomas visando menor tempo de recuperação e minimização de déficit motor3.
Assim, pacientes com SGB necessitam ser inicialmente admitidos no hospital para observação rigorosa. Melhores
cuidados são obtidos em centros terciários, com facilidades de cuidados intensivos e uma equipe de profissionais que
estejam familiarizados com as necessidades especiais destes pacientes. A fisioterapia motora deve ser iniciada nesta
fase com intuito de auxiliar na mobilização precoce.
Os fatores de risco para mau prognóstico funcional são idade acima dos 50 anos, diarréia precedente, início
abrupto de fraqueza grave (menos de 7 dias), necessidade de VM e amplitude do potencial da neurocondução motora
inferior a 20% do limite normal. O prognóstico motor é melhor nas crianças, pois necessitam menos de suporte
ventilatório e recuperam-se com maior rapidez3.
O processo fisiopatológico básico da SGB, no que se refere à desmielinização inflamatória, parece envolver
fatores imunológicos. Os mecanismos imunes celulares e humoral têm provavelmente um papel no desenvolvimento da
doença. Alguns pontos críticos da doença permanecem enigmáticos, incluindo a natureza e o local da resposta imune e
os fatores do hospedeiro que permitem o desenvolvimento do SGB1.
A SGB é conseqüente a um ataque imune celularmente mediado e humoral a proteínas da mielina de nervos
17
2
periféricos, causando uma desmielinização inflamatória . A teoria mais aceita para a etiologia é a do mimetismo
molecular, segundo a qual um organismo infeccioso contém um aminoácido que imita a proteína da mielina de nervos
periféricos. O sistema imune, então, não consegue distinguir as duas proteínas e ataca e destrói a mielina dos nervos
periféricos. Com o ataque auto-imune, há um influxo de macrófagos e outros agentes imunologicamente mediados que
atacam a mielina, causam inflamação e destruição e deixam o axônio incapaz de manter a condução nervosa. A
2
localização exata do ataque imune no sistema nervoso periférico é o gangliosídeo GM1b .
Os aspectos histopatogênicos da Síndrome de Guillain-Barré têm sido amplamente discutidos. A hipótese autoimune, conta hoje com a maioria dos adeptos e parece ocorrer nesta síndrome uma espécie de hipersensibilidade
retardada. Muitos confirmam a participação no mecanismo inflamatório dos nervos do linfócito T, presumivelmente
7
como uma resposta a uma infecção precipitante ou outro estímulo .
As lesões fisiopatológicas predominantes desta síndrome resultam da infiltração multifocal da bainha de
mielina por células inflamatórias mononucleares ou da destruição da bainha de mielina mediada por anticorpos
autoimunes. O indivíduo com SGB produz anticorpos contra sua própria mielina dos nervos periféricos e às vezes de
4
raízes nervosas proximais e de nervos cranianos .
Os estudos mostram que mais de 60% dos pacientes com SGB sofreram algum tipo de infecção nas semanas que
5
antecederam o início da síndrome . O agente infeccioso apresenta moléculas químicas, as quais serão reconhecidas pelo
sistema imunológico como antígenos. O organismo passa a produzir uma resposta específica contra esses antígenos
levando à produção de anticorpos específicos. Moléculas químicas presentes nos nervos periféricos e raízes espinhais
podem apresentar semelhança estrutural com os antígenos e serem atacadas pelos anticorpos produzidos em função
5
da infecção. A semelhança química entre essas moléculas é chamada de mimetismo molecular .
Conclusão
Baseado nos resultados obtidos é possível concluir que a realização deste estudo possibilitou ampliar a visão em
relação à Síndrome de Guillain-Barré, como uma agressão de natureza auto-imune à mielina dos nervos periféricos, de
rápida evolução, com a cura podendo ocorrer dentro de semanas a meses, podendo até mesmo apresentar
complicações e evoluir para uma forma potencialmente fatal.
As informações acerca da SGB ainda são deficitárias do ponto de vista etiológico, de diagnóstico, de tratamento
e prevenção; no entanto tal trabalho abrangeu informações de forma rápida e simples contribuindo para aprimorar
conhecimentos prévios acerca da patologia.
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7. COSTA, C. G. da. A importância dos cuidados de enfermagem na Síndrome de Guillain-Barré. 2009. 77f. Trabalho de
Conclusão de Curso - Faculdade Talentos Humanos, Uberaba.
8. SANTOS, C. M. T. et al. Como diagnosticar e tratar a Síndrome de Guillain-Barré. Revista Brasileira de Medicina, p. 63743, jul./set. 2004. Disponível em: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=2813>. Acesso
em 5 maio 2011.
19
Artigo 03
REPERCUSSÕES DO TABAGISMO NA GESTAÇÃO
Effects of maternal smoking during pregnancy
Freire, M.E.M.1; Silva, E.G.S.2; Almeida, N.B.3
1. Profa Ms Infecções transmissíveis da FASER
([email protected])
2. Enfermeira especialista em Saúde Pública
3. Discente de Enfermagem FASER
([email protected])
Resumo
O vício de fumar durante a gravidez acarreta sérios danos fetais. As conseqüências do tabagismo estão relacionadas à quantidade de
cigarros fumados diariamente pela gestante. Ao fumar, a gestante expõe o concepto não apenas aos componentes que cruzam a
placenta, mas também às alterações do oxigênio, do metabolismo placentário e do seu próprio metabolismo. Diante do exposto, o
estudo tem por objetivo, descrever a luz da literatura as repercussões do tabagismo para o binômio materno-fetal. Esse estudo foi
realizado a partir de uma pesquisa de cunho bibliográfico, sendo realizada em bibliotecas públicas e privadas de instituições de
ensino superior que oferecem cursos da área de saúde na cidade João Pessoa – PB. Foram utilizados livros, revistas de caráter
científico, bancos de dados indexados e sistemas de busca on-line, no intuito de responder a questão de pesquisa do estudo,
buscando assim alcançar o objetivo proposto. A referida literatura aborda o fato os efeitos prejudiciais do cigarro durante a gestação
são provocados pela ação de três de seus principais componentes químicos – monóxido de carbono, alcatrão e nicotina – os quais
atravessam livremente a barreira placentária. A exposição ao fumo durante a gestação é um forte fator de risco para efeitos
teratógenos humanos conhecidos. O útero tem seu suprimento sanguíneo diminuído e, conseqüentemente, a quantidade de
oxigênio e nutrientes transferidos para o feto é bem reduzida. O fumo afeta a placenta, a qual não consegue fixar-se
satisfatoriamente ao útero. Tais problemas levam ao nascimento de bebês prematuros e influenciam no desenvolvimento de
crianças de baixo peso em todas as fases, além disso, o tabagismo é um fator de risco materno para a Síndrome Hipertensiva
Gestacional. Conclui-se a presença do tabagismo na gestação é danosa, ocasionando inúmeras repercussões tanto na gestante
quanto no ser em desenvolvimento, sendo, portanto, necessário o conhecimento de tais repercussões e aplicabilidade de medidas
preventivas ä gestante fumante, no intuito de proporcionar uma boa qualidade de vida a mesma, bem como ao seu filho, durante o
período da gestação.
Palavras-chaves: Tabagismo, Gestação
Abstract
The addiction to smoking during pregnancy causes severe fetal damage. The consequences of smoking are related to the amount of
cigarettes smoked daily by pregnant women. When smoking, the mother not only exposes the fetus to the components that cross
the placenta, but also to changes in oxygen, placental metabolism and its own metabolism. In this light, the study aims to describe
the light of literature the effects of smoking to both mother and fetus. This study was conducted from a literature search of stamp,
being held in public libraries and private higher education institutions that offer courses in the area of ​health in the city João Pessoa PB. We used books, magazines, scientific, indexed databases and search engines online in order to answer the research question of
the study, thus seeking to achieve the objective. The literature discusses the fact that the harmful effects of smoking during
pregnancy are caused by the action of three of its main chemical components - carbon monoxide, tar and nicotine - which freely
cross the placental barrier. Exposure to smoking during pregnancy is a strong risk factor for effects of known human teratogens. The
20
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uterus has reduced its blood supply and, consequently, the amount of oxygen and nutrients transferred to the fetus is very small.
Smoking affects the placenta, which can not satisfactorily settle the uterus. Such problems lead to the birth of premature babies and
influence the development of low-weight children at all stages, in addition, smoking is a risk factor for maternal gestational
hypertension syndrome. In conclusion, the presence of smoking during pregnancy is harmful, causing numerous repercussions in
both the pregnant woman and being in development, therefore, requires knowledge of such effects and applicability of preventive
measures to pregnant smokers in order to provide a good quality the same life as well as your child during the pregnancy period.
Keywords: Smoking, Pregnancy
INTRODUÇÃO
Até pouco tempo, se dizia que o uso abusivo de drogas psicoativas por crescente parcela da população, estava ligado a
fatores psíquicos, morais e/ou comportamentais e advinham de desvios da personalidade. A Organização Mundial de Saúde admite
que se trata de uma doença orgânica desencadeada pela exposição a substâncias químicas excitantes, sedativas e alucinógenas, que
provocam no usuário predisposto o surgimento da dependência química. A predisposição orgânica para desenvolver dependência é
inata e multifatorial 1.
O grau de exposição necessário para que o indivíduo desenvolva a dependência varia de acordo com droga usada. As
drogas de uso mais freqüente e que levam à dependência química são as drogas ilícitas - maconha, cocaína e heroína - e as drogas
lícitas - tabaco e álcool. As repercussões das drogas lícitas durante a gestação são mais conhecidas do que das ilícitas. Devido à
aceitação social e o uso livre prestam-se melhor a estudos realizados, necessários para definir o risco materno e fetal 1.
O uso materno de álcool, tabaco e outras substâncias que alteram o humor pode ser prejudicial para o feto. Todas as
2
pacientes devem ser questionadas acerca do uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas .
O uso de substâncias químicas durante a gestação é um grande risco para o desenvolvimento de inúmeros problemas. No
entanto, não é fácil avaliar o uso habitual de substâncias químicas, pois algumas gestantes negam ou relatam histórias imprecisas e
distorcidas. Em alguns casos a tentativa de aconselhar a mulher a abandonar o vício, dependendo da forma como a mesma é
abordada, pode ser uma maneira de afastá-la da assistência pré-natal 3.
Diante do exposto, o estudo tem por objetivo, descrever a luz da literatura as repercussões do tabagismo para o binômio
materno-fetal.
Metodologia
Esse estudo foi realizado a partir de uma pesquisa de cunho bibliográfico, sendo realizada em bibliotecas públicas e
privadas de instituições de ensino superior que oferecem cursos da área de saúde na cidade João Pessoa – PB. Foram utilizados
livros, revistas de caráter científico, bancos de dados indexados e sistemas de busca on-line, no intuito de responder a questão de
pesquisa do estudo, buscando assim alcançar o objetivo proposto.
Abordagem geral acerca do Tabagismo
O tabagismo é um desvio de comportamento, disseminado mundialmente, socialmente tolerado e até exaltado durante
4, 5
muito tempo .
A referência mais antiga a respeito do tabaco é de mil quatrocentos e noventa e dois, de dois espanhóis que escreverem
6
sobre nativos americanos e diziam tê-los visto bebendo fumo .
O autor supracitado cita momentos em que o tabagismo não foi bem visto pela sociedade. Historicamente, em mil
seiscentos e quarenta e dois, fumantes eram ameaçados de excomunhão pelo papa. Na Turquia, fumar era considerado uma ofensa
21
capital. Na Rússia, o Imperador ordenava que fosse cortado o nariz de quem era consumidor de tabaco.
O primeiro país europeu a conhecer o tabaco foi a França, lugar onde a erva foi nomeada nicotina, homenageando Jean
Nicot, que viveu de mil quinhentos e trinta a mil e seiscentos. Nicot divulgou os efeitos curativos da planta depois que teve uma
7
úlcera cicatrizada em sua perna após o uso da mesma .
A princípio o consumo da nicotina era feito através de cachimbos, charutos, inalação do pó e mastigação das folhas. O
hábito de fumar cigarros começou só a partir do século XX, quando a indústria passou a fabricá-los amplamente, o que favoreceu o
5,7
uso, a dependência e o aumento de doenças relacionadas ao fumo .
A fumaça do cigarro tem cerca de cinco mil substâncias químicas, dezenas delas com propriedades cancerígenas, como
7
alcatrão, níquel, cádmio e benzopireno .
Estima-se que cerca de metade da população que fuma morrerá de problemas decorrentes do tabagismo, um quarto dessa
6
população morrerá prematuramente e um quarto em idade avançada . A nível de Brasil, onde anualmente cerca de duzentos mil
8
indivíduos morrem precocemente devido a doenças causadas pelo tabaco . Segundo informações da OMS, no Brasil anualmente há
7
em média oitenta mil óbitos em conseqüência do tabagismo .
6
Estima-se que cada cigarro diminui em onze minutos a esperança de vida de um indivíduo .
Após um ciclo inicial de consumo e tolerância o fumante estabelece um nível de uso estável, fornecendo um estímulo
praticamente contínuo, por isso que quando o nível de nicotina cai surge o desejo de fumar. No entanto, fumantes eventuais não
têm esse problema, pois como eles não têm nicotina residual no sangue, podem parar ou começar a fumar quando quiserem, e não
6,7
apresentam sintomas de abstinência .
A queima do tabaco além de provocar agressões diretas nos tecidos e reações fisiopatológicas no organismo do fumante,
prejudica também aqueles que se encontram no mesmo ambiente que estes, tornando-os fumantes passivos das substâncias
5
exaladas, principalmente se o ambiente é fechado .
O risco dose-dependente para os fumantes aumenta com a duração, a quantidade e o tempo de exposição ao tabaco. A
dependência do fumo está diretamente relacionada ao número de cigarros fumados, a quantidade de alcatrão existente no cigarro,
as características do filtro e a profundidade da inalação 4.
Abandonar o tabagismo é um meio de promover saúde, pois eleva a capacidade de tolerância a exercícios, melhora o
9
funcionamento das papilas gustativas, impede o aparecimento de rugas na pele e melhora o hálito .
Repercussões do Tabagismo durante a Gestação
O vício de fumar durante a gravidez acarreta sérios danos fetais, já devidamente reconhecidos e relatados 10. As
11
conseqüências do tabagismo estão relacionadas à quantidade de cigarros fumados diariamente pela gestante .
Os efeitos prejudiciais do cigarro durante a gestação são provocados pela ação de três de seus principais componentes
12
químicos – monóxido de carbono, alcatrão e nicotina – os quais atravessam livremente a barreira placentária .
Embora existam outras substâncias químicas presentes no cigarro que representam risco para a gestação, há uma maior
preocupação com a nicotina e o monóxido de carbono, pois além de serem fetotóxicas, têm efeitos vasoativos e reduzem os níveis
11,12
de oxigênio .
O monóxido de carbono quando inalado aumenta a concentração de carboxiemoglobina no sangue materno-fetal, que
dificulta o transporte de oxigênio pela hemácia, causando hipoxemia, consequentemente. Enquanto que o alcatrão ocasiona
distúrbios no sistema enzimático placentário, dificultando o transporte de nutrientes necessários ao crescimento fetal. Já a nicotina
pode causar vasoconstricção, ocasionando aumento da resistência vascular placentária e fetal, que agrava a hipoxemia e dificulta
ainda mais o crescimento fetal 12.
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A ação da nicotina faz com que ocorra liberação de epinefrina levando a uma redução significante do fluxo sanguíneo
11
uterino, o que resulta em aumento da resistência vascular . A nicotina quando age no sistema cardiovascular, ocasiona liberação de
catecolaminas na circulação materna, ocasionando taquicardia, vasoconstrição periférica e redução do fluxo sanguíneo placentário
13
.
Os fatores mencionados associados e agravados pela anorexia comumente vista em gestantes tabagistas, respondem pelo
12
crescimento intra-uterino retardado. Esse dano fetal mostra-se fortemente vinculado ao hábito de fumar .
A exposição ao fumo durante a gestação é um forte fator de risco para efeitos teratógenos humanos conhecidos. A seguir
iremos apresentar através de uma tabela os estágios mais sensíveis e menos sensíveis dos efeitos dos agentes teratogênicos durante
14
o desenvolvimento embrionário-fetal .
Tabela 1 – Efeitos dos agentes teratogênicos no desenvolvimento.
O tabagismo durante a gravidez prejudica o desenvolvimento da criança que está sendo gerada. O útero tem seu
suprimento sanguíneo diminuído e, consequentemente, a quantidade de oxigênio e nutrientes transferidos para o feto é bem
reduzida. O fumo afeta a placenta, a qual não consegue fixar-se satisfatoriamente ao útero. Tais problemas levam ao nascimento de
7
bebês prematuros e influenciam no desenvolvimento de crianças de baixo peso em todas as fases .
Os danos fetais são ocasionados pelo suprimento sanguíneo placentário diminuído. Ao fumar a gestação, expõe o concepto
não apenas aos componentes que cruzam a placenta, mas também às alterações do oxigênio, do metabolismo placentário e do seu
13
próprio metabolismo .
Não só as substâncias químicas do tabaco, mas quase todas as drogas têm a capacidade de atravessar a placenta. Uma vez
que a droga tenha atingido o compartimento fetal sua eliminação torna-se difícil pela limitação dos mecanismos de filtração do
11
organismo do concepto, o qual está intimamente vinculado e dependente do organismo da mãe para eliminar substâncias nocivas .
Outro fator que influencia nesses mecanismos de filtração é a imaturidade dos órgãos fetais, principalmente dos rins e do fígado.
23
Isso sem dúvida é um obstáculo na eliminação fetal das drogas. A recirculação da droga no organismo do feto pela
eliminação da urina fetal e posterior deglutição, passando pelo trato gastrintestinal, impede a remoção das drogas. Por outro lado, a
passagem direta das substâncias da droga para a grande circulação, através do ducto venoso, facilita a atuação da droga no concepto
7
.
O maior risco de prematuridade, crescimento intra-uterino retardado e baixo peso ao nascer ocorrem no terceiro trimestre
de gestação. Este risco aumenta proporcionalmente ao número de cigarros fumados por dia. Gestantes que fumam durante o
segundo e/ou terceiro trimestre têm risco igual àquelas que fumam durante toda a gravidez. Durante o terceiro trimestre o risco é
10
maior por ser a fase em que o fumo mais atua como fator de redução do desenvolvimento fetal .
7
Estudos mostram que a cessação do uso do fumo no início da gestação resulta em um peso adequado da criança ao nascer .
O hábito de fumar durante a gestação também pode causar aumento na incidência da subfertilidade, gravidez ectópica,
abortamento espontâneo, baixo peso ao nascer, parto prematuro, placenta prévia, rotura prematura das membranas e parto pré7
termo .
Dentre as possíveis conseqüências maternas decorrentes do cigarro em gestantes tabagistas: “abortamento espontâneo,
16
descolamento prematuro de placenta, placenta prévia, ruptura prematura ou prolongada das membranas e amnionite” .
O tabagismo está entre os principais fatores de risco para Placenta Prévia e Descolamento Prematuro de Placenta – DPP. Na
placenta prévia ocorre a implantação da mesma no segmento inferior do útero. Acredita-se que há hipertrofia compensatória das
vilosidades coriais, levando ao aumento da ocorrência da placenta prévia, devido à hipoxia relativa. O DPP ocorre por má perfusão
placentária com necrose e infartos da decídua basal, em conseqüência das substâncias químicas do tabaco. Vale salientar que a
12
agilidade com que o dano fetal se instala é função da área placentária comprometida .
Estudos têm demonstrado a associação do consumo de vinte cigarros por dia com anomalias congênitas do tipo
“gastrosquise, onfalocele, atresia de intestino delgado, fenda labial e palatina, hidrocefalia, microcefalia e anomalias nas mãos”.
11
Essas anomalias podem ser provavelmente pelo efeito vasoativo do fumo .
A prematuridade é um achado freqüente na maioria dos casos de gestantes que fumam mais de vinte cigarros por dia, além
12
de recém-nascidos com baixo peso .
O tabagismo tem um efeito sobre o crescimento fetal, denominado Efeito Dose-Resposta, onde filhos de mães fumantes
são, em média, duzentas gramas mais leve do que os de mães não-fumantes. Nesse caso, o risco da criança nascer de baixo peso é
17
dobrado e o risco de crianças pequenas para a idade gestacional é de duas a três vezes maiores .
Gestantes que fumam mais de dez cigarros por dia têm maiores riscos de abortamento, pois a vasoconstricção e os danos
11
placentários causados pelas substâncias químicas do cigarro podem implicar na gênese do abortamento em fumantes .
O consumo de apenas dois cigarros seguidos já é suficientemente capaz de repercutir em ligeira depressão respiratória
fetal. O que também tem efeito no desenvolvimento pós-natal, visto que são mais freqüentes as internações por bronquites e
pneumonias de filhos de mães tabagistas. Por isso é importante não expor o recém-nascido ao fumo, devido o aumento na
18
incidência de distúrbios respiratórios .
Vale salientar que filhos de pais tabagistas têm maiores riscos para desenvolver infecções respiratórias, tais como asma,
6
bronquite, pneumonia e sinusite .
Não há evidências que os defeitos congênitos graves estejam ligados ao tabagismo, porém ele pode contribuir
19
efetivamente para o retardo mental, a deficiência do crescimento intra-uterino e distúrbios do comportamento .
Outro aspecto importante para ser destacado é que a nicotina pode estar presente no leite de lactentes fumantes, bem
como pode diminuir a produção láctea. Entretanto, os benefícios do leite materno têm a capacidade de superar os riscos dessa
exposição. Por isso é importante que o apoio à mãe e a instrução sobre a importância da amamentação comecem o quanto antes,
principalmente durante o período pré-natal, portanto a promoção da amamentação deve ser vista como forma de educação em
24
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14
saúde, tão importante quanto segurança infantil e imunização .
“Investigações não conclusivas sugerem que o tabagismo, além de reduzir a produção láctea, provoca no lactente
irritabilidade, irregularidade no padrão de sono e aumento de cólicas abdominais” 1.
Não podemos deixar de ressaltar que, além de tudo isso, o tabagismo é um fator de risco materno para a Síndrome
20
Hipertensiva Gestacional .
13
Machado e Lopes , identificaram em sua pesquisa que as gestantes fumantes eram menos assíduas nas consultas de prénatal, apresentando número de consultas inferior ao preconizado pelo Ministério da Saúde.
Vendo por outra ótica, os autores Mello, Pinto e Botelho 10 lembram que ao longo da gestação boa parte das gestantes
fumantes reduz a quantidade de cigarros fumados. Nas últimas décadas, observou-se pequena redução no percentual de gestantes
fumantes e na quantidade de cigarros fumados durante a gestação. Cerca de vinte e um por cento delas alcançam abstinência
quando chegam à época do parto. No entanto, este abandono parece não ser definitivo.
10
Vale salientar que o abandono do tabagismo é mais comum entre mulheres com melhor escolaridade e renda . Em
12
contrapartida, a maior prevalência do tabagismo ocorre em mulheres com baixa escolaridade e classes sociais de baixa renda .
O tabagismo durante a gestação é um problema complexo, pois envolve nas suas complicações, uma série de fatos que
interferem danosamente na vida da família, da sociedade e do indivíduo, e principalmente, nos filhos de mulheres tabagistas 13.
Portanto, não é fácil a abordagem a uma gestante tabagista, por isso é preciso repensar a assistência que será prestada a
essa clientela. Para isso vamos abordar a seguir aspectos que poderão auxiliar melhor o enfermeiro a nortear sua assistência às
gestantes que têm o hábito de fumar.
Discussão
A gestante está sujeita a diversas prescrições e proibições para modificar seu estilo de vida. Frequentemente, não há
opções de recusa, principalmente quando se trata do tabagismo durante a gestação. Para isso ela deve estar bem ciente que se
quiser manter uma gestação saudável prezando pela sua qualidade de vida e, principalmente do seu filho em formação e
desenvolvimento, deve seguir algumas recomendações importantes advindas por parte dos profissionais de saúde.
O enfermeiro deve estar preparado para receber os mais diversos tipos de pacientes ou clientes, principalmente quando
trabalha na atenção básica de saúde.
Cabe ao enfermeiro, através do pré-natal, orientá-las quanto aos perigos do tabagismo, que podem repercutir no pré e pósnatal; planejar e executar estratégias de combate e, principalmente dar apoio psicológico a essas mulheres, incentivando-as a
abandonar o vício, não só durante a gestação, mas também depois, para evitar outras complicações e optar por escolhas saudáveis
de estilo de vida. Por isso que é importante para o diagnóstico clínico questionar na amamnese o uso do tabaco.
Diante da problemática, o melhor conhecimento, a demonstração de compreensão e o apoio à gestante, têm-se mostrado
como ações capazes de aumentar os índices de abstinência como forma efetiva de controle. Talvez seja por isso que os grupos de
mútua ajuda, como Narcóticos Anônimos e Alcoólicos Anônimos, têm obtido melhores resultados no controle da dependência
química, já que a visão do problema é despida de preconceitos e alicerçada na vivência sofrida de cada participante.
Tendo em vista a quase universalidade do atendimento pré-natal no Brasil, a gravidez deve ser vista como o momento ideal
para incentivar o abandono do tabagismo, pois nesse período ocorre intensificação dos contatos com profissionais de saúde,
propiciando, assim, oportunidade para que esse incentivo ocorra com efetividade.
Nesse sentido, é importante que os profissionais que realizam assistência materno-infantil orientem as gestantes
fumantes, destacando os grandes malefícios sobre a sua saúde e, principalmente, a de seu filho, tanto na vida intra-uterina quanto
após o nascimento.
A pesquisa nos apresentou muitos problemas que podem ser identificados em filhos de mães tabagistas. Dentre eles
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destacamos os mais relatados entre os autores: risco maior de abortamento, crescimento intra-uterino retardado, recém-nascidos
de baixo peso, susceptibilidade para o desenvolvimento de doenças respiratórias como asma, bronquite, pneumonia e sinusite.
Além do mais o tabagismo pode ocasionar alterações de risco para a gestação, a exemplo de placenta prévia e descolamento
prematuro de placenta.
Diante de tantos problemas e do estudo do desenvolvimento embrionário-fetal, das modificações maternas e da circulação
materno-fetal, acreditamos que de fato estas alterações estão ligadas ao comprometimento da placenta ocasionado pelos
componentes químicos do cigarro, dentre as mais de quatro mil substâncias químicas destacamos as três principais que têm a
capacidade de atravessar livremente a placenta: monóxido de carbono, alcatrão e nicotina.
Vale salientar também que as repercussões do tabagismo durante a gestação estão diretamente relacionadas à quantidade
de cigarros e profundidade das tragadas dos cigarros fumados diariamente pela gestante.
Muitos são os problemas encontrados na literatura, mas muito ainda se tem para pesquisar acerca das repercussões do
tabagismo. Esse é um problema crescente e evidente, por isso também que é imprescindível que o profissional de saúde, com
destaque o enfermeiro esteja preparado para atender, orientar e acolher essas gestantes.
Considerações finais
Durante a realização dessa pesquisa, percebemos que muitos problemas ocasionados por ocasião do tabagismo durante a
gestação se repetem entre os autores, por isso tentamos ao máximo fazer com que as informações não se repetissem, mas que se
complementassem, sendo assim, tentamos oferecer um estudo ampliado e completo acerca das repercussões do tabagismo na
gestação.
Acreditamos que as estratégias para difundir tais repercussões ainda são tímidas e que podem ser melhoradas se estas
informações chegarem aos conhecimentos de todos os profissionais de saúde, aos gestores e aos usuários dos serviços de saúde,
principalmente às mulheres em idade reprodutiva, quando iniciam sua vida sexual.
É importante destacar que o tabagismo entre mulheres com idade fértil é uma realidade que pode ser modificada a partir
do empenho de toda a sociedade - governo, imprensa, juristas, educadores, líderes religiosos, conselhos, sociedades e entidades de
classe da área da saúde. Por isso que é importante que esse empenho comece por nós profissionais de saúde, nas ações de
planejamento familiar, na orientação pré-gestacional ou mesmo (e principalmente) no pré-natal na prestação do cuidado maternofetal.
Considerando todos os efeitos nocivos do tabagismo, tanto para a saúde da mulher quanto para a formação e o
desenvolvimento do novo ser – o concepto – torna-se imprescindível eliminar o hábito de fumar em todas as fases da gestação e no
pós-parto.
Sabemos que as consequências do hábito de fumar não são apenas as gestantes ou para seus filhos, mas todos aqueles que
fumam estão sujeitos às mais diversas consequências para sua saúde, desde simples problemas respiratórios ate problemas de
maiores repercussões como diversos tipos de cânceres.
Diante dessa perspectiva, é importante que campanhas contra o tabagismo ocorram direcionadas aos mais diversos grupos
de pessoas da sociedade e que profissionais de saúde como obstetras, pediatras, enfermeiros e agentes de saúde estejam
conscientes e sejam treinados em relação ao controle do tabagismo, pois esses profissionais são a base do sucesso dos programas de
abordagem do fumo na gravidez e na primeira infância.
Para que esta realidade se torne bem sucedida no Brasil, é necessário o desenvolvimento de uma política pública bem
definida de apoio à cessação do tabagismo durante a gestação, objetivando a melhoria da saúde da população. Tendo em vista que o
controle do tabagismo é o melhor e mais barato meio de se prevenir, tratar e curar várias doenças, especialmente durante a
gestação.
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Referências
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Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2008, vol.91, n. 1, ISSN 0066-782X.
27
Praça Caldas Brandão s/n, Tambiá
João Pessoa - Paraíba - Brasil - CEP 58020-560
Fone: +55 (83) 3214.4820
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