PSICOLOGIA SOCIAL

Propaganda
Psicologia
Social I
1
Índice
 Sebenta nº1
Págs.
Definição da disciplina___________________________________ 4
História da Psicologia Social_______________________________ 9
Cognição Social________________________________________ 12
Representação Social da Psicanálise_________________________ 13
O Modelo de Psicologia Social_______________________________17
Conjunto de investigações sobre as representações do corpo_______19
Modelo Bifactorial_______________________________________25
Modelos teóricos do processo de atrivuição____________________29
Teoria da Inferência Correspondente_________________________30
Percepção e explicação das condutas sociais__________________ 31
Erros atributivos e erros intencionais ________________________ 34
Atracção interpessoal, sexualidade e relações intimas ___________ 37
Atracção interpessoal e génese das relações amorosas __________ 45
 Sebenta nº2
A emergência do paradigma americano_______________________54
A Psicologia Europeia_____________________________________57
Objecto da Psicologia Social – Análise de 10 definições____________59
Formação de Impressões__________________________________66
Atracção interpessoal, sexualidade e relações intimas____________69
As Atitudes_____________________________________________74
Atribuição Causal________________________________________87
“Introduction a History Of Social Psychology”____________________91
Exames______________________________________________ 105
 Sebenta nº3______________________________________ 135
2
SEBENTA Nº1
3
Aula nº1

 Definição mais citada é a de Allport (1968/1985) – “Com raras excepções, os
psicólogos sociais olham para a sua disciplina como uma tentativa para compreender e
explicar o modo como o pensamento, o sentimento e o comportamento dos indivíduos
são influenciados pela presença real, imaginada ou implícita dos outros. O termo
‘presença implícita’ refere-se ás muitas actividades que o indivíduo desempenha em
virtude da sua posição/papel numa estrutura social complexa e em virtude da sua
pertença a um grupo cultural”.
G. Allport, irmão de Allport que escreveu o terceiro manual de psicologia social, em
1924. Os primeiros manuais sobre esta temática surgiram em 1908 com o sociólogo
Ross e outro com o psicólogo McDougall.
Gordon Allport escreveu o livro clássico que estudava a natureza do preconceito.
Em 1935 surgiu a primeira edição do “Handbook of Social Pschology”, foi editado
por Lindzey e Aronson em 1954 (em dois volumes), 1969, 1985 e, a ultima edição – por
Gilbert e Lindzey, em 1998.
Primeiro aspecto estruturante desta definição:
 VD = f (VI): pensamentos, sentimentos e comportamentos
 Variável Independente: presença dos outros, numa tripla dimensão – real,
imaginada e Implícita.
PPrreesseennççaa IIm
mppllíícciittaa – nenhum comportamento é indissociável da inserção dos
indivíduos, numa dada estrutura social e nenhum comportamento é indissociável da
nossa presença em determinados grupos sociais.
Salienta-se aqui o conceito de papel que, por sua vez, remete para o estatuto – estes
são os que nos situam na sociedade (tem um carácter disposicional), nós
ocupamos/temos, num determinado grupo, uma determinada posição – que é importante
para percebermos a pessoa. O papel e o estatuto são conceitos complementares.
Podemos equacionar estes dois conceitos em termos de expectativas:
PPaappeell – conjunto de expectativas que os outros tem a meu respeito, o que os outros
esperam de mim.
E
Essttaattuuttoo – aquilo que eu, em virtude da posição que ocupo, espero que os outros
pensem e esperem de mim.
Ambos têm como pano de fundo a posição disposicional do autor, ninguém funciona
fora do contexto e de um grupo.
Em síntese, nesta primeira definição, há que realçar que se trata de explicar todo o
leque de comportamentos, pensamentos e até que ponto são influenciados pelo solo
primário das nossas vidas e presença dos outros.
Podemos constatar dois níveis da realidade social: grupal e a um nível mais vasto da
realidade social.
4

 Definição de Maisonneuve, 1973 – “ O domínio específico da psicossociologia é
essencialmente o da interacção: - interacção dos processos sociais e psicológicos ao
nível das condutas concretas; - interacção das pessoas e dos grupos no quadro da vida
quotidiana; - junção, também, entre a aproximação objectiva e a do sentido vivido, ao
nível do ou dos agentes em situação”.
Existem dois aspectos a salientar:
1. Insistência na interacção.
2. Importância de tomarmos, simultaneamente, em conta a que poderia ser a
dimensão objectiva e a dimensão subjectiva da realidade.
Esquema da Interacção Social (no capitulo 6 do livro: “Psicologia Social”, página 151):
Condições Causais 
P
O
PxO
ªSOC.
ªFIS.
Interacção P – O
Pessoa: P
Laços Causais
Pessoa: O
Laços Causais
Figura 6 – O conteúdo causal das interacções didácticas. As setas verticais, dentro
do rectângulo da interacção representam ligações entre acontecimentos (cognições,
5
emoções ou comportamentos) que ocorrem em P ou O. As setas obliquas representam
as conexões entre as respectivas cadeias de acontecimentos. As condições causais de
natureza ambiental são indicadas pelas siglas ªSOC (condições sociais) e ªFIS
(condições físicas e geográficas).
Para falarmos em interacção temos que ter no mínimo dois intervenientes. A
sequência de acontecimentos entre as pessoas tem de estar conectadas. Kelley descreve
esta interacção como um plano descritivo (a duração, frequência e intensidade). Para
passar ao plano explicativo temos que passar as condições causais – que podem ser de
diferentes tipos:
1. De natureza pessoal (de um sujeito ou outro), como por exemplo: a inteligência
que influencia a interacção.
2. De natureza mais genérica.
3. Do tipo relacional (partilhar uma mesma atitude).

 Definição de Baron, Byrbe e Griffitt, 1974 – “ (…) o campo da psicologia social será
definido como o ramo da psicologia moderna que procura investigar o modo pelo qual o
comportamento, os sentimentos e os pensamentos (e.g., atitudes, crenças ou opiniões)
de um indivíduo são influenciados e determinados pelo comportamento e/ou
características dos outros” – é uma variação da definição de Allport.

 Definição de Tedeschi e Lindskold, 1976 – “a psicologia social é o estudo científico
da interdependência, da interacção e da influência entre as pessoas. A interdependência
reflecte o facto de que a maior parte das coisas que uma pessoa deseja não pode ser
obtida sem a colaboração de outras pessoas (…) Esta interdependência das pessoas
fornece a base para a cooperação e conflito entre elas. As pessoas interagem umas com
as outras porque são interdependentes; precisam umas das outras. No decurso da
interacção, é exercida a influência”.
É uma definição em que o autor não se situa só num plano descritivo mas procura
fornecer um quadro de articulação teórica entre três conceitos:
 Interdependência – desempenha um papel principal – nada nos homens é
possível sem a relação com os outros.
 Interacção.
 Influência.
Ambiguidade essencial das relações sociais: conflitualidade e cooperação –
oscilando entre estes dois extremo (são muito importantes).

 Definição de Leyens, 1979/1981 – “O problema é que é mais fácil nomear os
psicólogos sociais do que definir a unidade dos seus campos de interesse.
Consideremos, portanto, a definição mais ampla possível, com risco de falta de precisão
que isso implica, e digamos que a psicologia social humana trata da dependência e da
interdependência das condutas humanas”.
Reconhece alguma ambiguidade naquilo que é a psicologia social. Diz que o que
está em causa é a interdependência das condutas. Ainda, há que notar que não há uma
separação total das disciplinas – o que é fundamental é o que é o objecto teórico.
6

 Definição de Gergen e Gergen, 1981/1984 – “Em termos formais, a psicologia social
é uma disciplina onde estudamos de modo sistemático as interacções humanas e os seus
fundamentos psicológicos”.
O que é importante, nesta definição, é a ênfase/tónica nos fundamentos da
psicologia das interacções.

 Definição de Moscovici – “ Eis pois uma primeira fórmula: a psicologia social é a
ciência do conflito entre o indivíduo e a sociedade. (…) E formularei, escrevia eu então
(1970), como objecto central, exclusivo para a psicossociologia, todos os fenómenos
respeitantes à ideologia e à comunicação, ordenados no plano da sua génese, da sua
estrutura e da sua função. No que diz respeito aos primeiros, sabemos que consistem em
sistemas de representações e de atitudes (…). No que concerne aos fenómenos de
comunicação social, eles designam trocas de mensagens linguísticas e não linguísticas
(imagens, gestos, etc.) entre indivíduos e grupos. Trata-se dos meios utilizados para
transmitir uma certa informação e influenciar o outro. (…) Possuímos, agora, uma
segunda formula: a psicologia social é a ciência dos fenómenos de ideologia (cognições
e representações sociais) e dos fenómenos de comunicação”.
Moscovici e Tajfel representam fundamentalmente as figuras principais da
psicologia social europeia (PSE).
Nesta definição, Moscovici acaba por dizer que o que é fundamental na psicologia
social é a iiddeeoollooggiiaa (fenómenos de representações sociais e atitudes/cognições.
Podemos ligar o Marxismo ao conceito de ideologia. O termo ideologia surge no final
do séc. XVII, como o estudo das ideias, quase como sinónimo do conceito de
psicologia), e ccoom
muunniiccaaççããoo (transmissão da informação e influência social. A
comunicação tem uma dupla vertente/estatuto – por um lado, é a via pela qual
transmitimos a informação aos outros, e, por outro lado, é por este meio que tentamos
influenciar os outros).
Aquilo que distinguiria a psicologia social das outras disciplinas (psicologia e
sociologia), em termos de conceptualização: é que enquanto a psicologia assenta na
relação individual entre o sujeito e o meio e a sociologia na relação entre o sujeito
colectivo e o meio; a psicologia social escolhe uma modalidade triadica: a relação entre
objecto/sujeito é mediatizada pela passagem por um outro objecto social – não há
relações naturais!
7
O esquema assenta na ideia da relação social que obrigatoriamente tem que passar
pela intervenção com o outro sujeito. Ou seja, a importância de termos uma leitura
triádica mediada pela relação social que mantemos com os outros é salientada pelo
autor.

 Definição de Feldman, 1985 – “Deveremos considerar a disciplina (psicologia social)
como uma que examina o modo como os pensamentos, os sentimentos e as acções de
uma pessoa são afectadas pelos outros”.

 Definição de Myers, 1988 – “Assim, do ponto de vista formal, podemos dizer que a
psicologia social é o estudo científico do modo como as pessoas pensam acerca,
influenciam e se relacionam com outras”.
Estas duas definições são apenas derivações da definição de Allport.

 Definição de Smith e Mackie, 1995 - “A psicologia social é o estudo cientifico dos
efeitos dos processos sociais e cognitivos no modo como os indivíduos percebem,
influenciam e se relacionam com os outros. Note-se que esta definição afirma que a
psicologia social é uma ciência, que os psicólogos sociais estão tão intensamente
interessados nos processos sociais e cognitivos subjacentes como no comportamento
aberto e que a preocupação central da psicologia social é o modo como as pessoas
compreendem e interagem com os outros”.
Há uma insistência nos processos cognitivos. A psicologia social nunca teve uma
fase que não fosse cognitivista – a importância dos conteúdos internos, representações,
cognições… foi desde o início o objectivo de estudo da psicologia social.
Destas dez definições podem salientar-se cinco conceitos fundamentais da psicologia
social (operadores teóricos – macro-conceitos):





Interacção
Comunicação
Relação
Interdependência
Influência social
Estes estão colocados num plano de observação
Situam-se mais num plano explicativo
8
Relativamente às definições:

, 
 e
 – Influência social


 e  – Interacção social

 e
 – Interdependência

 – Comunicação

 e
 – Não fazem referência a nenhum aspecto específico
Estamos sempre, constantemente, independentemente de queremos ou não, a formar/criar impressões sobre os outros.
D
Deeffiinniiççõõeess eem
m rreelleevvoo:
 Definição 
 de G. Allport

 Definição  de Tedeschi e Lindskold – onde põe em
interdependência, interacção, relação e influência.
 Definição 
 de Moscovici – dá muita atenção ao
individual e a esfera social. Apresenta uma redefinição
se preocupa com os fenómenos de ideologia e
comunicamos procuramos influenciar os outros).
relação os processos de
conflito entre a esfera
da psicologia social que
comunicação (quando
Existem diferentes níveis de análise na comunicação (Moscovici):




Comportamentos concretos
Um nível abstracto que se refere às opiniões
Um nível mais abstracto ainda, que se refere às atitudes
Existe, ainda, um nível mais abstracto, que se refere às ideologias
(sistemas de valores e orientações de uma sociedade).
Ou seja, estes são conceitos que vão das acções concretas, as opiniões e ideologias.
Aula nº2
É possível retratar a história da Psicologia Social recuando até à antiga Grécia –
Aristóteles dizia que o “homem é um animal político”. Mas também podemos remontar
ao século XVIII e século XIX numa perspectiva mais próxima da actualidade.
A primeira grande oposição a considerar é entre a psicologia de Tarde (que dá mais
importância aos fenómenos psicológicos – primazia em relação aos fenómenos sociais)
e a psicologia de Durkheim (que dava primazia aos fenómenos sociais).
De notar que a Psicologia Americana é mais centrada no
indivíduo, ou seja, dá primazia ao individual sobre o social.
Em termos históricos, há dois manuais fundamentais, com o mesmo nome e data
mas com autores diferentes. McDougall (psicólogo, centrado nos instintos) e Ross
(sociólogo, centrado na imitação social) publicam, em 1908, simultaneamente, “Social
Psychology”.
É de salientar também um artigo de Triplet sobre a competição e a facilitação social.
Nas suas investigações conclui que os ciclistas quando corriam sozinhos corriam menos
(mais devagar do que quando corriam acompanhados de outros ciclistas)
9
O que leva a Zajonc, em 1968, a falar em facilitação social – identificou as situações
de facilitação social nas tarefas que executamos bem a performance melhora se estamos
na presença dos outros. Em tarefas que estamos menos aptos a nossa performance piora
na presença dos outros. Ou seja, ele tentou verificar se a facilitação social é uma lei
universal e conclui que funcionamos melhor em tarefas nas quais estamos à vontade
(senão somos prejudicados pela presença dos outros).
Um conceito central na psicologia social é o conceito de aattiittuuddee (estrutura cognitiva
que está por trás das opiniões, predisposições avaliativas). Falamos de atitudes sempre
que nos referimos a uma predisposição para classificar os objectos de bom/mau,
agradável ou não… Ainda que seja um aparelho disposicional é apreendido – é uma
disposição apreendida, ainda que na sua base possam haver processos biológicos.
É possível traçar a história da psicologia social tendo como referência o modo como
as atitudes foram tratadas.
E
Evvoolluuççããoo ddoo eessttuuddoo ddaass aattiittuuddeess, segundo McGuire (1985)
Medição das atitudes (1920)  dinâmica de grupos (1935) mudança de atitudes
 cognição social (1965) sistema de atitudes (1980).
(1955)
Além disso podem definir-se três grandes fases da psicologia social enquanto
ciência do pensamento social (“social mind”):
 1ª Fase – aattiittuuddeess ssoocciiaaiiss: T
Teeoorriiaa ddaa D
Diissssoonnâânncciiaa C
Cooggnniittiivvaa
c
o
g
n
i
ç
õ
e
s
s
o
c
i
a
i
s
T
e
o
r
i
a
d
a
A
t
r
i
b
u
i
ç
ã
o
 2ª Fase – cognições sociais: Teoria da Atribuição
 3ª Fase – rreepprreesseennttaaççõõeess ssoocciiaaiiss: T
Teeoorriiaa ddaass R
Reepprreesseennttaaççõõeess SSoocciiaaiiss
Então, a história da psicologia social em referência às atitudes:
 11992200 –– 11993355: a tónica estava colocada na medição das atitudes. Esta é a época
áurea dos trabalhos de Thurstone, Likert… Neste período o objectivo era menos
de natureza tónica e mais de natureza prática.
 11993355: surge um trabalho importantíssimo em psicologia social: Kurt Lewin
emigra para os EUA e, juntando alguns colaboradores, faz com que a psicologia
social deixe de ter como conceito principal as atitudes e passe a abordar de modo
específico os processos grupais e as dinâmicas dentro dos grupos.
Nesta época a psicologia social torna-se autónoma.
Festinger (um dos colaboradores de Kurt Lewin) publicou um artigo sobre a
“Congregação social” (em 1954) e sobre “a Teoria da Dissonância Cognitiva”
(em 1957) – para ele, os aspectos motivacionais estão subjacentes às mudanças
de atitudes.
 11995555 –– 11996655: neste período houve uma centração e um estudo aprofundado sobre
as mudanças de atitudes (o que o homem procura é a harmonia cognitiva) –
relaciona-se com as Teorias da existência de Osgood.
 11996655: foram publicados artigos sobre as auto-percepções (Benn) em que se
criticam os modelos de equilíbrio e da dissonância cognitiva. A tónica é
colocada nos processos de atribuição e nas representações sociais (fase
cognitiva), como é que os autores sociais explicam as suas condutas e as das
10
pessoas com as quais interage. Tenta-se minimizar os aspectos motivacionais e
afectivos do comportamento social.
 11998800: a última fase tem uma tónica mais englobante. Assim, Moscovici (tendo
em conta que via a psicologia social como a ciência do pensamento social)
identificou três fases (Teoria da Dissonância). Moscovici apresenta uma
definição de psicologia social em que a apresenta como a área que se preocupa
com os fenómenos de ideologia e comunicação.
Esses fenómenos foram identificados por D
Dooiissee, em 1982, que considera a
existência de quatro níveis de explicação em psicologia social:
 Nível I – IInnttrraa--ppeessssooaall: plano com que os sujeitos organizam as suas
percepções, avaliações, cognições, comportamentos … Põe-se a tónica nos
processos internos de tratamento da informação. O importante é a organização
interna das percepções e avaliações. (por exemplo: temos a Teoria da Atribuição
de Kelley e a Teoria do Equilíbrio de Heider)

Nível II – IInntteerr--ppeessssooaall: a tónica é colocada não tanto no modo de organização
interna mas na compreensão do comportamento dos indivíduos em interacção
(por exemplo: temos as teorias sobre a diferença entre actores e observadores de
errrroo ffuunnddaam
Nisbett e Ross – que depois dão origem ao que se chama “e
meennttaall”).
O erro fundamental em psicologia social diz respeito à diferença no modo como eu
explico o meu comportamento (onde privilegio as variáveis circunstanciais – “não fiz
isto bem porque não tinha condições para o fazer”) e como explico o comportamento
dos outros (onde privilegio as variáveis individuais do outro – “está mal feito porque ele
é burro, não sabe fazer nada”).

Nível III – IInntteerr--ggrruuppaall: a tónica é posta na explicação de todos os
comportamentos reportando-se aos efeitos da categorização social, a
inevitabilidade da nossa pertença a determinados grupos sociais. Para
compreender o que é a interacção tenho que apelar às dimensões que definem o
indivíduo antes da sua pertença ao grupo e só depois podemos categorizá-lo
socialmente (por exemplo: temos a Teoria da Identidade e Categorização Social
de Tajfell).

Nível IV – SSoocciieettaall: neste nível a tónica é colocada nas crenças, valores,
representações partilhadas por grandes grupos de indivíduos numa determinada
sociedade (por exemplo: a Teoria da Representação Social de Moscovici).
Esta participação de Doise não implica que não se possam adoptar diferentes
perspectivas para explicar os comportamentos do indivíduo:
A psicologia social Americana centrou-se mais nos dois primeiros níveis, intra e
inter-pessoal enquanto a psicologia social Europeia dedica-se mais ao estudo dos dois
últimos níveis, inter-grupal e societal.
Desde o início a psicologia social teve uma orientação cognitivista, sempre se
interessou pelos processos internos.
11
O psicólogo social Thomas (1928) referiu que: “se um homem
define uma situação como real, ela é real nas suas consequências”.
Por isso, Kurt Lewin diz, a respeito do medo de uma criança ao
monstro debaixo da cama, que o monstro é real – pois para a
criança é mesmo real!
Os Processos Internos têm duas funções:
 M
Meeddiiaattiizzaaççããoo – na história podemos ver que houve uma evolução, uma
passagem de ‘S-R’ para ‘S-O-R’, onde ‘O’ tem uma função de mediatização, são
as variáveis do organismo.
 D
Deeffiinniiççããoo ddaass ssiittuuaaççõõeess//eessttíím
muullooss – ‘O-S-O-R’ não só serve a função de
mediatização mas também de definição.
Estas duas tarefas/funções, tal como o modelo ‘O-S-O-R’, são comuns à abordagem
cognitivista contemporânea reflectida na psicologia social.
Aula nº3
C
Cooggnniiççããoo SSoocciiaall
O seu objectivo é dar conta de modo como construímos o nosso mundo social. A
realidade social não é dada mas sim construída.
Em 1966, Bergê e Hockman publicaram: “a construção social da realidade”
(tradição da sociologia do conhecimento). As principais teses desta obra dizem que a
realidade social não é dada mas é construída. Tem diversas fontes para o
interaccionismo simbólico e interaccionismo social.
O objectivo neste capitulo é perceber quais os processos cognitivos e as dinâmicas
sociais que operam na construção social do mundo (realidade em que vivemos e que
conhecemos).
A noção de campo psicológico incorpora não só os objectos teóricos mas tudo
aquilo que o sujeito representa naquele momento como fazendo parte do seu mundo
(representações sociais, sistema de atitudes, teorias implícitas da perspectiva da relação
causal…).
R
Reepprreesseennttaaççõõeess SSoocciiaaiiss
A viragem do século ficou marcada por uma polémica entre a inter-psicologia de
Tarde (para ele, a explicação dos fenómenos sociais depende em ultima instância dos
conteúdos das consciências individuais) e a posição de Durkheim (para ele, os
fenómenos sociais são irredutíveis aos fenómenos pessoais – estes devem ser explicados
pelos fenómenos sociais).
Em 1920, McDougall introduziu o termo de grupo ou espírito de grupo (“group
mind”) – uma entidade supra-individual para as representações individuais. É
semelhante ao termo “representações colectivas” de Moscovici – de alguma maneira o
trabalho de Moscovici consiste em dar uma explicação e especificação a este conceito
no plano da explicação das condutas sociais.
12
““R
REEPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO SSOOCCIIAALL DDAA PPSSIICCAANNÁÁLLIISSEE”” –– OOBBRRAA DDEE 11996699
É impossível vivermos sem representarmos a realidade numa outra escala. Os
processos de representação visam reduzir a complexidade do real e reconstrui-lo nas
nossas cabeças.
JJooddeelleett ((11998899)) – define as representações sociais como uma modalidade de
conhecimentos socialmente elaborados e partilhados com um objectivo prático e
contribuindo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.
D
Dii G
Giiaaccuum
moo – as representações sociais constituem modelos explicativos
categorizando as relações entre diversos objectos do meio.
M
Moossccoovviiccii – introdutor do conceito de representações sociais – diz-nos que estas
podem ser vistas como um conjunto de conceitos, preposições e disposições criadas na
vida quotidiana no decurso da comunicação inter-individual.
Seriam equivalentes os mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais
contemporâneas – ou seja, podem ser vistas com esta perspectiva contemporânea do
senso comum. Isto leva-o a afirmar que o importante é perceber os nossos mitos.
O estudo inicial de Moscovici onde ele introduziu o conceito: o ponto de partida do
autor referia-se ao modo como dada teoria (psicanálise) se transforma, como é que se
circula numa sociedade, quem é que a defende e quem é que a combate. Trata-se de
estudar a psicanálise como um fenómeno de cultura. Para tal utilizou dois métodos
complementares: inquérito junto do público combinando questionários e entrevistas e a
análise de conteúdos da imprensa.
Com os inquéritos:
 Chegou a uma representação esquemática do que as pessoas achavam da
psicanálise (como o representavam).
IInnccoonnsscciieennttee
R
Reeccaallccaam
meennttoo
C
Coom
mpplleexxooss
C
Coonnsscciieennttee
Na representação que os inquiridos faziam emergiam os conceitos de que existia um
conflito permanente entre o consciente e o inconsciente que levam a recalcamentos –
levando as pessoas a serem complexadas. Nesta representação esquemática, que as
pessoas faziam da psicanálise, está ausente uma dimensão fundamental (que os próprios
respondentes tinham recalcado): o conceito de sexualidade/libido – houve um processo
de simplificação e ausência de um conceito central e, por outro lado, o conceito de
complexo (ego) prende-se mais com outras teorias psicanalíticas.
Freud distinguia a concepção estrutural tópica de uma concepção dinâmica –
consciente, inconsciente… que foi substituída por uma segunda tópica, que surgiu em
1920, Id, Ego e Super-ego.
13
É uma concepção dinâmica, onde as grandes forças emocionais que se opunham. Na
primeira concepção teórica de Freud, as pulsões sexuais opõem-se às pulsões de autoconservação – estas pulsões passam a chamar-se pulsões Eros e Thanatos (pulsões
agressivas).
Moscovici procurou estudar como determinada teoria se transforma e identificou
aquilo que podia ser uma representação esquemática distorcida da realidade (da
psicanálise) que servia para interpretar os comportamentos dos outros (representações
sociais) – que têm uma função prática nas nossas vidas/interacções no quotidiano.

Analisou os jornais comunistas, a imprensa católica e os jornais de grande
difusão. Assim, ele categorizou a imprensa em três diferentes classes –
globalmente, cada um destes tipos de imprensa funcionavam segundo diferentes
tipos de comunicação/difusão:
1. JJoorrnnaaiiss ddee D
Diiffuussããoo – tinham como objectivo fundamental criar um
modelo de comunicação comum (modelo de difusão).
2. JJoorrnnaaiiss C
Caattóólliiccooss – estabelecia-se entre os membros de um grupo e visava
produzir uma visão organizada do mundo (modelo de propagação – era um
modelo dominante na imprensa católica e fazia esforços para acomodar os
princípios da psicanálise aos princípios religiosos).
3. JJoorrnnaaiiss ccoom
muunniissttaass – utiliza o modelo de propaganda: a forma de
comunicação assenta nas relações sociais conflituosas, cujo objectivo era
que os leitores identificassem claramente o verdadeiro e o falso para que
tivessem a visão desmistificada da psicanálise.
Moscovici fez um paralelismo entre sistemas de comunicação de sistemas
cognitivos:
 A imprensa genérica centrada na ddiiffuussããoo visava que as pessoas formassem uma
ooppiinniiããoo sobre a psicanálise;
 A imprensa católica centrada na pprrooppaaggaaççããoo visava que os leitores formassem
uma aattiittuuddee consistente a respeito da psicanálise:
 A imprensa comunista centrada na pprrooppaaggaannddaa visava que os indivíduos
formassem um eesstteerreeóóttiippoo sobre a psicanálise.
É de sublinhar a importância de perceber a correspondência e relação entre os
processos genéricos de comunicação e a organização cognitiva do mundo.
As opiniões são passageiras. As atitudes necessitam de um trabalho de assimilação
ao passo que os estereótipos são consensuais no interior de um grupo – o preconceito é
uma atitude a respeito de determinados grupos minoritários. Centrado na dimensão
qualitativa.



Estereótipo – cognitivo
Discriminação – como comportamento (é um conceito intermédio)
Preconceito – valorativo
14
Algumas representações sociais (estereótipos) são consensuais, outros podem ser
conflituais. Os processos na construção de representações sociais são modalidades de
conhecimento prático, socialmente elaboradas e partilhadas constituindo
simultaneamente sistemas/modelos de interpretação e sistematização do
real/categorização do real e guias de acção.
Dinâmica da objectivação/ancoragem na produção de representações sociais:
Sistema cognitivo
Subsistema
(RS 0)
Ancoragem 1
Objecto 1
Objectivação
RS 1
Objecto 2
RS 2
Ancoragem 2
Novos
objectos
A relação entre representações sociais e o objecto: virtualmente tudo aquilo que
pode ser construído na mente e diferente doutras entidades. A construção de uma
representação social pode ser feita por dois processos complementares:
1. O
Obbjjeeccttiivvaaççããoo: é responsável pela própria génese das representações sociais –
objectivar é reabsorver num excesso de significações materializando-as. Pode
ser descrita, de modo mais preciso, em três passos fundamentais:
 1º – Selecção de elementos do real
 2º – Os elementos seleccionados são organizados no núcleo figurativo
 3º – Naturalização: quando se forma a representação social as pessoas
ignoram a dimensão de arbitrariedade subjacente aos processos de selecção
e consideram os elementos como algo natural (não construído).
2. A
Annccoorraaggeem
m: enraizamento social da representação (tal como um barco ancorado
no porto). Na dinâmica da construção de uma representação social a ancoragem
pode ser considerada, a um tempo, a montante e a jusante da objectivação. Ou
seja, num certo sentido a ancoragem precede a objectivação (porque temos que
ter pontos de referência) mas numa segunda acepção a ancoragem vem a seguir
15
à objectivação (na medida em que a representação social uma vez construída
funciona como um esquema de sistematização, categorização e organização do
real).
Duma maneira simplificada, a assimilação corresponderia à incorporação no sistema
cognitivo de um objecto exterior. Já a acomodação corresponderia à diferenciação do
sistema cognitivo para dar conta dos nossos objectivos (em Piaget).
A Reificação é a coisificação – ignora-se as relações sociais de nominação que
surgem no quadro da produção, os objectos são naturalizados, coisificados (reificados).
No final, faz-se a menção a processos de categorização – de novos objectos.
No sistema cognitivo, existe sempre subsistemas onde há uma ancoragem das
representações sociais de um objecto. A partir daí os sujeitos procederam à selecção e
naturalização do objecto (para formar uma representação – que funcionará como fonte
de ancoragem para novos objectos).
Esquema de Jodelet, procura construir uma grelha de estudo para os fenómenos de
representação social.
Condições de produção e
circulação das representações
sociais
Processos e estados das
representações sociais
Cultura
(colectivo de grupo)
 Valores
 Modelos
 Invariantes
Valor de verdade
Suportes
Conteúdos
Estruturas
Processos
Lógica
Linguagem e
comunicação
 Inter-individual
 Institucional
 Mediática
Sociedade
 Partilha e laço
social
 Contexto
ideológico,
histórico
 Inscrição social
 Posição
 Lugar e
função social
 Pertença ao
grupo
 Organização
social
 Instituições
 Vida dos
grupos
Estatuto epistemológico das
representações sociais
Forma de saber
modelização
construção
Sujeito
Epistémico
Psicológico
Social
Colectivo
interpretação
Representação
expressão
Objecto
simbolização
Humano
Social
Ideal
Material
Compromisso psico-social
 Relações entre
pensamento
natural e
pensamento
cientifico
 Difusão dos
conhecimentos
 Transformação
dum saber
noutro
 Epistemologia
do senso
comum
Representação e
ciência
Desfasamento
 Distorção
 Defalcação
 Suplementação
Valor de realidade
Prática
Experiência
Acção
Funções/eficácia das representações sociais
16
As representações permitem categorizar a realidade. As representações sociais são
uma forma de saber/conhecimento prático, é sempre uma representação de um objecto e
é obviamente elaborado por um sujeito – nas suas relações. Podemos dizer que existem
diferentes processos, assim:
 Em primeiro lugar, a representação é sempre a representação de um objecto
(simbolização), se é isso, então, está no seu lugar (assim, temos um processo de
simbolização mas não está só no lugar de objecto como é a interpretação deste –
confere-lhe significado). As representações podem revestir as formas mais
diversas.
 Por sua vez, a representação é uma forma de saber, o que implica uma
modelização do real a partir de diferentes suportes, conteúdos, estruturas e
processos lógicos.
 Nas suas relações com o sujeito a representação é objectivamente uma
construção dos sujeitos mas é simultaneamente uma expressão (é expressa pelos
sujeitos através da linguagem).
Moscovici desdobra os sujeitos em quatro categorias:
1. O ssuujjeeiittoo eeppiissttéém
miiccoo: para se referir aos processos cognitivos.
s
u
j
e
i
t
o
p
s
i
c
o
l
ó
2. O sujeito psicológgiiccoo: refere-se a processos imaginários e fantasmáticos.
3. O ssuujjeeiittoo ssoocciiaall: para se referir às pertenças sociais dos indivíduos.
4. O ssuujjeeiittoo ccoolleeccttiivvoo: para se referir, de um modo mais especifico/particular, ás
actividades/acções de um determinado grupo.
As definições que temos vindo a registar de representações sociais são uma forma
de conhecimento essencialmente prático, destinando-se a facilitar as interacções e as
próprias interpretações dessa interacção – tem um compromisso inter-social no sentido
de que se ligam ás actividades da vida quotidiana (de forma directa).
A coluna da esquerda, Jodelet refere-se de modo genérico ás condições de produção
e circulação das representações sociais que implica uma compreensão da cultura
(valores, modelos e invariantes dos grupos sociais), da linguagem e comunicação e por
último a aspectos especificamente sociais.
Na coluna da direita, Jodelet explicita o estatuto epistemológico das representações
sociais (o valor de verdade). As representações sociais podem ser contextualizadas nas
relações entre pensamento natural e pensamento científico, na difusão dos
conhecimentos e na transformação dum saber noutro – numa palavra, na epistemologia
do senso comum.
Há um desfasamento entre a representação e a realidade, em que o real pode ser
distorcido, pode ser defalcado (podem ser suprimidas ou aumentadas coisas) durante o
processo de objectivação.
O
OM
Mooddeelloo ddee PPssiiccoollooggiiaa SSoocciiaall
Seria um modelo de “O-S-O-R”. A concepção de Moscovici não é uma concepção
só de mediatização (não é só o esquema “O-S-O-R”).
SS
E
E
R
RSS
R
R
R
RSS
R
R
A representação social define
ao mesmo tempo: estímulos
(interpretação) e orientação
para a acção.
17
Estudo de Abrie sobre as representações sociais:
Abrie parte de uma situação estímulo para apresentar uma investigação que chamou
o dilema do prisioneiro – que consiste num juiz que interroga dois homens suspeitos de
roubo à mão armada mas não tem provas para os incriminar, assim o juiz diz-lhe que
tem que confirmar para que possam ser culpados, além disso, diz-lhes quais as penas
depois de os colocar em celas separadas.
Ele dividiu os sujeitos da experiência em duas condições experimentais:
 Condição A: fez crer ao sujeito que estava a jogar este jogo com outro sujeito.
 Condição B: fez crer ao sujeito que estava a jogar com uma máquina que
produzia respostas aleatórias (ele estava a induzir uma resposta social de uma
pessoa/parceiro).
Preso A
Preso B
A1 – confessa
B1 – confessa
A2 – não confessa
2 Anos
2 Anos
B2 – não confessa
20 Anos
0 Anos
0 Anos
20 Anos
6 Meses
6 Meses
Situação cooperativa
Este autor operacionalizou o conceito de representações sociais (há outros estudos
sobre este conceito que funcionam como referência no quadro). Ele estava a introduzir
uma representação social.
Com esta experiência demonstrou que a percentagem das respostas cooperativas
eram superiores nas situações em que o sujeito pensava que estava a jogar com outro
sujeito real (confesso/confesso, não confesso/não confesso).
Ideias síntese: porque é que as representações sociais se dizem representações
sociais? Quando falamos de oposições/atitudes, elas tem sempre por trás um conceito de
representações sociais.
Fundamentalmente por três critérios:
1º Critério – Quantitativo: são socialmente partilhadas
2º Critério – Genético: são colectivamente produzidas na e pela interacção social
3º Critério – Funcional: organizam-se as relações simbólicas entre os actores
sociais.
Por exemplo, na definição de partida de Jodelet: “as representações sociais são uma
modalidade de conhecimento socialmente elaborada (critério genérico) e partilhada
(critério quantitativo) com um objecto prático e contribuindo para a construção de uma
realidade comum a um conjunto social (critério funcional).
18
C
COONNJJUUNNTTOO DDEE IINNVVEESSTTIIGGAAÇÇÕÕEESS SSOOBBRREE AASS RREEPPRREESSEENNTTAAÇÇÕÕEESS DDOO CCOORRPPOO
O corpo é um objecto social/publico no sentido que as representações sociais são
construídas publicamente – o corpo é um objecto de troca e consumo. A redescoberta do
corpo está muito presente no dia-a-dia (na publicidade…) – pode dizer-se que o corpo
substitui a alma. O corpo funciona como objecto de categorização social (mascara
distintiva – modos de apresentação, modos de vestir… se tem o corpo atlético,
deficiente…).
A importância da oposição: privado/público na representação do corpo é
testemunhada por um conjunto de investigações de Jodelet. Ele procurou identificar as
categorias mentais que controlam a experiência vivida – modos de conhecimento do
corpo (experiência corporal directa).
Muita da informação que obtemos de uma pessoa provém das representações sociais
do corpo – o nosso corpo é um objecto de representação mas também é um objecto de
acção (em termos de doença mental, existem algumas investigações acerca das
representações sócias do corpo).
O enquadramento geral das representações sociais: os processos sócio-cognitivos
constituem as representações sociais, que são indissociáveis dos factores de regulação
social, mais exactamente – as representações sociais são determinadas pela estrutura da
sociedade em que se desenvolvem (os mitos das sociedades contemporâneas). Mas essa
própria sociedade é local de clivagens, relações de diferenciação e dominação
(coflitualidade).
As representações sociais surgem, então de dois níveis básicos:
1. Diferenciação das condições socio-económicas.
2. Conflitualidade que radica nos sistemas de orientação, nos quadros de referência
normativa.
Moscovici refere que entre as condições sociais que afectam a emergência de uma
representação social temos que considerar três ordens de fenómenos:
 Dispersão da informação (isto é, desfasamento da informação disponível e da
informação necessária).
 Focalização (os indivíduos geram representações sociais mais sólidas ou mais
fluidas consoante os recursos do meio ambiente).
 Pressão para a inferência (ou necessidade que todos sentimos de tomar posição
em sentido dos objectivos grupais ou individuais).
O conceito que muitos autores referiam como central na psicologia social é o
conceito de aattiittuuddee::
Encontramos a atitude em diversos momentos do nosso curso – na definição que
Moscovici dava de representação social. Voltamos a encontra-la quando falamos das
representações sociais da psicanálise (difusão, propaganda…). Ainda, encontramo-la
igualmente na priorização que fizemos da psicologia social – onde redefiníamos a
história da atitude em termos da evolução da psicologia social.
19
Em concomitância com
a analise das
representações sociais
Definição clássica de Allport (1935): ele definia atitude como um estado de
preparação mental ou neural organizado através da experiência – exercendo uma
influência dinâmica sobre as respostas individuais e sobre os objectos/situações com os
quais nos relacionamos. Para Allport a atitude é o conceito mais indispensável da
psicologia social – as atitudes referem-se a paixões e ódios, atracões e repulsões,
gostares e não gostares…
Na definição mais recente de atitude, de Allice Engly, esta é definida como uma
tendência psicológica que é expressa através da avaliação de uma entidade particular
com um certo grau de favoralidade ou desfavoralidade. O conceito de atitude remetenos para um estado interno – é de natureza disposicional – mas este construto (este
estado interno) é em larga medida uma disposição aprendida e no processo de
aprendizagem e formação de atitudes podemos identificar os processos clássicos de
aprendizagem (condicionamento clássico e operante) e aprendizagem por símbolos
(simbólica).
A definição de Robert Abelson diz que a atitude face a um objecto consiste no
comportamento de “scripts” relativamente a esse objecto.
Em síntese, a atitude é uma disposição avaliativa – situa um objecto do pensamento
numa dimensão avaliativa. Esse objecto do pensamento (qualquer construção mental
que possa ter um carácter distintivo) pode ser virtualmente um objecto concreto ou
abstracto: comportamentos, politicas sociais, … podemos falar de atitudes em relação a
qualquer objecto mental construído.
Tudo o que pode ser cognitivamente construído pode ser objecto de atitude, dai se
considera que a atitude pode ser dos conceitos mais genéricos da psicologia social.
Sendo assim, por exemplo:
 O preconceito é uma atitude em relação a um determinado grupo (atitude
negativa face a grupos minoritários).
 A atracção inter-pessoal é uma atitude relativamente a pessoas.
 A auto-estima é uma atitude relativamente ao próprio “self”.
 Os valores são atitudes face a objectos abstractos ou estados da existência
humana
Ainda, podemos identificar atitudes sociais e politicas. Ao identificar uma atitude,
como uma colecção de objectos num eixo avaliativo consideram a atitude em vários
sub-capitulos da psicologia social.
No estudo das atitudes podemos organizar os conteúdos em cinco grandes campos
(chavões), assim, o estudo das atitudes deve ser feito em cinco grandes dimensões:
20

E
Essttrruuttuurraa ddaass aattiittuuddeess:: Remete-nos, em primeiro lugar, para a atitude intraindividual, que se refere ao grau de interligação entre os componentes cognitivo,
afectivo e comportamental. Ou seja, refere-se ao modelo tripartido da atitude de
Howland (1960) que comporta os componentes cognitivo (crenças sobre o objecto), um
componente afectivo (emoções experimentadas na relação com o objecto) e um
componente comportamental, que pode ser verbal ou não.
Aqui surge uma grande área de tensão/conflitualidade teórica que diz respeito à
inclusão ou não o componente comportamental da atitude ou não. Em segundo lugar
este remete-nos para o aspecto da estrutura das atitudes ser inter-atitudinal: como é que
as atitudes face a diferentes objectos e como se organizam entre si.
Categoria de resposta:
M
Mooddoo ddee
rreessppoossttaa
A
Affeeccttooss
C
Coom
mppoorrttaam
meennttooss
C
Cooggnniiççõõeess
V
Veerrbbaall
- Sentimentos
- Emoções expressos
- Intenções
comportamentais
- Crenças (“belives”):
construção cognitiva
N
Nããoo
vveerrbbaall
- Repostas fisiológicas que
acompanham a expressão
das atitudes
- Comportamento “aberto”
(comportamento de
aproximação ou
afastamento dos objectos)
- Respostas perceptivas
(por exemplo: tempo de
reacção…)
Em síntese: as atitudes referem-se a experiências subjectivas e incluem sempre uma
dimensão avaliativa. Uma confusão no estudo das atitudes e que a generalidade dos
autores tende a evitar é a assimilação do afecto à avaliação – o afecto não é isomórfico à
avaliação porque podem existir avaliações baseadas apenas em cognições, ou seja,
podem existir avaliações que não tenham uma dimensão afectiva. O termo afecto deve
ser exclusivo para emoções e sentimentos.
As atitudes referem-se sempre a um tema ou objecto, o que implica juízos
avaliativos – expressa-se através da linguagem e são previsíveis nas suas relações com a
conduta social.
Em 1959, um sociólogo Lazarsfeld, procurou sistematizar um conjunto de conceitos
disposicionais de acordo com três dimensões:
CONCEITOS DISPOSICIONAIS (Lazarsfeld, 1959)
Dimensões
Definição
Polarização
Exemplos
CAMPO DE ACÇÃO
Margem de aplicação
das disposições
Disposições
gerais vs. específicas
Valores vs. Opiniões
DINÂMICA
Grau de ligação da disposição
ao "objecto intencionado"
Intencionalidade
"passiva" vs. "directiva"
Atitude face a vs. Desejo de
HORIZONTE
TEMPORAL
Orientação das disposições
Presente vs. futuro
Necessidade vs. Plano
Psicologia Social I / Valentim R. Alferes, 1995, 2006
HORIZONTE TEMPORAL
CAMPO DE ACÇÃO
PRESENTE
ESPECÍFICO
• Preferências
• Opiniões
PASSIVA
• Atitudes
FUTURO
GERAL
ESPECÍFICO
• Traços de carácter
(v.g., largueza de espírito)
• Previsões
GERAL
• Tendências
• Inclinações
• Valores
• Quadros de referência
(ideologias)
DINÂMICA
• Necessidades
DIRECTIVA
• Desejos
• Traços de carácter
(v.g., vitalidade, agressividade)
• Intenção
• Plano de acção
• Motivações
(tb. presente)
Psicologia Social I / Valentim R. Alferes, 1995, 2006
21
1. Proposta para categorizar os conceitos disposicionais com a designação de
campo de acção: ele categorizava as ddiissppoossiiççõõeess ccoom
moo eessppeecciiffiiccaass vveerrssuuss ggeerraaiiss
(um valor seria uma disposição geral e uma atitude/uma disposição especifica).
2. Dinâmica: expressar o grau de ligação da disposição ao objecto intencionado. De
acordo com esta dimensão as ddiissppoossiiççõõeess ddiivviiddiirr--ssee--iiaam
m eem
m ppaassssiivvaass oouu
ddiirreeccttiivvaass (exemplo: a atitude tem uma intencionalidade passiva, em
contraposição o desejo exprimiria uma dimensão directiva).
3. Horizonte temporal: orientação das disposições que podem ser ddiirreecccciioonnaaddaass
ppaarraa oo pprreesseennttee oouu ppaarraa oo ffuuttuurroo (por exemplo: as necessidades estão
orientadas para o presente enquanto os planos se orientam para o futuro).
E
Essppeecciiffiiccoo
PPaassssiivvaa
- Preferências
- Opiniões
- Atitudes
D
Diirreeccttiivvaa
- Necessidades
- Desejos
PPrreesseennttee
G
Geerraall
- Certos traços de personalidade (mais
genéricos: largueza de espírito)
-Valores
- Quadros de referência (ideologias)
- Outros traços de personalidade (com uma
componente motivacional mais forte –
agressividade)
FFuuttuurroo
E
s
p
e
c
i
f
Especifiiccoo G
Geerraall
- Previsões
- Tendências
- Inclinações
- Intenções
- Planos de
acção

 FFuunnççõõeess ddaass aattiittuuddeess:: tem funções na organização do nosso mundo, pode ter
funções motivacionais e expressivas da própria personalidade. Procura estudar os
objectivos de ter atitudes, o que eles desempenham nas interacções sociais.
Tem a ver com dimensão funcional das atitudes (aspectos motivacionais de direcção
para a acção).

 PPrroocceessssoo ddee ffoorrm
maaççããoo ddee aattiittuuddeess:: estudar os mecanismos de aprendizagem
através dos quais se desenvolvem as atitudes.
Pressupõe-se que os processos de formação são os mesmos processos de mudança
de atitudes.

R
Reellaaççõõeess eennttrree aattiittuuddeess ee ccoom
mppoorrttaam
meennttooss: diz respeito ao estudo das
relações entre as atitudes e os comportamentos.

 M
Meeddiiççããoo ddaass aattiittuuddeess:: tem como objecto de estudo central o problema
específico da mudança de atitudes e persuasão. Os processos utilizados para a mudança
de atitudes são as estratégias de persuasão.
Problema epistemológico importante: as atitudes expressam-se numa dimensão
avaliativa bipolar, que vai de positivo a negativo. Convém não confundir o que são
dispositivos metodológicos para medir as atitudes e o próprio conceito de atitude a
respeito de um objecto – este pode ter diferentes atributos (ou seja, podemos gostar de
um atributo de um objecto e de outro não).
Por outro lado, há que distinguir entre atitudes fortes e atitudes fracas. Há atitudes
em que não existe um ponto negativo, só existe um ponto positivo, daí não existe a tal
bipolaridade relativamente ás atitudes – há atitudes que não são necessariamente
bipolarizadas.
22
Aula nº5
O conceito ttrraaççoo tem uma ideia central: este conceito servia para prever os
comportamentos. Existiam relações fortes entre os traços de personalidade e o
comportamento manifestado.
Em 1968, Mischel provocou uma grande polémica ao dizer que tudo o que dizia
respeito ao traço e ao comportamento tinha fraca demonstração empírica. Considerou o
conceito traço como insustentável, pois não havia correlações elevadas entre traços e
comportamentos.
Em 1969, Likert fez um estudo de revisão de literatura sobre a relação entre atitudes
e comportamentos – onde encontrou baixas correlações, o que demonstra que não se
podem predizer os comportamentos pelas atitudes.
La Piere (1934), na experiência que realizou também verificou que não existia uma
correlação forte entre atitudes e comportamentos. Contudo, Ajsen e Fishbein afirmaram
que esta suficiência resultava de dificuldades metodológicas na concepção desta
relação. Assim, propuseram duas soluções:
1. Agregação de atitudes
2. Identificação de factores moderadores (variáveis que pudessem moderar a
relação entre atitudes e comportamentos).
Então, propõem a tteeoorriiaa ddaa aaccççããoo ppllaanneeaaddaa – distinguiram entre atitudes gerais e
específicas, conceptualizaram o comportamento como uma situação de escolha.
Identificaram como melhor preditor as intenções comportamentais que, por sua vez,
eram determinadas por atitudes específicas.
Na tteeoorriiaa ddaa aaccççããoo rreefflleeccttiiddaa:
Posteriormente, os autores introduziram um terceiro determinante: o controlo
comportamental percebido – a capacidade do indivíduo controlar o seu próprio
comportamento.
23
Estes três elementos levam ao comportamento – modelo do comportamento
planeado (pagina 212 – Luísa Lima).
Variáveis externas
Demográficas:
Idade
Sexo
Ocupação
Est. socioeconómico
Educação
Religião
Atitudes gerais face a:
Crença
de que o comportamento
provoca determinados
resultados
Atitude
face ao comportamento
Avaliação
dos resultados esperados
Pessoas
Instituições
Objectos
Traços de personalidade
Introversão/extroversão
Neuroticismo
Autoritarismo
Importância relativa
dos factores atitudinais e
normativos no
comportamento
Crença
Intenção
Comportament
o
de que indivíduos ou grupos
específicos pensam que a
pessoa deve ou não
concretizar o comportamento
Norma subjectiva
relativa ao comportamento
Motivação
para seguir o que os grupos
ou indivíduos específicos
pensam sobre o
comportamento
Controlo comportamental percebido
dificuldade percebida na realização do comportamento
Relativamente às ffuunnççõõeess ddaass aattiittuuddeess:
- FFuunnççããoo m
moottiivvaacciioonnaall: o valor para o próprio indivíduo.
- FFuunnççããoo ccooggnniittiivvaa: diz respeito à organização do mundo pessoal.
Um dos modelos mais importantes – é o m
mooddeelloo ddee eeqquuiillííbbrriioo ddee H
Heeiiddeerr (1958)
Considera 3 entidades: pessoa (P), objecto (O) e outra entidade (X). onde se
estabelecem rreellaaççõõeess ddee uunniiddaaddee (caracterizam a relação cognitiva: quando os sujeitos
percebem que estão relacionados) e rreellaaççõõeess ddee sseennttiim
meennttoo (diz respeito à avaliação a
afectos que podem ser mais ou menos entre as 3 entidades).
O sistema está em equilíbrio quando há concordância dos
sinais – podemos verificar se o sistema está em equilíbrio
multiplicando os sinais.
A partir deste modelo, podem-se prever mudanças atitudinais
no sentido de equilíbrio do sistema.
PPeerrssuuaassããoo
Existem três processos básicos susceptíveis de conduzir à mudança de atitudes:



Persuasão.
Exposição directa ao objecto e à atitude.
Modificação das contingências dos comportamentos associados à atitude
(mecanismos básicos de aprendizagem).
Em 1968, Zajong demonstrou que a simples exposição a um estímulo é susceptível
de modificar a nossa atitude face a esse estímulo. Na sua experiência dava ao sujeito 12
palavras turcas (os sujeitos não sabiam o seu significado) e pedia para avaliarem essa
24
palavra com a qualificação de bom/mau, numa escala. As palavras mais mostradas eram
as que eram mais avaliadas. A partir de certa altura há saturação.
O principal mecanismo de mudança de atitudes é a persuasão:
 É quase comparada com a educação.
 Pode ir de uma acção pedagógica formal aos meios mais informais.
Esta questão atravessa o nosso mundo (televisão, campanhas eleitorais,
publicidade…). A comunicação persuasiva é uma estratégia de mudança de atitudes, via
mediação social.
M
Mooddeelloo B
Biiffaaccttoorriiaall ((M
MccG
Guuiirree))
Atenção
x
Compreensão
x
Aceitação
x
Retenção
x
Comportamento
A atenção é o componente motivacional. Enquanto a compreensão é o componente
cognitivo – aqui, a inteligência tem um efeito paradoxal porque favorece a recepção da
mensagem mas pomos mais obstáculos à aceitação da mensagem.
O estudo da persuasão começou depois da Segunda Guerra Mundial. Quem diz o
quê, a quem, através de que meios, o que provocam? É importante a credibilidade.
A principal conceptualização contemporânea de comunicação persuasiva é a de
Petty e Cacciopo – procuraram identificar quais os processos básicos responsáveis pela
eficácia das mensagens persuasivas e quais os processos presentes no modelo de
McGuire.
Assim, distinguiram dois caminhos para a persuasão:
1. Caminho principal da persuasão.
2. Caminho periférico da persuasão.
Na estrada/no caminho principal os sujeitos despendem esforço, procedem a uma
avaliação cognitiva elaborada sobre os argumentos persuasivos. No caminho periférico,
não se verifica esse esforço de codificação da mensagem e os indivíduos utilizam regras
diferentes, mecânicas de aceitação da mensagem.
Designam-no de m
mooddeelloo ddaa pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee eellaabboorraaççããoo – querendo dizer que a
distância entre estes dois caminhos é o grau com que estes sujeitos elaboram as
mensagens – pressupõe a existência de factores. Logo, para que se possa aceitar uma
mensagem existem dois factores básicos:
1. FFaaccttoorr ccooggnniittiivvoo – tenho que ser capaz de a processar.
2. FFaaccttoorr m
moottiivvaacciioonnaall – tenho que estar motivado para receber.
Estudo realizado por Petty e Cacciopo:
 V
Vaarriiáávveell IInnddeeppeennddeennttee 11 – envolvimento (motivacional), com dois níveis:
 Baixo.
 Alto.
 V
Vaarriiáávveell IInnddeeppeennddeennttee 22 – qualidade de argumentação, com dois níveis:
25

Argumentação de qualidade para justificar a introdução dos exames
globais.
 Argumentação de baixa qualidade.
 V
Vaarriiáávveell IInnddeeppeennddeennttee 33 – fonte de comunicação, com dois níveis:
 “Expert” (alguém de uma comissão sobre educação).
 Não “expert” (turma de outra escola).
Passaram-se questionários para verificar o grau de favorabilidade ou não perante a
introdução do exame global.
Favorável
Fonte: Especialista
A
Attiittuuddee
Fonte: Outra Turma
Desfavorável
Alto
Baixo
E
Ennvvoollvviim
meennttoo
Quando o envolvimento é forte, os sujeitos entram pelo caminho central de
descodificação da mensagem. Os que não estão envolvidos optam pela via periférica.
O grau de envolvimento tem um efeito diferencial no grau de importância atribuída
à fonte.
Favorável
Argumentos fortes
A
Attiittuuddee
Argumentos fracos
Desfavorável
Alto
Baixo
E
Ennvvoollvviim
meennttoo
Quando há envolvimento os argumentos pesam muito mais na manipulação das
atitudes (Petty, Cacciopo e Goldam, 1981).
Os elementos na publicidade funcionam como estratégia para as pessoas não se
centrarem na via central de descodificação de mensagem, são distractores para não
haver uma descodificação cognitiva, e por via central, mas por via periférica.
A experiência de Festinger e Carlsmith é um meio de modificação de atitudes.
26
COMUNICAÇÃO PERSUASIVA
MUDANÇA DE ATITUDES PERIFÉRICA
A atitude é temporária, susceptível de mudança e
pouco preditora do comportamento
ESTÁ MOTIVADO PARA PROCESSAR A
INFORMAÇÃO?
-Relevância pessoal
-Necessidade de cognição
- Responsabilidade pessoal
Si
TEM CAPACIDADE PARAmPROCESSAR A
INFORMAÇÃO?
-Distracção, repetição
- Conhecimento prévio
- Compreensibilidade da mensagem
Nã
o
SINAIS PERIFÉRICOS
PRESENTES?
- Afecto positivo ou negativo
- Fonte especialista
- Número de argumentos
Nã
o
Si
m
NATUREZA DO PROCESSAMENTO
COGNITIVO
- Atitude inicial em relação ao tema
- Qualidade dos argumentos
Predominam pensam.
favoráveis
Predominam pensam.
desfavoráveis
Sim,
desfavoráveis
Mudança central
de atitudes positiva
Mudança central
de atitudes
negativa
Nã
o
Predominam pensam.
neutros
MUDANÇA NA ESTRUTURA COGNITIVA
- Adoptam-se novas cognições e são armazenadas na
memória? Há respostas diferentes do que as
anteriores?
Sim, favoráveis
Si
m
A atitude é relativamente duradora, resistente e preditora do comportamento
RETENÇÃO OU
RECUPERAÇÃO DA
ATITUDE INICIAL
Modelo da Probabilidade da Elaboração (Petty & Cacioppo, 1981)
Aula nº6
Hoje vamos entrar no sub-capitulo relacionado com a percepção e explicação das
condutas sociais – centra-se em duas problemáticas clássicas da psicologia social que se
prendem com os processos de formação de impressões e de atribuição causal – ou seja,
preocupar-nos com o modo como as pessoas percepcionam as outras e formar
percepções acerca delas e, além disso, vamos passar para a explicação das próprias
condutas sociais.
Não há uma segunda vez para causar uma primeira impressão – tem que se tomar
consciência da importância das primeiras impressões que formamos dos outros e
vermos as repercussões que tem nas interacções sociais.
A problemática de formação de impressões está relacionada com as tteeoorriiaass
iim
p
mpllíícciittaass ddaa ppeerrssoonnaalliiddaaddee.
Podem ser conceptualizadas como crenças gerais que mantemos a propósito da
espécie humana, nomeadamente naquilo que diz respeito à frequência e variabilidade de
um traço de carácter numa dada população.
Para além desta percepção geral podemos ter uma acepção mais restrita das teorias
implícitas da personalidade – como constituindo matrizes da população (retratos robot)
de determinados traços que transportamos “nas nossas cabeças” (a partir de um taco
fazemos inferências sobre os outros, que podem estar correlacionados).
As teorias dizem-se implícitas por duas razões principais:
1. Os sujeitos não têm necessariamente consciência deles e é provável que não as
saibam formalizar.
27
2. São obviamente teorias sem fundamentos científicos, ás quais recorremos para
nos avaliar a nós mesmos e aos outros, ao nosso comportamento e ao dos outros
e para prevermos os comportamentos.
As teorias implícitas dependem da motivação e dos nossos estados emocionais e do
nosso funcionamento cognitivo. As teorias implícitas formam-se através de três tipos de
experiências:
 Informações verbais.
 Características físicas (um dos estereótipos mais comuns de que o “belo é bom”
– esta inferência a partir de uma característica física serve-nos para inferir
características interiores).
 Pertença a determinados grupos sociais.
Experiência de Ach – relativo à formação de impressões: divide os sujeitos em dois
grupos aos quais deu as mesmas instruções gerais. A um grupo lê-se uma lista de adjectivos
positivos e ao outro grupo lê-se a mesma lista mas no meio coloca-se um adjectivo diferente
– esse adjectivo que variou de um grupo para o outro foi “caloroso” e “frio”.
No final, colocam-se aos sujeitos duas questões: em que medida eles queriam conhecer
a pessoa e em que medida gostariam de manter uma relação com essa pessoa – sendo-lhes
solicitado que respondam ás duas questões numa escala de 0 (pouco) a 10 (muito).
Ele verificou que o grupo onde foi lido o adjectivo “frio” revelou valores mais baixos ás
duas questões. Assim, o traço “caloroso/frio” tinha uma importância suficientemente forte
para fazer com que a impressão sobre a pessoa fosse bipolarizada. O Ach fez esta mesma
experiência com outros traços e verificou que alguns deles não tinham modificação
nenhuma – a esses traços chamou traços periféricos.
Em 1954, em termos teóricos, a expressão “teorias implícitas da personalidade” foi
introduzida por Bruner e Tagiuri, para descrever a percepção das pessoas. O
desenvolvimento da problemática está associado a três sub-domínios:
1. Estudos sobre a percepção social (escola do “newlook” – Bruner é um dos
principais representantes, ressalta a importância dos factores motivacionais, na
própria percepção).
2. Estudo dos processos de atribuição psicológica cognitiva.
3. Trabalho clássico de Michel – em que desmistificou muitas das teorias, ditas,
cientificas da personalidade.
A conceptualização das teorias implícitas da personalidade – deve ser colocada
numa perspectiva motivacional em que todo aquele que observa tem o objectivo
observacional que o leva a focar a sua atenção em categorias ou segmentos de
comportamentos relevantes para os ses propósitos.
Toda a observação que nós fazemos subordina-se a objectivos do próprio
observador. Assim, podemos ter três objectivos observacionais:
1. Quando observo à procura de informação ou aprendizagem.
2. Quando me centro na analise da personalidade do outro – identificação do
carácter e dos traços que lhe estão subjacente.
3. Estritamente de avaliação do outro
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Existem, basicamente, dois modelos teóricos do processo de atribuição:
M
Mooddeelloo ddee A
Acchh
Afirmava que a partir de traços-estímulos nós formamos uma impressão geral e a
partir dela procedíamos à inferência de traços particulares.
Traços-estímulo
Inferência geral
Inferência de traços particulares
M
Mooddeelloo ddee B
Brruunneerr ee T
Taaggiiuurrii
Postulam uma estrutura cognitiva intermédia que se chama teorias implícitas da
personalidade e a partir dela se fazem inferências gerais e inferências de traços
particulares.
Inferência geral
Traços-estímulo
Teorias implícitas da
personalidade (TIP)
Inferência de traços particulares
A origem das teorias do estudo dos processos de atribuição remonta a uma das
figuras maiores de psicologia social – Heider – ele publicou, em 1958, o livro
“Psicologia das relações inter-pessoais” que está na origem daquilo que tem vindo a ser
designado de psicologia do senso comum.
Este autor preocupava-se em perceber o modo como o “homem de rua” explicava o
comportamento – este servia-se de fábulas para introduzir alguns conceitos que o
“homem de rua” utiliza (como, por exemplo, poder, querer…) na explicação do
comportamento.
Ele introduziu dois conceitos principais:
1. Formação-unidade: este conceito referia-se aos processos através dos quais a
origem e o efeito, o autor e o acto são vistos como fazendo parte de uma mesma
unidade causal.
2. Pessoa como protótipo das origens: a consequência mais importante da junção
entre acto e actor é que o actor fosse compreendido como a causa mais verosímil
dos comportamentos.
Ele distingue entre uma oposição fundamental, entre causas internas (atribuições
internas) e causas externas (atribuições externas) – no sentido de formalizar o modo
como o sujeito explica as condutas dos outros Heider introduz mais conceitos de
natureza pessoal:
 Poder/capacidade.
 Tentativa/esforço (claramente de natureza motivacional).
 Conceito ambiencial – que diz respeito ás dificuldades das tarefas/situações.
29
A máxima de Heider, que mostra a sua conceptualização acerca das atribuições,
afirma que para que estejamos em condições de afirmar que existe uma causalidade
pessoal é necessário que atribuamos ao outro a capacidade de esforço para realizar
determinadas acções/tarefas.
Teoria de Jones e Davis – que é a tteeoorriiaa ddee iinnffeerrêênncciiaa ccoorrrreessppoonnddeennttee: é a teoria
de atribuição de Kelley inspirada nos dados da ANOVA. Esta teoria de Jones e Davis é
uma formalização das ideias avançadas pelo Heider e trata-se no fundo de explicar
como os indivíduos fazem inferências sobre as intenções dos outros e à posteriori das
disposições que estão por trás dessas intenções.
Jones e Davis procuraram sistematizar as ideias de Heider.
D
Diissppoossiiççõõeess
IInnffeerrêênncciiaass
Intenções
Conhecimento
Capacidade
O
Obbsseerrvvaaççããoo
Acção
Efeito 1
Efeito 2
Efeito 3
Teoria da inferência correspondente: postula no decurso do processo atributivo a
partir da observação das acções e dos seus efeitos nós fazemos inferências de intenções
comportamentais e por detrás delas imputamos traços fixos/de carácter – disposições.
Jones e Davis afirmaram também que neste processo de imputação de intenções e
disposições o observador tem que pressupor que o actor tem conhecimento das suas
acções/efeitos e tem capacidade para realizar essas acções.
Chama-se, então, teorias de inferência correspondente ás acções e seus efeitos que
vão corresponder a intenções e disposições.
No processo de atribuição de intenções e á posteriori de disposições Jones e Davis
falam de dois princípios fundamentais:
1. Princípio dos efeitos não comuns – disposição e intenção que orienta uma acção
é indicada pelas consequências/efeitos dessa acção que não são comuns a acções
alternativas.
2. Princípio da desiderabilidade social – diz respeito ás crenças que o observador
tem sobre aquilo que os outros fariam na mesma situação.
Teoricamente, os efeitos que são desejáveis para o actor indicariam melhor as suas
intenções, contudo, efeitos universalmente desejados são pouco informativos. Neste
contexto, seriam os comportamentos indesejados socialmente (que não estariam de
acordo com o seu papel social) que seriam mais informativos para a atribuição das
intenções.
Em relação ao modelo de Heider há pelo menos duas limitações principais:
 Presume a cadeia intenção – disposição, contudo é legítimo dizer que há
disposições que não podem ser inferidas por intenções.
 É problemática que os indivíduos cognitivamente conseguiam processar
(articular) os comportamentos dos outros. O modelo de Kelley, por sua vez,
aplica-se simultaneamente à hetero e auto-observação do comportamento.
30
Aula nº7
PPeerrcceeppççããoo ee eexxpplliiccaaççããoo ddaass ccoonndduuttaass ssoocciiaaiiss
(modelo de atribuição causal e erros de atribuição)
Neste sub-capítulo estamo-nos a centrar nos processos de percepção e explicação
das condutas sociais. Nos anos 70-80, a psicologia social centrou-se nos processos
atribucionais e vimos isto na psicologia de Heider.
As intuições de Heider foram sistematizadas na tteeoorriiaa ddaa iinnffeerrêênncciiaa
ccoorrrreessppoonnddeennttee: teoria que se aplica de modo especifico à imputação de causalidades
nas acções do observado.
M
Mooddeelloo ddee K
Keelllleeyy
Começa por ser, simultaneamente, a teoria da hetero-atribuição mas também da
auto-atribuição. É um modelo abrangente, que inclui a explicação do nosso
comportamento tanto como dos outros.
O Kelley distingue a análise dos processos atributivos dois tipos de situações:
 Em primeiro lugar, situação em que o indivíduo dispõe de informação
proveniente de múltiplas fontes e que lhe é possível avaliar correlações,
covariações entre efeitos e causas presumíveis. Nestas circunstâncias ele afirma
que os actores sociais se comportam como cientistas que fazem uma análise
causal do comportamento. Assim, propõe o m
mooddeelloo ddaa ccoovvaarriiaaççããoo – baseia-se
nos métodos de inferência causal (para uma causa há sempre necessário que
esteja um efeito presente).
 Em segundo lugar, se a informação é limitada e os sujeitos não oportunidade de
avaliar as covariações entre as causas e efeitos, Kelley refere que o modo de
imputação de causas se baseia no recurso a esquemas causais pré-existentes
(previamente adquiridas que poderão funcionar como regras) – designado
m
mooddeelloo ddee ccoonnffiigguurraaççããoo.
Os processos de imputação de causalidade, tanto hetero como auto-atribuição
dependem da quantidade de informação disponível.
A pergunta que Kelley se faz quando há o modelo de covariação é quais são as
variáveis que provocam esse comportamento – ele distingue assim dois tipos de
variáveis dependentes:
 Aquelas que dizem respeito ás pessoas.
 Aquelas que dizem respeito ás entidades.
 Aquelas que dizem respeito ás circunstâncias.
No processo de avaliação da covariação (no processo de estabelecimento das
relações/padrões que explicariam o comportamento) Kelley fala de três tipos de
critérios:
 C
Coonnsseennssoo: utilizado quando estamos a avaliar as pessoas como causa.
 D
Diissttiinnttiivviiddaaddee: utilizado quando fazemos idêntica avaliação ás entidades.
 C
Coonnssiissttêênncciiaa: quando fazemos a avaliação relativamente ás circunstâncias.
Ver esquema (João – Maria) – principio da
covariação: padrões de informação conducente à
atribuição a pessoa, a entidade e ás circunstâncias.
31
O padrão de informação diz respeito ao consenso, distintividade e consistência.
PPeessssooaa
((ccoonnsseennssoo))
C
EEnnttiiddaaddee
Ciirrccuunnssttâânncciiaass
((ccoonnssiissttêênncciiaa)) ((ddiissttiinnttiivviiddaaddee))
B
Baaiixxoo (((“““sssóóóaaa
A
M
Allttoo (((“““AAAM
Maaarrriiiaaarrriii B
Baaiixxoo (((“““mmmaaaiiisssnnniiinnnggguuuééémmm
M
M
Maaarrriiiaaarrriii”””)))
ssseeem
m
m
mppprrreeecccooom
meeesssttteee
cccooom
m
meeedddiiiaaannnttteee”””
ssseeerrriii”””)))
Atribuição interna: é
qualquer coisa que
existe na Maria que a
faz rir!
A Maria ri
do
comediante
PPeessssooaa
((ccoonnsseennssoo))
C
EEnnttiiddaaddee
Ciirrccuunnssttâânncciiaass
((ccoonnssiissttêênncciiaa)) ((ddiissttiinnttiivviiddaaddee))
A
Allttaa (((“““tttooodddaaaaaa
A
M
M
Allttoo (((“““AAAM
Maaarrriiiaaarrriii A
Allttaa (((“““aaaM
Maaarrriiiaaarrriii---ssseeedddeee
gggeeennnttteeessseeerrriii”””)))
ssseeem
m
m
mppprrreeecccooom
meeesssttteee
cccooom
m
meeedddiiiaaannnttteee”””
tttuuudddooo”””)))
Atribuição externa: é
qualquer coisa no
comediante que faz rir a
Maria!
Kelley cometeu, contudo, alguns enviesamentos!
Análise de situação em que o sujeito dispõe de informação limitada, ou seja na
segunda situação (informação de uma única circunstância). Nestes contextos baseamonos no modelo da configuração (ou seja, configuração actual das características
possíveis). Assim, recorremos a eessqquueem
maass ccaauussaaiiss: que é uma concepção geral que o
indivíduo tem sobre o modo como determinadas causas interagem para produzir o
efeito. Entre outros esquemas causais, Kelley refere dois principais:
 O
O eessqquueem
maa ddaass ccaauussaass ssuuffiicciieenntteess m
múúllttiippllaass: em que o acontecimento se
produz mesmo que só esteja uma causa presente.
 O
O eessqquueem
maa ddaass ccaauussaass m
múúllttiippllaass: o acontecimento só se produz estando todas
as causas presentes.
Assim, Kelley propõe dois princípios:


Principio da subtracção/desconto: o papel de uma causa diminui quando estão
presentes outras causas igualmente plausíveis.
Principio do aumento: o papel de uma causa é sobrevalorizado caso esta produza
um efeito na presença de uma causa inibitória.
Podemos apreciar o modelo de Kelley sintetizando as críticas ao modelo de
covariação em três aspectos principais:

Confusão entre correlação e causalidade.
32


Esta critica é mais de natureza metodológica, diz respeito ao conjunto de
investigações de Kelley. Os sujeitos já tinham sido confrontados com padrões de
comportamento parecidos com os da experiência – a informação tinha sido
empacotada.
Os investigadores têm dificuldades relativamente à ANOVA.
Relativamente ao modelo de configuração, ainda que sejam plausíveis os esquemas
causais de Kelley não existe evidência suficiente que afirme que eles funcionam como
Kelley dizia.
Mas mais importante que isso é que Kelley desvaloriza as representações sociais que
estão subjacentes à construção dos esquemas causais.
M
Mooddeelloo ddee W
Weeiinneerr
Atribuição de causalidade em situações de desempenho. O Weiner afirma que as
atribuições de sucesso e fracasso podem se conceptualizadas. Segundo três dimensões
principais:
 L
Looccuuss ddee ccaauussaalliiddaaddee – diz respeito à localização das causas. O locus de
causalidade pode ser interno ou externo, dependendo de onde o sujeito
localizava as causas do seu comportamento.
 E
Essttaabbiilliiddaaddee – tem que ver com a invariância das causas ao longo do tempo.
 PPeerrcceeppççããoo ddoo ccoonnttrroolloo – que o individuo tem sobre as causas.
Estabilidade
Locus de
causalidade
Estáveis
Instáveis
Internas
Capacidade
Esforço
(empenhamento)
Externas
Dificuldade da
tarefa
Azar/sorte
Se os resultados forem bons tendemos a atribui-lo a causas internas mas se os
resultados forem maus atribuímos a causas externas – é uma posição ego defensiva!
Também utilizamos “self-handicaps” (ou seja, estratégias de auto-defecitação) para
não nos pormos em causa. Nos numa perspectiva defensiva recorremos a estratégias
sociais de defesa do nosso eu.
33
E
Errrrooss aattrriibbuuttiivvooss ee iinntteenncciioonnaaiiss
Exemplo – em 150 pessoas verificou-se o seguinte:
Doença A
Presente
Sintoma X
Ausente
Presente
Ausente
20 pessoas (sofrem da
10 pessoas (tem o sintoma
doença e manifestam os
sintomas)
80 pessoas (sofrem da
doença mas não apresentam o
sintoma)
mas não sofre da doença)
40 pessoas (não sofrem da
doença mas apresentam o sintoma)
Tendo em atenção o quadro, escolha uma destas três alíneas:
a. A relação entre o sintoma X e a doença A é positiva.
b. A relação entre o sintoma X e a doença A é negativa.
c. Não existe qualquer relação entre o sintoma X e a doença A
Pois, X² = 0
A alínea certa é a c. mas muitas pessoas tem tendência para não ter em atenção os
dados todos. Tem a ver com os erros inferenciais – a dificuldade das pessoas terem de
fazer inferências com base nas co-variaçoes.
O principal erro tem o nome de eerrrroo ffuunnddaam
meennttaall ddaa aattrriibbuuiiççããoo, pode ser descrito
de uma forma muito simples: é a tendência que os indivíduos têm para enfatizar as
causas disposicionais em detrimento das causas situacionais – sobrevaloriza as causas
situacionais internas em relação às externas.
Existem duas explicações principais em relação à persistência deste erro:
1. Diferenças entre actor e observador: para o observador o actor é mais saliente do
que a situação, donde existe uma maior probabilidade de fazermos atribuições
internas.
2. Situa-se num plano mais genérico e faz apelo à norma social de internalidade –
em termos de representações sociais nós construímos a ideia de que os
comportamentos são explicáveis por factores internos dos actores.
A primeira experiência, nos finais dos anos 60 (que está na origem do baptismo
deste erro fundamental), é a seguinte:
Os estudantes americanos são convidados a ouvir a dissertação supostamente
elaborada por outro estudante, redacção em que são defendidas posições a favor de
Fidel Castro e posições desfavoráveis a Fidel Castro (sendo que as dissertações
desfavoráveis eram esperadas enquanto que as posições favoráveis eram inesperadas).
A outra manipulação era feita dizendo que certos estudantes que o que redigiu a
dissertação era obrigados a fazê-la (independentemente de gostar ou não) e a outros
sujeitos era dito que o estudante tinha a possibilidade de escolher a redacção que fez.
Os verdadeiros sujeitos da experiência são aqueles aos que foi pedido para avaliar os
que eles pensavam ser os redactores da dissertação. Os resultados obtidos mostram que
os sujeitos ignoraram a causa situacional e fizeram uma imputação de causalidade
disposicional interna.
34
Em síntese, um erro é cairmos no erro fundamental – ou seja, é um erro negligenciar
as explicações situacionais externas e centrar-nos nas explicações situacionais internas.
Existem diferentes erros avaliativos (na diversa literatura), que fogem aos modelos
inferenciais normativos:
 Ignorar as linhas de base (não ligam à probabilidade dos dados).
 “Self serving bias” (distorções em beneficio próprio).
 Distorções em beneficio do grupo (aqui surge o efeito da ovelha ranhosa, ou
seja, favorecemos a identidade grupal em detrimento dos outros grupos).
H
Heeuurrííssttiiccaass (que são esquemas interpretativos) que as pessoas utilizam: podem ser
conceptualizadas como regras de algibeira que as pessoas utilizam para fazer
inferências.
Nisbett e Ross sistematizaram as heurísticas e falam de:
 H
Heeuurrííssttiiccaa ddaa ddiissppoonniibbiilliiddaaddee – prende-se com as situações em que solicitamos
às pessoas para avaliarem a frequência relativa de certos objectos ou a
probabilidade de ocorrência de acontecimentos particulares (nestas
circunstâncias as avaliações são influenciadas pela disponibilidade dos objectos
ou acontecimentos – esta disponibilidade é definida pelo seu grau de
acessibilidade aos processos de memória, construção, percepção… assim,
baseia-se na saliência perceptiva, memorabilidade ou imaginabilidade de
objectos ou acontecimentos particulares.
H
 Heeuurrííssttiiccaa ddaa rreepprreesseennttaattiivviiddaaddee, resulta da aplicação sistemática que nós
fizemos de critérios de semelhança, dos problemas de categorização (ou seja, na
assimilação de objectos e situações a categorias cognitivas que temos
previamente constituídas). Tendemos a ler em função dessas
construções/categorias mentais.
35
Presente
SIM
SIM
SIM
Presente
CAUSA B
CAUSA B
SIM
Ausente
Ausente
Ausente Presente
Ausente Presente
CAUSA A
CAUSA A
CAUSAS SUFICIENTES MÚLTIPLAS
CAUSAS NECESSÁRIAS MÚLTIPLAS
ESQUEMAS CAUSAIS (Kelley, 1972)
PRO
65.0
ESCOLHA
NÃO-ESCOLHA
ATRIBUIÇÃO
DE ATITUDES 32.5
0.0
ANTI
PRO-CASTRO
(inesperado)
ANTI-CASTRO
(esperado)
ATRIBUIÇÃO DE ATITUDES EM FUNÇÃO DA DIRECÇÃO DO DISCURSO E DA LIBERDADE DE ESCOLHA
(Jones & Harris, 1967)
36
Aula nº8
A
Attrraaccççããoo iinntteerrppeessssooaall,, sseexxuuaalliiddaaddee ee rreellaaççõõeess íínnttiim
maass
“A sexualidade está em todo o lado menos no sexo” (V.A.)
O sistema social e o sistema sexual interpenetram-se a tal ponto que se torna uma
tarefa impossível tentar isolar uma entidade autónoma, não contaminada pela história e
pela cultura, chamada sexualidade.
Aceita-se assim que o desejo sexual constitui um dos componentes principais das
relações passionais. A sexualidade não aparece no entanto como circunscrita às
situações românticas e amorosas. A conjugação amor/sexo não é uma necessidade
biológica, nem um imperativo social, mas, apenas uma das possíveis soluções históricoculturais para o problema da articulação entre reprodução biológica e vinculação social.
 SEXUALIDADE: INSTINTO/NORMA
Os comportamentos sexuais podem ser analisados de duas formas: numa
perspectiva psicobiológica (o sexo tal como a fome ou a sede constitui uma necessidade
biológica, uma função corporal geneticamente condicionada) ou tendo como base
perspectivas estritamente antropológicas/sociológicas (que insistem nas regularidades
normativas, associadas às infra-estruturas familiares e sociais, ignoram o sujeito como
capaz de gerir o corpo e as suas experiências e de dar significado aos seus
comportamentos).
Lévi-Strauss foi um dos muitos que tentou articular ambas as perspectivas
propondo-nos uma “análise ideal” das relações entre natureza e cultura a partir do
carácter contraditório da proibição do incesto. A proibição do incesto é uma norma
(logo é cultural) e é universal (logo natural). É assim na interdição de uma categoria
particular de relações sexuais que radicam os fundamentos das estruturas sociais (de
aliança e parentesco) que vão regular as relações entre os sexos. A articulação que Lévi
fez não nega a oposição instinto/norma, apenas mostra uma certa preferência pela
segunda. Contudo este autor fala em amor socializado e não em sexualidade ou amor
libidinal (como referiu Bataille).
A sexologia contemporânea tende a justapor os planos biológico, psicológico e
social da sexualidade, definindo-a como tudo aquilo que circula entre a determinação
genética do sexo e a atribuição social de papéis sexuais. Aparentemente neutra e global,
resulta no entanto numa preferência pelo biológico.
Para além deste ecletismo podemos ainda falar num acentuado ateoricismo.
Esta polarização instinto/norma leva a uma nítida exclusão do sujeito que é
criticada por Foucault.
Vamos então adoptar uma teoria psicossocial que assenta no pressuposto de que os
comportamentos sexuais constituem uma forma particular de interacção humana. Neste
sentido é de grande relevância a teoria dos scripts sexuais de Gagnon e Simon. Estes
auores recusam-se a encarar a sexualidade como um instinto, motivação ou pulsão
interiores ao organismo, biologicamente relevante, mas historicamente imutável; por
outro lado, a preocupação com os processos mais gerais de construção social da
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sexualidade não impede que esta seja equacionada como uma experiência
individualmente significativa.
Um pouco de história…
No período pós-romântico (desde meados do séc. XIX) assistiu-se a um vasto
movimento de repressão da sexualidade, sob a bandeira da moral vitoriana. Nesta altura
a teoria da degenerescência e as especulações sobre os efeitos nocivos da masturbação
dominavam o pensamento médico. Foi neste clima adverso que nasceu a sexologia.
Desde o início do cristianismo que a sexualidade era matéria privilegiada da
“confissão”, algo que se mantinha nesta altura (e ainda tende a manter-se hoje em dia
embora em menor escala).
E esta laicização da confissão que constitui o elemento nuclear do dispositivo de
produção de verdade sobre o sexo, que teria operado nas sociedades ocidentais a partir
dos finais do séc. XVI. Tal dispositivo caracteriza-se essencialmente por “fazer
funcionar os rituais da confissão nos esquemas da regularidade científica” (combinação
da confissão com técnicas do exame/interrogatório/questionário; aceitação do postulado
de que o sexo está na origem de tudo e que o seu poder não conhece limites;
necessidade de fazer o sexo “falar” embora ele teime em esconder-se; É preciso saber
ouvi-lo mas também interpretá-lo; substituição das categorias de pecado ou transgressão
pelas categorias nosológicas de normal ou patológico).
 PROTOSSEXOLOGIA: O sexo como reprodução
Krafft-Ebinn publicou em 1886 Psychopatia Sexualis. Esta obra é marcada por
um conservadorismo moralizante, dá particular atenção aos crimes relacionados com o
sexo e constrói-se em torno da perversão, definindo como patológico tudo o que é
exterior ao coito heterossexual reprodutivo. O simples beijo é considerado como
potencialmente patogénico e a masturbação é tida como a principal responsável pela
generalidade das aberrações sexuais, que, por via hereditária, se transmitiriam às
gerações futuras, conduzindo, potencialmente, à sua própria extinção.
Apesar da importância desta obra é Havelock Ellis que é considerado o verdadeiro
percursor da sexologia moderna. Este interessa-se prioritariamente pela sexualidade dita
normal e pelas suas variações culturais opondo-se à doutrina da “insanidade
masturbatória”. Critica a noção de exclusividade do prazer masculino, realça o papel
dos factores psicológicos nas disfunções sexuais e contribui para uma “despatologização
“ da homossexualidade. Privilegia uma intervenção pedagógica no campo da
sexualidade em detrimento das formas de controlo médico-legal.
 PSICANÁLISE: A anatomia como destino
Freud afirma a existência de uma pulsão sexual autónoma, considerando-a como
factor de motivação, organização e desenvolvimento da sexualidade (libido). A
perversão dá lugar à psicose. Embora envolta na ideia de que o seu discurso é libertador
a psicanálise assume como norma o primado da genitalidade masculina, introduz
problemas da sexualidade onde não os há e vê a sexualidade infantil como uma mera
sucessão de zonas erógenas modais.
 SEXOLOGIA MODERNA: A fisiologia como regra
Este momento ter-se-á iniciado com Reich e Kinsey, entre 1922 e 1948.
A Reich interessa sobretudo apreender a sexualidade a partir do conflito entre
pulsões sexuais e repressão social. A sociedade, ao impedir a livre descarga da
tensão/energia sexual, é responsável por modificações crónicas de carácter que se
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traduzem numa “couraça caracterial”. Deve assim eliminar-se a “rigidez psicofísica” e
deixar que todo o corpo participe no orgasmo genital.
Interessa reter a reintrodução do corpo nesta problemática e a afirmação da
dimensão político-ideológica do sexo.
Kinsey foi responsável pelo maior acontecimento na história da sexologia do séc.
XX alterando o modo de pensar sexológico da época. A sexologia tornou-se
“orgasmologia”. Os comportamentos sexuais, quaisquer que sejam as formas que
revistam ou a natureza da relação que os enquadra, são manifestações fisiológicas
necessárias. O conceito de descarga sexual permite-lhe equacionar o coito heterossexual
como virtualmente equivalente à masturbação, às poluções nocturnas, às carícias
heterossexuais, às relações homossexuais e aos contactos com animais. A resposta
orgástica é idêntica no homem e na mulher. A masturbação chega mm a ser
recomendável e as grandes perversões são tão raras que não justificam as preocupações
morais e sociais de que haviam sido alvo.
Os estudos de Kinsey receberam algumas críticas devido a possíveis problemas de
selecção e representatividade das amostras ou da fiabilidade dos dados das entrevistas
(metodológicas).
Na sequência do trabalho de Kinsey, Masters e Johnson (1966) publicam Human
Sexual Response. Combinam o recurso à observação directa com o registo de índices
fisiológicos, centrando-se agora o saber na “fisiologia do prazer” e subordinado a
imperativos de ordem terapêutica.
Em todos os autores referidos o denominador comum é a importância dos factores
biológicos na determinação das condutas sexuais. A actividade sexual aparece como
expressão dos estados fisiológicos internos e como necessária à reprodução da espécie.
Verifica-se uma crença na inteligibilidade biológica da sexualidade que provoca
desinteresse por parte das ciências sociais e psicológicas.
 Psicologia social: construção social e significação pessoal da sexualidade
Passemos agra a uma “grelha de leitura” do desenvolvimento sexual que coloca a
tónica nas marcações sociais, na periodização cultural. Por um lado sublinham-se os
processos de socialização, o carácter progressivo do desenvolvimento sexual via
interiorização de modelos sócio-culturais; por outro lado acentua-se a importância de
determinadas circunstâncias estruturantes do devir humano, em particular os rituais de
passagem e de iniciação. O desenvolvimento sexual é pensado como a entrada gradual
no mundo da sexualidade, cujas significações são, contudo, determinadas por grandes
rupturas simbólicas.
Esta perspectiva mostra-se muito imprecisa e redutora.
Nem os modelos biológicos nem as teorias clássicas da socialização se dão conta
de que para compreender o desenvolvimento sexual é necessário proceder à
contextualização dos comportamentos, situando-os no interior das estruturas relacionais
em que ocorrem.
Gagnon e Simon introduziram o conceito de script sexual para dar conta do
carácter construído da sexualidade. Os scripts sexuais, que constituem um caso
particular dos scripts sociais, podem ser definidos como esquemas (socialmente
construídos) de atribuição de significação e de orientação (direcção) da acção.
Os scripts referem-se às modalidades de conhecimento prático, socialmente elaboradas
e partilhadas, constituindo simultaneamente, sistemas de interpretação e de
categorização do real e modelos ou guias de acção. Os scripts funcionam,
simultaneamente, ao nível da compreensão e do comportamento. Para que um sript seja
activado é necessário que o contexto desencadeador apropriado esteja presente, que o
39
indivíduo possua uma representação cognitiva estável dos elementos do script e,
sobretudo, que se decida a “entrar” no script, i.e., que a representação do script
comporte uma “regra de acção” correlativa.
No interior de uma dada cultura, os scripts sexuais especificam: quem são os
possíveis parceiros sexuais, em que circunstâncias é apropriado comportarmo-nos
sexualmente e que tipo de actividades nos são “permitidas” e quais os motivos ou
razões que nos levam a comportar de modo sexual.
É com o estudo sistemático dos scripts sexuais que nos damos conta do carácter
construído e da significação pessoal da sexualidade.
A importância dos scripts na regulação dos comportamentos sexuais pode ser
perspectivada a 3 níveis distintos:
- encenações culturais (guias gerais da acção)
-scripts interpessoais (a sexualidade é perspectivada em função das respostas
concretas dos actores sociais às expectativas normativas decorrentes das encenações
culturais)
- nível intrapsíquico dos scripts / encenação privada do desejo [ dizem respeito
à ligação entre fantasias e actividades sexuais, à articulação entre imaginário e
comportamento; “sequência de significações (ligadas a actos, posturas, objectos, gestos)
que induz e mantém a activação sexual, conduzindo eventualmente ao orgasmo” ]
Críticas às teorias construtivistas da sexualidade
1. Negação do componente biológico da sexualidade (interessa a gestão do corpo
no quadro das trocas sexuais e não as potencialidades reprodutivas ou “capacidades
eróticas”).
2. Anulação do sujeito face às “imposições” decorrentes dos scripts (esta crítica só
fará sentido se se optar por uma visão mecanicista de script já que um script não é um
programa mas sim um esboço ou guia. Nem todos os comportamentos são resultantes da
actualização de scripts e estes resultam de um processo de construção que tem origem
nas próprias interacções humanas).
“A conduta sexual humana tem carácter duplo: é simultaneamente regulada e
improvisada. “ A entrada num script é indissociável dos parâmetros situacionais e
pessoais que, de modo permanente, regulam os comportamentos.
Há também que ter em conta as interacções humanas e as práticas sociais como
fontes de modificação dos scripts existentes.
Encenações culturais, interpessoais e intrapsíquicas da sexualidade
 Encenações culturais e regulação social da sexualidade
Instituições e orientações normativas
Em qualquer formação social é possível distinguir pelo menos duas realidades no
domínio da sexualidade: temos o continente do “amor socializado” e o da “sexualidade
libidinal”. Mais do que conflituais ou incompatíveis são complementares: a regulação
da sexualidade pelo casamento, deixa, apesar de tudo, uma porta aberta para o erotismo
que, por sua vez, só assume a dimensão de transgressão se for referido a um sistema
normativo que lhe defina as condições de possibilidade.
As estruturas sociais, ou, mais exactamente, as modalidades concretas de
organização social, “interferem” com as práticas sexuais a 3 níveis distintos: integrando-
40
as nos sistemas de aliança e parentesco, inscrevendo-as no circuito das trocas
económicas e situando-as nos registos da comunicação simbólica e da ordenação
jurídico-política das sociedades.
É a repartição dos indivíduos sobre o espaço social, de acordo com as mais
diversas categorias ou critérios, que dá lugar a verdadeiras estratégias matrimoniais, das
quais resultam os fenómenos típicos de homogamia económica, social ou cultural que
continuam a caracterizar as nossas sociedades e a impor limites mais ou menos precisos
à gestão da sexualidade. Sendo assim, os comportamentos e as práticas sexuais são
estruturalmente determinados pelas instituições sociais, a começar pelo modo de
organização dos grupos familiares e sociais e pelo tipo assimetrias materiais e
simbólicas que os separam. Os factores demográficos também são importantes e muitas
vezes decisivos.
Para além da dimensão estrutural as instituições traduzem orientações normativas
ou ideologias.
Processos de controlo social
Os comportamentos e as práticas sexuais são objecto de controlo normativo, a
começar pelos dispositivos legais que os enquadram. Contudo, a principal forma de
controlo social da sexualidade é mediatizada pelas ideologias sexuais. “As ideologias de
cada instituição e as suas características estruturais interagem para produzir controlos
sociais, sobre a expressão sexual. O mecanismo básico de controlo é a provisão de um
número limitado de encenações culturais.”
DeLamater usa o conceito de encenações culturais para explicitar o modo como as
ideologias e orientações normativas de âmbito geral incidem nas interacções sexuais. É
o número relativamente limitado de encenações disponíveis que confere estabilidade e
previsibilidade às interacções sexuais.
As encenações culturais descrevem de modo genérico os comportamentos
apropriados em função das circunstâncias sociais e relacionais da interacção (aparecem
assim as sanções e avaliações sociais dos comportamentos).
Importa reter a diminuição crescente do peso das grandes encenações culturais e a
consequente abertura para a encenação pessoal do desejo sexual. O declínio das grandes
orientações é, obviamente, paralelo à complexificação das determinações estruturais da
sexualidade. A escolha do conjugo por exemplo depende cada vez mais de factores
psicossexuais. Numa situação limite, a selecção de parceiros sexuais/amorosos
dependeria exclusivamente do desejo, da paixão e da dinâmica interpessoal. Tal
situação corresponderia ao triunfo completo do modelo do “amor romântico”, que
conjugaria numa mesma relação as funções sócio-económicas do casamento e as
funções erótico-afectivas da sexualidade. Este modelo terá emergido nas sociedades
ocidentais no séc. XVI.
Se por um lado o modelo do “amor romântico” representa a orientação relacional
da sexualidade dentro do casamento, por outro lado, ele é igualmente o fundamento de
novas encenações culturais da sexualidade. Assim, nos nossos dias, as relações sexuais
pré-matrimoniais, acompanhadas ou não de “coabitação juvenil”, constituem um
cenário maioritário. É ainda esta orientação relacional que, para além das “relações
comerciais de sexo” e dos “scripts de sexo ocasional”, caracteriza o cenário da
homossexualidade ou das relações sexuais extramatrimoniais, aparentemente distantes
da heterossexualidade conjugal.
41
Scripts interpessoais e estruturas relacionais da sexualidade
Kelley e coll distinguem dois planos: o plano discritivo (identificação dos padrões
específicos de interacção) e o plano explicativo (explicitação dos mecanismos de
interdependência). A interacção é definida como um padrão de acontecimentos
interpessoais. Por acontecimento designam qualquer modificação que ocorre a nível
individual, no plano cognitivo, emocional ou da própria acção. Para que possamos falar
em interacção é necessário que as modificações ocorridas no individuo P estejam
directamente relacionadas com as ocorridas no individuo O.
Os scripts sexuais interpessoais constituiriam condições causais relacionais das
interacções sexuais, enquanto as encenações culturais se situariam ao nível social. Os
scripts intrapsíquicos seriam conceptualizados como condições caudais de tipo pessoal.
Interacções sexuais
No interior de uma dada sociedade, o número de encenações culturais da
sexualidade é relativamente restrito, o mesmo acontecendo com as grandes orientações
ou ideologias que lhes estão subjacentes.
Nass, Libby e Fisher consideram 5 tipos principais de scripts: o script religioso
tradicional, o script romântico, o script das relações sexuais baseadas na amizade, o
script da infidelidade ocasional e o script utilitário/predador.
Já Forgas e Dodosz chegaram à conclusão que os sujeitos classificam os scripts
interpessoais em função de 3 dimensões: sexualidade, valoração e equilíbrio das
relações e amor e comprisso.
A comunicação representa um dos aspectos centrais nos scripts interpessoais, uma
vez que é através dela que um “encontro sexual potencial se transforma numa troca
sexual explícita”.
Relações íntimas
As trocas sexuais, encenadas culturalmente e vividas no quadro das interacções
humanas ocorrem, geralmente, ainda que não necessariamente, no interior de relações
interpessoais mais ou menos duradoiras e caracterizadas por padrões específicos de
interdependência. O sexo constitui um dos principais recursos ou fontes de
gratificação/frustração das relações humanas.
Levinger e Snoek afirmam que todas as relações humanas se podem caracterizar
pelo respectivo grau de intimidade, desde a ausência de qualquer contacto até à mais
profunda reciprocidade, passando por estádios intermédios de conhecimento.
A intimidade pode pois ser perspectivada como um padrão específico de
interacções que caracteriza determinadas relações.
Segundo Kelley e coll, as relações interpessoais íntimas definem-se como aquelas
em que as conexões causais entre P e O são simultaneamente intensas, frequentes,
diversificadas e duradoiras.
Todas as relações interpessoais se caracterizam pela capacidade recíproca dos
intervenientes em controlar os recursos materiais e simbólicos do outro através de
comportamentos específicos e/ou pela expressão de atitudes ou outros atributos
disposicionais.
Comunicação e auto-revelação
A comunicação, entre os parceiros, é antes de mais, uma condição indispensável
para a existência da própria relação. É através da palavra que partilhamos os
acontecimentos privados ou as significações do mundo objectivo e social. É ainda
42
através dela que controlamos avaliativamente o comportamento do outro, que gerimos
os conflitos ou construímos, em boa parte, a imagem que damos de nós mesmos.
Entre várias funções há uma de maior relevo, a auto-referencial (troca de
informações que se referem ao eu, incluindo estados pessoais, disposições,
acontecimentos do passado, planos para o futuro). Este tipo de comunicação tem o
nome de auto-revelação. Os conteúdos assim partilhados contribuem para intensificar o
grau de intimidade, criando estruturas cognitivo-mnésicas comuns.
Nos comportamentos de auto-revelação a reciprocidade é muito importante.
Fisher propõe que se defina auto-revelação em função da veracidade das
informações, sinceridade relativa aos motivos subjacentes à comunicação,
intencionalidade, novidade e carácter privado dos conteúdos comunicados.
Processos emocionais
Berscheid afirma que, para que P possa despertar/induzir emoções em O, é
necessário que as respectivas cadeias de acontecimentos intrapessoais estejam
interconectadas. Caso se verifique esta situação, qualquer acontecimento na cadeia de P,
que interfira/interrompa a sequência organizada dos acontecimentos/comportamentos na
cadeia de O, é susceptível de gerar emoções em O.
Este modelo pretende definir o investimento emocional numa relação comoa
extensão em que cada um dos actores tem o poder de interromper as sequências de
acção do outro ou, inversamente, o grau em que cada um deles é vulnerável às
interrupções do outro, Esta interpretação liga o investimento emocional à dependência
relacional : quanto maior é o primeiro, maior é a segunda.
Poder e conflito
Para além da dependência emocional, a dependência informativa e a dependência
comportamental expressama s duas outras grandes categorias de condições causais das
relações de poder.
Huston distingue 3 termos correlacionados: influência, dominância e poder. O
conceito de poder não se refere a um atributo pessoal, não é uma característica do actor,
mas uma relação instrumental, não transitiva e desequilibrada.
Para analisar o poder devemos ter em atenção os conteúdos ou natureza das
actividades que mediatizam o exercício do poder, as intenções do actor, o modo de
influência ou tipo de estratégias utilizadas pelo actor, a magnitude das modificações
induzidas no indivíduo-alvo as consequências para o actor.
Buunk e Bringle definem o ciúme como “uma reacção emocional aversiva,
desencadeada por uma relação que envolve o nosso parceiro sexual actual ou anterior e
uma terceira pessoa. Esta relação pode ser real, imaginada ou esperada, ou pode ter
ocorrido no passado”.
Conceptualizado como uma ameaça contra a relação existente, o ciúme pressupõe
a existência de uma situação triangular e distingue-se das noções correlativas de inveja
ou rivalidade. Brehm diz “O que está em causa no ciúme é menos o amor do que o
amor-próprio”.
Modelos de amor
Kelley fala em amor passional (necessidade do outro), amor pragmático
(confiança e tolerância) e amor altruísta (preocupação e cuidado).
Já Sternberg diz que existem 3 componentes principais: a intimidade, a paixão e a
decisão/compromisso. A combinação destes três componentes dá então lugar a oito
tipos de amor. Temos a inexistência de amor”nonlove, a amizade/liking (só intimidade),
43
o amor à primeira vista/infatuated love (só paixão), o amor vazio/empty love (só
decisão/compromisso), o amor romântico (intimidade e paixão), o amor conjugal
(intimidade
e
decisão/compromisso),
o
amor
irreflectido
(paixão
e
decisão/compromisso)
e
o
amor
consumado
(intimidade,
paixão
e
decisão/compromisso).
 Scripts intrapsíquicos e experiências sexuais
Encenação do desejo
Quais são as consequências de actos, posturas, objectos e gestos através dos quais
os corpos/sujeitos se envolvem em trocas sexuais culturalmente esperadas,
relacionalmente possíveis e individualmente significativas? Basicamente, tais
sequências podem ser descritas como reacções fisiológicas e comportamentos
manifestos regulados pelos respectivos resultados, mediatizados por processos internos,
que sustentam e modulam a activação sexual e, tendencialmente, desencadeados por
condições externas de estimulação.
No comportamento sexual existe uma sequência que implica modificações
fisiológicas eventualmente conducentes ao orgasmo Como nota Fisher, um simples
orgasmo durante o coito pode ser sentido como uma experiência transcendente, para
aquele cujas expectativas e fantasias são relativamente modestas, ou como um
acontecimento decepcionante para os que se erigem outros padrões de funcionamento
sexual. De igual modo, os actos instrumentais conducentes ao orgasmo inscrevem-se em
scripts sexuais cuja significação é estabelecida por aprendizagem directa ou vicariante.
O corpo e os movimentos expressivos do outro constituem, obviamente, o
principal estímulo sexual externo. Em particular, determinadas “regiões” possuem valor
erótico diferencial. A própria percepção do corpo como “excitante” é influenciada pelos
scripts sexuais.
Byrne e DeNinno pediram a indivíduos de ambos os sexos que indicassem o nível
de activação sexual após observarem dois tipos de filmes eróticos (um casal
integralmente nu mantendo relações sexuais incluindo sexo oral-genital- condição coitovs. um casal parcialmente vestido praticando carícias múltiplas). Em termos gerais os
sujeitos indicaram maior activação na condição coito, Os homens manifestavam maior
activação do que as mulheres na condição coito e o contrário acontecia na condição
carícias. Sendo um scrip relativo a uma relação lúdica ou a uma relação amorosa a
activação era maior na relação lúdica.
A “encenação do desejo” depende também de componentes internos de natureza
afectiva e atitudinal. A probabilidade de ocorrência de respostas sexuais é influenciada
pelas respostas emocionais positivas ou negativas associadas ao sexo. As orientações
avaliativas ou atitudes relativas à sexualidade condicionam, igualmente, a probabilidade
de ocorrência dos comportamentos sexuais.
As informações “objectivas” ou “distorcidas”, que os indivíduos têm sobre a
sexualidade são susceptíveis de moldar os seus comportamentos, gerando expectativas
positivas ou negativas relativamente às eventuais consequências das suas acções.
Os processos imaginais e as fantasias sexuais contam-se entre os pricipais
componentes da sexualidade humana. Mas as fantasias não substituem o acto sexual
havendo mesmo uma relação positiva entre a quantidade de fantasias e a frequência de
actividades sexuais. As fantasias funcionam como estímulos internos desencadeadores
das actividades sexuais, desempenhando, igualmente, um papel preponderante na
manutenção da excitação no decurso dessas mesmas actividades.
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É graças aos processos imaginais e fantasias que surgem variações e inovações ao
nível das técnicas eróticas e dos cenários que envolvem as interacções eróticas. Há
assim passagem do registo simbólico (a sexualidade culturalmente codificada) ao
registo metafórico (a sexualidade como expressão de motivações e significados
pessoalmente construídos).
Gestão do corpo
Nas trocas sexuais a “materialidade biológica” do corpo dilui-se nas significações
eróticas organizadas em torno dos scripts intrapsíquicos e das eventuais continuidades
ou rupturas destes com as expectativas relacionais configuradas pelos scripts
interpessoais.
Se é o corpo que nos separa inevitavelmente dos outros, também é ele que nos
aproxima.
O corpo funciona como lugar de categorização social, como superfície de
inscrição de marcas distintivas e como objecto de acção e de sedução.
É o corpo que se apresenta e representa nas relações interpessoais e é em função
dele que os comportamentos sexuais são social e individualmente encenados.
 ATRACÇÃO
AMOROSAS
INTERPESSOAL
E
GÉNESE
DAS
RELAÇÕES
1. Da atracção interpessoal às estratégias de sedução
Moreno publica em 1934 “Who shall survive?A new approach to the problems of
human interactions”, obra que introduz a sociometria e marca o início do estudo
sistemático da atracção interpessoal.
A atracção pode ser conceptualizada como atitude, estado emocional/afectivo ou
como um comportamento directamente observável.
Newcomb define atracção interpessoal como uma orientação avaliativa de A
relativamente a B. Os três componentes (cognitivo, afectivo e comportamental),
tradicionalmente incluídos sob a noção de atitude, passaram a constituir as três
dimensões da atracção.
Podemos considerar que existem duas grandes teorias ou grupos de teorias da
atracção interpessoal: as teorias da organização cognitiva (a tónica é colocada nas
relações entre cognições e sentimentos e a atracção é explicada pela necessidade de
consistência interna entre estes elementos) e as teorias da troca social e do reforço (a
tónica é colocada na relação entre os componentes avaliativo e comportamental e a
atracção é explicada pela inevitável interdependência comportamental e afectiva que
caracteriza as relações interpessoais).
 teorias da organização cognitiva
Teoria do equilíbrio de Heider – a dinâmica da atracção interpessoal é função das
necessidades de organização cognitiva. Um sistema de cognições comporta 3 elementos
principais: as cognições relativas ao próprio sujeito (P), as relativas a um outro
indivíduo (O) que entre em interacção com o sujeito e as que se referem a qualquer
objecto, acontecimento ou indivíduo exterior (X). Dentro desse sistema distinguem-se
as relações de unidade (cognições respeitantes ao facto de dois elementos serem
percepcionados como fazendo ou não parte da mesma unidade funcional) e as relações
de sentimento (cognições relativas à dimensão avaliativa ou emocional duma relação,
expressas em termos de gostar/não gostar, agradável/desagradável). Considerando
apenas a ligação entre dois elementos do sistema, diz-se que se está num estado de
equilíbrio, sempre que as relações de unidade e sentimento têm o mesmo sinal.
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Ex: P ama O e é correspondido, contudo O gosta de X que é, por sua vez,
detestado por P  não há equilíbrio!!! Mas, se P gosta de X e gostam de ir ao cinema já
há equilíbrio.
Os estados de desequilíbrio são psicologicamente desagradáveis e existe uma
tendência generalizada para restabelecer o equilíbrio. Em termos de atracção
interpessoal podemos dizer que a simples existência de uma relação de unidade implica
uma relação de sentimento positiva, inversamente, a existência de uma relação de
sentimento negativa poderá conduzir à ruptura da relação de unidade e, de um modo
mais geral, a dinâmica da atracção consiste nas modificações correlativas dos
componentes cognitivo e emocional das atitudes do sujeito em relação aos outros
elementos do sistema triangular.
Newcomb disse depois que só se verifica uma tendência para o equilíbrio nos
casos em que a relação de sentimento correspondente é positiva. Nos casos em que não
gosto do outro é-me relativamente indiferente a concordância dos nossos sentimentos
relativamente a um terceiro objecto ou pessoa.
Segundo a teoria da comparação social de Festinger todos os seres humanos têm
uma necessidade básica de autoconhecimento e auto-avaliação das suas aptidões,
opiniões e atitudes. Na ausência de um termo de comparação objectivo, comparam-se
com outros indivíduos. Daí procurarmos aqueles cujas atitudes e opiniões são
semelhantes às nossas e se gerem as condições conducentes à atracção.
 Teorias da troca social e do reforço
Regra da reciprocidade, “Gosto de quem gosta de mim”
Lott& Lott conceberam a atracção como uma resposta antecipatória do objectivo
(ou meta) adquirida pelo mecanismo do reforço secundário: qualquer pessoa associada
com uma situação reforçante torna-se alvo de atracção, independentemente de ter ou
não contribuído directamente para a produção da situação em causa. Não é pois
necessário que um indivíduo gratifique directa ou indirectamente o outro.
Para Byrne a atracção é definida como uma resposta afectiva implícita a um
estímulo, inicialmente neutro, progressivamente associado a um estímulo incondicional
positivo. A resposta afectiva mediatiza a avaliação positiva do outro, enquanto
manifestação comportamental da atracção. Um indivíduo pode ver-se associado a
diversas situações positivas e negativas. Aronson e Linder questionaram esta “lei da
atracção” já que não é o número absoluto de reforços e punições que determinam a
atracção, mas as flutuações ou o padrão específico de apreciações positivas e negativas
de que um indivíduo é alvo. As situações de “reforço sistemático” geram menos
atracção do que as situações de ganho e as situações de “punição sistemática” são
menos hostis do que as situações de perda. Na prática, para além das amizades e
inimizades estáveis, são os elogios menos esperados, ou as críticas não antecipadas, que
mais influenciam a atracção que sentimos pelos outros.
Temos ainda as teorias da troca social e o seu pressuposto fundamental - princípio
da maximização/minimização (todos temos por objectivo maximizar os ganhos e
minimizar as perdas).
Já de acordo com o princípio da justiça distributiva apenas as relações em que
existe proporcionalidade entre investimentos e lucros para cada um dos intervenientes
seriam geradoras de atracção.
Na teoria da interdependência social um indivíduo avalia os resultados de uma
relação comparando-os com aquilo que pensa serem ganhos e perdas que, em média,
caracterizam uma relação semelhante.
46
Factores e dinâmica da atracção interpessoal
- Beleza física
Dentro de uma mesma cultura e numa mesma época, existe uma convergência
notável, expressa nas elevadas correlações “interjuízes” obtidas nas investigações
centradas na avaliação das dimensões morfológicas do rosto e ilustrada pelas
características mais ou menos invariantes dos modelos que nos são propostos através da
publicidade e dos meios de comunicação social. Convém dizer que a beleza física não
depende exclusivamente dos atributos objectivos, sendo influenciada também por
factores de natureza situacional.
Os indivíduos tendem a associar a beleza a traços de personalidade positivos (“o
belo é bom”) o que se traduz muitas vezes num tratamento diferenciado que depois pode
levar a uma confirmação das nossas expectativas.
Por regra os homens tendem a valorizar mais a beleza.
Os indivíduos tendem a estabelecer relações amorosas ou a casar com aqueles cujo
grau de beleza física é relativamente próximo do seu. As assimetrias na beleza são
compensadas por assimetrias de sinal contrário ao nível do estatuto sócio-económico ou
das próprias características da personalidade. A maior ou menos importância da beleza
física relaciona-se com o tipo de relação desejado.
EFEITO DE MERA EXPOSIÇÃO
Fotografia A
Fotografia B
Photograph A is exactly how the photographer
(and other people) sees the subject. Now hold
photograph A in front of a mirror. Notice that
photograph A now looks like photograph B,
the reverse or mirror image. Photograph B is
the image that the subject is used to seeing.
The mere exposure effect was supported by a
study in which female subjects were shown
two photographs of themselves: One a
standard photograph (the original photograph
as it was taken by the photographer) and the
other
a
mirror-image
photograph.
The
subjects were asked to select the photograph
they preferred. To ensure the validity of the
study, a close friend of each subject was also
asked to indicate a preference. While most of
the female subjects preferred the mirrorimage photographs, most of their friends
preferred the standard photographs (Mita et
al, 1977).
A – Média de 60 fotografias
de mulheres entre os 20 e
os 30 anos
B – Média das 15 mais
atraentes
C – Aumento de 50% das
diferenças entre B e A
90% dos sujeitos (homens e mulheres) preferem B a A
70% dos sujeitos (homens e mulheres) preferem C a B
47
Perrett, D. I., May, K., & Yoshikawa, S. (1994). Attractive characteristics
of female faces: Preference for non-average
shape. Nature, 368, 239-242.
Abstract
The finding that photographic and digital composites (blends) of faces
are considered to be attractive has led to the claim that attractiveness is
averageness. This would encourage stabilizing selection, favouring
phenotypes with an average facial structure. The 'averageness
hypothesis' would account for the low distinctiveness of attractive faces
but is difficult to reconcile with the finding that some facial
measurements correlate with attractiveness. An average face shape is
attractive but may not be optimally attractive. Human preferences may
exert directional selection pressures, as with the phenomena of optimal
outbreeding and sexual selection for extreme characteristics. Using
composite faces, we show here that, contrary to the averageness
hypothes is, the mean shape of a set of attractive faces is preferred to
the mean shape of the sample from which the faces were selected. In
addition, attractive composites can be made more attractive by
exaggerating the shape differences from the sample mean. Japanese
and caucasian observers showed the same direction of preferences for
the same facial composites, suggesting that aesthetic judgements of
face shape are similar across different cultural backgrounds. Our
finding that highly attractive facial configurations are not average shows
that preferences could exert a directional selection pressure on the
evolution of human face shape.
48
- Semelhanças interpessoais
Dizem respeito, prioritariamente, às semelhanças interindividuais ao nível das
atitudes, das opiniões, dos interesses, dos traços de personalidade, das competências
cognitivas, e sócio-emocionais ou de qualquer outra dimensão das actividades humanas.
Byrne tem feito inúmeros estudos que mostram que o grau de atracção é função
directa do grau de semelhança atitudinal. Quando confrontados com uma escala
supostamente preenchida por uma terceira pessoa (que na realidade é o experimentador)
os indivíduos gostam mais dos desconhecidos que mostram mais semelhanças a nível
das atitudes.
A constatação da convergência atitudinal é uma situação intrinsecamente
reforçante, na medida em que a validação consensual satisfaz a necessidade de
organização lógica do mundo social.
Segundo Rosenbaum não é a semelhança entre atitudes que gera atracção, é a
dissemelhança que leva ao afastamento/repulsão.
A semelhança em termos práticos aparece como facilitadora das interacções
comportamentais.
- Avaliações/ apreciações positivas
“As amizades são sociedades de admiração mútua.”
A aprovação social constitui um reforço generalizado mas a sua eficácia depende
da especificidade das situações e/ou da presença de variáveis moderadoras associadas a
traços de personalidade.
Indivíduos com uma auto-estima mais alta são menos vulneráveis às apreciações
de terceiros. A “reciprocidade do gostar” é, pelo menos em parte, moderada pela autoestima do sujeito que é avaliado.
Se não há consonância entre os elogios que me fazem e aquilo que efectivamente
penso de mim, sou levado a duvidar do meu interlocutor, ou porque passo a julgá-lo
como menos “lúcido”, ou, mais importante, porque sou levado a pensar nos verdadeiros
comportamentos subjacentes ao seu comportamento. Existem segundo Jones e Pitman
cinco estratégias principais de auto-apresentação (comportamentos motivados pelo
desejo de manter ou aumentar o poder sobre o outro através da indução de atribuições
sobre características disposicionais do actor): aliciamento/sedução, intimidação,
autopromoção, exemplaridade e súplica.
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Dilema do sedutor quanto mais intensos são os motivos que me levam a aliciar
o outro, maior é a probabilidade que ele se questione sobre as verdadeiras razões do
meu comportamento.
Jones e Pittman afirmam que os comportamentos de aliciamento/sedução são
determinados pelo valor incentivo ou importância atribuída ao facto do outro vir a
gostar de mim, pela probabilidade subjectiva de que as minhas acções sejam bem
sucedidas na indução das atribuições esperadas e pela legitimidade percebida ou
apreciação individual de que tais acções são compatíveis com os padrões morais do
actor.
 O AMOR PASSIONAL
Intenso, efémero e vulnerável desde sempre foi tema recorrente de poetas e
romancistas.
Rubin procurou distinguir o amor do simples gostar e verificou que o amor era
caracterizado pela vinculação, preocupação com o outro e pela intimidade, já o simples
gostar remetia para o respeito e a afeição.
A primeira análise sistemática do amor passional deve-se a Walster e Berscheid
para quem o amor passional é “um estado de desejo intenso de união com o outro. O
amor retribuído (união com o outro) está associado a satisfação e êxtase. O amor não
retribuído (separação) à sensação de vazio, ansiedade ou desespero. Um estado de
profunda activação fisiológica.”.
A experiência da paixão pressuporia uma activação fisiológica intensa mas
relativamente indiferenciada e a rotulação cognitiva do estado de activação com base
nos índices situacionais disponíveis no campo psicológico do sujeito.
“Termino este capítulo voltando á primeira questão com que os editores
confrontaram os seus colaboradores “o que é o amor?”- confesso que, no caso do amor
romântico, de facto, não sei- mas, se encostada contra uma parede enfrentando um
pelotão de execução que dispararia se eu não desse a resposta correcta, eu sussurraria:
“é cerca de 90% de desejo sexual, ainda não saciado.”
Tal como nos ex post facto designs, na vida quotidiana a distinção entre paixão e
desejo sexual só é possível uma vez terminada a relação: “tratava-se certamente de um
simples flirt motivado pelo sexo, uma vez que do amor nada restou.”.
Teoria da vinculação afectiva
Ao contrário de outras teorias permite identificar a dinâmica subjacente às
múltiplas formas de amor, compreender a relação entre as formas saudáveis e
patológicas do amor e explicar os laços entre o amor e a solidão. É capaz de
contextualizar o amor como um processo biologicamente relevante, situando-o no
quadro teórico do evolucionismo. O amor romântico constitui um processo de
vinculação biologicamente determinado e constitui uma grelha teórica adequada para a
compreensão do amor romântico, desde que os seus conceitos nucleares sejam
traduzidos numa linguagem apropriada às relações amorosas adultas.
Programações filogenéticas vinculação infantil  modelos mentais  amor
romântico
Ao criticar esta teoria não se põe em causa a importância do clima afectivo dos
primeiros anos de vida no desenvolvimento ulterior, nem a centralidade dos processos
50
de vinculação em relação aos mecanismos subsidiários do condicionamento e do
reforço. O que a teoria não resolve é o problema das retraduções sociais do afecto, ou,
se se quiser, o problema da articulação do afecto com o social, dos modelos de amor
com a interdependência cognitiva, emocional e comportamental que define as relações
de intimidade organizadas em torno da sexualidade.
“A nossa ideia, que requer desenvolvimento futuro, é que o amor romântico, é um
processo biológico planeado pela evolução para facilitar a vinculação entre dois
parceiros sexuais adultos que, na altura que o amor evolui, são capazes de se tornar pais
duma criança que necessita dos seus cuidados duradoiros [estáveis]”
DOS RITUAIS FILOGENÉTICOS À DRAMATIZAÇÃO DAS RELAÇÕES
Enquanto aptidão biológica necessária á reprodução da espécie, a capacidade
individual de experimentar activação sexual é, ela própria, resultado de um longo
processo evolutivo. Nada obriga a que a continuidade evolutiva seja assegurada pela
reprodução sexuada (esta constitui uma solução tardia e claramente minoritária em
relação á reprodução assexuada). Contudo, a vantagem da reprodução assexuada em
termos de acréscimo de variabilidade genética compensaria largamente os custos e
riscos inerentes ao “encontro” de dois seres distintos para troca de material genético.
Utilizada com propriedade, a expressão selecção sexual, competição entre os
machos (selecção intra-sexual) e escolha do “mais apto” por parte das fêmeas (selecção
inter-sexual ou epigâmica), corresponde à tradução, no plano comportamental, das
estratégias reprodutivas decorrentes da diferenciação molecular. Mais exactamente, do
ponto de vista do sucesso reprodutivo, os machos, detentores de material germinal
tendencialmente ilimitado, teriam todo o interesse em adoptar uma “estratégia
poligâmica”, fecundando o maior número possível de fêmeas; em contrapartida, a
raridade dos “óvulos” teria como consequência a adopção por parte das fêmeas de uma
“estratégia monogâmica”, destinada a assegurar a viabilidade da respectiva
descendência.
Symons argumenta que as diferenças consistentes ao nível das condições de
activação sexual, dos critérios de atracção sexual e do ciúme sexual traduzem fielmente
a assimetria entre as estratégias reprodutivas masculina e feminina.
O investimento masculino no sexo seria substancialmente superior ao feminino, a
começar pela incidência diferencial das condições de estimulação, com realce para os
estímulos visuais e o conhecimento do parceiro.
“Entre os homens, o sexo algumas vezes resulta em intimidade; entre as mulheres,
a intimidade às vezes resulta em sexo.”
Os critérios de atracção sexual masculinos e femininos estariam subordinados a
diferentes lógicas. Symons identifica dois critérios absolutos de atracção sexual (a saúde
física e a idade) e três critérios relativos (o carácter modal de certos atributos físico, as
características associados a um estatuto social elevado e a variedade sexual).
Quanto á importância dos seios como “desencadeadores sexuais” Symons diz que
seriam os seios de tamanho médio os mais atraentes, Lumsden e Wilson que seriam os
volumosos os maiores desencadeadores supraliminares e Eysenck e Wilson que eram s
seios ligeiramente inferiores à média os mais apreciados pelos homens.
Temos ainda que referir o efeito de Coolidge, traduzido na preferência dos machos
por novos parceiros sexuais, pode não constituir uma característica específica do
sistema sexual, uma vez que a importância da novidade constitui um traço comum a
51
todos os sistemas motivacionais. Acresce que tal efeito não parece limitar-se ao sexo
masculino.
Harré fala em automatismos (processo fisiológicos ou hábitos relativamente aos
quais o actor não tem controlo directo) e autonomismos (comportamentos controlados
pelo actor a partir de regras e convenções estandardizadas ou de projectos pessoais). Os
rituais sexuais humanos situar-se-iam do lado dos autonomismos e constituiriam as
“práticas culturais específicas através das quais os impulsos sexuais seriam realizados”.
Mais concretamente, as encenações culturais e os scripts interpessoais da
sexualidade contar-se-iam entre os autonomismos governados por regras ou convenções
estandardizadas. Os scripts intrapsíquicos corresponderiam aos “projectos pessoais” de
representação do sexo na ordem expressiva do comportamento.
O amor, e em particular o amor romântico ou passional, constitui um caso
exemplar de construção social das emoções a partir dos paradigmas ou ideais culturais:
o facto de um indivíduo assimilar as experiências amorosas pessoais ao amor romântico
depende, antes de mais, do modo como os diferentes componentes dessas experiências
se ajustam ás suas crenças sobre o que é o amor romântico.
Segundo Averill as emoções constituem verdadeiras “síndromas”, mapas
conceptuais ou modos de organizar as relações com o outro, que não se podem reduzir
às respostas elementares que caracterizam os estados emocionais. Em certo sentido, as
emoções podem ser assimiladas a “papéis sociais transitórios”: “As emoções são
síndromas socialmente constituídas (papéis sociais transitórios) que incluem a avaliação
pessoal da situação e que são interpretadas mais como paixões do que como acções.”
No caso concreto do amor romântico, a “síndroma emocional” comporta, pelo
menos, quatro componentes essenciais: a idealização do ser amado, o início repentino, a
activação fisiológica e o compromisso e vontade de “fazer sacrifícios” pelo outro.
52
SEBENTA Nº2
53
Psicologia Social
Cap. II
A emergência do paradigma americano
Nos EUA, na primeira metade do século XX, a psicologia social tornou-se uma
disciplina científica autónoma que procura dar respostas às interrogações perenes da
humanidade.
Nos EUA a psicologia adquiriu uma marcada orientação funcionalista e
pragmatista, com a necessidade de a aplicar a domínios como a educação, a indústria, a
opinião pública, a medicina, etc.
Foram estes dois aspectos dominantes da psicologia transatlântica – o
funcionalismo e a aplicação - que melhor explicam que a América reunisse as melhores
condições para que aí a psicologia social se autonomizasse. As principais figuras que
vieram a destacar-se no fundo americano e a fornecer os impulsos fundamentais para
que tal se produzisse foram: Barlett, Sherif, Heider, Kewin, Asch. Todos eles
contribuíram para que um objecto específico da psicologia social emergisse das
hesitações entre, por um lado, tentar explicar o domínio socioeconómico-cultural
postulando mecanismos psicológicos e, por outro, fazer do psicólogo uma mera
decorrência daquele domínio.
1. Os livros e as correntes
No livro Social Psychology, podemos ver o reflexo de duas orientações dominantes
nos primeiros anos da psicologia social americana, centrada sobre a pessoa e sobre a
situação social.
As atitudes irão aparecer como constructo central da psicologia. A construção de
métodos fiáveis para avaliar as atitudes permitira uma rápida aplicação ao diagnóstico e
intervenção sobre a realidade social.
Baldwin parece ter sido o primeiro americano a usara expressão “psicologia social”
numa conferencia.
Síntese:
 O papel social (modelo de desempenho ligado a uma posição social) é
igualmente uma disposição comportamental adquirida.
54
 Na década de 40 a psicologia social deu passos decisivos para a sua
independência por parte dos emigrados europeus, fundamentalmente Kurt
Lewin que, mais que uma escola ou uma ortodoxia, sempre procurou estimular
os discípulos a que explorassem vias próprias de investigação. Por isso, criou
muitas amizades e muitos seguidores, tornando-se o homem mais influente
neste campo.
2. As figuras
 Barlett
Considerava a psicologia social como sendo “o estudo sistemático das
modificações da experiencia e respostas individuais directamente devidas à pertença a
um grupo” e avança ideia de um grupo como tal, como “unidade organizada”, deve ser
considerado como a “verdadeira condição da reacção humana”.
Na sua óptica três tipos de áreas de estudo se abrem a esta disciplina:
- Todos os tipos de conduta indirectamente determinados por factores
sociais, detectados no interior do grupo “implica definitivamente
continuidade física”
- Todos os tipos de conduta indirectamente determinados pela sociedade,
mas em relação as quais a referencia ao grupo nada mais significa
que”acesso directo” a crenças, tradições, sentimentos e instituições
características de uma organização social particular.
- Situações em que dois grupos sociais diferentes entram em contacto um
com o outro e nas quais os núcleos de crenças, tradições, costumes e
instituições sofrem modificações.
 M. Sherif
Demonstrou que os quadros de referência culturais eram determinantes
fundamentais do modo como os indivíduos interpretavam os acontecimentos.
Sheriff introduziu assim uma técnica de manipulação dos sujeitos de
experimentação e defende que “a base psicológica das normas sociais estabelecidas, tal
55
como os estereótipos, as convenções, os costumes e os valores, a formação de quadros
de referência comuns, são produto de contactos entre indivíduos”
 Kurt Lewin
Lewin dá particular relevo à psicologia social, isto é, a psicologia inserida na
vida quotidiana, nos “verdadeiros” problemas humanos e na solução de questões
sociais. Com ele há uma transição de uma psicologia centrada no indivíduo para uma
psicologia centrada no grupo. Diz, que sempre que um homem se junta a um grupo é
significativamente mudado e induz mudanças nos outros membros. Quanto mais
atractivo for um grupo, mas pressão exerce sobre os seus membros; um grupo fraco não
exerce esse poder. Para se conseguir uma mudança num grupo é indispensável alterar o
seu equilíbrio. O comportamento de um grupo como um todo pode ser mais facilmente
alterado que o dos seus membros isolados. O desejo de se manterem juntos, ou coesão
de grupo é a característica essencial do grupo como tal. Sem ela não seria licito falar de
grupo. Um, dos factores que mais contribuíram para a coesão é a verificação individual
de que no grupo se têm mais probabilidades de atingir as próprias finalidades. Por isso,
os grupos formam-se espontaneamente sempre que há dificuldades em resolver tarefas
colectivas e não há barreiras à sua formação. Com o tempo e com as interacções no
grupo, desenvolvem-se finalidades e padrões de acção comuns. Então, os membros são
levados a reformular as suas próprias finalidades pessoais. A partir de então, pertencer a
um grupo significa aderir aos seus padrões, isto é, ao código do grupo. Pela mesma
razão um grupo pode servir de referência. Qualquer grupo de trabalho para a resolução
de problemas oscila sempre entre duas modalidades de acção, incompatíveis no mesmo
momento: um grupo ou trabalha para a coesão ou trabalha para a resolução de
problemas. Os grupos bem organizados e produtivos têm membros muito diversos.
Em resumo, a psicologia de grupo demonstra que uma psicologia que procure
elucidar os problemas através do estudo da personalidade é incompleta, visto que é claro
e facilmente demonstrável que o comportamento de grupo é tanto função das pessoas
individuais quanto da situação social. A partir desta base, Lewin definiu seis áreas de
estudo da psicologia de grupo que acabaram por ser desenvolvidas pelos seus
continuadores.
56
 Heider e Asch
A relação entre duas pessoas é uma configuração. Uma vez que qualquer pessoa
“reage ao que ela pensa que a outra pessoa está a perceber, sentir ou pensar para além
do que ela está a fazer”. Por isso uma pessoa desenvolve atitudes relativamente às
outras pessoas que são reguladas por um princípio do equilíbrio
3. O tempo e os modos
A psicologia social manteve-se como uma sub disciplina da psicologia. Só a psicologia
geral foi capaz de oferecer arquitecturas de fundo suficientemente estruturadas, como a
psicanálise, o condutismo ou o cognitivismo. Se lhes acrescentarmos o adjectivo social,
encontraremos as designações das linhas mestras dos corpos teóricos da psicologia
social. Entre todas domina o cognitivismo social.
Cap. III
A psicologia social europeia
1. Uma psicologia social europeia?
A psicologia social europeia, PSE, corresponde a um movimento que se
institucionalizou, ou seja, se preferirmos a terminologia de Moscovici, é uma
representação social já objectivada. Esta actividade institucional tem contribuído de
forma significativa para a formação de um espírito de grupo e para a definição de uma
identidade social. De acordo com Tajfel, os grupos não estão isolados, não existem no
vácuo, pelo que a sua identidade é, em grande parte, formada mediante mecanismos de
diferenciação relativamente a outros grupos. A PSE fornece um quadro de referência
teórico que permite explicar e legitimar o seu próprio movimento enquanto tal.
A psicologia social americana (PSA), enquanto grupo, tende a classificar, a
ancorar como diria Moscovici, as práticas dos seus colegas europeus na representação
restritiva, mas com valor universal, do que deva entender-se como psicologia social.
57
2. Orientações da psicologia social na Europa e nos EUA
Scherer pede num questionário que os sujeitos identificassem os desenvolvimentos
mais importantes bem como algumas das principais insuficiências identificáveis na
psicologia social nos últimos vinte anos, ou seja, a partir da década de 70.
As respostas obtidas por Scherer mostram que cerca de metade dos respondentes
norte americanos não reconheciam a existência ou a necessidade de um papel especial
para a PSE, enquanto que praticamente todos os representantes europeus concordavam
fortemente tanto com a sua existência como pela sua necessidade. Quanto à natureza das
práticas a PSE adoptava uma orientação menos individualista, mais filosófica e mais
consciente da história, e que se revelava particularmente forte no domínio das relações
inter grupo. O seu papel limitar-se-ia a dar diversidade cultural e linguística e moderar
alguns excessos da PSA.
As diferenças apuradas por Scherer sugerem que a maioria dos psicólogos norte
americanos adopta a perspectiva se que a ciência é universal e não ideológica, pelo que
não teria sentido recorrer a critérios regionais.
A PSE é não apenas uma psicologia social diferente mas também uma psicologia
social alternativa.
Com vista a especificar vamos analisar quais os temas predominantes na PSA e
na PSE nos últimos 20 anos. Comparação feita por Jaspars com base na análise de duas
revistas. Os tópicos fortes da PSE são a influência social, associada ao nome de
Moscovici, e os processos intergrupo associados ao nome de Tajfel. É tradicional
incluirmos processos de influencia social o fenómeno da conformidade estudado por
Asch e o fenómeno da convergência estudado por Sherif. Moscovici veio enriquecer
este domínio introduzindo um terceiro processo, o processo de inovação. Há todavia
que notar que esta constribuiçao de Moscovici viria a ser reconhecida pela PSA. Quanto
aos processos intergrupos de Tajfel podemos inserir numa linha de investigação
inicialmente centrada nos processos inter individuais.
Quanto aos temas desenvolvidos predominantemente no âmbito da PSA, como a
teoria da atribuição, a atracção pessoal e outros, também na PSE se encontram
numerosos estudos utilizando paradigmas e métodos idênticos aos dos norte
americanos. Um traço que todavia marca toda ou pelo menos grande parte da PSE é a
preocupação em inserir a explicação num contexto social mais alargado, centrada nos
grupos e na sociedade. Uma psicologia social mais social.
58
Cap. IV
Objecto da Psicologia Social – Analise de 10
definições
(1) G. Allport
A definição que é mais usual em Psicologia Social é a de Alport que realça,
notoriamente, a influência de outrem no sujeito, quer essa presença seja imaginada ou
real. Usava então o termo de presença implícita pretendendo com isto focar-se
relativamente ao desempenho do indivíduo, tendo em conta o seu papel numa estrutura
social. Aqui está presente a ideia de que há interacção e que a realidade tem uma
dimensão objectiva e subjectiva.
VD – comportamentos, pensamentos, emoções
VI – presença dos outros numa tripla dimensão (real, imaginada e implícita)
Presença implícita: nenhum comportamento é indissociável da inserção dos
indivíduos numa dada estrutura social e nenhum comportamento é indissociável da
nossa presença em determinados grupos sociais.
Nesta definição há que realçar que se trata de explicar todo o leque de
comportamentos, pensamentos e ate que ponto são influenciados pelo solo primário das
nossas vidas e presença dos outros
(2) Maisonneuve
59
Conceito de interacção: têm de existir dois padrões de acontecimentos psicológicos e
esses tem de estar inter-conectados;
Keley fez um esquema para conceptualizarmos a interacção. Há factores que afectam as
propriedades da interacção: os atributos das pessoas, tipo individual, tipo social.
(3) Baron, Byrne & Griffitt
Variante da definição clássica de Allport
(4) Tedeschi & Lindskold
Problemas de interdependência e coordenação com o outro
(5) Leyens
O que está em causa é a interdepnedencia das condutas
(6) Gergen & Gergen
Ênfase nos fundamentos da psicologia das interacções
(7) Moscovici
Moscovici e Tajfel representam fundamentalmente as figuras principais da
psicologia social europeia (PSE)
Nesta definição Moscovici acaba por dizer que o que é fundamental na
psicologia
social
é
a
ideologia
(fenómenos
de
representações
sociais
e
atitudes/cognições) e a comunicação (transmissão de informação e influencia social. A
comunicação tem uma dupla vertente, por um lado é a via pela qual transmitimos a
informação aos outros e por outro lado é por este meio que tentamos influenciar os
outros.
(8) Feldman
(9) Myers
Derivação de Allport
(10) Smith & Mackie
Derivaçao de Allport
60
Destas 10 definições podemos salientar cinco conceitos fundamentais da psicologia
social (operadores teóricos /macro conceitos)
 Interacção
 Comunicação
 Relação
 Interdependência
 Influencia social
Definição 1, 3, 8 : Influência social
Definição 2 e 6: interacção social
Definição 4 e 5: interdependência
Definição 7: comunicação
Definição
9
e
10:
não
fazem
referência
a
nenhum
aspecto
específico
61
Em termos históricos há dois manuais fundamentais com o mesmo nome e data
mas com autores diferentes. MCDougall (psicólogo centrado nos instintos) e Ross
(sociologia centrado na imitação social) publicam em 1908 “Social Psychology”
É de salientar também um artigo de Triplet sobre a competição e facilitação
social. Nas suas investigações conclui que os ciclistas quando corriam sozinhos corriam
menos do que quando corriam acompanhados de outros ciclistas. Isto leva Zajonc em
1968 a falar em facilitação social. Este identificou as situações de facilitação social nas
tarefas que executamos bem a performance melhora se estamos na presença de outros.
Em tarefas que estamos menos aptos a nossa performance piora na presença de outros.
Ou seja, ele tentou verificar se a facilitação social é uma lei universal e conclui que
funcionamos melhor em tarefas na qual estamos mais a vontade.
Um conceito central na psicologia social é o conceito de atitude (estrutura
cognitiva que esta por detrás das opiniões, predisposições avaliativas). Falamos de
atitude sempre que nos referimos a uma predisposição para classificar os objectos de
bom /mau, agradáveis ou ano. É uma disposição aprendida ainda que na sua base
possam haver processos biológicos. É possível traçar a história da psicologia social
tendo como referencia o modo como as atitudes foram tratadas:
Evolução do estudo das atitudes segundo Mc Guire (1985):
 Medição das atitudes
 Dinâmica de grupos
 Mudança de atitudes
 Cognição social
 Sistema de atitudes
Alem disso podem definir-se três grandes fases da psicologia social enquanto ciência do
pensamento social:
 1ª fase: atitudes social: teoria da dissonância Cognitiva
 2ª fase: Cognições sociais: Teoria da atribuição
 3ª fase: representações sociais: teoria das representações sociais
62
Então, a história da psicologia social em referência às
atitudes:
 1920-1935:
a tónica estava colocada na medição das atitudes. Esta é a
época áurea dos trabalhos de Thurstone, Likert.. neste período o objectivo era
mais de natureza pratica.
 1935:
surge um trabalho importantíssimo em psicologia social: Kurt Lewin
emigra para os EUA e juntando alguns colaboradores faz com que a psicologia
social deixe de ter como conceito principal as atitudes e passa a bordar de
modo especifico os processos grupais e as dinâmicas dentro dos grupos. Nesta
época a psicologia social torna-se autónoma. Festinguer, um dos colaboradores
de Lewin, publicou um artigo sobre a teoria da dissonância cognitiva, pois para
ele os aspectos motivacionais estão subjacentes às mudanças de atitudes.
 1955-1965: centração na mudança das atitudes (o que o homem procura é
a harmonia cognitiva) – relaciona-se com as teorias da existência de Osgood.
 1965: a tónica é colocada nos processos de atribuição e nas representações
osciais. Como é que os autores sociais explicam as suas condutas e as das
pessoas com as quias interagem.

1980: Para Moscovici as teorias classificam-se em:
 Paradigmáticas: visão global do comportamento humano. Têm-se como
exemplo: a Teoria do Campo do Kurt Lewin.
 Fenomenológicas: Estas visam descrever o como e o porquê de um
fenómeno bem conhecido. Tem-se o exemplo da teoria do Sherif sobre
a formação das normas pessoais e das normas grupais.
 Operatórias: Visam descrever o mecanismo elementar até aí
desconhecido. Baseada na teoria da dissonância cognitiva de Festinger.
63
Temos quatro níveis de explicação em psicóloga social (Doise)
 Intrapessoal: a centração é nos processos psicológicos intra individuais e no modo
como os indivíduos organizam os seus sentimentos, emoções e cognições.
Podemos referir como autores principais: Heider Osgood, Festinger. Que
defenderam teorias como a Teoria do Equilíbrio, dissonância cognitiva e
congruência de Osgood.
 Interpessoal: a tónica é colocada não tanto no modo de organização interna mas
na compreensão do comportamento dos indivíduos em interacção (Nisbett 8:
Ross). Estes falam também no erro de atribuição fundamental que consiste em
atribuir, caso seja uma situação uma atribuição externa; se forem características do
indivíduo a atribuição será interna.
 Intergrupal: está relacionado com as categorizações. Os efeitos dos fenómenos de
categorização social fazem-se sentir sobre os comportamentos. Quando explico um
comportamento a alguém estou a categorizá-lo num nível real - respeitante a
grupos de pertença. Aqui está presente a teoria de Tajfel coma teoria da
identidade social. São de alguma forma as categorizações sociais já existentes
antes da interacção que desempenham um grande papel.
 Societal: diz respeito às representações partilhadas por um grande número de
indivíduos numa dada sociedade: crenças, valores. Este nível é pertencente a
Moscovici.
Esta participação de Doise não implica que não se possam adoptar diferentes
perspectivas para explicar os comportamentos do indivíduo: a psicologia social
americana centrou-se mais nos dois primeiros níveis enquanto que a PSE dedica-se mais
ao estudo dos sois últimos níveis
Desde o inicio da psicologia social teve uma orientação cognitivista e sempre se
interessou pelos processos internos:
64
Há 3 grandes macro-períodos na história da Psicologia social
– momentos de cientificação
 Ate aos anos XX → estudo científico dos estados e conteúdos da consciência.
Figura central: Wundt. Metodologia dominante: Introspecção
 Anos 30 - 40→estudo do comportamento observável. Pavlov e Thorndike
o Neo-behaviorismo: hipotético dedutivo (Hull)
 40 - 50 → cognitivismo
A psicologia social nunca deixou de ser cognitivista. A situação é sempre
psicologicamente construída.
Lewin faz intervir os processos de natureza motivacional
Modelos do comportamento
 Clássico (Behaviorismo
o Estimulo – resposta
 Neo – behaviorismo
o Impulso (Hull)
o Mapas cognitivos (Tolman)
o S–O–R
 Psicologia social contemporânea
o O–S–O–R
o Os processos internos definem a própria situação
Psicologia é um discurso cientifico sobre os processos psicológicos fundamentais
(atenção, memoria, percepção) que estão ancorados em processos de Biologia e Cultura,
integrado na estrutura da Personalidade que se desenvolvem, interagem e se deteoram. É
um método de discurso histórico e sistemas teóricos, estatística e metodologia.
Comporta educação, organizações, saúde e outras problemáticas de aplicação.
65
Cap. V
Formação de Impressões
1.
Introdução
Para criarmos uma impressão acerca de alguém não necessitamos em geral de muita
informação. A informação pode obter-se de forma directa, através da interacção,
observando o comportamento verbal e não verbal, e de forma indirecta, como por
exemplo através de “ouvi dizer”.
Quando se trata das primeiras impressões, uma componente fundamental
dessa organização é a categoria avaliativa. Embora a avaliação possa ser do tipo
afectivo (gostar/não gostar), moral (bom / mau) e instrumental (competente /
incompetente), a generalidade da pesquisa sobre formação de impressões tem incidido
essencialmente sobre o primeiro e o segundo tipo.
O percepcionador social apenas consegue interpretar os estímulos verbais e
não verbais relativos à outra pessoa, e ao contexto em que se encontram, com base nas
estruturas de conhecimento que já possui e que incluem representações de traços, de
comportamentos, de estereótipos e de situações sociais assim como das suas interrelações.
Segundo
Asch
são
fundamentalmente
as
características
físicas
e
comportamentais da pessoa alvo que determinam a produção de uma impressão
específica.
Do ponto de vista histórico podem definir-se três grandes períodos na
pesquisa sobre a formação de impressões:

Inteiramente dominado pela abordagem gestáltica de Asch: supõe que na
formação de impressões as pessoas integram os vários elementos
informacionais, reinterpretando-os se necessário de modo a construírem um
todo coerente.

60 – 70: influenciado pela abordagem linear ou de integração de
informação desenvolvida por Anderson: sustenta que cada elemento da
informação tem um valor próprio, contribuindo independentemente à medida
que é conhecido, para a impressão geral.

Abordagem da memória de pessoas ou cognição social: procura analisar os
processos relativos à aquisição, armazenamento e recuperação da informação.
66
2.
Abordagens da formação de impressões
 Abordagem configuracional
Experiência de Ach – relativo à formação de impressões: divide os sujeitos em dois
grupos aos quais deu as mesmas instruções gerais. A um grupo lê-se uma lista de
adjectivos positivos e ao outro grupo lê-se a mesma lista mas no meio coloca-se um
adjectivo diferente – esse adjectivo que variou de um grupo para o outro foi “caloroso”
e “frio”.
No final, colocam-se aos sujeitos duas questões: em que medida eles queriam conhecer
a pessoa e em que medida gostariam de manter uma relação com essa pessoa – sendolhes solicitado que respondam ás duas questões numa escala de 0 (pouco) a 10 (muito).
Ele verificou que o grupo onde foi lido o adjectivo “frio” revelou valores mais baixos ás
duas questões. Assim, o traço “caloroso/frio” tinha uma importância suficientemente
forte para fazer com que a impressão sobre a pessoa fosse bipolarizada. O Ach fez esta
mesma experiência com outros traços e verificou que alguns deles não tinham
modificação nenhuma – a esses traços chamou traços periféricos.
Segundo Asch as características dadas não tem todas o mesmo peso para o
sujeito, sendo necessário considerar a existência de qualidades centrais e de qualidades
periféricas. Concluiu que a mudança de um traço periférico produz um efeito mais fraco
na impressão total do que a mudança de um traço central.
Na opinião de Asch estas experiencias provam que há qualidades que são
tomadas como centrais e outras como periféricas. Coloca-se então a questão de saber se
um traço é central ou periférico por si próprio ou se a sua centralidade depende das
relações contextuais com outros traços. Assim, Asch concluiu que um traço não tem
sempre um sentido fixo que entra na formação da impressão. Pelo contrário, o seu
conteúdo pode ser central numa impressão e tornar-se periférico noutra.
A partir de várias experiencias realizadas Asch tirou as seguintes conclusões:
i. Há um processo de discriminação entre traços centrais e traços
periféricos. Nem todos os traços ocupam o mesmo valor na
impressão final. A mudança de um traço central pode alterar
completamente a impressão, enquanto que a mudança de um
traço periférico tem um efeito mais fraco.
ii. Tanto o conteúdo cognitivo de um traço como o seu valor
funcional são determinados pela relação com o se contexto
iii. Alguns traços determinam o conteúdo e a função de outros
traços. Aos primeiros chamamos centrais e aos segundos
periféricos
67
Centralidade dos traços e teorias implícitas da personalidade
Na base dos estudos realizados por Asch esta um outro problema
fundamental que só depois veio a ser explicitamente conceptualizado: como é que os
sujeitos das suas experiências, conhecendo apenas alguns traços respeitantes a uma
pessoa, eram capazes de concluir que essa pessoa tinha também uma serie de outras
características. Ou seja, como é que os sujeitos estavam em condição de realizar tais
inferências a partir de informação tão limitada?
Segundo Asch isso era possível porque, como vimos, com base em traçosestímulo iniciais os sujeitos criavam uma impressão geral que posteriormente
efectuavam inferências particulares para cada um dos traços.
Bruner e Tagiuri propuseram uma concepção diferente. Segundo estes
autores as pessoas estão em condições de efectuar inferências como aquelas que
aparecem nas experiencias de Asch porque possuem teorias implícitas da personalidade.
São consideradas teorias porque consistem num conjunto estruturado de categorias e de
crenças sobre as suas inter relações e são implícitas porque as pessoas nãos as
apresentam formalmente nem fornecem critérios objectivos da sua validade.
As teorias implícitas da personalidade desempenham um papel importante na
vida quotidiana porque permitem aos indivíduos não só seleccionar e codificar a
informação relativa às outras pessoas, mas também, a partir de poucos elementos
informativos, realizar inferências relativas a domínios que estão fora do se campo no
momento. Assim, as teorias implícitas da personalidade constituem como que um mapa
cognitivo interno que de certo modo orienta a interacção entre as pessoas na vida
quotidiana.
Estímulos não verbais na formação das impressões
A aparência física e outros sinais comportamentais têm sido longamente
investigados na área da interacção social, nomeadamente enquanto factores decisivos
para a eficácia da comunicação interpessoal. Ao nível da formação das impressões, os
estímulos não verbais ocupam também um papel importante, na medida em que
frequentemente a mera percepção da aparência física de uma pessoa nos leva a inferir
um conjunto de traços e de atitudes atribuídas a essa pessoa.
De entre os elementos não verbais que influenciam a formação das
impressões, salienta-se a cor da pele, a atractividade do rosto e do corpo, a expressão
68
fácil, o contacto através do olhar, o modo de andar, a postura corporal, o tom de voz, o
odor.
Naturalmente os elementos não verbais do comportamento de uma pessoa, só
por si, não nos fornecem quaisquer informações acerca das características das pessoas
nem indicam o sentido das impressão que vamos formar. É a partir do contexto em que
estão inseridos, e da eventual saliência que ai têm, que, se o percepcionador estiver
motivado para os interpretar, esses elementos vão ser descodificados com a ajuda das
teorias implícitas da personalidade, tal como acontece quando nos são fornecidos apenas
traços de personalidade.
Cap. VI
Atracção interpessoal, sexualidade e relações íntimas
Iniciado nos anos 50, entende-se por relações interpessoais os fenómenos da
atracção que dizem respeito aos componentes afectivos das relações sociais, em
particular às atitudes, emoções e sentimentos positivos que experimentamos na relação
com os outros.
1. Atracção interpessoal
Quem escolheria entre os seus colegas para trabalhar consigo num pequeno projecto
de investigação? Com quem não gostaria de realizar esse trabalho? Quem pensa que o
escolheria para organizarem conjuntamente uma viagem de fim de curso? (…)
As questões enunciadas constituem o núcleo da sociometria introduzida por Moreno
numa obra que marcou o início do estudo sistemático da atracção interpessoal. Moreno
tinha como objectivo principal reconstruir os aspectos estruturais e dinâmicos das
relações afectivas no seio de um grupo. A sociometria coincidiu com um estudo de
Newcomb em 1961 sobre a influência da semelhança de atitudes no desenvolvimento
das amizades em grupos de estudantes universitários.
Embora os trabalhos pioneiros de Moreno e Newcomb se situem no domínio dos
processos grupais, o estudo da atracção interpessoal, a avaliar pela maior parte das
investigações que lhe do corpo, centra-se sobretudo nas relações duais
1.1.
Dos problemas conceptuais aos modelos teóricos
69
A atracção pode ser conceptualizada como uma atitude, como um estado emocional
ou como um comportamento directamente observável. A generalidade dos
investigadores optou por assimilar o conceito de atracção ao de atitude.
A atracção interpessoal é definida como uma orientação avaliativa de A
relativamente a
B. os três componentes (cognitivo, afectivo e comportamental)
tradicionalmente incluídos sob a noção de atitude, passaram a constituir as três
dimensões da atracção.
De acordo com Berscheid, as vantagens desta assimilação tiveram como
contrapartida a transferência das dificuldades teóricas e metodológicas inerentes o
estudo das atitudes par o domínio da atracção
Podemos considerar que existem duas grandes categorias ou grupos de teorias da
atracção interpessoal. O primeiro grupo é o das teorias da organização cognitiva, em
que a tónica é colocada nas relações entre cognições e sentimentos e a atracção é
explicada pela necessidade de consistência interna entre estes elementos. O segundo
grupo é o das teorias da troca social e do reforço. A tónica é colocada na relação entre
os componentes avaliativo e comportamental e atracção é explicada pela inevitável
interdependência comportamental e afectiva que caracteriza as relações interpessoais
As teorias da organização cognitiva
 Teoria do equilíbrio (Heider, 1958)
De acordo com Heider, um sistema de cognições comporta três elementos principais:
→ As cognições relativas ao próprio sujeito (P)
→ As cognições relativas a outro individuo que entre em interacção com o sujeito
(O)
→ Qualquer objecto, acontecimento ou indivíduo exterior (X)
Dentro deste sistema distinguem-se dois tipos de relações:
→ Relações de unidade: cognições respeitantes ao facto de dois elementos serem
percepcionados como fazendo ou não parte da mesma unidade funcional (P
esta casado com O)
→ Relações de sentimento: cognições relativas à dimensão avaliativa ou
emocional de uma relação, expressa em termos de gostar / não gostar,
agradável / desagradável (P ama O)
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Considerando apenas a ligação entre os dois elementos do sistema, diz-se que este
esta num estado de equilíbrio sempre que as relações de unidade e de sentimento têm o
mesmo sinal; caso contrário (P esta casado com O e detesta-o) está perante uma relação
desequilibrada.
Heider afirma que os estados de desequilíbrio são psicologicamente desagradáveis e
que existe uma tendência generalizada para o restabelecimento do equilíbrio.
As implicações da teoria do equilíbrio na compreensão da atracção interpessoal são:
a) A existência de uma relação de unidade implica uma relação de sentimento
positiva;
b) A existência de uma relação de sentimento negativa pode quebrar a relação de
unidade
c) Atracção depende das correlações entre as relações de unidade, as relações de
sentimento e as atitudes do sujeito relativamente aos outros elementos do
sistema triangular.
 Teoria da consistência cognitiva (Newcomb, 1961, 1968)
Os estados de desequilibro são psicologicamente desagradáveis e existe uma
tendência geral para recuperar o equilíbrio. Newcomb procedeu a uma diferenciação
entre os estados ditos de equilíbrio: só se verifica uma tendência para o equilíbrio nos
casos em que a relação de sentimento correspondente é positiva. Nos casos em que não
gosto do outro, é-me indiferente a concordância dos nossos sentimentos relativamente a
um terceiro objecto ou pessoa.
 Teoria da comparação social (Festinger, 1957)
Esta teoria reveste-se de particular importância nomeadamente quando se trata
de responder à questão da existência da atracção. De acordo com a referida teoria, todos
os seres humanos tem uma necessidade básica de auto conhecimento e auto avaliação
das suas aptidões, opiniões, atitudes. Na ausência de um termo de comparação
objectivo, a única solução é a comparação com outros indivíduos. Aqueles que se
encontram mais próximos do sujeito possibilitam uma avaliação mais valida.
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As teorias do reforço e da troca social
 Lott e Lott
Concebem a atracção como uma resposta adquirida pelo mecanismo do reforço
secundário: qualquer pessoa associada com uma situação reforçante torna-se alvo de
atracação. Não é pois necessário que um individuo gratifique directa ou indirectamente
o outro. Basta-lhe a simples presença para que possa vir a funcionar como um reforço
secundário ao qual passam a estar associados as atitudes e os sentimentos positivos
(atracção).
 Clore e Byrne
O modelo destes é claramente idêntico ao anterior, ainda que recorra ao
mecanismo do condicionamento clássico. A atracção é definida por uma resposta
afectiva implícita a um estímulo, inicialmente neutro, progressivamente associado a um
estímulo incondicional positivo.
Contudo um dado indivíduo pode ver-se associado com diversas situações
positivas e negativas. Neste caso defendem que a resposta afectiva implícita (atracção)
de X relativamente a Y será o resultado ponderado do numero e magnitude de reforços
positivos e punições experimentados por X nas situações a que Y esta associado.
 Modelo dos ganhos e perdas (Mette e Aronson)
Pressuposto fundamental: princípio da maximização /minimização. No âmbito
das interacções todos os indivíduos tem como objectivo maximizar os ganhos e
minimizar as perdas. Desta forma, as pessoas sentem-se mais atraídas pelas relações em
que os benefícios ultrapassam os custos, afastando-se das relações onde o saldo é
negativo.
No entanto, não seriam os valores individuais dos ganhos e das perdas que
determinariam directamente a atracção. De acordo com o princípio da justiça
distributiva ou da equidade, só as relações em que existe proporcionalidade entre
investimentos e lucros para cada um dos intervenientes seriam geradoras de atracção.
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 Teoria da independência social (Thibaut e Kelley)
Afirmam que a determinação das perdas e dos ganhos e consequentemente o grau de
atracção de uma relação depende dos próprio padrões de avaliação utilizados pelos
indivíduos. Mais exactamente, um individuo avalia os resultados de uma relação
comparando-os com aquilo que pensa serem os ganhos e as perdas que em media
caracterizam uma relação semelhante( nível de comparação). Nas situações em que a
percepção esta acima do nível de comparação, a relação é considerada como satisfatória.
A principal dificuldade das teorias do reforço e da troca social reside na
especificação da natureza dos reforços sociais. O que é que é reforçante para um dado
individuo numa dada situação?
1.2.
Determinantes da atracção e génese das relações interpessoais
É possível identificar um determinado número de factores que, em maior ou menor
grau são responsáveis pelas preferências relacionais. Entre esses factores, para além da
familiaridade e do motivo de afiliação, contam-se a beleza física, as semelhanças
interpessoais e as avaliações (apreciações) positivas.
 A beleza física
É obvio que os padrões de beleza apresentam uma variabilidade histórica.
Contudo, dentro de uma mesma cultura e numa mesma época, existe uma convergência
notável, expressa nas elevadas correlações obtidas nas investigações centradas na
avaliação das dimensões do rosto e ilustrada pelas características mais ou menos
invariantes dos modelos que nos são propostos através da publicidade e dos meios de
comunicação social.
Apesar da convergência referida, convém notar que a avaliação da beleza física
não depende exclusivamente dos atributos objectivos, sendo, igualmente influenciada
por factores de natureza situacional e mediatizada por estados emocionais.
Quais os processos explicativos dos efeitos da beleza na atracção interpessoal?
Os indivíduos tendem a associar a beleza a traços de personalidade positivos. O
estereotipo segundo o qual “o belo é bom”.
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Cap. VIII
As Atitudes
Plano de estudo: atitudes (cap VIII)
 Conceptualização das atitudes
 Estrutura das atitudes ( intratitudinal, intertitudinal)
 As funções das atitudes (cognitiva / social / orientação para a acção – modelo de
Ajzer e Fishben)
 O modo como medir as atitudes
 O modo como as atitudes se adquirem e transformam
 As relações entre atitudes e comportamentos.
 Conceptualização das atitudes
O conceito de atitude e depois as suas formas de avaliação serviram para dar
identidade à psicologia social.
É difícil encontrar uma definição para atitude. Eagly e Chiken definiram como
sendo um constructo hipotético referente à tendência psicológica que se expressa numa
avaliação favorável ou desfavorável de uma entidade específica. As atitudes são uma
tendência psicológica, o que permite distinguir atitudes de outros constructos
hipotéticos. Por tendência psicológica entende-se um estado interior, com alguma
estabilidade temporal (e daí a sua diferença relativamente aos traços de personalidade
que seriam mais estáveis e aos estados emocionais que seriam mais passageiros). As
atitudes expressam-se sempre através de um julgamento avaliativo e estas respostas
avaliativas podem ser de vários tipos. É habitual encontrar a separação de três
componentes das atitudes:
 Cognitivas: referimo-nos a pensamentos, ideias, opiniões, crenças, que ligam o
objecto de atitude aos seus atributos ou consequências e que exprimem uma
avaliação mais ou menos favorável.
 Afectivas: referem-se às emoções e sentimentos provocados pelo objecto da
atitude
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 Comportamentais: reportam-se aos comportamentos ou às intenções
comportamentais em que as atitudes se podem manifestar.
Por fim, a definição que apresentamos explicita que as atitudes se referem
sempre a objectos específicos que estão presentes ou que são lembrados através de um
indício do objecto. Assim, quando encontro uma fotografia ou uma carta de um amigo
que já não vejo à muito tempo, é activada a minha
atitude face a essa pessoa, tal como quando a encontro pessoalmente. Quase tudo pode
ser objecto de atitudes. Temos atitudes face a entidades abstractas (democracia), ou
concretas (teste de escolha múltipla), face a entidades específicas (o cão da vizinha) ou
gerais (os cães), temos atitudes face a comportamentos (praticas musculação) ou classes
de comportamentos (praticar desporto).
As atitudes expressam paixões e ódios, atracções e repulsões, gostares e não
gostares; reporta-se a uma tendência psicológica que é expressa através de uma
identidade particular com um certo grau de probabilidade e desfavorabilidade.
É uma disposição para avaliar positiva e negativamente um dado objecto. A
atitude é situar o objecto no pensamento numa dimensão avaliativa. É uma disposição
adquirida.
Atitudes não são respostas, são uma disposição para avaliar; não são
comportamentos são uma variável do tipo disposicional e têm como principal
característica a avaliação disposicional.
O objecto pode ser abstracto, pode ser discreto, concreto, um individuo, um
grupo, um preconceito. Um preconceito, o racismo: construção de um conjunto de
crenças da cor da pele dos sujeitos.
Os estereótipos ou atitudes negativas perante os grupos. Se eu gostar de alguém
é atracção interpessoal; se eu gostar de mim é auto estima.
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Evolução das atitudes segundo Mc Guire
Há três grandes picos do estudo das atitudes
1920 - 1935
O principal foco de investimento era a problemática da medição das
atitudes
As atitudes passam para segundo plano para dar lugar à dinâmica de
grupos por Lewin
1955 – 1965
Problemática da mudanças ads atitudes (Festinger)
Estudo dos fenómenos cognitivos
1980
Problemática dos sistemas de atitudes
Podemos classificar os conceitos disposicionais em três dimensões – classificação
tripartida
 Campo de acção
 Dinâmica
 Horizonte temporal
Categorias de respostas
Modos de resposta
As atitudes são sempre respostas, disposições não observáveis que poderão ser
inferidas.
Categorias de resposta
Afectos
Sentimentos
Verbal
Respostas
Não
verbal fisiológicas
Cognições
Comportamentos
Crenças
Intenções
comportamentais
Comportamentos
observáveis
Respostas
perceptivas
Medir as atitudes
1. Tipos de componentes que são medidos
2. Classificar técnicas de medição consoante a tabela
3. Técnicas centradas na expressão cognitiva
a. Escalas intervalares de Thurstone
b. Escalas somativas de Lickert
c. Diferenciador semântico segundo Osgood
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Têm-se desenvolvido formas estruturadas de avaliara as atitudes através de diversos
tipos de respostas observáveis.
Medição das atitudes através de respostas observáveis
A forma mais comum de medir as atitudes é através do que se designou
escalas de atitudes. Esta técnica parte do principio que podemos medir as atitudes
através de crenças, opiniões e avaliações dos sujeitos acerca de determinado
objecto, e que a forma mais directa de acedermos a estes conteúdos cognitivos é
através da auto-descrição do posicionamento individual.
As escalas intervalares de Thurstone caracteriza a atitude do sujeito
através do seu posicionamento face a estímulos previamente cotados. Procura
encontrar uma relação ente os atributos do mundo físico e as sensações psicológicas
que ele produz; procura objectividade na selecção das frases face às quais os
sujeitos apenas têm de assinalar aquelas com que concordam.
Uma outra técnica de construção de escalas foi proposta por Likert,
permitindo aos investigadores prescindir da tarefa de avaliação dos juízes, e
centrando o processo nos sujeitos respondentes: é a própria resposta do indivíduo
que a localiza directamente em termos de atitude, e não existe nenhum
escalonamento a priori dos estímulos. A principal diferença esta no facto de a
selecção das frases que compõe a escala ser feita pelo investigador procurando
frases que manifestem claramente apenas dois tipos de atitude: uma atitude
claramente favorável e uma atitude claramente desfavorável em relação a um
mesmo objecto, eliminando assim todas as posições neutras ou intermédias.
i. Redigem-se fases favoráveis ou desfavoráveis
ii. Pede-se ao sujeito que indique o grau de agradabilidade
iii. Soma-se a pontuação
Indique o seu grau de concordância /discordância sabendo que: (escala de 9
pontos)
1 – Discordância muito forte
2 - Discordância forte
3 - Discordância moderada
4 - Discordância ligeira
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5 - Nem discordância nem concordância (neutro)
6 – Concordância ligeira
7- Concordância moderada
8 – Concordância forte
9- Concordância muito forte
Se fosse de 7 pontos suprimíamos 1 e 9.
Se fosse de 5 retiraríamos 1, 9, 4 e 6.
As escalas de atitudes conhecidas como diferenciadores semânticos nasceram
nos finais dos anos 50 e tentavam clarificar o processo da linguagem. Partiam do
pressuposto que o significado de cada palavra é um ponto num espaço semântico
definido por dimensões bipolares. Osgood pretendia encontrar os grandes eixos que
caracterizam o significado dos conceitos que utilizamos.
Usaram-se assim escalas bipolares de 7 pontos de modo a poderem definir o
espaço semântico de um conjunto heterogéneo de palavras. As análises efectuadas das
respostas dos sujeitos a estas escalas bipolares permitiram detectar intercorrelações
importantes que mostram que o significado se organiza sistematicamente em torno de
três grandes dimensões: uma dimensão avaliativa, a que parece como explicando a
maioria da variância das respostas e que junta adjectivos como bom-mau, agradáveldesagradável; uma dimensão de potência, composta por pares de adjectivos como
grande-pequeno, forte-fraco; e uma terceira dimensão de actividade, composta por pares
como activo-passivo e rápido-lento.
BOM _ _ _ _ _ _ _ _ MAU
CHATO_ _ _ _ _ _ _ SIMPATICO
O espaço dinâmico pode ser definido num cubo de três dimensões
1. Avaliação (bom – mau)
2. Potencia (objectos de polarização do tipo forte – fraco)
3. Actividade (lento – rápido)
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Estas técnicas apresentam alguns problemas que nenhum dos tipos de construção de
escalas que referimos pode resolver. Trata-se em primeiro lugar de saber se a resposta
do sujeito corresponde à sua atitude real ou se ele tentou, através das respostas, dar uma
boa imagem de si, agradar ao investigador.
Um outro problema prende-se com a relevância da atitude para o sujeito: a resposta
corresponde a uma posição bem estruturada por parte do sujeito, ou foi um tema com
que se viu confrontado apenas naquele momento
Uma outra questão difícil de resolver envolve a própria linguagem em que é
formulada a questão, a escala de resposta.
Medição das atitudes através de respostas afectivas
Embora possamos expressar aquilo que sentimos através de palavras, o nosso
corpo é, muitas vezes, um relator mais verdadeiro dos nossos sentimentos. O corar, o
suor nas mãos, o coração a bater mais depressa são respostas involuntárias e
espontâneas
que
bem
conhecemos
a
estados
emocionais
extremos.
A
sociopsicofisiologia desenvolveu quatro tipos de técnicas de avaliação das atitudes
através de sinais corporais: respostas naturais manifestas e escondidas, respostas
condicionadas e as falsas respostas psicofisiológicas.
Na primeira categoria, as respostas naturais manifestas, isto é, aquelas em que as
atitudes são inferidas através dos sinais posturais ou das expressões faciais dos
interlocutores.
No entanto, aquelas que seriam as respostas naturais manifestas mais óbvias são
também as mais difíceis de avaliar: as expressões faciais. O problema com este tipo de
respostas é o facto de as pessoas, se souberem que estão a ser observadas, as poderem
falsear, tal como acontece com as respostas verbais, uma vez que se encontram sob o
seu controlo voluntário. O estudo das respostas naturais escondidas refere-se a
alterações corporais de nível fisiológico que são dificilmente observáveis a olho nu e
que não estão ao alcance do controlo voluntário do sujeito. A medida mais frequente
utilizada é a que se refere à resposta galvânica da pele. Uma outra resposta fisiológica
associada às atitudes é a resposta pupilar, isto é, o aumento ou diminuição do tamanho
da pupila.
Um terceiro indicador fisiológico das atitudes pode ser a actividade
electromiográfica facial, isto é, a contracção das fibras musculares avaliada através da
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mudança de potencial eléctrico que a acompanha. por fim, referir-nos-emos a uma
técnica de avaliação das atitudes que utiliza um falso indicador fisiológico para garantir
a autenticidade das respostas dos sujeitos às respostas a uma escala de atitudes: as falsas
respostas psicofisiológicas. «O paradigma experimental baseia-se na simples premissa
de que ninguém quer ser desmentido por uma máquina. Se conseguirmos convencer
uma pessoa de que temos uma máquina que mede com precisão a intensidade e a
direcção das suas atitudes, assumimos que ela está motivada para predizer aquilo que a
máquina vai dizer acerca dela». Deste modo, parece que as medidas corporais das
atitudes, embora sejam um campo fascinante de investigação, não têm produzido
técnicas e resultados tão importantes como de início se supunha. Este facto deve-se à
dificuldade de interpretar univocamente as respostas psicofisiológicas dos sujeitos e às
dificuldades práticas de aceder a este tipo de material para o registo das respostas.
Medição das atitudes através de respostas comportamentais
Um outro tipo de medida das atitudes refere-se à avaliação dos comportamentos. Este
tipo de indicadores possibilita, por um lado, superar a falta de sinceridade que é possível
nas medidas de autodescrição, e por outro produzir observações em meio natural,
impossível através das medidas corporais. Estas medidas são conhecidas também por
medidas não obstrutivas.
 A estrutura das atitudes
O primeiro grande debate prende-se com a dimensionalidade das atitudes, isto é, com
a forma como os diferentes teóricos das atitudes respondem à questão: a reapresentação
mental da atitude reproduz um continuum de favorabilidade / desfavorabilidade por que
ela se expressa? O apoio empírico para as visões dimensionais das atitudes vem do facto
de o tempo de processamento de afirmações radicais ser inferior ao tempo de
processamento de afirmações mais neutras. Esta última perspectiva pressupõe mesmo a
existência de uma escala de referência interna, que cada pessoa divide em três zonas
consoante a sua própria posição: zona de aceitação, que inclui as crenças que o
indivíduo considera aceitáveis; zona de rejeição, que inclui as que são inaceitáveis; e
zona de não comprometimento onde se encontram as crenças que não são consideradas
nem aceitáveis nem inaceitáveis.
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A segunda grande questão no domínio das atitudes prende-se com a consistência
entre a atitude e as suas três formas de expressão, isto é, até que ponto há uma
correspondência entre a atitude do indivíduo e as suas diversas formas de expressão
(afectiva, cognitiva e comportamental). Muita da pesquisa neste domínio tem analisado
a consistência entre a atitude e as crenças, verificando--se normalmente uma boa
consistência entre elas.
Funções das atitudes
Sendo um produto cognitivo tão comum, podemos perguntar-nos, de um ponto de
vista pragmático, para que servem as atitudes. A resposta para esta pergunta tem sido
encontrada por quatro vias: as teorias que salientam as funções motivacionais das
atitudes, as teorias que salientam as funções cognitivas das atitudes, as teorias que
salientam o papel de orientação para a acção e as teorias que salientam as funções
sociais das atitudes.
Funções motivacionais das atitudes: Atitudes e necessidades
O primeiro tipo de abordagem teve origem em autores como Katz. A sua perspectiva
representa a tentativa de compreender as razões que levam as pessoas a manter as suas
atitudes. As razoes no entanto estão ao nível das motivações psicológicas e não ao nível
do acaso de acontecimentos e circunstancias exteriores. Katz e outros autores definiram
um grande número de funções específicas das atitudes, que outros investigadores mais
recentes sistematizaram em duas grandes categorias: funções instrumentais ou
avaliativas e funções simbólicas ou expressivas. As primeiras prendem-se com uma
avaliação de custos e benefícios da atitude, optando o indivíduo pela atitude que lhe
permita obter o melhor ajustamento social, maximizando as recompensas sociais e
minimizando as punições. As funções expressivas têm a ver com a utilização das
atitudes enquanto forma de transmitir os valores ou a identidade do sujeito, permitindolhe proteger-se contra conflitos internos ou externos e preservar a sua imagem.
Funções cognitivas da atitudes: atitudes e processamento da
informação
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As funções cognitivas das atitudes estão ligadas à forma como elas influenciam
o modo como é processada a informação. Aqui temos de ter em conta dois princípios, o
princípio do equilíbrio e o princípio da dissonância.
A teoria do equilíbrio de Heider refere-se à forma como os indivíduos articulam
diferentes atitudes. Considera três entidades: pessoa (P), o objecto (O) e outra entidade
(X), onde se estabelecem relações de unidade (caracterizam a relação cognitiva: quando
os sujeitos percebem que estão relacionados) e relações de sentimento (diz respeito à
avaliação a afectos que podem ser mais ou menos entre as 3 unidades). Assim, Heider
postula que em termos de principio organizador da construção do ambiente subjectivo,
que as situações equilibradas são preferidas a situações desequilibradas por serem
formas perceptivas e por evitarem a tensão.
Quanto ao principio da redução da dissonância cognitiva este foi definido por
Festinger para explicar a necessidade que existe em todos os indivíduos de encontrarem
consonância entre as diversas cognições que têm a respeito de um mesmo objecto. A
questão de Festinger prende-se com a consistência interna de uma mesma atitude. A
dissonância cognitiva refere-se assim à relação entre duas cognições incompatíveis da
mesma pessoa face ao mesmo objecto. O princípio da dissonância cognitiva tem como a
perspectiva de Heider bases motivacionais e postula que um estado de dissonância
cognitiva é psicologicamente desagradável, constituindo uma motivação do organismo
no sentido da redução ou da eliminação da dissonância. No entanto, nem todas as
cognições incompatíveis nos produzem dissonância. Para tal é preciso que as cognições
sejam percebidas como importantes e é preciso que nos vejamos como responsáveis
pelas situações que nos causam dissonância. Para sair de um estado desagradável
Festinger propõe duas estratégias: aumento do numero ou da importância das cognições
consonantes e / ou a diminuição do numero ou da importância das cognições
dissonantes.
Funções de orientação para a acção: impacto das atitudes no
comportamento
Fishbein e Azjen (1975) preconizam que todo o comportamento é uma escolha,
uma opção ponderada entre várias alternativas. O melhor preditor é então a intenção
comportamental, sendo que a atitude é um dos factores que influencia a decisão.
82
Surge o modelo da acção reflectida: a atitude face ao comportamento é o
resultado do somatório das crenças à cerca das consequências do comportamento
(expectativas) pesadas pela avaliação dessas consequências (valor).
Posteriormente Azjen (1987) elabora o modelo de acção planeada acrescentando
uma nova variável ao modelo anterior: o controlo percebido sobre o comportamento,
que corresponde à dificuldade perecbida na realização de um comportamento. Assim, os
comportamentos habituais são percebidos como fáceis de pôr em pratica e portanto com
elevados níveis de controlo percebido.
 Mudança das atitudes: impacto do comportamento nas atitudes
O facto de fazer com que as pessoas realizem um comportamento contrario à sua
atitude inicila causa dissonância cognitiva e para a resoler tem de se mudar o valor da
crença ou memso a atitude. Posto isto, não so as atitudes modelam o comportamento,
mas os comportamentos voluntários induzem a mudança de atitudes.
A mudança de atitudes depende basicamente de novas informações e ou afectos
relativos ao objecto.
 Persuasão
Mudança de crenças, atitudes ou comportamentos por meio da utilização de
informação ou argumentos.
Elementos da persuasão:
→ A mensagem: Mc Guire apresenta cinco fases de processamento de
informação da mensagem n comunicação persuasiva, em que a falha em
qualquer dela daria por terminado o processo:
o Atenção: para haver persuasão a audiência tem de estar atenta a
mensagem;
o Compreensão: a audiência tem de compreender os argumentos que
ouviu e identificar o significado da mensagem;
o Aceitação: concordar com as conclusões apresentadas;
o Retenção: a mudança de atitude deve permanecer na memória
durante algum tempo;
o Acção:
a
mudança
de
atitude
deve
ter
consequências
comportamentais;
83
Já Petty e Cacioppo (1986) criam o Modelo de Probabilidade de Elaboração, que
identifica as duas condições básicas que influenciam o sucesso das mensagens
persuasivas: motivação e capacidade. Caso os sujeitos tenham motivação e capacidade
para compreender a mensagem, aumentam as probabilidade dos argumentos serem
tratados com profundidade, resultando numa mudança da estrutura cognitiva e em novas
atitudes. Caso isto não aconteça as pessoa limitam-se aos indícios periféricos,
resultando numa mudança periférica de atitudes ou continuam a manter as mesma
opinião.
Como características da mensagem surgem:
o O medo: o apelo ao medo; se moderado aumenta a aceitação
dos argumentos da fonte;
o Uni ou bilateral: as mensagens unilaterais têm mais poder
persuasivo do que as que apresentam argumentos para os dois
ladops da questão;
o Explicita ou implícita: a persuasão é maior quando a conclusão é
deixada implícita do que quando é explicita.
→ A fonte: quanto mais fidedigna (credível) atraente, e conhecida for a fonte,
masi probabilidade há de uma mudança de atitudes.
→ O alvo: quando existe distracção os sujeitos não discriminam a qualidade
dos argumentos. Quando estes estão atentos só existe persuasão na
presença de argumentos fortes. Também quanto maior for o envolvimento
com a questão da mensagem, quanto mais conhecimento se possui sobre o
tema, maior é a discriminação da qualidade dos argumentos.
→ Resistência à persuasão:
o Inoculação: expor a pessoa a opiniões contrarias de modo a que
fortaleça a contra argumentação e crie inoculações contra a
mudança.
o Advertência: se os sujeitos entendem que o conteúdo da mensagem visa
persuadi-los vai ser amais difícil influencia-los do que se estivessem
desprevenidos.
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 La Pierre (1934)
 Mischel (1968)
 Wicken (1969)
 Ajzer e Fishben (1980)
 Fasio (1990)
Atitudes /comportamentos
1. Existe uma relação?
2. Quando é que há relação?
3. Como é que é a relação?
 Fasio
A resposta passa por sabermos enunciar três questões:
1. Existe ou não uma relação entre comportamento e atitudes? (algumas
vezes)
2. Quais as circunstancias especiais em que ocorre a relação? (variáveis
moderadoras)
3. Como é a relação? Quais os processos/modelos? (Ajzer e Fishben)
 La Pierre
Realizou uma experiencia em que percorreu vários restaurantes com um casal
de chineses. Depois, escreveu para os restaurantes/hotéis a perguntar se
recebiam chineses. 92% destes disseram que não, mesmo depois de já os
terem recebido!
Conclui-se desde estudo que não há qualquer relação entre
comportamentos e atitudes. Esta experiencia tem algumas deficiências
metodológicas nomeadamente, a companhia poderia ter influenciado, quem
respondeu às carta pode não ter sido a mesma pessoa que os atendeu.
 Mischel
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Introduziu o conceito de traço de personalidade, e estabeleceu que entre traço
e comportamento há uma relação nula r< 0,30. Haveria apenas a excepção da
inteligência.
 Wicker
As investigações de Mischel foram retomadas por Wicker que referiu mais uma
vez que as relações entre traço e comportamento são muito fracas. No
entanto, este modificou a metodologia e a teoria.
Quanto à metodologia afirmava que não é intelectualmente honesto
correlacionar uma escala de resposta com apenas um item, pelo que no
domínio do comportamento não deveria ser apenas um comportamento mas
sim um padrão de comportamentos. Quanto à natureza teórica, as atitudes não
são o único determinante dos comportamentos, existem as variáveis
moderadoras, a variável que interage com outra na determinação do efeito.
Assim, há que identificar as variáveis que pudessem mediar as relações entre a
VI e a VD
 Ajzer e Fishben
Responderam à 3ª pergunta, afirmaram que temos que distinguir atitude geral
de atitude específica a um comportamento
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Atribuição Causal
Vivemos num mundo em que aquilo que fazemos é objecto de avaliação por nos
próprios e pelos outros. Frequentemente os comentários traduzem-se num
questionamento das razoes que levaram a tal desempenho /acto e numa avaliação das
possibilidades físicas, capacidades intelectuais, afectivas ou artísticas dos diferentes
intervenientes dos constrangimentos associados à sua realização.
Os psicólogos sociais interessam-se pela forma como as pessoas explicam o seu
comportamento e o dos outros. Este campo da psicologia social convencionou chamarse atribuição causal.
Como as pessoas explicam o seu comportamento e o dos outros: atribuir causas para
o comportamento
1. Modelos
2. Enviesamentos
3. Aplicações
1. Modelos
 Heider e a psicologia ingénua
Escreveu a Psicologia das Relações Interpessoais que deu origem à psicologia
popular. Ele tentou perceber o modo como os instrumentos cognitivos (homens)
constroem uma psicologia que aplicam ao mundo social.
Em 1944 estudou a percepção fenomenal da causalidade, onde afirma que é
impossível nos não dar-mos interpretações e atribuirmos causas ao que vimos.
Em 1958 interrogou-se das razoes que levam as pessoas a explicar um
comportamento, e estas podem ser causas proximais, numa situação qualquer atribuo o
mesmo comportamento; ou causas disposicionais /situacionais. Por oposição a uma
visão mecanicista popular da época Heider centra a sua analise em dois aspectos:
a) A forma como os indivíduos ajustam internamente as suas cognições
por form a estar em equilíbrio consigo próprio
b) Os ajustamentos que fazem ao meio social em que se inserem
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Heider distingue três aspectos na apreensão da realidade:
a) O sujeito – actor
b) O Outro
c) O destino (sorte)
A apreciação é feita com base numa analise que conjuga aspectos do actor, do contexto
e do imprevisto associado à acçao.
 Jones e Davids – inferência das disposições
Primeira formalização das intuições sobre atribuição: teoria da inferência
correspondente. Diz-nos que a partir dos actos podemos fazer uma inferência acerca das
características do autor.
Primeiro temos um momento de observação, seguido de um momento
inferencial (cognitivo). O observador atribui determinadas intenções ao actor e
consequentemente traços de personalidade.
Elementos fundamentais do processo de atribuição: sempre que se verifiquem
aumenta a probabilidade do investigador mergulhar num processo inferencial.
→ Para que possa ocorrer processo é necessário que o observador considere que o
actor tem conhecimento dos efeitos da sua acção e que tem condições para
realizar
1. O observador considere que o actor é livre de agir
2. É mais informativo os efeitos de uma acção não comuns com acções
alternativas
3. Princípio da desejabilidade. Os comportamentos sociais desejáveis
são pouco informativos.
4. Relevância edónica: é mais provável que mergulhe em processos
inferenciais se os comportamentos do outro tiverem significado para
mim
5. Personalismo: é mais provável quando os comportamentos do outro
se dirigem de forma explícita a mim
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Limitações:
→ Explicar as hetero atribuições e não as auto atribuições
→ Tomada de partido ao afirmar que só os comportamentos intencionais dão lugar
a inferências
→ Modo de agenciamento dos efeitos não comuns: um actor não esta sempre a
pensar nos efeitos de uma acção
A grande descoberta da atribuição: privilegiamos sempre as causas
disposicionais da atribuição
 Kelley – o modelo co-variado
Procurou criar um modelo genérico da auto e hetero atribuição e inspirou-se no
modelo de análise da variância.
Perante um determinado comportamento temos três explicações:
1. Atribuí-se à pessoa
2. Atribui-se à entidade, estimulo externo
3. Atribui-se às circunstâncias em que ocorre o comportamento
Para que o atribuidor pese a importância dos três factores, ai procurar fontes de
informação relativamente aos factores pessoas – consenso (alto ou baixo).
Conjugam-se três tipos de informação:
→ Consistência: conhecimento que o percipiente tem da historia do
comportamento do actor: o actor normalmente comporta-se assim?
(atribuição interna)
→ Distintividade: o actor em outras situações comporta-se de maneira
diferente?
→ Consenso: os outros, na mesma situação comportam-se de maneira
diferente?
O modelo da co-variação esquece-se dos aspectos culturais e sociais.
Definiu ainda dois mecanismos com forte implicação para a atribuição causal:
1. Principio da subtracção ou do desconto: o papel imputável a uma causa diminui
quando estão presentes causas igualmente plausíveis
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2. Principio aumentativo: o papel de uma atribuição causal aumenta quando na
presença de uma causa inibitoria
 Weiner – atribuições em contextos de realização muito específicos
O percipiente deve determinar se o comportamento observado tem locus de
causalidade (causas internas ou externas) e estabilidade (estável ou instável), assim
como controlabilidade (influencia do actor sobre a causa).
Normalmente atribuímos mais o sucesso a causas internas, como o esforço e a
capacidade, e o s fracassos a causas situacionais como o azar/sorte ou á dificuldade da
atrefa. As atribuições ddefensivas servem para proteger a auto-estima das pessoas que
as enumciam (exº: não passei no exame de condução porque estava a chover).
2. Enviesamentos:
Erro fundamental da atribuição: Há uma sobrevalorização de explicações
adicionais. Há uma tendência para sobrestimar o papel dos factores pessoais
disposicionais em detrimento dos situacionais, na explicação dos comportamentos dos
outros indivíduos, ou seja, o individuo com a intenção de realizar um comportamento
apesar dos seus constrangimentos pessoais tem controlo sobre o que é necessário para o
concretizar
 Jones e Heins
Verificam que existe divergência entre a perspectiva do actor e do observador, já que os
actores favorecem a informação histórica dos seus comportamentos, causas situacionais,
enquanto os observadores centram-se nos efeitos do comportamento do actor a partir
das suas características pessoas, causas disposicionais.
2 tipos enviesamentos:
Distorções embenificio do próprio
Enviesamento de auto defecitaçao
3. Aplicações: motivação, psicologia clínica e relações intimas
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Introduction to a History of Social Psychology
Contemporary social psychology in historical perspective
D. Cartwright
1. Contexto histórico e Social
Segundo este autor, a Segunda Guerra Mundial foi o evento mais importante para
o desenvolvimento da Psicologia Social e foi A. Hitler a pessoa que teve esse grande
impacto. Mas porquê? Porque os problemas por ele criados forçaram o governo
Americano a incluir no programa de desenvolvimento a Psicologia Social à busca de
soluções. Novas técnicas, tais como a sondagem, foram empurradas para a frente,
tornando-se óbvias as aplicações da Psicologia Social, mesmo que a teoria não tenha
avançado muito.
Durante a guerra houve uma intensa emigração para os EUA, tendo aí se
desenvolvido um clima mais auspicio para a evolução da Psicologia Social. Este
desenvolvimento, para Cartwright, tem uma desvantagem, a de estreitar a amplitude
essencial da perspectiva da Psicologia Social. Esta disciplina tornou-se, rapidamente,
influenciada pela ideologia política americana. Isto foi visto como uma oposição às
“theories of agression” e visto, ainda, na controvérsia sobre o comportamento social ter
ou não uma base genética significativa. Os problemas estudados na Psicologia Social
tornam-se os problemas sociais que existiam na sociedade dos EUA e, como Cartwright
afirma, diferentes períodos históricos têm lançado a sua própria pesquisa (o Senador
McCarthy´s em 1950 aprofundou a pesquisa desta disciplina no conformismo; nos anos
70 houve uma pesquisa intensa na área da frustração-agressão e violência). É importante
ver como é que o passado e o presente têm sido determinados pelos factores sociais e
históricos da sociedade.
2. Estado actual no campo
Para Cartwright a Psicologia Social está num estado positivo mas crítico. Muito
foi feito mas muito falta para se fazer. Devemos reconhecer o progresso positivo e as
continuas limitações.
3. Técnicas de Pesquisa
Os avanços na metodologia, estatística e hardware computacional alteraram
drasticamente o que se estuda e como se estuda. Segundo este autor, estas novas
ferramentas não devem determinar o conteúdo da pesquisa. Devemos tentar usar as mais
variadas técnicas em vez de se especializar numa em particular, aumentando a confiança
na generalização da pesquisa.
4. Conteúdos substantivo
Ainda há limitações, como a ignorância acerca de como o processo social se
manifestou ao longo do tempo, o nosso foco deturpado nas cognições intrapessoais,
mesmo que isso “se preocupe com o subjectivo mundo dos indivíduos, tem de ser
constituído uma única contribuição para as ciências sociais”.
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5. Integração teórica
Enquanto que o objectivo da Psicologia Social é explicar todo o comportamento
social em termos de uma teoria, isto parece ser um objectivo ingénuo, como uma
disciplina está a gastar demasiado tempo a gerar pequenas teorias em grandes teorias,
em vez de perceber como elas funcionam todas juntas. Matters vai mais longe quando
afirma que nós pensamos numa separação entre duas “escolas” da psicologia social, a
“psicologia social psicológica” e a “psicologia social sociológica” – tendo a ignorar uma
à outra e persistir em trabalhar como disciplinas separadas (Sociologia vs. Psicologia).
6. Observações conclusivas
Não nos podemos esquecer que a Psicologia Social enquanto disciplina é nova,
comparada com a física, por exemplo. Algumas criticas permanecem ainda hoje, a
susceptibilidade a modismos e modas, a confiança numa base de dados restrita, outras
desvaneceram-se como a estreita composição demográfica de investigadores. Deve-se,
também, ressaltar que o campo da Psicologia Social mudou drasticamente, por exemplo,
agora faz-se trabalhos de campos, aplicam-se estudos longitudinais, etc…
Para percebermos o natural desenvolvimento nos passados 40 anos é necessário
considerar, não só, as descobertas, métodos e teorias produzidas durante esse período
mas também analisar as mudanças institucionais ocorridas dentro do próprio campo. A
Psicologia Social, tal como outro ramo da ciência, é um sistema social em que o
primeiro objectivo é a produção de um conhecimento empírico particular, e a sua
história é mais do que a história das ideias e realizações intelectuais. Os Psicólogos
Sociais são influenciados por diversas coisas, como as politicas de financiamento, as
práticas editoriais de jornais e revistas, as recompensas monetárias por parte das
universidades, a natureza dos programas de investigação e a composição demográfica
da profissão, entre outras.
É verdade que o conteúdo substantivo do conhecimento, atingido em outro campo
da ciência, é ultimamente determinado pela natureza intrínseca do fenómeno sobre
investigação, desde que a pesquisa empírica seja essencial para um processo de
descoberta com uma lógica interna própria. Mas é igualmente verdade que o
conhecimento atingido é um produto de um sistema social e, como tal, é basicamente
influenciado pelas propriedades desse sistema e pelos ambientes culturais, sociais e
políticos. Estas influências são especialmente visíveis quando há uma tentativa de
perceber o desenvolvimento ocorrido num período limitado de tempo.
Há certas vantagens em ter a disciplina inserida num sistema social. Por um lado,
ajuda no estabelecimento de padrões realísticos para avaliar a taxa de progresso. A
produção de conhecimento científico é um empreendimento colectivo em que cada
colaborador contribuí para a construção do trabalho do outro, da quantidade de tempo
requerido para a produção de descobertas empíricas, para comunicar entre si e permitir a
outros avaliar a sua importância em determinar limites severos sobre a taxa de evolução
que pode ser esperada realisticamente.
Para Kuhn, um avanço fundamental na ciência ocorre como resultado de rebeliões
produzidas por gerações mais novas de cientistas contra as velhas. Tais rebeliões
crescem a partir de um profundo sentido se insatisfação com as capacidades em lidar no
campo com problemas intelectuais básicos e resultam no estabelecer de,
fundamentalmente, uma nova abordagem teórica e metodológica, ou nas palavras de
Kuhn, um novo paradigma. A emergência da Psicologia Social como um campo distinto
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da pesquisa empírica por volta de há um século pode ser vista como uma revolta contra
os métodos da filosofia social. É possível que essa tal crise seja contemporânea à
psicologia social no inicio de uma outra rebelião, no entanto, segundo Elms (1975), a
actual crise é, na verdade, uma falta de auto-confiança profissional acerca de
expectativas irrealistas. Mas em qualquer evento, é claro que a psicologia social não é
velha o suficiente para beneficiar de muitos avanços revolucionários como descrevia
Kuhn.
A segunda vantagem deste ponto de vista sugere que os esforços podem ser
melhor direccionados para trazer melhorias na performance intelectual neste campo.
A terceira vantagem é que se esta abordagem fosse geralmente aceite poderia
ajudar a contrabalançar a tendência de dividir as actividades do psicólogo social em
duas partes distintas, o sagrado e o profano, por outras palavras, as actividades
relacionadas com o conteúdo material de pesquisa, e aquelas que têm a ver com a
construção e manutenção do sistema social que possibilita estudos. Embora esses dois
tipos de actividades, sem dúvida, exigem diferentes tipos de habilidades, é importante
reconhecer o sucesso e de um depende do sucesso do outro, e que ambos são essenciais
para o progresso científico.
Se quisermos entender como essas pessoas vieram a dar o seu contributo
específico e por isso eles foram tão influentes, devemos examinar a natureza do sistema
social no qual eles trabalhavam, seu estágio de desenvolvimento, e sua maior
configuração social.
Contexto histórico e Social
Não pode haver dúvida de que a influência mais importante no desenvolvimento
da psicologia social até ao presente veio de fora do próprio sistema. Refiro-me,
naturalmente, à Segunda Guerra Mundial e à turbulência política na Europa que a
precedeu. Se fosse necessário nomear uma pessoa que teve o maior impacto sobre o
campo, essa pessoa teria que ser Adolph Hitler. Existem várias razões pelas quais estes
eventos foram tão importantes para a psicologia social: Eles vieram num período crítico
do desenvolvimento; estiveram, em grande parte, responsáveis pelo grande aumento da
taxa de crescimento; eles, basicamente, influenciaram a composição demográfica
posterior; têm uma influência fundamental sobre o seu direito da constituição intelectual
inteira até o presente.
Durante as primeiras três ou quatro décadas da sua existência, a psicologia social
foi relacionada principalmente com o problema de se estabelecer como um campo
legítimo de pesquisa empírica. Os psicólogos sociais tinham dirigido a sua atenção
principalmente para a tarefa de desenvolver conceitos básicos e conceber métodos
adequados de investigação. Em meados da década de 30, o campo estava preparado para
realizar investigação sobre importantes problemas de fundo. Dentro de um período de
menos de dez anos, Newcomb fez a sua mais importante pesquisa, que ficou conhecido
como o estudo de Bennington; FH Allport e Sheriff publicaram os seus estudos básicos
sobre as normas sociais e de conformidade; Hyman conduziu o seu trabalho para os
grupos de referência; Murray relatou os resultados de um impressionante programa de
pesquisa sobre a motivação humana; o grupo de Yale publicou o seu trabalho sobre
frustração e agressão, e na aprendizagem social e imitação; Whyte fez sua pesquisa de
observação participante na sociedade “street-corner”; e Lewin, Lippitt e White
realizaram a sua experiência clássica sobre estilos de liderança. Foi também durante este
tempo que Dollard publicou seu livro, “Caste and Class in a Southern Town”, Myrdal
conduziu as suas análises nas relações raciais nos Estados Unidos, e os Clarks fizeram o
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seu trabalho sobre a identificação racial nas crianças negras. Foi em 1936 que Gallup,
tão dramaticamente, demonstrou a possibilidade de usar entrevistas como amostras da
população para prever resultados eleitorais, e em 1939 Likert começou a fazer pesquisas
de opinião pública para o governo federal. O campo estava num estado de efervescência
intelectual, e os psicólogos sociais estavam bem preparados para responder aos
acontecimentos que se seguiram.
É difícil para qualquer um que não tenha experimentado apreciar a magnitude do
impacto da guerra sobre a psicologia social americana. Mal se tinha apagado o fumo
sobre Pearl Harbor, e o governo já tinha começado a recrutar psicólogos sociais para
ajudar na solução dos problemas enfrentados por uma nação em guerra. Como resultado
dessa migração, juntamente com o recrutamento militar, a pesquisa académica e a
formação de estudantes de graduação chegou a um impasse virtual. A variedade de
temas investigados para o governo quase desafiava a descrição, mas numa revisão deste
trabalho (Cartwright, 1948) realizada imediatamente após a guerra, eu era capaz de
identificar o seguinte: a moral da Construção civil e combate à desmoralização, atitudes
internas, necessidades e informação; moral do inimigo e da guerra psicológica;
administração militar, relações internacionais e os problemas psicológicos de uma
guerra, a economia.
Os trabalhos sobre problemas como estes, apelidados para a afiação de
ferramentas de pesquisa, só recentemente foram concebidos e inventados novos. Eles
demonstram o poder de um inquérito por amostragem, como técnica de pesquisa em
ciências sociais. Isso resultou na acumulação de uma massa enorme de novas
informações, mas devo acrescentar, não tanto na forma de teoria. Eles abriram novos
campos de investigação, como a psicologia organizacional, o comportamento
económico e comportamento político. Forneceram exemplos concretos de utilidade
prática da psicologia social. Mais importante ainda, alteraram, fundamentalmente, o
modo como se via os psicólogos sociais do campo e seu lugar na sociedade, e
estabeleceu a psicologia social, uma vez por todas, como um campo legítimo de
especialização dignos de apoio público.
Quando a guerra acabou, o campo era incomparavelmente diferente do que tinha
sido apenas três ou quatro anos antes. As perspectivas eram brilhantes, a moral estava
elevada, e os psicólogos sociais iniciaram a tarefa de converter dentro da realidade a sua
nova visão do que a psicologia social se podia tornar. Estabeleceram-se novos centros
de pesquisa, como o Survey Research Center, o Centro de Pesquisa para Dinâmicas de
Grupo e o Laboratório de Relações Sociais. Estes psicólogos sociais começaram por
apresentar propostas de pesquisa para agências governamentais, fundações e empresas,
e adquiriram, em sua maior parte, uma recepção calorosa. Organizaram programas de
doutoramento, na maioria das principais universidades, e em poucos anos, tinham-se
treinado mais psicólogos sociais do que em toda a história desta área. Começou-se,
também, a publicar grandes quantidades de investigação.
É evidente que esta evolução não teria ocorrido se não fosse para a guerra, e têm
implicações importantes para a psicologia social hoje. Como resultado da explosão
populacional dentro do campo nos últimos 30 anos, algo como 90% de todos os
psicólogos sociais que já existiram estão vivos no momento presente. Toda a estrutura
conceitual da psicologia social, incluindo todas as suposições não questionadas sobre o
seu próprio objecto e métodos adequados de investigação e da maioria de seus
resultados empíricos são, portanto, em grande parte o produto de uma geração de
pessoas que foram treinados por um relativamente pequeno grupo de professores com
um fundo comum e um ponto de vista bastante homogéneo. E devido às condições
sociais da época em que estes profissionais entraram na área, eles são
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predominantemente brancos, do sexo masculino, americanos de classe média e,
portanto, reflectem os interesses e tendências deste segmento da população. As suas
produções são mais impressionantes, mas é importante reconhecer que o campo tal
como ele existe hoje não é uma dádiva de Deus, nem mesmo o melhor que poderia ser
imaginado pelo homem.
Nenhuma crítica às forças históricas que moldaram a psicologia social
contemporânea estaria completa sem a consideração de uma outra consequência da
guerra e as convulsões sociais que o precederam. A ascensão do nazismo na Alemanha,
juntamente com o anti-intelectualismo e o vicioso anti-semitismo, resultou, como todos
sabemos na emigração para a América de muitos dos principais estudiosos da Europa,
cientistas e artistas. Embora esta deslocação maciça de talento intelectual ter tido efeitos
importantes sobre todos os ramos da ciência e da cultura, foi especialmente crítico para
a psicologia social. Dificilmente se pode imaginar como seria como hoje esta área se
pessoas como Lewin, Heider, Kohler, Wertheimer, Katona, Lazarsfeld, e Brunswiks não
tinham vindo para os Estados Unidos quando eles o fizeram. Eles não só trouxeram para
a psicologia social norte-americana um novo e estimulante ponto de vista num momento
em que ela estava prestes a embarcar num período de crescimento sem precedentes, mas
também uma influência directa e pessoal sobre muitos dos indivíduos que estavam a
entrar para representar um papel preponderante no desenvolvimento subsequente da
área e, através deles, uma influência indirecta sobre a formação da actual geração de
psicólogos sociais. Não posso fornecer uma lista completa de quem tinha estreita
associação pessoal com esses estimulantes estudiosos, mas ressaltam nomes como o de
Asch, Krech, Crutchfield, Merton, Campbell, Likert, Barker, Lippitt, francês, Zander,
Cook, Festinger, Kelley, Thibaut, Schachter, e Deutsch.
Como resultado da guerra e dos acontecimentos políticos que o precederam, a
psicologia social tornou-se quase inexistente no continente europeu, ou, aliás, em
qualquer lugar fora da América do Norte, no exacto momento em que sofreu os seus
desenvolvimentos mais importantes. Tornou-se primeiramente um produto americano, e
quando finalmente foi restabelecido no exterior teve um sabor completamente
americano. Essa série de eventos teve implicações profundas para esta área como hoje a
conhecemos. A Psicologia Social, mais do que qualquer outro ramo da ciência, com a
possível excepção da antropologia, requer uma amplitude de perspectiva que só pode
ser alcançado por uma comunidade verdadeiramente internacional de estudiosos. Os
psicólogos sociais não são apenas os alunos da sociedade, são também participantes, e
apesar de seus melhores esforços para alcançar uma objectividade independente nas
suas pesquisas, o seu pensamento é afectado pela cultura particular em que vivem.
O facto da psicologia social ter sido tão amplamente um empreendimento
americano nos seus anos de formação significa que o seu conteúdo intelectual tem sido
grandemente influenciado pela ideologia política da sociedade americana e por
problemas sociais a que os Estados Unidos têm vivido ao longo dos últimos quarenta
anos. Os efeitos dessas influências sobre a psicologia social contemporânea são
profundos. A ideologia política americana é, claro, basicamente democrática. Ela
enfatiza a importância do indivíduo; rejeita a doutrina da imutabilidade da natureza
humana; coloca grande confiança na crença de que o progresso humano pode ser
conseguido através da resolução de problema racional, pesquisa científica e tecnologia,
e mantém a visão optimista de que a necessidade de mudanças sociais pode ser trazidas
pela educação pública.
Esses pressupostos são reflectidos na grande concentração de pesquisas
psicológicas sobre temas sociais da opinião pública, atitudes, aprendizagem social e
mudança de atitude. Eles representam, pelo menos em parte, o grande interesse nos
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processos cognitivos e motivacionais dentro do indivíduo, embora não se deve
subestimar a influência aqui da psicologia da Gestalt e da teoria freudiana que veio com
a emigração de psicólogos da Europa, nem devem ignorar a importância da invenção do
computador. Essas premissas ideológicas ajudam também a explicar o predomínio do
ambientalismo no pensamento psicológico social. A teoria de McDougall sobre os
instintos nunca teve uma oportunidade real, não tanto porque era errada, que pode muito
bem ter sido, mas porque era a antítese da cultura americana. Não podemos deixar de
ficar impressionados com o intenso fervor emocional com que os psicólogos sociais
reagem à proposição de que a inteligência tem um substancial componente genético, ou
o pedido por Lorenz e outros que a agressividade é instintiva.
Ao chamar a atenção para essas influências ideológicas, não é minha intenção
criticar a democracia, pois estou convencido de que a psicologia social pela sua
natureza, não pode realizar a sua tarefa essencial numa sociedade autoritária, nem sob
uma forma ditatorial de governo. Lewin foi, sem dúvida, correcto quando afirmou que:
"Para acreditar na razão, é preciso acreditar na democracia, porque concede aos
parceiros o raciocínio de um estatuto de igualdade" (1948:83). Se, como psicólogos
sociais, nós acreditamos na razão, segue-se que temos de fazer o melhor que podemos
para distinguir entre os pressupostos ideológicos e evidências científicas.
Como a maioria das pesquisas feitas pela psicologia social tem sido produto de
investigadores norte-americanos, o seu conteúdo material foi influenciado pelos
problemas sociais que confrontam a sociedade americana. Estes problemas não só
afectaram os temas escolhidos para a investigação, mas também criaram uma vontade
por parte de funcionários governamentais e outros parceiros financeiros para prestar o
apoio necessário para fazer essa investigação. Estamos todos familiarizados com o valor
estratégico da inclusão nas propostas de nossa pesquisa uma secção de "relevância
social", independentemente de como irrelevantes que poderiam parecer.
Os efeitos desses problemas sociais sobre o conteúdo da pesquisa seriam
facilmente perceptíveis se se fosse fazer uma escavação arqueológica por baixo, através
da literatura acumulada de psicologia social. Alguém poderia encontrar perto da
superfície uma concentração material que lida com os papéis sexuais e o estatuto da
mulher, em seguida, uma camada sobre a agitação urbana, violência e motins que foi
depositada durante os anos sessenta, depois uma camada espessa de pesquisa sobre a
conformidade no seu apogeu, nos anos cinquenta, e depois, claro, os resíduos de todo o
trabalho sobre os problemas decorrentes da Segunda Guerra Mundial.
Estendendo-se verticalmente através de todos esses artefactos, haveria também os
produtos da investigação sobre tais problemas persistentes como as relações
intergrupais, preconceitos, estereótipos, discriminação e conflitos sociais de vários
tipos, as ineficiências e as patologias das instituições sociais, os efeitos prejudiciais da
sociedade moderna sobre a saúde mental e os persistentes problemas da delinquência e
dos comportamentos anti-sociais. Não estou a sugerir que os psicólogos sociais têm
feito pesquisas sobre todos os problemas enfrentados pela sociedade americana durante
este período, para alguns deles não eram geralmente reconhecidos e outros eram
demasiado quentes para pegar. Também não estou a propor que a nossa pesquisa tem se
preocupado apenas com os problemas sociais. Mas não pode haver dúvida de que o
corpo de conhecimento que temos hoje seria substancialmente diferente se tivesse sido
criado numa época diferente ou num ambiente social diferente.
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Estado Actual do Campo
Com esta orientação histórica geral, gostaria agora de apresentar algumas
observações de carácter mais avaliativo sobre o estado da psicologia social
contemporânea. Deixe-me começar por dizer que a minha avaliação geral é claramente
positiva. Eu não compartilho a tristeza daqueles que pensam que o campo tenha
chegado a um estado de crise. A psicologia social é incomparavelmente melhor
equipada para alcançar os seus objectivos básicos do que era há cerca de quarenta anos
atrás. Temos melhores instalações, melhores métodos de recolha e análise de dados, um
vasto depósito de bem estabelecidos resultados empíricos, mais rigorosa nos modelos
conceptuais, e uma teoria muito mais sofisticada.
É verdade que o nível geral de entusiasmo que caracteriza a psicologia social
imediatamente após a guerra praticamente desapareceu. Mas desde que este declínio no
entusiasmo, na verdade começou, em meados da década de 1950, não deve ser tomado
como evidência de deficiências no trabalho dos últimos anos, mas, em vez disso, como
um subproduto da passagem de um estágio de desenvolvimento programático descrito
por Kuhn de "ciência normal", no qual o campo está ajustado na tarefa menos aliciante
de recolha de dados detalhada e testes de hipóteses teóricas bastante limitadas. Tendo
em vista a complexidade inerente do nosso objecto e a juventude de nossa disciplina,
acho que é notável que tanto progresso tenha sido feito. Eu não, claro, acredito que tudo
está bem ou que pode se contentar com o que foi realizado. Para a psicologia social, tal
como a conhecemos hoje, tem deficiências e que enfrentam alguns problemas muito
difíceis.
As técnicas de pesquisa
Os primeiros psicólogos sociais têm vincado claramente, nas suas afirmações, que
os fenómenos sociais importantes podem ser submetidos a investigação empírica. Já não
temos de confiar na intuição, anedotas e especulação poltrona. A invenção e o
refinamento das técnicas de condução das investigações de opinião tornaram possível a
obtenção de estimativas notavelmente precisas das crenças, atitudes, intenções,
comportamentos e até mesmo a qualidade de vida de grandes populações com base em
entrevistas com um número relativamente pequeno de pessoas. Avanços na metodologia
experimental permite-nos, agora, controlar e variar sistematicamente muitos dos mais
importantes factores determinantes do comportamento humano e, portanto, para
investigar as relações causais entre variáveis. A nossa investigação tem sido
substancialmente melhorada pelo trabalho na área da estatística sobre pequenas
amostras de teorias, o projecto experimental, e análise multivariada. Como resultado
destes desenvolvimentos metodológicos, agora temos um corpo bastante respeitável de
firmemente baseado nos resultados empíricos.
Mas esses ganhos impressionantes na competência técnica e sofisticação têm sido
uma espécie de faca de dois gumes, pois a fascinação com a técnica parece afligir
muitas vezes uma demasiada preocupação para o significado estatístico. A literatura está
cheia de estudos que fazem pouco mais do que demonstrar o virtuosismo técnico do
investigador, e poderíamos pensar que as nossas revistas teriam de sair do negócio se o
uso da análise de variância viesse a ser proibido. Tendemos a esquecer que os métodos
são, afinal, apenas ferramentas e, como tal, não devem determinar o conteúdo da
investigação ou serem usados simplesmente porque estão lá. A motivação da
investigação deve ser diferente da escalada de uma montanha. Seria de esperar que a
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obsessão com a técnica fosse um fenómeno temporário, análogo ao consumo conspícuo
dos “novos ricos”, mas eu suspeito que a mudança não virá rapidamente, pois é muito
mais fácil para as comissões de investigação de revisão, editores e comités
departamentais avaliarem os métodos que a qualidade ou a importância dos conteúdos
substantivos.
A preocupação com o método não só teve um efeito negativo sobre o trabalho de
investigadores individuais, como também teve consequências para as organizações do
campo como um todo. A disciplina tornou-se dividida em linhas metodológicas que
colocaram problemas de fundo. Os psicólogos sociais tendem a especializar-se,
geralmente em investigações ou em experiências de laboratório, e em se associarem a
outros com habilidades semelhantes. Embora seja compreensível que o campo deva ser
dividido desta forma, não deixa de ser lamentável. Pois, como Hovland (1959) mostrou
na sua comparação dos resultados de pesquisa de levantamentos e experimentos de
laboratório sobre o tema da mudança de atitude, a investigação com base numa única
técnica é especialmente vulnerável a artefactos metodológicos e preconceitos teóricos.
Ao longo dos anos, os psicólogos sociais têm desenvolvido uma variedade de
outros métodos, como a observação discreta ou indiscreta de comportamentos em
ambientes naturais, experiências de campo, simulações computacionais, e análise de
documentos pessoais, relatos de casos, e os produtos dos meios de comunicação em
massa. Algumas dessas técnicas têm sido usadas muito extensivamente dentro de certas
subáreas da psicologia social. Mas esta pesquisa também tem sofrido com o método da
abordagem única. Estou ciente, é claro, que não pode ser possível, ou mesmo desejável,
para cada psicólogo social se tornar conhecedor de todas estas técnicas, mas não posso
acreditar que a disciplina como um todo não pode encontrar uma maneira melhor de
fazer uso de os métodos que possuímos agora.
Conteúdo substantivo
Se examinarmos o corpo total de conhecimentos até então adquiridos em
psicologia social, como apresentado em livros e outras revisões sistemáticas da
literatura, é evidente que ele também tem algumas limitações. É, por um lado, em
grande parte baseado num corte transversal, invés de longitudinal - dados longitudinais.
Nós alcançamos uma boa compreensão da natureza do comportamento normativo, mas
não sabemos praticamente nada sobre as condições que afectam a formação e
decomposição das normas sociais ou os determinantes do seu conteúdo. Reconhecemos
a importância dos papéis sociais na interacção social, mas pouco sabemos sobre o seu
desenvolvimento, ou que funções específicas são encontradas em circunstâncias
especiais. E agora temos teorias bastante sofisticadas sobre os processos envolvidos na
escolha entre um conjunto de alternativas em que são dados utilitários, mas dificilmente
qualquer teoria sobre os determinantes desses utilitários.
Nós adquirimos a habilidade considerável da previsão do comportamento em
ambientes criados por nós próprios, e uma capacidade para explicar o comportamento
após o facto. Mas nós ainda não aprendemos a lidar eficazmente com os processos que
ocorrem durante um período prolongado de tempo, e não estamos nada melhor do que o
leigo inteligente na previsão do futuro curso da evolução social. Embora eu gostaria de
pensar que os psicólogos sociais deveriam ser pelo menos tão bons como os
economistas na arte do prognóstico, a realização do mesmo neste nível modesto de
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competência exigirá uma mudança substancial na nossa orientação conceptual e nos
métodos de investigação.
Alguns progressos importantes foram feitos neste sentido, em pesquisas sobre
comportamento eleitoral, as expectativas do consumidor e desenvolvimento
organizacional através do uso de medidas repetidas, estudos de painel, e os
procedimentos estatísticos que utilizam o tempo como uma variável. E o trabalho de
Zajonc (1976) e dos seus colegas sobre o desenvolvimento de habilidades intelectuais
sugere outra abordagem promissora, pois mesmo que as suas previsões de tendências
futuras dos resultados dos testes deverão vir a ser incorrectas, o seu modelo conceitual,
ao contrário de tantos na psicologia social, não lida apenas com o tempo, mas também
tem a virtude que pode ser provado como errado. O uso mais extensivo e
aperfeiçoamento de métodos como esses poderiam melhorar muito a qualidade da nossa
pesquisa.
O corpo de conhecimento que temos agora não se limita somente à sua
profundidade temporal, mas também é desproporcionalmente preocupado com certos
aspectos do comportamento social. A tabulação de como os recursos intelectuais e
financeiros do campo têm sido distribuídos de acordo com o conteúdo substantivo, sem
dúvida, mostram que, de longe, a maior proporção, especialmente nos últimos anos, tem
se dedicado a trabalhar sobre os processos cognitivos que ocorrem nos indivíduos, ou
sobre o produto desses os processos. Nós agora temos um grande conjunto de
informações sobre as crenças, opiniões e atitudes das pessoas em todas as esferas da
vida e uma compreensão razoavelmente boa das formas em que os indivíduos em vários
segmentos da experiência da sociedade do meio social. Os principais avanços teóricos
nos últimos anos também têm se preocupado com os processos cognitivos nos
indivíduos. E, embora isso não seria correcto dizer que outros factores determinantes do
comportamento têm sido completamente ignorados ou que não tenha havido um
trabalho importante na interacção social, a verdade é que o foco central de atenção foi
sobre a cognição.
A ênfase na experiência subjectiva tem uma longa tradição e não pode ser
atribuída, como é reivindicado às vezes, à teoria da dissonância e à teoria da atribuição.
Ela pode ser encontrada em toda a história do campo, como por exemplo, em WI
Thomas stress sobre a importância da "definição da situação", a teoria de GH Mead da
interacção simbólica, o conceito de Lewin, do espaço da vida psíquica, e a teoria de
Heider da psicologia ingénua. Pode ser vista em declarações como aquela feita por
Newcomb, quando disse: "Parece-me ser uma trivialidade dizer que nenhum
comportamento interpessoal pode ser compreendido sem um conhecimento de como a
relação é percebida pelas pessoas envolvidas" (1947:74 ). Ela também se reflecte na
afirmação de Asch que: "Não é possível, como regra, a realização de investigação em
psicologia social, sem inclusão de uma referência às experiências de pessoas"
(1959:374). Houve, é claro, os behavioristas radicais que rejeitaram estas afirmações
vistas como um absurdo científico absoluto, mas os seus protestos não tem afectado
significativamente o mainstream da pesquisa psicológica social e teoria.
Se olharmos de forma mais ampla para o contexto intelectual do campo, é
evidente que essa preocupação com o mundo subjectivo dos indivíduos tem se
constituído numa única contribuição da psicologia social para as ciências sociais. Isso é
o que normalmente se quer dizer quando se refere ao "ponto de vista social e
99
psicológico" em antropologia, economia, história, sociologia ou ciências políticas, e
podemos estar orgulhosos do impacto que a psicologia social teve sobre essas
disciplinas.
Mas tendo dito tudo isso, devo admitir que tenho alguns receios. Porque,
certamente, ver que os seres humanos são meros processadores de informação é algo
muito estreito, mesmo quando é ampliado para incluir as influências da motivação.
Estamos correctos, creio, na nossa reivindicação de que, para explicar o comportamento
de uma pessoa, é preciso relacioná-lo com o ambiente subjectivo de um determinado
indivíduo. As representações cognitivas do mundo externo, em conjunto com as forças
motivacionais decorrentes de necessidades e valores internalizados, sem dúvida,
exercem influências profundas no comportamento. Mas o comportamento em si é uma
transacção entre um indivíduo e os objectivos ambientais, não é uma representação
cognitiva, e a eficácia do comportamento social depende muito mais do que as crenças e
intenções. Exige habilidades sociais, apoio social, a utilização de recursos, o exercício
do poder, e do esforço colaborativo. Isto provoca mudanças no ambiente social que têm
consequências para o indivíduo, físicas e de bem-estar mental, nas suas relações com os
outros, na sua posição na sociedade, e nos recursos que ele pode empregar em futuras
transacções.
Quando essas consequências se combinam para produzir efeitos adversos sobre
o meio ambiente compartilhado por outros, constituem os problemas sociais, tais como
poluição, escassez de energia, a deterioração urbana, crimes, a superpopulação, a
restrição da liberdade e da discriminação social de vários tipos. Se eles estão a ser
remediados, isto exige mudanças no comportamento de um grande número de
indivíduos. As soluções propostas mais frequentemente pelos psicólogos sociais tendem
a reflectir a sua preocupação com a cognição e, portanto, dependem fortemente de
programas de mudança de crenças e atitudes. Mas se é verdade que a cognição é apenas
um dos determinantes proximais do comportamento, segue-se que tais recursos, por si
só, não são susceptíveis de ser muito bem sucedidos, e a experiência dos últimos anos
parece apoiar esta conclusão.
Integração Teórica
A terceira imperfeição do nosso corpo actual do conhecimento é a falta de
integração teórica. Porque, apesar de todo o bom trabalho teórico que tem sido feito,
nós, simplesmente, não temos um quadro teórico abrangente para o campo como um
todo. A primeira tentativa de explicar tudo o que interessa para a psicologia social foi
através de Gordon Allport à qual chamou de "simples e soberana" teoria e já foi
abandonada à muito. Tais sistemas explicativos, que vêem todos os fenómenos sociais,
como manifestações de algo como a imitação, a unidade de poder, auto-interesse
esclarecido, o instinto comunitário, ou aprender, agora parecem ingénuos, excepto,
talvez, para os skinnerianos pouco destemidos.
Grandes teorias são, simplesmente, o delinear de uma orientação global para a
área de estudo que dá lugar a numerosas teorias menores, mas outras mais rigorosos,
como a teoria do equilíbrio, a teoria da congruência, teoria da dissonância, teoria da
atribuição, a teoria da comparação social, teoria do processamento de informação, teoria
da decisão, teoria da equidade, teoria da troca, e assim por diante. Estes sistemas em
conceptuais em miniatura têm nos servido bem, pois eles estão preocupados com
100
problemas importantes e têm gerado uma grande quantidade de pesquisa muito boa.
Mas já que eles lidam apenas com peças limitadas de matéria do área-tema e têm pouca
ou nenhuma relação explícita entre si, eles não fornecem a integração teórica para toda a
psicologia social. Enquanto não conseguirmos um quadro teórico mais abrangente, não
teremos uma base sólida para decidir quais são os problemas mais dignos de
investigação.
Na ausência da teoria integrativa, os psicólogos sociais têm vindo a organizar as
suas actividades intelectuais em torno de algum tema específico de fundo que os
interessa na hora, ou acerca de um método particular de pesquisa. O que é mais
importante é que eles tendem a se identificar com a sua própria área de especialização,
em vez de com a disciplina como um todo. É verdade, claro, que todos nós partilhamos
uma tradição comum e que estamos profundamente interessados no bem-estar de toda a
área. Mas, apesar de ainda se usar o rótulo de "psicologia social" para se referir à nossa
própria ocupação profissional, já não somos exactamente o que esse termo significa e
quais os limites do campo deve ser desenhado. Os temas de investigação que antes eram
vistos como parte do núcleo central da psicologia social são geralmente vistos como
pertencentes a especialidades como a psicologia organizacional, psicologia do
desenvolvimento, psicologia cognitiva, ou dinâmicas de grupo, e alguns têm sido
relegados a outras disciplinas como a antropologia, economia ou ciências políticas. Há
cerca de quarenta anos atrás, Murphy, Murphy e Newcomb (1937) descreveram a
psicologia social como sendo constituída por uma série de penínsulas solitárias e
isoladas sobressaindo no mar do conhecimento, e embora tenhamos ampliado esses
penínsulas e construí-mos novas, essa metáfora parece ainda mais adequado hoje.
A desorientação teórica actual da psicologia social tem sido agravada pela
profunda clivagem entre a "psicologia social psicológica" e "psicologia social
sociológica". Stryker (1977) e House (1977) têm argumentado que esta divisão está no
coração do actual estado do campo do mal-estar. E eu tendo a concordar com esse
diagnóstico, pois apesar de as hostilidades entre os defensores dessas duas orientações
diferentes, basicamente, ter diminuído, eles não foram integrados para fornecer um
amplo
quadro
teórico
para
a
disciplina
como
um
todo.
Ambas as abordagens têm uma longa história, remontando aos primórdios da psicologia
social. Mas era a intenção dos fundadores da disciplina o dever de se combinarem para
fornecer uma compreensão não apenas do indivíduo ou da sociedade, mas da relação, ou
interacção, entre os dois. Comte, que é geralmente reconhecido como o pai intelectual
da psicologia social, vendo o homem como criatura e criador do mundo social em que
vive, identificou o problema central da psicologia social como o de encontrar uma
resposta para a pergunta: Como pode o indivíduo ser, ao mesmo tempo, causa e
consequência da sociedade? E McDougall (1926), num dos primeiros livros didácticos,
definiu a missão central da psicologia social como a de mostrar "como, dada a
propensão natural e as capacidades da mente do indivíduo, toda a vida mental complexa
das sociedades é moldado por eles e por sua vez reage sobre o curso de seu
desenvolvimento e funcionamento do indivíduo "(1926:18).
Essa concepção da missão central da psicologia social tem sido prejudicada, no
entanto, alguns teóricos que defendem que todos os fenómenos sociais e psicológicos
deverão ser explicados, exclusivamente, em termos dos seus antecedentes, quer na
sociedade ou dentro do indivíduo. Assim, por exemplo, Durkheim formulou o que viria
a ser a abordagem sociológica, quando ele afirmou que "a causa determinante de um
101
facto social deve ser procurada entre os factos sociais anteriores e não entre os estados
da consciência individual"). E Floyd Allport afirmou a essência da abordagem
psicológica, quando disse: "Eu acredito que somente dentro do indivíduo, podemos
encontrar os mecanismos de comportamento e consciência, que são fundamentais na
interacção entre os indivíduos... Não há nenhuma psicologia de grupos, que não é
essencial e inteiramente psicologia dos indivíduos "
Embora essas tentativas de fazer psicologia social de uma sucursal de uma das
disciplinas dos seus parentes (Psicologia e Sociologia) não tenha sido bem sucedida,
elas têm influenciado o pensamento até o presente momento. Gordon Allport,
discutindo a história do área, observou que "com poucas excepções, os psicólogos
sociais consideram sua disciplina como uma tentativa de compreender e explicar como
os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivíduos são influenciados pelo
real, imaginado ou implícita a presença dos outros "(1968:3). Esta afirmação tem sido
muitas vezes tomada como a definição da psicologia social, mas uma vez não é
aceitável para aqueles que adoptam a abordagem sociológica, ficamos com duas
psicologias sociais, em vez de uma.
Imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, foram realizados diversos
esforços para trazer essas duas subdisciplinas juntas, através da criação de programas de
doutoramento que pretendiam abranger toda a psicologia social. Embora esses
programas tenham produzido alguns psicólogos sociais e tenham gerado algumas
importantes pesquisas teóricas e empíricas, não realizaram a reorganização desejada
dentro da área. Ao olhar para trás sobre esta experiência, agora estou inclinado a
acreditar que era irrealista esperar para resolver aquilo que é essencialmente um
problema teórico simplesmente tendo psicólogos e sociólogos a colaborar na formação
de estudantes de pós-graduação. Mas seja qual for a razão para o fracasso destes
programas, não devemos ser levados a pensar que o problema foi embora com o seu
fim.
Seria paradoxal se a psicologia social tivesse que abandonar a tarefa que muito
constituiu na sua razão de iniciar e fossem para aceitar qualquer uma destas abordagens
como a única base para definir o seu próprio objecto. Mas, se essa eventualidade infeliz
deve ser evitada, devemos ter uma concepção clara da missão básica da disciplina, ou o
problema principal, que irá fornecer um princípio organizador para toda a psicologia
social. Precisamos, por outras palavras, de uma definição da área que coloque o estudo
dos processos psicológicos dentro de um contexto social adequado e, ao mesmo tempo,
reconheça o papel fundamental destes processos nas relações interpessoais, a interacção
social e a estrutura social.
Como uma primeira aproximação para essa definição, eu diria algo como o
seguinte: A psicologia social é o ramo das ciências sociais que tenta explicar como a
sociedade influencia a cognição, motivação, desenvolvimento e o comportamento dos
indivíduos e, por sua vez, é influenciada por eles. Esta definição, evidenciando as
relações recíprocas entre os indivíduos e a sociedade, poderia, penso, prestar um
princípio organizador para toda a psicologia social, incluindo as suas duas subdivisões
principais e as suas diversas áreas de especialização. Mas se for para fazer isso, vamos
ter de esclarecer duas das nossas construções básicas que servem para relacionar o
indivíduo com a sociedade. São os conceitos de: ambiente social e comportamento
social.
102
O termo meio ambiente social é uma extensão por analogia do conceito de
ambiente físico, e refere-se a todos os recursos do mundo externo que influenciam o
comportamento social e o desenvolvimento dos indivíduos. Trata-se de coisas como
redes sociais, grupos, organizações, estrutura social, papéis, normas, pressões sociais,
apoio social, deveres e obrigações. E, embora tenha uma longa história na psicologia
social, as suas propriedades conceptuais ainda não foram bem definidas. Um bom
começo foi feito, porém, por Barker (1968) no seu trabalho sobre a psicologia
ecológica, pelo francês e os seus colegas (1974) na própria pesquisa sobre o ajuste
pessoa-ambiente, por Katz e Kahn (1978) e outros teóricos, como Emery e Trist (1965),
que vêem o indivíduo e o ambiente social como um sistema interdependente, e por
Berger e Luckmann (1966) no seu tratamento teórico da construção social da realidade.
Pesquisas de como este tornou evidente que o ambiente social não pode ser utilmente
descrito apenas em termos de suas propriedades físicas, desde a sua importância para o
comportamento social está no seu conteúdo semântico ou significado social. Ele difere
do ambiente físico em que ele é amplamente um produto social e deve ser concebido
como causa e consequência do comportamento social.
O termo comportamento social refere-se a coisas tais como fazer perguntas,
fornecer informações, procurar ou oferecer ajuda, expressando hostilidade ou de afecto,
juntar-se a um grupo, desempenhar um papel, actos de liderança, exercer o poder de
votar, ou participar num movimento social. Acções deste tipo são os meios pelos quais
os indivíduos se adaptam às suas relações com o mundo externo, e não podem ser
adequadamente concebidas apenas como respostas a estímulos. O problema teórico
essencial, a meu ver, é encontrar uma conceituação efectiva dos processos pelos quais o
comportamento dos indivíduos é convertido, ou transformado, em "acções sociais", que
têm propriedades de tal natureza que podem ter consequências para outras pessoas,
grupos e instituições, ou, por outras palavras, para o ambiente social. A compreensão
destes processos é um pré-requisito para qualquer teoria adequada de poder social,
liderança, resolução de problemas em grupo e tomada de decisão, efectividade social e
acção colectiva. Sem esta teoria, os resultados da pesquisa psicológica social são
obrigados a terem um valor prático limitado.
Observações Finais
Ao introduzir esta discussão sobre o actual estado da área, eu indiquei que a
minha avaliação geral é claramente positiva. Mas desde que eu escrevi a sua maior parte
do texto sobre as deficiências e os problemas não resolvidos, pode-se perguntar qual é a
base para todo o optimismo. Parte resulta a partir da perspectiva histórica descrita
anteriormente. A psicologia social está num estágio inicial de desenvolvimento e não
teve tempo para resolver todos os seus problemas. Muitos defeitos, tais como a
susceptibilidade a modas e modismos, a obsessão com a técnica, a dependência de um
único método de investigação, e a ênfase desproporcional sobre a cognição e outros
determinantes temporalmente proximais de comportamento são, creio, os sintomas de
imaturidade e pode-se esperar serem cicatrizados com a passagem do tempo.
A maioria dos psicólogos sociais de hoje têm vindo de um segmento restrito da
sociedade americana, e isto tem limitado a nossa perspectiva teórica, contribuindo para
um grau de etnocentrismo infeliz, e influenciando profundamente o conteúdo da
pesquisa empírica. Mas isto, também, será superado, pois a composição demográfica da
103
área é ampliada para incluir mais mulheres, membros de vários grupos minoritários, os
estudiosos de diferentes culturas, e os cidadãos de ambos os países ditos desenvolvidos
e subdesenvolvidos. Dentro dos próximos anos, a psicologia social deve ser uma
verdadeira comunidade internacional de estudiosos, e todo esforço deve ser feito para
facilitar essa realização.
Talvez a mais importante razão para o optimismo, contudo, deriva da capacidade
demonstrada pelos psicólogos sociais para responder positivamente ao desafio. Desde o
seu início, esta área tem-se confrontado com, quase intransponíveis, obstáculos teóricos,
metodológicos e institucionais. Mas estes sempre serviram para estimular a inovação e
criatividade, embora os problemas que enfrentamos hoje são muito difíceis, não vejo
qualquer razão para acreditar que os psicólogos sociais não continuaram para responder
a estes desafios no futuro próximo.
104
Exames
105
Exame de Psicologia Social I – Janeiro /Fevereiro de 2004
1. Entre 1970 e 1989 qual dos seguintes tópicos foi mais estudado pela Psicologia Social
americana do que pela Psicologia Social Europeia:
a. Cognição social
b. Processo intergrupo
c. Atracção interpessoal
d. Influencia social
e. Nenhuma das anteriores
2. Qual das seguintes afirmações é verdadeira?
a. Liderança autocrática:
i. Maior satisfação e cooperação mas não tem maior produtividade
ii. Menor satisfação e cooperação leva a maior produtividade
b. Liderança democrática
i. Maior satisfação e cooperação leva a maior produtividade
ii. Maior satisfação e cooperação mas não leva a maior produtividade
3. O conceito de group mind deve-se a :
a. Ross
b. Mead
c. Mc Dougall
d. Moscovici
e. Bruner
4. O estudo dos efeitos de categorização social sobre os comportamentos situa-se ao
nível:
a. Intrapessoal
b. Intergrupal
c. Interpessoal
d. Societal
e. Todas falsas
5. No período compreendido entre 1935 – 1955 a Psicologia Social debruçou-se
predominantemente sobre:
a. Sistema de atitudes
b. Medição de atitudes
c. Mudança de atitudes
d. Dinâmica de grupos
e. Cognição social
106
6. O modelo do comportamento aceite pela Psicologia Social Contemporanea é um
modelo do tipo:
a. OSOR [OEOR]
b. Gestaltista
c. SOR [EOR]
d. SR[ER]
e. Todas falsas
7. Segundo Bruner, a percepção deve ser entendida como o resultado da acção de dois
tipos de factores:
a. Cognitivos e afectivos
b. Motores e perceptivos
c. Autóctones e comportamentais
d. Sensitivos e neuronais
e. Todas erradas
8. Diga se são V ou F as seguintes afirmações:
a. Modelo da representação Social Moscovici assenta na concepção estimulo /
representação/ resposta V
b. Quando falamos de função de orientação das representações referimo-nos a
comportamentos situacionais F
c. Critério genético das representações sociais remete-nos para a quantidade de
sujeitos que partilham de uma dada representação F
d. A objectivação ennvolve selecção, ancoragem e constituição de um esquema
figurativo F
9. Diga se são V ou F as seguintes afirmações
a. Na concepção de Moscovici as respostas sociais determinam simultaneamente o
estimulo e a resposta V
b. As respostas dizem-se sociais com base em três critérios: quantitativo, genético e
categorial. F
c. A naturalização é um subprocesso da ancoragem F
d. Entre as funções das respostas sociais contam-se a organização do real. V
10.Entre as condições que afectam a emergência de uma resposta social contam-se:
a. Dispersão de informação e naturalização
b. Naturalização e assimilação
c. Focalização e pressão à inferência
d. A 1ª e a 3ª estão correctas
e. Todas erradas
107
11.Os dois processos fundamentais na formação de respostas sociais são:
a. Naturalização e figurabilidade
b. Assimilação e acomodação
c. Ancoragem e selecção
d. Objectivação e ancoragem
e. Todas erradas
12.Em relação à investigação de Abric etal. (1967) qual das seguintes afirmações é
verdadeira?
a. As respostas de cooperação são superiores na condição máquina
b. As respostas de cooperação soa superiores na condição outro
c. As respostas de cooperação são superiores na condição comparsa menos
atraente
d. As respostas de cooperação são superiores na condição comparsa mais atraente
e. Todas falsas
13.O processo de interpretação e simbolização referem-se às relações entre
representação social e :
a. Sujeito
b. Objecto
c. Pratica
d. Forma de saber
e. Todas erradas
14.Diga se V ou F as afirmações seguintes
a. O conceito de atitude é um conceito pluridimensional V
b. Atitudes podem ser conceptualizadas como medidoras entre os modos de acção e
pensamento V
c. Atitudes podem ser directamente medidas F
d. Atitudes podem ser conceptualizadas como filtros que moldam a nossa percepção
da realidade V
15.O modelo dos 3 componentes das atitudes (Rosenberg e Hovland, 1960) inclui:
a. Afecto, cognição e crenças
b. Crenças, modelação e interiorização
c. Comportamento, ideação e memorização
d. Afecto, cognição e comportamento
e. Todas erradas
16.De acordo com Osgood, Suci e Tannenbaum, o processo de atribuição de significação
organiza-se em torno da seguinte dimensão:
a. Potencia, fraqueza, empatia
b. Avaliação, potencia e actividade
c. Avaliação, informação e actividade
d. Actividade, produtividade e informação
e. Todas falsas
108
17.Quando falamos de funções instrumentais e funções expressivas das atitudes situamonos no plano:
a. Cognitivo
b. Motivacional
c. Social
d. Orientado para a acção
e. Todas erradas
18.Na teoria da acção reflectida a norma subjectiva relativa ao comportamento resulta do
produto:
a. Intenção x comportamento
b. Crenças normativas X motivação
c. Crenças normativas X intenção
d. Cogniçao X temperamento
e. Todas falsas
19.De acordo com Ajzen e Fishbein as normas subjectivas são:
a. O modo como pensamos que se comportariam as pessoas importantes na nossa
vida;
b. Modo como pensamos que se comportariam as pessoas em geral
c. Resultados das pressões grupais e interpessoais que afectam a realização do
comportamento
d. A 1ª e a 3ª estão correctas
e. A 2ª e a 3ª estão correctas
20.Qual a variável determinante da intenção comportamental incluída na Teoria da Acçao
Planeads (Ajzen 1987) que não foi tida em consideração no modelo de acção
reflectida (Fishbein e Ajzen 1975)?
a. Atitude face ao comportamento
b. Acessibilidade da atitude
c. Experiencias emocionais passadas
d. Controlo comportamental percebido
e. Norma subjectiva
21.A distinção entre atitude especifica e geral é útil na medida em que:
a. Permite compreender o impacto das atitudes no comportamento
b. Apenas a primeira pode ser indicadora de um comportamento situacional
c. Apenas a primeira permite justificar o comportamento
d. Corresponde à diferenciação entre escalas unidimensionais e multidimensionais
e. A 1ª e a 2ª estão correctas
109
22.Se a modificação de um só traço numa lista de 7 traços que descrevem 1 pessoa tiver
um impacto acentuado na impressão global dessa pessoa, então podemos a firmar
que:
a. Esse traço particular é um traço periférico
b. Este traço particular é um traço central
c. A percepção de traços no tem subjacente qualquer organização
d. Percepção de traço é aditiva
e. Percepção de traços é exponencial
23.No estudo de Rosenberg e colaboradores (1968) os traços utilizados nas investigações
de Asch distribuíram-se ao longo de duas dimensões:
a. Funcionalidade social e intelectual
b. Distorções sociais e cognitivas
c. Desejabilidade social e intelectual
d. Superficial e profunda
e. Todas erradas
24.A expressão T.I.P. remete-nos para:
a. Crenças gerais que mantemos a respeito da espécie humana
b. Matrizes de co-ocorrencias de determinados traços de personalidade
c. Estruturas cognitivas relativas à percepção das pessoas
d. Todas erradas
e. Todas correctas
25.O modelo de integração da informação de Anderson afirma que:
a. Cada item numa lista de traços tem valor em si mesmo
b. A impressão global resulta de processos aritméticos de combinação do valor de
determinados itens
c. A impressão global resulta da integração gestaltica dos itens periféricos na T.I.
central.
d. 1ª e 3ª verdadeiras
e. 1ª e a 2ª verdadeiras
26.A Sandra gosta do João e detesta a Mariana, ainda que saiba que o João gosta da
Mariana. Para Heider é um sistema:
a. Congruente
b. Equilibrado
c. Dissonante
d. Desequilibrado
e. Todas falsas
110
27.No âmbito dos processos atributivos, 2 conceitos fundamentais introduzidos por
Heider foram:
a. Co-variação e inferência correspondente
b. Estrutura e função
c. Formação de unidade e pessoa como protótipos origens
d. Viés e regra
e. Formação de unidade e interferência correspondente
28.Segundo Jones e Davis, a atribuição de intenção pressupõe que imputemos ao actor:
a. Capacidade para avaliar moralmente os seus actos;
b. Capacidade para realizar a cação e conhecimento dos respectivos efeitos
c. Conhecimento das suas próprias disposições e dos efeitos não comuns das suas
acções
d. Todas verdadeiras
e. Todas falsas
29.Teoria da interferência correspondente procura explicar:
a. Lógica da interferência matemática;
b. Modo como os traços de personalidade originam os comportamentos e
mediatizam a formação de intenções;
c. Conceito de formação de unidade a partir dos efeitos não comuns;
d. Modo como uma pessoa interfere nas disposições do actor a partir dos efeitos
das respectivas acções
e. O desenvolvimento do pensamento hipotético dedutivo;
30.Segundo Kelley, para compreender porque é que o João esta mal disposto, estamos
essencialmente interessados:
a. Em saber se ele tem uma razão seria para estar mal disposto
b. Em ver se a ma disposição varia com a situação ou se o João esta mal disposto em
todas as situações;
c. Determinar as nossas reacções à ma disposição do João
d. Saber se o João tem uma relação particularmente difícil com o pai;
e. Todas as respostas são verdadeiras
31.Segundo kelley: a Rita apenas ri quando vê o professor Sebastiao a tropeçar e a cair e
não quando outra pessoa tropeça e cai, e se por outro lado maior parte dos seus
colegas se riu quando o professor caiu:
a. O riso da Rita é internamente causado;
b. A queda do professor não é um estimulo distintivo;
c. Não existe consenso acerca do riso quando o professor cai;
d. O riso da Rita é externamente causado
e. Todas são verdadeiras
111
32.Verdadeiro ou falso
a. Esquemas causais aplicam-se quando a informação disponível provem de um
único observador
b. Principio do desconto e do aumento são relativos ao modelo da co-variação. F
c. Esquema das causas suficiente múltiplas → causas A e B devem estar
simultaneamente presentes para que se verifique o efeito X; F
d. Modelo da co-variação → fontes de informação são relativas à consciência,
consenso e distintividade. V
33.Segundo Weiner, no processo de atribuição em contextos de realização, tem que ser
em conta dois factores principais:
a. Locus de causalidade e esforço;
b. Esforço e capacidade;
c. Estabilidade e locus de controlo
d. Capacidade e dificuldade da tarefa
e. Estabilidade e esforço
34.Investigação de Aronson e Mills (1959) acerca da severidade da iniciação. V ou F
a. Os sujeitos da condição iniciação severa integram um grupo de discussão. V
b. VI da investigação é a motivação dos sujeitos para se associarem ao referido
grupo. F
c. Estratégia utilizada pelos sujeitos na condição iniciação severa, para reduzir a
dissonância cognitiva V
d. VD: grau de atracação pelo grupo V
35.Na investigação de Aronson e Mills (1959):
a. O objectivo era o estudo da dinâmica do processo da discussão em grupo;
b. Nem todos os participantes forma submetidos ao teste do embaraço;
c. Utilizou-se um plano quasi experimental porque não houve manipulação da VI
d. Distribuição dos sujeitos pelas condições experimentais fazia parte da cover story
e. Todos os participantes passaram por todas as condições experimentais
36.Em qual dos paradigmas que estudam a dissonância cognitiva se insere a investigação
de Aronso e Mills?
a. Livre escolha;
b. Acordo forçado;
c. Justificação do esforço;
d. Acordo induzido
e. Desconfirmaçao da crença
37.Em termos formais duas cognições são dissonantes quando:
a. Forem opostas
b. Uma se inferir a comportamentos e a outra a elementos ambientais;
c. Não existe relação entre plano cognitivo e plano da realidade ou referente;
d. O inverso de uma decorre da outra;
e. O indivíduo encontra-se motivado para restabelecer o estado de equilíbrio;
112
38.Quais foram as duas grandes teorias da psicologia social formuladas por Festinger?
a. Teoria do equilíbrio e teoria da dissonância cognitiva
b. Teoria da troca sócia e teoria do reforço;
c. Teoria da dissonância cognitiva e teoria da comparação social;
d. Teoria da consistência cognitiva e teoria do equilíbrio;
e. Nenhuma
113
Coluna 1
Coluna 2
A dynamic theory of personality (1935)
K. Lewin
A theory of social comparison processes
Festinger
(1954)
La psychologie des foules (1985)
Le Bon
Remembering (1932)
Barttett
Social psychology
F. Allport
Na expressão de G. Allport, as “teorias simples soberanas” incluem:
1. o hedonismo, a simpatia e a imitação
2. a psicanálise, o behaviorismo e a psicologia da forma
3. a mediatização cognitiva, o reforço e a selecção do estímulo
4. todas as anteriores estão correctas
Entre 1970 e 1989, qual dos seguintes tópicos foi mais estudado pela “psicologia
social americana” do que pela “psicologia social europeia”:
1. cognição social
2. processos intergrupo
3. atracção interpessoal
4. influência social
Qual das seguintes afirmações é verdadeira?
1. a liderança autocrática induz maior satisfação e cooperação, mas não leva a
maior produtividade.
2. A liderança autocrática induz menor satisfação e cooperação e leva a menor
produtividade
3. A liderança democrática induz maior satisfação e cooperação e leva a maior
produtividade
4. A liderança democrática induz maior satisfação e cooperação, mas não leva a
maior a produtividade
5. todas falsas
114
O estudo dos efeitos de categorização social sobre os comportamentos situa-se no
nível?
1. intrapessoal
2. interpessoal
3. intergrupal
4. societal
5. todas falsas
Diga se são falsas (F) ou verdadeiras (V) as afirmações que se seguem:
1. O conceito de atitude é um conceito pluridimensional
2. As atitudes podem ser conceptualizadas como mediadoras entre os modos de
acção e os modos de pensamento
3. As atitudes podem ser directamente medidas
4. As atitudes podem ser conceptualizadas como filtros que moldam a nossa
percepção da realidade
No período compreendido entre 1935 e 1955, a psicologia social debruçou-se
predominantemente sobre:
1. sistemas de atitudes
2. medição de atitudes
3. mudança de atitudes
4. dinâmica de grupos
5. cognição social
O modelo das três componentes das atitudes ( Rosenberg & Hovland, 1960) inclui:
1. O afecto, a cognição e a crença
2. A crença, a modelação e a interiorização
3. O comportamento, a ideação e a memorização
4. O afecto, a cognição e o comportamento
5. Todas erradas
115
Na teoria da acção reflectida, a norma subjectiva relativa ao comportamento
resulta do produto
1. Intenção x comportamento
2. Crenças normativas x intenção
3. Crenças normativas x motivação
4. Cognição x temperamento
5. Todas falsas
De acordo com Ajzen e Fishbein, as “normas subjectivas”:
1. são o modo como pensamos que se comportariam as pessoas importantes na
nossa vida
2. São o modo como pensamos que se comportariam as pessoas em geral
3. Resultam das pressões grupais e interpessoais que afectam a realização do
comportamento
4. A primeira e a terceira respostas estão correctas
5. A segunda e a terceira respostas estão correctas
A expressão “teorias implícitas da personalidade” remete-nos para:
1. Crenças gerais que mantemos a respeito da espécie humana
2. Matrizes de co-ocorrência de determinados traços de personalidade
3. Estruturas cognitivas relativas à percepção das pessoas
4. Todas as respostas anteriores estão correctas
5. Todas as respostas anteriores estão erradas
Se a modificação de um só traço numa lista de sete traços que descrevem uma
pessoa tiver um impacto acentuado na impressão global dessa pessoa, então
podemos afirmar que:
1. Esse traço particular é um traço periférico
2. Esse traço particular é um traço central
3. A percepção de traços não tem subjacente qualquer organização
4. A percepção de traços é aditiva
5. A percepção de traços é exponencial
116
De acordo com o estudo de Rosenberg e colaboradores (1968), os traços utilizados
nas investigações de Asch distribuíam-se ao longo de duas dimensões (capítulo V
página 96)
1. Funcionalidade social e funcionalidade intelectual
2. Distorções sociais e distorções cognitivas
3. Desejabilidade social e desejabilidade intelectual
4. Superficial e profunda
5. todas as respostas anteriores estão erradas
A Sandra gosta do João e detesta a Mariana, ainda que saiba que o João gosta da
Mariana. Na linguagem de Heider, trata-se de um sistema:
1. Congruente
2. Equilibrado
3. Dissonante
4. Desequilibrado
5. Todas falsas
A via central da persuasão:
1. É mais rápida do que a periférica
2. Envolve heurísticas
3. Mobiliza maior esforço cognitivo
4. Produz atitudes menos estáveis
5. Todas correctas
GRÁFICO!!!!
A problemática a que se referem os gráficos diz respeito:
1. Á dissonância cognitiva
2. À autopercepção
3. À comparação social
4. À persuasão
5. Todas falsas
117
Assinale com Verdadeiro (V) e Falso (F) as seguintes afirmações respeitantes aos
gráficos:
1. Existe interacção entre envolvimento e mudança de atitude
2. O envolvimento é a principal variável independente
3. Os argumentos fortes só produzem mudança atitudinal quando o envolvimento é
alto
4. (A fonte especialista é mais persuasiva do que a não especialista quando o
envolvimento é baixo.)
5. Os resultados sumariados apontam para a ineficácia da fonte de informação
6. Não é possível pronunciarmo-nos sobre o efeito principal imputável ao tipo de
argumento
Mudou as alternativas!
O Modelo do comportamento aceite pela psicologia Social contemporânea é um
modelo do tipo:
1. OSOR [OEOR]
2. Gestaltista
3. SOR [EOR]
4. SR [ER]
5. Todas falsas
O modelo de Integração da informação de Anderson afirma que: (capítulo V página
90,100, 117 e 118)
1. Cada item numa lista de traços tem valor em si mesmo
2. A impressão global resulta de processos aritméticos de combinação do valor de
determinados itens
3. A impressão global resulta da integração gestáltica dos itens periféricos na T.I.
central
4. 1ª e a 3ª verdadeiras
5. 1ª e 2ª verdadeiras
118
O efeito de Halo é: (página 118 e 119 capítulo v)
1. Uma distorção da positividade
2. Uma distorção da negatividade
3. O principal resultado do mecanismo da personalização no âmbito da ___
4. A tendência para generalizarmos as primeiras impressões
5. O inimigo principal dos médicos dentistas
Acerca da definição de script é possível afirmar que:
1. os scripts são programas de acção necessariamente lacunares
2. Nem todo o comportamento consiste na actualização de scripts
3. Os scripts resultam de um processo de construção que radica nas interacções
humanas
4. Os elementos periféricos ou secundários dos scripts são menos susceptíveis de
modificações do que os elementos centrais
5. No nível interpessoal dos scripts encontramos os guias gerais da acção
Acerca das semelhanças interpessoais, Byrne
1. Mostra que o grau de atracção é função directa do grau de semelhança atitudinal
2. Usa nos seus estudos o paradigma do falso desconhecido
3. Integra a noção da validação consensual com o conceito clássico de reforço
4. Afirma que a dissemelhança de atitudes gera afastamento ou repulsão
5. Defende que também as assimetrias em diferentes atributos geram atracção
De acordo com Osgood, Suci e Tannenbaum, o processo de atribuição de
significação organiza-se em torno da seguinte dimensão: (capítulo VIII página 194 e
195)
1. Potência, fraqueza e empatia
2. Avaliação, potência e actividade
3. Avaliação, informação e actividade
4. Actividade, produtividade e informação
5. Todas falsas
119
No âmbito dos processos atributivos, 2 conceitos fundamentais introduzidos por
Heider foram:
1. Covariação e interferência correspondente
2. Estrutura e função
3. Formação de unidade e pessoa como protótipos das origens
4. Viés e regra
5. Formação de unidade e interferência correspondente
Teoria da interferência correspondente procura explicar:
1. Lógica da interferência matemática
2. Modo como os traços da personalidade originam os comportamentos e
mediatizam a formação de intenções
3. Conceito de formação de unidade a partir dos efeitos não comuns
4. Modo como uma pessoa interfere nas disposições do actor a partir dos efeitos
das respectivas acções
5. O desenvolvimento do pensamento hipotético-dedutivo
Segundo Kelley, para compreender porque é que o João está mal disposto, estamos
essencialmente interessados:
1. Em saber se ele tem uma razão séria para estar mal disposto
2. Em ver se a má disposição varia com a situação ou se o João está mal disposto
em todas as situações
3. Determinar as nossas reacções à má disposição do João
4. Saber se o João tem uma relação particularmente difícil com o pai
5. Todas as respostas são verdadeiras
Segundo Weiner, no processo de atribuição em contextos de realização, tem que se
ter em conta dois factores principais:
1. Locus de causalidade e esforço
2. Esforço e capacidade
3. Estabilidade e Locus de causalidade
4. Capacidade e dificuldade da tarefa
5. Estabilidade e esforço
120
Segundo Moscovici, a teoria de Festinger é:
1. Operatória
Qual a escala de atitudes que utiliza juízos?
2. Thurstone
121
EXAME DE 2003
HISTÓRIA
1. Ligação de livros aos autores (são questões de V/F mas aqui estão as correspondências verdadeiras).
LIVRO
A dynamic theory of personality
Princípios da psicologia topológica
A theory of social comparison processes
La psychologie des foules
Remembering
Social Psychology
(houve vários livros com este nome)
AUTOR
K. Lewin
Festinger
Le Bon
Bartlett
F. Allport ou McDougal ou E. Ross ou
Asch
G. Allport
Murshinsson, Lindzey e Aronson
McDougall
Kelley
The Hand book of social psychology
Introduction to social psychology
Interpersonal relations: a theory of interdependence
Forming impressions of personality
Social Psychology
The nature of prejudice
The individual and society
Mind, Self and Society
Social theory and social structure
The presentation of self in everyday life
Patterns of culture
Sex and temperament in three primitive cultures
Autocracia e Democracia
La Psychanalyse, son imagen et son public
Social Representations
Asch
G. Allport & Col.
Baldwin
G. H. Mead Dewey
Merton
Goffman
Ruth Benedict
Margareth Mead
Liptti & White
Moscovici
Farr e Moscovici
2. As teorias simples soberanas, de G. Allport, incluem
Hedonismo, Simpatia e Imitação.
Behaviorismo, cognitivismo, teoria da forma
3. Tópicos mais estudados em Psicologia Social consoante os anos:
Sistemas de atitudes
Cognição social
Mudança de atitude
Dinâmica de grupos
Medição de atitudes
Desde 1980
1965-1980
1955 - 1965
1935 - 1955
1920 - 1935
4. Tópicos mais estudados pela Psicologia Social EUROPEIA e pela Psicologia Social AMERICANA consoante os
anos:
1970 - 1980
1981 - 1989
PS Americana
PS Europeia
PS Americana
PS Europeia
Teoria da Atribuição
Ajuda
Atracção interpessoal
Teoria da Equidade
Autoconsciência
Comparação de teorias
Correlação
atitude/Comportamento
Desvio para o risco
Agressão
Mudança de atitude
Influência Social
Processos
intergrupo
Mudança de Atitude
Atracção interpessoal
Autoconsciência
Correlação
atitude/comportamento
Processos
intergrupo
Comunicação
Agressão
Cognição social
Teoria da atribuição
Influência social
Percepção de grupo
Emoção e motivação
122
5. O estudo dos efeitos de categorização social sobre os comportamentos situa-se ao nível:
Intergrupal.
6. Dinâmica de grupos:
A liderança democrática induz maior satisfação, mas NÃO leva a maior produtividade.
7.1. O modelo de comportamento aceite pela Psicologia Social contemporânea é um modelo do tipo: O-E-O-R
7.2. O modelo de comportamento clássico é um modelo do tipo: E – O – R (proposto por Moscovici)
8. Jodelet mostra-nos em 1989 o espaço de estudo das representações sociais (V/F)
As funções sociais da representação social são a categorização do real e a orientação da acção a um nível prático
Na objectivação concretiza-se um desfazamento entre representação e real
A cultura e a sociedade situam-se no lado simbólico das significações
As relações entre representações sociais e a ciência conferem às primeiras o valor de verdade
A partilha social é uma das condições de produção e circulação das representações sociais
V
V
F
V
V
9. Moscovici tem uma posição muito própria acerca dos objectivos da psicologia social (V/F):
Os dois mecanismos psicossociais fundamentais são a comparação social e o reconhecimento social
A teoria de campo de Lewin pertence a uma orientação fenomenológica da psicologia social
A teoria de Sherif é baseada no facto de maior parte dos objectos sociais serem ambíguos
Os métodos sistemático e experimental interagem na construção científica da psicologia social
O caso mais extremo da facilitação social é o da obediência à autoridade
No paradigma do homem como computador, as representações podem ser entendidas como princípios
organizadores de actividade cognitivas específicas
V
F
V
V
F
V
10. As representações sociais são teorias sociais práticas (V/F):
Para Doise (1990), as representações sociais são um saber prático
Para Jodelet (1984), as representações sociais são organizadas de relações simbólicas entre actores sociais
O conceito de Allport e Postman de assimilação equivale ao processo de ancoragem proposto por Moscovici
O processo de naturalização da objectivação duma representação social pressupõe um senso comum nominalista
Na sua função de organização significante do real, a representação social torna o meio envolvente não estranho e
coerente
F
F
V
F
F
11. O conceito de group mind deve-se a:
. McDougall
12. Verdadeiro e Falso sobre a investigação de Aronso e Mills (1959) acerca da gravidade de iniciação
Os sujeitos da condição iniciação severa, ao integrarem um grupo de discussão, acham-no mais interessante do
que os sujeitos das outras duas condições
A VI da investigação é a motivação dos sujeitos para se associarem ao referido grupo
(a resposta certa seria a severidade de iniciação)
A estratégia utilizada pelos sujeitos na condição iniciação severa, para reduzir a dissonância cognitiva leva a uma
modificação da crença do desconforto psicológico no sentido do teste do embaraço
A VD é o grau de atracção pelo grupo
V
F
V
V
13. Quais foram as duas grandes teorias da Psicologia Social formuladas por Festinger?
. Teoria da dissonância cognitiva e teoria da comparação social
14. Qual era o psicólogo social que defendia que a Psicologia Social só poderia desenvolver-se se se tornasse numa
ciência experimental:
. John Watson
15.1. Segundo Moscovici, a teoria de Festinger é:
. Operatória
15.2. Segundo Moscovici, a teoria de Sherif é:
. Fenomenológica
16. Moscovici referira como perspectiva psicossocial a adopção de uma perspectiva triádica:
. Ego (o self) – Objecto (social) – Alter (uma outra pessoa)
123
17. Para estudar a psicanálise, enquanto fenómeno de cultura, Moscovici utilizou dois métodos principais:
. Inquérito psicossocial e análise do conteúdo da imprensa.
18. Diferenças entre PSA e PSE:
. A primeira é mais psicológica (processo cognição social) e a segunda é mais sociológica (processos de
Representações Sociais).
19. Ciência da ideologia e comunicação correspondem, respectivamente:
. à representação social (atitudes/cognição) e à transmissão de influências/influência social.
20. Quem corresponde ao behaviorismo social:
. Mead
21. Fases da psicologia social como ciência do pensamento social segundo Moscovici (1982):
. 1ª fase: Atitudes Sociais (Teoria da dissonância cognitiva);
. 2ª fase: Cognições Sociais (Teoria da Atribuição);
. 3ª fase: Representações sociais (teoria das representações sociais).
22. Para Moscovici os processos responsáveis pela formação das representações sociais são:
. Objectivação e ancoragem
Objectivação e ancoragem são processos separados mas complementam-se.
23. Teoria da congruência cognitiva:
. Succi, Osgood e… (1957)
24. Três condições que afectam a formação das representações sociais:
. Dispersão da informação, focalização, pressão para a influência.
25. Três funções das representações sociais:
. Cognitiva, interpretação da realidade, e orientação das condutas e relações sociais
26. As heurísticas cognitivs são:
. Atalhos mentais
27. Segundo Bruner, a percepção deve ser entendida como o resultado da acção de _ tipos de factores:
. Autóctones e comportamentais
28. Verdadeiros e Falsos
Modelo da representação Social de Moscovici assenta na concepção estímulo/representação/resposta
Quando falamos de função de orientação das respresentações referimo-nos a comportamentos situacionais
Critério genético das representações sociais remetenos para a quantidade de sujeitos que partilha de uma dada
apresentação
A objectivação envolve selecção, ancoragem e a constituição de 1 esquema figurativo
V
F
F
F
29. V FF V (NA CONCEPÇÃO DE MOSCOVICI AS RESPOSTAS...)
30. Em relação à investigação de Abric et al (1967) qual das seguintes afirmações é verdadeira?
. As respostas de cooperação são superiores na condição outro
31. O processo de interpretção e simbolização referem-se às relações entre representação social e:
. Objecto
124
ATITUDES
1. Na teoria da acção reflectida, a norma subjectiva relativa ao comportamento resulta do produto:
Crenças Normativas x Motivação
Crença x Avaliação = Atitude
Crença x Motivação = Norma Subjectiva
Atitude + norma subjectiva = intenção que leva ao comportamento.
2. De acordo com Ajzen e Fishbein, as “normas subjectivas”:
. São o modo como pensamos que se comportam as pessoas importantes na nossa vida;
. Resultam das pressões grupais e interpessoais que afectam a realização do comportamento.
3. Características da escala de Thurstone (a pergunta é V/F mas aqui está só a descrição da escala):
. Caracteriza a atitude do sujeito através do seu posicionamento face a estímulos previamente cotados;
. O modelo de medição que lhe está na base é o modelo PSICOFÍSICO;
. Centra-se na procura de objectividade na selecção das frases face às quais os sujeitos apenas têm de assinalar aquelas
com que concordam;
. Pretende-se construir uma escala intervalar na qual os estímulos escolhidos correspondam à diversidade possível das
posições
. Utiliza juízes
4. Qual a medida psicofisiológica construída em 1971?
. Escala de Thurstone
5.1. A problemática em que se insere o gráfico diz respeito à:
. Persuasão
(não tive oportunidade de digitalizar os gráficos, sorry)
5.2. Assinale como verdadeiro ou falso as seguintes afirmações respeitantes aos gráficos:
Existe interacção entre envolvimento e mudança de atitude
O envolvimento é a principal variável independente
Os argumentos fortes só produzem mudança atitudinal quando o envolvimento é alto
A fonte especialista é mais persuasiva do que a não especialista quando o envolvimento é baixo
Os resultados sumariados apontam para a ineficácia da fonte de informação
Não é possível pronunciarmo-nos sobre o efeito principal imputável ao tipo de argumento
V
V
V
V
F
F
6. A Sandra gosta do João e detesta a Mariana, ainda que saiba que o João gosta da Mariana. Na linguagem de Heider,
trata-se de um sistema:
. Desequilibrado [neste caso, há dois + (há duas pessoas a gostarem de alguém) e um – (há uma pessoa a
detestar alguém)]
2+e1Desequilibrado
32- e 1 +
Equilibrado
3+
Ver página 205 do livro de Psicologia Social de capa vermelha.
7. Diga se são verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem:
O conceito de atitude é um conceito puridimensional
As atitudes podem ser conceptualizadas como mediadoras entre os modos de acção e pensamento
As atitudes podem ser directamente medidas
As atitudes podem ser conceptualizadas como filtros que modal a nossa percepção da realidade
V
V
F
V
8. O modelo dos 3 componentes das atitudes (Rosenberg e Hovland, 1960) inclui:
. Afecto, cognição e comportamento
9. Quando falamos de funções instrumentais e funções expressivas das atitudes situamo-nos no plano:
. Motivacional
125
10. Qual a variável determinante da intenção comportamental, incluída na Teoria da Acção planeada (Ajzen, 1987)
que não foi tida em consideração no modelo de Acção Reflectida (Fishbein e Azjen, 1975)?
. Controlo comportamental percebido.
No modelo da Acção Reflectida temos: Atitude + norma subjectiva = intenção
No modelo da Acção planeada temos: Atitude + norma subjectiva + controlo comportamental percebido =
intenção
11. Comparando os diferentes tipos de escalas (verdadeiro e falso):
Nas escalas de Thurstone, apenas devo apresentar aos sujeitos itens com elevada dispersão
As escalas de Likert são ordinais e unidimensionais
As escalas de Guttman são cumulativas e, por isso, mais ambíguas do que as escalas de Thurstone
As grandes escalas de diferenciação semântica são escalas polares que têm a grande vantagem de serem mais
práticas que as de Likert
As escalas de escolha forçada são influenciadas pelo efeito de Halo
12. Comparação das atitudes com outros processos cognitivos (V/F):
Os traços de personalidade são mais estáveis do que as atitudes
As crenças existem suportadas por atitudes
Os valores são menos maleáveis do que as atitudes
As atitudes são conjuntos de itens encontrados por análise factorial das opiniões
Na sua função de organização significante do real, a representação social torna o meio envolvente não estranho e
coerente
13. Verdadeiro e falso ainda sobre as atitudes:
As técnicas psicofisiológicas de medição de atitudes são mais directas do que as medidas comportamentais
Para Herek (1986) as atitudes têm funções instrumentais e expressivas
Segundo Heider (1958-1970), as situações de equilíbrio são mais fáceis de memorizar, mas mais difíceis de
aprender do que as desequilibradas
Segundo a teoria da dissonância cognitiva, é mais fácil memorizar e aprender material que confirma as atitudes
dos sujeitos
F
V
V
V
F
V
F
V
V
V
F
V
F
V
14. Em que situações as cognições incompatíveis produzem uma maior taxa de dissonância:
. quando nos vemos responsáveis por situações que nos causam dissonância;
. quando as cognições são percebidas como importantes para a nossa auto-imagem.
15. A teoria da Interferência correspondente procura explicar:
. O modo como os traços da personalidade originam os comportamentos e mediatizam a formação de
intenções.
16. Verdadeiro e falso:
Segundo o paradigma da escola livre: o indivíduo passa a ver a alternativa escolhida como a mais desejável
Paradigma da desconfirmação da Crença: a dissonância pode conduzir o sujeito à procura de suporte naqueles que
concordam com as suas próprias crenças
Promessas de recompensas/ameaças diminuem a dissonância cognitiva, já que fornecem cognições que são
consonantes com o comportamento emitido
Segundo o paradigma do acordo forçado, quanto maior o esforço para obter um dado resultado, maior a
dissonância se o resultado não for tão agradável como se esperaria
V
V
F
V
17. Se o João decide assistir ao futebol na TV; sabendo que tem de estudar para um exame no dia seguinte,
argumentando que o jogo é extremamente importante para o futuro do seu clube, o João diminuiu a dissonância
cognitiva através:
. da Maximização do número e elementos consonantes
18. A teoria da dissonância cognitiva diz-nos que se fizermos um favor a uma pessoa com quem não simpatizamos
iremos:
. Começar a simpatizar com a pessoa
19. De modo geral, o modo mais racional de diminuir a dissonância cognitiva que acompanha um comportamento não
aceitável por parte do indivíduo é:
126
. Justificar o comportamento adicionando cognições que o suportem;
. Modificar a cognição de que o comportamento não é aceitável.
20. Verdadeiro e Falso
Segundo Heider, as situações de equilíbrio são mais fáceis de memorizar, mas mais difíceis de aprender do que as
desequilibradas
Um sistema está em estado de equilíbrio quando as relações de unidade e de sentimento têm o mesmo sinal
A teoria de Newcomb permite integrar os processos de equilibração ao nível dos próprios grupos
A teoria da dissonância cognitiva de Festinger estabelece a ligação com as teorias da troca social e do reforço
Segundo a teoria da comparação social, a necessidade básica de cada indivíduo é de auto-conhecimento e autoavaliação das suas aptidões e opiniões
F
V
V
F
V
21. A distinção entre atitude específica e atitude geral é útil na medida em que:
. Apenas a primeira pode ser indicadora de um comportamento situacional;
. Permite compreender o impacto das atitudes no comportamento.
22. Em qual dos paradigmas da dissonância cognitiva se insere o estudo de Aronson e Mills (1959)?
. Paradigma da justificação do esforço
23. Quais as duas condições básicas que influenciam a probabilidade de elaboração das mensagens persuasivas?
. Capacidade e motivação.
24. De acordo com Petty e Cacioppo (1986), quando os indivíduos são persuadidos pelas características superficiais e
uma mensagem, estão a utilizar a via ____ da persuasão:
. Periférica
25. A via central de persuasão:
. Mobilizar maior esforço cognitivo.
26. Qual a escala de atitudes que utiliza juízos:
. Thurstone
27. Qual é a escala que tem vários itens para verificar a fidelidade das respostas:
. Likert
28. Na teoria da Acção Reflectida, as relações entre atitude e comportamento são mediatizadas pelas:
. Intenções (normas subjectivas)
29. Qual a escala que está na origem das Rating Scales:
. Likert
30. Sistemas de organização cognitiva:
. Difusão (opiniões), propagação (atitudes), propaganda (esteriótipos).
31. Funções das atitudes:
. Cognitivas, motivacionais e orientação para a acção
32.Segundo Gordon Allport (1935), de todos os conceitos da psicologia social, o de atitude era o mais:
. Distinctivo e indispensável
33. No estudo clássico de LaPiére (1934) sobre as atitudes e o comportamento
. As atitudes perconceituosas contra os chineses em geral não correspondiam ao comportamento que se
observava em relação a um casal de chineses em particular
34. No contexto da formação de atitudes, o efeito da mera exposição, o condicionamento operante e o
condicionamento clássico, são:
. Processos que explicam a formação de atitudes
. Exemplos do papel da experiência directa nas atitudes
35. O modelo MODE (Fazio, 1990)
127
. Aplica-se a situações em que se pretende prever comportamentos espontâneos
. Considera que as atitudes mais acessíveis orientam o comportamento através de processos automáticos
. Tem em conta aspectos normativos na predição no comportamento
36. Quando um discurso contra-atitudinal é acompanhado por pouca ou nenhuma justificação externa, então:
. A atitude privada irá mudar no sentido da posição defendida
37. A técnica de medição das atitudes designada por bogus pipeline:
. Parte do princípio que, se conseguirmos convencer alguém de que não é possível esconder as suas atitudes,
temos acesso às atitudes genuinas
38. A investigação sobre as várias variáveis implicadas na comunicação persuasiva iniciou-se com:
. Hovland
128
IMPRESSÕES
1. Se a modificação de um traço na lista de sete traços que descrevem uma pessoa tiver um impacto acentuado na
impressão global dessa pessoa, então podemos afirmar que:
. Esse traço particular é um traço CENTRAL.
2. De acordo com o estudo de Rosenberg e colaboradores (1968), os traços utilizados nas investigações de Asch
distribuíram-se ao longo de duas dimensões:
. Desejabilidade social e desejabilidade intelectual
3. A expressão “Teorias Implícitas das Personalidade” (TIP) remetem-nos para:
. Crenças gerais que mantemos a respeito da espécie humana;
. Matrizes de co-ocorrência de determinados traços de personalidade;
. Estruturas cognitivas relativas à percepção das pessoas.
5. Avaliámos o Diogo numa escala de 7 pontos que varia entre -3 e +3, como sendo argumentativo (-2), mas muito
generoso (+3). Portanto, no geral, avaliámo-lo em +1. A nossa impressão sobre o Diogo foi determinada pelo
processo de:
. Soma
6. Uma variável da personalidade que está relacionada com a via central de persuasão é a:
. Necessidade de cognição
7. O efeito de Halo é:
. A tendência para generalizarmos as primeiras impressões.
8. A teoria da interferência correspondente procura explicar:
. O modo como os traços da personalidade originam os comportamentos e mediatizam a formação de
intenções.
9. O estudo da percepção das pessoas inclui a análisa da forma como:
. Formamos impressões acerca dos outros
10. Suponha que lhe tinham acabado de apresentar a Marta. Repara logo que ela sorri com frequencia. Mais tarde
quando se recorda dela, a memória desse sorriso poderá ter um efeito _____ na sua imagem mental:
. De precedência
11. Para Heider (1958), um exemplo de propriedade disposicional é:
. Um traço de personalidade
. Uma competência estável
. O carácter de uma pessoa
. Uma atitude
129
ATRIBUIÇÃO
1. Se o João está mal-disposto e nós tentamos saber qual o motivo da má disposição, estamos interessados em saber
se:
. O João está sempre mal disposto ou se a sua má disposição varia consoante a situação.
2. De acordo com Osgood, Suci e Tannenbaum, o processo de atribuição de significação organiza-se em torno da
seguinte dimensão:
. Avaliação, potência e actividade.
3. A teoria da atribuição é uma teoria sobre:
. O modo como explicamos a interpretamos o comportamento quotidiano;
. As inferências causais
4. Segundo o modelo de covariação de Kelly, as pessoas decidem se atribuem os comportamentos a causas
disposicionais internas ou factores externos com base em três tipos de informação:
. Consistência, distintividade e consenso.
5. No âmbito dos processos atributivos, dois conceitos fundamentais introduzidos por Heider foram:
. Formação da unidade e pessoa como protótipos das origens.
6. Verdadeiro e Falso:
Os esquemas causas aplicam-se quando a informação disponível provem de um único observador
O princípio do desconto e do aumento são relativos ao modelo de covariação
No esquema das causas suficientes múltiplas, as causas A e B devem estar simultaneamente presentes para que se
verifique o efeito X
No modelo da covariação as fontes de informação são relativas à consistência, consenso e distintividade
V
F
F
V
7. Segundo Weiner, no processo de atribuição em contextos de realização, tem que se ter em conta dois factores
principais:
. Estabilidade e locus de causalidade
8. O modelo atribucional de Kelley é baseado na:
. Auto e hetero-atribuição.
9. O princípio dos efeitos não comuns:
Opõe-se ao princípio da desejabilidade social
Engloba-se na psicologia do senso comum
Tenta atribuir ao homem de rua exactamente as mesmas capacidades do cientista
É uma das bases do processo e atribuição, segundo a teoria da interferência correspondente de Kelley
Afirma que a disposição para a acção é indicada pelas consequências da acção que são comuns a acções alternativas
F
F
F
F
F
10. Segundo Kelley, a informação relativa às circunstâncias, às pessoas e ao estímulo é respectivamente:
. Consistência, distintividade e concenso.
Sendo que:
. Consistência diz respeito ao conhecimento que o observador tem da história do
comportamento do actor;
. Distintividade diz respeito à forma como o actor se relaciona com outras entidades;
. Consenso diz respeito à forma como outros actores reagem à entidade em questão.
11. Segundo Kelley, a Rita apenas ri quando vê o professor Sebastião a tropeçar e a cair e não quando outra pessoa
tropeça e cai e se por outro lado maior parte dos seus colegas se riu quando o professor Sebastião caiu:
. O riso da Rita é extremamente causado.
12. O efeito actor-observador refere-se à tendência dos actores para atribuírem as suas acções a causas ___ e dos
observadores para atribuírem as acções dos outros a causas ____.
. Situacionais, disposicionais
130
13. A sara, recém-licenciada, declina uma oferta de emprego numa prestigiada empresa e aceita um outro emprego
menos bem remunerado numa empresa de menos prestígio. A que se pode atribuir o comportamento da Sara e
porquê?
. Não temos informação suficiente para poder fazer uma inferência causal do comportamento da Sara
14. A investigação acerca das diferenças culturais nos estilos atribucionais indica que os indivíduos da cultura
ocidental:
. Têm mais relutância em dar publicamente explicações disposicionais do comportamento
15. Kelley & col. (1983) propõem um esquema gráfico acerca das relações diádicas e o seu contexto causal. É possível
afirmar que (V/F):
A interacção é definida como um padrão de modificações interpessoais, ocorrentes no plano cognitivo, V
emocional ou da própria acção
A identificação dos padrões específicos de interacção quer seja ela inter ou intra-pessoal, situa-se a um nível de F
análise explicativo
A estrutura das conexões causais, enquanto ligações entre acontecimentos interactivos, define propriedades V
como a intensidade da interacção
Kelly e col, excluem a hipótese dos padrões específicos de interacção poderem contribuir para a modificação das F
respectivas condições causais
Os níveis interpessoal e intrapsíquico dos scripts de interacção distinguem-se pelo tipo das condições causais que, V
no primeiro são sociais e no segundo são pessoais
16. O modelo de integração de informação de Anderson afirma que:
. Cada item numa lista de traços tem valor em si mesma;
. A impressão global é o resultado de processos aritméticos de combinação do valor dos diferentes itens.
17. Ao fazermos uma atribuição causal, procuramos determinar se um comportamento foi causado por:
. Causas internas ou externas
18. Segundo o modelo de covariação de Kelly, as seguintes afirmações indicam que o André é um excelente aluno:
. O André teve 18 no teste, embora a média da turma tenha sido 10
19. Quem atribui o comportamento dos outros a causas internas em vez da causas externas, demonstra:
. O erro fundamental da atribuição
20. Verdadeiro e falso
Segundo o paradigma da escolha livre, o indivíduo passa a ver a alternativa escolhida como a mais desejável
A dissonânica, segundo o paradigma de desconfirmação da crença, pode conduzir o sujeito à procura de suporte
naqueles que concordam com as suas próprias crenças
As promessas de recompensas e/ou ameaças de punição diminuem a dissonância cognitiva, ja que fornecem
cognições que são consoantes com o comportamento emitido
Segundo o paradigma do acordo forçado, quanto maior é o esforço para obter um dado resultado, maior será a
dissonância se o resultado não for tão agradável quanto se esperaria
V
V
V
F?
131
SEXUALIDADE
1. Acerca da definição de script é possível afirmar que (V/F):
Os scripts são programas de acção necessariamente lacunares
Nem todo o comportamento consiste na actualização dos scripts
Os scripts resultam de um processo de construção que radica nas interacções humanas
Os elementos periféricos ou secundários dos scripts são menos susceptíveis de modificações do que os elementos
centrais
No nível interpessoal dos scripts encontramos os guias gerais da acção
F
V
V
F
F
Tipos de scripts
Em geral, os scripts informam-nos sobre a) quem são os possíveis parceiros sexuais; b) em que circunstâncias é
adequado comportamo-nos sexualmente e que tipo de actividades são permitidas; c) quais os motivos ou razões que
nos levam a comportar e modo sexual.
Há três níveis de scripts:
1º Nível
ENCENAÇÕES
CULTURAIS:
guias gerais de acção
2º Nível
Scripts INTERPESSOAIS
3º Nível
Scripts INTRAPSÍQUICOS
Englobam os seguintes scripts:
Religioso
Tradicional
Romântico
Relações sexuais baseadas na amizade
Infidelidade ocasional
Utilitário/predador.
. São respostas concretas dos actores sociais às expectativas normativas
. São representações do eu e das imagens implícitas dos outros que facilitam a ocorrência
de trocas sexuais (facilitam a ocorrência de comportamentos sexuais)
. Tem a comunicação como aspecto central
. Desenvolvem-se estratégias de sedução
. 3 dimensões: Sexualidade, valorização & equilíbrio das relações e amor & compromisso.
. Encenação privada dos desejos
. Ligação entre fantasias e actividades sexuais
. Scripts sexo com afecto – partilhado por sexo F e M
. Scripts sexo por sexo – exclusivo do sexo M
2. A gestão e os modos de utilização do corpo são fundamentais nas significações organizadas em torno dos scripts
intrapsíquicos da sua representação social (V/F):
O corpo é matéria e é signo, como objecto de troca e de consumo que funciona como lugar de categorização V
social frequentemente
Os campos de referência subjacentes aos modos de conhecimento do corpo podem ser subjectivos ou sociais, V
organizando-se em torno do eixo privado/público
Os campos subjectivos, segundo Jodelet (1976), correspondem ao conhecimento baseado na observação e F
interacção social informais e à experiência corporal directa
Os campos sociais, para Jodelet (1976), dizem respeito ao conhecimento nocional e normativo e à relação com o F
meio ambiente
Hewes (1955) sublinhou, pela primeira vez, a dimensão especificamente instrumental do corpo, como um ponto F
de acção que vai para lá dos fenómenos de percepção e representação social
3. O grupo de teorias da atracção interpessoal que define a atracção como a necessária consistência interna entre
cognições e sentimentos é:
. O grupo das teorias da organização cognitiva
4. A teoria da interdependência social defende que:
O grau de atracção de uma relação depende dos padrões de avaliação utilizados pelos indivíduos
Apenas nas situações em que a percepção dos resultados se situa abaixo do nível da comparação a relação e causa
é considerada como satisfatória
A manutenção de uma relação menos atraente depende do número de alternativas disponíveis num dado
momento
V
F
V
132
O indivíduo põe termo à relação quando o nível da comparação para as alternativas é atingido
A determinação das perdas e dos ganhos em que se baseia esta teoria nasce de um modelo proposto por Metee e
Aronson
V
V
5. Qual dos seguintes factores não é responsável pela determinação das preferências relacionais que especificam a
generalidade dos processos da atracção:
. Estratégias de sedução
6. Acerca das semelhanças interpessoais, Byrne:
Mostra que o grau de atracção é função directa do grau de semelhança atitudinal
Usa nos seus estudos o paradigma do falso desconhecido
Integra a noção de validação consensual com o conceito clássico de reforço
Afirma que a dissemelhança de atitudes gera afastamento ou repulsão
Defende que também as assimetrias em diferentes atributos geram atracção
V
V
V
F
F
7. Para Jones e Pittman, os comportamentos de sedução são determinados por:
. Estratégias de auto-representação motivadas pelo desejo de manter ou aumentar o poder sobre o outro.
133
GERAIS
1. Teoria de Byrne: quais as noções que ele aborda quando relaciona atitude com atracção interpessoal (paradigma do
falso desconhecido):
. Reforço e validade consensual.
2. Qual das seguintes teorias parte do pressuposto que os indivíduos têm necessidade de avaliar as suas opiniões e
capacidades:
. Teoria da comparação social
3. O pressuposto fundamental das teorias da troca social é:
. O princípio da maximização/minimização.
4. O estudo de Jones, Knurel e Regan sobre o papel da auto-estima leva a concluir eu:
. Os indivíduos com alta auto-estima são menos afectados pelas apreciações.
5. O que é um cientista ingénuo para Heider (1959)?
. Uma pessoa vulgar que procura explicações para comportamentos e acontecimentos
134
SEBENTA Nº3
135
PSICOLOGIA SOCIAL – Teórica

 Definição mais citada é a de A
Alllppoorrtt (1968/1985) – “Com raras excepções, os psicólogos sociais
olham para a sua disciplina como uma tentativa para compreender e explicar o modo como o
pensamento, o sentimento e o comportamento dos indivíduos são influenciados pela presença real,
imaginada ou implícita dos outros. O termo “presença implícita” refere-se ás muitas actividades que o
indivíduo desempenha em virtude da sua posição/papel numa estrutura social complexa e em virtude da
sua pertença a um grupo cultural”.
G. Allport escreveu o terceiro manual de psicologia social, em 1924 (os primeiros manuais sobre esta
temática surgiram em 1908 com o sociólogo Ross e outro com o psicólogo McDougall).
Gordon Allport escreveu o livro clássico que estudava a natureza do preconceito. Em 1935 surgiu a
primeira edição do “Handbook of Social Pschology”, foi editado por Lindzey e Aronson em 1954 (em
dois volumes), 1969, 1985 e, a ultima edição – por Gilbert e Lindzey, em 1998.
Primeiro aspecto estruturante desta definição:
 VD = f (VI): pensamentos, sentimentos e comportamentos
 Variável Independente: presença dos outros, numa tripla dimensão – real, imaginada e Implícita.
PPrreesseennççaa IIm
mppllíícciittaa – nenhum comportamento é indissociável da inserção dos indivíduos, numa dada
estrutura social e nenhum comportamento é indissociável da nossa presença em determinados grupos
sociais.
Salienta-se aqui o conceito de papel que, por sua vez, remete para o estatuto – estes são os que nos
situam na sociedade (tem um carácter disposicional), nós ocupamos/temos, num determinado grupo, uma
determinada posição – que é importante para percebermos a pessoa. O papel e o estatuto são conceitos
complementares. Podemos equacionar estes dois conceitos em termos de expectativas:
PPaappeell – conjunto de expectativas que os outros tem a meu respeito, o que os outros esperam de mim.
EEssttaattuuttoo – aquilo que eu, em virtude da posição que ocupo, espero que os outros pensem e esperem
de mim.
Ambos têm como pano de fundo a posição disposicional do sujeito, ninguém funciona fora do
contexto e de um grupo.
Em síntese, nesta primeira definição, há que realçar que se trata de explicar todo o leque de
comportamentos, pensamentos e até que ponto são influenciados pelo solo primário das nossas vidas e
presença dos outros. Podemos constatar dois níveis da realidade social: grupal e a um nível mais vasto da
realidade social.

 Definição de M
Maaiissoonnnneeuuvvee, 1973 – “O domínio específico da psicossociologia é essencialmente o
da interacção: - interacção dos processos sociais e psicológicos ao nível das condutas concretas; interacção das pessoas e dos grupos no quadro da vida quotidiana; - junção, também, entre a
aproximação objectiva e a do sentido vivido, ao nível do ou dos agentes em situação”.
Existem dois aspectos a salientar:
1. Insistência na interacção.
2. Importância de tomarmos, simultaneamente, em conta a que poderia ser a dimensão objectiva e a
dimensão subjectiva da realidade.

 Definição de BBaarroonn,, BByyrrbbee ee G
Grriiffffiitttt, 1974 – “ (…) o campo da psicologia social será definido
como o ramo da psicologia moderna que procura investigar o modo pelo qual o comportamento, os
sentimentos e os pensamentos (e.g., atitudes, crenças ou opiniões) de um indivíduo são influenciados e
determinados pelo comportamento e/ou características dos outros” – é uma variação da definição de
Allport.

 Definição de TTeeddeesscchhii ee LLiinnddsskkoolldd, 1976 – “a psicologia social é o estudo científico da
interdependência, da interacção e da influência entre as pessoas. A interdependência reflecte o facto de
que a maior parte das coisas que uma pessoa deseja não pode ser obtida sem a colaboração de outras
pessoas (…) Esta interdependência das pessoas fornece a base para a cooperação e conflito entre elas.
As pessoas interagem umas com as outras porque são interdependentes; precisam umas das outras. No
decurso da interacção, é exercida a influência”.
136
É uma definição em que o autor não se situa só num plano descritivo mas procura fornecer um
quadro de articulação teórica entre três conceitos:
 Interdependência (desempenha um papel principal, nada nos homens é possível sem a relação
com os outros).
 Interacção.
 Influência.
Existe uma ambiguidade essencial das relações sociais: conflitualidade e cooperação – oscilando
entre estes dois extremos (são muito importantes). Os processos de relação social devem ser abordados:
(1) de uma forma a precisar a unidade mínima de análise e (2) ao nível do sistema de auto-organização
capazes de processar a informação.

 Definição de LLeeyyeennss, 1979/1981 – “O problema é que é mais fácil nomear os psicólogos sociais
do que definir a unidade dos seus campos de interesse. Consideremos, portanto, a definição mais ampla
possível, com risco de falta de precisão que isso implica, e digamos que a psicologia social humana trata
da dependência e da interdependência das condutas humanas”.
Reconhece alguma ambiguidade naquilo que é a psicologia social. Diz que o que está em causa é a
interdependência das condutas. Ainda, há que notar que não há uma separação total das disciplinas – o
que é fundamental é o que é o objecto teórico.

 Definição de G
Geerrggeenn ee G
Geerrggeenn, 1981/1984 – “Em termos formais, a psicologia social é uma
disciplina onde estudamos de modo sistemático as interacções humanas e os seus fundamentos
psicológicos”.
O que é importante, nesta definição é a ênfase/tónica nos fundamentos da psicologia das interacções.

 Definição de M
Moossccoovviiccii – “ Eis pois uma primeira fórmula: a psicologia social é a ciência do
conflito entre o indivíduo e a sociedade. (…) E formularei, escrevia eu então (1970), como objecto
central, exclusivo para a psicossociologia, todos os fenómenos respeitantes à ideologia e à comunicação,
ordenados no plano da sua génese, da sua estrutura e da sua função. No que diz respeito aos primeiros,
sabemos que consistem em sistemas de representações e de atitudes (…). No que concerne aos fenómenos
de comunicação social, eles designam trocas de mensagens linguísticas e não linguísticas (imagens,
gestos, etc.) entre indivíduos e grupos. Trata-se dos meios utilizados para transmitir uma certa
informação e influenciar o outro. (…) Possuímos, agora, uma segunda formula: a psicologia social é a
ciência dos fenómenos de ideologia (cognições e representações sociais) e dos fenómenos de
comunicação”.
Moscovici e Tajfel representam fundamentalmente as figuras principais da psicologia social
europeia (PSE). Nesta definição, Moscovici acaba por dizer que o que é fundamental na psicologia social
é a iiddeeoollooggiiaa (fenómenos de representações sociais e atitudes/cognições. Podemos ligar o Marxismo ao
conceito de ideologia. O termo ideologia surge no final do séc. XVII, como o estudo das ideias, quase
como sinónimo do conceito de psicologia), e ccoom
muunniiccaaççããoo (transmissão da informação e influência
social. A comunicação tem uma dupla vertente/estatuto – por um lado, é a via pela qual transmitimos a
informação aos outros, e, por outro lado, é por este meio que tentamos influenciar os outros).
Aquilo que distinguiria a psicologia social das outras disciplinas (psicologia e sociologia), em termos
de conceptualização: é que enquanto a psicologia assenta na relação individual entre o sujeito e o meio e a
sociologia na relação entre o sujeito colectivo e o meio; a psicologia social escolhe uma modalidade
triádica: a relação entre objecto/sujeito é mediatizada pela passagem por um outro objecto social – não há
relações naturais!
137
O esquema assenta na ideia da relação social que obrigatoriamente tem que passar pela intervenção
com o outro sujeito (a relação entre o eu e o outro pode caracterizar-se como uma relação mediatizada por
um terceiro termo: o alter em mutua interacção com o sujeito/ego e o objecto social). Ou seja, a importância
de termos uma leitura triádica mediada pela relação social que mantemos com os outros é salientada pelo
autor.
Estas duas
definições
são apenas
derivações
da definição
de Allport.

 Definição de FFeellddm
maann, 1985 – “Deveremos considerar a disciplina (psicologia social) como uma
que examina o modo como os pensamentos, os sentimentos e as acções de uma pessoa são afectadas
pelos outros”.

 Definição de M
Myyeerrss, 1988 – “Assim, do ponto de vista formal, podemos dizer que a psicologia
social é o estudo científico do modo como as pessoas pensam acerca, influenciam e se relacionam com
outras”.

 Definição de SSm
miitthh ee M
Maacckkiiee, 1995 - “A psicologia social é o estudo cientifico dos efeitos dos
processos sociais e cognitivos no modo como os indivíduos percebem, influenciam e se relacionam com
os outros. Note-se que esta definição afirma que a psicologia social é uma ciência, que os psicólogos
sociais estão tão intensamente interessados nos processos sociais e cognitivos subjacentes como no
comportamento aberto e que a preocupação central da psicologia social é o modo como as pessoas
compreendem e interagem com os outros”.
Há uma insistência nos processos cognitivos. A psicologia social nunca teve uma fase que não fosse
cognitivista – a importância dos conteúdos internos, representações, cognições… foi desde o início o
objectivo de estudo da psicologia social.
Estamos sempre, constantemente, independentemente de queremos ou não, a formar/criar impressões sobre os outros.
Os pressupostos que tem orientado a produção de conhecimentos em psicologia social são as relações
conhecimento-acção e indivíduo/sociedade.
Destas dez definições podem salientar-se cinco conceitos fundamentais da psicologia social
(operadores teóricos – macro-conceitos):





Interacção
Comunicação
Relação
Interdependência
Influência social
Estes estão colocados num plano de observação
Situam-se mais num plano explicativo
Relativamente ás definições, os aspectos mais enfatizados são:

, 
 e
 – Influência social

 e
 – Interacção social

 e
 – Interdependência

 – Comunicação

 e
 – Não fazem referência a nenhum aspecto específico
138
D
Deeffiinniiççõõeess eem
m rreelleevvoo:
 Definição 
 de G. Allport
 Definição 
 de Tedeschi e Lindskold – onde põe em relação os processos de interdependência,
interacção, relação e influência.
 Definição 
 de Moscovici – dá muita atenção ao conflito entre a esfera individual e a esfera
social. Apresenta uma redefinição da psicologia social que se preocupa com os fenómenos de
ideologia e comunicação (quando comunicamos procuramos influenciar os outros).
Existem diferentes níveis de análise na comunicação (Moscovici):




Comportamentos concretos
Um nível abstracto que se refere às opiniões
Um nível mais abstracto ainda, que se refere às atitudes
Existe, ainda, um nível mais abstracto, que se refere às ideologias (sistemas de
valores e orientações de uma sociedade).
Ou seja, estes são conceitos que vão das acções concretas, as opiniões e ideologias.
H
Hiissttóórriiaa ddaa PPssiiccoollooggiiaa SSoocciiaall
É possível retratar a história da Psicologia Social recuando até à antiga Grécia – Aristóteles dizia que
o “homem é um animal político”. Mas também podemos remontar ao século XVIII e século XIX numa
perspectiva mais próxima da actualidade.
A primeira grande oposição a considerar é entre a psicologia de Tarde (que dá mais importância aos
fenómenos psicológicos – primazia em relação aos fenómenos sociais) e a psicologia de Durkheim (que
dava primazia aos fenómenos sociais).



Nos anos 50 predomina uma abordagem gestáltica ou configuracional.
Nos anos 60 predomina uma abordagem de integração da informação.
Nos anos 70 predomina uma abordagem baseada na memória.
De notar que a Psicologia Americana é mais centrada no indivíduo, ou seja, dá primazia ao individual sobre o social.
No paradigma do homem como computador as representações podem ser entendidas como princípios
organizadores de actividades cognitivas específicas.
E
Em
meerrggêênncciiaa ddoo ppaarraaddiiggm
maa A
Am
meerriiccaannoo:
A Psicologia tornou-se uma disciplina autónoma, na primeira metade do século XX, nos EUA. Por
tal, tem uma “curta existência e uma longa história”, como afirmou Ebbinghaus em relação à Psicologia.
Os problemas a que procura dar resposta são muito antigos (já precisados desde a filosofia Grega…
dividindo-se em diversos ramos de conhecimento humano e social).
No século XIX, como afirmou Gordon Allport, é um momento em que as “teorias simples e
soberanas” (behaviorismo, cognitivsmo e teoria da forma) competem para alcançar um princípio unitário
de explicação comum a psicólogos, sociólogos, antropólogos, … ou seja a várias ciências, mas é também
a altura em que os saberes de referência se separam e os métodos de cada um se especializam.
No final do século XIX, com Galton (Inglaterra), Fechner e Helmholtz (Alemanha) a psicologia
torna-se um campo de pesquisa em que os efeitos de aspectos da realidade, traduzidos pelos parâmetros
de realidade, são procurados na inflexão que produzem em acontecimentos mentais (há um reducionismo
do estimulo à sensação e aos correlatos neurológicos – por isso tornou-se necessário outras dimensões,
como a social, para a construção de uma psicologia humana).
Nos EUA, a psicologia aderiu a uma marcada orientação funcionalista (James, 1890) e pragmatista
(Dewey, 1886, 1922), e cedo se envolveu, em grau muito mais marcado que a Europa, com necessidade
de a aplicar a vários domínios (educação, industria, opinião publica, medicina…).
Foram estes dois aspectos (o funcionalismo e a aplicação) que melhor explicaram que a América
reunisse as melhores condições para que a psicologia Social se autonomizasse.
139
As figuras de destaque no fundo americano:
 Bartlett (um inglês – através de um livro publicado em 1932 – “Remembering”)
 Sherif (um turco)
 Lewin (um alemão)
 Heider (um austríaco)
 Asch (um polaco)
Todos eles contribuíram para que um objecto específico da psicologia Social emergisse das
hesitações entre, por um lado, tentar explicar o domínio socioeconómico-cultural postulando mecanismos
psicológicos e por outro, ao invés, a fazer do psicológico uma mera decorrência daquele domínio.
Eles ao demonstrarem que a interdependência do comportamento podia ser estudas e que podia
fornecer explicações práticas, novas e relevantes, estes autores contribuíram para que um objecto,
singular e independente, se tornasse o foco da psicologia Social.
A questão do método levou muito tempo a estabilizar e resultou, por um lado, do processo negativo
de «normalização» da ciência, e, por outro lado, do processo positivo de autonomização de psicologias
sociais aplicadas a várias áreas.
Em termos históricos, em 1908, por coincidência ou não, um psicólogo (centrado nos instintos) de
origem inglesa, M
MccD
Doouuggaalll , e um sociólogo (centrado na imitação social), EE.. R
Roossss, publicaram livros
intitulados “Social Psychology”. Nestes livros pode ver-se o reflexo de duas orientações dominantes na
psicologia Americana, centrada sobre a pessoa e sobre a situação social.
É de salientar também um artigo de Triplet sobre a competição e a facilitação social. Nas suas
investigações conclui que os ciclistas quando corriam sozinhos corriam menos (mais devagar do que
quando corriam acompanhados de outros ciclistas)
O que leva a Zazong, em 1968, a falar em facilitação social – identificou as situações de facilitação
social nas tarefas que executamos bem a performance melhora se estamos na presença dos outros. Em
tarefas que estamos menos aptos a nossa performance piora na presença dos outros. Ou seja, ele tentou
verificar se a facilitação social é uma lei universal e conclui que funcionamos melhor em tarefas nas quais
estamos à vontade (senão somos prejudicados pela presença dos outros).
As atitudes irão aparecer como o constructo central da psicologia social nascente por congregarem
num só conceito, a percepção e a crença sobre uma realidade social, a sua atractividade ou repulsa e a
propensão para agir sobre ela de uma maneira específica e com certo empenho.
Não obstante o pioneirismo de McDougall e Ross, foi o livro de BBaallddw
wiinn, “The Individual and
Society” publicado em 1919, que deu foro à psicologia social no seio das ciências sociais. Este autor
parece ter sido o primeiro americano a usar a expressão “psicologia social”.
Presente nos textos dos três primeiros autores surge uma controvérsia, que parte de Galton, e que
opõe explicações sociais em termos de factores biológicos (hereditariedade e instinto) ou em termos de
factores sociais (aprendizagem e desenvolvimento pessoal social e culturalmente condicionado).
O êxito do comportamentismo na América irá fazer pender a balança para o prato da aprendizagem
social. Esta postura irá influenciar a sociologia americana e a antropologia cultural.
Sintetizando:
 O papel social (modelo de desempenho ligado a uma posição social) é igualmente uma
disposição comportamental adquirida. Na sua origem encontramos 3 autores: H. Mead (1912),
Merton (1957) e Goffman (1959).
 A década de 30 é dominada pelos antropólogos (entre eles Margareth Mead, de matriz mais
funcionalista e Ruth Benedict de matriz mais estruturalista).
 Em 1932, Bartlett publica em Inglaterra “Remembering” (que viria a influenciar tanto a
psicologia cognitiva quanto a social, em diversas gerações de americanos).
 Na década de 40, a psicologia social deu os passos decisivos para a sua independência por força
dos emigrados europeus, fundamentalmente Kurt Lewin.
 Em 1952, o livro de Asch “Social Psychology” será o último dos grandes clássicos influenciado
por uma corrente, a psicologia da Gestalt.
 Por fim, com Murchisson (1935), e a partir de 1954 e com novos editores, Lindzey e Aronson,
em 1968 e 1985, será o “Handbook of Social Psychology” a referência fundamental da área.
A Psicologia Social constituiu-se nos EUA a partir de uma psicologia que era fundamentalmente
funcionalista. William James, que não era um experiencialista, reconheceu a importância da linha alemã
mas não deixava de a criticar, opondo-se ao elementarismo de Wundt.
140
Quando James examina a corrente de pensamento ele afirma que a consciência é pessoal (pertença de
alguém). Além disso, a consciência está sempre a mudar, mas esta opera-se na continuidade, sendo de
salientar que a consciência é selectiva (que é ditada pela relevância dos estímulos).
John Dewey irá aliar o funcionalismo ao pragmatismo e, por esta via, a psicologia americana irá lidar
com a mente em acção e não com um mero sujeito passivo que responde a estímulos.
Angell (1904) define os princípios da psicologia funcionalista, assim, ela é uma psicologia das
operações mentais em contraste com a psicologia dos elementos mentais, visando as utilidades
fundamentais da consciência (os actos psicológicos são acomodatórios e medeiam entre o ambiente e as
necessidades do organismo). Pode mesmo dizer-se que se trata de uma psicofísica, por abranger a
totalidade orgânica mente-corpo.
Se este fundo funcional-pragmático constitui a base ideal para o desenvolvimento de uma psicologia
social psicológica-utilitária, ele também impediu os psicólogos americanos de encararem certos aspectos
estruturais e certas tensões e conflito inerentes à vida e à sua dinâmica. Coube à psicologia europeia
corrigir de algum modo esta distorção.
PPrriinncciippaaiiss ffiigguurraass:
 O
O iinnddiivviidduuaall ee oo ccoolleeccttiivvoo:
 BBaarrttlleetttt:
Em 1932, publicou “Remembering”, no qual criticou a orientação de McDougall, acusando-o de ter
sido uma má influência, uma vez que torna a psicologia social um conflito entre psicólogos instintivistas e
todos os outros, impedindo a produção de investigações significativas.
Este autor considerou a psicologia social o estudo sistemático das modificações da experiência e
respostas individuais directamente devidas à pertença a um grupo. Este avança a ideia de que um grupo é
uma unidade organizada, deve ser considerado como a verdadeira condição da reacção humana.
Bartlett procura estabelecer a continuidade necessária entre a psicologia cognitiva e a psicologia
social. Do seu ponto de vista existem 3 tipos de áreas de estudo que se abrem à psicologia social:
 Todos os tipos de condutas indirectamente determinados por factores sociais, detectados no
interior do grupo.
 Todos os tipos de condutas indirectamente determinados pela sociedade.
 Situações em que os dois grupos sociais diferentes entram em contacto um com o outro e nos
quais os núcleos de crenças, tradições e instituições sofrem modificações.
Para Bartlett o fundamental é que os sujeitos sejam todos examinados nas mesmas condições
psicológicas. Para se atingir tal finalidade, o que importa não é garantir que os sujeitos são colocados nas
mesmas condições objectivas, pelo contrário, não hesitou em variar a apresentação do material «de pessoa
para pessoa» se pensasse que fazendo assim poderia obter melhores condições comparáveis, do ponto de
vista subjectivo. Ele atribuía, tal como os psicólogos da gestalt, um valor secundário ao uso da estatística.
 SShheerriiff:
Demonstrou que os quadros de referência culturais eram determinantes fundamentais do modo como
os indivíduos interpretavam os acontecimentos. Este autor introduz uma técnica de manipulação dos
sujeitos de experimentação e defende que a base psicológica das normas sociais estabelecidas, tal como
os estereótipos, as convenções, os costumes e os valores e a formação de quadros de referência comuns,
são produto de contactos entre os indivíduos.
 M
MccC
Clleelllaanndd:
Este foi discípulo do primeiro americano (Murray) a adoptar Freud, procurando estabelecer um
quadro das necessidades humanas e construir um instrumento para as avaliar – o TAT – um teste
projectivo que usa como estimulo figurações ambíguas. McClelland apreciou o facto desta técnica
fornecer um novo método de avaliara a motivação humana através da análise de produções fantasiosas de
sujeitos ou de povos. A motivação avaliada através da fantasia será implícita, sendo mais forte e
perdurável sobre o comportamento que as que se obtém através dos inquéritos (explicita).
Este autor interessou-se primeiro pelo motivo de êxito e depois pelos do poder e afiliação,
completando o quadro dos motivos sociais com o motivo de inibição da acção.
O aspecto central a realçar na contribuição de McClelland refere-se ao uso do mesmo corpo teórico
para explicar tanto o comportamento individual quanto o colectivo.
141

D
Daa tteeoorriiaa àà pprrááttiiccaa ee ddaa pprrááttiiccaa àà tteeoorriiaa
 K
Kuurrtt LLeew
wiinn:
Os seus interesses primeiros dizem respeito à memória e à percepção e, por extensão, à psicologia da
criança. Contudo, desde o início, Lewin dá particular relevo à psicologia aplicada, ou seja, à psicologia
inserida na vida quotidiana, na solução de problemas sociais.
A experiência como soldado na Grande Guerra leva-o a escrever “A paisagem da guerra (1917), no
qual define as noções de barreira, espaço vital e direcção de zona, que virão a -se na sua teoria
topológica.
Em 1920, publica um artigo no qual defende que as pessoas produzem para viver e não vivem para
produzir. Por isso mesmo o bem-estar do trabalhador e a satisfação resultam da sua postura psicológica,
do aumento do valor intrínseco do próprio trabalho.
Este autor postula uma revolução epistemológica, para ele as ciências sociais, e particularmente a
psicologia, devem abandonar a comparação entre “dicotomias absolutas e estáticas” e adoptar a “mudança
galileica”, que pensa em termos de sequências dinâmicas. Só assim se podem perceber variações e
estados de transição.
Por influência da postura gestáltica fundamental, vai pensar a psicologia em termos da física,
adoptando as noções de campo de forças, fontes de energia, sistemas de tensão… Só através da
apreciação do campo psicológico total (espaço vital), num dado momento e num caso concreto, é possível
prever o comportamento (as metáforas físicas eram expedientes para passar da teoria à prática e da prática
para a teoria).
Lewin observou o que se chamou sistema de tensão, que se constitui à medida que se realiza uma
tarefa contudo quando se termina a tarefa não se deixam traços na memória. Depois deste facto ter sido
provado, vários estudos comprovaram que não é possível estudar a cognição isoladamente da motivação.
Lewin foi um dos primeiros cientistas judeus a emigrar para a América. Em 1935, já na América,
publica a versão inglesa de “uma teoria dinâmica da personalidade” e em 1936 publica “Princípios da
Psicologia Topológica”.
No final da década de 30 publicam-se estudos, de acordo com as intuições de Lewin, sobre o papel da
liderança e das atmosferas de grupo, estes marcaram a transição de uma psicologia centrada no indivíduo
para uma psicologia centrada no grupo (passam a observar-se as propriedades do grupo, uma vez que a
realidade para um indivíduo é, em certo grau, detectada pelo que é socialmente aceite como tal) – a
realidade difere de acordo com o grupo a que o individuo pertence.
Consideraram-se 3 tipos de liderança: democrática, autoritária e lassez-faire – se a liderança
democrática é a que induz maior satisfação e cooperação, não é a que leva a maior produção. Isto
acontece na situação autocrática, mas com muito menor satisfação. A situação laxista é a que produz
piores resultados em ambas as avaliações. Lewin começou a partir daqui a estruturar a sua ideia de
observador participante e de investigação-acção.
O termo de dinâmica de grupo foi cunhado por Lewin. Este autor começou a fazer experimentações
com grupos, concluindo que nestes pode residir a força necessária para modificar atitudes individuais,
mesmo as mais arreigadas e tradicionais (a partir desta base, discípulos de Lewin, começaram a intervir
com sucesso em organizações produtivas, relançando em bases sólidas a psicologia das organizações).
A sua contribuição, essencialmente no que respeita à dinâmica de grupos, pode ser resumida do
seguinte modo:
 Sempre que um homem se junta a um grupo é, significativamente, mudado e induz mudanças
nos outros membros. Quanto mais atractivo for um grupo, mais pressão exerce sobre os seus
membros.
 Para se conseguir uma mudança num grupo é indispensável alterar o seu equilíbrio. O
comportamento de um grupo como um todo pode ser mais facilmente alterado que o dos seus
membros isolados.
 O desejo de se manterem juntos, ou coesão de grupo (resultante de forças de atracção e
repulsão entre os membros), é a característica essencial do grupo como tal.
 Um dos factores que mais contribuem para a coesão é a verificação individual de que, no
grupo, se têm mais probabilidades de atingir as suas próprias finalidades.
 Com o tempo e com as interacções no grupo, desenvolvem-se finalidades e padrões de acções
comuns. Então, os membros são levados a reformular as suas próprias finalidades pessoais –
pertencer a um grupo significa aderir aos seus padrões (código de grupo). Pela mesma razão
um grupo pode servir de referência.
142


Qualquer grupo de trabalho para a resolução de problemas oscila sempre entre duas
modalidades de acção, incompatíveis no mesmo momento: um grupo ou trabalha para a
coesão ou trabalha para a resolução de problemas.
Os grupos bem organizados e produtivos têm membros muito diversos. Não é a similaridade
entre as pessoas que mantém um grupo, mas sim a interdependência (o todo não é apenas mais
do que somas das partes, é qualitativamente diferente).
A psicologia de grupo demonstra que uma psicologia que procure elucidar os problemas através do
estudo da personalidade é incompleta, visto que é claro e facilmente demonstrável que o comportamento
de grupo é tanto função das pessoas individuais quanto da situação social.
A partir daqui, Lewin definiu 6 áreas de estudo da psicologia de grupo:
1. Produtividade de grupo.
2. Comunicação e difusão da influência social.
3. Percepção social.
4. Relações inter-grupais.
5. Participação no grupo e ajustamento individual.
6. Treino de líderes.
143

A
A iinntteerrddeeppeennddêênncciiaa ddoo ccoom
mppoorrttaam
meennttoo nnaass rreellaaççõõeess iinntteerrggrruuppaaiiss
 H
Heeiiddeerr ee A
Asscchh:
Heider desenvolveu uma teoria configuracional das relações interpessoais, que elabora em “A
psicologia das relações interpessoais” (1958). Para ele, uma relação entre duas pessoas é uma
configuração (Gestalt), uma vez que qualquer pessoa “reage ao que ela pensa que a outra pessoa está a
perceber, sentir ou pensar, para além do que ela está a fazer”. Por isso, uma pessoa desenvolve atitudes
relativamente às outras pessoas, que são reguladas por um princípio de equilíbrio.
Gostar ou não de uma pessoa constitui uma relação unitária de pertença, uma configuração, que tem
de se manter em equilíbrio cognitivo, ou seja, modificações na percepção que induzem mudanças em todo
o sistema de pensamento, sentimento e acção, de modo a que ele seja de novo equilibrado.
Heider vai influenciar a teoria da dissonância cognitiva de Festinger e constitui a base das teorias de
atribuição causal. Ainda, este autor ajudou a descentrar o foco da psicologia social das pessoas para as
relações interpessoais.
Uma das últimas personalidades directamente influenciadas pela Gestalt foi Asch, que publicou
“Psicologia Social” (1952), no qual se evidencia uma profunda cultura humanista e gosto pela
experimentação.
Segundo Asch para percebermos uma pessoa devemos encará-la no contexto da situação e do
problema que defronta, e devemos ter cuidado no modo com se observa, uma vez que, quando o
fenómeno observado tem ordem e estrutura, é perigoso concentrar-se nas pessoas e perder de vista as suas
relações. Asch levou estes princípios, bem como a lei de praegnanz, à própria estruturação das situações
experimentais sociais.
As experiências originais, Asch convocava sujeitos para uma experimentação sobre discriminação perceptiva.
Sem que disso se apercebesse, cada sujeito experimental era sentado num lugar, previamente escolhido, no contexto
do grupo constituído por confederados do experimentador. Depois era pedido a cada um dos sujeitos, por ordem de
lugar na sala, que dissesse qual de duas rectas, muito próximas em comprimento, era maior. De inicio tudo corria
normalmente, mas a certa altura, os sujeitos, sentados antes do verdadeiro sujeito experimental, davam respostas
erradas (que a recta menor era a maior) e o experimentador considerava como certas. Chegada a vez do sujeito cujo
comportamento demonstrava, mais ou menos exuberante, a sua preocupação, este via-se perante o dilema de dizer o
que realmente via, ou dizer o que os outros tinham dito e o experimentador havia confirmado.
Um extenso grupo de experimentações, com inúmeros sujeitos e incontáveis variações, demonstrou que,
globalmente, 67% das pessoas optam pela solução conformista de negar a própria evidência sensorial e de dizer o que
os outros disseram.
A psicologia social manteve-se nos EUA fundamentalmente como sub-disciplina da psicologia. A
influência inicial da sociologia, antropologia e da psicologia clínica foi diminuindo ao longo do tempo.
Pode considerar-se o desenvolvimento da psicologia social americana como a aplicação de um
método com fraca referência à teoria. Tal método tem sido quantificante e tem beneficiado dos progressos
da estatística multivariada. De um lado, há que ser capaz de operacionalizar tudo o que, genericamente, se
refere por estímulos sociais. Do outro, buscam-se procedimentos para dar conta das respostas sociais.
Os psicólogos sociais estiveram desde sempre interessados em algo mais complexo que o
comportamento observável (sempre visaram mais disposições comportamentais persistentes) que aquilo
que simplesmente os sujeitos fazem e dizem. Por outro lado, e também desde sempre, os estímulos sociais
virtuais, antecipados, imaginados ou inventados foram parte da sua busca.
Pode ainda, encarar-se o desenvolvimento da psicologia social americana como uma resposta
específica e articulada para resolver problemas sociais.
A
A PPssiiccoollooggiiaa SSoocciiaall E
Euurrooppeeiiaa:
O conceito de psicologia social europeia é, de certo modo, controverso e houve mesmo alguma
hesitação em adoptar este conceito. Faz, com efeito, pouco sentido admitir que uma disciplina científica
possa estar submetida a critérios de geografia. Mas como nas ciências sociais, como as questões estão
sujeitas às influências sociais e culturais torna-se possível esta designação.
Existem várias razões para manter a designação de PSE:
 Ela é a corrente na literatura da especialidade, sobretudo europeia. Não se trata de uma categoria
inventada – é uma expressão duma prática já consagrada.
- 144
-

Corresponde a um movimento que se institucionalizou, ou seja, segundo Moscovici, é uma
representação social já objectivada. Esta objectivação teve lugar através da criação duma
associação – a Associação Europeia de Psicologia Social Experimental.
Esta actividade institucional tem contribuído de forma significativa para a formação dum espírito de
grupo e para a definição duma identidade social. Também aqui se aplicam conceitos desenvolvidos no
âmbito do PSE, designadamente Tajfel e associados. De acordo com esta perspectiva, os grupos não estão
isolados, não existem no vácuo, pelo que a sua identidade é, em grande parte, formada mediante
mecanismos de diferenciação, relativamente a outros grupos.
Os psicólogos europeus adquiriram a sua identidade reivindicando uma especialidade que os
diferencia da psicologia social praticada pelos seus colegas americanos. A PSE fornece um quadro de
referência teórico que permite explicar a legitimar o seu próprio movimento enquanto tal. Uma
confirmação indirecta da identidade social da PSE é dada pelo facto de serem sobretudo os psicólogos
europeus a recorrerem ao conceito.
Nos textos americanos a expressão não aparece por via de regra, nem tão pouco se reconhece a
prática dos psicólogos europeus qualquer semelhança de estilo ou de preferência temática. A psicologia
social Americana (PSA) enquanto grupo dominante e homogéneo, tende a classificar as práticas dos seus
colegas europeus na representação restritiva, mas com valor universal, do que deva entender-se por
psicologia social.
O
Orriieennttaaççõõeess ddaa ppssiiccoollooggiiaa ssoocciiaall nnaa EEuurrooppaa ee nnooss EEU
UA
A
Em 1990, Scherer enviou um questionário a cerca de 80 psicólogos dos EUA e da Europa, onde lhes
pedia para identificar os desenvolvimentos mais importantes bem como algumas das principais
influências identificáveis na psicologia social nos últimos 20 anos (a partir da década de 70). O
questionário incluía também uma questão sobre as diferenças entre a PSA e a PSE, em que medida
reconheciam os inquiridos um papel especial para a PSE, tanto no passado como no presente e no futuro.
As respostas obtidas por este investigador são elucidativas: cerca de metade dos inquiridos
americanos não reconhecem a existência ou a necessidade dum papel especial para a PSE, enquanto
praticamente todos os representantes europeus concordaram fortemente com a sua existência como pela
sua necessidade.
Quanto à natureza das práticas verificou-se acordo em que a PSE adoptava uma orientação menos
individualista, mais filosófica e mais consciente da história e que se revelava particularmente forte no
domínio das relações intergrupos (o seu papel limitar-se-ia a dar diversidade cultural e linguística e a
moderar alguns excessos da PSA).
As diferenças apuradas por Scherer sugerem de forma muito clara que a maioria dos psicólogos
americanos adopta a perspectiva de que a ciência é universal e não ideológica, pelo que não teria sentido
recorrer a critérios regionais em questões de natureza substantiva. Em contrapartida, os seus colegas
europeus revelam-se mais sensíveis à influência do factor ideológico, determinando os temas, as teorias e
os métodos adoptados na investigação em ciências sociais.
A PSE não se limita assim a um papel de diversificação ou de especialização subdisciplinar. Ela vai
mais longe, já que reivindica um maior alcance e um maior rigor epistemológico para o produto que
oferece. Assim, a PSE é não apenas uma psicologia diferente como também uma psicologia social
alternativa.
Para especificar um pouco mais as diferenças entre a PSA e a PSE, analisam-se os temas
predominantes nos últimos 20 anos. Jaspers agrupou os temas que apareciam, com uma frequência dupla
ou superior, nas publicações “European Journal of Social Psychology” e no “Journal of experimental
Social Psychology” e, também, aqueles temas que aparecem com frequência idêntica em ambas.
Os tópicos fortes da PSE são a influência social, associada ao nome de Moscovici, e os processos
intergrupo, associados ao nome de Tajfel.
No que se refere à influência social há que notar que é um tema que fora anteriormente desenvolvido
no âmbito da PSA por psicólogos de origem e formação europeia. É tradicional incluir na influência
social o fenómeno da conformidade (estudado por Asch) e o fenómeno da convergência (estudado por
Sherif). Moscovici veio enriquecer este domínio introduzindo um terceiro processo – processo de
inovação.
Quanto aos processos intergrupos desenvolvido por Tajfel, também podem ser inseridos numa linha
de investigação inicialmente centrada nos processos interindividuais – o chamado movimento “New
Look”, protagonizado por Bruner.
- 145
-
Note-se que a PSE tem uma história ainda mais curta que a PSA (anos 60), muito embora se invoque
que esta beneficiou da contribuição dos psicólogos europeus que emigraram para os EUA. Esta
emergência tardia da PSE ajuda a explicar que, não obstante as zonas de distintividade relativa, haja
igualmente uma série de temas que mobilizam atenção idêntica aos psicólogos da PSE e da PSA.
Um traço que todavia marca, toda ou pelo menos grande parte da PSE, mesmo quando aborda temas
como a atribuição causal, é a preocupação em inserir a explicação num contexto social mais alargado,
centrada nos grupos e na sociedade. Numa frase: “uma psicologia social mais social”.
Um dos calcanhares de Aquiles da psicologia Social é o fenómeno da moda – estudam o que na
altura está na moda, o que se observa na PSA, quando abandona o estudo da equidade e comportamento
de ajuda, e também na PSE, relativamente à inclusão de temas como a comunicação e agressão. Pode
observar-se uma certa convergência entre ambos os lados a nível da atracção interpessoal, autoconsciência e influência social.
Jaspers acaba por concluir que as duas psicologias sociais são mais interdependentes que
antagónicas, limitando-se o papel social da PSE a contribuir para criar uma maior diversidade temática e
analítica. Tal conclusão põe novamente em causa a inovação da PSE enquanto orientação epistemológica
específica e concorrente com a psicologia social normal, praticada não apenas pelos psicólogos sociais
americanos mas também por todos aqueles que adoptam exclusivamente o método experimental.
PPoonnttooss ddee ddeebbaattee
Segundo Rijsman e Stroebe, o panorama actual da disciplina caracteriza-se por dois paradigmas
antagónicos:
 O velho paradigma (exemplificado por Nuttin e Zazong), baseado na perspectiva da psicologia
social como ciência natural. De central neste paradigma a orientação hipotético-dedutiva e a
crença nos mecanismos causais internos que podem ser detectados através de uma investigação
empírica rigorosa.
 O novo paradigma (defendido por Gergen e Harré), rejeitam o modelo hipotético-dedutivo, a
crença nos mecanismos causais internos e a ideia de que as leis da psicologia social tenham de
ser descobertas através duma investigação empírica rigorosa.
Quanto às posições de Doise e Moscovici pode concluir-se que tem uma posição a meia distância
entre os dois paradigmas extremos – típico de ambos é a sua adesão à experimentação e À investigação
em campo. Estes autores, com Tajfel, são considerados os pais fundadores da PSE.
A sua posição por eles sustentada sobre a crise da psicologia social vem claramente ilustrar e
confirmar a ideia duma tentativa de superação das posições antagónicas através de uma síntese
conciliando as vantagens epistemológicas de ambas as orientações.
Um exame dos projectos desenvolvidos por estes dois autores veio demonstrar que o compromisso
epistemológico é precário e instável, se não mesmo insustentável – pois entre o método e o objecto
existiria uma solidariedade e uma determinação recíproca difíceis de contornar.
 M
Moossccoovviiccii:
Em termos da sua contribuição para a psicologia social, pode identificar-se em primeiro lugar (1969)
os estudos que levou a efeito sobre o fenómeno do risk-shift, que revolucionou, ao mostrar que este era
apenas um caso particular dos grupos para adoptarem posições mais extremas do que a média das
posições individuais.
Em segundo lugar (1976), os estudos sobre as minorias activas e a influência social que elas podem
exercer sobre as maiorias.
Deve-se a estes estudos a abertura de uma linha de investigação extremamente importante sobre os
processos de inovação e mudança social, que culminaram na formulação da teoria da conversão. Neste
dois grandes domínios de investigação Moscovici adoptou o método experimental.
De acordo com Doise a explicação da influência minoritária dada por Moscovici envolve dois
primeiros níveis de análise. Mais precisamente, a influência minoritária teria a sua origem na consistência
diacrónica ou intra-individual e na consistência sincrónica ou inter-individual.
Moscovici vai tirar das experiências que realizou neste domínio, extrapolando para fenómenos
sociais complexos, como sejam a introdução de novas teorias científicas ou de novas formas sociais e
politicas.
Este autor considera a psicologia social uma “antropologia da cultura moderna”, e justifica a sua
extrapolação desde que se mantenham trocas com outras disciplinas que levantem as mesmas questões,
fornecem um conjunto de dados e dêem algumas orientações teóricas.
- 146
-
A terceira linha de investigação lançada por Moscovici relaciona-se com as representações sociais
(1961). Sendo que para este autor a cognição social aparece subordinada às representações sociais. Mais
do que uma teoria entre outras, as representações sociais constituem um programa de investigação e um
quadro de referência teórico. Este conceito propõe uma psicologia social alternativa, entendida como uma
sociologia do conhecimento prático. Moscovici aceita as definições propostas por outros autores, como
Doise: “as representações sociais são princípios geradores de tomadas de posição ligadas a posições
específicas no conjunto de relações sociais e organizam os processos simbólicos que intervém nestas
relações”.
Com a teoria das representações sociais a psicologia social aproxima-se mais da sociologia e, nesta
medida, está mais perto da sua vocação inicial interdisciplinar, evitando tornar-se mera subdisciplina da
psicologia.
Moscovici recusa-se a aceitar a subalternidade da psicologia social contrapondo a esta um lugar
central e inclusivamente uma função unificadora para a psicologia social, destinada a estudar a ligação
entre a cultura e a natureza, bem como entre os fenómenos sociais (religião, poder, a comunicação de
massas, movimentos colectivos, linguagem e as representações sociais) e psíquicos.
Na sua formulação actual, a teoria das representações sociais não impõe quaisquer restrições e
considera que todos os métodos de investigação incluindo o laboratório experimental, são não apenas
compatíveis mas todos eles importantes para a obtenção de resultados e de hipóteses. É certo que
Moscovici parece privilegiar a orientação observacional à orientação experimental – sendo que para o
autor a observação desempenha um papel proeminente no estudo das representações sociais. Contudo,
acrescenta que nada impede o recurso a métodos quantitativos, não havendo qualquer dificuldade em usar
o método experimental.
Quando se envereda pela via de procura dos mecanismos causais explicativos, recorrendo ao método
experimental, cai-se no terreno armadilhado da cognição social – ou seja, a analise desce para níveis
inter-individuais e a psicologia social regressa ao seu estado de subdisciplina da psicologia.
Moscovici renuncia ao laboratório como meio de investigação das representações sociais. E segundo
Farr, o laboratório é um dispositivo para isolar os fenómenos dos contextos sociais em que eles
naturalmente ocorrem, o “mundo real”, lá fora. Assim, o bom controlo experimental é virtualmente
sinónimo do isolamento de acontecimentos estudados da sua localização no espaço/tempo no interior
duma cultura particular.
No interior da PSE a teoria das representações sociais representa sem duvida a tentativa mais
radicalizada de rompimento com a psicologia social normal e a constituição duma disciplina alternativa,
estabelecendo a ligação entre a psicologia e a sociologia, entre o indivíduo e a sociedade.
 D
Dooiissee:
Tem procurado desenvolver e compatibilizar várias linhas de investigação, sendo de salientar as
relações inter-grupo, as minorias activas, o efeito de inovação, as representações sociais e ainda o
construtivismo genético (continua e prolonga os estudos de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo) –
tenta então estabelecer articulações inter-disciplinares.
Este autor defende sem ambiguidade o recurso ao método experimental, admitindo, todavia, maior
flexibilidade do jogo entre as variáveis independentes, ou seja, uma causalidade circular.
Resultante das orientações actuais e das tensões na psicologia social, pode concluir-se por uma
versão fraca da PSE – é muito dividida no seu interior. Os psicólogos sociais europeus, em contraste com
os seus colegas americanos, e possivelmente isso também se verifica noutras disciplinas sociais,
manifestam uma maior preocupação com os problemas do conflito e do papel que ele poderá
desempenhar na mudança social.
EEssttuuddoo ddaass aattiittuuddeess:
Um conceito central na psicologia social (o mais estudado e o mais antigo) é o conceito de aattiittuuddee
(estrutura cognitiva que está por trás das opiniões, predisposições avaliativas). Falamos de atitudes
sempre que nos referimos a uma predisposição para classificar os objectos de bom/mau, agradável ou
não… Ainda que seja um aparelho disposicional é apreendido – é uma disposição apreendida, ainda que
na sua base possam haver processos biológicos.
Primeiro, o conceito de atitude (fazendo a ponte entre as disposições individuais e ideias socialmente
partilhadas) e, depois, as suas formas de avaliação (as escalas de atitudes) serviram para dar identidade à
- 147
-
Psicologia Social. Assim, é possível traçar a história da psicologia social tendo como referência o modo
como as atitudes foram tratadas.
A atitude de missidentification é mais acentuada nas crianças com menos de 4 anos, segundo o estudo de Clark e
Clark (1941-1959).
E
Evvoolluuççããoo ddoo eessttuuddoo ddaass aattiittuuddeess, segundo McGuire (1985)
Desde o princípio do século até agora, este conceito foi sobrevivendo aos diferentes paradigmas e
níveis de explicação dominantes na Psicologia Social, embora, como acontece em qualquer processo de
desenvolvimento, tenha tido as suas fases de apogeu e as suas crises. Podem definir-se três grandes fases
da psicologia social enquanto ciência do pensamento social (“social mind”):
 1ª Fase – aattiittuuddeess ssoocciiaaiiss: TTeeoorriiaa ddaa D
Diissssoonnâânncciiaa C
Cooggnniittiivvaa
 2ª Fase – ccooggnniiççõõeess ssoocciiaaiiss: TTeeoorriiaa ddaa A
Attrriibbuuiiççããoo
 3ª Fase – rreepprreesseennttaaççõõeess ssoocciiaaiiss: TTeeoorriiaa ddaass R
Reepprreesseennttaaççõõeess SSoocciiaaiiss
Então, a história da psicologia social pode ser vista em referência às atitudes:
Em concomitância com
a analise das
representações sociais





11992200 –– 11993355: a tónica estava colocada na medição das atitudes. Esta é a época áurea dos
trabalhos de Thurstone, Likert… Neste período o objectivo era menos de natureza tónica e mais
de natureza prática.
11993355: surge um trabalho importantíssimo em psicologia social: Kurt Lewin emigra para os EUA
e, juntando alguns colaboradores, faz com que a psicologia social deixe de ter como conceito
principal as atitudes e passe a abordar de modo específico os processos grupais e as dinâmicas
dentro dos grupos.
Nesta época a psicologia social torna-se autónoma.
Festinger (um dos colaboradores de Kurt Lewin) publicou um artigo sobre a “Congregação
social” (em 1954) e sobre “a Teoria da Dissonância Cognitiva” (em 1957) – para ele, os aspectos
motivacionais estão subjacentes às mudanças de atitudes.
11995555 –– 11996655: neste período houve uma centração e um estudo aprofundado sobre as mudanças e
atitudes (o que o homem procura é a harmonia cognitiva) – relaciona-se com as Teorias da
existência de Osgood.
11996655: foram publicados artigos sobre as auto-percepções (Benn) em que se criticam os modelos
de equilíbrio e da dissonância cognitiva. A tónica é colocada nos processos de atribuição e nas
representações sociais (fase cognitiva), como é que os autores sociais explicam as suas condutas
e as das pessoas com as quais interage. Tenta-se minimizar os aspectos motivacionais e afectivos
do comportamento social.
11998800: a última fase tem uma tónica mais englobante. Assim, Moscovici (tendo em conta que via
a psicologia social como a ciência do pensamento social) identificou três fases (Teoria da
Dissonância). Moscovici apresenta uma definição de psicologia social em que a apresenta como
a área que se preocupa com os fenómenos de ideologia e comunicação.
Esses fenómenos foram identificados por D
Dooiissee, em 1982, que considera a existência de quatro níveis
de explicação em psicologia social:


Nível I – IInnttrraa--ppeessssooaall: plano com que os sujeitos organizam as suas percepções, avaliações,
cognições, comportamentos … Põe-se a tónica nos processos internos de tratamento da
informação. O importante é a organização interna das percepções e avaliações. (por exemplo:
temos a Teoria da Atribuição de Kelley e a Teoria do Equilíbrio de Heider)
Nível II – IInntteerr--ppeessssooaall: a tónica é colocada não tanto no modo de organização interna mas na
compreensão do comportamento dos indivíduos em interacção (por exemplo: temos as teorias
sobre a diferença entre actores e observadores de Nisbett e Ross – que depois dão origem ao que
errrroo ffuunnddaam
se chama “e
meennttaall”).
- 148
-
O erro fundamental em psicologia social diz respeito à diferença no modo como eu explico o
meu comportamento (onde privilegio as variáveis circunstanciais – “não fiz isto bem porque não
tinha condições para o fazer”) e como explico o comportamento dos outros (onde privilegio as
variáveis individuais do outro – “está mal feito porque ele é burro, não sabe fazer nada”).


Nível III – IInntteerr--ggrruuppaall: a tónica é posta na explicação de todos os comportamentos reportandose aos efeitos da categorização social, a inevitabilidade da nossa pertença a determinados grupos
sociais. Para compreender o que é a interacção tenho que apelar às dimensões que definem o
indivíduo antes da sua pertença ao grupo e só depois podemos categorizá-lo socialmente (por
exemplo: temos a Teoria da Identidade e Categorização Social de Tajfell).
Nível IV – SSoocciieettaall: neste nível a tónica é colocada nas crenças, valores, representações
partilhadas por grandes grupos de indivíduos numa determinada sociedade (por exemplo: a
Teoria da Representação Social de Moscovici).
Esta participação de Doise não implica que não se possam adoptar diferentes perspectivas para
explicar os comportamentos do indivíduo: a psicologia social Americana centrou-se mais nos dois
primeiros níveis, intra e inter-pessoal enquanto a psicologia social Europeia dedica-se mais ao estudo dos
dois últimos níveis, inter-grupal e societal.
O psicólogo social Thomas (1928) referiu que: “se um homem define uma situação como real, ela é real nas
suas consequências”.
Por isso, Kurt Lewin diz, a respeito do medo de uma criança ao monstro debaixo da cama, que o monstro é
real – pois para a criança é mesmo real!
Desde o início a psicologia social teve uma orientação cognitivista, sempre se interessou pelos
processos internos. Os Processos Internos têm duas funções:
 M
Meeddiiaattiizzaaççããoo – na história podemos ver que houve uma evolução, uma passagem de ‘S-R’ para
‘S-O-R’, onde ‘O’ tem uma função de mediatização, são as variáveis do organismo.
 D
Deeffiinniiççããoo ddaass ssiittuuaaççõõeess//eessttíím
muullooss – ‘O-S-O-R’ não só serve a função de mediatização mas
também de definição.
Estas duas tarefas/funções, tal como o modelo ‘O-S-O-R’ da Psicologia Social, são comuns à
abordagem cognitivista contemporânea reflectida na psicologia social.
O conceito que muitos autores referiam como central na psicologia social é o conceito de aattiittuuddee::
encontramos a atitude em diversas definições – na definição que Moscovici dava de representação social,
das representações sociais da psicanálise (difusão, propaganda…), ainda, na priorização acerca da
psicologia social – onde redefiníamos a história da atitude em termos da evolução da psicologia social.
A consequência da história rica deste conceito foi a dificuldade de encontrar uma definição
consensual para ele.
D
Deeffiinniiççõõeess:
Em 1968, Zazong demonstrou que a simples exposição a um estímulo é susceptível de modificar a nossa
atitude face a esse estímulo. Na sua experiência dava ao sujeito 12 palavras turcas (os sujeitos não sabiam o
seu significado) e pedia para avaliarem essa palavra com a qualificação de bom/mau, numa escala. As
palavras mais mostradas eram as que eram mais avaliadas, a partir de certa altura há saturação.

 Definição clássica de G
G.. A
Alllppoorrtt (1935): “um estado de preparação mental ou neural,
organizado através da experiência, e exercendo uma influência dinâmica sobre as respostas
individuais e sobre os objectos/situações com os que se relaciona”. Para Allport a atitude é o
conceito mais indispensável da psicologia social – as atitudes referem-se a paixões e ódios,
atracões e repulsões, gostares e não gostares…

 A definição de R
Roobbeerrtt A
Abbeellssoonn (1976): “a atitude face a um objecto consiste no conjunto de
scripts relativos a esse objecto”. Esta perspectiva combinada com uma teoria abrangente acerca
da formação e da selecção dos scripts daria o significado funcional ao conceito de atitude que
outras definições não possuem.

 Definição de R
Roosseennbbeerrgg ee H
Hoovvllaanndd (1960): “atitudes são predisposições para responder a
determinada classe de estímulos com determinada classe de respostas”.

 Definição de A
Ajjzzeenn (1988): “atitude é uma predisposição para responder de forma favorável ou
desfavorável a um objecto, pessoa, intuição ou acontecimento”.
- 149
-

 A definição mais recente de atitude é a de A
Allliiccee EEaaggllyy ee C
Chhaaiikkeenn (1993): é um construto
hipotético referente à “tendência psicológica que se expressa numa avaliação favorável ou
desfavorável de uma entidade específica” – com esta definição os autores pretenderam encontrar
uma definição que se ajustasse às diversas perspectivas existentes sobre este tema.
A definição de atitudes como um construto hipotético indica que as atitudes não são
directamente observáveis, ou seja, são variáveis latentes explicativas da relação entre a situação
em que as pessoas se encontram e o seu comportamento. Trata-se, assim, de uma inferência
sobre os processos psicológicos internos de um indivíduo, a partir da observação dos seus
comportamentos.
Ainda, as atitudes são uma tendência psicológica, entendendo-se por este conceito um estado
interior, com alguma estabilidade temporal – é de natureza disposicional, mas este estado interno
é em larga medida uma disposição aprendida e no processo de aprendizagem e formação de
atitudes podemos identificar os processos clássicos de aprendizagem (condicionamento clássico
e operante) e aprendizagem por símbolos (simbólica) – logo, são alteráveis.
As atitudes expressam-se através de um julgamento avaliativo, que tem 3 características
diferentes: direcção (favorável ou desfavorável), intensidade (posições extremadas ou posições
fracas) e a sua acessibilidade (probabilidade de ser activada automaticamente da memória
quando o sujeito se encontra com o objecto de atitude – esta dimensão está associada à sua força,
à forma como foi aprendida e à frequência com que é utilizada pelo sujeito).
Em síntese, a atitude é uma disposição avaliativa – situa um objecto do pensamento numa dimensão
avaliativa. As atitudes referem-se sempre a objectos específicos, que estão presentes ou que são
lembrados através de um indício do objecto (qualquer construção mental que possa ter um carácter
distintivo). Assim, temos atitudes face a entidades abstractas ou concretas, temos atitudes face a entidades
específicas ou gerais, temos atitudes face a comportamentos ou classes de comportamentos. Podemos
falar de atitudes em relação a qualquer objecto mental construído, ou seja, tudo o que pode ser
cognitivamente construído pode ser objecto de atitude, dai se considera que a atitude pode ser dos
conceitos mais genéricos da psicologia social.
Sendo assim, por exemplo:

Três tipos de atitudes face a um grupo social corresponderiam aos estereótipos (expressão cognitiva,
relativa às crenças acerca dos atributos do grupo), preconceitos (expressão afectiva) e discriminação
(expressão comportamental).

A atracção inter-pessoal é uma atitude relativamente a pessoas.

A auto-estima é uma atitude relativamente ao próprio “self”.

Os valores são atitudes face a objectos abstractos ou estados da existência.

Ainda, podemos identificar atitudes sociais e politicas: referem-se a objectos que têm implicações
politicas ou se referem a grupos sociais específicas.
As atitudes referem-se sempre a um tema ou objecto, o que implica juízos avaliativos – expressa-se
através da linguagem e são previsíveis nas suas relações com a conduta social.
Existe um problema epistemológico importante: as atitudes expressam-se numa dimensão
avaliativa bipolar, que vai de positivo a negativo. Convém não confundir o que são dispositivos
metodológicos para medir as atitudes e o próprio conceito de atitude a respeito de um objecto – este pode
ter diferentes atributos (ou seja, podemos gostar de um atributo de um objecto e de outro não). Por outro
lado, há que distinguir entre atitudes fortes e atitudes fracas. Contudo, há atitudes em que não existe um
ponto negativo, só existe um ponto positivo, daí não existe a tal bipolaridade relativamente ás atitudes –
há atitudes que não são necessariamente bipolarizadas.
Ao identificar uma atitude como uma colecção de objectos num eixo avaliativo consideram a atitude
em vários sub-capitulos da psicologia social. No estudo das atitudes podemos organizar os conteúdos em
cinco grandes campos (chavões), ou seja, o estudo das atitudes deve ser feito em cinco grandes
dimensões:

M
Meeddiiççããoo ddaass aattiittuuddeess:: a longa história das atitudes na Psicologia Social permite que se tenham
desenvolvido formas estruturadas de as avaliar através de diversos tipos de respostas observáveis
relativamente a esse construto inferido. Assim tem como objecto de estudo central o problema específico
da mudança de atitudes e persuasão.

M
Meeddiiççããoo ddaass aattiittuuddeess aattrraavvééss ddee rreessppoossttaass ccooggnniittiivvaass
- 150
-
A forma mais comum de medir atitudes é através do que se designou escalas de atitudes. Esta técnica
parte do princípio que podemos medir as atitudes através das crenças, opiniões e avaliações dos sujeitos
acerca de um determinado objecto, e que forma mais directa de acedermos a estes conteúdos cognitivos é
através da auto-descrição do posicionamento individual. Assim se desenvolveram na Psicologia técnicas
de papel e lápis que, ancoradas em modelos de medição diferentes, se cristalizaram em redor de 4
procedimentos de construção de escalas:
1. EEssccaallaass iinntteerrvvaallaarreess ddee TThhuurrssttoonnee: foram propostas pelo autor em 1928, que caracteriza a
atitude do sujeito através do seu posicionamento face a estímulos previamente cotados –
centrada no estímulo. Na base deste modelo de medição está o modelo psicofisico, onde se
procura encontrar uma relação entre os atributos do mundo físico e as sensações psicológicas
que produz.
Toda a técnica se centra na procura de objectividade na selecção de frases face às quais os
sujeitos apenas têm de assinalar aquelas com que concordam. Com esta técnica, pretende-se
garantir a construção de uma escala intervalar e que os estímulos escolhidos correspondam à
diversidade possível das posições (o que é feito através do trabalho de cotação das frases por um
grupo de juízes). Deve seleccionar-se as frases finais com base em diferentes critérios:
 Critério de ambiguidade: devem ser excluídos os itens com maior variância.
 Critério de irrelevância: devem ser excluídos os itens que não apresentam variações
entre os sujeitos com atitudes diferentes.
 Critério de sensibilidade: os itens finais da escala deverão situar-se entre 1 e 11,
cobrindo igualmente toda a gama de atitudes possíveis face ao objecto.
No entanto, este tipo de escala tem sido cada vez menos utilizado por motivos de ordem:
 Prática: que se prendem com a morosidade do processo de construção da escala e com a
necessidade de estar permanentemente a reaferir os valores da escala dos diferentes itens,
uma vez que se pressupõe que as mudanças sociais afectam a avaliação das opiniões.
 Metodológica: prendem-se com a contestação das capacidades dos juízes ara situarem as
frases numa escala de intervalos iguais, considerando as avaliações apenas como uma
medida ordinal, e, nesse sentido, seria escusado um processo tão moroso de construção,
podendo-se optar imediatamente por escalas sem pretensões intervalares (escalas de
Likert).
 Cientifica: prendem-se com a demonstração empírica da impossibilidade dos sujeitos se
abstraírem da sua própria posição na avaliação dos itens. Assim como as atitudes dos
sujeitos, através do processo de categorização, influenciam a percepção de estímulos
físicos, como foi demonstrado pela perspectiva do “New Look” (Bruner, 1947) e depois
reanalisado por Tajfel e colaboradores, também na avaliação de estímulos sociais este
fenómeno se verifica.
2. EEssccaallaa ddee LLiikkeerrtt: foi proposta em 1932, permitindo aos investigadores prescindir da tarefa de
avaliação dos juízes e centrando o processo nos sujeitos respondentes.
O modelo de medição deixava os pressupostos psicofísicos, para se basear no modelo claramente
psicométrico: é a própria resposta do indivíduo que localiza directamente em termos de atitude e
não existe nenhum escalonamento a priori dos estímulos.
A principal diferença da técnica de construção das escalas de Likert está no facto da selecção de
frases que compõem a escala ser feita pelo investigador, procurando frases que manifestem
claramente apenas dois tipos de atitude: uma atitude claramente favorável e uma atitude
claramente desfavorável em relação a um mesmo objecto, eliminando todas as posições neutras
ou intermédias. A medição da atitude do sujeito é dada pelo seu posicionamento face a um
conjunto destas frases radicais.
Sujeita-se a versão final da escala a um teste de fiabilidade psicométrico – o mais comum é o
coeficiente de Alfa de Cronbach que, variando entre 0 e +1, procura avaliar a correlação entre a
presente escala e uma escala hipotética com o mesmo número de itens ( o coeficiente Alfa de
Cronbach baseia-se na médias das inter-correlações entre diferentes itens da mesma escala).
Sendo muito mais económica de construir e mais rápida de aplicar (uma vez que necessita de
menos itens), este tipo de escala tornou-se muito mais popular na avaliação das atitudes, apesar
de não garantir à partida a medição numa escala intervalar.
A escala de Likert dá origem às Rating Scales.
- 151
-
3. EEssccaallaass ddooss ddiiffeerreenncciiaaddoorreess sseem
mâânnttiiccooss: nasceram nos finais dos anos 50, dos estudos dos
psicólogos da Universidade do Illinois que, no quadro das teorias da aprendizagem, tentavam
clarificar o processo de linguagem e, especificamente, o processo de atribuição de significado.
Partindo do pressuposto de que o significado de cada palavra é um ponto num espaço semântico
definido por dimensões bipolares (adjectivos antagónicos). Osgood, Tannenbaum, Succi e
colaboradores (1957) pretendiam encontrar os grandes eixos que caracterizam o significado dos
conceitos que utilizamos – criando a teoria da Congruência Cognitiva. Para tal, estes autores
procuraram obter uma amostra de 50 dimensões, que foram transformadas em escalas bipolares
de 7 pontos de modo a poderem definir o espaço semânico de um conjunto heterogéneo de
palavras.
As análises efectuadas das respostas dos sujeitos a estas escalas bipolares permitiram detectar
inter-correlações importantes e sistemáticas entre determinados pares de adjectivos e as analises
factoriais efectuadas sobre as matrizes de correlações mostram que o significado se organiza
sistematicamente em torno de 3 grandes dimensões:
 Uma dimensão avaliativa: bom/mau, agradável/desagradável…
 Uma dimensão de potência: grande/pequeno, forte/fraco…
 Uma dimensão de actividade: activo/passivo, rápido/lento…
Considerando as atitudes como variáveis intermédias de carácter avaliativo, estes autores
consideram a sua técnica de diferenciador semântico e, especificamente os pares de adjectivos
que se englobam na dimensão avaliativa, como formas privilegiadas de medir as atitudes.
A vantagem principal desta técnica é o facto de o mesmo conjunto de adjectivos servir para
avaliar qualquer objecto de atitude. Mas, por outro lado, ao centrar-se unicamente na dimensão
avaliativa torna-se um exercício abstracto e descontextualizado.
Qualquer deste tipo de escalas pressupõe, explícita ou implicitamente, que as atitudes são
unidimensionais, isto é, que a posição do sujeito se pode situar num continuum.
4. EEssccaallaa ddee G
Guuttttm
maann: este autor desenvolveu, em 1944, um modelo matemático que permite
testar este pressuposto, e passaram a designar por escalas de Guttman ou escalas cumulativas as
escalas de atitudes em que este princípio é aplicado.
Apesar da técnica de análise das respostas dos sujeitos que sustenta a construção deste tipo de
escalas ser complexa, os pressupostos em que se baseia são fáceis de compreender – Guttman
propõe que os itens de uma escala sejam construídos como as bonecas russas, de modo que, ao
aceitar um item da escala, se aceita também todos os seus níveis inferiores. Isto implica que, na
construção dos itens, se procure temáticas extremamente restritas e o seu conteúdo acabe por ser
muito repetitivo, de forma a garantir a unidimensionalidade da escala.
5. EEssccaallaa ddee uum
m iitteem
m: é muito utilizado nos estudos de opinião, mas também em áreas aplicadas
da psicologia. Esta utiliza não uma escala mas apenas uma pergunta, em que a posição do sujeito
é avaliada directamente.
Trata-se de uma metodologia muito menos fiável e muito mais maleável a estratégias de autoapresentação do que as escalas de atitude, mas que permite obter resultados de uma forma
rápida.
Todas estas técnicas de papel e lápis, apesar de serem as mais usuais na avaliação das atitudes,
apresentam alguns problemas que nenhum dos tipos de construção de escalas pode resolver.
 Não se pode ter a certeza se a resposta do sujeito corresponde à sua atitude geral ou se ele tentou
dar uma boa imagem de si próprio.
 Não se sabe a relevância da atitude para o sujeito – a resposta corresponde a uma posição bem
estruturada por parte do sujeito ou foi um tema com que se viu confrontado apenas naquele
momento.
 Outro problema difícil de resolver envolve a própria linguagem em que é formulada a questão, a
escala de resposta e todos os efeitos de contexto nas respostas a questionários.
Desta forma alguns autores optaram, nos últimos anos, por medidas mais indirectas das atitudes, que
também se podem situar a nível cognitivo (exemplos: analisar o tempo de latência da resposta ou realizar
questões que à partida não são opinativas mas de certo errado – contudo, nestas pode inferir-se a atitude
dos sujeitos).

M
Meeddiiççããoo ddaass aattiittuuddeess aattrraavvééss ddee rreessppoossttaass aaffeeccttiivvaass
- 152
-
Embora possamos expressar aquilo que sentimos através de palavras, o nosso corpo é, muitas vezes,
um relator mais verdadeiro dos nossos sentimentos (corar, suor nas mãos, coração a bater mais depressa –
são respostas involuntárias que expressam estados emocionais extremos).
A sociopsicofisiologia desenvolveu 4 tipos de técnicas de avaliação das atitudes através de sinais
corporais:
1. R
Reessppoossttaass nnaattuurraaiiss m
maanniiffeessttaass: encontram-se nesta categoria os estudos do comportamento
não-verbal, ou seja, aqueles em que as atitudes são inferidas através dos sinais posturais ou das
expressões faciais dos interlocutores (distância a que se situam duas pessoas, contacto visual,
grau de atracção que duas pessoas sentem uma pela outra, movimentos espontâneos com a
cabeça, e as expressões faciais – que são as mais difíceis de avaliar, pois as pessoas se souberem
que estão a ser observadas podem falseá-las uma vez que se encontram sob o seu controlo
voluntário).
2. R
Reessppoossttaass nnaattuurraaiiss eessccoonnddiiddaass: refere-se a alterações corporais a nível fisiológico que são
dificilmente observáveis a olho nu e que não estão ao alcance do controlo voluntário do sujeito.
A medida mais frequente utilizada é a que se refere à resposta galvânica da pele – RGP
(mudança na condutibilidade eléctrica da pele devida à actividade diferencial das glândulas
soporíferas, controladas pelo sistema nervoso simpático. O problema com a utilização da RGP é
que pode não ser um indicador de atitude mas apenas de uma reacção mais geral de orientação
face a um estimulo novo, inesperado ou que requer atenção.
Uma outra resposta fisiológica associada às atitudes é a resposta pupilar, isto é, o aumento ou
diminuição do tamanho da pupila. Esta resposta ocorre automaticamente com as variações da
luz, mas, uma vez que a dilatação é comandada pelo sistema nervoso simpático e a contracção
pelo sistema nervoso parassimpático, permite também obter uma resposta atitudinal fisiológica
bidireccional.
No entanto, apesar de em vários estudos se mostrarem evidências de que as pupilas aumentam na
presença de estímulos favoráveis também a fadiga, o stress, excitação sexual, esforço mental,
entre outros, parecem fazer variar o tamanho pupilar.
Um outro indicador fisiológico das atitudes é a actividade electromiográfica facial – a
contracção das fibras musculares avaliada através da mudança do potencial eléctrico que a
acompanha. Os músculos relevantes para a avaliação das atitudes seriam os que determinam as
expressões faciais de acordo com a hipótese de retroacção: corrugador (move as sobrancelhas),
zigótico (move os cantos da boca) e o depressor (move o queixo e abre a concavidade da boca).
Schwartz (1976) mostrou que quando se pedia a uma pessoa para pensar em coisas agradáveis as
pessoas contraíam mais os músculos zigomáticos (sorriso) e menos os músculos corrugadores
(apreensão) do que quando imaginavam acontecimentos negativos.
Este tipo de resposta parece ser mais útil que as anteriores na detecção de atitudes, porque, ao
contrário dos outros indicadores, não está dependente do sistema nervoso autónomo, mas do
sistema nervoso central, apresentando-se portanto livre da contaminação de outros sintomas de
atenção, e, por outro lado, permite diferenciar claramente os afectos positivos dos afectos
negativos.
3. R
Reessppoossttaass ccoonnddiicciioonnaaddaass: sendo que o choque eléctrico foi o mais utilizado.
4. FFaallssaass rreeppoossttaass ppssiiccooffiissiioollóóggiiccaass: Por fim, podemos referir-nos a uma técnica de avaliação de
atitudes que utiliza um falso indicador fisiológico para garantir a autenticidade das respostas dos
sujeitos às respostas a uma escala de atitudes: as falsas respostas psicofisiológicas. Este
procedimento foi iniciado por Jones e Sigall (1971) que justificam esta técnica da seguinte
forma: “o paradigma experimental baseia-se na simples premissa de que ninguém quer ser
desmentido por uma máquina. Se conseguirmos convencer uma pessoa de que temos uma
máquina que mede com precisão a intensidade e a direcção das suas atitudes, assumimos que ela
está motivada para predizer aquilo que a maquina vai dizer acerca dela.
Parece que as medidas corporais das atitudes não tem produzido técnicas e resultados tão importantes
como de início se supunha. Este facto deve-se à dificuldade de interpretar univocamente as respostas
fisiológicas dos sujeitos e às dificuldades práticas de aceder a este tipo de material para o registo das
respostas. As respostas afectivas podem ainda ser abordadas através de técnicas de papel e lápis, em que
os indivíduos descrevem as suas emoções relativamente a um determinado objecto.
- 153
-
 M
Meeddiiççããoo ddaass aattiittuuddeess aattrraavvééss ddee rreessppoossttaass ccoom
mppoorrttaam
meennttaaiiss
Este tipo de indicadores possibilita, por um lado, superar a falta de sinceridade que é possível nas
medidas de auto-descrição, e por outro produzir observações em meio natural através das medidas
corporais. Deste modo, as técnicas comportamentais mais importantes neste domínio referem-se a
observações de comportamentos reveladores de atitudes, mas observações que passam completamente
despercebidas aos sujeitos.
Estas medidas, também conhecidas por medidas não obstrutivas, foram utilizadas muitas vezes nas
investigações dos anos 60 em Psicologia Social. Exemplos de estudos realizados:
 Distância a que um estudante branco se senta de um negro.
 Atitudes politicas de cidadãos de diferentes partes de uma cidade, deixando no chão, como
perdidas, cartas seladas dirigidas a diferentes agrupamentos políticos.
Estas formas de medir as atitudes são normalmente defendidas por serem “puras”, mais próximas da
realidade. No entanto, não devemos esquecer que esta avaliação das atitudes não está isenta de
influências, mas apenas que apresenta enviesamentos diferentes das técnicas de auto-descrição.
Em primeiro lugar, a Psicologia Social tem mostrado muitas vezes a influência das condições
situacionais na determinação do comportamento social. Depois, a relação entre o comportamento do
sujeito e a inferência da sua atitude é deixada completamente nas mãos do experimentador. Por fim, não é
linear nem simples que o comportamento das pessoas corresponda à sua atitude.
C
Coom
mppaarraaççããoo ddaass aattiittuuddeess ccoom
m oouuttrrooss pprroocceessssooss ccooggnniittiivvooss
 Os traços de personalidade são mais estáveis que as atitudes.
 Os valores são menos maleáveis do que as atitudes.
 As atitudes são conjuntos de itens encontrados por análise factorial das opiniões.

 EEssttrruuttuurraa ddaass aattiittuuddeess::
Devemos ter em atenção dois aspectos importantes na avaliação das atitudes, que são dois grandes
pontos de debate:
 D
Diim
meennssiioonnaalliiddaaddee ddaass aattiittuuddeess: que se refere à forma como os diferentes teóricos das
atitudes respondem à seguinte questão: a representação mental da atitude reproduz o
continuum de favorabilidade/desfavorabilidade por que ela se expressa?
O apoio empírico para as visões dimensionais das atitudes vem do facto de o tempo de
processamento de afirmações radicais ser inferior ao tempo de processamento de afirmações
mais neutras (Judd e Kullik, 1980) e dos estudos que sustentam a teoria da avaliação social
proposta por Sherif (1965) – esta perspectiva pressupõe a existência de uma escala de
referências interna, que cada pessoa divide em 3 zonas consoante a sua própria posição:
1. ZZoonnaa ddee aacceeiittaaççããoo: que inclui as crenças que o indivíduo considera aceitáveis.
2. ZZoonnaa ddee rreejjeeiiççããoo: que inclui as que são inaceitáveis.
3. ZZoonnaa ddee nnããoo ccoom
mpprroom
meettiim
meennttoo: inclui as crenças que não são consideradas nem
aceitáveis nem as inaceitáveis.
A visão não dimensionais das atitudes assumem esta representação interna das atitudes, mas
consideram que as expressões das atitudes num continuum são ou o resultado da
recuperação em memória das associações relativas aos objectos de atitudes – sendo, então, a
atitude o resultado das associações entre o objecto de atitude e avaliações ou proposições
diversas, com base numa concepção reticular da memória – ou o resultado da soma das
expectativas associadas ao objecto de atitude pesadas pelos seus valores – como propõem os
diversos modelos de expectativa-valor.
Apesar de muito diferentes noutros aspectos, qualquer destas duas visões não dimensionais
das atitudes concorda que as representações internas não podem ser resumidas a uma única
escala interior.
 C
Coonnsscciiêênncciiaa eennttrree aa aattiittuuddee ee aass ssuuaass ttrrêêss ffoorrm
maass ddee eexxpprreessssããoo: ou seja, até que ponto há
uma correspondência entre a atitude do indivíduo e as suas diversas formas de expressão
(afectiva, cognitiva, comportamental). Muita da pesquisa neste domínio tem analisado a
consistência entre a atitude e as crenças. As relações entre as outras expressões emocional e
comportamental das atitudes e a avaliação que está na base deste conceito têm sido uma
investigação muito reduzida, mas ela parece existir, embora de forma menos acentuada.
- 154
-
Remete-nos, em primeiro lugar, para a atitude intra-individual, que se refere ao grau de interligação
entre os componentes cognitivo, afectivo e comportamental (3 modalidades de respostas avaliativas). Ou
seja, refere-se ao modelo tripartido da atitude de H
Hoovvllaanndd (1960) que comporta os componentes
cognitivo (crenças, opiniões, pensamentos, ideias que ligam o objecto de atitude aos seus atributos ou
consequências e que exprimem uma avaliação mais ou menos favorável ), um componente afectivo
(emoções/sentimentos provocados pelo objecto de atitude) e um componente comportamental, que pode ser
verbal ou não (que se reporta aos comportamentos ou intenções comportamentais em que as atitudes se podem
manifestar).
Aqui surge uma grande área de tensão/conflitualidade teórica que diz respeito à inclusão ou não o
componente comportamental da atitude ou não. Em segundo lugar este remete-nos para o aspecto da
estrutura das atitudes ser inter-atitudinal: como é que as atitudes face a diferentes objectos e como se
organizam entre si.
Categoria de resposta:
M
Mooddoo ddee
rreessppoossttaa
V
Veerrbbaall
N
Nããoo vveerrbbaall
A
Affeeccttooss
C
Coom
mppoorrttaam
meennttooss
C
Cooggnniiççõõeess
- Sentimentos
- Emoções expressos
- Intenções
comportamentais
- Crenças (“belives”):
construção cognitiva
- Repostas fisiológicas
que acompanham a
expressão das atitudes
- Comportamento “aberto”
(comportamento de
aproximação ou
afastamento dos objectos)
- Respostas perceptivas
(por exemplo: tempo de
reacção…)
Em síntese: as atitudes referem-se a experiências subjectivas e incluem sempre uma dimensão
avaliativa. Uma confusão no estudo das atitudes e que a generalidade dos autores tende a evitar é a
assimilação do afecto à avaliação – o afecto não é isomórfico à avaliação porque podem existir avaliações
baseadas apenas em cognições, ou seja, podem existir avaliações que não tenham uma dimensão afectiva.
O termo afecto deve ser exclusivo para emoções e sentimentos.
Em 1959, um sociólogo LLaazzaarrssffeelldd, procurou sistematizar um conjunto de conceitos disposicionais
de acordo com três dimensões:
1. Proposta para categorizar os conceitos disposicionais com a designação de campo de acção: ele
categorizava as ddiissppoossiiççõõeess ccoom
moo eessppeecciiffiiccaass vveerrssuuss ggeerraaiiss (um valor seria uma disposição
geral e uma atitude/uma disposição especifica).
2. Dinâmica: expressar o grau de ligação da disposição ao objecto intencionado. De acordo com
esta dimensão as ddiissppoossiiççõõeess ddiivviiddiirr--ssee--iiaam
m eem
m ppaassssiivvaass oouu ddiirreeccttiivvaass (exemplo: a atitude tem
uma intencionalidade passiva, em contraposição o desejo exprimiria uma dimensão directiva).
3. Horizonte temporal: orientação das disposições que podem ser ddiirreecccciioonnaaddaass ppaarraa oo pprreesseennttee
oouu ppaarraa oo ffuuttuurroo (por exemplo: as necessidades estão orientadas para o presente enquanto os
planos se orientam para o futuro).
PPrreesseennttee
EEssppeecciiffiiccoo
G
Geerraall
FFuuttuurroo
EEssppeecciiffiiccoo
G
Geerraall
PPaassssiivvaa
- Preferências
- Opiniões
- Atitudes
- Certos traços de personalidade (mais
genéricos: largueza de espírito)
-Valores
- Quadros de referência (ideologias)
- Previsões
D
Diirreeccttiivvaa
- Necessidades
- Desejos
- Outros traços de personalidade (com
uma componente motivacional mais
forte – agressividade)
- Intenções
- Planos de
acção
- Tendências
- Inclinações

 FFuunnççõõeess ddaass aattiittuuddeess:: tem funções na organização do nosso mundo, pode ter funções
motivacionais e expressivas da própria personalidade. Procura estudar os objectivos de ter atitudes, o que
- 155
-
eles desempenham nas interacções sociais. Tem a ver com dimensão funcional das atitudes (aspectos
motivacionais de direcção para a acção).
Sendo um produto cognitivo tão comum podemos perguntar-nos para que servem as atitudes. A resposta a
esta questão tem sido encontrada por 4 vias:
1. TTeeoorriiaass qquuee ssaalliieennttaam
m aass ffuunnççõõeess m
moottiivvaacciioonnaaiiss ddaass aattiittuuddeess (valor para o próprio
individuo): teve origem em autores de formação psicanalítica como Katz (1960) e foi depois
continuado por outros autores que salientaram a importância de estudarmos as atitudes no
contexto das funções que têm para os indivíduos. Para Katz a sua perspectiva funcionalista
representa a tentativa de compreender as razões que levam as pessoas a manter as suas
atitudes. As razões, no entanto, estão ao nível das motivações psicológicas e não ao nível do
acaso de acontecimentos e circunstâncias exteriores. A menos que conheçamos as
necessidades psicológicas que sustentam uma atitude, estamos em má posição para predizer
o quando e como da sua medição.
Katz e outros autores, definiram um grande número de funções específicas que as atitudes
podem cumprir, que outros autores sistematizaram em duas grandes categorias: (1) funções
instrumentais ou avaliativas – prendem-se com a avaliação de custos e benefícios da
atitude, optando o indivíduo pela atitude que lhe permita obter o melhor ajustamento social,
maximizando as recompensas sociais e minimizando as punições e (2) funções simbólicas
ou expressivas – têm a ver com a utilização das atitudes enquanto forma de transmitir os
valores ou a identidade do sujeito, permitindo-lhe proteger-se contra conflitos internos ou
externos, e preservar a sua imagem.
Para Herek (1986), as atitudes tem funções instrumentais e expressivas.
2. TTeeoorriiaass qquuee ssaalliieennttaam
m aass ffuunnççõõeess ccooggnniittiivvaass ddaass aattiittuuddeess (diz respeito à organização do
mundo pessoal): autores mais recentes têm vindo a salientar as funções cognitivas das
atitudes, ligadas à forma como elas influenciam o modo é processada a informação. Estas
perspectivas actuais enraízam-se nos estudos de autores cognitivistas dos anos 50, que,
partindo de pressupostos motivacionais, procuraram mostrar a importância de determinados
princípios gerais na forma como se organiza a cognição humana, nomeadamente as
atitudes. Dois dos princípios mais importantes são (provém de duas das mais importantes
teorias da Psicologia Social):
(2) PPrriinncciippiioo ddoo eeqquuiillííbbrriioo (modelo de equilíbrio de Heider – 1958): é um dos
modelos mais importantes e foi formulado por Heider para definir o princípio
organizador do “ambiente subjectivo” do indivíduo, isto é, forma como ele
percepciona o meio em que vive. Podemos hoje considerar que a teoria do
equilíbrio se refere à forma como os indivíduos articulam as diferentes atitudes. A
teoria pressupõe que este ambiente subjectivo pode ser representado graficamente
sob a forma de tríades – no entanto nem todas as tríades têm o mesmo valor para o
sujeito. A partir deste modelo, podem-se prever mudanças atitudinais no sentido de
equilíbrio do sistema.
As bases da teoria do equilíbrio (Heider, 1958), assentam na descrição do ambiente subjectivo dos
sujeitos, utilizando-se 3 conceitos básicos:
I. Indivíduo que percepciona, aquele que constrói o ambiente subjectivo e que activamente procura
dar sentido ao que o rodeia – este indivíduo é depois representado nas representações gráficas
como P.
II. Entidade, isto é, a pessoa ou o objecto físico ou social existente no meio que envolve o sujeito –
representado graficamente como O (se for pessoa) e X (se for um objecto).
- 156
-
III. Relação, isto é, a atitude positiva ou negativa que une duas pessoas ou uma pessoa e um objecto
– representada graficamente por um sinal + ou por uma linha contínua no caso de ser um
sentimento positivo (gosta de, concorda com, possui…) ou por um sinal - ou uma linha tracejada
no caso de um sentimento negativo (não gosta de, discorda de, não possui…). Esta relação pode
assumir a forma de uma atitude favorável ou desfavorável de P face a X.
Considera a existência de 3 entidades: pessoa (P), objecto (O) e outra entidade (X), onde se
estabelecem rreellaaççõõeess ddee uunniiddaaddee (caracterizam a relação cognitiva: quando os sujeitos percebem que
estão relacionados) e rreellaaççõõeess ddee sseennttiim
meennttoo (diz respeito à avaliação a afectos que podem ser mais ou
menos entre as 3 entidades).
O ambiente subjectivo do sujeito é descrito por esta teoria como um conjunto de entidades e das suas
relações, tal como são percepcionadas por um indivíduo. Cada situação pode então ser descrita
graficamente em termos de tríades, situando as relações percebidas pelo indivíduo entre si próprio e duas
entidades, o que, em teoria, permite a definição das seguintes 8 situações que se representam em seguida.
Na linha de cima encontram-se as tríades equilibradas e na linha de baixo as tríades desequilibradas.
Na linha de cima: Heider considera que existe uma situação de equilíbrio quando um indivíduo
percebe concordância de posição em relação a alguém de quem gosta, ou de discordância de quem não
gosta. Na linha de baixo: as relações desequilibradas representam casos em que o indivíduo percebe a
discordância em relação a pessoas com quem gosta ou concordância em relação a pessoas de quem não
gosta.
Heider define estado equilibrado como um “estado harmonioso em que as entidades que estão na
situação e os seus sentimentos se ajustam sem tensão”. Assim, postula, em termos de princípio
organizador da construção do ambiente subjectivo, que as situações equilibradas são preferidas a
situações desequilibradas, por serem formas perceptivas e por evitarem a tensão.
A aplicação deste princípio levou desde logo ao aparecimento de consequências práticas em termos
de processamento de informação, que salientam a importância das atitudes como sinalizadores da
realidade: conhecendo duas relações entre as entidades que constituem uma tríade, tendemos a completar
a situação de forma equilibrada, as situações organizadas de uma forma equilibrada seriam mais estáveis
e mais resistentes à mudança, mantendo uma tendência à constância das posições cognitivamente mais
simples.
(3) PPrriinncciippiioo ddaa rreedduuççããoo ddaa ddiissssoonnâânncciiaa ccooggnniittiivvaa: foi formulada em 1957, por Leon
Festinger – sendo uma das teorias mais conhecidas e aplicadas (mesmo em termos
práticos).
Por exemplo: fumar faz mal à saúde mas então porque é que as pessoas fumam?

Porque sabe bem

Para aliviar o stress

Devido à dependência

Para estar ocupado e passar o tempo
O pressuposto básico desta teoria é que as nossas atitudes, crenças e comportamentos devem ser
coerentes entre si – deve haver uma certa coerência entre o que as pessoas pensam e como se comportam.
O seja, foi formulada para explicar a necessidade que existe em todos os indivíduos de se encontrarem em
- 157
-
consonância entre as diversas cognições que têm a respeito de um mesmo objecto. Ao contrário de
Heider, a questão de Festinger não se prende tanto com a questão da relação entre diferentes atitudes, mas
com a consistência interna de uma mesma atitude.
A dissonância cognitiva refere-se à relação entre duas cognições incompatíveis face ao mesmo
objecto, ou, segundo Festinger existência simultânea de cognições que não se ajustam entre si (em, que a
existência de uma cognição implica a presença do contrário da segunda cognição). Logo, o princípio
básico desta teoria tem, como a perspectiva de Heider, bases motivacionais e postula que um estado de
dissonância cognitiva é psicologicamente desagradável (experienciam um desconforto psicológico),
constituindo uma motivação, uma activação do organismo no sentido da sua redução ou da eliminação.
É dissonância cognitiva porque vem de cognição. Festinger entende por cognição todo o
conhecimento, opinião ou crença sobre nós próprios, sobre o meio (físico ou social) ou sobre o nosso
comportamento. A cognição é um conhecimento de causa – além disso, duas cognições entre si podem ser
consoantes (quando uma cognição decorre da outra: “fumar faz mal à saúde por isso não fumo”) ou
dissonantes (quando o inverso de uma cognição decorre de outra: “fumo mesmo sabendo que faz mal à
saúde”).
Contudo, tanto as cognições consoantes como as dissonantes são cognições relevantes – isto é, existe
uma relação entre elas, mas quando não existe uma relação entre as cognições diz-se que são cognições
irrelevantes (por exemplo: “é segunda-feira e está frio”).
Se tivermos em conta as inúmeras cognições dentro de nós e que nos ocorrem durante todo o dia, é
perfeitamente normal que experienciemos algumas cognições dissonantes (desconforto psicológico).
A activação para reduzir a dissonância é tanto maior quanto maior for a dissonância cognitiva.
Assim, há várias formas de reduzir a dissonância:

Existe uma fórmula para calcular o desconforto/dissonância que estamos a sentir – chama-se
fórmula da taxa de dissonância:
Numero x importância dos elementos dissonantes
Numero x importância dos elementos dissonantes  numero x importância dos elementos concordantes
Então, entre as estratégias para diminuir a dissonância temos:
 Diminuir o numero e/ou a importância dos elementos dissonantes (“fumar só faz mal aos outros”).

Aumentar o numero e/ou a importância dos elementos consonantes (“fumo porque sabe bem”).
 Evitamento cognitivo – evitamento da informação que posso causar alguma dissonância.
Deste modo, o processo de redução da dissonância apresenta-se como um exemplo da forma como as
atitudes influenciam o processamento de informação, especificamente, através da procura activa de
informação relevante acerca do objecto de atitude.
Nem todas as dissonâncias tem igual amplitude – há dissonâncias mais importantes do que outras (as
mais importantes tem a ver com o nosso próprio auto-conceito, provoca uma maior dissonância aquilo
que põe em causa o que pensamos que somos). Ou seja, nem todas as cognições incompatíveis nos
produzem dissonância – para tal é preciso que as cognições sejam percebidas como relevantes.
As consequências das atitudes traduzem todas um enviesamento selectivo congruente com a atitude.
A exposição selectiva refere-se ao facto de indivíduos com uma atitude definida relativamente a
determinado objecto procurarem expor-se à informação que confirme a sua atitude inicial, evitando a
informação contrária. Este fenómeno foi explicado pela Teoria da dissonância cognitiva como uma busca
de cognições congruentes. Este está particularmente presente em situações em que a dissonância
cognitiva é maior ou em que as fontes de informação são credíveis.
A percepção selectiva refere-se a uma fase posterior do processamento de informação, caracterizado
por uma distorção da percepção, de modo a avaliar de forma mais positiva a informação congruente com
a atitude e a desvalorizar a informação incongruente.
A memória selectiva refere-se também à maior facilitação de memorização da informação consistente
com a atitude. Em relação à memória estudos recentes não corroboram os estudos antigos, nos anos 50.
Deste modo, os estudos confirmaram a existência de uma relação entre atitude e memória, mas apenas
para os sujeitos de determinadas características de personalidade.
Porque há resistência dos elementos da dissonância à mudança? Porque é que há certos elementos
mais resistência que outros?
- 158
-

Há resistência à mudança pelos eelleem
meennttooss ccooggnniittiivvooss ccoom
mppoorrttaam
meennttaaiiss. Para os elementos
cognitivos uma das razões para a resistência à mudança é a receptividade dos elementos à
realidade (“eu fumo” – é impossível mudar a realidade), a mudança pode ser dolorosa ou
envolver prejuízos (“se deixar de fumar vou ficar mais ansiosa, vou engordar…”), o
comportamento actual pode ser satisfatório em todos os demais aspectos (“fumar faz mal mas
fumo porque alivia o stress, faz passar o tempo…”), é impossível efectuar a mudança (as pessoas
que tem fobias de pombos sabem que estes não fazem mal nenhum, em termos racionais, mas élhes impossível mudar esse comportamento).

Também há resistência à mudança dos eelleem
meennttooss ccooggnniittiivvooss aam
mbbiieenncciiaaiiss devido à
receptividade dos elementos à realidade, esse elemento pode ter muitas consonâncias com
muitos outros elementos (se está consonante com grande numero de outros elementos e tenta
minimizar uma dissonância vai provocar uma dissonância com muitos outros elementos – ou
seja, há muitos elementos consonantes que se sobrepõe ao dissonante).
A taxa máxima de dissonância que pode haver entre duas cognições é igual à resistência à mudança
do elemento menos resistente (a partir do momento em que o elemento menos resistente deixa de resistir,
então, deixa de haver dissonância).
3. TTeeoorriiaass qquuee ssaalliieennttaam
m oo ppaappeell ddee oorriieennttaaççããoo ppaarraa aa aaccççããoo –– aattiittuuddeess ee ccoom
mppoorrttaam
meennttoo.
4. TTeeoorriiaass qquuee ssaalliieennttaam
m aass ffuunnççõõeess ssoocciiaaiiss ddaass aattiittuuddeess.

R
Reellaaççõõeess eennttrree aattiittuuddeess ee ccoom
mppoorrttaam
meennttooss: diz respeito ao estudo das relações entre as atitudes
e os comportamentos.

IIm
mppaaccttoo ddaass aattiittuuddeess nnoo ccoom
mppoorrttaam
meennttoo: no início do estudo das atitudes estava implícita
na perspectiva dos seus autores a coerência entre atitudes e comportamentos, daí a grande
ênfase dada pelos psicólogos sociais à construção de escalas de atitudes. O conceito ttrraaççoo
servia para prever os comportamentos. Existiam relações fortes entre os traços de
personalidade e o comportamento manifestado.
Em 1968, M
Miisscchheell provocou uma grande polémica ao dizer que tudo o que dizia respeito ao traço e
ao comportamento tinha fraca demonstração empírica. Considerou o conceito traço como insustentável,
pois não havia correlações elevadas entre traços e comportamentos. Em 1969, LLiikkeerrtt fez um estudo de
revisão de literatura sobre a relação entre atitudes e comportamentos – onde encontrou baixas correlações,
o que demonstra que não se podem predizer os comportamentos pelas atitudes.
A questão do poder preditivo das atitudes avaliadas por questionários foi claramente colocada por
LLaaPPiieerree (1934). Os resultados do seu estudo demonstraram que é possível haver uma manifestação de
tolerância ao nível comportamental e simultaneamente uma expressão de intolerância ao nível atitudinal,
pelo que foram interpretados como reflectindo uma inconsistência entre atitudes e comportamentos – ou
seja, na experiência que realizou também verificou que não existia uma correlação forte entre atitudes e
comportamentos. Esta discrepância entre atitudes e comportamentos está bem ilustrada empiricamente,
quer por réplicas do estudo de LaPiere, quer por estudos de orientação psicométrica, relativos à validade
preditiva de escalas de atitudes.
Face a este aspecto a posição de alguns autores é a de salientar a inutilidade pratica do estudo das
atitudes, como previsores do comportamento humano, interessando-se apenas pelo seu papel na
justificação posterior do comportamento.
Ou seja, a relação entre as atitudes e o comportamento é ma relação mais postulada do que
demonstrada. E, segundo, Eiser o conceito de atitude é um conceito dispensável.
No entanto a Psicologia Social de orientação cognitivista não podia aceitar esta perspectiva de corte
radical entre pensamento e acção, e desenvolveu esforços no sentido de explicar a discrepância entre
atitudes e comportamentos, procurando daí colher ensinamentos que permitissem aumentar a correlação
entre estas duas variáveis. As frases que constituem as escalas de atitudes apresentam o objecto de atitude
a um nível extremamente geral e quando referem situações, elas são descritas de uma forma tão
simplificada que não têm nada de concreto. Assim, estes falam do grau de generalidade com que se
avaliam as atitudes – a generalidade do indicador das atitudes e a especificidade da situação observada
- 159
-
parece mesmo, no estudo de LaPiere, funcionar de modo a maximizar a discrepância entre atitude e
comportamento.
A tentativa de compatibilizar o grau de especificidade do comportamento e das atitudes foi
conseguida por duas vias diferentes:
(1) Do ponto de vista psicométrico, parece incorrecto procurar-se a relação entre atitudes gerais
normalmente medidas por escalas de atitudes com múltiplos itens e comportamentos específicos,
medidos apenas com um único indicador. Deste modo alguns investigadores procuraram
compatibilizar também o nível de generalidade do comportamento, estendendo as observações a
diversos comportamentos associados à atitude. Wiegel e Newman (1976) vêm mostrar que não
são apenas as atitudes específicas face a comportamentos que permitem a previsão das acções,
mas que as atitudes gerais face a objectos se relacionam sistematicamente com os índices
comportamentais.
(2) Uma outra via de resposta às diferenças entre o nível de especificidade entre atitudes e
comportamentos tem sido procurada noutras perspectivas. Fishbein e Ajzen (1975) afirmam que
as atitudes são importantes factores na previsão do comportamento humano, mas distinguem
entre as atitudes gerais face a um objecto e as atitudes específicas face a um comportamento
relacionado com o objecto de atitude. Enquanto que as atitudes específicas seriam úteis na
previsão de um comportamento específico, só o influenciariam de forma indirecta, com uma
tendência para a acção tal como é expresso na definição de Eagly e Chaiken (1993).
A
Ajjzzeenn ee FFiisshhbbeeiinn afirmaram que esta deficiência na relação das atitudes com o comportamento
resultava de dificuldades metodológicas na concepção desta relação.
Assim, propuseram duas soluções:
3. Agregação de atitudes
4. Identificação de factores moderadores (variáveis que pudessem moderar a relação
entre atitudes e comportamentos).
Então, propõem a tteeoorriiaa ddaa aaccççããoo rreefflleeccttiiddaa – distinguiram entre atitudes gerais e específicas,
conceptualizaram que o comportamento é uma escolha, uma opção ponderara entre várias alternativas.
Pelo que, o melhor preditor do comportamento será a intenção comportamental (sendo a atitude especifica
apenas um dos dois factores importantes na decisão) que, por sua vez, eram determinadas por atitudes
específicas.
Esta atitude face ao comportamento é vista neste modelo, de acordo com as perspectivas de
expectativa-valor (ou seja, como resultado de um somatório das crenças acerca das consequências do
comportamento – expectativa – pesadas pela avaliação dessas consequências – valor). O outro factor
importante na definição da intenção comportamental tenta integrar as pressões sociais e refere-se à norma
subjectiva face ao comportamento (às pressões significativas que afectam a realização do
comportamento).
Também esta norma subjectiva é vista como o resultado do somatório das crenças normativas
(expectativas acerca do comportamento que os outros significantes pretendem que o individuo adopte),
pesado também pelo valor destas crenças (motivação para seguir cada um dos referentes).
Os trabalhos que operacionalizaram este modelo encontraram correlações bastante elevadas entre a
intenção e o comportamento, variando contudo com: a proximidade temporal do comportamento,
especificidade da situação apresentada, experiência anterior do sujeito nas situações.
Esquematicamente a tteeoorriiaa ddaa aaccççããoo rreefflleeccttiiddaa (Fishbein e Ajzen, 1975):
- 160
-
Crenças
Expectativas de que o
comportamento
provoca determinados
resultados
Crenças
Crenças normativas
(indivíduos ou grupos
específicos pensam
que o sujeito deve ou
não concretizar o
comportamento)
Avaliação
(valor) dos
resultados
esperados
Motivação para o
conformismo,
para seguir o que
os grupos ou
indivíduos
específicos
pensam sobre o
comportamento
Atitude
face ao
comportamento
Importância relativa
dos factores atitudinais e
normativos no
comportamento
Norma subjectiva
relativa ao
comportamento
Intenção
comportamental
Comportamento
A teoria da acção reflectida vê a atitude específica como um dos preditores do comportamento
podendo, em certos tipos de comportamentos ou em certas populações, a norma subjectiva ter peso na
determinação comportamental. Por isto, o modelo da acção reflectida inclui ainda uma variável
intermédia, referente ao peso relativo das atitudes e das normas na definição da intenção comportamental.
Esta variável remete para os estudos empíricos a definição da importância relativa destes dois
componentes no caso específico de cada situação e de cada população a analisar.
O modelo da acção reflectida teve um enorme êxito empírico, tendo sido aplicado com sucesso em
muitos domínios. No entanto, muitos estudos posteriores vieram mostrar a importância de factores
exteriores ao modelo da predição dos comportamentos (o modelo é melhorado com a introdução de uma
variável exterior: o comportamento anterior do indivíduo). Face a estas criticas, os autores costumam
salientar que a teoria se aplica a situações de tomada de decisão (daí o seu nome de comportamento
reflectido) e não a comportamentos habituais, onde a componente de decisão é muito menor.
Posteriormente, em 1988, A
Ajjzzeenn, numa tentativa de alargar a teoria a comportamentos que estavam
fora do controlo volitivo do sujeito, reformula o modelo. Mantendo a sua estrutura básica, acrescentou um
terceiro determinante da intenção comportamental uma nova variável – o controlo percebido sobre o
comportamento (a capacidade do indivíduo controlar o seu próprio comportamento). Esta variável, que
corresponde em grande parte ao conceito de auto-eficácia, e permite incluir, indirectamente, a experiência
anterior com o comportamento. Assim, comportamentos habituais são percebidos como fáceis de pôr em
prática e portanto com elevados níveis de controlo percebido.
Esta extensão da teoria inicial tem permitido aumentar significativamente a capacidade preditiva do
modelo em muitas situações, mas parece insuficiente para alguns autores. Por exemplo, Terry e Hogg
(1996) criticam a forma limitada como a norma subjectiva é conceptualizada. Através da teoria de autocategorização, mostram que a norma subjectiva não deve ser concebida apenas em termos interpessoais,
mas que a sua reconceptualização em termos grupais e de influência social permite uma melhor
compreensão do comportamento. Por outro lado, Manstead (1996) salienta que a introdução de variáveis
emocionais na predição da intenção comportamental aumenta o poder preditivo do modelo.
Então, segundo o modelo do comportamento planeado (teoria da acção planeada) existem três
elementos que levam ao comportamento.
Atitude face ao
comportamento
Norma subjectiva
Intenção
Comportamento
Controlo
comportamental
percebido
Todos os modelos referidos pressupõem um certo grau de controlo do pensamento atitudinal. No
entanto, desde os anos 80 que os trabalhos de Fazio têm vindo a mostrar que as atitudes muito acessíveis
orientam o comportamento através da activação de processos automáticos. Em 1982, Fazio, Chen,
- 161
-
McDonel e Sherman mostraram que os indivíduos que têm atitudes baseadas na experiência directa
respondem em escalas de atitudes informatizadas com um tempo de latência menor, e apresentam uma
maior correspondência entre atitudes e comportamentos.
Esta linha de estudos levou aos autores mostrarem que há uma activação automática das atitudes
altamente acessíveis na presença do objecto de atitude, o que levaria, através da centração da atenção
selectiva nos aspectos congruentes com a atitude, a uma definição da situação de forma a tornar altamente
provável a ocorrência do comportamento.
Em 1990, Fazio propõe um novo modelo de relação de atitudes e comportamentos: modelo MODE. Salienta a
importância da activação automática das atitudes (que conduz à activação de crenças congruentes com essa atitude),
estas activam-se pela definição do acontecimento – esta definição pode ser influenciada pelas normas dos grupos em
que o individuo se insere.
Esquema do modelo MODE (Fazio, 1990):
Activação
da atitude
Percepção
selectiva
Percepção
imediata do
objecto
Normas
Definição da
situação
Definição do
acontecimento
Comportamento
Ao salientar a importância da activação automática das atitudes, Fazio está bem longe da perspectiva
racionalista dos modelos da tradição dos de Fishbein e Ajzen, e apresenta-se mesmo como alternativo a
estes. No entanto, como notam Eagly e Chaiken (1993), as duas perspectivas apresentam-se antes como
complementares, porque, apesar de Fazio ter mostrado convincentemente a activação automática das
atitudes e a sua importância na definição da situação, desde esta até a comportamento podem intervir
muitas variáveis e seria então aí que o modelo de Fishbein e Ajzen poderia ser útil.

IIm
mppaaccttoo ddoo ccoom
mppoorrttaam
meennttoo nnaass aattiittuuddeess: desde os anos 50 que diferentes autores
salientavam a importância da realização de comportamentos como forma de mudar atitudes.
As técnicas de role-playing ou jogo de papéis foram muito utilizadas em psicoterapia para
promover mudanças de atitudes.
Mas o trabalho que assinalou de forma mais evidente a importância do comportamento contraindividual foi publicado por Janis e King (1956), com estudantes. Os resultados da sua experiência
mostraram que os sujeitos que tinham que improvisar um discurso revelavam, no final, uma atitude mais
favorável em relação ao assunto do que os alunos que simplesmente tinham que ler um texto.
Janis e King interpretaram esta mudança de atitudes como resultado de um processo de autopersuasão: a improvisação exigiria uma maior reflexão sobre o tema, uma elaboração de novos
argumentos e finalmente estes argumentos tornar-se-iam mais salientes para o sujeito que era levado a
reconsiderar a sua posição inicial. Trata-se, assim, de uma explicação cognitiva para a mudança de
atitudes derivada do comportamento contra-atitudinal.
Esta interpretação dos resultados é contestada por Festinger (1959). Este autor defende que a
mudança de atitudes não se verifica pelo efeito persuasivo dos argumentos mas pela necessidade básica
de consonância cognitiva – assim, na experiência realizada por Janis e King, segundo Festinger, já que
existem dois elementos cognitivos incompatíveis, provocariam no sujeito uma sensação de desconforto
que gera uma motivação para mudar algum dos dois argumentos, de modo a diminuir a dissonância. Mas
como os comportamentos passados são impossíveis de mudar, tenderia a verificar-se uma mudança de
atitude para repor a consonância. Esta interpretação do comportamento contra-atitudinal situa-se
claramente dentro da teoria da dissonância cognitiva proposta por este autor.
Para provar a aplicação da interpretação da teoria da dissonância cognitiva ao caso do
comportamento contra-atitudinal, Festinger e Carlsmith (1959) realizaram um dos mais famosos estudos
de Psicologia Social em que constroem uma situação que expõe o sujeito voluntariamente a um
comportamento contra-atitudinal. Este estudo mostra que é apenas quando o indivíduo não tem outra
forma de reduzir a dissonância que muda as atitudes. Deste modo, a teoria da dissonância cognitiva
permite prever que não são só as atitudes que orientam os comportamentos, mas que também os
comportamentos voluntários levam a mudança de atitudes.
- 162
-

 PPrroocceessssoo ddee ffoorrm
maaççããoo ddee aattiittuuddeess:: mudança de atitudes: estudar os mecanismos de
aprendizagem através dos quais se desenvolvem as atitudes. Pressupõe-se que os processos de formação
são os mesmos processos de mudança de atitudes. Os processos utilizados para a mudança de atitudes são
as estratégias de persuasão.
Existem três processos básicos susceptíveis de conduzir à mudança de atitudes:
 Persuasão.
 Exposição directa ao objecto e à atitude.
 Modificação das contingências dos comportamentos associados à atitude (mecanismos básicos
de aprendizagem).
O principal mecanismo de mudança de atitudes é a persuasão: é quase comparada com a educação,
pode ir de uma acção pedagógica formal aos meios mais informais.

PPrrooppaaggaannddaa ee m
muuddaannççaa ddee aattiittuuddeess: a pesquisa sistemática sobre as formas através das quais
as atitudes podem mudar como resultado de um processo de comunicação nas nasceu durante
a Segunda Guerra Mundial, como resultado de um processo da consciência de que a máquina
de guerra alemã usava os meios de comunicação social como forma de propaganda das ideias
nazis. Esta tomada de consciência veio suscitar dúvidas importantes na sociedade e nos
cientistas sociais americanos:
 Até que ponto as atitudes mudam por exposição a estas mensagens persuasivas.
 Qual o efeito da contra-propaganda.
 Como deve ser construída uma mensagem para que leve de facto a uma mudança de
atitudes.
 Como se podem usar os media para construir.
Em 1940, Lasswell produziu um documento intitulado: “Research in communication” importante
para o desenvolvimento da pesquisa sobre a persuasão. Este autor resumia o problema da investigação
sobre os temas da comunicação a 4 grandes categorias: (1) quem, (2) disse o quê, (3) a quem, (4) com que
efeito? E este foi de facto um paradigma muito usado na pesquisa posterior sobre a comunicação
persuasiva.
Vários estudos mostraram que os meios de comunicação social tinham efeitos limitados e não
universais na formação e mudança de atitudes.

O
Om
mooddeelloo ddee ccoom
muunniiccaaççããoo ppeerrssuuaassiivvaa: os resultados de vários estudos permitiram concluir
que o efeito da comunicação persuasiva não é imediato nem tão simples como parecia no
início. Neste contexto de menorização da influência da comunicação persuasiva na formação e
mudança de atitudes, um grupo de investigadores coordenados por Hovland desenvolve, de
uma forma estruturada, um conjunto de estudos experimentais em que se tenta mostrar os
efeitos da fonte, do canal, da mensagem e do tipo de audiência.
A comunicação persuasiva é uma estratégia de mudança de atitudes, via mediação social.
Existem, assim, três factores fundamentais, cada um deles tendo características específicas, de modo
a maximizar a persuasão:
 Quem – ffoonnttee: ter boa apresentação, credibilidade, deve ser uma pessoa atraente, enfática, estar
segura daquilo que diz, deverá ser especialista na matéria de modo a dar confiança ao ouvinte.
Deve-nos ser familiar e o seu estatuto social deve ser próximo do ouvinte.
 O quê – ccoonntteeúúddoo ddaa m
meennssaaggeem
m: a mensagem deve ser não intencional, ou seja, a persuasão é
maior quando a conclusão é deixada implícita do que quando ela é explicitada. Só se devem
apresentar as vantagens do produto. As mensagens mais persuasivas devem desencadear
reacções emocionais.
 Quem – rreecceeppttoorr (atributos da audiência): é importante que o sujeito esteja distraído porque
assim induz mais persuasão. São mais influenciados os sujeitos com auto-estima média (nem alta
nem baixa). A idade mais susceptível de persuasão é entre os 18 e os 25 anos. As pessoas com
níveis de inteligência mais baixos são também mais influenciáveis. Também depende das
características de personalidade.
Um dos autores que se debruçou neste estudo foi H
Hoovvllaanndd (1953) que pertencia ao grupo da escola
de Yale. Ele estudou quem deve dizer o quê e a quem de modo a haver persuasão. O modelo teórico de
Hovland pressupõe que o impacto da comunicação se dê em três fases sucessivas (a fase de mudança de
atitudes vai ocorrer numa destas fases):
- 163
-
1.
2.
3.
Fase da atenção à mensagem.
Fase de compreensão do conteúdo.
Fase da aceitação das conclusões.
A mudança de atitude estaria assim dependente de processos cognitivos anteriores (atenção, memória
e compreensão). Alguns anos mais tarde, McGuire cria o M
Mooddeelloo BBiiffaaccttoorriiaall (1968) desenvolve estes
processos identificados pela escola de Yale numa sequência do processamento da informação em 5
etapas, em que a falha em qualquer delas faria terminar o processo (assim, têm de existir as cinco etapas
para haver persuasão):
1. Atenção: para haver persuasão a audiência tem de estar atenta à mensagem.
2. Compreensão: para haver persuasão a audiência tem de compreender os argumentos que ouviu e
identificar o significado da mensagem.
3. Aceitação: a audiência tem de concorda com as conclusões apresentadas.
4. Retenção Mnésica: a mudança de atitude deve manter-se na memória durante algum tempo.
5. Acção: a mudança de atitudes deve ter consequências comportamentais.
Atenção
x
Compreensão
x
Aceitação
x
Retenção
x
Comportamento
A atenção é o componente motivacional. Enquanto a compreensão é o componente cognitivo – aqui,
a inteligência tem um efeito paradoxal porque favorece a recepção da mensagem mas pomos mais
obstáculos à aceitação da mensagem.
Outra preocupação da escola de Yale foi estudar factores de resistência à mudança de atitudes. Um
estudo realizado por Lumesdain e Janis (1953) mostraram que conseguiam mudar as atitudes de
estudantes universitários expostos a mensagens persuasivas, mas que esta mudança só se mantinha face à
posição contrária quando a mensagem inicial incluía argumentos bilaterais.
McGuire (1964) desenvolveu estas ideias identificando duas formas através das quais a nossa
experiência passada pode fortalecer a resistência à mudança:
 Dar mais argumentos favoráveis à opinião do indivíduo (criar defesas através do apoio).
 Expondo as pessoas a opiniões contrárias, de modo que ela fortaleça a contra-argumentação e
crie inoculação contra a mudança (defesa através de refutação).
A inoculação, segundo o autor, é muito mais eficiente na criação de defesas face à mudança de
atitude.
Os estudos sobre a persuasão tiveram, a partir dos trabalhos pioneiros da escola de Yale, muitos
continuadores. No entanto, nos anos 80, esse enorme corpo empírico apresenta resultados contraditórios.
Petty e Cacioppo (1986) afirmam mesmo que a literatura existente apoiava a ideia de que praticamente
qualquer variável independente estudada aumentava a persuasão em algumas situações, não tinha efeito
noutras e ainda baixava a persuasão noutros contextos.

D
Duuaass vviiaass ppaarraa aa m
muuddaannççaa ddee aattiittuuddeess: esta constatação vem estimular a procura de
variáveis de nível mais geral que permitissem discriminar os processos cognitivos que estão na
base da persuasão. Chaiken (1980, 1987) e Petty e Cacioppo (1981, 1986) vêm exactamente
propor uma nova forma de abordar o processo por uma nova forma de abordar o processo de
persuasão.
Assim, a principal conceptualização contemporânea de comunicação persuasiva é a de Petty e
Cacciopo, que procuraram identificar quais os processos básicos responsáveis pela eficácia das
mensagens persuasivas e quais os processos presentes no modelo de McGuire.
A ideia básica é que a persuasão nem sempre é o resultado de um longo caminho cognitivo,
esforçado e racional, com as etapas identificadas por McGuire sugerem. Isto é, nem sempre mudamos de
opinião por termos ouvido com atenção os argumentos que nos são dados, verificarmos a sua validade e
aceitarmos a posição e retendo a mudança.
Muitas vezes somos persuadidos porque a pessoa que nos está a tentar influenciar é bonita, parecenos honesta, é persistente, o tema não nos interessa assim muito, … Nestas situações, não nos damos ao
trabalho de elaborar cognitivamente as mensagens e, em vez de percorrermos todo o percurso cognitivo,
- 164
-
desde a atenção até à aceitação, optamos por um atalho que nos evita a fase da compreensão e elaboração
da mensagem e nos leva directamente para a aceitação.
Estes autores caracterizam, assim, dois tipos de processamento cognitivo das mensagens cognitivas:
1.
Processamento sistemático (Chaiken) ou processamento central (Petty e Cacciopo) – que
envolve a elaboração cognitiva da mensagem e que seguiria mais de perto as etapas previstas
dos modelos mais racionalistas da tomada de decisão. Na estrada/no caminho principal os
sujeitos despendem esforço, pois implica uma avaliação cognitiva elaborada sobre os
argumentos persuasivos. Pressupõe que a pessoa avalie a informação relevante sobre o
objecto, de acordo com o conhecimento que já possui dele, e chegue, de forma ponderadas
mas não necessariamente objectiva, a uma atitude que integra a informação obtida.
2.
Processamento heurístico (Chaiken) ou processamento superficial ou periférico (Petty e
Cacciopo) – que exige menor envolvimento cognitivo. No caminho periférico, não se verifica
um esforço de codificação da mensagem e os indivíduos utilizam regras diferentes, mecânicas
de aceitação da mensagem, pois implica uma menor elaboração cognitiva, sendo que o sujeito
vai minimizar a informação escrutinada e a mudança de atitude dá-se com base em processos
que exijam fraca elaboração.
OM
Mooddeelloo hheeuurrííssttiiccoo--ssiisstteem
mááttiiccoo ddoo pprroocceessssaam
meennttoo ddaa iinnffoorrm
maaççããoo ppeerrssuuaassiivvaa (Chaiken, 1989)
salienta que em muitas situações de persuasão fazemos avaliações baseadas em regras simples, que
aprendemos durante a nossa vida e que nos evitam de ter de dar muita atenção ao que nos está a ser dito.
A activação das regras (heurísticas) leva a que se possa dispensar um processamento do conteúdo da
mensagem para que ela seja rapidamente aceite – a publicidade faz apelo à heurística do especialista, mas não é
só o indicio de estatuto ou profissão que activam a heurística de especialista, a velocidade com que a fonte fala (um
indicador de segurança do discurso), a simpatia da fonte também activam esta heurística. Outra heurística utilizada
em publicidade é a do tamanho da mensagem: intervenções mais longas, grandes listagens de argumentos para usar
um determinado produto impressionam a audiência… outra, ainda, prende-se com a utilização de gráficos e
estatísticas como forma de validar o discurso e activar uma heurística de que os números não mentem.
Todas estas heurísticas têm uma base de construção racional. O processamento sistemático da
informação pressupõe uma forma controlada de pensamento e a passagem pelas diversas fases de
processamento de informação.
Designam-no de M
Mooddeelloo ddaa pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee eellaabboorraaççããoo (Petty e Cacioppo, 1986), define também
dois tipos de processamento de informação: processamento central e processamento periférico, que em
grande parte se sobrepõe aos dois tipos propostos pelo modelo Heurístico.
A grande diferença entre os dois modelos prende-se com o carácter automático do pensamento menos
elaborado cognitivamente. Enquanto que o modelo Heurístico-sistemático pressupõe a activação automática das
heurísticas, a teoria da probabilidade de elaboração apenas salienta que a via periférica para a persuasão recorre a
uma menor elaboração cognitiva das mensagens, sem recorrer ao processamento automático.
Este modelo parte do princípio que em determinadas circunstâncias é mais eficaz mudar as atitudes
através de factores centrais à comunicação (tal como a força, pertinência ou validade dos argumentos) e
noutras circunstâncias a mudança atitudinal pode efectuar-se através de factores secundários à lógica dos
argumentos (tal como a atractibilidade ou credibilidade da fonte).
O conceito fundamental neste modelo é o de elaboração, isto é, o grau em que a pessoa pensa nos
argumentos relevantes existentes na mensagem (ou seja, diz respeito à interpretação e avaliação dos
argumentos) – o que pressupõe a existência de factores. Logo, para que se possa aceitar uma mensagem
existem dois factores básicos:
1. FFaaccttoorr ccooggnniittiivvoo – tenho que ser capaz de a processar.
2. FFaaccttoorr m
moottiivvaacciioonnaall – tenho que estar motivado para receber.
Então, a probabilidade de elaboração tem a ver com o grau em que o receptor pensa nos argumentos
contidos na mensagem. Então, face a uma comunicação persuasiva o receptor pode pensar mais ou menos
no conteúdo da mensagem.
O modelo da probabilidade de elaboração considera existir um contínuo que é o grau em que o
sujeito pensa os elementos da mensagem.
Quando se pensa mais no pólo positivo da mensagem os receptores tem que reter os elementos na
memória – prestar atenção, desse modo está a adoptar uma via central de persuasão. Assim, esta via
resulta da apreciação cuidada dos argumentos contidos na mensagem e envolve factores, tais como a
compreensão, aprendizagem, retenção, auto-produção de argumentos.
- 165
-
Quando se pensa mais no pólo negativo da mensagem vai haver uma mudança atitudinal através de
uma via periférica. Assim, esta via é resultante da mera associação da mensagem com índices de natureza
positiva, que podem ser índices mais básicos (fome, medo…) ou índices secundários (poder ou
credibilidade da fonte).
A via que implica um maior esforço cognitivo é a via central. Nós só vamos adoptar uma via central
quando a mensagem é muito importante para nós. Através da via central formam-se atitudes mais
duradouras e estáveis, resistente à mudança e à contra-argumentação, são mais consistentemente ligadas
ao comportamento. As atitudes modificadas através da via periférica (que envolve as heurísticas) são mais
fáceis de modificar (ou seja, instáveis) e estão menos associadas aos comportamentos.
Assim, existem algumas circunstâncias que fazem que adoptemos a via central. Petty e Cacioppo
consideram a existência de dois factores (condições) que determinam/influenciam qual das duas vias vai
ser adoptada (a probabilidade de elaboração das mensagens persuasivas):
1. M
Moottiivvaaççããoo: um dos determinantes da motivação é a relevância pessoal, que é a medida em que o
tema/assunto tem consequências importantes para a pessoa. Se esse assunto tem uma elevada
pertinência para a pessoa adoptamos a via central. Quanto mais pertinente mais motivação existe
para que a mudança de atitudes se faça sob a via central.
Um outro determinante da motivação é uma característica da personalidade: a necessidade de
cognição (há pessoas que gostam mais de pensar do que outras). Uma pessoa com maior
necessidade de cognição vão adoptar mais a via central. Assim, quanto maior a necessidade de
cognição maior a probabilidade da mudança de atitudes ser feita pela via central.
Ainda, outro determinante da motivação é a responsabilidade pessoal. Quando uma pessoa tem
mais responsabilidade pessoal vai adoptar a via central (quando existe uma responsabilidade a
pessoa tem mais probabilidade de usar a via central).
Ou seja, é mais provável que a mudança de atitudes se faça pela via central quando o indivíduo
tem uma responsabilidade de tomar uma decisão.
2. C
Caappaacciiddaaddee ppaarraa ppeennssaarr nnooss aarrgguum
meennttooss: há situações em que mesmo que queiramos ter
atenção em algo não conseguimos, ou seja, está associada ao cansaço, distracção, complexidade
do tema, falta de informação… – está associado à capacidade de concentração e à capacidade de
processamento da informação. Neste caso vai ser adoptada a via periférica (pois se é impossível
prestar atenção é impossível adoptar a via central).
Na via periférica adoptam-se as heurísticas (exemplos: as pessoas que falam mais rápido e alto
são mais seguras daquilo que dizem – assim, são mais persuasivas; as pessoas bonitas dizem
sempre a verdade…).
Representação esquemática do modelo:
Comunicação persuasiva
O indivíduo tem
motivação e
capacidade para
processar a
informação.
Se sim! Ocorre uma mudança
atitudinal da estrutura cognitiva (se
os argumentos forem relevantes),
ocorrendo através de uma via central.
Se não! E se os índices periféricos
forem positivos ocorre uma mudança
atitudinal, através da via periférica.
Mas se os índices não estão presentes
mantém-se a atitude inicial.
IInnvveessttiiggaaççããoo rreeaalliizzaaddaa ppoorr PPeettttyy,, C
Caacciiooppppoo ee G
Goollddm
maann ((11998811)) ppaarraa tteessttaarr eessttee m
mooddeellooss
ddaa pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee eellaabboorraaççããoo
O pressuposto teórico da investigação para testar o modelo é: se um tópico tem uma elevada
relevância pessoal os indivíduos vão prestar atenção aos argumentos contidos na mensagem. Se, por outro
- 166
-
lado, um tópico não tem relevância pessoal os indivíduos vão centrar-se na qualidade dos índices
secundários à mensagem, isto é, vão adoptar uma via periférica. Os sujeitos foram distribuídos
aleatoriamente pelas oito condições experimentais.
Esta investigação é caracterizada por ser um plano multifactorial.
V
Vaarriiáávveeiiss IInnddeeppeennddeenntteess:

Envolvimento pessoal, que poderia ter dois níveis: alto ou baixo (no envolvimento pessoal alto
era comunicado aos sujeitos que as modificações na avaliação se iria realizar daí a um ano,
sendo que os sujeitos eram afectados pela mudança. No envolvimento pessoal baixo era
comunicado aos sujeitos que as modificações eram daí a 10 anos – estas mudanças não
afectariam os sujeitos).

Natureza da fonte, fonte de argumentação, poderia ser de dois níveis diferentes: especialista
(um professor de educação da universidade) ou não especialista (uma turma de uma escola
secundária local).

Qualidade dos argumentos, que podem ser de dois níveis: fortes (dados estatísticos) ou fracos
(opiniões pessoais e exemplos).
Assim, é um plano factorial 2x2x2, por isso vai ter oito condições experimentais.
Passaram-se questionários para verificar o grau de favorabilidade ou não perante a introdução do
exame global.
FFaavvoorráávveell
Fonte: Especialista
A
Attiittuuddee
Fonte: Outra Turma
D
Deessffaavvoorráávveell
A
Allttoo
BBaaiixxoo
EEnnvvoollvviim
meennttoo
Quando o envolvimento é forte, os sujeitos entram pelo caminho central de descodificação da
mensagem. Os que não estão envolvidos optam pela via periférica.
O grau de envolvimento tem um efeito diferencial no grau de importância atribuída à fonte.
FFaavvoorráávveell
Argumentos fortes
A
Attiittuuddee
Argumentos fracos
D
Deessffaavvoorráávveell
A
Allttoo
BBaaiixxoo
EEnnvvoollvviim
meennttoo
V
Vaarriiáávveell D
Deeppeennddeennttee:
 Seria a mudança de atitudes: a variável dependente era a atitude dos sujeitos em relação à
implementação de exames globais para os alunos do último ano, como pré-requisito para a
conclusão da licenciatura. Foi operacionalizada/medida através de duas escalas: escala de
diferenciador semântico e escala de Lickert.
- 167
-
O problema de investigação consistia em saber em que circunstâncias os indivíduos que assistem a
uma comunicação persuasiva adoptam cada uma das vias, central ou periférica. Estes autores propõem
duas hipóteses de investigação:


Quando o tópico tem uma elevada relevância pessoal (a condição alto envolvimento) a mudança
atitudinal vai efectuar-se através da via central.
Quando o tópico é irrelevante do ponto de vista pessoal (condição baixo envolvimento) a
mudança atitudinal vai realizar-se através da via periférica.
Argumentos
Envolvimento alto
Fonte: especialista
Fonte: não
especialista
Envolvimento baixo
Fonte:
Fonte: não
especialista
especialista
Fortes
1 (numero da
condição
experimental)
2
3
4
Fracos
5
6
7
8
Então, em termos de previsão prevê-se que haja uma maior mudança atitudinal na condição 1, 2, 5 e
7. Os autores previam uma interacção entre o envolvimento e a natureza da fonte e previram também uma
interacção entre o envolvimento e a qualidade dos argumentos. A principal variável independente seria,
então, o envolvimento.
As hipóteses foram validadas! No gráfico da fonte verifica-se que existe uma interacção entre a
natureza da fonte e o envolvimento. No gráfico sobre os argumentos existe uma interacção entre a
qualidade dos argumentos e o envolvimento.
Independentemente do envolvimento a fonte mais importante é a especialista, quanto à qualidade dos
argumentos são os argumentos fortes que provocam uma maior mudança atitudinal. Verifica-se um efeito
principal da fonte e da qualidade dos argumentos e duas interacções.
a.
b.
c.
d.
e.
f.
A natureza da fonte é a principal variável independente – Falso!
A variável dependente é a posição pró ou contra-atitudinal – Falso!
Verifica-se um efeito principal da variável envolvimento – Falso!
Verifica-se uma interacção estatisticamente significativa entre o envolvimento e a natureza da
fonte – Verdadeiro!
A interacção entre o envolvimento e a qualidade dos argumentos não atingiu o limiar de
significação – Falso!
A fonte especialista é mais eficaz do que a não especialista na condição alto envolvimento –
Verdadeiro!
g.
Os argumentos fracos produzem um maior efeito na condição baixo envolvimento em relação à
condição alto envolvimento – Verdadeiro!
Quando há envolvimento os argumentos pesam muito mais na manipulação das atitudes (Petty,
Cacciopo e Goldam, 1981). Os elementos na publicidade funcionam como estratégia para as pessoas não
se centrarem na via central de descodificação de mensagem, são distractores para não haver uma
descodificação cognitiva, e por via central, mas por via periférica.
Além destes estudos apresentados existem outros que se debruçam sobre a mudança de atitudes. As
experiências de Festinger e Carlsmith e de Aronson e Mills são um meio de modificação de atitudes.
C
Coonnsseeqquuêênncciiaass ccooggnniittiivvaass ddee aaccoorrddoo ffoorrççaaddoo ((FFeessttiinnggeerr &
&C
Caarrllssm
miitthh,, 11995599))
Esta investigação foi feita para validar a Teoria da dissonância cognitiva (esta é a investigação que
teve mais impacto devido aos resultados contraditórios).
- 168
-
O problema inicial/central da investigação é: “o que acontece à opinião privada de uma pessoa
quando esta é levada a defender publicamente uma posição contraditória”.
A explicação que tem sido avançada para o fenómeno em estudo/problema inicial é a explicação de
Janis e King, em termos da auto-persuasão e procura de novos argumentos (as pessoas quando tentam
convencer outra pessoa acabam por se convencer a si próprias).
Janis e King (1956) fizeram uma experiência na qual chegaram à conclusão que os estudantes quando
tinham que improvisar um discurso a favor da ida dos soldados para a guerra, acabavam por modificar
mais a sua atitude própria para uma atitude mais favorável.
Nesta experiência haviam duas condições experimentais:
1. Um grupo de estudantes que tinham que improvisar um discurso sobre a defesa da ida dos
soldados para a guerra do Coreia.
2. Um outro grupo de estudantes que tinha que ler em voz alta um texto, já redigido, que defendia a
ida dos soldados para a Coreia.
Foram avaliadas as atitudes dos estudantes depois da experiência e o grupo que teve que improvisar o
discurso apresentou atitudes mais favoráveis sobre a ida dos soldados para a guerra. Os resultados da
investigação foram interpretados a partir de um processo de auto-persuasão. Os estudantes ao tentarem
arranjar argumentos convenceram-se a si próprios – as pessoas mudam de opinião porque se convencem a
si próprios, então, os valores mais elevados encontravam-se nos que tinham improvisado o discurso (pois
procuraram argumentos).
Festinger e Carlsmith não ficaram satisfeitos com a investigação e então realizaram outra
experiência. Assim,
Eu penso A
Defendo publicamente posição Ā
“Eu penso Ā”
Cria-se uma tensão para a diminuir. Então,
como não posso mudar a cognição B, porque
a defendi publicamente, mudo a cognição A.
Eles pretendiam, também, saber o efeito/influência de uma recompensa na mudança de opinião.
Enquanto que nas teorias da aprendizagem se defendia que quanto mais recompensado for um
comportamento mais aumenta a frequência desse mesmo comportamento, as teorias de dissonância
cognitiva defendiam que a recompensa actua como elemento consoante, logo, não era necessário a
modificação da opinião.
Assim, outro problema adicional que Festinger e Carlsmith pretendem estudar é o efeito de uma
recompensa na mudança atitudinal. A explicação avançada para este problema é a explicação de Kelman
(1953), que diz que quanto maior fosse a recompensa maior seria a mudança atitudinal – era uma relação
directa entre a recompensa maior por defender uma posição contrária à sua e a maior mudança atitudinal,
que se explica com base nas leis do reforço.
Festinger diz que, segundo a teoria da dissonância cognitiva, isto, defendido por Kelman, não deveria
acontecer. Diz, então, que segundo a teoria – quanto menor fosse a recompensa maior seria a mudança
atitudinal – ou seja, era uma relação inversa. A hipótese que saiu reforçada foi a de Festinger.
Logo, a hipótese geral apontada por Festinger e Carlsmith era considerar que quanto maior fosse a
recompensa atribuída ao sujeito por defender uma posição contra-atitudinal menor iria ser a mudança de
opinião.
Deste modo, Festinger e Carlsmith tentaram testar estas hipóteses da teoria da dissonância cognitiva
com uma experiência onde é criada uma situação na qual os indivíduos eram recompensados por
defenderem uma opinião contrária à sua. Eles passavam por uma investigação monótona e repetitiva e
depois tinham que convencer uma rapariga que a investigação era interessante e valia a pena.
- 169
-
Eu acho as tarefas
monótonas.
Eu disse à rapariga que as
tarefas eram interessantes
Então, o sujeito tinha duas alternativas para reduzir a tensão:
b) Modificar as cognições dissonantes, ou seja, a cognição A pois a cognição B, defendida
publicamente, não pode ser mudada.
c) Adicionar cognições consonantes.
O mais adequado a fazer para reduzir a dissonância é mudar uma destas cognições: modificar a
opinião A, de modo a esta passar a ser consoante com a posição defendida (ou seja, ele podia aumentar o
numero ou a importância dos elementos consoantes).
Esta investigação contou com:
 Participantes: 71, de sexo masculino (estudantes do primeiro ano de psicologia)
 Condições:
1. Condição de Controlo: que mostra o comportamento puro dos sujeitos sem a introdução
da dissonância cognitiva. Na condição controlo, os sujeitos iam modificar a cognição A e
passava a achar as tarefas interessantes (houve uma mudança atitudinal).
2. Recompensa um dólar (recompensa muito baixa): nesta condição para reduzir a
dissonância eles mudavam a cognição A (tal como na condição controlo), mas além disso,
como tinham mais dissonância do que na condição controlo pois tinham a cognição C (de
que foram mal pagos – ou seja, mentiam à rapariga por pouco dinheiro), esta cognição era
dissonante com a cognição B – logo, vai haver muita mais dissonância cognitiva havendo
uma maior pressão para reduzir a dissonância.
A estratégia que se revela suficiente na condição controlo que era mudar a cognição A,
não é suficiente nesta condição porque apesar de mudar a cognição A ainda havia alguma
necessidade de diminuir a dissonância que foi, então, colmatada por outra estratégia – que
passa por outra cognição (D) de que a experiência é muito importante a nível cientifico.
Esta, por sua vez, é uma cognição consonante com a cognição B – esta cognição D era
uma forma adicional de reduzir a dissonância (que consistia em adicionar cognições
consonantes).
3. Recompensa 20 dólares (recompensa mais alta): nesta condição, o sujeito reduzia a
dissonância adicionando a cognição C, que consistia em considerar que tinha sido bem
pago (era uma cognição consonante com a cognição B – de que tinha mentido à rapariga)
– é um modo alternativo para diminuir a dissonância. E, no entanto, podemos esperar uma
mudança de opinião, da cognição A, mas muito ténue!
Logo, a condição em que era esperada uma mudança atitudinal mais forte era na condição 1 dólar,
seguidamente na condição de controlo (obviamente a um nível menor) e por fim na condição 20 dólares
(onde não havia uma mudança atitudinal expressiva).
Assim, como previsão era esperada uma maior mudança de atitudes na condição 1 dólar, que era a
condição onde a dissonância cognitiva era maior.
Dava-se uma “cover story” aos sujeitos (encenação da investigação) logo ao início da experiência.

 C
Coonnddiiççããoo ddee C
Coonnttrroolloo
- 170
-
O rapaz achou as tarefas
monótonas.
Disse à rapariga que as
tarefas eram interessantes
Esta motivação seria para o
sujeito achar as tarefas
interessantes (a cognição A teria,
então, que ser substituída) –
“achei as tarefas interessantes”.

 C
Coonnddiiççããoo 11 D
Dóóllaarr (mau pago)
O rapaz achou as
tarefas
monótonas.
Disse à rapariga
que as tarefas
eram interessantes
Fui mal pago
Poderia haver uma:
A experiência é
muito importante
A cognição C vai aumentar a dissonância. Logo, pode surgir a cognição D, porque é uma cognição
consonante – surgindo para diminuir a dissonância.
Espera-se, nesta condição, em que foram mal pagos e tem mais cognições dissonantes, que os
sujeitos usem a cognição de consonância (cognição D), para diminuir a tensão/dissonância cognitiva que
estava a sentir. Além disso, a cognição D serve para maximizar a importância da investigação.

 C
Coonnddiiççããoo 2200 D
Dóóllaarreess (bem pagos)
O rapaz achou
as tarefas
monótonas.
Disse à rapariga
que as tarefas
eram interessantes
Fui bem pago
Fez diminuir a dissonância, pelos rapazes
terem de mentir à rapariga. Além disso, se
os sujeitos dessem grande importância à
cognição C era de esperar que não
tivessem que mudar a cognição A, a
mudança de atitude em relação ás tarefas
não seria tão grande.
V
Vaarriiáávveell IInnddeeppeennddeennttee:
A variável independente é a pressão para reduzir a dissonância (recompensa) e foi operacionalizada
através de três esquemas de reforço (remuneração/recompensa):
 Controlo
 Um dólar
 Vinte dólares
V
Vaarriiáávveeiiss D
Deeppeennddeenntteess: (4)
- 171
-
1. PPrraazzeerr nnaa eexxeeccuuççããoo ddaass ttaarreeffaass: directamente relacionado com a dissonância cognitiva e com a
cognição A – esperava-se que na condição 1 dólar houvesse uma modificação da cognição A.
2. D
Deesseejjoo eem
m ppaarrttiicciippaarr nnuum
maa eexxppeerriiêênncciiaa sseem
meellhhaannttee: esperam-se, tal como na primeira
variável independente, resultados mais elevados na condição 1 dólar.
3. A
Apprreennddiizzaaggeem
m rreettiirraaddaa ddaa eexxppeerriiêênncciiaa: é uma variável para ver se não havia variações
experimentais, assim, esta variável não estava relacionada com nada, pelo que se esperava que os
resultados fossem semelhantes em todas as condições experimentais (que não houvesse
diferenças nas condições, se o efeito da dissonância era especifico das variáveis – era uma
variável de controlo das outras variáveis dependentes).
4. IIm
mppoorrttâânncciiaa cciieennttiiffiiccaa aattrriibbuuííddaa àà eexxppeerriiêênncciiaa//iinnvveessttiiggaaççããoo: a cognição de que a experiência
era muito importante estava mais patente na condição 1 dólar – porque havia mais dissonância
(poderia reflectir um modo adicional de diminuir a dissonância cognitiva).
Estas quatro variáveis dependentes foram operacionalizadas através de um questionário, tipo escala
de Likert.
O tipo de plano utilizado pelo Festinger e Carlsmith quanto ao número de variáveis independentes e
variáveis dependentes e controlo dos factores classificatórios foi um plano unifactorial e multivariado,
uma vez que há uma variável independente e quatro variáveis dependentes (se tivesse mais que uma
variável independente seria um plano factorial e se só tivesse uma variável dependente seria um plano
univariado).
Quanto ao controlo dos factores classificatórios os sujeitos foram distribuídos aleatoriamente pelas
condições experimentais e houve manipulação da variável independente, então é um plano experimental.
Os investigadores analisaram os resultados com o T de Student – o que é errado pois eleva o nível de
significância. Deste modo, Festinger e Carlsmith não consideravam o 0,05 para as diferenças estatisticamente
significativas.
Qual o tipo de analise mais adequada para este plano com uma variável independente e quatro variáveis
dependentes? É uma MANOVA – uma análise factorial! (a ANOVA usa-se quando se tem uma só variável
independente e uma variável dependente).
A variável dependente mais importante para a validação das hipóteses de investigação é o prazer
retirado das tarefas.
Os sujeitos na condição 1 dólar diferenciam-se estatisticamente dos sujeitos na condição 20 dólares e
na condição controlo – quanto ao prazer e participar na experiência.
Na importância cientifica atribuída à experiência, a previsão acabou por não ser validada, pois não há
diferenças estatisticamente significativas entre os resultados dos sujeitos da condição um dólar e os
resultados dos sujeitos das outras condições. Já no desejo de participar numa experiência semelhante as
diferenças não são estatisticamente significativas.
Assim, foi só na variável dependente principal – no prazer de participar na experiência – que se
encontraram diferenças significativas entre a condição um dólar e as outras duas condições.
As hipóteses foram corroboradas pelos resultados da experiência, tendo reforçado a teoria da
dissonância cognitiva.
A explicação alternativa considerada pelos autores que concorre com a teoria da dissonância
cognitiva na explicação dos resultados da investigação era a de Janis e King, em termos da autopersuasão, onde o sujeito deve encontrar bons argumentos para convencer a rapariga, acabando por se
convencer a si próprio – mas isso tanto poderia acontecer na condição 1 dólar como na condição 20
dólares.
Para verificar se havia diferenças, Festinger e Carlsmith fizeram uma experiência e usaram as
gravações do diálogo do sujeito com a rapariga – essas gravações foram avaliadas/classificadas por dois
avaliadores independentes em cinco dimensões:
 Em primeiro lugar, o que o sujeito disse à rapariga antes dela referir que um colega já lhe tinha
dito que a experiência era aborrecida.
 Em segundo lugar, o que é que o sujeito disse depois da rapariga ter referido este aspecto.
 Em terceiro lugar, escala para avaliar o conteúdo global do que o sujeito disse.
 Em quarto lugar, escala para avaliar o grau de persuasão do sujeito.
- 172
-

Em quinto lugar, escala para avaliar a quantidade de tempo gasto na discussão, de argumentos
importantes e assuntos irrelevantes.
Era de esperar que os sujeitos que recebiam 20 dólares se esforçassem mais para convencer a
rapariga e verificou-se também uma diferença estatisticamente significativa no item da quantidade de
tempo gasto para convencer a rapariga – sendo os sujeitos da condição 20 dólares que demonstram mais
tempo a convencer a rapariga.
Segundo Janis e King, seriam os sujeitos da condição 20 dólares que teriam uma maior mudança
atitudinal (já que demoraram mais tempo e tinham, então, mais oportunidade de se auto-convencerem) – o
que não foi corroborado. Por isso, a teoria de Janis e King foi abandonada!
Diga se são verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem:
(a) Na condição um dólar, os participantes consideram as tarefas mais agradáveis e interessantes
relativamente ás outras duas condições – Verdadeiro!
(b) Há maior evidência de redução da dissonância cognitiva na condição um dólar – Verdadeiro! (a
redução da dissonância vê-se através da modificação da cognição)
(c) Não se verificam diferenças estatisticamente significativas entre as três condições experimentais,
no que respeita ao item: desejo de participar numa experiência semelhante – Verdadeiro!
(d) Os resultados relativos ao grau de importância científica atribuída à experiência, reflectem uma
tentativa de redução da dissonância – verdadeiro!
IInnvveessttiiggaaççããoo ddee A
Arroonnssoonn ee M
Miillllss ((11995599)) –– E
Effeeiittoo ddee sseevveerriiddaaddee ddaa iinniicciiaaççããoo nnaa
aattrraaccççããoo ppoorr uum
m ggrruuppoo
Nesta investigação o sujeito para entrar num grupo (desinteressante) tem de passar, anteriormente,
por um processo de iniciação, que podia ser muito desagradável. Os investigadores tentaram, com isto,
provocar um efeito de dissonância cognitiva.
O sujeito passava por uma
iniciação desagradável
As cognições são relevantes mas dissonantes
Para se juntarem a um
grupo desinteressante
Vai haver, então, uma tentativa de diminuir/eliminar a dissonância cognitiva.
Para tal podemos diminuir a importância dos elementos dissonantes (ou a
cognição A ou a B). a cognição A é a menos resistente e está ligada à
receptividade dos elementos à realidade.
As questões formuladas pelos autores: é frequente observar-se que as pessoas que tem que enfrentar
situações difíceis ou complicadas/dolorosas para fazer parte de um grupo tendem a valorizá-lo mais que
as outras pessoas que despendem pouco esforço para lá entrar. Será que esta observação é realmente
válida? Será que se mantém quando testada nas condições controladas? Se esta observação é valida, como
é que pode ser explicada/observada?
A hipótese colocada pelos autores foi: as pessoas passam por uma iniciação severa para ficarem
como membros de um grupo aumentam o seu gosto por este – ou seja, consideram o grupo mais atraente
do que as pessoas que se tornaram membros mas não passaram por uma iniciação severa.
Nesta experiência era de esperar que os sujeitos da iniciação severa achassem mais interessante o
grupo e os seus participantes. O que aconteceu é que os sujeitos da iniciação severa avaliaram mais
positivamente tanto a discussão como os seus participantes – já os outros grupos (o de controlo e o de
iniciação média) acharam mais interessante os participantes do que a discussão: porque é muito mais fácil
fazer comentários negativos acerca de uma discussão (que é mais impessoal) do que acerca dos
participantes – porque era mais subjectivo e havia uma maior identificação, pois também estes eram
estudantes (assim, a discussão é que era desinteressante e não os participantes em si).
Assim, os resultados corroboram a hipótese, porque, à luz da teoria da dissonância de Festinger,
realmente foram os sujeitos da iniciação severa que avaliaram melhor o grupo.
- 173
-
V
Vaarriiáávveell IInnddeeppeennddeennttee: é o grau de severidade de iniciação, que foi operacionalizada pelo tipo de
iniciação: três condições relativas a três tipos de iniciação – severa (com 12 palavras obscenas), média
(com 5 palavras relacionadas com sexo) e de Controlo (sem palavras obscenas).
V
Vaarriiáávveell D
Deeppeennddeennttee: é a atracção pelo grupo, que foi operacionalizada através da avaliação através
de um questionário sobre os participantes e a discussão (operacionalizar uma variável a nível teórico significa
substitui-la por um referente empírico).
As possíveis fontes de variabilidade responsáveis pelas diferenças registadas a nível da variável
dependente são os pseudofactores (os factores situacionais) e que são controlados, pelos autores, pela
distribuição de cada sujeito numa mesma sala, individualmente, onde ouviam a mesma gravação…
Existem também os factores classificatórios (factores inerentes aos sujeitos) que são controlados pela
distribuição de modo aleatório dos sujeitos pelas condições experimentais.
Esta é uma investigação experimental, porque houve manipulação sistemática da variável
independente e controlo dos factores classificatórios e pseudofactores.
A entrevista pós-experimental é muito importante pois serve para explicar o verdadeiro objectivo da
investigação, bem como para assegurar as razões éticas (que ninguém sai de lá enganado). Além disso,
também serve para saber se os participantes descobriram o verdadeiro objectivo da experiência para o
poder anula-lo, em termos de investigação, e para assegurar a não divulgação da experiência a outros
sujeitos.
Estes autores para comparar as médias duas a duas realizaram um T de Student – contudo, é uma
atitude errada porque com um T de Student faz com que a taxa de erros aumente: o grau de significância é
de 0,05 mas sendo três T de Student este fica em 0,15. Logo, como temos três médias podíamos fazer uma
análise de variância.
Diga se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações:
a) De um modo geral, os sujeitos na condição iniciação severa avaliaram mais positivamente a
discussão e os participantes, do que os que se encontravam nas condições iniciação média e
controlo – Verdadeiro!
b) Todos os sujeitos na condição iniciação severa avaliaram mais positivamente a discussão
relativamente à condição controlo – Falso!
c) Verificou-se a existência de uma maior atracção pelo grupo na condição iniciação severa –
Verdadeiro!
d)
e)
Não há diferenças estatisticamente significativas entre as condições controlo e iniciação média
relativamente à discussão e aos participantes – Verdadeiro!
As escalas relativas aos participantes evidenciam resultados mais divergentes entre as condições
do que as escalas relativas à avaliação à discussão – Falso!
SSíínntteessee ssoobbrree aa tteeoorriiaa ddaa ddiissssoonnâânncciiaa ccooggnniittiivvaa
Para além das duas investigações que estudamos, existem muitas outras na psicologia social. A teoria
da dissonância cognitiva pode ser aplicada em vários contextos, atitudes, comportamentos, sentimentos,
emoções – tudo que tenha a ver com fundamentos cognitivos. Embora seja aplicada a vários contextos é
um pouco limitada em termos interpretativos.
Existem quatro paradigmas de investigação da teoria da dissonância cognitiva – cada um dos
paradigmas são investigações que se distinguem pelas formas de activação da dissociação cognitiva.
Alternativa A – psicologia
- Carácter geral do curso
- Corresponder aos interesses
pessoais
- Saídas profissionais
- Curso muito teórico
Alternativa B – medicina
- Saídas profissionais
- Remuneração salarial
- Muitos anos de estudo
- Escolha da especialidade
- Médias de entrada
- 174
-

 PPaarraaddiiggm
maa ddaa lliivvrree eessccoollhhaa – neste, a dissonância é activada quando o indivíduo toma uma
decisão. Por exemplo, quando temos de fazer uma escolha difícil entre dois aspectos
importantes.
Por exemplo – escolher entre dois cursos: quando tem que se fazer uma escolha difícil tem que
se ponderar as vantagens e as desvantagens de cada opção.
Neste exemplo, optou-se pelo curso de psicologia. Desvalorizam-se os aspectos positivos do curso de
medicina e valorizam-se mais os aspectos positivos do curso de psicologia. Os aspectos negativos do
curso de psicologia são dissonantes com os aspectos positivos do curso de medicina.
Ou seja, para reduzir a dissonância valorizam-se os aspectos positivos da alternativa escolhida.
Reduz-se a dissonância activada quando o indivíduo toma uma decisão através da maximização da
importância dos aspectos consoantes com a alternativa escolhida e com a minimização da importância dos
aspectos dissonantes.
Brehm (1956) diz que os sujeitos fazem uma escolha fácil quando se deparam entre produtos médios
e uma escolha difícil quando se deparam entre dois produtos bons.

 PPaarraaddiiggm
maa ddaa ddeessccoonnffiirrm
maaççããoo ddaa ccrreennççaa – neste paradigma a dissonância é activada quando
os indivíduos são expostos a informação inconsistente com as suas crenças.
Festinger, Dieken e Schachter, (1956) estudaram o fenómeno do proselitismo (nome das seitas).
Observam uma seita com crenças esquisitas: como, por exemplo, acreditavam que o hemisfério norte ia
ser engolido por cheias e só eles iam sobreviver porque iam ser levados para outro planeta por
extraterrestres. Claro que isto não aconteceu, e as pessoas da seita procuraram explicações para se
justificarem adicionando informação consoante à crença. Tentaram ainda convencer pessoas a entrar na
seita para que as suas crenças se tornassem mais fortes.

 PPaarraaddiiggm
maa ddaa jjuussttiiffiiccaaççããoo ddoo eessffoorrççoo – a dissonância cognitiva é activada quando um
indivíduo realiza uma actividade desagradável para obter uma consequência igualmente
desagradável. Como exemplo temos a investigação de Aronson e Mills sobre o efeito da
severidade da iniciação.

 PPaarraaddiiggm
maa ddoo aaccoorrddoo iinndduuzziiddoo – a dissonância cognitiva é activada quando o indivíduo diz ou
faz algo contrário à sua opinião inicial. Como exemplo temos a investigação de Festinger e
Carlsmith.
Esta investigação tem duas características importantes.
As características experimentais introduzidas pelos autores decisivas para a activação da dissonância
eram em primeiro lugar: o facto dos sujeitos serem livres de escolher o comportamento contra-atitudinal,
e o facto do comportamento do sujeito levar a consequências negativas. Estas características foram
introduzidas intuitivamente pelos autores.
Linden, Cooper e Jones (1967) fizeram variações experimentais e introduziram estas duas
características. A dissonância cognitiva só acontece quando os sujeitos eram livres de escolher o
comportamento e quando esse comportamento levava a consequências negativas.
E
Exxpplliiccaaççããoo ddaass ccoonndduuttaass ssoocciiaaiiss
A percepção e explicação das condutas sociais centra-se em duas problemáticas clássicas da
psicologia social que se prendem com os processos de formação de impressões e de atribuição causal – ou
seja, preocupar-nos com o modo como as pessoas percepcionam as outras e formar percepções acerca
delas e, além disso, vamos passar para a explicação das próprias condutas sociais.
Não há uma segunda vez para causar uma primeira impressão – tem que se tomar consciência da
importância das primeiras impressões que formamos dos outros e vermos as repercussões que tem nas
interacções sociais.
FFoorrm
maaççããoo ddee iim
mpprreessssõõeess
A problemática de formação de impressões está relacionada com as tteeoorriiaass iim
mppllíícciittaass ddaa
ppeerrssoonnaalliiddaaddee. Estas podem ser conceptualizadas como crenças gerais que mantemos a propósito da
espécie humana, nomeadamente naquilo que diz respeito à frequência e variabilidade de um traço de
carácter numa dada população.
- 175
-
Para além desta percepção geral podemos ter uma acepção mais restrita das teorias implícitas da
personalidade – como constituindo matrizes da população (retratos robot) de determinados traços que
transportamos “nas nossas cabeças” (a partir de um taco fazemos inferências sobre os outros, que podem
estar correlacionados).
As teorias dizem-se implícitas por duas razões principais:
1. Os sujeitos não têm necessariamente consciência deles e é provável que não as saibam
formalizar.
2. São obviamente teorias sem fundamentos científicos, ás quais recorremos para nos avaliar a nós
mesmos e aos outros, ao nosso comportamento e ao dos outros e para prevermos os
comportamentos.
As teorias implícitas dependem da motivação e dos nossos estados emocionais e do nosso
funcionamento cognitivo. As teorias implícitas formam-se através de três tipos de experiências:
 Informações verbais.
 Características físicas (um dos estereótipos mais comuns de que o “belo é bom” – esta inferência
a partir de uma característica física serve-nos para inferir características interiores).
 Pertença a determinados grupos sociais.
Do ponto de vista teórico o processo de formação de impressões tem sido analisado essencialmente a
partir de duas perspectivas distintas relativas ao processamento humano de informação: (1) uma
construtivista ou de processamento conceptualmente guiado (theory driven – top-dow), (2) e outra
associassionista ou de processamento guiado pelos dados (data driven – bottom-up):
O modelo dual de Brewer postula que o processamento da informação baseia-se em categorias (top-down) e
representações (bottom-up).
Em 1954, em termos teóricos, a expressão “teorias implícitas da personalidade” foi introduzida por
Bruner e Tagiuri, para descrever a percepção das pessoas. O desenvolvimento da problemática está
associado a três sub-domínios:
1. Estudos sobre a percepção social (escola do “newlook” – Bruner é um dos principais
representantes, ressalta a importância dos factores motivacionais, na própria percepção).
2. Estudo dos processos de atribuição psicológica cognitiva.
3. Trabalho clássico de Michel – em que desmistificou muitas das teorias, ditas, cientificas da
personalidade.
A conceptualização das teorias implícitas da personalidade – deve ser colocada numa perspectiva
motivacional em que todo aquele que observa tem o objectivo observacional que o leva a focar a sua
atenção em categorias ou segmentos de comportamentos relevantes para os ses propósitos.
Toda a observação que nós fazemos subordina-se a objectivos do próprio observador. Assim,
podemos ter três objectivos observacionais:
1. Quando observo à procura de informação ou aprendizagem.
2. Quando me centro na analise da personalidade do outro – identificação do carácter e dos traços
que lhe estão subjacente.
3. Estritamente de avaliação do outro
Existem, basicamente, dois modelos teóricos do processo de atribuição:
M
Mooddeelloo ddee A
Asscchh
Com base em alguns princípios da psicologia da Gestalt, Asch (1946) considerou que o processo de
formação de impressões teria um carácter holístico, ou seja, os traços que caracterizam uma pessoa
organizar-se-iam de tal modo que o todo seria diferente da simples coma das partes.
Dado que a simples observação empírica sugere que nem todas as características conhecidas sobre
uma pessoa contribuem com o mesmo peso para a formação de impressões, Asch colocou a hipótese de
que algumas características serão mais centrais enquanto outras serão secundárias. Ou seja, afirmava que
a partir de traços-estímulos nós formamos uma impressão geral e a partir dela procedíamos à inferência
de traços particulares.
Traços-estímulo
Inferência geral
Inferência de traços particulares
Para testar essa hipótese, realizou um conjunto de experiências com estudantes universitários.
- 176
-
Experiência de Ach – relativo à formação de impressões: divide os sujeitos em dois grupos aos quais deu as mesmas
instruções gerais. A um grupo lê-se uma lista de adjectivos positivos e ao outro grupo lê-se a mesma lista mas no meio
coloca-se um adjectivo diferente – esse adjectivo que variou de um grupo para o outro foi “caloroso” e “frio”.
No final, colocam-se aos sujeitos duas questões: em que medida eles queriam conhecer a pessoa e em que medida
gostariam de manter uma relação com essa pessoa – sendo-lhes solicitado que respondam ás duas questões numa escala
de 0 (pouco) a 10 (muito).
Ele verificou que o grupo onde foi lido o adjectivo “frio” revelou valores mais baixos ás duas questões. Assim, o
traço “caloroso/frio” tinha uma importância suficientemente forte para fazer com que a impressão sobre a pessoa fosse
bipolarizada. O Ach fez esta mesma experiência com outros traços e verificou que alguns deles não tinham modificação
nenhuma – a esses traços chamou traços periféricos.
A partir das várias experiências realizadas Asch tirou as seguintes conclusões:
1. Há um processo de discriminação entre traços centrais e periféricos. Nem todos os traços
ocupam o mesmo valor na impressão final. A mudança de um traço central pode alterar
completamente a impressão enquanto a mudança de um traço periférico tem um efeito mais
fraco.
2. Tanto o conteúdo cognitivo de um traço como o seu valor funcional são determinados pela
relação com o seu contexto.
3. Alguns traços determinam o conteúdo e a função de outros traços. Aos primeiros chamamos
centrais e aos segundos periféricos.
As experiências realizadas por Asch influenciaram de tal modo o primeiro período da pesquisa sobre
a formação de impressões que até finais dos anos 50 os estudos efectuados por outros autores (Kelley) se
caracterizam por serem fundamentalmente réplicas ou extensões de algumas dessas experiências.
Na base dos estudos está um (entre outros) problema fundamental que só depois veio a ser
explicitamente conceptualizado: como é que os sujeitos das suas experiências, conhecendo apenas alguma
traços respeitantes a uma pessoa, por exemplo calorosa e inteligente, eram capazes de concluir que essa
pessoa possuía também uma série de outras características como por exemplo generoso, sociável… ou
seja, como é que os sujeitos estavam em condições de realizar tais inferências a partir de informação tão
limitada.
Segundo Asch isso era possível porque com base nos traços-estimulo iniciais os sujeitos criavam uma
impressão geral da pessoa e era a partir dessa impressão geral que, posteriormente, efectuavam
inferências particulares para cada um dos outros traços. No entanto, esta perspectiva sugere que os
sujeitos tomariam contacto com os traços-estimulos num vácuo, como se não tivessem quaisquer préconcepções acerca desses traços-estimulo nem do modo como estes se relacionam com muitos outros
traços.
M
Mooddeelloo ddee BBrruunneerr ee TTaaggiiuurrii
Estes autores propuseram uma concepção diferente da de Asch. Segundo estes autores, as pessoas
estão em condições de efectuar inferências, como aquelas que aparecem nas experiências de Asch porque
possuem teorias implícitas da personalidade, ou seja, postulam uma estrutura cognitiva intermédia que se
chama teorias implícitas da personalidade e a partir dela se fazem inferências gerais e inferências de
traços particulares.
Este conceito de teorias implícitas da personalidade foi introduzido na Psicologia Social por estes
autores quer para referir as categorias usadas pelas pessoas comuns na vida quotidiana para descreverem
outras pessoas, em termos das suas capacidades, atitudes e características, quer para referir as crenças
sobre as relações entre atributos de personalidade.
São consideradas teorias porque consistem num conjunto estruturado de categorias e de crenças sobre
as suas inter-relações e são implícitas ou ingénuas porque as pessoas não as apresentam formalmente nem
fornecem critérios objectivos da sua validade.
As teorias implícitas da personalidade desempenham um papel importante na vida quotidiana porque
permitem aos indivíduos não só seleccionar e codificara informação relativa às outras pessoas, mas,
também, a partir de poucos elementos informativos, realizar inferências relativas a domínios que estão
fora do seu campo perceptivo no momento. Assim, as teorias implícitas da personalidade constituem
como que um mapa cognitivo interno que, de certo modo, orienta a interacção entre as pessoas na vida
quotidiana. Além disso, ao estruturarem o conjunto de relações possíveis de uns traços com outros, as
teorias implícitas da personalidade revelam também um carácter normativo, pois uma vez estabelecida a
ligação de que, por exemplo, quem é inteligente é honesto, fica delimitado o domínio dessa regra, ou seja,
- 177
-
é assim que deve, mesmo, ou principalmente, quando não se tem outros dados informativos específicos
sobre a pessoa.
As teorias implícitas da personalidade desenvolvem-se no quadro da socialização geral dos
indivíduos, com destaque para as dimensões semânticas e simbólicas dessa socialização, que se traduz na
consistência inter-individual de muitas crenças, mas constroem-se também a partir da experiência pessoal
de cada um que se exprime em diferenças individuais relevantes e mesmo em teorias implícitas de um
dado individuo.
Traços-estímulo
Teorias implícitas
da personalidade
(TIP)
Inferência geral
Inferência de traços particulares
Para além da análise intuitiva de Asch “um traço é central na medida em que ele tenha um valor
extrema numa dimensão. Assim, caloroso e frio são traços sociais centrais tal como feliz, popular,
sociável…”.
A
Attrriibbuuiiççããoo ccaauussaall (modelo de atribuição causal e erros de atribuição):
A origem das teorias do estudo dos processos de atribuição remonta a uma das figuras maiores de
psicologia social – H
Heeiiddeerr – ele publicou, em 1958, o livro “Psicologia das relações inter-pessoais” que
está na origem daquilo que tem vindo a ser designado de psicologia do senso comum.
Este autor preocupava-se em perceber o modo como o “homem de rua” explicava o comportamento –
este servia-se de fábulas para introduzir alguns conceitos que o “homem de rua” utiliza (como, por
exemplo, poder, querer…) na explicação do comportamento.
Foi o primeiro a sublinhar a importância do princípio da consistência cognitiva, equilíbrio cognitivo,
e de que este depende em grande parte de processos intelectuais, inscrevendo-se assim na corrente
cognitivista da Psicologia Social.
Ele introduziu dois conceitos principais:
1. Formação-unidade: este conceito referia-se aos processos através dos quais a origem e o efeito,
o autor e o acto são vistos como fazendo parte de uma mesma unidade causal.
2. Pessoa como protótipo das origens: a consequência mais importante da junção entre acto e
actor é que o actor fosse compreendido como a causa mais verosímil dos comportamentos.
Heider centrou a sua análise em dois aspectos:
 A forma como os indivíduos ajustam internamente as suas cognições de forma a estar em
equilíbrio consigo próprios.
 Os ajustamentos que fazem ao meio social em que se inserem.
O processo de atribuição é desencadeado pela necessidade de avaliação. Heider sustenta que muitos
dos princípios subjacentes à percepção dos objectos sociais (entenda-se relações inter-pessoais e não só
pessoas) tem um paralelo na percepção de objectos não-sociais.
O percipiente procura regularidades subjacentes aos fenómenos de forma a torná-los previsíveis e
controláveis, ainda que, no domínio dos objectos sociais, o resultado seja imperfeito.
A percepção de um objecto social implica a atenção do percipiente e, à semelhança do que ocorre na
percepção de outros objectos, a pessoa com todos os seus processos psicológicos, as suas emoções,
maneira de ser, constitui a realidade exterior, com propriedades perceptíveis por todos. Este estimulo –
distal – não afecta o percipiente. O contacto com a realidade externa é feito através do estímulo (padrão
auditivo, visual ou outro) fisicamente próximo. É com base nele que o percipiente atribui um significado
ao estímulo distal. Os aspectos principais da configuração da estimulação são representados
cognitivamente e sujeitos a uma interpretação. Esta tem por base uma preferência por estados de
equilíbrio ou harmonia (se a pessoa A tiver um comportamento de carácter positivo e o percipiente gostar de A,
interpreta o seu comportamento em consonância com a imagem positiva e vice-versa – ambas as situações se
caracterizam pela semelhança de valência das cognições. O conflito surge se A teve um comportamento negativo e o
percipiente gosta dele ou se A teve um comportamento teve um comportamento positivo e percipiente não gosta
dele).
- 178
-
Heider distingue 3 aspectos na apreensão da realidade:
1. Sujeito-actor
2. O outro
3. O destino, posteriormente designado de sorte.
A apreciação é feita com base numa análise factorial implícita que conjuga aspectos do actor, do
contexto e do imprevisto associado à acção. Esta classificação está no cerne da distinção causas
internas/estáveis e externas/circunstanciais – Heider distingue condições estáveis e instáveis para a
ocorrência de um efeito.
Ele distingue entre uma oposição fundamental, entre causas internas (atribuições internas) e causas
externas (atribuições externas) – no sentido de formalizar o modo como o sujeito explica as condutas dos
outros Heider introduz mais conceitos de natureza pessoal:
 Poder/capacidade.
 Tentativa/esforço (claramente de natureza motivacional).
 Conceito ambiencial – que diz respeito ás dificuldades das tarefas/situações.
Num texto de 1944, Heider assinala a existência de uma tendência para exagerar a influência dos
factores pessoais e subestimar a influência de outros factores nos efeitos observados no processo de
atribuição de causas. O autor sugere, ainda, que de entre os factores pessoais, o esforço, a capacidade e a
motivação são os principais.
Este autor postula a existência de uma relação entre a capacidade e esforço. Se um destes elementos
for nulo, a força dos factores pessoais por si não explica o efeito (neste caso ele é explicado em termos
dos factores situacionais). Assume-se também uma relação directa entre dificuldade da tarefa e esforço,
na medida em que um elevado grau de dificuldade da tarefa terá de ser acompanhado de elevado esforço
para que o resultado seja obtido. O esforço aparece como uma função de vontade de, ou motivação para.
A máxima de Heider, que mostra a sua conceptualização acerca das atribuições, afirma que para que
estejamos em condições de afirmar que existe uma causalidade pessoal é necessário que atribuamos ao
outro a capacidade de esforço para realizar determinadas acções/tarefas.
No texto de 1944, Heider considera o percipiente iludido com o que pensa ter aprendido sobre a
pessoa alvo da sua apreciação a partir de uma focalização momentânea nesta, eventualmente conducente a
uma leitura distorcida. Contudo, a coordenação de perspectivas com outros permite-lhe uma construção
da realidade que se ajusta à sua necessidade de equilíbrio.
Em relação ao modelo de Heider há pelo menos duas limitações principais:
 Presume a cadeia intenção – disposição, contudo é legítimo dizer que há disposições que não
podem ser inferidas por intenções.
 É problemática que os indivíduos cognitivamente conseguiam processar (articular) os
comportamentos dos outros. O modelo de Kelley, por sua vez, aplica-se simultaneamente à
hetero e auto-observação do comportamento.
No âmbito de uma teoria geral de processo da atribuição de causas para o comportamento, Jones
e Davis /1967) e Kelley (1967-1972 e 1973) foram sem duvida os investigadores que mais marcaram este
campo da psicologia Social.
Teoria de JJoonneess ee D
Daavviiss – a tteeoorriiaa ddee iinnffeerrêênncciiaa ccoorrrreessppoonnddeennttee: é a teoria de atribuição de Kelley
inspirada nos dados da ANOVA. Esta teoria de Jones e Davis é uma formalização/sistematização das
ideias avançadas pelo Heider e trata-se no fundo de explicar como os indivíduos fazem inferências sobre
as intenções dos outros e à posteriori das disposições que estão por trás dessas intenções.
Ou seja,
D
Diissppoossiiççõõeess
IInnffeerrêênncciiaass
O
Obbsseerrvvaaççããoo
Conhecimento
Intenções
Capacidade
Acção
Efeito 1
Efeito 2
Efeito 3
- 179
-
Teoria da inferência correspondente: postula no decurso do processo atributivo a partir da
observação das acções e dos seus efeitos nós fazemos inferências de intenções comportamentais e por
detrás delas imputamos traços fixos/de carácter – disposições.
Jones e Davis afirmaram também que neste processo de imputação de intenções e disposições o
observador tem que pressupor que o actor tem conhecimento das suas acções/efeitos e tem capacidade
para realizar essas acções. Chama-se, então, teorias de inferência correspondente ás acções e seus efeitos
que vão corresponder a intenções e disposições.
No processo de atribuição de intenções e á posteriori de disposições Jones e Davis falam de dois
princípios fundamentais:
1. Princípio dos efeitos não comuns – disposição e intenção que orienta uma acção é indicada
pelas consequências/efeitos dessa acção que não são comuns a acções alternativas.
2. Princípio da desiderabilidade social – diz respeito ás crenças que o observador tem sobre
aquilo que os outros fariam na mesma situação.
Teoricamente, os efeitos que são desejáveis para o actor indicariam melhor as suas intenções,
contudo, efeitos universalmente desejados são pouco informativos. Neste contexto, seriam os
comportamentos indesejados socialmente (que não estariam de acordo com o seu papel social) que seriam
mais informativos para a atribuição das intenções.
M
Mooddeelloo ddee K
Keellleeyy
Começa por ser, simultaneamente, a teoria da hetero-atribuição mas também da auto-atribuição. É
um modelo abrangente, que inclui a explicação do nosso comportamento tanto como dos outros.
O Kelley distingue a análise dos processos atributivos dois tipos de situações:
 Em primeiro lugar, situação em que o indivíduo dispõe de informação proveniente de múltiplas
fontes e que lhe é possível avaliar correlações, covariações entre efeitos e causas presumíveis.
Nestas circunstâncias ele afirma que os actores sociais se comportam como cientistas que fazem
uma análise causal do comportamento. Assim, propõe o m
mooddeelloo ddaa ccoovvaarriiaaççããoo – baseia-se nos
métodos de inferência causal (para uma causa há sempre necessário que esteja um efeito
presente).
 Em segundo lugar, se a informação é limitada e os sujeitos não oportunidade de avaliar as
covariações entre as causas e efeitos, Kelley refere que o modo de imputação de causas se baseia
no recurso a esquemas causais pré-existentes (previamente adquiridas que poderão funcionar
como regras) – designado m
mooddeelloo ddee ccoonnffiigguurraaççããoo.
Os processos de imputação de causalidade, tanto hetero como auto-atribuição dependem da
quantidade de informação disponível.
A pergunta que Kelley se faz quando há o modelo de covariação é quais são as variáveis que
provocam esse comportamento – ele distingue assim dois tipos de variáveis dependentes:
 Aquelas que dizem respeito ás pessoas.
 Aquelas que dizem respeito ás entidades.
 Aquelas que dizem respeito ás circunstâncias.
No processo de avaliação da covariação (no processo de estabelecimento das relações/padrões que
explicariam o comportamento) Kelley fala de três tipos de critérios:
 C
Coonnsseennssoo: utilizado quando estamos a avaliar as pessoas como causa.
D
 Diissttiinnttiivviiddaaddee: utilizado quando fazemos idêntica avaliação ás entidades.
 C
Coonnssiissttêênncciiaa: quando fazemos a avaliação relativamente ás circunstâncias.
O padrão de informação diz respeito ao consenso, distintividade e consistência.
PPPeeessssssoooaaa
(((cccooonnnssseeennnsssooo)))
C
E
C
E
Ciiirrrcccuuunnnssstttââânnnccciiiaaasss
Ennntttiiidddaaadddeee
(((cccooonnnsssiiissstttêêênnnccciiiaaa))) (((dddiiissstttiiinnntttiiivvviiidddaaadddeee)))
B
B
Baaaiiixxxooo (((“““sssóóóaaa
A
A
M
B
Allltttooo (((“““AAAM
Maaarrriiaiaarrriii B
Baaaiiixxxooo (((“““mmmaaaiisissnnniininnggguuuééémmm
M
M
Maaarrriiaiaarrrii”i””)))
PPPeeessssssoooaaa
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A
A
Allltttaaa (((“““ttotoodddaaaaaa
gggeeennntteteessseeerrrii”i””)))
ssseeem
m
m
mppprrreeecccooom
meeesssttetee
cccooom
m
meeedddiiaiaannnttetee”””
Atribuição interna: é
qualquer coisa que existe na
Maria que a faz rir!
ssseeerrrii”i””)))
A Maria ri do
comediante
E
E
C
Ennntttiiidddaaadddeee
C
Ciiirrrcccuuunnnssstttââânnnccciiiaaasss
(((cccooonnnsssiiissstttêêênnnccciiiaaa))) (((dddiiissstttiiinnntttiiivvviiidddaaadddeee)))
A
M
A
Allltttaaa (((“““aaaM
Maaarrriiaiaarrrii-i--ssseeedddeee
A
M
Allltttooo (((“““AAAM
Maaarrriiaiaarrriii A
tudo”)
ssseeem
m
m
mppprrreeecccooom
meeesssttetee
cccooom
m
meeedddiiaiaannnttetee”””
ttuuddoo””))
Atribuição externa: é
qualquer coisa no
comediante que faz rir a
Maria!
- 180
-
Kelley cometeu, contudo, alguns enviesamentos!
Análise de situação em que o sujeito dispõe de informação limitada, ou seja na segunda situação
(informação de uma única circunstância). Nestes contextos baseamo-nos no modelo da configuração (ou
seja, configuração actual das características possíveis). Assim, recorremos a eessqquueem
maass ccaauussaaiiss: que é
uma concepção geral que o indivíduo tem sobre o modo como determinadas causas interagem para
produzir o efeito. Entre outros esquemas causais, Kelley refere dois principais:
 O
O eessqquueem
maa ddaass ccaauussaass ssuuffiicciieenntteess m
múúllttiippllaass: em que o acontecimento se produz mesmo que só
esteja uma causa presente.
 O
O eessqquueem
maa ddaass ccaauussaass m
múúllttiippllaass: o acontecimento só se produz estando todas as causas
presentes.
Assim, Kelley propõe dois princípios:
 PPrriinncciippiioo ddaa ssuubbttrraaccççããoo//ddeessccoonnttoo: o papel de uma causa diminui quando estão presentes outras
causas igualmente plausíveis.
 PPrriinncciippiioo ddoo aauum
meennttoo: o papel de uma causa é sobrevalorizado caso esta produza um efeito na
presença de uma causa inibitória.
Podemos apreciar o modelo de Kelley sintetizando as críticas ao modelo de covariação em três
aspectos principais:
 Confusão entre correlação e causalidade.
 Esta critica é mais de natureza metodológica, diz respeito ao conjunto de investigações de
Kelley. Os sujeitos já tinham sido confrontados com padrões de comportamento parecidos com
os da experiência – a informação tinha sido empacotada.
 Os investigadores têm dificuldades relativamente à ANOVA.
Relativamente ao modelo de configuração, ainda que sejam plausíveis os esquemas causais de Kelley
não existe evidência suficiente que afirme que eles funcionam como Kelley dizia. Mas mais importante
que isso é que Kelley desvaloriza as representações sociais que estão subjacentes à construção dos
esquemas causais.
EEssqquueem
maa ddaa IInntteerraaccççããoo SSoocciiaall:
O conteúdo causal das interacções didácticas. As setas verticais, dentro do rectângulo da interacção
representam ligações entre acontecimentos (cognições, emoções ou comportamentos) que ocorrem em P
ou O. As setas obliquas representam as conexões entre as respectivas cadeias de acontecimentos. As
condições causais de natureza ambiental são indicadas pelas siglas ªSOC (condições sociais) e ªFIS
(condições físicas e geográficas).
Para falarmos em interacção temos que ter no mínimo dois intervenientes. A sequência de
acontecimentos entre as pessoas tem de estar conectadas. Kelley descreve esta interacção como um plano
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-
descritivo (a duração, frequência e intensidade). Para passar ao plano explicativo temos que passar as
condições causais – que podem ser de diferentes tipos:
1. De natureza pessoal (de um sujeito ou outro), como por exemplo: a inteligência que influencia a
interacção.
2. De natureza mais genérica.
3. Do tipo relacional (partilhar uma mesma atitude).
Numa tentativa de sistematização do campo das relações pessoais, Kelley et al. (1983) propõe que se
distinguem dois planos de análise:
 o plano descritivo (identificação dos padrões específicos de interacção)
 o plano explicativo (explicitação dos mecanismos de interdependência).
Mais exactamente, os autores começam por definir a interacção como um padrão de acontecimentos
interpessoais. Por acontecimento designam qualquer modificação que ocorre a nível individual, no plano
cognitivo (pensamentos, crenças), emocional ou da própria acção.
Para que possamos falar de interacção é necessário que as modificações ocorridas em P estejam
directamente relacionadas com as ocorridas em O, i.e., para além das ligações internas, as duas cadeias de
acontecimentos devem estar inter-conectadas. Os autores utilizam a expressão conexões causais para
definir as ligações entre acontecimentos das cadeias de P e O. A estrutura destas ligações define as
propriedades da interacção (intensidade, frequência, diversidade das conexões causais). Por sua vez, os
padrões específicos de interacção são condicionados (laços causais) por factores mais ou menos estáveis
de natureza disposicional (atributos pessoais), relacional (atitudes semelhantes), social (normas societais)
ou ambiencial (circunstâncias físicas e espácio-temporais). A determinação da influência destes factores
(designados genericamente por condições causais) nos padrões de interacção constituiria o objectivo da
análise causal, situando-se a identificação das propriedades no plano descritivo propriamente dito.
Neste contexto, as relações interpessoais íntimas definem-se como aquelas em que as conexões
causais entre P e O são simultaneamente intensas (i.e, P tem capacidade de afectar os acontecimentos de
O e vice-versa), frequentes, diversificadas (i.e., não se limitam a acontecimentos específicos) e duradoiras
(Kelley e tal., 1983). Esta definição está na base de uma escala de avaliação do grau de intimidade das
relações interpessoais recentemente desenvolvida por Bercheid, Snyder e Omoto (1989).
Subjacente a este modelo ou grelha de análise das relações interpessoais, de inegável valor heurístico,
encontramos a Teoria de Interdependência de Thibaut e Kelley (1959; Kelly e Thibaut, 1978). De acordo
com este autores, todas as relaçoes interpessoais se caracterizam pela capacidade recíproca de controlar os
recursos materiais e simbólicos do outro através de comportamentos específicos e/ou pela expressão de
atitudes ou outros atributos disposicionais.
EErrrrooss aattrriibbuuttiivvooss ee iinntteenncciioonnaaiiss
Exemplo: em 150 pessoas verificou-se o seguinte:
Doença A
Presente
Ausente
Presente
20 pessoas (sofrem da
doença e manifestam
os sintomas)
10 pessoas (tem o sintoma
mas não sofre da doença)
Ausente
80 pessoas (sofrem da
doença mas não
apresentam o sintoma)
40 pessoas (não sofrem da
doença mas apresentam o
sintoma)
Sintoma X
Tendo em atenção o quadro, escolha uma destas três alíneas:
a. A relação entre o sintoma X e a doença A é positiva.
b. A relação entre o sintoma X e a doença A é negativa.
c. Não existe qualquer relação entre o sintoma X e a doença A
Pois, X² = 0
- 182
-
A alínea certa é a c. mas muitas pessoas tem tendência para não ter em atenção os dados todos. Tem a
ver com os erros inferenciais – a dificuldade das pessoas terem de fazer inferências com base nas covariações.
O principal erro tem o nome de eerrrroo ffuunnddaam
meennttaall ddaa aattrriibbuuiiççããoo, pode ser descrito de uma forma
muito simples: é a tendência que os indivíduos têm para enfatizar as causas disposicionais em detrimento
das causas situacionais – sobrevaloriza as causas situacionais internas em relação às externas. Este erro é
considerado uma distorção perceptiva. Só nos anos a distorção toma a designação de erro fundamental.
Segundo Ross (1977), o erro fundamental corresponde à tendência para sobre-estimar o papel dos factores
pessoa, disposicionais e subestimar o impacto dos factores da situação na determinação do
comportamento do sujeito por parte do percipiente.
Inicialmente o erro foi entendido à luz de uma concepção Heideriana: o comportamento domina o
campo perceptivo, reduzindo as condições necessárias para o evento a uma só – a pessoa com intenção de
que, apesar dos constrangimentos situacionais, tem o controlo sobre uma multiplicidade de forças
requeridas para a criação do evento. Subjacente a esta explicação está a tese da incompetência em matéria
cognitiva por parte do percipiente.
Não é, no entanto, claro se o erro fundamental da atribuição é apenas função de factores perceptivocognitivos. Alguns investigadores defendem a determinação de factores motivacionais, enquanto outros
sublinham o seu carácter cultural.
Ainda que o erro fundamental seja característico dos observadores ele pode igualmente operar nos
autores.
Existem duas explicações principais em relação à persistência deste erro:
1. Diferenças entre actor e observador: para o observador o actor é mais saliente do que a situação,
donde existe uma maior probabilidade de fazermos atribuições internas.
2. Situa-se num plano mais genérico e faz apelo à norma social de internalidade – em termos de
representações sociais nós construímos a ideia de que os comportamentos são explicáveis por
factores internos dos actores.
A primeira experiência, nos finais dos anos 60, realizada por Jones e Harris, em 1967 (que está na
origem do baptismo deste erro fundamental), é a seguinte:
Os estudantes americanos são convidados a ouvir a dissertação supostamente elaborada por outro
estudante, redacção em que são defendidas posições a favor de Fidel Castro e posições desfavoráveis a
Fidel Castro (sendo que as dissertações desfavoráveis eram esperadas enquanto que as posições
favoráveis eram inesperadas).
A outra manipulação era feita dizendo que certos estudantes que o que redigiu a dissertação era
obrigados a fazê-la (independentemente de gostar ou não) e a outros sujeitos era dito que o estudante
tinha a possibilidade de escolher a redacção que fez.
Os verdadeiros sujeitos da experiência são aqueles aos que foi pedido para avaliar os que eles
pensavam ser os redactores da dissertação. Os resultados obtidos mostram que os sujeitos ignoraram a
causa situacional e fizeram uma imputação de causalidade disposicional interna.
Em síntese, um erro é cairmos no erro fundamental – ou seja, é um erro negligenciar as explicações
situacionais externas e centrar-nos nas explicações situacionais internas.
Existem diferentes erros avaliativos (na diversa literatura), que fogem aos modelos inferenciais
normativos:
 Ignorar as linhas de base (não ligam à probabilidade dos dados).
 “Self serving bias” (distorções em beneficio próprio).
 Distorções em beneficio do grupo (aqui surge o efeito da ovelha ranhosa, ou seja, favorecemos a
identidade grupal em detrimento dos outros grupos).
H
Heeuurrííssttiiccaass (que são esquemas interpretativos) que as pessoas utilizam: podem ser conceptualizadas
como regras de algibeira que as pessoas utilizam para fazer inferências.
Nisbett e Ross sistematizaram as heurísticas e falam de:
 H
Heeuurrííssttiiccaa ddaa ddiissppoonniibbiilliiddaaddee – prende-se com as situações em que solicitamos às pessoas para
avaliarem a frequência relativa de certos objectos ou a probabilidade de ocorrência de
acontecimentos particulares (nestas circunstâncias as avaliações são influenciadas pela
disponibilidade dos objectos ou acontecimentos – esta disponibilidade é definida pelo seu grau
de acessibilidade aos processos de memória, construção, percepção… assim, baseia-se na
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-
saliência perceptiva, memorabilidade ou imaginabilidade de objectos ou acontecimentos
particulares.

H
Heeuurrííssttiiccaa ddaa rreepprreesseennttaattiivviiddaaddee, resulta da aplicação sistemática que nós fizemos de critérios
de semelhança, dos problemas de categorização (ou seja, na assimilação de objectos e situações
a categorias cognitivas que temos previamente constituídas). Tendemos a ler em função dessas
construções/categorias mentais.
Há uma centração nos processos de percepção e explicação das condutas sociais. Nos anos 70-80, a
psicologia social centrou-se nos processos atribucionais, o que se constatou na psicologia de Heider.
As intuições de Heider foram sistematizadas na tteeoorriiaa ddaa iinnffeerrêênncciiaa ccoorrrreessppoonnddeennttee: teoria que se
aplica de modo especifico à imputação de causalidades nas acções do observado.
O quadro tradicional da atribuição considerou os factores motivacionais como interferências com
efeitos imprevisíveis.
M
Mooddeelloo ddee W
Weeiinneerr
O trabalho de Weiner sobre a relação entre a motivação e atribuição causal é uma excepção.
Seguindo de perto a proposta teórica de Heider, Weiner reafirma a pertinência das produções discursivas
em termos de capacidade, esforço, dificuldade da tarefa e sorte nos contextos de realização, e explícita,
num primeiro momento uma taxionomia atribucional segundo dois factores: (1) locus de causalidade
(interno versus externo) e estabilidade (estável versus instável). Segundo Weiner a tarefa do percipiente é
determinar em qual dos quadrantes se enquadra a situação observada, isto é, refere-se à atribuição de
causalidade em situações de desempenho. Posteriormente, Weiner (1979), incorpora um terceiro factor na
taxionomia – a controlabilidade –, que diz respeito à influência volitiva do actor sobre a causa (esforço,
por exemplo).
Weiner centra fundamentalmente a sua atenção nas consequências afectivas das atribuições para o
sucesso e fracasso, e, destas, para o comportamento subsequente. No entanto, várias críticas têm sido
apontadas. A primeira diz respeito à forma como o processo de atribuição se desencadeia – o autor
defende que ele se inicia com o carácter inesperado ou negativo de um evento. Na realidade, não fornece
nenhum indicador dos processos subjacentes que possa explicar as razões para a existência de emoções
especificas quando determinadas atribuições são feitas. Para além disso, o carácter abrangente da teoria
que defende é de difícil transposição para outros contextos que não o de realização.
Ou seja, sistematizando, Weiner afirma que as atribuições de sucesso e fracasso podem ser
conceptualizadas segundo três dimensões principais:
 LLooccuuss ddee ccaauussaalliiddaaddee – diz respeito à localização das causas. O locus de causalidade pode ser
interno ou externo, dependendo de onde o sujeito localizava as causas do seu comportamento.
 EEssttaabbiilliiddaaddee – tem que ver com a invariância das causas ao longo do tempo.
 PPeerrcceeppççããoo ddoo ccoonnttrroolloo – que o individuo tem sobre as causas.
Um dado extremamente importante dos trabalhos de Weiner é a assimetria nas atribuições para o
sucesso e fracasso. Assim, em contextos tão variados como o da educação (sucesso ou insucesso escolar)
e o da interacção clínico-cliente, os indivíduos parecem privilegiar factores pessoais no caso de sucessos,
ou seja, se os resultados forem bons tendemos a atribui-lo a causas internas mas se os resultados forem
maus atribuímos a causas externas – é uma posição ego defensiva!
Estabilidade
Locus de
causalidade
Estáveis
Instáveis
Internas
Capacidade
Esforço (empenhamento)
Externas
Dificuldade da tarefa
Azar/sorte
Várias explicações te sido fornecidas para este padrão de comportamento. Uns consideram que ele
decorre dos padrões de reforço a que o indivíduo é exposto ao longo da sua vida e que cognitivamente
elaborado se transforma neste tipo de crença, enquanto outros se inclinam mais para uma explicação em
termos de conformismo a uma norma social que define o carácter indesejável do fracasso e o carácter
desejável do sucesso na sociedade.
Também utilizamos “self-handicaps” (ou seja, estratégias de auto-defecitação) para não nos pormos
em causa. Nos numa perspectiva defensiva recorremos a estratégias sociais de defesa do nosso eu.
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-
C
Cooggnniiççããoo SSoocciiaall
A ideia de que os grupos e os indivíduos pensam (são ambientes pensantes) representa uma forma
nova de olhar para a constituição das instituições sociais e para os comportamentos individuais e
colectivos. Os indivíduos não se limitam a receber e processar informação, são também construtores de
significado e teorizam a realidade social.
O objectivo de estudo da Cognição Social é a forma como as pessoas pensam e a forma como as
pessoas pensam que pensam, a partir da hipótese geral que os julgamentos e o comportamento social não
podem ser entendidos se ignorarmos os processos cognitivos básicos, ou seja, pretende dar conta do modo
como construímos o nosso mundo social. A realidade social não é dada mas sim construída.
A cognição social trata de perceber quais os processos cognitivos e as dinâmicas sociais que operam
na construção social do mundo (realidade em que vivemos e que conhecemos).
Em 1966, BBeerrggêê ee H
Hoocckkm
maann publicaram: “a construção social da realidade” (tradição da sociologia
do conhecimento). As principais teses desta obra dizem que a realidade social não é dada mas é
construída. Tem diversas fontes para o interaccionismo simbólico e interaccionismo social.
A noção de campo psicológico incorpora não só os objectos teóricos mas tudo aquilo que o sujeito
representa naquele momento como fazendo parte do seu mundo (representações sociais, sistema de
atitudes, teorias implícitas da perspectiva da relação causal…).
R
Reepprreesseennttaaççõõeess SSoocciiaaiiss
A viragem do século ficou marcada por uma polémica entre a inter-psicologia de Tarde (para ele, a
explicação dos fenómenos sociais depende em ultima instância dos conteúdos das consciências
individuais) e a posição de Durkheim (para ele, os fenómenos sociais são irredutíveis aos fenómenos
pessoais – estes devem ser explicados pelos fenómenos sociais).
Em 1920, McDougall introduziu o termo de grupo ou espírito de grupo (“group mind”) – uma
entidade supra-individual para as representações individuais. É semelhante ao termo “representações
colectivas” de Moscovici – de alguma maneira o trabalho de Moscovici consiste em dar uma explicação e
especificação a este conceito no plano da explicação das condutas sociais.
É impossível vivermos sem representarmos a realidade numa outra escala. Os processos de
representação visam reduzir a complexidade do real e reconstrui-lo nas nossas cabeças.
JJooddeelleett ((11998899)) – define as representações sociais como “uma modalidade de conhecimentos
socialmente elaborados e partilhados, com um objectivo prático e contribuindo para a construção de
uma realidade comum a um conjunto social”. Nesta acepção, as representações sociais referem um
fenómeno comum a todas as sociedades – a produção de sentido.
D
Dii G
Giiaaccuum
moo – as representações sociais constituem “modelos explicativos categorizando as relações
entre diversos objectos do meio”.
M
Moossccoovviiccii ((11998811)) – introdutor do conceito de representações sociais – diz-nos que estas podem ser
vistas como “um conjunto de conceitos, preposições e disposições criadas na vida quotidiana no decurso
da comunicação inter-individual”. São o equivalente, na nossa sociedade, os mitos e sistemas de crenças
das sociedades tradicionais – podem ainda ser vistas como a versão contemporânea do senso comum. Isto
leva-o a afirmar que o importante é perceber os nossos mitos.
O estudo inicial de Moscovici onde ele introduziu o conceito: o ponto de partida do autor referia-se
ao modo como dada teoria (psicanálise) se transforma, como é que se circula numa sociedade, quem é que
a defende e quem é que a combate. Trata-se de estudar a psicanálise como um fenómeno de cultura. Para
tal utilizou dois métodos complementares: inquérito junto do público combinando questionários e
entrevistas e a análise de conteúdos da imprensa.
- 185
-
Com os inquéritos:
 Chegou a uma representação esquemática do que as pessoas achavam da psicanálise (como o
representavam).
IInnccoonnsscciieennttee
R
Reeccaallccaam
meennttoo
C
Coom
mpplleexxooss
C
Coonnsscciieennttee
Na representação que os inquiridos faziam emergiam os conceitos de que existia um conflito
permanente entre o consciente e o inconsciente que levam a recalcamentos – levando as pessoas a serem
complexadas. Nesta representação esquemática, que as pessoas faziam da psicanálise, está ausente uma
dimensão fundamental (que os próprios respondentes tinham recalcado): o conceito de sexualidade/libido
– houve um processo de simplificação e ausência de um conceito central e, por outro lado, o conceito de
complexo (ego) prende-se mais com outras teorias psicanalíticas.
Freud distinguia a concepção estrutural tópica de uma concepção dinâmica – consciente, inconsciente… que foi
substituída por uma segunda tópica, que surgiu em 1920, Id, Ego e Super-ego.
É uma concepção dinâmica, onde as grandes forças emocionais que se opunham. Na primeira concepção teórica
de Freud, as pulsões sexuais opõem-se às pulsões de auto-conservação – estas pulsões passam a chamar-se pulsões
Eros e Thanatos (pulsões agressivas).
Moscovici procurou estudar como determinada teoria se transforma e identificou aquilo que podia ser
uma representação esquemática distorcida da realidade (da psicanálise) que servia para interpretar os
comportamentos dos outros (representações sociais) – que têm uma função prática nas nossas
vidas/interacções no quotidiano.

Analisou os jornais comunistas, a imprensa católica e os jornais de grande difusão. Assim, ele
categorizou a imprensa em três diferentes classes – globalmente, cada um destes tipos de
imprensa funcionavam segundo diferentes tipos de comunicação/difusão:
1. JJoorrnnaaiiss ddee D
Diiffuussããoo – tinham como objectivo fundamental criar um modelo de
comunicação comum (modelo de difusão).
2. JJoorrnnaaiiss C
Caattóólliiccooss – estabelecia-se entre os membros de um grupo e visava produzir uma
visão organizada do mundo (modelo de propagação – era um modelo dominante na
imprensa católica e fazia esforços para acomodar os princípios da psicanálise aos
princípios religiosos).
3. JJoorrnnaaiiss ccoom
muunniissttaass – utiliza o modelo de propaganda: a forma de comunicação assenta
nas relações sociais conflituosas, cujo objectivo era que os leitores identificassem
claramente o verdadeiro e o falso para que tivessem a visão desmistificada da psicanálise.
Moscovici fez um paralelismo entre sistemas de comunicação de sistemas cognitivos:
 A imprensa genérica centrada na ddiiffuussããoo visava que as pessoas formassem uma ooppiinniiããoo sobre a
psicanálise;
 A imprensa católica centrada na pprrooppaaggaaççããoo visava que os leitores formassem uma aattiittuuddee
consistente a respeito da psicanálise:
 A imprensa comunista centrada na pprrooppaaggaannddaa visava que os indivíduos formassem um
eesstteerreeóóttiippoo sobre a psicanálise.
Moscovici refere que entre as condições sociais que afectam a emergência de uma representação
social temos que considerar três ordens de fenómenos:
 Dispersão da informação (isto é, desfasamento da informação disponível e da informação
necessária).
 Focalização (os indivíduos geram representações sociais mais sólidas ou mais fluidas consoante
os recursos do meio ambiente).
 Pressão para a inferência (ou necessidade que todos sentimos de tomar posição em sentido dos
objectivos grupais ou individuais).
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-
Num estudo sobre as representações sociais, Abric parte de uma situação estímulo para apresentar
uma investigação que chamou o dilema do prisioneiro – que consiste num juiz que interroga dois homens
suspeitos de roubo à mão armada mas não tem provas para os incriminar, assim o juiz diz-lhe que tem que
confirmar para que possam ser culpados, além disso, diz-lhes quais as penas depois de os colocar em
celas separadas.
Ele dividiu os sujeitos da experiência em duas condições experimentais:
 Condição A: fez crer ao sujeito que estava a jogar este jogo com outro sujeito.
 Condição B: fez crer ao sujeito que estava a jogar com uma máquina que produzia respostas
aleatórias (ele estava a induzir uma resposta social de uma pessoa/parceiro).
Preso A
A2 – não confessa
Preso B
A1 – confessa
B1 – confessa
2 Anos
2 Anos
B2 – não confessa
20 Anos
0 Anos
0 Anos
20 Anos
6 Meses
6 Meses
Situação cooperativa
Este autor operacionalizou o conceito de representações sociais (há outros estudos sobre este
conceito que funcionam como referência no quadro). Ele estava a introduzir uma representação social.
Com esta experiência demonstrou que a percentagem das respostas cooperativas eram superiores nas
situações em que o sujeito pensava que estava a jogar com outro sujeito real (confesso/confesso, não
confesso/não confesso).
O
OC
Caam
mppoo ddoo ccoonncceeiittoo ddee rreepprreesseennttaaççããoo
Toda a psicologia da raiz não estritamente comportamentalista utiliza, de uma forma mais ou menos
saliente, o conceito de representação social. De uma forma simplista podemos dizer que as representações
sociais podem ser entendidas a partir de duas perspectivas:
1. As representações são um reflexo interno de uma realidade externa, reprodução conforme o
espírito do que se encontra fora do espírito. Estas reproduções mentais do mundo e dos
outros são o produto de processos psicológicos e revestirão alguma incorrecção, na medida
em que estão sujeitas a enviesamentos decorrentes do funcionamento do sistema cognitivo.
2. Nas representações sociais, não há um corte entre o universo interior e o universo exterior
do indivíduo, que o sujeito e o objecto não são essencialmente distintos. Nesta acepção, a
representação não é entendida como reprodução, mas como construção. É este o estatuto
epistemológico e teórico que Moscovici atribui ao conceito de representação.
O lugar da representação nesta concepção, face aos estímulos e as respostas, pode ser entendida
tendo em conta dois modelos:
Nos modelos S-O-R, pressupõe-se que as representações constituem mediações entre estímulos e as
respostas. Assim, durante muitos anos, o M
Mooddeelloo ddee PPssiiccoollooggiiaa SSoocciiaall foi largamente considerado como
um modelo de “S-O-R”.
Modelo clássico
Contudo, os avanços da Psicologia Cognitiva conduziram ao pressuposto do primado das
representações, expresso nos modelos “O-S-O-R”. Ou seja, as representações não são apenas mediações,
são factores constituintes do estímulo e modeladores da resposta na medida em que “dominam todo o
processo”. Esta é a posição de Moscovici, desde 1961, onde a representação assume um estatuto de
variável independente (enquanto que no modelo precedente ocupava o estatuto de variável mediadora),
que se representa esquematicamente do seguinte modo:
- 187
-
Modelo cognitivo
Em 1978, Farina, Fisher, Getter e Fisher realizaram uma série de estudos sobre as implicações
comportamentais das concepções sobre a doença mental. Os resultados do estudo põe em evidência que
as representações são factores produtores de realidade, com repercussões na forma como interpretamos o
que nos acontece e o que acontece à nossa volta, bem como sobre as respostas que encontramos para fazer
face ao que julgamos ter acontecido. Uma vez construída uma representação, os indivíduos procurarão
criar uma realidade que valide as provisões e explicações decorrentes dessa representação.
Em 1967, Abric, Facheaux, Moscovici e Plon estudaram o efeito da representação sobre o parceiro
numa situação de jogo. A experiência realizada foi pensada no quadro de uma interacção que tinha por
base matrizes do dilema do prisioneiro, sendo induzidos nos sujeitos dois tipos de representações sobre o
parceiro: numa condição experimental, os sujeitos pensavam que estavam a interagir com uma máquina
programada – o que levava a estratégias mais defensivas e menos cooperativas; na outra condição
experimental, supunham que o parceiro era um estudante tal como eles – o que levava a estratégias mais
cooperativas.
Os resultados mostram que não é a resposta efectiva do parceiro que orienta a estratégia dos sujeitos,
mas a representação que estes constroem do tipo de parceiro com quem estão a interagir.
Entendida desta forma, a representação é sempre a representação de qualquer coisa, exprime a
relação de um sujeito com um objecto, relação esta que envolve uma actividade de construção e
simbolização. Alem disso, a representação é a expressão de um sujeito, ou seja, não é um reflexo de um
objecto mas um produto do confronto da actividade mental de um sujeito e das relações complexas que
mantém com o sujeito.
Existem diferentes níveis de análise acerca da actividade representativa:
 Estudo dos mecanismos motivacionais e sociais que orientam a dinâmica da actividade
cognitiva e a dinâmica das relações entre estruturas cognitivas, perspectiva que orientou o
“new look” (Bruner, 1951).
 Estudo das estruturas e processos cognitivos em sentido restrito (enquanto processos intraindividuais) – são os que se referem às actividades de percepção, categorização,
organização da informação, inferência, recuperação e julgamento.
 Estudo dos investimentos pulsionais e fantasmáticos presentes na actividade cognitiva e
simbólica (desenvolvida pelas correntes de orientação freudiana).
 Estudo da actividade representativa dos indivíduos enquanto reprodutores das ideologias
dominantes e reflexos dos seus posicionamentos sociais.
 O nível de análise mais saliente é aquele que reenvia o sujeito para as suas pertenças sociais
e para as actividades de comunicação, e a representação para a sua funcionalidade e
eficácia sociais.
A
A rreepprreesseennttaaççããoo ccoom
moo rreepprreesseennttaaççããoo ssoocciiaall:
Porque é que as representações sociais se dizem representações sociais? Quando falamos de
oposições/atitudes, elas tem sempre por trás um conceito de representações sociais.
Fundamentalmente por três critérios:
1º Critério – Quantitativo: são socialmente partilhadas por um conjunto de indivíduos, ou seja,
tratam-se de representações comuns a diferentes indivíduos, e não como representações ideossincráticas
que tornam um indivíduo diferente dos outros indivíduos. Este critério é insuficiente para dar conta do
conceito de representação social porque nada diz sobre o seu modo de construção.
2º Critério – Genético: são colectivamente produzidas na e pela interacção social – as
representações sociais são um produto das interacções e dos fenómenos de interacção no interior de um
grupo social, reflectindo a situação desse grupo, os seus projectos, problemas e estratégias e as suas
relações com outros grupos. Este critério põe em evidência os fenómenos de constituição social das
representações, e entende-as como resultado da actividade cognitiva e simbólica de um grupo social.
3º Critério – Funcionalidade: organizam-se as relações simbólicas entre os actores sociais. As
representações sociais têm uma funcionalidade específica, sendo que uma representação social é
funcional na medida em que resolve problemas, dá forma às relações sociais, oferece um instrumento de
orientação dos comportamentos, … Este critério oferece programas para a comunicação e a acção,
relativamente aos objectos que constituem interrogações para o grupo, ou seja, são teorias sociais práticas.
- 188
-
Por exemplo, na definição de partida de Jodelet: “as representações sociais são uma modalidade de
conhecimento socialmente elaborada (critério genérico) e partilhada (critério quantitativo) com um
objecto prático e contribuindo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social (critério
funcional).
É de sublinhar a importância de perceber a correspondência e relação entre os processos genéricos de
comunicação e a organização cognitiva do mundo. As opiniões são passageiras. As atitudes necessitam de
um trabalho de assimilação ao passo que os estereótipos são consensuais no interior de um grupo – o
preconceito é uma atitude a respeito de determinados grupos minoritários, centrado na dimensão
qualitativa.
 Estereótipo – cognitivo
 Discriminação – como comportamento (é um conceito intermédio)
 Preconceito – valorativo
Algumas representações sociais (estereótipos) são consensuais, outros podem ser conflituais. Os
processos na construção de representações sociais são modalidades de conhecimento prático, socialmente
elaboradas e partilhadas constituindo simultaneamente sistemas/modelos de interpretação e
sistematização do real/categorização do real e guias de acção.
As representações sociais remetem sempre para um grupo específico. Além disso, as ideologias
situam-se a um nível de abstracção mais elevado que as representações sociais, ainda, de acordo com
Moscovici (1991), a ideologia distingue-se da representação social por ser o ponto de partida da
objectivação de uma representação social durável e homogénea.
De uma forma geral, pode dizer-se que as representações sociais têm como função a atribuição de
sentido ou a organização significante do real.
Nos últimos 30 anos, o conceito de representação interessou a um vasto número de psicólogos
sociais, sociólogos e antropólogos, sendo que para todos estes o conceito de representação social foi
considerado útil.
O enquadramento, geral das representações sociais: os processos sócio-cognitivos constituem as
representações sociais, que são indissociáveis dos factores de regulação social, mais exactamente – as
representações sociais são determinadas pela estrutura da sociedade em que se desenvolvem (os mitos das
sociedades contemporâneas). Mas essa própria sociedade é local de clivagens, relações de diferenciação e
dominação (coflitualidade). As representações sociais surgem, então de dois níveis básicos:
1. Diferenciação das condições socio-económicas.
2. Conflitualidade que radica nos sistemas de orientação, nos quadros de referência normativa.
D
Diinnââm
miiccaa ddaa oobbjjeeccttiivvaaççããoo//aannccoorraaggeem
m nnaa pprroodduuççããoo ddee rreepprreesseennttaaççõõeess ssoocciiaaiiss:
Moscovici, em 1961, ao analisar a afirmação das representações sociais explicita dois processos
maiores: a objectivação e a ancoragem. Estes processos são sociocognitivos no sentido em que são
processos cognitivos socialmente regulados e que se referem a regulações normativas que verificam as
operações cognitivas. Estes dois processos estão intimamente ligados.
Assim, a construção de uma representação social pode ser feita por dois processos complementares:
1. O
Obbjjeeccttiivvaaççããoo: é responsável pela própria génese das representações sociais – diz respeito à
forma como se organizam os elementos constituintes da representação e ao processo através do
qual tais elementos adquirem materialidade e se tornam expressões de uma realidade pensada
como natural. Pode ser descrita, de modo mais preciso, em três passos fundamentais:
 1º – Selecção de elementos do real (construção selectiva): é a formação dum todo
relativamente coerente utilizando apenas parte da informação disponível acerca do
objecto, obedecendo normas e valores.
 2º – Os elementos seleccionados são organizados no núcleo figurativo (esquematização)
 3º – Naturalização: quando se forma a representação social as pessoas ignoram a
dimensão de arbitrariedade subjacente aos processos de selecção e consideram os
elementos como algo natural (não construído).
2. A
Annccoorraaggeem
m: enraizamento social da representação (tal como um barco ancorado no porto). Na
dinâmica da construção de uma representação social a ancoragem pode ser considerada, a um
tempo, a montante e a jusante da objectivação. Ou seja, num certo sentido a ancoragem precede
a objectivação (porque temos que ter pontos de referência) mas numa segunda acepção a
- 189
-
ancoragem vem a seguir à objectivação (na medida em que a representação social uma vez
construída funciona como um esquema de sistematização, categorização e organização do real).
 Processos através dos quais o não familiar se torna familiar.
 Processos através dos quais uma representação, uma vez construída, se torna um
organizador das relações sociais.
Duma maneira simplificada, a assimilação corresponderia à incorporação no sistema cognitivo de um
objecto exterior. Já a acomodação corresponderia à diferenciação do sistema cognitivo para dar conta dos
nossos objectivos (em Piaget).
O conceito de assimilação de Allport e Postman de assimilação equivale ao processo de ancoragem
proposto por Moscovici.
A Reificação é a coisificação – ignora-se as relações sociais de nominação que surgem no quadro da
produção, os objectos são naturalizados, coisificados (reificados). No final, faz-se a menção a processos
de categorização – de novos objectos.
No sistema cognitivo, existe sempre subsistemas onde há uma ancoragem das representações sociais
de um objecto. A partir daí os sujeitos procederam à selecção e naturalização do objecto (para formar uma
representação – que funcionará como fonte de ancoragem para novos objectos).
Esquematicamente:
Sistema cognitivo
Ancoragem 1
Subsistema
(RS 0)
RS 1
RS 2
Objecto 1
Objectivação
Objecto 2
Ancoragem 2
Novos
objectos
Moscovici desdobra os sujeitos em quatro categorias:
1. O ssuujjeeiittoo eeppiissttéém
miiccoo: para se referir aos processos cognitivos.
s
u
j
e
i
t
o
p
s
i
c
o
l
ó
2. O sujeito psicológgiiccoo: refere-se a processos imaginários e fantasmáticos.
3. O ssuujjeeiittoo ssoocciiaall: para se referir às pertenças sociais dos indivíduos.
4. O ssuujjeeiittoo ccoolleeccttiivvoo: para se referir, de um modo mais especifico/particular, ás
actividades/acções de um determinado grupo.
As definições que temos vindo a registar de representações sociais são uma forma de conhecimento
essencialmente prático, destinando-se a facilitar as interacções e as próprias interpretações dessa
interacção – tem um compromisso inter-social no sentido de que se ligam ás actividades da vida
quotidiana (de forma directa).
As representações permitem categorizar a realidade. As representações sociais são uma forma de
saber/conhecimento prático, é sempre uma representação de um objecto e é obviamente elaborado por um
sujeito – nas suas relações. Podemos dizer que existem diferentes processos, assim:
 Em primeiro lugar, a representação é sempre a representação de um objecto (simbolização), se é
isso, então, está no seu lugar (assim, temos um processo de simbolização mas não está só no
lugar de objecto como é a interpretação deste – confere-lhe significado). As representações
podem revestir as formas mais diversas.
- 190
-


Por sua vez, a representação é uma forma de saber, o que implica uma modelização do real a
partir de diferentes suportes, conteúdos, estruturas e processos lógicos.
Nas suas relações com o sujeito a representação é objectivamente uma construção dos sujeitos
mas é simultaneamente uma expressão (é expressa pelos sujeitos através da linguagem).
As representações sociais têm como função a atribuição de sentido ou a organização significante do
real. Na sua função de organização significante do real, a representação social torna o meio envolvente
não estranho e coerente.
De um modo mais específico pode considerar-se que as funções da representação social são:
1. Interpretação da realidade.
2. Função cognitiva.
3. Orientação das condutas e relações sociais.
Jodelet (1989) mostra o espaço de estudo das representações sociais – defendendo que as funções
sociais da representação social são a categorização do real e a orientação da acção a um nível prático.
Sendo que a partilha social é uma das condições de produção e circulação das representações sociais.
Este autor salienta ainda que as relações entre representações sociais e a ciência conferem às
primeiras o valor de verdade.
Há um desfasamento entre a representação e a realidade, em que o real pode ser distorcido, pode ser
defalcado (podem ser suprimidas ou aumentadas coisas) durante o processo de objectivação.
Um esquema construído por Jodelet procura construir uma grelha de estudo para os fenómenos de
representação social.
Condições de produção e
circulação das representações
sociais
Processos e estados das
representações sociais
Suportes
Conteúdos
Estruturas
Processos
Lógica
Cultura
(colectivo de grupo)
 Valores
 Modelos
 Invariantes
Linguagem e
comunicação
 Inter-individual
 Institucional
 Mediática
Valor de verdade
Forma de saber
Modelização
Construção
Sociedade
 Partilha e laço
social
 Contexto
ideológico,
histórico
 Inscrição social
 Posição
 Lugar e
função social
 Pertença ao
grupo
 Organização
social
 Instituições
 Vida dos
grupos
Estatuto epistemológico das
representações sociais
Sujeito
Epistémico
Psicológico
Social
Colectivo
Interpretação
Representação
Expressão
Objecto
Simbolização
Compromisso psico-social
Prática
Humano
Social
Ideal
Material
 Relações entre
pensamento
natural e
pensamento
cientifico
 Difusão dos
conhecimentos
 Transformação
dum saber
noutro
 Epistemologia
do senso
comum
Representação e
ciência
Desfasamento
 Distorção
 Defalcação
 Suplementação
Valor de realidade
Experiência
Acção
Funções/eficácia das representações sociais
A coluna da esquerda, Jodelet refere-se de modo genérico ás condições de produção e circulação das
representações sociais que implica uma compreensão da cultura (valores, modelos e invariantes dos
grupos sociais), da linguagem e comunicação e por último a aspectos especificamente sociais.
- 191
-
Na coluna da direita, Jodelet explicita o estatuto epistemológico das representações sociais (o valor
de verdade). As representações sociais podem ser contextualizadas nas relações entre pensamento natural
e pensamento científico, na difusão dos conhecimentos e na transformação dum saber noutro – numa
palavra, na epistemologia do senso comum.
C
Coonnjjuunnttoo ddee iinnvveessttiiggaaççõõeess ssoobbrree aass rreepprreesseennttaaççõõeess ddoo ccoorrppoo
O corpo é um objecto social/publico no sentido que as representações sociais são construídas
publicamente – o corpo é um objecto de troca e consumo. A redescoberta do corpo está muito presente no
dia-a-dia (na publicidade…) – pode dizer-se que o corpo substitui a alma. O corpo é matéria e é signo, é
objecto de troca e de consumo que funciona como lugar de categorização social frequentemente (mascara
distintiva – modos de apresentação, modos de vestir… se tem o corpo atlético, deficiente…).
Muita da informação que obtemos de uma pessoa provém das representações sociais do corpo – o
nosso corpo é um objecto de representação mas também é um objecto de acção (em termos de doença
mental, existem algumas investigações acerca das representações sócias do corpo).
A gestão e os modos de utilização do corpo são fundamentais nas significações organizadas em torno
dos scripts intrapsiquicos da sua representação social. Os campos de referência subjacentes aos modos de
conhecimento do corpo podem ser subjectivos ou sociais, organizando-se em torno do eixo
privado/público.
A importância da oposição: privado/público na representação do corpo é testemunhada por um
conjunto de investigações de Jodelet. Ele procurou identificar as categorias mentais que controlam a
experiência vivida – modos de conhecimento do corpo (experiência corporal directa).
No que se refere às representações do corpo, Jodelet (1976) identificou mudanças, entre 1960 e 1975,
em dois dos eixos organizadores dessa representação – o corpo vivido e o corpo pensado. Ao nível do
vivido operou-se uma extensão da consciência corporal, a prevalência do corpo-prazer sobre o corpo
mórbido e o declínio da introspecção orgânica em favor de uma orientação para o meio natural e social.
Ao nível do corpo pensado verificou-se uma diminuição do interesse pela análise biológica do corpo e um
apelo crescente às ciências humanas, permitindo uma leitura do corpo como lugar psicológico e objecto
social. Ora, a própria autora deste estudo associa estas mudanças às alterações sócio-culturais que,
entretanto, ocorreram e que se expressaram nos movimentos sociais de 68. Estes dois exemplos ajudamnos a compreender a inscrição das representações sociais como reflexos de uma ordem cultural e social
dominantes.
A
A ccoonnssttrruuççããoo ssoocciiaall ddaa sseexxuuaalliiddaaddee
Aceita-se, sem grande dificuldade, que o desejo sexual constitui um dos componentes principais das
relações passionais. Contudo, a sexualidade não se circunscreve às situações românticas ou amorosas. A
conjugação amor/sexo não é uma necessidade biológica, nem um imperativo social, mas, apenas, uma das
possíveis soluções histórico-culturais para o problema da articulação entre reprodução biológica e
vinculação social.
Apesar de a generalidade dos investigadores afirmarem explicitamente o carácter psicossocial da
sexualidade, esta só muito recentemente se veio a constituir como problemática específica em Psicologia
Social. Para alem das habituais razoes de ordem moral ou de prestígio científico, a principal causa desta
situação reside, fundamentalmente, na aceitação generalizada da dicotomia instinto/norma. Por um lado,
os comportamentos sexuais são analisados numa perspectiva psicobiológica, prisioneira da sexualidade
natural e dos mecanismos filogenéticos que lhe dão forma; por outro, as perspectivas estritamente
antropológicas e/ou sociológicas, ao insistirem excessivamente nos relativismos culturais ou nas
regularidades normativas, ignoram o papel do sujeito na gestão que faz das suas experiências e do seu
corpo e na significação que atribui aos seus comportamento.
Na perspectiva da Psicologia Social, a sexualidade constitui um caso particular das interacções
humanas, pelo que a sua compreensão nos remete directamente para os mecanismos gerais que regulam
tais interacções. Alem disso, o estudo dos padrões de comportamento sexual é indissociável das
representações sociais da sexualidade que orientam e dão significado à acção.
EEnncceennaaççõõeess ccuullttuurraaiiss,, iinntteerrppeessssooaaiiss ee iinnttrraappssííqquuiiccaass
Nesta perspectiva, os comportamentos sexuais, à semelhança de quaisquer outros, são
conceptualizados como resultando de um processo de construção social e não como a manifestação de
uma motivação ou instinto especial interiores ao organismo. Gagnon e Simon (1973; Simon e Gagnon,
1986, 1987) introduziram o conceito de script sexual para dar conta do carácter construído da
sexualidade. Os scripts sexuais, que constituem um caso particular dos scripts sociais, podem ser
- 192
-
definidos como esquemas (socialmente construídos) de atribuição de significação e de orientação
(direcção) da acção.
Para os autores, o conceito de script é essencialmente uma metáfora para conceptualizar a produção
de comportamentos no interior da vida social. Pelas suas funções, o conceito de script aproxima-se do
conceito de representação social. Com efeito, à semelhança das representações sociais, os scripts referemse a modalidades de conhecimento prático, socialmente elaboradas e partilhadas, constituindo,
simultaneamente, sistemas de interpretação e de categorização do real e modelos ou guias de acção. De
modo mais específico, os scripts são estruturas cognitivas que organizam a compreensão das situações
baseadas em acontecimentos, incluindo expectativas sobre a respectiva ordem de ocorrência.
No interior de uma dada cultura, os scripts sexuais especificam:
a) Q
Quueem
m são os possíveis parceiros sexuais;
b) Em que circunstâncias – oonnddee ee qquuaannddoo – são apropriado comportarmos sexualmente e que tipo
de actividades – oo qquuêê ee ccoom
moo – nós é permitido;
c) Quais os motivos ou razões – ppoorrqquuêê – que nos levam a comportar de modo sexual.
Por outras palavras, enquanto significações partilhadas pelos actores sociais, os scripts sexuais
organizam os comportamentos sexuais, definindo as situações de interacção, gerando expectativas
relacionais e sinalizando as resposta incongruentes.
A importância dos scripts na regulação dos comportamentos sexuais pode ser perspectivada a 3
níveis distintos:
I. EEnncceennaaççõõeess ccuullttuurraaiiss – encontram-se os guias gerais da acção tal como se expressão no plano das
significações e normas colectivas.
Nass, Libby e Fisher (1981) consideram cinco tipos principais de scripts: o script religioso
tradicional; o script romântico; o script das relações sexuais baseadas na amizade; o script da
infidelidade ocasional e o script utilitário/predador.
DeLamater (1987) fala de orientações ou ideologias sexuais (ascetismo, sexo reprodutivo,
relacional, lúdico ou terapêutico) ligadas, directa ou indirectamente a quatro grandes instituições
sociais (religião, família, economia e medicina):
II. SScciippttss IInntteerrppeessssooaaiiss – a sexualidade é perspectivada em função das respostas concretas dos
actores sociais às expectativas normativas decorrentes das encenações culturais. Mais exactamente,
no quadro das interacções sociais, os indivíduos procuram, reciprocamente, articular os seus
desejos e planos sexuais. Esta tarefa é facilitada pela existência de scripts interpessoais que
organizam tais interacções, fornecendo aos sujeitos pistas para interpretarem e coordenarem os
respectivos comportamentos, reduzindo, deste modo, a ambiguidade das situações. Para os actores
em presença, os scripts interpessoais constituem a interpretação comum e contextualizada das
encenações culturais pertinentes.
Simon e Gagnon defendem os scripts interpessoais como as representações do eu e das imagens
implícitas do(s) outro(s) que facilitam a ocorrência de trocas sexuais.
A comunicação representa um dos aspectos centrais nos scripts interpessoais, uma vez que é
através dela que um encontro sexual potencial se transforma numa troca sexual explícita. Em
contextos estandardizados, o problema da comunicação é relativamente menor e os scripts
transformam-se em simples rotinas de interacção. Contudo, em situações menos convencionais, a
própria entrada num script sexual, é objecto de negociação ao nível da atribuição de significações e
da confirmação das identidades sociais e sexuais.
É ao nível dos scripts interpessoais que se desenvolvem as estratégias de sedução e que os
atributos, ou factores pessoais de atracção, são susceptíveis de utilização estratégica.
III. N
Níívveell IInnttrraappssííqquuiiccooss ddooss ssccrriippttss – ainda de acordo com Simon e Gagnon, enquanto os scripts
interpessoais facilitam a ocorrência de comportamentos sexuais, os scripts interpessoais facilitam a
ocorrência de comportamentos sexuais, os scripts intrapsíquicos constituem uma encenação
privada do desejo e referem-se à sequência de significações (ligadas a actos, posturas, objectos,
gestos) que induz e mantém a activação sexual, conduzindo eventualmente ao orgasmo. Os scripts
intrapsíquicos dizem, pois, respeito à ligação entre fantasias e actividades sexuais, à articulação
entre imaginário e comportamento, podendo ser conceptualizados como mapas amorosos
individualizados.
T
Teeoorriiaa ddee FFeessttiinnggeerr
T
Teeoorriiaa ddaa ccoom
mppaarraaççããoo ssoocciiaall ((11995544))
- 193
-
Todos os seres humanos têm uma necessidade básica de auto-conhecimento, auto-avaliação das suas
aptidões, opiniões, atitudes, estados emocionais e comportamentos. Na ausência de um termo de
comparação objectivo a única solução é a comparação com outros indivíduos. Assim, como termo de
comparação utilizamos aquelas pessoas com as quais nos identificamos noutras dimensões, pois só estas
possibilitam uma avaliação mais válida.
A teoria da comparação social alargou-se e incluiu aspectos para alem da necessidade de autoavaliação, necessidades informacionais – passou a incluir também informações motivacionais. Quando
nos comparamos escolhemos aqueles sujeitos que nos permitem tirar conclusões positivas sobre nós
mesmos.
O indivíduo compara-se com pessoas de níveis hierarquicamente inferiores a respeito do domínio de
comparação com função de incremento do auto-estima. Por outro lado, o indivíduo compara-se com
indivíduos hierarquicamente superiores a respeito do domínio de comparação com função de autoaperfeiçoamento.
D
Daattaass rreelleevvaanntteess
Data
1793
1809
1813
1859
1869
1898
1979
1890
1898
1908
1924
1935
1954
1957
1958
1968
1976
Autor
Facto associado
PPiinneell
G
Gaauussss
Funda a psiquiatria moderna
R
Roobbeerrtt O
Ow
weenn
C
Chhaarrlleess D
Daarrw
wiinn
JJoohhnn SStteeuuaarrtt M
Miilll
K
Kaarrll M
Maarrxx
Cunha o termo “socialismo”
G
Gaallttoonn
D
Duurrkkhheeiim
m
Teoria da hereditariedade da inteligência
W
Wuunnddtt
JJaam
meess FFrraazzeerr
Primeiro laboratório de psicologia experimental
TTrriipplleetttt
M
MccD
Doouuggaall ee R
Roossss
“Os factores dinamogénicos na leitura da paz e da competição”
FFllooyydd A
Alllppoorrtt
K
Kuurrtt LLeew
wiinn
Publica “Psicologia Social”
------------------------------------------
Desenvolvimento de teorias comportamentistas sociais
G
Goorrddoonn A
Alllppoorrtt
“The Nature of Prejudice”
FFeessttiinnggeerr
FFeessttiinnggeerr
“A theory of social comparison process”
O
Ossggoooodd
H
Heeiiddeerr
“The measurement of meaning”
ZZaazzoonngg
JJooddeelleett
“Attitudinal affects of new exposure”
Descobre a curva normal dos erros
Teoria da evolução
Teoria dos instintos sociais
Teoria da determinação social de consciência
“Representations individuelles et representation to Social psicology”
Trata as culturas primitivas em termos de psicologia social
Publicam livros com o titulo “Psicologia Social”
Publica “Uma teoria dinâmica da personalidade”
“A theory of cognitive dissonance”
“A psicologia das relações interpessoais”
“La representation du corp”
- 194
-
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