multiplas personalidades - IC

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Múltiplas personalidades: o distúrbio dissociativo
da identidade
Marcel Kendi Ono e Fábio Maki Yamashiro
Instituto de Computação
Universidade Estadual de Campinas
{marcel.ono, fabio.yamashiro}@ic.unicamp.br
Resumo
Não formalmente reconhecido pela medicina até meados de 1980, o distúrbio
das múltiplas personalidades é um campo de pesquisas cheio de controvérsias,
instigantes para a compreensão do complexo funcionamento da mente humana. Além
disto, tornou-se tema recorrente nos dias de hoje: é suficiente verificar a quantidade
de filmes, livros e, curiosamente, inquéritos policiais (neste caso, pessoas tentando
justificar seus atos criminosos como se eles houvessem sido cometidos por outras
identidades) envolvendo este assunto.
Este estudo foi realizado a fim de trazer informações a seu respeito,
desmistificar mitos, identificar sintomas de sua manifestação, formas de diagnóstico e
mostrar como o cinema influenciou a história deste distúrbio.
Palavras chaves: múltiplas personalidades, distúrbios dissociativos, abusos na
infância, traumas psicológicos e físicos, ciência cognitiva.
defensores da manutenção do nome DMP
juntamente ao DDI, como será discutido mais
adiante neste artigo. Daqui em diante, a sigla
DDI será adotada.
1. Introdução
O distúrbio das múltiplas personalidades
(DMP) é um mecanismo de defesa na qual uma
pessoa cria personalidades alternativas para
enfrentar situações que originalmente não
seriam suportadas. A “personalidade original” é
geralmente vítima de abusos físicos ou sexuais
que colocam a vida em risco durante a infância.
Existem estudos de casos de pessoas
com duas até centenas de personalidades
diferentes [5]. É importante ressaltar que a
quantidade de identidades não é o fator
determinante do diagnóstico da DMP: deve-se
levar em conta a dissociação (ou desconexão) de
certos aspectos da identidade da pessoa. Por este
motivo, o nome do distúrbio foi alterado de
“distúrbio das múltiplas personalidades” para
“distúrbio dissociativo da identidade” (DDI) [1
e 6].
A mudança do nome causou controvérsia
no meio científico, sendo que ainda existem
2. Definição
Os primeiros artigos científicos do que
nós consideramos hoje de “distúrbio
dissociativo da identidade” foram publicados
por volta de 1800 [3].
O DDI tornou-se diagnóstico oficial da
Associação Psiquiátrica Americana em 1980. O
“Manual de Diagnóstico e Estatística dos
Distúrbios Mentais” [2] definiu-o da seguinte
maneira:
“A existência dentro de um indivíduo de
duas ou mais personalidades distintas, cada
qual dominante por período de tempo não
determinado. A personalidade dominante é a
que determina o comportamento do indivíduo.
Cada personalidade individual é complexa e
integrada a seu padrão de comportamento e
1
Freqüentemente as personalidades são de
naturezas bem distintas, exaltando os extremos
da personalidade da pessoa. O distúrbio também
pode ser assimétrico, ou seja, existe a
possibilidade das personalidades compartilharem conhecimentos e recordações [1].
relações sociais. (...) Geralmente a personalidade original não tem conhecimento da
existência das outras personalidades”.
3. Manifestação
O estudo da manifestação da DDI
divide-se em várias correntes, mas por motivos
de clareza e didatismo serão abordadas as duas
hipóteses mais discutidas na comunidade científica.
3.1.2. Causas
Quando confrontados com situações
traumáticas extremas das quais não existe
escapatória, resta ao indivíduo literalmente
“abandonar” sua mente, a fim de preservá-la
intacta. Crianças geralmente utilizam esta
habilidade de defesa extremamente efetiva
contra a dor física e emocional.
Através desse processo dissociativo,
pensamentos, sentimentos, memórias e percepção de experiências traumáticas podem ser psicologicamente separados, permitindo ao paciente acreditar que os traumas nunca ocorreram.
Entretanto, repetições de experiências
traumáticas podem transformar esse mecanismo
de defesa em um distúrbio dissociativo. Por
exemplo, para uma criança que vem
repetidamente sendo abusada física e
sexualmente, a dissociação defensiva torna-se
um refúgio constante. A efetividade da
dissociação faz com que as crianças acostumemse a tal ponto que, ao sentir alguma ameaça,
automaticamente a usem, mesmo que a situação
não seja abusiva.
Mesmo após as experiências traumáticas
estarem num passado distante, o padrão de
dissociação defensiva continua. A dissociação
defensiva crônica pode levar a sérias disfunções
no trabalho, social e mesmo nas atividades
diárias. A repetida dissociação pode resultar
numa série de diferentes entidades (ou estados
mentais) os quais podem eventualmente assumir
a forma de identidades próprias. Estas entidades
podem se tornar os “estados de personalidade”
do DDI.
Outra possível conclusão da correlação
entre um trauma e o DDI pode ser analisada do
ponto de vista biológico: o stress traumático
afeta a química do cérebro. Um estudo feito
com ratos, sujeitos a choques elétricos, mostra
que eles ficam paralisados por causa do medo
3.1. Perspectiva clássica
3.1.1. Sintomas
Algumas desordens da mente têm sintomas
similares ou mesmo iguais aos do DDI. O
terapeuta, portanto, deve diferenciar outros tipos
de distúrbios como stress pós-traumático, efeitos
de drogas ou medicamentos, para que seu
diagnostico seja preciso. Alguns aspectos únicos
já levantados:
•
•
•
O paciente tem pelo menos duas
identidades distintas, as quais têm seu
próprio modo de pensar e se relacionar
com o ambiente ao seu redor.
Pelo menos duas personalidades
assumem o domínio do corpo do paciente com freqüência.
O uso de substâncias químicas como o
álcool ou medicamentos não é o
causador direto do comportamento.
As identidades podem ser de diferentes
sexos, raças, idades, utilizar vocabulários
diferenciados, fluentes em outras línguas e
possuir sotaque. Até mesmo podem ter um estilo
de escrita diferente ou serem canhotas, quando a
identidade original é destra. Algumas
identidades possuem nomes, outras não.
Sintomas que alguns pacientes ainda
podem apresentar são: depressão, mudanças
abruptas de temperamento, tendências suicidas,
distúrbios de sono, ataques de pânico e fobias,
abuso de álcool e drogas, convulsões, psicoses
(alucinações visuais e auditivas), tendências de
auto-perseguição e violência (tanto a si própria
como a outras pessoas).
2
[6]. Este fato pode ser comparado a um grande
trauma, como agressão física ou emocional.
A vasta maioria (cerca de 99%) das
pessoas que desenvolvem os distúrbios dissociativos possui um histórico de traumas de infância. Em nossa cultura, os fatores mais freqüentes
são os abusos físicos, emocionais e sexuais. No
entanto “sobreviventes” de outros traumas (tais
como desastres naturais, procedimentos médicos
invasivos, guerra, seqüestro e tortura) também
podem reagir desenvolvendo distúrbios dissociativos.
Pesquisas recentes mostram que o DDI
afeta 1% da população em geral e de 5% a 20%
das pessoas em hospitais psiquiátricos, muitos
dos quais inicialmente receberam outros diagnósticos. As taxas de incidência são ainda
maiores entre dependentes químicos e pessoas
que sofreram abusos sexuais. Estes números
colocam os distúrbios dissociativos na mesma
categoria da esquizofrenia, depressão e
ansiedade, como um dos quatro maiores
problemas de saúde mental atualmente.
portamento apelando para a idéia de possessão
demoníaca mas num passado não tão remoto, tal
justificativa seria perfeitamente razoável. Nesta
época, teólogos elaboravam “rituais sociais”
apresentando bases que pareciam validar a
sugestão da possessão demoníaca. No contexto
sócio-cognitivo, essas crenças eram tomadas por
“corretas” e reforçadas pela tradição.
Spanos diz que os pacientes são
incitados a construir elas mesmas como
possuindo múltiplos “eus”, aprendendo a exibir
suas várias personalidades, construindo biografias e falsas lembranças.
Psico-terapeutas tem papel particularmente importante na geração e manutenção do
DDI: parte nunca viu um caso sequer de DDI,
enquanto outros reportam centenas de casos
todos os anos. O típico paciente de DDI, não
tem nenhuma lembrança de abuso sexual nem
apresenta múltiplas personalidades até a
tentativa de diagnóstico comece.
A existência dos múltiplos “eus”
remontam de outras culturas, sem serem relacionados a distúrbios mentais. Múltiplas identidades podem se desenvolver através de vários
contextos sócio-culturais, não relacionadas a
abusos físicos ou traumas de qualquer tipo:
pessoas podem aprender a pensar nelas mesmas
como “possuindo mais de uma identidade”,
desde que sua cultura disponibilize modelos dos
quais regras e características da múltipla
identidade possam ser extraídas e aplicadas.
A ficção também exerce grande influência na crença do DDI, como os livros Sybil, The
Three Faces of Eve e The Five of Me. Esta
apresentação do distúrbio feito ao público geral
influenciou não somente a crença sobre o
distúrbio de identidade, como também seus
pacientes. Por exemplo, Sybil retrata a história
verídica de uma mulher que criara dezesseis
personalidades diferentes para defender-se dos
abusos sofridos na infância. Antes de sua
publicação (1973) e sua estréia na televisão
(1976), havia somente 75 casos reportados de
DDI nos Estados Unidos. Após seu lançamento,
40 mil casos foram diagnosticados.
Em 1999 Cornelia Wilbur (a terapeuta de
Sybil), foi acusada de ter utilizado técnicas de
hipnose e outros métodos de sugestão para
3.2. Perspectiva sócio-cognitiva
Há um consenso geral que uma das
principais causa do DDI é a repressão de
memórias sobre abuso sexual durante a infância.
Para corroborar esta afirmação, pesquisas
mostram que há muito poucos casos reportados
do DDI em crianças [5].
O psicologista Nicholas P. Spanos
argumenta as memórias reprimidas de abuso
durante a infância e o distúrbio de múltiplas
identidade são “estabelecidas, legitimadas, e
mantidas através de iterações sociais”. Spanos
argumenta que as maiorias dos casos de DDI
têm sido criadas por terapeutas com a
cooperação de seus pacientes e o resto da
sociedade. Resumindo, os especialistas criaram
ambos cura e doença.
Isto não significa que o DDI não exista,
mas sua origem e desenvolvimento são freqüentemente explicados sem o modelo da “personalidade alternativa” surgida das cinzas de uma
“personalidade principal” apagada.
A grande maioria das pessoas não
explica a epilepsia, desordens genéticas, desequilíbrios neuroquímicos, ou problemas de com3
Identidades particulares podem emergir
em circunstâncias específicas e se diferenciar
pela idade, sexo, vocabulário e conhecimento,
entre outros fatores. Identidades agressivas ou
hostis podem até mesmo interromper atividades
ou deixar as outras identidades em situações
desagradáveis.
Indivíduos com este distúrbio vivenciam
freqüentes lapsos de memória na história
pessoal, tanto remota como recente. A amnésia
é na maioria das vezes assimétrica: as
identidades passivas tendem a ter memórias
fragmentadas, enquanto que as identidades
hostis possuem memórias mais completas
devido ao maior controle exercido sobre as
demais.
Uma identidade que não está no controle
pode ter acesso à consciência produzindo
alucinações audiovisuais (ex: uma voz dando
instruções). A hipótese de amnésia pode ser
descartada ao entrevistar testemunhas do
comportamento do indivíduo ou pelos próprios
relatos do paciente (ex: encontrar peças de
roupa que o indivíduo não se lembra de ter
comprado).
Os terapeutas devem ser auxiliados por
observadores e pelos próprios relatos do
paciente mas para um diagnóstico preciso, a
análise do comportamento deve ser acompanhada pessoalmente. O terapeuta deve testemunhar uma troca de personalidade para ser capaz
de verificar a diferenciação, unicidade e
estabilidade das trocas.
Estas técnicas não são dogmas, mas recomendações para ajudar a reduzir o número de
diagnósticos errados.
implantar as personalidades na garota. Nada foi
comprovado, mas a polêmica gerada foi
suficiente para por em dúvida a crença sobre a
DDI, mais uma vez.
4. Diagnóstico
Pessoas com distúrbios dissociativos
freqüentemente convivem anos a fio com
diagnósticos errados ou imprecisos. Apesar da
mudança de médico, tratamento e medicação,
progressos não surgem.
Pesquisas revelaram que, em média, as
pessoas levam cerca de 7 anos para receberem
o diagnóstico correto[7]. A sobreposição de
sintomas, em comparação com outros distúrbios
mentais, é um dos motivos desta demora.
Entretanto, o interesse profissional nesta
área cresce continuamente. Com isto, o desenvolvimento de técnicas mais sofisticadas estão
acelerando o processo de reconhecimento do
DDI. O critério de avaliação do DSM-IV [1] é o
requisito primário que um paciente deve preencher para que seja diagnosticado com o DDI.
O foco do diagnóstico atualmente é a
busca de características e sinais que uma pessoa
sofrendo deste distúrbio eventualmente pode
apresentar. Especialistas no assunto relacionam
pacientes com doenças mentais à relatos de
distorção do tempo e lapsos de memória. Outros
sinais incluem pacientes que se referem a si
próprios por outros nomes ou em 3ª pessoa
(“nós”) nas conversações, dores de cabeça
severas acompanhadas de ataques convulsivos,
alucinação sonora (ordens de uma voz
“interna”) [8].
O DDI reflete uma falha de integração
dos vários aspectos de identidade, memória e
consciência. Cada estado de personalidade
possui uma distinta história pessoal, imagem e
identidade, incluindo até mesmo um nome
próprio. Geralmente existe uma identidade
primária que carrega o nome do indivíduo, mas
que é passivo, dependente e depressivo. As
identidades alternativas freqüentemente tem
características que contrastam com a identidade
primária (ex: são hostis, controladoras ou autodestrutivas).
5. Tratamento
O DDI pode ser tratado com psicoterapia (ou “terapia de conversa”), assim como
uma gama de outras modalidades incluindo
medicações, hipnose e terapias adjuntas (ex:
artes).
O curso do tratamento é de longo prazo,
intensivo e possivelmente doloroso, já que
envolve a lembrança e confronto das
experiências traumáticas dissociadas.
4
sete anos de idade. Desta maneira, não há
“ninguém” para manifestar o DDI.
A personalidade original é a única que
poderia ter este tipo de “falsa crença”, mas ela
não está no controle do corpo ou participando da
vida social. Configura-se assim, uma situação
onde tanto DMP (distúrbio das múltiplas
personalidades) como DDI podem ser empregados, cada um em situações específicas.
A chave da diferenciação é a idade em
que ocorre a primeira dissociação (ou split),
sendo que o sétimo ano de idade é o limite
aproximado para a ocorrência do DMP e é o
início para a manifestação do DDI. Depois dos
sete anos de idade, a pessoa pode dissociar-se
em outras formas mas não em dois componentes
fixos, o “eu” racional (essência) e o “eu”
emocional (personalidade original).
O conceito de que a mente humana
consiste em duas partes não é discutido
claramente na teoria psicológica americana e
européia. Nem mesmo palavras na língua nativa
destes países existem para expressar estes
conceitos tão abstratos. No entanto, nas línguas
orientais a situação é diferente: a língua
japonesa chama o “eu” racional de “risei” e o
“eu” emocional de “kanjou”. A cultura oriental
sempre reconheceu a constante troca de posição
entre os controles emocional (kanjou) e racional
(risei).
Quando o trauma acontece após os sete
anos de idade, não ocorre a dissociação do risei
e do kanjou, portanto a dissociação da identidade pode acontecer. A situação social é
diferente, a criança geralmente já não está sob
controle permanente dos pais e está na escola, o
que significa que possui uma maior
compreensão do mundo ao seu redor.
O abuso freqüentemente acontece fora
da família de criação, e este trauma não precisa
ser duradouro para causar danos. Deve ser uma
situação na qual a criança não foi madura o
suficiente para lidar.
Um estudo de caso envolve uma menina
que sofreu estupro aos nove anos de idade
cometido por um primo. Ao tornar-se adulta, a
garota criou uma personalidade feminina
agressiva que se tornou uma prostituta. Ela fazia
uso do sexo para humilhar e controlar os
Entre os distúrbios mais severos da
psiquiatria, o DDI pode ser considerado uma das
condições que carrega melhores prognósticos
caso o tratamento seja empregado corretamente
desde o início do diagnóstico.
6. Existem ou não múltiplas
personalidades?
Sim e não. Uma das razões pela qual a
comunidade científica americana mudou o nome
do distúrbio das múltiplas personalidades para
distúrbio dissociativo da identidade foi a de que
o termo “múltiplas personalidades” evoca
conceitos errados.
Esta mudança de nome gerou muita
controvérsia: o comitê que definiu a troca foi
composto de dois grupos, terapeutas e
pesquisadores. Os terapeutas queriam a manutenção do nome “distúrbio de múltiplas personalidades” – originária da antiga edição do
manual DSM-III [2], enquanto que os
professores queriam sua eliminação e
substituição pelo termo “distúrbio dissociativo
da identidade”. As palavras de um dos
defensores do termo DDI foram as seguintes:
“Todos nascem com apenas uma
personalidade. Deste modo, não pode haver
algo como o distúrbio das múltiplas
personalidades”.
Com argumentos deste nível, os
pesquisadores não concordavam que a DMP
podia ser considerada uma denominação precisa
para qualquer pessoa. Os terapeutas, por sua
vez, não conseguiram explicar na prática o
motivo pelo qual os pacientes agiam como se
tivessem outras personalidades.
Foi decidido então que os pacientes do
distúrbio em questão possuíam um problema
mental maior: acreditavam na existência de
várias personalidades. O objetivo da terapia,
portanto, não deveria ser a integração das várias
personalidades em uma única entidade, mas sim
fazer com que os pacientes depreciassem sua
crença.
Entretanto, o terapeuta Ralph B. Allison
[10] afirma que existe uma personalidade
“original” que se esconde após um evento que
põe a vida de uma criança em risco antes dos
5
homens, assim como sua personalidade original
foi humilhada pelo primo. Podemos dizer que
este é um caso de DDI pois a personalidade
original mantém-se intacta.
5. Spanos, N.J.: Multiple identity
enactments and multiple personality
disorder: a sociocognitive perspective.
Psychological Bulletin, 116(1), 143-165,
1994.
6. Hacking, I.: Rewriting the soul: multiple
personality and the sources of memory.
Princeton, NJ: Princeton University
Press, 1995.
7. Sidran Institute, http://www.sidran.org
8. Bliss, E.L.: Multiple personality, allied
disorders, & hypnosis. New York, NY:
Oxford University Press, 1986.
9. Cohen, B. M. & Giller, S.: Multiple
personality disorder from the inside out.
Baltimore, MD: The Sidran Press, 1991.
10. R. B. Allison, M. McKenzie: Definition
of MPD: http://www.dissociation.com
7. Conclusão
Há muita controvérsia a respeito deste
distúrbio, principalmente nos últimos anos. A
própria lei é cética em relação aos terapeutas,
enfraquecendo a credibilidade deste distúrbio:
indivíduos clamam possuir múltiplas personalidades para se livrar de sentenças judiciais.
Alguns profissionais da área da saúde
acreditam que alguns pacientes usam o
diagnóstico
para
justificar
e
negar
responsabilidade sobre atos cometidos pelos
extremos de seu comportamento [5]. Na
verdade, a maior parte dos indivíduos que
realmente possuem este distúrbio escondem-na,
por motivos de vergonha [9].
Os sobreviventes (termo amplamente
utilizado entre os portadores deste distúrbio) são
quase sempre frutos da violência que assola
nossa sociedade. Através dos processos dissociativos eles conseguem suportar situações
terríveis, mostrando a incrível capacidade de
readaptação do cérebro às condições mais
adversas. Tudo a fim de vencer a luta pela
manutenção da vida.
8. Referências
1. Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders (DSM-IV), 4ª edição.
American Psychiatric Association,
Washington DC, 1994.
2. Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders (DSM-III), 3ª edição.
American Psychiatric Association,
Washington DC, 1980.
3. Crabtree, A.: Multiple: an exploration in
possession and multiple personality.
New York, NY. Praeger Publishers,
1985.
4. Glass, J.M.: Shattered selves: multiple
personality in a postmodern world.
Ithaca, NY: Cornell University Press,
1993.
6
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