A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS: REVISANDO A LEGISLAÇÃO E CONCEITOS. CANTELLE de PINHO, Graziela (UNIOESTE) [email protected] 1. Introdução A história da educação dos surdos é marcada por lutas e conquistas, sendo a mais importante delas, a superação do paradigma de incapacidade da pessoa surda evidenciando que por meio de sua língua adquire o conhecimento científico, tornandose um cidadão ativo na sociedade, para tanto o presente trabalho num primeiro momento irá tratar da educação dos surdos, antes, porém é necessário compreender a trajetória histórica desses sujeitos numa perspectiva mais ampla destacando as fundamentações teóricas, filosóficas, políticas e ideológicas que influenciaram bem como os métodos que foram e ainda são utilizados para escolarização desses sujeitos, passando pela antiguidade até chegar a atualidade, salientando a importância da Língua de Sinais nesse processo. Num segundo momento, será apresentada as legislações que foram/são importantes no processo de inclusão da pessoa surda, quando foram sancionadas e o objetivo de cada uma delas, bem como as mudanças de conceitos e terminologias que estão sendo usados. 2. Metodologia A trajetória social da pessoa Surda sempre esteve dialeticamente implicada com a concepção de homem e cidadania ao longo do tempo. No período compreendido entre a Antiguidade e a Idade Média, para os gregos e os romanos, entre outros povos, os Surdos eram vistos como seres incapazes, as crianças que nasciam surdas eram considerados como “defeituosas”, sendo sacrificadas, lançadas em rios e dos rochedos, vistos como inúteis à coletividade. Por não dominar uma língua(gem), para Aristóteles, os Surdos eram considerados como sujeitos sem alma, incapazes de raciocinar; logo, não eram humanos, por não serem considerados humanos não poderiam participar da igreja, por não terem uma língua oral não podiam falar os sacramentos, sendo privados de seus direitos. Contudo a partir do século XVI na Espanha, os surdos passaram a receber educação, onde fora criada a primeira escola para Surdos com o Monge Pedro Ponce de 2 Léon, o qual se utilizava da datilologia e alguns sinais como abordagem pedagógica. Depois disto, muitos outros métodos se desenvolveram. Na França, no século XVIII Charles M. L’Epée (1712 – 1789), considerado “Pai dos surdos”, usava a metodologia gestual para ensinar os surdos, iniciou o seu trabalho com duas irmãs surdas e posteriormente fundou a primeira escola para surdos o Instituto Nacional para SurdosMudos1 de Paris, ele conseguiu reconhecer que os surdos tinham uma maneira de se comunicar, através de sinais, e que este poderia ser usado para ensinar/educar o surdo. Para Sacks (1990, p. 37), L´Epée criou a partir da: [...] linguagem de ação, uma arte metódica, simples e fácil, pela qual transmitia a seus pupilos ideias de todos os tipos e até mesmo, ouso dizer, ideias mais precisas do que as geralmente adquiridas através da audição. Enquanto a criança ouvinte está reduzida a julgar o significado de palavras ouvidas, e isto acontece com frequência, elas aprendem apenas o significado aproximado; e ficam satisfeitas com essa aproximação por toda a vida. É diferente com os surdos ensinados por L’Epée. Ele só tem um meio de transmitir ideias sensoriais: é analisar e fazer o pupilo analisar com ele. Assim, ele os conduz de ideias sensoriais a abstratas; podemos avaliar como a linguagem de ação de L’Epée é vantajosa sobre os sons da fala de nossas governantas e tutores. Na mesma época em que na França ocorriam grandes avanços na educação dos Surdos, na Alemanha, no ano de 1750, surgia a filosofia educacional oralista. O oralismo2 era defendido por Samuel Heinick, que acreditava no ensino da língua oral, ou seja, a oralização do sujeito Surdo, pois rejeitava o uso de gestos, com o objetivo de integrá-los à sociedade por meio do treinamento da fala. O trabalho com surdos teve inicio no Brasil em 1857, quando foi fundada a primeira instituição especializada em 26 de setembro deste ano, o atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES) sobre a supervisão do professor surdo Francês Ernest Huet a convite de Dom Pedro II, o qual desenvolveu uma metodologia baseada na datilologia e na língua de sinais francesa. A educação das pessoas surdas por meio da língua de sinais foi proibida no ano de 1880, com o Congresso de Milão, na Espanha, onde foi decidido que o método oral 1 Neste trabalho, apresenta-se o termo “surdo-mudo” como o termo usado na Idade Média. Segundo Fernandes (2011), as expressões surdo-mudo e mudinho, embora muito usadas, são pejorativas e exemplificam uma visão preconceituosa em relação às pessoas surdas. Os Surdos não são mudos, apenas não falam porque não ouvem, mas têm o aparelho fonoarticulatório em plenas condições de funcionamento vocal. 2 Segundo Soares (1999), o oralismo, ou método oral, é o processo pelo qual se pretende capacitar o surdo na compreensão e na produção de linguagem oral e parte do princípio de que o indivíduo surdo, mesmo não possuindo o nível de audição para receber os sons da fala, pode se constituir em interlocutor por meio 3 seria a metodologia mais adequada para a educação dos surdos. O oralismo perdurou por 100 anos, este método consiste no treinamento da fala, leitura labial dentre outros, segundo Perlin e Strobel a modalidade oralista baseia-se na crença de que é a única forma desejável de comunicação para o sujeito surdo, e a língua de sinais deve ser totalmente evitada por que atrapalha o desenvolvimento da oralização. Conforme Rossetto (2009), o método oral, que consiste em trabalhar a linguagem dos ouvintes, é um método difícil e o que mais contradiz sua natureza; no entanto, parece ser o que mais proporciona acesso à sociedade humana. A dificuldade em ensinar a falar aos surdos não é somente um problema especial de método, mas um problema central dos fundamentos principais da surdo-pedagogia, ou, ainda, “[...] la enseñanza del lenguaje depende de la solución de los problemas más generales de la educación” (VIGOTSKI apud ROSSETTO, 2009, p. 47). Nos meados do ano de 1960 com o fracasso do oralismo, iniciou-se a proposta educacional da Comunicação Total que defende o uso de todos os recursos visuais e materiais, privilegiando a comunicação e não a língua. De acordo com Goldfeld, a comunicação total em oposição ao oralismo, acredita que somente o aprendizado da língua oralizável não assegura pleno desenvolvimento da criança surda. As duas fases citadas acima, constituíram grande parte da educação dos surdos, mas ao despertar das comunidades surdas, percebendo a importância do uso de sinais, com os avanços das pesquisas relacionadas à educação e aquisição da linguagem. A partir dos anos 60, nos Estados Unidos um pesquisador chamado Willian Stokoe, iniciou os seus estudos sobre as línguas de sinais em especial ASL (American Sign Language – Língua Americana de Sinais), o autor concluiu que elas ocupavam todos os requisitos científicos para serem consideradas línguas, tendo estrutura gramatical própria, assim como as línguas orais e que esta deveria ser utilizada na escolarização da pessoa Surda. Aliado ao estudo de Stokoe surge uma nova e atual proposta educacional, o Bilinguismo, que se fundamenta no ensino de duas línguas para o sujeito surdo, sendo a língua de sinais como 1ª língua (língua materna), e 2ª língua, o português na modalidade escrita. Veremos nos próximos itens sobre as legislações, e a oficialização a libras no Brasil. da linguagem oral. 4 Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE demonstram que existem 24,5 milhões de pessoas com deficiência no país, ou seja, 14,5% da população, sendo que desse total, 16,7% apresentam deficiência auditiva. Segundo o Censo Escolar de 2000, 80% dos alunos surdos que ingressam na escola não completam o Ensino Fundamental e só 3% completam o Ensino Médio. Soares (1999) destaca que a educação do surdo voltou-se mais ao desenvolvimento da comunicação do que a transmissão de conhecimentos, ou seja, o objetivo da escola era somente de fazer o aluno com surdez ter condições de se comunicar, esquecendo-se do aprendizado ao qual os alunos ouvintes têm acesso e que é direito de todos. Segundo Sassaki (1999), inclusão é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seu contexto as pessoas com necessidades especiais, na educação, as escolas comuns devem adaptar-se à diversidade dos seus alunos. De acordo com o conceito citado anteriormente, observa-se que cabe a escola criar estratégias para incluir os alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular, de acordo com as necessidades individuais de cada um. Um outro documento a Declaração de Salamanca - (1994) ressalta que: "as escolas regulares com orientação para a educação inclusiva são o meio mais eficaz no combate às atitudes discriminatórias, propiciando condições para o desenvolvimento de comunidades integradas, base da construção da sociedade inclusiva e obtenção de uma real educação para todos". A Declaração de Salamanca permite perceber a real importância da inclusão da pessoa com deficiência na educação, pois seu convívio e aprendizado com outras pessoas só lhe trará benefícios e crescimentos, tanto no âmbito educacional como social. Inclusão significa responsabilidade governamental, bem como reestruturação da instituição que receberá o indivíduo com necessidades especiais, tornando-se apta a dar resposta ás necessidades extremas de todos os seus alunos. Para que possa realmente efetivar uma inclusão satisfatória da criança surda na escola, é indispensável a capacitação dos educadores. É sobre este assunto que esse trabalho tratará no próximo item abaixo. No Brasil a língua de Sinais foi reconhecida e oficializada por meio da Lei 10.436 de 24 de abril de 2002, como uma língua oriunda das comunidades surdas, sendo possível observar os enunciados legais que tendem apontar para o acesso e a 5 inclusão das pessoas surdas à educação, entende-se como Libras – Língua Brasileira de Sinais a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual motora, com estrutura gramatical própria, constituindo um sistema de transmissão de ideias e fatos. A referida lei foi regulamentada em 22 de dezembro de 2005, pelo decreto n º 5626 que estabelece a inserção da Libras como disciplina curricular no ensino público e privado, e sistemas de ensino federais, estaduais e municipais, nos cursos de formação de professores, como o magistério, nos cursos de licenciatura, e nos cursos de Fonoaudiologia. Este decreto no capitulo VI, art. 22, incisos I e II, estabelece uma educação inclusiva para as pessoas surdas, uma perspectiva bilíngue em sua escolarização básica, garantindo a esses alunos, educadores capazes de trabalhar com as suas especificidades, O Artigo 5o da Constituição Federal de 1988 garante o direito das pessoas com necessidades educacionais especiais terem as mesmas opções que as demais pessoas, enquanto o Artigo 208° garante atendimento educacional especializado. Dessa forma a LDB, Nova Lei das Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, n° 9394/96 em seu Artigo 58° destaca que "haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial". O que significa que de direito o aluno com alguma de deficiência ter o auxílio necessário para sua aprendizagem. A referida lei assegura ainda, em seu Artigo 59°, aos educandos com necessidades especiais, professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. Dessa forma, pretende-se demonstrar a importância da inclusão dos alunos deficientes auditivos nas escolas "normais", bem como refletir sobre a igualdade de capacidade de desenvolvimento intelectual entre o aluno deficiente auditivo e o aluno ouvinte. Para tanto as escolas são obrigadas por lei a receberem os alunos surdos, que passaram a freqüentar as salas de aula ao lado de alunos ouvintes, mas nem sempre estas escolas têm condições de oferecer a estrutura adequada para atendê-los, faltam tradutores/intérpretes de Libras nas salas de aula e professores qualificados. 6 Frente ao exposto anteriormente, mostrando o número elevado de alunos surdos, a importância da inclusão destes à sociedade e o despreparo das escolas em proporcionar esta inclusão, percebe-se a importância do tema abordado, justificando-se o presente trabalho, para tanto levantamos alguns conceitos sobre o que é inclusão a partir da visão de alguns autores que fazem abordagem específicas sobre o "conceito de inclusão". Werneck (2000) define inclusão como a inserção da pessoa com necessidades educativas especiais na escola, entretanto, quando empregamos a palavra inclusão estamos nos referindo a uma inserção total e incondicional. A autora define também o termo integração que, segundo ela, dá a ideia de que a inserção é parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa. No sistema educacional da inclusão, cabe à escola se adaptar às necessidades dos alunos e não aos alunos se adaptarem ao modelo da escola. Para que possa realmente efetivar uma inclusão satisfatória da criança surda na Escola, é indispensável a capacitação dos educadores. É sobre este assunto que o esse trabalho tratará no próximo item abaixo. De acordo com Mazzotta (1993, pág. 22) pessoas com deficiência auditiva são aqueles que por terem uma perda de audição acima de 45 (Quarenta e cinco) decibéis, nas freqüências da fala, em ambos os ouvidos, apresentam necessidades especiais a ponto de requererem serviços ou auxilio especiais para sua educação escolar. Conforme Silva (1998), reconhecer a diferença entre o surdo e o ouvinte é encarar a realidade relativa ao surdo. É reconhecer suas limitações no que diz respeito ao seu desempenho na aquisição de uma língua oral e reconhecer também sua habilidade lingüística que se manifesta na criação, uso e desenvolvimento de línguas gestuais-visuais, ou seja, de línguas de sinais. Segundo Fonseca (s/d p. 77), destaca que a "Educação é tudo o que permite ao indivíduo aprender novas aquisições, novas competências e novas atitudes. Sem educação os deficientes não poderão atingir uma vida de valor e de significados humano". Ainda de acordo com o autor, programas educacionais e inclusivos podem fazer a diferença na vida dos alunos com surdez, pois através dos mesmos é cobrada uma maior atenção da sociedade, para esses sujeitos proporcionando melhor qualidade do processo ensino aprendizagem. A sociedade civilizada não pode contentar-se somente com o assistencialismo à pessoas com necessidades educacionais especiais e 7 sim se preocupar com uma educação efetiva e qualitativa, pois lhes assiste o direito fundamental de otimizarem e maximizarem os seus potenciais habilitativos e cognitivos. Se os serviços educacionais falharem nesta obrigação social, cada vez mais se deficientarão os deficientes, impedindo-os de contribuírem ativamente e produtivamente, para a vida da comunidade onde devem estar inseridos. Conforme Sassaki (1999) existem benefícios da educação inclusiva tanto para os alunos ouvintes quanto para os alunos surdos, pois entre os dois há uma relação social, com reciprocidade de aprendizagem. No caso dos estudantes com surdez, poderão contribuir na aprendizagem dos alunos ouvintes, ajudando a desenvolver a apreciação pela diversidade individual, através da experiência direta com a variação natural das capacidades humanas. Já os alunos surdos terão acesso a uma gama mais ampla de atividades de aprendizagem, desenvolvendo de forma crescente o conforto, a confiança e a compreensão da diversidade individual deles e de outras pessoas. É a linguagem que permite ao ser humano estruturar o pensamento, demonstrar o que sente, comunicar-se com os que o rodeiam, podendo-se dizer, simplesmente, que a linguagem é a forma que o ser humano utiliza para transmitir conceitos e sentimentos vividos por ele. Afirma-se, então, que a linguagem não depende da natureza do meio material que utiliza, o que importa é o uso efetivo de signos, de quaisquer formas de realização que possa assumir papel correspondente ao da fala. A linguagem não está necessariamente ligada ao som, pois não é encontrado só nas formas vocais. (VIGOTSKI, 1984. p.1290). De acordo com Souza (1998): "Quando a escola recebe um aluno surdo, esta deve adaptar-se as necessidades deste aluno". O trabalho a ser desenvolvido precisa estar voltado para abranger a educação de ouvintes e em especial dos surdos. Ainda segundo esta autora, que observou diversas escolas onde já está ocorrendo à inclusão destas pessoas com necessidades educacionais especiais, foi possível perceber a interação entre professor e aluno na língua de sinais, onde houve a criação de textos produzidos pelos alunos através de gestos e sinais. Estas escolas foram observadas em diversos Estados brasileiros, entre eles destaca-se o Estado de Santa Catarina onde é comum aos estudantes se comunicarem por meio da língua de sinais. No ano de 2004 quando foi realizada a pesquisa eram 943 surdos estudando na rede pública estadual, 8 onde o ensino de libras era lecionado para todos os alunos, já que o ouvinte necessita desta língua para se comunicar com os surdos. Neste contexto educacional é necessário que os professores estejam devidamente instruídos e especializados para trabalhar com esses alunos. Segundo Mazzotta (1993. p. 02) "Com relação ao professor de educação especial, deve ser formado mediante um preparo básico de professor primário, complementado por uma especialização a nível de segundo grau para uma dás áreas específicas da educação especial, deve também ser habilitado em curso superior de pedagogia ou especializado através de cursos de pós-graduação." No caso dos alunos surdos, se o professor não tiver uma noção básica das línguas de sinais, é necessário que a escola ofereça a este aluno um tradutor/interprete de libras (profissional com formação específica para atuar, conforme o decreto 5626/2005), pois este irá transmitir por meio da Libras a fala do professor. A referida formação desse profissional se dá através do curso Letras/Libras, e por meio do Prólibras, além desses cursos de formação é de grande importância que esse profissional tenha vivência com associação de surdos, comunidade surda, pois a experiência e o contato com a língua facilitará o seu trabalho. O que se mostra importante neste momento também é a presença do tradutor/intérprete dentro da sala de aula, este profissional deve ser bilingue, ou seja, conhecer a língua portuguesa e a língua de sinais, o mesmo atua na comunicação de SURDO X OUVINTE - SURDO X SURDO - SURDO X SURDO-CEGO - SURDOCEGO X OUVINTE, para tanto a função deste profissional é mediar o conteúdo entre o professor e o aluno surdo, através da sua presença não pode ser vista com o substituto do professor da classe, pois precisa-se entender a interação professor-aluno, para que seja desenvolvida uma prática pedagógica crítica, participativa e autônoma. 3. Considerações Finais Por meio de estudos realizados para desenvolver este trabalho, foi possível perceber que, dos diversos métodos utilizados na educação dos sujeitos surdos desde os primórdios até a atualidade, alguns tiveram êxitos, todavia, outros mostram resultados insatisfatórios, um verdadeiro fracasso das representações sociais do povo surdo. Existem visões equivocadas ainda hoje de que os indivíduos surdos precisam superar sua deficiência, de forma a se tornar iguais aos demais. Mas atualmente entende-se a 9 importância do bilinguismo, ou seja, uso fluente da língua de sinais e do português escrito. Questionamo-nos: será que é esse atendimento que os Surdos necessitam? É o melhor caminho para a aprendizagem acontecer? E os sujeitos Surdos, o que pensam a respeito disso? Será que a sociedade dominadora das questões a respeito da educação e aquisição da linguagem está ouvindo o que os Surdos dizem sobre sua própria forma de aprendizagem, ou está “surda” perante os Surdos? Um fato interessante é que as decisões sobre métodos educacionais de Surdos sempre foram determinadas por ouvintes que se auto-conferem poder para tomada de decisão. Foi possível constatar que a legislação por si só não muda a situação de exclusão do deficiente auditivo, contudo as escolas devem estar devidamente equipadas, preparadas para receber ou atender aos alunos portadores de necessidades especiais, inclusive com professores qualificados, para contribuir no contexto da sala de aula, além de organizar todo a sua estrutura arquitetônica, possibilitando o processo real da inclusão. Para que a inclusão se efetive na escola fazem-se necessárias adaptações que competem, a formação de docência e as barreiras arquitetônicas e compete aos órgãos governamentais, por meio da disponibilidade de recursos financeiros, às escolas, buscando didáticas que se adaptem a situação, e aos professores, que devem buscar especialização para melhor conduzir as aulas. Havendo inclusão na escola abrem-se portas para que no futuro esta inclusão aconteça na sociedade como um todo. Referências BRASIL, Lei nº 10.436. 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