1 Política Cambial de combate a Inflação Macroeconomia Introdução Macroeconomia A Macroeconomia, segundo Garcia e Vasconcellos (2002, p. 83) “[...] estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio”. Assim sendo, a Macroeconomia faz uma abordagem global das unidades econômicas individuais e de mercados específicos. Por exemplo, essa teoria considera apenas o nível geral de preços, e não atende as mudanças dos preços dos bens das diferentes indústrias. Metas de políticas macroeconômica A política macroeconômica, como toda política possui metas a serem atingidas. Dentre essas metas temos: alto nível de emprego, estabilidade de preços, distribuição da renda e crescimento econômico. O alto nível de emprego é importante pois, dessa forma as pessoas recebem um salário e têm condições de adquirir mercadorias. Ao contrário, o desemprego gera pouca demanda, fazendo com que os produtos permaneçam nas prateleiras. Logo, se não há procura de produtos, a produção diminui e consequentemente o lucro também. Assim existe uma preocupação quanto ao nível de emprego para que haja um equilíbrio entre a demanda e a oferta. Um fator que influi na estabilidade dos preços é a tão famosa inflação. É ela a responsável pelo aumento contínuo e generalizado no nível de preços. Contudo, aceita-se que um pouco de inflação seja integrante dos ajustes de uma sociedade em crescimento, porque esse avanço econômico dificilmente se realiza sem que ocorram elevações dos preços. Enquanto que países em desenvolvimento enfocam a análise da inflação, os industrializados preocupam-se com o problema do desemprego. A distribuição justa de renda também é meta da macroeconomia, tanto em relação ao nível pessoal quanto ao nível regional. Observa-se que a cada dia essa disparidade aumenta, ou seja, os ricos ficam cada vez mais ricos e os 2 pobres, mais pobres. Mas, Garcia e Vasconcellos (2002, p. 86) apontam que “[...] a renda de todas as classes aumentou. O problema é que, embora o pobre tenha ficado menos pobre, o rico ficou relativamente mais rico [...]”. Interessante é observar que o rico jamais perde, ao contrário, sua riqueza só aumenta. Talvez está aí a forma de igualar a distribuição da renda, diminuindo daqueles que tem demasiadamente. Quanto ao crescimento econômico têm-se dúvidas em relação a sua importância como meta principal da política econômica. Tudo porque o crescimento econômico oferta à coletividade uma quantidade de mercadorias e serviços maior que o crescimento populacional. Juntamente com esse processo surgem novas indústrias, que trazem consigo poluição – piorando a qualidade do meio ambiente – , aumento de renda – cuja redistribuição é em prol dos mais ricos da população. Esse progresso econômico visa estimular a atividade produtiva a fim de aumentar o produto nacional, fato que ocorre quando existe desemprego e capacidade ociosa. Instrumentos de Política Macroeconômica Para atingir as metas citadas anteriormente a política macroeconômica possui alguns instrumentos. São eles as políticas fiscal, monetária, cambial e comercial e de rendas, que envolvem a atuação do governo. 1. Política Fiscal Diz respeito aos instrumentos disponíveis pelo governo para a arrecadação de impostos e contribuições, e o controle de suas despesas. Ela também é utilizada para estimular ou inibir os gastos do setor privado. Assim, se o objetivo é reduzir a taxa de inflação, as medidas fiscais empregadas são a redução dos gastos da coletividade ou o aumento da carga tributária, o que inibe o consumo. Porém, se a meta é o crescimento do emprego, aumentam-se os gastos públicos e diminuem-se os tributos, elevando assim a demanda. Se o objetivo a atingir é a melhor distribuição da renda, então os recursos utilizados devem se dar em benefício dos menos favorecidos. O governo passa, então, a gastar em regiões mais atrasadas, impor impostos progressivos, ou seja, quanto maior o nível de renda, maior a proporção paga do imposto em relação à renda., etc. O Princípio da Anterioridade rege que a execução de uma medida só pode ocorrer a partir do ano seguinte ao de sua aprovação pelo Congresso Nacional. Segundo este princípio constitucional, a que toda política tributária deve obedecer, é proibido que as autoridades públicas cobrem impostos ou contribuições no mesmo exercício financeiro em que a lei tenha sido publicada. 3 2. Política Monetária Nesta, o governo atua sobre a quantidade de moeda e títulos públicos, sendo os recursos disponíveis a sua emissão, compra e venda de títulos, regulamentação sobre crédito e taxas de juros, entre outros. Se o objetivo é controlar a inflação, por exemplo, compra-se títulos públicos, diminuindo o estoque monetário da economia. Quando se anseia o crescimento econômico, o meio seria aumentar o estoque de moedas. Esta política não necessita obedecer o Princípio da Anterioridade e pode ser implementada logo depois da sua aprovação. E é exatamente esta a vantagem da política monetária sobre a política fiscal já que ambas representam meios diferentes para as mesmas finalidades – melhor distribuição de renda, questão distributiva. 3. Política Cambial e Comercial Ambas atuam sobre o setor externo da economia. A política Cambial diz respeito a ação do governo sobre a taxa de câmbio. O governo fixa ou permite que a taxa de câmbio seja flexível, através do Banco Central. A política Comercial refere-se aos instrumentos que estimulam as exportações – estímulos fiscais e taxas de juros subsidiadas – e ao controle das importações – tarifas e barreiras maiores. 4. Política de Rendas Refere-se a interferência do governo na formação de renda, através do controle e congelamento dos preços. Esse controle sobre os preços e salários é obtido através do combate ao aumento persistente e generalizado nos preços, que é a inflação. As políticas antiinflacionárias brasileiras são o salário mínimo, o congelamento de preços e salários etc. Inflação 1. Conceito : aumento contínuo e generalizado no nível geral dos preços, ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. 2. Distorções provocadas por altas taxas de inflação 4 2.1. Efeito sobre a distribuição Renda Umas das distorções mais sérias provocadas pela inflação, diz a respeito à redução do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste (i.e. dissídio). Neste caso, são os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os que mais perdem são os trabalhadores de baixa renda, que não têm condições de manter alguma aplicação financeira, pois tudo o que ganham gastam com sua subsistência. Percebe-se que a inflação é um imposto sobre os mais pobres. 2.2. Efeito sobre o Balanço de Pagamentos Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, provocam estímulo às importações e desestímulo às exportações, diminuindo o saldo da balança comercial. Esse fato costuma provocar um círculo vicioso, se o país estiver enfrentando um déficit cambial. Nessas condições, as autoridades monetárias, na tentativa de minimizar o déficit, são obrigadas a permitir desvalorização cambial, as quais depreciam a moeda nacional e estimulam as exportações e desestimulam as importações. Contudo, produtos essenciais, tais como petróleo e seus derivados, tornam-se imediatamente mais caros, pressionando os custos de produção. Ocorre, então, uma nova elevação de preços, devido ao repasse do aumento dos custos aos preços dos produtos finais, recomeçando o processo. 2.3. Efeito sobre expectativas Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à formação das expectativas sobre o futuro. Particularmente, o setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dada a instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica num compasso de espera enquanto a situação perdurar e dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria capacidade de produção futura e, conseqüentemente, o nível de emprego são afetados pelo processo inflacionário. 2.4. Efeito sobre o mercado de capitais Tendo em vista o fato de que, num processo inflacionário, o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorre desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em cadernetas de poupança, títulos, devem sofrer retração. Por outro lado, a inflação estimula a aplicação de recursos em bens de “raiz”, como terras e imóveis, que costumam valorizar durante o processo inflacionário. Embora alguns possam ganhar com a inflação a curto prazo, pode-se dizer que, a longo prazo, quase ninguém ganha com ela, porque seu processo desarticula todo o sistema econômico. Assim, a inflação onera principalmente os trabalhadores, ao corroer seus salários, é evidente que, com o empobrecimento dos trabalhadores, as empresas vão vender menos e o governo arrecadará menos. 5 3. Causas da Inflação 3.1. Inflação de Demanda Considerada o tipo mais “clássico” de inflação, diz respeito ao excesso de demanda agregada em relação a produção disponível de bens e serviços. Intuitivamente, ela pode ser entendida como “dinheiro demais à procura de poucos bens”. Parece claro que a probabilidade de inflação de demanda aumenta quanto mais a economia estiver próxima de um ponto de pleno emprego de recursos. Afinal, se houver desemprego em larga escala na economia, é de se esperar que um aumento de demanda agregada deve corresponder a um aumento na produção de bens e serviços, pela maior utilização de recursos antes desempregados, sem que necessariamente ocorra aumento generalizado de preços. Quanto mais nos aproximamos do pleno emprego, mais se reduz a possibilidade de expansão rápida da produção, e a repercussão maior deve refletir sobre os preços. Como esse tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada e tendo em vista que, a curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações de política econômica que a oferta agregada(cujos reajustes normalmente se dão a prazos relativamente longos, a política preconizada para combate-la assenta em instrumentos que provocam a redução da procura agregada por bens e serviços como: (redução dos gastos dos governos, aumento da carga tributária, arrocho salarial, controle de crédito e elevação da taxa de juros) 3.2. Inflação de Custos A inflação de custos pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. O nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos insumos importantes aumentam e eles são repassados aos preços dos produtos. Com isso, ocorre uma retração da produção, deslocando a curva de oferta do produto para trás, provocando um aumento dos preços de mercado As causas mais comuns dos aumentos dos custos de produção são: Aumentos salariais: um aumento das taxas de salários que supere os aumentos na produtividade da mão-de-obra acarreta um aumento dos custos unitários de produção, que são normalmente repassados aos preços dos produtos.Isso ocorre, normalmente, em setores que têm sindicatos com grande poder de barganha. Aumentos do custo de matérias-primas: por exemplo, as crises do petróleo da década de 1970, ao elevar sensivelmente os preços dessa matéria-prima, provocaram um brutal aumento nos custos de produção, em particular nos custos de transporte e de energia com base no diesel, que forçosamente foram repassados aos preços dos produtos e dos serviços. Os aumentos de preços agrícolas, não sazonais, devido a fatores como geadas e secas, também caracterizam uma inflação de custos. Os aumentos de preços de matériasprimas também são conhecidos na literatura econômica como choques de oferta Estrutura de mercado: a inflação de custos também está associada ao fato de algumas empresas, como elevado poder de monopólio ou oligopólio, terem condições de elevar seus lucros acima da elevação dos custos de produção. Muitos economistas acreditam que o fenômeno da estagflação (estagnação 6 econômica com inflação) pode ser devido ao fato de que, mesmo em períodos de que da das atividades produtivas, as firmas como poder oligopolista tem condições de manter suas margens de lucros sobre custos (mark-up), ao aumentar o preço de seus produtos finais. Normalmente, a política recomendada, no caso de inflação de custos, é o controle direto dos preços, o que pode ocorrer tanto através de uma política salarial mais rígida, maior fiscalização sobre os lucros auferidos pelos grupos oligopolistas, ou pelo controle de preços dos produtos. 3.3. Inflação Inercial De acordo com a visão inercialista, os mecanismos de indexação provocam a perpetuação das taxas de inflações anteriores, que são sempre repassadas aos preços correntes. Ademais, mesmo sem terem apresentado aumentos significativos de seus custos, muito setores simplesmente elevam o preço pela inflação geral do país, divulgada pelas instituições de pesquisa. Por essa razão, nos planos antiinflacionários adotados após de 1986, as autoridades monetárias adotam o congelamento de preços e salários, para tentar eliminar a chamada memória inflacionária. Superávit primário É um termo usado pelos economistas para definir o dinheiro que um governo economiza para pagar os juros de sua dívida. Esse dado é um dos principais termômetros observados pelo investidores estrangeiros para medir a capacidade de um país pagar os credores em dia. Quanto maior o superávit, maior o corte nos gastos públicos ou maior a arrecadação de impostos. Ou seja, o governo "aperta o cinto" para que sobre mais dinheiro para quitar os débitos com o mercado ou aumenta suas receitas com a cobrança de tributos. Na prática, obter um superávit elevado significa ter menos dinheiro para investir. O caixa do governo fica com menos recursos para aplicar em seus programas. Em síntese, podemos afirmar que superávit primário é quando os impostos arrecadados pelo governo são maiores que as despesas realizadas, excluindose os juros e a correção monetária da divida pública, em virtude de não fazerem parte da natureza operacional do governo. COPOM E SELIC Foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros. A criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório. 7 O COPOM ganhou a relevância que tem hoje a partir de 1999, quando foi implantada a sistemática de "metas para a inflação" como diretriz de política monetária. Desde então, as decisões do COPOM passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional. Formalmente, os objetivos do Copom são "implementar a política monetária, definir a meta da Taxa Selic e seu eventual viés, e analisar o''Relatório de Inflação'' Como são as reuniões do COPOM As reuniões ordinárias do Copom dividem-se em dois dias: a primeira sessão às terças-feiras e a segunda às quartas-feiras. Quem participa do COPOM O COPOM é composto pelos membros da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil: o presidente, que tem o voto de qualidade; e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração. O que significa SELIC A sigla SELIC significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Trata-se de um sistema computadorizado, cujo responsável é o Banco Central, ao qual apenas instituições financeiras têm acesso. O SELIC é o depositário central dos títulos da dívida pública federal interna. Ele registra todas as transações com duração de um dia útil (chamadas de overnight, no jargão financeiro) entre bancos, lastreadas exclusivamente em títulos públicos. Esses papéis são comercializados diariamente entre os bancos, com a adição de um custo que representa os juros. O sistema calcula a média ponderada dos juros dessas transações. O resultado do cálculo é conhecido como a taxa Over-SELIC (ou seja, a SELIC para um dia útil. Reservas e Banco Central Concluímos que o câmbio oscila (valoriza e desvaloriza) em função de sua maior ou menor disponibilidade no mercado de câmbio, sendo esse dominado pelos bancos. Mas por que nos preocupamos com essas oscilações no preço do dólar? Quais efeitos negativos, ou positivos, elas podem trazer pra nós e pra economia? São várias as formas que o governo pode intervir no mercado de câmbio como: - comprar e vender dólares das reservas - utilizar a taxa selic, política monetária, como instrumento indireto (via títulos públicos normais ou títulos cambiais) - taxar a saída de dólares do país caso queira evitar a elevação na cotação. Também pode fazer o inverso, taxar a entrada, como fez com o IOF em outubro de 2009 (2% sobre o capital especulativo: fundos de renda fixa e bolsa 8 de valores) para evitar que mais dólares entrassem no país e provocassem uma queda maior da moeda americana. - pedir ajuda ao FMI nos momentos mais críticos Duas formas básicas de intervenção Intervenções diretas no mercado de câmbio Se o a desvalorização cambial for excessiva sabemos que o dólar está forte porque está faltando no mercado, ou seja, a saída de dólares maior do que a entrada. O governo pode diretamente suprir essa falta no mercado sacando do dinheiro, dólares, que guardou nos períodos anteriores, as chamadas reservas cambiais ou reservas internacionais. Assim, se a falta de dólar forçar muito a desvalorização ele pode vender dólares de suas reservas, a um preço mais baixo, e suprir essa falta no mercado de câmbio. E não interessa a ele se vender dólares mais baratos trará prejuízo, pois o prejuízo maior pode vir com os efeitos da desvalorização sobre a economia. De modo contrário, se o câmbio valoriza, dólar fraco, é porque há um excesso de dólares no mercado de câmbio (bancos). Para evitar uma valorização excessiva e seus efeitos negativos o governo compra os dólares que estão sobrando e os guarda nas reservas cambiais. Essa intervenção é chamada de direta, pois ele utiliza o dólar diretamente de suas reservas no mercado de câmbio, ou seja, dólar se combate com dólar. Essa intervenção é feita por meio de leilões entre o governo e os bancos, ele oferece os preços de compra e os bancos fazem sua contra proposta. Por isso aparece na mídia, impressa ou não, que o “governo fez hoje um leilão de tantos milhões de dólares”. Significa que no dia ele comprou ou vendeu dólares para conter a valorização ou desvalorização cambial. Intervenções indiretas no mercado de câmbio (via taxa selic) Há uma outra possibilidade, não muito incomum, de controlar o preço da moeda americana. Ele pode utilizar a política monetária para controlar valorizações e desvalorizações cambiais. Sabemos que o juro básico da economia (taxa selic), quando muito elevado, atrai o dinheiro dos bancos, ou seja, torna mais interessante que os bancos emprestem seus recursos para o governo, e vice-versa. Os bancos estrangeiros também querem, e podem, emprestar dinheiro ao governo brasileiro. Só que, e é isso que o governo almeja, eles tem em seus caixas dólares. Assim, trazem esses dólares para o Brasil, os trocam nos nossos bancos por reais, e emprestam ao governo estes reais resultantes da troca, uma vez que essa operação de empréstimo (via taxa selic) não pode ser feita em dólares. Conclui-se que se os empréstimos dos bancos estrangeiros ao governo brasileiro se elevarem há uma entrada maior de dólares no Brasil, mercado de câmbio, ou seja, valorização cambial. Se o mercado de câmbio está com falta de dólares, portanto, desvalorização cambial o governo pode elevar a selic, atrair bancos estrangeiros (especuladores) e inundar o mercado com dólar. Assim alivia a pressão sobre a moeda americana e a desvalorização do real. 9 O inverso também pode acontecer, isto é, em momentos de forte valorização, sobra de dólares, o governo pode reduzir a taxa selic e desestimular os especuladores que aqui estão emprestando para o governo. Como precisam voltar para seus países de origem com sua moeda (dólar) eles pegam o dinheiro que emprestaram ao governo, compram dólares e saem do país. Essa saída de dólares do mercado de câmbio ocasiona uma falta e conseqüentemente uma desvalorização cambial. Está resolvido o problema da sobra de dólares. Esse mecanismo de controle do dólar é chamado de intervenção indireta pois o governo se apropria da política monetária para resolver um problema no mercado de câmbio. Não é o mais apropriado, mas funciona. O problema é que se errar na dosagem e elevar em demasia a taxa selic nos momentos de forte desvalorização cambial pode resultar em alta dívida interna, e muito divida implica maior necessidade de superávit primário, o que gera, por sua vez, maior concentração de renda. Para controlar as desvalorizações cambiais sem precisar valer-se da taxa selic, e da dívida dela derivada, passa a ser de suma importância que o governo tenha reservas cambiais suficientes para suprir a falta de dólares no mercado. O quadro abaixo mostra, em resumo, como a tal da taxa selic é uma ferramenta importantíssima pra economia, ao atuar sobre o crédito às familias, e seu respectivo consumo, para controlar a inflação (IPC-A); bem como sobre o mercado de câmbio, desvalorizando o dólar e reduzindo os custos dos importadores – no fim das contas afetando, novamente, o IPC-A. 10 Na ausência das reservas e frente a ineficácia das elevações na taxa básica de juros temos ainda duas formas de alimentar o mercado de câmbio com dólares, nenhuma delas saudável: a) lançar (vender) títulos cambiais: são papéis, títulos, que o governo vende e que farão parte da dívida pública interna. Mas eles não pagam a taxa selic quando vencem, como no caso acima. Imaginemos que o dólar não para de subir e que as reservas não existam mais, bem como a taxa selic não consegue mais atrair especuladores. Essa pressão sobre o dólar vem dos agentes internos especulando com o câmbio ou com importadores e investidores antecipando suas compras de dólares. O governo pode lançar um título garantindo ao comprador de dólar que, se ele comprar o título e não os dólares, o governo paga a ele o valor do dólar no vencimento. Exemplo, um importador precisará comprar dólares mês que vem. Todavia, o dólar está subindo muito e ele prefere antecipar a compra pra não ter que adquirir a moeda americana a um valor mais alto e ver seus custos elevados. Assim como ele todos pensam o mesmo, antecipar a compra, mas se isso acontece o efeito sobre o dólar passa a ser devastador, a desvalorização foge ao controle. O governo vende a ele um título, por exemplo, dizendo que 1 dólar equivale a 1 real. Se, no mês seguinte o dólar estiver a 2 reais o governo dá a esse importador o 1 real de diferença. Assim, o governo cria uma dívida (interna) ao garantir essa desvalorização do dólar – com isso, em tese, alivia a compra por dólares, já que dará garantia em reais de que o comprador não perderá caso o dólar suba. b) Pedir dólares emprestados ao FMI.